anÁlise da interaÇÃo entre conforto tÉrmico e
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ANÁLISE DA INTERAÇÃO ENTRE CONFORTO TÉRMICO
E INFRAESTRUTURA VERDE DO BAIRRO DO
HUMAITÁ/RJ ATRAVÉS DO AJUSTE DA CARTA
BIOCLIMÁTICA DE OLGYAY PARA O CLIMA LOCAL
Renan Hatakeyama Pontes
Projeto de Graduação apresentado ao
Curso de Engenharia Civil da Escola
Politécnica, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de
Engenheiro.
Orientadora: Elaine Garrido Vazquez
Rio de Janeiro
Fevereiro/2018
ANÁLISE DA INTERAÇÃO ENTRE CONFORTO TÉRMICO E INFRAESTRUTURA
VERDE DO BAIRRO DO HUMAITÁ/RJ ATRAVÉS DO AJUSTE DA CARTA
BIOCLIMÁTICA DE OLGYAY PARA O CLIMA LOCAL
Renan Hatakeyama Pontes
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE
ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO
RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A
OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.
Examinado por:
Prof. Elaine Garrido Vazquez, D. Sc.
Prof. Lais Amaral Alves, M. Sc. e Professora do CEFET/RJ
Prof. Sandra Oda, D. Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
FEVEREIRO de 2018
Pontes, Renan Hatakeyama
Análise da interação entre conforto térmico e
infraestrutura verde do bairro do Humaitá/RJ através do
ajuste da carta bioclimática de Olgyay para o clima local/
Renan Hatakeyama Pontes – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola
Politécnica, 2018.
XIII, 93 p.: il.; 29,7 cm.
Orientadora: Elaine Garrido Vazquez
Referências Bibliográficas: p. 71-81.
1. Conforto térmico 2. Infraestrutura verde 3. Espaços
abertos 4. Aclimatação. I. Vazquez, Elaine Garrido. II.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica,
Curso de Engenharia Civil. III. Título.
Dedicatória
Aos meus pais, por sempre me incentivarem a conquistar o mundo através do
conhecimento e por me amarem incondicionalmente.
Ao meu irmão, por ser meu grande exemplo e amigo, aquele com quem sempre
poderei contar.
À minha família, pelos momentos marcantes que partilhamos e pela força nos
momentos que precisei.
À Carol, por cada sonho e devaneio compartilhado comigo em momentos de
inspiração.
Aos meus amigos Danielle, Gabriela, Ignez, Jéssica, Matheus e Paola, por me
mostrarem que 34 molhos rendem muitas memórias.
Aos meus amigos Ana, Athon, Emília, Gabriel, Luciana e Rodrigo, por me mostrarem
que o tempo e a distância não afastam quem viveu no número 34.
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado capacidade emocional e intelectual
para concluir minha graduação. Não foi fácil, em vários momentos me senti fraco e
sozinho, mas Ele foi minha rocha, me amparou e me fortaleceu para que eu seguisse
em frente.
Agradeço à minha orientadora Elaine Garrido Vazquez, não somente por ter me
guiado durante a elaboração deste trabalho, mas também por ter me auxiliado em
questões pessoais, com minhas necessidades relacionadas aos prazos e por
prontamente se mostrar disponível quando precisei.
Agradeço à professora Sandra Oda pelo apoio na fase final da preparação deste
trabalho e por aceitar o convite de integrar a minha banca avaliadora, demonstrando
ser mais que uma professora, mas alguém com quem sempre poderei contar.
Agradeço à professora Lais Amaral por ter aceitado fazer parte da banca avaliadora do
meu trabalho, me auxiliando em um momento que muito precisei.
Agradeço ao arquiteto e amigo Fernando Acylino por ter me proporcionado a
oportunidade de participar do projeto que deu origem a essa monografia, sendo uma
ótima companhia nas manhãs de domingo das medições.
Agradeço aos demais parceiros de medição pela companhia e auxílio durante o
período de medição. Cristiano, Guilherme, Luciano, Manuela, Nelson e Viviane, foi um
prazer estar com vocês.
Por fim, agradeço aos demais professores que me auxiliaram na minha vida
acadêmica, compartilhando seus conhecimentos e me ensinando as bases da
Engenharia Civil. Me esforçarei para me fazer digno do título de Engenheiro Civil e
fazer jus ao nível da formação que me foi oferecida.
PONTES, R. H. Análise da interação entre conforto térmico e infraestrutura verde
do bairro do Humaitá/RJ através do ajuste da carta bioclimática de Olgyay para o
clima local. 2018. 105p. Monografia (Graduação em Engenharia Civil) – Escola
Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018.
Resumo
Proporcionar condições bem-estar térmico aos usuários de espaços abertos é de vital
importância para a melhora da qualidade da vida urbana. O conforto térmico pode ser
definido a partir de variáveis ambientais (temperatura do ar, temperatura radiante
média, umidade do ar, velocidade do ar), individuais (atividade desempenhada e
vestimenta) e subjetivas (sensação e preferência térmica). A Carta Bioclimática de
Olgyay é uma ferramenta de análise de conforto térmico para ambientes externos,
composta por uma zona de conforto central e propostas de intervenções corretivas
para as demais zonas. Entretanto, a definição destes setores segue padrões de países
de clima temperado (Estados Unidos e países europeus), limitando a aplicação desta
ferramenta para zonas de clima tropical. Portanto, o presente trabalho tem por objetivo
propor adaptações à Carta Bioclimática de Olgyay para as condições climáticas do
bairro do Humaitá (Rio de Janeiro), levando em conta a aclimatação dos indivíduos
neste ambiente com condições climáticas diferenciadas e examinar a influência da
infraestrutura verde em relação ao conforto térmico. A metodologia consistiu na
realização de revisão bibliográfica dos conceitos de conforto térmico para ambientes
externos, medições de campo das variáveis microclimáticas no local em questão,
proposta de um novo modelo gráfico e análise dos dados obtidos em campo. Foram
propostas faixas da zona conforto térmico para o bairro do Humaitá para as estações
de Primavera e Verão através de ferramentas de avaliação conforto térmico de
espaços abertos e faixas interpretativas calibradas para a cidade de São Paulo. Estas
zonas de conforto foram utilizadas na comparação das condições em pontos sob a
sombra de árvores e pontos expostos à ação solar. Constatou-se que a infraestrutura
verde contribuiu para redução da temperatura do ar e aumento da umidade relativa do
ar, mas esta contribuição não foi suficiente para que as condições de conforto térmico
fossem atingidas.
Palavras-chave: Conforto térmico. Espaços externos. Infraestrutura verde.
Aclimatação. Microclima urbano.
PONTES, R. H. Analysis of the interaction between thermal comfort and green
infrastructure of Humaitá/RJ through the adjustment of Olgyay’s Bioclimatic
Chart for the local climate. 2018. 105p. Monography (Undergraduate degree in Civil
Engineering) – Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2018.
Abstract
Providing thermic well-being conditions to people who use open spaces is of vital
importance to the improvement of urban life quality. Thermal comfort can be defined
through environmental variables (air temperature, mean radiant temperature, air
humidity, air velocity), individual variables (activity performed and clothing) and
subjective variables (thermal sensation and preference). Olgyay’s Bioclimatic Chart is a
tool to analyze outdoor thermal comfort, compound by a central comfort zone and
proposals of corrective interventions for the other zones. Nonetheless, these sectors
are defined by standards from temperate climate countries (the United States of
America and European countries), which limits the application of this tool for tropical
climate areas. Therefore, the objectives of the present work are to propose adaptations
to Olgyay’s Bioclimatic Chart for the climate conditions of Humaitá, a neighborhood in
Rio de Janeiro, considering the acclimatization of the individuals in this environment
with differentiated climate conditions and to examine the influence of the green
infrastructure on thermal comfort. The methodology consisted on performing a
bibliography review on the concepts of thermal comfort for outdoor environments, field
measurements of the microclimatic variables of the site in question, proposal of a new
graphic model and analysis of the data obtained on field. Spring and Summer comfort
zone ranges were proposed for Humaitá by utilizing tools of assessment of thermal
comfort for open spaces and interpretative ranges calibrated for the city of São Paulo.
These comfort zones were used to compare the conditions of spots under the shade of
trees and spots exposed to solar action. It was verified that even though the green
infrastructure contributed to the reduction of air temperature and the increase of
relative air humidity, this contribution was not enough to achieve the thermal comfort
conditions.
Keywords: Thermal comfort. Open spaces. Green infrastructure. Acclimatization. Urban
microclimate.
Sumário
1. Introdução .................................................................................................... 13
1.1. Contextualização .......................................................................................... 13
1.2. Objetivo ........................................................................................................ 15
1.3. Justificativa ................................................................................................... 16
1.4. Metodologia .................................................................................................. 16
1.5. Descrição dos capítulos ................................................................................ 17
2. Conforto térmico ........................................................................................... 18
2.1. Variáveis de conforto térmico ....................................................................... 19
2.1.1. Variáveis físicas ou ambientais .............................................................. 19
2.1.1.1. Temperatura do ar (Tar) .................................................................. 19
2.1.1.2. Temperatura radiante média (Trm) .................................................. 20
2.1.1.3. Velocidade do ar (var)...................................................................... 20
2.1.1.4. Umidade do ar ................................................................................ 21
2.1.2. Variáveis pessoais ou individuais .......................................................... 21
2.1.2.1. Atividade desempenhada ............................................................... 21
2.1.2.2. Vestimenta ..................................................................................... 22
2.1.3. Variáveis subjetivas ............................................................................... 23
2.2. Ferramentas para avaliação de conforto térmico de ambientes externos ..... 24
2.2.1. Voto real de sensação ........................................................................... 26
2.2.2. Índice de sensação térmica (thermal sensation) .................................... 27
2.2.3. Temperatura neutra exterior .................................................................. 28
2.2.4. Índice Humidex ...................................................................................... 29
2.3. Carta Bioclimática de Olgyay ........................................................................ 31
2.4. Infraestrutura verde e o conforto térmico de ambientes externos .................. 32
2.5. Influência da aclimatação em avaliações de conforto térmico ....................... 38
3. Metodologia da pesquisa de campo e proposta para aclimatação ................ 43
3.1. Características climáticas do Rio de Janeiro ................................................. 43
3.2. Detalhamento das etapas da pesquisa de campo ........................................ 43
3.2.1. Escolha do objeto de estudo .................................................................. 43
3.2.2. Delimitação da área de estudo .............................................................. 45
3.2.3. Frequência e percurso de medições ...................................................... 48
3.2.4. Grandezas medidas e equipamentos .................................................... 49
3.3. Proposta de adequação climática (aclimatação) a partir do ajuste do diagrama
bioclimático ................................................................................................................. 53
4. Análise e discussão dos resultados da pesquisa de campo .......................... 56
4.1. Classificação dos pontos de medição quanto à condição de exposição ....... 56
4.2. Ajuste da carta bioclimática de olgyay .......................................................... 58
4.2.1. Ajuste proposto por Olgyay .................................................................... 58
4.2.2. Voto real de sensação ........................................................................... 59
4.2.3. Índice de sensação térmica ................................................................... 60
4.2.4. Temperatura neutra exterior .................................................................. 60
4.2.5. Índice Humidex ...................................................................................... 61
4.3. Análise das condições de conforto ............................................................... 64
4.3.1. Primavera .............................................................................................. 64
4.3.2. Verão ..................................................................................................... 67
5. Considerações finais .................................................................................... 69
Referências Bibliográficas .......................................................................................... 71
Apêndice 1 – Seções transversais dos pontos de medição ........................................ 82
Apêndice 2 – Dados coletados (primavera) ................................................................ 94
Apêndice 3 – Dados coletados (Verão) ....................................................................... 96
Apêndice 4 – Dados coletados após exclusão ............................................................ 98
Apêndice 5 – Dados coletados de luminância ........................................................... 101
Apêndice 6 – Dados separados por condição de exposição ao sol ........................... 102
Lista de Figuras
Figura 1 - Carta Bioclimática de Olgyay (PONTES e LIMA, 2017) .............................. 31
Figura 2 - Localização e delimitação do bairro do Humaitá (GOOGLE MAPS, 2018) . 44
Figura 3 - Demarcação da área de estudo .................................................................. 46
Figura 4 - Croqui da planta baixa da faixa de interesse da Rua Humaitá .................... 47
Figura 5 – Exemplo de seção transversal (pontos de medição 7 e 9) ......................... 47
Figura 6 - Percurso de medição (PONTES e LIMA, 2017) .......................................... 48
Figura 7 - Termohigrômetro AK625 (AKSO, 201?) ...................................................... 50
Figura 8 - Medidor de luz solar TES-1333 (TPM EQUIPOS, 2016) ............................. 50
Figura 9 - Luxímetro digital LD-400 (INSTRUTHERM, 2015) ...................................... 51
Figura 10 - Medidor de luz ultravioleta digital MRU-201 (INSTRUTHERM, 2010) ....... 51
Figura 11 – Modelo de planilha de campo (PONTES e LIMA, 2017) ........................... 52
Figura 12 – Exemplo de planilha de campo preenchida (PONTES e LIMA, 2017) ...... 52
Figura 13 – Utilização de medidor de luz solar TES-1333 e de luxímetro digital LD-400
durante as medições................................................................................................... 53
Figura 14 - Valores médios de luminância por ponto de medição ............................... 56
Figura 15 - Exemplo de ponto de medição solar - PM9 (GOOGLE MAPS, 2018) ....... 57
Figura 16 - Exemplo de ponto de medição sombreado - PM13 (GOOGLE MAPS, 2018)
................................................................................................................................... 58
Figura 17 – Comparação entre zonas de conforto (Primavera) ................................... 63
Figura 18 - Comparação entre zonas de conforto (Verão) .......................................... 64
Figura 19 – Condições de conforto para a Primavera ................................................. 65
Figura 20 – Condições de conforto para o Verão ........................................................ 67
Lista de Quadros
Quadro 1 - Relação entre características urbanas e elementos climáticos ................. 15
Quadro 2 - Ações estruturantes de gestão da infraestrutura verde do Plano Diretor de
Desenvolvimento Sustentável ..................................................................................... 36
Quadro 3 - Componentes morfológicos de acordo com escala de análise .................. 44
Quadro 4 - Divisão da área de estudo e demarcação dos pontos de medição ............ 45
Quadro 5 - Grandezas medidas no levantamento de campo ...................................... 49
Quadro 6 - Condição de exposição dos pontos de medição ....................................... 57
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Estimativa da taxa metabólica a partir da atividade desenvolvida .............. 22
Tabela 2 - Valores típicos de isolamento térmico para vestimentas ............................ 22
Tabela 3 - Calibração proposta para o voto real de sensação .................................... 27
Tabela 4 - Calibração proposta para o índice de sensação térmica ............................ 28
Tabela 5 - Correção de velocidade do vento para o nível do pedestre ........................ 29
Tabela 6 - Calibração proposta para a diferença entre temperatura do ar e temperatura
neutra exterior............................................................................................................. 29
Tabela 7 - Faixa interpretativa do Humidex ................................................................. 30
Tabela 8 - Calibração proposta para o índice Humidex ............................................... 30
Tabela 9 - Limites de temperatura da faixa de conforto para diferentes locais ............ 40
Tabela 10 - Limites de umidade da faixa de conforto para diversos locais .................. 41
Tabela 11 - Especificações do termohigrômetro ......................................................... 50
Tabela 12 - Faixas limite das variáveis medidas por Monteiro (2008) ......................... 54
Tabela 13 - Valores de referência dos índices de avaliação de conforto para limitação
da zona de conforto .................................................................................................... 54
Tabela 14 - Valores médios das variáveis ambientais................................................. 58
Tabela 15 – Temperaturas mensais máximas e mínimas por estação ........................ 59
Tabela 16 - Valores limites da zona de conforto de acordo com as sugestões de
Olgyay (1968, apud BOGO et al, 1994) ...................................................................... 59
Tabela 17 - Valores limites da zona de conforto de acordo com o voto real de
sensação .................................................................................................................... 59
Tabela 18 - Valores limites da zona de conforto de acordo com o índice de sensação
térmica ........................................................................................................................ 60
Tabela 19 - Valores limites da zona de conforto de acordo com a temperatura neutra
exterior ....................................................................................................................... 61
Tabela 20 - Valores limites da zona de conforto de acordo com o índice Humidex ..... 61
Tabela 21 - Resumo dos cálculos do ajuste da Carta Bioclimática de Olgyay para a
Primavera ................................................................................................................... 62
Tabela 22 - Resumo dos cálculos do ajuste da Carta Bioclimática de Olgyay para o
Verão .......................................................................................................................... 63
Tabela 23 – Valores médios de temperatura do ar e umidade relativa do ar para cada
condição de exposição solar (Primavera) ................................................................... 66
Tabela 24 – Distribuição dos pontos segundo condição de exposição e zonas de
conforto (Primavera) ................................................................................................... 66
Tabela 25 – Valores médios de temperatura do ar e umidade relativa do ar para cada
condição de exposição solar (Verão) .......................................................................... 68
13
1. INTRODUÇÃO
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO
Desde meados do século XX, o crescimento urbano acelerado no Brasil
resultou em uma ocupação das cidades sem o devido planejamento. A condição
ambiental dos espaços tem sofrido com os processos de crescimento e urbanização
através da verticalização, aumento das áreas impermeabilizadas, redução de áreas
verdes, aumento descontrolado da malha urbana e uso intensivo do solo em zonas
centrais. A principal consequência é o aumento da temperatura, resultante das
distinções entre as propriedades térmicas da vegetação e dos materiais de construção
(MARTELLI e SANTOS JR, 2015; NINCE, 2013).
Assis (1995, apud MENDONÇA E ASSIS, 2001) e Nince (2013) destacam que
as modificações no clima local geram consequências negativas como enchentes
urbanas, aumentos do consumo energético, problemas de saúde na população,
formação de ilhas de calor, inversão térmica, aumento dos índices de poluição e
desconforto térmico. Entretanto, Monteiro e Alucci (2011) argumentam que as
alterações climáticas são maléficas somente quando resultam em condições fora das
zonas de conforto térmico, podendo inclusive ser usadas como foco de intervenções.
O uso do espaço urbano pode ser de dois tipos: de passagem, quando a
circulação de pessoas é o uso predominante, ou de permanência, quando a
convivência dos indivíduos é o principal fator (LABAKI et al, 2012). Esta diferenciação
influencia os projetos urbanísticos, sendo os espaços planejados de modo diferente.
Por exemplo, Fontes et al (2010, apud LABAKI et al, 2012) conclui que a tendência de
se arborizar espaços de convivência contribui para que haja maior tolerância para
condições climáticas quentes em relação aos espaços de passagem.
Segundo Nikolopoulou (2004), um espaço aberto ou externo é um complexo nó
na comunidade local de atividades sociais, econômicas e culturais, constituindo um
motivo para o desenvolvimento local e uso do solo. Estas atividades são relevantes
para a estrutura comunitária, sendo, portanto, parte dos serviços que devem ser
ofertados aos cidadãos. Ananian (2005) destaca que a atração do público para estes
espaços depende dos níveis de conforto térmico e visual oferecidos através das
condições morfológicas das áreas urbanas.
Além disso, Lois e Labaki (2001) afirmam que os espaços urbanos devem
proporcionar condições de lazer, deslocamento e trabalho. A escolha do horário de
maior conforto para uso dos ambientes externos pode ser feita no caso de atividades
de lazer, mas não para casos de trabalho, estando os trabalhadores mais suscetíveis
14
a condições de desconforto. Portanto, fornecer ambientes com qualidade ambiental é
de vital importância, principalmente para os trabalhadores.
O número de estudos de conforto térmico externo tem aumentado com o
objetivo de auxiliar no planejamento das cidades. A avaliação e compreensão da
correlação entre variáveis ambientais e satisfação térmica contribuem para
proporcionar melhor qualidade urbana, impactando o uso destes espaços e a
qualidade de vida (ROSSI, KRÜGER e GUIMARÃES, 2013; MONTEIRO e ALUCCI,
2010a).
O entendimento das diversas características microclimáticas de espaços
urbanos externos e suas implicações quanto ao conforto fornece um leque de
possibilidades para o desenvolvimento destes espaços, chegando ao ponto das
condições climáticas dos ambientes externos determinarem seu uso
(NIKOLOPOULOU, 2004). Katzschner (2005) ressalta ainda que os estudos sobre
clima urbano levantam questões sobre aspectos ambientais de novos
empreendimentos, contribuindo com a desconstrução do conceito tradicional de
espaços abertos como área para edificações.
Além disso, estes estudos contribuem para a educação ambiental, que é de
extrema importância na preservação do meio ambiente através da consciência e
conhecimentos adquiridos pelas pessoas, tornando-as capazes de solucionar
problemas ambientais e despertando seu interesse em questões ambientais
(MARTELLI e SANTOS JR, 2015).
Silva e Corbella (2004) enunciam algumas características do meio urbano que
podem ser alvo de intervenções, dentre elas: gabaritos das edificações, afastamentos
arquitetônicos, propriedades dos materiais e superfícies, relação entre a caixa das
ruas e a altura dos edifícios, orientação das ruas e a vegetação presente. O quadro 1
apresenta algumas destas características e os elementos climáticos influenciados
pelas mesmas. Callejas e Nogueira (2013) destacam que estas intervenções devem
auxiliar a circulação de ar e diminuir a quantidade de energia armazenada pela
infraestrutura urbana, potencializando as condições térmicas e minimizando os efeitos
do fenômeno de ilha de calor.
15
Quadro 1 – Relação entre características urbanas e elementos climáticos
Atributos
da forma
urbana
Elementos climáticos
Temperatura
do ar
Umidade
relativa do ar
Direção e
velocidade
dos ventos
Radiação
solar Precipitação
Natureza
das
superfícies
X X X
Densidade
das
edificações
X X X X X
Altura das
edificações X X X X X
Vegetação X X X X
(GIRALT, 2006)
Entretanto, há dificuldades em se propor recomendações de intervenções que
locais com condições climáticas muito variáveis que satisfaçam as condições de
conforto durante todo o ano (MENDONÇA E ASSIS, 2003). Estas intervenções devem
obedecer a uma abordagem em 3 estágios: reconhecimento das condições
microclimáticas termicamente confortáveis, análise dos meios pelos quais o microclima
é formado e impactado e a junção de ambos os conhecimentos na elaboração da
proposta de intervenção (BROWN e GILLESPIE, 1995, apud MONTEIRO e ALUCCI,
2010a).
Outro ponto que merece destaque é a não existência de uma legislação
urbanística que considere questões relativas a conforto térmico de modo eficiente, que
contribui para a piora das condições ambientais dos espaços urbanos (GIRALT, 2006).
Por exemplo, Nikolopoulou (2004) ressalta que a escolha dos materiais é feita
baseada em exigências técnicas que atendam às legislações e necessidades locais,
não levando em conta requisitos ambientais. A autora propõe que as exigências
técnicas estejam associadas às ambientais para que seja promovido o controle do
conforto térmico.
1.2. OBJETIVO
O presente trabalho tem como objetivo contribuir com os estudos de conforto
térmico para ambientes externos ao avaliar a influência da infraestrutura verde nas
condições de bem-estar e satisfação térmicos para o bairro do Humaitá – RJ,
16
considerando os processos de adaptação e aclimatação dos habitantes do bairro às
condições climáticas locais através do ajuste da zona de conforto térmico da Carta
Bioclimática de Olgyay.
1.3. JUSTIFICATIVA
A infraestrutura verde proporciona melhorias no ambiente urbano e,
consequentemente, na qualidade de vida. Portanto, estudos sobre sua influência no
bem-estar dos usuários das áreas urbanas são de especial relevância para o processo
de planejamento urbanístico, principalmente no que tange a preservação ambiental,
consumo energético e sustentabilidade.
Além disso, a existência de poucas pesquisas sobre as condições específicas
de conforto térmico para a cidade do Rio de Janeiro se configura em um problema nas
análises, resultando e superestimação dos efeitos das variáveis de conforto térmico.
1.4. METODOLOGIA
O presente trabalho pode ser caracterizado como uma pesquisa de campo por
analisar o conforto térmico através da observação do fenômeno tal como ocorre de
maneira espontânea em um objeto de estudo, definindo as técnicas utilizadas no
levantamento de dados e uma amostra que seja representativa e adequada para
validar as considerações finais (FONSECA e RIBAS, 2008).
Foram medidas semanalmente as variáveis climáticas como temperatura do ar,
temperatura do ponto de orvalho, temperatura do bulbo úmido, umidade relativa do ar,
luminância e radiação solar em diversas ruas do bairro do Humaitá, focando nos
dados da Rua Humaitá.
A análise da influência da infraestrutura verde no conforto térmico foi feita a
partir da comparação entre os dados ambientais em pontos de medição de sombra e
pontos de medição expostos ao longo da Rua Humaitá. Apesar dos dados terem sido
coletados ao longo de 1 ano e dois meses, o foco do presente trabalho serão as
estações de Primavera e Verão, pelo fato das mesmas terem apresentado condições
de desconforto mais severas em estudo prévio realizado.
A ferramenta utilizada para este estudo foi a Carta Bioclimática de Olgyay,
ajustada para as condições locais a partir dos dados coletados em campo, de alguns
índices empíricos de análise de conforto térmico e dos resultados de calibrações das
faixas de conforto destes índices para a cidade de São Paulo, presente em Monteiro
(2008).
17
1.5. DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS
O capítulo 1 faz uma breve exposição do tema abordado, contextualizando-o e
apresentando o objetivo e justificativas do presente trabalho. Também é feito um
resumo da metodologia aplicada e uma descrição da estrutura do trabalho.
O capítulo 2 consiste na revisão bibliográfica de conforto térmico, abrangendo
os principais conceitos, variáveis que influenciam o conforto dos indivíduos,
ferramentas de análise de conforto térmico para ambientes externos, em especial a
Carta Bioclimática de Olgyay e a influência da infraestrutura verde e da aclimatação
dos indivíduos no conforto térmico.
O capítulo 3 apresenta a metodologia aplicada no estudo. É feita a
caracterização climática da área de interesse, a escolha do objeto de estudo, a
delimitação da zona de estudo, a frequência e abrangência das medições, o percurso
de medição, a apresentação dos equipamentos utilizados nas medições de campo.
Além disso, a metodologia aplicada no ajuste da Carta Bioclimática de Olgyay para o
clima local está presente no capítulo em questão.
O capítulo 4 trata da análise dos dados coletados em campo com a discussão
dos mesmos em termos de influência da infraestrutura verde no conforto térmico e na
aplicabilidade da Carta Bioclimática adaptada.
O capítulo 5 apresenta as considerações finais do trabalho, com observações a
respeito dos resultados obtidos, da metodologia aplicada e das limitações da mesma.
Adicionalmente, são propostas sugestões para estudos futuros, de forma a contribuir
com a produção científica a respeito do tema.
Por fim, são apresentadas as referências bibliográficas e os apêndices.
18
2. CONFORTO TÉRMICO
A necessidade do condicionamento de ambientes internos visando aumento de
produtividade dos indivíduos impulsionou o surgimento dos estudos de conforto
ambiental. A melhoria da eficiência energética dos edifícios através de mecanismos
bioclimáticos e preocupações a respeito do bem-estar dos usuários de espaços
públicos despertou o interesse para avaliações em espaços abertos (NINCE, 2013).
O conforto térmico pode ser conceituado do ponto de vista pessoal ou
ambiental. Do ponto de vista pessoal, consiste em um indivíduo encontrar-se satisfeito
em relação à sua sensação térmica em determinado ambiente. Do ponto de vista
ambiental, trata-se do estabelecimento de uma condição térmica para o meio em
questão, considerando suas variáveis físicas, com o intuito de gerar o menor grau de
insatisfação, ou seja, com o menor número de pessoas descontentes (XAVIER, 1999).
Fanger (1970) argumenta que as características individuais das pessoas
impossibilitam que as condições térmicas de um ambiente agradem a todos os
indivíduos de um grupo que partilha do local em questão simultaneamente. Ananian,
Fontes e Silva (2005) complementam este pensamento ao afirmar que mesmo sendo
o conceito de conforto dependente de fatores pessoais como cultura, atividade e
vestimenta, é possível traçar critérios que atendam à maioria da população.
Segundo Lamberts e Xavier (2002), três condições devem ser satisfeitas para
que um indivíduo se encontre em conforto térmico. A neutralidade térmica é a primeira
delas, que pode ser entendida como o estado físico no qual a temperatura corporal é
mantida constante através da troca de calor entre o indivíduo (gerado pelo
metabolismo) e o meio ao redor, não ocorrendo perda excessiva nem acúmulo. Fanger
(1970) define esta condição como o estado no qual uma pessoa não prefira aumento
ou diminuição da temperatura do ambiente ao redor.
Quando esta condição não é satisfeita, o indivíduo se encontra sob carga
térmica, que é definida por Lamberts e Xavier (2002) como o saldo entre o calor
trocado com o ambiente e o gerado pela atividade metabólica. Brajejczyk (1992)
afirma que as condições climáticas exercem forte influência sobre a carga térmica,
dificultando o alcance do estado de neutralidade térmica.
A segunda condição de conforto térmico diz respeito à taxa de secreção de
suor e à temperatura da pele do indivíduo, que devem ser limitadas a certos valores de
acordo com a atividade que está sendo exercida. Finalmente, a terceira condição
refere-se a desconfortos localizados, que podem ser entendidos como fatores que não
atingem o corpo em sua totalidade causando incômodos. Os fatores mais comuns que
19
causam desconfortos localizados são correntes de ar, variação da temperatura do ar
ao longo da altura, uso de técnicas de resfriamento ou aquecimento em pisos e
assimetria na incidência de radiação térmica (LAMBERTS E XAVIER, 2002).
De acordo com Auliciems e Szokolay (1997), desconforto térmico não se
resume somente a uma sensação desagradável subjetiva, havendo efeitos
cumulativos que podem se converter em respostas fisiológicas ou compensações
comportamentais como as descritas por Nicol (1993, apud XAVIER, 1999), ou em
efeitos adversos à saúde. Os autores afirmam que exposição ao desconforto ocasiona
perda de capacidade para trabalhos físicos e mentais, como coordenação motora e
destreza, habilidade ou disposição para se concentrar.
Segundo Silva e Corbella (2004), os principais afetados pelo calor e pela
poluição são crianças, idosos e pessoas com doenças pulmonares e cardíacas. Mas a
contínua exposição de indivíduos saudáveis ao desconforto causado por tais fatores
pode resultar em problemas de saúde nos mesmos.
Nicol (1993, apud XAVIER, 1999) argumenta que o ser humano possui
mecanismos, conscientes ou inconscientes, que auxiliam na obtenção do conforto
térmico, como a alteração de sua taxa metabólica pela mudança da atividade
desenvolvida, trocas de roupa de acordo com a necessidade, ingestão de líquidos,
mecanismos biológicos termorreguladores, uso de equipamentos para aquecer ou
resfriar o ambiente e até mesmo a mudança do ambiente térmico.
Além disso, podem ser feitas alterações nas condições térmicas de espaços
externos visando o aumento do grau de satisfação dos usuários e, consequentemente,
sua produtividade em atividades cotidianas (ROSSI et al, 2009).
2.1. VARIÁVEIS DE CONFORTO TÉRMICO
Segundo Xavier (1999) as variáveis para avaliação do conforto térmico podem
ser divididas em 3 categorias: variáveis físicas ou ambientais (temperatura do ar,
temperatura radiante média, velocidade do ar e umidade), variáveis pessoais ou
individuais (atividade desempenhada e vestimenta) e variáveis subjetivas (sensações
e preferências térmicas).
2.1.1. Variáveis físicas ou ambientais
2.1.1.1. Temperatura do ar (Tar)
Trata-se da temperatura em torno do corpo humano, sendo um indicador da
troca de calor entre indivíduos e o ambiente ao redor, expressa em ºC (ISO-DIS 7726,
1996, apud XAVIER, 1999; MONTEIRO, 2008). De acordo com Givoni (1976, apud
20
GIRALT, 2006), a temperatura do ar varia devido ao fluxo das massas de ar e da
incidência diferenciada da radiação solar, sendo influenciada principalmente pela taxa
de resfriamento e aquecimento da superfície da Terra.
2.1.1.2. Temperatura radiante média (Trm)
As trocas por radiação dependem da temperatura média das superfícies do
entorno, chamada de temperatura radiante média (Trm) (AULICIEMS e SZOKOLAY,
1997). Outra definição desta temperatura é dada pela ISSO-DIS 7726 (1996, apud
XAVIER, 1999) e consiste na temperatura uniforme de um meio imaginário onde a
passagem de calor radiante do indivíduo é igual a passagem de calor radiante no meio
real não uniforme, expressa em ºC. Humphreys (1975) afirma que a temperatura
radiante média e a temperatura do ar diferem pouco usualmente, podendo uma ser
usada como aproximação da outra.
Todos os elementos da paisagem emitem radiação. A temperatura superficial
destes elementos influencia o balanço térmico e o conforto através de trocas
radiativas, que são dominantes em ambientes pouco ventilados. Porém, essas
emissões podem ser minoradas a partir do uso de materiais adequados, cores menos
reflexivas e de vegetação (NIKOLOPOULOU, 2004; SILVA E CORBELLA, 2004).
Um estudo na cidade de Bauru – SP (ANANIAN, FONTES e SILVA, 2005)
concluiu que o uso da cobertura em telhas de fibra de vidro pintadas de azul oferece
um ambiente menos quente quando comparado com ambientes expostos à incidência
de radiação solar direta, não sendo, entretanto, suficiente para que as condições de
conforto sejam atingidas. É sugerida a escolha de um novo material para esta
estrutura com o objetivo de amenizar as condições climáticas.
Outro exemplo pode ser encontrado em Giralt (2006) num estudo realizado
com 3 praças de Torres – RS. Concluiu-se que as praças que possuíam maior área
revestida com elementos naturais apresentaram melhores condições de conforto,
resultado semelhante aos estudos de Souza, Silva e Silva (2016) em João Pessoa –
PB, que destacam que áreas onde predomina o uso de concreto e solo exposto
apresentam maior temperatura de superfície quando comparadas com áreas verdes.
2.1.1.3. Velocidade do ar (var)
Segundo a ISO-DIS 7726 (1996, apud XAVIER, 1999), é o módulo do vetor
velocidade do fluxo de ar no ponto de medição, influenciando na transferência
convectiva e evaporativa de calor na posição do indivíduo, expressa em m/s.
21
O vento não é um fenômeno constante, variando em direção e intensidade
momentaneamente, anualmente ou sazonalmente, podendo se referir a valores
médios como opção (NIKOLOPOULOU, 2004).
Ait-Ameur (1999) afirma que o vento possui boa capacidade de resfriamento,
especialmente em ambientes quentes e secos, contribuindo para trocas de calor por
convecção, controle de temperatura superficial e diminuição da carga térmica solar.
Entretanto, velocidades muito altas podem causar desconforto por perturbações
aerodinâmicas, superando seu efeito benéfico. Auliciems e Szokolay (1997) e
Nikolopoulou (2004) ressaltam que as reações aos efeitos do vento dependem da
temperatura do ar, sendo benéficos para temperaturas altas e indesejados para baixas
temperaturas.
Esta variável é altamente influenciada pela forma do meio urbano, que pode
oferecer obstáculos aos canais de ventilação, inibindo os efeitos benéficos da
velocidade do vento (MENDONÇA e ASSIS, 2003).
2.1.1.4. Umidade do ar
Segundo a ISO-DIS 7726 (1996, apud XAVIER, 1999) e Monteiro (2008), é a
quantidade de água presente em uma unidade de volume de ar úmido. Pode ser
expressa pela pressão parcial de vapor de água do ar (par, expressa em kPa) ou em
termos de umidade relativa do ar (ur, expressa em %). Giralt (2006) esclarece que
esta água em forma de vapor é resultado dos processos de evapotranspiração vegetal
e da evaporação natural da água. O autor afirma ainda que a umidade do ar tende a
diminuir com o aumento da temperatura e aumentar quando a temperatura diminui e
que a umidade influencia na taxa de evaporação do suor, interferindo no conforto
térmico.
2.1.2. Variáveis pessoais ou individuais
Giralt (2006) destaca que há diversas variáveis individuais que influenciam no
conforto térmico, como a atividade desempenhada, vestimenta, idade, sexo, cor da
pele, peso, altura e nível econômico. As principais são a atividade desempenhada e a
vestimenta e, portanto, serão destacadas nesta seção.
2.1.2.1. Atividade desempenhada
De acordo com a ASHRAE Standard 55 (1992, apud XAVIER, 1999), é um
indicador da taxa metabólica, ou seja, da taxa de produção energética do corpo. É
expresso na unidade “met”, que corresponde a 58,2 W/m².
22
De acordo com Auliciems e Szokolay (1997), a produção de calor metabólico
pode ser de duas formas: metabolismo basal, devido aos processos biológicos
contínuos e inconscientes, e metabolismo muscular, que é controlável
conscientemente. Esta taxa pode ser estimada para algumas atividades a partir da
tabela 1.
Tabela 1 – Estimativa da taxa metabólica a partir da atividade desenvolvida
Atividade Taxa metabólica (W/m²)
Dormindo 40
Reclinado 45
Descansando sentado 55
Descansando em pé 70
Caminhando (sem peso, a 2km/h) 110
Caminhando (sem peso, a 3km/h) 140
Caminhando (sem peso, a 4km/h) 165
Caminhando (sem peso, a 5km/h) 200
Caminhando (com peso de 10kg, a 4km/h) 185
Caminhando (com peso de 30kg, a 4km/h) 250
(Adaptado de ISO 8996, 2004)
2.1.2.2. Vestimenta
A roupa utilizada pelo indivíduo oferece resistência à troca de calor sensível
com o ambiente através do isolamento térmico (Iclo). Trata-se do isolamento
característico da pele para a face externa da vestimenta. Esta propriedade depende do
material utilizado na confecção das peças, bem como de sua espessura e é expresso
usualmente na unidade “clo”, que equivale a 0,155m²·K/W (ASHRAE STANDARD 55,
1992, apud XAVIER, 1999). A tabela 2 fornece os valores típicos de isolamento
térmico de algumas combinações de vestimenta.
Tabela 2 – Valores típicos de isolamento térmico para vestimentas
Vestimenta Isolamento térmico (clo)
Shorts de caminhada e camisa de manga curta 0,36
Calça e camisa de manga curta 0,57
Calça e camisa de manga longa 0,61
Calça, camisa de manga longa e jaqueta 0,96
Calça, camisa de manga longa, colete e camiseta 1,14
continua
23
Tabela 2 – Valores típicos de isolamento térmico para vestimentas
continuação
Calça, camisa de manga longa, casaco de manga
longa e camiseta 1,01
Calça de moletom e camiseta 0,74
Pijama, roupão e chinelo 0,96
Saia, camisa de manga curta, roupa íntima e
sandálias 0,54
Saia, camisa de manga longa, roupa íntima 0,67
Saia, camisa de manga longa, roupa íntima, casaco
de manga longa 1,10
Saia, camisa de manga longa, roupa íntima, blazer 1,04
Saia longa, camisa de manga longa, blazer e roupa
íntima 1,10
Macacão de manga longa e camiseta 0,72
Macacão, camisa de manga longa, camiseta 0,89
Macacão térmico, roupa íntima térmica 1,37
(Adaptado de ASHRAE, 2001)
Alterações na vestimenta se configuram em estratégias mais significativas para
climas frios, podendo ser aumentado o isolamento térmico com roupas apropriadas.
Entretanto, para climas quentes, existe um valor mínimo correspondente a roupas
leves, que podem ainda ser insuficientes para que se alcance a condição de satisfação
térmica (ADELI BURIOL et al, 2015).
2.1.3. Variáveis subjetivas
São parâmetros intrínsecos à natureza humana e particularidades individuais,
sendo os principais as sensações, que consistem na maneira como o indivíduo
percebe o conforto térmico, e preferências térmicas, que consistem nos desejos e
predileções deste em relação ao conforto. Estas variáveis são levantadas em campo
através de entrevistas com os usuários dos espaços com escalas sensoriais e de
preferência (XAVIER, 1999).
Höppe (2002) considera que aspectos psicológicos, como a expectativa por
condições térmicas específicas e o histórico térmico, são os que exercem maior
influência nas avaliações subjetivas de conforto. Rossi, Krüger e Guimarães (2013)
vão além ao afirmar que sensação e preferência nem sempre produzem resultados
condizentes, podendo um indivíduo manifestar estar em conforto, mas preferir um
24
ambiente térmico diferente ou aceitar as condições do meio em questão mesmo não
declarando estar satisfeito.
Costa e Araújo (2006) ressaltam que a análise estatística das variáveis
ambientais associada às entrevistas possibilita a determinação de limites de conforto
térmico externo, devendo atentar-se, entretanto, ao tamanho da amostra devido à
multiplicidade dos parâmetros envolvidos.
Lin et al (2010, apud CALLEJAS e NOGUEIRA, 2013) destaca que a decisão
de permanência em ambientes abertos é altamente influenciada pela sensação
térmica devido às variáveis ambientais, que interferem na percepção, preferência e
satisfação térmica dos indivíduos. Para Nikolopoulou e Steemers (2003, apud ROSSI,
KRÜGER e GUIMARÃES, 2013), estas variáveis justificam cerca de 50% da variação
entre aspectos objetivos e subjetivos de conforto, sendo o restante decorrente de
adaptações físicas, psicológicas e fisiológicas.
2.2. FERRAMENTAS PARA AVALIAÇÃO DE CONFORTO TÉRMICO DE
AMBIENTES EXTERNOS
Segundo Monteiro e Alucci (2007), existem três tipos de abordagem para
avaliar o conforto térmico para espaços abertos: índices empíricos, modelos analíticos
e a abordagem adaptativa.
Os autores alegam que o uso de índices empíricos de avaliação de conforto
térmico está limitado às situações particulares em que foram definidos. Os modelos
analíticos tendem a proporcionar resultados mais universais, possibilitando análises
específicas das trocas térmicas e, consequentemente, facilitando a definição de
intervenções no ambiente externo. Por fim, a abordagem adaptativa consiste na
consideração da adaptação ao clima por parte dos indivíduos, com a definição de
faixas interpretativas regionais.
Segundo Monteiro (2008), a maior parte dos estudos de conforto térmico é
desenvolvida para ambientes fechados, nos quais as condições climáticas podem ser
mais facilmente controladas. O autor afirma ainda que a ausência de confinamento em
ambientes externos reduz o controle sobre estas variáveis, fazendo-se necessária a
consideração de determinadas especificidades. Além disso, Givoni et al (2003) alega
que interações peculiares entre os elementos climáticos em épocas e locais
específicos tornam a análise dos efeitos combinados destes elementos mais complexa
em estudos de conforto externo, dificultando o desenvolvimento de modelos
matemáticos.
25
Costa e Araújo (2006) afirmam que a falta de controle e a grande quantidade
de variáveis envolvidas no estudo de conforto térmico externo dificultam a definição
dos parâmetros, não permitindo a adoção dos resultados de alguns estudos como
regra, mas sim como contribuição metodológica e estudo de caso.
Os efeitos da radiação solar e a influência do vento associada à incerteza de
sua ação são os principais fatores que tornam o estudo do conforto térmico em
ambientes externos mais complexo (AROZTEGUI, 1995; GIVONI et al, 2003;
KATZSCHNER et al, 1999; LOIS e LABAKI, 2001; MONTEIRO e ALUCCI, 2006;).
Nikolopoulou (2004) explica que as dificuldades de previsão e controle a respeito do
vento decorrem de inúmeros fatores globais (áreas de alta e baixa pressão), regionais
e locais (tipologia da paisagem). Em contrapartida, Adeli Buriol et al (2015) afirmam
que as variáveis condicionantes para conforto térmico em ambientes internos são
temperatura e umidade do ar.
Katzschner et al (1999) concluiu que, na cidade de Salvador, o desconforto
térmico ocorria principalmente em becos estreitos de áreas densamente ocupadas,
visto que se trata de um local de grande armazenamento de calor, alta incidência de
radiação e ventilação insuficiente. Para Ait-Ameur (1999), a radiação solar é um dos
fatores que mais influencia o conforto térmico externo, atrás somente da ação do
vento, sendo benéfica no inverno e prejudicial no verão.
Monteiro (2008), Rossi, Krüger e Guimarães (2013) destacam ainda a
heterogeneidade de indivíduos e atividades que compõem estes ambientes, e o
controle limitado de temperatura e umidade do ar devido à ação do vento no transporte
de massa e energia como fatores que diferenciam o estudo de conforto térmico em
ambientes externos e internos. Além disso, Höppe (2002) afirma que o tempo de
permanência para cada tipo de ambiente também influencia, sendo da ordem de
minutos a algumas horas para ambientes externos e de várias horas para ambientes
internos.
Adicionalmente, devem ser considerados os processos de adaptação e
aclimatação dos indivíduos, exigindo estudos experimentais mais complexos
(MONTEIRO e ALUCCI, 2011). Este assunto será abordado mais adiante neste
trabalho.
A complexidade do assunto resulta em um número limitado de estudos
específicos para espaços abertos, e mesmos os existentes derivam, em sua maioria,
de trabalhos desenvolvidos para espaços fechados ou são analogias de situações
características (MONTEIRO e ALUCCI, 2011).
26
Entretanto, o uso de índices baseados em modelos de estado estável para
ambientes internos não são adequados para a avaliação de conforto externo,
superestimando-os na maioria dos casos. Isso ocorre devido ao tempo de
permanência, que, por ser menor em ambientes externos, se configura em um
obstáculo para atingir o estado estável (HÖPPE, 2002).
Nince (2013) destaca que as pesquisas de campo nos estudos de conforto
podem ser de dois tipos: pesquisas ao ar livre, denominadas externas, com indivíduos
em suas atividades usuais; e pesquisas laboratoriais em câmara climatizada,
denominadas internas, feitas com a modificação das variáveis de conforto térmico
visando descobrir a melhor combinação possível das mesmas.
Monteiro e Alucci (2011) consideram que o desenvolvimento de novas
pesquisas deve ser direcionado para a elaboração de modelos analíticos universais
que consideram os mecanismos termofisiológicos, e para calibrações particulares que
consideram os processos de aclimatação e adaptação, nas quais é necessário o
desenvolvimento de estudos empíricos.
A seguir, são apresentados alguns índices utilizados na avaliação do nível de
conforto para espaços abertos.
2.2.1. Voto real de sensação
Nikolopoulou (2004) definiu o voto real de sensação (ASV) a partir de dados
meteorológicos de cidades europeias e de entrevistas com usuários dos espaços
abertos. O resultado foi uma equação que combina as variáveis ambientais com o
índice (equação 1).
𝐴𝑆𝑉 = 0,049 · 𝑇𝑎𝑟 + 0,001 · 𝑅𝑑𝑛 − 0,051 · 𝑣𝑎𝑟 + 0,014 · 𝑢𝑟 − 2,079 (Eq. 1)
onde:
ASV = voto real de sensação (adimensional)
Tar = temperatura do ar, em ºC
Rdn = radiação solar direta normal, em W/m²
var = velocidade do ar, em m/s
ur = umidade relativa do ar, em %
A autora salienta que poucas entrevistas foram feitas para condições de muito
calor ou muito frio, estabelecendo uma faixa limite de 5ºC a 35ºC para a temperatura
do ar.
27
Monteiro (2008) propôs uma calibração da faixa de valores interpretativos para
a cidade de São Paulo através de seus estudos, conforme pode ser observado na
tabela 3.
Tabela 3 – Calibração proposta para o voto real de sensação
Voto real de sensação
1ª calibração Sensação 2ª calibração Sensação
> 1,20 Muito calor > 1,00 Muito calor
0,40 a 1,20 Calor 0,35 a 1,00 Calor
0,15 a 0,40 Pouco calor 0,15 a 0,35 Pouco calor
-0,15 a 0,15 Neutra -0,25 a 0,15 Neutra
-0,40 a -0,15 Pouco frio -0,40 a -0,25 Pouco frio
-1,20 a -0,40 Frio -1,20 a -0,40 Frio
< -1,20 Muito frio < -1,20 Muito frio
(MONTEIRO, 2008)
2.2.2. Índice de sensação térmica (thermal sensation)
Givoni e Noguchi (2000, apud GIVONI et al, 2003) desenvolveram uma fórmula
preditiva para a sensação térmica que leva em consideração os efeitos da temperatura
do ar, da radiação solar direta normal (Rdn) e da velocidade do ar. Trata-se do índice
de sensação térmica (TS), que pode ser calculado pela equação 2. Vale ressaltar que
a amostra do estudo utilizado para definição desta equação é relativamente pequena,
devendo considerar os resultados como aproximação grosseira.
𝑇𝑆 = 1,2 + 0,1115 · 𝑇𝑎𝑟 + 0,0019 · 𝑅𝑑𝑛 − 0,3185 · 𝑣𝑎𝑟 (Eq. 2)
onde:
TS = índice de sensação térmica (adimensional)
Tar = temperatura do ar, em ºC
Rdn = radiação solar direta normal, em W/m²
var = velocidade do ar, em m/s
Monteiro (2008) propôs uma calibração da faixa de valores interpretativos para
a cidade de São Paulo através de seus estudos, conforme pode ser observado na
tabela 4.
28
Tabela 4 – Calibração proposta para o índice de sensação térmica
Índice de sensação térmica
1ª calibração Sensação 2ª calibração Sensação
6,7 Muito calor 6,5 Muito calor
5,6 Calor 5,6 Calor
4,7 Pouco calor 4,7 Pouco calor
4,0 Neutra 4,0 Neutra
3,3 Pouco frio 3,3 Pouco frio
2,4 Frio 2,4 Frio
1,3 Muito frio 1,5 Muito frio
(MONTEIRO, 2008)
2.2.3. Temperatura neutra exterior
A temperatura neutra é um índice de avaliação de conforto térmico interno que
representa a temperatura ambiental considerada nem quente e nem fria por um grupo
de indivíduos (HUMPHREYS, 1975). Aroztegui (1995) definiu então a temperatura
neutra exterior (Tne) com base no conceito de temperatura neutra, acrescentando os
efeitos dos principais agentes térmicos externos. Segundo o autor, o vento
normalmente reduz a temperatura percebida, enquanto que a radiação solar a
aumenta.
Este índice foi definido para uma taxa de suor nula e arbitrando condições
médias para as características do entorno (isolamento térmico de roupas igual a
0,8clo; atividade sedentária; umidade relativa entre 35% e 65%). Ele pode ser
calculado pela equação 3 (AROZTEGUI, 1995).
𝑇𝑛𝑒 = 3,6 + 0,31 · 𝑇𝑚𝑚 +100 + 0,1 · 𝑅𝑑𝑛 · [1 − 0,52 · (𝑣𝑎𝑟
0,2 − 0,88)]
11,6 · 𝑣𝑎𝑟0,3
(Eq. 3)
onde:
Tne = temperatura neutra exterior, em ºC
Tmm = temperatura média mensal, em ºC
Rdn = radiação solar direta normal, em W/m²
var = velocidade do ar, em m/s
Aroztegui (1995) explica que as diversas situações dos efeitos térmicos
produzidos pelo vento sobre os pedestres fazem com que seja necessária a adoção
29
de simplificações, podendo ser usadas informações de estações meteorológicas
corrigidas a partir da classe de rugosidade, conforme a tabela 5. A classe I
corresponde a ambientes próximos ao mar e a classe V corresponde a grandes
centros urbanos.
Tabela 5 – Correção de velocidade do vento para o nível do pedestre
Classe de rugosidade Coeficiente de correção
Classe I 0,98
Classe II 0,65
Classe III 0,40
Classe VI 0,20
Classe V 0,12
(GANDEMER, 1981, apud AROZTEGUI, 1995)
Monteiro (2008) propôs uma calibração da faixa de valores interpretativos para
a cidade de São Paulo através de seus estudos, conforme pode ser observado na
tabela 6.
Tabela 6 – Calibração proposta para a diferença entre temperatura do ar e temperatura neutra exterior
Temperatura neutra exterior
1ª calibração Sensação 2ª calibração Sensação
> 11,5 Muito calor > 12,0 Muito calor
8,0 a 11,5 Calor 8,0 a 12,0 Calor
4,5 a 8,0 Pouco calor 4,0 a 8,0 Pouco calor
-4,5 a 4,5 Neutra -4,0 a 4,0 Neutra
-8,0 a -4,5 Pouco frio -8,0 a -4,0 Pouco frio
-11,5 a -8,0 Frio -12,0 a -8,0 Frio
< -11,5 Muito frio < -12,0 Muito frio
(MONTEIRO, 2008)
2.2.4. Índice Humidex
O índice Humidex (HU), proposto por Masterson e Richardson (1979),
conforme citado por Monteiro (2008), apresenta uma temperatura equivalente que
pode ser calculada a partir dos valores de temperatura e umidade relativa do ar.
Apesar de poder ser usado para a avaliação do conforto térmico em espaços abertos,
este índice não considera a influência da radiação solar, da velocidade do ar e das
variáveis individuais (vestimenta e metabolismo). A equação 4 apresenta a forma de
cálculo deste índice.
30
𝐻𝑈 = 𝑇𝑎𝑟 + (5/9) · (𝑝𝑎𝑟 − 10) (Eq. 4)
onde:
HU = índice Humidex, em ºC
Tar = temperatura do ar, em ºC
par = pressão parcial de vapor de água do ar, em kPa
A pressão parcial de vapor (par) pode ser calculada pela equação 5
(MONTEIRO E ALUCCI, 2005).
𝑝𝑎𝑟 = 6,11 · 10−3 · 𝑢𝑟 · 𝑒17,27·𝑡𝑎𝑟
𝑡𝑎𝑟+237,3 (Eq. 5)
onde:
ur = umidade relativa do ar, em %.
A tabela 7 apresenta a faixa de interpretação para este índice.
Tabela 7 – Faixa interpretativa do Humidex
Humidex (ºC) Classificação
≤ 30 Sem desconforto
30 – 40 Algum desconforto
40 – 45 Muito desconforto, evitar esforço físico
≥ 45 Situação de perigo
≥ 54 Golpe térmico iminente
(MAAROUF e BITZOS, 2000, apud MONTEIRO, 2008)
Monteiro (2008) propôs uma calibração da faixa de valores interpretativos para
a cidade de São Paulo através de seus estudos, conforme pode ser observado na
tabela 8.
Tabela 8 – Calibração proposta para o índice Humidex
Índice Humidex
1ª calibração Sensação 2ª calibração Sensação
> 34,0 Muito calor > 37,0 Muito calor
30,5 a 34,0 Calor 32,0 a 37,0 Calor
30,0 a 30,5 Pouco calor 30,0 a 32,0 Pouco calor
< 30,0 Neutra < 30,0 Neutra
(MONTEIRO, 2008)
31
2.3. CARTA BIOCLIMÁTICA DE OLGYAY
Givoni (1992) afirma que o uso cartas bioclimáticas facilita a análise das
características climáticas locais em termos de conforto térmico por ser uma forma de
apresentar as combinações de temperatura e umidade a qualquer instante em uma
carta psicométrica estruturada em torno de uma zona de conforto.
O autor define esta zona como o intervalo de condições climáticas nas quais a
maioria dos indivíduos não sentiria desconforto térmico, tanto para calor quanto para
frio. Segundo Auliciems e Szokolay (1997), Olgyay foi o pioneiro no uso de cartas
bioclimáticas em análises de conforto.
Olgyay (1998) utilizou diversos estudos sobre as condições de satisfação
térmica para definir uma zona de conforto de modo gráfico, através de um diagrama
construído com a temperatura do ar no eixo das ordenadas e a umidade relativa no
eixo das abscissas, denominado Carta Bioclimática de Olgyay.
Conforme pode ser observado na figura 1, existe uma zona central de
neutralidade térmica delimitada por uma linha representativa da situação de tensão. A
partir deste limite, o indivíduo encontra-se em situação de desconforto (OLGYAY,
1998).
Figura 1 – Carta Bioclimática de Olgyay (PONTES e LIMA, 2017)
32
A faixa de temperatura para a zona de conforto proposta por Olgyay (1998)
está compreendida entre os valores de 27,8ºC e 19,5ºC, válida para a zona temperada
dos Estados Unidos. A zona de conforto desejado está delimitada ao intervalo de
umidade relativa de 35% a 65%.
Entretanto, pode-se estender esta área para se considerar o clima de regiões
de alta ou baixa umidade sem que sejam produzidos incômodos, o que caracteriza a
zona de conforto prático. O autor recomenda ainda que os indivíduos não se
exponham a estas condições por um intervalo de tempo muito prolongado.
Olgyay (1998) afirma que o gráfico pode ser ajustado para outros tipos de
clima, sugerindo a correção na temperatura máxima de 2/5ºC para cada 5º de latitude
de diferença em relação à latitude de 40º, sem, contudo, ultrapassar o valor máximo
de 29,4ºC.
Apesar da representação gráfica, o autor afirma que não há limites reais para a
faixa de conforto, pois qualquer perímetro que represente as condições de conforto é
determinado a partir de suposições arbitrárias.
Fora dos limites de conforto propostos, Olgyay (1998) sugere uma série de
modificações no ambiente de forma a restabelecer as condições de satisfação dos
usuários.
Condições de temperatura e umidade acima dos limites da zona de conforto
necessitam da ação do vento como medida corretiva. Entretanto, esta medida só é
eficiente para o caso de alta umidade. No caso de umidade baixa, recomenda-se a
diminuição da temperatura por evaporação. A medida corretiva para condições de
temperatura e umidade abaixo do perímetro de conforto é melhorar as condições de
incidência da radiação solar (OLGYAY, 1998).
Givoni (1992) afirma que esta ferramenta é aplicável somente a ambientes
externos, apesar das observações de Olgyay (1963, apud Givoni, 1992) de que as
temperaturas internas são bem semelhantes às externas, permitindo o uso desta carta
bioclimática na proposição de diretrizes. Entretanto, Givoni (1992) ressalta que esta
aproximação é válida para construções pequenas e ventiladas naturalmente em
regiões úmidas.
2.4. INFRAESTRUTURA VERDE E O CONFORTO TÉRMICO DE AMBIENTES
EXTERNOS
Franco (2010) conceitua infraestrutura verde como a associação de áreas
verdes naturais e espaços urbanos abertos que preservam funções e valores
33
ecológicos que devem servir de base para o planejamento visando o desenvolvimento
sustentável. A autora esclarece ainda que a definição de infraestrutura verde pode
variar de acordo com o contexto, se referindo desde o plantio de espécies arbóreas
em áreas urbanas até o uso de obras de engenharia com o objetivo de melhoria das
condições ambientais e sanitárias.
Outro conceito pode ser encontrado em Herzog (2013), que afirma que a
infraestrutura verde consiste numa rede ecológica urbana que remodela a paisagem e
recompõe o ecossistema urbano ao tentar imitar os processos naturais, objetivando o
aumento da sustentabilidade e resiliência do meio urbano e priorizando o ambiente
natural, os usuários dos mesmos e as interações entre eles.
Além disso, Lima et al (1994, apud ALBUQUERQUE e LOPES, 2016)
conceituam a área verde urbana como zonas de superfície permeável com a presença
de árvores e que desempenham função ecológica ou estética, como parques, jardins,
canteiros e praças.
Segundo Borges e Labaki (2004), as características da circunvizinhança (como
existência e dimensão de áreas verdes, proximidade com corpos hídricos e área
impermeabilizada) impactam significativamente na temperatura urbana. Alguns
autores evidenciam esta influência, como Katzschner et al (1999), que afirmam que os
efeitos das ilhas de calor podem ser amenizados pelo uso de árvores combinado a
maiores velocidades do vento, e Gomes e Soares (2003), que ressaltam a contribuição
relevante da arborização, em especial de espécies nativas, na amenização das
condições climáticas e no aumento da qualidade de vida.
Segundo Monteiro e Alucci (2010a) e Torres e Barbirato (2004), este aumento
na qualidade se dá em virtude das áreas verdes serem elementos relevantes para a
estética urbana, boas opções de locais de lazer e exercerem grande influência nas
condições climáticas. Para os autores, planejamento e projetos adequados contribuem
para o desenvolvimento de atividades econômico-culturais (como exposições,
espetáculos, eventos e atividades turísticas) em espaços abertos, favorecendo a
utilização dos espaços públicos.
Amaral e Fontes (2012) ressaltam que a presença de árvores e o tipo de uso
dos espaços urbanos influenciam na tolerância de indivíduos às condições de frio e
calor. As autoras concluem que os usuários são capazes de suportar temperaturas
mais elevadas em espaços de permanência arborizados, enquanto que os usuários de
espaços de passagem não arborizados tendem a tolerar temperaturas mais baixas.
34
Analogamente, uma menor área arborizada no ambiente urbano impacta
negativamente o clima urbano, como aumento da temperatura, diminuição da
umidade, aumento da incidência de radiação solar, maior emissão de radiação de
onda longa, modificação nos ciclos de chuva e mudança na direção dos ventos,
causando desconforto aos usuários (ABREU, 2008; LABAKI et al, 2011).
Costa e Araújo (2006) destacam alguns problemas ambientais decorrentes da
ocupação inadequada do espaço urbano no bairro de Petrópolis, em Natal – RN. Alta
taxa de ocupação dos lotes, insuficiência de vegetação e aumento de área suscetível
à radiação solar são alguns exemplos. Albuquerque e Lopes (2016) argumentam que
a diminuição da qualidade do ambiente urbano é resultado da integração insuficiente
entre as áreas verdes e os equipamentos urbanos, associado ao planejamento
inadequado e à expansão urbana acelerada.
Estudos em espaços abertos de diversos locais do mundo demonstram que
áreas arborizadas tendem a apresentar menores valores de temperatura do ar
(ALBUQUERQUE E LOPES, 2016; GIRALT, 2006; MARTELLI e SANTOS JR, 2015;
NIKOLOPOULOU, 2004; TORRES e BARBIRATO, 2004) e maiores valores de
umidade do ar (ALBUQUERQUE e LOPES, 2016; GIRALT, 2006; MARTELLI e
SANTOS JR, 2015; ROSSI et al, 2009; SILVA e CORBELLA, 2004; TORRES e
BARBIRATO, 2004).
Gartland (2010) e Nikolopoulou (2004) afirmam ainda que a vegetação natural
absorve menos calor que materiais não naturais usados como revestimento,
resultando em um menor aquecimento superficial em zonas vegetadas e,
consequentemente, em menores temperaturas do ar. Contudo, Giralt (2006) esclarece
que na realidade esta absorção é alta, sendo de aproximadamente 90% da radiação
visível e 60% da radiação infravermelha. Esta divergência é explicada por Giralt (2006)
quando o mesmo afirma que a maior parte desta energia é utilizada no processo de
fotossíntese do vegetal, reduzindo, portanto, a parcela emitida de volta ao meio.
Além disso, Labaki et al (2011, apud MARTELLI e SANTOS JR, 2015) e Nince
(2013) explicam que as árvores impossibilitam que toda a radiação solar incida sobre
as superfícies, reduzindo sua temperatura e a quantidade de energia emitida destas
para o meio. Os autores ressaltam ainda a influência da evapotranspiração, que auxilia
na redução da temperatura através da remoção do calor latente, proporcionando o
resfriamento passivo das construções do entorno.
Ananian, Fontes e Silva (2005), Callejas e Nogueira (2013), Costa e Araújo
(2003), Mendonça e Assis (2001), Nikolopoulou (2004) e Silva e Corbella (2004)
35
sugerem o aumento de áreas com vegetação como medida para melhoria das
condições de conforto térmico em espaços abertos a partir do aumento de áreas
sombreadas, funcionando como um filtro para a radiação solar.
Segundo Givoni et al (2003), a intensidade da radiação solar direta na sombra
das árvores é aproximadamente 10% da intensidade em áreas expostas, enquanto
que, na sombra de um guarda-sol, o valor desta variável é de 30% em relação a áreas
não sombreadas.
Evans et al (2001, apud KATZSCHNER, 2005) explicam que este tipo de
medida auxilia também na proteção contra ventos excessivos e exposição à radiação
de onda longa. Gonçalves et al (2012, apud MARTELLI E SANTOS JR, 2015) vão
além ao incluir o aumento da taxa de evapotranspiração, redução da poluição do ar,
aumento do conforto sonoro e diminuição do consumo energético em áreas de clima
quente como benefícios da arborização.
Adicionalmente, Katzschner et al (1999) explicam que além de apresentar
características climáticas mais amenas, as áreas verdes produzem ar fresco, que é
transportado para outros locais, induzindo a circulação térmica local. Portanto, os
benefícios não se limitam localmente, influenciando também a vizinhança.
Contudo, Marteli e Santos Jr (2015) defendem que, apesar das vantagens de
existirem locais vegetados em pontos da área urbana, a arborização uniforme nos
logradouros contribui substancialmente com a melhoras das condições térmicas e
qualidade de vida dos indivíduos.
Araújo e Caram (2006) propõem a utilização de árvore de pequeno porte em
ruas de largura pequena e aumento da cobertura vegetal (plantas rasteiras e grama)
para canteiros como medidas para abrandar as condições climáticas locais. Em
contrapartida, Torres e Barbirato (2004) afirmam que o uso de árvores de grande porte
reduz a diferença entre as temperaturas máximas e mínimas (gradiente térmico)
devido ao aumento de umidade e limitação da incidência de radiação solar.
Marteli e Santos Jr (2015) destacam que apesar da grande quantidade de
estudos sobre a relevância dos espaços arborizados para o conforto térmico, os
esforços para se colocar em prática as conclusões dos mesmos não são suficientes,
resultando em uma gestão inadequada da infraestrutura verde e numa visão ruim por
parte dos cidadãos devido aos confrontos com outros equipamentos urbanos (fiação
elétrica, calçadas, calhas, postes de iluminação, entre outros).
36
Mendonça e Assis (2003) complementam este ponto ao afirmar que as leis
brasileiras de planejamento urbano não são eficientes em determinar os diferentes
usos do solo para as zonas urbanas visando o estabelecimento de condições
climáticas adequadas.
Lima (201?) afirma que a gestão da infraestrutura verde na cidade do Rio de
Janeiro é feita a partir de dois tipos de instrumentos legais: aqueles que definem os
mecanismos técnicos de manejo e aqueles que estruturam os órgãos ambientais.
Segundo o autor, as principais ferramentas de gestão ambiental do município são o
Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável (PDDUS), a Lei Orgânica
Municipal (LOM) e o Plano Diretor de Arborização Urbana da Cidade do Rio de Janeiro
(PDAU-Rio).
O PDDUS estipula ferramentas de estruturação urbana com o objetivo de
melhorar as condições ambientais da cidade com o uso dos conceitos de corredores
verdes, espaços abertos e arborização urbana. As ações estruturantes para gestão
das áreas verdes propostas por esse plano podem ser observadas no quadro 2.
Algumas leis complementares são regulamentadas por esse plano, sendo as principais
a Lei de Uso e Ocupação do Solo, a Lei de Parcelamento do Solo Urbano, o Código
de Obras e Edificações, o Código ambiental e o Código de Licenciamento e
Fiscalização (PDAU-RIO, 2015, apud LIMA, 201?).
Quadro 2 – Ações estruturantes de gestão da infraestrutura verde do Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável
Ações estruturantes do Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável
1 Elaborar diagnóstico urbano ambiental das diversas regiões do município, visando a criação, implantação e incremento de praças e parques urbanos, visando atenuar o adensamento da malha urbana.
2 Elaborar e implantar o Plano Diretor de Arborização, visando o
planejamento e manejo adequado do arboreto urbano.
3 Cadastrar as áreas verdes de domínio privado de interesse ambiental, bem
como o estímulo à sua implantação e proteção.
4 Levantar e efetuar o tratamento fitossanitário dos indivíduos arbóreos da
arborização pública.
5 Estabelecer índice de área de lazer e de áreas verdes por habitante.
6 Editar normas específicas para controle de usos e atividades nas áreas
verdes urbanas e no entorno de bens tombados naturais.
7
Implantar sistemas orgânicos de cultivo em hortos de produção de plantas
ornamentais, jardins, jardineiras, hortas orgânicas e com a produção de
composto orgânico de iniciativa pública, privada e de entidades não
governamentais.
continua
37
Quadro 2 – Ações estruturantes de gestão da infraestrutura verde do Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável
continuação
8 Criar incentivos à conservação e manutenção de áreas públicas, através do
programa de adoção de áreas verdes.
9 Executar planos de manejo, visando compatibilizar o fluxo de usuários e
visitantes nos parques públicos urbanos e naturais com a sua conservação.
10 Elaborar diagnósticos específicos para os jardins históricos quando da
intervenção dentro do seu espaço físico e/ou seu entorno.
11 Capacitar jovens e adultos em jardinagem, paisagismo e horticultura, dentro
dos preceitos do manejo orgânico.
12 Utilizar composto orgânico obtido com o reaproveitamento de resíduos de
poda ou dos resíduos sólidos urbanos nas ações da arborização e das
áreas verdes públicas.
13 Elaborar caderno de encargos visando à sistematização de informações
para padronização de equipamentos, serviços e obras de urbanização em
praças e parques.
14 Indicar espécies nativas adequadas ao tratamento paisagístico das áreas
verdes e espaços livres públicos, de acordo com as características do uso e
de localização dos logradouros.
15 Implantar áreas verdes em locais de recarga de aquíferos.
16 Ampliar os índices de áreas verdes e áreas permeáveis, visando à melhoria
da ambiência urbana e a qualidade de vida da população.
17 Implantação de parques dotados de equipamentos comunitários de lazer
nas proximidades das faixas marginais de rios e lagoas, desestimulando
invasões e ocupações indevidas.
18 Fomentar à adoção de calçadas, coberturas e telhados com plantio verde.
(PDAU-RIO, 2015, apud LIMA, 201?)
Segundo o PDAU-Rio (2015, apud LIMA, 201?), a LOM está relacionada a
planos de longo prazo da gestão ambiental, visando recompor e preservar indicadores
relevantes de áreas verdes. Já o PDAU-Rio determina as especificações para
implantação, acompanhamento, verificação, conservação e ampliação do arboreto
urbano, destacando a participação das pessoas na gestão das áreas verdes.
Segundo Lima (201?), a Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de
Janeiro, a COMLURB e a Fundação Parques e Jardins são os agentes responsáveis
pela gestão da infraestrutura verde no município do Rio de Janeiro. O autor ressalta
ainda que problemas administrativos são resultado da transferência de
responsabilidades da Fundação Parques e Jardins para os outros agentes, gerando
incerteza na população sobre qual órgão deve ser acionado em situações
emergenciais. O autor propõe que as políticas públicas relacionadas à infraestrutura
verde devem ser revistas com o intuito de resolver estas falhas administrativas.
38
Por fim, Nikolopoulou (2004) defende que o contato com a natureza e o
estímulo ambiental são importantes objetivos nos projetos de espaços abertos,
devendo ser encorajados. Adicionalmente, Costa e Araújo (2003) destacam que a
população possui função importante, ao lado do Poder Público, nas questões
ambientais em zonas urbanas, principalmente quanto à sua conservação, estando de
acordo com a definição de infraestrutura verde de Herzog (2013). As autoras
argumentam que os indivíduos produzem resíduos, consomem recursos e poluem o
ambiente, gerando um padrão insustentável de vida que deve ser revisto.
2.5. INFLUÊNCIA DA ACLIMATAÇÃO EM AVALIAÇÕES DE CONFORTO
TÉRMICO
Aclimatação é um conjunto complexo de reajustes psicológicos e fisiológicos
que ocorrem quando o organismo é exposto a condições de estresse térmico. Este
processo resulta em redução da sensação de desconforto, melhora do rendimento das
atividades desenvolvidas e aumento do bem-estar em geral (AULICIEMS e
SZOKOLAY, 1997).
Os autores afirmam ainda que o ser humano possui grande adaptabilidade em
relação às condições climáticas, com uma capacidade de aclimatação em diferentes
condições. Estas adaptações podem ser de curto prazo, como ajustes fisiológicos que
levam de 20 a 30 minutos para ocorrer, ou de longo prazo, como ajustes endócrinos
que podem levar meses para serem alcançados e que constituem o processo de
aclimatação. Os mecanismos vasomotores e de sudorese fazem parte deste processo,
como o aumento de até 20% no volume sanguíneo circulante para manter a
vasodilatação e o aumento da taxa de secreção de suor ao longo de várias semanas
em climas quentes.
Nikolopoulou, Baker e Steemers (1999, apud Nikolopoulou, 2004) explicam que
o processo adaptativo envolve também processos psicológicos, através de escolhas
pessoais, memória e expectativas, que são parâmetros críticos para que o indivíduo
atinja o estado de satisfação térmica.
Além disso, Auliciems e Szokolay (1997) afirmam que indivíduos que
desempenham atividades mais intensas tendem a aclimatar-se mais rapidamente em
virtude do aumento da produção de calor metabólico e, consequentemente, do
estresse térmico.
Todavia, viver em ambientes homogeneizados e condicionados artificialmente
reduz essa capacidade, estreitando os limites de sobrevivência. Portanto, os autores
destacam que devem ser proporcionadas condições de bem-estar térmico aos
39
usuários que não se afastem muito da situação natural. Callejas e Nogueira (2013)
corroboram estas afirmações ao dizer que limitações nas oportunidades adaptativas
resultam em diferenças entre sensação e satisfação térmicas, possibilitando a
consideração de ambientes confortáveis inicialmente como ambientes desconfortáveis.
Um exemplo pode ser encontrado em Krüger e Drach (2016), que citam o
artigo de Busch (1992) sobre a diferença entre os limites superiores de conforto para
indivíduos habituados a ambientes com ventilação natural ou climatizados na
Tailândia. Os resultados mostram que a diferença entre estes valores foi de 3ºC,
sendo os indivíduos que frequentam ambientes climatizados artificialmente menos
tolerantes ao calor. Do ponto de vista dos ambientes externos, essa redução na
tolerância tende a agravar o problema de estresse térmico por calor, aumentando a
demanda dos indivíduos por medidas que amenizem essa condição.
Os resultados de Krüger e Drach (2016) corroboram estas afirmações,
concluindo que o desconforto em ambientes externos está relacionado ao aumento da
frequência de utilização de climatização artificial. Os autores ressaltam, entretanto,
que para os casos de climatização artificial no trabalho, as diferenças não foram
significativas. Os autores sugerem que uma maior atenção às condições climáticas
externas durante a operação dos aparelhos de ar condicionado pode reduzir a chance
dos indivíduos se encontrarem em condição de estresse térmico e,
consequentemente, a demanda por parte dos usuários por intervenções nos
equipamentos urbanos.
Monteiro (2008) afirma que a região de origem da pessoa e o tempo de
exposição dela a uma nova condição climática são fatores que influenciam na
sensação e preferência térmicas. Em estudo realizado em São Paulo – SP, o autor
constatou que as respostas de sensação térmica de um grupo de indivíduos
provenientes, em sua maioria, de locais mais quentes foram semelhantes às do grupo
de indivíduos residentes na cidade nas situações de temperaturas mais altas.
Entretanto, quando as temperaturas registradas eram mais baixas, o grupo não
aclimatado manifestava maior desconforto, evidenciando menor tolerância destas
pessoas ao frio.
Auliciems e Szokolay (1997) afirmam que a noção de níveis ótimos de conforto
constantes e estáticos para todas as localidades não é mais uma hipótese aceitável.
Givoni (1992) corrobora esta afirmação, destacando que a aplicação dos limites de
umidade e velocidade do ar da ASHRAE para climas quentes e úmidos sem a
consideração da aclimatação resulta em problemas.
40
O autor exemplifica com um estudo realizado em Colima – México, no qual os
dados climáticos foram analisados em uma carta bioclimática com os limites da
ASHRAE, concluindo que se tratava de um ambiente desconfortável. Contudo,
entrevistas com habitantes da cidade revelaram que os mesmos se sentiam
confortáveis termicamente durante os períodos da manhã e da noite, refletindo a
aclimatação destes indivíduos ao clima local.
Nikolopoulou (2004) afirma que uma abordagem puramente fisiológica é
inadequada para caracterização das condições de conforto térmico de ambientes
externos, sendo necessário levar em conta o processo de adaptação.
Monteiro e Alucci (2010b) ressaltam ainda que é necessária a existência de
um modelo empírico próprio e representativo de uma dada população adaptada a
condições específicas para uma previsão adequada da sensação térmica. Uma
sugestão é dada pelos mesmos autores em trabalho posterior (2011) ao afirmar que
as pesquisas de conforto térmico devem considerar os processos de aclimatação e
adaptação das pessoas através de calibrações específicas para os locais onde são
desenvolvidos os estudos, correlacionando as variáveis ambientais às variáveis
subjetivas.
A tabela 9 apresenta os resultados das faixas de temperatura consideradas
confortáveis para diversos locais, retirados de diversos estudos. A tabela 10 apresenta
informações análogas para a variável umidade relativa do ar.
Tabela 9 – Limites de temperatura da faixa de conforto para diferentes locais
Local
Limite inferior
de temperatura
do ar
Limite superior
de temperatura
do ar
Bangladesh (AHMED, 2003, apud GHANI et al,
2017) 28,5ºC 32,0ºC
Bauru – SP – Brasil (AMARAL e FONTES, 2012) 16,4ºC 28,0ºC
Bauru – SP – Brasil (LABAKI et al, 2012) 21,0ºC 30,0ºC
Campinas – SP – Brasil (LABAKI et al, 2012) 20,0ºC 29,0ºC
Colombo – Sri Lanka (JOHANSSON e EMMANUEL,
2006 apud GHANI et al, 2017) 27,5ºC 32,5ºC
Índia (INDRAGANTI, 2010b, apud GHANI et al,
2017) 26,0ºC 32,5ºC
Hungria (KÁNTOR et al, 2012a, apud GHANI et al,
2017) 18,0ºC 23,0ºC
continua
41
Tabela 9 – Limites de temperatura da faixa de conforto para diferentes locais
continuação
Maceió – AL – Brasil (TORRES e BARBIRATO,
2004) - 29,5ºC
Petrópolis – RN – Brasil (COSTA e ARAÚJO, 2003) 24,2ºC 30,4ºC
Petrópolis (verão) – RN – Brasil (COSTA e ARAÚJO,
2006) 27,3ºC 31,3ºC
Petrópolis (inverno) – RN – Brasil (COSTA e
ARAÚJO, 2006) 23,2ºC 29,4ºC
Presidente Prudente – SP – Brasil (LABAKI et al,
2012) 14,0ºC 24,0ºC
Taiwan (KÁNTOR et al, 2012a, apud GHANI et al,
2017) 21,3ºC 29,8ºC
Taiwan (LIN e MATZARAKIS, 2007, apud GHANI et
al, 2017) 24,2ºC 32,8ºC
Taiwan (LIN, 2009, apud GHANI et al, 2017) 21,3ºC 28,5ºC
Tel Aviv – Israel (COHEN et al, 2013, apud GHANI
et al, 2017) 20,0ºC 25,0ºC
Pode-se perceber que os valores limites de temperatura variam de lugar pra
lugar, demonstrando que as condições climáticas locais influenciam nas condições de
conforto dos indivíduos. Outro ponto a destacar são os elevados limites inferiores de
umidade, que podem ser explicados pelo fato de terem sido determinados a partir de
dados coletados no local, não havendo a possibilidade de se analisar a influência de
umidades mais baixas nas sensações dos usuários.
Tabela 10 – Limites de umidade da faixa de conforto para diversos locais
Local
Limite inferior
de umidade
relativa do ar
Limite superior
de umidade
relativa do ar
Petrópolis – RN – Brasil (COSTA e ARAÚJO, 2003) 67% 89%
Petrópolis (verão) – RN – Brasil (COSTA e ARAÚJO,
2006) 65% 81%
Petrópolis (inverno) – RN – Brasil (COSTA e
ARAÚJO, 2006) 70% 92%
Segundo Olgyay (1968, apud BOGO et al, 1994), o ajuste da Carta Bioclimática
de Olgyay levando em conta a aclimatação deve ser feito considerando a temperatura
média do local no mês mais quente e somar 2,8ºC a este valor. Analogamente, deve-
42
se usar a temperatura média do mês mais frio e subtrair 2,8ºC. A faixa ideal de
umidade encontra-se entre 30% e 70%, podendo ser estendida para 20% e 80% em
zonas úmidas. Além disso, a partir do valor de 50% de umidade, as linhas de
temperatura deixam de ser constantes e passam a seguir as linhas de temperatura
efetiva.
De acordo com Szokolay (2001, apud Monteiro, 2008), a inclinação das retas
de temperatura efetiva pode ser calculada pelas equações 6 e 7.
𝑖 = 0,023 · (𝐸𝑇 − 14), 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑇 < 30º𝐶 (Eq. 6)
𝑖 = 0,028 · (𝐸𝑇 − 14), 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐸𝑇 > 30º𝐶 (Eq. 7)
onde:
i = inclinação das retas de temperatura efetiva, em ºC/%
ET = temperatura efetiva, em ºC
As temperaturas efetivas iniciais serão estimadas como os limites superior e
inferior de conforto adotados.
43
3. METODOLOGIA DA PESQUISA DE CAMPO E PROPOSTA PARA ACLIMATAÇÃO
O presente trabalho pode ser caracterizado como uma pesquisa de campo por
analisar o conforto térmico através da observação do fenômeno tal como ocorre de
maneira espontânea em um objeto de estudo, definindo as técnicas utilizadas no
levantamento de dados e uma amostra que seja representativa e adequada para
validar as considerações finais (FONSECA e RIBAS, 2008).
Foram medidas semanalmente as variáveis climáticas como temperatura do ar,
temperatura do ponto de orvalho, temperatura do bulbo úmido, umidade relativa do ar,
luminância e radiação solar em diversas ruas do bairro do Humaitá, focando nos
dados da Rua Humaitá.
3.1. CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS DO RIO DE JANEIRO
Segundo dados da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (2009), a cidade do
Rio de Janeiro é a capital do estado de mesmo nome, localizado na Região Sudeste
do Brasil. O município se localiza a 43º10’21’’ de longitude oeste e a 22º54’23’’ de
latitude sul. O oceano Atlântico limita a cidade ao sul, a Baía de Sepetiba a oeste e a
Baía de Guanabara a leste.
O clima do município é tropical (quente e úmido), com diferenças locais
ocasionadas pela proximidade do oceano, presença de vegetação e diferença de
altitude. A temperatura média é de 22ºC, sendo mais elevadas no verão, quando
variam de 30ºC a 32ºC. A faixa de variação da precipitação é de 1200mm a 1800mm
por ano (PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, 2009).
Segundo Câmara et al (2009), a temperatura para o município do Rio de
Janeiro varia entre 20ºC e 27º, com o período mais quente entre novembro e abril e o
mais frio entre maio e outubro. Os autores afirmam ainda que a temperatura chega a
atingir 40ºC no verão e pode cair a 15ºC no inverno.
3.2. DETALHAMENTO DAS ETAPAS DA PESQUISA DE CAMPO
3.2.1. Escolha do objeto de estudo
Segundo Rossi, Ramió e Cantarell (1977), o estudo da paisagem urbana pode
ser feito segundo três tipos de escala: escala de rua, de bairro ou de cidade. O autor
define bairro como um conjunto com características típicas, uma unidade estrutural e
morfológica, com determinada paisagem urbana, função e conteúdo social próprios.
Figueiredo (2016) enuncia os principais componentes morfológicos de acordo
com as escalas de rua e de bairro, que podem ser observados no quadro 3.
44
Quadro 3 – Componentes morfológicos de acordo com escala de análise
Escala de rua Escala de bairro
Árvores
Edifícios
Traçados
Estruturas verdes
Ruas
Praças
Quarteirões
Jardins
(FIGUEIREDO, 2016)
Para Rossi (1964, apud FIGUEIREDO, 2016), a análise na escala de bairro
permite a consideração de grupos de características comuns, como a espécies de
árvores que compõem a vegetação, o relevo e parâmetros construtivos.
Portanto, as medições de campo foram realizadas considerando a escala de
bairro, selecionando o bairro do Humaitá na cidade do Rio de Janeiro.
O bairro do Humaitá está localizado na Zona Sul do município, fazendo divisa
com os seguintes bairros: Botafogo, Jardim Botânico, Lagoa, Alto da Boa Vista, Santa
Teresa e Copacabana. A população do bairro é de 13285 habitantes, com uma área
territorial de 105,45ha. (BAIRROS CARIOCAS, 2018). A figura 2 mostra a localização
e delimitação do bairro na cidade do Rio de Janeiro.
Segundo Figueiredo (2016), a vegetação natural do bairro conta com uma
parcela de Mata Atlântica (Floresta da Tijuca) e a organização das ruas segue o
modelo de ruas transversais à rua principal (Rua Humaitá).
Figura 2 - Localização e delimitação do bairro do Humaitá (GOOGLE MAPS, 2018)
45
As análises levarão em conta os valores médios das variáveis microclimáticas
medidas, considerando a escala de bairro. Entretanto, em vista do interesse do
trabalho em avaliar a influência das árvores no conforto térmico, será considerada
também a escala de rua em parte das avaliações.
3.2.2. Delimitação da área de estudo
A área de estudo é constituída por 6 trechos, com pontos de medição
demarcados segundo o quadro 4. A figura 3 apresenta a localização dos trechos e sua
demarcação.
Quadro 4 – Divisão da área de estudo e demarcação dos pontos de medição
Trecho Descrição Marcação de pontos de medição
1
Rua Humaitá (trecho iniciando no
Largo dos Leões e finalizando na
Rua Viúva Lacerda)
Demarcados a cada 50m ao longo
do canteiro central e ao longo da
calçada direita no sentido do fluxo de
carros, totalizando 13 pontos de
medição.
2 Rua David Campista
Demarcados a cada 50m ao longo
da calçada direita no sentido do fluxo
de carros que saem da Rua
Humaitá, totalizando 5 pontos de
medição
3 Rua Cesário Alvim
Demarcados a cada 50m ao longo
da calçada direita no sentido do fluxo
de carros que saem da Rua
Humaitá, totalizando 5 pontos de
medição
4 Rua João Afonso
Demarcados a cada 50m ao longo
da calçada direita no sentido do fluxo
de carros que saem da Rua
Humaitá, totalizando 5 pontos de
medição
continua
46
Quadro 4 – Divisão da área de estudo e demarcação dos pontos de medição
continuação
5 Rua Viúva Lacerda
Demarcados a cada 50m ao longo
da calçada direita no sentido do fluxo
de carros que saem da Rua
Humaitá, totalizando 5 pontos de
medição
6 Largo dos Leões
Demarcados a cada 50m ao longo
das praças, totalizando 7 pontos de
medição.
Figura 3 – Demarcação da área de estudo
Apesar dos dados ambientais terem sido levantados para todos os trechos, o
presente trabalho trata da análise dos dados somente para a Rua Humaitá.
Na figura 4, pode ser observado um croqui da planta baixa da Rua Humaitá,
localizando as árvores presentes na rua e os pontos de medição, sem muita precisão.
A figura 5 apresenta um exemplo de seção transversal em um ponto de medição. As
demais seções podem ser observadas no apêndice 1.
47
Figura 4 – Croqui da planta baixa da faixa de interesse da Rua Humaitá
Figura 5 – Exemplo de seção transversal (pontos de medição 7 e 9)
48
3.2.3. Frequência e percurso de medições
As medições de campo foram realizadas semanalmente, no período
compreendido entre 4 de junho de 2016 e 16 de julho de 2017. Evitou-se realizar
medições em dias de chuva intensa, visando o bom funcionamento dos equipamentos
e buscando repor, sempre que possível, em outro dia de forma a reunir dados relativos
a 4 dias para cada mês.
Apesar dos dados terem sido levantados para todas as estações, o presente
trabalho se limitará a analisar o período relativo ao verão e à primavera. O motivo de
tal decisão foi a análise prévia e simplificada dos dados realizada por Pontes e Lima
(2017), que permitiu observar que as estações do ano em questão foram as que
apresentaram maiores níveis de desconforto para calor, que é a principal condição
relacionada a conforto térmico que se deseja evitar na cidade do Rio de Janeiro.
A figura 6 apresenta um esquema do percurso de medição. A coleta de dados
se iniciava no canteiro central da Rua Humaitá, seguindo o fluxo dos carros e
retornando pela calçada direita da mesma rua. Logo após, eram feitas as medições
nas ruas transversais na seguinte ordem: David Campista, Cesário Alvim, João Afonso
e Viúva Lacerda. Finalmente, eram coletados os dados do Largo dos Leões, iniciando
na praça a direita e finalizando na da esquerda, em relação ao fluxo dos carros.
Figura 6 – Percurso de medição (PONTES e LIMA, 2017)
49
As medições foram realizadas no período da manhã, iniciando-as às 9:20, com
ajustes para 10:20 durante o período de vigência do horário de verão. A duração
média do percurso era de 2 horas e 10 minutos.
3.2.4. Grandezas medidas e equipamentos
As grandezas medidas durante os trabalhos de campo podem ser observadas
no quadro 5.
Quadro 5 – Grandezas medidas no levantamento de campo
Grandeza Unidade Equipamento
Temperatura do ar ºC Termohigrômetro portátil com
sonda AK625
Temperatura de ponto de
orvalho ºC
Termohigrômetro portátil com
sonda AK625
Temperatura de bulbo
úmido ºC
Termohigrômetro portátil com
sonda AK625
Umidade relativa do ar % Termohigrômetro portátil com
sonda AK625
Radiação solar W/m² e
Btu/(ft²×h) Medidor de luz solar TES-1333
Luminância LUX Luxímetro digital de modelo LD-400
Radiação ultravioleta μW/Cm² Medidor de luz ultravioleta digital de
modelo MRU-201
Vale ressaltar que a coleta de dados relativos à radiação ultravioleta se iniciou
posteriormente, no dia 19 de fevereiro de 2017 devido ao desenvolvimento de outro
estudo com a mesma zona de interesse. Portanto, estes dados não serão analisados
neste trabalho.
Foi utilizado um termohigrômetro portátil com sonda AK625 (figura 7) para
medir as temperaturas do ar, do ponto de orvalho e de bulbo úmido e a umidade
relativa dor ar. As faixas de medição, resolução e exatidão do aparelho encontram-se
na tabela 11. Segundo a AKSO (201?), a faixa de temperatura de operação do
equipamento é de -10ºC a 50ºC e a faixa de umidade de operação sem condensação
é de 10% a 90%. O equipamento era transportado com o auxílio de um veículo de
transporte de compras, fixado a uma altura aproximada de 70cm.
50
Tabela 11 – Especificações do termohigrômetro
Grandeza Faixa de
medição Resolução Exatidão
Temperatura do ar -30ºC a 100ºC 0,1ºC ± 0,8ºC
Temperatura de ponto de orvalho -30ºC a 100ºC 0,1ºC -
Temperatura de bulbo úmido 0ºC a 80ºC 0,1ºC -
Umidade relativa 0% a 100% 0,1% ± 2%
(AKSO, 201?)
Figura 7 – Termohigrômetro AK625 (AKSO, 201?)
A radiação solar foi medida com o auxílio do medidor de luz solar TES-1333
(figura 8). A faixa de medição do aparelho é de 0 a 2000W/m² ou 0 a 634 Btu/(ft²×h),
sua resolução é de 1W/m² ou 1 Btu/(ft²×h) e sua precisão básica é de ± 10W/m² ou ±
5%, considerando o maior valor (TPM EQUIPOS, 2016). As medições eram feitas com
o equipamento nivelado com a horizontal com o auxílio de um nível de bolha, apoiado
em um suporte de madeira de aproximadamente 1,00m de altura.
Figura 8 – Medidor de luz solar TES-1333 (TPM EQUIPOS, 2016)
51
Foi utilizado um luxímetro digital de modelo LD-400 (figura 9) para medir a
luminância. Segundo manual de instruções da Instrutherm (2015), a faixa de medição
é de 200LUX, 2000LUX, 20000LUX (escala de leitura ×10), 200000LUX (escala de
leitura ×100). A precisão do equipamento é de ± 3% ± 10LUX para medidas inferiores
a 10000LUX e de ± 4% ± 10LUX para medidas maiores ou iguais a 10000LUX. As
medições eram feitas com o equipamento nivelado com a horizontal com o auxílio de
um nível de bolha, apoiado em um suporte de madeira de aproximadamente 1,00m de
altura.
Figura 9 – Luxímetro digital LD-400 (INSTRUTHERM, 2015)
A radiação ultravioleta foi medida com o uso de um medidor de luz ultravioleta
digital de modelo MRU-201 (figura 10). O equipamento possui duas escalas de
medição: Lo (1999μW/Cm² × 1) e Hi (1999μW/Cm² ×10). A precisão do equipamento é
de ± (4% FE + 2 dígitos), sendo FE o fundo de escala (INSTRUTHERM, 2010). As
medições eram feitas com o equipamento nivelado com a horizontal com o auxílio de
um nível de bolha, apoiado em um suporte de madeira de aproximadamente 1,00m de
altura.
Figura 10 – Medidor de luz ultravioleta digital MRU-201 (INSTRUTHERM, 2010)
52
Além destas grandezas, foram levantados os valores diários da velocidade do
ar a partir dos dados da Rede de Meteorologia do Comando da Aeronáutica
(REDEMET) para estação meteorológica do Aeroporto Santos Dumont, que é a
estação mais próxima da área de estudo. As consultas foram feitas sempre ao início
das medições, adotando um valor único da velocidade do ar para todos os pontos de
medição.
A figura 11 apresenta o modelo de planilha de campo utilizada durante o
levantamento de dados. Um exemplo de planilha preenchida pode ser observado na
figura 12.
Figura 11 – Modelo de planilha de campo (PONTES e LIMA, 2017)
Figura 12 – Exemplo de planilha de campo preenchida (PONTES e LIMA, 2017)
A figura 13 apresenta um registro fotográfico das medições, no momento de
utilização do medidor de luz solar TES-1333 e do luxímetro digital LD-400.
53
Figura 13 – Utilização de medidor de luz solar TES-1333 e de luxímetro digital LD-400 durante as medições
3.3. PROPOSTA DE ADEQUAÇÃO CLIMÁTICA (ACLIMATAÇÃO) A PARTIR DO
AJUSTE DO DIAGRAMA BIOCLIMÁTICO
A definição das faixas de temperatura e umidade para delimitação da zona de
conforto será feita a partir do trabalho de Monteiro (2008). O autor adaptou as faixas
interpretativas de diversos índices de avaliação de conforto térmico para a cidade de
São Paulo a partir de dados obtidos com medições de variáveis ambientais, individuais
e subjetivas. As tabelas 3, 4, 6 e 8 apresentam estas novas faixas.
Serão utilizadas as equações de 1 a 5 com as faixas interpretativas referentes
a cada índice e os valores médios das variáveis envolvidas para cada estação do ano,
excluindo os conjuntos de dados que estiverem incompletos, ou seja, com a ausência
de alguma grandeza envolvida na fórmula. Adicionalmente, nas fórmulas que
envolvem temperatura e umidade, será considerada a média de cada valor em
separado com o objetivo de determinar valores adaptados para ambas as variáveis.
Segundo recomendações de Monteiro (2008), serão utilizados os dados
referentes à segunda calibração, pois a mesma foi feita utilizando dados de situações
térmicas mais abrangentes e pelo fato dos dados levantados em campo extrapolarem
as faixas limites das variáveis medidas por Monteiro referentes à primeira calibração,
que podem ser observadas na tabela 12.
54
Tabela 12 – Faixas limite das variáveis medidas por Monteiro (2008)
Variável 1ª calibração 2ª calibração
Tar 20ºC – 29ºC 15ºC – 33ºC
ur 40% – 75% 30% – 95%
var 0,1m/s – 2,2m/s 0,1m/s – 3,6m/s
Trm 20ºC – 60ºC 15ºC – 66ºC
(MONTEIRO, 2008)
Para o voto real de sensação e para a temperatura neutra exterior serão
considerados os pontos médios dos trechos das sensações de pouco calor ou pouco
frio na determinação da faixa de conforto. Para o índice de sensação térmica, será
considerado o valor referente à sensação de pouco calor e pouco frio no ajuste das
condições de conforto. O índice Humidex permitirá o ajuste do limite máximo de
temperatura, a partir do ponto médio do trecho da sensação de pouco calor. Os
resultados destas considerações estão resumidos na tabela 13.
Tabela 13 – Valores de referência dos índices de avaliação de conforto para limitação da zona de conforto
Índice de avaliação de
conforto Limite superior Limite inferior
Voto real de sensação 0,250 -0,325
Índice de sensação térmica 4,35 3,65
Temperatura neutra exterior 6,0 -6,0
Humidex 31,0 -
Além disso, será feita a adaptação proposta por Olgyay através das
temperaturas médias mensais, atentando para o valor máximo de 29,4ºC. Os valores
dos novos limites da zona de conforto serão obtidos pela média dos valores calculados
para cada proposta de adaptação.
Uma vez que as calibrações propostas por Monteiro (2008) para as faixas
interpretativas dos índices de avaliação de conforto para ambientes externos foram
feitas usando o mesmo conjunto de dados, o uso da média dos resultados derivados
destas calibrações é adequado.
Além disso, visto que o objetivo do presente trabalho é propor um ajuste da
Carta Bioclimática de Olgyay com limites mais abrangentes que os propostos por
Olgyay, serão adotados os limites do autor em questão nos casos em que os valores
calculados resultarem em condições mais restritivas.
55
Serão utilizadas as equações 6 e 7 no cálculo da inclinação da reta de
temperatura efetiva, aproximando a temperatura efetiva inicial como os limites
superiores e inferiores da zona de conforto.
56
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO
Os dados coletados para as estações da Primavera e do Verão se encontram
nas tabelas dos apêndices 2 e 3. Pode-se observar que as tabelas de temperatura do
ar, umidade relativa do ar e radiação solar encontram-se completas. Entretanto, os
dados da velocidade do ar encontram-se incompletos, pois não foram levantados os
dados referentes a 3 dias na primavera e 2 dias no verão.
Portanto, para o cálculo do ajuste da carta bioclimática serão excluídos os
dados das três primeiras variáveis mencionadas do cálculo da média referentes aos
dias nos quais não foram levantados os valores da velocidade do ar. As tabelas com
os dados após a exclusão encontram-se no apêndice 4.
Além disso, os dados coletados referentes à luminância serão utilizados para
determinar se um ponto de medição se encontra exposto à radiação solar ou sob
sombra das árvores. Estes dados podem ser observados na tabela do apêndice 5.
4.1. CLASSIFICAÇÃO DOS PONTOS DE MEDIÇÃO QUANTO À CONDIÇÃO DE
EXPOSIÇÃO
A figura 14 apresenta um gráfico contendo o valor médio da luminância por
ponto de medição. Pode-se observar que a ordem de grandeza da média de
luminância entre alguns pontos é significativamente diferente, permitindo a
classificação de 5 pontos de medição como pontos expostos ao Sol.
Consequentemente, os demais pontos serão considerados como sombreados.
Figura 14 – Valores médios de luminância por ponto de medição
0.0
10000.0
20000.0
30000.0
40000.0
50000.0
60000.0
70000.0
80000.0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Luminância média por ponto de medição (LUX)
57
Os pontos de medição classificados de acordo com sua condição podem ser
observados no quadro 6.
Quadro 6 – Condição de exposição dos pontos de medição
Pontos de medição solares Pontos de medição sombreados
PM 1
PM 4
PM 8
PM 9
PM 12
PM 2
PM 3
PM 5
PM 6
PM 7
PM 10
PM 11
PM 13
Conforme pode ser observado no quadro 6, a quantidade de pontos de
medição sombreados é superior em comparação aos expostos ao sol, o que implica
em maior quantidade de dados para este grupo. Portanto, com o objetivo de obter
conjuntos de dados de mesmo tamanho para as duas condições, serão considerados
os 5 pontos com menor luminância média. Os pontos em questão são 2, 5, 10, 11 e
13.
Vale ressaltar que os pontos de medição 1, 4, 8 e 12 não apresentam
luminância média tão elevada quanto o 12 porque os mesmos se encontram sob
copas de árvores não suficientemente densas para prover condição de sombra,
bloqueando apenas uma parte da luz incidente.
A figura 15 apresenta uma foto de um exemplo de um ponto de medição
considerado solar. Analogamente, pode ser observado na figura 16 um exemplo de
ponto de medição sombreado.
Figura 15 – Exemplo de ponto de medição solar - PM9 (GOOGLE MAPS, 2018)
58
Figura 16 – Exemplo de ponto de medição sombreado - PM13 (GOOGLE MAPS, 2018)
4.2. AJUSTE DA CARTA BIOCLIMÁTICA DE OLGYAY
Os dados médios utilizados nos cálculos para definição dos valores limites da
nova zona de conforto podem ser observados na tabela 14. Serão utilizados os 4
índices de avaliação de conforto para espaços externos mencionados na seção 2.2, as
faixas interpretativas calibradas para a cidade de São Paulo propostas por Monteiro
(2008) constantes nas tabelas 3, 4, 6 e 8 e as sugestões de Olgyay presentes na
seção 2.5, que podem ser observadas na tabela 16.
Tabela 14 – Valores médios das variáveis ambientais
Variável Primavera Verão
Temperatura do ar 25,6ºC 31,2°C
Umidade relativa do ar 69,6% 64,4%
Radiação solar 104,8W/m² 161,6W/m²
Velocidade do vento 1,54m/s 2,06m/s
Além disso, o valor médio da velocidade do ar foi ajustado conforme as classes
de rugosidade constantes na tabela 5, considerando que o bairro do Humaitá possui
classe de rugosidade II por estar próxima ao mar, mas não fazer parte da orla.
4.2.1. Ajuste proposto por Olgyay
Segundo as sugestões propostas no item 2.5, foram determinadas as faixas de
temperatura do ar e umidade relativa do ar da zona de conforto adaptada para os
dados locais. Foram consideradas as temperaturas médias mensais mais baixa e mais
alta para as estações em questão (tabela 15) e adicionando-se ou subtraindo-se 2,8ºC
e adotando o valor máximo de 29,4ºC.
59
Visto que as sugestões do autor são para um diagrama climático geral, serão
consideradas estas condições para ambas as estações.
Tabela 15 – Temperaturas mensais máximas e mínimas por estação
Limite de conforto Primavera Verão
Temperatura mensal máxima 28,3ºC 32,3ºC
Temperatura mensal mínima 24,8ºC 30,6ºC
Além disso, foi considerada a faixa de umidade de 30% a 70% como limite da
zona de conforto desejado, estendendo aos limites de 20% e 80% para definição da
zona de conforto prático. Estas informações encontram-se resumidas na tabela 16.
Tabela 16 – Valores limites da zona de conforto de acordo com as sugestões de Olgyay (1968, apud BOGO et al, 1994)
Limite de conforto Primavera Verão
Temperatura do ar máxima 29,4ºC 29,4ºC
Temperatura do ar mínima 22,0ºC 27,8ºC
Umidade relativa do ar máxima 80% 80%
Umidade relativa do ar mínima 20% 20%
4.2.2. Voto real de sensação
As temperaturas e umidades limites para a zona de conforto foram
determinadas utilizando a equação 1 e os valores das tabelas 3 e 13. Vale salientar
que o cálculo da temperatura do ar foi feito utilizando os valores médios da radiação
solar, velocidade do ar e umidade relativa do ar. Analogamente, o cálculo da umidade
relativa do ar foi feito utilizando os valores médios da temperatura do ar, da radiação
solar e velocidade do ar. Os resultados dos cálculos podem ser observados na tabela
17.
Tabela 17 – Valores limites da zona de conforto de acordo com o voto real de sensação
Limite de conforto Primavera Verão
Temperatura do ar máxima 26,5ºC 27,2ºC
Temperatura do ar mínima 14,8ºC 15,5ºC
Umidade relativa do ar máxima 72,9% 50,5%
Umidade relativa do ar mínima 31,8% 9,4%
Pode-se observar que os valores da umidade relativa do ar para o verão
encontram-se muito baixos, estando abaixo dos valores recomendados por Olgyay
60
para a zona de conforto desejado (70%) e para a zona de conforto prática em locais
de baixa umidade (20%). Isto pode ser explicado pelo fato da temperatura média do ar
utilizada no cálculo ser muito elevada, reduzindo muito a umidade por apresentarem
uma relação linear.
Portanto, estes valores não serão utilizados no cálculo dos valores limites da
zona de conforto ajustada.
4.2.3. Índice de sensação térmica
As temperaturas limites para a zona de conforto foram determinadas utilizando
a equação 2 e os valores das tabelas 4 e 13. Vale salientar que o cálculo da
temperatura do ar foi feito utilizando os valores médios da radiação solar e velocidade
do ar. Os resultados dos cálculos podem ser observados na tabela 18.
Tabela 18 – Valores limites da zona de conforto de acordo com o índice de sensação térmica
Limite de conforto Primavera Verão
Temperatura do ar máxima 29,3ºC 29,3ºC
Temperatura do ar mínima 23,0ºC 23,0ºC
Conforme pode ser observado na equação 2, este índice não considera o efeito
da umidade do ar, impossibilitando a determinação de valores limites para esta
variável. Além disso, pode-se perceber que os valores de temperatura para as
estações são iguais, o que pode ser explicado pelo pequeno coeficiente associado à
radiação solar, que é a variável que mais varia de uma estação para a outra.
Adicionalmente, as temperaturas mínimas resultaram em valores elevados.
Porém, ambos serão considerados visto que o interesse maior para a cidade do Rio de
Janeiro é para sensações de estresse térmico por calor, sendo as temperaturas
calculadas consideradas agradáveis para as estações em questão.
4.2.4. Temperatura neutra exterior
As temperaturas limites para a zona de conforto foram determinadas utilizando
a equação 3, considerando a temperatura média mensal como a temperatura média
do ar, e os valores das tabelas 6 e 13. Vale salientar que o cálculo da temperatura do
ar foi feito utilizando os valores médios da radiação solar e velocidade do ar. Os
resultados dos cálculos podem ser observados na tabela 19.
61
Tabela 19 – Valores limites da zona de conforto de acordo com a temperatura neutra exterior
Limite de conforto Primavera Verão
Temperatura do ar máxima 27,6ºC 27,1ºC
Temperatura do ar mínima 10,3ºC 9,7ºC
Pode-se perceber a partir dos dados da tabela 19 que as temperaturas
calculadas para o verão são menores que as calculadas para a primavera. Isto indica
que a velocidade do vento tem maior influência na temperatura percebida em
comparação com a radiação solar, visto que durante o verão foi registrado um valor
maior de radiação solar e menor de velocidade do vento.
Entretanto, os valores estão razoavelmente próximos e serão considerados no
cálculo das temperaturas da zona de conforto adaptada.
4.2.5. Índice Humidex
As temperaturas limites para a zona de conforto foram determinadas utilizando
as equações 4 e 5 e os valores das tabelas 8 e 13. Vale salientar que o cálculo da
temperatura do ar foi feito utilizando somente os valores da umidade relativa do ar e
que o cálculo da umidade relativa do ar foi feito utilizando somente os valores da
temperatura do ar. Os resultados dos cálculos podem ser observados na tabela 20.
Tabela 20 – Valores limites da zona de conforto de acordo com o índice Humidex
Limite de conforto Primavera Verão
Temperatura do ar máxima 34,4ºC 34,6ºC
Umidade relativa do ar máxima 35,9% 35,7%
Os valores da umidade relativa do ar máxima encontrados para este caso
encontram-se excessivamente abaixo dos valores indicados por Olgyay para a zona
de conforto desejado (70%) e, portanto, serão excluídos cálculo do valor médio da
faixa de umidade adaptada.
Apesar dos valores de temperatura do ar calculados para este caso
encontrarem-se superiores aos calculados pelos demais índices, os mesmos serão
incluídos no cálculo do valor médio por não se tratar de uma diferença exorbitante em
relação ao valor máximo de Olgyay. Além disso, o tamanho da amostra que será
utilizada no cálculo da média para a zona de conforto adaptada inclui a análise de 5
ferramentas de avaliação de conforto térmico e inclui valores que subestimam as
condições de aclimatação, podendo considerar valores que as superestimam.
62
A tabela 21 apresenta um resumo dos valores encontrados para cada caso e a
média que será adotada para definição da zona de conforto para a Primavera.
Tabela 21 – Resumo dos cálculos do ajuste da Carta Bioclimática de Olgyay para a Primavera
Ferramenta de análise de conforto
Temperatura do ar
máxima (ºC)
Temperatura do ar
mínima (ºC)
Umidade relativa do ar máxima
(%)
Umidade relativa do ar mínima
(%)
Olgyay 29,4 22,0 80,0 20,0
Voto real de sensação 26,5 14,8 72,9 31,8
Índice de sensação térmica
29,3 23,0 - -
Temperatura neutra exterior
27,6 10,3 - -
Humidex 34,4 - - -
Média 29,4 17,5 76,5 25,9
A curva de temperatura efetiva será obtida iterativamente com o uso da
equação 6, das temperaturas máxima e mínima como valores iniciais e incrementos de
1% de umidade a partir da umidade de 50%.
Além disso, pode ser observado que a temperatura máxima média resultou em
um valor igual ao sugerido por Olgyay (1968, apud BOGO et al, 1994), o que pode
indicar que a afirmação do autor é adequada. Além disso, a faixa de umidade
considerada será a proposta por Olgyay para as zonas úmidas, visto que as médias
resultantes representam condições mais restritivas que as propostas por Olgyay.
A figura 17 apresenta a zona de conforto resultante para a Primavera,
juntamente com a proposta de Pontes e Lima (2017). Pode-se observar que a
proposta do presente trabalho possui limites maiores de temperatura superior e
inferior, e de umidade máxima, resultando em uma zona de conforto mais abrangente.
Além disso, é possível perceber que as curvas de temperatura efetiva se
tangenciam conforme os valores de temperatura se aproximam, indicando que a
aproximação feita pela equação 6 é apropriada.
63
Figura 17 – Comparação entre zonas de conforto (Primavera)
A tabela 22 apresenta um resumo dos valores encontrados para cada caso e a
média que será adotada para definição da zona de conforto para o Verão.
Tabela 22 – Resumo dos cálculos do ajuste da Carta Bioclimática de Olgyay para o Verão
Ferramenta de análise de conforto
Temperatura do ar
máxima (ºC)
Temperatura do ar
mínima (ºC)
Umidade relativa do ar máxima
(%)
Umidade relativa do ar mínima
(%)
Olgyay 29,4 27,8 80,0 20,0
Voto real de sensação 27,2 15,5 - -
Índice de sensação térmica
29,3 23,0 - -
Temperatura neutra exterior
27,1 9,7 - -
Humidex 34,6 - - -
Média 29,5 19,0 80,0 20,0
A curva de temperatura efetiva será obtida iterativamente com o uso da
equação 6, das temperaturas máxima e mínima como valores iniciais e incrementos de
1% de umidade a partir da umidade de 50%.
Apesar da temperatura máxima média resultante não ser idêntica à proposta
por Olgyay (1968, apud BOGO et al, 1994), a mesma encontra-se bem próxima,
reforçando a ideia de que a limitação imposta pelo autor é adequada.
64
A figura 18 apresenta a zona de conforto resultante para o Verão, juntamente
com a proposta de Pontes e Lima (2017). Pode-se observar que, assim como ocorreu
na Primavera, a proposta do presente trabalho possui limites maiores de temperatura
superior e inferior, e de umidade máxima, resultando em uma zona de conforto mais
abrangente.
Adicionalmente, os resultados a respeito das curvas de temperatura efetiva são
semelhantes para as duas propostas conforme os valores de temperatura se
aproximam, tal como ocorreu na Primavera. Isto reforça a adequação da aplicação da
equação 6 como forma de aproximação.
Figura 18 – Comparação entre zonas de conforto (Verão)
4.3. ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE CONFORTO
4.3.1. Primavera
Os valores de umidade e temperatura coletados na Rua Humaitá durante a
Primavera para os pontos de medição solares e os sombreados que serão
considerados foram plotados na Carta Bioclimática proposta, podendo ser observado
na figura 19.
65
Figura 19 – Condições de conforto para a Primavera
Pode-se observar na figura 19 que os pontos se encontram majoritariamente
fora da zona de conforto. Além disso, os pontos de medição sombreados se
concentraram em zonas de maior umidade e apresentam temperaturas mais amenas
fora da zona de conforto. Os valores médios da temperatura do ar e umidade relativa
do ar considerando somente pontos sombreados ou solares podem ser observados na
tabela 23. As tabelas com os dados separados por condição de exposição ao sol
podem ser observadas no apêndice 6.
Conforme esperado, a temperatura do ar média em locais de sombra foi menor
que a temperatura do ar média em locais expostos ao Sol. Adicionalmente, o efeito da
infraestrutura verde na umidade relativa do ar foi comprovado, registrando valores
menores sob a sombra das árvores.
Entretanto, a diferença entre as médias é pequena, o que pode ser explicado
pela tipologia da Rua Humaitá, assim como seu uso. A largura da rua e o intenso fluxo
unidirecional de veículos resultam numa circulação de ar contínua, transportando o
calor e distribuindo-o ao longo da rua, tendendo ao equilíbrio das condições climáticas.
66
Tabela 23 – Valores médios de temperatura do ar e umidade relativa do ar para cada condição de exposição solar (Primavera)
Grandeza Condição
sombreada Condição solar
Diferença
(em módulo)
Temperatura do ar 26,5ºC 27,1ºC 0,6ºC
Umidade relativa do
ar 69,6% 67,5% 2,1%
A contagem dos pontos segundo a condição de exposição solar e as zonas do
diagrama pode ser observada na tabela 24. Pode-se observar que a distribuição dos
pontos é igual para ambas as condições de exposição, indicando que, aparentemente,
a infraestrutura verde não exerce influência nas condições de conforto. Uma
explicação plausível é a de que as condições climáticas diárias exercem maior
influência nas condições de conforto em comparação com a infraestrutura verde.
Esse comportamento pode ser explicado ao observar que os 10 pontos dentro
das condições de conforto desejado pertencem a medições no mesmo dia, ou seja,
com condições climáticas mais amenas. A mesma lógica se aplica aos pontos dentro
da zona de conforto prático. Além disso, a influência da ação do vento contribui para
esta explicação ao considerar que a mesma equilibra as condições climáticas através
do transporte de calor.
Tabela 24 – Distribuição dos pontos segundo condição de exposição e zonas de conforto (Primavera)
Condição de
exposição
solar
Número de
pontos na zona
de conforto
desejado
Número de
pontos na zona
de conforto
prático
Número de
pontos fora da
zona de
conforto
Total
Total % Total % Total %
Sombreado 5 5% 5 5% 40 40% 50
Solar 5 5% 5 5% 40 40% 50
Total 10 10% 10 10% 80 80% 100
Apesar da maioria dos pontos coletados se encontrarem fora das zonas de
conforto, observa-se que a infraestrutura verde contribui para a redução da
temperatura do ar e aumento da umidade relativa do ar conforme argumentado por
diversos autores. Contudo, há indícios de que a tipologia da rua e velocidade do ar são
fatores de maior influência nas condições de satisfação térmica.
67
4.3.2. Verão
Os valores de umidade e temperatura coletados na Rua Humaitá durante o
Verão para os pontos de medição solares e os sombreados que serão considerados
foram plotados na Carta Bioclimática proposta, podendo ser observado na figura 20.
Figura 20 – Condições de conforto para o Verão
Pode-se observar na figura 20 que os pontos se encontram em sua totalidade
fora da zona de conforto. Os pontos de medição sombreados se concentram em
umidades maiores e menores valores de temperatura do ar. Os valores médios da
temperatura do ar e umidade relativa do ar considerando somente pontos sombreados
ou solares podem ser observados na tabela 25. As tabelas com os dados separados
por condição de exposição ao sol podem ser observadas no apêndice 6.
Apesar de apresentar valores médios superiores de temperatura do ar e
inferiores de umidade relativa do ar em relação à Primavera, foi registrado um
comportamento semelhante no Verão, corroborando a afirmação de que a
infraestrutura verde contribui para redução da temperatura do ar e elevação da
umidade relativa do ar.
68
Além disso, a diferença entre as médias para as condições de exposição solar
durante o Verão também foi pequena, reforçando a ideia de que o transporte de calor
pela ação dos ventos contribui para o balanceamento das condições climáticas da Rua
Humaitá.
Tabela 25 – Valores médios de temperatura do ar e umidade relativa do ar para cada condição de exposição solar (Verão)
Grandeza Condição
sombreada Condição solar
Diferença
(em módulo)
Temperatura do ar 30,7ºC 31,6ºC 0,9ºC
Umidade relativa do
ar 65,5% 63,2% 2,3%
Visto que a totalidade dos pontos se encontram fora da zona de conforto, não
será feita a contagem dos mesmos para categorização conforme havia sido feito para
a Primavera.
69
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A avaliação de conforto térmico através da Carta Bioclimática de Olgyay requer
a sua adaptação ao clima local. O presente trabalho se configura como uma tentativa
de suprir tal necessidade, através do uso de outros índices de avaliação de conforto
térmico e de dados coletados em pesquisa de campo.
Foram definidas novas zonas de conforto para o bairro do Humaitá nas
estações de Primavera e Verão com faixas de temperatura variando 29,4ºC e 17,5ºC
(Primavera), e 29,5ºC e 19,0ºC (Verão). As faixas de umidade definidas para ambas
as estações foram as propostas por Olgyay, considerando o intervalo entre 30% e
70% como a faixa de conforto desejado, com extensões para 20% e 80% para a zona
de conforto prático.
A partir deste diagrama ajustado e dos dados coletados em campo, constatou-
se que apesar dos pontos de medição sombreados apresentarem temperaturas mais
baixas e maiores umidades em relação aos expostos à ação solar, o seu efeito
mitigador não foi o suficiente para que as condições de satisfação térmica fossem
atingidas. Inclusive, a variação entre os valores médios de temperatura do ar e
umidade relativa do ar para os dois tipos de condição de exposição foi muito pequena,
indicando um certo equilíbrio ao longo da Rua Humaitá.
Uma explicação para este comportamento é a de que a ação do vento e a
tipologia da rua em questão contribuem para a transferência de calor ao longo da área,
balanceando as condições climáticas locais, visto que se trata de uma rua de grande
largura e com intenso fluxo unidirecional de veículos.
Quanto à performance insatisfatória da infraestrutura verde no conforto térmico,
supõe-se que há duas explicações. Primeiramente, acredita-se que as árvores
presentes na Rua Humaitá são inadequadas do ponto de vista do conforto térmico,
com folhas que não oferecem proteção suficiente da ação solar. Além disso, a
presença pequena de revestimentos naturais (grama) pode contribuir para o aumento
da sensação de desconforto por elevar a quantidade de calor emitido pelas
superfícies.
A outra explicação para o desempenho insuficiente se relaciona com a forma
como foi determinada a nova zona de conforto. Em vista das informações disponíveis
do levantamento de campo, foram utilizados índices desenvolvidos para diversos
locais diferentes da área de estudo e calibrados para a cidade de São Paulo, sendo
esta a cidade mais próxima com informação de qualidade disponível. Portanto, é
70
possível que as condições de adaptação local tenham sido subestimadas, resultando
em uma zona de conforto mais restrita.
Portanto, em vista das limitações e deduções resultantes do presente trabalho,
foram desenvolvidas algumas sugestões de pesquisas futuras a respeito do tema em
questão.
A primeira delas é a de se realizar um levantamento de campo semelhante ao
feito com o uso de pesquisas com os usuários dos espaços a respeito da sua
percepção e preferência térmicas, com o objetivo de tratar da questão da aclimatação
de modo mais apropriado, com informações locais.
Além disso, sugere-se que sejam realizadas medidas da velocidade do ar
juntamente com a temperatura para que possa ser entendido como ocorre a
transferência de calor ao longo da rua e como a ação do vento a afeta.
Também se considera importante realizar medidas da temperatura radiante
média para aferir a quantidade de calor emitida pelas superfícies e melhor avaliar os
efeitos da infraestrutura verde.
Por fim, sugere-se que sejam feitas medidas em outros períodos do dia, não
somente pela manhã, visto que os picos de temperatura e, consequentemente, de
estresse térmico para o calor ocorrem nos períodos de tarde. Além disso, a medida
das variáveis de conforto térmico em outros períodos do dia permitiria entender como
se comporta o microclima do bairro ao longo de um dia. Este tipo de informação
serviria de base não somente para projetos de melhorias em ambientes externos, mas
também para diretrizes na concepção de ambientes internos.
71
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82
APÊNDICE 1 – SEÇÕES TRANSVERSAIS DOS PONTOS DE MEDIÇÃO
83
Figura A1.1 – Seção transversal do ponto de medição 2 (PM2)
84
Figura A1.2 – Seção transversal do ponto de medição 3 (PM3)
85
Figura A1.3 – Seção transversal do ponto de medição 4 (PM4)
86
Figura A1.4 – Seção transversal do ponto de medição 5 (PM5)
87
Figura A1.5 – Seção transversal do ponto de medição 6 (PM6)
88
Figura A1.6 – Seção transversal dos pontos de medição 7 e 9 (PM7 e PM9)
89
Figura A1.7 – Seção transversal do ponto de medição 8 (PM8)
90
Figura A1.8 – Seção transversal do ponto de medição 10 (PM10)
91
Figura A1.9 – Seção transversal do ponto de medição 10 (PM10)
92
Figura A1.10 – Seção transversal do ponto de medição 12 (PM12)
93
Figura A1.11 – Seção transversal do ponto de medição 13 (PM13)
94
APÊNDICE 2 – DADOS COLETADOS (PRIMAVERA)
Tabela A2.1 – Dados coletados de temperatura do ar (ºC)
Mês Dia Pontos de Medição
Média do Dia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
OUTUBRO de 2016
02/10/16 21.5 21.3 21.3 21.6 21.5 21.5 21.8 21.7 22.0 21.7 21.8 21.6 21.3 21.6
09/10/16 26.4 25.9 26.6 26.0 25.7 25.9 25.3 25.2 25.4 25.4 25.0 25.9 24.5 25.6
16/10/16 29.8 29.3 29.7 31.4 30.0 30.0 30.3 31.3 31.8 31.3 30.7 30.8 29.8 30.5
23/10/16 24.9 24.5 25.2 25.3 24.6 25.7 25.2 26.0 28.7 25.9 25.5 27.0 25.3 25.7
NOVEMBRO de 2016
06/11/16 24.5 24.4 24.6 24.7 24.6 25.0 25.2 24.6 25.9 24.5 24.9 24.9 24.5 24.8
20/11/16 22.6 22.4 22.5 23.0 23.2 22.2 22.0 22.7 25.4 23.6 23.9 23.3 22.6 23.0
27/11/16 28.4 28.6 29.1 29.2 29.4 29.8 28.6 31.4 29.6 28.9 28.3 28.9 28.5 29.1
DEZEMBRO de 2016
04/12/16 26.9 27.1 27.2 27.4 27.9 28.3 28.5 28.6 28.6 28.0 27.9 28.4 28.3 27.9
12/12/16 30.1 30.0 30.4 30.9 30.4 30.2 30.9 32.0 32.2 30.7 30.6 30.7 30.1 30.7
18/12/16 27.0 27.3 26.9 29.2 28.0 27.3 28.0 30.1 31.3 28.0 28.2 28.9 28.3 28.3
Média por ponto de medição
26.2 26.1 26.4 26.9 26.5 26.6 26.6 27.4 28.1 26.8 26.7 27.0 26.3 26.7
Tabela A2.2 – Dados coletados de umidade relativa do ar (%)
Mês Dia Pontos de Medição
Média do Dia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
OUTUBRO de 2016
02/10/16 77.7 77.8 77.6 77.8 77.3 78.1 76.9 76.4 75.9 76.4 76.3 76.3 78.1 77.1
09/10/16 63.8 64.6 62.9 64.2 66.0 66.2 68.2 71.9 70.5 72.6 73.8 70.6 77.3 68.7
16/10/16 66.6 69.2 67.9 63.2 66.9 66.2 66.0 62.6 59.0 64.2 65.9 65.4 67.9 65.5
23/10/16 74.8 74.8 72.9 72.5 73.7 70.4 71.4 69.8 60.6 68.8 70.9 65.8 71.3 70.6
NOVEMBRO de 2016
06/11/16 80.7 80.7 79.0 79.1 79.4 78.9 78.1 78.9 74.4 80.6 79.6 78.7 80.1 79.1
20/11/16 60.5 61.6 60.2 59.0 57.5 58.3 57.0 56.1 51.2 56.6 57.3 58.7 61.2 58.1
27/11/16 66.1 66.6 64.7 64.1 64.3 63.2 65.4 57.3 62.8 65.1 63.3 65.0 66.5 64.2
DEZEMBRO de 2016
04/12/16 68.8 68.4 69.8 67.4 64.0 63.6 63.6 63.3 61.3 63.2 64.6 61.8 62.2 64.8
12/12/16 76.9 76.2 72.3 70.4 70.4 70.8 68.3 65.5 65.5 69.4 70.5 70.1 72.1 70.6
18/12/16 72.4 70.4 71.6 64.4 69.3 70.9 69.9 62.8 58.9 68.7 68.5 67.4 67.5 67.9
Média por ponto de medição
70.8 71.0 69.9 68.2 68.9 68.7 68.5 66.5 64.0 68.6 69.1 68.0 70.4 68.7
95
Tabela A2.3 – Dados coletados de radiação solar (W/m²)
Mês Dia Pontos de Medição
Média do Dia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
OUTUBRO de 2016
02/10/16 19.3 23.9 21.6 49.4 23.8 23.2 35.5 53.5 112.9 10.0 9.7 38.0 14.9 33.5
09/10/16 67.1 38.0 36.6 128.6 69.0 69.6 94.6 111.9 198.1 20.6 11.2 42.8 19.9 69.8
16/10/16 35.5 44.6 39.0 198.0 57.8 77.0 92.1 59.2 812.9 41.0 21.1 31.0 45.7 119.6
23/10/16 101.1 45.5 59.6 212.2 83.9 123.3 100.0 146.1 614.6 44.7 37.1 109.8 34.0 131.7
NOVEMBRO de 2016
06/11/16 19.1 33.1 42.7 147.9 82.1 85.7 151.9 138.3 282.6 37.6 17.2 41.2 22.9 84.8
20/11/16 39.7 23.6 29.9 128.7 63.1 63.5 99.5 83.1 748.4 63.1 42.2 52.1 51.6 114.5
27/11/16 185.7 43.4 37.6 724.5 53.5 67.1 63.7 251.3 871.9 46.8 30.2 44.3 50.9 190.1
DEZEMBRO de 2016
04/12/16 8.4 14.2 22.6 63.6 28.0 30.8 77.4 68.8 126.1 12.8 6.4 25.7 9.4 38.0
12/12/16 58.9 40.3 44.9 147.0 65.3 95.3 122.2 155.6 312.6 23.2 14.8 47.6 20.8 88.3
18/12/16 254.6 50.9 43.8 838.9 46.0 65.0 66.2 400.3 438.3 40.0 24.1 31.6 40.0 180.0
Média por ponto de medição
78.9 35.8 37.8 263.9 57.3 70.1 90.3 146.8 451.8 34.0 21.4 46.4 31.0 105.0
Tabela A2.4 – Dados coletados de velocidade do ar
Mês Dia kt m/s
OUTUBRO de 2016
02/10/16 3 1.543332
09/10/16 2 1.028888
16/10/16 3 1.543332
23/10/16 2 1.028888
NOVEMBRO de 2016
06/11/16 2 1.028888
20/11/16 3 1.543332
27/11/16 - -
DEZEMBRO de 2016
04/12/16 - -
12/12/16 - -
18/12/16 6 3.086664
Média por ponto de medição 3 1.543332
96
APÊNDICE 3 – DADOS COLETADOS (VERÃO)
Tabela A3.1 – Dados coletados de temperatura do ar (ºC)
Mês Dia Pontos de Medição
Média do Dia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
DEZEMBRO de 2016
29/12/16 30.1 30.4 30.7 30.8 30.6 30.5 31.0 30.4 31.2 30.3 30.2 29.7 29.9 30.4
JANEIRO de 2017
08/01/17 30.2 30.5 30.2 31.1 30.0 30.9 30.8 31.7 31.6 31.1 30.9 31.2 30.4 30.8
15/01/17 30.1 30.3 29.8 32.1 30.8 31.0 31.6 34.0 32.4 30.7 30.5 29.7 29.7 31.0
20/01/17 27.5 27.7 27.8 28.5 27.6 28.1 28.0 28.4 30.4 28.5 28.0 28.5 27.7 28.2
29/01/17 32.1 31.7 31.5 32.4 31.6 35.6 33.1 33.4 33.0 31.7 30.9 30.8 30.9 32.2
FEVEREIRO de 2017
05/02/17 31.3 31.8 32.9 32.5 32.2 31.9 31.2 31.4 34.9 32.2 32.1 33.3 32.0 32.3
12/02/17 31.9 32.2 31.0 37.6 32.0 31.5 31.1 32.6 32.2 32.1 32.1 31.5 30.7 32.2
19/02/17 33.2 31.5 32.7 32.5 31.2 32.0 32.6 32.1 33.0 33.4 31.8 33.6 31.9 32.4
MARÇO de 2017
01/03/17 31.2 31.6 31.2 31.5 31.5 31.9 32.0 32.2 33.5 32.2 31.8 34.1 31.9 32.0
05/03/17 34.3 31.7 32.2 30.9 30.6 30.2 30.5 30.7 32.5 31.3 30.8 33.5 30.5 31.5
12/03/17 29.6 29.2 29.2 28.9 29.0 29.3 29.1 29.3 32.9 28.9 28.7 30.0 29.5 29.5
Média por ponto de medição
31.1 30.8 30.9 31.8 30.7 31.2 31.0 31.6 32.6 31.2 30.8 31.6 30.5 31.1
Tabela A3.2 – Dados coletados de umidade relativa do ar (%)
Mês Dia Pontos de Medição
Média do Dia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
DEZEMBRO de 2016
29/12/16 76.5 75.4 74.9 74.2 74.4 74.6 74.3 75.0 73.2 74.7 75.0 77.2 77.2 75.1
JANEIRO de 2017
08/01/17 69.7 68.6 69.6 65.6 69.4 67.2 66.5 64.5 64.7 65.7 66.5 65.4 68.1 67.0
15/01/17 71.5 70.6 73.2 65.6 69.6 68.9 67.0 58.2 63.9 69.3 70.0 72.8 72.8 68.7
20/01/17 77.9 76.2 74.6 73.1 75.5 74.4 74.7 73.2 67.8 73.4 73.7 73.2 74.9 74.0
29/01/17 60.0 59.8 60.2 58.4 60.3 50.8 57.3 55.4 56.2 61.4 62.1 62.5 63.8 59.1
FEVEREIRO de 2017
05/02/17 61.5 60.5 57.6 58.4 59.4 62.9 64.9 64.7 54.3 59.8 59.3 57.9 62.5 60.3
12/02/17 53.1 53.2 54.3 42.0 54.6 57.8 58.8 55.8 54.8 55.8 55.4 56.6 58.4 54.7
19/02/17 57.2 60.3 57.7 57.8 60.6 57.5 56.3 57.6 55.0 53.9 54.7 51.7 55.1 56.6
MARÇO de 2017
01/03/17 55.4 54.4 55.2 54.5 55.4 53.5 53.1 52.9 50.3 53.3 53.9 49.5 53.0 53.4
05/03/17 57.9 65.6 64.5 68.7 69.7 71.1 70.2 69.0 64.3 68.0 69.6 60.5 69.0 66.8
12/03/17 73.2 74.7 75.5 75.5 75.5 74.7 75.5 74.4 64.3 75.7 76.2 72.1 74.2 74.0
Média por ponto de medição
63.7 64.4 64.2 62.0 65.0 63.9 64.4 62.6 59.6 63.6 64.1 62.2 65.2 64.5
97
Tabela A3.3 – Dados coletados de radiação solar (W/m²)
Mês Dia Pontos de Medição
Média do Dia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
DEZEMBRO de 2016
29/12/16 39.3 35.6 37.3 105.8 68.9 50.0 68.9 68.8 81.7 7.6 4.6 17.3 6.7 45.6
JANEIRO de 2017
08/01/17 56.8 44.2 51.5 175.5 68.3 86.8 135.9 208.1 265.7 26.8 16.6 47.9 15.7 92.3
15/01/17 42.9 58.5 60.1 695.1 80.2 121.3 112.9 908.6 845.7 46.0 40.9 48.2 51.0 239.3
20/01/17 43.9 65.6 56.4 144.8 61.7 68.3 114.8 100.8 242.8 19.2 23.1 35.5 21.7 76.8
29/01/17 350.4 46.3 61.0 802.7 52.5 78.7 148.3 676.3 807.6 42.1 30.4 62.3 31.7 245.4
FEVEREIRO de 2017
05/02/17 49.3 42.2 38.1 597.7 44.0 74.3 56.8 794.6 478.8 35.5 22.9 256.1 36.2 194.3
12/02/17 580.7 46.8 38.4 809.4 46.5 203.6 69.5 806.6 834.9 36.2 27.3 40.8 37.1 275.2
19/02/17 708.7 79.2 37.3 82.5 41.8 128.9 58.3 146.8 846.2 22.9 27.8 804.5 35.9 232.4
MARÇO de 2017
01/03/17 218.1 38.8 36.2 109.7 27.5 91.0 77.2 109.4 264.9 14.0 14.1 495.1 30.1 117.4
05/03/17 601.9 51.3 43.9 95.3 44.7 74.1 58.2 90.5 760.1 9.9 14.8 324.0 19.0 168.3
12/03/17 364.9 48.1 48.9 134.7 54.0 72.5 70.0 107.3 569.3 23.5 27.1 541.5 29.5 160.9
Média por ponto de medição
301.8 52.1 47.2 364.7 52.1 100.0 90.2 394.9 591.6 27.6 24.5 265.6 30.8 168.0
Tabela A3.4 – Dados coletados de velocidade do ar
Mês Dia kt m/s
DEZEMBRO de 2016 29/12/16 5 2.57222
JANEIRO de 2017
08/01/17 4 2.057776
15/01/17 2 1.028888
20/01/17 4 2.057776
29/01/17 4 2.057776
FEVEREIRO de 2017
05/02/17 5 2.57222
12/02/17 3 1.543332
19/02/17 - -
MARÇO de 2017
01/03/17 7 3.601108
05/03/17 3 1.543332
12/03/17 - -
Média por ponto de medição 4 2.057776
98
APÊNDICE 4 – DADOS COLETADOS APÓS EXCLUSÃO
Tabela A4.1 – Dados coletados de temperatura do ar (ºC) após exclusão (Primavera)
Mês Dia Pontos de Medição
Média do Dia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
OUTUBRO de 2016
02/10/16 21.5 21.3 21.3 21.6 21.5 21.5 21.8 21.7 22.0 21.7 21.8 21.6 21.3 21.6
09/10/16 26.4 25.9 26.6 26.0 25.7 25.9 25.3 25.2 25.4 25.4 25.0 25.9 24.5 25.6
16/10/16 29.8 29.3 29.7 31.4 30.0 30.0 30.3 31.3 31.8 31.3 30.7 30.8 29.8 30.5
23/10/16 24.9 24.5 25.2 25.3 24.6 25.7 25.2 26.0 28.7 25.9 25.5 27.0 25.3 25.7
NOVEMBRO de 2016
06/11/16 24.5 24.4 24.6 24.7 24.6 25.0 25.2 24.6 25.9 24.5 24.9 24.9 24.5 24.8
20/11/16 22.6 22.4 22.5 23.0 23.2 22.2 22.0 22.7 25.4 23.6 23.9 23.3 22.6 23.0
DEZEMBRO de 2016
18/12/16 27.0 27.3 26.9 29.2 28.0 27.3 28.0 30.1 31.3 28.0 28.2 28.9 28.3 28.3
Média por ponto de medição
25.2 25.0 25.3 25.9 25.4 25.4 25.4 25.9 27.2 25.8 25.7 26.1 25.2 25.6
Tabela A4.2 – Dados coletados de umidade relativa do ar (%) após exclusão (Primavera)
Mês Dia Pontos de Medição
Média do Dia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
OUTUBRO de 2016
02/10/16 77.7 77.8 77.6 77.8 77.3 78.1 76.9 76.4 75.9 76.4 76.3 76.3 78.1 77.1
09/10/16 63.8 64.6 62.9 64.2 66.0 66.2 68.2 71.9 70.5 72.6 73.8 70.6 77.3 68.7
16/10/16 66.6 69.2 67.9 63.2 66.9 66.2 66.0 62.6 59.0 64.2 65.9 65.4 67.9 65.5
23/10/16 74.8 74.8 72.9 72.5 73.7 70.4 71.4 69.8 60.6 68.8 70.9 65.8 71.3 70.6
NOVEMBRO de 2016
06/11/16 80.7 80.7 79.0 79.1 79.4 78.9 78.1 78.9 74.4 80.6 79.6 78.7 80.1 79.1
20/11/16 60.5 61.6 60.2 59.0 57.5 58.3 57.0 56.1 51.2 56.6 57.3 58.7 61.2 58.1
DEZEMBRO de 2016
18/12/16 72.4 70.4 71.6 64.4 69.3 70.9 69.9 62.8 58.9 68.7 68.5 67.4 67.5 67.9
Média por ponto de medição
70.9 71.3 70.3 68.6 70.0 69.9 69.6 68.4 64.4 69.7 70.3 69.0 71.9 69.6
99
Tabela A4.3 – Dados coletados de radiação solar (W/m²) após exclusão (Primavera)
Mês Dia Pontos de Medição
Média do Dia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
OUTUBRO de 2016
02/10/16 19.3 23.9 21.6 49.4 23.8 23.2 35.5 53.5 112.9 10.0 9.7 38.0 14.9 33.5
09/10/16 67.1 38.0 36.6 128.6 69.0 69.6 94.6 111.9 198.1 20.6 11.2 42.8 19.9 69.8
16/10/16 35.5 44.6 39.0 198.0 57.8 77.0 92.1 59.2 812.9 41.0 21.1 31.0 45.7 119.6
23/10/16 101.1 45.5 59.6 212.2 83.9 123.3 100.0 146.1 614.6 44.7 37.1 109.8 34.0 131.7
NOVEMBRO de 2016
06/11/16 19.1 33.1 42.7 147.9 82.1 85.7 151.9 138.3 282.6 37.6 17.2 41.2 22.9 84.8
20/11/16 39.7 23.6 29.9 128.7 63.1 63.5 99.5 83.1 748.4 63.1 42.2 52.1 51.6 114.5
DEZEMBRO de 2016
18/12/16 254.6 50.9 43.8 838.9 46.0 65.0 66.2 400.3 438.3 40.0 24.1 31.6 40.0 180.0
Média por ponto de medição
76.6 37.1 39.0 243.4 60.8 72.5 91.4 141.8 458.3 36.7 23.2 49.5 32.7 104.8
Tabela A4.4 – Dados coletados de temperatura do ar (ºC) após exclusão (Verão)
Mês Dia Pontos de Medição
Média do Dia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
DEZEMBRO de 2016
29/12/16 30.1 30.4 30.7 30.8 30.6 30.5 31.0 30.4 31.2 30.3 30.2 29.7 29.9 30.4
JANEIRO de 2017
08/01/17 30.2 30.5 30.2 31.1 30.0 30.9 30.8 31.7 31.6 31.1 30.9 31.2 30.4 30.8
15/01/17 30.1 30.3 29.8 32.1 30.8 31.0 31.6 34.0 32.4 30.7 30.5 29.7 29.7 31.0
20/01/17 27.5 27.7 27.8 28.5 27.6 28.1 28.0 28.4 30.4 28.5 28.0 28.5 27.7 28.2
29/01/17 32.1 31.7 31.5 32.4 31.6 35.6 33.1 33.4 33.0 31.7 30.9 30.8 30.9 32.2
FEVEREIRO de 2017
05/02/17 31.3 31.8 32.9 32.5 32.2 31.9 31.2 31.4 34.9 32.2 32.1 33.3 32.0 32.3
12/02/17 31.9 32.2 31.0 37.6 32.0 31.5 31.1 32.6 32.2 32.1 32.1 31.5 30.7 32.2
MARÇO de 2017
01/03/17 31.2 31.6 31.2 31.5 31.5 31.9 32.0 32.2 33.5 32.2 31.8 34.1 31.9 32.0
05/03/17 34.3 31.7 32.2 30.9 30.6 30.2 30.5 30.7 32.5 31.3 30.8 33.5 30.5 31.5
Média por ponto de medição
31.1 30.9 30.8 32.1 30.8 31.4 31.0 31.8 32.6 31.2 30.9 31.6 30.5 31.2
100
Tabela A4.5 – Dados coletados de umidade relativa do ar (%) após exclusão (Verão)
Mês Dia Pontos de Medição
Média do Dia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
DEZEMBRO de 2016
29/12/16 76.5 75.4 74.9 74.2 74.4 74.6 74.3 75.0 73.2 74.7 75.0 77.2 77.2 75.1
JANEIRO de 2017
08/01/17 69.7 68.6 69.6 65.6 69.4 67.2 66.5 64.5 64.7 65.7 66.5 65.4 68.1 67.0
15/01/17 71.5 70.6 73.2 65.6 69.6 68.9 67.0 58.2 63.9 69.3 70.0 72.8 72.8 68.7
20/01/17 77.9 76.2 74.6 73.1 75.5 74.4 74.7 73.2 67.8 73.4 73.7 73.2 74.9 74.0
29/01/17 60.0 59.8 60.2 58.4 60.3 50.8 57.3 55.4 56.2 61.4 62.1 62.5 63.8 59.1
FEVEREIRO de 2017
05/02/17 61.5 60.5 57.6 58.4 59.4 62.9 64.9 64.7 54.3 59.8 59.3 57.9 62.5 60.3
12/02/17 53.1 53.2 54.3 42.0 54.6 57.8 58.8 55.8 54.8 55.8 55.4 56.6 58.4 54.7
MARÇO de 2017
01/03/17 55.4 54.4 55.2 54.5 55.4 53.5 53.1 52.9 50.3 53.3 53.9 49.5 53.0 53.4
05/03/17 57.9 65.6 64.5 68.7 69.7 71.1 70.2 69.0 64.3 68.0 69.6 60.5 69.0 66.8
Média por ponto de medição
63.4 63.6 63.7 60.8 64.2 63.3 64.1 61.7 59.5 63.3 63.8 62.3 65.3 64.4
Tabela A4.6 – Dados coletados de radiação solar (W/m²) após exclusão (Verão)
Mês Dia Pontos de Medição
Média do Dia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
DEZEMBRO de 2016
29/12/16 39.3 35.6 37.3 105.8 68.9 50.0 68.9 68.8 81.7 7.6 4.6 17.3 6.7 45.6
JANEIRO de 2017
08/01/17 56.8 44.2 51.5 175.5 68.3 86.8 135.9 208.1 265.7 26.8 16.6 47.9 15.7 92.3
15/01/17 42.9 58.5 60.1 695.1 80.2 121.3 112.9 908.6 845.7 46.0 40.9 48.2 51.0 239.3
20/01/17 43.9 65.6 56.4 144.8 61.7 68.3 114.8 100.8 242.8 19.2 23.1 35.5 21.7 76.8
29/01/17 350.4 46.3 61.0 802.7 52.5 78.7 148.3 676.3 807.6 42.1 30.4 62.3 31.7 245.4
FEVEREIRO de 2017
05/02/17 49.3 42.2 38.1 597.7 44.0 74.3 56.8 794.6 478.8 35.5 22.9 256.1 36.2 194.3
12/02/17 580.7 46.8 38.4 809.4 46.5 203.6 69.5 806.6 834.9 36.2 27.3 40.8 37.1 275.2
MARÇO de 2017
01/03/17 218.1 38.8 36.2 109.7 27.5 91.0 77.2 109.4 264.9 14.0 14.1 495.1 30.1 117.4
05/03/17 601.9 51.3 43.9 95.3 44.7 74.1 58.2 90.5 760.1 9.9 14.8 324.0 19.0 168.3
Média por ponto de medição
243.0 49.2 48.2 428.8 53.2 99.8 96.7 461.9 562.6 28.7 23.8 163.7 30.3 161.6
101
APÊNDICE 5 – DADOS COLETADOS DE LUMINÂNCIA
Tabela A5.1 – Dados coletados de luminância (LUX)
Mês Dia Pontos de Medição
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
OUTUBRO de 2016
02/10/16 2550.0 2810.0 2480.0 6390.0 2850.0 2710.0 5050.0 6950.0 15130.0 670.0 854.0 4680.0 880.0
09/10/16 7390.0 3610.0 3630.0 15660.0 5900.0 6670.0 10820.0 11590.0 26900.0 1852.0 978.0 3920.0 1220.0
16/10/16 4620.0 3680.0 3210.0 93700.0 2800.0 12690.0 8100.0 5270.0 103600.0 1421.0 626.0 3010.0 1470.0
23/10/16 12090.0 4600.0 6010.0 25700.0 8800.0 12000.0 12010.0 16560.0 103900.0 3240.0 2490.0 11610.0 1650.0
NOVEMBRO de 2016
06/11/16 2750.0 4220.0 5120.0 18570.0 9380.0 9460.0 19540.0 16370.0 37700.0 3080.0 1360.0 5260.0 1330.0
20/11/16 4660.0 4890.0 3080.0 14530.0 6400.0 6660.0 12520.0 9700.0 115600.0 2700.0 1796.0 5390.0 2180.0
27/11/16 5600.0 3600.0 2510.0 81100.0 4300.0 4000.0 5700.0 32200.0 101600.0 1650.0 1340.0 5220.0 2080.0
DEZEMBRO de 2016
04/12/16 1368.0 1906.0 2540.0 8340.0 3390.0 3680.0 9420.0 8240.0 15270.0 1160.0 452.0 3310.0 510.0
12/12/16 5390.0 4850.0 4970.0 29000.0 7000.0 8000.0 15400.0 23100.0 45000.0 2200.0 1068.0 8080.0 1220.0
18/12/16 25900.0 13300.0 2700.0 97300.0 3500.0 3900.0 9030.0 107900.0 86600.0 2110.0 870.0 3760.0 1480.0
29/12/16 4670.0 4190.0 3920.0 11950.0 7550.0 5060.0 7550.0 7700.0 10940.0 695.0 417.0 2000.0 300.0
JANEIRO de 2017
08/01/17 6190.0 4330.0 5420.0 21100.0 6000.0 7600.0 16000.0 19800.0 35200.0 2340.0 1420.0 6940.0 850.0
15/01/17 3710.0 4380.0 4470.0 88700.0 6320.0 16010.0 12020.0 96000.0 94100.0 1509.0 2150.0 4080.0 1570.0
20/01/17 5070.0 5440.0 5290.0 16620.0 5530.0 6210.0 13640.0 10230.0 31000.0 1576.0 1708.0 5460.0 1060.0
29/01/17 9910.0 4540.0 3500.0 82900.0 3600.0 4300.0 8700.0 74300.0 91200.0 1089.0 882.0 8390.0 790.0
FEVEREIRO de 2017
05/02/17 3050.0 2130.0 2700.0 5240.0 280.0 5030.0 5840.0 86400.0 89600.0 810.0 1052.0 35800.0 917.0
12/02/17 46700.0 2400.0 2140.0 87900.0 2700.0 9400.0 4100.0 30100.0 95200.0 800.0 1020.0 3580.0 940.0
19/02/17 74400.0 2070.0 4240.0 7170.0 2490.0 38400.0 3400.0 10700.0 89800.0 1015.0 951.0 86700.0 1660.0
MARÇO de 2017
01/03/17 11580.0 2940.0 3550.0 12090.0 2650.0 7570.0 6580.0 8940.0 30500.0 764.0 1198.0 62600.0 1048.0
05/03/17 66400.0 2500.0 2700.0 8800.0 3200.0 3400.0 4190.0 8820.0 84100.0 435.0 861.0 38600.0 698.0
12/03/17 40600.0 3650.0 3170.0 12630.0 3600.0 4530.0 6530.0 8800.0 61900.0 836.0 1495.0 57300.0 993.0
Média por ponto de medição
26761.0 3438.0 3718.0 34315.0 3637.0 10245.0 8100.0 35409.0 70260.0 1117.4 1273.7 30945.0 1052.6
102
APÊNDICE 6 – DADOS SEPARADOS POR CONDIÇÃO DE EXPOSIÇÃO AO SOL
Tabela A6.1 – Dados de temperatura do ar (ºC) para os pontos de medição solares (Primavera)
Mês Dia Pontos de Medição
Média do Dia 1 4 8 9 12
OUTUBRO de 2016
02/10/16 21.5 21.6 21.7 22.0 21.6 21.7
09/10/16 26.4 26.0 25.2 25.4 25.9 25.8
16/10/16 29.8 31.4 31.3 31.8 30.8 31.0
23/10/16 24.9 25.3 26.0 28.7 27.0 26.4
NOVEMBRO de 2016
06/11/16 24.5 24.7 24.6 25.9 24.9 24.9
20/11/16 22.6 23.0 22.7 25.4 23.3 23.4
27/11/16 28.4 29.2 31.4 29.6 28.9 29.5
DEZEMBRO de 2016
04/12/16 26.9 27.4 28.6 28.6 28.4 28.0
12/12/16 30.1 30.9 32.0 32.2 30.7 31.2
18/12/16 27.0 29.2 30.1 31.3 28.9 29.3
Média por ponto de medição
26.2 26.9 27.4 28.1 27.0 27.1
Tabela A6.2 – Dados de temperatura do ar (ºC) para os pontos de medição sombreados (Primavera)
Mês Dia
Média do Dia 2 5 10 11 13
OUTUBRO de 2016
02/10/16 21.3 21.5 21.7 21.8 21.3 21.5
09/10/16 25.9 25.7 25.4 25.0 24.5 25.3
16/10/16 29.3 30.0 31.3 30.7 29.8 30.2
23/10/16 24.5 24.6 25.9 25.5 25.3 25.2
NOVEMBRO de 2016
06/11/16 24.4 24.6 24.5 24.9 24.5 24.6
20/11/16 22.4 23.2 23.6 23.9 22.6 23.1
27/11/16 28.6 29.4 28.9 28.3 28.5 28.7
DEZEMBRO de 2016
04/12/16 27.1 27.9 28.0 27.9 28.3 27.8
12/12/16 30.0 30.4 30.7 30.6 30.1 30.4
18/12/16 27.3 28.0 28.0 28.2 28.3 28.0
Média por ponto de medição
26.1 26.5 26.8 26.7 26.3 26.5
103
Tabela A6.3 – Dados de umidade relativa do ar (%) para os pontos de medição solares (Primavera)
Mês Dia Pontos de Medição
Média do Dia 1 4 8 9 12
OUTUBRO de 2016
02/10/16 77.7 77.8 76.4 75.9 76.3 76.8
09/10/16 63.8 64.2 71.9 70.5 70.6 68.2
16/10/16 66.6 63.2 62.6 59.0 65.4 63.4
23/10/16 74.8 72.5 69.8 60.6 65.8 68.7
NOVEMBRO de 2016
06/11/16 80.7 79.1 78.9 74.4 78.7 78.4
20/11/16 60.5 59.0 56.1 51.2 58.7 57.1
27/11/16 66.1 64.1 57.3 62.8 65.0 63.1
DEZEMBRO de 2016
04/12/16 68.8 67.4 63.3 61.3 61.8 64.5
12/12/16 76.9 70.4 65.5 65.5 70.1 69.7
18/12/16 72.4 64.4 62.8 58.9 67.4 65.2
Média por ponto de medição
70.8 68.2 66.5 64.0 68.0 67.5
Tabela A6.4 – Dados de umidade relativa do ar (%) para os pontos de medição sombreados (Primavera)
Mês Dia Pontos de Medição
Média do Dia 2 5 10 11 13
OUTUBRO de 2016
02/10/16 77.8 77.3 76.4 76.3 78.1 77.2
09/10/16 64.6 66.0 72.6 73.8 77.3 70.9
16/10/16 69.2 66.9 64.2 65.9 67.9 66.8
23/10/16 74.8 73.7 68.8 70.9 71.3 71.9
NOVEMBRO de 2016
06/11/16 80.7 79.4 80.6 79.6 80.1 80.1
20/11/16 61.6 57.5 56.6 57.3 61.2 58.8
27/11/16 66.6 64.3 65.1 63.3 66.5 65.2
DEZEMBRO de 2016
04/12/16 68.4 64.0 63.2 64.6 62.2 64.5
12/12/16 76.2 70.4 69.4 70.5 72.1 71.7
18/12/16 70.4 69.3 68.7 68.5 67.5 68.9
Média por ponto de medição
71.0 68.9 68.6 69.1 70.4 69.6
104
Tabela A6.5 – Dados de temperatura do ar (ºC) para os pontos de medição solares (Verão)
Mês Dia Pontos de Medição
Média do Dia 1 4 8 9 12
DEZEMBRO de 2016
29/12/16 30.1 30.8 30.4 31.2 29.7 30.4
JANEIRO de 2017
08/01/17 30.2 31.1 31.7 31.6 31.2 31.2
15/01/17 30.1 32.1 34.0 32.4 29.7 31.7
20/01/17 27.5 28.5 28.4 30.4 28.5 28.7
29/01/17 32.1 32.4 33.4 33.0 30.8 32.3
FEVEREIRO de 2017
05/02/17 31.3 32.5 31.4 34.9 33.3 32.7
12/02/17 31.9 37.6 32.6 32.2 31.5 33.2
19/02/17 33.2 32.5 32.1 33.0 33.6 32.9
MARÇO de 2017
01/03/17 31.2 31.5 32.2 33.5 34.1 32.5
05/03/17 34.3 30.9 30.7 32.5 33.5 32.4
12/03/17 29.6 28.9 29.3 32.9 30.0 30.1
Média por ponto de medição
31.1 31.8 31.6 32.6 31.6 31.6
Tabela A6.6 – Dados de temperatura do ar (ºC) para os pontos de medição sombreados (Verão)
Mês Dia
Média do Dia 2 5 10 11 13
DEZEMBRO de 2016
29/12/16 30.4 30.6 30.3 30.2 29.9 30.3
JANEIRO de 2017
08/01/17 30.5 30.0 31.1 30.9 30.4 30.6
15/01/17 30.3 30.8 30.7 30.5 29.7 30.4
20/01/17 27.7 27.6 28.5 28.0 27.7 27.9
29/01/17 31.7 31.6 31.7 30.9 30.9 31.4
FEVEREIRO de 2017
05/02/17 31.8 32.2 32.2 32.1 32.0 32.1
12/02/17 32.2 32.0 32.1 32.1 30.7 31.8
19/02/17 31.5 31.2 33.4 31.8 31.9 32.0
MARÇO de 2017
01/03/17 31.6 31.5 32.2 31.8 31.9 31.8
05/03/17 31.7 30.6 31.3 30.8 30.5 31.0
12/03/17 29.2 29.0 28.9 28.7 29.5 29.1
Média por ponto de medição
30.8 30.7 31.2 30.8 30.5 30.7
105
Tabela A6.7 – Dados de umidade relativa do ar (%) para os pontos de medição solares (Verão)
Mês Dia Pontos de Medição
Média do Dia 1 4 8 9 12
DEZEMBRO de 2016
29/12/16 76.5 74.2 75.0 73.2 77.2 75.2
JANEIRO de 2017
08/01/17 69.7 65.6 64.5 64.7 65.4 66.0
15/01/17 71.5 65.6 58.2 63.9 72.8 66.4
20/01/17 77.9 73.1 73.2 67.8 73.2 73.0
29/01/17 60.0 58.4 55.4 56.2 62.5 58.5
FEVEREIRO de 2017
05/02/17 61.5 58.4 64.7 54.3 57.9 59.4
12/02/17 53.1 42.0 55.8 54.8 56.6 52.5
19/02/17 57.2 57.8 57.6 55.0 51.7 55.9
MARÇO de 2017
01/03/17 55.4 54.5 52.9 50.3 49.5 52.5
05/03/17 57.9 68.7 69.0 64.3 60.5 64.1
12/03/17 73.2 75.5 74.4 64.3 72.1 71.9
Média por ponto de medição
63.7 62.0 62.6 59.6 62.2 63.2
Tabela A6.8 – Dados de umidade relativa do ar (%) para os pontos de medição sombreados (Verão)
Mês Dia Pontos de Medição
Média do Dia 2 5 10 11 13
DEZEMBRO de 2016
29/12/16 75.4 74.4 74.7 75.0 77.2 75.3
JANEIRO de 2017
08/01/17 68.6 69.4 65.7 66.5 68.1 67.7
15/01/17 70.6 69.6 69.3 70.0 72.8 70.5
20/01/17 76.2 75.5 73.4 73.7 74.9 74.7
29/01/17 59.8 60.3 61.4 62.1 63.8 61.5
FEVEREIRO de 2017
05/02/17 60.5 59.4 59.8 59.3 62.5 60.3
12/02/17 53.2 54.6 55.8 55.4 58.4 55.5
19/02/17 60.3 60.6 53.9 54.7 55.1 56.9
MARÇO de 2017
01/03/17 54.4 55.4 53.3 53.9 53.0 54.0
05/03/17 65.6 69.7 68.0 69.6 69.0 68.4
12/03/17 74.7 75.5 75.7 76.2 74.2 75.3
Média por ponto de medição
64.4 65.0 63.6 64.1 65.2 65.5
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