antonio castelnou -...
Post on 09-Nov-2018
217 Views
Preview:
TRANSCRIPT
Introdução
O ULTRA ou TARDOMODERNISMO é
considerado um prolongamento do pensamento
moderno que, a partir da década de 1960,
respeita a linguagem e as teorias dos seus
predecessores, produzindo uma arquitetura
modernista amaneirada.
Assim, seus expoentes mantêm o compromisso
com uma linguagem unificada e exclusiva – a
Estética da Máquina –, assim como também
falam em funcionalidade e tecnologia industrial.
Enquanto os pós-modernistas
esforçaram-se para chegar aos
diversos usuários de seus
edifícios, utilizando ornamentos
e citações históricas, os
tardomodernistas permanecem
fieis à linguagem restrita e
hermética dos modernos,
inspirada na sociedade industrial,
mecanizada e abstrata.
Oscar Niemeyer (1907-) Palácio do Congresso Nacional (1955/60, Brasília DF)
Sir Richard Rogers (1933-) & Renzo Piano (1937-)
Centre Georges Pompidou) (1975/77, Paris França)
A ARQUITETURA
TARDOMODERNA é pragmática
e tecnocrática na sua ideologia,
levando ao extremo muitas ideias
do modernismo (mecanicidade,
flexibilidade, etc.), de modo a
ressuscitar uma linguagem até
então entorpecida.
A lógica moderna é então
exagerada, distorcida e
transformada em algo belo por
seu extremismo ou mordacidade.
Museu de Arte Contemporânea (1998/2000, Barcelona Esp.)
Richard Meier (1934-)
Os tardomodernistas propõem-se a explorar as novas possibilidades da TECNOLOGIA, prosseguindo a pesquisa moderna de atualização de métodos e
processos, tantos de projeto como execução (materiais experimentais e metodologias computacionais).
Ieoh Ming Pei (1917-)
John Hancock Tower (1968/75, Boston MA)
Pyramide du Louvre (1988/99, Paris, França)
Os arquitetos ultramodernos,
ao invés de negá-lo, dão
continuidade ao
INTERNATIONAL STYLE,
atualizando-o em termos de
materiais e técnicas, mas
respeitando praticamente
todos os seus pressupostos e
tendo nos próprios mestres
modernos suas bases
experimentais.
Santiago Calatrava (1951-) Satolas TGV Station (1993, Lyon, França)
Boston Town Hall (1961/68, Boston MA)
Kallmann, Mc Kinnell & Knowles
Principais Características
Enfoque por demasiado
pragmático, utilizando-se
de um vocabulário mais
abstrato que convencional
(anti-ornamentalismo) e
priorizando questões
ligadas à proteção física,
ao isolamento térmico e
acústico, aos sistemas e
acabamentos, etc.;
Willis Tower (1973/74, Chicago IL)
Skidmore, Owings & Merrill
Lógica radical, ênfase circulatório e mecânico, flexibilidade extrema (utilizável ou não) e uso amaneirado e quase decorativo da tecnologia, através de uma fantasia tecnológica levada ao extremo (funcionalismo e ênfase estrutural);
Sir Norman Foster (1935-) Hong Kong & Shangai Bank
(1979/86, Hong Kong)
State of Illinois Center (1979/83, Chicago IL) Helmut Jahn (1940-)
Arquitetura da perfeição
técnica, da produção
sistemática e da
experimentação
essencialmente prática:
desconsideração da
memória histórica, do
contexto urbano ou do
domínio público
(acontextualidade,
universalismo e anti-
historicismo).
JØrn Ützon (1918-2008) Sydney Opera House (1970/73, Sydney Austrália)
Com o novo quadro sociopolítico mundial no segundo
pós-guerra, surgiu uma infinidade de denominações
para as teorias tardomodernas, sendo consideradas as
seguintes as mais importantes:
1. Estruturalismo
2. Produtivismo
3. Tecnicismo
4. Brutalismo
5. Esculturismo
Habitat’67 (1967, Montreal Canadá) Moshe Safdie (1938-)
Estruturalismo
Corrente tardomoderna
holandesa formada em torno
da Revista Fórum (1959/67) e
liderada pelo arquiteto Aldo
Van Eyck (1918-99), que se
constituiu, já em finais dos
anos 1950, na primeira
tentativa de aplicar sobre a
arquitetura moderna os
conceitos recentes da
LINGUÍSTICA.
Cité Verticale (1953/54, Casablanca Marrocos)
Candilis, Josic & Woods
Os filósofos estruturalistas
concebem o mundo como um
conjunto de SISTEMAS ou
ESTRUTURAS, nas quais cada um
de seus elementos apenas pode
ser definido pelas relações que
mantém com os demais elementos.
Propõem-se assim a desvendar
essas interrelações, já que o todo
somente pode ser compreendido
através de suas partes, que se
combinam e se completam entre si.
Jacques Lacan (1901-81)
Claude Levi-Strauss (1908-2009)
Roland Barthes (1915-80)
Louis Althusser
(1918-90)
Na arquitetura, o resultado
foi a aplicação de MALHAS
e MODULAÇÕES, seja qual
for a escala, especialmente
entre os anos 1950/60, cujas
preocupações voltaram-se
mais para as relações que
unem esses elementos
(unidades ou módulos) do
que propriamente para eles
mesmos, ou seja, o todo se
faz das suas partes. Centraal Beheer Administration
Building (1968/72, Apeldoorn Holanda) Herman Hertzberger (1932-)
Em 1956, dentro dos CIAM’s, surgiu um grupo de arquitetos nascidos em torno dos anos 1910/20, o TEAM X, que
defendia uma nova orientação ao funcionalismo moderno, iniciando uma crítica sistemática ao International Style.
Sua crítica baseava-se nos
filósofos estruturalistas, que
privilegiavam a TOTALIDADE
em detrimento do particular,
assim como o sincronismo dos
fatos ao invés de sua evolução.
No CIAM de 1959, o TEAM X
decretou o fim do modernismo e
se propôs a encontrar novos
caminhos para o funcionalismo
através da exploração plástica,
da aplicação de modulações e
da multiplicidade das partes.
Louis Kahn (1901-74) Salk Institute for Biological Studies (1959/65, La Jolla CA)
Além de Kahn e Van Eyck,
compunham o TEAM X os
holandeses Johannes Van Den
Broek (1898-1978) e Jacob
Bakema (1914-81); os ingleses
Peter (1923-2003) & Alison
Smithson (1928-93); os franceses
Georges Candilis (1913-95) e
Aléxis Josic (1921-2011), o norte-
americano Shadrach Woods
(1923-73) e o italiano Giancarlo
De Carlo (1919-2005).
Bakema & Van Den Broek Projeto habitacional para competição
(1955, não executado)
Conceito STEM para o projeto de Caen-Herouvi (1961)
Aléxis Josic (1921-2011)
A proposta de ARCHEFORMS criava uma disjunção entre a estrutura volumétrica e a apropriação espacial, ensejando a clareza labiríntica, o que foi o principal ponto de ataque do movimento, que não sobreviveu após a década de 1970.
Wasserburg Reitmehring (1964/65, Berlim Alem.)
Suzanne Demisch (1947-)
Faculdade de Ciências da Educação Universidade Livre de Urbino (1968/76, Urbino It.) Giancarlo De Carlo (1919-2005)
Principais Características
Abordagem voltada para a
personificação e para a
hierarquização dos espaços
internos (ênfase da estrutura
organizativa interna em
detrimento do exterior);
Busca da complexidade
espacial, com valorização
tecnológica; uso de materiais
e técnicas industrializadas; e
indiferença em relação ao
sítio (acontextualidade);
Kingohusene Housing Estate (1958/60, HelsingØr Dinamarca)
JØrn Ützon (1918-2008)
Georges Candilis (1913-95), Aléxis Josic (1921-2011) & Shadrach Woods (1923-73)
L’unité Toulouse Le Mirail
Aplicação da linguística e da
antropologia estrutural
(privilegia a totalidade sobre as
individualidades e a
interrelação das partes sobre
sua manifestação isolada) e;
Antecipação da estética
brutalista, isto é, da exposição
do conteúdo tecnológico dos
edifícios e aspecto de mau-
acabamento e gregarismo
(Estética da Verdade).
The Economist Building (1959/64, Ryder Street, Londres GB)
Peter (1923-2003) & Alison Smithson (1928-93)
Greenwich Millennium Village – GMV (2000/05, Londres GB) Ralph Erskine (1914-2005)
Neopurismo
Em meados dos anos 1960,
um grupo de arquitetos norte-
americanos autodenominado como
neopurista propôs-se ao uso
amaneirado das formas modernas.
Seu trabalho consistia na releitura
do purismo de LE CORBUSIER
(1887-1965), acrescentando-lhe
maior apuro técnico em materiais e
acabamentos, além de uma
complexificação nos métodos
projetuais. Douglas House (1971/73, Harbour Springs MI) Richard Meier (1934-)
O PURISMO tinha sido um
movimento francês fundado
pelo manifesto Après le
Cubisme (1915), dos pintores
Amédée Ozenfant (1886-
1966) e Charles Edouard
Jeanneret (1887-1965),
segundo o qual as formas
volumétricas puras seriam
as fontes primárias das
sensações estéticas.
Charles Édouard Jeanneret -Le Corbusier (1887-1965)
Nature morte au sifon (1921)
Violino Vermelho (1920)
Pavilion L’Esprit Nouveau
Exposion de Arts Decoratifs (1925, Paris, França)
Em 1969, em uma exposição do Museum of Modern Art – MoMA de Nova York, foi apresentado ao público o grupo
NEW YORK FIVE ARCHITECTS – NY5, que queria superar os limites racionalistas, através de uma abstração
extremizada e “pós-moderna” até o virtuosismo gráfico.
Museum of Modern Art – MoMA (1939, N. York; ref. 2004, por Yoshio Taniguchi)
Edward Durrel Stone & Philip S. Goodwin
Entendendo o
INTERNATIONAL STYLE
como fato do passado, que
deveria seria atualizado por
meio da ambiguidade
espacial, o grupo dos NY5
apresentou uma arquitetura
branca e pura que parecia
mais modelada em cartão
do que construída, o que fez
com que seus componentes
passassem a ser
conhecidos como WHITES.
Michael Graves (1934-) Hanselmann House
(1967, Fort Wayne IN)
Gwathmey House (1965/67, Amagansett NY)
Charles Gwathmey (1938-2009)
O NY5 ARCHITECTS era formado por Richard Meier (1934-),
Peter Eisenman (1932-), Charles Gwathmey (1938-2009),
John Hejduk (1929-2000) e Michael Graves (1934-), sendo
este o primeiro a abandonar o grupo, voltando-se para o
formalismo pós-moderno, ou seja, a arquitetura dos GRISES.
Meier Eisenman Gwathmey Hejduk Graves
O NEOPURISMO foi
chamado de Produtivismo por
defender o uso de sistemas
industrializados (estrutura,
tratamento mural e divisão
interna), o que conferia aos
edifícios um caráter de
“produto industrial”.
As técnicas priorizadas eram:
o structural glazing ou vidro
estrutural (maiores vãos e
montagem rápida) e o
fechamento por painelização
(revestimento liso).
Museum fur Kunsthandwerk
(1979/84, Frankfurt, Alemanha) Richard Meier (1934-)
High Museum of Art (1980/83, Atlanta GO)
Principais Características
Rigor disciplinar e puritano,
expresso através de uma
racionalidade sofisticada e
aristocrática das formas
puristas e neoplásticas dos
anos 1920, especialmente de
Adolf Loos (1870-1933),
Le Corbusier (1887-1965),
Gerrit Rietveld (1888-1964) e
Giuseppe Terragni (1904-42);
Muller House (1929/30, Praga, Rep. Tcheca) Adolf Loos (1870-1933)
Gerrit Rietveld (1888-1964) Schröder House
(1923/24, Utrecht, Holanda)
Incrementação da
complexidade compositiva
através do jogo criativo
dentro da JAULA
CONCEITUAL (grid),
resultado do emprego
de retículas bi e
tridimensionais, recorte
e interpenetração de
volumes, emaranhado
estrutural em angulações e
sugestão de mecanismos;
Diagramas para a House III
Diagramas para a House VI (1972/73) Peter Eisenman (1932-)
Independência da arquitetura da paisagem e da história (acontextualidade e antiornamentalismo), sendo que as plantas e fachadas marcariam transformações internas e aplicação de sistemas coordenadores;
Richard Meier (1934-) Weinstein House (1969/71, Old Westbury N. York, EUA)
Emprego abundante de
superfícies envidraçadas
(vidro estrutural) e de
painelização com chapas
de aço esmaltadas,
recentemente substituídas
por Alumynium Composite
Material (ACM); uma chapa
de alumínio enrijecido com
resina sintética (“luva
produtivista”).
Richard Meier (1934-) The Atheneum (1975/79, New Harmony IN)
Bel Air Residence (2001, California)
Charles Gwatmey (1938-2009)
Maiores Expoentes
Richard Meier
(1934-)
Smith House (1965/67, Darien CT)
Olivetti Training Center (1971, Tarrytown NY)
Peter Eisenman (1932-)
Barenholtz Pavilion – House I (1967/68, Princeton NJ)
Falk House – House II (1969/70, Hardwick VM)
Miller House – House III
(1970, Lakeville CT)
Peter Eisenman (1932-)
Frank House – House VI (1973/75, Cornwall CT)
House IV (1971, Falls Village CT)
House X
Haupt House (1977/78,
Amagansett NY)
Charles Gwathmey (1938-2009)
Knoll International Office (1980, Boston MA)
Solomon R. Guggeheim Museum Extension (1992, Nova York EUA)
C. Gwathmey (1938-2009) & Robert Siegel (1939-)
Michael Graves (1934-)
Hanselmann House (1967, Fort Wayne IN)
Benacerraf House Extension (1969, Princeton NJ)
Leitura Complementar APOSTILA – Capítulo 16.
COLIN, S. Pós-modernismo: repensando a
arquitetura. Rio de Janeiro: Uapê, 2004.
DREXLER, A. Transformaciones en la arquitectura
moderna. Barcelona: Gustavo Gili, 1980.
JENCKS, C. Tardomoderno y otros ensayos.
Barcelona: Gustavo Gili, 1995.
JOEDICKE, J. Arquitectura contemporanea:
tendencias y evolucion. Barcelona: Gustavo Gili,
1983.
RAJA, R. Arquitetura pós-industrial. São Paulo:
Perspectiva, 1986.
top related