apostila controle
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE TECNOLOGIA
FACULDADE DE ENGENHARIA DA COMPUTAÇÃO
Sistemas de Controle
Profa. Adriana Castro (adcastro@ufpa.br)
2
Capítulo 1
Introdução aos Sistemas de Controle
1.1 Introdução
Sistemas de automação e controle → são de extrema importância para o mundo atual.
Exemplos de sistemas de controle → praticamente todas as atividades humanas.
Sistemas mais notáveis → em processos industriais e de fabricação automatizados.
Ser Humano → mais sofisticado e complexo sistema de controle.
Figura 1 -
Exemplos de Sistemas de Controle:
• Na indústria aeroespacial: sistemas de piloto automático, sistema de atrelagem
automática.
Figura 2 – Sistema de atrelagem automática
3
• Elevador
Figura 3 – Elevador Automático
• Sistema de direcionamento de mísseis
Figura 4 – Míssil
• Máquina de lavar
Figura 5 – Máquina de Lavar
• Air- Bag
Figura 6 – Air Bag
4
• Robótica
Figura 7 – Robô
• Indústria Automobilística
Figura 8 – Automóvel
• Sistema Fotovoltaico rastreador
Figura 9 - Rastreador
1.2 Breve Histórico da Engenharia de Controle
As primeiras tentativas de se produzir sistemas de controle mecânicos podem ser
encontradas nas antigas civilizações do Egito e Roma. No século I d.C. Hero concebeu
uma máquina para abrir as portas dos templos.
5
Figura 10 – Sistema de controle para abertura de porta
Séculos XVII e XVIII – dispositivos de controle simples foram criados para resolver
problemas práticos.
Cornellis Drebbel - inventou um regulador para manter constante a temperatura de uma
câmara – incubadora de frangos e estufa de uso geral.
Willian Henry – inventou um regulador de temperatura que utilizava uma válvula
manipulada automaticamente para controlar o gás de combustão e, portanto, a
temperatura.
Século XVIII → Revolução Industrial
Destaque: Pêndulo de James Watt como sensor de velocidade.
Figura 11 – Pêndulo de Watt
Maxwell (1868) – publicou um artigo analisando o comportamento dinâmico dos
sistemas de controle → modelagem dos sistemas através de equações diferenciais →
análise da instabilidade (sistemas de terceira ordem) .
6
Routh e Hurwitz – análise da estabilidade sem a necessidade da solução de equações
( sistemas de quinta ordem).
Lyapunov (1897) – permitiu aos pesquisadores soviéticos grandes avanços
especialmente na teoria de sistemas não-lineares.
Minorsky ( 1922) – controle automático para pilotagem de embarcações.
Nyquist (1932) - determinação da estabilidade de sistemas de malha fechada com base
na resposta em malha aberta.
Nyquist e Bode (Final de 20 e início de 30) – métodos de resposta em frequência.
Hazen (1934) – servomecanismo (controle de posição).
Evans (1947) – método do lugar das raízes.
Controle clássico – métodos baseados principalmente na resposta em
freqüência e lugar geométrico das raízes.
Final da década de 50 – atenção focada para projetos de sistemas que fossem ótimos
em um aspecto relevante → controle moderno.
Controle Moderno:
Técnicas no domínio do tempo
Sistemas multivariáveis
R. Kalman – considerado um dos criadores do controle moderno
Disponibilidade de computadores
1960 -1980 – controle ótimo de sistemas determinísticos e estocásticos,
controle adaptativo.
A partir de 1980 – controle robusto.
• Atualmente:
Teoria de controle é bastante extensa, sendo que a relação entre vários aspectos
foi melhor estabelecida.
Técnicas no domínio da freqüência para sistemas multivariáveis já foram
desenvolvidas.
Relação entre o domínio do tempo e o domínio da freqüência já é melhor
compreendida.
7
Os termos “controle clássico” e “controle moderno” ainda são usados.
Trabalhos vêm sendo desenvolvidos utilizando técnicas de inteligência
computacional para a modelagem e controle de sistemas.
1.3 . Definições Importantes
Planta: qualquer objeto físico a ser controlado.
Ex.: Um navio, uma caldeira para aquecimento, um carro de fórmula um.
Processo: qualquer operação a ser controlada.
Ex.: Processos químicos, econômicos e biológicos.
Sistema: é uma combinação de componentes que atuam conjuntamente e realizam
certo objetivo. É algo mais geral que plantas e processos e não é limitado a algo físico.
Ex.: Sistemas físicos, econômicos, biológicos, etc.
Variável de entrada ou de referência – é a grandeza física que é aplicada à entrada de
um sistema.
Variável manipulada ou de controle – é a grandeza física que altera o estado do
sistema.
Variável controlada ou monitorada, ou saída – é a grandeza física que é medida e
controlada.
Unidade dinâmica ou de controle– é a unidade que reage a um sinal atuador (ou
variável de controle) para produzir uma dada saída.
Erro ou sinal atuador – é a diferença entre a entrada de referência e o sinal de saída
realimentado e é usado para definir o valor da variável de controle.
Realimentação – é uma intervenção da variável de saída – através do sinal de
realimentação – na prescrição da variável de controle e usualmente envolve a
comparação da saída com a entrada. O resultado da subtração origina o erro ou sinal
atuador.
Controle – é o processo de medição do valor da saída do sistema e aplicação de um
sinal atuador (erro) ao sistema para corrigir ou limitar o desvio entre o valor medido e
a entrada de referência.
Perturbação – é um sinal ou efeito físico que tende a afetar – possivelmente de forma
adversa – o valor da saída do sistema. Se uma perturbação é gerada dentro do sistema
8
ela é dita interna, enquanto que uma perturbação externa é gerada fora do sistema e
constitui um dado a mais para o sistema.
Sistema de Controle - É uma interconexão de componentes que formam a configuração
de um sistema, a qual proporciona uma resposta desejada para o sistema.
Figura 12 – Sistema de Controle
Sistema de Controle de Malha Aberta - utiliza um controlador conectado em série com
o processo a ser controlado, de modo que a entrada do processo deve ser tal que sua
saída se comportará como desejado. A característica importante é que a ação de
controle independe da saída. Observe-se que um sistema de controle deste tipo
fornecerá a saída desejada se não ocorrerem perturbações externas que alterem o valor
da saída ou alterações paramétricas internas do sistema. Se alguma destas ocorrer, a
saída muda, mas a ação de controle continua exatamente a mesma.
Figura 13 – Sistema de controle de malha aberta
Exemplo : Máquina de lavar
Sistema de Controle de Malha Fechada - É um sistema no qual a saída influencia a
variável de controle (com realimentação).
Figura 14 – Sistema de controle de malha fechada
Transdutor de Entrada
Entrada ou Referência
Junção Somadora
+ Processo ou Planta
+ +
Junção Somadora
Controlador
Perturbação 1 Perturbação 2 Saída
ou Variável
Controlada
+
Transdutor de
Entrada Entrada
ou Referência
+ + Processo ou Planta
+ + Perturbação 1 Perturbação 2
Saída ou
Variável Controlad
a
+
- Controlado
r
Transdutor de Saída
ou Sensor
Erro ou Sinal Atuante
Sistema de Controle
Entrada Saída
desejada
9
Exemplo:
Figura 15 – Sistema de controle de temperatura de chocolate
10
Capítulo 2
Modelagem e Comportamento Dinâmico de Sistemas
2.1 Modelagem e Representação de Sistemas
Uma grande parte dos sistemas dinâmicos, independentemente de serem de natureza
elétrica, mecânica, térmica ou hidráulica, pode ter seu comportamento descrito por
equações diferenciais ou de diferenças. A resposta do sistema a uma dada entrada é obtida
a partir da solução dessas equações. Estas equações são obtidas a partir das leis físicas que
governam um particular sistema, como as leis de Newton para um sistema mecânico, e as
leis de Kirchhoff para um sistema elétrico.
A descrição matemática das características de um sistema é denominada de modelo
matemático. A obtenção do modelo é o primeiro e mais importante passo na análise de um
sistema, pois é somente quando o modelo representa adequadamente o sistema físico que
os resultados são confiáveis.
Durante a modelagem do sistema é necessário estabelecer um compromisso entre a
simplicidade do modelo e a precisão dos resultados da análise. Ao optarmos por um
modelo simples, necessariamente algumas propriedades presentes no sistema devem ser
ignoradas. Fazendo isso, podemos comprometer a boa concordância entre os resultados da
análise de um modelo matemático e os resultados do estudo experimental do sistema físico,
por exemplo.
Particularmente, se é desejado um modelo matemático linear, então certas não linearidades
presentes no sistema físico devem ser ignoradas. Um estudo cuidadoso dos sistemas físicos
revela que mesmo os chamados sistemas lineares, são lineares de fato apenas em faixas
limitadas de operação. Na prática, quase todos os sistemas eletromecânicos hidráulicos,
pneumáticos, etc, envolvem relações não lineares entre suas variáveis.
Exemplos de Não-Linearidades Mais Comuns:
• Não-linearidade por saturação: a saída do componente pode saturar para sinais de
amplitude elevada na entrada.
u1
-u1
Saída
Entrada
11
Para –u1 < u < u1 ⇒ SISTEMA LINEAR
• Não-linearidade por zona morta: o sistema não responde a sinais e pequena amplitude.
Para u > | u1 | ⇒ SISTEMA LINEAR
Os procedimentos para determinar as soluções de problemas envolvendo sistemas não-
lineares são, em geral, extremamente complicados, devido às dificuldades inerentes à
modelagem destes sistemas. Normalmente é necessário encontrar sistemas lineares
“equivalentes” a estes sistemas, ou seja, o sistema não-linear é aproximado por um sistema
linear. Estes sistemas lineares aproximados somente são válidos dentro de uma faixa
limitada de operação.
Basicamente, na teoria clássica de controle, as relações entrada-saída de um sistema linear
invariante no tempo podem ser representadas através de :
• Funções de Transferência
• Diagrama de Blocos
• Diagrama de Fluxo de Sinal.
2.1.1 Representação através de Função de Transferência:
São comumente utilizadas em engenharia de sistemas de controle para caracterizar relações de
entrada e saída de componentes ou de sistemas, que podem ser descritos por equações
diferenciais lineares e invariantes no tempo.
A Função de Transferência é definida como a relação entre a Transformada de Laplace da
saída do sistema pela Transformada de Laplace da entrada do sistema, admitindo-se todas as
condições iniciais nulas.
Filosofia básica da teoria de controle → desenvolvimento de técnicas de análise e
projeto que evitem soluções exatas de equações diferenciais.
Considerando a equação diferencial que descreve a dinâmica entre a entrada e saída de um
determinado sistema:
)...... 1
)1(
1
)(
01
)1(
1
)(
0 mn( xbxbybxbyayayaya mm
mm
nn
nn
≥++++=++++⋅
−
−⋅
−
− (1)
u1
-u1
Saída
Entrada
12
Sendo:
x – entrada
y – saída
Temos que:
Função de Transferência (FT) - nulas iniciais condições[entrada] L
[saída] LsG =)( (2)
Aplicando a Transformada de Laplace em ambos os lados da equação temos então a função de
transferência para o sistema:
nn
nnmm
mm
asasasa
bsbsbsb
sX
sYsG
++++
++++==
−
−−
−
1
)1(
1
)(
0
1
)1(
1
)(
0
...
...
)(
)()( (3)
Observações importantes:
1. A FT é inerente ao sistema, não depende nem da entrada e nem da saída do sistema.
2. Sistemas diferentes podem ter funções de transferência iguais.
3. A FT não fornece informação sobre a estrutura física do sistema.
4. Com a FT do sistema, podemos estudar a dinâmica da resposta para vários tipos de
entrada.
5. Se a FT não for conhecida (obtida a partir de equações diferenciais) ela pode ser obtida
experimentalmente a partir dos valores de entrada e saída do sistema.
Para obtermos a FT de um sistema devemos :
1. Escrever a equação diferencial do sistema
2. Aplicar a Transformada de Laplace supondo condições iniciais nulas.
3. Obter a relação entre a saída e a entrada do sistema.
Exercício : Circuito RLC
Para o circuito da Figura 1 encontrar a função de transferência )(
)(
sV
sVc
13
Figura1 – Circuito RLC
2.1.2 Representação através Diagrama de Blocos:
O método do diagrama de blocos para representação de um sistema procura combinar a
descrição puramente matemática do sistema através de equações, com a visualização
proporcionada por um diagrama.
Um bloco pode representar um único componente ou um grupo de componentes, mas cada
bloco é completamente caracterizado por uma função de transferência.
Um Diagrama de Blocos consiste de blocos operacionais interligados que mostram a direção
de fluxo e as operações sobre as variáveis do sistema de tal modo que se estabelece uma
relação entre entrada e saída quando se percorre um caminho sobre o diagrama.
O diagrama de blocos oferece informações relativas ao comportamento dinâmico do sistema,
mas não inclui informações sobre a construção física do mesmo.
Pode acontecer de sistemas diferentes apresentarem diagrama de blocos iguais.
O diagrama de blocos pode ser utilizado simplesmente para representar a composição e
interconexão de um sistema, ou ele poder ser usado juntamente com as funções de
transferência para representar as relações causa e efeito através do sistema. (Figura 2 e 3)
14
Figura 2 – Sistema de controle de posição de uma antena
Figura 3 – Esquema do sistema e diagrama de blocos funcional do sistema.
Potenciômetro Amplificadores
Potenciômetro
Potenciômetro
Potenciômetro
Motor Resistência da armadura
Armadura
Campo constante
Engrenagem
Engrenagem
Engrenagem Inércia
Amortecimento viscoso
Amplificador diferencial
e de potência
K
Transdutor de entrada
Sensor (transdutor de saída)
Entrada angular
Tensão proporcional
à entrada
Junção de adição
Erro ou
Sinal atuante
Controlador
Planta ou
Processo
Tensão proporcional
à saída
Amplific. de sinal
e de potência
Motor, carga
e engre-nagens
15
Exemplo 1:
Resistência: A equação é R
sVsI
)()( = . Dependendo da entrada escolhida têm-se os diagramas
de blocos mostrados na Figura 4.
Figura 4 – Diagramas de blocos.
Exemplo 2:
Indutância: Para a indutância a equação é )()( ssLIsV = . Os diagramas de bloco correspondentes são dados na Figura 5.
Figura 5 – Diagramas de blocos
Elementos básicos de um diagrama de blocos Blocos funcionais – são associados à operação de multiplicação entre a entrada do bloco e a função de transferência correspondente ao bloco, produzindo a saída. Somadores ou pontos de soma -Os somadores produzem como saída a soma algébrica dos sinais de entrada, como ilustra a Figura 6.
Figura 6 – Somador
Pontos de Ramificação - Nos pontos de ramificação, o mesmo sinal se ramifica é levado a pontos diferentes do diagrama, como mostrado na Figura 7
Figura 7 – Ponto de ramificação
16
Outros componentes Embora estes componentes básicos sejam suficientes para descrever sistemas lineares, os diagramas de blocos também podem ser usados para descrever sistemas não-lineares. Neste caso blocos podem ser associados a não-linearidades e multiplicadores também podem estar presentes. Diagrama de blocos de um sistema de malha fechada Considere o diagrama de blocos da figura 8
Figura 8 – Diagrama de blocos de um sistema de malha fechada
Terminologia utilizada:
u(t), U(s) - entrada de referência
y(t), Y(s) – sinal de saída ( variable controlada)
b(t), B(s) – sinal de realimentação
e(t), E(s) – sinal de erro
Da figura temos que :
)()()()()()(
)()()(
sYsHsUsBsUsE
sEsGsY
−=−==
Eliminando E(s) temos:
)()()]()(1)[(
)()()()()()(
))()()()(()(
sUsGsHsGsY
sUsGsYsHsGsY
sYsHsUsGsY
=+=+
−=
E finalmente obtemos a função de transferência de malha fechada do sistema considerando
realimentação positiva ou negativa:
)()(1
)(
)(
)(
sHsG
sG
sU
sY
±= (4)
Onde a saída do sistema pode ser obtida de:
)()()(1
)()( sU
sHsG
sGsY
+= (5)
Podemos observar que a saída do sistema depende tanto da FT de malha fechada quanto da
natureza do sinal de entrada.
17
Função de transferência de malha aberta:
)()()(
)(sHsG
sE
sB = (6)
Função de Transferência de ramo direto:
)()(
)(sG
sE
sY = (7)
Quando H(s) = 1 → FT de malha aberta igual a FT de ramo direto
Procedimento para construção do diagrama de blocos:
1. Escrever as equações que descrevem o comportamento dinâmico de cada componente
do sistema.
2. Obter a Transformada de Laplace das equações, admitindo-se nulas as condições
iniciais.
3. Representar, individualmente, em forma de bloco a Transformada de Laplace de cada
equação.
4. Por fim agrupar os elementos em um diagrama de blocos completo.
Exemplo:
Montar um diagrama de blocos representativo do circuito da Figura 9
Figura 9 – Circuito RC
Exercício :
Montar um diagrama de blocos representativo do circuito da Figura 10
Figura 10 – Circuito elétrico
18
Álgebra de Diagramas de Blocos
A transformação de diagramas de blocos permite a simplificação de diagramas complexos,
podendo se obter um diagrama que relaciona diretamente a variável de entrada e a de saída.
Existem algumas regras que permitem a realização desta transformação, e que são
apresentadas a seguir.
a) Combinação de blocos em série ou cascata
Quando blocos estão em cascata, pode-se obter um bloco equivalente simplesmente
multiplicando-se as funções de transferência dos blocos. A Figura 11 mostra o caso de dois
blocos em cascata,mas
o mesmo se aplica a um número qualquer de blocos.
Figura 11- Blocos em cascata
b) Movimentação de um ponto de soma para trás de um bloco
No exemplo apresentado na figura 12, observa-se à esquerda, que o sinal U2(s) é multiplicado
pela função de transferência G(s). Para que nada seja alterado, aquele sinal deve ser
multiplicado por G(s) após o deslocamento do ponto de soma. Deve-se então acrescentar um
bloco G(s) na entrada U2(s).
Figura 12 – Movimentação para trás do bloco
c) Movimentação de um ponto de soma para frente de um bloco
Neste caso o sinal U2(s), não multiplica G(s). Após a mudança do ponto de soma ele ainda
não deve multiplicar aquela função. Deve-se então adicionar um bloco1/G(s), na entrada
U2(s), para não alterar o valor de Y (s).
Figura 13 – Movimentação para frente do bloco
19
d) Movimentação de um ponto de ramificação para trás de um bloco
A simples mudança do ponto de soma alteraria o valor da variável na ramificação. Para
manter o valor U(s) deve-se então adicionar um bloco com valor 1/G(s), para manter o valor
de saída U(s).
Figura 14 – Movimentação de um ponto de ramificação
e) Passagem de um ponto de ramificação para frente de um bloco
A variável na ramificação, no lado esquerdo da figura abaixo, é Y (s) = G(s)U(s). Para manter
este valor, após a mudança do ponto de ramificação, deve-se adicionar um bloco G(s).
Figura 15 – Passagem de um ponto de ramificação
2.1.3 Diagrama de fluxo de sinal (método alternativo criado por S. J.
Mason)
OBS: não é superior ao diagrama de blocos – fornecem as mesmas informações
O diagrama de fluxo de sinal é uma ferramenta visual para representar a relação causal entre
componentes do sistema. O diagrama de fluxo de sinal, além do uso para obtenção de uma
função de transferência equivalente de um sistema, pode ser usado para explicar vários
conceitos de controle moderno.A Figura 16 ilustra um diagrama de fluxo de sinal.
20
Figura 16 – Diagrama de fluxo de sinal
Elementos e definições
A seguir são apresentadas algumas definições relacionadas ao diagrama de fluxo de sinal.
Nós -Sinais internos como a entrada comum para vários blocos ou a saída de um somador, são
chamados nós. Nós são usados para representar variáveis. No exemplo da Figura 16 têm-se os
nós 1; 2; 3; 4; 5 e 6.
Ramo - Segmento direcionado unindo 2 nós.
Tramitância - Ganho do ramo
Caminho - É a seqüência de nós conectada, a rota passando de uma variável a outra, na
direção do fluxo, sem incluir nenhuma variável mais de uma vez. Na Figura 16 os caminhos
123 e 2345 são exemplos de caminhos.
Caminho direto - Caminho da entrada para a saída, sem incluir nenhum nó mais de uma vez.
No exemplo da Figura 16 têm-se dois caminhos diretos; 1256 e 123456.
Malha - Caminho que se origina e termina no mesmo nó. Na Figura 16 tem-se duas malhas;
232 e 454.
Ganho do caminho - Produto dos ganhos dos ramos que formam um caminho. Por exemplo,
na Figura 16, o ganho do caminho direto 1256 é g1 g7 g8.
Ganho de malha - É o ganho do caminho associado com uma malha. Na Figura 16 o ganho
da malha 232 é g2 g5.
Nó de entrada (fonte) - É um nó que possui somente ramos que se afastam dele. No exemplo
da Figura 16 o nó 1 é o nó fonte.
Nó de saída (sorvedouro) - É um nó que possui apenas ramos que se dirigem a ele. Na
Figura 16 o nó 6 é o nó de saída.
Nó misto - Possuem ramos que chegam e saem.
Caminhos que não se tocam - Caminhos não se tocam se não existem nós comuns entre eles.
No exemplo da Figura 16 as malhas 232 e 454 não se tocam. Já os caminhos diretos 1256 e
123456 se tocam com as duas malhas.
Álgebra de diagramas de fluxo de sinal
21
Algumas regras simples permitem eliminar nós e simplificar um diagrama de fluxo de sinal.
Estas regras são similares às regras de álgebra de blocos.
1. O valor da variável representada por um nó é igual a soma de todos os sinais que entram no
nó.
2. O valor da variável representada por um nó é transmitido por todos os ramos que deixam o
nó.
3. Ramos paralelos na mesma direção conectando dois nós podem ser substituídos por um
único ramo com ganho igual a soma dos ganhos dos ramos em paralelo.
Construção do diagrama de fluxo de sinal
O diagrama de fluxo de sinal pode ser construído facilmente a partir do diagrama de blocos do
sistema. Consideram-se as variáveis de entrada e de saída como sendo nós fonte e sorvedouro,
respectivamente. Além disso, as variáveis de saída dos somadores, variáveis de entrada de
blocos e variáveis de entrada comum a vários blocos também são tomados como nós. Ao se
construir o diagrama de fluxo de sinal a partir do diagrama de blocos deve-se observar que o
nó não deve ser confundido com um somador. O nó representa uma variável cujo valor é a
soma dos sinais que incidem neste nó. É importante notar que o diagrama de fluxo de sinal
não é único. Pode-se escolher um número diferente de nós e ainda se representar o mesmo
sistema.
Exemplo 1: Considere o sistema representado pelo diagrama de blocos da Figura 17. Vamos
construir o diagrama de fluxo de sinal partir deste diagrama.
Figura 17 – Diagrama de Blocos
O primeiro passo é identificar as variáveis que serão representadas por nós no diagrama de
fluxo. As variáveis R(s) e Y (s) corresponderão aos nós de entrada e saída, respectivamente.
Escolhemos ainda as variáveis E(s), M(s), N(s) e O(s) para serem representadas por nós no
diagrama de fluxo. Estes nós podem então ser desenhados, conforme a Figura 18.
22
Figura 18 – Representação dos nós
A seguir identificam-se os ramos que incidem nestes nós. O valor de cada nó corresponde a
soma dos valores dos sinais incidentes. Para facilitar a explicação, iremos nos referir a cada
nó correspondente a uma variável pelo nome da própria variável. Começamos pela variável
R(s).
Esta variável é a entrada e portanto nenhum ramo terminará no nó R(s). A variável E(s) é a
soma de R(s) e do negativo de N(s). Portanto haverá um ramo incidente vindo do nó R(s),
com ganho unitário, e um ramo vindo de N(s) com ganho -1. Isto é mostrado na Figura 19.
A variável M(s) tem um valor que corresponde ao valor de E(s) multiplicado por G1. Portanto
existe um ramo incidente em M(s) vindo de E(s) com ganho G1, como mostrado na Figura 20.
Figura 19 – Adição de ramos incidentes no nó E(s)
Figura 20 – Adição de ramos incidentes no nó M(s)
A variável N(s) é o valor de M(s) multiplicado por G2 e portanto existe um ramo incidente em
N(s) vindo de M(s) com ganho G2. O valor de Y (s) é o valor de N(s) e portanto existe um
ramo incidente em Y (s) com ganho 1. O diagrama até este ponto é mostrado na Figura 21
.
Figura 21-Adição dos ramos incidentes no nós M(s) e Y(s)
23
Finalmente a variável O(s) corresponde ao valor de N(s) multiplicado por G3. Portanto um
ramo parte de N(s) e termina em O(s) com ganho G3. Com isto o diagrama de fluxo de sinal
está completo, como mostrado na Figura 22.
Figura 22 – Diagrama completo de fluxo de sinal
Regra de Mason
A função de transferência de um sistema pode ser determinada a partir do diagrama de fluxo
de sinal através da regra de Mason. Esta regra é útil em casos onde é muito difícil determinar
a função de transferência equivalente de um diagrama de blocos usando a álgebra de blocos.
A regra de Mason é dada por:
onde:
Gi → Ganho do i-ésimo caminho direto
∆ = 1 -∑( todos os ganhos das malhas individuais)
+∑ (produto dois a dois dos ganhos das malhas que não se tocam)
-∑ (produto três a três dos ganhos das malhas que não se tocam)
+∑ (produto quatro a quatro dos ganhos das malhas que não se tocam)
-∑ (produto cinco a cinco dos ganhos das malhas que não se tocam)....
∆ i → Valor de ∆ para a parte do diagrama que não toca o i-ésimo caminho direto.
Exemplo:
Considere o diagrama de blocos da figura abaixo:
24
Figura 23 – Diagrama de blocos
a) Encontrar o diagrama de fluxo de sinal
b) Encontrar a função de transferência do sistema utilizando a regra de Mason.
2.2 Comportamento Dinâmico de Sistemas Lineares
A determinação do modelo matemático de um sistema é o primeiro passo para a análise e
projeto de sistemas de controle. Com o modelo matemático obtido podemos então verificar e
analisar o comportamento dinâmico (resposta transitória e de estado estacionário) das diversas
variáveis envolvidas no processo.
Sinais de testes típicos podem ser aplicados na entrada do sistema para que a análise da
resposta do sistema para um determinado projeto de controlador possa ser analisada. Sinais de
teste típicos podem ser vistos na tabela 1.
25
Tabela 1 – Sinais de teste típicos
2.2.1 Pólos e Zeros de uma Função de Transferência
O conceito de pólos e zeros é fundamental para análise e projeto de sistemas de controle pois
simplifica o cálculo da resposta de um sistema.
Os pólos de uma função de transferência são os valores da variável s, da transformada de
Laplace, que fazem com que a função de transferência se torne infinita → raízes do
denominador da função de transferência
Impulso Degrau Rampa
Parábola Senóide
Entrada Função Descrição Gráfico
26
Os zeros de uma função de transferência são os valores da variável s, da transformada de
Laplace, que fazem com que a função de transferência se torne igual a zero → raízes do
numerador da função de transferência.
Exemplo:
Os pólos determinam a natureza da resposta no domínio do tempo:
Pólos da função de entrada – determinam a forma da resposta forçada (estado estacionário)
Pólos da Função de transferência - determinam a forma da resposta natural (resposta
transitória)
Pólos e zeros da função de entrada ou da função de transferência – contribuem para as
amplitudes da partes componentes da resposta total.
Exemplo: Cálculo da resposta usando pólos.
Considere o sistema abaixo:
27
Por inspeção temos:
542)( 4321
++
++
++=
s
K
s
K
s
K
s
KsC
Aplicando a transformada inversa temos então a resposta temporal:
ttt eKeKeKKtc 54
43
221)( −−− +++=
2.2.2 Sistemas de Primeira Ordem
Um sistema de primeira ordem pode ser descrito pela função de transferência mostrada na
figura 24.
Figura 24 – Sistema de Primeira Ordem
Aplicando uma entrada degrau unitário ao sistema, a resposta C(s) será:
)()(
ass
asC
+= (8)
Aplicando a transforma inversa temos a resposta do sistema no domínio do tempo que pode
ser vista na figura 25:
t aetc −−= 1)( (9)
28
Figura 25 – Resposta ao degrau de um sistema de primeira ordem
Chamando de τ a constante de tempo do sistema temos então que :
a
1=τ (10)
Podemos definir a constante de tempo como o tempo necessário para que a resposta do
sistema ao degrau unitário alcance 63% do seu valor final.
Podemos ver que a constante de tempo do sistema é o inverso do pólo da função de
transferência. Logo quanto mais afastado o pólo estiver do eixo imaginário mais rápida será a
resposta transitória do sistema.
Tempo de subida (Tr): tempo necessário para que a forma de onda vá de 0.1 a 0.9 do seu
valor final.
Encontrando a diferença para os valores de t para os quais 9.0)( =tc e 1.0)( =tc obtemos:
aaaTr
2.211.031.2 =−= (11)
Tempo de assentamento ou de acomodação (Ts): tempo necessário para que a resposta
alcance uma faixa de valores de 2% do valor final e aí permaneça.
Fazendo 98.0)( =tc na equação (9) e resolvendo em função de t temos:
aTs
4= (12)
29
2.2.3 Sistemas de Segunda Ordem
Considerando sistemas de segunda ordem, dois casos serão analisados:
• Sistemas com dois pólos reais
• Sistemas com dois pólos complexos conjugados
Caso de pólos reais:
Neste caso a função de transferência é dada por:
)1)(1(
1)(
21 ττ sssC
++= (13)
Com 01 >τ e 02 >τ
A resposta do sistema ao degrau é dada por:
2121)( ττ
tt
ecectc−−
+= (14)
Os pólos determinam a forma da resposta do sistema. Se um dos pólos for dominante, ou seja,
se um dos pólos estiver bem mais próximo do eixo imaginário que o outro, a resposta do
sistema de segunda ordem será bem semelhante a uma resposta do tipo primeira ordem.
Caso de pólos complexos: Consideremos a função de transferência padrão de um sistema de segunda ordem:
22
2
2)(
nn
n
wsws
wsC
++=
ζ (15)
Sendo que os pólos são dados por pjwp ±= σ , com nwζσ −= e 21 ζ−= np ww .
A resposta no domínio do tempo é dada por:
)cos()( φσ += twe Mtc pt (16)
Portanto a resposta de um sistema de segunda ordem com pólos complexos apresenta uma
componente senoidal com uma envoltória dada por teσ . A freqüência da senóide é wp .
30
Verifica-se então uma associação entre a posição dos pólos no plano complexo e a forma da
resposta. Os pólos podem ser expressos como 21 ζζ −±− nn ww , onde ζ é o coeficiente de
amortecimento do sistema e wn a freqüência natural de amortecimento. A freqüência wp é a
freqüência natural de oscilação e corresponde a parte imaginária do pólo. O coeficiente de
amortecimento é uma indicação do decaimento da resposta no tempo. A freqüência natural é a
freqüência que o sistema oscila quando o coeficiente de amortecimento é igual a zero.
O comportamento dinâmico dos sistemas de segunda ordem é descrito em termos dos
parâmetros: coeficiente de amortecimento e frequência natural. A tabela abaixo apresenta a
classificação dos sistemas de segunda-ordem baseada no coeficiente de amortecimento do
sistema.
Note que para o caso em que o coeficiente de amortecimento é igual ou maior que 1, nós
temos o primeiro caso analisado de sistemas de segunda ordem com dois pólos reais.
Tabela II – Classificação dos sistemas de segunda-ordem
31
Especificações da Resposta Transitória
1. Tempo de atraso (Td): tempo necessário para resposta alcançar metade de seu valor
final pela primeira vez.
2. Tempo de subida (Tr) : tempo necessário para resposta passar de 10% a 90%, ou de
5% a 95% ou de 0% a 100% do valor final. d
r wT
βπ −= com β definido na figura 26.
3. Tempo de pico (Tp): tempo para que a resposta atinja o primeiro pico de sobressinal.
dp w
Tπ=
4. Máximo sobre-sinal (Mp): é o valor máximo do pico da curva de resposta medido a
partir da unidade. Se o valor final diferir da unidade, então é comum utilizar a
porcentagem de sobre-sinal definida por: %100)(
)()((%) ×
∞∞−
=c
cTcM p
p
5. Tempo de acomodação (Ts): tempo necessário ara que a curva alcance valores em uma
faixa (usualmente 2% ou 5%) em torno do valor final e aí permanecendo
indefinidamente. n
s wT
ζ4= ( critério de 2%) e
ns w
Tζ
3= (critério de 5%)
Figura 27- Especificações no domínio do tempo
32
Figura 28 – MP(%) em relação ao amortecimento
Efeito de pólos e zeros adicionais
Sob certas condições, sistemas com mais de dois pólos e com zeros podem ser aproximados
como sistemas de segunda ordem que possuem apenas dois pólos dominantes. Uma vez
justificada esta aproximação poderemos então utilizar as especificações no domínio do tempo
para estes sistemas de ordem elevada.
Efeito de um pólo adicional
A resposta no domínio do tempo para um sistema de segunda-ordem com um pólo adicional
em - rα é dada por:
tdd
tw rn DetCsenwtwBetAutc αζ −− +++= )cos()()( (17)
As partes componentes de c(t) para três casos de rα são mostradas na figura 29.
Podemos observar que para o caso II e III nós poderemos aproximar o sistema para um
sistema de segunda-ordem com pólos dominantes. Para o caso I, em que nwζ não é muito
maior que rα , a resposta transitória para o pólo real não se tornará insignificante no instante
do primeiro sobre-sinal. Neste caso não poderemos aproximar tal sistema para um sistema de
segunda-ordem e desta forma utilizar as especificações no domínio do tempo.
33
A pergunta que se faz é a seguinte: quão longe dos pólos dominantes deverá estar o terceiro
pólo para que possamos aproximar o sistema de um sistema de segunda-ordem?
Uma regra prática que vem sendo utilizada (condição necessária mais não suficiente) é a regra
das “cinco vezes”, no qual diz que para que possamos aproximar um sistema para um sistema
de segunda-ordem com certa segurança durante o projeto temos que ter o pólo real adicional à
esquerda dos pólos dominantes cinco vezes mais distante.
Figura 29 – respostas dos componentes de um sistema com três pólos
Exemplo:
Considere o sistema de segunda ordem com a seguinte função de transferência:
542.244
542.24)(
21 ++=
sssC
A figura 30 apresenta as respostas ao degrau para tal sistema e mais:
C2(s) – acrescentando um pólo em -10
C3(s) – acrescentando um pólo em -3
34
Podemos verificar que o caso do pólo em -10 é o que apresenta a resposta mais aproximada
do sistema de segunda-ordem.
Figura 30 – Resposta para os três sistemas
Efeito de um zero adicional
Os zeros de uma resposta afetam o resíduo, , ou amplitude, de uma componente da resposta,
mas não afetam natureza da resposta. Vamos considerar para análise do efeito de um zero
adicional a um sistema de segunda ordem o seguinte exemplo:
Considerando um sistema de segunda-ordem com pólos em )828.21( j±− . Adicionemos
consecutivamente zeros em -3, -5 e -10. As respostas para estes sistemas estão plotadas na
figura 31.
Figura 31 – Efeito de adicionar um zero a um sistema com dois pólos
Podemos observar que à medida que o zero se afasta dos pólos dominantes, a resposta tende à
do sistema com dois pólos.
35
Capítulo 3
Princípios Básicos de Controle por Realimentação
3.1 Sistemas de Controle de Malha Fechada e Malha Aberta
Sistema de Controle - é uma interconexão de componentes que formam a configuração de um
sistema, de modo a proporcionar uma resposta ou desempenho desejado para o mesmo.
Podemos dividir os sistemas de controle em duas categorias:
A Eventos Discretos: Controla-se uma seqüência de eventos dentro de uma linha de
produção. Ex. Movimentar ou parar uma esteira transportadora.
A Eventos Contínuos: Controla-se variáveis específicas de um evento. Ex. Velocidade
de uma esteira transportadora.
A base para a análise de um sistema de controle a Eventos Contínuos fundamenta-se na teoria
dos sistemas lineares, a qual supõe uma relação de causa e efeito para os componentes do
sistema.
Seja a planta ou processo a ser controlado representado pela figura 1.A relação causa – efeito
do processo é representada pela relação entrada – saída. A planta (ou processo) pode ser
controlada (o) de duas maneiras: em um sistema de controle de malha aberta ou em um
sistema de controle de malha fechada.
Figura 1 – Sistema de Controle
3.1.1 Sistema de Controle de Malha Aberta
Um sistema de controle de malha aberta consiste de um subsistema chamado transdutor que
converte a forma da entrada na que é usada pelo controlador. O controlador está conectado em
série com o processo a ser controlado, de modo que a entrada do processo deve ser tal que sua
saída se comportará como desejado. A entrada é as vezes chamada de referência, ao passo que
a saída de variável controlada. A característica importante é que a ação de controle independe
da saída. Observe-se que um sistema de controle deste tipo fornecerá a saída desejada se não
ocorrerem perturbações externas que alterem o valor da saída ou alterações paramétricas
internas do sistema. Se alguma destas ocorrer, a saída muda, mas a ação de controle continua
Sistema de Controle
Entrada Saída
desejada
36
exatamente a mesma. Portanto, os sistemas de malha aberta não corrigem os efeitos de
perturbações e são comandados unicamente com base na entrada.
Figura 2 – Sistema de controle de malha aberta
Definições importantes:
Robustez: um sistema de controle é dito robusto se, sua resposta apresenta o
comportamento desejado (projetado), mesmo quando o sistema está sujeito a distúrbios
(internos ou externos), ou seja, o sistema robusto é aquele que opera satisfatoriamente sempre,
ainda que haja erros de modelagem do sistema, variações paramétricas ou perturbações
externas.
Sensibilidade: é a capacidade que o sistema tem de reagir à presença de um distúrbio
(interno ou externo).
Obs.: como podemos notar robustez e sensibilidade são conceitos praticamente opostos.
Importante: no projeto de sistemas de controle sempre é requerido que o sistema seja estável e
robusto.
Análise da estabilidade e da robustez de um sistema de malha aberta:
Seja o sistema com saída desejada YD(s), saída real Y(s) e controlado em malha aberta, onde
G(s) é a planta e C(s) é o compensador, conforme mostra a figura abaixo.
C(s) G(s)yd(t)
YD(s) U(s)
y(t)
Y(s)
u(t)
Figura 3 - Sistema de malha aberta
A função de transferência do sistema é:
T(s) = G(s)C(s) (1)
Ou seja,
Y(s) = [G(s)C(s)]YD(s) (2)
Para que a saída real seja igual a saída desejada, o compensador deve ser projetado para ter a
seguinte forma:
Transdutor de Entrada
Entrada ou Referência
Junção Somadora
+ Processo ou Planta
+ +
Junção Somadora
Controlador
Perturbação 1 Perturbação 2 Saída
ou Variável
Controlada
+
37
C(s) = )(
1
sG (3)
Assim,
Y(s) =
)(
1)(
sGsG YD(s) = YD(s) (4)
Análise da estabilidade:
Se a planta G(s) possui zero(s) instável (eis), é indesejável que C(s) seja da forma vista na
equação 3, pois isto implicará em um compensador instável. Isto é uma limitação fortíssima
de estabilidade para o controle em malha aberta.
Análise da robustez:
Considere que a planta tem um erro de modelagem ou sofreu uma variação paramétrica tal
que o novo processo é G(s) + ∆G(s). Assim, a resposta real do sistema será:
Y(s) = ( )
∆+
)(
1)()(
sGsGsG YD(s) =
∆+
)(
)(1
sG
sGYD(s) (5)
ou
Y(s) = YD(s) + ∆Y(s) (6)
onde,
∆Y(s) = )(
)(
sG
sG∆YD(s) (7)
Isto significa, por exemplo, que se a planta possui um erro de modelagem ou sofreu uma
variação paramétrica de 10% do seu valor nominal, a saída real também diferirá de 10% da
saída desejada em regime permanente. Logo o controle em malha aberta é pouco robusto (ou
muito sensível) a distúrbios internos.
Considere agora que o sistema de malha aberta sofreu uma perturbação externa ω, conforme
mostra a figura abaixo:
Figura 4 – Sistema de malha aberta com perturbação externa
A saída real desse sistema é (para C(s) = 1/G(s)):
38
Y(s) = [G(s)G-1(s)](YD(s) + Ω(s)) = YD(s) + Ω(s) = YD(s) + ∆Yω(s) (8)
onde, ∆Yω(s) = Ω(s). Isto significa que a saída real será a saída desejada mais a perturbação
externa. Logo, o controle em manha aberta é pouco robusto (muito sensível) a distúrbios
externos.
3.1.2 Sistema de Controle de Malha Fechada
As desvantagens dos sistemas de malha aberta, especificamente a sensibilidade a
perturbações e a incapacidade de corrigir os efeitos destas perturbações, podem ser superadas
nos sistemas de controle de malha fechada (Figura 5). Basicamente, um sistema de malha
fechada é um sistema no qual a saída influencia a variável de controle (com realimentação).
O Transdutor de entrada converte a forma de entrada na forma usada pelo controlador. Um
transdutor de saída (sensor) mede a resposta de saída e a converte na forma usada pelo
controlador.
A primeira junção de adição adiciona algebricamente o sinal de entrada ao sinal de saída que
chega pelo canal de retroação. O sinal de saída é subtraído do sinal de entrada resultando no
sinal de erro atuante.
O sistema de malha fechada compensa perturbações medindo a resposta de saída , retornando
esta medição pelo canal de retroação e comparando com a resposta desejada. Se existir
diferença entre as respostas (erro), o sistema age sobre a planta, por meio do sinal de erro
atuante, para fazer a correção (controlador). Se não existir erro, o sistema não age sobre o
processo, uma vez que a saída está com o valor desejado.
Os sistemas de malha fechada apresentam a vantagem de serem sistemas mais precisos que os
sistemas de malha aberta. Eles são sistemas menos sensíveis a ruídos, a perturbações e as
mudanças das condições ambientais.
Figura 5 – Sistema de controle de malha fechada
Transdutor de
Entrada Entrada
ou Referência
+ + Processo ou Planta
+ + Perturbação 1 Perturbação 2
Saída ou
Variável Controlad
a
+
- Controlado
r
Transdutor de Saída
ou Sensor
Erro ou Sinal Atuante
39
Análise da estabilidade e da robustez de um sistema de malha fechada:
Seja o sistema com saída desejada YD(s) e controlado em malha fechada, onde G(s) é a planta,
C(s) é o compensador, e ambos estão na malha direta, conforme mostra a figura abaixo:
Figura 6 – Sistema de controle de malha fechada
A função de transferência desse sistema pode ser obtida facilmente:
E(s) = YD(s) – Y(s) (9)
Y(s) = [G(s)C(s)]E(s) (10)
Y(s) = [G(s)C(s)](YD(s) – Y(s)) (11)
T(s) = )(
)(
sY
sY
D
= )()(1
)()(
sCsG
sCsG
+ (12)
Ou seja,
Y(s) =
+ )()(1
)()(
sCsG
sCsGYD(s) (13)
Se G(s)C(s) >> 1 para todas as freqüências complexas de interesse, então pela Equação 13,
obtemos:
Y(s) ≅ YD(s) (14)
Que é o resultado desejado. Ou seja, a saída real será igual a saída desejada.
Análise da Estabilidade: Como observamos nas equações 12 ou 13 o comportamento
dinâmico do sistema em malha fechada é determinado por 1 + G(s)C(s). Logo, os pólos de
T(s) poderão ser feitos completamente diferentes aos de G(s). Isto faz com que o sistema em
malha fechada seja facilmente estabilizável.
Análise da Robustez: Considere agora que a planta possui um distúrbio interno tal que o
novo processo é G(s) + ∆G(s). Assim, a resposta real do sistema será:
40
Y(s) = ( )
( ) )()()(1
)()()(
sCsGsG
sCsGsG
∆++∆+
YD(s) (15)
Para expressar Y(s) em termos de ∆G(s) para que a expressão (14) possa ser expandida em
uma série, primeiro devemos arrumar o denominador para que ele tenha a forma 1 + x, onde
x é pequeno:
Y(s) = ( )[ ] ( )[ ]
( )[ ])()(1/)()(1
)()(1/)()()()(1/)()(
sCsGsCsG
sGsCsCsGsCsGsCsG
+∆++∆++
YD(s)
(16)
Agora,
x+1
1 ≅ 1 – x + x2 – x3 + x4 ...|x| < 1 (17)
Onde x = ∆G(s)C(s)/(1 + G(s)C(s)), então
Y(s) ≅
+∆
−
+∆
++ )()(1
)()(1
)()(1
)()(
)()(1
)()(
sCsG
sCsG
sCsG
sCsG
sCsG
sCsG YD(s) (18)
Ignorando a 2a potência de ∆G(s) e definindo
Y’(s) = )()(1
)()(
sCsG
sCsG
+YD(s) (19)
Que é a saída sem distúrbios, temos:
Y(s) ≅ Y’(s) - Y’(s) )()(1
1
sCsG+)()( sCsG∆ (20)
Ou
Y(s) ≅ Y’(s) - ∆Y(s) (21)
Onde
∆Y(s) =
∆
+)(
)()(1
)(sG
sCsG
sCY’(s) (22)
Assim, vemos que uma variação de 10% em G(s) causará uma variação de apenas
[1/(1+G(s)C(s))].10% de Y’(s) em DY(s) e isto, se G(s)C(s) >> 1 para as freqüências
complexas de interesse, é muito pequeno e ainda teremos Y’(s) ≅ YD(s). Portanto, se G(s)C(s)
>> 1, Y(s) ≅ YD(s) e o sistema é altamente robusto a distúrbios internos.
A sensibilidade a distúrbios internos se define como:
41
S = )(/)(
)(/)(
sGsG
sTsT
∆∆
(23)
No limite, para variações incrementais, a equação (23) será:
S = GG
TT
/
/
∂∂
(24)
Para um sistema de malha fechada:
T(s) = )()(1
)()(
sCsG
sCsG
+ (25)
a sensibilidade é:
S = T
G
G
T
∂∂
= ( )
( )GC
GCG
GC
C ++
1
1 2 =
GC+1
1 (26)
Considere agora que o sistema está sujeito a perturbações externas v e w, conforme mostra a
figura abaixo:
Figura 7 – Sistema de malha fechada com perturbação interna e externa
A saída deste sistema é:
Y(s) = Y1(s) + Yw(s) + Yv(s) (27)
ou
)(1
)(1
)(1
)( sVCG
CGsW
CG
GsY
CG
CGsY D +
−+
++
= (28)
Se |CG| >> 1, temos
CG
CG
+1 ≅ 1 (29)
e
Y1(s) ≅ YD(s) (30)
A saída à perturbação W é:
42
YW(s) = CG
G
+1W(s) (31)
Se fizermos |C| muito grande, a resposta YW a W poderá ser reduzida.
A saída à perturbação V é:
YV(s) = CG
CG
+1V(s) (32)
Ou seja, sofre a mesma influência que YD(s). Assim, não é possível atenuar o efeito do ruído
V(s) sem prejudicar a habilidade em comandar o sistema. Portanto, é importante usar sensores
com baixa aceitabilidade a ruídos nas faixas de freqüência a serem controladas, ou seja, nas
freqüências onde y acompanha yd.
3.2 Erros de Estado Estacionário
Os erros em um sistema de controle podem ser atribuídos a muitos fatores, tais como:
• Alterações na entrada de referência
• Imperfeições nos componentes do sistema, como atrito estático, folga e deriva dos
amplificadores, desgastes ou deterioração.
Entretanto, nesta secção não vamos estudar os erros referentes às imperfeições nos
componentes, mas sim um tipo de erro causado pela incapacidade de um sistema em seguir
determinado tipo de sinal de entrada.
Considerando a figura 8, podemos verificar que para o caso da entrada degrau, a saída 1
apresenta erro de estado estacionário nulo, enquanto a saída 2 apresenta um erro finito. No
caso da entrada rampa, a saída 1 apresenta um erro nulo, a saída 2 apresenta um erro finito e
a saída 3 um erro infinito.
O erro estacionário que um sistema apresenta em relação a determinada entrada depende do
tipo de função de transferência de malha aberta deste sistema.
Basicamente, os sistemas de controle podem ser classificados de acordo com a sua habilidade
para seguir entradas em degrau, entradas em rampa, entradas parabólicas, etc.
Considere o sistema da figura 9 onde a função de transferência de malha direta C(s)G(s) é
dada por:
C(s)G(s) = ( )( ) ( )( )( ) ( )1...11
1...11
21 ++++++
ssss
sssK
pn
mba
ττττττ
(33)
43
Figura 8 – Erro de estado estacionário – (a) entrada degrau (b) entrada rampa
Figura 9 – Sistema de Controle
Para esta configuração e(t) = r(t) – y(t). Para sistemas com realimentação unitária a
classificação é baseada no número de integrações indicadas pela função de transferência de
malha aberta. Um sistema é chamado do tipo 0, tipo 1, tipo 2, ..., se n = 0, n = 1, n = 2, ...,
respectivamente.
Na prática, raramente se tem um sistema do tipo 3 ou maior porque geralmente é difícil
projetar sistemas estáveis com mais do que duas integrações no ramo direto.
Erros estacionários ou erro de regime permanente para sistemas de malha fechada com
realimentação unitária:
Seja o sistema da figura 9, a função de transferência de malha fechada deste sistema é dada
por:
C(s) G(s) R(s) E(s) Y(s) +
-
44
)()(1
)()(
)(
)(
sGsC
sGsC
sR
sY
+= (34)
A função de transferência entre o erro e a entrada é:
)()(1
1
)(
)(
sGsCsR
sE
+= (35)
Assim,
)()()(1
1)( sR
sGsCsE
+= (36)
Aplicando o teorema do valor final, determinamos o erro estacionário:
ess = )(lim tet ∞→
= )()(1
)(lim
0 sGsC
ssRs +→
= )(lim0
ssEs→
(37)
O limite na equação acima tende a zero, um valor finito, ou infinito.
Coeficiente de erro de posição estático Kp:
O erro atuante estacionário do sistema para uma entrada degrau unitário é:
ess = ssGsC
ss
1
)()(1lim
0 +→=
)0()0(1
1
GC+ (38)
O coeficiente de erro de posição estático Kp é definido por:
Kp = )0()0()()(lim0
GCsGsCs
=→
(39)
Assim,
ess = pK+1
1 (40)
Onde
Kp = Ksss
ssKn
ba
s=
++++
→ )...1)(1(
)...1)(1(lim
210 ττ
ττ (n = 0)
Kp = ∞=++++
→ )...1)(1(
)...1)(1(lim
210 sss
ssKn
ba
s ττττ
(n ≥ 1) (41)
Portanto
ess = pK+1
1 para sistemas do tipo 0
ess = 0 para sistemas do tipo 1 ou maior
45
Coeficiente de erro de velocidade estático Kv:
O erro atuante estacionário do sistema com uma entrada rampa unitária é dado por:
ess = 20
1
)()(1lim
ssGsC
ss +→
=)()(
1lim
0 sGssCs→ (42)
O coeficiente Kv é definido por:
Kv = )()(lim0
sGssCs→
(43)
ess = vK
1 (44)
Para um sistema do tipo 0:
Kv = 0)...1)(1(
)...1)(1(lim
210
=++
++→ ss
sssK ba
s ττττ
(45)
Para um sistema do tipo 1:
Kv = Ksss
sssK ba
s=
++++
→ )...1)(1(
)...1)(1(lim
210 ττ
ττ (46)
Para um sistema do tipo 2:
Kv = ∞=++++
→ )...1)(1(
)...1)(1(lim
210 sss
sssKn
ba
s ττττ
(n ≥ 2) (47)
Portanto,
ess = ∞=vK
1 para sistemas do tipo 0
ess = vK
1 para sistemas do tipo 1
ess = 01 =
vK para sistemas do tipo 2 ou maior
Coeficiente de erro de aceleração estático Ka:
O erro atuante do sistema com uma entrada parábola unitária que é definida por:
r(t) = 2
2T para T ≥ 0 e r(t) = 0 para T < 0 (48)
é dado por
46
ess = )()(lim
11
)()(1lim
2
0
30 sGsCsssGsC
s
ss
→→
=+
(49)
O coeficiente de erro estático Ka é definido por :
Ka = )()(lim 2
0sGsCs
s→ (50)
Assim,
ess = aK
1 (51)
Sistema tipo 0: Ka = 0
Sistema tipo 1: Ka = 0
Sistema tipo 2: Ka = K
Sistema tipo 3: Ka = ∞ (n ≥ 3)
Portanto,
ess = ∞ para sistemas do tipo 0 ou tipo 1
ess = aK
1 para sistemas do tipo 2
ess = 0 para sistemas do tipo 3
Tabela 1 – Erro estacionário
Os coeficientes de erro Kp, Kv e Ka descrevem a habilidade de um sistema reduzir ou eliminar
erros estacionários para entradas polinomiais.
O coeficiente de erro pode ser definido de maneira geral como:
KK = )()(lim0
sGsCsK
s→ (52)
47
Erros de estado estacionário devido a perturbações
A grande vantagem de se utilizar retroação é que, independentemente de quais sejam as
perturbações, podemos projetar o sistema para seguir o sinal de entrada, com erro pequeno ou
nulo. Considere o sistema de controle com retroação com uma perturbação D(s).
Figura 10 – Sistema de controle com perturbação
A saída do sistema é dada por:
)()()()()()( 221 sGsDsGsGsEsC += (53)
Mas,
)()()( sEsRsC −= (54)
Substituindo (54) em (53)
)()()(1
)()(
)()(1
1)(
21
2
21
sDsGsG
sGsR
sGsGsE
+−
+= (55)
Onde podemos assimilar que a expressão )()(1
1
21 sGsG+ a uma função de transferência
relacionando E(s) a R(s) e -)()(1
1
21 sGsG+ a uma função de transferência relacionando E(s) a
D(s).
Para determinar o valor de estado estacionário do erro, aplicamos o teorema do valor final a
(55) e obtemos :
)()()()()(1
)()(
)()(1)()(
21
2
02100∞−∞=
+−
+==∞
→→→DR
sss
eesDsGsG
ssGlimsR
sGsG
slimssElime (56)
Para que o erro devido à perturbação seja reduzido devemos elaborar algumas considerações
sobre D(s), sobre o controlador e sobre o processo a ser controlado.
A componente do erro estacionário devido à perturbação em degrau é obtida por:
48
)()(
111
)()(1
)()(
1020
21
2
0 sGlimsGlimssGsG
ssGlime
ss
sD
→→
→ +−=
+−=∞ (57)
Esta equação mostra que o erro estacionário produzido por uma perturbação em degrau pode
ser reduzido aumentando–se o ganho estático de G1(s) ou decrescendo o ganho estático de
G2(s).
Erros estacionários ou erro de regime permanente para sistemas de malha fechada com
realimentação não-unitária:
A Figura 11 apresenta como transformar um sistema com realimentação não-unitária em um
sistema com realimentação unitária.
Figura 11 – Transformação de um sistema com realimentação não unitária em um sistema
com realimentação unitária.
Podemos então classificar sistema com realimentação unitária equivalente de acordo com o
que já vimos anteriormente sobre erro estacionário.
49
3.3 Estabilidade de Sistemas Dinâmicos
Além da resposta transitória e da resposta em estado estacionário (erro estacionário), outro
importante requisito que integra o projeto de sistemas de controle é a estabilidade do sistema.
Podemos dizer que a estabilidade é o requisito mais importante.
Para fins de análise e projeto, podemos classificar estabilidade em estabilidade absoluta e
estabilidade relativa. A estabilidade absoluta se refere ao fato de um sistema ser estável ou
instável; é uma condição do tipo sim ou não. Uma vez constatado que o sistema é estável, é
interessante determinar quão estável ele é, e este grau de estabilidade é uma medida de
estabilidade relativa. Certos parâmetros como sobre-sinal e taxa de amortecimento, relativos à
resposta transitória, indicam frequentemente a estabilidade dos sistemas lineares invariantes
no tempo.
Definição de estabilidade:
• Um sistema linear e invariante no tempo é estável se toda entrada limitada gerar uma
saída limitada.
Chamamos este enunciado de definição de estabilidade entrada-limitada saída-limitada, ou
estabilidade BIBO ( Bounded-Input Bounded-output).
Lembrando da teoria de análise de sistemas lineares:
• O sistema é estável se todos os pólos do sistema estiverem localizado no semi-plano
esquerdo do plano S;
• O sistema é instável se pelo menos um pólo estiver no semi-plano direito do plano S
e/ou pólos de multiplicidade maior que um sobre o eixo imaginário.
• Se os pólos estiverem no semi-plano esquerdo e um pólo de multiplicidade 1 no eixo
imaginário, temos então um sistema marginalmente estável.
Fisicamente, um sistema instável pode causar danos ao sistema, as instalações adjacentes, ou
à vida humana. Em muitas ocasiões os sistemas são projetados com limites de parada para
evitar uma perda de controle.
A Figura 12 apresenta exemplos de um sistema estável e um sistema instável.
50
Figura 12 – Estabilidade de sistemas
Para os sistemas que apresentam equações características de 1ª ou de 2ª ordem, a estabilidade
pode ser determinada diretamente por inspeção. Um polinômio de 1ª ou de 2ª ordem
apresentará todas as suas raízes no semi-plano esquerdo do plano-s (sistema estável), se e
somente se todos os coeficientes do polinômio apresentarem o mesmo sinal algébrico.
Entretanto para polinômios de ordem superior a 2, estas informações não são conclusivas.
Nestes casos deve-se aplicar algum procedimento matemático que auxilie na determinação do
número de raízes que o polinômio apresenta no semi-plano direito do plano-s (raízes
instáveis).
O critério de estabilidade de Routh-Hurwitz, permite investigar a estabilidade absoluta dos
sistemas, através dos coeficientes das equações características. A utilização deste método
evita a necessidade de fatoração da equação característica para obtenção dos pólos (raízes) e a
51
verificação se existe algum destes no semi-plano direto do plano complexo, ou sobre o eixo
imaginário. Caso exista, o sistema é instável.
O procedimento utilizado nesta técnica é:
1) Escrever a equação característica de “S” na seguinte forma:
0... 11
10 =++++ −−
nnnn asasasa
2) Se um dos coeficientes é zero ou negativo na presença de pelo menos um coeficiente
positivo, então há pelo menos uma raiz com parte real positiva e portanto o sistema NÃO É
ESTÁVEL.
3) Se todos os coeficientes são positivos, arranje os coeficientes da equação característica em
linhas e colunas da seguinte forma:
O critério de estabilidade de Routh-Hurwitz diz que o número de raízes da equação
característica com parte real positiva, é igual ao número de mudanças de sinal nos coeficientes
da primeira coluna da tabela (a0, a1, b1, c1, d1, e1, f1).
Se todos estes coeficientes são positivos, então todos os pólos da equação característica
apresentam parte real negativa e portanto o sistema é estável.
Observações:
• Se um termo da primeira coluna (b1, c1, d1, etc.) é nulo, e os restantes não são, então
zero deve ser substituído por um número positivo muito pequeno “ ε” , e então o resto
da tabela é calculado.
• Caso os termos de uma linha sejam todos nulos, devemos substituir estes valores,
pelos coeficientes da derivada do polinômio anterior (linha anterior) em relação a “S”.
Este polinômio é chamado de polinômio auxiliar.
52
3.4 Estruturas Básicas de Controladores – Controladores Industriais
Quando o sistema em malha fechada não atende os requisitos de projeto em termos de
desempenho em regime e transitório desejados, deve-se modificar a função de transferência
através do uso de um controlador ou compensador. Este controlador deve ter as propriedades
adequadas para modificar as características do sistema, para que os requisitos de projeto
sejam atingidos. Embora diversas estruturas de controle possam ser usadas, os controladores
são geralmente escolhidos dentre alguns tipos básicos de estrutura, o que facilita a análise do
seu comportamento e o projeto dos seus parâmetros. Não se justifica, na maior parte das
aplicações, a escolha de estruturas diferentes das padronizadas. Em geral, quanto mais
complexa a estrutura de um controlador, com maior número de parâmetros, maior é a
liberdade em atender diversos requisitos de projeto, mas mais complexo é o ajuste dos
parâmetros.
Os controladores que serão apresentados nesta secção serão usados nos capítulos seguintes, os
quais abordam a questão do projeto, ou seja, da determinação dos parâmetros dos
controladores visando algum desempenho especificado do sistema em malha fechada. O
projeto de sistemas de controle visa obter um desempenho do sistema tal que:
• O sistema seja estável,
• A resposta transitória do sistema seja aceitável,
• O erro em regime permanente atenda determinadas especificações.
3.4.1 – Controladores Industriais
a) Controladores do tipo Relé
• Ação de controle de duas posições ou liga – desliga (on – off):
Figura 13 – Sistema de controle com controlador do tipo relé
Em um controle de duas posições, o sinal u(t) permanece em um valor máximo ou em um
valor mínimo, dependendo do sinal de erro e(t) ser maior ou menor que um certo valor E1.
<>
=1
1
Ee(t) ,M
E e(t) ,Mtu
2
1)( (58)
Obs.: Usualmente M2 é zero ou – M1.
Planta
r(t) e(t) y(t) +
-
u(t) M 1
M 2
53
Exemplo: Sistema de controle de nível
Figura 14 – Sistema de controle de nível
b) Controlador Proporcional
A primeira e mais básica ação de controle é o controle proporcional. O controlador aplica uma
força corretiva que é proporcional ao erro (Figura 15):
)()( sEKsU p= (59)
pKsC =)( (60)
Figura 15 – Sistema de controle com controlador proporcional
Considere uma planta arbitrária de 2a ordem:
1
1)(
2 ++=
sssG (61)
A função de transferência de malha fechada da figura 15 considerando G(s) de (61) é então:
p
p
Kss
K
sR
sY
+++=
1)(
)(2
(62)
Em relação ao erro de regime permanente, matematicamente temos que:
pK
e+
=∞ 1
1 (63)
De (63) podemos observar que o aumento do ganho proporcional pode reduzir o erro de
regime permanente. Deve-se tomar cuidado em relação aos sistemas de ordem maior que 2
pois o aumento de Kp pode levar o sistema à instabilidade.
Kp Planta R(s) E(s) Y(s) +
-
U(s)
54
De (61) e (62) podemos verificar que a introdução do controlador proporcional altera o valor
do coeficiente de amortecimento e da frequência natural do sistema, modificando desta forma
o tempo de resposta do sistema e o sobre-sinal do mesmo.
A figura 16 apresenta a resposta do sistema para diversos valores de Kp, onde podemos
comprovar graficamente que a medida que aumentamos o valor do ganho proporcional temos
que:
• o erro de regime permanente é reduzido ( mas não eliminado)
• a estabilidade do sistema é reduzida (menor coeficiente de amortecimento)
• o tempo de resposta do sistema é mais rápido
Figura 16 – Resposta do sistema para diversos valores de Kp
c) Controlador Integral
Em um controlador com ação de controle integral, o valor da saída do controlador u(t) é
variado em uma taxa proporcional ao sinal erro atuante e(t). Isto é:
∫=t
tI
pdtte
T
Ktu
0
)()( (64)
O controle integral gera uma força corretiva que é proporcional à soma de todos os erros
passados multiplicada pelo tempo.
Aplicando Laplace temos:
)()()( sEs
KsE
sT
KsU i
i
p == (65)
onde
Ti → tempo integral
55
iT
1 → taxa de restabelecimento
Ki → constante integral
A introdução de um controlador integral em um sistema de controle reduz o erro de regime a
zero (sistema tipo 1 – entrada degrau unitário), mas isto pode acarretar redução da
estabilidade.
d) Controlador Proporcional Integral
Ação de controle proporcional integral:
∫+=t
i
pp dtte
T
KteKtu
0
)()()( (66)
)()()(1
1)( sEs
KsEKsE
sTKsU i
pi
p +=
+= (67)
O controlador PI equivale a dar um ganho i
p
T
K na malha direta, adicionar um zero em
iTs
1−= e um pólo em 0=s à função de transferência de malha aberta (aumenta a ordem e o
tipo do sistema).
Considere o sistema da figura 17 com o controlador PI e a planta com função G(s) dada em
(61).
A função de transferência de malha fechada resultante é:
ip
ip
KsKss
KsK
sR
sY
++++
+=
)1()(
)(23
(68)
Figura 17 – Sistema de controle com controlador PI
A figura 18 apresenta a resposta do sistema para diversos valores de Ki, mantendo Kp
constante igual a 2.
PI Planta R(s) E(s) Y(s) +
-
U(s)
56
Figura 18 – Respostas para diversos valores de Ki e Kp constante
Podemos verificar que a introdução do controlador integral ao sistema apenas com
controlador proporcional melhora a resposta em regime permanente (erro nulo) mas a
estabilidade do sistema é reduzida. Entretanto, a utilização do controlador proporcional em
conjunto com o integral permite maior grau de liberdade para ajuste dos parâmetros de acordo
com as especificações da resposta transitória desejada.
e) Controlador (proporcional) Derivativo
Ação de controle derivativa:
)()(
)( teKdt
tdeTKtu pdp += (69)
)()()()()( sEKsKsEKsTKsU pdpdp +=+= (70)
No controle derivativo a correção depende da taxa de variação do erro. Um controlador
derivativo exibe uma resposta antecipatória. O controlador avalia a inclinação instantânea do
erro e(t), prevê o grande sobre-sinal que está por vir e faz um esforço de correção apropriado
antes que o sobre-sinal realmente ocorra. Este comportamento indica que o controlador
derivativo é adequado para melhorar o comportamento transitório do sistema (é usado
tipicamente para aumentar o amortecimento e geralmente para melhorar a estabilidade de um
sistema).
O controle PD é equivalente à adição de um zero simples emdT
s1−= e de um ganho de
dpTK na malha direta.
57
Considere o sistema da figura 19 com o controlador PD e a planta com função G(s) dada em
(61). A função de transferência de malha fechada resultante é:
)1()1()(
)(2
pd
pd
Ksks
KsK
sR
sY
++++
+= (71)
Figura 19 – Sistema com controlador PD
A resposta do sistema para diversos valores de Kd e Kp constante igual a 2 é dada na figura 20.
Figura 20 – Resposta do sistema para diversos valores de Kd e Kp constante
Podemos verificar graficamente que a introdução do controlador derivativo ao controle
proporcional pode melhorar a resposta transitória do sistema sem afetar a resposta em regime
permanente. A resposta mais adequada, de acordo com as especificações desejadas pode ser
obtida realizando-se um ajuste dos parâmetros Kd e Kp.
e) Controle Proporcional mais Integral mais Derivativo (PID):
Ação de controle PID:
dt
tdeTKdtte
T
KteKtu dp
t
i
pp
)()()()(
0
++= ∫ (72)
PD Planta R(s) E(s) Y(s) +
-
U(s)
58
)(1
1)( sEsTT
KsU di
p
++= (73)
A figura 21 apresenta exemplos de respostas de um sistema com controlador PID para
diversos valores dos parâmetros.
Figura 21 – Respostas para controlador PID
3.4.2 Projetos de Controladores PID
• Baseado no conhecimento das ações P, I e D.
Tentativa e erro;
Sintonia manual;
Simulação.
• Método heurístico de Ziegler-Nichols (década de 1940):
Métodos geralmente utilizados quando a função de transferência da planta do sistema
é desconhecida.
Baseado em um processo em malha aberta (primeiro método);
Baseado no ganho crítico (malha fechada – segundo método).
Métodos de Sintonização Heurística de Controladores PID
1) Primeiro Método de Ziegler- Nichols - Método de Sintonização pela Curva de Reação
No primeiro método obtemos experimentalmente a resposta da planta a uma entrada degrau
unitário. Ziegler e Nichols observaram que a resposta ao degrau da maioria dos sistemas de
controle de processos tem a forma geral de um “s” como mostrado na figura 22.
59
Figura 22 – Curva de resposta de um sistema de controle
A curva da figura 22 é chamada de curva de reação do processo e pode ser gerada
experimentalmente ou a partir de uma simulação dinâmica da planta. Esta curva é
caracterizada por um atraso L e uma constante de tempo τ.
A forma da curva é característica de sistemas de ordem elevada, e a relação entrada – saída
pode ser aproximada por:
1)(
)(
+=
−
s
Ke
sU
sY Ls
τ (74)
Os parâmetros do controlador PID sugerido por Ziegler – Nichols para o método da curva de
reação são mostrados na tabela abaixo:
Tipo do controlador Ganho ótimo
P
LK p
τ=
PI
LK p
τ9,0= , 3.0
LTi =
PID
LK p
τ2.1= , LTi 2= e LTd 5.0=
2) Segundo Método de Ziegler- Nichols - Método do Ganho Crítico
Neste método, os parâmetros do PID são levantados em testes com o sistema em malha
fechada (figura 23)
Figura 23 – Sistema de malha fechada com controlador proporcional
K Planta R(s) E(s) Y(s) +
-
U(s)
60
Procedimento:
O ganho de um controlador proporcional é variado até serem observadas oscilações contínuas
na resposta do sistema, isto é, até o sistema se tornar marginalmente estável. O ganho crítico
correspondente Kc e o período de oscilação Pc da curva oscilatória obtidos durante o teste são
utilizados para o ajuste dos parâmetros do controlador PID de acordo com a tabela abaixo.
Procedimento:
O ganho de um controlador proporcional é variado até serem observadas oscilações contínuas
na resposta do sistema, isto é, até o sistema se tornar marginalmente estável. O ganho crítico
correspondente Kc e o período de oscilação Pc da curva oscilatória obtidos durante o teste são
utilizados para o ajuste dos parâmetros do controlador PID de acordo com a tabela abaixo.
Tipo do controlador Ganho ótimo
P cp KK 5.0=
PI cicp PTKK 833.0,45.0 ==
PID cdcicp PTPTKK 125.0,5.0,6.0 ===
61
Capítulo 4
Método do Lugar Geométrico das Raízes
4.1 Introdução
• Lugar Geométrico das Raízes (LGR) - apresentação gráfica dos pólos de malha
fechada em função da variação de um parâmetro do sistema.
• Poderoso método de análise e projeto visando à estabilidade e à resposta transitória.
• Sua força real reside na capacidade de fornecer soluções para sistemas de ordem maior
que dois.
4.2 Definindo o Lugar das Raízes Exemplo 1:
62
4.3 Propriedades do Lugar das Raízes
Função de transferência de malha fechada:
)()(1
)()(
sHsKG
sKGsT
+= (1)
63
Existe um pólo, s, quando o polinômio característico no denominador se anula, ou seja,
,...3,2,1,0180)12(11)()( ±±±=+∠=−= k ksHsKG o (2) Alternativamente, um valor de s é um pólo de malha fechada se:
1)()( =sHsKG (3)
e
,...3,2,1,0180)12()()( ±±±=+=∠ k ksHsKG o (4)
O critério de ângulo deve ser necessariamente satisfeito, sendo a condição de módulo
utilizada para o cálculo do ganho K, ou seja,
)()(
1
sHsGK = (5)
Obs: Verificar exemplo1 Exemplo 2 : Visualizando graficamente o significado de (4)
Considere os pontos js 32+−= e js 2/22+−= . Vamos verificar se estes pontos fazem
parte do LGR do sistema abaixo.
64
4.4 Esboçando o Lugar das Raízes
Regras para o esboço do LGR:
1. Número de ramos: cada pólo a malha fechada se desloca quando o ganho é variado. Se
definirmos ramo como sendo o caminho que o pólo percorre, existirá um ramo para cada
pólo a malha fechada, logo: O número de ramos do LGR é igual ao número de pólos a
malha fechada do sistema.
2. Simetria: O LGR é simétrico em relação ao eixo real
3. Segmentos sobre o eixo real: No eixo real, para K > 0 , o LGR existe à esquerda de um
número ímpar de pólos e/ou zeros finitos a malha aberta sobre o eixo real.
4. Pontos de entrada e de saída: O LGR se inicia nos pólos finitos e infinitos de G(s) H(s) e
termina nos zeros finitos e infinitos de G(s) H(s).
Considere que,
)(
)()(
sD
sNsG
G
G= e )(
)()(
sD
sNsH
H
H=
Então,
)()()()(
)()()(
sNsKNsDsD
sDsKNsT
HGHG
HG
+= (6)
À medida que K está tende a zero (ganho pequeno),
65
∈+≈
)()(
)()()(
sDsD
sDsKNsT
HG
HG (7)
Desta forma podemos verificar que os pólos de malha fechada do sistema para ganhos
pequenos tendem aos pólos combinados de G(s) e H(s). Conclui-se então que o LGR se inicia
nos pólos de G(s) H(s), a função de transferência de malha aberta.
Para ganhos altos, onde K está tendendo para o infinito,
)()(
)()()(
sNsKN
sDsKNsT
HG
HG
+∈≈ (8)
Desta forma podemos verificar que os pólos de malha fechada do sistema para ganhos
elevados tendem aos zeros combinados de G(s) e H(s). Conclui-se então que o LGR termina
nos zeros de G(s) H(s), a função de transferência de malha aberta.
Exemplo 3:
5. Comportamento no infinito: O LGR tende a retas assintóticas quando o lugar tende ao
infinito. Além disso, a equação das assíntotas é dada pelo ponto de interseção sobre o
eixo real, aσ , e o ângulo, aθ da seguinte forma:
finitos zeros # - finitos pólos#
finitos zeros- finitos pólosa∑ ∑=σ (9)
finitos zeros # - finitos pólos#
ka
πθ )12( += (10)
Onde ,...3,2,1,0 ±±±=k e o ângulo é dado em radianos, no sentido trigonométrico, a partir do
eixo real positivo.
66
Exemplo 4:
Esboçar o LGR para o sistema da abaixo
Cálculo das assíntotas:
34
143421 −=−−−−−=
-
)()(aσ
Os ângulos das retas que se cruzam em -4/3 são:
03
)12( ==+= k para 3
ka
ππθ
2k para
k para
==
==
35
1
ππ
Se o valor k continuar a aumentar, os ângulos começarão a se repetir. O número de retas
obtidas é igual à diferença entre o número de pólos finitos e o número de zeros finitos.
67
4.5 Refinando o Esboço do LGR
1. Pontos de partida e de chegada sobre o eixo real:
chegada de ponto
partida de ponto
−−
2
1
σσ
Temos que:
)()(1
sHsGK −=
Nos pontos do LGR ao longo do eixo real onde ocorrem pontos de entrada e de saída, σ=s .
Portanto,
)()(
1
σσ HGK −= (12)
Esta equação representa uma curva de K versus σ . Portanto se derivarmos (12) com relação
a σ podemos encontrar os pontos máximos e mínimos e portanto os pontos de partida e
chegada.
Exemplo 5: Usando os pólos e zeros de malha aberta, representamos o sistema a malha
aberta, cujo LGR é mostrado na figura acima, como se segue:
)23(
)158()2)((1()5)((3(
)()( 2
2
+++−=
++−−=
ss
ssK
ss
ssKsHsKG
Para os pontos sobre o eixo real do LGR:
1)23(
)158(2
2
−=+++−
σσσσK
Resolvendo para K temos:
)158(
)23(2
2
+−++−=
σσσσ
K
68
Derivando K em relação à σ e igualando a zero resulta:
0)158(
)612611(22
2
=+−
−−=σσ
σσσd
dK
Resolvendo para σ , encontramos 82.345.1 =−= σσ e , os quais são os pontos de saída e
de entrada procurados.
Cálculo do ponto de chegada e partida pelo método de transição:
Os pontos de partida e entrada satisfazem a relação:
∑∑ +=
+
n
i
m
i pz 11
11
σσ (13)
Resolvendo (13 ) para σ encontramos os pontos de entrada e saída desejados
Exemplo 6 : Repetir o exemplo 5 sem o uso de derivação
Usando (13) temos,
21
11
51
31
++
+=
−+
− σσσσ
Simplificando:
0612611 2 =−− σσ
Resolvendo temos 82.345.1 =−= σσ e , que está de acordo com o exemplo 5.
1. Pontos de interseção com o eixo ωj :
Utiliza-se o Critério de Routh-Hurwitz como se segue: forçando uma linha de zeros na tabela
de Routh se obterá o ganho; retornando à linha para a equação de polinômio par e
determinando as raízes resulta a freqüência do ponto de interseção como eixo imaginário.
Exemplo 7:
Para o sistema do exemplo 4, obter a freqüência e o ganho K, para o qual o LGR cruza o eixo
imaginário.
KsKssS
sKsT
3)8(147
)3()(
234 ++++++=
Da tabela de Routh temos que:
9.65K o sendKK ==+−− 0720652
Formando o polinômio par usando a linha s2 com K = 9.65, obtém-se:
07.20235.8021)90( 22 =+=+− sKsK
69
E s é encontrado igual a 59.1j± . Desta forma o LGR cruza o eixo imaginário em 59.1j±
com K=9.65.
2. Ângulos de partida e de Chegada
Da figura (a)
o180)12(654321 +=+−−++− kθθθθθθ ou
o180)12(654321 +−+−−+= kθθθθθθ (ângulo de partida do pólo complexo)
Da figura (b)
o180)12(654321 +=+−−++− kθθθθθθ ou
o180)12(654312 ++−++−= kθθθθθθ (ângulo de chegada ao zero complexo)
70
Resumo das Regras básicas para esboçar o LGR:
1. Número de ramos: O número de ramos do LGR é igual ao número de pólos a malha
fechada do sistema.
2. Simetria : O LGR é simétrico em relação ao eixo real
3. Segmentos sobre o eixo real: No eixo real, para K > 0 , o LGR existe à esquerda de
um número ímpar de pólos e/ou zeros finitos a malha aberta sobre o eixo real.
4. Pontos de inicio e término: o LGR se inicia nos pólos finitos e infinitos de G(s) H(s)
e termina nos zeros finitos e infinitos de G(s) H(s).
5. Comportamento no infinito: o LGR tende a retas assintóticas quando o lugar tende
ao infinito. Além disso, a equação das assíntotas é dada pelo ponto de interseção
sobre o eixo real, aσ , e o ângulo, aθ da seguinte forma:
finitos zeros # - finitos pólos#
finitos zeros- finitos pólosa∑ ∑=σ
finitos zeros # - finitos pólos#
ka
πθ )12( +=
Onde ,...3,2,1,0 ±±±=k e o ângulo é dado em radianos, no sentido trigonométrico, a partir
do eixo real positivo.
Refinando o Esboço do LGR:
6. Pontos de saída e de chegada sobre o eixo real:
)()(1
sHsGK −=
Nos pontos do LGR1 ao longo do eixo real onde ocorrem pontos de entrada e de saída,
σ=s . Portanto,
)()(1
σσ HGK −=
Esta equação representa uma curva de K versus σ . Portanto se derivarmos com relação a σ
podemos encontrar os pontos máximos e mínimos e portanto os pontos de partida e chegada.
• Cálculo do ponto de chegada e partida pelo método de transição:
Os pontos de partida e entrada satisfazem a relação:
71
∑∑ +=
+
n
i
m
i pz 11
11σσ
Resolvendo para σ encontramos os pontos de entrada e saída desejados
7. Pontos de interseção com o eixo ωj : forçando uma linha de zeros na tabela de Routh
se obterá o ganho; retornando à linha para a equação de polinômio par e
determinando as raízes resulta a freqüência do ponto de interseção como eixo
imaginário.
8. Ângulos de partida e de Chegada
4.6 Projeto por Intermédio do LGR
Problema:
Solução: Compensar o sistema, ou seja, aumentar o número de pólos e zeros de tal forma que
o sistema compensado possua um LGR que passe pela localização desejada. Os pólos e zeros
de compensação podem ser gerados por meio de circuitos passivos ou ativos.
4.6.1 Projeto de Compensadores
4.6.1.1 Melhorando o erro de estado estacionário:
O erro de estado estacionário pode ser melhorado pela introdução de uma integração
no percurso direto.
Configurações: compensadores em cascata e em retroação.
72
Compensadores ideais: utilizam integração pura para melhorar o erro de estado
estacionário. Podem ser implementados com estruturas ativas (circuitos elétricos:
amplificadores ativos e fontes de alimentação adicionais).
Compensadores com estruturas passivas: podem ser implementados através de
elementos passivos (resistores e capacitores). São mais baratos e não necessitam de
fontes de alimentação adicionais para o funcionamento. A desvantagem é que o erro
de estado estacionário não é forçado a zero.
Melhorando o erro de estado estacionário utilizando compensação em cascata
Objetivo: Melhorar o estado estacionário sem afetar de forma apreciável a resposta
transitória.
a) Compensação Integral Ideal (PI)
• Utiliza um integrador puro para posicionar um pólo de malha aberta na origem
e desta forma aumentar o tipo de sistema e consequentemente reduzir o erro de
estado estacionário a zero.
• Compensador implementado com estruturas ativas, como amplificadores.
73
Solução: acrescentar um zero próximo à origem
Então, o compensador integral ideal (PI) é aquele que possui um pólo na origem e um zero
próximo ao pólo.
Exemplo: Dado o sistema da figura (a), operando com amortecimento de 0.174, mostrar que a
adição do compensador integral ideal mostrado na figura (b) reduz o erro a zero para uma
entrada degrau sem afetar de forma apreciável a resposta transitória.
74
Solução:
Sistema não compensado:
Erro de estado estacionário: 108.023.81
1
1
1)( =
+=
+=∞
pKe
Sistema Compensado:
Adicionamos um compensador integral ideal com um zero em -0.1 como visto na figura (b) e
obtemos o seguinte LGR do sistema compensado.
75
Resposta do sistema compensado e do sistema não compensado:
b) Compensação por atraso de fase
• Utilizamos estruturas passivas.
• O pólo e zero são colocados para a esquerda, nas proximidades da origem.
76
• LGR
Considerando o sistema não compensado do diagrama de blocos da figura (a), o erro de
estado estacionário é dado por:
...
...)(lim,
1
1)(
21
21
0 pp
zKzsGK
Ke
sp
p
==+
=∞→
(1)
Para o sistema compensado temos:
)21
21
0 ...)((
)...)(()(lim,
11
)(c
c
spc
pc ppp
zzKzsGK
Ke ==
+=∞
→ (2)
Através do LGR do sistema compensado e do não compensado podemos verificar que a
resposta transitória do sistema original não é alterada consideravelmente com a inclusão do
compensador com atraso de fase.
Vemos também que o valor do ganho K também não se altera apreciavelmente.
Logo de (1) e (2), igualando os valores de K, podemos tirar que:
77
c
cppc p
zKK =
Objetivo: Para que o erro de estado estacionário do sistema compensado diminua temos que:
ppc KK >
Logo, como zc e pc devem estar próximos um do outro para que a resposta transitória não se
altere apreciavelmente, então para que a relação entre zc e pc seja grande, o par de pólo e zero
deve ser colocado bem próximo a origem. (Ex: Se o pólo estiver em -0.001 e o zero em -0.01
então a relação entre o zero e o pólo é igual a 10).
Exemplo:
Compensar o sistema da figura abaixo para melhorar o erro de estado estacionário por meio
de um fator de 10 se o sistema estiver funcionando com uma relação de amortecimento de
0.174.
LGR:
78
Erro de estado estacionário:
108.023.81
1
1
1)( =
+=
+=∞
pKe
Uma melhoria de 10 vezes significa um erro de:
pcKe
+===∞
1
10108.0
10
108.0)(
O que resulta, para o sistema compensado, em :
59.91)(
)(1 =∞
∞−=e
eK pc
Sabemos que:
c
cppc p
zKK = ou 13.11
23.859.91 ===
p
pc
c
c
K
K
p
z
Selecionando arbitrariamente:
01.0=cp
Ficamos com:
111.013.11 ≈= cc pz
LGR do sistema compensado:
79
Características do sistema compensado e não compensado:
Melhorando a Resposta Transitória
Melhorando a Resposta Transitória utilizando compensação em cascata:
a) Compensação Derivativa Ideal (PD)
Função de transferência do compensador:
cc zssG +=)(
80
81
82
Exemplo: Mp=16% e Ts (redução de três vezes)
LGR Sistema não-compensado:
83
Sistema –compensado:
107.13
320.3 ==sT
Cálculo da parte real do pólo dominante desejado:
613.3,107.14 === σσsT
Cálculo da parte imaginária:
193.6,168.7, === dnn ωωξωσ
Pólos desejados para sistema compensado:
84
Cálculo da posição do zero do compensador:
Fazendo o pólo desejado como ponto de teste e aplicando condição de módulo para o sistema
com o compensador:
o1804321 =−−− θθθθ
Obtém-se o ângulo do zero em relação ao ponto de teste:
o6.951 =θ
Para encontrar a posição exata do zero do compensador :
)6.95180(613.3
193.6oo −=
−tg
cσ
Onde temos então: 006.3=σ
Ficando a FT de ramo direto do sistema com o compensador igual a:
)6)(4(
)006.3()(
+++=
sss
sKsG
O LGR do sistema compensado fica então:
85
b) Melhorando a resposta transitória utilizando compensação por avanço de fase
• São construídos a partir de estruturas passivas (resistores, capacitores)
• A utilização de estruturas passiva não permitem a produção de apenas um
zero simples, em vez disso resultam em um zero e um pólo do
compensador.
Função de transferência do compensador:
c
cc ps
zssG
++
=)(
86
O pólo deve estar mais afastado do eixo imaginário que o zero para que a contribuição
angular pz θθ − seja positiva, portanto aproximando da utilização de um zero simples no
compensador (como no PD ideal).
Considerações sobre os ângulos do zero e pólo do compensador:
Onde:
o180)12(54312 +=+−−− kθθθθθ
Sendo,
cθθθ =− 12
a contribuição angular do compensador.
Exemplo: Projetar um compensador por avanço de fase para o sistema visando reduzir o
tempo de assentamento à metade, mantendo a ultrapassagem percentual de 30%.
Para ultrapassagem percentual de 30% temos coeficiente de amortecimento desejado igual a
0.358.
87
Para o sistema não compensado, a partir do pólo dominante do sistema o tempo de
estabilização é:
sTs 972.3007.1
4 ==
Para o sistema compensado queremos que o tempo de estabilização seja a metade do sistema
não compensado então temos que:
014.2,986.14
986.12/972.3
===
==
nn
s
s
T
sT
ξωξω
Logo a parte real do pólo dominante do sistema compensado deve ser 014.2−=− nξω e a
parte imaginária, dado que 358.0=ξ , deve ser igual a 252.5=dω , como pode ser visto na
figura anterior.
O nosso compensador tem FT igual a: c
cc ps
zssG
++
=)(
Admitindo arbitrariamente um zero do compensador em -5 no eixo real como uma possível
solução. O próximo passo será calcular o pólo do compensador que garanta que o LGR do
sistema passe pelo pólo dominante de malha fechada desejado para o sistema com o
compensador.
Utilizando o ponto desejado como ponto de teste, aplicamos a condição de ângulo e
calculamos o ângulo desejado para o pólo do compensador:
31.7=pcθ
88
Através do ângulo do pólo podemos então calcular o valor deste pólo sobre o eixo real:
Sendo:
014.2
252.531.7
−=
cptg o
Onde temos então:
96.42=cp
Nosso compensador é então:
96.42
5)(
++=
s
ssGc
O LGR do sistema compensado fica então:
89
4.6.1.3 Melhorando a resposta transitória e o erro de estado estacionário:
Combinamos as duas técnicas aprendidas anteriormente para melhorar a resposta
transitória e o erro de regime individualmente.
Podemos primeiro melhorar o erro de regime e então seguir com o projeto para
melhorar a resposta transitória (ou vice-versa).
O projeto pode tanto utilizar estruturas ativas como estruturas passivas.
Ativo - PD +PI = PID
Passivo – Compensador por avanço de fase + compensador por atraso de fase =
Compensador por avanço e atraso defase.
Projeto do Controlador PID Ativo
A técnica de projeto consiste nos seguintes passos:
1. Calcule o desempenho do sistema não-compensado para determinar quanto de
melhoria é requerido na resposta transitória.
2. Projete o controlador PD ideal para atender as especificações da resposta
transitória.
3. Simule o sistema e certifique-se que todas as especificações foram satisfeitas.
4. Reprojete se a simulação mostrar que os requisitos não foram atendidos.
5. Projete o controlador PI ideal para produzir o erro estacionário desejado.
6. Simule o sistema e certifique-se que todas as especificações foram satisfeitas.
7. Reprojete se a simulação mostrar que os requisitos não foram atendidos.
Exemplo:
Projetar um controlador PID de modo que o sistema possa operar com um tempo de pico cujo
valor seja dois terços do valor relativo ao sistema não compensado com ultrapassagem
máxima percentual de 20% e erro de regime nulo.
91
Passo1:
LGR do sistema não-compensado:
Passo 2:
Compensar o sistema com o objetivo de reduzir o tempo de pico para dois terços do sistema
não compensado.
Primeiro temos que encontrar a localização dos pólos dominantes do sistema com o
compensador:
92
js
sT
nnd
dd
p
87.1513.8
13.8,1
87.15)297.0)(3
2(,
2
±−===−=
===
ςωσςωω
πωωπ
A seguir projetamos o compensador: Aplicando a condição de ângulo, podemos
calcular a contribuição requerida do zero do compensador que é igual a 18.37o.
Depois, supondo que o zero do compensador esteja localizado em –zc ,como mostrado
na figura abaixo, calculamos a localização do zero do compensador.
13.8
87.1537.18
−=
cztg o
Então:
92.55=cz
Assim o controlador PD ideal é dado por:
)92.55()( += ssGPD
O LGR do sistema compensado com o controlador PD é então:
Passo 3:
Simulamos o sistema com o compensador projetado para melhorar a resposta transitória. (ver
tabela comparativa)
93
Passo 4: projeto do controlador PI ideal para melhorar o erro de regime permanente.
Escolhendo o compensador PI ideal como sendo:
s
ssGPI
)5.0()(
+=
Esboçamos o LGR do sistema com o compensador PID:
Passo 5:
Simulamos o sistema para verificar se especificações foram atendidas. ( ver gráfico com
simulações e tabela comparativa)
94
Projeto do controlador por atraso e avanço de fase
A técnica de projeto consiste nos seguintes passos:
1. Calcule o desempenho do sistema não-compensado para determinar quanto de melhoria é
requerida na resposta transitória.
2. Projete o controlador por avanço de fase para atender as especificações da resposta
transitória.
3. Simule o sistema e certifique-se que todas as especificações foram satisfeitas.
4. Reprojete se a simulação mostrar que os requisitos não foram atendidos.
5. Calcule o desempenho de erro estacionário relativo ao sistema compensado e determine a
melhoria adicional necessária no erro.
6. Projete o compensador por atraso de fase para produzir o erro de regime requerido.
7. Simule o sistema.
8. Reprojete se a simulação mostrar que os requisitos não foram atendidos.
Exemplo:
Projetar um compensador por atraso e avanço de fase de modo que o sistema possa operar
com ultrapassagem máxima percentual de 20% e uma redução à metade do tempo de
assentamento. Além disso, o sistema compensado apresentará uma melhoria de dez vezes no
erro de regime para uma entrada rampa.
Passo 1:
95
Passo 2:
Cálculo dos pólos dominantes do sistema compensado:
Partindo da especificação desejada para o tempo de assentamento do sistema compensado:
588.3,4
115.12
230.2 ==== nn
sT ςωςω
003.7=dw
Projeto do compensador por avanço de fase:
Selecionar arbitrariamente a localização do zero do compensador:
6−=cz
Encontrar a localização do pólo, através da condição de ângulo.
o35.15−=pθ
E utilizando a geometria na figura abaixo:
Encontramos a localização do pólo do compensador:
1.29−=cp
96
O LGR do sistema compensado fica então:
Passo 3 e 4: Simulação do sistema
Passo 5: Continuar o projeto utilizando o compensador por atraso de fase para melhorar a
resposta em regime permanente.
Pela tabela comparativa podemos ver que para o sistema não compensado
201.3=vK
e para o sistema compensado com o compensador por avanço de fase o valor de
794.6=vK .
Portanto a adição do compensador melhorou o erro por um fator de 2.122.
A exigência de projeto era uma melhoria de 10 vezes, logo devemos introduzir o
compensador por atraso de fase para completar a exigência de projeto.
Para melhorar o erro em 10 vezes, temos que completar a melhoria com um fator de 4.713
(10/2.122) em relação ao sistema compensado por avanço de fase.
Passo 6:
Escolhemos arbitrariamente o pólo do compensador em 0.01, o que coloca o zero em -
0.04713.
97
LGR do sistema compensado por atraso e avanço defase:
Passo 9: Simulação
4.6.2 Realização Física da Compensação:
a) Realização de circuito ativo:
98
99
b) Realização de circuito passivo:
100
Capítulo 5
Métodos de Resposta em Frequência
5.1 Introdução
• O termo resposta em frequência significa a resposta em regime permanente de um
sistema a uma entrada senoidal.
• Nos métodos de resposta em frequência, variamos a frequência do sinal de entrada
dentro de certo intervalo e estudamos a resposta resultante.
• Em regime permanente, entradas senoidais aplicadas a sistemas lineares geram
respostas senoidais de mesma frequência.
• As respostas diferem da entrada em amplitude e ângulo de fase.
Representação dos sinais senoidais:
• Os sinais senoidais podem ser representados por números complexos chamados
fasores:
1111 )cos( φφω ∠→+ MtM
Onde a magnitude do número complexo é a amplitude do sinal senoidal e o ângulo no número
complexo é o ângulo de fase da senóide. A frequência ω do sinal fica implícita.
Admitindo o sistema representado pelo número complexo )()( ωφω ∠M , então a
senóide de estado estacionário da saída é:
)]()([)()()()( 0 ωφωφωωωφω +∠=∠ ees MMM
Com:
)()( ωφω ∠M
)()( ωφω ssM ∠ )()( ωφω eeM ∠
101
)(
)()(
ωωω
e
s
M
MM = (1) e )()()( ωφωφωφ es −= (2)
Definição de Resposta em frequência :
Chamamos )(ωM em (1) a resposta de frequência em magnitude e )(ωφ em (2) a
resposta de frequência em fase. A combinação das duas respostas é chamada de Resposta de
Frequência )()( ωφω ∠M .
Função de Transferência Senoidal: )()( ωjGsG →
5.2 Apresentação das características da resposta em frequência na forma gráfica
• Diagrama de Bode
• Diagrama de Nyquist ou diagrama polar
• Diagrama do Logaritmo do módulo versus ângulo de fase (carta de Nichols)
a) Diagrama de Bode
Constituído de dois gráficos: gráfico do módulo em dB de uma função de transferência
senoidal e o gráfico do ângulo de fase, ambos traçados em relação à frequência em escala
logarítmica.
Exemplo:
)2()(
)4(1)(
21
)(2
1)(
1
2
ωωφ
ωω
ωω
−−=
+=
+=→
+=
tg
jG
jjG
ssG
102
Aproximações Assintóticas:
• Aproximação do gráfico de bode como uma seqüência de linhas retas.
• Esta aproximação simplifica o cálculo da magnitude e fase da resposta de frequência.
Considere:
))...()((
))...()(()(
21
21
km
k
pspspss
zszszsKsG
++++++=
(1)
A magnitude da resposta de frequência é o produto da magnitude das respostas para cada
termo:
ωωjs
km
k
pspspss
zszszsKjG →+++
+++=|)(|...|)(||)(|||
|)(|...|)(||)(|)(
21
21
Trabalhando com o logaritmo e a magnitude em dB, temos:
ω
ω
jsk
mk
psps
szszs
zsKjG
→+−−+−−++++
+++=
|)(|log20...|)(|log20
||log20)(|log20...|)(|log20
|)(|log20log20)(log20
1
2
1
Em relação ao gráfico da fase,a partir da função de transferência em (1) temos que a resposta
de frequência é a soma das curvas de fase dos termos relativos aos zeros menos a soma das
curvas de fase referentes aos pólos.
103
Aproximações da resposta de frequência para termos de pólos e zeros simples:
a) Gráficos de Bode para : assG +=)(
)1()( +=+=a
jaajjGωωω
Nas baixas freqüências, quando ω tende a zero, ajG ≈)( ω e a magnitude da
resposta em dB fica:
ajG log20|)(|log20 =ω
Nas altas freqüências, onde a>>ω temos:
00 9090)()()( ∠=∠=≈ ωωωωa
aa
jajG
Sendo em dB igual a:
∞<<=+= ωωωω aa
ajG ,log20log20log20|)(|log20
Gráfico de Magnitude:
104
Gráfico de fase: )()( 1 atg ωωφ −=
Dados da resposta de frequência assintótica e real normalizada para (s+a):
105
Resposta real e assintótica:
Gráfico da Magnitude:
Gráfico da fase:
106
Gráficos de Bode para:
1. ssG =)(
2. ssG 1)( =
107
3. assG +=)(
4. )(1)( assG +=
108
5. 22 2)( nnsssG ωςω ++=
109
Correções para Bode de segunda ordem:
6. 22 2/1)( nnsssG ωςω ++=
110
Exemplo:
)252)(2(
)3()(
2 ++++=
sss
ssG
Gráfico de Módulo:
111
Gráfico de fase:
112
Solução utilizando Matlab:
)252)(2(
)3()(
2 ++++=
ssS
ssG
>>num=[1];
>>den=[ 1 2 25];
>>g1=tf(num,den)
Transfer function: 1/ s^2 + 2 s + 25
>>g2=zpk([-3], [-2],1)
Zero/pole/gain: (s+3)/ (s+2)
>>g=g1*g2;
Zero/pole/gain: (s+3)/(s+2) (s^2 + 2s + 25)
>>bode(g)
bodemag(g) – plota somente gráfico da magnitude
113
Análise da Estabilidade através do Diagrama de Bode
Margem de Ganho e Margem de Fase:
a) Margem de Ganho (GM): é a mudança no valor de ganho a malha aberta no
ponto com fase de 1800 , expressa em decibéis, necessária para tornar instável o
sistema a malha fechada. (Ganho necessário para elevar a curva de magnitude até 0
dB na frequência com fase igual a o180± )
b) Margem de fase ( Mφ ): é a mudança no valor da fase da malha aberta no ponto
com ganho unitário (0 dB), necessária para tornar instável o sistema a malha
fechada.
Estabilidade: Se a margem de ganho for positiva (dB) e a margem de fase positiva o
sistema é estável e se a margem de ganho for negativa (dB) e a margem de fase negativa o
sistema é instável.
114
Relação entre resposta transitória a malha fechada e resposta em frequência a malha
fechada
a) Relação de Amortecimento e resposta em frequência a malha fechada:
Valor de pico da resposta de magnitude logarítmica:
212
1
ςς −=pM
na frequência 221 ςωω −= np
Pico de resposta em função da ultrapassagem percentual
115
b) Velocidade de resposta e resposta de frequência a malha fechada:
Banda passante : frequência BWω na qual o valor da curva de magnitude da resposta de
frequência é 3dB abaixo de seu valor na frequência zero.
244)21( 242 +−+−= ςςςωω nBW
Ou para relacionar com o tempo de assentamento:
244)21(4 242 +−+−= ςςςς
ωs
BW T
Ou para relacionar com o tempo de pico:
244)21(1
242
2+−+−
−= ςςς
ςπω
p
BWT
c) Relação de amortecimento a partir da margem de fase:
42
1
412
2
ςς
ςφ++−
= −tgM
116
Características de Erro de estado estacionário a partir da resposta de frequência
a) Constante de erro ao degrau ( sistema tipo 0):
b) Constante de erro a rampa (sistema tipo 1):
c) Constante de erro a parábola (Sistema Tipo 2):
117
Exemplo: Determinar o tipo de sistema e o valor da constante de erro estático
apropriada
a) Sistema tipo zero desde que a inclinação inicial é zero com:
78.17,25log20 == pp KK
b) Sistema tipo 1 desde que a inclinação inicial é de -20 dB/década com :
55.0=vK ( valor da frequência em que a inclinação inicial cruza o eixo de
freqüências em 0 dB.
118
c) Sistema tipo 2 desde que a inclinação inicial é de -40 dB/década com : 9=aK
( aK é valor da frequência em que a inclinação inicial cruza o eixo de freqüências
em 0 dB.
119
Projeto por intermédio da Resposta em Frequência
1. Resposta transitória por intermédio do Ajuste do Ganho:
Ajuste de ganho para uma margem de fase desejada (ultrapassagem percentual desejada):
42
1
412
2
ςς
ςφ++−
= −tgM
Exemplo: Para o sistema abaixo , determinar o valor do ganho K para que a resposta
transitória a uma entrada degrau apresente uma ultrapassagem máxima de 9.5%. Usar o
método de resposta em frequência.
120
o2.59,6.0%,5.9 === MpM φς
1) Diagrama de bode para : )36)(100(
100
++ sss
Assinalar no diagrama de fase a frequência que leva a uma margem de fase desejada. Esta
frequência é obtida no ponto onde o ângulo de fase é a soma entre -180o e 59.2o, ou seja , -
120.8o
Para que a margem de fase seja de 59.2o como desejado, na frequência de 15 rad/sec a
magnitude deverá ser de 0 dB, entretanto através do diagrama de magnitude vemos que o
valor da magnitude é de -55.5 DB. Então devemos dar um ganho no sistema de 55.5 dB para
que a magnitude nesta frequência seja igual a zero.
121
Então podemos acrescentar um ganho ao sistema para que apenas a curva de magniutde seja
afetada:
)36)(100(100
++ sss
K
A contribuição do termo K para o diagrama de magnitude deverá ser de :
20 log K = 55.5
O que leva ao valor de K = 595.66
2. Compensação por atraso de fase
• Utilizado para melhorar a constante de erro estático aumentando somente o ganho
nas baixas freqüências sem que resulte instabilidade.
• Utilizado para aumentar a margem de fase que leve a uma resposta transitória
desejada.
Função de transferência do compensador por atraso de fase:
1,1
1
)( >+
+= α
αTs
Ts
sGc
122
Procedimento de Projeto
1. Ajustar o ganho K, ao valor que satisfaça a especificação de erro estacionário e traçar
o diagrama de bode para este valor de ganho.
2. Determinar a frequência para margem de fase desejada : determinar a frequência
onde a margem de fase seja superior de 5o a 12o à margem de fase que leva a resposta
transitória desejada.
3. Selecionar o compensador por atraso de fase cuja resposta em magnitude leve a um
diagrama de magnitude “composto” que cruze a linha de 0 dB na frequência obtida na
fase 2 como se segue: desenhe a assíntota de altas freqüências para interceptar 0 dB na
frequência encontrada na etapa 2; selecione a frequência de corte superior uma década
abaixo da frequência encontrada na etapa 2; selecione a assíntota de baixas frequência
em 0 dB; conecte as assíntotas de altas e de baixas freqüências do compensador com
uma reta de -20db/década para posicionar a frequência de corte inferior.
4. Restabelecer o ganho do sistema, K, para compensar alguma atenuação da estrutura
de atraso de fase mantendo a constante de erro estático com o mesmo valor obtido na
etapa
Exemplo de Projeto:
Dado o sistema abaixo, use o diagrama de bode para projetar um compensador por atraso de
fase que leve a uma melhoria de dez vezes no erro de estado estacionário em comparação com
o sistema compensado por ajuste de ganho, mantendo a ultrapassagem em 9.5%
1. Passo 1- ajuste do ganho K para erro estacionário desejado: Pelo projeto realizado
anteriormente para compensador por ajuste de ganho obtemos K= 583.9 para ultrapassagem
de 9.5% o que leva a um K v = 16.22 para o sistema. Para uma melhoria de 10 vezes no erro
de estado estacionário Kv deve ser multiplicado por 10 ou seja Kv = 162.2,
123
consequentemente o valor de K deve ser igual a K = 5839 e a função de transferência de
malha aberta deve ser igual a:
)100)(36(
900.583)(
++=
ssssG
O diagrama de bode para este sistema pode ser visto na figura 1.
2. A margem de fase necessária para ultrapassagem de 9.5% é obtida de :
42
1
412
2
ςς
ςφ++−
= −tgM
O que dá um valor de margem de fase de 59.2o.
Aumentamos este valor em 10o para 69.2o a fim de compensar a contribuição angular do
compensador.
Determinamos agora a frequência onde a margem de fase é de 69.2o. Esta frequência ocorre
em -180o + 69.2 o= -110.8o e é de 9.8 rad/seg.
A magnitude nesta frequência é de 24 dB portanto o compensador deve fornecer -24 dB de
atenuação em 9.8 rad/seg.
Figura1
124
3. Projeto do compensador.
Cálculo da maior frequência de corte do compensador: uma década abaixo da frequência
para margem de fase desejada , ou seja 0.98 rad/s.
Determinação da menor frequência de corte do compensador:
Graficamente marcamos:
a) A assíntota para -24 dB
b) Onde esta assintota intercepta a frequência de corte superior de 0.98 rad/s (X).
c) Marcamos agora a assíntota em 0 dB
d) Ligamos o ponto (X) até a assíntota de 0 dB com uma reta com inclinação de -
20dB/década e verificamos onde esta reta corta a assintota de 0 dB (X). Verificamos
a frequência neste ponto que é de 0.0632 rad/s. Esta será a nossa frequência de corte
inferior.
A função de transferência do compensador será então:
062.0)98.0(06329.0
)(+
+=s
ssGc
Assintota em -24 dB
Assintota em 0 dB
X Reta com inclinação de -20db/década
X
125
Onde o ganho do compensador é de 0.06329 para gerar um ganho estático unitário que não
influencie no valor de Kv do sistema. Logo a FT de malha aberta do sistema fica:
)062.0)(100)(36(
)98.0(06329.0900.583)(
++++∗=
ssss
ssG
Diagrama de Bode para sistema com o compensador calculado:
Resultados:
Margem de fase: 64o (desejada de 59.5o) com sobre-sinal de aproximadamente 10% (
desejado = 9.5%)
Kv = 161.5 (desejado = 162.2)
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