atividade petição manuscrita

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EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DO JUIZADO ESPECIAL CIVEL DA

COMARCA DE ANANINDEUA, ESTADO DO PARÁ.

FABIOLA CARLA FERREIRA DE ALBUQUERQUE, brasileira, casada, secretária

executiva, portadora da cédula de identidade de nº 3028020, inscrita no CPF sob

o nº 169.573.422-04, residente e domiciliada à Rua Onze nº 28 do Conjunto Júlia

Sefer, bairro Águas Lindas, nesta cidade e comarca, com devido respeito e

acatamento, vem, por intermédio de sua advogada e bastante procuradora

(procuração em anexo), com escritório profissional localizado à Av. Nazaré nº 503,

Ed. Royal Trade Center, sala 107, bairro Nazaré, cidade Belém, Estado do Pará,

onde recebe notificações e intimações, vem mui respeitosamente à presença de

Vossa Excelência propor

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR COBRANÇA INDEVIDA C/C REPARAÇÃO POR

DANO MORAL E MATERIAL COM TUTELA ANTECIPADA

contra empresa de telefonia OI, Pessoa Jurídica de Direito Privado, inscrita no

CNPJ nº 05.351.200/0001-02, estabelecida na Rua Merca nº 952, sala 205, bairro

Centro - CEP 11.550-530, SÃO PAULO/SP, na pessoa de seu representante legal,

tendo em vista os seguintes fatos e fundamentos:

1. DOS FATOS

A autora contratou os serviços da empresa ré em 05 de fevereiro de 2011,

para que pudesse manter contatos com familiares e amigos. Relata que sempre

procurou honrar com seus compromissos financeiros, mediante a utilização dos

mesmos.

Porém, em 06 de julho de 2012, recebeu em sua residência,

correspondência da referida empresa comunicando que em seus registros

constava em aberto o pagamento da fatura correspondente ao mês de outubro de

2011 e, caso não providenciasse a quitação do débito correspondente ao valor de

R$ 749,00 (Setecentos e quarenta e nove reais), no prazo estabelecido de 15

dias, a partir da sua ciência quanto ao fato, seu nome seria incluído no cadastro

de inadimplentes do Serviço de Proteção ao Crédito.

A autora verificando seus comprovantes de pagamentos efetuados,

devidamente arquivados, pois a mesma procura manter em dia seus

compromissos financeiros, localizou o referido comprovante de pagamento da

fatura supostamente em atraso, tendo enviado o mesmo via fac-símile para a

empresa, no intuito de solucionar o problema, ou seja, a cobrança indevida e

adimplida.

Acreditando ter resolvido a situação com a empresa ré, a autora em

dezembro de 2012, ao efetuar a aquisição de um automóvel através de

financiamento no valor de R$29.500,00 (Vinte e nove mil e quinhentos reais), ficou

surpresa ao saber que o mesmo foi negado em virtude de consulta efetuada ao

Serviço de Proteção ao Crédito, lhe causando enorme constrangimento, pois a

concessionária estava cheia de pessoas que presenciaram o fato desagradável.

2. DO DIREITO

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Trata-se de relação de consumo, consagrada mediante contrato de adesão

firmado entre as partes, encontramos a definição de consumidor e fornecedor nos

artigos 2º e 3º, do Código de Defesa do Consumidor:

"Art. 2º - Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.

Art. 3º - Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como, os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços."

Tendo em vista a atitude da autora em comprovar seu pagamento,

inexistente é o débito alegado pela empresa de telefonia OI, referente ao mês de

outubro de 2011, no valor de R$ 749,00 (Setecentos e quarenta e nove reais).

Note-se o que determina o Código de Defesa do Consumidor:

"Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:

IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como, contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviço;"

Em situações como a presente, urge a declaração de que este valor é

igualmente indevido.

2.1 Do Ato Ilícito e consequente Dano Moral e Material

Sobre a responsabilidade de reparar o dano no caso em questão, deve-se

observar o disposto no caput artigo 14, do Código de Defesa do Consumidor:

"Art. 14 - O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como, por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos."

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2.1.1 DA INEXISTÊNCIA DO DÉBITO

A autora através de sua boa fé encaminhou a comprovação do pagamento

da referida fatura devidamente adimplida, via fac-símile conforme relatório de

confirmação de recebimento, levando-a a pensar como justificativa plausível para

a cobrança indevida, de um grave equívoco do sistema eletrônico da empresa ré.

2.1.2 DO DANO MORAL

Está assegurado na Constituição Federal de 1988, o direito relativo à

reparação de danos morais:

"Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização por dano material ou moral decorrente de sua violação."

Também acerca do dano moral, dispõem os artigos 186 e 927, do atual

Código Civil Brasileiro:

"Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito."

Em se tratando de inscrição indevida no SPC, como foi o caso em questão,

o dano moral independe de prova adicional, baseando-se em simples

demonstração dos fatos, conforme leciona Roberto Lisboa:

"A prova do dano moral decorre, destarte, da mera demonstração dos fatos (damnum in re ipsa). Basta a causação adequada, não sendo necessária a indagação acerca da intenção do agente, pois o dano existe no próprio

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fato violador. A presunção da existência do dano no próprio fato violador é absoluta (presunção iure et de iure), tornando-se prescindível a prova do dano moral. (LISBOA, 2009, p. 251)"

Nesse sentido, vem decidindo o Tribunal de Justiça do Estado de Santa

Catarina:

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA CUMULADA COM INDENIZAÇÃO

POR DANOS MORAIS - EMPRESA DE TELEFONIA - RESPONSABILIDADE

CIVIL OBJETIVA - INSCRIÇÃO INDEVIDA NOS CADASTROS DO SERVIÇO DE

PROTEÇÃO AO CRÉDITO - DEVER DE INDENIZAR - QUANTUM

INDENIZATÓRIO FIXADO ADEQUADAMENTE - REDUÇÃO, TODAVIA, DO

PERCENTUAL DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - RECURSO

PARCIALMENTE PROVIDO. (Apelação Cível nº 2010.043039-0, Quarta Câmara

de Direito Público, Relator: Des. Cláudio Barreto Dutra, Julgado em: 28/07/2011).

Em relação ao quantum indenizatório, Caio Rogério Costa, citando Maria

Helena Diniz, afirma que:

"Na reparação do dano moral o juiz determina, por equidade, levando em conta as circunstâncias de cada caso, o quantum da indenização devida, que deverá corresponder à lesão, e não ser equivalente, por ser impossível a equivalência. (COSTA, Caio Rogério apud DINIZ, Maria Helena, 2005)."

2.1.3 DO DANO MATERIAL

A autora ainda faz jus ao dano material, no valor de R$ 29.500,00 (Vinte e

nove mil e quinhentos reais), visto ter sido impedida de adquirir o financiamento do

veículo, o qual utilizaria em deslocamento para o trabalho, compromissos e lazer

seu e, de sua família, conforme dispõe o art. 927 do Código Civil Brasileiro:

"Art. 927 - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo."

É visível que a autora sofreu grande prejuízo configurado em abalo de

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crédito e emocional, visto que nunca deixou de pagar suas contas e ainda sofreu

humilhação ao ter seu crédito restrito, impossibilitando-lhe a aquisição do bem.

Além disso, o Código de Defesa do Consumidor se preocupou em garantir a

reparação de danos sofridos pelo consumidor, conforme o artigo 6º, inciso VI:

"Art. 6º- São direitos básicos do consumidor:

VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;"

É notória a responsabilidade objetiva da ré, pois independe do seu grau de

culpabilidade, uma vez que ocasionou um dano moral e material à autora, gerando

o dever de indenizar, pois houve defeito relativo à prestação de serviços, bem

como, por informações insuficientes e inadequadas, advindas do FATO DO

SERVIÇO.

Esta é a etapa de evolução a que chegou o direito em nosso País, a

começar pela Constituição Federal, que bem protege o dano material e moral de

forma cristalina e indubitável.

E ainda, o art. 170. Da Constituição Federal dispõe:

“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos, existência digna, conforme os ditames da justiça social observado os seguintes princípios:

V - defesa do consumidor;”

3. DA TUTELA ANTECIPADA

Concede-se a tutela antecipada caso haja fundado receio de dano

irreparável ou de difícil reparação, nos termos do artigo 273, do Código de

Processo Civil:

"Art. 273 - O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial,

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desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:

I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação;"

A autora é pessoa íntegra que sempre procurou cumprir com suas

obrigações, inclusive pagando prestações em dia devidas à empresa ré, que,

agindo manifestamente de má-fé, inscreveu a mesma como inadimplente no

cadastro do Serviço de Proteção ao Crédito - SPC.

Quanto à matéria, decidiu recentemente o Tribunal Regional Federal do

Estado de Rio de Janeiro:

PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. CEF. INSCRIÇÃO NO

SERASA e SPC. DANOS MORAL E MATERIAL. INDENIZAÇÃO CABÍVEL.

APLICABILIDADE: LEI Nº 8.078/90 - ARTS. 3º, § 2º E 14, §§ 1, 2º e 3º. (Apelação

Cível nº 200451010135630 RJ, Oitava Turma Especializada, Relator Des.Federal

RALDÊNIO BONIFACIO COSTA, Julgado em 28/04/2010).

Portanto, esse fato deve ser corrigido imediatamente visto que já causou

diversos transtornos à autora, além de ter ocorrido de forma ilegal.

4. DOS PEDIDOS

De acordo com o exposto, requer:

a) A antecipação dos efeitos da tutela, em conformidade com o artigo 273,

inciso I, do Código de Processo Civil, face a reparação por danos morais e

materiais;

b) Declaração da inexistência do débito referente à fatura do mês de Outubro

de 2011;

c) Determinação da exclusão de imediato do nome da autora do cadastro dos

órgãos de proteção ao crédito, sob pena de multa diária no valor de R$

1.000,00 (Mil reais) bem como, pagar a quantia de R$ 2.000,00 (Dois mil

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reais) a título de danos morais, uma vez que prejudicou a autora em sua

imagem;

d) A condenação da empresa ré ao pagamento de danos materiais, no valor

de R$ 29.500,00 (Vinte e nove mil e quinhentos reais), ou outro valor que

Vossa Excelência julgar razoável;

e) Declaração da rescisão do contrato de prestação de serviços;

f) Exibição das gravações telefônicas, sob pena de confissão, nos termos dos

artigos 355 e 359, do Código de Processo Civil;

g) Citação da ré, por meio de AR, conforme o artigo 222, do Código de

Processo Civil, no endereço mencionado acima para contestar, no prazo

legal, sob pena de confissão e revelia;

h) Protesta por todos os tipos de provas, em especial depoimento pessoal,

oitiva de testemunhas e juntada de documentos;

i) A condenação da ré ao pagamento de custas processuais e honorários

advocatícios, estes de acordo com o disposto no artigo 20, § 3°, do Código

de Processo Civil.

Dá-se à causa o valor de R$ 31.500,00 (Trinta e um mil e quinhentos reais).

Nestes termos,

Pede deferimento.

Ananindeua, 09 de dezembro de 2012.

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OAB/PA 190319

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