apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 23-24

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No manual falta o espaço interestrófico entre o v. 5 e o v. 6. (Ou seja: os primeiros cinco versos são uma primeira estrofe, uma quintilha.)

Percebe-se pela quintilha inicial que o cansaço que domina o sujeito poético não tem uma origem definida nem um motivo concreto (assim se reconhece no segundo e terceiros versos, bipartidos: «Não disto nem daquilo, / Nem sequer de tudo ou de nada»).

No final da estrofe, explicita-se mesmo o No final da estrofe, explicita-se mesmo o carácter, quase caprichoso, deste carácter, quase caprichoso, deste cansaço permanente e, decerto, cansaço permanente e, decerto, essencialmente psíquico: «essencialmente psíquico: «Cansaço Cansaço assim mesmo, ele mesmo, cansaçoassim mesmo, ele mesmo, cansaço» (vv. » (vv. 4-5). 4-5).

Na segunda estrofe, o poeta começa uma diferenciação relativamente aos outros, que prosseguirá até ao fim do poema. Nos três versos que iniciam a oitava, apresentam-se as sensações, as paixões, os amores que mobilizam os outros, resumido em «Essas coisas todas / Essas e o que falta nelas eternamente» (vv. 9-10), súmula claramente depreciativa.

Nos três versos que fecham a estrofe, a epífora («cansaço/cansaço/cansaço») assinala a reacção do poeta ao que costuma embevecer os que não são como ele.

Na terceira estrofe, três versos anafóricos servem para representar a atitude com que o poeta se vai contrastar (amar o infinito, / desejar o impossível, / não querer nada).

Em nenhum destes tipos de idealismo o poeta se reconhece, por razões que enuncia em paradoxos: «Porque eu amo infinitamente o finito, / Porque eu desejo impossivelmente o possível, / Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, / Ou até se não puder ser...».

A última estrofe analisa as consequências, como logo anuncia a pergunta que a abre («E o resultado?»). Como já acontecera antes, começa-se pelos «outros» (que ficam com «a vida vivida ou sonhada», «o sonho sonhado ou vivido», «a média entre tudo e nada» — notem-se o quiasmo, o paralelismo, a antítese, todos tão pessoanos).

Os cinco últimos versos são muito expressivos. O verso que introduz esta parte sobre o poeta fecha a anáfora que vinha dos três versos anteriores (com a preposição «para») e inicia a enumeração dos adjectivos caracterizadores do cansaço do poeta («grande», «profundo», «infecundo»), não sem pelo meio se inserir uma expressão interjetiva («ah com que felicidade»).

Depois, partindo do superlativo neologístico «supremíssimo» («supremo» já é um superlativo relativo de superioridade, corresponde a ‘o mais alto’), o poeta utiliza isoladamente o sufixo «íssimo», indicador do grau, amplificando-o através da repetição, que sugere a sua ligação ao substantivo «cansaço». É um processo — modernista — de desconstrução e reconstrução das palavras.

1.1. O sujeito poético caracteriza o seu cansaço como

a. indefinido e leve.b. definido e intenso.c. definido e leve.d. indefinido e intenso.

1.2. O eu lírico considera os motivos do cansaço

a. preocupantes e profundos.

b. múltiplos e intensos.

c. múltiplos mas transitórios.

d. preocupantes mas passageiros.

1.3. As anáforas usadas entre os versos 14 e 25 procuram

a. acentuar os traços distintivos entre o sujeito poético e os outros.

b. intensificar o carácter idealista do eu lírico.

c. descrever negativamente os «três tipos de idealistas».

d. apresentar os resultados do cansaço do sujeito poético.

1.4. O carácter peculiar do eu lírico é destacado nos versos 18 a 21 através

a. de antíteses, da hipérbole e de metáforas

b. de paradoxos, da hipérbole e de advérbios de modo expressivos.

c. de paradoxos, de eufemismos e de adjetivos expressivos.

d. de antíteses, da hipérbole e de adjetivos expressivos.

1.5. A utilização isolada e repetida do sufixo «íssimo», usado como adjetivo qualificativo confere ao cansaço

a. uma dimensão abstrata.

b. um valor fictício.

c. uma importância momentânea.

d. um carácter inexplicável.

1.6. O tema do poema é

a. a importância dos sonhos.

b. a apologia da vida social.

c. o tédio existencial.

d. a recusa do idealismo.

Ao sentido de modernidade que deseja transmitir, e a que recorre para sentir tudo de todas as maneiras — conferindo poeticidade a temáticas não usuais, como motores, fábricas, energia [...] —, faz o poeta corresponder um nível de expressão carregado de nomes concretos e abstratos («Inconsciente», «Matéria»), isolados ou em conjuntos («aparelhos de todas as espécies, férreos, brutos, mínimos, /Instrumentos de precisão, aparelhos de triturar, de cavar, / Engenhos, brocas, máquinas rotativas»), fonemas

substantivados («r-r-r-r-r-r-r eterno»), topónimos («Panamá, Kiel, Suez»), antropónimos («Platão», «Virgílio», «Ésquilo»), estrangeirismos («manequins», «rails»), maiúsculas desusadas («Momento», «Horizonte», «Nova Revelação», «Inconsciente», «Matéria»), adjetivação expressiva («excesso contemporâneo»), simples e múltipla («grandes ruídos modernos»; «flora estupenda, negra, artificial e insaciável»), polissíndetos («ferro e fogo e força»; «óleos e calores e carvões»),

metáforas («frutos de ferro e útil da árvore-fábrica cosmopolita»), apóstrofes («Ó rodas, ó engrenagens»), anáforas («Amo-vos [...]/Amo-vos»), personificações («?»), sinestesias («bebedeira dos metais»; «rubro ruído»), perífrases, iterações (retoma de «ó» de apóstrofes e de vários nomes), gradações («Atirem-me para dentro das fornalhas! / Metam-me debaixo dos comboios! / Espanquem-me a bordo de navios»), comparações («um orçamento é tão natural como uma árvore /

e um parlamento tão belo como uma borbo-leta»), neologismos («omnibus», «aeropla-nos»), grande variedade de formas verbais (por todo o texto), advérbios expressivos («amo-vos carnivoramente»), gerúndios expressivos («rugindo, rangendo, ciando, estrugindo, ferreando»), musicalidade e ritmo (por todo o texto), aliterações («dolo-rosa luz das grandes lâmpadas elétricas»; «rodas, engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno»), interjeições («Olá», «Ah», «Eia», «Hup-lá», «Hé-lá»), rimas internas («processos! / Pro-gressos»; «Parlamentos […] orçamentos»),

onomatopeias («Z-z-z-z-z-z-z-z-z!» [125]; «hô-ô-ô» [113]), etc...

em termos estilísticos

• verso livre e longo

• repetições («Por todos / Por todos»)

• onomatopeias («r-r-r-r-r-r-r»)

• interjeições («Ah»)

• aliterações («rugindo, rangendo»; «A dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas»)

• frases exclamativas • apóstrofes («Ó rodas»; «ó

engrenagens»)

• comparações e metáforas inesperadas («como um automóvel último-modelo»).

a. Com a utilização de sucessivas apóstrofes a "coisas grandes, banais, úteis, inúteis" (v. 49),

3. o sujeito poético procura abarcar no seu canto elogioso todas as realidades contemporâneas, independentemente do seu interesse.

b. Com o recurso ao discurso parentético (vv. 59-60),

4. o sujeito poético define um novo conceito de arte, assente na supremacia do moderno sobre o natural.

c. Com as afirmações dos versos 79 a 82,

5. o eu lírico reforça o seu desejo de ubiquidade (omnipresença).

d. Com a enumeração de aspetos negativos da sociedade moderna [w. 85-92),

1. o sujeito poético concretiza a apologia do progresso, inclusivamente na sua vertente trágica.

e. Com a anáfora do vocábulo "Momento" (vv. 97-99),

2. o eu lírico intensifica o valor do presente, enquanto tempo referencial.

Lê o ponto 1 de Escrita na p. 122 (definição de «ode» e, especialmente, «ode» à Campos), para, depois, resolveres o ponto 2 (redação de ode a uma realidade qualquer, à maneira futurista).

Há vantagens em teres o livro aberto nas páginas da «Ode triunfal» (119-122).

Ode a ________ Ou

Ode _________ {adjectivo}

TPC — Em papel que me possas entregar, escreve uma resposta limpa, não copiada da de manuais ou de colegas, à pergunta 1.1 da p. 126 («Estabelece pontos de contacto entre as estrofes de Régio e o poema «O que há em mim é sobretudo cansaço»).

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