4 fase comentada

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4 fase comentada da Olimpiada de HIstória do Brasil.

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CENTRO DE ENSINO JOÃO MOHANA3 OLIMPIADA DE HISTÓRIA

4 FASE COMENTADA

36ª QUESTÃO

O objetivo dessa questão foi chamar a atenção para o documento em si: o suporte, a forma como foi redigido, a autenticidade, do testemunho, indicando que os documentos são históricos e devem ser armazenados independentemente de se referirem a eventos ocorridos. Deve-se observar que é uma carta datilografada em máquina de escrever, com alguns erros, mas assinada à mão pelo relator o que garante a sua autoria.

37ª QUESTÃO

A década de 1930 fora caracterizada por uma intensa movimentação política dentro do cenário nacional. Entre os movimentos políticos com sustentação social que mais se destacaram no período foram a Aliança Nacional Libertadora (ANL), de cunho mais esquerdista, e a Ação Integralista Brasileira (AIB), chegando mesmo a tentativas de tomada do poder por meio de golpes de estado. A carta endereçada ao Geneal Góis Monteiro relata as prováveis movimentações dos membros da AIB entre os dias do mês de novembro de 1938 em busca da tomada do poder. No documento, há certa ambiguidade entre a conservação da legalidade, por meio de eleições, ou da tomada do poder diretamente por meio de um golpe. Apesar de receber um número considerável de adeptos entre a sociedade civil, o movimento Integralista não apresentava ampla aceitação por parte do governo Vargas, culminando posteriormente no fechamento do partido Integralista por Getúlio.

38ª QUESTÃO

O processo de independência do Brasil não se deu de forma imediata, homogênea nem pacífica, como se vê no caso da Adesão do Pará à Independência do Brasil apenas em agosto de 1823. O massacre do brigue Palhaço, posterior à Adesão, é exemplo desta afirmação. O evento foi marcante na historiografia local e nacional, relembrado na comemoração do centenário em 1923, na qual historiadores e estudiosos compararam o Pará à uma Cartago que desafiara a República Romana sendo, assim, duramente castigada..

39ª QUESTÃO

A “Sinfonia de Brasília,” como mais tarde passou a ser chamada, fora encomendada por Juscelino Kubitschek em 1958, dois anos antes da fundação da cidade. Dividida em cinco partes (O Planalto Deserto, O Homem, A Chegada dos Candangos, O Trabalho e a Construção e O Coral), ela seria apresentada durante os festejos da inauguração do novo Distrito Federal. Mas o trabalho dos artistas só viria a ser apresentado na Praça dos Três Poderes, em Brasília, 26 anos mais tarde. A questão tinha o objetivo de chamar a atenção do aluno para que observasse na Sinfonia como foi “cantado” o início da construção de Brasília: uma narrativa marcada pela ausência de conflitos sociais e tensões inerentes ao evento. Era importante que o aluno identificasse na Sinfonia a descrição do processo que marcou a construção de uma cidade no cerrado, num ambiente de solidão e isolamento. O Homem, citado na Sinfonia representava o conjunto dos muitos trabalhadores que migraram para a região a fim de trabalhar principalmente na atividade da construção civil, os chamados candangos. Por fim, era importante perceber que a empreitada da construção de Brasília, para além de todas as questões de ordem política que envolvia, pressupunha um empreendimento de difícil monta, que envolvia uma relação complexa entre homem e natureza, mas ainda despido de preocupações “ambientalistas”, o que apenas em décadas posteriores tornar-se-ia uma questão política.

40ª QUESTÃO

O objetivo dessa questão era trazer a complexidade do período colonial para as equipes, em relação ao surto econômico minerador vivido no Brasil entre o século XVII e o XVIII. Através dessa imagem ilustrativa ao tema, podemos notar a opulência das igrejas construídas no momento da descoberta de jazidas de ouro que, junto ao estilo arquitetônico barroco, revigoram o poder da Igreja católica no seio da sociedade colonial. Em grande parte do que hoje chamamos de região Centro-Oeste, incluindo Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e sul da Bahia, foram encontradas jazidas de minerais, o que revela a maior exploração do território interiorano do Brasil nesse período. Interessante notar que, apesar de as maiores jazidas descobertas pertencerem ao atual território mineiro e tal empreendimento revelar uma significativa mudança no eixo econômico da colônia, Salvador segue como capital administrativa até 1763, sendo sede da ostentação do poder.

41ª QUESTÃO

A questão tinha por objetivo discutir o ‘louco’ como um tipo histórico e como se deu sua construção num Brasil, entre tempos de fim da escravatura e início da ‘progressista’ República, onde não haveria lugar na sociedade para os assim considerados vagabundos, beberrões, delinquentes, prostitutas, ou seja, aqueles que estampavam um caráter desordenador e de ameaça à ordem e ao progresso. Desta forma, o Estado fundamentado no considerado inequívoco discurso médico e alicerçado no poder jurídico, atende à sociedade dominante ao mesmo tempo em que isola os marginalizados.

42ª QUESTÃO

O objetivo da questão não era pensar o suicídio de Getúlio Vargas em si – um tema tão clássico na historiografia nacional – mas analisar o conteúdo de sua carta-testamento, que de uma forma argumentativa muito audaz e relacionada a um imaginário cristão do auto-sacrifício, consegue perpetuar o mito Getúlio Vargas na memória do povo brasileiro como herói nacional. Se de fato houve o suicídio, este gesto político levado às últimas consequências, o faz, de fato, sair da vida para entrar não só na história, mas também na memória de um povo.

43ª QUESTÃO

A questão tem o objetivo de problematizar a pintura mural em espaços públicos como possibilidade de fonte histórica, atentando para o fato de que este tipo de representação artística é pictórica e monumental e possui um efeito pedagógico quando narra de forma clara um episódio ou tema. O mural A formação histórico-etnográfica do povo riograndense, localizada no Palácio Piratini, pode ser considerada como um dos marcos visuais caracterizados pela exaltação do passado, que corroboram para a construção do imaginário sulriograndense relacionado à determinada formação cultural, homogênea e consensual do estado, ignorando os diversos matizes culturais próprios da população brasileira e os conflitos históricos presentes no processo.

44ª QUESTÃO

Nessa questão era esperado que a equipe identificasse não apenas a existência de escolas específicas para negros e pardos no século XIX, mas também que percebesse que os documentos trazem à discussão os atritos sociais e a utilização da marcação e separação social como uma estratégia a favor dos grupos menos privilegiados. Como aprofundamento, a questão exigia que o grupo percebesse a relação entre a existência dos documentos oficiais e a busca pela formalização da educação no Brasil. Por fim, era importante estar atentos ao anacronismo, e uma ligação dos documentos com o racismo científico e o darwinismo estaria impossibilitada, dado o posterior desenvolvimento dessas teorias.

45ª QUESTÃO

Os quilombos eram aldeamentos reconhecidos como pólos de resistência escrava desde longa data. Muito já foi escrito sobre eles porém o conhecimento dos mesmos muitas vezes fica relegado à história de Palmares. Assim, questão tinha por objetivo apresentar outro tipo de quilombo e as formas pelas quais se organizava: a existência de um grande número de quilombos pequenos nas imediações das cidades, organizados muitas vezes em torno de um rei ou rainha ou ainda um grupo de anciãos, congregando em seu interior negros, índios e mestiços, além de sua grande preocupação com a segurança, fazendo uso da violência para assegurá-la. Era objetivo ainda perceber a importância das fontes sobre os quilombos e a sua procedência, sua produção pelos perseguidores e não pelos quilombolas.

46ª QUESTÃO

A questão convidava os estudantes a refletirem a respeito da invisibilidade da trajetória de mulheres brasileiras durante o período de exílio, por meio de um trecho do depoimento de uma exilada. A fala de Maricota da Silva – nome adotado pela depoente – explicita o incômodo de ser tratada como “a esposa de alguém” e revela como esta condição aponta a invisibilidade de outras mulheres que foram exiladas e perderam, por conta disso, sua identidade. Sua fala ajuda a pensar como a historiografia é composta na sua maioria por relatos de homens exilados e quase nunca por mulheres que passaram pela mesma situação, o que justifica a existência de vários tipos de exílio – e não apenas o exílio político

47ª QUESTÃO

Nessa questão era esperado que a equipe detivesse seu olhar sobre a obra “Acidente de Trabalho”, do pintor Eugênio de Proença Sigaud, e identificasse alguns aspectos inerentes à obra. O ângulo tomado pelo autor para a composição da obra que coloca o observador da obra numa posição superior, como que olhando do alto de um andaime; a centralidade do corpo do acidentado, chamando a atenção dos seus companheiros de trabalho; os perigos cotidianos vividos pelos trabalhadores dada a ausência de equipamentos de segurança, a fragilidade das cordas e seu posicionamento de operários em locais muito altos; a grande quantidade de indivíduos e as dimensões dos prédios construídos que podem ser relacionados com o momento de grande desenvolvimento da construção civil pelas construções em concreto armado. Note-se a oposição entre a fragilidade humana e as condições de trabalho em contraste com a solidez do que se ergue em concreto.

48ª QUESTÃO

Nessa atividade utilizamos o relato do Governador da Paraíba Lopo Curado Garro, em que pede justiça pelos portugueses assassinados na Capitania do Rio Grande e também atribui uma causa maior às mortes ocasionadas nesses conflitos – em nome da fé católica e da lealdade à Coroa Portuguesa. Empenhado em dar cabo dos “tiranos flamengos” e dos “bárbaros tapuias e potiguares”, o autor recorre à justiça divina para clamar por represálias humanas, numa narrativa parcial do evento que desconsidera, inclusive, outros relatos de matanças por parte dos portugueses também.

49ª QUESTÃO

Observe que nessa questão utilizamos como documento o trecho de um roteiro de um curta metragem: as equipes leram a fala do narrador. O objetivo da questão era não somente tocar no problema da fome e concentração de renda em nosso país, mas também apresentar o capitalismo em seu princípio da contradição. Embora a questão contenha apenas partes do roteiro de Jorge Furtado, a escolha do curta metragem Ilha da Flores se dá pela contundência como o autor coloca estas questões de forma irônica – tendo um melhor resultado com a ferramenta da imagética que o filme proporciona. No entanto, como diretor e roteirista são um só, o exercício da leitura do texto não sai prejudicada, ao contrário, permite outras interpelações por parte de quem lê, como, por exemplo, a repetição de que o homem é o ser mais complexo e desenvolvido entre todos. O intuito é, de certa forma, a reafirmação de se estar no topo da escala evolutiva provocar, em Ilha das Flores, certa desconfiança. A contradição pode ser resumida no problema que o filme suscita: como um animal inteligente como o homem pode estar numa escala evolutiva superior e simultaneamente numa situação inferior à de porcos? No site indicado, em que há curta metragens patrocinados pela Petrobras, os professores podem encontrar vários outros materiais para utilizar em sala de aula.

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