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UNISALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Enfermagem
Flávia Lopes dos Santos
Michelly Tays Andreoti
A CARACTERIZAÇÃO DA DEMANDA DO SETOR DE
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA SOB A ÓTICA DOS
USUÁRIOS E PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
LINS – SP
2014
FLÁVIA LOPES DOS SANTOS
MICHELLY TAYS ANDREOTI
A CARACTERIZAÇÃO DA DEMANDA DO SETOR DE
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA SOB A ÓTICA DOS
USUÁRIOS E PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
Trabalho de conclusão de curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium. Curso de Enfermagem sob a orientação do Prof. Esp. Paulo Fernando Barcelos Borges e orientação técnica da Profª Ma. Jovira Maria Sarraceni.
LINS – SP
2014
Lopes, Flávia dos Santos; Andreoti, Michelly Tays
L 852c A caracterização da demanda do setor de urgência e
emergência sob a ótica dos usuários e profissionais de enfermagem/
Flávia Lopes dos Santos; Michelly Tays Andreoti. – – Lins, 2014.
84p. il. 31cm.
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico
Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em
Enfermagem, 2014.
Orientadores: Paulo Fernando Barcelos Borges; Jovira Maria
Sarraceni
1. Urgência e Emergência. 2. Enfermagem. 3. Qualidade da Assistência a Saúde. 4. Aumento do fluxo de usuários. I Título.
CDU 616-083
FLÁVIA LOPES DOS SANTOS
MICHELLY TAYS ANDREOTI
A CARACTERIZAÇÃO DA DEMANDA DO SETOR DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
SOB A ÓTICA DOS USUÁRIOS E PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium para
obtenção do título de Graduação em Enfermagem.
Aprovada em: ____/____/____
Banca Examinadora:
Prof. Orientador: Paulo Fernando Barcelos Borges.
Titulação: Enfermeiro Especialista em Unidade de Terapia Intensiva pela Faculdade
de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP).
Assinatura:_____________________________________
1ª Prof. (a)___________________________________________________________
Titulação:____________________________________________________________
Assinatura:_____________________________________
2ª Prof. (a)___________________________________________________________
Titulação: ___________________________________________________________
Assinatura: ____________________________________
"De tudo ficam três coisas:
A certeza de que estamos sempre começando
A certeza de que é preciso continuar
E a certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminarmos.
Devemos fazer da interrupção um caminho novo,
Da queda, uma dança
Do medo, uma escada
Do sonho, uma ponte
Da procura um encontro"
Fernando Sabino
Dedicamos este trabalho primeiramente a Deus nosso Senhor, pelo presente da
vida e pela oportunidade dessa experiência de aprendizado que nos permitiu
concluir mais uma etapa de nossas vidas com êxito.
E aos nossos pais que nos ensinaram a viver a vida com dignidade e não mediram
esforços para nos dar amor e apoio em todos os nossos momentos.
Flávia e Michelly
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, meu fiel companheiro que nunca me abandonou, nas horas
mais difíceis foi ele quem me ajudou a suportar e superar todos os obstáculos que encontrei e
não foram poucos. Deus não atende nossas vontades e sim as nossas necessidades.
Deus nos concede a cada dia, uma página de vida nova no livro do tempo. Aquilo que
colocamos nela corre por nossa conta.
A minha mãe Elza, amiga e companheira que sempre está ao meu lado me apoiando em tudo.
Obrigado por todos os momentos dedicados a mim, pelas palavras, conselhos, amor e
honestidade.
A minha irmã Fernanda ainda que distante, me ajudou muito no desenvolvimento deste
trabalho. Admiro e amo muito você.
Ao bibliotecário Samuel dos Santos, muito obrigado pela paciência e generosidade, me ajudou
muito durante a pesquisa, você foi fundamental neste trabalho.
A Enfermeira Ivani Costa, por sua ajuda, paciência e dedicação, você é um exemplo a ser
seguido, tenho muito orgulho de você e jamais esquecerei o quanto me ajudou, incentivou e
jamais deixou que eu desistisse. Tudo o que fez por mim jamais será esquecido. Esta forma de
agradecimento é o mínimo que eu poderia fazer para retribuir.
A Verena que foi companheira em todos os momentos, nunca me deixou desistir, objetivando
sempre o meu melhor e mostrando o quanto eu sou capaz.
Ao meu orientador Paulo Fernando por aceitar fazer parte deste trabalho, por ser responsável,
atencioso e contribuir de modo geral para realização do mesmo, obrigado pelas inúmeras horas
dedicadas para o desenvolvimento e conclusão deste trabalho.
As minhas amigas Márcia Morilhas e Jô Perini por me aguentarem durante toda essa etapa,
pelos conselhos e por ouvirem meus desabafos. Amigos são como vocês, luzes que vão
iluminando o nosso caminho quando não enxergamos mais o próximo passo.
As minhas amigas Patricya e Mariane pelos momentos inesquecíveis e agradáveis que
passamos juntas, pelo companheirismo e por superarmos todas as etapas juntas. Espero que
vocês sejam muito felizes e realizadas, que conquistem seus objetivos. Quero sempre poder me
orgulhar de vocês.
Aos meus colegas de estagio Valdemar, Rafael, Eleandro, Patricya e Mariane por fazerem
parte da minha história, da minha conquista e não pedir nada em troca dessa união. Às vezes é
bom quando tudo dá errado, a gente vê quem realmente está do nosso lado.
A minha companheira de monografia Michelly, por fazer parte deste trabalho, por sua
dedicação e responsabilidade.
A orientadora técnica Jovira M. Sarraceni, pelas suas orientações e ajuda no desenvolvimento
de cada etapa deste trabalho.
Aos profissionais e pacientes da Santa Casa de Lins por permitir a realização deste trabalho,
através da colaboração por depoimentos.
A todos os professores do Curso de Enfermagem, que transmitiram seus conhecimentos e
foram precursores desta conquista.
Flávia Lopes dos Santos
AGRADECIMENTOS
Foram tantas as vezes que me apoiei em Deus e pedi para me guiar, me dar forças nessa
caminhada. Dessa vez não quero pedir, mas sim agradecer por tua presença em minha vida, por
todas as emoções que vivi, por todos os obstáculos que ultrapassei e por colocar em meu
caminho pessoas que me apoiaram e que nesse momento quero também agradecer.
Agradeço a minha mãe Maria, ser indispensável em minha vida, exemplo de mãe e de mulher.
Esta vitória é pra você. Amo-te!
A minha irmã, Laís, minha companheira e amiga. Lembro a primeira vez que a vi, estava linda
no colo de nossa mãe, foi naquele momento que tive a certeza de que nunca estaria sozinha.
Amo Você!
Ao Bruno, Rodrigo e Lázaro, por me ajudarem sempre que precisei. Fica aqui meu carinho.
A todos os professores e a Helena Mukai que me acompanharam e contribuíram diretamente
para minha formação, não só como profissional, mas como pessoa. Vocês são personagens
essenciais na realização desse sonho.
A minha supervisora de estágio Neusa, pela oportunidade e confiança dedicada a mim, pelas
conversas, conselhos e broncas que me fizeram crescer profissionalmente, e hoje me tornar
uma enfermeira.
A todos meus colegas de curso, pela troca de conhecimentos, pelos erros e acertos que nos
fizeram crescer juntos...
...Em especial quero agradecer a Jéssica e Vanilde, pela amizade, companheirismo e pelos
momentos inesquecíveis que passei ao lado de vocês. Já sinto saudades!
Ao meu grupo de estágio, Elaine, Jéssica, Joice, Poliana e Rozilene, pelo companheirismo e
pelas experiências que passamos juntas nessa jornada. MASS GENTEEE, SAUDADES
GRUPO! (risos)
A minha companheira de monografia Flávia, pela oportunidade de conviver com você, uma
pessoa guerreira e vitoriosa. Obrigada por fazer parte dessa conquista!
Ao meu orientador Paulo, por aceitar esse desafio. Você melhor que ninguém sabe o quanto
esse trabalho foi árduo, mas como é gratificante vê-lo concluído. Obrigada pela confiança,
mesmo quando tudo parecia dar errado, sempre paciente, atencioso e empenhado a nos ajudar.
Muito Obrigada!
A minha orientadora técnica Jovira, por me mostrar o quanto a metodologia é linda (risos),
sempre disposta a ajudar. Sua colaboração e apoio foram fundamentais para que este trabalho
fosse concluído. Muito Obrigada!
As colegas da biblioteca, pela atenção e incentivo.
Aos profissionais e pacientes da Santa Casa de Lins. Sem vocês não seria possível a realização
desse trabalho.
Aos meus colegas/equipe de trabalho – Enfermeiros, Auxiliares em enfermagem, técnicos em
enfermagem e médicos (Hospital São Lucas e Hospital Geral de Promissão), por me apoiarem e
contribuírem para meu crescimento profissional, aturarem meus momentos de estresse e minha
ansiedade sem fim (risos). Agradeço a todos vocês, que de forma direta ou indireta,
contribuíram para que eu chegasse ao fim de mais uma etapa.
Deus nos abençoe!
Michelly Tays Andreoti
RESUMO
Este estudo busca a caracterização da demanda do setor de urgência e emergência sob a ótica dos usuários e profissionais de enfermagem. Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória com abordagem qualitativa, realizada na Associação Hospitalar Santa Casa de Lins/SP. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas e depoimento gravado com 08 pacientes e 10 profissionais de enfermagem, sendo 08 técnicos em enfermagem e 02 enfermeiros que atuam no setor acima citado. Os dados foram apresentados em forma de narrativas e seus pontos em comum agrupados em eixos temáticos. Nos relatos, os pacientes revelam as dificuldades encontradas para obter atendimento na atenção primária de saúde, e os profissionais declaram as angústias e o impacto que a superlotação do setor de urgência e emergência ocasiona. As narrativas permitem compreender a experiência relacionada entre a equipe de enfermagem e os usuários, evidenciando a problemática envolvendo os motivos pelos quais os mesmos buscam o setor de urgência e emergência e o impacto da alta demanda na atuação destes profissionais. Além disso, retrata a deficiência na organização e na prestação dos serviços de saúde e a ausência de referência e contrarreferência, sendo estes fatores potencializadores do aumento de fluxo no setor, sobrecarga de trabalho, estresse e prejuízo na qualidade da assistência prestada. Palavras-chave: Urgência e Emergência. Enfermagem. Qualidade da assistência a Saúde. Aumento do Fluxo de Usuários.
ABSTRACT This study aims to characterize the demand for urgent and emergency sector from the perspective of users and nursing professionals. This is a descriptive, exploratory qualitative research, conducted at Santa Casa Hospital Association Lins / SP. Data collection was conducted through semi-structured interviews and recorded statement of 08 patients and 10 nursing professionals, 08 nursing technicians and 02 nurses working in the above mentioned industry. The data were presented in the form of narratives and their commonalities grouped into themes. In the reports, the patients reveal the difficulties encountered in obtaining care in primary health care, and professionals declare the anguish and the impact that overcrowding in the emergency department and urgent causes. Narratives allow us to understand related experience between the nursing staff and users, highlighting the issues surrounding the reasons why they seek emergency care sector and the impact of high demand on the performance of these professionals. Furthermore, portrays the deficiency in the organization and delivery of health services and the lack of reference and counter- reference with these potentiating increase flow in this sector, work overload, stress and loss in quality of care factors. Keywords: Emergency Department. Nursing. Health care quality. Increased Flow Users.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: O primeiro Hospital do Brasil ...................................................................... 258
Figura 2: Estrutura Piramidal da Rede Assistencial com o fluxo de urgência entre os
diferentes componentes ordenados por meio de regulação médica ......................... 281
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Caracterização dos profissionais de enfermagem .................................... 50
Quadro 2: Caracterização dos usuários dos serviços de saúde ................................ 51
Quadro 3: Caracterização dos motivos pelos quais o usuário buscou o serviço de
urgência e emergência ............................................................................................. 51
Quadro 4: Eixos temáticos ........................................................................................ 52
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
a.C: Anos antes de Cristo
ABEn: Associação Brasileira de Enfermagem
AHSCL: Associação Hospitalar Santa Casa de Lins/SP
APS: Atenção Primária de Saúde
CFM: Conselho Federal de Medicina
COFEN: Conselho Federal de Enfermagem
COREN: Conselho Regional de Enfermagem
LOS: Lei Orgânica de Saúde
MS: Ministério da Saúde
PNH: Política Nacional de Humanização
PS: Pronto Socorro
SAE: Sistematização da Assistência de Enfermagem
SAMU: Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
SUH: Serviço de Urgência Hospitalar
SUS: Sistema Único de Saúde
TCLE: Termo de Consentimento Livre Esclarecido
UBS: Unidade Básica de Saúde
USF: Unidade Saúde da Família
RX: Radiografia (Raio X)
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 15
CAPÍTULO I: AS POLÍTICAS DE SÁUDE E O ATENDIMENTO DE URGÊNCIA E
EMERGÊNCIA ......................................................................................................... 17
1 CONCEITUANDO O SUS .................................................................................. 17
1.1 Princípios e Diretrizes do SUS ............................................................................ 17
1.2 Política Nacional de Humanização - Humaniza SUS .......................................... 19
1.2.1 Resultados esperados com o Humaniza SUS no serviço de urgência e
emergência ................................................................................................................ 20
1.3 Acolhimento e classificação de risco .................................................................. 20
1.4 Conceituando Urgência e Emergência ............................................................... 22
1.5 O atendimento no setor de urgência e emergência ............................................ 23
1.6 Estrutura física do setor de urgência e emergência ............................................ 25
1.7 Fluxograma do atendimento em saúde ............................................................... 27
1.8 O sistema de referência e contrarreferência em saúde ...................................... 29
CAPÍTULO II: A PRÁTICA DE ENFERMAGEM NO SETOR DE URGÊNCIA E
EMERGÊNCIA .......................................................................................................... 30
2 A ENFERMAGEM E SEU CONTEXTO HISTÓRICO COMO PROFISSÃO ....... 30
2.1 As categorias dos profissionais de enfermagem e suas atribuições ................... 31
2.1.1 Atribuições do enfermeiro ................................................................................. 33
2.1.2 Atribuições do técnico de enfermagem ............................................................ 37
2.1.3 Atribuições do auxiliar de enfermagem ............................................................ 38
2.2 A profissionalização da enfermagem no Brasil ................................................... 40
2.3 O trabalho da equipe de enfermagem no setor de urgência e emergência ........ 40
CAPÍTULO III: A PESQUISA .................................................................................... 43
3 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 43
3.1 Local da pesquisa ............................................................................................... 44
3.2 Recursos Metodológicos ..................................................................................... 44
3.2.1 Método .............................................................................................................. 44
3.2.2 Técnica ............................................................................................................. 45
3.3 Resultados e Discussão ..................................................................................... 47
3.3.1 Caracterização dos sujeitos da pesquisa ......................................................... 47
3.3.2 Apresentação dos eixos ................................................................................... 48
3.3.3 Eixos Temáticos ............................................................................................... 49
3.4 Parecer final ........................................................................................................ 56
PROPOSTA DE INTERVENÇAO ............................................................................. 58
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 60
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 61
APÊNDICES ............................................................................................................. 70
ANEXOS ................................................................................................................... 74
15
INTRODUÇÃO
O sistema de saúde é composto por instituições prestadoras de serviços, na
qual segue um nível hierárquico de atendimento, de acordo com a complexidade dos
casos. Esse sistema exige uma organização e interação desses níveis de atenção a
saúde: Unidade Básica de Saúde (UBS), ambulatório de especialidades e hospitais.
Reconhece-se que há uma falha neste sistema e um dos reflexos desta falha
é a utilização do setor de urgência e emergência de forma incorreta.
Para Simons (2008), um dos argumentos apresentados para o aumento
excessivo da procura pelos Serviços de Urgências Hospitalares (SUH) é que a maior
parte dos atendimentos realizados é decorrente de problemas „simples‟ que
poderiam ser atendidos em serviços de atenção básica, especializados ou até
mesmo em serviços de urgência de menor complexidade.
O setor de urgência e emergência possui suas finalidades específicas, porém
ao mesmo tempo, é uma porta de entrada dispondo de fácil acesso à população,
que busca atendimento e solução para seus problemas, sejam eles simples ou
complexos.
Diante do exposto observa-se a importância desse tema, pois segundo
Menzani e Bianchini (2008), a enfermagem é considerada uma profissão que sofre o
impacto total, imediato e concentrado do estresse que advém do cuidado constante
a pessoas doentes, situações imprevisíveis, execução de tarefas, por vezes,
repulsivas e angustiantes, o que é comum nas unidades de pronto socorro.
Este estudo foi elaborado na tentativa de compreender o fluxo do setor de
urgência e emergência, bem como as diversas causas que impulsionam a população
a procurar este atendimento, de modo a caracterizar essa demanda e identificar a
percepção dos usuários e equipe de enfermagem, destacando o impacto que a alta
demanda pode causar aos usuários e aos profissionais de enfermagem que atuam
neste campo de ação.
A vivência das autoras no setor de urgência e emergência associado a uma
revisão integrativa sobre o assunto, despertou o interesse pela pesquisa que teve o
seguinte questionamento: a deficiência na organização e na prestação de serviços
de saúde motiva o aumento no fluxo do setor de urgência e emergência?
Em resposta a essa questão foi levantada a seguinte hipótese norteadora do
16
trabalho: A deficiência na organização e prestação dos serviços de saúde nos
diferentes níveis de atenção, bem como a ausência de referência e contrarreferência
contribuem para o aumento do fluxo no setor de urgência e emergência,
ocasionando sobrecarga de trabalho, estresse e perda na qualidade da assistência
prestada.
A pesquisa foi realizada no setor de Urgência e Emergência da instituição
Associação Hospitalar Santa Casa de Lins (AHSCL), na cidade de Lins, estado de
São Paulo, durante o mês de outubro de 2014.
Trata-se de uma pesquisa do tipo descritiva de caráter exploratório, com
abordagem qualitativa, sendo utilizado como método o estudo de caso, com coleta
áudio gravável de dados. Os métodos e técnicas utilizadas estão descritas
detalhadamente no capitulo III. O presente trabalho está organizado da seguinte
forma:
Capitulo I – As políticas de saúde e o atendimento no setor de urgência e
emergência.
Capitulo II – A prática de enfermagem no setor de urgência e emergência.
Capitulo III – A pesquisa.
Para finalizar, segue-se a proposta de intervenção e a conclusão.
17
CAPÍTULO I
AS POLÍTICAS DE SAÚDE E O ATENDIMENTO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
1 CONCEITUANDO O SUS
No ano de 1988 inicia-se o processo de criação do Sistema Único de Saúde
(SUS) com suas definições pré-estabelecidas pela Constituição Federal e da Lei
Orgânica de Saúde, sempre em conformidade com as representações dos
secretários estaduais e municipais de saúde (FIGUEIREDO et al., 2008).
De acordo com Vasconcelos e Pasche (2006), o SUS foi regulamentado de
fato em 1990, com base nas leis federais e de acordo com a Lei orgânica de Saúde
(LOS), sendo estas n. 8080 e a Lei 8.142 nas quais destacam os princípios
organizacionais, a construção do modelo de atenção a saúde fundamentada em um
sistema descentralizado e regionalizado com base municipal.
O Sistema Único de Saúde é um conjunto de ações e de serviços prestados à
saúde e realizados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e
municipais ou por entidades a ele vinculadas, responsável pela promoção,
prevenção e assistência a saúde (PEREIRA et al., 2008).
O SUS é um produto da Reforma Sanitária Brasileira, originada do movimento sanitário, processo político que mobilizou a sociedade brasileira para propor novas políticas e novos modelos na organização de sistema, serviços e práticas de saúde (VASCONCELOS e PASCHE, 2006, p. 532).
Para alcançar os resultados propostos e cumprir suas metas instituídas foram
estabelecidos princípios e diretrizes para reger os serviços de saúde.
1.1 Princípios e Diretrizes do SUS
O SUS é composto por princípios e diretrizes e compreendem em um
conjunto organizado e articulado de serviços e ações de saúde, juntamente com as
organizações públicas de saúde em âmbito municipal, estadual e nacional. Este dá
suporte à efetivação da política da saúde no Brasil (VASCONCELOS e PASCHE,
18
2006).
De acordo com a Associação Paulista de Medicina (2008), o SUS
fundamenta-se em três princípios: universalidade, integralidade e equidade de
acordo com a Lei nº 8080, 7 de setembro de 1990 e prevista no art. 7º, esta
desenvolvida pela Constituição Federal, referente às ações de serviços públicos e
privados de saúde.
Baseada nos preceitos constitucionais, os princípios doutrinários do SUS são:
a) Universalidade: Garante o direito a acesso e assistência a saúde a todo e
qualquer cidadão sem discriminação;
b) Integralidade: É a garantia que o individuo será atendido integralmente
em sua coletividade em ações relacionadas à promoção, prevenção e
reabilitação oferecidas pelo sistema de saúde,
c) Equidade: Assegura que a assistência a saúde deve ser igual para todos
os cidadãos, sem privilégios, exceto em situações onde haja risco de
morte, sendo uma prioridade no atendimento.
A saúde é direito de todos e dever do estado garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1988, art. 196, p. 58).
As diretrizes organizativas visam planejar e organizar o funcionamento do
sistema de saúde. Segundo Costa (2009), a organização do SUS baseia-se em:
a) Regionalização: A organização da atenção a saúde é caracterizada pelo
processo de regionalização dos serviços como base territorial, na qual
tem como objetivo distribuir os recursos de forma que não haja
desperdícios e facilite a assistência à saúde (FIGUEIREDO et al., 2008);
b) Hierarquização: Os serviços do sistema de saúde devem ser organizados
por níveis de atenção, sendo essa organizada de forma crescente
conforme sua complexidade:
1) Nível primário: Unidades Básicas de Saúde e Unidades de Saúde da
Família (USF);
2) Nível Secundário: Especialidades médicas, policlínicas, hospitais locais
e laboratórios;
19
3) Nível terciário: Policlínicas especializadas, hospitais gerais e hospitais
de base, centro de diagnósticos e imagem,
4) Nível Quaternário: Hospitais Universitários e engenharia genética
(COSTA, 2009).
c) Resolutividade: Os problemas de saúde do individuo devem ser
solucionados de acordo com que corresponde a cada nível;
d) Descentralização: Cabe aos municípios a responsabilidade política das
ações e serviços de saúde direcionada a cada cidadão e uma
redistribuição dessas responsabilidades, envolvendo vários níveis de
governo (Municipal, Estadual e Federal),
e) Participação dos cidadãos: Garante à população a participação nos
conselhos e nas conferências de saúde, com representação partidária
do governo, dos profissionais da saúde, dos prestadores de serviços e
dos usuários, dessa maneira contribuindo de maneira decisiva a
definição e a execução da política de saúde (VASCONCELOS e
PASCHE, 2006).
Para atender as necessidades de saúde e articular as práticas aos princípios
e diretrizes do SUS foi criado a Política Nacional de Humanização (PNH) que tem
como objetivo primordial no contexto dos serviços de urgência repensar e criar
novas condutas em saúde, pensando na atenção resolutiva, humanizada e
acolhedora (BRASIL, 2008).
1.2 Política Nacional de Humanização - Humaniza SUS
O Humaniza SUS criado em 2003 é uma iniciativa inovadora, e tem por
objetivo qualificar práticas de gestão e de atenção em saúde, conceituar a saúde
pública no Brasil e ampliar o processo de co-responsabilização entre gestores,
trabalhadores e usuários (BRASIL, 2010).
No setor de urgência e emergência tem como propósito um método de
abordagem qualificada dos usuários, objetivando organização do setor, resolução
dos problemas relacionados à saúde, mudanças das práticas de saúde dos
trabalhadores, entre outros, favorecendo uma relação de confiança e compromisso
entre usuários e a equipe de saúde (BRASIL, 2008).
20
O acolhimento é um dos recursos a serem utilizados neste setor,
assegurando que todos sejam atendidos com prioridades a partir da avaliação de
instabilidade, gravidade e risco.
O profissional de enfermagem deve realizar o acolhimento a fim de solucionar
os problemas de saúde das pessoas que procuram uma unidade de urgência. Nesse
momento deve-se escutar a queixa, identificar os riscos, medos e as expectativas
dos usuários, levando em conta também sua autoavaliação (BRASIL. 2008).
Sendo assim o mesmo deixa de ser um ato isolado e passa a ser um aparato
em ligações de redes internas, externas e multiprofissional com objetivo e
compromisso de trazer respostas às necessidades dos usuários (BRASIL, 2010).
1.2.1 Resultados esperados com o Humaniza SUS no serviço de urgência e
emergência
O programa busca como resultados a redução de filas e tempo de espera,
através de um atendimento acolhedor, por meio de uma escuta qualificada, baseada
em critérios de risco, garantindo o acesso referenciado aos demais níveis de
assistência, e a garantia de seus direitos estabelecidos em lei, por intermédio de
educação permanente em saúde, gestão participativa, adequação de ambiência,
valorização e cuidado dos trabalhadores entre outros objetivos a serem alcançados
com a implantação do programa.
O Acolhimento com avaliação de risco configura-se, assim, como uma das intervenções potencialmente decisivas na reorganização das portas de urgência e na implementação da produção de saúde em rede, pois extrapola o espaço de gestão local afirmando, no cotidiano das práticas em saúde. (BRASIL, 2008, p.82).
Sendo assim o critério de avaliação diminui potencialmente o risco de agravos
da doença, e o foco passa a ser a necessidade de cada um avaliando sua
vulnerabilidade e instabilidade.
1.3 Acolhimento e classificação de risco
O setor de urgência e emergência é classificado como principal porta de
acesso do sistema de saúde e ampara os usuários com as mais diversificadas
21
queixas e agravos à saúde em caráter de urgência ou não.
Essa realidade assistencial é agravada por problemas organizacionais dos
serviços, entre eles a ausência de acolhimento com classificação de risco, o que
define o atendimento por ordem de chegada, ocasionando graves prejuízos aos
usuários (BRASIL, 2002).
A Portaria 2048 propõe a implantação nas unidades de atendimento às urgências o “acolhimento com classificação de risco”. Esse processo deve ser realizado por profissional de saúde, de nível superior, mediante treinamento específico e utilização de protocolos pré-estabelecidos e tem por objetivo avaliar o grau de urgência das queixas dos pacientes, colocando-os em ordem de prioridade para o atendimento (BRASIL, 2002, p.83).
A crescente demanda neste setor e o fluxo desordenado do setor ocasionam
sobrecarga de serviço e prejuízos na qualidade da assistência prestada.
A classificação de risco é um recurso dinâmico de reconhecimento de
pacientes que necessitam de tratamento imediato, de acordo com o possível risco,
prejuízo à saúde ou intensidade de sofrimento, devendo o atendimento ser
priorizado de acordo com a gravidade clínica do paciente, e não por ordem de
chegada ao serviço (BRASIL, 2004).
Fortalecendo as diretrizes do SUS, a Política Nacional de Humanização cita
que todo usuário que procura atendimento, deve receber atenção resolutiva,
humanizada e acolhedora a partir do reconhecimento de seu problema. Dessa
maneira, essa política sugere que todas as unidades de atendimento médico
elaborem protocolos clínicos de classificação de risco para priorizar os mais
enfermos, para respaldo do profissional, estruturar o fluxo de usuários e atender de
forma a garantir o direito de todo cidadão a saúde, evitando assim a restrição do
usuário na porta de entrada (BRASIL, 2009).
O acolhimento com classificação de risco permite a extensão da
resolutividade ao incorporar critérios que abordam toda complexidade dos
fenômenos saúde/doença, o nível de sofrimento dos usuários e seus familiares, a
priorização da atenção no tempo, reduzindo o número de mortes evitáveis, sequelas
e internações (SERVIN et al. 2009).
Para o enfermeiro que realiza a classificação de risco é crucial a habilidade da
escuta qualificada, avaliação e registro completo da queixa principal, saber trabalhar
em equipe, ter raciocínio crítico e rapidez para tomada de decisões, e ainda,
22
conhecer os sistemas de apoio da rede assistencial para melhor encaminhamento
do usuário (SOUZA et al., 2009).
Para Lopes (2011), a inter-relação entre os distintos níveis de serviços de
saúde e a aquisição de referências resolutivas, são elementos fundamentais para
promover a universalidade do acesso, a equidade na alocação de recursos e a
integralidade da atenção prestada.
1.4 Conceituando Urgência e Emergência
Para abordar a temática urgência e emergência se faz necessário
compreender ambos os significados. Sendo assim o Conselho Federal de Medicina
(1995) em sua Resolução CFM nº 1451/95, dispõe do seguinte conceito:
Define- se por urgência a ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco potencial de vida, cujo portador necessita de assistência médica imediata; Define-se por emergência a constatação médica de condições de agravo à saúde que impliquem em risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo, portanto, tratamento médico imediato (CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, 2014).
Segundo SANTOS (2008), considera-se urgência uma prioridade moderada
de atendimento, cujo portador necessita de atendimento mediato, pois não há risco
de morte.
A mesma autora citada acima conceitua emergência uma alta prioridade de
atendimento, cujo individuo necessita de tratamento médico imediato, pois há risco
de morte.
O Ministério da Saúde determina que os procedimentos dos serviços de
urgência e emergência devem ser caracterizados em três modalidades,
considerando como critério a gravidade e a complexidade do caso a ser tratado
(MINISTÉRIO DA SAÚDE apud VALENTIN; SANTOS, 2008). Segue abaixo as
modalidades:
a) Urgência de baixa e média complexidade: quando o paciente não corre
risco de morte;
b) Urgência de alta complexidade: O paciente apresenta um quadro
crítico ou agudo, porém não há risco de morte.
c) Emergência: casos em que há risco de morte.
23
A emergência é caracterizada como sendo a situação onde não pode haver uma protelação no atendimento, o mesmo deve ser imediato. Nas urgências o atendimento deve ser prestado em um período de tempo que, em geral, é considerado como não superior a duas horas. As situações não urgentes podem ser referidas para o pronto atendimento ambulatorial ou para o atendimento ambulatorial convencional, pois não tem a premência que as já descritas anteriormente (LOPES, 2009, p.09).
O termo emergência é definido como uma categoria na triagem onde a
assistência é prestada em casos de prejuízo á saúde com risco de vida potencial ou
qualquer alteração no organismo que exigem tratamento imediato. Da mesma forma
que a emergência, a urgência é considerada uma categoria de triagem, no entanto o
cuidado é fornecido em casos de doença grave ou dano a saúde que não conduz
um risco de morte (BRUNNER e SUDDARTH, 2011).
1.5 O atendimento no setor de urgência e emergência
O Sistema Único de Saúde determina um atendimento obrigatório e gratuito
na área de saúde a qualquer cidadão e tem por finalidade uma assistência integral à
população. (COSTA, 2009).
Segundo Geovanini (2005), a primeira Santa Casa de Misericórdia do Brasil
foi fundada em 1543, em Vila Santos na cidade de Santos, sendo edificadas
posteriormente no Rio de Janeiro e Porto Alegre, na qual os cuidados eram
prestados por voluntários e escravos (Figura 1).
O serviço de urgência e emergência surge no Brasil no ano de 1893, a partir
de um evento, nomeado de Socorro Médico de Urgência, a partir de iniciativas de
poderes públicos e instituições particulares na tentativa de organizar a assistência a
doentes, afogados e feridos na rua (COELHO; CALDAS, 2006).
Ainda segundo as autoras, os primeiros postos de prontos-socorros de
assistência médica, foram direcionados para o atendimento de pessoas carentes,
onde os cuidados eram prestados por comissários e subcomissários de higiene e
assistência pública, este atendimento era prestado no período de 24 horas por dia.
Posteriormente esta forma de atendimento foi estendida para hospitais estruturados,
com a finalidade de prestar assistência eficiente às urgências e emergências.
De acordo com Costa (2009), nos dias atuais, observa-se o aumento na
procura por este serviço de saúde, em consequência de vários fatores, tais como
mudanças demográficas (envelhecimento), novas doenças (estresse, doenças
24
cardiovasculares), novos tratamentos e a expectativa de vida, motivado pela busca
de uma condição melhor na qualidade de vida.
A assistência à saúde no setor de urgência e emergência tem sido utilizada
de forma demasiada nos últimos anos, devido ao número de acidentes, a violência
urbana e a insuficiente estruturação da rede assistencial, ocasionando uma alta
demanda neste setor, sendo este um importante componente no atendimento a
saúde (BRASIL, 2002).
Ainda hoje o atendimento as urgências se dá principalmente pelo Pronto-
Socorro (PS), considerado uma porta de entrada dos serviços do sistema de saúde,
este que deve manter seu funcionamento 24 horas do dia, estando estruturados e
equipados, de modo a acolher pacientes com quadro de urgência propriamente dita,
com quadros percebidos como urgência e pacientes desgarrados da atenção
primária e especializadas, ocasionando a superlotação desse setor e
comprometendo à qualidade da assistência prestada (BRASIL, 2002).
Segundo Coelho e Caldas (2006), a assistência neste setor, não se limita à
população local, mas sim a prestação de serviços públicos sem restrições quanto ao
tipo de clientela, fazendo desse serviço uma porta de entrada para os demais níveis
de assistência. Diante disso a população busca esse serviço como uma alternativa
para acesso a assistência, na tentativa de resolução de problemas e alívio de suas
angústias.
Desse modo, vem sendo utilizada de forma inadequada por problemas que
poderiam ser resolvidos em nível de menor complexidade, acarretando em aumento
de custo e afetando de forma negativa a qualidade da assistência prestada neste
serviço (CARRET, 2007).
Segundo a portaria nº 2048 do Ministério da Saúde (2002), uma das razões
que implicam nos repetitivos retornos ao setor de urgência, é a ausência de
articulação com o restante da rede assistencial, causando insatisfação com a
atenção primária, atendimento de baixa qualidade e pequena resolutividade nos
problemas.
O Sistema estadual de urgências e emergências deve estabelecer uma
estratégia de promoção à saúde, com orientações, pois também se beneficiam
dessa ação. Após a resolução de situações agudas, os pacientes devem ser
direcionados a locais apropriados para continuidade do tratamento de forma a
25
prestar uma assistência integral e integrada (BRASIL, 2002).
O Ministério da Saúde em parcerias com as secretarias estaduais de urgência
e emergência propõe a implantação de redes regionalizadas e hierarquizadas de
atendimento, pois esta além de permitir uma melhor organização da assistência
articula os serviços e define melhor os fluxos, destacando a referência resolutiva
como um elemento indispensável para uma integralidade na assistência prestada
(BRASIL, 2002).
Figura 1: O primeiro Hospital do Brasil
Fonte: Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, 2014
1.6 Estrutura física do setor de urgência e emergência
A estrutura física é de extrema importância no setor de urgência e
emergência, pois influencia diretamente no atendimento prestado, visto que
instalações físicas inadequadas podem levar a dificuldade e a baixa qualidade da
assistência prestada.
O usuário ao dar entrada em uma unidade de urgência, certamente se
encontra angustiada e com dor, nesse momento o espaço físico também pode
exercer influência positiva ou negativa, pois o mesmo não quer e não merece ser
submetido a desconfortos adicionais advindos de uma estrutura física inadequada.
(SILVA; MATSUDA; WAIDMAN, 2012, p.323).
Uma estrutura física planejada e adequada a este setor favorece a qualidade
do atendimento, acolhe o usuário de maneira eficaz e reduz o risco de danos
26
associados a ações improvisadas (POLL; LUNARDI; LUNARDI, 2008).
Em relação à atuação da enfermagem neste setor, a estrutura física dos
serviços de emergência pode ser fonte de estresse para os profissionais atuantes
nessa área (LIMA et al., 2013).
Um ambiente de trabalho desorganizado e com recursos físicos e humanos
inadequados podem gerar diversas consequências, principalmente a sobrecarga de
trabalho, cansaço e estresse profissional.
O setor de urgência e emergência deve ser um local apropriado de modo a
permitir o livre movimento da equipe de trabalho com espaço físico adequado e
eficácia no atendimento, lembrando que deve proporcionar privacidade ao usuário.
Desse modo, esse campo de ação deve oferecer um espaço físico suficiente
para que todos os procedimentos sejam realizados de maneira adequada sem
nenhum acidente de percurso (COSTA; ARAUJO; BARROS, 2008).
Cabe ressaltar que, durante a construção de um hospital, muitas vezes, não são previstas as necessidades de estrutura física/ambiental dos usuários e trabalhadores. Com isso, os problemas somente são evidenciados após sua finalização e durante a execução da rotina diária dos serviços (SILVA; MATSUDA; WAIDMAN, 2012, p.323).
O enfermeiro exerce papel de líder e gerente das unidades hospitalares,
incluindo as de urgência, no qual ele deve ser capaz de vincular as atividades
desenvolvidas pelos profissionais com a estrutura física, para o planejamento de um
ambiente seguro e confortável aos que frequentam o local (KURCGANT, 2005).
O serviço de urgência e emergência deve contar com uma estrutura que
obedece aos critérios mínimos apresentados pela RDC n°50, de 21 de fevereiro de
2002, que estabelece:
Uma área externa para desembarque de ambulâncias, uma sala de triagem
médica e/ou de enfermagem, consultório médico, sala de serviço social, sala de
higienização, sala de suturas / curativos, sala de hidratação por leito para o paciente
que precisar permanecer em soroterapia, sala de inalação, sala de aplicação de
medicamentos, sala de gesso e redução de fraturas, sala para exame indiferenciado,
sala para exame diferenciado (oftalmologia, otorrino, entre outros) a depender do
equipamento utilizado, sala de observação para pacientes que deverão permanecer
no setor ou aguardar o resultado de exames, posto de enfermagem e serviços para
realização de relatórios ou prescrições de enfermagem, sanitários para os pacientes,
27
área para guardar macas e cadeiras de rodas e área de recepção de pacientes.
1.7 Fluxograma do atendimento em saúde
O setor de urgência e emergência tem sido a porta de entrada para vários
tipos de atendimento ocorrendo um enorme fluxo de usuários de forma
desordenada, ocasionando uma sobrecarga neste setor, dessa forma torna-se
necessária uma reorganização no processo de assistência a saúde (ALVES, 2011).
O Sistema Único de Saúde preconiza que as ações de saúde sejam
descentralizadas, hierarquizadas e regionalizadas, sendo que a rede de atenção a
saúde deve ser constituída de forma a agregar serviços de complexidade crescente,
de acordo com os níveis de atenção a saúde (SANTOS, 2003).
A Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no
âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da
saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e a
manutenção da saúde (BRASIL, 2006, p.10).
Esse nível de atenção é desenvolvido por meio de exercício de práticas
gerenciais, sanitárias democráticas e participativas direcionadas a população,
proporcionando assistência de qualidade, de forma a fortalecer a resolutividade para
os problemas de saúde em seu território, devendo ser este o contato primário e
preferencial dos usuários com o sistema de saúde (BRASIL, 2006).
O atendimento às urgências e emergências deve ser realizado em todos os
pontos de atenção a saúde, com ações que atenda à demanda espontânea do local,
devendo ressaltar a diferença entre um atendimento em uma Unidade Básica de
Saúde (UBS) e uma unidade de urgência, pois na atenção básica a equipe na
maioria das vezes tem conhecimento prévio da saúde da população, sendo esta
registrada em prontuários (BRASIL, 2012).
Assim é importante refletir sobre o acesso da população aos serviços de
atenção básica e os possíveis fatores que possam favorecer ou dificultar a entrada
do usuário no sistema de saúde, tais como: número de usuários por equipe,
desorganização, infraestrutura inadequada, localização do estabelecimento, falta de
28
acolhimento, falta de funcionários e horários para o atendimento, entre outros
(BRASIL, 2012).
É fundamental que este serviço proporcione atendimento aos usuários, sendo
ele de sua área de abrangência ou não, se responsabilizando pela realização de
pequenos procedimentos clínicos, acolhendo usuários em situações agudas ou
crônicas (ferimentos, unhas encravadas, hipertensão arterial, diabetes), avaliando
sempre a necessidade ou não do encaminhamento a outro serviço de saúde
(BRASIL 2011).
A rede de assistência a saúde pode ser evidenciada através de uma estrutura
piramidal, onde há a representação dos componentes do SUS. Essa estrutura tem a
finalidade de solucionar os problemas da população conforme sua dependência e
gravidade, por meio de regulação médica, que é um sistema de acolhimento e
triagem.
Enfatiza-se assim uma situação onde o usuário necessita de cuidados
podendo esse, sair de sua residência, via pública ou UBS encaminhado por meio do
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) ou ambulância para uma
instituição hospitalar (SANTOS et al, 2003) (Figura 2).
Figura 2: Estrutura Piramidal da Rede Assistencial com o fluxo de urgência entre
os diferentes componentes ordenados por meio de regulação médica
Fonte: SANTOS, J.S. et al. (2003).
29
Deste modo faz-se necessário um atendimento de forma resolutiva com ações
de promoção a saúde, prevenção de doenças e agravos, possibilidade de
diagnostico, tratamento, reabilitação e cuidados paliativos, com o objetivo principal
de reordenar a atenção à saúde em situações de urgência e emergência de forma
que seja coordenada pela atenção básica (BRASIL, 2013).
1.8 O sistema de referência e contrarreferência em saúde
O Sistema de saúde é composto por diferentes níveis de atenção desde as
Unidades Básicas de Saúde até os hospitais de alta complexidade, tendo em vista
que cada nível deve acolher e ser responsável pela parcela de demanda que cabe a
ele, sendo necessário se relacionarem de forma complementar por meio de
mecanismos organizados pelo sistema de referência e contrarreferência quando a
unidade não tiver recursos necessários para o atendimento (BRASIL, 2002).
De acordo com a Rede Humaniza SUS do Ministério da Saúde:
O sistema de referência e contrarreferência é um modo de organização dos serviços configurados em redes sustentadas por critérios, fluxos e mecanismo de pactuação de funcionamento, para assegurar a atenção integral aos usuários. Na compreensão de rede, deve-se reafirmar a perspectiva de seu desenho lógico, que prevê a hierarquização dos níveis de complexidade, viabilizando encaminhamentos resolutivos, porém reforçando sua concepção central de fomentar e assegurar vínculos em diferentes dimensões: intra-equipe de saúde, inter-equipes/serviços, entre trabalhadores e gestores, e entre usuários e serviços/equipes (BRASIL, 2014, p. 1).
É dever do estado oferecer serviços de saúde de forma a atender as
necessidades dos usuários. O sistema de referência e contrarreferência
desempenha um importante papel na organização do sistema de saúde, que tem por
princípio a integralidade no cuidado, garantindo a seus usuários um atendimento que
englobe todas suas necessidades nos mais diversos níveis de complexidade (DIAS,
2012).
Ainda segundo o autor, este sistema deve existir para que ocorra um
atendimento que supra as necessidades do usuário, por meio de ações de
promoção, prevenção, proteção e recuperação de acordo com o nível de
complexidade do sistema, contudo que haja uma continuidade do cuidado.
30
CAPÍTULO II
A PRÁTICA DE ENERMAGEM NO SETOR DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
2 A ENFERMAGEM E SEU CONTEXTO HISTÓRICO COMO PROFISSÃO
A abordagem da história da enfermagem e seu desenvolvimento quanto às
práticas de saúde está relacionada às estruturas sociais de determinada época e
cada período histórico é diferenciado de acordo com sua filosofia, política e ideologia
que caracteriza a evolução e trajetória das práticas de saúde, na qual a enfermagem
está inserida (GEOVANINI et al., 2005).
No entanto, não basta apenas compreender o significado do trabalho em
enfermagem, sem antes ter conhecimento sobre sua evolução histórica e sua
inserção no processo de trabalho em saúde.
Durante o século V a.C, as doenças eram entendidas como castigo de Deus
ou consequência do poder do demônio. Por este motivo eram os sacerdotes,
feiticeiros e curandeiros que de fato prestavam os cuidados aos enfermos, utilizando
banho de água quente ou fria, com a finalidade de purificar a alma e medicamentos
empíricos, a partir de plantas e ervas (OGUISSO, 2007).
A medicina tornou-se científica, com a figura de Hipócrates, considerado pai
da medicina que propôs uma nova concepção em saúde, dissociando a arte de curar
com preceitos místicos e sacerdotais, através da utilização do método indutivo da
inspeção e da observação. Esse método permitia realizar diagnóstico, prognóstico e
a terapêutica, com destaque nessa época às práticas de higiene no cuidado com a
saúde (GEOVANINI et al., 2005).
Conforme a autora, o cristianismo foi a maior evolução social de todos os
tempos, nessa época surge à enfermagem, como prática leiga, desenvolvidas por
religiosas com cuidados especiais por parte da igreja, onde grupos de jovens eram
treinados em conventos sob regras rígidas de conduta e moral, para prestar
assistência aos doentes, não como prática profissional, mas sim como sacerdócio.
A revolução industrial trouxe consigo o avanço da medicina e melhoria para
área da saúde, devido à modernização, e avanços tecnológicos com o surgimento
31
de aparelhos modernos que contribuíram para a melhoria e rapidez no trabalho
contra várias doenças, favorecendo na reorganização dos hospitais (BARRA et al.,
2006).
A enfermagem passou a ganhar força a partir do momento em que Florence
Nightingale é convidada para prestar cuidados aos soldados feridos, durante a
Guerra da Criméia, em 1854. Seus saberes e práticas de enfermagem contribuíram
para que fosse considerada fundadora da enfermagem moderna em todo o mundo.
Ao retornar da guerra fundou-se uma escola de enfermagem, na qual a enfermagem
surge não mais como uma atividade empírica e sim como uma profissão (COSTA et
al., 2009).
Segundo Grisard e Vieira (2008), do mesmo modo que na Europa, o Brasil
contou com Ana Néri, que assim como Florence Nightingale, foi para o campo de
batalha prestar cuidados a soldados brasileiros, durante a guerra do Paraguai,
tornando-se pioneira da enfermagem no Brasil. Em virtude de sua importância, criou-
se a primeira escola oficial de enfermagem no país.
Em 1926 foi fundada a Associação Nacional de Enfermeiras Diplomadas
Brasileiras, denominada hoje, Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), que
teve sua origem estreitamente ligada a escola de enfermagem Ana Néri, associação
essa que surgiu para contribuir com o desenvolvimento da profissão no Brasil
(FREITAS, 2007).
Considerando-se a necessidade, devido sua evolução, a enfermagem foi
restabelecida com a finalidade do processo de trabalho ser desenvolvido por uma
equipe, na qual há hierarquização, sendo este desenvolvido por diversos agentes
dessa equipe (enfermeiro, auxiliar e técnico em enfermagem) com o objetivo de
possibilitar uma assistência direta ao paciente (SHOELLER, 2005).
Pires (2009) considera a enfermagem uma profissão desenvolvida por um
grupo de trabalhadores qualificados para prestar assistência conforme o código de
ética e regras para o exercício da profissão, no qual cada membro da equipe exerce
suas atividades de acordo com que lhe compete.
2.1 As categorias dos profissionais de enfermagem e suas atribuições
O processo do cuidar refere-se a ações prestadas para auxiliar o indivíduo em
32
situações, na qual não consegue ou tem dificuldades para satisfazer suas
necessidades biológicas, psíquicas e sociais. Para que esse processo seja realizado
com qualidade, é necessário adotar um método que auxilie a equipe de enfermagem
a organizar a assistência prestada, de modo a beneficiar tanto os profissionais,
clientes e a instituição (SILVA, 2006).
O cuidado destinado ao ser humano deve ser de forma integral e para isso é
necessário um instrumento de trabalho para direcionar as atividades que devem ser
realizadas. Este recurso é denominado processo de enfermagem.
O Processo de Enfermagem é direcionado pela Sistematização da
Assistência de Enfermagem (SAE), que conduz o desenvolvimento e organização do
trabalho, sendo o enfermeiro do setor o responsável por detectar as prioridades e
necessidades de cada paciente, fornecendo uma direção à equipe através das
possíveis intervenções (MARIA; QUADROS e GRASSI, 2012).
No Brasil, o uso da sistematização das ações de enfermagem aconteceu a
partir da publicação do livro “Processo de Enfermagem” de Wanda de Aguiar Horta,
na década de 1970, onde ela propôs uma metodologia, a qual denominou processo
de enfermagem que compõe cinco etapas: histórico de enfermagem, diagnóstico de
enfermagem, plano assistencial, prescrição e evolução de enfermagem (HORTA
apud KLETEMBERG et al., 2010).
O desenvolvimento da sistematização da assistência de enfermagem esteve
contextualizado nos caminhos cursados para a profissionalização da categoria no
Brasil, que foi fundada sob interesses do governo, mercado de trabalho e do ensino
de enfermagem (KLETEMBERG et al., 2010).
Em todo o mundo a enfermagem forma o maior contingente da força de
trabalho em cuidados à saúde. É o grupo profissional mais vastamente distribuído e
com os mais diversos papéis, funções e responsabilidades (STOLARSKI et al.,
2009).
Os cuidados prestados em saúde são realizados pelos profissionais de
enfermagem que atuam como uma equipe, porém apresentam diferentes
competências.
Conforme Soares, Biagolini e Bertolozzi (2013) no Brasil, o exercício da
Enfermagem é regulamentado e seus profissionais (auxiliar, técnico e enfermeiro)
têm suas atribuições especificadas no Decreto nº 94.406, de 8 de junho de 1987,
33
que regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. Esse Decreto descreve
quais são os profissionais de enfermagem e suas atribuições.
A cada uma das categorias profissionais, corresponde a um processo de
formação próprio, que pressupõe um conjunto distinto de atividades (PEDUZZI;
ANSELMI, 2004).
Portanto é fundamental o conhecimento característico de cada profissional
sobre sua atribuição, para que a população receba um atendimento qualificado e
efetivo, bem como seja garantida a legalidade das ações do profissional e da equipe.
A enfermagem é exercida por três categorias: o enfermeiro, o técnico em
enfermagem e o auxiliar de enfermagem.
2.1.1 Atribuições do enfermeiro
De acordo com o Conselho Regional de Enfermagem - COREN (2013) cabe
às três categorias ter a incumbência de integrar a equipe de saúde e promover a
educação em saúde, sendo que a gestão de atividades como planejamento da
programação de saúde, elaboração de planos assistenciais, participação de
projetos, programas de assistência integral, programas de treinamento,
desenvolvimento de tecnologias apropriadas e na contratação do pessoal de
enfermagem, bem como a prestação de assistência ao parto e a prevenção de
infecção hospitalar, danos ao paciente e acidentes no trabalho, são de
responsabilidade do enfermeiro.
O enfermeiro deve estar certificado para reconhecer, prevenir e atender as
possíveis complicações incluídas no exame, bem como, orientar os usuários e
familiares (ARAUJO, 2010).
Para atuação nesta área, o profissional deve receber capacitação qualificada,
visto haver riscos inerentes ao processo de cuidar, levando a consequências graves
caso não haja uma assistência adequada.
Cabe ao enfermeiro as tarefas relacionadas à sua atuação com o cliente,
contando com liderança da equipe de enfermagem e gerenciamento de recursos
físicos, materiais, humanos, financeiros, políticos e de informação para a prestação
da assistência de enfermagem (STOLARSKI et al., 2009).
É exigido do enfermeiro conhecimento, habilidades, atitude apropriada para
34
desempenhar seu papel e, acima de tudo, idoneidade para que os membros de sua
equipe tenham capacidade para executar as tarefas que lhes são designadas.
O enfermeiro deve distinguir cada funcionário individualmente, determinado
por diferentes fatores, identificando os sistemas de valores individuais e coletivos,
programando um sistema de recompensas coeso com esses valores e mantendo
uma imagem de caráter prático e entusiasmada, como modelo a ser seguido pelos
subordinados, no local de seus afazeres.
De acordo com o Decreto n° 94.406/87 que regulamenta a lei n° 7.498, de 25
de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da enfermagem, e dá outras
providências, em seu artigo 8°- Ao enfermeiro incumbe:
I – privativamente:
a) Gestão do órgão de enfermagem integrante da estrutura básica da
instituição de saúde pública ou privada e liderança de serviço na unidade
de Enfermagem;
b) Sistematização e direção dos serviços de enfermagem e de suas
atribuições técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses
serviços;
c) Planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos
serviços da assistência de enfermagem;
d) Consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de enfermagem;
e) Consulta de enfermagem;
f) Prescrição da assistência de enfermagem;
g) Cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de morte,
h) Cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam
conhecimentos científicos adequados e capacidade de tomar decisões
imediatas.
II – Como integrante da equipe de saúde:
a) Cooperação no planejamento, execução e avaliação da programação de
saúde;
b) Cooperação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais
de saúde;
c) Prescrição de medicamentos previamente estabelecidos em programas de
saúde pública e em rotina aprovada pela instituição de saúde;
35
d) Participação em projetos de construção ou reforma de unidades de
internação;
e) Prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar, inclusive como
membro das respectivas comissões;
f) Cooperação na composição de medidas de prevenção e controle
sistemático de danos que possam ser causados aos clientes durante a
assistência de enfermagem;
g) Cooperação na prevenção e controle das doenças transmissíveis em geral
e nos programas de vigilância epidemiológica;
h) Prestação de assistência de enfermagem à gestante, parturiente, puérpera
e ao recém-nascido;
i) Cooperação nos programas e nas atividades de assistência integral à
saúde individual e de grupos específicos, particularmente daqueles
prioritários e de alto risco;
j) Assistência na evolução e no trabalho de parto;
l) Desempenho e assistência obstétrica em situação de emergência e
execução do parto sem distócia;
m) Cooperação em programas e atividades de educação sanitária, tendo em
vista à melhoria de saúde do indivíduo, da família e da população em geral;
n) Cooperação nos programas de treinamento e qualificação de pessoal de
saúde, particularmente nos programas de educação continuada;
o) Cooperação nos programas de higiene e segurança do trabalho e de
prevenção de acidentes e de enfermidades profissionais e do trabalho;
p) Cooperação na elaboração e na execução do sistema de referência e
contrarreferência do paciente nos diferentes níveis de atenção à saúde;
q) Cooperação no desenvolvimento de tecnologia apropriada à assistência de
saúde,
r) Participação em bancas examinadoras, em matérias específicas de
enfermagem, nos concursos para provimento de cargo ou contratação de
enfermeiro ou pessoal técnico e auxiliar de enfermagem.
Segundo Wehbe; Galvão (2001) dentre as atividades assistências exercidas
pelo enfermeiro no setor de emergência as principais são:
a) Fornecer cuidado ao paciente juntamente com o médico;
36
b) Preparar e administrar medicamentos;
c) Proporcionar a realização de exames especiais procedendo à coleta;
d) Instalar sondas nasogástricas, nasoenterais e vesicais em clientes;
e) Realizar troca de traqueostomia, punção venosa com cateter, punção
arterial entre outros;
f) Realizar curativos de maior complexidade;
g) Dispor instrumentos para intubação, aspiração, monitoramento cardíaco e
desfibrilação, auxiliando a equipe médica na execução dos procedimentos
diversos;
h) Aferir sinais vitais;
i) Realizar a sistematização da assistência de enfermagem e evolução dos
pacientes, fazer anotações em prontuários;
j) Fiscalizar as ações dos profissionais da equipe de enfermagem;
k) Conferir os materiais permanentes e psicotrópicos do setor;
l) Priorizar o atendimento aos pacientes dependendo do grau de
complexidade;
m) Realizar relato em livro de ordens e ocorrências;
n) Liderar a equipe de enfermagem no atendimento dos pacientes críticos e
não críticos,
o) Observar as deficiências da equipe e realizar educação continuada.
O grande fluxo de pacientes atendidos e a dinamicidade da rotina de um Pronto Socorro (PS) fazem com que a atuação do enfermeiro precise ser eficiente, uma vez que é essencial. Os enfermeiros de pronto socorro são elementos fundamentais no processo de trabalho desse setor, não apenas ao realizarem o atendimento emergencial, mas ao atuarem efetivamente no gerenciamento da unidade, levando assim à melhor organização para sanar as necessidades do paciente (MONTEZELI, 2009.p. 19).
De acordo com Wehbe; Galvão (2001) dentre as atividades administrativas
efetuadas pelo enfermeiro, destaca-se:
a) Realização da estatística dos atendimentos ocorridos na unidade;
b) Coordenar as atividades do pessoal de recepção, limpeza e portaria;
c) Solucionar problemas decorrentes do atendimento médico ambulatorial;
d) Alocar pessoal e recursos materiais necessários;
e) Controlar estoque de material;
f) Verificar a necessidade de manutenção dos equipamentos do setor.
37
Para o Conselho Regional de Enfermagem - COREN (2013) cabe ao
enfermeiro a direção do serviço de enfermagem em instituições de saúde e de
ensino, públicos, privados e a prestação de serviço; as atividades de gestão como
planejamento da assistência de enfermagem, consultoria, auditoria, consulta de
enfermagem, a prescrição da assistência de enfermagem, os cuidados diretos a
pacientes com risco de morte, a prescrição de medicamentos (estabelecidos em
programas de saúde e em rotina) e todos os cuidados de maior complexidade
técnica.
2.1.2 Atribuições do técnico de enfermagem
De acordo com o COREN (2013) cabe ao técnico de enfermagem assistir o
enfermeiro no planejamento das atividades de assistência, no cuidado ao paciente
em estado grave, na prevenção e na execução de programas de assistência integral
à saúde e participando de programas de higiene e segurança do trabalho, além,
obviamente, de assistência de enfermagem, excetuadas as privativas do enfermeiro.
O Decreto n° 94.406/87 que regulamenta a lei n° 7.498, de 25 de junho de
1986, que dispõe sobre o exercício da enfermagem, e dá outras providências, em
seu artigo 10 – O Técnico de Enfermagem exerce as atividades auxiliares, de nível
médio técnico, atribuídas à equipe de Enfermagem, cabendo-lhe:
I - Assistir ao Enfermeiro:
a) No planejamento, programação, orientação e supervisão da execução da
assistência de enfermagem;
b) Na prestação de cuidados diretos de enfermagem a clientes em estado
critico;
c) Na prevenção e fiscalização das doenças transmissíveis em geral em
programas de vigilância epidemiológica;
d) Na prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar;
e) Na prevenção e controle sistemático de prejuízos físicos que possam ser
causados a clientes durante a assistência de saúde,
f) Na execução dos programas mencionados nas letras do item II do Art. 8º.
São eles:
38
(i) Cooperação nos programas e nas atividades de assistência integral à
saúde individual e de grupos específicos, particularmente daqueles
prioritários e críticos.
(o) Cooperação nos programas de higiene e segurança do trabalho e de
precaução de acidentes e de enfermidades profissionais e do trabalho.
Segundo Wehbe; Galvão (2001) dentre as atividades assistenciais exercidas
pelo técnico em enfermagem no setor de emergência as principais são:
a) Executar a pré-consulta, aferir os sinais vitais e relatar a queixa atual do
paciente;
b) Acomodar o cliente ou encaminhar até a sala de urgência, instalar o
monitor cardíaco, oxímetro de pulso e demais recursos conforme a
necessidades do mesmo;
c) Instalar soroterapia, sonda nasogástrica, oxigenoterapia, entre outros
conforme prescrição médica;
d) Realizar eletrocardiograma;
e) Preparar e administrar medicações por via oral, tópica, intradérmica,
subcutânea, intramuscular, endovenosa e retal, segundo prescrição
médica;
f) Dispor materiais e circular a sala de procedimento de sutura auxiliando no
que for necessário;
g) Organizar o material de punção subclávia e/ou dissecção de veia e auxiliar
a equipe médica;
h) Encaminhar e acompanhar o paciente ao RX e exames complementares;
i) Realizar a anotação de enfermagem e/ou relatórios dos pacientes em
observação,
j) Executar imobilização do paciente mediante orientação e capacitação.
2.1.3 Atribuições do auxiliar de enfermagem
De acordo com o Conselho Regional de Enfermagem (COREN) de 2013,
cabe ao auxiliar preparar o paciente para consultas, exames e tratamentos; executar
tratamentos prescritos; prestar cuidados de higiene, alimentação e conforto ao
paciente e zelar por sua segurança; além de zelar pela limpeza em geral. Estão
39
descritas no artigo 11 a seguir:
Art. 11 - O Auxiliar de Enfermagem executa as atividades auxiliares, de nível
médio, atribuídas à equipe de Enfermagem, cabendo-lhe:
II - Observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas, ao nível de sua
qualificação;
IV - Prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente e zelar por sua
segurança, inclusive:
b) zelar pela limpeza e ordem do material, de equipamentos e de
dependência de unidades de saúde.
Segundo COREN (2013) cabe, ainda, ao auxiliar fornecer medicamentos,
aplicar e conservar vacinas e fazer curativos; colher material para exames
laboratoriais; executar atividades de desinfecção e esterilização; realizar controle
hídrico; realizar testes para subsídio de diagnóstico; instrumentar; efetuar o controle
de pacientes e de comunicantes em doenças transmissíveis; prestar cuidados de
Enfermagem pré e pós-operatórios; aplicar oxigenoterapia, nebulização,
enteroclisma, aplicação de bolsas de calor ou frio; executar os trabalhos de rotina
vinculados à alta de pacientes; e participar dos procedimentos pós-morte.
De acordo com o COREN (2013) esses profissionais desempenham tarefas
auxiliares de enfermagem quanto aos cuidados prestados aos pacientes, efetuam
também registros e relatórios de ocorrências e intercorrências, trabalham em
conformidade com as boas práticas, normas e procedimentos de biossegurança.
Considera-se que o enfermeiro e a equipe de enfermagem têm papel fundamental no atendimento aos usuários em unidade de emergência hospitalar, não somente como suporte ou forma de auxílio para o médico, ou meros executores de prescrições, mas sim como profissionais que têm atribuições e responsabilidades profissionais próprias, em que o cuidado é o foco principal de atenção e o processo de enfermagem, o método de trabalho (WOISKI; ROCHA, 2010, p.149).
Ainda segundo as autoras, os profissionais da enfermagem necessitam
conhecer suas atribuições e competências legais referentes à Lei do Exercício
Profissional, além de conhecer e se conscientizar, devem assumir suas
responsabilidades diante destes preceitos legais.
40
Sendo assim, a equipe de enfermagem terá sua valorização profissional
diante da equipe multiprofissional, paciente e família.
2.2 A profissionalização da enfermagem no Brasil
A enfermagem no Brasil surgiu como aspecto profissional na arte do cuidar na
época dos escravos, no qual os cuidados eram prestados ás pessoas enfermas nos
domicílios onde os mesmos trabalhavam. Esses escravos tiveram relevante função
ao auxiliar as famílias e os religiosos nos cuidados aos doentes, quando já existiam
Santas Casas no país (MOREIRA, 2007).
Ainda segundo a autora, a profissionalização surgiu a partir de 1890 no Rio de
Janeiro, com a criação oficial da primeira escola de ensino, nomeada de Escola de
Enfermagem Alfredo Pinto, com finalidade de preparar pessoal para atuar no serviço
de enfermagem. Na época ganhou força à medida que médicos psiquiatras
perceberam a necessidade de alguém que pudesse auxiliá-los nos cuidados às
pessoas com transtornos mentais, em hospitais psiquiátricos, e posteriormente nos
hospitais civis e militares.
Conforme descrito por Carvalho (1976), na década de 1940, a Associação
Brasileira de Enfermagem (ABEn), estabeleceu que para a formação de bacharel em
enfermagem, a pessoa deveria possuir o ginásio completo, na época, o curso
colegial. Nesse período, a educação na área da enfermagem era regulamentada
pela Lei 775/49, por meio de dois cursos: a formação do enfermeiro de nível
superior, em escolas de enfermagem e de auxiliar de enfermagem, os quais seriam
ministrados pelas escolas públicas a alunos com curso primário, sem
aprofundamento no que se dizia respeito à profissão.
Ainda segundo a autora, a proposta da ABEn era proporcionar a
profissionalização em enfermagem para jovens de diferentes níveis de escolaridade,
surgindo assim o curso técnico de enfermagem para candidatos com curso ginasial
ou equivalente a este. Assim considera-se importante a formação de auxiliar e
técnico da mesma forma que a graduação em enfermagem, uma vez que a atuação
profissional em equipe visa à melhoria da assistência de enfermagem ao povo
brasileiro.
2.3 O trabalho da equipe de enfermagem no setor de urgência e emergência
41
O setor de urgência e emergência é uma das unidades de assistência que
necessita de maior atenção pela equipe de saúde, pois se configura porta de
entrada para os mais diversos casos que procuram este serviço e o principal objetivo
deste é prestar o atendimento imediato a pacientes em situações de sofrimento,
independentemente da gravidade do quadro clínico (JORGE et al., 2012).
As ações da equipe de enfermagem na emergência estão inteiramente
ligadas à competência clínica, desempenho dos profissionais, cuidado holístico e
metodologia científica (WEHBE; GALVAO, 2005).
As atividades assistenciais desenvolvidas pela equipe de enfermagem neste
setor são de suma importância para o usuário na prevenção de agravos a saúde ou
doença que apresentem riscos ou não.
Segundo Lopes (2009), o trabalho da equipe de enfermagem neste campo de
ação, requer conhecimento e preparo para assumir, com competência, a função que
cada membro da equipe exerce, sendo que todos têm o dever de conhecer suas
limitações legais e suas atribuições.
O profissional deve estar apto a prestar esses cuidados expressando respeito,
devendo oferecer respostas adequadas e de fácil entendimento, cuidados
resolutivos as particularidades dos usuários e ações articuladas com os demais
serviços existentes no sistema, permitindo o encaminhamento do cliente para outro
nível de atendimento, sempre que necessário (KONDO et al., 2011).
O trabalho deve ser desenvolvido de forma sincronizada, dinâmica e rápida
com o objetivo de evitar sequelas ou agravos. Dessa forma, a equipe deve estar
preparada tecnicamente e emocionalmente diante da variedade de casos que são
atendidos e refletir sobre o cuidado que está sendo prestado de forma a buscar
aprimoramento sempre que houver necessidade (WOISKI; ROCHA, 2010).
Assim, torna-se um local de trabalho desafiante para aqueles que ali
trabalham, por conviverem com a superlotação, demora no atendimento, sobrecarga
de trabalho e tensão constante (BITTENCOURT, 2009).
Estas são algumas das características no ambiente em hospitais públicos do
Brasil, principalmente nos setores de atendimento as urgências e emergências, bem
como também os serviços de pronto atendimento (PAI; LAUTERT, 2008).
O ambiente hospitalar, por si só, é considerado um ambiente que possui
condições estressantes, não somente para quem exerce a função de profissional da
42
saúde, mas também para quem ocupa o papel de familiar no cuidado ao ente
debilitado, tornando-se assim um ambiente tenso e sobrecarregado. Por essa razão
a enfermagem é considerada uma profissão que sofre impacto emocional, diante à
assistência prestada a pessoas, em meio à dor e sofrimento.
O profissional que atua no setor de urgência e emergência é submetido a um
processo desgastante, pelo fato de estar vinculado ao primeiro atendimento a
pessoas com agravos a saúde, pela falta de condições de trabalho e muitas vezes
pela dupla ou tripla jornada de trabalho.
Além disso, Pai e Lautert (2008), consideram a dupla jornada de trabalho dos
profissionais e a deficiência de recursos humanos e materiais, como condições
inadequadas para a realização das atividades no setor de urgência e emergência.
Ainda segundo a autora, ao mesmo tempo em que há dificuldades nesta área,
existe uma relevância do desempenho profissional, que se dá pelo prazer de se
sentir útil, contribuindo no processo de trabalho.
No entanto são necessárias medidas que possam dar maior segurança ao
profissional, tais como incentivar o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI),
a fim de evitar acidentes de trabalho, dimensionamento de funcionários sempre que
necessário, considerando a carga horário de trabalho, buscando reduzir situações
que ocasionam o estresse e a fadiga e organizar as atividades realizadas no setor
(BARBOSA et al., 2009).
O pronto socorro é um ambiente complexo onde são atendidos desde casos
simples até emergências decorrentes de acidentes automobilísticos, violência,
doenças de diversas etiologias, entre outras. Os profissionais deste setor devem
estar capacitados para atuar com agilidade, porém de forma humanizada, sempre
levando em consideração a importância de sua atuação durante um procedimento
de urgência, bem como suas limitações frente ao fluxo desse setor.
43
CAPÍTULO III
A PESQUISA
3 INTRODUÇÃO
Considerando que a deficiência na organização e na prestação dos serviços
de saúde nos diferentes níveis de atenção, bem como a ausência de referência e
contrarreferência reflete no aumento do fluxo no setor de urgência e emergência,
ocasionando sobrecarga de trabalho, estresse e perda na qualidade da assistência
prestada, foi realizado, após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa -
Unisalesiano, protocolo nº. 816.800 em 29/09/2014 (Anexo A) uma pesquisa no
setor de Urgência e Emergência da Associação Hospitalar Santa Casa de Lins/SP
(AHSCL), no mês de outubro de 2014.
Este estudo foi elaborado na tentativa de compreender o fluxo do setor de
urgência e emergência, bem como as diversas causas que impulsionam a população
a procurar este atendimento, de modo a caracterizar essa demanda e identificar a
percepção dos usuários e equipe de enfermagem, destacando o impacto que a alta
demanda pode causar aos usuários e aos profissionais de enfermagem que atuam
neste campo de ação.
Trata-se de uma pesquisa do tipo descritiva de caráter exploratório, com
abordagem qualitativa. Para Rey (2005), a pesquisa qualitativa representa um
processo permanente, na qual envolve a imersão do pesquisador no campo de
pesquisa, considerando este como um cenário social, onde há um caso a ser
estudado, de fato a compreender uma realidade.
Esse tipo de pesquisa é utilizada para estudar as características de um
determinado grupo: sua distribuição por idade, condições de habitação, estudar o
nível de atendimento em órgãos públicos ou para levantar opiniões de uma
população (GIL, 2008)
Para o autor as pesquisas descritivas, juntamente com a pesquisa
exploratória, visam proporcionar uma maior familiaridade com o problema, sendo
habitualmente realizadas por pesquisadores com pessoas que têm experiência
prática com o problema pesquisado.
44
Nesse tipo de investigação deve ocorrer o contato entre o pesquisador e o
sujeito da pesquisa, na qual se aborda um assunto, de forma a assimilar e absorver
as informações coletadas de acordo com a realidade dos fatos.
3.1 Local da pesquisa
A pesquisa foi realizada no setor de Urgência e Emergência da Associação
Hospitalar Santa Casa de Lins (AHSCL), (Anexo B) que está localizada na Rua
Pedro de Toledo, nº 486, na cidade de Lins/SP
A instituição iniciou suas atividades em 1923. Em toda sua história
reconhecida como um hospital de referência em Lins e região. No entanto problemas
administrativos passaram ameaçar a continuidade dos serviços prestados, sendo
decretada uma intervenção administrativa na entidade, sem muitos resultados.
Em 2011, depois de incansáveis pedidos dos prefeitos da região e da
Secretaria de Estado de Saúde, a Associação e Fraternidade São Francisco de
Assis da Providência de Deus assumiu a administração da Santa Casa, desde então
vem passando por adequações, inclusive no Pronto socorro, na qual é realizado
cerca de seis mil atendimentos mensais (ASSOCIAÇÃO E FRATERNIDADE SÃO
FRANCISCO DE ASSIS NA PROVIDÊNCIA DE DEUS, 2014). O Setor de Urgência e
Emergência possui uma equipe de enfermagem composta por vinte técnicos em
enfermagem e quatro enfermeiros.
3.2 Recursos Metodológicos
3.2.1 Método
“O método científico se caracteriza por um procedimento sistematizado,
passível de ser repetido, para se conseguir alguma coisa material ou conceitual”
(HADDAD, 2004, p.4).
Ao identificar o assunto a ser abordado no estudo, deve-se definir o método a
ser utilizado, neste caso foi empregado o método de estudo de caso.
3.2.1.1 Método de Estudo de Caso
45
Este método é baseado em uma investigação empírica que pesquisa um
acontecimento em um contexto real, onde não há controle dos eventos variáveis,
permitindo aprofundar-se em uma realidade social na busca de compreender e
interpretar a situação, tornando-a concreta e científica (MARTINS, 2008, p.1).
Com esta finalidade, foi realizado um estudo de caso buscando caracterizar a
demanda do setor de urgência e emergência e a percepção dos usuários e da
equipe de enfermagem frente a esse campo de ação.
Foram entrevistados oito usuários de ambos os sexos, tendo como critérios a
idade entre vinte e cinquenta anos, serem residentes na cidade de Lins/SP. Também
foram entrevistados dez profissionais da equipe de enfermagem, sendo oito técnicos
em enfermagem e dois enfermeiros, de ambos os sexos, tendo como critérios de
inclusão a atuação no setor por mais de seis meses. Todos os entrevistados
participaram da coleta de dados voluntariamente, assinando o Termo de
Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) – (Anexo C). Os profissionais que não
participaram do estudo não obedeceram aos critérios de inclusão propostos pela
pesquisa.
3.2.2 Técnica
A técnica realizada foi coleta áudio gravável de dados com base em uma
entrevista semiestruturada. Para Martins (2008), a entrevista semiestruturada é uma
técnica para coletar dados, onde é orientada por um roteiro previamente definido
pelo investigador e aplicado aos entrevistados, cujo objetivo é entender e
compreender o significado das questões e situações contextualizadas na entrevista.
Para Marconi e Lakatos (2011), na entrevista semiestruturada o entrevistador
tem liberdade para encaminhar qualquer situação para uma direção que considere
mais apropriada.
A utilização da técnica áudio gravável como instrumento para coleta de dados
é uma forma de registrar com concordância as informações durante a entrevista,
este que deve ser praticado com a aprovação do entrevistado, levando em
consideração a importância de ouvir mais do que falar, favorecendo o objetivo a ser
alcançado. (MARTINS, 2008).
A gravação foi realizada com um sistema de captação de áudio de um celular
46
modelo Samsung Win Duos, e um MP4 modelo Philco onde o tempo médio das
entrevistas foi de aproximadamente 8 minutos. As entrevistas foram realizadas
simultaneamente ao processo de atendimento do setor de urgência e emergência.
Após as entrevista, realizou-se a transformação dos relatos orais em texto
através de três etapas, sendo transcrição, textualização e transcriação para melhor
contextualização das informações coletadas. Meyhi e Holanda (2007) explicam as
etapas do seguinte modo:
A transcrição é uma operação estritamente técnica. Inicia-se com a escuta
dos relatos por algumas vezes, absorvendo as informações coletadas. Após é
realizada a passagem minuciosa da entrevista para o papel, com todos os erros,
lapsos e vacilos, inclusive as perguntas do entrevistador.
A textualização é um ajuste das palavras. Compreende primeiramente em
eliminar as perguntas de forma a permanecer somente as respostas, ganhando
também uma pequena reorganização das palavras, tornando-se mais clara.
E por último, a transcriação mostra uma forma de deixar os depoimentos mais
complexos, removendo ou acrescentando palavras, frases, pontuação e parágrafos,
tornado a leitura mais fácil e prazerosa.
Essas etapas têm a finalidade de transformar as informações coletadas em
um texto organizado, com uma sequência lógica, que possibilita ao leitor analisar o
conteúdo com mais clareza e objetividade.
Para apresentação dos dados serão utilizados símbolos para ilustrar as falas.
São eles: “[...]” para indicar que um fragmento da fala foi excluído no inicio do relato;
“...” para ilustrar pausas e “(...)” para expressar que um fragmento da fala que foi
excluído no final do relato. Os nomes dos participantes da pesquisa foram
substituídos por: T.E para identificar os técnicos (as) em enfermagem e Enf. para
identificar os enfermeiros (a).
3.2.2.1 Roteiro de Estudo de Caso (Apêndice A)
3.2.2.2 Roteiro de entrevista com os usuários (Apêndice B)
3.2.2.3 Roteiro de entrevista com a equipe de enfermagem (Apêndice C)
3.2.2.4 Carta de Aprovação do Comitê de Ética (Anexo A)
3.2.2.5 Termo de responsabilidade da instituição Associação Hospitalar Santa Casa
de Lins (Anexo B)
47
3.2.2.6 Termo de Consentimento Livre Esclarecido (Anexo C)
3.3 Resultados e Discussão
Optou-se pela discussão dos dados mediante eixos temáticos, ou seja, após
identificação de conteúdos em comuns nas narrativas dos entrevistados. O
agrupamento de dados significativos tem como objetivo auxiliar na orientação e
planejamento do trabalho. Sendo assim a análise dos dados não será feita de forma
aleatória, mas sim, por eixos que estabelecerão os conteúdos a serem abordados a
respeito da problematização.
Definir um eixo temático significa limitar os conteúdos adquiridos pelo assunto
principal, não dando espaço para um desvio do tema.
3.3.1 Caracterização dos sujeitos da pesquisa
O estudo foi aplicado em dois grupos distintos, sendo de extrema importância
caracterizar os sujeitos da pesquisa, de forma a distingui-los para melhor
compreensão da discussão dos resultados.
Quadro 1 – Caracterização dos profissionais de enfermagem
Profissionais Sexo Idade Cidade Tempo de atuação no Pronto Socorro
(anos) Categoria profissional
Enf. 01 Feminino 31 Promissão 1 Enfermeiro
Enf. 02 Feminino 30 Lins 3 Enfermeiro
T.E 01 Feminino 23 Lins 2 Técnico em Enfermagem
T.E 02 Masculino 30 Cafelândia 1,5 Técnico em Enfermagem
T.E 03 Feminino 42 Lins 15 Técnica em Enfermagem
T.E 04 Feminino 43 Lins 20 Técnica em Enfermagem
T.E 05 Masculino 24 Guaiçara 2 Técnico em Enfermagem
T.E 06 Masculino 21 Pongai 1 Técnico em Enfermagem
T.E 07 Feminino 26 Lins 2 Técnica
emenfermagem
T.E 08 Feminino 38 Lins 9 Técnica em Enfermagem
Fonte: LOPES; ANDREOTI, 2014
48
Quadro 2 – Caracterização dos usuários dos serviços de saúde
Usuários Sexo Idade (anos)
Profissão Estado
Civil
Bairro onde reside
Possui Unidade de saúde no
bairro onde reside
Usuário 01 Masculino 31 Encarregado de
deposito Solteiro Pasetto Sim
Usuário 02 Feminino 48 Auxiliar de
serviços Gerais Divorciada
Jd. Bela Vista
Sim
Usuário 03 Feminino 25 Do lar Solteira São
Benedito Sim
Usuário 04 Masculino 38 Eletricista Casado Rebouças Sim
Usuário 05 Masculino 38 Tratorista União
Estável Ribeiro Sim
Usuário 06 Masculino 28 Almoxarife Divorciado Pasetto Sim
Usuário 07 Feminino 25 Auxiliar de
serviços gerais Casada
Jd.Santa Maria
Sim
Usuário 08 Feminino 27 Do lar Casada Bom Viver
II Sim
Fonte: LOPES; ANDREOTI, 2014
Quadro 3: Caracterização dos motivos pelos quais o usuário buscou o serviço de
urgência e emergência
Usuários Os motivos pelos quais o usuário buscou o serviço de urgência e emergência
Usuário 01 Dor na nuca. Relata não ser hipertenso
Usuário 02 Dor no calcâneo direito
Usuário 03 Dor no corpo e diarréia
Usuário 04 Vômito e diarréia
Usuário 05 Dor de garganta
Usuário 06 Tontura
Usuário 07 Dor de cabeça e náuseas
Usuário 08 Dor de garganta
Fonte: LOPES; ANDREOTI, 2014
3.3.2 Apresentação dos eixos
Para maior clareza na demonstração dos resultados, o conteúdo foi dividido
em eixos temáticos, de forma a interpretar os dados. A elaboração dos eixos foi
realizada após a leitura minuciosa dos relatos e identificação de pontos em comuns,
de importância significativa e que vão de encontro com os objetivos desta pesquisa.
49
Quadro 4: Eixos Temáticos
EIXO 1 O significado de urgência e emergência para os profissionais de enfermagem
EIXO 2 A alta demanda do setor de urgência e emergência e suas consequências para os
usuários e profissionais de enfermagem
EIXO 3 As dificuldades do acesso ao serviço de saúde na atenção básica e suas implicações
Fonte: LOPES; ANDREOTI, 2014
3.3.3 Eixos Temáticos
EIXO I: O significado de urgência e emergência para os profissionais de
enfermagem.
O significado de urgência e emergência foi conceituado de diferentes formas
pelos profissionais da equipe de enfermagem.
Para Almeida (2007), o conceito de emergência é amplo, porém indica
sempre uma condição crítica, na qual o individuo entra em desequilíbrio
homeostático, por enfrentar um problema que se antepõem a seus objetivos de vida.
Segundo Murta (2010), urgência é uma situação que necessita de uma
intervenção terapêutica em um curto prazo de tempo, porém sem caráter de morte
eminente como nas emergências. Relacionar estes conceitos não foi uma tarefa fácil
para alguns dos entrevistados. No entanto houve profissionais que de fato souberam
definir urgência e emergência:
Urgência é quando o paciente necessita de um atendimento
rápido, porém pode esperar, pois não corre risco de morte e
emergência não se dá pra esperar, pois o paciente corre risco
eminente de morte (Enf. 02)
Urgência é tudo aquilo que precisa de uma intervenção, porém
com menos necessidade que a emergência essa sim precisa
de atendimento imediato, pois nesse caso o paciente corre
risco de morte (...) (Enf. 01)
Durante os relatos surgiram alguns equívocos, porém observou-se que o
50
profissional pode não saber conceituar urgência e emergência na íntegra, porém tem
consciência de quais atendimentos devem ser priorizados.
[...] um paciente hipertenso, apresentando pressão arterial
170x90mmHg, chega aqui ao mesmo tempo que uma pessoa
baleada, com um sangramento importante... O paciente
hipertenso precisa ser medicado, porém pode aguardar, isso é
uma urgência. Já aquele paciente baleado, deve ser atendido
imediatamente, pois sua condição pode se agravar
rapidamente... Isso é uma emergência! (T.E. 03)
Urgência é o que pode esperar... por exemplo: uma sutura de
pequeno porte. Na emergência o paciente deve ser atendido o
mais rápido possível, caso isso não aconteça pode levá-lo a
morte. (T.E. 06)
O trabalho em enfermagem envolve uma combinação de conhecimento
cientifico e ético, articuladas às competências clinicas, a fim de realizar uma
intervenção de qualidade ao usuário do serviço de saúde (POTTER; PERRY 2013).
Diante disso ressalta-se a importância do conhecimento teórico e prático entre
a equipe de enfermagem, porém de acordo com alguns relatos, observa-se a falta
de compreensão no que diz respeito ao conceito de urgência e emergência:
“Urgência e emergência é quando um paciente chega de
resgate, esse sim apresenta risco de morte” ( T.E. 07)
“Urgência é quando o paciente tem que ser atendido rápido e
emergência podem esperar um pouco” (T.E.04 )
De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem – COFEN (2007) é direito
dos profissionais aprimorarem seus conhecimentos técnicos, científicos e culturais
que dão sustentação a prática profissional (RESOLUÇÃO 311/2007, cap.1, art. 2)
Diante disso Santos (2008) considera que atendimento tanto de urgência
51
como de emergência, requer profissionais preparados e treinados que saibam
priorizar os atendimentos e o conhecimento sobre o estado do paciente faz a
diferença no final do atendimento.
EIXO II: A alta demanda do setor de urgência e emergência e suas
consequências para os usuários e profissionais de enfermagem
O fluxo elevado no setor de urgência e emergência traz consequências para
ambas às partes. O processo de trabalho geralmente é intenso e os pacientes
buscam o atendimento de urgência e emergência para solucionar seus problemas
de saúde, seja ele simples ou não, confiando na instituição e nos profissionais que
ali atuam, na expectativa de resolução de seu caso.
Muitos pacientes que são atendidos no setor de emergência estão
insatisfeitos com os serviços oferecidos pelos ambulatórios e pelas UBS, esperam
uma solução definitiva, e outros devido à falta de tempo para consultas de rotina ou
dificuldade de acesso às mesmas, desejam realizar uma breve avaliação para
eliminar qualquer doença (SOUZA; SILVA; NORI. 2007).
Eu tenho esse hábito de vir aqui, por conta da agilidade no
atendimento... Eu acho mais rápido que na UBS (...) (Usuário
01)
[...] na UBS eles falam que tem que ter consulta marcada...
Esses agendamentos demoram muito e se eu for lá agora eles
não me atendem... Lá eles só atendem uma quantidade de
pessoas por dia (...) (Usuário 03)
[...] Eu vim aqui, pois eu sei que aqui eles me passam um
medicamento mais eficaz... Aqui eu tenho um tratamento
melhor (...) (Usuário 05)
Os pacientes deste setor encontram-se divididos entre aqueles que realmente
precisam de uma assistência imediata e os demais que não se enquadram em
52
caráter de urgência ou emergência.
O desconhecimento da população acerca do caráter de atendimento de
urgência e emergência juntamente com as condições ainda deficitárias
apresentadas pela atenção primária levam os pacientes a buscar os serviços de PS
para atender suas necessidades (SOUZA; SILVA; NORI, 2007).
Tais problemas são de ordem estrutural. Somente mudanças realizadas para
conscientização da população e uma reorganização dos serviços de atenção
primaria de saúde poderiam saná-los.
Costume... Eu só venho aqui (...) (usuário 04)
Porque lá na UBS é só com agendamento... Aqui é mais
rápido! (Usuário 06)
[...] se for marcar demora muito... Na ultima vez que fui agendar
uma consulta demorou três meses! Prefiro vir aqui (...) (Usuário
08)
Os serviços de urgência e emergência sofrem com a demanda espontânea
por atenderem como “portas abertas”, diminuindo consideravelmente a qualidade da
assistência prestada, ocasionado pela sobrecarga de trabalho e quantitativo de
recursos humanos inadequados.
Além de assegurar as manobras de sustentação de vida em casos de
urgência e emergência, essas unidades tem representado o livre acesso para
usuários com queixas crônicas e sociais, que buscam esses serviços e
sobrecarregam a equipe de enfermagem, buscando soluções para problemas
simples que deveriam ser atendidos em outros níveis de atenção a saúde (OHARA;
MELO; LAUS, 2010).
Devido ao fluxo ser muito grande você não consegue dar
atenção a quem realmente necessita... Os pacientes que
53
realmente são de urgência e emergência! Ficamos
sobrecarregados de usuários que poderiam ser atendidos
de uma melhor maneira na UBS (...) (Enf. 1)
[...] nós que somos da área da saúde, com o passar do
tempo ficamos estressados, hipertensos e diabéticos... Eu
estou passando por tudo isso... Sou hipertensa severa e
tenho amigos depressivos na área da saúde... A
sobrecarga de trabalho é muito grande em relação ao
número de funcionários... Os pacientes não entendem e
acham que você está ali brincando e não querem saber
se está corrido ou não e nem se tem emergência... Eles
querem ser atendidos... Então com o passar do tempo o
pessoal da enfermagem vai ficando doente também,
devido tanto estresse (...) (T.E 03)
Em alguns momentos acabamos deixando a desejar...
Trabalhamos em número reduzido de funcionários...
Queremos prestar um atendimento melhor, porém, muitas
vezes isso não é possível (...) (T.E 05)
Na enfermagem a falta de reconhecimento do trabalho destes profissionais é
algo cotidiano. O trabalho deve ser algo prazeroso, atendendo os requisitos mínimos
para a atuação e para a qualidade de vida dos indivíduos. A desvalorização do
profissional de saúde juntamente com o fluxo inadequado, falta de paciência dos
usuários e recursos humanos deficientes, torna esse ambiente estressante e
cansativo.
A unidade de urgência e emergência possui uma demanda espontânea, na
maioria das vezes maior que a prevista, resultando em condições de trabalho nem
sempre apropriadas, decorrentes de um número intenso de atendimentos. Para
reverter este quadro existe a necessidade de, além de uma equipe de enfermagem
qualificada, um quantitativo suficiente para atender a esta demanda (OHARA;
54
MELO; LAUS, 2010).
Devido à demanda ser muito grande ocorre sim, o estresse, o
cansaço e a falta de compreensão dos usuários... Isso
atrapalha na qualidade da assistência prestada... Seria melhor
se o número de funcionários fosse adequado (T.E 06)
Tem dias que é muito estressante... Muita correria, gente no
corredor, muito soro e quando falta funcionário nem se fala...
Sobrecarrega mais ainda (...) (T.E 08)
Quem tem dois empregos é um estresse bem maior... Acho
que se o funcionário fosse bem remunerado ele poderia ficar
em um emprego só e se doar bem mais (T.E 02)
A imprevisibilidade da demanda aliada a gravidade, ao desgaste e a
complexidade torna esse cenário um verdadeiro desafio para os profissionais que
atuam neste setor, que podem ter seu desempenho facilmente influenciado pelos
fatores citados acima. A maior fonte de satisfação no trabalho da enfermagem em
unidade de emergência concentra-se no reconhecimento dos usuários através das
intervenções realizadas que auxiliam na manutenção da vida humana.
Outra realidade constatada por este estudo é a baixa remuneração destes
profissionais. A falta de reconhecimento salarial obriga esta categoria a obter mais
de um vínculo para manter suas necessidades financeiras. O duplo vínculo também
é apontado pelos profissionais como um fator de prejuízo na qualidade de
atendimentos aos usuários deste setor.
EIXO III: As dificuldades de acesso ao serviço de saúde na Atenção
Básica e suas implicações.
O setor de urgência e emergência é visto como uma “porta de entrada” para
o sistema de saúde, não obedecendo aos níveis de atenção à saúde, conforme as
55
diretrizes do SUS.
Para Potter e Perry (2013) a atenção primária de saúde desenvolve ações em
busca de melhores resultados para toda população, incluindo cuidados primários,
imunização, programas em âmbito nacional, planejamento familiar e controle de
doenças. Esses programas quando bem sucedido, reduz a incidência de doenças,
minimiza complicações e diminui a necessidade de utilização dos outros níveis de
atenção à saúde, neste caso com recursos de intervenção mais caros.
A obtenção de acesso aos serviços de saúde em relação à organização por
agendamentos de consultas para o mesmo dia em que o usuário necessita do
atendimento, poderá não ser obtido caso haja indisponibilidade da rede básica,
induzindo o mesmo a buscar hospitais para casos simples (ASSIS; JESUS, 2012).
Eu procurei esse serviço porque aqui o atendimento é mais
rápido... Na UBS precisa estar agendando e não tenho tempo...
Por isso preferi vir até aqui. (Usuário 07)
Esse horário (14h30min) eu não conseguiria passar pelo
médico lá no posto de saúde! Eu teria que ter sentido essa dor
antes das seis horas da manhã para poder tentar um encaixe
para uma consulta (...) (Usuário 02)
O fluxo desse setor é bem grande, devido à grande quantidade
de pacientes ambulatoriais e de UBS... Isso acaba
sobrecarregando o trabalho... Emergências são poucas (T.E
02)
Os serviços de saúde devem garantir ao usuário uma assistência integral e de
qualidade. Para que esse atendimento ocorra de maneira eficiente é necessário um
conhecimento sobre a finalidade de cada serviço, devendo existir uma interlocução
entre as redes, nos seus diferentes níveis de complexidade (BAGGIO;
CALLEGARO; ERDMANN, 2008)
Diante dessa informação o sistema de referência e contrarreferência
expressa grande importância no atendimento continuo do usuário, porém observam-
56
se dificuldades de integração dos diversos níveis assistenciais.
[...] “se eu for na UBS agora (14:30), eles não vão me atender,
encaminham para Santa Casa, afirmando não ter médico. Não
vejo vantagem nenhuma em ir ao posto de saúde” ( Usuário
02)
[...] “estou com muita dor de garganta, se eu for à UBS agora
eles não me atendem e orientam vir pra cá... Emergência”
(Usuário 08)
“Eu acredito que a maioria das pessoas que procuram este
serviço é devido à rapidez no atendimento... Na verdade 90%
dos casos são de posto de saúde, então para não esperar a
consulta no posto eles procuram atendimento aqui... Casos de
emergência são poucos” (T.E 01)
Conforme evidenciado nos relatos, a falta de entendimento da real finalidade
do setor de urgência e emergência, bem como a ausência de um sistema articulado,
ou seja, de referência e contrarreferência, prejudica a continuidade da assistência
prestada, refletindo em um atendimento sem resolutividade.
3.4 Parecer final
Durante a pesquisa foi observado que existe, de fato um alto fluxo de pessoas
à procura do serviço de urgência e emergência por vários motivos, desde os mais
simples até os mais complexos. Após ouvir esta demanda, a causa pela procura
inadequada ficou clara: a insatisfação do usuário com os serviços oferecidos pela
atenção básica. Outros deixaram bem claro que a facilidade e a rapidez no
atendimento no nível hospitalar é o fato marcante pela procura direta ao serviço de
emergência.
Essa demanda inadequada ocasiona uma sobrecarga no trabalho, sendo que
muitas vezes os recursos humanos não comportam a quantidade de atendimentos
57
realizados, destacando também os erros que podem vir a ocorrer devido essa
superlotação.
As consequências do uso indevido desse setor se baseiam na sobrecarga de
trabalho e no estresse profissional que ela ocasiona. A má remuneração e a falta de
reconhecimento profissional também foram destacadas nesse trabalho.
Observa-se que a falta de referência e contrarreferência prejudica na
resolutividade do problema, fazendo que o usuário retorne a unidade pelos mesmos
motivos e com as mesmas queixas.
Por fim é válido destacar que a demanda inadequada deste setor nem sempre
é devido à falta de vínculo do usuário com à atenção básica. A realidade vivenciada
pelas redes de atenção a saúde no âmbito primário é de problemas potenciais como
a falta de recursos humanos e materiais. Isto reflete em um acolhimento de baixa
qualidade, fazendo com que os usuários não atribuam valor ao atendimento
prestado por estas unidades.
58
PROPOSTA DE INTERVENÇAO
Perante os resultados obtidos nesta pesquisa, fica evidente um aumento da
demanda no setor de urgência e emergência por casos simples, bem como
dificuldades para obtenção de atendimento nos demais níveis de atenção à saúde.
Sendo assim, sugere-se a implantação de um sistema de acolhimento com
classificação de risco, sendo este processo realizado pelo profissional enfermeiro, o
qual tem capacidade técnica e cientifica de avaliar a gravidade e as necessidades de
atendimento dos pacientes, organizando assim o fluxo do setor.
Este sistema classifica os atendimentos de acordo com a gravidade e não por
ordem de chegada, orientado através de definições claras e precisas sobre
conceitos de urgência e emergência, proporcionando mudanças culturais da
população em relação a este serviço, sem ocasionar prejuízos aos usuários que
realmente necessitam do atendimento.
Outro ponto indicado é a realização do dimensionamento do setor de urgência
e emergência para provisão adequada de profissionais de enfermagem diante da
demanda e necessidades apresentadas pelo setor. Este deve ser realizado pelo
profissional enfermeiro, com o objetivo de proporcionar uma assistência segura e de
qualidade tanto para o usuário quanto para a equipe de enfermagem.
É de extrema importância a realização de treinamentos como educação
continuada pra os profissionais que atuam neste campo de ação, proporcionando
mais confiança no momento do atendimento.
Recomenda-se também a implantação de um sistema de referência e
contrarreferência. Para tanto, existe a necessidade do serviço de emergência estar
articulado aos demais níveis de atenção, referenciando os usuários aos respectivos
serviços. Esta articulação possibilitará a continuidade da assistência prestada,
caracterizando o setor de urgência e emergência apenas como referência de
problemas de maior complexidade que não podem ser resolvidos em outros níveis
de atenção a saúde. Neste sentido aconselha-se também implantação de um serviço
de urgência de menor complexidade.
É válido destacar que para efetiva implantação do sistema de referência e
contrarreferência, os serviços de atendimento primário, bem como as políticas
59
públicas de saúde também deverão ser reestruturados objetivando sanar seus
problemas estruturais, conforme evidenciado neste estudo.
Por último, sugerimos a continuidade deste tema através de novas pesquisas
devido à importância do mesmo para a área da saúde, visando contribuir com o
fluxograma de atendimento, oferecendo um serviço que atenda as necessidades do
usuário de maneira integral e com qualidade.
60
CONCLUSÃO
Após a realização desta pesquisa, foi possível compreender as angústias e o
impacto que os profissionais do setor de urgência e emergência sofrem devido à
superlotação, bem como as dificuldades que os usuários enfrentam para conseguir
atendimento na atenção primária e os principais motivos que os levam ao setor de
urgência e emergência.
As narrativas proporcionaram a captação de informações, o que possibilitou
analisar a realidade vivenciada por ambas as partes envolvidas na pesquisa,
confirmando a validade desta técnica metodológica.
Ficou claro que a deficiência na organização e prestação dos serviços de
saúde nos diferentes níveis de atenção, bem como a ausência de referência e
contrarreferência proporciona aumento do fluxo no setor de urgência e emergência e
perda na qualidade da assistência prestada.
Considerando todas as dificuldades e barreiras que os usuários encontram na
tentativa de atendimento pela atenção primaria de saúde, bem como as dificuldades
que os profissionais da equipe de enfermagem enfrentam diante da superlotação,
déficit de recursos humanos que refletem em estresse, cansaço físico e mental, é de
extrema importância que se estabeleça mudanças culturais da população quanto ao
uso do setor de urgência e emergência, bem como uma reestruturação no
fluxograma de atendimento, onde os níveis de atenção sejam restabelecidos e
obedecidos de forma criteriosa. Sendo assim o usuário será atendido pelos níveis de
atenção de acordo com sua necessidade.
Constatou-se também que a implantação de algumas medidas pode organizar
o fluxo deste setor, como por exemplo, a triagem com classificação de risco proposta
pelo Ministério da Saúde e o sistema de referenciar o usuário quando necessário.
Diante de todas as evidências pesquisadas e apresentadas, concluiu-se que é
importante ouvir os dois lados e conhecer as dificuldades que ambos enfrentam,
evitando assim decisões ou julgamentos precipitados. Para tanto, faz-se necessário
compreender os motivos que trazem essa problemática, bem como tentar solucioná-
los, buscando alternativas que possam melhorar a qualidade da assistência prestada
e o acesso dos usuários nos demais níveis de atenção a saúde.
61
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WEHBE, G.; GALVÃO, M. C. O enfermeiro de unidade de emergência de hospital privado: algumas considerações. Rev. Latino-Am. Enfermagem. Ribeirão Preto/SP, v. 9, n. 2 , Mar./Abr. 2001. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-11692001000200012&script=sci_arttext >Acesso em: 01. Ago. 2014.
WOISKI, R. O. S.; ROCHA, D. L. B. Cuidado de enfermagem à criança vítima de violência sexual atendida em unidade de emergência hospitalar. Esc. Anna Nery. Rio de Janeiro/RJ, v. 14, n.1, Jan./Mar. 2010. Disponível em:< http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452010000100021>. Acesso em: 08 Ago. 2014.
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APÊNDICES
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APÊNDICE A – Roteiro de Estudo de Caso
1. INTRODUÇÃO
Será apresentada a caracterização da demanda do setor de urgência e
emergência sob a ótica dos usuários e profissionais de enfermagem. Como método
será realizado uma análise de dados com profissionais da equipe de enfermagem e
usuários do serviço de urgência e emergência da Associação Hospitalar Santa Casa
de Lins. Para este estudo será utilizado o método de estudo de caso e como técnica
o depoimento gravado mediante questionário semiestruturado.
1.1 Relato do trabalho realizado referente ao assunto estudado
a) Será realizada uma pesquisa que se caracteriza como descritiva de caráter
exploratório, com abordagem qualitativa.
b) A coleta de dados será realizada mediante questionário semiestruturado,
utilizando o depoimento gravado. Os participantes do estudo serão usuários
do setor de urgência e emergência de ambos os sexos, de idade entre 20 e
50 anos. Também participarão do estudo os profissionais de enfermagem
locados no setor de urgência e emergência por seis meses ou mais, de
ambos os sexos. Como critérios de exclusão, estarão os profissionais da
saúde de áreas afins, e profissionais da enfermagem com tempo de atuação
no setor de urgência e emergência inferior ao estipulado pelo critério de
inclusão, usuários menores de 20 anos e maiores de 50 anos e os pacientes
provindos de outro município.
1.2 Discussão
Confronto entre teoria (levantamento teórico elaborado nos capítulos 1 e 2) e
a realidade encontrada na instituição pesquisada.
1.3 Parecer final sobre o caso pesquisado e sugestões sobre manutenção ou
modificações na prática profissional e/ou de procedimentos.
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APÊNDICE B - Roteiro de Entrevista com os Usuários
I - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Sexo: ____________________________________________________________
Idade: ____________________________________________________________
Endereço: ________________________________________________________
Cidade: ________________________ Estado: ___________________________
Profissão: _________________________________________________________
Estado civil: _______________________________________________________
II - PERGUNTAS ESPECÍFICAS
1- Qual o motivo que fez com que você procurasse a unidade de urgência e
emergência?
2- O bairro onde você mora tem uma Unidade Básica de Saúde?
3- Por qual motivo você procurou o serviço de urgência e emergência e não a UBS?
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APÊNDICE C: Roteiro de Entrevista com a Equipe de Enfermagem
I - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Sexo: ______________________________________________________________
Idade: ______________________________________________________________
Residência: __________________________________________________________
Cidade: _______________________ Estado: _______________________________
Formação: __________________________________________________________
Função: ____________________________________________________________
Tempo de experiência profissional no setor de urgência e emergência: __________
II - PERGUNTAS ESPECÍFICAS
1- Para você, o que é urgência e emergência?
2- Qual sua opinião sobre o fluxo no setor de urgência e emergência?
3- Na sua concepção, as ocorrências diárias, atendidas neste setor são
caracterizadas como urgência e emergência? Explique.
4- Que impacto o fluxo do setor de urgência e emergência traz sobre sua atuação
profissional? Justifique.
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ANEXOS
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ANEXO A – Carta de aprovação Comitê de Ética
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ANEXO B - Termo de responsabilidade da instituição Associação Hospitalar Santa
Casa de Lins
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Anexo C – Termo de Conscentimento Livre Esclarecido
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