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DIREITOS HUMANOS

Prof. Tatiana Mareto Silva

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DIREITOS HUMANOS OU FUNDAMENTAIS?

São sinônimos na literatura sobre o tema.

Direitos humanos, direitos fundamentais, direitos humanos fundamentais, direitos da pessoa humana, etc.

Direitos fundamentais é a terminologia mais utilizada nas constituições contemporâneas: Brasil (1988), Alemanha (1949), Portugal (1976), Espanha (1978), Holanda (1983), etc.

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Direitos fundamentais é terminologia abrangente. Pode contemplar direitos individuais, sociais, coletivos, civis, políticos e os direitos humanos internacionalmente reconhecidos. Direitos fundamentais, portanto, é terminologia geralmente utilizada para informar os direitos da pessoa humana reconhecidos e positivados nas constituições de um Estado.

GERAÇÕES OU DIMENSÕES DE DIREITOS FUNDAMENTAIS

Norberto Bobbio - gerações de direitos fundamentais.

O lema da revolução francesa orienta as três gerações primárias de direitos fundamentais:

Liberdade: direitos de 1ª geração (individuais)

Igualdade: direitos de 2ª geração (sociais)

Fraternidade: direitos de 3ª geração (solidariedade)

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O PROBLEMA DAS GERAÇÕES

O termo geração pressupõe substituição. Uma geração de direitos fundamentais seria substituída pela subsequente e assim por diante.

Da mesma forma, uma geração só viria substituir a outra quando a primeira estivesse madura e estabelecida o suficiente. Não haveria simultaneidade.

Ainda, como os direitos fundamentais não seguem exatamente uma sequência, o termo gerações seria inadequado.

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DIMENSÕES DE DIREITOS FUNDAMENTAIS

Deve-se ter cuidado para não entender que uma dimensão seria positivada em um Estado quando outra já estivesse consolidada.

As dimensões servem apenas para separar os direitos fundamentais em diferentes categorias.

Indivisibilidade dos direitos humanos/fundamentais: todas as dimensões devem ser contempladas em um ordenamento jurídico para que ele respeite os direitos internacionais da Humanidade.

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SURGIMENTO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Todo ser humano possui liberdades (direitos) naturais (inerentes) que nenhum Estado ou sociedade pode lhes retirar —> Cristianismo.

O ser humano criado à imagem e semelhança de Deus - perfeição.

Os direitos fundamentais são anteriores ao constitucionalismo moderno, que apenas vislumbrou a necessidade de inseri-los nos ordenamentos jurídicos para evitar abusos do Estado.

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Código de Hamurabi: primeira codificação a prever direitos mínimos a pessoas.

Lei das 12 tábuas: consagrou os direitos à liberdade, propriedade e proteção a direitos individuais.

Forte influência do Cristianismo na propagação dos ideais de direitos universais de igualdade e fraternidade entre os seres humanos.

São Tomás de Aquino: justificou os direitos humanos pelos direitos naturais (imanentes) e a sua necessidade de positivação.

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Declaração das Cortes de Leão (1188) na península ibérica e a Magna Charta (1215) na Inglaterra: instrumentos escritos para prevenir o abuso dos reis. Proteção a direitos individuais (liberdade e propriedade).

A Magna Charta é considerada o principal instrumento de positivação de direitos fundamentais da época (Rei João Sem-Terra). Garantiu:

Habeas Corpus, direito de propriedade privada, devido processo legal, direito de ir e vir, proporcionalidade da pena, etc.

Foi um pacto (promessa unilateral) entre soberano e súditos, mas inspirou outros documentos, como a Petition of Rights (1628), o Habeas Corpus Act (1679) e o Bill of Rights (1689).

FUNDAMENTOS FILOSÓFICO-JURÍDICOS

DIGNIDADE HUMANA - todo ser humano possui uma dignidade inerente à sua existência, que precisa ser resguardada de abusos potencialmente cometidos por outras pessoas e pelo Estado.

ESTADO DE DIREITO - é da essência do Estado de Direito a proteção/resguardo/respeito e a efetivação dos direitos fundamentais, atrelada à limitação dos poderes estatais.

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DIREITOS FUNDAMENTAIS E ALGUMAS TEORIAS DO DIREITO

JUSNATURALISMO: os direitos fundamentais são pré-existentes a qualquer ordenamento jurídico. Direitos naturais, inerentes à condição humana.

POSITIVISMO JURÍDICO (exclusivo): os direitos fundamentais são aqueles definidos pela norma jurídica, podendo ser explícitos ou implícitos, em casos excepcionais.

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PRIMEIRAS DECLARAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Declaration of Virginia (1776) e Declaração Francesa (1789)

Transição entre direitos de liberdades legais para direitos fundamentais constitucionais.

A Declaração de Virginia foi a sucessora do Bill of Rights da Inglaterra, sendo contemporânea à Declaração da Independência dos Estados Unidos da América.

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A Constituição norte-americana só consolidou um rol de direitos fundamentais em 1791 com o seu Bill of Rights (emenda à constituição).

Inspirados por tais declarações, foi após eclosão da Revolução Francesa a promulgação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789), com 17 artigos para proteger o cidadão do Governo estatal. >> Direitos negativos.

CONSTITUCIONALISMO MODERNO

Tem como característica a inserção de direitos fundamentais em seu texto.

Constituição Norte-americana de 1787 e Constituição Francesa de 1791 - pioneiras na incorporação dos preceitos fundamentais do Bill of Rights e Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, respectivamente.

Outros representantes: Constituição de Cádiz (1812), Constituição Mexicana (1917) e Constituição de Weimar (1919).

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O Constitucionalismo moderno representou uma evolução nas constituições no mundo ocidental, porém a previsão positivada de direitos concentrava-se na dimensão da LIBERDADE.

Direitos negativos - o Estado deve abster-se de interferir na vida privada. Resguardo da liberdade humana.

Não havia garantias de efetivação de direitos sociais (igualdade). Isso levou ao crescimento da desigualdade, fomentado pelo abismo crescente entre classe rica (proprietários) e classe pobre (operários).

2ª Guerra Mundial: marco para o reconhecimento da importância da positivação de direitos humanos universais.

O PÓS 2ª GUERRA MUNDIAL

Nazismo: objetificação do ser humano com chancela estatal.

Necessidade do reconhecimento positivado de direitos naturais que nenhuma sociedade ou Estado pudessem retirar da humanidade (retorno ao pensamento da antiguidade).

Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948)

Inserção de direitos fundamentais positivos nos textos constitucionais - o Estado como efetivador dos direitos fundamentais.

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DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

É uma recomendação, sem força normativa.

Reconhece a universalidade da igualdade humana.

Inspirou diversos instrumentos normativos de direitos humanos, entre eles: Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio (1948), as Convenções de Genebra sobre a Proteção das Vítimas de Conflitos Bélicos (1949), a Convenção Européia dos Direitos Humanos (1950), os Pactos Internacionais de Direitos Humanos (1966), a Convenção Americana de Direitos Humanos (1969), a Convenção Relativa à Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural (1972) e o Estatuto do Tribunal Penal Internacional (1998)

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DIMENSÕES DOS DIREITOS

FUNDAMENTAIS

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1ª DIMENSÃO

Representa os direitos da LIBERDADE.

São direitos individuais, denominados liberdades civis e políticas. Direitos negativos.

Estão positivados na CRFB 1988 no art. 5º, precipuamente.

Direitos de liberdade, privacidade, intimidade, propriedade, honra, vida, etc.

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2ª DIMENSÃO

Representa os direitos da IGUALDADE.

São os direitos sociais, culturais e econômicos. Direitos positivos.

Estão positivados na CRFB 1988 no art. 6º e 7º, precipuamente.

Direitos à educação, ao trabalho, à saúde, e direitos ao trabalho digno e condições adequadas de trabalho, por exemplo.

O Estado precisa desenvolver políticas especializadas para que esses direitos se efetivem, não basta sua abstenção.

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3ª DIMENSÃO

Representam os direitos da SOLIDARIEDADE - FRATERNIDADE.

São direitos ao meio ambiente equilibrado, à autodeterminação dos povos, à qualidade de vida, ao patrimônio cultural, etc.

Ligam-se ao ser humano em sociedade, à vida coletiva.

Também são direitos positivos, que exigem do Estado atuação direta ou indireta para sua efetivação.

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4ª E 5ª DIMENSÕES

Para Norberto Bobbio, os direitos de 4ª dimensão são os relacionados a novas tecnologias de engenharia genética - BIOÉTICA. Não reconhece uma 5º dimensão.

Para Paulo Bonavides, os direitos de 4ª geração são os relacionados ao pluralismo e à democracia, enquanto a 5ª geração seria o direito à paz.

Não estão pacificados doutrinariamente, podendo ser inseridos nas outras dimensões.

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CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

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HISTORICIDADE: em se tratando de uma construção histórica, os direitos fundamentais podem variar no tempo, sendo certo que sua positivação dimensional é produto da evolução social.

IMPRESCRITIBILIDADE: os direitos fundamentais não sofrem prescrição, podendo ser invocados juridicamente a qualquer tempo.

INDISPONIBILIDADE: não se pode renuciar aos direitos fundamentais, sendo eles interesse da própria coletividade. Não cabe ao sujeito de direito “abrir mão” deles.

INDIVISIBILIDADE: os direitos fundamentais são indivisíveis, não podendo ser conferidos parcialmente, nem violados parcialmente, ou conferidos apenas a determinados grupos.

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EFICÁCIA HORIZONTAL E VERTICAL: os direitos fundamentais possuem eficácia entre o Estado e o cidadão (vertical), pois representam uma forma de proteção da pessoa contra abusos do Governo. Mas também possuem eficácia horizontal, entre os cidadãos, pois também representam uma forma de proteção entre abusos de particulares.

Teoria surgida na Alemanha com o julgamento do Caso Lüth, em 1958.

Teoria da state action e public funtion, da eficácia indireta e imediata e da eficácia direta e imediata.

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CONFLITUOSIDADE (CONCORRÊNCIA): geralmente, os direitos fundamentais entram em conflito uns com os outros, devendo o Estado atuar para determinar a prevalência de um ou de outro.

APLICABILIDADE IMEDIATA: não existe “vacatio legis” para normas de direitos fundamentais, que se aplicam imediatamente e suscitam intervenção estatal imediata.

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