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A importância da iluminação residencial para a qualidade de vida do usuário em Caxias do Sul
Dezembro/2013
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 6ª Edição nº 006 Vol.01/2013 –dezembro/2013
A importância da iluminação residencial para a qualidade de vida
do usuário em Caxias do Sul
Andréa Arenhardt - deia.arquitetura@hotmail.com
Iluminação e Design de Interiores – ILPOA004
Instituto de Pós-Graduação e Graduação – IPOG
Porto Alegre/Novembro/2012
Resumo
O tema desta pesquisa é verificar a importância da iluminação residencial para a qualidade
de vida dos usuários na cidade de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, nos últimos cinco
anos. Este assunto foi pesquisado, pois muitas vezes o cliente acaba interferindo no trabalho
do lighting designer, retirando luminárias do projeto sem pensar na real funcionalidade que
cada uma tem. Com o objetivo de verificar se os clientes estão satisfeitos com a iluminação
que eles possuem em suas residências, foi feita uma pesquisa bibliográfica e de campo, onde
foram entrevistados lighting designers em quatro principais lojas de iluminação da cidade e
foi aplicado um questionário para doze clientes destas mesmas lojas. Os resultados
encontrados indicam que em geral os clientes compreendem a função que cada luminária tem
em um ambiente, porém a questão financeira é tão importante para eles quanto o projeto. Por
este motivo, eles retiram algumas luminárias do orçamento, mas ficam satisfeitos com o
resultado final do projeto instalado. Como os projetistas acham que o projeto instalado não é
de boa qualidade, seria adequado que eles pensassem um pouco mais na questão financeira
do cliente na hora de especificar os produtos, ou então utilize melhor alguns artifícios de
convencimento.
Palavras-chave: Iluminação residencial; Projeto de iluminação; Qualidade de vida.
1. Introdução
Com o aumento da oferta de imóveis para venda no mercado imobiliário, as construtoras
precisam se destacar em relação aos seus concorrentes oferecendo algo a mais para o seu
cliente, com a finalidade de ganhar a acirrada concorrência. Na cidade de Caxias do Sul, no
Rio Grande do Sul, muitas delas têm oferecido nos últimos cinco anos apartamentos para as
classes média e alta com forro de gesso em todo o imóvel. Desta forma, a procura por projetos
especializados em iluminação também tem aumentado, pois a situação permite um projeto
variado e rico em detalhes.
Apesar da procura por projetos especializados, muitas vezes o cliente acaba interferindo no
trabalho do profissional, retirando luminárias do projeto sem pensar na real funcionalidade
que cada uma tem e em que isso irá interferir. Na maioria das vezes, esta decisão do cliente
interfere no resultado final do projeto, pois cada luminária retirada foi pensada para uma
função específica no uso diário de cada ambiente, e isso acaba interferindo na qualidade de
vida dele mesmo.
Algumas hipóteses foram levantadas na tentativa de compreender certas atitudes dos
consumidores, e com o objetivo de averiguar se estas hipóteses são recorrentes, foi feita uma
pesquisa bibliográfica, para exemplificar alguns tópicos importantes que facilitam o
entendimento do tema escolhido. Além disso, foi feita também uma pesquisa de campo
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através de uma entrevista com os projetistas de iluminação de algumas lojas de Caxias do Sul
e também foi aplicado um questionário com os clientes dessas mesmas lojas.
O grande objetivo desta pesquisa é verificar se os clientes estão satisfeitos com a iluminação
que eles possuem atualmente em suas residências, e também averiguar em que nível as
modificações dos projetos de iluminação feitas pelos próprios clientes, prejudicam o resultado
final do projeto instalado. É importante ressaltar que esta iluminação deve ter sido projetada e
adquirida nos últimos cinco anos.
Através da entrevista e das perguntas do questionário, será verificado se os clientes
conseguem visualizar todas as funções que cada luminária colocada no projeto pode
proporcionar. Também será identificado se o usuário compreende que cada tipo de lâmpada,
temperatura de cor e efeito de luz serve para um tipo de uso diferente do espaço. Além do
mais, será examinado se o cliente avalia quase que exclusivamente o valor que ele vai gastar
com as luminárias, e não os benefícios que elas irão oferecer.
2. Iluminação residencial
Desde os primeiros registros que se tem da atividade humana na terra, a iluminação se
mostrou muito importante para as realizações dos afazeres do homem, principalmente nos
períodos mais escuros, como a noite. Tormann (2008:18) ressalta que “na pré-história, as
únicas luzes de que o homem dispunha à noite eram o luar e a fogueira.” A luz que provinha
da fogueira, além de iluminar a noite, permitindo que o homem pudesse realizar algumas
atividades no escuro, também servia como forma de proteção e aquecimento.
Com o passar dos séculos, o ser humano pôde iluminar suas casas com lâmpadas feitas de
pedra, barro, metal, entre outros materiais, utilizando como combustível óleo animal e
vegetal. A luz ainda era proveniente do fogo. Com o desenvolvimento e a chegada do
progresso, a iluminação elétrica começou a ser utilizada nas casas e nos locais de trabalho das
pessoas, abrindo um grande leque de atividades que agora também poderiam ser realizadas no
período da noite. “A chegada da iluminação elétrica revolucionou as atividades do homem,
permitindo jornadas contínuas, facilitando o aumento das horas de trabalho, mas também, as
horas de lazer (TORMANN, 2008:26).”
Nas residências se deu a maior revolução, pois ao sair do trabalho no final do dia e se dirigir
para a casa, ainda era possível ficar acordado até mais tarde lendo um livro, conversando com
a família ou até mesmo ouvindo rádio ou assistindo televisão. Isso tudo só foi possível com o
advento da energia elétrica, que possibilitou a utilização da iluminação elétrica e de
equipamentos eletrônicos. Não foi apenas a recém-chegada iluminação elétrica que deu a
oportunidade de se fazer novas atividades à noite, mas também a chegada da eletricidade e
junto com ela todos os equipamentos que só ela poderia oferecer. Além das novas
possibilidades de lazer, também foi possível conservar alimentos perecíveis por mais tempo,
com o surgimento do refrigerador.
Com a iluminação elétrica, as casas mais abastadas dispunham normalmente de um ponto
elétrico central em cada ambiente, com a finalidade de iluminar cada peça da residência. Silva
(2009:56) destaca que “antigamente, a iluminação era feita de forma precária, tendo o único
objetivo de clarear nossas noites, ou seja, permitir que as pessoas pudessem realizar atividades
noturnas.” Na verdade, este tipo de configuração perdurou muito tempo, e apenas há uns
quinze anos atrás isto começou a mudar, principalmente na cidade de Caxias do Sul, onde foi
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feito o recorte geográfico para esta pesquisa. Com a popularização do acabamento em forro de
gesso nas casas e apartamentos, o leque de possibilidades para iluminar uma residência
aumentou muito.
Com o forro de gesso, ao invés de se ter apenas um ponto de iluminação por ambiente, o
cliente tem a possibilidade de iluminar cada setor deste ambiente, criando espaços muito mais
aconchegantes e atmosferas mais interessantes.
As luminárias também aquecem o ambiente e criam movimento visual em torno
delas. Um cômodo que tenha apenas um foco de luz no teto não permite muito
movimento e atrai nosso olhar para cima, e não para o ambiente em que estamos.
(GILLINGHAM-RYAN, 2007:234).
Com o uso do forro de gesso, as opções para iluminar de forma mais adequada um espaço
aumentaram muito. A possibilidade de se ter uma boa iluminação proporciona um aumento na
qualidade de vida do usuário além de sua integração com a atmosfera da residência. Para
Brandston (2010:40) “cor e revelação da forma são dois dos mais importantes elementos
utilizados para integrar as pessoas num design ambiental com luz. Brilho suave, luz e sombra
criam visibilidade seletiva, dimensão, composição e atmosfera.”
É importante ressaltar que quando a iluminação elétrica começou a fazer parte da vida das
pessoas, elas moravam em casas com dimensões amplas, onde cada ambiente da moradia
normalmente era destinado para apenas um tipo de atividade. Com o advento da modernidade
nas décadas de 1950 a 1970, uma boa parte da população de Caxias do Sul foi viver em
apartamentos, que acabaram se tornando cada vez menores nos dias atuais. Seja em
apartamentos pequenos, onde se faz necessário utilizar um mesmo ambiente para várias
atividades por conta do tamanho reduzido, ou seja, nos apartamentos de classe alta, onde um
amplo ambiente é utilizado para várias atividades com a intenção de deixar os espaços mais
integrados, percebe-se que há uma tendência em montar ambientes que sirvam para vários
tipos de uso, não importa a classe social.
Um bom exemplo disso são os livings, que muitas vezes abrigam atividades que necessitam
de tipos de iluminação diferentes, como cozinha, sala de jantar, sala de estar, sala de cinema,
sala de jogos, escritório, academia, entre outros. Para estes ambientes, onde diversos usos são
integrados, Brandston (2010:61) afirma que “a luz é um elemento que unifica e diferencia
espaços, cria um foco, desenvolve uma hierarquia, e tem movimento.”
Em um ambiente tão amplo com uma variedade igualmente grande de usos, é natural que seja
necessário uma variedade na iluminação também, para que desta forma, a luz se adeque às
diferentes atividades que acontecerão do ambiente. Silva (2009:40) destaca que “identificar a
atividade e definir o tipo de luz apropriada é objetivo essencial de um projeto.” Se os usos do
ambiente estiverem de acordo com os diferentes recursos de iluminação oferecidos pelo
ambiente, isto oferecerá um aproveitamento melhor para os usuários destes espaços, pois caso
precisem fazer uma leitura ou cozinhar num mesmo ambiente, poderão ter uma iluminação
mais clara e forte, ao passo que se quiserem assistir um filme ou jogar vídeo game, também
poderão ter uma iluminação mais suave, quase que de fundo, mais adequada para este tipo de
uso.
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Além dos grandes ambientes como os livings, os dormitórios também podem ser utilizados
para mais de um tipo de atividade. Além de servirem para dormir e descansar, os dormitórios
também podem funcionar como closet e escritório, e cada atividade dessas necessita de um
tipo de iluminação diferente. Se falarmos em um quarto de adolescente, o número de
atividades realizadas no ambiente pode ser ainda maior, como por exemplo, servir como sala
de estar íntima e sala de cinema para receber os amigos.
O banheiro, por sua vez, também não serve apenas para um tipo de atividade como tomar
banho, mas também funciona como ambiente para fazer a barba e maquiagem, atividades que
exigem um tipo de iluminação bem diferente do uso do chuveiro. Enquanto na hora do banho
pode-se ter uma luz mais amena e relaxante, na hora de se maquiar ou fazer a barba é
necessário se ter uma luz mais intensa, que não ofereça distorções de cores nem sombras.
Como se pode perceber, “...a iluminação deve servir às pessoas e valorizar o espaço
arquitetônico. Vivemos numa cultura visual. (BRANDSTON, 2010:56).”
Na hora de iluminar uma residência, além de se levar em conta os usos que cada ambiente irá
oferecer para o seu usuário, também se deve levar em conta o que os usuários esperam dos
ambientes e os materiais que irão revestir e ocupar estes locais. Isso tudo porque “os materiais
de que são revestidas as superfícies (paredes, tetos e pisos) afetam diretamente a quantidade e
a qualidade da luz. (LIMA, 2010:119).”
A luz pode transformar um ambiente, de forma que a nossa percepção do espaço possa ser
diferente com as luzes apagadas e com as luzes acesas. Brandston (2010:44-45) ressalta que
“por si só, a luz é uma das mais poderosas ferramentas no repertório arquitetônico...A luz
pode exaltar, suavizar, estimular, esconder ou revelar...A iluminação pode alterar nossa
percepção de lugar, conforto e segurança.” Ou seja, uma boa iluminação pode simplesmente
destacar o que se tem de mais belo e importante em um ambiente, deixando um pouco de lado
as imperfeições e aquilo que não é tão agradável aos nossos olhos.
Com tudo isso, pode-se perceber a importância da luz para o nosso dia-a-dia, ou seja, a
relevância que pode ter uma boa iluminação para tornar mais agradável e eficiente a nossa
vivência diária. A luz tem um poder muito grande, pois além da sua extraordinária
funcionalidade, também podemos destacar o fato de ela poder transformar um ambiente em
um local mais bonito e agradável para os nossos olhos, pois se“...aplicada de forma inteligente
e sensível, proporciona verdadeiras obras de arte (SILVA, 2009:48).”
3. Projeto de iluminação
O projeto de iluminação, também chamado de projeto luminotécnico, é uma etapa muito
importante, pois é neste momento em que o projetista de iluminação, também chamado de
lighting designer, tem a oportunidade de conhecer melhor os futuros usuários do espaço a ser
projetado e a disposição, cores e o design do seu mobiliário. Muitas vezes, os desejos dos
futuros moradores não estão implícitos, e então se faz necessário uma percepção aguçada
daquilo que os usuários do espaço esperam, porém não demonstram em palavras. Às vezes os
desejos estão apenas subentendidos em seus atos. Por isso, que “iluminar requer não somente
nossa curiosidade, mas também nossa habilidade em fazer avaliações subjetivas para estarmos
seguros na escolha daquelas com mais probabilidade de sucesso. (BRANDSTON,
2010:123).”
A visita à residência de quem solicita o projeto é imprescindível, pois “...só no ambiente real e
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físico será possível ver todas as características e limitações que possam influenciar em nosso
projeto. Por mais que estudemos a planta do local e saibamos analisá-la corretamente, isso não
substituirá a visão objetiva do local (SILVA, 2009:53).”
Além da visita, uma entrevista bem feita aos usuários do futuro espaço a ser iluminado é de
igual importância. Além de o cliente poder expressar o que espera do ambiente, é possível
também perceber o que mais ele necessita, porém não conseguiu expressar em palavras. Silva
fala um pouco sobre a importância da entrevista.
É só na entrevista que poderemos definir o público que utilizará o ambiente e o tipo
de luz necessário para que a iluminação potencialize a utilização do local...Um bom
exemplo é o ambiente a ser utilizado por pessoas idosas. Nesse caso devemos
disponibilizar maior quantidade de luz...pois a idade é uma inimiga natural da visão,
visto que, com o passar do tempo, as pessoas vão perdendo sua acuidade visual,
tendo necessidade de mais luz (SILVA, 2009:53).
Com todos estes dados em mãos, é possível projetar a iluminação da melhor forma possível,
com a intenção de deixar o usuário plenamente satisfeito com o projeto instalado, pois como
Brandston (2010:56) afirma, “a boa iluminação é definida no início de cada projeto com cada
cliente.” Porém, o processo de projeto, ou como Brandston intitula, de processo de design da
iluminação, não é tão fácil como parece. É necessária muita interação com o cliente, uma
percepção aguçada, uma excelente criatividade e um bom conhecimento de tudo o que a luz
pode oferecer para bem iluminar um espaço. Brandston (2010:56) sugere que a equipe que irá
projetar a iluminação, utilize uma linguagem de fácil entendimento, e que ela mostre
exemplos para os clientes do tipo de iluminação que pretendem. Da mesma forma, o cliente
pode mostrar exemplos de níveis de iluminação que os agrada. Esta interação permite que
tanto a equipe compreenda melhor as preferências dos clientes, quanto que o cliente entenda
mais facilmente as pretensões dos lighting designers.
Desta forma, “o processo do design da iluminação será único para o indivíduo que dele se
servirá, e produzirá um resultado único. Uma vez que as pessoas não são todas
iguais...Portanto, não há uma solução única capaz de resolver todos os problemas de
iluminação... (BRANDSTON, 2010:56-57).” Além de Brandston, que ressalta o uso da
percepção para o sucesso dos projetos luminotécnicos, Richard Kelly também cria seus
projetos baseando-se na percepção. Lima (2010:106) destaca que Kelly “trocou a quantidade
de luz por suas qualidades individuais e uma série de funções da iluminação dirigidas ao
observador que percebe a realidade. O ponto central do conceito de seus projetos é: luz para
ver, luz para olhar e luz para contemplar.”
Com tudo isso, pode-se perceber que bem iluminar não é tarefa fácil, e muitos autores
destacam que não é necessário apenas o conhecimento científico sobre todas as características
e propriedades da luz, mas também é preciso muita criatividade, sensibilidade e bom senso
para iluminar bem. Para Silva (2009:69), “...iluminação não é ciência exata, por mais que
utilize fórmulas e grandezas científicas. Felizmente, a iluminação apenas se utiliza da ciência,
mas é uma forma de expressão artística.” Lima (2010:105) também segue a mesma linha de
pensamento de Silva, pois para ela, “iluminar não é apenas aplicar as frias regras predefinidas,
mas integrar técnica e criatividade.”
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A luz é o centro de tudo quando se fala em projeto de iluminação. Ela tem um grande poder
sobre o homem, seja quando se fala em sensações ou até mesmo quando se fala em um
sistema organizacional hierárquico. Lima (2010:126) destaca que “a luz sempre foi um forte
ponto de atração para o ser humano. A luz nos direciona, atrai nossa atenção e pode criar
sistematicamente hierarquias de percepção.” Isto só pode ser percebido com um bom projeto
luminotécnico. Mas como podemos afirmar se um projeto foi bem elaborado ou não?
Brandston responde esta questão.
Um bom design de iluminação é percebido se: todos os espaços (por exemplo,
entrada, áreas de transição, espera, trabalho e saída) estão adequadamente compostos
numa clara hierarquia de importância e funções; a iluminação propicia claridade
espacial; a atmosfera da iluminação é consistente com a função e o design de cada
espaço; estimula a produtividade; respeita o orçamento do cliente; utiliza
plenamente o potencial da luz do dia, quando disponível; sua manutenção é prática;
é eficiente energeticamente; todas as alternativas do estado da arte têm sido
consideradas (BRANDSTON, 2010:81).
Como se pode perceber, Brandston consegue destacar todas as qualidades de um bom projeto
de iluminação. Ao mesmo tempo, é igualmente importante destacar o bom uso da luz natural
nos ambientes internos. Considerar a entrada da luz do dia ao projetarmos a iluminação dos
espaços pode ter grandes vantagens como, por exemplo, a economia de energia, pois podemos
setorizar a iluminação artificial, de modo que ela possa ser usada parcialmente durante o dia
em áreas pouco iluminadas de forma natural. Silva (2009:60-61) destaca que “podemos
iluminar...sempre que possível, utilizando ao máximo a luz natural, luz do Rei Sol, que nos é
fornecida gratuitamente pela natureza, sem necessidade de luminárias.” Desta forma, utiliza-
se a luz artificial em sua plenitude apenas no período da noite.
Depois de tudo projetado, comprado e executado, pode ser que o resultado final não seja
aquilo esperado pelo lighting designer ou pelo cliente. Silva relata que isto pode acontecer, e
cabe ao projetista identificar os problemas e encontrar as devidas soluções para eles. Para
Silva (2009:75), neste momento precisamos “partir para as correções, que podem envolver
algo simples, uma troca de lâmpadas, mas também algum aspecto mais profundo, como o
aumento do número de luminárias ou até, em casos mais raros, a troca das luminárias por
deficiência destas na projeção da luz para o recinto.”
No final de tudo, o mais importante é a opinião do cliente sobre o resultado final, ao passo que
se projeta para a satisfação e felicidade dele mesmo. Brandston (2010:57) destaca alguns
importantes questionamentos para se chegar a uma conclusão sobre o sucesso do projeto: “o
design da iluminação pôde satisfazer cada uma das necessidades...e desejos particulares dos
usuários deste projeto? Cada decisão ou escolha foi adequada para este caso?...Se sim, a
iluminação resultante provavelmente é boa.”
3.1 Efeitos de luz
Como já foi dito anteriormente, a luz tem um grande poder sobre o homem, e provoca efeitos
capazes de modificar a percepção dele sobre um ambiente. A luz permite que o lighting
designer manipule um espaço da forma que ele achar mais adequada, permitindo que se veja
apenas o que é belo, e escondendo imperfeições. “A luz nos permite ver. O design da
iluminação nos permite ver o que desejamos (BRANDSTON, 2010:23).”
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Para compreender melhor quais os efeitos que a luz pode propiciar, é importante falar um
pouco sobre as propriedades da luz. Brandston (2010:35) destaca que “a luz pode ser
caracterizada por quatro propriedades: intensidade, cor, distribuição e movimento.” Com
todos estes atributos, pode-se ver a luz como um instrumento, que permite a criação de
inúmeros efeitos para tornar os ambientes mais interessantes, belos, aconchegantes, entre
outros predicados. Para Lima (2010:VI) “a luz é mais uma ferramenta que o arquiteto pode
usar para definir ambientes, enfatizar volumes, criar uma atmosfera e transferir uma
mensagem. A iluminação também é suficientemente poderosa para levar o ser humano a ter
comportamentos predeterminados.”
A luz é tão poderosa, que com ela “podemos criar novas formas para um objeto, é possível
diminuí-lo de tamanho, aumentá-lo, inclusive esculpi-lo conforme o interesse do arquiteto
(LIMA, 2010:110).” Na verdade, não é apenas a luz que tem todo este poder, mas é o
conjunto da luz e da sombra que tem toda esta capacidade de modificar objetos e espaços.
A iluminação tem a faculdade de mudar a percepção que temos de um objeto. A
volumetria dos diferentes elementos que compõem um edifício não é marcada
apenas pela luz, mas principalmente pela sombra. Luz e sombra são dois lados da
mesma moeda, não se pode pensar em forma e volume sem considerar as sombras e
suas projeções (LIMA, 2010:109).
Os efeitos visuais que a luz proporciona refletem em resultados psicológicos sobre o usuário.
Silva (2004:118) destaca que “com jogo de luz e sombras desenha-se um ambiente dramático,
sério, alegre, ativo, aconchegante, descontraído, ambiente de trabalho, de lazer .” Na verdade,
a luz pode provocar no homem o sentimento que o projetista de iluminação desejar. Brandston
(2010:75) confirma esta qualidade da luz: “atualmente, uma boa iluminação elétrica pode criar
boas condições de conforto...Com a iluminação, o designer pode criar composições visuais –
revelar algumas coisas, suprimir outras...Ele pode criar uma atmosfera adequada, seja ela qual
for.”
Alguns autores refletem de forma mais específica sobre algumas sensações que os efeitos
lumínicos podem causar no usuário. Para Silva (2009:99) “...o mais indicado para criar
ambiente de relaxamento e aconchego sempre será luz indireta.” Lima também tem seu ponto
de vista a respeito da percepção que a luz pode produzir em um ambiente:
Espaços iluminados uniformemente e com alto nível lumínico dão a impressão de
serem maiores do que na realidade são. Uma das formas de se conseguir este efeito é
aplicando uma grande quantidade de luz difusa proveniente do teto...ou uma parede
envidraçada fosca por onde passa a luz natural filtrada. Também seria possível
alcançar esse mesmo efeito através de uma iluminação indireta e uniforme de um
teto branco (LIMA, 2010:130).
O essencial é ressaltar que com criatividade pode-se inventar e reinventar inúmeros resultados
quando se fala em uso e efeitos de luz. Gillingham-Ryan (2007:234) simplifica estes
resultados afirmando que “com uma boa iluminação, você pode criar um fluxo de luz pela
casa toda, que conduza o olhar através de cada cômodo e revigore o espaço.”
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3.2 Tipos de lâmpadas
Para dar seguimento ao entendimento de um projeto de iluminação, é importante falar um
pouco sobre os tipos de lâmpadas que podem ser utilizados em um projeto residencial. É
importante articular sobre este assunto, pois “...a exemplo das pessoas, os ambientes também
são heterogêneos e por isso a iluminação deve estar identificada com quem vai utilizá-la no
dia-a-dia...Convém, então, sempre que possível escolher lâmpadas e equipamentos que
confiram identidade própria ao local (SILVA, 2009:57).”
Após a entrevista com o cliente, depois de conhecer os ambientes em que se vai projetar e
então definir os efeitos que se quer em cada espaço, é importante escolher as lâmpadas
adequadas, que irão permitir o acontecimento destes efeitos.
Quando definirmos o que e como queremos iluminar e, ainda, para quem vamos
iluminar, definindo também detalhes como custo, situação energética etc.,
escolheremos as lâmpadas que vamos utilizar...Uma vez definidos os tipos de
lâmpadas, podemos escolher as luminárias, visto que uma é função da outra
(SILVA, 2009:60).
É neste momento do projeto que o lighting designer faz os cálculos luminotécnicos para
verificar e escolher o tipo e a quantidade de lâmpadas que serão utilizadas de forma adequada
no projeto, e que por sua vez causarão os efeitos planejados na etapa anterior. Silva (2009:41)
destaca que é necessária prudência para esta escolha, pois ao iluminar um local pode-se ter a
mesma quantidade de luz num espaço com uma lâmpada muito potente e/ou com várias
lâmpadas estrategicamente espalhadas. Por exemplo, uma lâmpada metálica de 400 w tem
potência suficiente para iluminar um ambiente de determinado tamanho, porém não iluminará
de forma homogênea, enquanto que 10 lâmpadas fluorescentes tornarão o ambiente mais
adequado e melhor iluminado.
São muitas as opções de lâmpadas que podem ser utilizadas em um projeto residencial, ainda
mais nos dias de hoje, onde se tem fontes alternativas de iluminação que não apenas as
convencionais como, por exemplo, a fibra ótica e a iluminação em LED. Estas fontes abrem
um leque ainda maior de opções para se iluminar um ambiente. Mas aqui a intenção não é
levantar todas as possibilidades que existem para iluminar um espaço, mas sim apresentar ao
leitor as lâmpadas convencionais mais utilizadas em um projeto residencial. Além das
lâmpadas que iremos falar mais adiante, é importante ressaltar que existem outros tipos de
lâmpadas convencionais, porém mais utilizadas em espaços comerciais e industriais.
O tipo de lâmpada elétrica mais antiga e convencional existente são as incandescentes. São
lâmpadas que possuem filamento e são envoltas por um bulbo de vidro. O modelo mais
clássico e convencional, com bulbo transparente, é o menos utilizado atualmente, pois está
saindo aos poucos do mercado. As lâmpadas incandescentes mais utilizadas, normalmente em
luminárias decorativas como lustres, são os modelos especiais como as leitosas, a bolinha, a
vela, entre outras. Segundo Silva (2004:24-25) as lâmpadas incandescentes “são as menos
eficientes, pois transformam em luz só 10% da energia que consomem...É uma boa fonte de
luz, com um excelente índice de reprodução de cores, mas infelizmente, no que diz respeito à
economia de energia, é extremamente deficiente.”
As lâmpadas halógenas, criadas em decorrência das lâmpadas incandescentes, são muito
utilizadas para criar efeitos de destaque com sua luz dieta e possuem uma ótima reprodução
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de cores e uma temperatura de cor sempre quente (conceitos que veremos a seguir). Silva
(2004:26-27) enfatiza que as lâmpadas halógenas são muito parecidas com as incandescentes.
A grande diferença entre elas está na adição no sistema de gases halógenos. Isso faz com que
as lâmpadas halógenas produzam uma iluminação brilhante, de grande intensidade e com uma
durabilidade de até quatro vezes maior que a tradicional lâmpada incandescente. São elas:
bipino de baixa tensão, dicroicas de baixa tensão, halospot AR de baixa tensão, lâmpada
palito em tensão de rede, halopar PAR em tensão de rede, dicroica em tensão de rede e
halopin em tensão de rede. As de baixa tensão utilizam transformadores e as de tensão de rede
não necessitam de transformador.
O último modelo de lâmpada convencional mais utilizada em projetos luminotécnicos
residenciais são as fluorescentes. São lâmpadas econômicas, normalmente produzem uma luz
indireta em suas luminárias, e conforme o modelo elas têm o poder de iluminar muito bem
com baixo custo energético. São encontradas em basicamente três modelos: fluorescentes
tubulares, fluorescentes compactas e fluorescentes eletrônicas.
A tubular é o modelo de lâmpada fluorescente mais antigo, que foi evoluindo com o passar do
tempo. As primeiras que surgiram no mercado foram a T-12 e a T-10 e possuíam um índice de
reprodução de cores em torno de 70% e um baixo rendimento. Elas ainda existem no mercado
como opção de compra, mas os lighting designers praticamente não as utilizam. “Como é uma
fonte de luz muito econômica, por ser uma lâmpada de descarga, passou-se a pesquisar e
desenvolver modelos mais modernos, com maior economia e, principalmente, conseguindo-se
uma emissão de luz capaz de nos dar uma melhor reprodução de cores (SILVA, 2004:58).”
Desta forma surgiram as fluorescentes tubulares T-8 e T-5, utilizadas hoje em larga escala.
Elas são mais moderas, com um bom rendimento lumínico, com baixo custo energético e com
um índice de reprodução de cores em torno de 85%. Elas possuem um tubo com diâmetro
menor que as antigas T-12 e T-10, e disponibilizam uma variada opção de potência e
temperatura de cor.
As fluorescentes compactas surgiram como uma “revolução na economia de energia, elas
vieram para sintetizar o conceito de miniaturização da fonte de luz nas fluorescentes. São
vários os tipos, para vários usos, mas sempre com a marca principal que é a economia de
energia (SILVA, 2004:62).” São elas: Dulux D, Dulux D/E, Dulux T, Dulux T/E, Dulux L e
Dulux F. Normalmente são conectadas às luminárias através de pinos, utilizam reatores,
possuem um bom índice de reprodução de cores e uma variada opção de potência e
temperatura de cor.
As fluorescentes compactas eletrônicas “...possuem um reator eletrônico incorporado, com
uma base de rosca igual à das lâmpadas incandescentes comuns (SILVA, 2004:68).” São elas:
Dulux EL e Eletrônicas T-3. Assim como as fluorescentes compactas e tubulares, também
apresentam um bom índice de reprodução de cores e uma variada opção de potência e
temperatura de cor, sempre com uma ótima relação custo-benefício.
3.3 Temperatura de cor e IRC
Depois de termos falado sobre temperatura de cor e índice de reprodução de cores na
apresentação dos tipos de lâmpadas convencionais mais utilizadas em projetos luminotécnicos
residenciais, explicaremos agora os seus conceitos. Segundo Silva (2004:37) temperatura de
cor é a grandeza que define a cor da luz emitida pela lâmpada, pois existem várias tonalidades
de cor e são catalogadas conforme sua temperatura em Kelvin. Quanto mais alta for a
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temperatura de cor em Kelvin, mais branca será a luz e quanto mais baixa, mais amarela e
avermelhada será. Já o conceito de índice de reprodução de cores, também chamado de IRC,
pode ser observado a seguir.
O IRC serve para medir o quanto a luz artificial consegue imitar a luz natural...100%
seria alguma coisa como dia claro de sol no verão por volta do meio-dia. Desta
forma, quanto mais próximo de 100 for o IRC de uma fonte de luz artificial, mais
próxima da luz natural estará, ou seja, reproduzirá mais fielmente as cores e, quanto
menor for este índice ou mais longe dos 100%, pior será a reprodução de cores
(SILVA, 2004:39).
Estes conceitos são muito importantes, pois também acabam influenciando na atmosfera do
ambiente. Tormann (2008:66) ressalta que “o ideal em uma residência é variar entre 2700K e
5000K. Em uma casa, as áreas sociais e dormitórios devem ter o tom mais quente ou neutro,
chamando ao relaxamento e ao aconchego, e as áreas de serviço, um tom mais frio,
aumentando a atividade.” Silva mantém a mesma linha de pensamento de Tormann.
Sempre que quisermos iluminar um ambiente que induza a produtividade, temos que
optar por temperatura de cor mais alta, luz mais branca. A luz branca desperta e
excita, no bom sentido...Quando o ambiente a ser iluminado for para deixar as
pessoas relaxadas, com conforto, devemos utilizar temperaturas de cor mais baixas,
luz mais amarelada. A luz amarelada relaxa e acalma (SILVA, 2004:72).
A cozinha e a área de serviço são ambientes de trabalho, ou seja, se iluminarmos estes espaços
com uma luz mais branca será incentivada a produtividade. Silva (2009:85) destaca que para
locais com este tipo de atividade se “...requer luz abundante e cor fria, no mínimo por volta de
4000K, pois é lugar de tarefas, tornando-se necessária uma luz que nos desperte – luz de
trabalho.” Porém, este tipo de iluminação mais branca não é regra para estes locais. A escolha
da temperatura de cor das lâmpadas para este ambiente também dependerá muito do gosto
pessoal do cliente. Além disso, caso a cozinha esteja integrada com a sala de estar,
normalmente com predominância de luz quente, a cozinha também pode ter seu projeto
luminoso pensado na mesma temperatura de cor. Nestes casos, a cozinha também serve como
espaço para receber amigos, e a temperatura de cor quente da fonte luminosa irá proporcionar
um ambiente com clima mais aconchegante e acolhedor para os usuários. Neste tipo de
ambiente é muito interessante o uso de um alto IRC, de forma que o trabalho com os
alimentos se torne mais atraente.
Como já foi dito no parágrafo anterior, para a sala de estar é propicio o uso de uma baixa
temperatura de cor, em torno de 3000K.
Na sala de estar a iluminação geral pode até ser dispensada. A iluminação feita com
luz indireta oferecerá maior conforto...No caso de a sala ser também utilizada para
assistir a TV...Torna-se necessária uma luz suave, difusa nas laterais da TV, para um
bom aproveitamento da imagem, sem necessidade de se apagar todas as luzes...A luz
dessa sala deve ser dimerizada, para que se alcance o nível correto de luminosidade
entre a luz da TV e a luz ambiente (SILVA, 2009:97).
Para a sala de jantar, normalmente integrada à sala de estar, também se dá a preferência para o
uso de luz quente. Para Silva (2009:87-88) a luz deste ambiente deve ser aconchegante, com
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a criação de diversos pontos de interesse com luz de destaque ou até mesmo lavar uma parede
de luz, de modo que a iluminação geral do ambiente se dê através da reflexão das paredes.
Neste espaço, assim como na sala de estar, a criatividade pode ser bastante utilizada, pois as
luminárias decorativas são inúmeras para estes ambientes, assim como todas as possibilidades
de efeitos resultantes. A iluminação da mesa de jantar deve receber um cuidado especial,
devendo ter um alto IRC, pois caso o índice seja baixo, “além de não deixar um ambiente
gostoso e confortável, distorcerá as cores dos alimentos, subtraindo-nos o prazer de comer
com os olhos (SILVA, 2009:89).” Como a iluminação da mesa de jantar normalmente é uma
luz de destaque no ambiente, é importante que o projetista tenha cuidado com o ofuscamento
e o aquecimento das pessoas que utilizarão a mesa, a fim de que a hora da refeição não se
torne incômoda.
Para escritórios residenciais, é interessante que a luz seja branca, ou seja, com uma alta
temperatura de cor. Se o ambiente for projetado desta forma, irá incentivar o trabalho e/ou o
estudo neste local. “Nesse espaço, a iluminação obedecerá aos mesmos critério de um
escritório convencional...importante que sejam sempre na cor 840, ou seja, 4000k, que é a
temperatura de cor ideal para escritórios onde são realizados trabalhos normais, do cotidiano
(SILVA, 2009:90-91).” Caso o escritório seja utilizado por pessoas que trabalham com cores
e texturas, é muito importante que o IRC das lâmpadas seja alto também.
O dormitório também permite o uso de muita criatividade para iluminar, ainda mais se
considerarmos todas as atividades possíveis neste ambiente. Para Silva (2009:91), a
dimerização do dormitório deve ser feita sempre que possível, pois desta forma, o local pode
se tornar mais versátil. Com um sistema dimerizável, é possível baixar a intensidade da luz
quando se quer criar um ambiente mais romântico para o casal ou mesmo quando se quer
assistir TV. Além disso, também é possível aumentar a intensidade da luz, tornando-a
funcional quando houver necessidade de conferir o visual de uma roupa ou fizer a
maquiagem.
Nos banheiros, onde a gama de atividades realizadas também é relativamente variada, também
abre um leque de possibilidades para a iluminação. O espelho deste ambiente, onde muitas
mulheres se maquiam e os homens fazem a barba, é o grande desafio neste espaço.
O espelho deve ter nosso cuidado especialíssimo, pois tendo grande potencial de
reflexão, tudo que nele tocar, será refletido de forma quase que total...No caso de
uma luz brilhante, provocará muito ofuscamento. Por isso, devemos escolher
lâmpadas e luminárias com luz difusa para reduzir esse ofuscamento...A luz indicada
deve vir preferencialmente das laterais, para evitar o efeito de sombreamento no
rosto...A preferência deve ser por luz fluorescente – sempre com boa reprodução de
cores. (SILVA, 2009:95-96).
O box do banheiro também pode ser iluminado ao gosto do cliente. A luz tanto pode ser fria e
mais difusa quanto quente e mais pontual, deixando a hora do banho mais relaxante. O mais
importante para este local é que a luminária não sofra os efeitos da umidade. Silva (2009:94)
ainda fala sobre uma iluminação especial para o vaso sanitário. “Para os que gostam de ler
enquanto usam o vaso sanitário, podemos colocar uma refletora direcionada para frente do
vaso, permitindo uma leitura com melhor luminosidade, pois direcionada.”
Por mais que se fale sobre o IRC e a temperatura de cor ideias e se dê dicas sobre os efeitos da
iluminação nos mais diversos ambientes residenciais, observa-se novamente que o mais
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importante é o bom uso da criatividade do lighting designer e o gosto pessoal do cliente. Este
conjunto da criatividade aliada às preferências do usuário é que fará o ambiente ficar bem
iluminado no final do projeto instalado, pois como já foi dito, o mais importante é que o
cliente esteja satisfeito com o resultado final.
4. Qualidade de vida
As considerações feitas até agora foram a respeito da iluminação de uma residência, de um
lar. E todo o conjunto deste lar, desde suas paredes, divisões internas, cores, mobiliário,
iluminação, etc. são extremamente importantes tanto funcionalmente quanto psicologicamente
para o usuário. Este conjunto arquitetônico de uma edificação, externo e interno, imprime
muitos significados e sentimentos para as pessoas, pois elas querem e precisam se identificar
com o espaço em que habitam. De Botton (2007:62) ressalta que o ser humano espera que
todas as construções tenham certa aparência e que contribuam para um determinado estado de
espírito, e não apenas exerçam uma função específica. Ou seja, o usuário vai achar ruim caso
o nível estético e expressivo da obra não for atendido, tanto quanto reclamaria caso um
ambiente como o banheiro, por exemplo, não funcionasse direito.
Na verdade, o lar representa um aporte sólido e seguro para o homem, pois além de protegê-lo
dos acontecimentos externos, o lar funciona como um espelho corretivo para o seu usuário,
pois a moradia, se bem projetada, pode representar tudo o que ele é e gostaria de ser,
permitindo assim que ele reconheça sua personalidade em todo o conjunto da obra de seu lar.
Para De Botton (2007:107), o homem precisa de um lar tanto no sentido psicológico quanto
no físico, pois ele precisa compensar sua vulnerabilidade. Um refúgio se faz necessário para o
ser humano, pois ele precisa proteger seu estado mental, já que o mundo em grande parte se
opõe às suas convicções.
De Botton dá um bom exemplo do que se está expondo nos dois últimos parágrafos: “um
quarto feio pode coagular vagas desconfianças quanto ao que está faltando na vida, enquanto
outro ensolarado, revestido com pedras calcárias cor de mel, é capaz de dar sustentação às
nossas maiores esperanças (DE BOTTON, 2007:12).” Ou seja, é de grande importância
sentimental que os ambientes de uma residência passem um sentimento de bem estar para os
seus usuários.
E qual a ênfase da iluminação em todo este contexto que permeia a moradia e o estado
psicológico de seu usuário? Silva explica de forma bastante adequada esta pergunta.
...existe a luz razão e a luz emoção. Mesmo quando utilizamos a luz razão é
indispensável uma boa quantidade de emoção para que o todo funcione
adequadamente, pois não estamos fazendo a iluminação para que a obra se baste, ou
seja, para as paredes, o concreto, as portas. Nós estamos iluminando para o bem-
estar das pessoas e, ao envolvermos o ser humano, lidamos com a emoção, e em
maior ou menos grau, esse sentimento estará presente (SILVA, 2009:83).
Percebe-se então que, assim como o restante da obra, a iluminação também é projetada com a
intenção de despertar uma emoção no usuário, de sensibilizá-lo. “A iluminação...é a aplicação
da luz para compor um espaço. É um meio maleável que sensibiliza os sentidos para reforçar
o contexto e a atmosfera dos espaços. (BRANDSTON, 2010:95).” Projeta-se luz em um
ambiente com a intenção de servir e favorecer o usuário da melhor forma possível. Para
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Brandston (2010:76), “visibilidade, conforto, composição e atmosfera são funções que
justificam muitos usos da luz em benefício das pessoas.”
Além disso, a luz é um importante elemento vital para o ser humano, ou seja, ela regula o
nosso ciclo circadiano, nos informando a hora em que devemos dormir, acordar, sentir fome,
etc. E se este ciclo for alterado pela luz artificial, podemos sofrer alguns problemas, como por
exemplo de crescimento. Brandston (2010:24) ressalta esta informação, afirmando que “a luz
dá ritmo à vida através de efeitos visuais ou não visuais. Ela regula nossos dias, nossas noites,
nossos relógios biológicos (BRANDSTON, 2010:24).”
Da mesma forma, a luz pode conferir um sentimento de segurança. Isto pode ser sentido de
diversas formas, seja ao caminhar por uma rua deserta à noite, porém bem iluminada, ou até
mesmo em nossas casas, quando a rua à noite parece deserta e escura e nossa casa está bem
iluminada. E igualmente importante, a luz também tem um grande poder de valorizar uma
residência.
Um imóvel bem projetado, com iluminação eficiente e bela, será muito mais
valorizado do que um que seja iluminado de forma improvisada e tradicional, em
que a luz serve apenas para clarear o ambiente. Hoje a luz participa e modifica os
espaço, tornando-os atraentes e aconchegantes...Além de iluminar de forma criativa,
funcional, bela e eficiente os espaços propriamente ditos, ainda valoriza a obra
(SILVA, 2009:49-50).
Resumindo, a iluminação pode nos sensibilizar, confortar, acolher, assegurar, regular nossas
vidas, tranquilizar, relaxar, valorizar nossas casas, etc. O importante é que a luz seja adequada
não importa qual for a situação que necessitemos dela. Silva (2009, 61) destaca que se o
lighting designer optar por lâmpadas e luminárias adequadas para o tipo de utilização que ele
quiser fazer da luz, ele poderá proporcionar ao usuário uma vida mais bela e emocionante,
simplesmente pela boa utilização da luz. Seja a uso da luz planejada para o trabalho ou
aconchego, para a razão ou emoção, para a técnica ou experiência ou para tantos outros tipos
que nos forem imaginados.
Todas estas possibilidades para iluminar uma residência, além de terem seu caráter funcional,
possuem uma característica de facilitar, melhorar e tornar mais agradável o dia-a-dia do
usuário. Para que se alcancem tais objetivos, também é de extrema importância que a luz
tenha identidade, ou seja, que ela se identifique com o usuário do espaço que ela irá iluminar.
Silva (2009:56-57) destaca que na evolução da luz, os lighting designers passaram a se
preocupar não apenas em iluminar um ambiente, mas sim em como iluminar e para quem
iluminar. Aqui aparece o pequeno, porém importantíssimo, detalhe da identidade da luz. Por
exemplo, um projeto para iluminar um ambiente frequentado por um jovem é totalmente
diferente de um projeto para iluminar um ambiente frequentado por uma pessoa idosa, pois
estes dois tipos de usuários possuem necessidades visuais diferentes um do outro. Da mesma
forma, uma pessoa agitada requer uma luz de conforto, relaxante e suave, capaz de acalmá-la.
Imagine no quão gratificante seria sentar em sua cama ou na poltrona de sua sala de estar e ter
a luz adequada para fazer uma leitura, a luz nem muito clara, nem muito escura, sem ofuscar a
visão. Pense em como seria agradável poder utilizar uma iluminação mais suave e difusa no
momento em que se quer assistir TV ou apenas relaxar no quarto. Pense na sensação de
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conforto e bem estar caso seja necessário trabalhar no escritório ou realizar uma tarefa
doméstica na cozinha ou na área de serviço quando se tem uma luz clara, esparsa e difusa.
Estes tipos de iluminações citados podem tanto acontecer em um único ambiente, já que há
uma tendência de realizarmos diversos tipos de atividades em um único espaço, quanto pode
se separar um tipo de iluminação para cada ambiente com seu uso específico. A dimerização
das luminárias ou um sistema de automação na rede de iluminação de uma residência ajudam
e muito a proporcionar todos estes efeitos de luzes necessários. Poder chegar em casa e ter
todas estas possibilidades para iluminar os ambientes de forma adequada é extremamente
gratificante, prazeroso e reconfortante. E estas sensações contribuem e muito para uma boa
qualidade de vida.
5. Estudo de caso
Para uma análise geral da relação dos clientes com o projeto de iluminação e os benefícios
que este projeto pode oferecer, foi realizada uma pesquisa de campo em quatro lojas de
iluminação na cidade de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul. As lojas foram escolhidas por
oferecerem projetos luminotécnicos com profissionais capacitados na área. Foi feita uma
entrevista e aplicado um questionário com o lighting designer de cada loja (anexo 1) e um
questionário com três clientes de cada loja (anexo 2). Estes questionários foram aplicados no
período de 10 a 31 de agosto de 2012. O público alvo selecionado para se obter dados através
dos questionários feitos com os clientes das lojas foram proprietários de apartamentos
residenciais, que possuem forros de gesso em todo apartamento, pertencentes às classes média
e alta.
Os questionários aplicados são de múltipla escolha e também com algumas questões abertas.
Após a aplicação dos questionários, foram confrontados os dados obtidos de cada
entrevistado, com a finalidade de compreender o que acontece no momento entre a compra do
imóvel, a escolha do profissional e/ou loja para a elaboração do projeto de iluminação, a
apresentação do orçamento dos produtos especificados no projeto, a compra dos materiais e a
instalação dos mesmos na casa do cliente.
Todos os clientes entrevistados contrataram um arquiteto, decorador ou designer de interiores
para projetar a iluminação do apartamento e o forro de gesso, mesma que a construtora
oferecesse um forro de gesso liso como padrão da obra. Entre estes projetistas, 75% deles
eram especialistas em iluminação. Esta alta porcentagem no número de lighting designers
ocorre pelo fato destes clientes terem escolhido lojas que oferecem profissionais qualificados,
e muitas vezes os clientes também contratam estes especialistas, que trabalham nas lojas de
iluminação, para elaborarem o projeto do forro de gesso para o apartamento.
Na verdade, 75% dos clientes procuraram estas lojas, para adquirirem e projetaram a
iluminação da sua residência, por saberem que elas ofereciam um serviço especializado neste
setor. Estes clientes, talvez por sua classe social um pouco mais elevada, já tivessem um
pouco mais de conhecimento da necessidade de contratarem profissionais capacitados para
projetarem internamente suas moradias.
Como as lojas vendem produtos para todas as classes sociais, apenas entre 25% e 50% de seus
clientes procuram as lojas com a intenção de obterem projetos luminotécnicos especializados.
Da mesma forma, apenas entre 25% e 50% de seus clientes já possuem arquiteto, decorador
ou designer ao procurarem a loja para escolherem seus produtos de iluminação. E menos de
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25% destes profissionais são especialistas em iluminação. Em geral, os arquitetos,
decoradores e designer dos clientes indicam estas lojas especializadas para os clientes fazerem
as compras dos materiais luminotécnicos necessários.
Todos os clientes afirmaram que compreenderam a função específica que cada luminária
especificada no projeto terá em sua casa, porém, perante a análise dos lighting designers das
lojas, apenas 50% dos clientes compreenderam por completo estas funções. Esta constatação é
reforçada pelo fato de metade dos clientes terem retirado luminárias do projeto com a
finalidade de baratear o orçamento. Apesar desta comprovação, os projetistas das lojas
afirmam que 75% dos clientes se preocupam com a qualidade de vida que cada luminária
colocada no projeto pode oferecer.
Em relação à temperatura de cor e ao IRC das lâmpadas, praticamente nenhum cliente (em
torno de 10%) solicita a troca destas características no projeto especificado. Normalmente os
consumidores aceitam as sugestões dos projetistas em relação às lâmpadas, apenas raramente
modificam as lâmpadas da cozinha ou área de serviço caso o lighting designer especifique
uma lâmpada com temperatura de cor morna e o cliente prefira uma luz mais branca.
Apesar de metade dos clientes terem retirado do projeto luminárias com a intenção de baratear
o orçamento, nenhum deles optou pela troca de uma linha de produtos mais cara por outra
mais barata. Para evitar a retirada de produtos do projeto, Brandston (2010:44) apresenta uma
boa solução, mostrando-lhes “que as soluções que você está propondo irão tornar suas vidas
melhores e mais bonitas. Acrescente o elemento humano.”
Nenhum dos clientes entrevistados instalou um sistema de automação na iluminação
residencial, e apenas 25% deles dimerizaram uma pequena quantidade de luminárias de suas
residências. Na verdade, estes clientes não instalaram um sistema de automação, pois nem
sequer conheciam esta possibilidade. Ao tomarem conhecimento, até cogitaram a hipótese de
instalar, mas por não terem previsto este alto custo no valor final gasto com iluminação,
acabaram por não instalar a automação em suas residências. Segundo Silva (2009:60), o ideal
seria definirmos tudo antes de iniciar o processo de compras e instalação, para que desta
forma não haja problemas de execução por falta de recursos financeiros. Não que a ausência
da instalação de um sistema de automação acarretará em um problema de execução, mas isto
tornaria o projeto instalado muito mais interessante e versátil.
Apesar dos ajustes feitos por parte dos clientes durante o processo projetual e de orçamentos,
todos afirmaram que ficaram satisfeitos com o projeto luminotécnico apresentado, seja ele
elaborado pelo seu arquiteto, decorador, designer, ou seja pelo profissional especializado da
loja de iluminação. Além disso, todos ficaram satisfeitos com o projeto instalado em suas
casas, e todos acham que tiveram um avanço na qualidade de suas vidas depois de utilizarem
a iluminação projetada para eles, pois ela atendeu a todas as suas necessidades diárias. Porém,
a opinião dos lighting designers das lojas diverge dos clientes, pois apenas 75% acham que os
resultados finais dos projetos luminotécnicos são de boa qualidade, em decorrência das
retiradas de produtos para baratear o orçamento. Mas todos concordam que os clientes ficaram
satisfeitos com o resultado final.
6. Conclusão
Através das pesquisas bibliográficas e de campo realizadas nesta pesquisa, foi possível obter
algumas respostas à grande questão deste trabalho, que investiga a provável falta de
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entendimento por parte do cliente sobre a importância que uma boa iluminação tem para a sua
qualidade de vida.
Foi possível verificar que o cliente consegue compreender todas as funções que cada
luminária colocada no projeto pode proporcionar, apesar dos lighting designers afirmarem que
apenas metade dos clientes compreenderam tais funções por eles terem retirado algumas
luminárias do projeto. Na verdade os clientes fizeram estas remoções, pois a questão
financeira também é importante para eles, e apesar dos projetistas terem considerado que
apenas metade dos clientes compreendeu a função de cada luminária, eles consideraram que
75% dos clientes se preocupam com a qualidade de vida que elas podem oferecer. Ou seja,
talvez o cliente tenha retirado peças com efeitos mais decorativos, que não influenciem tanto
na satisfação final proporcionada pelo projeto. Desta forma, percebe-se que foi possível
esclarecer dois objetivos da pesquisa, já que os clientes retiram luminárias do projeto
pensando no preço, porém se preocupam com a função que cada uma terá na vivência diária
em sua residência.
Outro objetivo levantado foi de verificar se o usuário compreende que cada tipo de lâmpada,
temperatura de cor e efeito de luz servem para um tipo de uso diferente do espaço. Através
dos questionários e das entrevistas, pôde-se perceber que o cliente se preocupa sim com estas
relações, pois praticamente nenhum deles solicita a troca das lâmpadas por outras com
diferentes IRC e temperatura de cor. Os que solicitam esta troca, em geral pedem apenas para
trocar uma luz mais quente por outra mais branca em áreas como cozinhas e áreas de serviço.
Além disso, como foi mencionado no parágrafo anterior, os clientes se preocupam com a
função que cada luminária especificada pode oferecer, demonstrando assim a compreensão
dos efeitos de luz de cada lâmpada.
Mesmo que não faça parte dos objetivos a serem esclarecidos pela pesquisa, o fato de nenhum
cliente ter instalado um sistema de automação residencial na sua residência, e de poucos
possuírem dimerização em suas luminárias é de grande relevância. Isto porque estes sistemas
podem auxiliar muito na variação de efeitos que o projeto luminotécnico pode proporcionar, o
que poderia aumentar a satisfação do usuário com a utilização do projeto luminotécnico
instalado.
Apesar de metade dos clientes terem retirado luminárias do projeto com a intenção de baratear
o orçamento, todos ficaram satisfeitos com o projeto luminotécnico e com o uso diário de uma
iluminação adequada para as suas necessidades. Já os lighting designers consideraram 75%
dos projetos instalados de boa qualidade, mas perceberam que todos ficaram satisfeitos com o
resultado final. Ou seja, apesar de haver uma divergência entre os clientes e os projetistas
sobre a qualidade do projeto final instalado, os dois concordam que o cliente ficou satisfeito
no final do processo, e é isto o que realmente importa, pois se ele ficou satisfeito, por
consequência a sua qualidade de vida acabou melhorando.
Talvez seja adequado que os lightings designers pensem um pouco mais nos custos de alguns
produtos a serem orçados, pois apesar do desejo dos clientes em ter uma iluminação adequada
e de boa qualidade para as suas atividades, também é importante para eles o valor que eles
irão gastar no final de todo este processo. Desta forma, há a possibilidade do cliente comprar
todas as luminárias especificadas e não retirar algumas por questões financeiras. Assim, tanto
o projetista quanto o cliente ficarão satisfeitos, o lighting designer por ter todo o seu projeto
instalado e o cliente, além de ficar satisfeito por este mesmo motivo, ficará contente também
por ter gasto um valor mais coerente com as suas expectativas.
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Caso o projetista não tenha alternativa para trocar um produto de alto custo por outro de valor
menor, ele precisa fazer uso de alguns artifícios para convencer o cliente que a compra de tal
produto realmente vale a pena. Apesar do preço elevado, o lighting designer pode convencer o
cliente a comprar o produto seja por ele ser peça exclusiva, atemporal, de alta qualidade, pela
economia de energia ou pelo processo produtivo da peça. Se estas características forem
importantes para o consumidor, certamente ele não irá retirar esta peça do orçamento.
Referências
BRANDSTON, Howard M. Aprender a Ver: A Essência do Design da Iluminação. Trad.
Paulo Sergio Scarazzato. 1ª ed. São Paulo: De Maio, 2010, 154 p.
DE BOTTON, Alain. A Arquitetura da Felicidade. Trad. Talita M. Rodrigues. Rio de
Janeiro: Rocco, 2007, 271 p.
GILLINGHAM-RYAN, Maxwell. Terapia do Apartamento: transforme seu lar em oito
semanas. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Pensamento, 2007, 292 p.
LIMA, Mariana Regina Coimbra de. Percepção Visual Aplicada à Arquitetura e à
Iluminação. Rio de Janeiro: Ciência Moderna Ltda., 2010, 145 p.
SILVA, Mauri Luiz da. Iluminação – Simplificando o Projeto. Rio de Janeiro: Ciência
Moderna Ltda., 2009, 172 p.
________ Luz, lâmpadas e iluminação. Rio de Janeiro: Ciência Moderna Ltda., 2004, 157 p.
TORMANN, Jamile. Caderno de Iluminação: arte e ciência. 2ª ed. Rio de Janeiro: Música
Tecnologia, 2008, 154 p.
Anexo
Anexo 1 – questionário aplicado aos proprietários das lojas de iluminação
01.Qual a porcentagem de clientes que procuram os serviços especializados da loja em
projetos luminotécnicos?
a.( ) menos de 25 %
b.( ) entre 25% e 50%
c.( ) entre 50 % e 75%
d.( ) entre 75% e 100%
02.Qual a porcentagem de clientes que procuram os serviços da loja são acompanhados
por um arquiteto, designer ou decorador?
a.( ) menos de 25 %
b.( ) entre 25% e 50%
c.( ) entre 50 % e 75%
d.( ) entre 75% e 100%
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03.Qual a porcentagem de clientes que procuram os serviços da loja são acompanhados
por um arquiteto, designer ou decorador especialista na área de projetos
luminotécnicos?
a.( ) menos de 25 %
b.( ) entre 25% e 50%
c.( ) entre 50 % e 75%
d.( ) entre 75% e 100%
04.Os clientes normalmente compreendem o projeto luminotécnico como um todo, ou
seja, eles compreendem a função de cada luminária colocada no projeto?
a.( ) sim
b.( ) não
c.( ) não sei
05.Os clientes normalmente se preocupam com a função de cada luminária colocada no
projeto?
a.( ) sim
b.( ) não
c.( ) não sei
06.Os clientes normalmente se preocupam com a qualidade de vida que cada luminária
colocada no projeto pode oferecer?
a.( ) sim
b.( ) não
c.( ) não sei
07.Qual a porcentagem de clientes que colocam um sistema de dimerização nas
luminárias instaladas?
a.( ) menos de 25 %
b.( ) entre 25% e 50%
c.( ) entre 50 % e 75%
d.( ) entre 75% e 100%
08.Qual a porcentagem de luminárias instaladas que estes clientes colocam um sistema
de dimerização?
a.( ) menos de 25 %
b.( ) entre 25% e 50%
c.( ) entre 50 % e 75%
d.( ) entre 75% e 100%
09.Qual a porcentagem de clientes que desejam colocar um sistema de automação no
projeto luminotécnico instalado?
a.( ) menos de 25 %
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b.( ) entre 25% e 50%
c.( ) entre 50 % e 75%
d.( ) entre 75% e 100%
10.Qual a porcentagem de clientes que colocam um sistema de automação no projeto
luminotécnico instalado?
a.( ) menos de 25 %
b.( ) entre 25% e 50%
c.( ) entre 50 % e 75%
d.( ) entre 75% e 100%
11.No momento em que os produtos especificados no projeto luminotécnico são
apresentados aos clientes, eles costumam solicitar uma troca de temperatura de cor e/ou
IRC das lâmpadas?
a.( ) sim
b.( ) não
c.( ) em parte
12.No momento em que o orçamento dos produtos especificados no projeto
luminotécnico é apresentado aos clientes, eles costumam retirar produtos com a intenção
de baratear o valor final da compra?
a.( ) sim
b.( ) não
c.( ) em parte
13.No momento em que o orçamento dos produtos especificados no projeto
luminotécnico é apresentado aos clientes, eles costumam trocar a linha de produtos por
uma de qualidade inferior com a intenção de baratear o valor final da compra?
a.( ) sim
b.( ) não
c.( ) em parte
14.No momento em que o orçamento dos produtos especificados no projeto
luminotécnico é apresentado aos clientes, e eles trocam a linha de produtos por uma de
qualidade inferior com a intenção de baratear o valor final da compra, eles mantêm a
ideia inicial do projeto?
a.( ) sim
b.( ) não
c.( ) em parte
15.Na sua opinião, depois de todas as negociações de projeto e financeiras feitas com os
clientes, o resultado final do projeto instalado é de boa qualidade, ou seja, ele atende à
todas as necessidades dos clientes?
a.( ) sim
A importância da iluminação residencial para a qualidade de vida do usuário em Caxias do Sul
Dezembro/2013
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b.( ) não
c.( ) em parte
16.Na sua opinião, depois do projeto instalado, os clientes ficam satisfeitos com o
resultado final obtido em sua casa? a.( ) sim
b.( ) não
c.( ) não sei
Anexo 2 – questionário aplicado aos clientes das lojas de iluminação
01.Você mora em uma casa ou apartamento?
a.( ) casa
b.( ) apartamento
02.A casa/apartamento onde você mora possui forro de gesso em todos os ambientes?
a.( ) sim
b.( ) não
03.Se a sua resposta foi afirmativa para a pergunta anterior, como você projetou/decidiu
o forro de gesso?
a.( ) não projetei, a casa/apartamento já veio com forro de gesso
b.( ) contratei um arquiteto, designer ou decorador para fazer o projeto do forro de gesso
c.( ) resolvi direto com o gesseiro como seria o meu forro de gesso
d.( ) nenhuma das respostas anteriores
04. Se a sua resposta para a pergunta anterior foi a alternativa “d”, escreva como foi que
você projetou/decidiu o forro de gesso da sua casa/apartamento.
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
05. Quando você precisou iluminar a sua casa/apartamento, qual das alternativas abaixo
você escolheu?
a.( ) contratou um arquiteto, designer ou decorador para fazer o projeto de iluminação
b.( ) o mesmo arquiteto, designer ou decorador que projetou o meu forro de gesso projetou a
minha iluminação
b.( ) foi direto a uma loja de iluminação para escolher as luminárias
06.Se as suas resposta foram as alternativas “a” ou “b” para a pergunta anterior, o
profissional que você escolheu era especialista em iluminação?
a.( ) sim
b.( ) não
c.( ) não sei
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07.Ao escolher a loja onde você iria adquirir os produtos de iluminação da sua
casa/apartamento, você procurou uma loja que tivessem profissionais especializado em
projetos luminotécnicos?
a.( ) sim
b.( ) não
c.( ) não sei
08.A loja que você comprou a iluminação para a sua casa foi indicada pelo seu arquiteto,
designer ou decorador?
a.( ) sim
b.( ) não
c.( ) não contratei este tipo de profissional
09.Você compreendeu que cada luminária colocada no projeto tem uma função
específica para cada uso que você fará dos ambientes da sua casa/apartamento?
a.( ) sim
b.( ) não
c.( ) não sei
10.Você compreendeu que cada lâmpada colocada no projeto possui uma cor de luz e
uma reprodução de cores específicas para cada função a que elas foram destinadas a
iluminar?
a.( ) sim
b.( ) não
c.( ) em parte
11.Você retirou luminárias do projeto/orçamento com a intenção de baratear o valor
final da compra?
a.( ) sim
b.( ) não
12.Você trocou a linha de produtos por uma de qualidade inferior com a intenção de
baratear o valor final da compra?
a.( ) sim
b.( ) não
13.Você colocou um sistema de dimerização nas luminárias instaladas na sua
casa/apartamento?
a.( ) sim
b.( ) não
14.Qual a porcentagem de luminárias instaladas na sua casa/apartamento que você
colocou um sistema de dimerização?
a.( ) menos de 25 %
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b.( ) entre 25% e 50%
c.( ) entre 50 % e 75%
d.( ) entre 75% e 100%
e. ( ) não coloquei sistema de dimerização em nenhuma luminária
15.Você pretendia colocar um sistema de automação quando você estava orçando o
projeto luminotécnico?
a.( ) sim
b.( ) não
16.Você colocou um sistema de automação no projeto luminotécnico instalado?
a.( ) sim
b.( ) não. Por quê? _________________________________________________________
17.Você ficou satisfeito com o projeto de iluminação que a loja ou o arquiteto, designer
ou decorador te apresentou?
a.( ) sim
b.( ) não
c.( ) em parte. Por quê? _____________________________________________________
18.Você ficou satisfeito com o projeto de iluminação depois de instalado na sua
casa/apartamento?
a.( ) sim
b.( ) não
c.( ) em parte. Por quê? _____________________________________________________
19.Você acha que sua qualidade de vida ficou melhor depois do projeto de iluminação
instalado na sua casa/apartamento, ou seja, você está mais satisfeito ao utilizar os
ambientes iluminados da sua casa/apartamento?
a.( ) sim
b.( ) não
c.( ) em parte. Por quê? _____________________________________________________
20.Você acha que o projeto de iluminação atendeu à todas as suas necessidades diárias
para cada ambiente da sua casa/apartamento?
a.( ) sim
b.( ) não
c.( ) em parte. Por quê? _____________________________________________________
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