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31º Encontro de Corais da UP Campinas, Campinas, 30.11.2013.
Comentário aos hinos do coralão!
1. Deus é castelo forte
O primeiro hino que o coralão apresentará nesta noite é “Deus é Castelo Forte e bom”. O hino
foi composto por Martim Lutero e é o mais conhecido. Não temos mais a exatidão da data de
sua composição. O dado concreto é que em 1528 já tinha sido publicado em hinário da Igreja
de Wittenberg. Também não há certeza quanto à motivação de Lutero para a composição do
hino. Uns afirmam que foi a partir de uma crise de rins que teve. Sentindo-se doente e frágil,
buscou refúgio em Deus. Outros afirmam que a composição se deu em meio às disputas da
reforma, o que é o mais provável. Na perseguição foi preciso confiar plenamente no cuidado
de Deus. Certo, entretanto, é o tema: no momento da angústia confiamos em Deus.
Ao longo de quase 500 anos o hino ganhou novas melodias, o acréscimo de estrofes e paródias
que serviram para outros fins, inclusive militares, políticos e de classe. A última versão
composta é de 1980 e está no contexto da luta contra a bomba atômica. Na noite de hoje
ficamos com as 3 primeiras estrofes – as originais – e com a versão musical de Johann
Sebastian Bach.
Lutero compôs o hino a partir do Salmo 46, um salmo de confiança a Deus. Ao longo dos anos
o hino foi sempre de novo entoado pelas pessoas e comunidades nos momentos em que era
preciso renovar a confiança em Deus. A história nos conta que um desses momentos teria sido
o ano de 1529 quando o Imperador Carlos V havia convocado os príncipes para a Dieta de
Espira. Os príncipes adeptos das ideias de Lutero queriam manter a liberdade de culto, mas
tinham igualmente receio da reação do imperador. Era necessário enfrentá-lo. Para se encher
de confiança e fazer a reivindicação teriam cantado “Deus é castelo forte e bom”. Em Deus
buscaram e manifestaram a incondicional confiança necessária para a liberdade da fé.
Assim como os príncipes, também o povo simples o entoava diante dos “inúmeros demônios”,
ou seja, das dificuldades do cotidiano. Aos demônios, às dificuldades respondemos com
confiança incondicional em Deus. Lutero e os primeiros protestantes com certeza foram
alimentados para a vida com esta confiança, pois as resistências do papa e do imperador, dos
adversários e debatedores, das situações adversas, etc, eram ameaçadores.
O que nos sustenta nos momentos difíceis da vida? O que há de nos sustentar na morte? Serão
estas ameaças? Serão as dificuldades? Será a capacidade de cada pessoa? Não, é somente
Deus. Cantar esta canção hoje é buscar confiança na fonte, em Deus, para a caminhada
necessária da vida. Nos dias de hoje as pessoas têm muitas formas e jeitos para se “encher de
confiança” diante dos obstáculos. Os livros de autoajuda são os mais lidos. Os protestantes,
por sua vez, cantam uma antiga-nova canção com firmeza e segurança: “Deus é castelo forte e
bom; seu reino é nossa herança”.
(fonte: midiateca luteranos; Obras selecionadas 7, p. 536s; http://www.liederlexikon.de/lieder/ein_feste_burg_ist_unser_gott)
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2. Vem a nós o redentor
A canção que será cantada a seguir foi originalmente composta por Ambrósio de Milão no ano
de 386 d. C. e a melodia gregoriana foi definida pelos monges do convento de Einsiedeln no
século 12. Em latim leva o título de “Veni redemptor gentium” (Venha, salvador dos gentios) e,
como canção de advento, anuncia a vinda do salvador. Devemos ser lembrados que no século
IV a fé cristã ainda está em busca de afirmação e por isso as convicções básicas precisam ser
constantemente ditas. Ambrósio de Milão, como bispo da Igreja, cumpre aqui um papel
importante.
“Vem a nós o redentor” já era um hino popular na Alemanha quando Lutero o traduziu para a
língua alemã em 1524. Com Lutero e a reforma inicia-se uma nova forma de praticar música na
igreja: ao lado do canto gregoriano fortalece-se o canto coral. Esta canção é uma das
primeiras, no período da reforma, a ser adaptada para o canto coral. Era cantada,
efusivamente, por corais protestantes no primeiro domingo de advento.
O hino foi retrabalhado em sua harmonia diversas vezes. A versão hoje mais conhecida e
difundida para coral é de Johann Sebastian Bach (conferir partitura???) que, em 1724, compôs
a cantata para coral “Nun Komm, der Heiden Heiland” (BWV 62), sendo este hino a abertura.
Assim como os cristãos e cristãs do passado, o povo de Deus hoje reunido proclama: “Venha,
salvador dos povos”.
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Veni_redemptor_gentium;
http://en.wikipedia.org/wiki/Nun_komm,_der_Heiden_Heiland
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3. Deus, o teu verbo guarda a nós
O terceiro hino do coralão chama-se “Deus, o teu verbo guarda a nós”.
Martim Lutero compôs este hino por volta do ano de 1530 e foi originalmente cantado pelo
coro dos meninos. Entre os anos de 1541 e 1543 passou a fazer parte dos hinários das Igrejas
de Magdeburg e Wittenberg. Recebeu o título de “Canção para o coro de meninos, contra o
Papa e o Turco, os dois principais inimigos de Cristo e de sua Igreja.”
A Alemanha viveu, entre os anos de 1522-1529, uma constante ameaça de invasão por parte
dos turcos, liderados pelo Sultão Suleiman II. Este já havia conquistado com seu exército uma
parte da Hungria, arruinado plantações na Áustria e sitiado Viena. Vencida Viena, a Alemanha
seria a próxima nação a ser atacada.
Lutero tem a tarefa de agir no sentido de defender os inimigos da fé luterana emergente.
Através de textos, pregações e hinos tenta animar pessoas a perseverar na fé e a
permanecerem unidas.
Passada a ameaça turca, as palavras que se referiam a eles foram tiradas do hino. Em seu lugar
cantamos “combate o inimigo atroz”. Inimigo este que hoje, astuto, se esconde atrás de
estruturas e pessoas para alcançar seus objetivos.
O hino, porém, despertou indignação entre os católicos do século XVI. Em seus territórios ele
era proibido. A história nos conta que, na guerra dos 30 anos, o General Tilly (católico) entrou
em Magdeburgo e massacrou os habitantes evangélicos a 10 de maio de 1631. As ruas foram
cobertas, literalmente, com cadáveres e moribundos. Entre eles crianças que foram mortas
sem piedade por entoarem o hino. Conta-se que o General Tilly teria se arrependido do que
fizera. O Papa, por sua vez, no calor da guerra, celebrado a vitória.
O hino chega a nós como fonte de testemunho da fé. É hino composto em tempo de ameaça à
vida e à fé. Cantá-lo é preparar-se para um testemunho firme e decidido da fé diante das
adversidades dos nossos dias. Deixemos de lado a animosidade entre os povos e crenças, mas
unamo-nos, decididamente em favor da vida e contra tudo o que produz a morte.
O coralão canta: “Deus, o teu verbo guarda a nós”.
fonte: http://www.luteranos.com.br/conteudo/deus-o-teu-verbo-guarda-a-nos-1
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4. A paz nos queiras conceder
O hino “A paz nos queiras conceder”, como é conhecido hoje, foi composto em 1529 e
publicado em 1531. É uma tradução da antífona latina do século VI: “Da pacem domine” (Dá
paz, Senhor), ou seja, um clamor por paz. Paz que os povos de todos os tempos querem e
desejam.
O hino aparece com grande força em duas situações no tempo da reforma. A primeira delas
está no contexto da Dieta de Espira, de 1529. No ano de 1526 os príncipes do Sacro Império
Romano Germânico haviam conquistado junto ao Imperador uma certa liberdade religiosa no
sentido de escolher a fé a ser celebrada em seu território: se católica sob a regência do papado
ou as novas descobertas da reforma sob a orientação dos reformadores. Esta liberdade de
escolha religiosa nunca foi bem aceita pelo papa e também não agradava ao Imperador Carlos
V. A religião, que sempre foi fator de união do Império, agora é motivo de divisão. Com o
objetivo de colocar um fim nesta divisão, mesmo que por uso de armas, o Imperador convocou
para o ano de 1529 a Dieta de Espira. A união proposta consistia nos príncipes adeptos da
reforma renegar sua fé e submeter-se novamente ao papado. O que não aconteceu. O clima
tenso estava colocado. O povo reunido em culto pede por paz e liberdade religiosa junto a
Deus.
A segunda situação da época, e que faz o povo clamar por paz, é a proximidade dos turcos e a
guerra iminente no território alemão, como já ouvimos. Lutero escreve textos no sentido de
preparar as pessoas para esta guerra (que felizmente não aconteceu). Entre as formas que a
comunidade tem de se preparar para ela é cantar “a paz nos queiras conceder” seguida de
oração.
Cantar em nossos dias “A paz nos queiras conceder” é fazer uma denúncia: o século XX foi um
dos séculos mais sangrentos da história da humanidade. E não há sinais animadores na política
e economia mundial de que o século XXI será diferente. As muitas guerras regionais continuam
matando muitas pessoas. Como se isto não bastasse, tem ainda a violência em nosso país.
Praticada de diferentes formas, mata especialmente jovens. Não há diferença no número de
mortes no Brasil e de países em guerra. A violência nos cerca. A paz se faz necessária.
Originalmente seguia à antífona uma oração que convido seja por nós em silêncio acolhida
como forma de intercessão por paz (dar uma breve pausa): “Senhor Deus, Pai celestial, que
crias santa coragem, bom conselho e boas obras, concede a teus servos a paz que o mundo
não pode dar, para que nossos corações vivam em segurança frente a inimigos. Por Jesus
Cristo, teu filho, nosso Senhor. Amém.”
Fonte: - http://text.egwwritings.org/publication.php?pubtype=Book&bookCode=GCC&pagenumber=90; - http://es.wikipedia.org/wiki/Dieta_de_Espira_(1529); - Obras Selecionadas, vol 7, p. 540-541 e Obras selecionadas vol 6, p. 457. _______________________________________
5. Cristãos, alegres jubilai.
Aproximamo-nos do momento final de nossa apresentação. O quinto e último hino do coralão
desta noite chama-se “Cristãos, alegres jubilai”. Foi composto no ano de 1523 e é conhecido
como sendo um hino autobiográfico de Martim Lutero e sua teologia. A melodia Lutero pegou
emprestada de uma canção pascal popular. Esta é, aliás, uma característica da reforma: a fé é
cantada por melodias populares. Isto facilitou muito a acolhida e propagação da fé cristã.
As estrofes 2 e 3 falam da situação de Martim Lutero antes da descoberta da justificação: é um
prisioneiro de satã que, por boas obras, quer se livrar da força do mal.
As estrofes de 4 a 10 cantam a grande reviravolta que se deu na vida dele em forma de história
da salvação. A 4ª estrofe narra a forma como Deus se apiedou das pessoas; as estrofes de 5 a 8
narram a luta de Jesus em nosso favor – Ele conquista nossa liberdade por seu sangue. Deus
paga um preço alto em nosso favor.
Já as estrofes 9 e 10 convidam o cristão e a cristã a testemunhar, com a decisiva ajuda do
Espírito Santo, os valores do Reino de Deus aqui entre nós.
Conta-se que, na disputa entre católicos e luteranos do século XVI, em culto protestante-
evangélico celebrado no ano de 1557, em Frankfurt, um padre fora fazer uso do púlpito sem a
devida autorização. Quando ia começar a pregação o povo reunido cantou um hino composto
por Lutero chamado “Ó Santo Espírito do Senhor, dá-nos fé e verdadeiro amor” (n° 82 do
Hinário Hinos do Povo de Deus). O sacerdote então leu o Evangelho e o povo ouviu com
atenção. Quando foi iniciar a pregação o povo novamente começou a cantar, não deixando-o
falar. Desta vez o hino cantado foi: “Cristãos, alegres jubilai”. Irritado o padre teria se retirado
da igreja ao ouvir a 3ª estrofe: as obras feitas por pessoas não podem vencer o abismo que nos
separa de Deus.
O coral não irá cantar as 10 estrofes originais. Cantará as 4 primeiras. Recomendamos as
outras a vocês conforme o hino 115 do Hinário da Igreja Luterana. Mas queremos convidar
vocês para expressar a alegria cristã. Se Deus faz tão bonita história conosco e em nosso favor,
o que mais podemos além de cantar alegremente? Coro, com voz firme a alegre cante:
“Cristãos, alegres jubilai”.
Fonte: - Walter Altmann. Lutero e libertação, p. 84ss; - Obras Selecionadas, vol 7, p. 490s; - http://www.luteranos.com.br/conteudo/cristaos-alegres-jubilai-1
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