apostila bases nutricionais
Post on 28-Sep-2015
83 Views
Preview:
DESCRIPTION
TRANSCRIPT
-
Bases Nutricionais
1
Bases Nutricionais
Professora Me. Gabriela Chamusca
-
Bases Nutricionais
2
Carboidratos 4Definio 4Funo 4Classificao 4
Classificaopelaquantidadedecarbonosnamolcula 4Classificaopelotempodedigestoeabsoro 5Classificaopelondiceglicmicoecargagli-cmica 6
Digesto,absoroetransportedoscarboidratos 7Metabolismodecarboidratos 10
Regulaohormonal 11Glicemia 11Metabolismodaglicose 11
Lipdios 16Definio 16Funo 16Classificao 16cidosgraxos 16GordurasTRANS 18Fontesalimentares 18Digesto,absoroetransportedelipdios 19Metabolismodoslipdios 23
Papeldofgadonometabolismolipdico 23Armazenamentodagordura 24Lipliseeoxidaodegordura 24Beta-oxidaodecidosgraxos 25Lipognese 26Sntesedecorposcetnicos 26Sntesedecolesterol 27
Protenas 28Introduo 28Funo 28Classificao 28Composio 29Osaminocidos 29
Estrutura 29Classificao 29
Formaoeestrutura 30Digesto,absoroetransportedeprotenas 31Metabolismodasprotenas 31
Desaminaooxidativa 33Transaminao 34Sntesedeureia 35Gliconeognese 35Oxidaodeaminocidosnomsculoesqueltico 36
Vitaminas e minerais 38Introduo 38
SUMRIO
-
Bases Nutricionais
3
Necessidadeserecomendaes 38Vitaminaslipossolveis 39
VitaminaA 39VitaminaD 40VitaminaE 41VitaminaK 41
Vitaminashidrossolveis 42VitaminaC 43VitaminaB1 43VitaminaB2 44VitaminaB3 44VitaminaB6 45VitaminaB9 46VitaminaB12 46VitaminaB5 47VitaminaB7 48
Minerais 48Clcio(Ca) 49Fsforo(P) 50Magnsio(Mg) 50Ferro(Fe) 51Zinco(Zn) 52Selnio(Se) 53Cobre(Cu) 53Iodo(I) 54Flor(F) 54Cromo(Cr) 54Mangans(Mn) 54Molibdnio(Mo) 55Vandio(V) 55Boro(Bo) 56Ltio(Li) 56Sdio(Na) 56Cloro(Cl) 56Potssio(K) 56
Suplementaocomvitaminaseminerais 57
Sistemas antioxidantes 59Antioxidantes 59Radicaislivreseespciesreativasdooxignio 60Estresseoxidativo 61VitaminaE 62VitaminaC 62Flavonoides 63Betacaroteno 64Selnio 64
Referncias bibliogrficas 65
-
Bases Nutricionais
4
CARBOIDRATOS
Definio
Os carboidratos so macronutrientes formadospor carbono, hidrognio e oxignio na proporode 1:2:1 (por exemplo: a glicose um tipo decarboidrato composto deC6H12O6). So substnciasorgnicas derivadas de aldedos ou cetonas poli-hidroxilados. Esta composio qumica confere aestas molculas uma caracterstica hidroflica, ouseja,umafacilidadeemsesolubilizaremgua.Nomundonaturalencontramosdiferentesmolculasquecompreendemogrupodoscarboidratos.Entretanto,nemtodaselasestoassociadassprincipaisfunesnutricionaisassociadasaestemacronutriente,comoserdiscutidonoprximotpico.
Funo
Os carboidratos so uma importante fonte deenergiaobtidapelossereshumanosatravsdesuasdietas.Estenutrienteamplamenteconsumidoportodas as clulas dos rgos e tecidos humanos epreferencialmente consumido por clulas metaboli-camente ativas, comoneurnios, fibrasmusculares(esquelticaecardaca)ehemcias.Almdisso,somacronutrientespoupadoresdeprotenaseativado-resmetablicosparaoslipdios.Oscarboidratostam-bmdesempenhampapel importantenasntesedenucleotdeospresentesnoDNA/RNA.
Classificao
H atualmente vrias classificaes propostaspara os carboidratos que levam em consideraofatores como tamanho da molcula, origem,biodisponibilidadenoorganismohumano,velocidadede digesto e absoro e sua metabolizaopelo organismo. Abaixo seguem as classificaespropostas:
Classificao pela quantidade de carbonos na molcula
Oscarboidratosbiodisponveissoclassificadosdeacordocomaquantidadedecarbonosnamolcularesponsvelpelotamanhodamesma,tempodedigestoeabsoroequantidadedeenergialiberada.
Aclassificaopropostadivideoscarboidratosemmonossacardeos, dissacardeos, oligossacardeos epolissacardeos.
Monossacardeos
Molculas formadas por um nico monmero(molcula bsica considerada como carboidratoe formadora de molculas maiores). Osmonossacardeos presentes na dieta so a glicose,frutose e galactose. Apesar da glicose ser ocarboidratoconsumidoemmaiorquantidadeeestarpresenteembasicamentetodososalimentosquesofontesdecarboidrato,dificilmenteestaencontradanasuaformaisoladanosalimentos,poisgeralmenteestamolculaformadorademolculasmaiores.Afrutose amplamente encontrada nas frutas e nomel.Agalactosetambmumamolculaformadoradeoutrasmolculaseencontradanoslaticniosealgunsvegetaiscomoofeijo.
Dissacardeos
Os dissacardeos so carboidratos formados dedois monossacardeos. Os mais encontrados naalimentaoso:
Maltose: molcula formada por duasmolculasdeglicose.Amaltosegeralmenteformadaapartirdahidrliseparcialdoamido,mastambmestpresenteemalgunscereaiscomoomalte.
Sacarose: molcula formada a partir daligaoentreglicoseefrutose.Asacaroseencontradanacana-de-acare,portanto,amolculacomponentedo acar de mesa refinado. A sacarose tambm encontradanomeleemalgumasfrutas.
-
Bases Nutricionais
5
Lactose:dissacardeo formadopela ligaoda glicose e galactose. A lactose o carboidratoencontradonoleiteederivados.
Oligossacardeos
Molculasquepossuemna sua constituiodetrs a novemonossacardeos. Apesar de existiremdiversos oligossacardeos na natureza, a maioriadelesnodigeridapeloorganismohumano,porissosoclassificadoscomocarboidratosnodisponveis.Amaioriadosoligossacardeospodem tambmserclassificados como fibras, em decorrncia de suascaractersticasfisiolgicas.
Algunsexemplosdeoligossacardeossoinulina,rafinose,estaquiose,polidextrose,fruto-oligossacar-deo.Amaltodextrinaonicooligossacardeobio-disponvelnoorganismohumano.
Polissacardeos
Soclassificadoscomopolissacardeosasmolculasformadas por no mnimo dez monossacardeos,mas tambmpodemser formadospormilharesdemonmeros.Opolissacardeousualmenteencontradonaalimentaooamido,presenteemtubrculosecereais.Htambmvriosoutrospolissacardeosnodigeridospresentesemvegetaiscomoacelulose,hemicelulose, pectina, arabinoxilanas, b-glucanas,glucomananas,gomasemucilagens.Oglicognioumpolissacardeodeorigemanimalresponsvelpeloestoquedecarboidratosdoorganismo.encontradonomsculoesquelticoenofgado.
Oamidoumpolissacardeocompostoapenasdemolculas de glicose dispostas em duas estruturasbsicas:aamiloseeaamilopectina.
Classificao pelo tempo de digesto e absoro
Os carboidratos possuem tempo diferente dedigesto,absoroeliberaosanguneadeglicosedeacordocomseutamanho,origemematrizalimentar.Osmonossacardeosedissacardeospossuemrpidadigesto e absoro, por isso so consideradoscarboidratos simples. Os polissacardeos podemapresentartempodedigestorpidoouprolongado,dependendodascaractersticasdoalimento.
Cereais refinados passam por um processo debeneficiamentoondea cascaeapartefibrosa soretiradasdogro integral.Por issoogro refinado facilmente mastigado e o amido rapidamentehidrolisado pelas enzimas digestrias, possuindorpida absoro. Desta forma, alimentos ricos emamidoqueso ingeridosouproduzidosporcereaisrefinados so considerados carboidratos simples.Tambmentramnesta classificao tubrculos semcasca ou com pouca quantidade de fibras na suacomposio(exemplo:pobranco,macarro,arroz,batatacozidasemcasca).
Osgrosintegraispossuemumtempoprolongadodedigesto,poisapresenadecascanestesgrosdificulta a hidrolizao do amido pelas enzimasdigestrias.Destaforma,osgrosintegrais,depoisdemastigadosedeglutidos,permanecemlongotempono estmago em contato com o cido clordrico,
Figura1-Dissacardeos.
-
Bases Nutricionais
6
responsvel pelo enfraquecimento das fibras,facilitandoadigestodoamidonointestinodelgado.Estes polissacardeos associados a fibras possuemlongotempodedigestoeabsoro,edestaformaso denominados carboidratos complexos (arrozintegral,batatadoce,alimentosconfeccionadoscomtrigointegral).
Classificao pelo ndice glicmico e carga gli-cmica
Ondiceglicmico(IG)foicriadoparadeterminaro potencial que um alimento tem de aumentar acargadeglicosenosangue.Estendicefoicriadopelanecessidadedeseclassificareavaliarosalimentosde forma especfica em relao quantidade evelocidadededigestoeabsorodoscarboidratos.Oconsumodealimentosricosemcarboidratosqueso digeridos e absorvidos rapidamente ocasionaum rpido aumento da concentrao de glicosesangunea, razo pela qual so considerados dealto ndice glicmico. Os alimentos que contmcarboidratos de digesto lenta e, portanto, liberamglicose gradualmente na corrente sangunea soosdebaixondiceglicmico.Osalimentosdebaixondiceglicmicoliberamaglicosedeformagradual,apresentammaiorquantidadedefibraseaumentamo tempo de saciedade, ajudando no combate obesidade. J o consumo de alimentos com altondice glicmico so responsveis pelo aumentorepentino da glicemia, ocasionando um pico deinsulinanacorrentesangunea.Oconsumoexcessivodestesalimentospodealongoprazosobrecarregaropncreas,causandopr-diabetesoudiabetestipo2.
Apesar de o ndice glicmico ser amplamenteutilizado para definir os alimentos da dieta, possuialgumas falhas, pois nem sempre o alimentoclassificado como de ndice glicmico alto possuiquantidades altas de glicose em sua poro. Paramelhor ajudar a interpretar as informaesobtidaspelo ndice glicmico, surgiu uma outra forma declassificaodenominadacargaglicmica.
A carga glicmica (CG) determina a quantidadee tipo de carboidratos dos alimentos a partir deseu ndice glicmico e tamanho da poro. Ondiceglicmicoclassificaosalimentosquecontmcarboidratos pela velocidade que elevam a glicosenosangue.Autilidadedacargaglicmicabaseadanaideiadequealimentoscomaltondiceglicmicoconsumidos em pequenas quantidades podem tero mesmo efeito sobre a glicemia que o consumodealimentosdebaixo ndiceglicmicoemgrandesquantidades. Por exemplo, consumir 50g de arrozbranco (que possui alto ndice glicmico) de umavez poderia ocasionar um aumento particular deglicosenosangue,enquanto25gpoderiaocasionarmetadedesseaumento.Umavezqueprovavelmenteoparmetromaisimportantesejaopicodeglicosenosangue,multiplicaraquantidadedecarboidratosemumaporodecomidapeloseundiceglicmicodumaideiadoefeitoqueoconsumodoalimentoternataxadeacarnosangue.
Tabela 1 - Carga glicmica de alimentos, pores de 100 gramas
Alimento IG Alimento IG
Bolos 87 Cuscuz 93
Biscoitos 90 Milho 98
Crackers 99 Arrozbranco 81
Pobranco 101 Arroz integral 79
Sorvete 84 Arrozparboilizado 68
Leiteintegral 39 Tapioca 115
Leitedesnatado 46 Feijocozido 69
Iogurtecomsacarose 48 Feijomanteiga 44
Iogurtesemsacarose 27 Lentilhas 38
All Bran 60 Ervilhas 68
Corn Flakes 119 Feijo de soja 23
Musli 80 Espaguete 59
Aveia 78 Batatacozida 121
Mingau de aveia 87 Batatafrita 107
Trigocozido 105 Batatadoce 77
Farinhadetrigo 99 Inhame 73
Ma 52 Chocolate 84
Sucodema 58 Pipoca 79
Damasco seco 44 Amendoim 21
Banana 83 Sopadefeijo 84
-
Bases Nutricionais
7
Kiwi 75 Sopadetomate 54
Manga 80 Mel 104
Laranja 62 Frutose 32
Sucodelaranja 74 Glicose 138
Pssegoenlatado 67 Sacarose 87
Pra 54 Lactose 65
Fonte: . Acesso em: 07/04/2014.
Quadro 1 - Carga glicmica de alimentos (pores de 100g)
Alimento Quantidade decarboidratos
ndice glicmico
Carga glicmica
Baguete ~95 ~50% ~48Batata ~50 ~48% ~25Banana ~52 ~20% ~10Arrozbranco
~64 ~24% ~15,4
Melancia ~72 ~5% ~3,6Cenoura ~47 ~7,5% ~3,5
FrmulasdeclculodoIGeCG:
Quadro 2 - Classificao dos alimentos segundo IG e CG
IG CGBaixo 20
Digesto, absoro e transporte dos carboidratos
Ospolissacardeosedissacardeossofremdigestonotratodigestrioatsuaformademonossacardeos.Oprocessodedigestoocorredeformadiferenciadadeacordocomotipodecarboidrato,comodescritoaseguir.
Adigestodoamidoseinicianaboca,atravsdaamilasesalivarpresentenasaliva.Devidoaotamanhodamolculadeamidoedotempodepermannciadoalimentoemcontatocomaamilasesalivarnaboca,esta digesto parcial, ocorrendo apenas quebradepartedessas ligaes.Osprincipaisprodutosdadigestoparcialdoamidoquealcanamoestmagoso:maltose,maltotrioseedextrina.
Osprodutosdadigestoprviadoamidopassampelo estmago sem sofrer hidrlise, pois omesmonoapresentaenzimasdigestriasdecarboidratos.Estes iro para o duodeno, a primeira porodo intestino, onde sofrero a ao hidroltica daamilase pancretica, enzima componente do sucopancreticoqueagenolmenintestinal.Asmolculasde maltose e dextrina restantes do processo dedigesto da amilase pancretica sero hidrolisadaspor enzimas presentes na borda em escova dasclulas intestinais (entercitos). A maltase aenzimaresponsvelpelahidrlisedasmolculasdemaltose,enquantoaglicoamilaseresponsvelpelahidrlisedasmolculasdedextrina.Comoresultadofinaldoprocessodedigestodoamido,encontram-se milhares de molculas de glicose, que seroprontamenteabsorvidasnoduodeno.
Osdissacardeos somolculasmais simplesdeserem digeridas e sua quebra ocorre no intestinodelgado. Desta forma, estas molculas passamilesaspelabocaeestmagoeapenassofreroaoenzimticanabordaemescova,atravsdeenzimaslocalizadas na membrana externa dos entercitos,ondeestolocalizadasasmicrovilosidades.Asacarase a enzima responsvel pela hidrlise damolcula
-
Bases Nutricionais
8
desacarose, liberandoaofinaldesteprocessoumamolcula de glicose e umamolcula de frutose. Alactaseaenzimaresponsvelpelaquebradalactose,liberandoumamolculadeglicoseeumamolculadegalactose.Amaioriadosmamferosdiminuisuaproduoapsodesmame,produzindoquantidadesinsignificantesounulasdestaenzima.Oserhumanoumdosnicosmamferosquemantmaproduodesta enzima ao longo de sua vida. Entretanto,alguns indivduos podem apresentar deficinciadesta enzima, ocasionando uma incapacidade dedigestoda lactose.Estedissacardeonodigeridopercorretodoointestinoefacilmentesofreaaodebactrias intestinais que levama sua fermentao,aumentando a formao de gases, desconforto eclicas. Pode ocorrer tambm umamaior retenohdrica ocasionadapela lactose, levando a quadrosdediarreia.Estasndromechamadadeintolerncialactose.
Aofinaldoprocessodedigestodoscarboidratos,observa-seaseguinteproporodemonossacardeosabsorvidos pelo intestino em relao ao total decarboidratosingeridos:
90%glicose
5%frutose
5%galactose
Essa porcentagem baseada em uma dietaequilibrada. Esses valores estimados podem sofreralteraodeacordocomacomposiodadieta.
Oprocessodeabsorodoscarboidratosocorreprincipalmentenoduodeno,ondeestoconcentradosos transportadores de glicose. As molculas deglicoseegalactosesoabsorvidasdeformasimilareutilizamosmesmoscarreadores(SGLT1),enquantoafrutosepossuicarreadorprprio(GLUT5).
O carreador de glicose e galactose denominadoSGLT1 um carreador de sdio/glicose acoplado,ou seja, para transportar a glicose para o interiordo entercito, este carreador depende da ligaocomosdio.Portantoaabsoroluminaldeglicose(passagemdolmenparaoentercito)socorrenapresenade sdio.Quando ligadosao carreador, aglicoseeosdioatraemaguaquetransportadaemconjunto.Esteprocessoaceleraaabsorodeguae facilita oprocessode reidratao,principalmenteem casos de desidratao ocorridos por algumapatologia ou por sudorese excessiva (como emalgunsexercciosfsicos).Estemecanismoexplicaoporqudautilizaodosorocaseiroparaprocessosde reidratao ou a utilizao de isotnicos paraajudarareidrataratletasdeformamaisrpida.Apsaabsoro luminal,aglicose liberadanosangueporoutrocarreadordenominadoGLUT2,responsvelpelo transportedaglicosedo interiordoentercitoparaosangue(absorosangunea).
A frutose transportada do lmen para oentercito(absoroluminal)edoentercitoparaosangue(absorosangunea)pormeiodocarreadorespecficodefrutoseGLUT5.Apesardestecarreadorserexclusivodefrutose,asuavelocidadedetransportelenta:aproximadamente30gporhora(avelocidadede absoro da glicose e galactose de 60g/h).Portanto,aaltaingestodefrutosepodelevaraumaabsorocomprometidadamesma,desencadeandoclicasedesconfortospela fermentaoda frutosenoabsorvidaporbactriasintestinais.
-
Bases Nutricionais
9
Figura2-Absorodeglicose(SGLT1).
Figura3-Comparaoentreasformasdeabsorodaglicose,galactoseefrutose.
-
Bases Nutricionais
10
Metabolismo de carboidratos
Aps ser absorvida e alcanar a correntesangunea,aglicosedistribudaparavriostecidoscorporais,comocrebro,msculo,tecidoadiposoefgado. Os demais monossacardeos so captadospelo fgado emsculo e utilizados como substratoenergtico.Aglicosepodeserestocadapelofgadoemsculonaformadeglicognio,queserabordadoposteriormente.Estesmonossacardeossocaptadospelos tecidos atravs dos GLUTs (carreadoresde glicose). Existem vrios tipos de carreadorde glicose e eles diferem entre si na velocidade eespecificidade. Um tipo especfico de carreador, oGLUT4,presentenomsculoesquelticoenotecidoadiposo, dependente da sinalizao da insulina
paratransportaraglicose.Estecarreadorseencontrano citoplasma das clulas, envolvido em vesculas(pequenas bolsas que embalam os carreadores).Quandoainsulinaseligaaoseureceptorlocalizadonasuperfciedasmembranascelulares,ocorreumacascatade sinalizao intracelular responsvel pelaexternalizao do GLUT4, ou seja, este carreadorque estava no interior da clula se desloca ata membrana, ocorre a fuso da vescula com amembranacelulareocarreadorexpeseustiodeligaocomaglicosedoladoexternodamembranacelular, permitindo a ligao desta molcula eposterior transporte da mesma para o interior daclula.Omsculoesquelticoeotecidoadiposo,pordependeremdainsulinaparaacaptaodeglicose,sodenominadostecidosinsulinodependentes.
Figura4-Captaodaglicose.
-
Bases Nutricionais
11
Regulao hormonal
Oprincipalestmuloparaa liberaoda insulinano sangue a concentrao srica de glicose,portanto h uma relao direta entre a glicemiae a concentrao de insulina sangunea. Apesarde desempenhar papel essencial na captao deglicosepelostecidosinsulinodependentes,ainsulinapossui vrias funes importantes no controle dometabolismo.Dentresuasfunes,destacam-se:
Glicognesehepticaemuscular
SntesedeVLDLpelofgado
SntesedeLDL-colesterolpelofgado
Snteseproteica
Captaodegordurapelotecidoadiposo
Sntesedecidosgraxosapartirdeglicose
Estmulodasaciedadeemnvelhipotalmico
Desta forma, a insulina regula a maioria dosprocessos anablicos do organismo, agindo noapenas no metabolismo de carboidratos, mastambmdelipdioseprotenas.Ainsulinasecretadapelas clulas do pncreas e sua secreo ocorreporestmulonervoso,principalmentepelaglicemia.Conforme ocorre a captao de glicose do sanguepelos tecidos, a glicemia diminui, favorecendo adiminuiodaliberaodainsulina.Adiminuiodaconcentrao da glicose srica responsvel peloestmulodasecreodoglucagon,hormniosecretadopelasclulasdopncreas,responsvelpelaquebradoglicogniohepticoerestabelecimentodaglicemiasangunea.Destaforma,ainsulinaconsideradaumhormniohipoglicemianteeoglucagonumhormniohiperglicemiante.
Glicemia
A glicemia deve ser mantida para suprir ostecidosqueutilizampreferencialmenteglicosecomosubstrato energtico (por exemplo, o crebro). Aregulaohormonalservenoapenasparadistribuira glicose do sangue para os tecidos,mas tambmaumentar a glicemia quando esta comea a cair.Como citado anteriormente, a insulina e glucagon desempenham papel fundamental na regulao emanutenodaglicemia.Oaumentodaglicemialevasecreodeinsulina,hormniohipoglicemiante.Oglucagon, por sua vez, liberado na hipoglicemia,ativandoaliberaodaglicosepresentenoestoqueheptico,restabelecendoamesma.
Aps longos perodos de privao alimentar,a glicemia cai e o estoque de glicose heptico(glicognio)tambmjfoiconsumido.Mesmocomoaumentodoglucagon,noocorrerestabelecimentoda glicemia. Para evitar a hipoglicemia, o cortisol liberado, promovendo quebra das protenasmusculares e liberao de aminocidos no plasma.Estesserocaptadospelofgadoeseroconvertidosa glicose, para restabelecimento da glicemia, emumprocesso denominado neoglicognese. Esta viametablicaserposteriormenteabordadacommaisdetalhes.
Destaforma,vrioshormnioscontribuemparaanormalizaodaglicose, impedindoahiperglicemiacrnicaeahipoglicemiaacentuada,responsvelporalguns efeitos colaterais como tontura, cefaleias,desmaiosecoma.
Metabolismo da glicose
Como discutido anteriormente, a glicose podeseguirpordiversasvias,comoaviadaoxidaoeproduo de ATP ou a via do estoque, a partir daproduo de glicognio. Discutiremos abaixo estasetapas.
-
Bases Nutricionais
12
Glicognese
Glicogneseoprocessopeloqualhaformaode glicognio heptico e muscular. Em ambos oscasosainsulinaohormniosinalizadordaenzimaglicogniosintase,responsvelemligarasmolculasde glicose a um primer (oitomolculas de glicoseligadas).Aenzimaligaasmolculasumaaumaatamolculadeglicognioatingiroseulimitemximo.O fgado possui a capacidade de estocar cerca de100gdeglicognio,enquantoomsculoesquelticopodearmazenarcercade150g(quantidadevariveldependendo do peso e estatura dos indivduos,estadofisiolgicoetreinamentofsico).
Glicogenlise
Aglicogenliseoprocessopeloqualoglicognio hidrolisado, liberando as molculas de glicoseparautilizaocomofontedeenergia.Oglicogniohepticoquebradomedianteestmulodoglucagon,responsvelemativaraenzimaglicogniofosforilase.Aglicoseprovenientedoglicognionofgadoaindasofredesfosforilao(retiradadofosfato)paraqueamesmaconsigasairdaclulahepticaealcanaracorrentesangunea.Aglicoseestocadanaformadeglicogniosintetizadopelofgadonoutilizadapelassuasclulas.Ofgadoproduzapenasparacontroleda glicemia. Portanto este glicognio quebradoapenasquandohalteraodaglicemia,eliberadonoplasmaparacaptaodeoutrostecidos.
O glicognio muscular quebrado medianteestmulo da noradrenalina nomsculo, liberando aglicoseparautilizaoapenasdasclulasmusculares.Diferentemente do fgado, a glicose provenientedoglicogniomuscularnopodesairdaclulaeutilizadaapenasporsuasprpriasclulascomofonteenergtica.
Gliclise e vias metablicas do piruvato
Apsacaptaodosmonossacardeospelas c-lulas,estasmolculassometabolizadasdeacordocomanecessidadedotecido-alvo.Aglicosepodeserdirecionadaparaumaviadenominadaviadaspen-toses,ondeamolculadeglicosesofredescarboxi-laoeconvertidaaumapentose(umacarcomcinco carbonos na sua composio). As pentosespossuem vrias funes celulares. Dentre elas po-demosdestacara ribose,umapentoseutilizadanasntesedenucleotdeos,monmerosformadoresdacadeiadeDNAeRNA.Outrasmolculasdeglicoseserodesviadasparaaformaodeglicoprotenas,importantesnaformaodeprotenasdemembranaematrizextracelular.Nofgadoenomsculoesque-ltico,partedaglicosecaptadautilizadaparaafor-maodoglicognio,molcularesponsvelpeloes-toquelimitadodecarboidratosdoorganismo.GrandepartedosmonossacrdeoscaptadospelasclulassoutilizadosparaaproduodeATPemanutenodosestoquesenergticoscelulares.
A glicose utilizada como fonte energtica serinicialmente quebrada em uma via metablicadenominada gliclise. A gliclise ocorre no citosolde todas as clulas, portanto no necessita deoxignio. Essa etapa realizada por clulas aerbiaseanaerbias,comoashemcias.Aglicliseocorreemdezetapaseoprodutofinalopiruvato.Acadamolculadeglicosehaformaodeduasmolculasdepiruvato.Asetapasdaglicliseestodescritasaseguir.
-
Bases Nutricionais
13
Figura5-Gliclise.Fonte:Acessoem:27/05/2014.
-
Bases Nutricionais
14
Agalactoseeafrutosetambmseguemaviadagliclisenasclulas,fornecendoamesmaquantidadedeATPsemrelaoglicose.
Aps a formao do piruvato, o mesmo podeseguir por duas vias distintas: a primeira via estrelacionadasclulasaerbicaseamolculaentranamitocndriaparaterminarseuprocessooxidativoatCO2egua,proporcionadoaoxidao totaldamolculadeglicose.Asegundaviaocorrenasclulasanaerbicas e amolcula de piruvato convertidaemcidoltico.Ocaminhopercorridopelopiruvatodependerdascondiesdeaportedeoxignionointeriordaclula.
O piruvato que deslocado para amitocndriasofre a ao da enzima piruvato desidrogenase,
responsvelpelasuaconversoemacetil-CoA.Esteseligaraooxalacetato,formandoocitratoeiniciandoociclodocitrato(ciclodeKrebs),responsvelpelaoxidao total da molcula. Ocorrem sete reaesconsecutivas que levam novamente formao dooxalacetato.Assim,ociclodeKrebsumaformadeoxidaototaldamolculadeacetil-CoAeexcreodestasmolculasqueocompenaformadeCO2 e gua.
Nesta situao, a produo de ATP para cadamolculadeglicosede38.Quandohaproduodecido lticoapsquebradaglicose,aproduototaldeATPsde2.
NailustraoaseguirestodescritasasreaesdociclodeKrebs.
Figura6-CiclodeKrebs.
-
Bases Nutricionais
15
Em algumas reaes que compem o ciclo deKrebs,hareduodetransportadoresdeeltrons,ou seja, os hidrognios retirados da molcula sorepassados para os transportadores NAD+ e FAD.Apsretiradososhidrognios,estestransportadoresrecebem estes eltrons e so reduzidos aNADH eFADH2. Os transportadores de eltrons entregaroesteshidrogniosnacadeiarespiratria,ondehaveraformaodeguaeATP.
Amitocndria uma organela que possui duasmembranas, a membrana externa e a membranainterna. A membrana interna tem uma grandesuperfcieedestaforma,possuivriosdobramentosdenominadoscristas.Inseridomembranainterna,existemvrioscomplexosproteicosresponsveispeloprocesso denominado cadeia respiratria. Abaixosegueilustraodosquatrocomplexosdemembranacomponentesdacadeiarespiratria:
Figura7-Complexosdacadeiarespiratria.
ONADHentregaseushidrogniosnocomplexo1,queretiraseueltronebombeiaestehidrognioparaoespaoentremembranas.Oeltrontransportadoparaocomplexo3eposteriormenteparao4,onderepassadoparaooxignionamatrizmitocondrial.OshidrogniosdoespaointermembranasretornammatrizpelaATPsintase.
Gliconeognese
Agliconeogneseaviaqueregulaaproduodeglicosenofgadoapartirdeoutrosmetablitos.Estaproduoocorrequandoaglicemiaestbaixaeoestoquedeglicogniohepticofoidevidamenteutilizado,ouquandohexcessodealgunssubstratosenergticosnosangue(aminocidos,lactato,glicerol)eofgadoremoveestesdosangue,produzindoglicose.
-
Bases Nutricionais
16
LIPDIOS
Definio
Os lipdios so substncias orgnicas compostasporC,H,O, pormde formadesproporcional, isto, apresentam maior proporo entre H e O. Somolculashidrofbicas,insolveisemguaesolveisemlcoois.
Funo
Os lipdios possuem diversas funes noorganismo. Os triacilgliceris possuem funoenergtica (1g de cido graxo = 9kcal). Podemser utilizados tanto para fornecer energia para asclulas,mastambmsoosprincipaisestoquesdeenergiadoorganismo.Oscidosgraxosinsaturadospossuem funes sinalizadoras e desencadeiamdiversasreaesmetablicasnoorganismo,almdeformarem a bainha demielina.O colesterol possuidiversas funes, comoa formaodemembranascelulares, componentedos saisbiliareseprecursorde hormnios sexuais (envolvidos com fertilidade)e da vitamina D. Os fosfolipdios so os principaiscomponentes damembrana celular, formadores dabicamada lipdica, componentes dos sais biliares edas lipoprotenas.Agorduracorporalpossui funoprotetora,poisatuacomoisolantetrmicoefsicoeagorduralocalizadanaregioabdominalpromoveaproteodasvsceras.
Classificao
Oslipdiospodemserclassificadosdeacordocomsuaestruturaqumicadaseguinteforma:
a) Lipdios simples: molculas formadas desteresdecidosgraxoscomlcool(triacilgliceroleceras).
b) Lipdios compostos:steresdecidosgraxoscontendo outros grupos alm do lcool e do AG1
1 Siglaparacidosgraxos.
(fosfolipdios,glicolipdios,sulfolipdios,lipoprotenaselipopolissacardios).
c) Lipdios derivados:substnciasprecursorase derivadas dos lipdios (cidos graxos, glicerol,esteris, corpos cetnicos, hormnios, vitaminaslipossolveisehidrocarbonetos)
O principal composto lipdico encontrado naalimentao o triacilglicerol, uma molculacompostadetrscidosgraxosligadosaumglicerol.Tambmsocomponentesdoslipdiosocolesteroleosfosfolipdios.
Figura8-Tiposdelipdiosencontradosnosalimentos.
cidos graxos
Oscidosgraxossocidoscarboxlicoscompostosde radical carboxila e uma cadeia carbnica dequantidade de carbonos varivel. Ao longo destacadeiacarbnica,oscarbonospodemfazerligaessimples ou duplas com outros carbonos. Podemser classificados pelo grau de saturao com ohidrognio,pelaposiodaprimeiraduplaligaoepelotamanhodacadeiadecarbonos.
-
Bases Nutricionais
17
Classificao dos cidos graxos pelo grau de saturao
Oscidosgraxosqueapresentamapenasligaessimplesaolongodacadeiacarbnicasodenominadoscidosgraxossaturados(caproico,caprlico,cprico,lurico,mirstico,palmtico,esterico).Oscidosgraxosquepossuemumaligaoduplaaolongodesuacadeiasodenominadoscidosgraxosmonoinsaturados(oleico).cidosgraxosquepossuemduasoumaisligaesduplasemsuacadeiacarbnicasodenominadocidosgraxospoli-insaturados(linoleico,linolnico,aracdnico,eicosapentaenoico,docosahexanoico).
Figura9-cidosgraxossaturado,monoinsaturadoepoli-insaturado.
-
Bases Nutricionais
18
Os triacilgliceris compostos por cidos graxossaturados so slidos a temperatura ambiente e,portantodenominadosgorduras.Osleosentretanto,so compostos em sua maioria por cidos graxosinsaturados.
Classificao dos cidos graxos de acordo com a posio da primeira dupla ligao
Dependendodaposiodaprimeiraduplaligao,os cidos graxos possuem funes diferentes epodemserdotipomega3,6ou9.
Classificao dos cidos graxos pelo tama-nho da cadeia
Os cidos graxos podem apresentar tamanhosdiferentesdeacordocomaquantidadedecarbonosnasuacadeia.Podemserclassificadoscomocidosgraxos de cadeia curta, mdia, longa ou muitolonga.Abaixosegueaclassificaodeacordocomaquantidadedecarbonos:
Cadeiacurta:2a4carbonos
Ex.:cidoactico,propinicoebutrico(formadoporbactriasintestinaisapartirdafermentaodefibras).
Cadeiamdia:6a10carbonos
Ex:cidolurico,cpricoecaprlico(cidosgraxosencontradosnoleodecoco).
Cadeialonga:12a18carbonos
Ex: cido palmtico, esterico (encontrados nasgorduras animais); cido oleico (encontrado noazeitedeoliva);cidolinoleico(encontradonosleosvegetais);cidolinolnico(encontradonalinhaa).
Cadeiamuitolonga:acimade20carbonos
Ex:cidoaraquidnico(gordurasanimais),cidoeicosapentanoico e docosahexanoico (encontradonosleosdepeixe).
Estaclassificaopropostapoissabe-sequeometabolismodocidograxovariadeacordocomoseutamanho.Temoscomoexemplooscidosgraxosdecadeiamdia, facilmentedigeridoseabsorvidosetransportadospelosanguesemanecessidadedelipoprotenas.
Gorduras TRANS
Os cidos graxos trans so obtidos atravs doprocesso de hidrogenao dos cidos graxos poli-insaturados para obteno de margarinas, cremesvegetaisegorduravegetalhidrogenada.Atualmentediscute-seosmalefciosdaingestodegorduratranspelo organismo, pois muitos estudos publicadosdiscutemosefeitosda ingestocrnicadegorduratransnaalimentao.Algunsdosefeitosnocivosdaingestodestasgordurasso:
Possuiaopr-inflamatriaeimunossupres-sora
Promoveagregaoplaquetria
AumentacolesteroltotaleLDL
DiminuiHDL
Aumentaresistnciainsulina
Podepromoverocncerdemama
Fontes alimentares
Os lipdios so componentes de quase todos osalimentosencontradosnanatureza.Estopresentesemalimentosde fonteanimal, comocarne, leite eovos, assim como nos vegetais gros, sementese castanhas etc. Apesar da grande variedade dealimentosquepossuemlipdiosnasuaconstituio,a propriedade conferida a esta gordura presenteem cada alimento pode variar de acordo com suaorigem, principalmente. Atualmente as principaisfontesalimentaresdegordurasodivididasemdoisgrupos: fontes alimentares de gordura saturada
-
Bases Nutricionais
19
(gorduradeorigemanimal)efontesalimentaresdegordurainsaturada(leosvegetais).
Gordura Saturada
As principais fontes alimentares de gordurasaturadasoosalimentosdeorigemanimal.Essesalimentostambmsedestacamporseremfontesdecolesterolnanossaalimentao.Hapenasalgunsalimentos de origem vegetal ricos em gordurassaturadas(coco,cacaueleodepalma).Dentreasgordurassaturadasexistentesdestacam-senanossaalimentao como principal componente lipdico,o cidopalmtico (16:0) eo cidoesterico (18:0)presentesnacarnedevitela,frango(principalmentenapele)eporco,enoleitedevaca.
Gorduras Insaturadas
Osalimentosricosemgorduradotipoinsaturadasogeralmentedeorigemvegetal:soja,azeitonaesementes em geral. Entretanto podemos encontrargordurainsaturada,especialmenteocidolinolnico,umcidograxopoli-insaturadodotipomega-3empeixesprovenientesdeguasgeladaseprofundas,comoosalmoeoatum.Asfontesalimentaresdegordura insaturada podem ainda ser divididas emdois subgrupos: alimentos fontes de cidos graxosmonoinsaturados (oliva, abacate, leo de canola epalma,nutseaa)epoli-insaturados(leosvegetais girassol, soja, milho, canola, aafro, algodo,gergelim).
cidos graxos do tipo TRANS
Os cidos graxos trans so obtidos atravs doprocesso de hidrogenao dos cidos graxos poli-insaturados para obteno de margarinas, cremesvegetaisegorduravegetalhidrogenada.Asprincipaisfontes alimentares de gorduras do tipo trans soas margarinas e os alimentos industrializados quelevamnoseupreparogorduravegetalhidrogenada(bolachas, sorvetes, chocolate, tortas, empadas,bolosindustrializados,salgadinhosetc.).
Colesterol
Ocolesterolestpresenteapenasnosalimentosdeorigemanimal,comocarnes,leiteeovos.Porm,sua quantidade pode variar de acordo com cadaalimento,aregioprovenienteeaformadecriaodessesanimais.
Digesto, absoro e transporte de lipdios
Triacilglicerol
Os triacilgliceris compreendem a maior fontelipdica da dieta, englobando cerca de 90% daingesto total de gordura. Sua digesto ocorreem diversos estgios do trato digestrio boca,estmago e intestino delgado, por exemplo paraqueaabsorosejafacilitadaaolongodointestino.
Adigestodoslipdiosinicia-senaboca.AlipaselingualsecretadapelasglndulasdeEbner(glndulasserosasda lngua).Apesarde liberadanacavidadeoral, esta enzima semistura ao bolo alimentar nabocaeatingeoestmago,ondeexercesuafunodevidoquedadepHpromovidopela liberaodosucogstrico.Noestmago,htambmaliberaopelamucosa gstrica de outra enzima responsvelpela digesto de lipdios: a lipase gstrica. Ambaslipases,alingualeagstrica,promovemadigestoparcial dos lipdios ingeridos, hidrolisando cidosgraxoslocalizadosnaposioSN-3dostriacilgliceris,liberandodiacilglicerolecidosgraxoslivres.
Oestmagoresponsvelporcercade10-30%dadigestodoslipdiosingeridos.Estapr-digestogstrica facilitaadigestodos lipdiosnoduodeno,almdeaumentarasolubilidadedostriacilgliceris,facilitar a ligaoda colipasenoduodenoe liberarmais cidos graxos livres. Todos esses fatorescontribuempara a liberao de colecistocinina, umhormnio liberado no intestino pela presena delipdios,queparticipatantonocontroledadigestoquantonocontroledafomeesaciedade.
-
Bases Nutricionais
20
Comomencionado, as lipases lingual e gstricatmuma funodepr-digestodos triacilglicerisno estmago e parte no duodeno, entretanto comsuaaoreduzida.Apesardesteimportantepapel,amaiorpartedadigestoocorreporenzimaspresentesnosucopancreticosecretadonointestinodelgado.
Oprimeirofatorquelanadonoduodenocomapresenadealimentosnoestmago,principalmentecom gordura, so os sais biliares. Esses saisproduzidospelofgadopossuememsuacomposiofosfolipdios,colesterolebilirrubina.Apssuasntese,soarmazenadosnavesculabiliareliberadosatravsdoductobiliarparaoduodeno.Ossaisbiliaresnopossuem enzimas capazes de digerir a gordurapresentenoquimorecm-chegadodoestmago.
Ossaisbiliaressodetergentesdotratodigestrioresponsveispelaemulsificaodoslipdios.Quandoos lipdios chegamao duodeno, comoumagrandegota de gordura hidrofbica, os sais biliares solanadosequebramestagota,formandopequenasmicelashidrossolveis,facilitandoaaodasenzimaspancreticasnadigestototaldoslipdios.
Quandooslipdiosalcanamointestinodelgado,ocorre a mais importante etapa da digesto, quecompreendecercade70%dadigestolipdicatotal.tambmno intestinoqueoprocessodigestriofinalizado e os lipdios so finalmente absorvidos.Neste processo realizado no duodeno e jejuno, aprincipalenzimaatuantealipasepancretica.
A lipase pancretica uma enzima que possuifuno e atuao semelhantes s lipases lingual egstrica,poishidrolisaostriacilgliceris,liberandooscidosgraxosligadosaoglicerol.
Colesterol
Amaioriadocolesterolingeridopeladietaapresenta-senaformadecolesterollivre,demodoque10-15%encontradonaformadesterdecolesterol,ouseja,umamolculadecolesterolligadaaumcidograxo.
Esses steres de colesterol que entramno intestinodelgadodevemprimeiroserhidrolisadosemcolesterollivre e cidos graxos para que depois possam serabsorvidos. A enzima envolvida no processo dehidrlisedosterdecolesterolnointestinodelgadoacolesterolesterasepancretica.
Fosfolipdios
A digesto dos fosfolipdios ocorre no intestinodelgado,poisa lipasegstrica incapazdedigeri-los.Osfosfolipdios(predominantementeafosfatidilcolina) so encontrados emmicelasmisturadas nabilejuntamenteaocolesteroleossaisbiliares.Umaveznolmenintestinal,osfosfolipdiostendemaselocalizardo ladodeforadasmicelas,revestindoasmesmas.Aenzimaqueage sobre a fosfatidilcolina a fosfolipase A2 pancretica (PLA2), hidrolisandoo cido graxo localizado na posio SN-2 destefosfolipdio, gerando como produto final cidograxoe lisofosfatidilcolina (LPC).TambmpodeserencontradonosucopancreticoaenzimafosfolipaseA1 (PLA1), que pode ter algumaatividade sobre osfosfolipdios provavelmente devido presena dalipasepancretica.
AfosfolipaseA2fabricadapelopncreasesecretadano intestinodelgado juntamenteaosucopancreticonaformadezimognioaninico(formainativa) que ativado pela clivagem da molculapromovidapelatripsina.Necessitadesaisbiliaresnaconcentraode2:1paraatuarnos fosfolipdios,eencontra-se umamaior concentraodesta enzimanabordaemescovadointestinodelgado.
Apsadigestototaldestes lipdiosno intestinodelgado,osmesmosseroabsorvidospelasclulasintestinais,ou seja,osentercitos.Aabsorodoslipdiosocorreprincipalmentenojejuno,epequenapartenoleo.
Aformadeabsorodoslipdiosdiferedeacordocomsuaestrutura,polaridadeetamanhodacadeiacarbnica.
-
Bases Nutricionais
21
cidos graxos de cadeia curta, mdia, glicerol
O tamanho da cadeia dos cidos graxos omaiordeterminantedesuaabsoro.Amaioriadoscidosgraxosquepossuemmenosdedozecarbonosna sua cadeia (cadeia curta e mdia) absorvidapassivamente pela mucosa intestinal e caemdiretamentenaveiaporta.Oglicerolumamolculasolvelemguaeeleatravessaacamadaestacionriadeguapordifusoeamucosaintestinalatravsdeumcarreadorpresentenamembranadoentercito.Oscidosgraxosdecadeialongaeasmolculasdemonoacilglicerol somolculasapolareseprecisamdeauxlioparaatravessaracamadaestacionriadegua.
cidos graxos de cadeia longa e colesterol
Aps digesto completa no intestino os cidosgraxos, monoacilglicerol e colesterol esto prontospara serem absorvidos. Entretanto esta tarefa no muito simples, visto que para serem absorvidosnecessitam atravessar duas barreiras importantes:a primeira a camada estacionria de gua e asegundaamucosadamembranacelular lipdica,alm de outros fatores que so determinantes noprocessodeabsorodoslipdios.
Camada estacionria de gua
A camada estacionria de gua localiza-se emtoda a extensodo lmen intestinal, revestindo asmicrovilosidades.Estabarreiraamaiordeterminanteda razo de absoro passiva de cidos biliares ecidosgraxosdasmicelaspelamucosadas clulasdojejuno.Teoricamente,umareduodacamadadeguaestacionrialevariaaumaumentosignificativodaabsorodemolculasdasmicelas.Paraqueasmolculassejamabsorvidas,elasdevematravessaracamadaestacionriadeguapordifuso,chegandobordaemescova.Comoasmolculaslipdicas(cidosgraxos, colesterol emonoacilglicerol) so apolares,ouseja,possuembaixaafinidadecomagua,sua
solubilizao e consequentemente interao com acamadamuitobaixa,epoucasmolculasconseguemchegarborda.Emcontraste,asolubilizaomicelarfeitapeloscidosbiliaresaumentaconsideravelmenteaquantidadedemolculaslipdicasqueconseguemser absorvidas pelo entercito. Visivelmente, sabe-se quando os lipdios no trato digestrio estodevidamentesolubilizadospeloscidosbiliares,peloseu aspecto. Quanto menos os lipdios possuemaspectodeleoemaispossuemumaspectoviscosobranco,maiorsuasolubilizao.
A solubilizao micelar um mecanismoextremamente importante para a absoro lipdica,masnoonico.Outrosfatoresinfluemdiretamente,comoporexemploaconcentraodecidosbiliaresou sua forma (como o trihidroxi cido biliar queaumenta no s a digesto do colesterol, mastambmaumentasuaabsoro);otipodecarreadorenvolvido na absoro dos lipdios (dependente ouno de ATP, por exemplo) e a disponibilidade doscarreadoresnabordaemescova.
Mucosa intestinal
Oepitliodasclulasintestinaispossuiumabordaemescovadeformatoapicalconstituintedemilharesde microvilosidades. Este arranjo estrutural causauma barreira aos lipdios digeridos, assim comodrogaslipolticas,vistoqueoespaoexistenteentreasmicrovilosidadesmuitopequenoenoqualquermolcula que consegue alcanar este espao.Entretanto, partculas micelares e submicelaresconseguempenetraroespaoentremicrovilosidadese desta forma facilitar a absoro dos lipdios pelamembranacelulardamicrovilosidade.
At pouco tempo atrs, acreditava-se quecidos graxos e monoacilgliceris eram absorvidospelos entercitos via difuso, de forma passiva eno dependente de temperatura. Alguns estudosindicaram a existncia de uma protena ligadora decidos graxosnamembranaem formade escova erelataram um papel fundamental desta protena na
-
Bases Nutricionais
22
absoro de cidos graxos para o entercito. Essemesmopesquisadordemonstrouquealguns lipdios,especialmentecidosgraxossolevadosparadentrodoentercitoviaprocessosmediadosporcarreadores.
A protena FABPi (Fat Acid Binding Proteinintestinal) o principal carreador responsvel pelaabsoro de cidos graxos, mas esta protenatambmpossuiespecificidadecomcolesterol(apenasnaformalivre).Elaencontradaemsuamaiorianaregio apical e lateral das vilosidades, assim comonacrista.AFABPaparececomoprincipalcandidatatransportadoradamaioriadasmolculaslipdicas,incluindoocolesterol.
Todoocolesterolnecessariamenteabsorvidonaformalivre.Paratanto,aaodacolesterolesterasecrucialparaqueocorraaabsorodocolesterol.Estamolculaincorporadanasmicelaseassimconsegueatravessaracamadaestacionriadeguaealcanarseuscarreadoresespecficosnamembranacelular.
Aps a absoro luminal os lipdios soreesterificadospeloentercitoetransferidosparauma
lipoprotena denominada quilomcron, responsvelpelo transporte de gorduras.Os cidos graxos sonovamente ligados ao monoacilglicerol, formandonovamenteotriacilglicerol.Tambmocorrealigaode alguns cidos graxos aos monofosfolipdios,formandoosfosfolipdios,eocolesterollivrerecebeumanovamolculadecidograxo,formandoocidograxoesterificado.
A montagem do quilomcron ocorre no retculoendoplasmticolisodoentercitoeasmolculasdegorduraprovenientesdaalimentaoseencontramemsuamaiorianointeriordamolculadequilomcron.
O quilomcron atinge a corrente linfticaprimeiramente(devidoaoseutamanhoexcessivo)eostriacilgliceris(TAG)sodistribudosparaostecidosperifricos.AcaptaodeTAGpelostecidosocorrepormeiodaenzima lipasede lipoprotena (LPL).ALPLhidrolisaotriacilglicerol,liberandoocidograxoepermitindosuapassagempelamembranacelular.ApsadistribuiodeTAGpelostecidosoquilomcronsedirigeao fgado,pela corrente sangunea,nestemomentodenominadoquilomcronremanescente.
Figura10-Absoroetransportedegorduradiettica.
-
Bases Nutricionais
23
Metabolismo dos lipdios
Papel do fgado no metabolismo lipdico
O fgado possui importante funo comogerenciador do metabolismo intermedirio efornecedor de substratos energticos para ostecidosperifricos.Estergotempapelimportanteno metabolismo dos macronutrientes como oscarboidratos,protenas,aminocidoselipdios.Entresuas diversas funes destaca-se a distribuio deintermedirios do metabolismo para os tecidosperifricos. Em relao ao metabolismo lipdico,o fgado o responsvel pela determinao dasconcentraes plasmticas de TAG, AGL, colesterole lipoprotenas.O trfegode lipdiosbidirecional,organizadosobumasriedecondiesfisiolgicasetemseubalanoestabelecidopelasconcentraesdelipdiosquesosecretadospelofgado,captadosouliberadospelostecidosperifricoserecaptadospeloprpriofgado.
Agorduraquechegaaofgadopossuidiferentesdestinos estabelecidos pelas condies hormonaisemetablicas do indivduo. Ele responsvel pelacompartimentalizaodoslipdiosqueseguemquatrovias diferentes: os lipdios podem ser estocados,oxidadosparaaproduodeATP,utilizadosparaaformaodecorposcetnicosouexportadosparaostecidosperifricosatravsda lipoprotenademuitobaixadensidade(VLDL).
Atualmente sabe-se que o fgado capaz deestocar lipdios, que podem ser originrios dalipognese, liberados pelos tecidos perifricos nosanguevialiplisenaformadecidosgraxos(AGL)egordurasprovenientesdadieta,asquaischegamao fgado atravs dos quilomcrons aps absorointestinal.Noshepatcitos,oslipdiospodemseguirpor rotas diferentes (partio) estabelecidas peloestado fisiolgico e metablico do indivduo. Noestadops-prandialaaltaconcentraode insulinasrica a principal responsvel pela esterificaode cidos graxos em TAG. A insulina sinaliza a
ativaodaenzimaglicerol-3-fosfatoacil-transferase,responsvelpelopassoinicialdasntesedeTAGpelohepatcitos,mostrandoqueosprocessosdesntesede TAG e degradao deAGCL somediados peloestadofisiolgicodoindivduo.Aplasticidadehepticaconfereaessergoa funodearmazenamento,com objetivo de neutralizar a toxidade dos cidosgraxosliberadospelotecidoadiposoouprovenientesdedietashiperlipdicas.
O fgadograndeconsumidordecidosgraxosde cadeia longa (AGCL) para gerao de energianecessriaparaoseufuncionamento.A-oxidaomitocondrialamaisimportanterotaparaoxidaodeAGCLeamaisconsidervelpartiorelacionadaaometabolismolipdicodentrodofgado.OprocessopeloqualoscidosgraxosdecadeialongapermeiamamembranamitocondrialdependentedecarnitinaedeumcomplexoenzimticodenominadoCarnitinaPalmitoilTransferase.OcomplexomitocondrialCPT(CPTI,IIeCACT)omaisbementendidocomplexoenzimtico demembrana dessa organela celular. AcapacidadedaenzimaCPTIemconverterAcil-CoAemacilcarnitinaeacatliseinversapromovidapelaenzimaCPTIInamatrizmitocondrialresultanaefetivatransferncia damolcula deAGCLpara dentro damatrizmitocondrial.ACPTIumaprotenaintegralde membrana e localiza-se na membrana externadamitocndria,enquantoaCPTIIumaprotenaperifrica ancorada no lado interno da membranamitocondrialinterna.ACPTIestasensvelinibioalostricadamolculademalonil-CoA,talfatotornaa aodaCPT I, o principal sitio de controle paraformaodaacilcarnitinaebeta-oxidao,almdesuscetvelaocontrolepromovidopelainsulina.
Aregulaodaoxidaolipdicasensivelmenteinfluenciada pelo estado fisiolgico do individuonofgado.Nohepatcitos o acetil-CoAproveniente dabeta-oxidao pode ser utilizado para gerao deenergia ou formao de corpos cetnicos em umasrie de reaes do ciclo HMG-CoA, que resultamem acetoacetato ou betahidroxibutirato. No jejumprolongado, amaior produo de corpos cetnicos
-
Bases Nutricionais
24
agenteprotetornoorganismocontraaprotelisealmdefornecersubstratosparageraodeenergiaemoutrosrgos.
Otransportedetriacilglicerolecolesterolparaostecidos perifricos realizado pelo fgado atravsdas lipoprotenas, estruturas esfricas compostasde apolipoprotenas, triacilglicerol, fosfolipdios ecolesterol.Ofornecimentodetriacilglicerolparaostecidosextra-hepticosocorreatravsdalipoprotenade muito baixa densidade (VLDL), sendo o tecidoadiposo e omsculo esqueltico os dois principaisreceptores. Alm da VLDL, o fgado responsvelpela sntese da lipoprotena de baixa densidade(LDL),partcularicaemcolesterolerepresentaumafraoremanescentedeVLDLealipoprotenadealtadensidade(HDL)cujafunorealizarotransportereverso de colesterol da periferia para o fgado.Dentre todas as lipoprotenas, a VLDL a nicatotalmentesintetizadapeloshepatcitos.Aproduoe secreo da VLDL pode ser regulada atravs dadieta e por fatores endcrinos, como a insulina,principal hormnio responsvel pelo estmulo daproduodaVLDL.
A VLDL liberada pelo fgado atinge a circulaosangunea e distribuda pelos tecidos de formaequivalenteaoquilomcron.Napresenadeinsulinacirculante,amaiorpartedosTAGsdestaslipoprotenascaptadaporclulasdotecidoadiposo(adipcito)para estoque. Na presena de glucagon circulante na corrente sangunea, o TAG das lipoprotenas captadoemgrandepartepelomsculoesquelticoparautilizaodocidograxocomofonteenergtica.
Armazenamento da gordura
H muito tempo est bem estabelecido naliteratura o papel do tecido adiposo branco (TAB)comoarmazenadordeenergianaformadegordura(triacilglicerol).
Oarmazenamentodetriacilglicerolpeloadipcitoocorre tantopela captaodasgorduraspresentes
nas lipoprotenas circulantes, como pela produode cidos graxos, atravs da lipognese. Estesmecanismosestodescritosabaixo.
O armazenamento de gordura pelo tecidoadiposo branco ocorre na presena de insulina.Estehormnioativaaenzimalipasedelipoprotena(LPL), responsvel pela captao de cidos graxosdo sangue pelo adipcito. A gordura chega aoadipcitopormeiodaslipoprotenas.Oquilomcronresponsvelpelagorduraexgena(diettica,gorduraproveniente da alimentao) e a lipoprotena demuitobaixadensidade(VLDL)transportamagorduraendgena, proveniente do fgado, ambas sob aforma de triacilglicerol (trs cidos graxos ligadosa uma molcula de glicerol). Para que os cidosgraxos entrem nos adipcitos, estes precisam serhidrolisados da molcula de triacilglicerol. A lipasedelipoprotenafazestahidrlise,liberandooscidosgraxosparaoadipcito.
Aps a entrada dos cidos graxos, ocorre areesterificaodosmesmos,ouseja,estasmolculasvoltam a se ligar em uma molcula de glicerol,remontandoassimotriacilglicerolqueserestocadono dropletlipdico(reservatriodegorduraqueestpresentedentrodocitoplasmadosadipcitos).
Liplise e oxidao de gordura
Os cidos graxos provenientes do TAGpresentenas lipoprotenas captado pelo adipcito paraestoquedereservasenergticas.Emsituaesondehoaumentodademandaenergticanoorganismo,omesmoliberahormniosresponsveispelaquebrado TAG destas clulas e posterior liberao dacorrentesangunea.OprocessopeloqualoTAGdoadipcitohidrolisadoeseuscidosgraxosliberadosnacorrentesanguneadenominadoliplise.
Os hormnios responsveis pelo estmulo da li-plise so as catecolaminas (adrenalina e noradre-nalina, liberadosprincipalmenteduranteoexercciofsico),entretantooutroshormniospodemdesem-
-
Bases Nutricionais
25
penharestepapel,comoocortisoleohormniodocrescimento(GH).Esteshormniosseligamaseusreceptores demembrana localizados namembranadoadipcito,ocorreumacascatadesinalizao in-tracelulardependentedaativaodoAMPceconse-quenteativaoda lipasehormniosensvel (LHS).EstaenzimaresponsvelpelaquebradoTAGesto-cadonoadipcitoeliberaodecidosgraxoslivresparaacorrentesangunea.Aalbuminaumapro-tenaresponsvelpelotransportedoscidosgraxoslivreshidrolisadosdoadipcito.Estescidosgraxospodem ser captados pelomsculo esqueltico (emsituaesdeaumentodademandaenergtica,comoporexemplonoexercciofsico)oupelofgado,queirreesterificarocidograxoemTAGnovamenteeeliminar via VLDL para o sangue. Na segunda via,estagordurapoderetornaraoadipcito.
Figura11-Lipliseetransportesanguneodoscidosgraxos.
Beta-oxidao de cidos graxos
Aps a captao dos cidos graxos pelomsculoesqueltico,estes so transportadosatamitocndriaparasofreroxidaoeformaodeATP.O transporte de cidos graxos do citoplasma paraa mitocndria depende de uma amina quaternriadenominadacarnitina,responsvelportornarocidograxo permevel membrana mitocondrial. Estemecanismodetransporteocorrecomonofgado.
Apsaentradadocidograxonamitocndria,estesofreumprocessodebetaoxidao,ouseja,ocorreaquebradocidograxoemmolculasdeacetil-CoA.Asetapasdabetaoxidaoestodescritasabaixo:
-
Bases Nutricionais
26
Esta etapa ocorre para a formao do primeiroacetil-CoAdamolculadecidograxo.Umamolculadecidograxocom16carbonosresponsvelpelaformaode8molculasdeacetil-CoA,portantoestasquatro etapas descritas anteriormente acontecemsetevezes.Ocidograxoquebradodedoisemdoiscarbonosatliberaras8molculasdeacetil-CoA.
Aps a formao das molculas de acetil-CoA,estasserooxidadasnociclodocidoctrico(ciclodeKrebs) e posteriormente seus hidrognios seguiroparaacadeiarespiratriaparaaproduodeguae ATP. Cada molcula de cido graxo provenientedo tecido adiposo (cidopalmtico, 16 carbonos) responsvelpelaformaode129ATPs,portantoagorduraumamolculamaisenergticaemrelaoaocarboidratoeaprotena.
Lipognese
Alipogneseaformaodecidosgraxosapartirdeoutroscompostosenergticoscomocarboidratose protenas. Essa via estimulada quando h umexcesso de acetil-CoA proveniente do piruvato oudeaminocidoscetognicosnamitocndriaseguidode um excesso de ATP. O excesso de ATP exerceestmuloinibitriosobreasenzimasdociclodeKrebse h um acmulo de acetil-CoA na mitocndria.Este acetil-CoA se liga ao oxalacetato e forma ocitrato,quetransportadoparaocitosol.Ocitratodissociadonovamenteemacetil-CoAeoxalacetato,easmolculasdeacetil-CoAsocondensadasumaaoutraparaaformaodocidograxo.Asntesedecidosgraxosocorredamesmaformaqueaquebra,pormdeformainversa,ouseja,molculasdeacetil-CoAsoadicionadasumaaumaatravsdaetapadecondensaoqueocorreemquatroreaes.Aofinaldestaetapa,umanovamolculadeacetil-CoAsofreesteprocessonacadeiapr-formadaatformarumcidograxode16carbonos(cidopalmtico).Paraaformaodecadamolculadecidopalmtico,sonecessrias8molculasdeacetil-CoA.
Figura12-Sntesedeacetil-CoAecidosgraxos.
Sntese de corpos cetnicos
Asntesedecorposcetnicosocorreemsituaesmetablicas em que o indivduo encontra-se emjejum prolongado ou em uma dieta cetognica,ou seja, com ausncia de carboidratos. Os corposcetnicos so compostos energticos que podemserutilizadospelasclulasnervosascomofontedeenergianaprivaodecarboidratos,vistoqueestasclulas no tm a capacidade de oxidar a gorduraatravsda-oxidao.Ofgadooresponsvelporesteprocesso,oxidandoocidograxoemacetil-CoAeformandooscorposcetnicosapartirdeste.
Oestmulodasntesedecorposcetnicosocorreatravs do cortisol, responsvel pela ativao davia metablica. Alm disso, outro estmulo paraa formao de corpos cetnicos o acmulo deacetil-CoAnaclulaquenoconsegueseroxidadono ciclo de Krebs pela deficincia do oxalacetato.Esta molcula, na ausncia de glicose, desviadado ciclo de Krebs e utilizada pelo fgado para aformao de novas molculas de glicose em umprocessodenominadoneoglicognese.A conversodo oxalacetato emglicose ocorre emgrande parteforadamitocndria,eamesmasetornadeficienteem oxalacetato, inibindo a formao do citrato eposteriorofuncionamentodociclo.
-
Bases Nutricionais
27
Asmolculasdeacetil-CoAqueseacumulamsoligadaseposteriormentehidrolisadasemtrscompostosdiferentes:acetaldedo,acetonae-hidroxibutirato.
Figura13-Formaodoscorposcetnicos.
Sntese de colesterol
Asntesedecolesterolocorrenofgadoapartirdoexcessodeacetil-CoAnamitocndria,provenientedaoxidaodecidosgraxos,glicoseouaminocidoscetognicos.AinsulinaohormnioqueativaaenzimaHMGCoA redutase,enzimamais importantedoprocesso.A sntesede colesterolpelo fgadoocorreporexcessoalimentaremumadietaricaemcarboidratoegorduras.Entretanto,sabe-sequehumcomponentegenticoassociadoaestaformao,aumentandoasnteseaproduoendgenamuitoalta.
-
Bases Nutricionais
28
PROTENAS
Introduo
Hmuitotempoasprotenasforamreconhecidascomooselementosestruturaisdetodasasclulasdoorganismosendoconsideradasasmais importantesmacromolculasdasclulasporrepresentarempelomenos50%damassacelularseca.
O termo protena derivado da palavra gregaproteos que significa primeira importncia. Asprotenas foram descrita pela primeira vez peloqumicoholandsGerhardMulder,nosculoXIX.
As protenas so compostos orgnicos de altopesomolecular,formadospelauniodeaminocidosqueseligamunsaosoutros.asequncianaqualos aminocidos se organizam que vai diferenciaras diversas protenas existentes no organismo esua funo. Na sua composio so encontradostomos de carbono (C), hidrognio (H), oxignio(O)enitrognio(N).Almdesteselementos,outrostambm podem fazer parte da estrutura proteica,como enxofre, ferro, cobalto, zinco e fsforo. Onitrognio representa aproximadamente 16% daestruturaproteica.Nasplantas,soprovenientesdosnitritoseamnia,enosanimais,deoutrosalimentosproteicos.
Desta forma as protenas no so apenas asmais abundantes da clula mas tambm as maisimportantesnaestruturaefunocelular.
Funo
As protenas so nutrientes construtores(estruturais), responsveis pela formao,crescimento e reparo tecidual. Esto envolvidas naformaodamassamuscular,sntesedehormnios,enzimas, anticorpos, receptores e transportadorescelulares e sanguneos. So tambm componentesdas membranas celulares e podem ainda fornecerenergia(aproximadamente4kcal/g).
Classificao
Asprotenaspodemserclassificadasdeacordocomasuaestruturaoufunobiolgica.Pelaclassificaoestrutural,asprotenassodivididasemdoisgrupos:protenassimpleseconjugadas.Asprotenassimplesso aquelas formadas apenas por aminocidose podem ser fibrosas (colgeno, elastina, actina,miosina)ouglobulares(casena,anticorpos,enzimas,hormnios, albumina, mioglobina, globulinas). Asconjugadas so aquelas que apresentam na suaestrutura, alm de aminocidos, uma substncianoproteicacomoaslipoprotenas,glicoprotenasefosfoprotenas.
Figura14-Tiposdeprotenas.
Deacordocomsuafunobiolgicaasprotenaspodemserdivididasemdiferentesgrupos:
-
Bases Nutricionais
29
estrutural - colgeno (tecido conjuntivo),queratina(cabelos,unhas)
contrtil-actina,miosina(contraomuscular)
regulatria-receptoreshormonais
transportesanguneo-hemoglobina(oxignio),albumina(AGL)
transportecelular-FABP(AGL),GLUT(glicose)
hormnios-insulina,glucagon,GH
cataltica-enzimas
protetora-anticorpos,interleucinas,TNF
armazenadora-ferritina
Composio
As protenas so polmeros de aminocidos querepresentamaunidademonomricadaprotena.Aligao de dois aminocidos forma os dipeptdeos,trsostripeptdeos,attrintaosoligopeptdeoseatcemaminocidosospolipeptdeosoupeptdeos.Asprotenassoformadaspelajunodemaisdecemaminocidos agrupados em uma ou mais cadeiaspolipeptdicas.Exemplos:insulina(51aa,2cadeias)ehemoglobina(574aa,4cadeias).
Os aminocidos
Como dito anteriormente, as protenas soformadasapartirdacombinaodeaminocidos.Nosalimentossoencontradosvintetiposdeaminocidosqueseroutilizadosparaasnteseprotica.Oquevaidiferenciarumaprotenadaoutraasequnciadeorganizaodestesaminocidos.
Estrutura
A estrutura de um aminocido composta porcincopartesqueincluemumcarbonocentral(),umhidrognio (H), um grupamento carboxila (COOH),um grupo amino (NH2) e uma cadeia lateral (ougrupoR).Oquediferenciaumaminocidodooutroacadeialateralqueeleapresenta.Aalanina,porexemplo,temumgrupamentoCH3nogrupoR.
Classificao
Osaminocidossoclassificadosemessenciaisounoessenciais.Dos vinte aminocidos encontradosnosalimentos,oitosoessenciais,ouseja,nososintetizados: triptofano (Trp), lisina (Lis), treonina(Tre), fenilalanina (Fen), metionina (Met), leucina(Leu), isoleucina (Iso) e valina (Val), estes trsltimostambmchamadosdeBCAA(branchchainaminoacidsaminocidosdecadeiaramificada).
-
Bases Nutricionais
30
Osoutrosdozeaminocidosnoessenciaisproduzidosnoorganismoso:glicina(Gli),alanina(Ala),serina(Ser),cistena(Cis),tirosina(Tir),histidina(His),aspartato(Asp),asparagina(Asg),arginina(Arg),prolina(Pro),glutamato(Glu)eglutamina(Gln).Soessenciaisaargininaemcrianaseahistidinaemlactentes.
Osaminocidostambmpodemserclassificadosdeacordocomsuaestruturaqumicaemseisgrupos:aromticos(Fins,Tir,TrpeHis),neutros(Gli,Ala,Iso,Leu,Val,SereTre),sulfurados(MeteCis),cidos(Asp,Asg,GlueGln),bsicos(LiseArg)ecclicos(Pro).
Formao e estrutura
Osaminocidosquecompemasprotenasunem-seporligaespeptdicas.Nestasligaesocarbonodogrupamentocarboxilairseligaraonitrogniodogrupoaminodeoutroaminocidoliberandoumamolculadegua.
Asligaespeptdicasentreosaminocidosformamumacadeiaproteica(polipeptdica)quepodegiraremtornodeseustomosdecarbono,criandoconformaestridimensionaisdeprotenas.Osaminocidosligadosemsequncialinearconstituemaestruturaprimriadaprotena.Aprotenasedobrasobresimesmaparaformarasestruturassecundrias(-hliceefolha pregueada),criandopontesdehidrognio,fazendocomqueasestruturassecundriasfiquemdispostasumasemrelaosoutraspara formaraestruturaterciria,queoarranjotridimensionaldetodosostomosnamolcula.Aprotenapodeterdiversascadeiaspolipeptdicasquesochamadasdesubunidades.Ainteraodeumasubunidadeemrelaosoutrasaestruturaquaternria(funcional)daprotenaepodesermediadapelaspontesdehidrognio,atraeseletrostticaseinteraeshidrofbicas.
Figura15-Estruturadasprotenas.
-
Bases Nutricionais
31
Figura16-Estruturadasprotenas.
As interaesquemantmaestrutura tridimen-sionaldasprotenassofracasepodemserrompidasfacilmente,fazendocomqueaprotenasedesdobreepercasuafuno.Odesdobramentodaprotenachamado de desnaturao e ocorre nas estruturassecundria,terciriaouquaternriasemperdadaes-truturaprimria.Adesnaturaopodeserreversvelparaalgumasprotenaseelasdevemserrenaturadasparaquetenhamasuaatividaderecuperada.
Digesto, absoro e transporte de protenas
Adigestodasprotenasinicianoestmago,comquebra de 10-20% das protenas pela hidrlise deprotenas em polipeptdeos a partir da ativao dopepsinognioempepsinaemmeiocido(pH2a3).Amaiorpartedadigestoocorrenointestinodelgadopelaliberaodatripsina,queativaoutrasenzimasproteolticas pancreticas, carboxipeptidases equimiotripsina,fazendocomqueprotenasintactaseaspr-hidrolisadasnoestmagosejamdigeridasemaminocidos, dipeptdeos e polipeptdeos menores.Ainda no intestino delgado, as clulas da mucosaintestinal produzem peptidases que finalmenteterminam o processo de digesto das protenas
pela quebra dos polipeptdeos e dipeptdeos emaminocidosedipeptdeos.
Aabsorodosaminocidosaconteceno jejunoeleoportransportepassivo.Almdosaminocidos,dipeptdeosetripeptdeostambmsoabsorvidos.
A maioria dos aminocidos tem um mesmotransportadordependentedesdio.Osindependentesdesdiosoosaminocidosneutros (Ser,Ter,Cis,Asp,Gln,Tir)eosbsicos(Lis,Arg,His).
Aconcentraoplasmticadeaminocidosde35a65mg/dl;valoresmaiselevadossoencontradosapsarefeioeoexcessoserabsorvidoprincipalmentepelofgado,ondeseropreferencialmenteoxidados.
Metabolismo das protenas
Os aminocidos absorvidos sero utilizadospara sntese de protenas e de outros compostos(bases nitrogenadas, hormnios, vitaminas) oupara degradao oxidativa. O pool de aminocidossanguneosprovenientedadigestodasprotenasdietticasedadegradaodasprotenascorporais.Estesaminocidos, comoditoanteriormente, sero
-
Bases Nutricionais
32
utilizadosparasntesedenovasprotenascorporaisouserodesaminadoscomseparaodonitrognioedacadeiacarbnica.Acadeiacarbnicaserutilizadaparaproduodeenergia,sntesedeglicoseedelipdios.Jogrupamentoamnico(NH2)serconvertidoemureia(NH2CONH2)eexcretadopelaurina.
Figura17-Metabolismodosaminocidos.
Quandodegradados,osaminocidospodemfornecerat10%daenergiametablicageradanostecidos.Ocatabolismoproteicoocorreapartirdeduasviasdedegradao:adesaminaonofgadoeatransaminaonomsculoedemaistecidos.
A degradao e sntese proteica so reguladas por hormnios.O hormnio do crescimento (GH) e ainsulinasecretadosnoperodops-prandialeps-exerccioestimulamosprocessosdesnteseproteica,jocortisol e o glucagonvoestimularadegradaonosperodosdejejumedeexerccio.
Adiminuiodadisponibilidadedeaminocidosreduzasnteseproteicaeasprotenascorporais,comaumentodadegradaomuscularesnteseheptica.
-
Bases Nutricionais
33
Desaminao oxidativa
Desaminaooprocessoderemoodonitrogniodosaminocidoscomliberaodogrupoaminonaformadeamnialivreeformaodeumalfa-cetocidoquepodeseropiruvato,acetil-CoA,acetoacetil-CoA,-cetoglutarato,fumarato,succinil-CoAouooxaloacetato.
Oquevaideterminarotipodecetocidoformadooaminocidoquefoidesaminado.Oscetocidosentramno ciclo do cido ctrico e desta forma sero oxidados, formandoCO2,H2OeATPna cadeia detransportedeeltrons.
Figura18-Oxidaodosaminocidos.
Aamnialivre(NH4+)liberadadadesaminaodosaminocidosserutilizadaparasntesedeglutamatoe posteriormente ser convertida emureia.O glutamato ser formado pela ligao entre a amnia e o-cetoglutarato,poraodaenzimaglutamatodesidrogenase.
-
Bases Nutricionais
34
Transaminao
Nomsculoeoutrostecidosocatabolismodosaminocidosocorreportransaminao,queatransfe-rnciadogrupoamnicoao-cetoglutaratoformandoglutamatoeoalfa-cetocidocorrespondente,reaocatalisadapelasenzimastransaminases ou aminotransferases.
Oglutamatoproduzidoserremovidoprincipalmentenofgadoportransaminaocomoxaloacetatoeformaodeaspartatoouserdesaminadoproduzindoamnia(NH4+)e-cetoglutarato.Oaspartatoeaamniaproduzidosseroutilizadosnociclodaureia.
-
Bases Nutricionais
35
Sntese de ureia
Oaspartatoeamniaproduzidosdatransaminao/desaminaodoglutamatoeoutrosaminocidosnofgadoseroutilizadosparasntesedeureia.
Nociclodaureia,primeiramenteaamnialivre(NH4+)serincorporadaaornitinaformandocitrulina.Oaspartatose juntaacitrulinacomformaodoarginosuccinatoqueperdeumamolculadefumarato,produzindoarginina.Aargininarecebeumamolculadeguaformandoaureia(2NH2),queserexcretadapelosrins.
Figura19-Ciclodaureia.
Gliconeognese
Almdaproduodeenergia,oscetocidospoderoserutilizadosparasntesedeglicose(gliconeognese)e/oucidosgraxos(cetognese).Onicoaminocidoquenoconvertidoglicosealeucina,precursorasomente de cidos graxos.Os aminocidos oxidados acetil-CoA e acetoacetil-CoA so os aminocidoscetognicos,queformamcidosgraxos(Lis,Fen,Trp,Tir,Iso),almdeglicose.
Osaminocidosdesaminadospiruvato,oxaloacetato,fumarato,-cetoglutaratoesuccinil-CoAsoosglicognicoseseroutilizadosparasntesedeglicose(Ala,Cis,Gli,Ser,Asp,Asg,Met,Tre,Val,Arg,Glu,Gln,His,Pro).
Asntesedeglicoseapartirdosaminocidoschamadadegliconeogneseeocorreprincipalmentenocitoplasmadohepatcitopelaformaodefosfoenolpiruvatoquesermetabolizadoglicose.Aformaodaglicoseirocorrerpartirdasntesemitocondrialdemalatoquesertransportatoaocitoplasmaondeserreoxidadoaoxaloacetatopelamalatodesidrogenase.Ooxaloacetatoserdescarboxiladoefosforilado fosfoenolpiruvato, reao catalisada pela enzima fosfoenolpiruvato carboxiquinase (PEPCK), que serconvertidoglicose-6-fosfatoeestadesfosforiladapelaglicose-6-fosfataseglicose.
-
Bases Nutricionais
36
Almdosaminocidosdesaminadosnofgado,asntesedeglicoseviagliconeognesepodeocorrerapartirdolactato,alaninaeglutaminaproduzidosnomsculoesqueltico.Umoutroprecursorgliconeognicooglicerolliberadodotecidoadiposopelaquebradotriacilglicerol.
Figura20-Gliconeognese.
Oxidao de aminocidos no msculo esqueltico
Osaminocidospodemcontribuirparaofornecimentoenergticoduranteaatividadefsicamoderadadelongaduraoeatividadesintensas.
Nomsculoesqueltico,osprincipaisaminocidosutilizadoscomosubstratosenergticosso:leucina,isoleucina,valina,glutamato,aspartatoeasparagina,comformaodeacetil-CoA,succinil-CoA,-cetoglutaratoe oxaloacetato, que sero oxidados aCO2 e H2O.Almdestes seis aminocidos consumidos, omsculoproduznesteprocesso,almdoglutamato,doisoutrosaminocidos:aalaninaeaglutamina,formadospararemoveraamniadomsculoparaofgado,ondeseroutilizadospararessntesedaglicose.
-
Bases Nutricionais
37
Figura21-Oxidaodeaminocidosnomsculoesqueltico.
Almdoglutamatoformadonatransaminaoecaptadopelomsculodacirculaoseroxidado,serutilizadoparasntesedealaninaeglutamina.Aformaodaalaninaocorrepelatransfernciadogrupamentoamnicoqueserdoadodoglutamatoaopiruvato(provenientedagliclise)portransaminao,formandoo-cetoglutaratoeaalanina,reaocatalisadapelaenzimaalaninaaminotransferase.Oglutamatopodeaindareceberoutroonamniacomformaodaglutaminasobaodaenzimaglutaminasintetase.
Aalaninaeaglutaminaserotransportadaspelosangueatofgadosendonovamentedesaminadaspelaalaninaaminotransferase e glutaminaserespectivamente,comformaodopiruvatoeglutamato,quetambmserdesaminadopelaenzimaglutamatodesidrogenase, liberando-cetoglutaratoeamniaqueserutilizadaparasntesedeureia.
Figura22-Sntesedeglicoseapartirdaalaninaeglutamina.
Opiruvatoe-cetoglutaratoformadosseroutilizadosparasntesedeglicose(gliconeognese).
-
Bases Nutricionais
38
VITAMINAS E MINERAIS
Introduo
Asvitaminaseminerais,necessriosempequenasquantidades e essenciais ao organismo, somicronutrientesquenocontmenergia.Funcionamprincipalmente como substncias reguladoras nasreaesqueliberamenergiaapartirdosalimentos.
Otermovitamina,quesignificaaminavital(ouaminasdavida),foipropostoporCasimirFuksem1912.As vitaminas so compostos orgnicos necessriosempequenasquantidadesedesempenhamfunesvitaisespecficasnasclulasetecidosdoorganismo.Sonutrientesreguladoresessenciaisaoorganismo,esuaausnciaoudeficinciaresultaemenfermidadescarenciaisespecficas.
A classificao das vitaminas realizada deacordo com sua solubilidade em lipossolveis(solveisemgordura)ehidrossolveis(solveisemgua). As vitaminas lipossolveis so as A, D, E eK, e as hidrossolveis as do complexo B (tiamina,riboflavina, niacina, cido pantotnico, piridoxina,cidoflico,cianocobalamina,biotina,colina,inositol)eavitaminaC.Suaprincipalfunoaparticipaonometabolismodecarboidratos,lipdioseprotenase na produo de energia. Participam tambm docrescimento e formao dos ossos e dentes. Soencontradas nas frutas, legumes, verduras, cereaisintegraiseleguminosas.
Osmineraissoelementosinorgnicosnecessriosem pequenas quantidades, porm essenciais aoorganismo.Representamcercade4%dacomposiodocorpohumano.Soclassificadosdeacordocoma quantidade que so encontrados no organismo:os macrominerais, aqueles encontrados emquantidadesmaiores (>0,005%dopeso corporal)e os microminerais, com quantidades menores (200nmol/L).
encontradanosleosdepeixe,carnesdeboi,frango,gemadeovo,fgado,leite,manteigaenata.estvelluz,oxignio,cidos,calor,processamentoe armazenamento e instvel luz ultravioleta.A suplementao indicada no raquitismo,osteomalacia, osteoporose, hipoparatireoidismo epsorase.
Vitamina E
AvitaminaEfoidescobertainicialmenteporHerbertEvanseKarenBishopem1922.HerbertEvans,OliverEmerson e Glady Emerson isolaram-na em 1936 esomente em 1938 foi identificada quimicamente edenominada tocoferol por Fernholtz. Apresenta-sededeferentes formasqumicas: tocoferis (, , ,), tocotrienis (,,,),acetatoesuccinatodetocoferoletocoferil(formaoxidada).
Suasprincipaisfunesso:
proteo da vitamina A, carotenos e avitaminaCdosalimentosdadestruiooxidativa
antioxidante lipdico (previne a peroxidaodeAGPI)
protege as membranas celulares de vriostecidosdaoxidao
aumentaaproliferaodelinfcitos
inibeaagregaoeadesividadeplaquetriapela diminuio da sntese de prostaglandinas dasrie2(PGE2)
previnedoenascardacaseatuanafertilidade
Quantosuabiodisponibilidade,nohdiferenaentresuasformasnaabsoro.Agorduraaumentasuaabsoro,enquantoavitaminaAeo farelode
trigo (pectina) diminuem. Os cidos graxos poli-insaturados aceleram a depleo de vitamina E.steresdevitaminaE sohidrolisadosno intestinoeapsaabsoroseunemaumaprotenaligadora:a-TPP.transportadoatravsdosQMs,VLDLeHDL.
AdeficinciacausadiminuiodavidamdiadoeritrcitoedesordensdoSNC.Adeficinciacomumnas doenas cardiovasculares, diabetes mellitus,cncer e catarata. Em superdoses, possui efeitostxicoseprejudicaafunoimune.Ahipervitaminoseprolonga o tempo de coagulao sangunea epromoveaumentodetriglicerdeos.
Asprincipaisfontessoogermedetrigo,leos,gemadeovo,fgado,vegetaisverde-escuros,gorduradoslaticnios,manteiga,nozes,sementesepeixes.estvelaocalorecidosedestrudasporgordurasranosas,oxignio,chumbo,ferroeirradiaoUV.
A suplementao indicada para prematuros(hemlise), anemia hemoltica, ateroesclerose,hipertenso, cncer, diabetes, artrite, tenso pr-menstrual, displasia mamria, envelhecimento eesterilidade.
Vitamina K
A vitamina K foi descoberta em 1935 porDam,mass foi isoladaem1939.Suas formasqumicasso a filoquinona (K1), proveniente dos alimentos;a menaquinona (K2), proveniente das bactriasintestinais, eamenadiona (K3), formasintticadavitaminaK.
FunesdavitaminaK:
funcionacomocofatorenzimticodeenzimascarboxilases
participa da coagulao sangunea, sendoumavitaminacoagulante(anti-hemorrgica)
regulaadeposiodoclcionamatrizssea
-
Bases Nutricionais
42
Suaabsorodeaproximadamente40%a80%.Osalimentosdemaiorbiodisponibilidadesoosleos,margarinaseprodutosindustrializados,enquantoosvegetais folhosos tm menor biodisponibilidade. AvitaminaKdosvegetaistemabsoro1,5vezesmaislentadoquesinttica.Amenaquinonaproduzidaemaltasquantidadespormnomuitoabsorvida.AsuplementaocomvitaminaEdiminuiavitaminaK.
AvitaminaKabsorvidanointestinoatravsdasmicelas e levada ao fgado pelos QMs. Circula noplasmaatravsdaVLDLedistribudaaostecidosquecontmaenzimaglutamilcarboxilase.
encontrada nos vegetais de folhas verdes(brcolis, repolho, alface, couve-flor, espinafre,couve), outros vegetais, frutas, cereais, leite ederivados, gema de ovo, carnes e fgado. Grandeparteformadapelamicrobiotaintestinal.estvelaocalor,oxignioeumidadeeinstvelnapresenadelcaliseirradiaoUV.
A deficincia determinada pelo tempo deprotrombina ou doena hemorrgica. A deficinciapode ocorrer devido m absoro de lipdios,
destruio da microbiota intestinal, doenashepticas, hemorragias e doena hemorrgica dorecm-nascido. A osteoporose e aterosclerose sopatologias relacionadas falta de vitamina K. Atoxicidade pode causar anemia hemoltica, danoshepticoseictercia.
A suplementao indicada na doenahemorrgicadorecm-nascido,pacientescirrgicoseosteoporose.
Vitaminas hidrossolveis
AsvitaminashidrossolveissoavitaminaCeasvitaminasdoComplexoB.Aprincipalfunodestasvitaminas sua participao como coenzimas nometabolismodecarboidratos,lipdioseprotenasnasreaesdesnteseedegradaodestesnutrientes.
Asenzimassoprotenasquecatalisamasreaesqumicas.compostaporumaporoproteicaligadaaumcossubstratonoproteicochamadocoenzima,quepodeserumavitaminaoumineral.Asvitaminasque funcionam como coenzimas so tambmchamadasdecofatoresenzimticoseosmineraisdeativadores.
Figura23-ViasmetablicasdeparticipaodasvitaminasdoComplexoB.
-
Bases Nutricionais
43
Vitamina C
Ocidoascrbicofoiisoladoem1928porAlbertSzent-Gyorgyi.Podeserencontradananaturezadeduasformasbiologicamenteativas:cidoascrbicoedehidroascrbico.
AaodavitaminaCenglobaosseguintespontos:
cofatoroucossubstratodediferentesenzimas
antioxidante
cofatornahidroxilaodoaminocidoprolina,produzindohidroxiprolina
fundamental na sntese do colgeno eessencial na renovao das fibras periodontais,evitando instabilidade do dente e hemorragiasperiodontais
Inibeocrescimentoviraleprotegeaquedaimunolgicapromovidapelocortisol
participadasntesedacarnitina,corticoides,serotonina,adrenalinaenoradrenalina
participadocatabolismodeaminocidos
aumentaaabsorodoferro
desintoxicante
diminuiocolesterolemelhoraoprocessodecicatrizao
absorvida(80-90%daingestooral)naporoproximaldo intestinodelgado, eo transporte ativodependentedesdio.reabsorvidapelosrinsporprocessoativo (200-250mg).Coma ingestode1,5g,aabsorode50%;com6g,cercade25%ecom12gaabsorocaipara16%.Amximaabsoroatingidacomdosesespaadasemenoresque1gaolongododia.Oexcessoprejudicaaabsorodecobreeformaoxalato,podendolevargota.
A deficincia causa o escorbuto, caracterizadopor hiperceratose folicular, gengivas inchadas einflamadas (gengivite),perdadedentes, securadabocaedosolhos,perdadecabeloepeleseca,fadiga,fraqueza,dormuscular,anorexiaehemorragias.
A toxicidade pode acontecer com a ingesto dedosesnicasde4a6g,causandodiarreia,clicas,nuseas, anemia hemoltica, diminuio do tempode coagulao e retenode ferro (sobrecarga). Adeficinciaocorrecomingestodeat10mg/diaaps4a6mesescomquedadaconcentraoplasmtica(
top related