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SILVA, Queila Ramos da; CAVALCANTI, Juliano Luis. A concessão do serviço público. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 3, n.3, p. 1257-1277, 3º Trimestre de 2012. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044
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A CONCESSÃO DO SERVIÇO PÚBLICO
Queila Ramos da Silva1 Juliano Luis Cavalcanti2
SUMÁRIO
Introdução; 1 Serviços Públicos; 1.1 Princípios gerais que regem a Administração Pública; 1.2 Princípios aplicáveis aos Serviços Públicos; 1.3 Classificação dos Serviços Públicos; 1.4 Formas de prestação dos Serviços Públicos; 2 Modalidades de Concessão; 2.1 As modalidades de licitação; 2.2 Concorrência; 2.3 Tomada de Preços; 2.4 Convite; 2.5 Concurso; 2.6 Leilão; 2.7 Pregão; Considerações finais; Referência das fontes citadas.
RESUMO
O presente trabalho consiste na analise dos serviços prestados pela Administração
Pública, bem como a possibilidade desses serviços serem realizados por meio de
empresas concessionárias. Para melhor entendimento do estudo, o primeiro item do
desenvolvimento abordou questões gerais dos Serviços Públicos, explicando ainda
os princípios que regem a Administração Pública. Princípios estes inseridos no artigo
37 da CRFB/88, bem como os princípios da continuidade, igualdade e mutabilidade,
entre outros. Por fim, o estudo aborda as modalidades de concessão, especificando
os aspectos da licitação, obrigatória para a contração de obras, serviços, compras e
alienações, quais sejam: concorrência, tomada de preços, convite, concurso, leilão e
pregão.
Palavras-chave: Administração pública. Licitação. Serviços públicos.
INTRODUÇÃO
O presente artigo científico busca um entendimento a cerca da execução
dos Serviços Públicos por empresa concessionária. Tendo como problema a ser
apurado, qual o procedimento indicado?
1 Acadêmica do Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí – Univali. Auxiliar Jurídica de escritório de
advocacia em Balneário Camboriú, email: queilaid@hotmail.com 2 Professor do Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí. Mestre em Ciência Jurídica. Advogado Sócio do Escritório Cavalcanti Advogados Associados, autor da obra CPI A Comissão Parlamentar de Inquérito do Âmbito do Legislativo Municipal, Leme: JH Mizuno, 2006. email: Juliano@cavalcantiadvogados.adv.br .
SILVA, Queila Ramos da; CAVALCANTI, Juliano Luis. A concessão do serviço público. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 3, n.3, p. 1257-1277, 3º Trimestre de 2012. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044
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Como hipótese foi levantado a possibilidade da concessão do serviço
público, dar-se por meio de procedimento licitatório, na modalidade concorrência.
A pesquisa foi desenvolvida no âmbito do Direito Administrativo, cujo ponto
central para o deslinde da quaestio é analisar os princípios gerais que regem a
Administração Pública, bem como os princípios que o norteiam. Com intuito de
classificar as atividades que se enquadram como Serviço Público, e sua forma de
prestação.
Visto isso, foi analisado a modalidade de concessão prevista no artigo 37,
inciso XXI da Constituição Federal – CFRB/88, assim como a Lei n.º 8.666/93, na
qual estabelece os princípios que regem o certame em foco.
1 SERVIÇOS PÚBLICOS
A noção de serviço público foi introduzida no Direito Administrativo pela
Escola do Serviço Público, também chamada Escola de Bordeaux, sob o patrocínio
dos teóricos de Léon Duguit e Jèze, partindo da premissa de que o Estado tem
como primeira função a prestação de serviços tendentes a garantir comodidade e
utilidade aos administrados. Seguindo essa linha, Serviços Públicos são as
atividades indispensáveis à interdependência social, de tal modo que não poderiam
ser prestados senão com a intervenção da força governante.3
Para Medauar4, o conceito proposto pela escola francesa mostra-se lato
sensu, uma vez que engloba a atividade jurídica (poder de polícia), a atividade
material (serviço público) e a atividade econômica. Com a expansão da execução
dos Serviços Públicos por particulares, buscou-se a readequação do conceito
francês, atribuindo o serviço público à Administração Pública.
Nessa esteira, Gasparini assevera que “[...] todas as atividades da
Administração Pública, destinadas ao oferecimento de comodidades e utilidades
com essas características, constituem serviços públicos” 5.
3 MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 11 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 313. 4 MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. p. 313. 5 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 294.
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Os Serviços Públicos são variáveis conforme as necessidades e
contingências políticas, econômicas, sociais e culturais de cada comunidade, em
cada momento histórico, Gasparini propõe sua definição em observância dos
enfoques material, subjetivo e formal, senão veja-se:
Em sentido orgânico, também chamado subjetivo, o serviço público é um complexo de órgãos, agentes e recursos da Administração Pública, destinados à satisfação das necessidades dos administrados. [...] Em sentido material, também designado objetivo, o serviço público é uma função, uma tarefa, uma atividade da Administração Pública, destinadas a satisfazer necessidades de interesse geral dos administrados. Em sentido formal, serviço público é a atividade desempenhada por alguém (Poder Público ou seus delegados), sob regras exorbitantes do Direito Comum, para satisfação dos interesses dos administrados. É a submissão de certa atividade a um regime de Direito Público. 6
Por sua vez, Meirelles acompanha o entendimento supramencionado no que
tange à classificação orgânica, formal e material dos Serviços Públicos, expondo em
sua obra:
Serviço público é todo aquele prestado pela administração ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade ou simples conveniências do Estado. 7
Nessa linha, finaliza Bandeira de Mello que a noção de Serviço Público é
composta necessariamente de dois elementos, da seguinte forma:
[...] substrato material, consistente na prestação de utilidade ou comodidade fruível singularmente pelos administrados; o outro, traço formal indispensável, que lhe dá justamente caráter de noção jurídica, consistente em um específico regime de Direito Público, isto é, numa “unidade normativa”. 8
Muito embora Mello não expresse, outra característica a ser observada são
os interesses que o Estado definir como próprios no sistema normativo, que irão
erigir ou não, em Serviço Público tal ou qual atividade, respeitando os limites
constitucionais.
6 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. p. 295. 7 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 32 ed. São Paulo: Malheiros, 2006. p. 329. 8 MELLO, Celso Antônio Bandeira. Curso de Direito Administrativo. p. 665.
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Portanto, pode-se definir Serviço Público como sendo toda e qualquer
atividade prestada pelo Estado, direta ou indiretamente, sob o regime de direito
público, que tem por objetivo oferecer utilidades e comodidades à coletividade. Esta
atribuição inerente à Administração Pública, deve zelar sempre pelo bem-estar dos
administrados, prestando-lhes Serviços Públicos essenciais e ou de utilidade
pública.
Mister se faz ressaltar o exposto por Braz9, no tocante à evolução dos
Serviços Públicos, senão veja-se:
[...] como as necessidades essenciais ou secundárias da coletividade se diversificam com o desenvolvimento das próprias atividades comunitárias, o conceito de serviço público tende a evolucionar com o tempo. Impende, contudo, à norma legal a escolha ou a definição das atividades que possam ser consideradas como serviço público.
Cabe destacar que, tradicionalmente, algumas atividades fazem parte do
chamado “núcleo pacífico dos Serviços Públicos”, conhecidos como serviços
essenciais, indispensáveis para a vida, para manutenção do Estado, quais sejam:
água, luz, iluminação pública, coleta de lixo, limpeza de ruas e correio10.
Uma vez caracterizada como Serviço Público, a atividade deve observar os
preceitos norteadores dos Serviços Públicos, adiante expendidos.
1.1 Princípios gerais que regem a Administração Pública
Os princípios, em conjunto com as regras, baseiam o Direito Administrativo,
dando-o maior abstração, ante à possibilidade de interpretação de sua máxima ao
caso concreto. Ademais, são a base, a idéia fundamental do sistema e seus
limites.11
Todas as ações do Direito Administrativo são regidas pelos princípios
basilares da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência,
inseridos na CRFB/88, em seu artigo 37, dentre outras proposições aplicáveis.
9 BRAZ, Petrônio. Manual de Direito Administrativo. p. 433. 10 MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. p. 314. 11 ZIMMER JUNIOR, Aloísio. Curso de Direito Administrativo. 3 ed. São Paulo: Método, 2009. p. 44.
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No que tange ao princípio da legalidade, pode ser traduzido como a sujeição
da Administração Pública aos preceitos legais. Tal conceituação não se dá de forma
simplista como aparenta, mas contém questões relevantes de aplicação prática. A
Medauar12, assevera:
Tornaram-se clássicos os quatro significados arrolados pelo francês Eisemmann: a) a Administração pode realizar todos os atos e medidas que não sejam contrárias à lei; b) a Administração só pode editar atos ou medidas que uma norma autoriza; c) somente são permitidos atos cujo conteúdo seja conforme a um esquema abstrato fixado por norma legislativa; d) a Administração só pode realizar atos ou medidas que a lei ordena fazer.
Por sua vez, o princípio da impessoalidade é interpretado na doutrina pátria
de várias formas, expressando a igualdade e a isonomia quando “[...] a atividade
administrativa deve ser destinada a todos os administrados, dirigida aos cidadãos
em geral, sem determinação de pessoa ou discriminação de qualquer natureza”13,
ou, ainda, vinculando-o ao princípio da finalidade, “[...] a qual impõe ao administrador
público que só pratique o ato para o seu fim legal”.14
O princípio da moralidade administrativa é de difícil expressão verbal, muitas
vezes ligada à lisura e fins de interesse público, pressuposto de validade da
atividade pública. Segundo depreende-se da obra de Meirelles15, este princípio está
ligado ao conceito do bom administrador, que age em observância aos preceitos
vigentes e pela moral comum. A inobservância deste princípio, com atos de
improbidade administrativa, fere preceitos legais pátrios, cabendo a respectiva
sanção.
O princípio de publicidade está ligado à validade e a eficácia dos atos
administrativos, eis que estes somente terão validade mediante a sua divulgação
pública, para conhecimento dos administrados. Assim, é obrigatória a publicação de
atos, contratos e outros instrumentos celebrados, pois pública é a Administração que
os pratica, ressalvados os casos de sigilo previstos em lei, nos termos do art. 5º,
XXXII da CRFB/88.16
12 MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. p. 122. 13 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. p. 9. 14 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. p. 92 15 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. p. 90. 16 ZIMMER JUNIOR, Aloisio. Curso de Direito Administrativo. p. 132-133.
SILVA, Queila Ramos da; CAVALCANTI, Juliano Luis. A concessão do serviço público. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 3, n.3, p. 1257-1277, 3º Trimestre de 2012. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044
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Encerrando o rol dos princípios elencados no caput do art. 37 da CRFB/88,
tem-se o princípio da eficiência, vinculado à idéia de ação, rápida e precisa,
produzindo resultados adequados à população quando na prestação de serviços.
Assevera Medauar17 que “[...] eficiência contrapõe-se a lentidão, descaso, a
negligência, a omissão”. Prossegue a doutrinadora, que o princípio da eficiência
deve ser observado conjuntamente aos demais princípios impostos à Administração
Pública, não sobrepondo nenhum deles, principalmente o princípio da legalidade.
Igualmente, a Administração Pública obedece preceitos implícitos no próprio
conceito de Estado, tais como a supremacia do interesse público, razoabilidade,
proporcionalidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica e motivação. A
observância desses sustentáculos é crucial à atividade pública, como bem diz
Meirelles18: “[...] renegá-los é desvirtuar a gestão dos negócios públicos e olvidar o
que há de mais elementar para a boa guarda e zelo dos interesses sociais”.
1.2 Princípios aplicáveis aos Serviços Públicos
Os Serviços Públicos são norteados pelos princípios da continuidade,
igualdade e da mutabilidade, cujo principal alvo é o interesse dos usuários.19
Por sua vez, a Lei 8.987/9520, no artigo 6º, determina que os Serviços
Públicos prestados sob o regime de Concessão ou Permissão, devem ser efetuados
de maneira adequada, a qual se entende como aquele que satisfaz as condições de
regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia
na sua prestação e modicidade das tarifas.
Primeiramente, tem-se o princípio da continuidade, também denominado
permanência, que é a impossibilidade da interrupção da prestação de um Serviço
Público, exceto nos casos previstos em lei.
17 MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. p. 127. 18 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. p. 87. 19 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 497 20 BRASIL. Lei Nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995 e alterações posteriores. Dispõe sobre o regime de
concessão e permissão da prestação de serviços públicos. Disponível em: <http//www.planalto.gov.br>. Acesso em: 28 abr. 2012.
SILVA, Queila Ramos da; CAVALCANTI, Juliano Luis. A concessão do serviço público. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 3, n.3, p. 1257-1277, 3º Trimestre de 2012. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044
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A aplicação deste preceito influencia diretamente nos contratos
administrativos - quanto à imposição de prazos, aplicação da teoria da imprevisão -,
e no regime dos servidores – no que se refere aos institutos da substituição,
suplência e delegação, e na permanência por prazo determinado quando do pedido
de exoneração -, bem como ao direito de greve, exercido nos termos de lei
regulamentadora21.
Com relação ao princípio da igualdade, ou generalidade, na qual impera a
concepção de que a prestação dos Serviços Públicos está à disposição de todos
que dele necessitem, sem distinção. No entendimento de Medauar22, daí pode-se
afirmar que a finalidade do serviço público não é a obtenção de lucro, podendo
suportar déficit.
Aqui, convêm destacar a subdivisão proposta por Justen Filho23 ao tratar a
igualdade, qual seja, em universalidade e neutralidade. Em sua opinião, a
universalidade é a prestação dos serviços aos usuários em situação equivalente
(aceitando a discriminação embasada em critérios adequados), e a neutralidade
consiste na vedação da prestação dos serviços em critérios individuais, como
privilégios fundados em sexo, raça, credo religioso, exceto quando tal circunstância
requerer a discriminação.
Por sua vez, o princípio da mutabilidade, consoante delineamento de Di
Pietro24, é a norma que autoriza a adaptação da prestação dos serviços às
necessidades e exigências que surgirem como produto da evolução social e
tecnológica, alterando o regime de execução desses serviços visando harmonizá-los
ao interesse público, cuja aplicação mais usual é a modificação unilateral do contrato
administrativo. Propõe, ainda, que:
Em decorrência disso, nem os servidores públicos, nem os usuários dos serviços públicos, nem os contratados pela Administração têm direito adquirido à manutenção de determinado regime jurídico; o estatuto dos
21 BRASIL, Lei Nº 7.783, de 28 de junho de 1989. Dispõe sobre o exercício do direito de greve, define as
atividades essenciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, e dá outras providências. Disponível em: <http//www.planalto.gov.br>. Acesso em: 28 abr. 2012.
22 MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. p. 316. 23 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. p. 499. 24 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. p. 108.
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funcionários pode ser alterado, os contratos também podem ser alterados ou mesmo rescindidos unilateralmente para atender ao interesse público.
A cortesia, tratada na Lei n.º 8.987/95, é a exigência de um tratamento
urbano por parte de quem presta um serviço público. É dever de quem presta o
serviço e um direito de quem o recebe.
Por fim, a modicidade tarifária, é a imposição de taxas ou tarifas justas,
pagas pelos usuários, em vista dos custos necessários para a oferta do serviço. Na
lição de Gasparini25 “[...] os Serviços Públicos não devem ser prestados com lucros
ou prejuízos, mas mediante retribuição que viabilize esses interesses”.
Cumpre mencionar que a CRFB/88 garante a gratuidade na prestação de
alguns serviços, como a gratuidade do ensino fundamental e do transporte coletivo
urbano aos maiores de 65 anos (artigos 208, I e 230 da CRFB/88).
Há uma gama de princípios que refletem a integração do usuário no âmbito
do regime dos Serviços Públicos, ampliando seu rol conforme as necessidades.
Além dos aqui citados, ressalta-se o princípio da adequação do serviço, impondo
prestar o melhor serviço, a transparência e participação do usuário, a ausência de
gratuidade, entre outros.
1.3 Classificação dos Serviços Públicos
Dentre as diversas atividades que se enquadram como Serviço Público, as
doutrinas pátrias adotaram diversos critérios para classificá-los, dos quais alguns
destacam-se a seguir.
No entendimento de Gasparini26, os Serviços Públicos podem ser
classificados conforme a entidade a quem foram atribuídos, a essencialidade, os
usuários, a obrigatoriedade da utilização e a execução.
Nesse norte, destaca que quanto à entidade a quem foram atribuídos, os
Serviços Públicos podem ser: federais, estaduais, distritais e municipais. Os serviços
são regulados, controlados e executados por essas entidades ou por quem lhe faça
às vezes.
25 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. p. 305. 26 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 299-301.
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Para ilustrar tal preposição, a CRFB/88 traz em seu texto as seguintes
atribuições:
Art. 21. Compete à União:
[...]
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais;
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
[...]
E ainda:
Art. 30. Compete aos Municípios:
[...]
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
[...]
Continua Gasparini27, no tocante à essencialidade, que os serviços podem
ser essenciais e não-essenciais. Consideram-se essenciais os que assim são
definidos por lei ou por sua natureza são considerados de necessidade pública, cuja
execução é privativa da Administração Pública, por exemplo, os Serviços de
Limpeza Urbana, definidos no art. 2º da Lei. 9.074/9528. Consequentemente, os
27 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 299-301. 28 BRASIL. Lei Nº 9.074, de 07 de julho de 1995 e alterações posteriores. Estabelece normas para outorga e
prorrogações das concessões e permissões de serviços públicos e dá outras providências. Disponível em: <http//www.planalto.gov.br>. Acesso em: 28 abr. 2012.
SILVA, Queila Ramos da; CAVALCANTI, Juliano Luis. A concessão do serviço público. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 3, n.3, p. 1257-1277, 3º Trimestre de 2012. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044
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serviços não-essenciais são os de utilidade pública, e sua execução pode ser
efetuada por particulares, como é o caso dos serviços funerários.
Bastos29 com propriedade elabora a distinção entre os Serviços Públicos
essenciais e Serviços Públicos secundários sem confundi-los com as funções
imanentes e ínsitas ao próprio Estado:
De fato, pode-se constatar que algumas atividades entendidas como serviços públicos envolvem o exercício de prerrogativas tão próprias do Poder Público que seria mesmo impensável considerar a sua prestação por particulares. No nosso entender, no entanto, as atividades assim insuscetíveis de prestação por particulares, por poderem comprometer a própria soberania e a supremacia do Estado, nem serviços públicos devem ser consideradas pois estas, algumas vezes, são na verdade atributos de outro Poder do Estado, como é o caso da justiça, que alguns autores têm por serviço público. Na verdade, a justiça é uma das funções básicas do Estado, não um serviço público. [...] De qualquer sorte, é preciso reconhecer-se que alguns autores consideram serviço público essencial aquelas atividades configuradoras de situações intimamente presas ao Estado e ao exercício de atributos próprios da soberania, e não-essenciais ou secundários aqueles serviços públicos que, não obstante o interesse coletivo, não reúnam a condição de serem de satisfação absolutamente necessária.
Concernente à classificação quando aos usuários, ainda no entendimento do
doutrinador, os serviços podem ser gerais ou específicos. Os serviços gerais,
conhecidos como indivisíveis ou ainda uti universi, são prestados visando toda a
coletividade, sem objetivar utentes determinados. Tais serviços são usufruídos
indiretamente pelos indivíduos, de forma genérica, o que impossibilita individualizar,
mensurar, o quantum do serviço foi absorvido pelo usuário30.
Por outro lado, há os serviços específicos, também chamados de divisíveis
ou uti singuli, cuja finalidade é a satisfação individual e direta das necessidades dos
cidadãos, para a satisfação de usuários certos31.
Convém destacar que a distinção dos Serviços Públicos em uti singuli ou uti
universi, é essencial no que se refere à taxas e tarifas públicas, ante ao disposto no
art. 145, II da CRFB/88. Segundo consta da CRFB/88, as taxas tem caráter
contraprestacional, sendo devidas quando da utilização, efetiva ou potencial, de
29 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. 22 ed. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 158. 30 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. p. 158. 31 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. p. 158.
SILVA, Queila Ramos da; CAVALCANTI, Juliano Luis. A concessão do serviço público. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 3, n.3, p. 1257-1277, 3º Trimestre de 2012. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044
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Serviços Públicos Específicos e Divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua
disposição.
Ato contínuo, em razão da obrigatoriedade da utilização, os Serviços
Públicos uti singuli são classificados em compulsórios ou facultativos. São
compulsórios aqueles que impostos aos administrados, nas condições legalmente
estabelecidas, não podem ser interrompidos ante à inadimplência. Já os facultativos
são disponibilizados aos usuários, sem lhes condicionar a utilização, sendo
autorizada a interrupção em caso de falta de pagamento.
Por fim, Gasparini32 classifica os Serviços Públicos sob a forma de prestação
em execução direta e execução indireta. Quando os Serviços Públicos são
prestados diretamente pela Administração Pública, por seus órgãos e agentes,
diretamente aos usuários, são considerados de execução direta. Por sua vez, os
executados indiretamente são prestados por terceiros, sob controle estatal.
Meirelles33, além de corroborar com a classificação proposta por Gasparini,
complementa:
Levando-se em conta a essencialidade, a adequação, a finalidade e os destinatários dos serviços, podemos classificá-los em: públicos e de utilidade pública; próprios e impróprios do Estado; administrativos e industriais; “uti universi” e “uti singuli”.
Sustenta Meirelles34 que os Serviços Públicos propriamente ditos são os
prestados diretamente pela Administração Pública, por reconhecer seu caráter
essencial à coletividade, de tal modo que são privativos do Poder Público, sem
delegá-los. Já os serviços de utilidade pública são aqueles que a Administração
Pública, reconhecendo sua conveniência, podem ser prestados por terceiros, aqui
sendo os concessionários, permissionários ou autorizados, nas condições
estabelecidas pela Administração Pública.
1.4 Formas de prestação dos Serviços Públicos
32 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 299-301. 33 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. p. 330. 34 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. p. 330.
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Visando propiciar aos administrados a execução de Serviços Públicos
diversificados e de maior qualidade, a Administração Pública tem diferentes formas
de prestá-los. Sobre tal matéria, Meirelles35 assevera:
A prestação do serviço público ou de utilidade pública pode ser centralizada, descentralizada e desconcentrada, e sua execução, direta e indireta (não se confunde) com a Administração direta e indireta).
Desta feita, destaca o doutrinador: que centralizado é o serviço
prestado pelo Poder Público, por meio dos seus órgãos e sob sua responsabilidade,
sendo integrado, na agora denominada Administração Direta36.
Os serviços desconcentrados são aqueles considerados em que a
Administração Pública executa de forma centralizada, mas distribui a competência
internamente entre vários órgãos, visando a simplificação e aceleração do serviço.
Descentralizado é aquele serviço cuja titularidade e execução, ou somente
execução, foi atribuída pela Administração Pública a uma entidade distinta, mediante
outorga ou delegação. Distingue Meirelles37 sobre a distinção entre as espécies
outorga e delegação, que ora se faz necessária, destaca-se:
Há outorga quando o Estado cria uma entidade e a ela transfere, por lei, determinado serviço público ou de utilidade pública. Há delegação quando o Estado transfere, por contrato (concessão ou consórcio público) ou ato unilateral (permissão ou autorização), unicamente a execução do serviço, para que o delegado o preste ao público em seu nome e por sua conta em risco, nas condições regulamentares e sob controle estatal.
Seguindo o doutrinador, necessário se faz a distinção entre os serviços
descentralizados na espécie outorga e na modalidade delegação. Na outorga, há a
presunção de definitividade uma vez que os serviços são transferidos por lei e
somente por lei podem ser modificados ou retirados. Já a delegação, impera o
caráter de transitoriedade, haja vista que sua execução é transpassada por ato
administrativo (bilateral ou unilateral), com prazo certo para retornar ao delegante38.
Para a execução dos serviços descentralizados, na qual encontra-se os
Serviços Públicos, objeto do presente estudo, a Administração Pública celebra
35 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. p. 340. 36 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. p. 340. 37 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. p. 341. 38 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. p. 341.
SILVA, Queila Ramos da; CAVALCANTI, Juliano Luis. A concessão do serviço público. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 3, n.3, p. 1257-1277, 3º Trimestre de 2012. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044
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contratos administrativos, procedimento este que é antecedido pela realização de
procedimento licitatório, como se verá a seguir.
2 MODALIDADES DE CONCESSÃO
A Administração Pública para desempenhar suas funções, necessita de
modo direto ou indireto de adquirir bens, alienar coisas, conceder e permitir obras e
serviços, os quais não podem ser desenvolvidos senão mediante procedimento
formal, ou seja, por Licitação, nos limites impostos aos atos administrativos como um
todo.
A CRFB/88 assim versa acerca da necessidade de licitar:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
[...]
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações
Nesse ensejo, Meirelles39 salienta:
A licitação é o antecedente necessário do contrato administrativo; o contrato é o conseqüente lógico da licitação. A licitação é o procedimento administrativo preparatório do contrato; é condição para sua formalização. Pela licitação se seleciona a melhor proposta; pelo contrato se vinculam as partes para a consecução de seu objeto.
Com efeito, tem-se que a licitação é um procedimento administrativo interno
da Administração Pública para contratação de fornecedores de bens ou prestadores
de serviços, bem como à compra e venda de bens móveis e imóveis; sua real
conceituação é apresentada por Cretella Júnior40, que assim define:
Licitação, no Direito Público brasileiro atual, a partir de 1967, tem o sentido
preciso e técnico de procedimento administrativo preliminar complexo, a que recorre
a Administração quando, desejando celebrar contrato com o particular, referente a 39 MEIRELLES, Hely Lopes. Licitação e Contrato Administrativo. 14 ed. São Paulo: Malheiros, 2005. p. 26. 40 CRETELLA JÚNIOR, José. Das Licitações Públicas. 18. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 49.
SILVA, Queila Ramos da; CAVALCANTI, Juliano Luis. A concessão do serviço público. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 3, n.3, p. 1257-1277, 3º Trimestre de 2012. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044
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compras, vendas, obras, trabalhos ou serviços, seleciona, entre várias propostas, a
que melhor atende ao interesse público, baseando-se, para tanto em critério
objetivo, fixado em antemão, em edital, a que se deu ampla publicidade.
Definida a licitação, que engloba desde a autorização para a abertura do
processo até a adjudicação do objeto ao vencedor, há que se destacar a finalidade
do processo em comento, senão veja-se:
Assim, caso a licitação seja promovida por ente da Administração Pública, direta ou indireta, o elemento subjetivo se revelará como sendo o respeito ao caráter sócio-ideológico de compromisso da atividade administrativa com o interesse da coletividade, ou seja, a intenção de que pelo procedimento licitatório se alcance a satisfação da coletividade. Por sua vez, o elemento objetivo será identificar, homologar e adjudicar a empresa que melhor atenda às necessidades do ente promotor da licitação, com vistas à contratação. Cabe dizer que este elemento subjetivo no Direito Público não é facultativo, mas sim imperioso na medida em que resguardado pela Constituição e pelo resto do Ordenamento Jurídico Positivo.41
Isto posto, visando regulamentar o art. 37, XXI da CRFB/88, no tocante às
licitações, foi promulgada a Lei Nº 8.666, de 21 de junho de 199342, na qual
estabelece os princípios que regem o certame em foco. São garantidas ao
procedimento licitatório a isonomia e a seleção da proposta mais vantajosa para a
Administração, além dos princípios da legalidade, da impessoalidade, da
moralidade, da igualdade da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação
ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhe são correlatos.
Visto os princípios basilares do procedimento licitatório, cabe destacar as
modalidades de licitação existentes no Ordenamento Jurídico Brasileiro, quais
sejam: concorrência, tomada de preços, convite, concurso, leilão e pregão.
2.1 As modalidades de licitação
41 BERLOFFA, Ricardo Ribas da Costa. Manual de Licitações Públicas. Rio de Janeiro: América Jurídica,
2002. p. 7. 42 BRASIL, Lei Nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal,
institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Disponível em: <http//www.planalto.gov.br>. Acesso em: 28 abr. 2012.
SILVA, Queila Ramos da; CAVALCANTI, Juliano Luis. A concessão do serviço público. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 3, n.3, p. 1257-1277, 3º Trimestre de 2012. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044
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Para efeito didático, Berloffa43 divide as modalidades de licitação em dois
grupos: as gerais – concorrência, tomada de preços, convite e pregão -, e
específicas – concurso e leilão.
Como os próprios nomes já podem sugerir, ensina autor44 que o grupo das
modalidades gerais é aquele em que, independentemente de que modalidade se
escolha, poder-se-á contratar uma obra, serviço, um fornecimento ou uma alienação.
Doutra ponta, o grupo de modalidades específicas se prestam, individualmente,
cada modalidade, a um tipo de contratação.
Com o escopo de orientar o funcionário público na escolha da proposta mais
vantajosa dentre as apresentadas pelos licitantes, bem como conduzir os atos
destinados à contratação futura, as modalidades serão a seguir abordadas.
2.2 Concorrência
A primeira modalidade de licitação é a concorrência, prevista no artigo 22,
§1º da Lei 8.666/93, da qual poderão participar quaisquer interessados, convocados
com uma antecedência mínima de 30 (trinta) ou 45 (quarenta e cinco) dias da data
de entrega das propostas, em cuja fase inicial de habilitação preliminar comprovem
possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para a consecução
de seu objeto.
Utilizada, em geral, para contratos de grande valor, Meirelles45 destaca que
a utilização da modalidade concorrência torna-se obrigatória, independentemente do
valor do contrato, nas hipóteses estabelecidas no artigo 23, §3º, ou seja, na compra
de bens imóveis, nas alienações de bens imóveis para as quais não se haja adotado
a modalidade leilão, nas concessões de direito real de uso, nas licitações
internacionais, e quando o contrato a ser celebrado contemplar o regime de
empreitada integral.
43 BERLOFFA, Ricardo Ribas da Costa. Manual de Licitações Públicas. p. 63. 44 BERLOFFA, Ricardo Ribas da Costa. Manual de Licitações Públicas. p. 63.. 45 MEREILLES, Hely Lopes. Licitação e Contrato Administrativo. p. 79.
SILVA, Queila Ramos da; CAVALCANTI, Juliano Luis. A concessão do serviço público. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 3, n.3, p. 1257-1277, 3º Trimestre de 2012. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044
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Neste sentido o inciso II, do artigo 2° da Lei 8.987/9546, vem confirmar o que
foi explicado pelo doutrinador supra, senão vejamos:
II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado;
Tornando assim, a modalidade concorrência uma das mais utilizadas nos
procedimentos licitatórios.
2.3 Tomada de preços
A tomada de preços, conforme ensina Cretella Júnior47, é a modalidade de
licitação prevista no §2º do art. 22 da Lei 8.666/93, destinada aos interessados
devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para
cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas,
devendo- se levar em conta a necessária qualificação na fase de habilitação.
2.4 Convite
Por sua vez, Di Pietro48 expõe que convite é a modalidade de licitação
prevista no §3º do artigo 22 da lei supracitada, destinada ao número mínimo de três
interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e
convidados pela unidade administrativa, estendendo-o aos demais cadastrados na
correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de
até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.
Destaca, ainda, que a fim de evitar que o convite seja dirigido sempre aos
mesmos licitantes e seja respeitado o princípio da isonomia, o art. 22, em seu §6º,
prevê que existindo na praça mais de três possíveis interessados, a cada novo
convite, realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite a, no
46 BRASIL. Lei N° 8.987/95. Acesso em: 14 abr. 2012. 47 CRETELLA JÚNIOR, José. Das Licitações Públicas. 18 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 223. 48 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. p. 384.
SILVA, Queila Ramos da; CAVALCANTI, Juliano Luis. A concessão do serviço público. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 3, n.3, p. 1257-1277, 3º Trimestre de 2012. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044
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mínimo, mais um interessado, enquanto existirem cadastrados não convidados nas
últimas licitações49.
2.5 Concurso
A modalidade concurso é a modalidade de licitação, prevista no §4º do art.
22 da Lei das Licitações, destinada a trabalhos técnicos, artísticos ou científicos,
eminentemente de cunho intelectual, conforme critérios constantes do edital
publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de quarenta e cinco dias. É
uma espécie mais simples que a concorrência, já que dispensa as formalidades
específicas dessa.
Conclui Medauar50 que só será feita a entrega do prêmio pela Administração
se houver cessão dos direitos patrimoniais respectivos e se puder utilizar o trabalho
de acordo com o previsto no regulamento do concurso, nos termos do art. 111 da Lei
8.666/93.
2.6 Leilão
O leilão é a modalidade de licitação, com previsão legal no §5º do art. 22 e
no art. 53, utilizada para a venda de bens móveis e semoventes e, em casos
especiais, também de imóveis (art. 19, III da Lei 8.666/93).
Da obra de Meirelles51 extrai-se que a Administração Pública pode valer-se
de dois tipos de leilão: o comum, que só pode ser efetuado por um leiloeiro oficial se
houver, e é regulamentado por legislação federal pertinente, cujas condições de sua
realização poderão ser estabelecidas pelo órgão interessado; o leilão administrativo
é utilizado para a venda de mercadorias apreendidas como contrabando ou
abandonadas nas alfândegas, nos armazéns ferroviários ou nas repartições
públicas, cujas normas são também regulamentadas pela Administração Pública.
49 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. p. 384. 50 MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. p. 184. 51 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. p. 321.
SILVA, Queila Ramos da; CAVALCANTI, Juliano Luis. A concessão do serviço público. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 3, n.3, p. 1257-1277, 3º Trimestre de 2012. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044
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Salienta Meirelles52, ainda, que o leilão não é utilizável nas alienações que
dependam de contrato formal, vez que é um ato negocial instantâneo. De fato, em
tal modalidade, o bem é apregoado, os lances são verbais, a venda é feita à vista ou
em curto prazo e a entrega se processa de imediato.
2.7 Pregão
Por fim, o pregão é a mais nova modalidade de licitação, surgida com o
advento da Medida Provisória no 2.026, editada em 04 de maio de 2000, no âmbito
da União, e a Lei 10.520, de 17 de julho de 2002, estendida aos Estados, Distrito
Federal e Municípios53.
Destina-se à aquisição de bens e serviços comuns, qualquer que seja o
valor estimado para a contratação, ocorrendo durante a sessão, oferecimento de
propostas e lances em sessão pública, em que podem ser utilizados recursos da
tecnologia da informação, conforme regulamentação específica, constante do
Decreto 5.450, de 31 de maio de 2005.
Deverá ser designado um servidor, chamado de pregoeiro, para conduzir a
licitação, dispensando- se, portanto, a Comissão, necessária em todas as outras
modalidades.
Por fim, para realizar o procedimento licitatório, são observados uma série
de atos encadeados. Nessa esteira, para abordagem de tal matéria, seguir-se-á os
ensinamentos de Meirelles54, o qual divide o certame licitatório em fase interna e
fase externa.
A fase interna é composta dos procedimentos necessários para propor uma
licitação pela autoridade competente. Na fase externa, tem-se: a realização de
audiência pública; edital ou convite de convocação dos interessados; recebimento
52 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. p. 321. 53 MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. p. 185. 54 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. p. 287.
SILVA, Queila Ramos da; CAVALCANTI, Juliano Luis. A concessão do serviço público. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 3, n.3, p. 1257-1277, 3º Trimestre de 2012. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044
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da documentação e das propostas; habilitação dos licitantes; julgamento das
propostas; homologação; e, adjudicação55.
Em suma, os licitantes só poderão participar da fase seguinte após o
exaurimento desta e caso seja considerado apto na anterior. Caso não esteja apto a
continuar no certame, sendo devolvidos, poderá retirar os envelopes apresentados.
Na hipótese do partícipe desclassificado se insurgir quanto à decisão da Comissão,
poderá ele se utilizar da interposição do recurso cabível, só se passando à fase
posterior após a devida apreciação do mesmo, pois o recurso tem efeito suspensivo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo veio com a finalidade de analisar a prestação dos
Serviços Públicos por meio de empresas concessionárias, bem como classificar as
modalidades de concessão.
Foram abordadas questões gerais dos Serviços Públicos, assim
consideradas como todas e quaisquer atividades prestadas pelo Estado, direta
(prestados diretamente pela Administração Pública, por seus órgãos e agentes) e
indiretamente (prestados por terceiros, sob controle estatal), sob o regime do direito
público, que tem por objetivo oferecer utilidades e comodidades à coletividade.
Serviços Públicos prestados sob o regime de Concessão ou Permissão,
devem ser efetuados de maneira adequada, a qual se entende como aquele que
satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança,
atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.
Consoante com o principio da legalidade, o qual prevê que à Administração
Pública, só é permitido o que a lei autoriza, e tendo em vista que a modalidade de
licitação está devidamente prevista em lei, mais especificamente no artigo 37 da
CRFB/88, fica evidente que os serviços de utilidade pública podem ser prestados por
terceiros, sendo eles os concessionários, permissionários ou autorizatários, nas
condições estabelecidas pela Administração Pública, mas por sua conta e risco.
55 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. p. 287.
SILVA, Queila Ramos da; CAVALCANTI, Juliano Luis. A concessão do serviço público. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 3, n.3, p. 1257-1277, 3º Trimestre de 2012. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044
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Sendo assim, as hipóteses elencadas foram todas confirmadas, uma vez
que é possível a concessão dos Serviços Públicos, mediante procedimento licitatório
na modalidade concorrência, de acordo com o inciso II, artigo 2° da Lei 8.987/95.
REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS
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