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Centro de Ciências Exatas Departamento de Geociências
FLÁVIA BAZZO
As transformações sócio-ambientais resultantes do Pater – Programa de Arrendamento de Terras em Umuarama – PR
no período de 1997 a 2000
Londrina – PR
2007
FLÁVIA BAZZO
As transformações sócio-ambientais resultantes do Pater – Programa de Arrendamento de Terras em Umuarama – PR
no período de 1997 a 2000
Monografia apresentada à Universidade
Estadual de Londrina como requisito parcial
à obtenção do título de bacharel em
Geografia, sob a orientação do Prof. Cleuber
Moraes Brito.
Londrina – PR 2007
FLÁVIA BAZZO
As transformações sócio-ambientais resultantes do Pater – Programa de Arrendamento de Terras em Umuarama – PR
no período de 1997 a 2000
Monografia apresentada à Universidade
Estadual de Londrina como requisito
parcial à obtenção do título de bacharel
em Geografia, sob a orientação do Prof.
Cleuber Moraes Brito.
COMISSÃO EXAMINADORA
_____________________________ Prof. Ms. Cleuber Moraes Brito
_______________________________ Profª. Drª. Márcia Siqueira de Carvalho
_______________________________ Profª. Drª. Nilza Aparecida Freres Stipp
Londrina, ____ de __________________ de 2007.
A meu avô José Joaquim que me ensinou que o amor ultrapassa os limites do visível
e das gerações. Um dia nos reencontraremos meu vôzinho amado.
A você Dedico
AGRADECIMENTOS
Mesmo nos momentos mais complicados das etapas de elaboração desta pesquisa, em
instante algum pensei em desistir, pois tive o privilégio de ter ao meu lado Deus em sua
infinita misericórdia e pessoas iluminadas por Ele que souberam dizer a palavra certa na hora
exata.
Primeiramente meu agradecimento a Deus, que jamais me abandonou e me abençoou
em cada etapa desta longa jornada e mesmo nas horas mais difíceis de superar, estava junto de
mim, dando o conforto e a paz que somente Ele pode nos dar.
A meus pais Marlene e Euzébio, meus amores incondicionais, eternos protetores, que
dividiram comigo cada instante de alegria e estiveram presentes nos momentos de
adversidade, incentivando-me como só eles são capazes de fazer.
À minha irmã Francislene, meu exemplo de vida, minha luz e meu amor, que jamais
deixou de colaborar com o desenvolvimento deste trabalho, mesmo estando muito distante.
Ao Rafael pela paciência em me acompanhar nos trabalhos de campo, pelo amor que
me dedicou e principalmente pelo tempo que me esperou.
À minha maravilhosa e amada avó Joana e a minha incomparável tia Milena, pelas
palavras positivas e constantes orações.
À minha amiga Priscila pelos momentos de descontração que amenizaram muito as
dificuldades do dia-a-dia e por se dispor a me auxiliar nesta caminhada.
Ao meu professor e orientador Cleuber Moraes Brito, que apesar dos muitos
desencontros não deixou de acreditar no meu potencial.
E finalmente, agradeço a todos aqueles que foram e sempre serão meus professores,
pois com certeza foram fundamentais no enriquecimento dos meus conhecimentos e no meu
desenvolvimento como ser humano.
BAZZO, Flávia. As transformações sócio-ambientais resultantes do Pater – Programa de Arrentamento de Terras em Umuarama – PR no período de 1997 a 2000. 2007. Monografia (Bacharelado em Geografia) – Universidade Estadual de Londrina.
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo destacar os problemas ambientais, principalmente as erosões, decorrentes do manejo incorreto do solo, bem como um programa desenvolvido no município de Umuarama no Estado do Paraná, como uma tentativa de aumentar a produção agropecuária, a partir da recuperação da fertilidade do solo e alguns de seus resultados. Através de dados obtidos de fontes ligadas ao campo e órgãos municipais, trabalhos de campo, entrevistas com agrônomos, agricultores e pecuaristas, tornou-se possível obter um panorama da situação entre os anos de 1997 a 2000, nosso recorte temporal. As imagens adquiridas durante os trabalhos de campo trazem a exata dimensão de como a falta de manejo e tecnologia, além, da formação geológica e geomorfológica colaboram para o desgaste do solo, trazendo a tona os problemas ambientais que começavam a tomar grandes proporções, interferindo inclusive na arrecadação municipal. Apesar do projeto, ter apresentado bons resultados, pode-se perceber que a conscientização da população ainda é a maneira mais eficaz de preservação e recuperação do meio-ambiente.
Palavras-Chave: meio-ambiente – erosão – voçorocas – conscientização
BAZZO, Flávia. As transformações sócio-ambientais resultantes do Pater – Programa de Arrentamento de Terras em Umuarama – PR no período de 1997 a 2000. 2007. Monografia (Bacharelado em Geografia) – Universidade Estadual de Londrina.
ABSTRACT
This work aims to highlight environmental problems, especially the erosions, resulting from incorrect management soil, as well as a program developed in the municipality of Umuarama in the State of Parana, in an attempt to increase agriculture production, from the recovery of soil fertility and some of its results. Through data obtained from sources connected to the field and municipal bodies, field work , interviews with agronomists, farmers and cattle farmers, it became possible to obtain an overview of the situation between the years of 1997 to 2000, our temporary cutting. The images acquired during the camp bring the exact size of as a lack of management and technology, in addition, the geological formation and geomorfological collaborate to wear soil, bringing the surface environmental problems that began to take large proportions, including interfering in municipal revenues. Although the project have presented good results, you can see that awareness of the population is still the most effective way of preserving and restoring the environment.
Key-Words: environment – erosion – voçorocas – awareness
“Conhece-se a cultura de um povo e o caráter de um homem pela forma como
este trata seu ambiente e seus animais…” (Autor Desconhecido)
LISTA DE FIGURAS
Figura 01. Mapa de Localização do Município de Umuarama. Fonte: Banstur, 2001................ 17
Figura 02. Classificação Climática. Fonte: Cartas Climáticas do Paraná, IAPAR, Ed. 2000 ..... 18
Figura 03. Bacias Hidrográficas do Paraná. Fonte: www.guianet.com.br, 2002......................... 19
Figura 04. Rio Canelinha em Umuarama – PR. Fonte: Flávia Bazzo ......................................... 19
Figura 05. Distribuição das Florestas Primitivas do Estado do Paraná. Fonte: IPARDE, 1999.. 20
Figura 06. Perfil geológico simplificado. Fonte: Mineropar ....................................................... 21
Figura 07. Mapa geológico do Paraná. Fonte: Mineropar, 2003 ................................................. 23
Figura 08. Mapa da Região Noroeste do Paraná, com a discriminação dos municípios. Fonte:
www.jfpr.gov.br............................................................................................................................ 24
Figura 09. Mapa de localização do Arenito. Fonte: Arenito Nova Fronteira, 2002. ................... 25
Figura 10. Amostra do Arenito Caiuá. Fonte: Flávia Bazzo ....................................................... 26
Figura 11. Rodovia Umuarama – Maringá, 1950. Fonte: Arquivo Prefeitura Municipal de
Umuarama..................................................................................................................................... 29
Figura 12. Floresta sendo suprimida. Fonte: Arquivo Prefeitura Municipal de Umuarama ....... 31
Figura 13. Umuarama década de 50. Fonte: Arquivo Milena Neiva dos Santos......................... 31
Figura 14. Vista parcial de Umuarama atualmente. Fonte: Prefeitura Municipal de Umuarama 32
Figura 15. Resultado da criação de gado sem manejo. Na primeira foto observamos o gado
pastando e na segunda uma erosão em estágio inicial, decorrente do pisoteio do gado. Fontes:
Embrapa e Flávia Bazzo respectivamente .................................................................................... 35
Figura 16. Evolução Populacional entre os anos de 1970 a 2000. Fonte: Prefeitura Municipal
de Umuarama ................................................................................................................................ 36
Figura 17. Processo erosivo resultante do pisoteio do gado. Fonte: Flávia Bazzo...................... 38
Figura 18. Ilustração de Erosão Laminar. Fonte: Stipp, M.E.F., 2006.................................... 39
Figura 19. Vista Parcial Erosão laminar. Fonte: Flávia Bazzo.................................................... 39
Figura 20. Ilustração de Erosão Acelerada. Fonte: Stipp, M.E.F., 2006 ..................................... 40
Figura 21. Solo apresentando sulcos. Fonte: Flávia Bazzo ......................................................... 40
Figura 22. Ilustração de Erosão em Ravinas. Fonte: Stipp, M.E.F., 2006................................... 41
Figura 23. Aspecto de uma ravina. Fonte: Flávia Bazzo ............................................................. 41
Figura 24. Processo de arenização. Fonte: Stipp, M.E.F., 2006 .................................................. 42
Figura 25. Foto Processo de arenização. Fonte: Flávia Bazzo .................................................... 42
Figura 26. Ilustração de uma Voçoroca. Fonte: Stipp, M.E.F., 2006 .......................................... 42
Figura 27. Vista de uma voçoroca que já atingiu uma nascente d’agua, na região rural de
Umuarama. Fonte: Flávia Bazzo................................................................................................... 44
Figura 28. O pisoteio do gado e a fragilidade do solo, resultam em grandes prejuízos ao meio
ambiente. Fonte: Flávia Bazzo...................................................................................................... 45
Figura 29. Área de pastagem no município de Umuarama – PR, onde se pode observar ao
longe o início de uma erosão. Fonte: Flávia Bazzo ...................................................................... 47
Figura 30. Lado a lado, a nova realidade da Região Noroeste, no primeiro momento a foto da
soja que recupera a fertilidade do solo e no segundo momento, os pastos sendo recuperados e
mantendo o município no ranking de produtor agropecuário. Fonte: Flávia Bazzo.................... 50
Figura 31. Plantação de soja. Fonte: Embrapa............................................................................. 51
Figura 32. Produção Agrícola entre os anos de 1997 a 2000. Fonte: Prefeitura Municipal de
Umuarama .................................................................................................................................... 52
Figura 33. Resultado da integração lavoura/pecuária, pastos vistosos para alimentar o gado e
solo recuperado. Fonte: Ambiente em Foco ................................................................................. 53
LISTA DE TABELAS
Tabela 01. Dados Populacionais entre os anos de 1970 a 2000................................................... 35
Tabela 02. Área e Produção de algumas culturas no município de Umuarama entre os anos de
1997 a 2000................................................................................................................................... 52
Tabela 03. Comparativo do Faturamento da Pecuária Tradicional com o faturamento
Integração Lavoura/Pecuária ........................................................................................................ 53
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ..................................................................................................................... 14
CAPÍTULO I – CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL FISIOGRÁFICO DO MUNICÍPIO
DE UMUARAMA ....................................................................................................................... 17
1.1 Localização ...................................................................................................................... 17
1.2 Clima................................................................................................................................ 18
1.3 Hidrografia ...................................................................................................................... 18
1.4 Vegetação......................................................................................................................... 20
1.5 Breve descrição da geologia e geomorfologia do Paraná com ênfase na Formação Caiuá
....................................................................................................................................................... 20
1.5.1 A Formação Caiuá – Aspectos Geológicos e Pedológicos. ............................................. 24
CAPÍTULO II – ASPECTOS SÓCIO-ECONÔMICOS DO MUNICÍPIO DE
UMUARAMA ............................................................................................................................. 28
2.1 Histórico de Umuarama ................................................................................................... 28
2.2 Evolução Econômica ....................................................................................................... 32
2.3 Uso e Ocupação do Solo ................................................................................................. 33
2.4 Características Populacionais........................................................................................... 35
CAPÍTULO III – PROBLEMAS AMBIENTAIS NO CAMPO OCASIONADOS PELO
MANEJO DO SOLO NO MUNICÍPIO DE UMUARAMA................................................... 37
3.1 Erosão Laminar ou escoamento Difuso ........................................................................... 39
3.2 Sulcos............................................................................................................................... 40
3.3 Ravinas............................................................................................................................. 40
3.4 Arenização ....................................................................................................................... 41
3.5 Voçorocas ........................................................................................................................ 42
CAPÍTULO IV – IMPLANTAÇÃO E RESULTADO DA INTEGRAÇÃO
LAVOURA/PECUÁRIA NO MUNÍCIPIO DE UMUARAMA............................................. 46
4.1 A Implantação do Programa de Arrendamento de Terras – PATER............................... 46
4.2 Resultados da Produção Agrícola .................................................................................... 51
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 55
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................... 57
14
APRESENTAÇÃO
Em um momento em que a discussão sobre a preservação, recuperação e manutenção
do meio ambiente passaram de assunto secundário para uma necessidade de sobrevivência do
planeta e seus habitantes, o presente trabalho trazendo a questão para uma dimensão
municipal, busca demonstrar como a tomada de consciência por parte de alguns órgãos e
setores político-administrativos demonstraram que suas atitudes podem realmente mudar o
que parecia ser evidente.
Neste contexto encontra-se a cidade de Umuarama, localizada a Noroeste do Estado
do Paraná, conhecida pela fragilidade de seu solo por encontrar-se na Formação Caiuá. Após
as várias tentativas de cultivo sem resultados satisfatórios, que culminou com a geada de
1975, viu como uma das alternativas a criação de gado de corte, um fato que já era
considerado tradição em solos arenosos, onde o plantio apresenta dificuldades quanto ao seu
desenvolvimento, além de necessitar de técnicas e implementos, fatores estes que na maioria
dos casos era inexistente. É possível verificar o fato da tradicionalidade em criação de gado
nestes tipos de solo em Passador, 2006:
“Por trás dessa versão a lavoura no Arenito Caiuá estava uma tradição secular da agropecuária que definiu nos seus primórdios a vocação da terra conforme o tipo de solo por ela, a vocação da terra roxa era lavoura, a da arenosa era o pasto. Os produtores da região levaram ao ‘pé da letra’ essa tradição, mesmo com o surgimento de novas tecnologias, como a do plantio direto, que viabilizaram lavouras em regiões de terra arenosas.” (Passador, 2006)
Sendo assim, o município se tornou um dos maiores produtores pecuários do Estado,
mas há alguns anos a atividade começou a demonstrar sinais de decadência, isso devido ao
desgaste excessivo de seu solo, ocasionado tanto pelo pisoteio do gado quanto pelo cultivo de
pastagens sem um manejo adequado, o que tornou a região ainda mais suscetível a erosões e a
perca de nutrientes.
A presente pesquisa foi concebida, após estudo bibliográfico, trabalhos de campo,
entrevistas com agrônomos e proprietários de terras no município e região, bem como
consultas a informativos agrícolas, além de órgãos relacionados ao desenvolvimento rural
como: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, Empresa Paranaense de
Assistência Técnica e Extensão Rural – EMATER –PR, Instituto Ambiental do Paraná – IAP ,
15
Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR e a Cooperativa Agroindustrial de Maringá-
COCAMAR, portanto não foi especificado um capítulo somente para a metodologia visto que
os métodos usados constarão ao longo da pesquisa.
O primeiro capítulo deste estudo irá realizar uma breve abordagem da geologia e
geomorfologia do Estado do Paraná afim, de interar o leitor a respeito das características que
compõe nossa área de estudo.
Em um segundo momento iremos apresentar, um sucinto relato dos aspectos
fisiográficos e sócio-econômicos do município em questão, fator este determinante na escolha
do tipo de atividade que seria realizada.
Posteriormente será abordado um dos principais problemas ambientais que ocorre na
região, a erosão que de acordo com Gross (2005) é um processo de desagregação e remoção
de partículas do solo ou de fragmentos e partículas de rochas, pela ação combinada da
gravidade com a água, vento gelo e/ou organismos (plantas e animais).
Este tipo de processo pode resultar de condições naturais ou geológicas, que se
desenvolve com a formação do solo, ou pode ser antrópica, que tem na ocupação humana
fator determinante na origem e evolução dos processos erosivos. Estes fatores foram
observados na cidade, sendo assim, faremos uma sucinta relação dos tipos de erosão como às
ravinas, os sulcos, as voçorocas, bem como, quais fatores são desencadeantes e finalmente os
passivos ambientais decorrentes de tais processos, além das conseqüências para a produção
pecuária.
E finalmente, no quarto capítulo iremos apresentar uma tentativa, de recuperação
ambiental através de um programa de recuperação ambiental que, colaborou com a mudança
do perfil sócio-econômico do município e devolveu algumas características naturais do solo
arenoso em diversas áreas.
Portanto, o presente trabalho tem como foco o período compreendido entre 1997 –
2000, espaço temporal este, escolhido devido a insustentável situação que se instaurava nas
pastagens, onde a necessidade de recuperação do solo e das áreas degradadas tornou-se
fundamental, ultrapassando a esfera político-administrativa, fazendo com que diversos
municípios da região se unissem na tentativa de uma solução para o problema.
A partir dessa união surgiu um programa de recuperação do solo, o Programa de
Arrendamento de Terra – PATER, principal fonte de nossa pesquisa, que com a colaboração
tecnológica de órgãos como o IAPAR e a COCAMAR, visava à recuperação do solo através
de uma integração lavoura/pecuária, incentivando os proprietários de terras a arrendarem
16
parte de suas propriedades, para agricultores experientes que, iniciavam o plantio de grãos no
verão e, no inverno deixavam uma plantação que serviria de alimento para o gado. Além de
contar Após este programa outros foram surgindo, como Programa de Desenvolvimento do
Noroeste do Paraná – Arenito Nova Fronteira, além de eventos como o Show Tecnológico
Arenito Caiuá, que visa demonstrar novas técnicas de manejo do solo e as culturas mais
apropriadas para a região.
O objetivo maior deste estudo é realizar uma exposição das conseqüências do uso e
ocupação do solo sem um planejamento adequado, os problemas ambientais que surgem de
ações que visam apenas o lucro e não a preservação do meio que está sendo utilizado, bem
como uma das importantes tentativas de recuperação ambiental no município de Umuarama,
como é o caso do PATER, além de alguns de seus resultados, demonstrando alguns benefícios
que esta conscientização vem trazendo para a cidade, uma vez que sua economia é
basicamente rural.
17
CAPÍTULO I – CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL FISIOGRÁFICO DO MUNICÍPIO
DE UMUARAMA
Para dar início a discussão dos problemas ambientais e tentativas de recuperação no
município de Umuarama – PR, torna-se de fundamental importância, apresentar suas
características físiográficas, para um melhor entendimento da suscetibilidade dos problemas
que lá ocorrem.
1.1 Localização
O município localiza-se na região conhecida como Ivaí, no noroeste do Paraná,
encontra-se a 430 m acima do nível do mar, entre a latitude 23º 47' 55'' Sul e Longitude 53º
18' 48'' Oeste, com uma área total de 1.232,05 Km2, sendo integrante da 11ª Microrregião
Homogênea do Estado do Paraná.
Tendo como as principais vias de acesso as rodovias PR 323, que liga Umuarama a
Guaíra e Maringá, PR 182 Xambrê, PR 482 Maria Helena e PR 487 que dá acesso a Serra dos
Dourados.
Figura 01: Mapa de Localização do Município de Umuarama. Fonte: www.banstur.com.br, 2001
18
1.2 Clima
Umuarama localiza-se na zona pluvial tropical, com um clima caracterizado por
estações chuvosas, temperado quente e com raras geadas noturnas.
Clima subtropical úmido mesotérmico Cfa, com verões quentes, raramente ocorrendo
geadas, com tendências de concentrações das chuvas nos meses de verão sem estação seca
definida. A média das temperaturas dos meses mais quentes é superior a 22 graus centígrados
e a dos meses mais frios é inferior a 18 graus centígrados.
Devido ao intenso desmatamento, o clima vem sofrendo significativas alterações nos
últimos anos, apresentando variações em suas temperaturas e precipitações.
Figura 02: Classificação Climática. Fonte: Cartas Climáticas do Paraná, IAPAR, Ed. 2000
1.3 Hidrografia
Localizado na Bacia Hidrográfica do Rio Paraná, suas delimitações naturais são os
Rios Piquiri, Ivaí e Paraná, como pode ser observado no mapa abaixo.
19
Figura 03: Bacias hidrográficas do Paraná. Fonte: www.guianet.com.br, 2000
Num raio de nove quilômetros em torno da cidade estão as cabeceiras dos ribeirões:
• Vermelho: nasce no fundo do seminário Bom Pastor e deságua no rio Xambrê;
• Pinhalzinho: nasce no Bosque do Índio e deságua no Pinhalzinho e no Goio-Erê;
• Verde: nasce na farinheira (Companhia Lorenz) e deságua no Rio Piava;
• Piava: deságua no rio Xambrê e no rio Goio-Erê, e é uma das fontes de
abastecimento municipal.
Figura 04: Rio Canelinha em Umuarama – PR. Foto: Flávia Bazzo.
Figura 04: Rio Canelinha em Umuarama. Fonte: Flávia Bazzo.
20
1.4 Vegetação
O município está inserido na Floresta Estacional Semidecidual, que constitui
vegetação típica do bioma Mata Atlântica, que apresenta dupla estacionalidade climática, uma
tropical, caracterizada por épocas de intensas chuvas de verão, seguidas de acentuada
estiagem e outra subtropical, que não apresenta período seco mas com seca fisiológica
provocada pelo intenso frio de inverno.
Figura 05: Distribuição das Florestas Primitivas do Estado do Paraná. Fonte IPARDE, 1999.
1.5 Breve descrição da geologia e geomorfologia do Paraná com ênfase na
Formação Caiuá
Vamos realizar um estudo com enfoque na geologia e geomorfologia do Estado do
Paraná, fato este que irá contribuir para um melhor entendimento com relação ao solo que
compõe a região noroeste paranaense, fator este, determinante desde a fundação do município
até a escolha do tipo de atividade rural que ali seria implantada.
A geologia do Estado pode ser resumida de maneira simplificada, através das
21
informações concedidas pela MINEROPAR1, onde:
“O perfil geológico paranaense ainda que descontínuo, possui um intervalo de idades mais antigas que 2,8 milhões de anos até atualmente. O embasamento ou escudo, formado por rochas magmáticas e metamórficas mais antigas que 570 milhões de anos, é recoberto pelas rochas vulcânicas e sedimentares paleozóicas e mesozóicas que constituem a Bacia do Paraná. Esta cobertura foi posteriormente erodida, devido ao soerguimento da crosta continental à leste, expondo o embasamento. Sedimentos recentes com idades inferiores a 1,8 milhões de anos recobrem parcialmente as rochas da Bacia e do Escudo”.
As características geológicas definiram a divisão dos planaltos paranaenses em cinco
subdivisões moforlógicas, que de leste para oeste, obedecem a seguinte ordem: Baixada
Litorânea (1), Serra do Mar (2), Planalto Cristalino (3), Planalto Paleozóico (4) e Planalto
Basáltico(5).
Figura 06: Perfil geológico simplificado. Fonte: Mineropar, 2003.
A baixada litorânea caracteriza-se por terrenos baixos e inundáveis – planícies aluviais
e formações arenosas – e morros cristalinos com aproximadamente 50m de altitude, a Serra
do Mar constitui o rebordo oriental do Planalto Cristalino e é dominante por suas escarpas na
planície litorânea.
Contudo, o mais importante a descrever são os três planaltos, pois é no Planalto
Basáltico ou Terceiro Planalto que está situado o Município de Umuarama, principal
propósito desta pesquisa.
O Primeiro Planalto ou Planalto Cristalino se localiza ao sul na região de Curitiba, tem
1
Minerais do Paraná – Executa serviços geológicos do Estado do Paraná, está vinculada a Secretaria de Estado da Indústria, do Comércio e Assuntos do Mercosul e tem por finalidade gerar e disponibilizar informações e conhecimentos a respeito da geologia básica e dos recursos minerais paranaenses. Fonte: www.mineropar.pr.gov.br
22
início na serra do Mar e estende-se para o oeste até a Escarpa Devoniana, resultado da erosão
que rebaixou o antigo nível de seus terrenos pertencentes à era Pré-Cambriana, nele há
presença de rochas arqueadas que são as mais antigas do Estado, com idades superiores a 2,5
bilhões de anos, também são encontrados granitos de até 600 milhões de anos.
Sua altitude é notavelmente uniforme e forma uma paisagem suavemente ondulada,
com planícies de várzeas intercaladas por sedimentos fluviais e paludais do quaternário
recente, predominando argilas pretas e areias brancas. As rochas cristalinas formam o pedestal
do primeiro planalto desde a Serra do Mar até alguns quilômetros a oeste de Curitiba. As
rochas das formações da série Açungui constituem toda a parte do norte do Primeiro Planalto.
Em virtude da proximidade do Oceano Atlântico, todos os rios dirigidos para o norte, ao vale
do Ribeira, possuem grande força de erosão, e a oeste, há as camadas algonquianas com seus
granitos intrusivos, que constituem o pedestal do Segundo Planalto. Nas partes central e sul, a
superfície do primeiro planalto corta uniformemente os gnaisses e granitos antigos, as rochas
algonquianas e os sedimentos do Quaternário Antigo.
O Planalto Paleozóico ou Segundo Planalto está localizado na região de Ponta Grossa,
possui limites naturais sendo eles a leste a Escarpa Devoniana e a oeste, a escarpa Serra Geral.
Seu início se dá na região dos sedimentos paleozóico e mesozóico, onde foram
encontrados todos os fósseis de importância para a determinação da idade das camadas
devonianas e dos membros das camadas Gondwânicas. A escarpa de estratos, que limita
nitidamente as zona de eversão do Primeiro Planalto, é formada pelo arenito branco das
furnas, situado na base do sistema devoniano.
Em sua parte norte, encontram-se as menores latitudes no limite entre o segundo e
terceiro planaltos, que variam entre 350 e 560 m. Algumas mesetas típicas do arenito eólico
botucatu, cortadas por diques de diabásio com capas de lava básica. A escarpa com
sedimentos mezosóicos e derrames de lava básica é parte integrante da Serra Geral,
estabelecendo uma separação nítida entre o segundo e o terceiro planaltos, a oeste e a norte,
de maneira idêntica a escarpa devoniana com o primeiro planalto a leste.
O Terceiro Planalto ou Planalto Basáltico ocupa cerca de 2/3 da área do Estado,
corresponde ao derrame de rochas eruptivas como basalto, diabásios, meláfiros e aos
depósitos de arenitos (Botucatu e Caiuá) da era Mesozóica. Possui uma constituição geológica
relativamente simples, e representa o plano de declive que forma a encosta da escarpa da
Serra Geral do Paraná, sendo denominada Serra da Boa Esperança ou escarpa mesozóica.
Formado por grandes derrames de lavas básicas do vulcanismo gondwânico do Pós –
Triássico até o Cretáceo é influenciado por um clima do Quaternário Recente, e as rochas
23
eruptivas básicas se decompõem em solos argilosos vermelhos muitos coesos, conhecidos
como terra roxa.
Na região mais ao norte do Paraná, a leste do rio Pirapó, existem vestígios do Arenito
Caiuá, que se desenvolveu a partir dos últimos derrames de lava e representa a continuidade
do processo de sedimentação eólica terrestre, iniciada no Triássico Superior, com a deposição
de arenito Botucatu no deserto masozóico.
Contudo a sedimentação continuou durante todo o período do vulcanismo
gondwanico, e foram depositados sedimentos eólicos em bancos ou lentes nos derrames de
lava e nas fendas maiores. A ascensão rápida nas fendas de diáclises elevou consigo grãos de
areia posteriormente silicificados.
Figura 07: Mapa Geológico do Paraná. Fonte: Mineropar, 2003
1.5.1 A Formação Caiuá – Aspectos Geológicos e Pedológicos
A região noroeste localiza-se no Terceiro Planalto paranaense, onde ocorreram os
24
derrames vulcânicos no período Cretáceo da Formação Serra Geral, pertencente ao Grupo São
Bento capeado a noroeste pelas formações Caiuá e Bauru, fato este que atribui aos municípios
peculiaridades relacionadas ao solo, seus usos e formas de ocupação. Este fato é afirmado em
Fonseca, que estabelece as diferenças entre os solos da Formação Serra Geral e Formação
Caiuá:
“Os solos derivados da alteração das rochas da Formação Serra Geral são profundos, permeáveis, bem drenados e ocorrem sobre topografia plana à ondulada, apresentam alta capacidade de absorção de água e boas características físicas para o desenvolvimento dos vegetais, enquanto que os do arenito apresentam textura que varia de arenosa a média, com elevado teor de areia e baixa porcentagem de argila, os quais aparecem nos setores mais elevados da região. São solos extremamente friáveis e, conseqüentemente, com alta suscetibilidade a erosão. Os teores de areia atingem 85% a 95% e possuem níveis críticos de fósforo, potássio, cálcio, magnésio e, não raro, baixos níveis de matéria orgânica, cerca de 1% podendo, freqüentemente, ocorrer deficiência de macro e micronutrientes nas culturas”. (Fonseca, 2005).
Figura 08: Mapa da Região Noroeste do Paraná, com a discriminação dos municípios. Fonte: www.jfpr.gov.br, 2006
A região coberta pela Formação Caiuá compreende 16% da área total do Paraná,
abrangendo 107 municípios, ou seja, 3,6 milhões de hectares de uma totalidade de 20 milhões
de hectares, que ocupam desde as cuestas basálticas até as margens do Rio Paraná. Esta região
tem sido considerada como de origem coluvial e formadas durante o período Quaternário,
25
como pode ser visto em Gasparetto:
“As formações superficiais de textura arenosa que recobrem o Arenito Caiuá, na região noroeste do Paraná, têm sido consideradas de origem coluvial e formadas durante o predomínio de climas semi-áridos desenvolvidos no Quartenário”. (Gasparetto, 1999).
Figura 09: Mapa de Localização do Arenito. Fonte: Arenito Nova Fronteira, 2002.
Os arenitos da Formação Caiuá correspondem à sedimentação de origem eólica, que
imperou no interior da bacia Bauru, no período Cretáceo Superior. Esta bacia formou-se sobre
a plataforma sul americana, após o rompimento do Mega Continente Gondwana2 e a
separação das placas africana e americana. Os ventos predominantes sopravam para o
quadrante sudoeste, construindo grandes dunas e complexos de dunas (draas). Para Fernandes
2002, esta área constitui um imenso deserto arenoso (sand sea) quente e seco, inóspito a vida.
Um solo que se caracteriza por ser vermelho escuro distrófico, arenoso, sujeito a
grandes erosões, apresentando um relevo suave quase plano. Umuarama está localizada nesta
região.
Essa região é caracterizada pela produção pecuária, isso devido à fragilidade do solo
2Estudos mostram que havia um mega continente, denominado de Godwana, há muitos milhões de anos reuniaem um só bloco o que hoje corresponde a América do Sul, África e Antártida, aí incluída a Austrália. Fonte: www.geocites.com
26
para culturas anuais, levando os proprietários de terra ao investimento na criação de gado
como forma de renda.
Figura 10: Amostra do Arenito Caiuá. Fonte: Flávia Bazzo
De acordo com a EMBRAPA3, os solos predominantes na região podem ser
classificados em: Latossolos Vermelho eutróficos e distróficos, Nitossolos Vermelhos
eutroférricos, Argilosos Vermelho-amarelo eutróficos e distróficos, Podzolicos Vermelho-
Amarelo, Cambissolos, Neossolos Quartzarenicos, solos Hidromérficos e solos Aluviais, os
quais são resultados da relação existente entre o substrato geológico, o relevo e as condições
climáticas locais.
Ainda em Gasparetto é possível verificar a composição do solo da Formação Arenito
Caiuá:
“O quartzo é o mineral predominante tanto nos solos como no arenito sotoposto, associado com a caulinita e óxidos de ferro. A assembléia de minerais pesados é formada de minerais opacos, como hematita, magnetita, ilmenita e leucoxênio, e não-opacos, como estaurolita, turmalina, zircão e rutilo. A matriz do arenito e o plasma das formações superficiais apresentam a mesma composição química, constituída basicamente por
3Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, viabiliza soluções para o desenvolvimento sustentável do espaço rural, com foco no agronegócio, por meio da geração, adaptação e transferência de conhecimentos e tecnologias, em benefício dos diversos segmentos da sociedade brasileira. Fonte: www.embrapa.br
27
caulinita pobremente cristalizada e por óxidos de ferro. As variações laterais observadas na organização da cobertura pedológica são resultantes do recuo das cabeceiras de drenagem sobre os interflúvios e do aprofundamento dos vales. Os mecanismos que controlam esse recuo e o aprofundamento podem ser de origem climática e tectônica”. (Gasparetto, 1999)
Estas características fundamentais devem ser observadas no momento de se escolher
uma atividade rural a ser realizada, pois devido à fragilidade apresentada, uma escolha
equivocada pode resultar em grandes desastres ambientais, muitos deles irreversíveis, como o
voçorocamento.
Avançando um pouco a esfera geológica e geomorfológica paranaense, vamos estudar
alguns aspectos socioeconômicos do município de Umuarama, iniciando por sua história. O
conhecimento a respeito da história da cidade irá nos auxiliar a compreender a ocupação, o
desenvolvimento, as opções econômicas que foram adotadas e finalmente o presente deste
lugar. Portanto, vamos retroceder ao ponto de partida, quando uma missão organizada por
ingleses, que ficaria conhecida como Missão Montagu, chegava ao Brasil.
28
CAPÍTULO II – ASPECTOS SÓCIO-ECONÔMICOS DO MUNICÍPIO DE
UMUARAMA
Para compreendermos uma região é necessário que, se conheça a história do lugar,
entendendo o processo de sua ocupação e colonização será possível identificar as escolhas
econômicas e sociais que foram implantadas.
2.1 Histórico de Umuarama
Em 1924, a convite de Arthur Bernardes, na época presidente da República, uma
missão econômica inglesa, chegava ao Brasil, um dos seus objetivos era estudar o processo de
arrecadação de impostos federais, com o intuito de propor uma reformulação do sistema em
vigor, a pedido do Presidente.
Porém, Lord Lovat um dos componentes da missão, técnico em agricultura e
reflorestamento da Comissão Inglaterra Montagu, tinha interesses particulares com relação à
cultura de algodão, para suprir as deficiências das indústrias têxteis britânicas. É através da
influencia de fazendeiros paulistas que a missão chega ao norte do Paraná, e finalmente Lovat
conheceu as terras férteis da região de Cambará. Após negociações foram adquiridas terras
em São Paulo e no Norte do Paraná, para o cultivo do algodão. É neste contexto que surge a
empresa Brasil Plantations Syndicate e a Companhia de Terras Norte do Paraná – CNTP,
ambas fundadas por ingleses.
A Companhia de Terras em 1925, começa a adquirir terras as margens dos rios Tibagi,
Paranapanema e Ivaí, pagando altos preços, como pode ser observado em Bazzo:
“Já em 1925, esta última, em acordo com Caetano Munhoz da Rocha, então presidente do Estado, começou a comprar terras às margens dos rios Tibagi, Paranapanema e Ivaí, chegando a pagar até três vezes por estas, sendo uma ao Estado outra ao posseiro e até aqueles que possuíam possíveis títulos de posse da terra, os ingleses primavam pela lisura de todo o processo de compra, para que posteriormente as escrituras fossem incontestáveis” (Bazzo, 2004).
Com a produção algodoeira ganhando força, começaram a surgir negócios
imobiliários. Com a necessidade de constituir uma sede administrativa, a CNTP escolhe o
29
antigo Patrimônio Três Bocas, e logo após é iniciada uma infra-estrutura urbana.
Nestas terras a companhia instalou seu escritório e passou a se dedicar a estudos sobre
povoamento, acesso entre essas regiões, construindo assim as primeiras estradas e rodovias,
em 1930 recebe os primeiros colonizadores.
Figura 11: Rodovia Umuarama – Maringá, 1950. Fonte: Arquivo Prefeitura Municipal de Umuarama.
Com a finalidade de desbravar a imensa floresta que apresentava uma extensão de
aproximadamente 350 km até as margens do Rio Paraná, a empresa adquiriu então duas
fazendas ao Leste paranaense, iniciando assim uma plantação de algodão. Porém, com
resultados insatisfatórios em 1937 esta companhia foi incorporada a um grupo maior, a Paraná
Plantations Ltda, fundada em 1925, na cidade de Londres, Inglaterra.
Em 1944, devido às conseqüências da 2ª Guerra Mundial, os ingleses vendem a
companhia para um grupo brasileiro, composto por Gastão Vidal, Cássio Vidigal, Gastão de
Mesquita Filho, Fábio Prado, Silvio Bueno Vidal e Arthur Thomas, que tinha como objetivo
não só a negociação de terras, mas também ampliar a agricultura e pecuária.
Este grupo consegue levar adiante os projetos da companhia, redistribuindo terras,
organizando fazendas de café e engorda de gado, o que colaborou com o surgimento de várias
cidades, como: Cambé, Rolândia, Arapongas, Apucarana, Mandaguari, Jandaia do Sul,
Maringá, que se tornaria símbolo da então companhia, Cianorte e entre elas Umuarama. Em
1951, passou a se chamar Companhia Melhoramentos Norte do Paraná. A projeção de
30
algumas cidades, obedecia a uma ordem de importância, o que facilitaria o abastecimento de
centros menores, como se pode observar em Bazzo:
“Algumas destas cidades foram projetadas para servirem como uma espécie de núcleo de maior importância, e por isso foram dispostas de cem a cem quilômetros, em média, como é o caso de Londrina, Maringá, Cianorte e Umuarama, enquanto de 10 a 15 quilômetros, foram criados centros urbanos e comerciais menores, as maiores regiões eram circundadas por chácaras que serviam para a produção de subsistência, além disso, tanto as pequenas quanto as grandes cidades, tiveram um planejamento antecipado, para que fossem traçadas de um modo que apresentassem ser cidades modernas e agradáveis.” (BAZZO, 2004).
A Companhia atinge uma região denominada de “Cruzeiro”, onde se processou a
colonização de uma área de 30 mil alqueires, foi desta área conhecida como Gleba Cruzeiro,
que surge Umuarama, que era distrito do município de Cruzeiro do Oeste.
Acredita-se que os primeiros habitantes que vieram para o Norte Pioneiro eram
aventureiros atraídos pela nova região a ser explorada, que se alojavam as margens dos rios
em pequenos povoados. Os primeiros colonos eram paulistas, catarinenses, gaúchos,
nordestinos, mineiros, entre outros. A formação étnica basicamente era composta por italianos
60%, portugueses 20%, japoneses 15% e outros 5%.
A cidade localizada a noroeste do Paraná, apresentava uma floresta densa, quase
intransponível, com a presença de nativos que, mais tarde foram identificados como um grupo
da tribo Xetá4, que se viu obrigada a procurar outras regiões devido à devastação da floresta.
4 Os Xetás habitavam a Serra dos Dourados, entre os Rios Paraná e Ivaí, no noroeste do Estado. Foi na década de 50 que teve contato com os primeiros homens brancos. Tratava-se de uma tribo, existente apenas no Paraná, e que vivia ainda no período da pedra lascada. www.ambientebrasil.com.br
31
Figura 12: Floresta sendo suprimida. Fonte: Arquivo Prefeitura Municipal de Umuarama.
Fundada em 26 de Junho de 1955, pela Companhia de Terras Melhoramentos Norte do
Paraná, sob supervisão de Hermann de Moraes, a compra da Gleba Umuarama com
aproximadamente 40 alqueires foi negociada pela então companhia. Rubens Mendes ficou
responsável em administrar a nova frente de colonização no projeto Cidade de Umuarama.
Figura 13: Umuarama Década de 50. Fonte: Arquivo Milena Neiva dos Santos.
O nome da cidade foi dado pelo professor Francisco da Silveira Bueno, e significa
32
“reunião de amigos”, utilizando-se da língua da tribo Xetá que aqui habitava. O símbolo da
cidade é um curumim desta tribo que representa o amor pela natureza e a traz a mensagem de
respeito aos nativos.
Atualmente desponta como pólo nos estudos e desenvolvimento da agricultura em
solo como o Arenito Caiuá, solo este que sem as técnicas adequadas dificultam a produção
agrícola, motivo este pelo qual na grande maioria da região optou-se pela pecuária de corte,
porém por ser frágil e arenoso, o peso do gado e o constante desgaste devido às chuvas e falta
de manutenção, a ocorrência de voçorocas torna-se uma conseqüência que transforma a
paisagem e prejudica o meio-ambiente.
Figura 14: Vista parcial de Umuarama atualmente, 2006. Fonte: Prefeitura Municipal de Umuarama.
2.2 Evolução Econômica
O mercado internacional apresentou uma significativa alta do preço do café em 1940,
o que motivou à incorporação de novas áreas de cultivo no Estado do Paraná, neste momento
as fronteiras foram sendo ampliadas para áreas ainda não ocupadas, o que possibilitou o
plantio, sendo a região noroeste uma das ramificações desta expansão que, mais tarde chegou
à região de Umuarama.
A cidade de Umuarama teve o seu primeiro grande momento econômico, em 1970,
33
quando apresentou seu maior crescimento populacional devido ao início das grandes lavouras
de café.
Porém, em 1975 ocorreu uma grande geada, que ficou conhecida como a “geada
negra”5, pois acabou com os cafezais, o que resultou na substituição progressiva das lavouras
por pastagens, ocasionando um grande êxodo rural, visto que são necessários poucos
funcionários para os cuidados com o gado.
Em 1980, uma baixa na mão-de-obra no campo, culminou com a venda de pequenas
propriedades para os grandes produtores, houve um pequeno crescimento na produção da
mandioca, algodão e arroz, porém com uma desvalorização do café. Com a emancipação
política de alguns municípios em 1990, houve um decréscimo das áreas produtivas.
Nessa época, onde a agricultura apresentava-se em declínio, os pecuaristas reforçaram
seus rebanhos e tornaram Umuarama uma das cidades mais expressivas neste setor, com um
rebanho calculado em 1,5 milhões de cabeças.
A partir de 1997, a agricultura voltou a impulsionar o crescimento do município, com
o Programa de Arrendamento de Terras – PATER, levando os agricultores a descobrirem uma
nova maneira de voltar ao campo e produzirem mais. Em apenas três anos a cidade despontou
como importante colaboradora na produção de grãos no Estado, SEAB/DERAL6.
O comércio e a indústria também formaram importante instrumento de geração de
renda, além do setor de educação que tem crescido notavelmente, e tem gerado muitos
recursos ao município, visto a instalação e permanência dos estudantes.
2.3 Uso e Ocupação do Solo
A cidade de Umuarama tem como uma de suas atividades socioeconômicas, a criação
de gado de corte, que impulsionou seu crescimento, após as diversas tentativas de cultivo sem
sucesso na região, devido ao solo que não apresenta todos os nutrientes necessários, além da
latente falta de técnicas e o desconhecimento da população rural, fatores estes que
proporcionaram resultados em grande parte desastrosos.
Apesar disso, no início de sua colonização em 1955, apresentava grandes áreas de
5 Geada Negra, este tipo de ocorrência é assim classificado quando a parte interna da plantas congela. Fonte: CPTEC/INPE. 6 Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná/ Departamento de Economia Rural.
34
cultivo como algodão, soja, trigo e café na época considerado o “ouro verde” do Paraná,
porém como em todas as regiões do Estado, com a geada de 1975, as lavouras foram
devastadas e sem grandes perspectivas, os agricultores passaram a criar gado na região.
Além do desmatamento que a pecuária exige para a abertura dos pastos, a falta de
culturas ajudou a empobrecer ainda mais o solo, o que colaborou para o surgimento de sulcos,
ravinas e voçorocas7.
Sem a proteção da mata e com o intenso desgaste do solo devido a chuvas, grandes
áreas foram se tornando imensas crateras, fato este que contou com a colaboração do gado,
pois devido ao peso dos animais e constantes pisoteamentos o problema tornou-se ainda mais
severo.
A ocupação do solo tanto no campo como na cidade foi realizado sem um
planejamento prévio, o que resultou em uma área urbana mal localizada. Em alguns pontos as
margens dos rios, como ocorre com o Rio Canelinha, empresas poluem nascentes, além é
claro de áreas rurais ocupadas sem o devido planejamento, causando grandes devastações a
mata nativa.
Diversos problemas ambientais foram surgindo ao longo dos anos a produtividade do
campo foi caindo, a pecuária não apresentava resultados tão satisfatórios como antes, devido
ao empobrecimento do solo, as áreas de pastagens foram tornando-se menores, o que obrigou
os pecuaristas a diminuírem seus rebanhos, o gado passou a necessitar de um tempo maior de
engorda, e os efeitos começaram a ser sentidos no centro urbano, pois uma de suas fontes de
renda começava a erodir, o que resultou no enfraquecimento do comércio e conseqüente
redução do crescimento econômico do município e região.
7 “Escavação ou rasgão do solo ou de rocha decomposta, ocasionada pela erosão do lençol de escoamento superficial" (Guerra, 1978).
35
2.4 Características Populacionais
A população é constituída por uma grande diversidade de culturas, sendo elas branca,
negra, amarela, parda e indígena. Em 1996, o município contava com 90.878 habitantes,
segundo informações da Prefeitura Municipal.
Com a baixa produtividade das zonas rurais e com o desenvolvimento de atividades
comercias, houve um aumento da população urbana. Os dados podem ser vistos na tabela
abaixo, que apresenta a evolução populacional urbana que compreende os períodos de 1970 a
2000, os dados foram obtidos do censo demográfico do IBGE nos períodos apresentados.
Tabela 01: Dados Populacionais entre os anos de 1970 a 2000
Fonte: Prefeitura Municipal de Umuarama.
Anos 1970 1980 1991 1996 2000 Urbana 33.912 59.861 77.541 76.552 82.538 Rural 80.246 40.684 22.708 14.326 8.083 Total 114.158 100.545 102.240 92.874 90.621
Figura 15: Resultado da criação de gado sem manejo. Na primeira foto o gado pastando e na segunda foto uma erosão em estágio inicial decorrente do pisoteio do gado. Fontes: Embrapa e Flávia Bazzo respectivamente.
36
Evolução Populacional entre os anos de 1970 a 2000
010.00020.00030.00040.00050.00060.00070.00080.00090.000
1970 1980 1991 1996 2000
Urbana
Rural
Figura 16: Dados Populacionais entre os anos de 1970 a 2000. Fonte: Prefeitura Municipal de Umuarama.
A tabela e o gráfico apresentam a noção exata do decréscimo da população rural a
partir de 1970, o êxodo rural é um fato decorrente dos maus resultados do campo, fator este
relevante na criação do programa de integração lavoura-pecuária, pois com a diminuição da
população, a mão-de-obra disponível tornou-se menor e as contribuições para o município
reduziram.
37
CAPÍTULO III – PROBLEMAS AMBIENTAIS NO CAMPO OCASIONADOS PELO
MANEJO DO SOLO NO MUNICÍPIO DE UMUARAMA
Durante a colonização de Umuarama quando as terras do município e região estavam
sendo loteadas, uma das obrigações dos compradores era a preservação de 10% da área na
forma de matas nativas. Porém, atualmente, o que se pode perceber, com exceção de alguns
poucos bosques, é uma ou outra área de preservação, a grande maioria da mata tornou-se
grandes descampados, as árvores deram lugar aos pastos e os animais nativos ao gado. Este é
um dos fatores determinantes para o surgimento da degradação ambiental, pois as raízes das
plantas funcionam como fixadores do solo e as grandes árvores protegem a área do impacto
direto das gotas de chuva, de um modo geral a vegetação ajuda a reduzir a velocidade das
águas que percorrem o solo, agindo sobremaneira como uma proteção natural.
Os processos erosivos podem ser assim definidos:
“A erosão é um processo geológico que atua continuamente na superfície do planeta, é caracterizado pela remoção e pelo transporte de partículas de solo ou de rochas, sendo que a água é o principal agente erosivo. É um importante fator na modelagem da paisagem terrestre e na redistribuição de energia no interior da bacia hidrográfica, podendo ocorrer naturalmente, ou desencadeado por fatores antrópicos”. (CETEC)8
A transformação de muitas lavouras em pastagens poderia, de certo modo, contribuir
com a preservação das áreas onde são instaladas, desde que houvesse uma utilização de
maneira consciente e com manejo adequado, pois as espécies forrageiras como no caso do
capim, inibem o choque direto das gotas de água da chuva com o solo, evitando assim sua
perda superficial. Mas na maioria das vezes não é o que ocorre, no caso da cidade de
Umuarama, além da devastação da floresta, as pastagens foram sendo formadas sem qualquer
tipo de cautela.
Neste primeiro momento vamos destacar a pecuária, visto que esta atividade é um dos
fatores desencadeantes deste processo, como pode ser verificado em Krawulski:
“O pisoteio do animal pode alterar as características físico-hídricas da superfície do solo, aumentando a densidade e a susceptibilidade à desagregação, reduzindo a porosidade total e a taxa de infiltração de água”. (Krawulski, 2002).
8 Centro Tecnológico da Fundação Paulista de Tecnologia e Educação.
38
Os problemas ambientais gerados por este tipo de atividade são diversos, e vão de
fatores com características provisórias a irreversíveis, como é o caso de várias erosões
encontradas em nossa área de estudo.
O solo que cobre a superfície terrestre é formado por constantes processos de alteração
das rochas e transformação pedogenética, que são comandados por agentes físicos, químicos e
orgânicos. Tais processos vêm ocorrendo ao longo de centenas de anos juntamente com a
erosão, causando assim a remoção das partículas do solo e, ocorrendo na natureza desta
maneira, este processo de erosão é considerado normal.
Porém, quando tal erosão se intensifica, o processo de formação do solo não consegue
suplantar a degradação que foi causada, ocorrendo então a erosão acelerada, que pode ser
desencadeada por alterações geológicas ou climáticas. Mas essa erosão acelerada levaria
milhares de anos para ocorrer, então, a que ocorre na maioria das vezes é a erosão antrópica,
que degrada o solo em poucos anos.
As propriedades físicas do solo devem ser consideradas para a análise da erosão pela
ação das águas, como por exemplo, a textura, estrutura permeabilidade e densidade, além de
características químicas, biológicas e mineralógicas. A textura das partículas formadoras da
rocha influenciará na capacidade de infiltração e de absorção da água da chuva, interferindo
assim no potencial de enxurradas do solo, em relação a maior ou menor coesão entre as
partículas. A estrutura, que corresponde a como estas partículas estão dispostas no solo,
influenciam na capacidade de infiltração e de absorção da água da chuva, e de arraste de
partículas do solo. A permeabilidade corresponde à porosidade do solo e é capaz de
Figura 17: Processo erosivo resultante do pisoteio do gado. Fonte: Flávia Bazzo.
39
determinar o nível de infiltração. A densidade está relacionada com a massa total e o volume
do solo, com a compactação há aumento na densidade e diminuição dos macro-poros,
tornando assim o solo mais erodível.
Após uma sucinta descrição do que é uma erosão, podemos dar início ao estudo em
relação aos vários tipos de problemas apresentados em Umuarama: a erosão laminar, a erosão
em sulcos ou ravinas e as voçorocas. Sendo estas formas de degradações ambientais
encontradas em grande escala no município, fatores que contribuíram para que órgãos
governamentais da cidade e região se mobilizassem na tentativa de reverter este quadro e
recuperar a produtividade pecuária, garantindo o faturamento municipal.
3.1 Erosão Laminar
Caracterizada por ser um processo erosivo de lavagem da superfície do terreno com
transporte de partículas sólidas do solo, que se inicia através das gotas de água da chuva
resultando na perda progressiva dos horizontes superficiais, distribuindo-se homogeneamente.
Se houver uma concentração do escoamento superficial, a junção das gotas da chuva poderá
resultar em uma enxurrada, que podem gerar sulcos ou até ravinas.
Figura 18: Ilustração da Erosão Laminar. Fonte: Stipp, M.E.F., 2006
Figura 19: Vista parcial de uma Erosão Laminar. Fonte: Flávia Bazzo
40
3.2 Sulcos
Apresentam feições alongadas e rasas, inferiores a 50m, perpendiculares às curvas de
nível. Podem ser eliminados por operações normais de preparo do solo.
3.3 Ravinas
Ocorrem quando a água do escoamento superficial escava o solo atingindo seus
horizontes inferiores e, em seguida, a rocha. Apresentam profundidade maior que meio metro
e diferenciam-se dos sulcos por não serem suprimidas pelas operações normais de preparo do
solo. Possuem forma retilínea, alongada e estreita, raramente se ramificam e não chegam a
atingir o nível freático. Apresentam perfil transversal em “V” e geralmente ocorrem entre os
eixos de drenagens, muitas vezes associados a estradas, trilhas de gado e carregadores,
conforme informações de Gross, 2005.
Figura 20: Ilustração de sulcos no solo. Fonte: www.ub.es, 2001
Figura 21: Solo apresentando sulcos. Fonte: Flávia Bazzo
41
3.4 Arenização
O processo de arenização consiste na transformação de um solo muito arenoso com
uma cobertura vegetal fraca, em uma área com areia sem nenhuma ou quase nenhuma
cobertura vegetal. Esta ação pode ocorrer em poucos anos, dependendo da intensidade com
que manejos inadequados de agricultura ou pecuária, são conduzidos sobre estas áreas.
O fato do Município de Umuarama apresentar solos altamente arenosos, ter pouca
coesão entre as partículas, baixa fertilidade natural e grande parte de sua vegetação ter sido
suprimida, são fatores que exacerba este processo.
É de fundamental importância salientar a diferença entre arenização e desertificação,
segundo Stipp (2006), o primeiro processo pode ser definido como deficiência da cobertura
vegetal devido à intensa mobilidade dos sedimentos por ação das águas e ventos, já o segundo
processo é mais agressivo, sendo definido como a diminuição ou destruição do potencial
biológico da terra, podendo levá-la a condições do tipo desértico. Ou seja, em um processo
ocorre apenas uma deficiência de vegetação, devido ao transporte e acumulação de partículas,
no outro ocorre uma redução ou até mesmo a total destruição do potencial biológico.
Figura 22: Ilustração da Erosão em Ravinas. Fonte: Stipp, M.E.F., 2006
Figura 23: Aspecto de uma ravina. Fonte: Flávia Bazzo
42
3.5 Voçorocas
As voçorocas se constituem na forma de erosão mais severa, originadas da degradação
dos solos agrícolas, com repercussão na produtividade, causando assoreamento de rios e
reservatórios, comprometendo a navegabilidade e a geração de energia elétrica.
De maneira simples, podem ser caracterizadas por grandes fendas ou cortes no terreno
causado por erosão do solo.
Figura 24: Processo de arenização. Fonte: Stipp, M.E.F., 2006
Figura 25: Foto Processo de arenização. Fonte: Flávia Bazzo
Figura 26: Ilustração de uma voçoroca. Fonte: Stipp, M.E.F., 2006
43
Devido ao aumento intensivo do desmatamento e das queimadas, tem crescido,
assustadoramente, o número de voçorocas em todo o território brasileiro, um exemplo seria
em São Paulo, na Bacia Hidrográfica do Rio Tietê/Batalha, de acordo com o CETEC, com
perdas sensíveis de áreas agrícolas que, antes, eram produtoras de alimentos ou de pastagens.
Em função do alto grau de erodibilidade de alguns tipos de solos, a simples retirada da
cobertura vegetal que protege o terreno, facilita a ação direta da água da chuva, ocasionando a
formação de voçorocas. A deficiência de conhecimentos tecnológicos, por parte dos
agricultores, pecuaristas, lenhadores, carvoeiros e outros usuários, contribuem para que os
terrenos com este problema aumentem demasiadamente.
O controle deste tipo de erosão é uma operação de custo elevado. Normalmente, o
usuário que contribui para a formação da voçoroca ignora que a conservação dos recursos
naturais, é sempre mais econômica do que a restauração.
Normalmente, seu controle consiste em realizar a sua estabilização ou evitar que
cresça, tanto em largura quanto em profundidade. Quando possível, a primeira medida a ser
adotada é o desvio do fluxo de água que está ocasionando a mesma, para impossibilitar o seu
aumento. Se essa providência não for realizável, deverão ser adotados processos que
controlam a velocidade e o volume da água que escorre sobre a garganta. Há situações em que
é possível a construção de um terraço tipo murundu – canal com um camalhão ou dique bem
alto. A finalidade desse terraço é desviar a água que escorre da área superior à sua parte
inicial e é chamado terraço-de-dispersão Se a sua declividade, por onde escorre a água, não é
forte, pode ser adotado o plantio de grama com septos-de-capim, intervalados, com o objetivo
de reter a velocidade da enxurrada, evitando que se aprofunde.
Este tipo de erosão foi um dos maiores problemas encontrados em Umuarama, que em
algumas áreas grandes projetos foram efetuados, como é o caso do Estádio Municipal,
localizado à Avenida Parigot de Souza, que foi construído dentro de uma voçoroca, na
tentativa de contê-la.
44
Quase sempre, a causa está na retirada da floresta, num solo susceptível a erosão,
sendo mal utilizado com atividade agrícola desordenada, queimadas, pisoteio do gado em
fortes declividades, excesso de animais na pastagem, que aliado a ação das chuvas culmina
nessa situação mais extrema da degradação natural. Isto resulta em grandes áreas impróprias
para habitação, para construção, para plantio, para criação de gado, enfim, torna-se imprópria
para utilização. Como pode ser observado em Martins, utilizando-se das palavras de Maack
(1968):
“...a origem e evolução destes processos estão associadas tanto à fragilidade natural dos solos oriundos do Arenito Caiuá como ao desmatamento generalizado, normalmente acompanhado de uso e manejo inadequados. Nessa região, a erosão vem gerando grandes prejuízos à sociedade, através da perda tanto de solos agricultáveis, quanto de investimentos públicos em obras de infraestrutura e de degradação de áreas urbanas ou em urbanização”. (Martins, 2003)
Figura 27: Vista de uma voçoroca que já atingiu uma nascente d’agua, na região rural de Umuarama. Fonte: Flávia Bazzo.
45
Na cidade de Umuarama, o surgimento deste tipo de erosão acabou contribuindo para
o aumento de problemas de ordem econômica, pois a produção pecuária foi reduzida
significativamente, devido à perda de áreas utilizáveis, sendo imprescindível uma atitude
urgente para a recuperação destas áreas.
Alguns pastos se tornaram áreas comprometidas, apresentando erosões, algumas até
retendo água da chuva, favorecendo o surgimento de larvas da dengue.
A urgência de providências com relação a este problema era eminente. É a partir
destes fatores que surge a proposta de recuperação do solo, através do cultivo de grãos e
outras culturas, para devolver sua fertilidade e conseqüentemente o suporte econômico da
região.
Figura 28: O pisoteio do gado e a fragilidade do solo resultam em grandes prejuízos ao meio-ambiente. Fonte: Flávia Bazzo.
46
CAPÍTULO IV – IMPLANTAÇÃO E RESULTADOS DA INTEGRAÇÃO
LAVOURA/PECUÁRIA NO MUNICÍPIO DE UMUARAMA
Diante dos problemas ambientais apresentados no capítulo anterior, tornou-se
imprescindível uma atitude por parte dos órgãos governamentais e pecuaristas na tentativa de
recuperação do solo, já que os problemas tornavam-se cada vez maiores, a produtividade
estava declinando e isto resultava em prejuízos para os pecuaristas bem como para o
município que passou a ter uma arrecadação menor, a partir disto surge um programa numa
tentativa de transformação deste panorama, além de investimentos e estudos para a utilização
correta do solo.
4.1 A Implantação do Programa de Arrendamento de Terras – PATER
Diante das adversidades para a continuação da pecuária, devido a diminuição das
áreas de pastagens por causa da baixa produtividade do solo, a demora da engorda do gado, a
conseqüente queda na renda pecuária e os problemas de erosão, as instituições
governamentais de Umuarama e região perceberam a necessidade de auxílio aos pecuaristas e
da restauração das características peculiares da região, que não produz quantidades
consideráveis de produtos agrícolas, desde a geada de 1975, devido ao grande êxodo rural da
época e a fragilidade do solo.
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Figura 29: Área de pastagem no município de Umuarama – PR, onde se pode observar ao longe o início de uma erosão. Fonte: Flávia Bazzo.
Além dos problemas no setor pecuário, outro fator determinante na tentativa de criar
algum tipo de solução, era o fato das arrecadações de impostos estarem decrescendo de forma
significativa, interferindo assim no desenvolvimento do município.
No ano de implantação do programa, o então prefeito municipal Antonio Fernando
Scanavaca, tinha total consciência dos graves problemas que estavam sendo enfrentados nas
fazendas, pois ele também era pecuarista e podia perceber em sua propriedade a decadência
nos lucros e na criação de bovinos, fator este que pode ter desencadeado o interesse pela
recuperação das áreas degradadas. Outra questão relevante seria o fato de apesar das áreas de
criação de gado ocuparem a maior parte das terras do município, a pecuária não estava
contribuindo de forma significativa com a receita tributária e interferia também em outros
setores de geração de renda, o que pode ser confirmado em Passador (2006) cada hectare de
pasto degradado gerava renda de apenas R$ 150,00 ao ano. O baixo rendimento repercutia
também no comércio.
Isto resultava em problemas administrativos de ordem municipal, pois não havia renda
para o desenvolvimento dos projetos sociais.
O uso inadequado do solo, sem manejo, acabou culminando no desgaste excessivo das
áreas de pastagens, que sem um efetivo programa de recuperação tornou-se insustentável para
a continuidade da atividade pecuária, os pecuaristas estavam perdendo capital e pastagens, e
não tinham recursos financeiros para recuperar as propriedades.
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Este problema podia ser verificado nos 107 municípios que abrangem a região do
Arenito Caiuá, segundo Passador:
“Estes problemas estendiam-se para todos os 107 municípios da região, que estão dentro da Região do chamado Arenito Caiuá, um areião de 3,2 milhões de ha, na região noroeste do Paraná, o principal pólo da pecuária do Estado, em que 2,3 milhões de ha de pastos, abriga um rebanho estimado em 3,5 milhões de cabeças, 40% dos bovinos paranaenses”. (Passador,2006)
Surgiu então, inspirado por um projeto que já havia demonstrado bons resultados em
Uberaba, no Triângulo Mineiro, um programa envolvendo a administração municipal de
Umuarama, além de entidades tecnológicas como a Embrapa Soja, o Instituto Agronômico do
Paraná (IAPAR) e a Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural
(EMATER-PR), que visava à recuperação dos solos através do arrendamento de terras a
produtores, contudo, estes deveriam possuir algumas qualificações para serem aceitos pelo
programa, como serem agricultores capacitados e detentores de recursos para viabilizar o
cultivo, o que demonstraria certa discriminação em relação aos menos preparados, deste modo
se tornaria possível a recuperação das pastagens e uma atividade agrícola produtiva. No dia
13 de Março de 1997, através do Decreto Municipal nº 034/97, foi criado o Programa de
Arrendamento de Terras – PATER, com o objetivo de aumentar a produtividade, elevar os
níveis de empregos, propiciar o incremento à agroindústria, a rentabilidade dos proprietários
rurais e os agricultores e finalmente aumentar os investimentos no município.
A Prefeitura Municipal, por intermédio da Secretaria Municipal da Agricultura,
responsabilizou-se pela orientação, intermediação, encaminhamento das reivindicações e
promoção de contratos entre os proprietários de terras e os agricultores de Umuarama e
região, trazendo assim maior segurança para o desempenho do programa, visto as diversas
peculiaridades que o arrendamento de terras pode apresentar tanto no que diz respeito ao
proprietário das terras quanto ao arrendatário. Para o proprietário um dos grandes temores é o
fato de as áreas com grande incidência de arrendamento serem as prioritárias para a reforma
agrária, já para os arrendatários, o fato de ser comum grandes proprietários ter influência na
política local, situação que, em tese, favoreceria o não cumprimento dos contratos. Uma
situação que não parece ser totalmente hipotética, pois é notório que, algumas vezes se pode
comprovar como a influência política é capaz de interferir, nos mais diversos setores da
agricultura, um exemplo seria a repercussão e a agilidade com que uma fazenda situada em
Guaravera distrito de Londrina – PR, que foi ocupada por cerca de 700 integrantes do
49
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST foi retomada, coincidência ou não, o
proprietário de tal fazenda era o deputado José Janene, que tinha tido suas terras ocupadas,
segundo o movimento por ter sido obtida através da corrupção. Diante destes entre outros
fatores, é que se pode perceber a importância da participação da administração pública
municipal em um projeto como este, o PATER, o que aparentemente traria maior idoneidade
ao programa.
Este sistema de arrendamento não necessita de grandes investimentos, pois a
recuperação das áreas de pastagens degradadas vem da integração lavoura/pecuária. De
acordo com o Cornélio:
“Observa-se nesse processo que agricultores de outras regiões que tem maquinários e tecnologia de cultivo procuram utilizar-se de parte da terra dos pastos para o cultivo de lavoura de verão e deixar a aveia no inverno para alimentar o gado, como forma de pagamento pelo uso da terra”. (Cornélio,2006).
A lavoura é concebida através do plantio direto, que consiste no cultivo de uma
forrageira, seu dessecamento e o replantio na própria palha em processo de decomposição,
utilizando-se de pouco maquinário e o controle biológico, evitam também maiores agressões
ao solo e ao próprio meio-ambiente.
Este programa foi desenvolvido com o intuito de recuperar a produtividade pecuária
do solo, as áreas degradadas recuperam sua fertilidade e seus nutrientes devido às correções
aplicadas e as adubações, consequentemente resultando no aumento das pastagens.
Aparentemente trata-se de um acordo vantajoso, onde não é necessária a aplicação de
dinheiro, segundo Cornélio (2006), o agricultor utiliza-se da terra para o cultivo de grãos
(soja, milho, etc.) e o dono da terra assegura o alimento para seu rebanho no período de
inverno, além disso, obtém um pasto em solo mais fértil, enfim todos ganham, desde o
proprietário, o arrendatário, o município que consegue ampliar os investimentos, os setores
secundários e terciários que percebem os resultados em seus estabelecimentos, geralmente o
arrendamento não ultrapassa o período de cinco anos, tempo suficiente para a recuperação do
solo e o retorno das pastagens.
Além disso, esta era uma das poucas alternativas que restavam, pois a necessidade de
recuperação era evidente, podemos ver em Passador (2006), sem as lavouras que tem
viabilizado a reforma dos pastos em outras regiões do País, 85% das áreas se degradam e,
desse total 45% segundo o IAPAR estão irremediavelmente comprometidos.
Este fato acentua-se no caso do noroeste paranaense, devido ao fato de grandes
50
porções de sua área serem ocupadas por pastagens, 3,2 milhões de hectares, dos quais 72%
são ocupados por pastagens, segundo informações do SEAB/DERAL.
Em novembro de 1997, a integração passou a ser utilizada, os pecuaristas arrendavam
suas terras a agricultores experientes, porém que não tinham onde cultivar, as culturas
permanecem em parte da propriedade em média por cinco anos, tempo em que o gado fica
confinado, após este período o agricultor entrega as terras que estavam sendo utilizadas e que
estão recuperadas para o reinício da atividade pecuária, que a partir de agora irá realizar uma
espécie de rotatividade, um ano pecuária outro agricultura, o que garante o constante manejo
do solo.
Segundo um agrônomo do município, o sistema de plantio direto para o solo se dá
como uma maneira de contenção da erosão, pela construção de microbacias em curva de
nível, feito em cordão chanfrado chamado de terraceamento, o que permite o plantio
mecanizado sobre o mesmo. Uma técnica complementar no controle a erosão, consiste em
plantar culturas forrageiras durante o inverno, para a formação de massa verde que após ser
dessecada com herbicidas, formam uma camada morta, que cobre o solo e evita problemas
erosivos e favorece o desenvolvimento de micro organismos benéficos.
Figura 30: Lado a lado, a nova realidade da Região Noroeste, no primeiro momento a foto da soja que recupera a fertilidade do solo e no segundo momento, os pastos sendo recuperados e mantendo o município no ranking
de produtor agropecuário. Fonte: Flávia Bazzo.
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4.2 Resultados da Produção Agrícola
A produção pecuária e agrícola na região Noroeste, especificamente a cidade de
Umuarama, vinha apresentando médias inferiores as do Estado, em função da baixa
fertilidade de seu solo, o que se confirma em Cornélio:
“É um fato que até 1997 os pastos ocupavam uma grande área da região, juntamente com culturas sazonais. No entanto, a produtividade agrícola e a bovinocultura não atingiam a média do estado em virtude da baixa fertilidade do solo, e as pastagens encontravam-se bastante degradadas”. (Cornélio,2006)
A partir do programa PATER os índices de produção cresceram anualmente e o solo
da região que, se acreditava ser impróprio para o cultivo de grãos, demonstra que eram
necessárias apenas técnicas e um pouco de conscientização para sua recuperação.
Figura 31: Plantação de soja. Fonte: Embrapa.
Observando os dados da tabela e o gráfico abaixo, é possível perceber como novas
áreas foram sendo incorporadas ao projeto de integração lavoura/pecuária e tornaram-se
produtivas no transcorrer dos anos.
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Tabela 02: Área e produção de algumas culturas no Município de Umuarama entre os anos de 1997 a 2000
Culturas Café Algodão Milho Soja
Safras área (há)
produção (ton)
área (ha)
produção (ton)
área (ha)
produção (ton)
área (ha)
produção (ton)
1996/1997 2.040 1.016 700 1.260 2.000 6.000 100 300 1997/1998 2.040 1.283 2.000 2.400 1.700 5.190 848 1.272 1998/1999 2.380 1.856 500 1.240 1.700 5.200 1.334 2.732 1999/2000 2.470 1.172 600 1.116 1.020 2.154 1.850 3.145 2000/2001 280 49 1.500 3.300 4.200 14.952 2.500 5.750
Fonte: SEAB/DERAL, 2001
É evidente o crescimento das áreas agricultáveis no que diz respeito ao cultivo de
grãos, como pode ser verificado na tabela seguida do gráfico, o cultivo do café foi
decrescendo à medida que o cultivo de grãos como milho e soja cresceram notavelmente, o
que demonstra a capacidade do arenito, o que representa o aumento das áreas sendo
recuperadas.
A renda municipal ganhou novo impulso, após a implantação da integração
lavoura/pecuária, gerando recursos não só para o município, mas colaborando também para o
desenvolvimento do comércio, além de outros setores econômicos. Este avanço pode ser
percebido na tabela abaixo, que mostra o faturamento em uma mesma área, com a pecuária e
com o sistema de integração.
Figura 32: Produção Agrícola entre os anos de 1997 a 2000. Fonte: SEAB/DERAL, 2001
53
Tabela 03: Comparativo do Faturamento Pecuária tradicional com Integração Lavoura/Pecuária
Sistema Área Faturamento Bruto
R$/Ha/ano Total R$/Ha/ano Pecuária 1.000 Ha 214,6 214.600,00
Integração Agricultura e Pecuária 1.000 Ha 2.614,20 2.614.200,00
Fonte: SEAB/DERAL, 2001
Uma área de 1.000 ha apresenta um aumento dos lucros em torno de 98%, o que
significa, maior geração de empregos, maiores investimentos no campo, maior contribuição
para o município, ou seja, desenvolvimento econômico.
Figura 33: Resultado da integração lavoura/pecuária, pastos vistosos para alimentar o gado e solo recuperado. Fonte: Ambiente em foco.
Apesar de as áreas de pastagens estarem sendo recuperadas e agora o gado dispor de
pasto suficiente para a engorda, muitas propriedades optam por continuar com o plantio de
grãos, setor crescente no Paraná.
Isso pode ser observado nos dados apresentados pela EMBRAPA, onde a produção de
soja passou de 72 mil toneladas em 1997, para 262 mil toneladas no ano de 2002, a proposta é
a recuperação de uma área de 3,2 milhões de hectares.
Segundo Antonio Carlos Fávaro, que foi secretário da agricultura do município de
Umuarama em 2002, a área plantada com soja pulou de 23 mil hectares em 1997, para 120
54
mil ha em 2002. Deste modo a renda do produtor aumentou, pois o plantio é mais rentável
que a pecuária, um alqueire plantado com soja rende R$ 3 mil, enquanto a mesma área
explorada pela pecuária gera R$ 500. Favaro ainda refere-se a geração de empregos,
afirmando que a integração lavoura/pecuária permitiu a contratação de sete pessoas por mil
alqueires, sendo que antes do programa, a mesma área ocupava apenas um empregado.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A fragilidade do solo, fator resultante de sua estrutura geológica e geomorfológica,
muitas vezes é determinante no desenvolvimento de uma região.
Contudo, a partir de pesquisas e investimentos é viável empreender mudanças em
benefício não só do meio-ambiente, como também da população local. Com interesses e
atitudes corretas, é possível transformar terras, aparentemente, improdutivas, em geradoras de
renda e progresso.
Foi o que ocorreu no município de Umuarama – PR, foco de nossa pesquisa, onde a
partir de características físicas e sócio-econômicas se observou resultados positivos do
Programa de Arrendamento de Terras – PATER, que tinha como um de seus maiores
propósito a recuperação de áreas degradadas, em benefício da economia municipal.
Após análise de dados, levantamentos bibliográficos, entrevistas e trabalhos de campo,
o que pode-se constatar foi uma significativa evolução no sentido de recuperação e
produção no solo da Formação Arenito Caiuá, áreas foram restauradas e de certo modo a
agricultura e a pecuária está sendo garantida.
Entretanto, não podemos apenas nos preocupar no sentido de recuperar e sim nos
inclinar para a prevenção e preservação do meio-ambiente que, além de apresentarem
resultados satisfatórios, pois não colaboram para a perda de grandes áreas irremediavelmente
erodidas e exigem investimentos muito menores.
O PATER é um programa que demonstrou bons resultados no que tange os seus
propósitos, que era restabelecer a fertilidade do solo arenoso e aumentar a produtividade e
rentabilidade.
Não obstante, este programa ultrapassa nosso recorte temporal, porque em 2001 passa
a ser denominado como Programa de Desenvolvimento do Noroeste do Paraná – Arenito
Nova Fronteira, com o mesmo enfoque, porém abrangendo mais municípios da região do
Arenito.
O que se pode perceber é que além deste e de outros programas de recuperação, as
instituições governamentais deveriam investir mais nas questões ambientais, bem como em
educação ambiental, pois se houvesse uma maciça aplicação de investimentos neste aspecto,
inevitavelmente estaríamos formando cidadãos mais conscientes e, talvez futuros pecuaristas
preocupados com o meio ambiente e sabedores de que acima dos lucros está a preservação,
pois com o desgaste excessivo do solo não há pastagem, sem os pastos fica inviável a criação
56
de gado e sem o gado não há renda.
Em movimento contrário ao inicial, ou seja, tirando a questão da escala municipal e
levando-a para a mundial, este fato evidencia o quanto à humanidade precisa trabalhar no
sentido de preservação e, não somente, no aspecto da obtenção de lucro. Todos sofremos os
reflexos das apropriações e destruições das riquezas naturais sem um planejamento que, hoje
repercutem no aquecimento global e na necessidade, de estratégias urgentes para recuperar o
que está praticamente em ruínas.
O que devemos ter como principal objetivo é a consciência, ética e o compromisso
com a preservação e manutenção do mundo em que vivemos.
57
REFERÊNCIAS
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