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VOL. 2 – Nº 2 – DEZEMBRO/2012 – ISSN 2236-3734 .
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A efetividade das formas de reparação civil do dano ambiental ecológico ao meio e ao agente causador1
Eloísa Trevisan Capaverde2
Resumo: O meio ambiente ecologicamente equilibrado possui grande destaque na atualidade, uma vez que é direito e dever de todos. A responsabilidade civil ambiental imputada ao agente causador de um dano ecológico é objetiva e deve ser efetivamente imposta através das formas de reparação previstas no ordenamento jurídico brasileiro. Fundamental se faz a reparação dos danos causados ao meio ambiente, pois afetam o equilíbrio ecológico e consequentemente, a todos. Palavras-chave: Responsabilidade civil ambiental - Dano ecológico – Efetividade - Formas de reparação. Abstract: Nowadays the ecologically balanced environment has had great prominence since it is the right and duty of everybody. The environmental civil responsibility imputed to an agent of ecological damage is objective and must be effectively enforced through the legal remedies provided for in Brazilian law. It has become crucial for compensation for damage caused in the environment, since they affect the ecological balance consequently all of us. Keywords: Environmental civil responsibility - Ecological damage – Effective - Legal remedies.
Introdução
A questão ambiental é atualmente tema de ampla repercussão social, estando
inserida nas discussões que versam sobre a sobrevivência humana no planeta,
economia, educação, saúde. Há tempos são realizados eventos mundiais sobre
Meio Ambiente, como a Conferencia de Estocolmo em 1972, a Rio 92, onde, em
1992, 108 países do mundo se reuniram no Rio de Janeiro visando encontrar
medidas de diminuição da degradação ambiental, sem nos esquecermos do
Relatório de Brundtland, elaborado em 1987, antes da Rio 92, o qual se preocupou
com o desenvolvimento sustentável.
O viés preventivo do direito ambiental fortalece os atos presentes para não
influenciarem na degradação futura, restando ao instituto da responsabilidade civil
ambiental sua materialização através das formas de reparação do dano ambiental
previstas no ordenamento jurídico brasileiro. Questões sociais como o crescimento
natural da população, emissão de gases e poluição trazem problemas à preservação
1 Trabalho de Curso apresentado ao Curso de Direito da Faculdade Cenecista de Osório, como
requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito, orientado pela Professora Mestre Fernanda Mallmann Pacheco. 2 Acadêmica do 9º semestre do Curso de Direito da Faculdade Cenecista de Osório.
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ao meio ambiente, importando na aceitação de responsabilidade por parte dos
cidadãos para a garantia da qualidade ambiental.
O aparato técnico para prevenção do dano ambiental é também vasto. Existe o
Licenciamento Ambiental, a Auditoria Ambiental, o Estudo Prévio de Impacto
Ambiental, as Audiências Públicas, campanhas de preservação, dentre outros, que
formam um conjunto de medidas de prevenção e precaução do dano ambiental que
deve ser reparado.
O crescimento das demandas judiciais torna necessária a atualização do operador
do Direito reinterpretando institutos a fim de garantir a efetividade dos instrumentos
jurídicos que responsabilizem civilmente o agente causador do dano ambiental.
A abordagem do assunto traz uma reflexão sobre a efetividade da responsabilidade
civil por dano ambiental ecológico através das formas de reparação previstas no
ordenamento jurídico brasileiro. Temos como tema, portanto, “A efetividade das
formas de reparação civil do dano ambiental ecológico ao meio e ao agente
causador.”
Com a constitucionalização da proteção ao meio ambiente (VENOSA, 2009), houve
um avanço na garantia às presentes e futuras gerações de um meio ambiente
equilibrado e saudável, encontrando nas formas de reparação do dano ambiental
ecológico um meio, um instrumento para a tentativa de resgatar algo supostamente
irreversível.
Trabalharemos com o conceito de meio ambiente através de uma visão estrita, como
sendo “[...] a expressão do patrimônio natural e as relações com e entre os seres
vivos. Tal noção, é evidente, despreza tudo aquilo que não diga respeito aos
recursos naturais.” (MILARÉ, 2011, p. 143), ou seja, trataremos do meio ambiente
ecológico. Desta forma, o problema que norteia esta pesquisa é a verificação e
análise da efetividade das formas de reparação do dano ambiental ecológico ao
meio e ao agente causador do dano.
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Duas hipóteses foram o ponto de partida para a realização deste estudo: a primeira,
de que a evolução da responsabilidade civil de subjetiva para objetiva garante a
responsabilização do agente causador do dano e salvaguarda o Direito Ambiental,
bem como partimos da premissa de que as formas de reparação do dano ambiental
ecológico são instrumentos jurídicos de efetivação da responsabilidade civil objetiva,
as quais buscam a responsabilização do agente e o consequente restabelecimento
ecológico e a preservação ambiental.
A responsabilidade civil é o instituto que remete o agente causador do dano a
repará-lo, fazendo-o compreender a ideia que deve sustentar a sociedade em geral
hoje, que é a de proteção e preservação do meio ambiente para a consequente
qualidade ambiental para as presentes e futuras gerações. Através da
responsabilização, ou seja, da resposta do agente causador do dano em relação aos
seus atos, aplica-se a norma ao caso concreto, que gerará efeitos jurídicos,
ocorrendo então a efetividade do resultado decorrente da decisão e aplicação da
norma.
Considerando que a sobrevivência da espécie humana em sociedade é
imprescindível a todos, necessária se faz a efetividade da proteção ambiental,
impondo ao agente causador do dano a obrigação de repará-lo para a garantia de
um meio ambiente ecologicamente equilibrado. Assim, o Direito Ambiental apresenta
instrumentos passíveis de darem respostas à sociedade e aos fatos ocorridos.
Necessitamos do estudo de mecanismos jurídicos que possibilitem a conciliação dos interesses discutidos: o desenvolvimento das inovações tecnológicas e a proteção ambiental, pois o progresso da ciência, da tecnologia e da inovação vem promover a prosperidade da qualidade de vida dos seres humanos na sociedade, mas esse progresso também resulta em riscos e consequências irreversíveis à vida no planeta. Precisamos indicar as bases teóricas para o estudo da efetividade do Direito, especialmente do Direito Ambiental, ao amparo da seguridade das inovações tecnológicas, demonstrando maior interesse à aplicação do princípio da precaução na construção desses modelos. (PACHECO, 2009, p. 18).
Importante referir que abordaremos somente questões que envolvem o dano
ambiental ecológico, muito embora, é sabido, que não necessariamente precisa
existir um dano ambiental para haver responsabilização, o risco que a atividade
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humana, empresária oferece já implica em responsabilização, ou seja,
responsabilidade civil pelo dano ambiental futuro.
Em síntese, o dano ambiental futuro é a expectativa de dano de caráter individual ou transindividual ao meio ambiente. Por se tratar de risco, não há dano atual nem certeza científica absoluta de sua ocorrência futura, mas tão-somente a probabilidade de dano às futuras gerações. [...] (CARVALHO, 2008, p.127).
Este estudo traz inicialmente um apanhado sobre a evolução histórica da
responsabilidade civil, ressaltando a passagem da responsabilidade subjetiva para a
objetiva. Focaremos no instituto da responsabilidade civil objetiva por dano
ambiental ecológico no sentido de ser ela o instrumento de efetividade da imputação
ao agente causador, responsabilidade esta que assume caráter coercitivo,
dissuatório e pedagógico. Voltaremos os olhos para a difícil conceituação legal da
palavra dano e, finalmente, verificaremos e analisaremos os instrumentos jurídicos
de imputação da responsabilidade civil ao agente e, paralelamente, o efeito
restaurador no caso concreto.
Para a elaboração deste estudo, foram avaliadas as legislações ambientais no
âmbito nacional reconhecidamente importantes para este instituto. O estudo conta
com pesquisa de acórdãos do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul e
do Tribunal Regional Federal da 4ª Região para o fim de analisar a efetividade das
formas de reparação civil do dano ambiental ecológico ao meio e ao agente
causador.
2. A responsabilidade civil e sua evolução
A responsabilidade é um dos institutos jurídicos mais antigos, por isso, quando se
aborda este assunto, indispensável se faz compreender sua origem, tendo em vista
que a mesma se amolda a diversos ramos do Direito brasileiro. No princípio, adotou-
se a teoria da responsabilidade civil subjetiva trazida pelo Código Civil de 1916 no
artigo 1593, momento em que o Brasil ainda era identificado como país característico
de um sistema agrário e colonial.
3 Artigo 159 do Código Civil de 1916: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou
imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano. A verificação da culpa e a avaliação da responsabilidade regulam-se pelo disposto neste código.
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Em 2002, houve uma alteração no diploma legal datado de 1916, a qual recepcionou
a regra geral da responsabilidade civil como subjetiva. Os dispositivos passaram a
ser o 1864 e 9275 do Código Civil, que inovou dizendo que quem causar dano, por
ato ilícito, fica obrigado a reparar.
A responsabilidade civil tem por função impor a reparação por dano causado,
calcada num sentimento de justiça, além de trazer a certeza da imputação numa
vocação preventiva (CANOTILHO, 2010). Na temática ambiental, há a necessidade
de restabelecer-se o equilíbrio ecológico recolocando o bem lesado no status quo
ante.
Como espécies de responsabilidade civil, a doutrina e a legislação trazem a
responsabilidade contratual e a extracontratual. (LEMOS, 2010). A primeira advém
de um contrato, de um negócio jurídico, a segunda tem foco no que diz respeito aos
direitos difusos e coletivos, não está prevista em contrato ou negocio jurídico como a
primeira.
A responsabilidade civil extracontratual está de forma genérica preceituada no artigo
927 do atual Código Civil, apontando para a infração, violação de um dever legal.
Há, portanto, a obrigação de indenizar oriunda de uma violação de um dever de
conduta, pois, em relação ao meio ambiente, não há um contrato com a coletividade,
há sim um dever e um direito de todos ao meio ambiente equilibrado.
O instituto da responsabilidade civil em geral deve ser analisado através de duas
teorias: a teoria da responsabilidade civil subjetiva, que considera a culpa do agente
causador do dano cuja conduta culposa vem eivada ou de imprudência, ou de
negligência ou de imperícia e a teoria da responsabilidade civil objetiva, que não
analisa culpa do agente.
Como a responsabilidade civil é matéria dinâmica e bastante divergente na doutrina
e jurisprudência, este instituto sofre constantes transformações sociais e novas 4 Artigo 186 do Código Civil de 2002: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito 5 Artigo 927 caput do Código Civil de 2002: Aquele que, por ato ilícito (artigos 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
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relações são desencadeadas entre os seres humanos, novas demandas judiciais
vão surgindo e multiplicidade de interações tornou a responsabilidade civil subjetiva
insuficiente para cumprir e atender as demandas de cada dia, assim, “[...] as
atividades humanas já não podiam mais ser baseadas somente em resultados
certos e concretos, deveríamos visualizar os prováveis riscos de qualquer atividade.
[...]”(PACHECO, 2009, p. 27). O surgimento de novas tecnologias, a evolução da
ciência, a natureza difusa do Direito Ambiental, a pluralidade de vítimas atingidas, a
característica do dano ambiental, dentre outros fatores (BINDA, 2009), fizeram com
que a responsabilidade civil subjetiva perdesse sua força, não atendendo aos fatos
em si. Eis que, frente à ineficácia desta forma de responsabilização, a
responsabilidade civil objetiva passou a preponderar quando se fala em questões
ambientais, uma vez que o pressuposto da culpa não mais atendia as necessidades
da sociedade moderna.
2.1 A responsabilidade civil objetiva pelo dano ambiental ecológico
Ao tratarmos de responsabilidade civil por dano ambiental, em geral há que se referir
às três esferas de imputação de responsabilização do agente causador do dano,
dentre elas a administrativa, a penal e a civil. (VENOSA, 2009). Consideramos o
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado um direito fundamental do
homem, uma vez que o escopo da norma é a tutela do direito à vida das presentes e
futuras gerações. Desta forma, “[...] todo aquele que atue de forma contrária a esse
direito deve ser responsabilizado. [...]” (LEMOS, 2010, p.155). Uma mesma conduta
pode incidir na responsabilização do agente de forma administrativa, penal e através
de uma sanção civil, de natureza reparatória e que será a forma analisada neste
estudo.
Diante do histórico da legislação, observamos que a lei da Política Nacional do Meio
Ambiente, de número 6.938 de 1981, anterior à atual Constituição Federal, já previa
a responsabilidade civil ao agente causador do dano ambiental. A referida lei em seu
artigo 14, parágrafo 1º, diz:
Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou
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correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores: Parágrafo 1º: Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar pos danos causados ao meio ambiente e a terceiro, afetados por suas atividades. [...]
Posteriormente à lei citada, em 1988 a atual Constituição Federal trouxe em seu
artigo 225, parágrafo 3º6, o tema da responsabilidade civil pelo dano ambiental
elegendo a forma objetiva, “neste dispositivo, está consagrada a responsabilidade
civil objetiva. [...]” (VENOSA, 2009, p. 214). As normativas de reparação também
estão previstas no atual Código Civil, que as refere no artigo 927 parágrafo único e
diz: “Haverá obrigação de reparar o dano, independente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, riscos para os direitos de outrem.” O referido artigo
é norma aberta para a responsabilidade civil objetiva no ordenamento jurídico
brasileiro, realçando o poder discricionário e análise do julgador. Neste contexto, a
responsabilidade civil pelo dano ambiental ecológico é objetiva e não faz menção à
existência de culpa na conduta do agente causador do dano ambiental, tão somente
considera sua conduta, o nexo de causalidade e o dano ambiental ocorrido, como
podemos observar,
Mención expressa merece el nuevo tratamiento de la responsabilidad por daños ambientales, en lo que ha influido la progressiva efectividad de los dictados del principio contaminador-pagador, dando lugar a la entrada em este campo de la responsabilización extra culpa. (MATEO, 2003, p. 66-67)
Outrossim, é rica a jurisprudência que demonstra o caráter objetivo da
responsabilidade civil por dano ambiental ecológico com fulcro na práxis dos
magistrados do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Senão vejamos:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO AMBIENTAL. QUEIMADA EM CAMPO NATIVO. RECUPERAÇÃO DA ÁREA DEVASTADA OU COMPENSAÇÃO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. Comprovada a ocorrência do dano ambiental, decorrente de queimada em campo nativo, surge a obrigação de reparação ou de compensação, bem definidas na sentença, especialmente por se tratar de responsabilidade objetiva. Observância de dispositivos constitucionais e infraconstitucionais que buscam a preservação do meio ambiente. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70043178524, Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Almir Porto da Rocha Filho, Julgado em 13/07/2011) (grifo nosso)
6 Artigo 225, § 3º da Constituição Federal de 1988: As condutas e atividades consideradas lesivas ao
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
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Com efeito, a adoção da teoria objetiva de responsabilidade civil constitui um
avanço, pois imputa ao agente causador do dano o dever de repará-lo, não exigindo
a análise da culpa. (CAVALIERI FILHO, 2010). Se fosse necessária tal discussão,
mais morosa seria a efetivação da responsabilização prejudicando a especificidade
das questões ambientais.
3. Dano ambiental
A origem da palavra dano está no latim e significa damnum, que quer dizer: “[...] todo
mal ou ofensa que se cause a alguém e do qual resulte uma deterioração ou
destruição à sua coisa ou um prejuízo ao seu patrimônio [...].” (BARROS, 2008 p.
220)”. O dano ambiental é transfronteiriço (TEIXEIRA, 2006), pois não respeita as
fronteiras geopolíticas demarcadas pelo homem. Em razão da natureza difusa do
direito ambiental em atingir vítimas indeterminadas, é tarefa difícil identificar os
sujeitos que sofreram a degradação ambiental. (VENOSA, 2009). Ilustramos
referindo o acidente nuclear de Chernobyl, ocorrido em 26.04.1986 na antiga União
Soviética, onde uma nuvem radioativa afetou a Finlândia. Decorridos mais de vinte
anos, algumas espécies ainda apresentam sinais de toxicidade por césio 137,
substância cancerígena. (BELTRÃO, 2011).
A Lei 6.938/81 trata da Política Nacional do Meio Ambiente e não traz um conceito
de dano ambiental, apenas no artigo 3º, incisos II e III, define, de forma abrangente,
poluição e da degradação7.
Está expresso no artigo 2258, caput e incisos, da Carta Magna que o meio ambiente
é direito fundamental e o mesmo artigo impõe a todos o dever de preservá-lo,
protegê-lo e defendê-lo para as presentes e futuras gerações. Além disso, o
7 Artigo 3º da Lei 6.938/81: Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: II:degradação da
qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente; III:poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a)o prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. 8 Artigo 225 caput da Constituição Federal de 1988: Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”
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parágrafo 2º9 do mesmo artigo traz condições para reparabilidade e, como primeira
medida a ser preterida pelo agente causador do dano, a recuperação do meio
ambiente afetado.
A literatura jurídica tem encontrado dificuldades para ter uma definição. Uma das
justificativas está no sentido de que a própria Constituição Federal não traz um
conceito explicito de meio ambiente, que está sujeito a ser compreendido de acordo
com a realidade concreta. (MILARÉ, 2011).
Por a lei não trazer um conceito de dano ambiental, buscamos na construção
doutrinária alguns conceitos: “[...] o dano ambiental será a degradação do meio
ambiente, como tal, independentemente das repercussões nas pessoas e nos seus
bens. [...]” (STEIGLEDER, 2004, p.120). Ainda sobre o mesmo conceito, “dano do
ponto de vista jurídico, é a lesão a um bem juridicamente protegido, ou seja, lesa um
direito da vítima e não um simples interesse, havendo para sua configuração um
prejuízo e a violação ao direito”. (BECHARA, 2009, p.49).
Destacamos neste sentido o entendimento que “[...] dano ambiental significa uma
alteração indesejável ao conjunto de elementos chamados meio ambiente, como,
por exemplo, a poluição atmosférica; seria, assim, lesão a um direito fundamental
[...]” (LEITE, 2003, p. 94). A existência do dano deve ser vista como pressuposto
necessário da obrigação de reparar, uma vez que é elemento imprescindível para
configuração da responsabilidade civil. Como podemos observar em outra definição,
dano ambiental pode ser entendido como:
“[...] toda degradação do meio ambiente, incluindo aspectos naturais, culturais e artificiais que permitem e condicionam a vida, visto como bem unitário imaterial coletivo e indivisível, e dos bens ambientais e seus elementos corpóreos e incorpóreos específicos que o compõem, caracterizadora da violação do direito difuso e fundamental de todos a sadia qualidade de vida em um ambiente são e ecologicamente equilibrado” (MIRRA, 2004, p. 94).
Configurada a existência do dano, este deve se submeter a determinadas condições
para se falar em reparação. O dano deve ser certo quanto a sua existência, atual no
9 Artigo 225, § 2º da Constituição Federal de 1988: Aquele que explorar recursos minerais fica
obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
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sentido de ter sido consumado ou pelo menos iniciado e direto, bem como o
resultado deve ter sido danoso. (MIRRA, 2004).
O dano ambiental deve ser entendido como a violação ao direito da coletividade ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado. (BELTRÃO, 2011) e isso implicará a
aplicação imediata de uma ou mais formas de reparação previstas no ordenamento
jurídico.
Diante da dificuldade em pontuar especificamente a concepção de dano ambiental,
alguns aspectos devem ser considerados, tais como: a amplitude do bem protegido,
a reparabilidade, o interesse envolvido e a extensão do dano ambiental10.
Em relação à amplitude do bem protegido, focaremos no dano ecológico puro, ou
seja, relacionado apenas com os componentes naturais do ecossistema, pois “[...]
dano ambiental significaria dano ecológico puro e sua proteção estaria sendo feita
em relação a alguns componentes essenciais do sistema [...]” (LEITE, 2003, p. 95),
danos que atingiriam bens da natureza, apenas.
No que diz respeito à reparabilidade e ao interesse envolvido, a classificação pode
ser feita em relação ao dano ambiental de reparabilidade direta, quando interesses
próprios e individuais estão envolvidos. Na reparabilidade indireta, o foco está nos
interesses difusos, coletivos e eventualmente individuais, a reparação diz respeito à
capacidade funcional ecológica do meio ambiente, “[...] a reparação indica uma ideia
de ressarcimento, ou compensação do dano sofrido; é assim um dos efeitos da
responsabilidade civil. [...]” (LEITE, 2003, p. 208). A palavra recuperação traz em
seu significado a ideia de obter novamente o estado, a coisa, a condição que se
perdeu, reabilitar, indenizar, ressarcir. (FERREIRA, 2004). A reparação ambiental
em geral pressupõe um dano já causado, alvo de providência ressarcitória ou
compensatória desejada como meio de obter a cessação ou diminuição de prejuízo,
ocorrendo então a supressão do fato danoso. Ela é um dos efeitos da
responsabilidade civil objetiva perseguida quando se quer agir sobre o prejuízo, é
uma medida de rigor e justiça, considerando a relevância da tutela ambiental.
10
Classificação conforme a obra “DANO AMBIENTAL: do individual ao coletivo extra patrimonial” do doutrinador José Rubens Morato Leite”, p. 95
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[...] Ora, a reparação do prejuízo ambiental significa a adaptação do meio ambiente degradado e dos seus elementos atingidos a uma situação que possa ser a mais próxima possível daquela anterior à realização do dano ou daquela em que estariam se o prejuízo não tivesse se verificado. A questão, uma vez mais, e como sempre, se resume em encontrar, em cada caso concreto, a melhor forma de compensar o prejuízo causado e de efetivá-la[...] (MIRRA, 2004, p. 307).
O dano ambiental afeta o equilíbrio ecossistêmico, ao qual toda coletividade faz jus,
está sempre ligado ao aniquilamento de um direito, ratificando que se trata sempre
de uma lesão não autorizada.11
Dentro do caráter difuso do dano ambiental e de acordo com a previsão legal, não
cabe ao Estado exclusividade na propositura de ação para a tutela do meio
ambiente. O direito à ação judicial está na Ação Popular e na Ação Civil Pública.
(BELTRÃO, 2011). A Constituição Federal, no artigo 5º, LXXIII12, aponta a Ação
Popular como instrumento jurídico na defesa ao meio ambiente, podendo ser
proposta por qualquer cidadão para anular ato lesivo ao meio ambiente e também
prevê dispositivos à tutela ambiental de modo coletivo, conforme expressa o artigo
129, III13 da Carta Magna. Em 1985, com a Lei 7.347, foi instituída a Ação Civil
Pública, dando ao Ministério Público a legitimidade para agir em prol do meio
ambiente.
3.1 Espécies de dano ambiental
Duas são as perspectivas que devem ser consideradas em relação ao dano
ambiental: o dano ambiental coletivo, que atinge o meio ambiente como um direito
transindividual, que pertence a todos e cuja indenização reverte a um fundo
impessoal para a reconstituição dos recursos ambientais atingidos, conforme a Lei
11
Salientamos que não se pode confundir lesão não autorizada com atividade não autorizada, como bem fundamenta Bechara, a seguir: “[...] quando falamos em “lesão não autorizada”, não estamos aludindo à “atividade não autorizada”, visto que muitas vezes a atividade causadora do dano tem autorização para funcionar, muito embora não tenha autorização para causar prejuízos à qualidade ambiental [...]” (BECHARA, 2009, p.50). 12
Artigo 5º, LXXIII da Constituição Federal de 1988: qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. 13
Artigo 129 da Constituição Federal de 1988. São funções institucionais do Ministério Público: inciso III: promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.
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da Ação Civil Pública no artigo 1314, e o dano ambiental individual, relacionado com
o patrimônio ou com a moral do sujeito afetado. (BELTRÃO, 2011).
No dano ambiental coletivo e eminentemente público, o objeto material é o
patrimônio de titularidade difusa, de característica insubstituível, essencial,
representativo, ocorrendo, então, lesão a um interesse público, de natureza difusa
também. São danos coletivos atinentes a grupos ou massas de pessoas, que não
dizem respeito à perda da qualidade ambiental, embora sejam causados por conta
de uma modificação adversa, uma agressão a direitos transindividuais (coletivos e
difusos) como à saúde, à dignidade, à paz social, dentre outros. (BECHARA, 2009).
Deste modo, o dano ambiental lesa o direito difuso ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado.
Por outro lado, o dano ambiental também pode ser individual, atingindo o patrimônio
de uma pessoa, o conjunto de seus bens e direitos individuais. Neste sentido, a
lesão aos bens individuais se dá por intermédio do meio ambiente, sendo ele o
elemento condutor. (CARVALHO, 2008). Assim, um mesmo acontecimento pode
gerar danos ambientais e danos individuais, estes últimos não protegidos pelo
escopo ambiental.
Outra característica específica do dano ambiental ecológico que enseja a reparação
é o dano em ricochete, que acarreta um prejuízo reflexo do próprio dano sofrido pela
vítima imediata. O dano é direto e pessoal, e o sujeito que o sofreu é terceiro à
relação. Ocorrerá, por exemplo, entre dois pólos, mas atingirá direta e pessoalmente
um terceiro. (CARVALHO, 2008). A fonte do prejuízo não é o meio ambiente, mas
sim o fato danoso ocorrido e no dano ricochete os elementos da natureza (água, ar,
solo) nada mais são aqui do que os intermediários entre a atividade danosa e o
dano. (MIRRA, 2004). O dano ricochete reflete e recai sobre o patrimônio pessoal,
individual da vítima15, este dano mediato resultante da agressão imediata ao meio
14
Artigo 13 da lei 7.347/85: Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados. 15
Mirra (2004, p. 74) traz como exemplo o caso de despejo de substâncias poluentes nas águas de um rio, onde há um dano imediato causado ao meio aquático, mas os mecanismos da responsabilidade civil, no âmbito estrito do dano reflexo, somente serão desencadeados a partir do
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ambiente pode ser privado ou público. Será privado quando atingir a esfera
patrimonial do particular e público quando atingir patrimônio público ou de entidades
do Poder Público.
A Constituição Federal traz princípios que englobam a obrigação de reparar o dano
ambiental, a questão da restauração, recuperação, reparação do meio ambiente são
por ela expressados. “O direito ambiental, na Constituição, valorizou a prevenção,
mas não esqueceu a reparação.” (MACHADO, 2010, p. 154). A recuperação do meio
ambiente passou a fazer parte da própria exploração ambiental que inevitavelmente
é causadora de lesão a um direito e um dever difusos. Ela também incumbe ao
Poder Público assegurar a efetividade do direito de todos ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, como preceitua no artigo 225, §1º, IV16.
A dimensão do dano ambiental aponta para a sua existência material e de seu
reconhecimento e, portanto, traz consigo os requisitos de sua reparabilidade. A
dimensão fica visível em casos como a contaminação das águas por óleo, como a
última ocorrida no Litoral Norte Gaúcho no verão17 do corrente ano, a contaminação
de lençóis freáticos em virtude dos aterros de resíduos sólidos que não se detém na
preparação do solo para depósito dos resíduos, a poluição atmosférica em todos os
graus, o desmatamento, os impactos provocados por extração de minérios, os danos
contra a fauna, as contaminações por material radioativo, nuclear, agrotóxicos,
dentre outras inúmeras situações que afetam diretamente o equilíbrio ecológico.
(STEIGLEDER, 2004). Essas são situações que ultrapassam a relação de direito
privado, pois a vítima e muitas vezes a causa da degradação também são difusas.
A reparação do dano ambiental ecológico tem no prejuízo seu fundamento
necessário e suficiente, para que a forma de reparação eleita atue sobre a fonte do
dano, evitando-se, assim, a sua renovação ou agravamento devido à continuidade
momento em que um terceiro (um pescador, um agricultor ou um entidade publica interessada) tiver necessidade de usar a água de um rio poluído ou se encontrar impossibilitado de continuar se servindo do curso d’água, que já utilizava, devido à produção. 16
Artigo 225, § 1º, IV da Constituição Federal de 1988: exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade. 17
http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/noticia/2012/01/vazamento-de-oleo-em-tramandai-pode-ser-o-maior-no-estado-nos-ultimos-10-anos-3645106.html acessado em 20/05/2012.
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da atividade nociva. O efeito de sucedâneo da reparação propicia um novo estado
de coisas, “[...] O problema posto pela reparação do dano é solucionado de maneira
satisfatória quando se consegue adaptar a nova realidade àquela situação anterior
tida ideal [...]”. (MIRRA, 2004, p.307) Busca-se estabelecer o status quo ante,
(LEITE, 2003) o que para parte da doutrina não é possível pela questão da
irreparabilidade do dano.
A degradação do meio ambiente, na sua dimensão de bem imaterial, e dos diversos elementos corpóreos e incorpóreos que o integram, seja no meio natural, seja no meio cultural, seja no artificial, não permite em absoluto o retorno ao estado inicial e é invariavelmente definitiva. A natureza, ao ter a sua composição física e biológica modificada por agressões que ela não consegue absorver ou tolerar, não pode jamais ser verdadeiramente restabelecida do ponto de vista ecológico. (MIRRA, 2004, p. 307).
Ao tratar de reparação de dano ambiental ecológico salientamos que o principal
objetivo dos instrumentos jurídicos de efetivação da responsabilidade civil do agente
causador do dano deve ser alcançar a reparação integral do dano. Conforme
referido, não existe uma reparação integral eficaz para o restabelecimento do
equilíbrio ecológico. (PINHO, 2010). A responsabilização do agente causador do
dano encontra supedâneo doutrinário e jurisprudencial, como observamos em
decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região:
DIREITO AMBIENTAL. SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO. LEGALIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. RECUPERAÇÃO DA ÁREA DEGRADADA. OBRIGAÇÃO PROPTER REM. DANO MORAL. INOCORRÊNCIA. AVERBAÇÃO NO REGISTRO DE IMÓVEIS. DESNECESSIDADE. 1. No caso em tela, a presunção de legalidade, veracidade e certeza do auto de infração - emanado pela autarquia responsável pela fiscalização ambiental - foi confirmado através da realização de laudo pericial. 2. Comprovada a ocorrência de dano ambiental na propriedade do réu em duas modalidades: corte raso (desmatamento) e corte seletivo de imbuia e araucária, há o dever de RECUPERAR INTEGRALMENTE a área degradada, com o cultivo de espécies nativas da região, bem como RESTAURAÇÃO DA FAUNA e flora e demais bens ambientais atingidos, mediante projeto aprovado e fiscalizado pelo órgão ambiental competente. 3. O prejuízo difuso e coletivo deve estar evidenciado nos autos. Se o prejuízo moral não estiver demonstrado, e ausente indicação de violação do sentimento coletivo da comunidade, não há que se falar em responsabilização por danos morais. No presente caso, a importação dos pneus usados, ainda que seja passível de poluição grave, não atinge a esfera íntima da sociedade, não havendo necessidade de repressão pela condenação em valor, a título de dano moral ambiental. 4. Diante da inexistência de previsão legal no inciso II do art. 167 da Lei de Registros Públicos (Lei nº 6.015/73) e considerando a obrigação ser de natureza propter rem, aderindo à propriedade e transferindo-se a futuros proprietários independente de qualquer ato registral, não se verificam motivos para a referida a averbação da obrigação de reparação de dano ambiental na matrícula do imóvel. 5. Apelação e recurso adesivo
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improvidos. (TRF4, AC 0001671-83.2004.404.7012, Terceira Turma, Relator João Pedro Gebran Neto, D.E. 23/08/2011) (grifo nosso)
Observamos que, por mais ineficaz que seja a forma de reparação do dano para o
meio ambiente ecológico, pois não temos dados sobre o cumprimento da sanção
imposta, houve efetividade na aplicação do instrumento jurídico para o agente
causador, tendo sido imposta a ele a responsabilidade pelo dano causado e a
obrigação de recuperar integralmente a área degradada.
4. Instrumentos jurídicos de imputação da responsabilidade civil ao agente
causador x o efeito restaurador no caso concreto
O ordenamento jurídico brasileiro traz as formas de reparação do dano ambiental
ecológico como instrumentos de efetivação da responsabilidade civil com foco no
agente causador do dano, não se olvidando da finalidade, garantida pela
Constituição Federal, da reparação que é a recuperação propriamente dita do meio
ambiente. Em sentido estrito, são elas: a reparação natural, a compensação
ecológica e a indenização pecuniária.
4.1 A reparação natural do dano ambiental ecológico
Dentre as formas de reparação do dano ambiental ecológico, a natural é a forma de
reparação considerada mais adequada a agir sobre o prejuízo causado pelo dano, é
um meio de compensar o prejuízo e visa ao restabelecimento do equilíbrio
ecológico, possibilitando a neutralização dos impactos ocasionados. (PINHO, 2010).
Sempre que possível, deverá ser aplicada pelo judiciário, como ilustramos a seguir,
uma forma de reparação ao dano que vise o restabelecimento ecológico da área
afetada.
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PÚBLICO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO AMBIENTAL. QUEIMADA. SUPRESSÃO DE MATA NATIVA. REPARAÇÃO DO DANO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. CUMULATIVIDADE DE SANÇÕES. EXCEPCIONALIDADE. 1. Responsabilidade objetiva. A lei prevê a responsabilidade objetiva para fins de reparação de dano causado ao meio ambiente, bastando que se verifique o nexo de causalidade entre a ação (atividade) e resultado (dano ambiental). 2. Reparação do dano. Cumulatividade de sanções. In natura e pecuniária. A pena pecuniária, que é uma reparação econômica, somente se mostra aplicável, via de regra, e a não ser em casos extremos, quando a reparação in natura não se mostra possível.
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Não é este o caso dos autos. Precedentes. RECURSOS DESPROVIDOS. (Apelação Cível Nº 70035337112, Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Carlos Roberto Lofego Canibal, Julgado em 15/12/2010) (grifo nosso)
A reparação in natura atua de forma pontual e prioritária sobre o prejuízo efetivo
causado e engloba diretamente as técnicas de compensação materialmente
equivalentes ao interesse lesado. A recomposição da qualidade ambiental
degradada também é foco desta forma de reparação (MIRRA, 2004) e tem como
conteúdo uma obrigação de fazer, visando o restabelecimento do status quo ante do
bem lesado.
A Política Nacional do Meio Ambiente prevê a recuperação das áreas degradadas
no seu artigo 2º, VIII18, e a imposição ao poluidor e ao predador, da obrigação de
recuperar/indenizar os danos causados, conforme refere o artigo 4º, VII19, cuidando
dessa forma da efetividade da aplicação da norma jurídica ao agente causador do
dano ambiental ecológico.
Quando for impossível a aplicação desta forma de reparação, admitir-se-á uma
alternativa compensatória excepcional. (MILARÉ, 2011). Esclarecemos que o
autor/réu de uma demanda ambiental não pode escolher a forma de reparação a ser
aplicada ao dano, senão um particular estaria dispondo de um bem que é coletivo,
difuso.
A imposição da reparação natural nem sempre é viável pela própria natureza do
dano ao meio ambiente, razão pela qual não é aplicada isoladamente, por isso, vem
geralmente acompanhada de uma indenização, como podemos observar na
jurisprudência do Egrégio Tribunal de Justiça deste Estado:
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. MEIO AMBIENTE. DEGRADAÇÃO EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
18
Artigo 2º, VIII da lei 6.938/81: A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: VIII - recuperação de áreas degradadas. 19
Artigo 4º da lei 6.938/81: A Política Nacional do Meio Ambiente visará: VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.
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MUNICIPAL. DEPÓSITO DE AREIA E CONSTRUÇÃO DE ATERRO SEM PRÉVIO LICENCIAMENTO AMBIENTAL. RECOMPOSIÇÃO DOS DANOS. INDENIZAÇÃO. Estando amplamente comprovada nos autos a degradação ambiental em área de preservação permanente, também objeto de proteção ambiental instituída por lei municipal, situada às margens do Rio Taquari, em virtude do funcionamento de empreendimento destinado ao comércio de areia, a descoberto do devido licenciamento ambiental, impõe-se a obrigação de reparar os danos. Evidenciada a impossibilidade de reparação in natura de alguns dos danos apontados, tem lugar o dever de indenizar. Responsabilidade de natureza objetiva, orientada pelos princípios da prevenção e do poluidor- pagador. A omissão do Município, que deixou de fiscalizar o empreendimento, concedeu alvará de funcionamento à empresa e emprestou auxílio material para a construção do aterro, mesmo estando a atividade irregular, enseja a responsabilização do ente público pela participação na produção dos danos. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. VOTO VENCIDO EM PARTE. (Apelação Cível Nº 70023627862, Vigésima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rejane Maria Dias de Castro Bins, Julgado em 12/06/2008) (grifo nosso)
O interesse na recuperação ambiental visando à proteção do bem jurídico tutelado é
público, pois é direito e dever de todos a existência de um meio ambiente
ecologicamente equilibrado, assim sempre deve haver preferência pela reparação
natural do dano, embora nem sempre seja possível, senão vejamos:
“[...] sabemos que reconstruir o estado do bem tal como ele se encontraria caso não tivesse ocorrido a lesão pode revelar-se impossível do ponto de vista fáctico, ou económico; ou a reconstituição pode protelar-se no tempo, devendo existir disponibilidade de meios financeiros para ir realizando. [...]” (GOMES, 2010, p. 346).
O inicio da reparação in natura deve ser sempre através de um projeto de
recuperação ambiental assinado por profissional responsável. (PINHO, 2010). Uma
vez aplicada a imposição desta forma de reparação e cumpridas as medidas
solicitadas, o agente causador do dano sofreu a devida sanção por ter causado o
prejuízo. Ocorre que a execução da medida deveria ser fiscalizada e acompanhada
pelo órgão público legitimado, quer seja municipal, estadual ou federal, e uma
possível falha nesta fiscalização tornaria sem efeito, para o meio ambiente, a medida
imposta ao agente que causou o dano e foi devidamente responsabilizado, tendo
cumprido o que lhe foi imposto como sanção civil.
4.2 A compensação ecológica
Trataremos da compensação ecológica como solução substitutiva ou complementar
à reparação natural, dada a complexidade dos danos ecológicos e na hipótese de
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estar demonstrada a irrecuperabilidade parcial ou total do ambiente afetado.
Ocorrerá em local diverso do lesado e consiste em “[...] uma forma de restauração
natural do dano ambiental que se volta para uma área distinta da área degradada,
tendo por objetivo assegurar a conservação de funções ecológicas equivalentes.
[...]” (STEIGLEDER, 2004, p. 249). Haverá uma substituição por bens equivalentes,
garantindo a qualidade do patrimônio ecológico. A medida compensatória deve ter
por escopo preservar a capacidade funcional ecológica do ecossistema a ser
recuperado. É uma forma ressarcitória específica não pecuniária.
A compensação ecológica “[...] é uma medida compensatória que se volta para a
restauração de uma área distinta da degradada, tendo por objetivo contribuir para a
melhoria do patrimônio global natural[...].” (PINHO, 2010, p. 396). Esta espécie de
reparação pode acontecer de mais de uma forma. Uma delas é a compensação
ecológica jurisdicional através de sentenças judiciais já transitadas em julgado que
obrigam o agente causador do dano a substituir o bem lesado por equivalente ou
pagar certa quantia em dinheiro. Em contrapartida, a compensação extrajudicial é
formalizada através de um Termo de Ajustamento de Conduta20, com eficácia de
titulo executivo extrajudicial, (VENOSA, 2009) caso seja descumprido, firmado entre
órgãos públicos legitimados21 e os causadores do dano ambiental.
20
Salienta-se que o TAC tem caráter preventivo que mediante cominações ajusta a conduta do agente às exigências legais, teoricamente, portanto não poderia ser considerado uma forma de reparação de dano ambiental, mas como é eventualmente utilizado com este fim, José Rubens Morato Leite o considera subespécie de forma de reparação de dano ambiental. 21
Artigo 5º da lei 7.347/85: Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: I - o Ministério Público; II - a Defensoria Pública; III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; V - a associação que, concomitantemente: a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; §1º O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei; § 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos deste artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer das parte; § 3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa; § 4.° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido; § 5.° Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei; § 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.
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Uma terceira forma alternativa de compensação são os fundos autônomos de
compensação ecológica para solucionar, através de indenização, o dano ambiental.
Esses fundos são financiados por potenciais agentes poluidores que pagam cotas
de financiamento para a reparação. (LEITE, 2003).
A compensação traz consigo a ideia de equivalência ecológica22 dos bens naturais
tutelados, o que, por vezes, torna inviável sua aplicabilidade e eficácia, uma vez que
existem bens naturais únicos, impossíveis de serem inseridos novamente na
natureza, quer seja por suas características, quer seja pela extinção de sua espécie,
enfim, impossível de serem compensados. “[...] Muitas vezes, a degradação de um
determinado local implicou a extinção de uma espécie vegetal, por exemplo [...]”
(ANTUNES, 2010, p. 253). A compensação ecológica apresenta vantagens no que
diz respeito à reparação efetiva no caso concreto em relação à indenização no
sentido de que tem como foco a conservação do meio ambiente e permite a
adequada importação ao patrimônio do causador. (STEIGLEDER, 2004).
Devemos considerar que, quando os danos são passíveis de reparação, muitas
vezes o custo e o tempo para a concretização da medida são demasiadamente altos
e não há a garantia de êxito na reparação. O ideal seria criar medidas preventivas
contra novos danos. (PINHO, 2010). Estando diante de um dano ambiental
ecológico, o responsável pela aplicação da medida reparatória deverá eleger a que
mais se adapte à realidade local, a que se mostrar mais relevante para a defesa do
meio ambiente e que apresente um valor ecológico equivalente. Uma decisão que
não considere a realidade concreta poderá ser precipitada e não ser efetiva na
recuperação do dano causado.
Nem sempre a compensação poderá ser feita na mesma área degradada, devendo
por vezes ser procedida em outro local que se mostre estrategicamente relevante.
(PINHO, 2010). Salientamos que esta forma de reparação também deve ser
precedida de um projeto técnico de restauração visando à garantia do equilíbrio
ecológico. Uma vez identificada a área de intervenção seguindo o plano Diretor do
município e demais legislações, avaliado o custo operacional, elaborado o plano de
22
Equivalência entendida como a substituição do bem lesado por bem equivalente e não como a restauração do bem afetado.
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recuperação da área degradada e o tempo a ser considerado na operacionalização
da medida, procede-se ao que foi traçado pela equipe multidisciplinar que elaborou o
projeto técnico às expensas do poluidor. (BECHARA, 2009).
Um fator que possivelmente traria o insucesso parcial da medida seria o tempo da
recuperação que pode, conforme o caso, durar anos. Percebemos então que por
vezes a elaboração do projeto de recuperação é viável, porém não efetiva a
recuperação do meio ambiente, bem como a fiscalização e o acompanhamento da
execução do projeto por vezes são deficitários.
4.3A indenização pecuniária
Como terceira forma de reparação de dano ambiental ecológico, temos a
indenização pecuniária, que será subsidiária (PINHO, 2010) e cabível quando o
dano for irreversível e não for possível a compensação ecológica. Deverá ser a
última alternativa, pois jamais proporcionará a recuperação integral do dano. A
transformação de um dano ambiental em valor econômico está sujeita aos
obstáculos inerentes à própria complexidade do dano e requer avaliação técnico-
científica interdisciplinar, não cabendo somente à economia quantificar. Neste
sentido,
[...] a apuração do custo total do projeto e da implantação da restauração natural hipotética da área degradada parece ser o critério mais adequado, pois permitirá a compensação ecológica em outro local, a ser gerida pelo Poder Público na administração do Fundo de Bens Lesados. [...] (STEIGLEDER, 2004, p. 256).
O valor econômico do meio ambiente pode ser calculado, segundo a doutrina,
considerando o valor de uso atribuído pelas pessoas que utilizam os recursos
naturais, o valor de opção onde se relaciona o risco da perda dos benefícios que o
ambiente proporciona às presentes e futuras gerações e, por fim, o valor de
existência dentro de uma dimensão ética pelas qualidades que o meio ambiente
oferece, ainda que estas não possuam valor atual ou futuro (LEITE & PILATI, 2006).
Visando diminuir o impacto causado pela degradação à natureza e à comunidade
prejudicada, o montante pago deve ser destinado ao local afetado. É uma
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indenização revertida ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos. Neste sentido, o
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul:
APELAÇÃO CIVEL. DIREITO PUBLICO. AÇÃO CIVIL PUBLICA. DANO AMBIENTAL. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 4º DO ART. 16 DA LEI 4771/65 E DA MP 2166-67/01. INOCORRENCIA. AREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE QUEIMADA E CULTIVADA. OBRIGAÇÃO DE RECUPERAÇÃO DA AREA DEGRADADA. OBRIGAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DE DEGRADAÇÃO IRRECUPERÁVEL. MULTA. CABIMENTO. A alegação de que a reserva legal imposta na lei n. 4.771/65 ofende a constituição, porque torna inviável a exploração econômica da propriedade exige prova. A tão só previsão de restrição administrativa à propriedade não conduz necessariamente à inviabilidade de sua exploração, notadamente quando a restrição abrange 20% da área definida como de preservação e esta ocupa apenas parte da propriedade do recorrente. Comprovado, por meio de perícia, que na área de preservação permanente foram cavados valor e realizado o cultivo agrícola, está demonstrado o dano e caracterizado o dever de recuperá-lo. A sentença que impõe ao autor do dano a obrigação de recuperar a área degradada por meio do REPLANTIO OU DA REALIZAÇÃO DE AÇÕES DE COMPENSAÇÃO refere-se, naturalmente, aos danos existentes, e corretamente atribui ao autor do dano os ônus da elaboração de projeto de recuperação. O fato de o autor recorrente espontaneamente recuperar parte dos danos causados não inibe a aplicação da multa, porque sua consciência ambiental não foi suficiente para conduzi-lo à obediência da lei. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível nº 70034880823, Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Denise Oliveira Cezar, Julgado em 23/02/2011) (grifo nosso)
A indenização pecuniária é uma espécie de compensação ambiental de forma a
contrabalancear um dano ambiental causado e, neste caso, consiste no pagamento
em dinheiro ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos conforme prevê o artigo 13 da
Lei 7.347/8523. Os recursos deverão ser aplicados em bens, projetos e atividades
relacionadas aos direitos difusos em geral. No que tange à aplicação dos recursos, a
Lei 9.008/9524 traz no artigo 1º parágrafo 3º25 a devida regulamentação. (BECHARA,
2009).
23
Artigo 13 da Lei 7.347/85: Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados. 24
Cria, na estrutura organizacional do Ministério da Justiça, o Conselho Federal de que trata o artigo 13 da lei 7.347, de 24 de julho de 1985, altera os artigos 4, 39, 82, 91 e 98 da lei 8.078, de 11 de setembro de 1990, e da outras providencias. 25
Artigo 1º da lei 9.008/95: Fica criado, no âmbito da estrutura organizacional do Ministério da Justiça, o Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa de Direitos Difusos (CFDD). § 3º Os recursos arrecadados pelo FDD serão aplicados na recuperação de bens, na promoção de eventos educativos, científicos e na edição de material informativo especificamente relacionados com a natureza da infração ou do dano causado, bem como na modernização administrativa dos órgãos públicos responsáveis pela execução das políticas relativas às áreas mencionadas no § 1º deste artigo.
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Notamos que, com esta forma de recuperação do dano ambiental, não há uma real
efetividade na reparação do dano, tendo em vista que há um desacordo com o fim a
que se propõem as formas de reparação do dano ambiental, ou seja, de
restabelecimento do equilíbrio ecológico. Como não há uma hierarquia entre as
formas de reparação do dano ambiental, a possibilidade da aplicação desta medida
por vezes é feita de forma desenfreada, porém é a medida que mais faz o agente
causador do dano se sentir responsabilizado, uma vez que este terá que
desembolsar quantia em dinheiro para recuperar o que causou.
Conforme decisão exarada recentemente pelo Tribunal de Justiça gaúcho, a
indenização pecuniária deve refletir sobre o patrimônio do agente causador do dano
no momento em que lhe imputa a sanção indenizatória, sendo efetiva a medida
aplicada, senão vejamos:
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. INSTALAÇÃO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO A CÉU ABERTO. CORSAN. RESPONSABILIDADE OBJETIVA POR VIOLAÇÃO DE NORMAS SANITÁRIAS. MAU CHEIRO. CONDIÇÕES INSALÚBRES. DANO MORAL AMBIENTAL INDIVIDUAL. CONFIGURAÇÃO. MAJORAÇÃO. HONORÁRIOS. MANUTENÇÃO. - PRESCRIÇÃO - INOCORRÊNCIA A pretensão de reparação civil prescreve em 3 (três) anos contados do ato ilícito, nos termos dos artigos 189 e 206, §3º, V, ambos do Código Civil. Caso em que não restou configurada a implementação do prazo prescricional. - SERVIÇO PÚBLICO E DIREITO SUBJETIVO AO SANEAMENTO BÁSICO - O direito público subjetivo ao saneamento básico decorre do próprio direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e do direito à saúde. Compreensão dos artigos 196 e 225 da Constituição Federal. A Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/90) disciplina a saúde como direito fundamental, impondo ao Poder Público, incluídas ai as concessionárias de serviços públicos, o dever de redução de riscos de doenças e outros agravos, decorrentes da prestação do serviço. Ações destinadas a garantir às pessoas condições de bem-estar físico, mental e social. Conceito de cidade sustentável (Lei 10.257/01) relacionado com o direito ao saneamento ambiental e à infra-estrutura urbana. - RESPONSABILIDADE CIVIL DAS CONCESSIONÁRIAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE SANEAMENTO - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Aplicação do artigo 37, §6º, da CF. Incidência dos artigos 14 e 22 do CDC. O dano ambiental individual caracteriza-se quando o interessado tem por finalidade direta a tutela de proteger a lesão ao patrimônio e demais valores as pessoas e, de forma mediata e incidental, o meio ambiente da coletividade. Lei 6.938/81. Arts. 2º, 3º e 14, §1º. - ATO ILÍCITO E DANO AMBIENTALINDIVIDUAL - A prova dos autos revelou que a empresa de saneamento não está prestando adequadamente o serviço público de tratamento de água no bairro Parque Marinha da cidade de Rio Grande. Dano consistente na sujeição dos moradores da área a uma série de transtornos, a exemplo do mau cheiro, insetos e exposição a condições insalubres. Dano moral individual relaciona-se com todo prejuízo não-
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patrimonial ocasionado ao indivíduo, em virtude de lesão ao meio ambiente. - QUANTIFICAÇÃO DO DANO MORAL - O valor a ser arbitrado a título de indenização por danos morais deve refletir sobre o patrimônio da ofensora, a fim de que sinta, efetivamente, a resposta da ordem jurídica ao resultado lesivo produzido, sem, contudo, conferir enriquecimento ilícito ao ofendido. Majoração do quantum fixado na sentença. APELO DOS AUTORES PROVIDO. APELO DA RÉ DESPROVIDO. (Apelação Cível Nº 70039253893, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Leonel Pires Ohlweiler, Julgado em 27/04/2011) (grifo nosso)
Nesse caso, o patrimônio da ofensora pagará pelo dano por ela causado, ocorrendo,
então, a efetividade da forma de reparação trazida pelo ordenamento jurídico no
intuito de dissuadi-la a não mais degradar o meio ambiente. No caso, para o meio
ambiente propriamente dito, não haverá recuperação de dano, uma vez que esta
indenização acabará por servir à coletividade, como autoriza a Lei 9.008/95, na
promoção de eventos educativos, científicos, na edição de material informativo
especificamente relacionado com a natureza da infração ou do dano causado, como
na modernização administrativa dos órgãos públicos, dentre outros.
Observamos que, como o Direito Ambiental é peculiar, não permite uniformidade
sequer jurisprudencial. A indenização pecuniária se mostra sem eficácia para o meio
ambiente, pois não há a reconstituição imediata do bem lesado. Será simplesmente
aplicada uma medida reparadora de um dano ambiental sem eficácia ao meio
ambiente. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região também já se manifestou a
respeito da não eficácia da imposição pecuniária em relação à recuperação do bem
como podemos observar:
ANULATÓRIA DE MULTA AMBIENTAL. CONDENAÇÃO. SENTENÇA EXTRA PETITA. O direito à saúde e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado são direitos fundamentais subjetivos do cidadão, amparado juridicamente a obter sua efetividade. Do contexto fático probatório havido, não há dúvidas de que as árvores cortadas eram nativas. Dessa forma, firmo a convicção da ocorrência do dano ambiental e, por via de consequência, da responsabilidade civil ambiental, posto que incontroverso nos autos a ação comissiva (supressão de vegetação ameaçada de extinção) e o nexo de causa entre a ação e o resultado danoso ao meio ambiente natural. Pela própria natureza do bem tutelado pelas normas punitivas da Lei nº 9.605/98, mostra-se muito mais proveitoso e recomendável a imposição ao infrator de MEDIDAS DE MELHORIA E RECUPERAÇÃO DO MEIO AMBIENTE, AO INVÉS DE SIMPLES APLICAÇÃO DE PENALIDADE PECUNIÁRIA, A QUAL, AO FIM E AO CABO, SEQUER É REVERTIDA EM SUA INTEGRALIDADE PARA MEDIDAS DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL. Acolhida alegação de sentença extra petita quando essa condena o réu além do que foi requerido da petição inicial, violando o princípio da congruência. (TRF4, AC 5000510-
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22.2010.404.7212, Terceira Turma, Relatora p/ Acórdão Maria Lúcia Luz Leiria, D.E. 12/08/2011) (grifo nosso)
Muito embora a indenização pecuniária seja uma forma de reparação que
efetivamente responsabiliza o agente causador do dano, pois o faz pagar pelo
prejuízo que causou a um bem difuso, esta não pode ser desproporcional, de modo
que onere o imputado como corrobora prudentemente o Tribunal gaúcho em decisão
que segue:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE. DERRUBADA DE ESPÉCIES NATIVAS. DANO AMBIENTAL. CONDENAÇÃO EM DINHEIRO. AUSÊNCIA DE PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. O meio ambiente ecologicamente equilibrado é direito de todos, protegido pela Constituição Federal, cujo art. 225 o considera bem de uso comum do povo. A legislação estadual contempla a proteção de todas as formas de vegetação natural, vedando o corte e a destruição, sem autorização do órgão ambiental (art. 6.º da Lei n. 9.519/92). A prova documental revela derrubada de árvores, sujeitando o arrendatário do imóvel à reparação do dano ambiental. Arbitramento do valor da condenação em dinheiro que se mostra desproporcional e desarrazoado, considerando a extensão do dano, já tendo sido penalizado o réu, com multa, na fase administrativa. Exclusão da condenação em dinheiro. Apelação provida parcialmente. (Apelação Cível Nº 70042369330, Vigésima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco Aurélio Heinz, Julgado em 15/06/2011) (grifo nosso).
O julgador, ao perceber que o agente causador do dano já teve a medida adequada
aplicada, poderá, inclusive, tornar sem efeito a aplicação desta forma de reparação,
para não onerar o agente causador do dano.
Conclusão
Verificamos que a responsabilidade civil se amolda a diversos ramos do direito,
sendo perfeitamente aplicável ao Direito Ambiental. Hoje, quem causar dano ao
meio ambiente responde, independentemente de culpa, pelo que causou, ou seja, a
responsabilidade civil é objetiva ao agente causador do dano ambiental.
Quando falamos em dano ambiental, constatamos que a lei não traz expressamente
um conceito de dano, mas que a doutrina supre este ponto e refere que ele se
mostra como uma lesão ao bem juridicamente tutelado. Uma vez constatado o dano
ambiental, deverá ser procedida sua reparação. O ordenamento jurídico brasileiro
prevê as formas de reparação do dano ambiental, cujo objetivo principal é a
reparação do dano de forma integral. Verificamos que o objetivo trazido pela
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doutrina é o ideal, mas nem sempre possível, dada a característica do dano
causado.
A reparação natural do dano visa ao restabelecimento do status quo ante do bem
lesado. Constatamos pela jurisprudência que esta forma de reparação não é
aplicada sozinha, cumulativamente é aplicada uma indenização pecuniária para
suprir o que não foi abrangido pela reparação natural do local.
Na compensação ecológica, a recuperação não é feita no mesmo local do dano.
Deverá ser eleita outra área, mas o escopo deve ser o mesmo, ou seja, a
recuperação da capacidade funcional do ecossistema lesado.
A indenização pecuniária é uma forma de reparação subsidiária. Esta forma de
reparação gera controvérsias, pois pode ser considerada a forma de reparação que
efetivamente sanciona o agente causador do dano, uma vez que este desembolsará
quantia em dinheiro para reparar, consertar, equilibrar o prejuízo que causou ao
meio ambiente. Salientamos que o meio ambiente não pode ser avaliado como um
bem particular por ser um bem de natureza difusa, direito e dever de todos. Através
desta forma de reparação, o local afetado não será recuperado e o valor pago ao
Fundo de Defesa dos Direitos Difusos deverá ser revertido ao meio ambiente.
Em relação às hipóteses formuladas, confirmou-se a hipótese de que a evolução da
responsabilidade civil de subjetiva para objetiva garante a responsabilização do
agente causador do dano ambiental ecológico e salvaguarda o Direito Ambiental,
pois não há a discussão da culpa do agente o que demandaria muito tempo para ser
verificado, o que descaracterizaria, por vezes, a ocorrência do próprio dano.
A hipótese de que as formas de reparação do dano ambiental ecológico são
instrumentos jurídicos de efetividade da responsabilidade civil objetiva também foi
confirmada, pois as formas de reparação que analisamos neste estudo imputaram
ao agente causador do dano uma obrigação de repará-lo, obrigação esta em caráter
pedagógico, coercitivo, dissuatório. Tal imputação foi constatada em todas as
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decisões exaradas na pesquisa jurisprudencial. O agente que sofreu a sanção foi de
fato responsabilizado.
Por outro lado, não foi possível verificar que o consequente restabelecimento
ecológico e a preservação ambiental de fato ocorreram, uma vez que, quando há um
dano ao meio ambiente, este é considerado irreparável para a grande maioria
doutrinária e jurisprudencial.
Nos casos analisados ao longo do estudo, as formas de reparação aplicadas pelos
juízes e desembargadores foram as cabíveis em lei, contudo, por não haver um
órgão que acompanha a execução das medidas, o Poder Judiciário acaba não tendo
conhecimento de que a ordem judicial foi cumprida. Em nenhuma condenação de 1º
e 2º graus de jurisdição, continha a exigência de acompanhamento na execução da
medida imposta ao agente causador, o que fragiliza duplamente a recuperação do
meio ambiente em si, primeiro em razão da natural irreparabilidade do dano e o
possível não cumprimento total da sanção imposta ao agente.
Para que realmente funcione todo o sistema de proteção ambiental, seria
imprescindível a fiscalização em relação ao cumprimento da medida imputada ao
agente para que haja efetividade ao meio ambiente, bem como a devolução ao
Poder Judiciário das informações sobre o cumprimento da ordem judicial, até mesmo
para que se possa responsabilizar em outras esferas.
Muitas pesquisas ainda podem contribuir com a análise deste tema, até porque a
preocupação com o meio ambiente equilibrado é mundial, campanhas diárias são
feitas em prol da preservação, mas só terão eficácia no momento em que cada ser
humano cumprir com sua parte e, principalmente, tiver consciência de que ele é um
bem difuso, um direito e dever de todos e para todos.
Apostamos que, com a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, a Rio+20, que reunirá pessoas de todo o mundo, incluindo grandes
líderes dos Estados que compõem a ONU, pense-se em novos mecanismos e novas
propostas sobre como transformar o planeta em um lugar melhor para todos nós e,
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quem sabe, não surjam novas possibilidades na análise da responsabilização por
danos ambientais.
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