3.pos modernidade

Post on 08-Jul-2015

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“Quando os ventos de mudança

sopram,umas pessoas

levantam barreiras,outras constroem

moinhos de vento.”Érico Veríssimo

No abismo misterioso e

fecundo,um punhado

de poeira cósmica.

E em meio a esta silenciosa

imensidão,um pequenino

ponto azul.

A brisa que sopra na superfície deste pequenino ponto

produzum leve ruído que atravessa

as colinas e os campos verdes.

Uma leve brisa pode anunciar a chegada

de uma nova estação.

Uma leve brisa pode anunciar a chegada

de uma nova estação.

Nos países árabes, ventos de mudança anunciam a chegada

da primavera.

Regimes que pareciam sólidos e

intocáveis vão sendo varridos pela brisa

transformadora.

Num mundo cada dia mais interconectado, as velhas regras de opressão e

manipulação vão sendo uma a uma superadas.

Pintura num muro na capital

da Tunísia, exaltando

a liberdade.

“LIBERDADE, essa palavra que o sonho

humano alimenta, que não

há ninguém que explique, e ninguém que não entenda...”

Cecília Meireles

Porém, as brisas que anunciam

mudanças muitas vezes

trazem junto de si

caos, dor e confusão.

Londres, agosto de 2011

Raiva, desencanto e violentos distúrbios que se alastram por vários dias.

Uma vigília pacífica em Tottenham contra a morte de um jovem por policiais acaba se convertendo

numa explosão de selvageria que se espalhapor diversos outros bairros londrinos.

Saqueadores atacam vitrines e depósitos de lojas, carregando principalmente equipamentos

eletrônicos,

– celulares, computadores, TVs de plasma, entre outros.

Também são alvos de saques lojas contendo

“itens de grife”, – marcas valorizadas por mensagens de consumo.

E depois dos saques, a onda de incêndios criminosos.

A jovem moça, cujo apartamento fica

acima de uma loja de móveis que foi incendiada, salta

numa desesperada fuga

das chamas.

Um morador que presenciou a onda

de saques, depredações e

incêndios relata: “Nunca vi tanto

desprezo pela vida humana.”

“Queimaram carros, lojas, e casas, sem se

preocupar se havia velhos ou bebês

dormindo dentro.”

São tempos de crise os nossos,

– crise econômica, financeira, política

e social. E acima de tudo,

ética e moral.

Tristes tempos em que uma vida

vale tão pouco,perdendo-se por

quase nada.

Saldo de quatro mortos e dezenas de feridos, além de prejuízos que ultrapassam R$ 260

milhões.

Diversos especialistas

acreditam que os conflitos que

tiveram por palco as ruas londrinas

poderiam ter ocorrido em

qualquer outra cidade grande.

A voracidade consumista,

a pulsão pela aquisição do novo,

a permanente sensação de

insaciabilidade, e vidas vazias

de sentidoinfelizmente

permeiam a quase totalidade das

sociedades modernas.

Tempos desleais os nossos, onde testemunhamos

a mercantilização de tudo:

sentimentos, ideais, metas existenciais

e sonhos.

Zygmunt Bauman, sociólogo polonês considerado, aos 86 anos de idade, um dos principais pensadores da

atualidade, classificou os distúrbios na capital inglesa como“um motim de

consumidores excluídos e frustrados.”

Em obras como

“Modernidade Líquida” e “Vida para consumo:

a transformação das pessoas em mercadoria”,

Bauman já havia observado como na atual sociedade de

consumo as campanhas publicitárias sucessivas

atrelam a busca da felicidade

a indicadores de consumo e de riqueza ostentada.

Anúncios publicitários que vendem o delírio de

que ser dono de um

determinado produto é o coroamento do sucesso

individual.

A torrente desumana de publicidade a que somos

expostos todos os dias,

fomentando o individualismo

e o consumismo,

em detrimento à solidariedade

e cidadania.

“Prazer é mais do que uma

sensação.É um objetivo

de vida”,nos recorda o anúncio

ao lado.

Em outras palavras,

se você não adquirir o produto

anunciado, sua vida estará

vazia não somente de prazer, mas

de um objetivo.

Bauman é enfático ao afirmar que

“enquanto não repensarmos a maneira como

medimos o bem-estar,

mais problemas são inevitáveis.”

“A busca da felicidade não deve ser atrelada

a indicadores de riqueza,

pois isso apenas resulta numa erosão

do espírito comunitário em prol

de competição e egoísmo.”

Em suas entrevistas, Bauman costuma citar um antigo provérbio

chinês de mais de dois mil anos antes

do advento da modernidade,

que diz:...

“Quando planejas por um ano,

semeias o grão.

Quando planejas por uma década, plantas árvores.

Quando planejas por uma vida inteira,

formas e educas as pessoas.”

As graves crises éticas e morais,

sociais e ambientais

que solapam ahumanidade por

todos os lados anunciam

a necessidade de superarmos

a modernidade, e trabalharmos para o advento daquilo definido por pós-

modernidade.

E o que significa ‘educar’ paraos tempos de

pós-modernidade?

O urgente e vital desafio de

educar as futuras gerações de modo que

possam cultivar uma nova visão,

uma atenção expandida.

Pais e avós, professores e educadores, e todos aqueles

amantes da vida devemos abraçar a causa de como garantir às novas

gerações uma educação plena.

Uma educação capaz de

estimular a reflexão e a crítica,

de modo que saibam cultivar

a ética, a transcendência,

a cooperação, a solidariedade e o respeito à vida.

Uma educação plena, que abarque o

desenvolvimento físico e

intelectual, emocional,

espiritual e social das crianças

pequenas que estão iniciando a sua caminhada

pela jornada terrena.

Somente teremos ordem, progresso e beleza...

...no dia em que a Educação e a Infância forem consideradas uma prioridade essencial.

O educador recifense

Paulo Freire, considerado um dos pensadores mais notáveis na história da

pedagogia mundial,afirma:...

“Eu nunca poderia pensar em educação sem amor.

É por isso que eu me considero

um educador:acima de tudo

porque eu sinto amor.”

“Eu sou um intelectual que não tem medo de ser

amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo.

E é porque amo as pessoas e

amo o mundo, que eu brigo para que a

justiça social se implante antes da caridade.”

“Pra mim, o ‘eu sou, logo existo’ há muito tempo sumiu.

‘Nós somos, logo existimos’,

esta é que é a formulação.

Nós existimos, fazemos coisas, por isso somos,

entende?...”

“Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente,

ofendendo a vida, destruindo o

sonho, inviabilizando

o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade,

sem ela tampouco a sociedade muda.”

“Mudar é difícil mas é possível.”

Paulo Freire(1921 – 1997)

Projeto “Compaixão e Cidadania”Um espaço para refletirmos sobre temas essenciais.compaixao_cidadania@hotmail.com

“Mudar é difícil mas é possível.”

Paulo Freire(1921 – 1997)

Tema musical:“Johnny's Gone To France”, Anthea Lawrence.

“Mudar é difícil mas é possível.”

Paulo Freire(1921 – 1997)

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