a formação do cânon bíblico

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A FORMAÇÃO DO

CÂNON BÍBLICO

Hugo Hoffmann www.exegese.teo.br

João 5:39-40

“Vocês estudam cuidadosamente as Escrituras, porque pensam que

nelas vocês têm a vida eterna. E são as Escrituras que testemunham a Meu respeito; contudo, vocês não

querem vir a Mim para terem vida.”

KanonUma palavra grega que

significa “regra”, “norma”

ou “cana”, e era uma

planta usada de várias

maneiras para medir e

pautar. Sua ideia essencial

é de uma linha reta.

Algumas palavras de nossa língua derivam dela: caneta, canhão, canal, cana. É usada

como referência a qualquer regra ou

padrão.

Era usada também para indicar uma lista de obras de um mesmo autor, se o livro não

constava nesta lista, então não era considerado de sua autoria. Assim, existem vários cânones, mas vamos considerar apenas o cânon bíblico.

Kanon

Nos primórdios do cristianismo a palavra era

usada para designar a lista autêntica de livros

considerados inspirados e, posteriormente, para

referir-se a esses próprios escritos como sendo

a regra para a vida cristã.

Kanon

Incluir um livro no cânon implicava aceita-lo

como possuindo reconhecida autoridade

espiritual. Os livros incluídos no cânon bíblico

eram chamados de canônicos e os que eram

rejeitados, apócrifos.

Apócrifos

Do grego apokrufe, que significa “oculto”, “secreto”,

“misterioso”. Termo usado pelos cristãos para designar

os escritos cuja autoria era incerta e para se referir

aos livros cuja mensagem era herética. É o mesmo

que dizer “não canônico”.

Foram escritos por judeus no período que vai de 200 a.C. a 100 d.C. Faziam parte da Septuaginta,

que era a Bíblia usada nos dias de Jesus, dos apóstolos e dos primeiros cristãos. Embora tenham valor histórico, não podem ser considerados como

base doutrinária pelo fato de não terem sido inspirados pelo Espírito Santo como foram os

canônicos.

Apócrifos do ATNome do livro Ano que foi

escrito

1 Esdras 150 – 50 a.C.

2 Esdras 90 d.C.

Tobias 190 – 170 a.C.

Judite 150 a.C.

Adições ao livro de Ester 114 – 78 a.C.

Sabedoria de Salomão 100 – 50 a.C.

Eclesiástico 185 a.C.

Baruque 150 – 100 a.C.

Adições a Daniel 100 a.C.

1 e 2 Macabeus 100 a.C.

Oração de Manasses 100 a.C.

Heresias dos Apócrifos

• TOBIAS: Diz que um anjo de Deus era descendente de uma importante família humana.

• TOBIAS: Ensina que um coração de peixe sobre brasas produz fumaça capaz de expulsar demônios.

• TOBIAS: Afirma que dar esmolas livra da morte, purifica os pecados e conduz à vida eterna.

• 2 MACABEUS: Recomenda que façamos sacrifícios e oremos em favor dos mortos para que eles sejam perdoados.

Apócrifos do NT

• EVANGELHOS: de Pedro, de Tomé, de Filipe, de Nicodemos, Assunção de Maria, História árabe de José, o carpinteiro.

• ATOS: Atos de Paulo, de Pedro, de João, de André e de Tomé.

• EPÍSTOLAS: 1 e 2 Clemente aos Coríntios, de Inácio aos Efésios, aos Romanos, de Policarpo aos Filipenses, de Barnabé, 3° de Paulo aos Coríntios.

• APOCALIPSE: de Pedro, de Paulo, de Tomé, de Estevam.

Apócrifos citados no Cânon

Embora não haja muitas citações diretas, há alusões

aos apócrifos e aproveitamento de suas ideias e

expressões nos livros canônicos• MATEUS 11:28-30: O convite de Jesus quase

repete as palavras finais do Eclesiástico.

• HEBREUS 11: Os heróis da fé são muito parecidos com Eclesiástico 44.

• EFÉSIOS 6:13-17: A descrição da armadura do cristão se assemelha ao que está em Sabedoria de Salomão 5:17-20.

• HEBREUS 1:1-3: A descrição de Cristo lembra o que se encontra em Sabedoria de Salomão 7:15-27, ao tratar da sabedoria de Deus.

Apócrifos citados no Cânon

“Deve-se recordar que o uso de um

determinado documento por parte do

escritor inspirado por Deus não implica em

que essa fonte tenha sido fruto da

inspiração. [...] a inspiração capacita o

servo de Deus a selecionar material

verdadeiro e benéfico mesmo dentre os

escritos comuns.”Emilson dos Reis. Introdução Geral à Bíblia: Como a

Bíblia foi escrita e chegou até nós. Gráfica Nogueirense, Artur Nogueira/SP, p. 106, 2007.

A Formação do Cânon

Embora os escritores bíblicos soubessem que eles

mesmos eram inspirados por Deus, não há indícios

que percebessem que algum dia todos os escritos

inspirados seriam reunidos e formariam uma

coletânea sagrada (Bíblia).

A Formação do Cânon

Justamente por isso, nenhum dos escritores

inspirados deixou normas diretas e específicas para

que a Igreja soubesse como definir se um livro

deveria ser canonizado ou não, o que, sem dúvida

dificultou essa definição.

A Formação do CânonA canonização dos livros

bíblicos não ocorreu num

momento, antes, foi um

processo histórico que se

arrastou por séculos até

ser completado; não foi

realizado por alguma

autoridade eclesiástica ou

algum concílio, mas foi

uma obra da igreja

mundial guiada pelo

Espírito de Deus.

VISÃO INCORRETA VISÃO CORRETA

A Igreja determinou o Cânon A Igreja descobriu o Cânon

A Igreja é a mãe do Cânon A Igreja é a filha do Cânon

A Igreja é a magistradora do

CânonA Igreja é a ministra do Cânon

A Igreja é a reguladora do CânonA Igreja é a reconhecedora do

Cânon

A Igreja é juíza do Cânon A Igreja é testemunha do Cânon

A Igreja é mestre do Cânon A Igreja é servo do Cânon

O Cânon do AT | 24 livros

LEI

Torah

Pentateuco: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio

OS

PROFETAS

Nebilim

• Quatro anteriores: Josué, Juízes, Samuel e Reis.

• Quatro posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e os doze profetas menores num único livro.

OS

ESCRITOS

Ketubim

• Poéticos: Salmos, Provérbios e Jó.

• Rolos: Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes e Ester

• Outros escritos: Daniel, Esdras-Neemias e Crônicas

O Cânon do AT | 24 livros

LEI

Torah

OS

PROFETAS

Nebilim

OS

ESCRITOS

Ketubim

“A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda

convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas

e nos Salmos.” (Lucas 24:44)

O Cânon do AT | 24 livros

LEI

Torah

OS

PROFETAS

Nebilim

OS

ESCRITOS

Ketubim

O cânon do Antigo Testamento foi

fechado (completado) nos dias de

Esdras e Neemias

(contemporâneos de Malaquias).

Foram eles que reuniram os livros

sagrados do AT em uma única

coleção, por volta do ano 420 a.C.

A disposição e o número desses

livros é diferente em nossas Bíblias

(39) porque elas seguem a

Septuaginta, tradução do AT para a

língua grega, feita no século 3 a.C.

O Cânon do AT nos dias de JesusNos dias de Jesus havia três cânones:

• O CÂNON DOS JUDEUS PALESTINOS: Incluía os 39

livros e era aceito pelos fariseus e pelo povo que

vivia em Israel.

• O CÂNON DA SEPTUAGINTA: Proveniente de

Alexandria, que tinha os 39 livros mais os

apócrifos e era utilizado por judeus que viviam

fora de Israel.

• O CÂNON DOS SADUCEUS: Incluía apenas o

Pentateuco. Muitos dos políticos e autoridades da

nação eram do partido saduceu.

O Cânon do NT

Em meados do século 2 d.C., viveu um

homem chamado Marcion, um rico

proprietário de navios que abandonou

os negócios para ser um influente

mestre cristão, mas acabou adotando

uma variedade de ensinos gnósticos, o

que resultou em sua exclusão do

cristianismo em 144 d.C.

Gnosticismo

“O gnosticismo era pouco mais que uma

mistura de várias filosofias pagãs ocultas

sob disfarce de uma terminologia cristã.

Uma tradição antiga e possivelmente

autêntica identifica Simão, o mago (Atos

8:9-24) como o primeiro proponente do

erro concernente à natureza e à pessoa

de Cristo como o primeiro cristão

gnóstico.”

(Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 5, p. 1007)

O Cânon do NT

Em seus estudos, Marcion chegou a

algumas conclusões equivocadas. Ele

ensinava que Jesus não Se tornou

carne, Ele apenas parecia ter vindo em

carne, e foi o Deus do AT que cuidou

para que Ele fosse crucificado. Marcion

rejeitou a maior da Bíblia. Sua Bíblia

tinha apenas 11 livros.

O Cânon do NT

Marcion pregava que a salvação vem pela

renúncia ao Deus do AT e seu tipo de

mensagem, e a aceitação do Deus do NT.

É evidente que Marcion estava enganado

e, por isso, foi severamente combatido por

destacados líderes cristãos, como

Tertuliano e Epifânio. O cânon elaborado

por Marcion forçou a Igreja a se pronunciar

sobre o assunto.

O Cânon do NT

Por essa razão, a partir do final do

segundo século, diversos líderes e

comunidades cristãs começaram a

organizar o seu cânon. Nesta atividade, se

destacaram Orígenes de Alexandria (254

d.C.) e Eusébio de Cesareia (326 d.C.).

Mas foi apenas no século 4 que o cânon

do NT foi fixado de forma praticamente

universal.

O Cânon do NT

O documento mais antigo que

contém uma lista com os mesmos

27 livros aceitos na atualidade é

uma carta de Atanásio, bispo de

Alexandria, enviada às igrejas de

sua diocese, em 367 d.C. Este foi o

cânon adotado por toda

cristandade em toda parte, tendo

sido ratificado pelos concílios de

Hipona (393) e de Cartago (397).

O Cânon do NT

Critérios para a canonização

1. INSPIRAÇÃO DO LIVRO: Era julgado pelo

conteúdo.

2. ACEITAÇÃO UNIVERSAL: Não apenas regional.

3. COERÊNCIA NA DOUTRINA: Se o mesmo Espírito

Santo inspirou todos os autores, então não pode

haver divergência quanto ao que foi escrito.

4. AUTORIA DOS APÓSTOLOS: Ou dos discípulos dos

apóstolos (testemunha ocular ou testemunha da

testemunha ocular).

Livros inspirados fora do cânon

NOME DO LIVRO TEXTO BÍBLICO

Livro dos Justos Josué 10:13

Livro da História dos Reis de Judá 1 Reis 11:41

Livro da História dos Reis de Israel 2 Reis 1:18

Crônicas de Samuel, Natã e Gade 1 Crônicas 29:29

Atos de Uzias 2 Crônicas 26:22

Epístola de Paulo à Laodiceia Colossenses 4:16

Epístola de Paulo aos Coríntios 1 Coríntios 5:9

Livros inspirados fora do cânon

A razão de escritos inspirados não

fazerem parte do cânon nos é

desconhecida, mas, possivelmente,

isso ocorreu porque ou suas aplicações

eram apenas locais, não servindo para

todos os homens em todas as épocas

e lugares, ou porque seriam meras

repetições do que já consta nos livros

canonizados.

“Em harmonia com a Palavra de Deus, deveria Seu

Espírito continuar Sua obra durante todo o período da

dispensação evangélica. Durante os séculos em que

as Escrituras do Antigo Testamento bem como as do

Novo estavam sendo dadas, o Espírito Santo não

cessou de comunicar luz a mentes individuais,

independentemente das revelações a serem

incorporadas no cânon sagrado. A Bíblia mesma

relata como, mediante o Espírito Santo, os homens

receberam advertências, reprovações, conselhos e

instruções, em assuntos de nenhum modo relativos à

outorga das Escrituras. E faz-se menção de profetas

de épocas várias, de cujos discursos nada há

registrado.”Ellen G. White. O Grande Conflito, p. 10

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