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ANÁLISE DA DANÇA TERAPÊUTICA EM INDIVÍDUOS
PORTADORES DE DISTÚRBIOS PERCEPTO-MOTORES
Suely Terezinha Latenek
Universidade Tuiuti do Paraná
Fisioterapeuta
Orientadora: Renata Rothenbühler
Email: latenek.suely@yahoo.com.br
Palavras-chave: Dança Terapêutica, Percepção corporal, Lesões Cerebrais.
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo analisar os efeitos da dança terapêutica a
promoção da saúde de dois pacientes com distúrbios percepto-motores.
Participaram deste estudo, do tipo descritivo de relato de casos, duas voluntárias
com seqüelas de lesões cerebrais, atendidas na Clinica de Fisioterapia da UTP.
As participantes foram submetidas a um protocolo de dança terapêutica, baseado
em princípios da cinesioterapia associados a treinamento coreográfico. Para os
procedimentos de avaliação foram utilizados: Ficha de avaliação física terapêutica
neurológica, avaliação da percepção corporal através do método de Askevold
(1976), teste para equilíbrio – Teste de Tinetti (1986), teste de coordenação e o
questionário de avaliação da auto-estima de Rosenberg. O estudo encontrou
correlações significativas entre a dança terapêutica e a imagem da percepção
corporal, equilíbrio, qualidade da postura e coordenação.
1
ABSTRACT
The objective of this study is analyze the effects of dance therapy in the
promotion of health of two patients with perceptual-motor disorders. Participated in
this descriptive reporting study of cases, two volunteers with sequelae of brain
damage were seen at the Clinic of Physiotherapy of UTP. The participants
underwent a protocol of dance therapy, based on principles of cinesiotherapy with
choreographic training. For the evaluation procedures were used: Type-physical
therapy neurological assessment, evaluation of body awareness through the
method of Askevold (1976), test for balance - Test Tinetti (1986), coordination test
and a questionnaire for assessing self-esteem by Rosenberg. The study found
significant correlations between dance therapy and the image of body awareness,
balance, posture and quality of coordination.
INTRODUÇÃO
A dança sempre esteve presente na história da humanidade, com variações em
todas as épocas. É uma linguagem por meio da qual o indivíduo pode sentir-se,
perceber-se, conhecer-se e manifestar-se. 1
A dança proporciona o autoconhecimento pelo toque, porque além de
aumentar a percepção corporal, a interrelação entre o corpo e o mundo,
favorecendo o desenvolvimento motor, coordenação, melhora da postura e
harmonia do equilíbrio. Desenvolve as capacidades cognitivas, como a motivação
e a memória, melhora a auto-imagem, através do estímulo das percepções,
sensações cinestésicas e visuais, que orientam o tempo e o espaço. 1
Dançar alimenta o sistema nervoso com informações proprioceptivas,
exteroceptivas e emocionais que são estímulos fundamentais para formação e
desenvolvimento do esquema corporal e da imagem corporal. A dança terapêutica
é um método que fornece estímulos, despertando áreas adormecidas, possibi-
2
litando autoconhecimento físico, fazendo com que criem consciência de
ultrapassar seus próprios limites. 2
Para a estabilidade postural e a orientação requer a percepção (integração
das informações sensoriais) e a ação (capacidade de produzir forças para
controlar os sistemas de posicionamento do corpo). Portanto, o controle postural
exige uma interação complexa entre os sistemas músculo-esquelético e neural. 3
O controle motor evolui a partir de um conjunto complexo de processos
neurológicos e mecânicos que governam a postura e o movimento. 4
É necessário enfatizar a importância do equilíbrio, tão fundamental quanto à
coordenação, para que as atividades sejam realizadas de forma sincrônica e
funcional. Assim, deve haver uma integração entre a informação recebida e o ato
que será executado.
O equilíbrio requer que a pessoa mantenha uma posição que se estabilize
durante as atividades voluntárias e que reaja às perturbações externas, mantenha
o centro de gravidade sobre a base de apoio. Os desequilíbrios ou deficiências
neste sentido constituem manifestações que podem responder a fatores físicos e
psíquicos. 4
As patologias e as seqüelas neurológicas interferem com a capacidade do
indivíduo em executar as funções. A presença da espasticidade causam
alterações como contraturas, que por sua vez interferem com a postura. 5
As alterações dos padrões de movimento dificultam a aquisição de
atividades motoras estáticas e dinâmicas, ainda que algumas características
possam mudar com o tempo. 6 Somente pela inibição da espasticidade e
facilitando o movimento mais normal numa melhora da experiência do tônus
postural, pode ocorrer o aprendizado do movimento seletivo. 7
A espasticidade quando não tratada, resulta em problemas secundários,
tais como disfunção articular, dor e padrões assimétricos de sustentação de peso. 8 Na espasticidade a função do anel gama não é superiormente inibida, os reflexos
de estiramento são exagerados e a modulação e a plasticidade tônica deixam de
operar, daí a concentração de resistência que os músculos oferecem aos
movimentos passivos. 9 A inervação recíproca ao nível medular dependem do jogo
3
agonista-antagonista, que resulta da integração tônica, que garante toda a
realização postural. Os antagonistas são inibidos e relaxados de um modo
adaptado, levemente graduado, acompanhando a contração dos agonistas. Eles
exercem uma importante influência estabilizadora e orientadora no progresso do
movimento. 10
Toda ação da pessoa é permeada pela psicomotricidade, tendo a
possibilidade de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo
mesmo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das
aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. 11 A pessoa com distúrbios percepto-
motores necessita desenvolver-se de modo dinâmico, com contínua estimulação,
para que por meio da repetição de movimentos simples até os mais complexos,
para estimular os potenciais.
A maneira como as pessoas aprendem impõem um conjunto fascinante de
aspectos, inclusive o físico e orgânico, além do psicomotor e o cognitivo
trabalhando juntos. O aprendizado dinâmico deve ser integrado ao trabalho da
equipe hospitalar interdisciplinar e é um “processo de educação organizada que
transcende aos parâmetros usualmente adotados.
Diante do exposto, o objetivo da promoção a saúde e da qualidade de vida
através da dança terapêutica é de integrar o indivíduo à sociedade, promover a
melhora da auto-imagem e da auto-estima, aprendizado do movimento seletivo
valorizando suas potencialidades.
Neste estudo buscou-se descrever e avaliar a experiência da dança
terapêutica sobre os componentes motores-funcionais em indivíduos portadores
de distúrbios percepto-motores, enquanto estratégia de atendimento de
abordagem corporal, incluindo técnicas fisioterapêuticas e dança, face ao
processo de promoção e qualidade de vida de indivíduos comprometidas com
lesões cerebrais.
4
MATERIAL E MÉTODO
Pesquisa descritiva, de relato de casos, de caráter prospectivo e analítico. Participaram deste estudo, duas voluntárias com seqüelas de lesões cerebrais,
sendo uma com 38 anos de idade, apresentando dupla hemiplegia espástica e a
outra com 8 anos de idade, apresentando diplegia espástica. Foi realizada uma
sessão por semana, com 90 minutos de duração, durante o período de agosto a
novembro de 2009. As participantes foram submetidas a um protocolo de dança
terapêutica, baseado em princípios cinesioterapêuticos associados a treinamento
coreográfico. O estudo foi desenvolvido na Clínica de Fisioterapia da Universidade
Tuiuti do Paraná. Para os procedimentos de avaliação foram utilizados: Ficha de
avaliação física terapêutica neurológica, avaliação da percepção corporal através
do método de Askevold (1976), teste para equilíbrio – Teste de Tinetti (1986),
teste de coordenação (O’Sullivan, 2005) e o questionário de avaliação da auto-
estima de Rosenberg. O processo de avaliação e tratamento foi registrado através
de fotografias, por câmera digital, considerando sempre a mesma distância entre a
câmera e o alvo fotográfico. No decorrer da aplicação do protocolo de dança
terapêutica foram realizadas filmagens das sessões buscando registrar as
imagens dinâmicas. O protocolo de dança terapêutica é baseado em princípios da
cinesioterapia associados a movimentos coreográficos, com duração de 90
minutos, respeitando as limitações das participantes.
• 20 minutos de alongamento visando aquecimento global.
• 20 minutos, trabalhando-se a coordenação motora, através de uma variedade
de movimentos e posições em ritmo lento.
• 20 minutos de treino de percepção espaço- temporal consciência corporal,
equilíbrio estático e dinâmico.
• 10 minutos de técnicas de relaxamento, em que, através do controle da
respiração e da liberação de pontos de tensão do corpo.
• 20 minutos de treino da coreografia.
5
ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO
Apresentação do Caso Sujeito 1
S.F., 38 anos, sexo feminino, sofreu TCE aos 8 anos, com dupla hemiplegia
espástica, apresentando assimetria dos padrões posturais e de movimento, sendo
o lado direito mais afetado que o lado esquerdo, hipertonia da musculatura flexora
e encurtamento do tendão calcâneo. Realiza todas as transferências com
dissociação, mas sempre utilizando o lado menos afetado. Perde o equilíbrio
facilmente, MSD em padrão flexor com rotação interna de ombro ao movimento e
MMII em semi-flexão e leve abdução com rotação externa.
Teste de Askevold (1975) – Teste de Percepção Corporal
Os pontos tocados foram: ápice da cabeça, articulações acrômio-claviculares
direita e esquerda, curvas da cintura direita e esquerda (acima dos ápices das
cristas ilíacas), trocantêr maior do fêmur direito e esquerdo.
6
1° Avaliação 2° Avaliação 3° Avaliação
Agosto Setembro Outubro
TESTE DE TINETTI – Teste de Equilíbrio
Número de pontos para o equilíbrio = 16
Número de pontos para a marcha = 12
Número de pontos para marcha e equilíbrio = 28
Tabela 1
AVALIAÇÃO
EQUILÍBRIO
MARCHA
TOTAL
Antes da dança
3
2
5
Após a dança
5
2
7
7
TESTES DE COORDENAÇÃO (O’ Sullivan)
Registro dos resultados do teste é feito através da escala
4= Demonstra desempenho normal.
3= O movimento é realizado apenas com dificuldade.
movimentos são arrítmicos e o desempenho se deteriora com o aumento da
velocidade.
1=Observa-se uma dificuldade séria: os movimentos são muito arrítmicos,
instabilidade significativa, oscilações e movimentos estranhos.
0= O paciente é incapaz de realizar a atividade.
Tabela 2 - Teste de Coordenação com uso de equilíbrio
Testes Antes da Dança Após a Dança
Em pé em postura
confortável, normal
3
3
Em pé, pés unidos (base
de apoio estreita)
2
3
Em pé, alternando entre
flexão anterior de tronco e
retorno à posição neutra
2
2
Em pé, fletir lateralmente o
tronco para cada lado
2
3
Marchar no lugar
2
3
8
Tabela 3 - Teste de Coordenação sem uso de equilíbrio
Testes Antes da Dança Após a Dança
Desenho de um círculo
imaginário
2
3
Percussão (mão)
2
4
Apresentação do Caso Sujeito 2
I.F., 8 anos, sexo feminino, portadora de paralisia cerebral, apresentando
diplegia espástica, assimetria dos padrões posturais e de movimento, pelve fixa,
senta em sacro, ombros fixos, hipertonia da musculatura flexora, flexão de joelhos.
Realiza transferências em bloco, mas com auxílio do fisioterapeuta. Perde o
equilíbrio facilmente.
Teste de Askevold (1975) – Teste de Percepção Corporal
Os pontos tocados foram: ápice da cabeça, articulações acrômio-
claviculares direita e esquerda, curvas da cintura direita e esquerda (acima dos
ápices das cristas ilíacas), trocantêr maior do fêmur direito e esquerdo.
9
TESTE DE TINETTI Número de pontos para o equilíbrio = 16
Número de pontos para a marcha = 12
Número de pontos para marcha e equilíbrio = 28
Tabela 1
AVALIAÇÃO
EQUILÍBRIO
MARCHA
TOTAL
Antes da dança
2
0
2
Após a dança
3
0
3
TESTES DE COORDENAÇÃO Registro dos resultados do teste é feito através da escala
4= Demonstra desempenho normal.
3= O movimento é realizado apenas com dificuldade.
2= Movimentos são arrítmicos e o desempenho se deteriora com o aumento da
velocidade.
1=Observa-se uma dificuldade séria: os movimentos são muito arrítmicos,
instabilidade significativa, oscilações e movimentos estranhos.
0= O paciente é incapaz de realizar a atividade.
11
Tabela 2 - Teste de Coordenação com uso de equilíbrio
Testes Antes da Dança Após a Dança
Em pé em postura
confortável, normal
3
3
Em pé, pés unidos (base
de apoio estreita)
2
3
Em pé, alternando entre
flexão anterior de tronco e
retorno à posição neutra
2
2
Em pé, fletir lateralmente o
tronco para cada lado
1
1
Marchar no lugar
1
2
Tabela 3 - Teste de Coordenação sem uso de equilíbrio
Testes Antes da Dança Após a Dança
Desenho de um círculo
imaginário
3
4
Percussão (mão)
2
4
Em uma análise descritiva destes resultados, observou-se no Teste de
Askevold nas duas pacientes uma melhora na construção das figuras feitas na
segunda avaliação e terceira avaliação que esta relacionada com a melhora da
percepção corporal através da prática da Dança Terapêutica. Antes da Dança
Terapêutica apresentaram percepção maior do que a real para todas as
dimensões corporais.
Porém, após ter iniciado as sessões de dança o sujeito 1 apresentou uma
evolução significativa, pois foi percebido a figura mais simétrica na terceira
12
tentativa. Já o sujeito 2 apresentou uma evolução da percepção corporal
melhorando o hemicorpo direito.
A técnica oferece aos praticantes a capacidade de visualizar, sentir e ativar
partes do corpo, contribuindo assim, para uma melhora e atualização da imagem
corporal. 12
Os dois sujeitos da pesquisa obtiveram uma melhora do equilíbrio estático e
dinâmico e na coordenação. Na aplicação do Questionário de Avaliação da Auto-
Estima de Rosenberg não ocorreram alterações das duas participantes, pois na
primeira avaliação já demonstraram uma elevada auto-estima, visivelmente
percebeu-se a expressão facial de felicidade.
Observou-se que o trabalho corporal influencia diretamente na auto-estima,
melhorando inclusive sua aparência física, tornando-a mais expansiva, fazendo
com que demonstrasse maior interesse e motivação durante a realização das
posturas. O neurologista Henry Head, em 1920, foi o primeiro a declarar que o
esquema postural e a representação que o corpo tem para cada indivíduo são
fundamentais para a manutenção da postura. Da mesma forma, estudos
neurológicos no início do século começaram a identificar que indivíduos após
lesão cerebral, tinham a percepção de que seu corpo desaparecera. 13
O movimento traz benefícios para a auto-imagem e justifica sua afirmativa
quando descreve que através do movimento e da experimentação do corpo o
indivíduo se reconhece e constrói sua imagem corporal. 14
A imagem corporal se expande além dos limites do corpo, mais do que
apenas conhecer as partes do corpo, é preciso dar sentido e valorizar cada parte
do mesmo. Com relação à reabilitação, não adianta apenas reabilitar fisicamente
um corpo, é necessário despertá-lo para as suas potencialidades. 15
A parte motora da auto-imagem está intimamente ligada ao movimento, isso
porque é através deste movimento que a auto-imagem se revela. Desta forma, fica
clara a importância que existe em trabalhar o corpo e a mente através do
movimento para melhorar a percepção que esse indivíduo tem de seu próprio
corpo, a imagem que faz de si mesmo. 16
13
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo do estudo foi analisar a dança terapêutica em indivíduos
portadores de distúrbios percepto-motores, para isso foi avaliada a percepção
corporal, o equilíbrio, a coordenação e a auto-estima.
Considerando os resultados obtidos no presente estudo, conclui-se que os
objetivos propostos foram alcançados, já que a dança terapêutica poderá atuar,
trabalhando a conscientização do corpo conquistando uma melhora da imagem da
percepção corporal, reconhecendo e compreendendo estímulos para uma
estruturação espaço-temporal, resultando na qualidade do equilíbrio, da postura e
da coordenação.
REFERÊNCIAS
1. CALIL, SR, Santos, Braga, Labronici, 2007, ED. A dança, o trabalho corporal e a apropriação de si mesmo. Rev. terap. ocupar. USP 1992.
2. FONSECA, C. Costa. www.usjt.br/biblioteca/.../2009_078_Fonseca.php
3. SHUMWAY-COOK, Anne.,Woollacott,H.Marjorie., Controle Motor, Teoria e Aplicações Práticas.2° Ed.,Manole, 2003.
4. O'SULLIVAN, SUSAN B. / SCHMITZ, THOMAS J., Fisioterapia, Avaliação e Tratamento,4°Ed., MANOLE,2005.
14
5. TEIXEIRA.I.F.,OLNEY,S.J.,BRAUWER,B. Mecanismos e Medidas de Espasticidade.Fisioterapia Univ.São Paulo, V5,n.1,p4-19.jan/jun,1998.
6. CANNONIERI, R.D.; DURUGON, O.F.S. Efeitos do treinamento da aquisição da habilidade funcional sedestação mediante intervenção terapêutica facilitatória em crianças portadoras de paralisia cerebral. Revista de
fisioterapia da Universidade de São Paulo, São Paulo, v.8, n.2, pag 101-2, 2001.
7. EDUARDS, S.; Fisioterapia neurológica – Uma abordagem centrada na resolução de problemas. Porto alegre: Atheneu; 1999
8. UMPRHED, D.A.; Fisioterapia Neurológica – São Paulo; Manole; 1994
9.FONSECA,Vitor., Manual de Observação Psicomotora,Significação Psiconeurológica dos Fatores Psicomotores, Porto Alegre, Artmed,1995.
10. BERNARDI, C.H., PRADO, A.L.C. A dança como um caminho para a melhora da imagem corporal do indivíduo portador de deficiência. Fisiobrasil,
mar/abr. 2005, n.70, p.20-25.
11. BERTOLDI, A.L.S. A interferência da prática da dança na reabilitação de portadores de deficiência física. Fisioterapia em Movimento, v. X, n.1, abr/set.
1997.
12. MARTINS, O.R., A Prática do iso-stretching na melhora da percepção corporal. Unioeste, Cascavel, 2004.
13. MELLO. A. Dança Adaptada Interfaces da arte e saúde. São Paulo
Faculdade de Medicina da USP, 2000.
15
14.BRACCIALLI, L.M.P., RAVAZZ, R.M.D. Dança: influência no desenvolvimento da criança com paralisia cerebral. Temas sobre desenvolvimento, 1998. 15.GUIMARÃES, E.L.; DESANTANA, J.M. Aplicabilidade da dança terapêutica para recuperação funcional de portadores de distúrbios percepto-motores. Monografia. Curso de Fisioterapia. Faculdades Integradas Fafibe, 2005.
16.SCHINCA, M. Psicomotricidade, Ritmo e Expressão Corporal: Exercício Prático. São Paulo: Manole, 1991.
ANEXO TESTE DE ASKEVOLD (1975)
Para Askevold (1975), toda figura geométrica feita a partir dos pontos
assinalados pelo indivíduo, deve se apresentar de maneira simétrica, para que a
percepção corporal seja considerada boa, dentro dos parâmetros de aceitação.
Ele considera que todas as pessoas sejam perfeitamente simétricas, o que não
acontece com freqüência na realidade.
Para se realizar o Teste de Askevold o indivíduo, a ser avaliado, foi
posicionado em frente a uma folha de papel crafit (1,40m de comprimento e 0,60m
de largura) fixada a parede a uma altura de 0,40m do solo. Solicita-se que o
participante realizasse a flexão dos ombros (90º graus) com os cotovelos
16
estendidos de maneira a tocar o papel à sua frente, para se estabelecer uma
distância correta em relação à folha de papel.
Estando devidamente posicionado dessa maneira, o sujeito foi instruído a
imaginar que estava em frente a um espelho. Foi então explicado, que quando o
avaliador tocasse em algum ponto do corpo, o indivíduo deveria marcar com uma
caneta hidrográfica, um ponto no papel correspondente ao ponto tocado. Dessa
forma, todo ponto tocado contava com sua representação imediatamente
assinalada pelo indivíduo no papel.
Os pontos tocados foram: ápice da cabeça, articulações acrômio-
claviculares direita e esquerda, curvas da cintura direita e esquerda (acima dos
ápices das cristas ilíacas), trocantêr maior do fêmur direito e esquerdo.
17
TESTE DE TINETTI (1986)
TESTE DE TINETTI
Serve para avaliar o equilíbrio, a capacidade de andar e o risco de queda
(Tinetti 1986).
O fisioterapeuta documenta o total de pontos e o equipamento auxiliar do
qual o paciente precisa.
Interpretação: - Menos de 20 pontos: nítido risco de queda.
- 20 a 23 pontos: discreto risco de queda.
- 24 a 28 pontos: sem risco anormal de queda.
l - Testes para o equilíbrio: Instruções a serem dadas no início: paciente sentado em cadeira sem estofamento e sem descanso para os braços. 1-Equilíbrio na posição sentada:
• Paciente se encosta ou desliza na cadeira. = 0
• Estável e seguro. = 1
2-Levanta-se:
• Não consegue sem ajuda. = 0
• Consegue usando os membros superiores. = 1
• Consegue sem fazer o uso dos membros superiores. = 2
3-Tentativa para levantar-se:
• Não consegue sem ajuda. = 0
• Consegue depois de mais de uma tentativa. = 1
• Capaz de se levantar à primeira tentativa. = 2
18
4-Equilíbrio imediato (5 segundos) quando em pé:
• Instável (cambaleante, movimenta os pés, oscila o tronco) = 0
• Estável, mais precisa do andador ou de outro suporte. = 1
• Estável sem andador ou outro suporte. = 2
5-Equilíbrio na posição em pé:
• Instável. = 0
• Estável, mas com base alargada (distância superior a 1 cm entre as bordas
internas dos calcanhares) e com ajuda da bengala ou de outro tipo de suporte. = 1
• Base estreita, dispensa apoio. = 2
6-Desequilíbrio induzido (em pé com os membros superiores mais unidos possível
– o examinador empurra de leve com a palma da mão contra o esterno no
paciente 3 vezes).
• Inicia queda. = 0
• Oscila, procura apoiar-se, acaba se equilibrando. = 1
• Estável. = 2
7- Olhos fechados (em pé, com os membros inferiores o mais unido possível):
• estável. = 0
• instável. = 1
8- Rotação 360°:
• Passos inseguros, procura apoiar-se, oscila. = 0
• Passos descontínuos. = 1
• Passos contínuos. = 2
19
9- Sentar-se:
• Inseguro (calcula mal a distância, senta-se fora do centro, cai sobre a cadeira) =
0.
•Faz uso dos membros superiores ou não apresenta movimentos harmoniosos. =1
• Movimento seguro e fluído. = 2
Números de pontos para o equilíbrio: 16 II- Teste de Marcha: Instruções a serem dadas no início: paciente em pé, solicita-se então que ele deambule no corredor ou no quarto, primeiro com velocidade normal, depois com passos rápidos, mas assim mesmo seguros (pode-se permitir os dispositivos auxiliares geralmente usados). 10- Início da marcha (assim que receber a ordem de andar):
• Paciente hesita ou repete a tentativa de iniciar. = 0
• Não hesita. = 1
11- Comprimento e altura dos passos:
a)Pé direito durante a fase de locomoção:
• Não ultrapassa o pé esquerdo de suporte. = 0
• Ultrapassa o pé esquerdo de suporte. = 1
• Pé direito não se eleva completamente do solo durante o passo. = 0
• Pé direito não se eleva inteiramente do solo. = 1
b)Pé esquerdo durante a fase de locomoção:
• Ao andar não ultrapassa o pé direito (pé de apoio). = 0
• Ultrapassa o pé direito que serve de suporte. = 1
• Pé esquerdo não se eleva totalmente do solo durante o passo. = 0
• Pé esquerdo não se eleva completamente do solo. = 1
20
12- Simetria dos passos:
• Os passos não tem o mesmo comprimento à direita e à esquerda. = 0
• Os passos parecem ser do mesmo comprimento à direita e esquerda. = 1
13- Continuidade dos passos:
• Parada ou falta de continuidade entre os passos = 0
• Os passos parecem ter continuidade. = 1
14- Desvio do caminho (avaliar em relação às placas do piso/linha imaginária de
30 cm de largura; observe o desvio do pé num trecho de cerca de 3m).
• Desvio evidente. = 0
• Desvio discreto/moderado ou uso de um meio auxiliar para andar. = 1
• Marcha reta ao longo da linha imaginária de 30 cm de largura, sem usar
dispositivos auxiliares. = 2
15- Tronco:
• Oscilações evidentes ou uso de um dispositivo auxiliar. = 0
• Paciente não oscila, mas flete os joelhos, refere dor lombar ou estende os
membros superiores durante a marcha. = 1
• Não oscila. Não flete o joelhos e não estende os membros superiores nem usa
meios auxiliares para a marcha. = 2
16- Distância entre os pés:
• Calcanhares afastados. = 0
• Os calcanhares quase se fecham durante a marcha. = 1
Números de pontos para a marcha: 12 Total de pontos para a marcha e o equilíbrio: 28
21
TESTES DE COORDENAÇÃO Registro dos resultados do teste é feito através da escala
4= Demonstra desempenho normal.
3= O movimento é realizado apenas com dificuldade.
2= Demonstra dificuldade moderada para completar a atividade, os movimentos
são arrítmicos e o desempenho se deteriora com o aumento da velocidade.
1=Observa-se uma dificuldade séria: os movimentos são muito arrítmicos,
instabilidade significativa, oscilações e movimentos estranhos.
0= O paciente é incapaz de realizar a atividade.
TESTES DE COORDENAÇÃO COM O USO DO EQUILÍBRIO 1.
2.
3.
4.
5.
1.
Em pé em postura confortável, normal.
Em pé, pés unidos (base de apoio estreita).
Em pé, alternando entre flexão anterior de tronco e retorno à posição neutra.
Em pé, fletir lateralmente o tronco para cada lado.
Marchar no lugar.
TESTES DE COORDENAÇÃO SEM O USO DE EQUILÍBRIO
Desenho de um círculo imaginário
2. Percussão (mão)
22
QUESTIONÁRIO DA AVALIAÇÃO DA AUTO-ESTIMA DE ROSENBERG A escala de auto-estima de Rosenberg é um instrumento criado em 1965,
amplamente utilizado e conhecido internacionalmente (Rosenberg, 1989). É uma
medida unidimensional com 10 itens designados a avaliar globalmente a atitude
positiva ou negativa de si mesmo.
Uma elevada auto-estima é indicada por um escore alto.
23
AVALIAÇÃO FÍSICA TERAPÊUTICA IDENTIFICAÇÃO Nome: Sexo: Idade: DADOS GERAIS Diagnóstico Clínico: Diagnóstico Fisioterapêutico: Queixa principal: Fez algum tipo de cirurgia? ANÁLISE DO MOVIMENTO 1) Faz transferências para prono? Como faz? 2) Faz transferências para supino? Como faz? 3) Qual o lado de preferência? 4) Passa para outras posições? Como faz? 5) Mobilidade do tronco na posição sentada. ( ) Simétrico ( ) Assimétrico 6) Descreva a qualidade de postura na posição sentada com MMII em extensão com MMII com pés apoiados no chão. 7) Semi ajoelhado alcança a posição? ( ) Com apoio ( ) Sem apoio 8) Tem facilidade em colocar um dos pés`à frente? Qual? 9) Qualidade da reação de equilíbrio na postura
24
Em pé alcança a posição ( ) Com apoio ( ) Sem apoio 10) O peso distribuído: ( ) Simétrico ( ) Assimétrico 11) Consegue erguer-se a partir de ajoelhado, passando por semi-ajoelhado? Como faz? 12) Marcha Precisa de auxílio? ( ) Sim ( ) Não 13) Subir e descer escadas, como faz? 14) Consegue ficar sobre um pé? 15) Qualidade de equilíbrio: 16) Descreva o tônus de base e como ele se altera ao movimento: Intensidade: ( ) Leve ( ) Moderado ( ) Grave 17) Apresenta encurtamentos? ( ) Sim ( ) Não Localização: 18) Os encurtamentos limitam algum movimento ou postura? ( ) Sim ( ) Não 19) Apresenta alguma deformidade de coluna?
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