aula 02 - seminário: sobre o sermão do monte
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Vendo as multidões, Jesus subiu ao monte e se assentou. Seus
discípulos aproximaram-se dele,e ele começou a ensiná-los,
dizendo: "Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos céus. Bem-aventurados
os que choram, pois serão consolados.
2
Bem-aventurados os humildes, pois eles receberão a terra por herança.Bem-aventurados os que têm fome
e sede de justiça, pois serão satisfeitos. Bem-aventurados os
misericordiosos, pois obterão misericórdia. Bem-aventurados
os puros de coração, pois verão a Deus.
3
Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de
Deus. Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça,
pois deles é o Reino dos céus."Bem-aventurados serão vocês
quando, por minha causa os insultarem, perseguirem e
levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. 4
Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a recompensa
de vocês nos céus, pois da mesma forma perseguiram os
profetas que viveram antes de vocês".
5
Disse Jesus:
"Bem-aventurados os pobres em espírito, pois
deles é o Reino dos céus.”
O que devemos entender dessas palavras de Jesus? 6
Mas os pobres nunca serão esquecidos, nem se frustrará a esperança dos necessitados.
Por causa da opressão do necessitado e do gemido do pobre, agora me levantarei, diz o Senhor.
Eu lhes darei a segurança que tanto anseiam.
Salmo 9.2 e 12.59
Este pobre homem clamou, e o Senhor o ouviu; e o libertou de
todas as suas tribulações.
Salmos 34.6
10
Todo o meu ser exclamará: "Quem se compara a ti, Senhor? Tu livras os necessitados daqueles que são mais poderosos do que eles, livras
os necessitados e os pobres daqueles que os exploram
Salmo 35.1011
Quanto a mim, sou pobre e necessitado, mas o Senhor
preocupa-se comigo. Tu és o meu socorro e o meu libertador; meu
Deus, não te demores!
Salmos 40:17
12
Estes textos nos permitem entender que a ‘pobreza’, neste contexto,
tem aplicações espirituais identificando-se como uma humilde
dependência de Deus.
É essa pobreza que Cristo se refere.
14
O ‘aflito’ (homem pobre) no VT é aquele que está sofrendo e não tem
capacidade de salvar-se por si mesmo e que, por isso, busca
salvação de Deus, reconhecendo que não tem direito à mesma.
15
Esse estado de pobreza espiritual e reconhecimento da mesma foi
igualmente reconhecida e elogiada pelo profeta Isaías.
Disse ele:
16
"O pobre e o necessitado buscam água, e não encontram! Suas línguas estão ressequidas de sede. Mas eu, o Senhor, lhes responderei; eu, o Deus
de Israel, não os abandonarei.Abrirei rios nas colinas estéreis, e fontes nos vales. Transformarei o
deserto num lago, e o chão ressequido em mananciais.Isaías 41:17,18
17
Para Stott, o ‘pobre’ – em Isaías - é também descrito como o ‘contrito e
abatido de espírito’ para quem o Senhor olha: Pois assim diz o Alto e
Sublime, que vive para sempre, e cujo nome é santo: "Habito num lugar alto e
santo, mas habito também com o contrito e humilde de espírito, para dar novo ânimo ao espírito do humilde e novo alento ao coração do contrito.
Is. 57.15 18
E mais, disse Stott, é para esse ‘pobre’ que o Ungido do Senhor proclamaria as Boas Novas de Salvação. Isaias 66. 1, 2 e 3.
profecia que se cumpriu enquanto Jesus esteve entre nós.
Diz o texto:
19
O Espírito do Soberano Senhor está sobre mim porque o Senhor ungiu-me para levar boas notícias aos pobres. Enviou-me para cuidar dos que estão com o coração quebrantado, anunciar liberdade aos cativos e libertação das trevas aos prisioneiros, para proclamar o ano da bondade do Senhor e o dia da
vingança do nosso Deus;
20
para consolar todos os que andam tristes, e dar a todos os que choram em Sião uma bela coroa em vez de cinzas, o óleo da alegria em vez de pranto, e um manto de louvor em vez de espírito deprimido. Eles serão chamados carvalhos de justiça, plantio do Senhor, para
manifestação da sua glória.21
O que não significa dizer que Jesus era indiferente à pobreza e fome
físicas. Pelo contrário, os evangelhos são ricos em mostrar a
compaixão de Cristo pelos necessitados e seu cuidado em
alimentar os famintos dizendo aos seus discípulos e a nós que
deveriam e devemosfazer o mesmo. 22
Mas, não podemos aplicar este significado aos ‘pobres’ das bem-aventuranças, pois fazê-lo seria relacionar as bênçãos do Reino
com vantagens econômicas.
23
Podemos e devemos sim dizer que os ‘pobres’ ou ‘humildes’ de espírito são àqueles que reconhecem sua
carência espiritual ou, mais claramente, admitem sua falência
espiritual diante de Deus, pois somos pecadores e nada
merecemos além do seu juízo. Nada temos a oferecer e nada a reivindicar. 24
Podemos e devemos sim dizer que os ‘pobres’ ou ‘humildes’ de espírito são àqueles que possuem um justo senso de pecado interior e exterior;
que reconhecem a culpa e a impotência que têm diante e por
causa de seus pecados.
25
Podemos e devemos sim dizer que os ‘pobres’ ou ‘humildes’ de espírito são àqueles que não dependem de suas posses, forças e capacidade
e, por isso, são incapazes de dizer: sou rico e abastado em bens, de nada tenho falta. Pois sabem que
são desprezíveis, pobres, miseráveis, cegos e nus.
26
Podemos e devemos sim dizer que os ‘pobres’ ou ‘humildes’ de espírito
são àqueles que admitem e se envergonham de sua vaidade e da sede de estima e honra que vem
dos homens; admitem e se envergonham de sua constante
inclinação para pensar de si mais do que convém.
27
Podemos e devemos sim dizer que os ‘pobres’ ou ‘humildes’ de espírito são àqueles que reconhecem em si mesmos o ódio, a inveja, o ciúme, a
vingança, a ira, a maldade,a amargura, assim como uma
inimizade inata contra Deus e os homens que se revela em ações e
palavras que ofendem sua santidade. 28
Como bem disseram Calvino e Spurgeon:
“Só aquele que, em si mesmo, foi reduzido a nada e repousa
na misericórdia de Deus, é pobre de espírito”.
“Para subirmos no Reino é preciso rebaixar-nos em
nós mesmos” 29
Por isso, as palavras de J. Wesley fazem todo sentido, disse ele:
“O cristianismo real começa com a pobreza de espírito... A verdadeira espiritualidade começa exatamente onde
termina a moralidade pagã...
30
...Começa com a convicção do pecado. Começa pela renúncia de nós mesmos. Começa com a consciência de que não temos
justiça própria. O fundamento de tudo, completa Wesley, é a
pobreza de espírito.
31
Deste modo, Aquele que sonda os corações e sabe quem
verdadeiramente é pobre de espírito, diz:
O Reino dos Céus é deles.
Mateus 5:3
32
O Reino dos Céus é concedido ao pobre em si mesmo e não ao rico
de si mesmo.O Reino dos Céus é concedido ao
frágil e não ao poderoso.O Reino dos Céus é concedido aos
fracos e impotentes e não aos fortes e auto suficientes.
33
"Bem-aventurados os pobres em
espírito, pois deles é o Reino dos céus.”
Quem quer ter o Reino dos Céus precisa reconhecer sua pobreza
espiritual, essa é condição indispensável.
34
Com a aplicação do verbo ‘ser’ no presente (é), entendemos
que o Reino não será dado aos pobres de espírito.
O Reino já foi dado aos pobres de espírito.
35
John Wesley propõe algumas respostas, disse ele: O Reino de Deus é justiça, paz e alegria no
Espírito Santo.
O Reino de Deus é uma vida celestial que começa na terra
em justiça, paz e alegria no Espírito Santo.
37
Repito:
O Reino de Deus é justiça, paz e alegria no Espírito Santo. A justiça é a Vida de Deus na Alma. É ter a
mente que estava em Jesus. É ter a imagem de Deus estampada
no coração...
38
O Reino de Deus em Justiça, continua Wesley, é ser renovado à
semelhança do Deus que nos Criou. É a experiência pessoal do
amor de Deus. É amar a humanidade por amor a Deus, porque Ele nos amou primeiro.
39
O Reino de Deus é paz. É a paz de Deus. É uma serenidade tranquila
da alma. É a plena fé em Jesus que não deixa dúvidas de que somos aceitos por Ele. É uma paz que
exclui todo medo.
40
O Reino de Deus internalizado, completa Wesley, inclui a alegria no
Espírito Santo. É ele quem nos convence que recebemos a graça, o perdão e a redenção por meio de
Jesus Cristo. É o Espírito Santo que nos lembra das inúmeras e incontidas alegrias existentes no
Reino de Deus... 41
É uma alegria saber que a justiça que estava em Jesus
foi-nos imputada.É uma alegria saber que fomos e
somos perdoados dos nossos pecados.
É uma alegria saber que fomos feitos herdeiros com Cristo, família
de Deus e que estamos com Ele para sempre. 42
É uma alegria saber que Jesus Cristo ‘adquiriu’ o Reino de
Deus, o partilhou e partilha com os pobres de espírito.
43
Se também somos estas pessoas,
o Reino também é nosso.
Sendo nosso o Reino de Deus, significa dizer que a nossa vida
é uma vida de Justiça, paz e alegria no Espírito Santo.
44
No entanto, fato é que muitas vezes olhamos para nós mesmos e o que menos
encontramos é Justiça, Paz e Alegria no Espírito Santo. Mas
isso não muda o que o Reino de Deus é.
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