202184807 23268950 destinos ao vento patricia potter
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
Destinos ao VentoDestinos ao Vento
Patrícia PotterPatrícia Potter
EM MEIO ÀS CHAMAS DAS BATALHAS NASCE O AMOR ENTRE UM
HOMEM E UMA MULHER DESTINADOS A SE ODIAR!
A crueldade da guerra endurecia corações desacreditados na chance de viver oamanhã. A jovem Ryan Mallory !or"m negava#se a !erder a es!erança. $ua
coragem levou#a a juntar#se ao gru!o de re%eldes do $ul como en&ermeira e
'uando !reciso na !erigosa linha de &ogo( $eu o%stinado amor !ela vida
so&reu um terrível a%alo de!ois 'ue salvou a vida de )en Morgan o coronel
dos con&ederados do *orte. +nimigo dos mais temidos era o ,ltimo homem 'ue
deveria amar. -orturado !ela ang,stia dos com%ates e !ela violncia de um
in&erno íntimo ele iria iludi#la com !romessas 'ue não !oderia cum!rir.
Copyright: Patrícia Potter
Publicado originalmente em 1989 pela
Harlequin Books, oronto, Canad!"
Projeto Revisoras 1
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radu#$o: %era &aria &arques &artins
Copyright para a língua portuguesa: 199'
()*+- .+%- C/0/-0 0)-"
-" Brigadeiro 2aria 0ima, 3''' 4 56 andar
C(P '173 4 $o Paulo 4 P 4 Brasil
Caia Postal 35;3
(sta obra <oi composta na (ditora .oa Cultural 0tda"
*mpressa na -rtes =r!<icas Par>metro 0tda"
)igitali?a#$o: hirley
eis$o: .!dia egina Caralho ila
ProjetoRevisoras
Projeto Revisoras 2
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
PRÓLOGO
+ grito angustiado abalou o sil@ncio da manh$" ( <icou suspenso no ar, no
momento hesitante entre a noite pro<unda e a p!lida lu? do noo dia que surgia"eguiuAse outro grito, um apelo quase in<antil, cheio de medo" o<rimento e terror
espalharamAse pelo acampamento, acordando os soldados que dormiam no ch$o,
pontilhando o ale como seios atirados por m$os de gigante"
! conheciam os gritos, mas n$o se acostumaam com eles" + som doloroso lhes
amarguraa o cora#$o porque partiam de algum que haiam aprendido a amar
pro<undamente"
reinados para despertar ao menor ruído, acordaram rapidamente, mas nada
podiam <a?er" -penas um entre eles tinha o poder de acalmar quem gritaa e suai?ar a
agonia"
/m dos homens ergueuAse no meio das centenas de soldados enrolados em
seus cobertores" +s dias continuaam quentes, naquele <im de er$o, mas as noites D!
tra?iam o ento <rio" Euando o inerno chegasse, a nee os atormentaria, mas os homens
tinham a esperan#a de que a guerra terminasse muito antes da primeira neasca"
+ homem alto e de moimentos !geis correu para a carro#a coberta que <icaa
so?inha no meio da clareira" (rguendo a cortina de lona, subiu os degraus de madeira sem
di<iculdade e estendeu a m$o para a lanterna, encontrandoAa mesmo no escuro, pendurada
no gancho" -cendeuAa, olhando para a pessoa que se retorcia no colch$o ainda gemendo"
abia que ela estaa perdida nas sombras de um pesadelo" - chama incerta da
lanterna iluminou os cabelos dourados, espalhados pelo traesseiro, lires da tran#a que
normalmente os mantinha presos" + rosto delicado mostraa marcas de l!grimas e o corpo
tr@mulo, coberto pela camisa masculina que ela usaa como camisola, estaa molhado de
suor"
(le tocouAlhe o rosto com delicade?a, tentando acord!Ala sem causarAlhe mais
susto" )epois, abra#ouAa, apertandoAa contra peito"
4 Calma, menininha, est! tudo bem 4 murmurou" 4 %oc@ est! segura" odos
nFs estamos seguros"
(la abriu os olhos tomados de paor"
4 (st! tudo bem, crian#a 4 ele repetiu"
- irm$ parecia t$o Doem, t$o inde<esa, completamente di<erente da pessoadeterminada e segura de si que na realidade era, e ele deseDaa proteg@Ala de tudo, de toda
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pararia"
C-P /0+ *
+ coronel Bennett -ery &organ desiou os olhos da trilha e permitiu que os
pensamentos oassem" aramente se entregaa a deaneios e costumaa alertar as tropas
sob seu comando sobre o perigo de uma distra#$o"
&as o encanto do dia o sedu?ira" + territFrio do Colorado mostraaAse banhado
pela lu? dourada do sol, que se escoaa pela opulenta <olhagem das !rores" ( a brisa
suae abrandaa o calor" Haia tr@s semanas que ele iaDaaG uma de trem e duas a
caalo" (staa cansado e alegraaAse em saber que se aproimaa de seu destino" +s
sentidos, normalmente agu#ados, entorpeciamAse na tarde pregui#osa, en<raquecidos pelo
cansa#o" Como sempre, ele abusara das prFprias <or#as e sentia os e<eitos da iagem longa
e di<ícil"
Pensou com aborrecimento na miss$o que o tiraa de Iashington e outra e? iuA
se assaltado pelo press!gio que o inha perseguindo durante semanas" em conseguir
compreender a estranha sensa#$o, procuraa uma ra?$o oculta que o haia motiado"
2ora eniado para aquela regi$o para encontrar, capturar e mandar eecutar um
bando de guerrilheiros sulistas que operaa no territFrio" + che<e deles deeria ser leado a
Dulgamento pJblico, em Iashington, embora a senten#a D! estiesse larada" - opera#$o
tinha como <inalidade serir de eemplo a outros guerrilheiros e deter sua a#$o rebelde"
Bennett -ery &organ n$o hesitaa em matar durante batalhas, mas o papel de carrasco
n$o lhe agradaa"
- guerra, D! no quarto ano, tornaraAse <eia e mesquinha" + romantismo dos
primeiros meses desaparecera sob montanhas de mortos e !rias derrotas nortistas" + .orte
interrompera a troca de prisioneiros, entendendo que podia suportar a perda de homens
numa propor#$o muito maior que o ul" ( essa atitude leara ao surgimento de grupos de
guerrilha, audaciosos e iolentos" odos os guerrilheiros deeriam ser tratados como criminosos
ulgares e sumariamente condenados K morte" )iersos guerrilheiros do líder &osby, em
&aryland e %irgínia, D! haiam sido <u?ilados"
( aqueles do Colorado seririam de eemplo desencoraDador para outros a<oitos"
uas opera#Les, e<icientes demais, n$o podiam continuar" +s trens carregados de ouro que
iaDaam para o 0este D! n$o corriam com a mesma <reqM@ncia e os comboiostransportando armas e suprimentos n$o mais conseguiam atraessar o territFrio" Procurar
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rotas di<erentes implicaria perda de tempo e de recursos" -ssim, o Comando da /ni$o
decidira acabar com a rea#$o guerrilheira de uma e? por todas"
+ coronel Bennett tinha poder para requisitar tropas das unidades D!
estacionadas no Colorado e leaa ordens para os comandantes locais, que os deiaria
<uriosos" eriam de reconhecer a superioridade dele e acatar suas decisLes, alm de engolir o insulto que sua presen#a signi<icaa" - necessidade de um o<icial deslocarAse de
Iashington para acalmar os distJrbios da <ronteira era um atestado de incompet@ncia dos
comandantes regionais e um erdadeiro tapa no rosto"
(, considerando tudo isto, Bennett pedira para ser substituído por outro o<icial e
ser eniado de olta para a %irgínia, onde o combate tornaaAse decisio" &as seu pedido
<ora inde<erido e Ben &organ era, antes de tudo, um soldado que deia cumprir ordens sem
discutiAlas" )os tre?e anos como o<icial, passara de? no +este e os Jltimos tr@s em &arylande %irgínia, no meio das piores batalhas da guerra, at que um <erimento no ombro o mandara
para Iashington, onde se tornara conselheiro em assuntos de guerrilha" +bseraa Iade
Hampton, eb tuart e ohn &osby e estudara a <undo seus mtodos de ataqueAsurpresa e
retirada r!pida, criando manobras estratgicas de de<esa"
&as quando recuperara as <or#as pedira para oltar Ks <rentes de batalha e iraA
se engaDado numa miss$o que ningum mais queria" (ra um trabalho despre?íel, alm de
colocar milhares de quilNmetros entre ele e seu <ilho"
Bennett -ery &organ ***, de do?e anos de idade, era chamado simplesmente por
-ery, como o aN" Ben o isitara com pouca <reqM@ncia, durante seus primeiros anos no
(rcito" %isitas curtas e insatis<atFrias, <eitas n$o tanto por amor como por obriga#$o, Ben
nunca <ora capa? de esquecer ou perdoar a trai#$o que so<rer! por parte da m$e do garoto"
(, cada e? mais amargurado e endurecido pelos anos de guerra, achaa di<ícil separar -ery
da mulher que o traíra" -ssim, nos Jltimos cinco anos, parar! de er o <ilho, usando como
desculpa a guerra e a dist>ncia"
odaia, na primaera de 18O7, com a morte do prFprio pai, Ben leara o menino,
embora com relut>ncia, para Iashington" ( n$o o teria <eito se n$o <ossem as implac!eis
admoesta#Les da irm$"
Para sua surpresa, o menino abrira portas que ele Dulgara cerradas para sempre
e pela primeira e?, desde seu casamento desastroso, Ben permitiuAse sentir a<eto por outro
ser humano" )urante anos esconderaAse em si mesmo, <ugindo de qualquer relacionamento
a<etio" .$o tinha amigos nem os queria, temeroso de que a ami?ade pudesse terminar em
noas amarguras" ornouAse cínico e, ao atingir o posto de coronel, trans<ormaraAse numa
pessoa di<ícil e num o<icial eigente e etremamente seero, .$o toleraa o menor erro e no
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campo de batalha era incans!el" )aa a impress$o de etrair satis<a#$o perersa da ida
dura e sem con<orto do front, algo n$o compartilhado pelos subordinados, seus mtodos,
contudo, raramente eram criticados pelos superiores e sua e<ici@ncia tornaraAse notFria"
(le chagara K conclus$o de que a ida era apenas toler!el, um Dogo dirigido por
<or#as superiores e brincalhonas, que se compra?iam em semear misria e destrui#$oindiscriminadamente" .$o sentia alegria por estar io e n$o compreendia os que eibiam
satis<a#$o com a ida" Por n$o temer a morte, alcan#ara uma coragem indom!el e alguns
de seus homens o chamaam com ironia de inulner!el" )e acordo com eles, a morte
despre?aa os que n$o a temiam"
+ <ilho, porm, haia per<urado a armadura" +s tr@s meses que haiam passado
Duntos enoleram Ben numa atmos<era de inesperado pra?er, trans<ormando aquele período
no mais <eli? de sua ida" + menino era inteligente e curioso, um companheiro ecelente ecapa? de um a<eto comoedor"
-o receber as ordens para a iagem, Ben leara o <ilho para um passeio ao
longo de uma trilha que os dois gostaam de percorrer at chegar K margem de um rio
ladeado por salgueirosAchorLes"
0!, empunharam rJsticas aras de pesca e sentaramAse na margem arenosa, em
sil@ncio" - tarde passou deagar e os dois trocaram poucas palaras, at que, ao escurecer,
Ben disse a -ery que ia partir, sentindo na prFpria pele a dor do garoto"
4 (u oltarei para oc@, -ery" (, depois da guerra, nunca
mais nos separaremos"
+ menino <icou em sil@ncio durante algum tempo, olhando para a !gua"
— %oc@ sabe, pai, que eu tenho aDudado o dr" oberts no
hospital6
— ei"
2icara muito orgulhoso ao saber que o <ilho ia ao hospital militar todos os dias,
depois das aulas, para <a?er qualquer coisa que <osse necess!ria, desde limpar o ch$o at
escreer cartas para os <eridos"
4 ambm quero trabalhar no hospital de Boston" %oc@ <alar! com o tio
Charles6 Pai, eu quero ser mdico, um dia"
Ben notou como o <ilho deseDaa sua aproa#$o e sorriu com gentile?a"
— e isso o que deseDa, <arei tudo o que puder para aDud!Alo
4 respondeu"
— Pensei que <osse <icar ?angado 4 declarou o menino com
um sorriso luminoso" 4 -chei que oc@ gostaria de que eu me
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tornasse um soldado"
Ben pensou em todas as mortes que presenciara nos Jltimos tre?e anos e <echou
os olhos para a<astar as imagens que tale? nunca o abandonassem" oens dilacerados,
com os olhos abertos e acusadores" Pilhas de corpos por todos os lados, numa eibi#$o
indecente de destrui#$o e so<rimento" ( estremeceu ao imaginar o sensíel garoto que eraseu <ilho no meio de todo o horror"
4 .$oQ .$o quero que oc@ seDa soldado" Euero que ia e
seDa <eli?" (u amo oc@, -ery"
+ menino olhou para ele com certa timide? e sorriu" +s olhos doces <ulguraam
de satis<a#$o e Ben deuAse conta de que era a primeira e? que epressaa seus sentimentos
em rela#$o ao <ilho"
.as Jltimas quatro semanas iera com a lembran#a daquela despedida, e nabolsa pendurada K sela guardara o eemplar de História de Duas Cidades, de Charles
)ickens, que -ery lhe dera"
-inda pensaa naquela tarde K beira do rio quando seu caalo recuou de repente"
)istraído, bateu com a cabe#a num galho de !rore e caiu do animal, inconsciente" .a queda,
<raturou a perna"
(, ent$o, as duas cascais que haiam assustado o caalo atacaram"
C-P*/0+ **
yan &allory, D! esquecida dos sonhos perturbadores, ria alegremente ao lado do
tenente om Braden, na elha carro#a de <a?enda" %iaDaam da ila para o acampamento e
ela imitaa, com rara habilidade, os modos do rabugento dono do arma?m" + elho a
perseguira o tempo todo, dentro do estabelecimento, temendo ser roubado" ( acabara por
enot!Ala sem cerimNnia, longe de imaginar que sob as roupas masculinas escondiaAse uma
gentil senhorita"
+ tenente Braden olhou de lado para a companheira, diertindoAse com seu ar
traesso" (ra inacredit!el que uma mo#a t$o bonita pudesse adquirir uma apar@ncia t$o
desagrad!el, estida com uma cal#a e camisa suDas, quase rotas, e com lindo cabelo
dourado escondido sob um desabado chapu de <a?endeiro"
uDara o rosto propositalmente e trans<ormaraAse num rapa?inho maltrapilho,
que de modo algum chamaria a aten#$o"+s dois haiam ido K ila com missLes di<erentes" (le, para ir ao telgra<o, ela
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para ouir a conersa dos soldados inimigos que se reuniam no arma?m para beber"
Braden tambm tinha apar@ncia deplor!el" )eiara a barba negra crescer de modo deA
sordenado e o cabelo comprido mostraaAse suDo e emaranhado" (ra quase impossíel
reconhecer o Doem e bonito tenente que yan conhecera sete meses atr!s, em ichmond"
)e posse da mensagem telegr!<ica, o homem e o rapa? haiam saído dacidade?inha sem despertar nenhuma suspeita" )epois, ao chegarem K encru?ilhada,
Braden incitara o caalo a ir mais depressa, ansioso para chegar ao acampamento e
entregar a mensagem"
Pouco haiam andado quando um caalo sem caaleiro saiu do meio do mato
assustando o animal que puaa a carro#a" +s dois <icaram surpresos, por ser aquela !rea
pouco <reqMentada e sempre patrulhada por seus prFprios homens" yan colocou a m$o
no bra#o de Braden"4 -lgum necessita de aDuda 4 obserou com ar srio e preocupado"
Braden <e? o caalo dirigirAse para uma abertura entre as !rores" .$o conhecia
o outro animal, nem a sela a?ia, e imaginou quem poderia aenturarAse por uma trilha t$o
deserta"
yan <oi a primeira a er o <erido" /m homem de uni<orme a?ul permanecia
imFel ao p de uma !rore" (la saltou da carro#a antes de Braden e correu para o homem,
parando repentinamente ao ouir o chocalhar do gui?o de cascais" 2icou paralisada de
medo e logo em seguida ouiu o som de disparos, +lhou horrori?ada para as duas
cascais que se retorciam nos estertores da morte, com as cabe#as es<aceladas" entiu
que Braden a sacudia e saiu do torpor, percebendo que o horripilante ruído dos gui?os
cessara completamente" +lhou para o companheiro num agradecimento mudo e correu
para a <igura imFel"
- perna da cal#a estaa manchada de sangue e sem perda de tempo ela enrolou
o tecido para cima, epondo duas picadas, separadas por poucos centímetros"
4 Braden, passeAme a <aca 4 pediu com <irme?a"
(le retirou a <aca de uma tira de couro no torno?elo e entregouAa a ela" %iuAa cortar
um peda#o de pano da cal#a do homem e amarr!Alo num torniquete, <irmando o nF com um
graeto, logo acima das picadas" Com dois golpes cortou um arco na carne e inclinouAse,
come#ando a sugar o sangue dos cortes e a cuspiAlo, repetindo o processo !rias e?es"
Por <im, yan soltou o torniquete para que a circula#$o se restabelecesse e oltou
a apert!Alo, antes de oltarAse para Braden"
4 er! de me aDudar a le!Alo para a carro#a" .$o podemos
dei!Alo aqui"
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Braden olhouAa com espanto"
— Euer le!Alo para o acampamento6 +uiu as ordens de seu
irm$o: nada de prisioneiros"
— ( para onde podemos le!Alo6 R Fbio que a ila est! <ora
de quest$o" Como eplicaríamos o <ato de termos encontrado umo<icial ianque nesta !rea6 odos pensam que iemos no outro
lado da ila" ( n$o ou dei!Alo morrer aqui 4 teimou, olhando impacientemente para
Braden"
R um ianque miser!elQ .Fs temos matado milhares deles nos Jltimos quatro
anos e agora oc@ quer salar um" *sso n$o tem lFgica, yan"
(la ergueu o queio num gesto determinado"
SS e ele n$o <or, eu tambm n$o irei"Braden conhecia bem aquela atitude de teimosia e sabia que n$o adiantaa
tentar demo@Ala da idia" &as tambm conhecia o irm$o dela, seu capit$o" ean &allory
detestaa ser desobedecido e dera ordens eplícitas quanto K captura de prisioneiros" (,
in<eli?mente para o pobre Braden, n$o era a primeira e? que se ia imprensado entre os dois
irm$os, ambos teimosos e de ontade <rrea" .$o tinha saída" Eualquer decis$o que tomasse
seria desastrosa para ele"
2icou parado, indeciso"
Perdendo a paci@ncia, yan tentaa leantar o <erido so?inha, mas ele era muito
grande e pesado"
— -DudeAme, Braden" (le precisa de cuidados" -lm disso, est$o esperando por
nFs"
— &as n$o est$o esperando por um desgra#ado ianque, um
nortista miser!el"
yan olhouAo suplicante e ele amoleceu, mesmo sabendo que pagaria caro por
aquela <raque?a"
4 -ssumo a responsabilidade 4 ela a<irmou, 4 -gora, ande logo, ou ele estar!
morto antes de chegarmos ao acampamento"
4 (spero que esteDa mesmo 4 Braden resmungou"
.enhuma di<eren#a <aria se ela assumisse a responsabilidade ou n$o" ean cobraria dele
aquele ato de desobedi@ncia" Com um suspiro desanimado, agarrou o ianque pelos bra#os e
arrastouAo para a carro#a, colocandoAo na parte de tr!s, sob a coberta" yan acomodouAseao lado do <erido e Braden subiu para a bolia, estalando o chicote no ar para que o caalo
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entrasse em trote ligeiro" yan abra#ou a cabe#a do soldado inimigo, protegendoAa contra os
solaancos da carro#a" ( olhou para o rosto p!lido pela primeira e?" obrancelhas espessas
arqueaamAse acima dos olhos <echados" + cabelo curto, quase preto, enrolaaAse de lee
nas pontas, criando uma apar@ncia indisciplinada" + homem parecia da mesma idade que
seu irm$o ean, mas o rosto mostraa linhas mais pro<undas" (ra um rosto duro"Perigoso" +lhou para Braden atras da abertura que ligaa K bolia"
4 (le n$o muito Doem para ser coronel6
+ companheiro olhou para tr!s, com irNnica amargura"
4 im" )ee ter matado muitos sulistas para conseguir subir
t$o depressa"
yan n$o respondeu ao coment!rio e tornou a olhar para o ianque" entia o
calor da <ebre que emanaa da cabe#a" -<rouou o torniquete e oltou a apert!Alo, repetindoo gesto a curtos interalos para que a circula#$o do sangue n$o <icasse bloqueada"
! haiam percorrido cerca de dois quilNmetros trilha abaio quando iram o
caalo do ianque" Braden assobiou e o animal aproimouAse, obediente" yan admirou a
bele?a do caalo, um puroAsangue magní<ico, e amarrouAo pelas rdeas K traseira da
carro#a"
eguiram em <rente e pouco depois Braden dirigiu a carro#a para uma cortina de
!gua que se despencaa pela lateral de um rochedo" + caalo, percebendo que se
aproimaam do destino, andou com mais rapide? e atraessou a cascata sem hesita#$o,
entrando num ale"
Chegando ao acampamento, encontraram !rios homens que saíam para
patrulhar a !rea, carregando assouras com cabos longos" yan sabia que na olta eles
arreriam o ch$o da trilha, apagando as marcas deiadas pelas rodas da carro#a e pelas
patas dos animais"
Para alíio de yan, n$o ira ean" (la pediu a alguns companheiros atNnitos que
leassem o <erido para o local onde improisara um hospital" .$o passaa de um espa#o
aberto na egeta#$o, abrigado por peda#os de lona pendurados em !rores" 0! sF haia
um paciente, um Doem que se recuperaa de um <erimento a bala" yan <i?era diersos
catres, utili?ando galhos secos recobertos com elhos cobertores" Podiam n$o ser muito
con<ort!eis, mas mantinham os doentes a<astados do ch$o <rio e Jmido"
*gnorando os olhares de censura dos teanos que compunham a maioria dos
homens sob o comando de ean, ela eaminou o ianque com delicade?a e aten#$o" (le
estaa molhado, como Braden e ela mesma, por causa da passagem pela queda de !gua,
mas calor do dia logo o deiaria seco" &oimentou a perna dele, sF ent$o notando que se
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mostraa torcida de lee" (stier a muito preocupada com as mordeduras das cobras para
perceber que a perna <ora <raturada"
yan eplorou o corpo imFel, sentindo que os mJsculos eram riDos e que n$o
haia nenhuma gordura supr<lua" - camisa de /nho <ino, que ele usaa sob o casaco do
uni<orme, aDustaaAse ao peito largo e <irme, acentuando as linhas duras dos mJsculosper<eitos" Haia um <erimento na cabe#a e o sangue goteDaa lentamente do corte" yan
encontrou mais cortes e arranhLes pro<undos, tentando adiinhar se ocorrera algum
<erimento interno de maior graidade" &esmo que n$o houesse mais nada, o estado geral do
paciente era deplor!el e seria um milagre se sobreiesse" Com certe?a o eneno, que D!
entrara na corrente sangMínea antes que ela o socorresse, espalhaaAse pelo organismo,
proocando a <ebre que o deiaa encharcado de suor"
(la obserou o rosto de mailares marcados" + nari? era reto e <ino e a bocagenerosa sugeria <or#a e determina#$o" yan dedu?iu que os l!bios sensuais tornaamAse
deastadores quando se abriam num sorriso" ( uma depress$o pequena, mas bastante
eidente, abriaAse no queio, ameni?ando a seeridade das <ei#Les masculinas" - pele
bron?eada deiaa claro que ele estaa acostumado K ida ao ar lire"
(ra um rosto atraente, <orte e quase arrogante, mas que se tornaa suae pelos
longos cílios e a coinha no queio"
C-P*/0+ ***
+ homem alto, traDando roupas cin?entas, <icou em p nos estribos para olhar por
cima das rochas, tentando er sem ser isto"
+ sol batia em seu cabelo cor de bron?e, <a?endoAo brilhar com re<leos dourados"
(le passou a m$o pelas mechas que lhe caíam na testa Jmida de suor" Com a outra m$o
seguraa as rdeas e o chapu de abas largas"
+bserou a longa <ila de soldados em uni<ormes a?uis e de mulas carregadas
moendoAse l! embaio, na dire#$o da campina" Haia de?esseis homens condu?indo cercade quarenta animais"
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4 (les nunca aprendem 4 o homem alto resmungou para o
soldado ao lado dele" 4 $o uns bastardos estJpidos"
+ Doem soldado apenas sorriu para o comandante"
4 ale? eles gostem de suprir as necessidades dos Con<ederados 4 o che<e
continuou" 4 + que torna tudo muito mais <!cil para nFs"+ capit$o ean &alíory <e? um sinal para um homem que energaa uni<orme
quase es<arrapado e diisas de cabo" (le se aproimou, segurando o ri<le com tanta
naturalidade como se houesse nascido com a arma na m$o" (ra um ri<le de repeti#$o, um
dos poucos do regimento" Para o cabo Iilson, a arma se constituía no obDeto mais precioso
entre todos os seus pertences e usaaAa com perícia ineD!el"
ean apontou para dois homens de a?ul l! embaio" + primeiro caaleiro da <ila e
o Jltimo" + cabo ergueu o ri<le e <e? mira" +s dois tiros partiram em r!pida sucess$o e osdois soldados caíram dos caalos"
+s disparos eram o sinal de que os outros homens de uni<ormes cin?entos
esperaam, alinhados atr!s do comandante" (ram trinta e deiaram escapar um grito
ensurdecedor, enquanto esperaam as montadas" Pretendiam assustar, e sempre
conseguiam"
+s soldados ao p da colina, perpleos, debandaram ao er seu tenente no ch$o e
homens de roupas cor de cin?a por todos os lados" + barulho aumentaa a con<us$o dos
atacados e logo, um apFs outro, Dogaram as armas no ch$o e ergueram os bra#os para o
cu em rendi#$o" -penas dois tentaram atirar, mas n$o conseguiram <iar um alo" +s
atacantes misturaamAse aos outros, em contínuo moimento, tornandoAse alos mFeis
di<íceis de acertar"
(m poucos minutos os cator?e ianques restantes desistiram de qualquer luta e
desmontaram, obedecendo Ks ordens do comandante inimigo" .enhum deles saberia di?er
o que acontecera"
ean tambm desceu do caalo e eaminou os dois homens acertados pelo cabo
Iilson" + tenente sentaraAse e apertaa o ombro esquerdo, deiando que o sangue lhe
escorresse por entre os dedos" + outro soldado estaa morto"
ean olhou para Iilson com ar de censura" )era ordens enrgicas aos homens,
instruindoAos a atirar para <erir, e n$o para matar, a menos que <osse absolutamente
necess!rio" + cabo simplesmente encolheu os ombros e deu as costas ao comandante"
ean pragueDou baiinho, deseDando que Iilson n$o <osse t$o indispens!el ao regimento"
(staa cansado de tanta morte, mas o cabo adoraa matar"
Com um suspiro, oltou a aten#$o para as mulas carregadas"
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os prisioneiros, se por acaso tiessem a idia de perseguir os atacantes e tentar recuperar a
carga perdida" -lm disso, a tare<a de buscar re<or#os seria muito mais lenta" ( ean e seu
bando teriam bastante tempo para chegar ao esconderiDo em seguran#a"
4 Euem o respons!el pelo grupo, agora6 4 perguntou
ean"/m dos homens abaiouAse para erguer as cal#as com a maior dignidade de que
<oi capa?, antes de erguer o queio numa atitude orgulhosa"
4 (u"
%ou deiar duas mulas" /ma para o tenente <erido e outra para ele" 4
-pontou para o morto" 4 +s outros ir$o a p, de olta para o seu regimento"
em mais palaras, o comandante rebelde montou o garanh$o castanho e
apertou os Doelhos contra os <lancos lu?idios" -s mulas eram lentas demais para serem leadas, de modo que os homens as
assustaram, <a?endoAas espalharemAse em dire#Les di<erentes" ( assim a trilha deiada
pelos rebeldes con<undiuAse com marcas de cascos desordenadas" eria impossíel
descobrir que dire#$o ean e seus homens haiam tomado, se os ianques tentassem seguiA
los mais tarde"
+s rebeldes chegaram ao acampamento depois do anoitecer, pois haiam
andado em círculos para se aproimarem do ale que era seu re<Jgio"
ean procurou a irm$ imediatamente" .$o gostaa que ela <osse em miss$o K ila
de Center e apenas por absoluta necessidade dera sua permiss$o, naquele dia"
( preocupaaAse com o <ato de estarem ocupando o ale por tanto tempo
seguido" )e?oito meses" + momento de partir chegara, mas ele n$o podia abandonar a
!rea antes de capturar um carregamento muito importante que passaria pela regi$o" + comA
boio estaria transportando ri<les de repeti#$o pencer e ele recebera ordens de ichmond
para captur!Alos" -s armas eram essenciais para a luta sulista, D! que os rebeldes possuíamarmamento antiquado e bastante ine<iciente"
.o íntimo, ean consideraa a guerra perdida" - derrota <inal era apenas uma
quest$o de tempo" eus superiores de ichmond D! admitiam isso, mas pretendiam di<icultar
tanto a itFria dos nortistas que os inimigos acabariam pedindo pa?, diminuindo a
humilha#$o in<ligida aos rebeldes pela derrota" ean, porm, duidaa que tal coisa
acontecesse" - guerra tornaraAse amarga demais para permitir essas manobras" Contudo,
ele <i?era sua escolha quatro anos antes e n$o ia desistir antes do <inal" (staa cansado daguerra, cansado de matar, mas daria o m!imo de si pelo ul" -t o <im"
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-s numerosas <ogueiras espalhadas pelo acampamento eocaram os pirilampos
que apanhaa em crian#a" /m maior e mais luminoso que o outro" eus olhos oltaramAse
para a dire#$o do hospital e ele iu a irm$ debru#ada sobre um homem de uni<orme a?ul"
4 &as que diabo""" 4 pragueDou, olhando para Braden, que
se aproimou a p"Braden, preparado para o que o aguardaa, mostraaAse carrancudo"
— .Fs o encontramos, senhor 4 eplicou" 4 2oi picado por
cascais e sua irm$ n$o quis dei!Alo"
— ( oc@ permitiu que ela o trouesse para c!6 Conhece minhas ordens,
Braden" .ada de prisioneiros no ale" ConsidereAse
rebaiado para o posto de sargento"
ean desceu do garanh$o e caminhou para o lugar onde o ianque estaa deitado"eu rosto, corado de irrita#$o, de repente empalideceu"
yan olhou para o irm$o, pronta para uma repreens$o, mas n$o para a
epress$o de espanto que iu no rosto dele"
— + que <oi, ean6
— (u conhe#o este homem 4 ele murmurou" 4 R Ben"" Ben
&organ" (stiemos Duntos em Iest Point"
2icou olhando para o <erido com ar incrdulo, por alguns instantes, depois
a<astouAse, sem di?er mais nada"
ean caminhou lentamente para a maior barraca do acampamento" Pouco a
usaa, eceto quando precisaa reunirAse com seus o<iciais ou discutir algum assunto
pessoal" Pre<eria dormir ao ar lire, com os outros soldados" - regi$o era rica em caernas e
os homens as usaam como abrigo quando choia, mas todos apreciaam dormir sob o cu
aberto nas Jltimas noites agrad!eis de er$o"
-cendendo uma lanterna, ele eaminou o interior da barraca, sentindo que o
choque da surpresa desaparecia, dando lugar K ira mais desarra?oada" ConsumiaAse de
<Jria" Pegou um Darro e atirouAo com <or#a de encontro a um dos esteios da barraca" )epois,
<icou olhando para os cacos e para a !gua que se espalhaa pelo ch$o de terra, sendo logo
absorida"
.unca desaba<ara a raia dessa <orma e muitas e?es se perguntara se tal
iol@ncia ameni?aa realmente a <Jria" (nt$o, descobriu a resposta: era um gesto de
agressiidade quase in<antil, que nenhum alíio o<erecia"
)esiando os pensamentos do Darro quebrado, imaginou se teria um pouco de
pa? e solid$o para ruminar a raia" eria, sim" -pesar de ser um comandante popular entre
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os homens, um che<e que diidia com todos as derrotas e itFrias, tambm era conhecido
por seu g@nio eplosio" ( os subordinados eitaam ao m!imo aproimarAse quando o
iam <urioso"
e<letiu sombriamente sobre a presen#a de Ben &organ no acampamento" !
eistira erdadeira a<ei#$o entre eles" ean chegara a considerar o amigo como um irm$o,mas a ami?ade terminara de <orma desagrad!el e a simples lembran#a de Ben passara a
inspirar raia e tambm triste?a" ( assim, alm das di<eren#as pessoais, no momento haia o
perigo representado pelo ianque no meio de um grupo rebelde" Poucos homens haiam sido
mais e<icientes e determinados que Ben &organ, em Iest Point" e o homem
sobreiesse, toda a miss$o de ean corria o risco de <racassar"
iera muita sorte, at ali, mas estaa consciente de que sua boa estrela poderia
deiar de brilhar a qualquer instante" (scolhera pessoalmente todos os seus homens, dandopre<er@ncia aos duros e independentes habitantes do +este, que n$o se adaptaam bem a
unidades de disciplina mais conencional" untos, haiam <ormado um regimento
homog@neo e aloroso"
(mbora ele prFprio <osse <ruto de Iest Point, nunca se sentira bem no (rcito"
eu temperamento independente o leara a en<rentar !rias puni#Les e o impedira de subir
na hierarquia militar" (ra conhecido como bom soldado, mas encrenqueiro, pois nunca se
dera ao trabalho de esconder o descontentamento pela incompet@ncia de seus superiores"
( <ora eatamente por essas qualidades que o )epartamento de =uerra
Con<ederado o escolhera para interceptar o <luo de +uro que corria do +este para
Iashington"
Como muitos militares sulistas saídos de Iest Point, ean abandonou o (rcito
americano quando o eas aliouAse K Con<edera#$o" inha pouca simpatia pelos (stados
escraagistas do ul, mas achaa que o eas tinha o direito de libertarAse da /ni$o"
(ngaDaraAse na caalaria de eb tuart, na %irgínia, onde seriu durante um ano e depois
deslocouAse para ichmond"
— %oc@ sabe o que en<rentamos 4 dissera o general Ieels,
olhando com <irme?a para o antigo aluno de Iest Point" 4 +s
nortistas possuem as <!bricas, as armas e os homens" .Fs temos
algod$o e orgulho" .$o uma diis$o muito Dusta, concorda6
— im, senhor"
— &as n$o isso o que pensam alguns de nossos che<es mais
ealtados" Pessoalmente, penso que est$o tentando enganarAse,
Dulgando que a *nglaterra ai entrar nessa guerra" + algod$o
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importante para eles, mas n$o tanto assim" ( esse mesmo algo
d$o n$o nos ser! de nenhum alor quando precisarmos de armas
e comida"
4 (ntendo"
4%amos precisar de dinheiro" H! meios de adquirir o queprecisamos, mesmo do .orte, possuindo ouro" ( esse ai ser seu
trabalho" 0embroAme de quando ensinei t!ticas de guerra em Iest
Point e oc@ <oi meu melhor aluno" inha idias bastante inoadoras, ean &allory" -taques
de surpresa" etirada pronta" =uerrilhas" 2a#a um homem aler por muitos"
ean sorriu de lee, mas o general continuou a olh!Alo com seriedade"
4 &uitos idiotas l! de cima discordam" ( o que est$o <a?en
do6 acri<icando homens inutilmente, por uma no#$o errada deque com muito sangue que se sala a honra" ( estamos sem ar
mas, sem muni#$o e medicamentos" Portanto, teremos de usar
o menor nJmero possíel de homens, de ítimas, antes que a derrota chegue"
( assim Ieels entregara a ean o comando de uma unidade, com a permiss$o
especial de escolher seus prFprios homens, sua estratgia e os alos que Dulgasse
melhores"
4 ire o que puder do (rcito, mas deie os ciis em pa? 4
aisara o general" 4 .$o quero que seDam con<undidos com bandidos" Por isso, usem
uni<ormes sempre que atacarem" -gora oc@ pertence K egunda Corpora#$o" Boa sorte,
ean"
ean entreistara olunt!rios e encontrara um Doem ca#ador que conhecia o
territFrio do Colorado como as palmas das prFprias m$os" immy Carne tinha de?oito anos e
iia so?inho desde os tre?e" 2ora ele quem <alara a ean de um ale escondido a que se
chegaa atraessando uma queda de !gua e passando por uma garganta estreita" — em certe?a de que n$o h! outra saída6 4 perguntara ean"
— e h!, nunca a encontrei, senhor" &as no meio dos rochedos eistem
centenas de postos de obsera#$o de onde se pode er sem ser isto, cobrindo
quilNmetros"
— Pode me desenhar um mapa6
— .$o, senhor" &as posso le!Alo at l!"
— (st! bem" ConsidereAse alistado" -o <ormar o grupo, ean dera especial aten#$o K escolha de seus o<iciais" odos
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haiam nascido no +este, sendo a maioria do eas" ( n$o haia nenhum aluno de Iest
Point entre eles"
(m seis semanas partiram e um m@s e meio depois entrincheiraamAse no ale"
+ general Ieels <ora cumprimentado por sua escolha" ean &allory logo proou ser um
ladr$o de etrema compet@ncia e um erdadeiro espinho na carne do .orte" Contudo, osucesso do primeiro ano caiu no esquecimento quando noas rotas para o transporte do
ouro <oram abertas" -lguns carregamentos iam de naio da Cali<Frnia para o Panam!,
atraessaam o país por terra, at a outra costa, e de l! seguiam por mar at Boston" +utra
rota corria para o norte, atras de Iyoming e )akota" (mbora passasse por perigosas
regiLes indígenas, parecia mais segura do que as que se aproimaam dos !idos líderes
rebeldes do ul"
-s duas alternatias, porm, eram dispendiosas e eigiam muito tempo e trabalho"' bando de ean continuara a atacar trens de suprimentos, mas
o resultado dos saques n$o compensaa o perigo de aenturarAse por territFrio da /ni$o"
.$o alia a pena arriscar a ida de homens aliosos para lear cobertores, panelas e
remdios para as linhas de <rente sulistas"
( ean mandara Braden, seu tenente da maior con<ian#a, aisar o centro de
opera#Les, em ichmond, de que planeDaa partir" -s noas ordens tra?idas por Braden e a
pessoa que o acompanhara haiam representado dois choques distintos"
Braden retornara seis meses atr!s e ean <ora a seu encontro assim que
ouira os primeiros aisos das sentinelas" uDo e com barba de dois dias, pois acabara de
oltar de mais uma miss$o, ira o companheiro entrar no acampamento seguido por seis
caaleiros" Cumprimentara Braden e eaminara os outros, enchendoAse de surpresa
quando seu olhar caiu sobre uma Doem graciosa, que montaa com perícia" (aminouAa
desde o chapu de abas largas at as saias de montar" entou erAlhe o rosto, mas a aba do
chapu o escondia" Contudo, a mo#a n$o lhe parecia estranha" +lhou com ar aborrecido
para Braden"
4 Pode me di?er o que est! acontecendo6 Euem ela6
-ntes que o tenente respondesse, a Doem desli?ou do caalo e aproimouAse dele
leando a m$o ao chapu" acudiu a cabe#a e uma longa tran#a loira soltouAse, lire" -
mo#a, ent$o, ergueu os olhos escuros para ean"
- boca delicada tremia de lee, mas os olhos <oram o que chamaram a aten#$o de
ean" %ios e epressios tinha lampeDos da mais pura alegria" F ira olhos como aqueles
uma e? na ida" +s olhos da m$e" - irm$, que deiara ainda menina, tambm tinha olhos
com aquele brilho intenso, mas eram olhos de crian#a, sem a pro<unde?a dada pela
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
maturidade"
( <icou perpleo olhando para o rosto da mo#a" (ra como olharAse num espelho"
Por isso ela n$o lhe parecera estranha" -" Doem era uma ers$o <eminina de si mesmo"
2ran?iu a testa"
— yan6 4 perguntou incerto, incapa? de acreditar na eid@ncia" 4 .$o podeser yan"
— im, sou yan"
Houe um instante de sil@ncio, enquanto os soldados, atraídos pela cena
incomum, aproimaamAse para olhar"
4 &as como6 4 ean murmurou incrdulo,
2a?ia do?e anos que n$o ia a irm$, quando oltara para casa, por um bree
período de tempo, apFs graduarAse por Iest Point, &as, de repente, descobriu que n$o lheinteressaa saber como, ou por que, endo a m!goa apagar o brilho dos olhos enormes"
-bra#ouAa e manteeAa apertada durante longos instantes" yan passou os bra#os por sua
cintura e ean sentiu nascer em seu íntimo o deseDo de proteg@Ala de tudo e de todos"
2inalmente a<astouAa para poder obser!Ala"
4 %oc@ se parece com mam$e 4 disse baiinho, tocandoAlhe o rosto" 4
&as o que est! <a?endo aqui6 (ste n$o o lugar ideal para uma cri""" 4 interrompeuAse,
reconhecendo que yan D! n$o era uma crian#a 4 .$o lugar para uma mo#a" +nde est!
o )r" 2oster6 Como permitiu que oc@ iesse6 +s olhos lindos encheramAse de l!grimas"
4 + )r" 2oster e a esposa morreram" 2ebre ti<Fide"
4 +h, meu )eus"""
ubitamente, ean percebeu que uma pequena multid$o os obseraa"
4 %enha" 4 (stendeu a m$o para yan, leandoAa para sua
barraca"
.a entrada, irouAse para Braden, que os seguira"
— 2alarei com oc@ mais tarde 4 disse com energia"
(ntraram e ean apontou para um catre, num canto"
— enteAse, irm$?inha"
4 .$o, obrigada" (stou cansada de estar sentada" Por <aor,
n$o <ique brao com o tenente Braden" (u n$o lhe deiei alternatia"
ean olhouAa pensatiamente" yan tinha o? meiga e era etremamente bonita,
mas ele podia adiinhar que a teimosia aparecia como tra#o marcante de sua personalidade"
.$o podia negar que <icara intensamente <eli? em @Ala, mas ao mesmo tempo se preocupaa
por sua seguran#a" -quele n$o era um lugar adequado para uma mulher" )e modo algum,
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4 Braden n$o podia ter tra?ido oc@ para c! sem minha ordem 4 ele declarou
irritado"
4 + que mais poderia ter <eito, se eu o <orcei6
(le sentouAse no catre e puouAa para o seu lado"
— 2iquei muito <eli? por @Ala, yan" %oc@ cresceu, est! muito bonita" 2icaremos algum tempo Duntos, conersaremos bastante, mas depois eu a
mandarei de olta com um acompanhante"
-qui oc@ n$o pode <icar"
— &andar de olta6 Para onde6 Para aylor6 - cidade est!
desaparecendo" ndios, guerra e ti<o" Euase todos os meus amigos morreram e os que
sobreieram <oram embora" .$o tenho
para onde ir" 4 /ma l!grima rolou e ela enugouAa com raia"ean <icou em sil@ncio" ua irm$" CoraDosa e determinada" Perdera os pais
erdadeiros num ataque de índios e os adotios num surto de <ebre ti<Fide" ocouAlhe o rosto,
acariciando as <ei#Les suaes"
— %oc@ n$o pode <icar aqui, menininha 4 repetiu, usando o
diminutio carinhoso que usaa quando ela era pequena"
— Por que n$o6 Posso ser útil.
— Porque""" bem""" h! du?entos e cinqMenta homens aqui" .$o
seria""" seguro, ou apropriado"
— eguran#a6 4 ela ironi?ou" 4 Eue lugar seguro nos tempos de hoDe6
(le n$o tinha nenhuma resposta para aquela pergunta" ornou a <it!Ala, endo
cansa#o no rosto delicado"
4 %oc@ precisa descansar 4 declarou" 4 ( eu tambm" 2alaremos sobre isso
mais tarde, est! bem6
-DudouAa a tirar as botas e iuAa estenderAse no catre, boceDando" Euando a
iu adormecida, inclinouAse e beiDouAa na testa"
+ tempo passaa e ean adiaa a decis$o de mandar yan embora" 2icara
admirado com seus conhecimentos de medicina" Cuidar de doentes era como um talento
natural, cultiado pela coni@ncia com o pai adotio, o )r" 2oster" ambm era boa
co?inheira e n$o demorou para que sua inten#$o de a<ast!Ala do acampamento <osse
esquecida" "
-pesar de ele <a?er restri#Les K perman@ncia de mulheres no esconderiDo,tranqMili?araAse ao notar como yan se comportaa entre os homens e ao er que eles a
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respeitaam e gostaam dela" )epois de usar as saias de montaria por algum tempo, por
serem cNmodas, ela implorara a immy um par de cal#as elhas e passara a us!Alas,
Duntamente com uma camisa e um chapu de<ormado" ua simplicidade e !rias
habilidades aDudaram a integr!Ala com rapide? no grupo, que a trataa como a uma irm$
mais Doem")epois de um ataque a um comboio inimigo, quando capturaram !rios carro#Les
carregados de cobertores e medicamentos, ean reserara uma das carro#as para serir de
dormitFrio a yan, mandando as outras para as linhas de <rente" Com os medicamentos e
<aias, ela iniciara um pequeno hospital, cuidando dos que oltaam <eridos dos assaltos e
das <ebres que atormentaam os soldados" )epois da chegada de yan, n$o houera mais
mortes no acampamento"
2amiliari?ada com as atiidades do regimento, ela come#ara a <a?er perguntassobre a ila, a cerca de quarenta e cinco quilNmetros do acampamento" +s homens
ree?aamAse nas iagens ao lugareDo para comprar mantimentos e apanhar mensagens coA
di<icadas recebidas do seri#o de intelig@ncia con<ederado atras de telgra<o" -lm disso,
agueaam pela cidade?inha tentando ouir conersas e obter in<orma#Les sobre os
moimentos do (rcito inimigo"
— .$o pode continuar mandando homens buscar as mensagens no telgra<o 4
ela dissera a ean, um dia" 4 /ma e?, tu
do bem" )uas e?es, tale?" &as oc@ os tem mandado muitas
e?es e isso pode leantar suspeitas"
— -h, , menininha6 ( o que que oc@ sugere6
— Bem, um homem indo com o <ilho er se h! mensagens de
parentes me parece bem inocente"
(le a encarara, imaginando se algum dia ela cessaria de surpreend@Alo"
— ( onde, digaAme, encontraremos um menino para <a?er o
papel de <ilho6
— %oc@ D! o tem" (u"
- proposta tinha lFgica, mas aceit!Ala seria colocar em risco a seguran#a de
yan" ean discutira a idia com Braden, que tambm D! se preocupara com a repeti#$o do
mtodo para apanhar as mensagens" +s ri<les que passariam por ali eram importantes
demais para que os planos de roub!Alos <racassassem" +s dois homens chegaram K conclus$o
de que era aconselh!el colocar a idia de yan em pr!tica e <icara acertado que ela
acompanharia Braden na prFima iagem K ila, quando perguntariam ao seri#o de
intelig@ncia qual a data aproimada da passagem do carregamento de armas"
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
( a iagem acontecera duas semanas antes" - resposta chegara naquele dia"
&as ean lamentaa a decis$o tomada" .unca deeria ter permitido que yan
<icasse com ele, e muito menos que <osse K ila" .a segunda iagem ela encontrara um
ianque <erido e o leara para o acampamento" ( ean n$o precisaa de um prisioneiro,
principalmente sendo um coronel, cuDo desaparecimento causaria alarme e tumulto" (, parapiorar a situa#$o, o prisioneiro era Ben &organ"
+s pensamentos de ean <oram interrompidos naquele ponto por algum que
batia palmas de lee do lado de <ora da barraca"
4 (ntre"
Braden entrou, descon<iado"
— + que 6 4 perguntou ean bruscamente"
—
rouemos tambm o caalo do ianque" eistei as bolsasda sela e encontrei alguns papis" -chei que gostaria de @Alos"
Braden passouAlhe duas bolsas de couro bastante surradas e um enelope de
papel grosso"
— )eo dei!Alo a sFs, senhor6
— .$o" Pode <icar"
ean abriu o enelope e retirou alguns papis timbrados" 0euAos rapidamente e
seu rosto <icou tenso"
— -dmito que, errando, oc@ e yan acabaram por acertar
4 comentou enigmaticamente"
— Como assim6
— + coronel ianque estaa atr!s de nFs, para nos en<orcar"
— + que disse, senhor6
— 2omos considerados bandidos" Creio que causamos muitos problemas"
— &as, senhor, somos uma unidade legal do (rcito Con<ederadoQ -tacamos
apenas alos militares"
— (u sei, eu sei" ( eles tambm sabem" &as pelo que pude
entender <omos escolhidos para serir de eemplo a outros grupos guerrilheiros" ( esse
coronel <oi encarregado de nos apanhar"
ean manuseou os papis"
4 )eramAlhe plenos poderes de comando sobre qualquer tropa e tem ordens de
nos procurar at encontrar" odos seremos
eecutados, depois de leados ao 2orte &yers e Dulgados publicamente"
- despeito da ira e do espanto, Braden torceu os l!bios num sorriso ctico"
Projeto Revisoras 23
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
— *sso, se nos pegar" &as aposto em oc@"
ean n$o retribuiu o sorriso"
— .$o o subestime, Braden" (u o conhe#o" (le perigoso" &uito
perigoso"
Braden captou a preocupa#$o do comandante e seu sorriso desapareceu" — )eo di?er aos outros6
— .$o, ainda n$o" e tiermos sorte, partiremos daqui antes
que d@em pela <alta do coronel Bennett &organ" (, quando estiermos no eas, ningum
ter! meios para nos identi<icar"
— (le ter!"
— im, ele ter! 4 con<irmou ean pensatiamente,
Braden irouAse para sair, mas ean chamouAo de olta" — Braden"
— im, senhor"
— (sque#a que eu ia repreend@Alo por ter tra?ido o ianque"
Conhe#o minha irm$" e oc@ n$o a aDudasse, ela o teria arrasta
do para c! so?inha"
— -cho que sim, senhor"
— + que encontrou no posto telegr!<ico6
Braden surpreendeuAse" .a con<us$o, quase se esquecera da mensagem"
— + carregamento ai passar por aqui dentro de tr@s semanas" aiu de
Iashington no dia quin?e e partiu de Chicago h!
alguns dias"
— ! conhecem a rota6
— -inda n$o" )isseram para procurar noa mensagem em
quin?e dias"
— *sso signi<ica que oc@ e yan ter$o de oltar K ila" -ceitaram sua histFria, no
telgra<o6
— .$o haia motio para n$o aceitarem" (iste muita gente
esperando parentes re<ugiados"
— Perguntaram onde oc@s estaam iendo6 + que respondeu6
— Perguntaram, sim, e eu lhes disse que est!amos morando
num acampamento K beira de um riacho, noe quilNmetros para
o norte" *n<orma#Les agas"
— Ttimo" +brigado, Braden"
Projeto Revisoras 24
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
tranqMilo"
—
C-P /0+ *%
4 .$o quero que ele morraQ .$o queroQ 4 yan murmurou
!rias e?es, como numa prece, durante os dias em que o coronel ianque Ben &organ
equilibrouAse precariamente entre a ida
e a morte"
- <ebre o consumia e o delírio arrasaa suas de<esas íntimas, epondo suas
agonias e esperan#as de um modo pungente que tocaa <undo o cora#$o de yan"
(la sempre participara das emo#Les dos que a rodeaam como se <ossem suas"
( tale? isso eplicasse seu natural pendor para a medicina" empre sabia o que seus
pacientes sentiam ou pensaam antes que eles prFprios tiessem consci@ncia disso" (ssa caA
pacidade estranha nem sempre, porm, lhe tra?ia alegria"
&as com Ben &organ acontecia algo inusitado" entiaAse pro<undamente ligada a
ele, sentindo sua solid$o, percebendo seu desespero, tremendo com a raia que
demonstraa nas crises de delírio consumidor" ( yan recebia no cora#$o aberto todas as
eid@ncias de que ele era um homem amargurado" Contudo, o mais doloroso era perceber
que Ben sentia pro<unda indi<eren#a pela ida" .$o lutaa contra a <ebre que o atacaa com
tanta <Jria"
)urante as crises ele <alaa sem parar e yan !rias e?es captou o nome
&elody, ora murmurado com amor, ora cuspido com despre?o e Fdio" (ra ent$o que ele
pragueDaa horrielmente, <a?endo os olhos de yan encheremAse de l!grimas" )i?ia outros
nomes tambm, e <reqMentemente lamentaa tantas mortes"
4 $o apenas garotos 4 di?ia num murmJrio" 4 ( est$o todos mortos"
/m dia, enquanto o banhaa com panos molhados, ouiuAo pronunciar o nome
de ean"
4 ean""" n$o erdadeQ )esgra#adoQ R mentiraQ %oc@ um
mentiroso, ean" &elody""" n$o <aria isso""" n$o"""
)isse as palaras com etrema agonia e yan chorou de piedade" (le era
torturado pelas iol@ncias de um in<erno íntimo" ( que papel ean desempenharia no
drama torturante6Euando o irm$o a procurou no hospital e perguntou pelo progresso de Ben, ela
Projeto Revisoras 26
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
Ben quis discutir" Eueria !gua" Ugua e mais !gua" + corpo, debilitado pela <ebre,
pedia o líquido re<rescante" entou eplicar isso, mas os l!bios n$o <ormaam as palaras"
-lgum ergueuAlhe a cabe#a com mais delicade?a do que da outra e? e ele sentiu o <rio
amargor de um líquido na boca" 0ogo, a dor diminuía e ele caía noamente em aben#oada
inconsci@ncia"yan olhou para o irm$o" (la <ora buscar !gua, quando Ben recuperara
parcialmente os sentidos" ean, ao lado dele, atendera ao dbil pedido"
4 Penso que se recuperar!, agora 4 ela anunciou" 4 &as
ainda so<rer! muitas dores e continuar! <raco"
ean olhou para Ben"
4 (u lhe disse que ele era indestrutíel, n$o6 4 perguntou
com a<eto" 4 &as con<esso que achei que nem oc@ o salariadesta e?"
(la deuAlhe um sorriso <atigado"
— (st! contente6 +u desapontado6
— .$o sei" Preciso pensar" PerguntoAme o que <aremos com
ele, mas encontrei uma resposta" -gora, ! descansar" Cuidarei
dele"
yan concordou" )epois da tens$o dos Jltimos dias achaa que Poderia dormir
por longas horas"
)epois que ela se a<astou, ean olhou para Ben, o coronel ianque, seu inimigo"
aia e amargura o tomaam, mescladas a uma estranha sensa#$o de alíio por saber que
Ben ia ier"
0embraaAse de muitos <atos enolendo o antigo companheiro de quarto em
Iest Point, cator?e anos antes" + corpo, sempre <irme, tornaraAse ainda mais musculoso e
a cicatri? no ombro era recente" + cabelo preto, ou quase, sempre reolto, <ora cortado
muito curto, mas as pontas enrolaamAse de modo indisciplinado"
(aminou rapidamente a perna <raturada, enolida em <ortes bandagens, logo
acima do Doelho" -penas Ben teria sobreiido a duas picadas de cobra e !rios <erimentos
graes"
ean sorriu breemente, mas tornou a <icar srio e pensatio" Ben n$o aceitaria
com docilidade o <ato de que era prisioneiro" ( prisioneiro do capit$o ean &allory"
%inte e quatro horas mais tarde, Ben tornou a despertar" entiu lambidas leesnas pontas dos dedos e quando abriu os olhos, ainda cheio de dores, iu o c$o di<ícil de ser
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
descrito" + animal, deitado ao lado dele, lambiaAlhe metodicamente dedo apFs dedo"
4 )eia sentirAse honrado 4 declarou uma o? suae" 4 (le
n$o dispensa gentile?as com muita <acilidade"
(le irou a cabe#a e olhou para cima, percebendo que as dores haiam diminuído"
/ma Doem, etraordinariamente bonita, sorria para ele" + cabelo era da cor do ouro polido eachaaAse preso numa longa tran#a" +s grandes olhos castanhos pousaam em seu rosto
com humor gentil e um sorriso brincaa nos l!bios cheios e rosados" + rosto bron?eado pelo
sol acentuaa ainda mais a cor sedutora do cabelo"
Ben <echou os olhos e tornou a abriAlos, para ter certe?a de que n$o estaa
delirando" )eia estar" +u pelo menos sonhaa" &as a mo#a continuaa l!, estida com as
cal#as masculinas e uma camisa gasta" ( o corpo era esbelto e gracioso"
4 =osta de c$es, coronel6 e n$o gostar, mandeAo emboraapesar de que isso <erir! os sentimentos caninos"
(le n$o respondeu de imediato" - dor lateDante continuaa e nada parecia real,
nem mesmo a mo#a e o cachorro" eus olhos aguearam e ele distinguiu um grupo de
homens a alguma dist>ncia, notando que se estiam todos de cin?a" - dor <ísica quase
desapareceu diante do desespero que o assaltou" entiuAse derrotado e gemeu agoniado"
- Doem aDoelhouAse ao lado dele"
4 .$o tente se moer 4 ela recomendou preocupada"
(le sacudiu a cabe#a numa tentatia de clarear a mente, mas uma <isgada de
dor o <e? contorcer o rosto" - mo#a tocouAlhe na testa e depois de encher uma caneca com
!gua de um balde leouAa aos l!bios dele"
4 Beba deagar" &uito deagar"
(le obedeceu, obserando o rosto dela" (ra mais bonita do que lhe parecera no
primeiro momento"
4 Euem oc@6 4 perguntou com a o? <raca" 4 ( onde estou6 H!
quanto tempo estou aqui6
(la sorriu de modo traesso"
4 2a? perguntas demais, coronel" )ee mesmo estar melhor"
&as tem o direito de saber onde se encontra" (st! no egundo
egimento de Caalaria do eas, estacionado no Colorado"
(le admirouAse ao ouiAla cham!Alo de coronel, mas ent$o lembrouAse de que
leaa documentos" +biamente haiam encontrado seu caalo tambm, com as bolsas
contendo seus pertences"
— %oc@ est! em posi#$o de antagem, mo#a" abe quem eu
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
sou" ( eu n$o sei seu nome nem como im parar aqui"
— .$o se lembra de nada6
— (staa caalgando" .$o me lembro de mais nada, alm de
uma o? que D! oui antes e que conheci muito bem" &as n$o
consigo me lembrar de onde" — (ra meu irm$o 4 ela respondeu, deiando o sorriso
murchar"
— + que acha que aconteceu comigo6
— eu caalo dee ter trope#ado e oc@ caiu, sendo atacado
por duas cascais" 2oi picado e por isso estee com <ebre muito
alta"
— &as como cheguei aqui6 4 ele insistiu" — .Fs""" um amigo e eu, imos seu caalo saindo de um bosque" 0ogo em
seguida o encontramos, descobrindo que <ora picado pelas duas cobras que meu
companheiro matou ao entrarmos no mato" %oc@ quase morreu"
(le tentou um moimento, mas as dores lhe deram ontade de sentar e a mo#a
colocou uma das m$os em seu ombro"
4 2ique quieto" (st! com uma perna quebrada e com um caro#o enorme na
cabe#a" )ee <icar quieto e descansar"Ben deiouAse cair de olta no colch$o, olhando para
ela" +s olhos dele eram de um a?ulAescuro, como o do cu ao anoitecer" )or, <raque?a e
con<us$o re<letiamAse neles e ela condoeuAse"
— (u n$o entendo""" se <ui picado por duas cascais"""
— Cortei as eias acima das picadas e suguei o eneno antes
que uma quantidade muito grande dele entrasse em seu sangue"
— %oc@6 4 perguntou ele surpreso"yan sorriu de seu espanto"
— Por que n$o6 Pre<eria que eu o deiasse morrer6
(le moeu os l!bios num sorriso muito comedido"
— .$o" &as <iquei surpreso" uponho que lhe deo minha
ida"
— .$o me dee nada, coronel" -penas cumpri meu deer" — +nde est! o comandante do regimento6 4 ele perguntou
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
com sJbita arrog>ncia"
Eueria que a mo#a se retirasse" entiaAse pouco K ontade perto dela, sob aquele
olhar carinhoso que o enternecia" ( deseDaa conhecer sua situa#$o naquele lugar" (ra
eidente que <racassara em sua miss$o"
— (le n$o est!, no momento 4 yan eplicou" — H! quanto tempo estou neste lugar6
— H! cinco dias" &as agora descanse" epouso ser! o melhor
remdio, daqui para a <rente 4 ela declarou, leantandoAse para
sair"
— (spere" Eual o seu nome6
4 yan &allory 4 ela respondeu, a<astandoAse"
&allory" + nome o chocou" ean &allory" ( ela mencionara um irm$o, que deia ser omesmo ean que ele conhecera" + homem cuDa o? ouira em meio ao delírio"
ean <ora seu amigo mais íntimo e querido at aquela noite terríel, quando seus
sonhos se despeda#aram"
%oltou a pensar nos <atos do momento, ligando as idias" 2ora eniado ao
Colorado para acabar com um grupo de guerrilheiros" (, em Iest Point, ean sempre se
mostrara <ascinado pelos mtodos de guerrilha, chegando a discutir com os instrutores sobre
o alor desse mtodo de combate" .$o era di<ícil chegar a uma conclus$o lFgica" ean era o
homem que ele deia prender" Euis reDeitar a idia, mas n$o podia lirarAse da certe?a que
crescia a cada segundo"
iu baiinho e com amarga ironia" (m e? de ele prender ean, <ora preso"
ean &allory" + Jltimo encontro deles <ora terríel e terminara de maneira iolenta" (
Ben passara a deer sua ida K irm$ dele" -o prFprio ean, comandante do regimento
no meio do qual se encontraa"
(nt$o, lamentou estar io" eria melhor ter sido deiado em pa? para
en<rentar a morte que ele nunca temera"
2echou os olhos, deseDando re<ugiarAse no sono" (staa cansado de pensar"
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
C-P*/0+ %
Ben despertou com a mJsica que inha do lado das <ogueiras, a cerca de
quinhentos metros de dist>ncia" &as conserou os olhos <echados, ouindo o som nost!lgico
da melodia"econheceu o modo de ean tocar iol$o, lembrandoAse dos tempos de Iest
Point" )esde ent$o, nunca mais ouira outra pessoa tocar com tanto sentimento"
( a mJsica que ean tocaa naquela noite <ora uma das <aoritas dele nos dias
de academia" ocaaAa sempre que se sentia encurralado, ou reoltado" + que n$o era raro
acontecer, pois ean n$o gostaa da disciplina militar"
)e repente uma o? <eminina DuntouAse ao gemido das cordas" (ra clara como o
toque de um sino da prata"/m outro soldado, tale? ansiando por um pouco de alegria, iniciou uma mJsica
alegre na rabeca" +utros homens, contagiados, puseramAse a bater as m$os, sapateando
no ch$o duro, reunindoAse numa dan#a irlandesa, <ogosa e apaionada,
Ben abriu os olhos com relut>ncia" + cachorro encontraaAse deitado a seu lado,
dormindo tranqMilamente" /m Doem soldado, usando um chapu de palha colorido,
postaaAse do outro lado da cama rJstica, mas seus olhos oltaamAse para a dire#$o de
onde inha a mJsica" Ben meeuAse e o homem, sobressaltado, leou a m$o K coronha da
pistola presa K cintura" )epois, percebendo que <ora Ben que o assustara, olhou para ele
com epress$o humilde nos olhos"
4 .$o notei que estaa acordado 4 eplicou"
Ben estudouAo" (ra muito Doem, embora o gesto r!pido que <i?era para agarrar a
arma deiasse clara a eperi@ncia da guerra,
— (staa ouindo a mJsica 4 respondeu" 4 2a?em isso todas as noites6
— Euase" + capit$o gosta de mJsica e toca iol$o" 4 + rapa? sorriu de
modo quase in<antil" 4 -cho que ele escolhe os soldados por sua habilidade em tocar
instrumentos, e n$o por sua perícia nas batalhas" (stou brincando, senhor" $o todos
bons soldados 4 acrescentou corando" Ben quase sorriu, mas conteeAse"
4 H! quanto tempo est! com eles6
immy lan#ouAlhe um olhar de censura"
4 .ada de perguntas, ianque" + capit$o lhe dir! o que achar
que oc@ dee saber"
+ rosto de Ben <echouAse e ele apertou os punhos, irritado, mas immy D! o <itaa
de modo mais suae"
Projeto Revisoras 32
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
4 yan disse que era para eu perguntar se deseDa comer" (la
est! mantendo uma sopa aquecida"
(nt$o Ben descobriu que estaa <aminto, porm a idia de pedir alguma coisa a
seus captores o repugnaa" 0imitouAse a assentir, com um gesto r!pido de cabe#a"
immy a<astouAse e logo depois oltaa com uma tigela de caldo quente"4 Pode sentarAse6 ua cabe#a est! apoiada numa sela" %ou
pu!Ala, para que se recoste"
Ben ergueu o corpo leemente e o rapa? aDeitou a sela atr!s dele" &as bastou
aquele pequeno es<or#o para que se sentisse eausto" 2echou os olhos, <rustrado com a
prFpria <raque?a"
+ Doem teano iuAo tentar erguer o bra#o para pegar a colher, notando que a
m$o tremia, sem <or#as"4 (u lhe darei a comida 4 decidiu"
Ben recostouAse na sela e immy deuAlhe a primeira colherada de sopa na boca" +
caldo estaa delicioso, lee e bem temperado, com batatas amassadas para engross!Alo"
Comeu com apetite, mas logo n$o conseguiu engolir mais nada" acudiu a cabe#a e o
Doem baiou a colher que tornara a encher" immy notou a eaust$o que tomara conta do
corpo en<raquecido e tornou a puar a sela para o lugar, enquanto Ben estendiaAse com um
suspiro cansado, come#ando a pragueDar entre os dentes"
Eueria lutar contra a <raque?a que o deiaa t$o inde<eso" Precisaa pensar,
planeDar algo que lhe permitisse readquirir algum controle sobre a situa#$o" .ada lhe ocorreu
e ele rendeuAse K lassid$o mortal que lhe embotaa a mente e entorpecia o corpo" !
<lutuaa na semiAinconsci@ncia do sono quando ouiu ean noamente dedilhar o iol$o na
melodia lenta e melancFlica" yan acordou cedo, na manh$ seguinte, com o mesmo entuA
siasmo com que saudaa cada noo dia" =ostaa de leantarAse antes do sol e <icar olhando
para o cu que a alorada pincelaa com tons suaes de dourado e pJrpura" ( o sol
surgindo no hori?onte era como um incentio que a leaa a en<rentar as horas de trabalho
com renoada alegria"
( naquela manh$ haia um outro motio para que se sentisse cheia de energia" +
coronel Ben &organ" )ormira pensando nele e para ele <ora seu primeiro pensamento ao
despertar"
%estiuAse com mais apuro, escolhendo um par de cal#as que lhe assentaa
melhor e estindo uma blusa en<eitada com renda em e? de uma camisa masculina,
grosseira e in<orme" -marrou um len#o colorido ao redor da cintura <ina e tran#ou o longo caA
belo dourado com mais cuidado"
Projeto Revisoras 33
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
2oi uma das primeiras pessoas a aproimarAse da barraca onde <uncionaa a
co?inha" + co?inheiro D! assaa biscoitos e enchia os bules de ca< que <icaam sempre
perto do <ogo" Ca< n$o podia <altar, principalmente porque aDudaa as sentinelas a se
manterem acordadas nas longas igílias noturnas"
yan cumprimentou o co?inheiro alegremente e recebeu um sorriso largo em troca"(la era sempre bemAinda, com aquele seu Deitinho alegre e animado"
+ co?inheiro deuAlhe uma caneca de ca<" (la segurouAa e pediu outra, <a?endo o
homem olh!Ala com curiosidade" 0ogo depois, saía da barraca com as duas canecas e
dirigiaAse para o hospital"
-proimouAse de Ben em sil@ncio, n$o querendo despert!Alo no caso de ele estar
dormindo, mas pressentia que o encontraria acordado"
-cercouAse da cama e iu que ele se moia" V lu? <raca da manh$ notou que seusolhos estaam bem abertos e que ele a obseraa" entouAse no ch$o, de pernas cru?adas"
— Euer um pouco de ca<6 4 perguntou"
— im"
(la colocou as canecas no ch$o e pegou !rios cobertores que deiara ao lado
dele" -DudandoAo a sentarAse, colocou os cobertores dobrados atr!s dele e estendeuAlhe
uma caneca <umegante"
-s m$os de Ben estaam mais <irmes que na noite anterior, mas ele ainda tinha
di<iculdade em segurar obDetos e a caneca parecia in<initamente pesada"
yan obserouAo agarrar a caneca com as duas m$os e le!Ala K boca com
etremo cuidado" + gesto simples eigiaAlhe um grande es<or#o"
Ben tomou !rios goles e depois pousou a caneca no ch$o"
4 Como se sente6 4 ela indagou com gentile?a"
(le deu de ombros, n$o querendo admitir a <raque?a que o dominaa"
4 *sso n$o esclarece nada 4 ela proocouAo com um sorriso
quase irresistíel"
(ra um sorriso t$o cheio de ida e alegria que ele tee di<iculdade de n$o sorrir de
olta, contagiado" &as o abismo que se abrira entre eles na noite anterior, depois que ele
adiinhara a identidade do comandante rebelde, o impedia de sorrir" 2echou o rosto numa
m!scara indi<erente e irou a cabe#a para o lado oposto"
yan colocou uma das m$os <rescas em sua testa e depois passouAa pelas <aces
ainda quentes de <ebre" (ra um toque t$o carinhoso e suae que ele tornou a olhar para
ela"
— 2oi oc@ quem cuidou de mim o tempo todo" 0embroAme
Projeto Revisoras 34
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
de ter ouido sua o?" %oc@ insistia em di?er que n$o me deiaria
morrer"
— .$o, eu n$o deiaria"
— Pois n$o me <e? <aor algum 4 ele retrucou com aspere?a,
sabendo que agia daquela <orma para protegerAse do encanto dela" — .$o seDa precipitado" ei que n$o est! onde deseDaria estar
e tambm percebi que eiste algo entre meu irm$o e oc@" -lgo
maior que inimi?ade de tempos de guerra" &as oc@ tem uma longa ida pela <rente e estes
momentos desagrad!eis signi<icar$o bem pouco no <uturo"
— &dica e <ilFso<a 4 ele ?ombou" 4 Euantos talentos mais
esconde6
—
.$o"
.$o o qu@6 4 (le olhou para ela espantado".$o irei embora, por isso pode
parar de querer me agredir"
(le <e? um treDeito com os l!bios, para reprimir um sorriso"
— 0@ pensamentos tambm"
yan <itouAo nos olhos e Dulgou er neles um lampeDo de humor" &as deia estar
imaginando coisas"
— (st! com <ome6 4 disse, mudando de assunto"
— (stou"
(le <icou a alisar o p@lo do cachorro enquanto ela se a<astou para buscar
alimento" .$o entendia por que deseDaa <eriAla, lirarAse de sua presen#a" &as reDeitaa a
idia de que o carinho que ela lhe dispensaa t$o naturalmente tale? o intimidasse"
(la oltou logo, tra?endo noa caneca de ca< e um prato de lata contendo uma
<atia de p$o e biscoitos ainda quentes"
— Precisa de aDuda6 — .$o 4 ele resmungou"
4 e D! tem bastante energia para <icar ?angado, n$o precisa
mesmo"
PassouAlhe o prato e ele come#ou a comer com ontade" +s biscoitos estaam
deliciosos, e ele, <aminto" Comeu tudo, deagar, depois deoleu o prato a yan"
— +brigado 4 agradeceu com simplicidade e num tom quase
gentil" — -inda sente dor6 4 ela indagou, encoraDada pelos modos
Projeto Revisoras 35
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
dele"
— /m pouco 4 ele admitiu, sem hostilidade" 4 - dor de cabe#a ai e em e a
perna dFi quando me moimento"
— enho l!udano, se precisar"
— .$o" )etesto tomar remdio" — (iste algo que n$o deteste, coronel6 =osta de alguma coisa neste mundo6 4
ela pressionouAo com atreimento"
— =osto da liberdade" ( at isso perdi"
— Pre<eria estar morto6
— Euem sabe6 .$o tie escolha"
— R, n$o tee" )ecidi por oc@ e lamento t@Alo tornado in<eli? 4 yan replicou
em tom de desa<io"
+ que o capit$o &allory di? do <ato de ter um""" um nFs
pede inesperado6 4 Ben n$o conseguiu re<rear a curiosidade por
que sentia que ean estaa eitando con<rontarAse com ele"yan estudouAo solenemente
por alguns instantes"
Bem""" acho que ele n$o est! muito <eli? por t@Alo entre nFs"
-ssim como oc@ n$o est! por ter sido tra?ido para c!"
Ben sorriu com ironia" (la nem imaginaa a etens$o de seu ato" -brira uma
erdadeira caia de Pandora, soltando todos os males"
4 Como est! ean6 4 perguntou inesperadamente e yan percebeu interesse
real na indaga#$o"
4 (st! cansado" ( depois que eu o troue para c! est! estranho" .$o sei
eplicar o que " 2ica perturbado e at hostil quando <ala de oc@"
Ben irou o rosto para esconder a epress$o de triste?a"
— (le se casou6 — .$o" Euando estudaa em Iest Point ele costumaa me
escreer" 4 yan <e? uma pausa hesitante" 4 2alaa de oc@"
=uardo todas as cartas at hoDe" )i?ia que eram muito amigos
e que eu gostaria de oc@" )epois da gradua#$o ele nunca mais
tocou em seu nome" ( agora, depois que eu o troue para c!,
ean mudou" Pode me di?er por qu@6
(le encarouAa" )eraAlhe a oportunidade de <a?er perguntas"4 .$o 4 respondeu bruscamente" 4 .$o posso"
Projeto Revisoras 36
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
( n$o podia" Como eplicaria t$o dolorosa trai#$o6 yan captou so<rimento nas
palaras !speras, mas o rosto tornaraAse impassíel" Ben <echaraAse em si mesmo"
— (st! bem, coronel" Posso aDud!Alo em mais alguma coisa6
— Preciso de uma naalha" intoAme suDo com esta barba,
— .$o creio que esteDa em condi#Les de barbearAse so?inho"F ai conseguir mais alguns cortes" e quiser, posso raspar sua
barba" ei maneDar uma naalha muito bem, portanto n$o tema
acidentes"
- sombra de um sorriso passou pelos l!bios p!lidos"
4 &dica, <ilFso<a, barbeira" (sperarei ansioso por noas reela#Les"
.$o haia mais sarcasmo nas palaras e o sorriso ampliouAse" yan iu que
estiera certa ao adiinhar que aquele rosto <icaria irresistíel suai?ado por um sorriso" — -ceitaAme como barbeira6
im" (u lhe <icaria muito grato"(la <oi buscar os apetrechos necess!rios e
come#ou a trabalhar"
-s dJidas que ele ainda guardaa desapareceram diante da e<ici@ncia que ela
demonstraa" (ra eidente que <i?era aquilo !rias e?es antes" yan trabalhaa com
gentile?a e cuidado e ele surpreendeuAse ao descobrir que se deliciaa com o toque das
m$os delicadas"
Euando ela terminou e o deiou so?inho, Bem admirouAse do que sentiu" 2icou
triste por @Ala a<astarAse e precisou dominarAse para n$o cham!Ala de olta"
C-P /0+ %*
+ calor do sol, penetrando a lona estendida sobre a cama de Ben, acordouAo"
Pelas aberturas podia er o cu sem nuens e as copas das !rores, oscilando na brisa
mansa"
(staa so?inho" -t mesmo o c$o desaparecera" Ben perdera a no#$o do
tempo, mas deia <a?er uma semana que <ora <erido" -s <or#as oltaam, e ele se
impacientaa com a lentid$o da cura" - <ebre o deiara, mas a cabe#a ainda doía" ( ele n$o
podia moimentar a perna sem sentir dores agudas"
+lhou ao redor, para o acampamento" -lguns homens lidaam com os caalos,
soltandoAos dos arreios para que pudessem pastar liremente pelo ale luuriante" .$o iuProjeto Revisoras 37
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
yan, nem o Doem que a aDudara a cuidar dele naqueles dias todos"
yan o intrigaa" Ben serira na %irgínia e nunca esquecera a hostilidade das
mulheres" (las o teriam liquidado com um tiro em e? de cuidar dele, numa situa#$o como a
que yan en<rentara ao encontr!Alo" /ma delas, na erdade, tentara mat!Alo, um dia, e ele
sF escapara porque um de seus sargentos agarrara o cano do mosquet$o antiquado queela apontara em sua dire#$o"
&as yan &allory seria incapa? de uma atitude t$o agressia" (la n$o apenas
cuidara dele como tambm demonstrara uma compreens$o etraordin!ria por seus
sentimentos" Com aguda percep#$o, eitara eibir comisera#$o, ganhando o respeito dele"
( nos Jltimos anos ele n$o tiera as mulheres em grande estima" Passara a
adolesc@ncia em escolas militares e depois <ora mandado para o mar" )urante o tempo em
que estudara em Iest Point sua eperi@ncia com o seo oposto limitaraAse a r!pidas isitas
Ks casas de toler>ncia da cidade" (ncontros a?ios que o deiaam desiludido" )epois
aparecera &elody, e a >nsia que ele sentia por amor e uma <amília o cegara" )epois do
casamento <racassado sF se relacionara com mulheres em casos brees e sem import>ncia"
.unca tiera problemas em conseguir companhia <eminina e concluíra,
espantado, que sua indi<eren#a parecia atrair as mulheres" - <acilidade da conquista apenas
o deiaa mais desgostoso, gerando um deseDo de encontrar algo mais pro<undo e
erdadeiro" econhecia isso, mas receaa entregarAse noamente ao amor, acabando por
erguer uma barreira ao redor de si mesmo, ignorando a certe?a de que aprisionara a
triste?a com ele"
&as yan D! transpunha a barreira" Possuía tanta do#ura e generosidade que o
intimidaa, mas atraíaAo como uma chama" ( os olhos dela""" +lhos sorridentes e
penetrantes, ternos e compreensios" .ada perdiam das mudan#as que se operaam nele
e liam seu íntimo, deassandoAlhe os pensamentos, que ele pensaa esconder t$o bem" (
tudo isso o desconcertaa" yan de certa <orma o inadia, desa<iandoAo e deiandoAoressentido"
uas re<leLes <oram interrompidas quando um caaleiro aproimouAse da !rea
em que <uncionaa o hospital" ean &allory, Ben acompanhou os moimentos do homem
que descia do caalo, logo a sua <rente, entregando as rdeas a um soldado"
4 (scoeAo e cuide bem dele 4 recomendou" 4 %iaDamos
bastante"
)epois, caminhou para Ben &organ"+s dois homens encararamAse, relembrando o passado" &uitos <antasmas
Projeto Revisoras 38
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
erguiamAse entre eles" ean <oi o primeiro a <alar, encendo a relut>ncia que o <i?era eitar o
encontro por tantos dias"
4 Como se sente6 4 perguntou, quase !spero"
Ben eaminou o rosto do capit$o rebelde" )e certa maneira pareciaAse muito
com o de yan: a mesma boca generosa, olhos escuros, dentes brancos e <ortes" &as orosto de ean mostraa linhas mais <ortes e marcadas do que ele se lembraa" ( estaa
curtido de sol"
4 (stou io 4 respondeu deagar" 4 ( suponho que deo
agradecerAlhe por isso"
ean olhouAo com raia"
— )ee, mas n$o ai, n$o mesmo6 .$o ai me agradecer,
apesar de terAme criado inJmeros problemas" — (ntendo"
— Ben D! estaa certo de que ean era o homem que ele deia prender e
lear a Dulgamento, com todos os subordinados" ( percebe como a posi#$o do grupo
tornaraAse prec!ria" + desaparecimento de um coronel poria o comando nortista em polA
orosa, e uma busca minuciosa seria leada a e<eito"
ean agachouAse, equilibrandoAse nos calcanhares, sem deiar de olhar para
Ben"
2a? muito tempo que n$o nos emos, ean"
4 .$o tanto quanto seria deseD!el, Ben" =ostaria de nunca
mais @Alo"
Ben concordou, com um gesto cansado" .$o haia palaras que pudessem
apagar as m!goas entre eles" -pertou os punhos, oltando a recordarAse de Iest Point"
ean <ora o primeiro a cham!Alo de Ben, pois sempre o haiam chamado de Bennett, tanto
em <amília como entre amigos" - princípio ele se ressentira daquela in<ormalidade, mas
habituaraAse a ela"
— (ncontraram tambm meu caalo, n$o <oi6 4 perguntou"
— + caalo e os papis de seu trabalho suDo"
— (u n$o sabia que era oc@ 4 Ben eplicou, quase sem
querer"
— ( se soubesse6 + que <aria6
— .$o sei"
— ( agora nunca saberemos, n$o 6 4 comentou ean com
amargura" 4 ( se o che<e dos guerrilheiros <osse outra pessoa6
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Hesitaria em lear aante sua tare<a noDenta6
Ben <echou os olhos por um instante, como se quisesse <ugir da ira que percebia
nas palaras de ean" ambm não gostara da miss$o que recebera, mas como soldado
concordara em seguir as ordens"
ean retirou o enelope de papel grosso do bolso e atirouAo par perto de Ben" — .unca atacamos um ciil, nem para lhe tirar um peda#o
de p$o" &as n$o posso di?er o mesmo de herman e seu ercito
de assassinos 4 disse, cuspindo as palaras"
— R a guerra" ( guerra signi<ica destrui#$o" ( esta em que estamos engaDados
tornouAse desordenada" -inda n$o percebeu,
a<undado como est! neste <im de mundo6 egras n$o <a?em mais
sentido"
— .$o acredito que pense assim 4 respondeu ean em tom
quase gentil" 4 .$o pode ter mudado tantoQ
— .Fs dois mudamos" Iest Point <icou milhares de quilNmetros e milhLes de
anos para tr!s" + que n$o mudou <oi que nFs
dois continuamos a obedecer ordens, apesar de como nos senti
mos a respeito delas" +bedecemos e <a?emos nossos subordina
dos obedecerem tambm"
— .em sempre 4 ean discordou" 4 &eu tenente desobedeceu as ordens
seeras quando o troue para o acampamento"
Ben riu, mas era eidente que n$o se diertia" ia de si mesmo"
— ( aqui estou eu, salo por aqueles a quem deia prender"
Bastante irNnico, como tudo na ida"
— 2oi yan quem salou sua ida" (u simplesmente a deiei
tratar de oc@" .$o me <a#a lamentar o momento de <raque?a"
omos inimigos e eu n$o hesitarei em mat!Alo, se <or necess!rio"
(rguendoAse com <acilidade, ean saiu sem mais nada di?er"
Haia um brilho de triste?a nos olhos de Ben" ean mudara muito no espa#o de
mais de de? anos, desde seu Jltimo encontro" 2icara mais con<iante e ocupar posi#$o de
comando deia serAlhe natural" - a<ei#$o que os soldados lhe dedicaam era isíel, contudo
n$o se notaa nenhuma <alha na disciplina" Ben, por sua e?, tinha o respeito amedrontado
de seus homens, e nunca conseguira aquele tipo de lealdade"
eus pensamentos tornaramAse gradualmente mais sombrios"
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
(le irouAse, procurando lirarAse deles, e gemeu com a dor que lhe percorreu a
perna" - solid$o que ele negara durante tanto tempo surgia de seu íntimo como <antasma
negro e assustador" ( a sensa#$o era t$o horríel que minimi?ou a dor <ísica"
Ben continuaa amargurado quando yan trocou as ataduras, no dia seguinte"
+s cortes secaam bem e n$o haia o menor sinal de in<ec#$o" (la laou os <erimentos e
sorriu para ele"
4 )entro de poucos dias poderei tirar os pontos" ( n$o precisamos mais nos
preocupar com o enenenamento do sangue" Creio que assim que oc@ <icar mais <orte D!
poder! andar um pouco"
(la inclinou a cabe#a para o lado, ainda sorridente"
4 .$o <ica entusiasmado com essa idia6 + que eu lhe disse n$o
bastante bom para que oc@ sorria6
+ olhar que ele lhe lan#ou gelouAa"
eria sido bem melhor para todos se oc@ tiesse me deia
do l!, onde me encontrou"
SA -h, isso que n$oQ 4 ela eclamou seeramente" 4 ! i pessoas que dariam
tudo por apenas mais alguns dias de ida" ean disse que oc@ tem um <ilho" .$o pensa
nele6
S %oc@"""
(, alm de tudo, perdi muito tempo com oc@ para que agora menospre?e a
prFpria ida" )esa<iei a ira de meu irm$o e de
!rios amigos nossos, que t@m o sangue quente" .$o me diga que
<oi tudo em $o 4 ela continuou com um sorriso traesso"
4 Euando poderei andar6
(la sorriu mais amplamente e os olhos castanhos brilharam" Ben reagia ao
estado de des>nimo"4 .a prFima semana, se comportarAse como dee" 2aleAme
de Boston" .unca i o mar"
(le apreciou a mudan#a de assunto, achando que poderia <icar mais K ontade
<alando de coisas impessoais"
— + mar quase como a pradaria" em <im e contínuo" empre o mesmo e
sempre mudando de aspecto" e oc@ pintar o eas de a?ul, ter! o mar" -posto como
tambm pintora 4 acrescentou ele, sem resistir ao impulso de implicar com ela" — Por que n$o se engaDou na &arinha6 4 ela perguntou, que
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
rendo que ele continuasse a <alar"
Ben n$o pNde deiar de suspeitar que ean <alara de sua ida passada com
yan" Euanto teria reelado6
4 (u <ui para o mar 4 ele declarou" 4 Para obedecer a meu pai" inha apenas
de?essete anos e odiei cada minuto dos on?e meses que passei a bordo" )etestei ocon<inamento e a autoridade total que o capit$o tem sobre a ida dos homens que naegam
em seu naio" &esmo quando ele est! errado, n$o h! como discutir"
— Por que seu pai quis que embarcasse6
— ale? esperasse que eu desenolesse o gosto pelo negFcio
da naega#$o e abrisse uma ag@ncia ou algo assim" -conteceu
Dustamente o contr!rio e eu mal podia esperar pelo momento de
cair <ora" ( <ui para Iest Point, bem longe do mar"+s olhos a?uis suai?aramAse perdendo a epress$o a?ia" &as <oi por um
instante muito bree"
— =ostaria que me <alasse mais sobre o mar 4 ela comentou" 4 &as agora
preciso aDudar o co?inheiro a preparar o Dantar" 4 %irouAse para ir embora, mas de
repente tornou a
encar!Alo" 4 ! decidiu6
— )ecidir6 + qu@6 4 ele indagou con<uso"
— e gosta de c$es ou n$o6
— =osto deste 4 ele eplicou, passando uma das m$os pelo
dorso do cachorro deitado a seu lado"
— + nome dele 2ortuna"
— (nt$o, gosto de 2ortuna" (le e eu temos algo em comum"
.ingum gosta muito de nenhum de nFs dois"
— Bem, tanto oc@ como ele criaram problemas e nenhum dos
dois demonstra muita gratid$o pelo que receberam 4 ela obserou com <ranque?a
contundente"
(la ia a<astarAse quando Ben agarrouAa pelo pulso" &esmo estando <raco, tinha
um aperto <irme, do qual seria impossíel escapar"
— Por que est! <a?endo isso, yan6
— 2a?endo o qu@6
4 Por que est! cuidando de mim com tanto deselo6
(la olhouAo com triste?a"
4 e precisa perguntar, coronel, seria perda de tempo tentar
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
eplicar"
(le soltouAa de repente, como se a pele dela o houesse queimado" .$o esperara
que um contato t$o simples o enolesse numa emo#$o t$o grande" + sangue lhe corria nas
eias como um <luo de <ogo e, olhandoAa nos olhos, ele soube que yan eperimentaa a
mesma sensa#$o"(la continuou a encar!Alo, surpresa com o calor que a dominaa, lutando para
encer o deseDo de abra#arAse a ele e deiar que suas bocas se unissem num beiDo
ardente"
4 em ra?$o 4 disse ele por <im, quebrando o encanto" 4
(u n$o entenderia, mesmo que oc@ procurasse eplicar"
yan <ugiu, com as <aces em <ogo"
yan etraíra o m!imo de in<orma#Les que pudera sobre Ben, arrancandorespostas relutantes do irm$o" ean <icaa estranhamente calado quando ela <alaa de
Ben e era eidente que essa animosidade aumentaa K medida que ele percebia que o
interesse de yan pelo coronel ianque ganhaa intensidade"
.a noite anterior ela o atormentara com noas perguntas e ean <i?era o possíel
para de<enderAse de sua curiosidade eagerada, <a?endo um resumo da histFria de Ben
&organ" (ra de Boston e pertencia a uma <amília grande, mas <ria e desunida" 2ora para o
Colorado em miss$o, mas ean n$o eplicou mais nada" em comoerAse com a sJplica
estampada nos olhos dela, decidiu que precisaa alert!Ala do perigo que seria enolerAse
com Ben"
— 2ique longe dele, yan" em <alar de outro motio qual
quer, ele nosso inimigo"
— Ben <oi seu amigo" %oc@ me escreia <alando dele"
— 0embraAse disso6 4 ean espantouAse"
— =uardei todas as cartas e as reli muitas e?es"
— udo isso <icou no passado" -gora tudo di<erente 4 o
irm$o respondeu com impaci@ncia"
— + que aconteceu, ean6 )igaAme" Por que tudo mudou6
.$o <oi sF por causa da guerra, eu sei"
(le passou um bra#o pelos ombros dela"
4 .$o, n$o <oi por causa da guerra" &as agora somos inimigos por questLes
militares" (stamos em lados opostos" Con<ie em mim, irm$?inha, e <ique longe dele"
(la despediraAse do irm$o e <ora para o carro#$o, mas n$o conseguira dormir"
entiaAse con<usa com as palaras de ean e com ela mesma, com suas rea#Les" .$o
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
entendia por que uma atra#$o irresistíel a arrastaa para Ben" - princípio, a indi<eren#a
dele pela prFpria sobrei@ncia <ora um desa<io, leandoAa a interessarAse por ele de modo
di<erente" ( era bonito, mas haia outros homens bastante atraentes no acampamento,
incluindo om Braden, que ainda possuía a antagem de ser simp!tico" &as nenhum deles
Damais proocara nela o ineplic!el anseio por carícias quentes, nem lhe roubara o sono"
yan continuou acordada durante muito tempo, pensando em e ean, tentando
adiinhar o motio do antagonismo que os separaa" Pareciam possuir personalidades
opostas e ela se perguntaa se sempre <ora assim, ou se a di<eren#a ocorrera com o
resultado das eperi@ncias di<erentes iidas pelos dois" (ra <!cil conier com ean, que
deiaa transparecer os sentimentos e estaa sempre pronto para rir, captando o humor das
situa#Les com grande presen#a de espírito e intelig@ncia" - maioria das pessoas acabaa por
gostar dele, atraída por sua nature?a calorosa" inha g@nio <orte, era erdade" yan D! o ira
eplodir !rias e?es, mas seus acessos de raia desapareciam com a mesma rapide? com
que surgiam" ( ela nunca soubera que ele guardaa rancor contra algum, o que tornaa
sua atitude em rela#$o a Ben ainda mais desconcertante"
Ben &organ, por sua e?, era reserado e nada amig!el" (ra possíel sentir a
mal contida iol@ncia e a energia indom!el que ele abrigaa no íntimo e que transpareciam
em seu rosto mesmo nas condi#Les prec!rias em que se encontraa" Contudo, yan n$o
conseguia deiar de pensar que toda aquela dure?a n$o passaa de uma m!scara" + queela gostaria de saber era se algum dia a m!scara cairia deiando os sentimentos dele
epostos"
yan admitia que pela primeira e? sentia medo de algum" .$o um medo <ísico,
algo pior: a certe?a de que ela pagaria um pre#o muito alto por gostar dele" .$o haia
nenhum tra#o de beneol@ncia nele" Ben &organ Damais aceitaria a <raque?a" .em de si
mesmo nem de ningum"
(la <echou os olhos, tentando adormecer, mas o rosto de Ben continuou aperseguiAla desenhado em sua mente"
C-P /0+ %**
.os dias seguintes Ben melhorou muito, recobrando a cor natural das <aces" (
yan passaa muito tempo com ele, conersando, enquanto 2ortuna deitaaAse perto do
catre, tambm eigindo um pouco de aten#$o" + cachorro mancaa bastante e um dia Benperguntou o que acontecera"
Projeto Revisoras 44
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yan lhe conta que immy o encontrara, ainda <ilhote, preso numa armadilha" +
c$o?inho tentara t$o desesperadamente soltar a pata da garra de <erro que quase a
arrancara"
immy o soltara e learaAo para yan, enrolado num cobertor e ganindo em
desespero" (la o tratara e ganhara sua a<ei#$o de um modo que enciumaa immy" +cachorro n$o o aceitara como amigo, apegandoAse apenas a yan, obDeto Jnico de seu a<eto
at a chegada de Ben ao acampamento" ( immy <icara <urioso ao er o animal o<erecendo
sua ami?ade a um desgra#ado ianque"
/ma tarde, yan Dantaa com Ben e ele deu um peda#o de p$o ao cachorro"
— (le n$o est! com <ome 4 comentou ela"
— &as eDa, est! comendo" ale? n$o queira me o<ender"
—
.$o entendo esse apego" 2ortuna nunca <e? ami?ade comningum, a n$o ser comigo"
— ale? esteDa querendo mostrar solidariedade" (le sabe o
que <icar graemente <erido"
4 Pode ser" ( acho que ele n$o gosta de immy porque associouAo com um
momento de dor muito <orte" ambm n$o tolera uni<ormes, tale? pelo mesmo motio"
— (stou usando uni<orme"
— &eio uni<orme 4 ela brincou 4 ie de rasgar !rios peda#os dele"
(le olhou consternado para a prFpria roupa" + casaco se <ora e a camisa
mostraaAse aberta at o meio do peito, por causa do calor" /ma das pernas da cal#a
rasgaraAse na queda e a outra <ora cortada acima do Doelho para epor as picadas das
cobras" - mesma perna, a esquerda, mantinhaAse apertada em talas"
— ealmente, agora sou metade de um coronel 4 concordou
com um sorriso contra<eito"
— ean lhe arranDar! outro uni<orme 4 ela prometeu"
— ( 2ortuna passar! a me reDeitar tambm" .$o sei se quero
me arriscar"
— %oc@ e ean""" 4 ela come#ou, mudando bruscamente de
assunto" 4 )igaAme o que aconteceu entre oc@s"
(le oltou a assumir a epress$o <ria e distante"
4 .$o h! muito para contar"
+s olhos penetrantes de yan n$o se desiaam dele"
4 -conteceu algo entre oc@s 4 insistiu" 4 &eu irm$o n$o mais o mesmo,
desde que oc@ chegou" 2ica tenso sempre que seu nome mencionado" ( a causa n$o a
Projeto Revisoras 45
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
inconeni@ncia de ter um inimigo no acampamento" )ee ser algo mais pro<undo" ( quero
saber o que "
(la esperou, mas o sil@ncio dele a easperou"
— enho o direito de saber, coronel" 2ui eu quem o troue para c!"
— .$o me <e? nenhum <aor, D! lhe disse 4 ele replicou com rude?a" — %! para o in<ernoQ 4 ela eplodiu inesperadamente" 4 E nunca mais olte
coronelQ
(le estaa perpleo demais para retorquir" yan <alara com uma o? <ria e
cortante, que ele n$o conhecia" -ntes que pudesse di?er alguma coisa, ela rodopiou e
desapareceu, correndo em dire#$o Ks barracas" - eplos$o de raia mostraraAlhe uma noa
<aceta daquela personalidade surpreendente e por algum motio ele passou a apreci!Ala
ainda mais"2echou os olhos, acariciando o cachorro, que permanecera com ele" entara
apagar ean da memFria nos Jltimos tre?e anos, mas nunca esquecera a epress$o de
dolorosa surpresa que recobrira o rosto do amigo quando o acusara de estar caluniando sua
noia, &elody"
Chamara ean de mentiroso e canalha e <inalmente, perdendo completamente
o controle sobre as emo#Les, aan#ara para agredir o homem que at aquele momento
<ora seu melhor amigo" ean <icara <urioso e os dois se atracaram numa luta <ero?" +utros
companheiros os haiam separado, antes que se matassem, e a ami?ade terminara de
modo iolento"
eis meses mais tarde, Ben descobrira que ean apenas lhe dissera a erdade,
percebendo ent$o o quanto <ora di<ícil para o amigo chegar at ele para ais!Alo que a noia
o traía" Pensara em ir procur!Alo e pedir desculpas, mas nunca criara coragem su<iciente"
-pertou as m$os, tomado de tens$o, quando tornou a er ean estendido no
ch$o, com o rosto trans<igurado pela dor e lutando para respirar" 2ora a Jltima e? que o
ira, at que, por ironia do destino, caíra em seu poder, como soldado inimigo"
- raia de yan es<riou com a mesma <acilidade com que lhe subira K cabe#a,
<erente" (staa sendo inDusta" -<inal, por que o coronel Ben &organ estaria disposto a <alar
do passado, se seu prFprio irm$o n$o estaa6 )eiara que a <rustra#$o a encesse e
lamentou a eibi#$o de raia, mas o orgulho a impedia de oltar para perto de Ben" Pensou
nos dois homens, outra e? imaginando o que os teria separado"
irou as cartas que ean lhe escreera de Iest Point de um pequeno baJ de
madeira que continha seus tesouros e procurou uma passagem que leu e releu, procurando
uma pista para deci<rar o enigma" .$o encontrou nada" ean descreia Ben com a<ei#$o e
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respeito"
%oc@ gostar! dele, irm$?inha" Ben bom em tudo o que <a? e, assim como oc@,
possui um senso de humor <ino e proocante" (u teria deiado Iest Point h! muito tempo se
ele n$o estiesse aqui para tornar a ida na academia pelos menos toler!el"
yan balan#ou a cabe#a" + que os <i?era mudar tanto6 V noite, decidiu engolir o orgulho" .a hora do Dantar leou dois pratos de comida
e duas canecas de ca< para o hospital" immy D! colocara Ben sentado, apoiado K sela e a
!rios cobertores dobrados"
4 Euer Dantar comigo6 4 ela perguntou meio acanhada, esperando uma recusa"
— Por que n$o6
— )esculpe" (u n$o tinha o direito de querer <or#ar con<id@ncias"
Ben olhouAa pensatiamente" — %oc@ a primeira mulher que me pede desculpas por ter sido indiscreta 4
comentou srio" 4 Pensei que indiscri#$o <osse um direito <eminino dado por )eus"
— )etesta mulheres tambm6
(le bebeu um pouco de ca< <orte e quase amargo antes de oltar a olhar para
ela"
4 odas as mulheres, n$o" )e oc@ eu gosto"
- despeito das palaras, o tom de o? era seco e Ben n$o sorria" .$o <a?ia um
cumprimento" -dmitia um <ato tale? n$o muito agrad!el"
4 intoAme lisonDeada com tal concess$o 4 ela declarou
sorrindo"
/m sorriso sarc!stico distendeu os l!bios dele quase de modo imperceptíel"
4 -cho que seu irm$o n$o <icaria nada satis<eito se me ouisse"
emerosa de que o assunto pudesse le!Alos a uma discuss$o desagrad!el,
yan procurou <alar de outra coisa"
4 Haia a <otogra<ia de um garoto na bolsa que oc@ carregaa" ean acha que
o menino seu <ilho"
Ben irritouAse ao ouir a con<irma#$o de suas suspeitas" Haiam eaminado seus
pertences e inadido sua priacidade" &as o que esperaa6 (ra um prisioneiro" Contudo,
saber que ean discutira certos <atos com yan o desagradaa"
(la entendeu imediatamente o que ele sentia"
— ean n$o me mostrou a <oto" (u a i e perguntei quem era
aquele garoto, porque parecido com oc@"
— R, sim 4 ele concordou, passando a m$o pelo cabelo escuro" 4 + cabelo dele
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t$o indom!el quanto o meu 4 reela em tom quase carinhoso"
yan comoeuAse com a mudan#a que obserou no rosto dele" -s linhas duras
suai?aramAse e a coinha no queio acentuouAse com o sorriso comedido"
4 )ee gostar muito dele, n$o6
4 =osto" R um garoto esperto e curioso" -ssim como oc@" em amesma compuls$o de <a?er perguntas, de querer entender tudo" %io di?endo a ele
que essa curiosidade ecessia poder! causarAlhe problemas, mas n$o sou ouido"
%oc@ tambm n$o oue as recomenda#Les de seu irm$o, n$o erdade6
yan notou que Ben mencionaa ean com bastante <reqM@ncia tale? at
inconscientemente" ( ean <a?ia o mesmo com rela#$o a ele" .enhum dos dois deia
se dar conta, mas ainda continuaam ligados <ortemente" ( yan, com a aud!cia que
lhe era peculiar, decidiu que os <aria renoar os la#os de ami?ade"4 %oc@ e meu <ilho se dariam bem 4 ele declarou, despertandoA
a do deaneio" 4 (le quer ser mdico e ai trabalhar como olunt!rio num hospital de
Iashington" odos os dias"
— em orgulho dele, n$o6
— &uito" ( lamento n$o t@Alo conhecido melhor, antes" .a
erdade, nunca <iquei Dunto dele at pouco tempo atr!s" .$o podia, por causa do meu
trabalho 4 ele mentiu, energonhadoAse do que <i?era ao menino por rancor e
orgulho"
— er! mais tempo, quando a guerra terminar 4 ela consolouA
o" 4 Perdi meus pais quando tinha sete anos e sinto <alta deles
at hoDe"
Ben <itouAa admirado" (ra a primeira e? que ia algum sinal de triste?a no
rosto lindo" yan era sempre ibrante e ia, de modo que se tornaa estranho @Ala
com aquela epress$o de melancolia"
4 2oram os índios, eu sei 4 ele disse, lembrandoAse do dia
em que ean <ora aisado"
2icara horas ouindo o amigo <alar do pequeno rancho teano, dirigido
pelo pai e pela m$e, que se amaam muito" ean culparaAse por n$o ter estado ao
lado deles e preocuparaAse com a irm$?inha" - garota <icara escondida num depFsito
de <rutas durante o ataque e <ora encontrada tr@s dias depois, agueando pelas
colinas" /ma semana depois da noti<ica#$o da morte dos pais, ean recebera outra
carta" %inha do mdico da cidade e sua esposa, que pediam para adotar a pequena
yan de sete anos" ean e Ben haiam saído da escola e tomado uma bebedeira" Por
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<im, ean concordara com a ado#$o, mas passara dias num mutismo quase total,
lamentando a decis$o" Ben permanecera Dunto dele, animandoAo, di?endo que ele n$o
podia ter <eito outra coisa"
Euando as cartas de yan come#aram a chegar os dois as liam, admirandoAse da
precocidade da menina, que lia e escreia aos sete anos, rindo dos desenhos que elamandaa para o irm$o"
)eiando para tr!s as recorda#Les, Ben olhou para yan"
4 Por que eio para o acampamento6 4 perguntou"
+ rosto dela tornou a se entristecer e os olhos luminosos nublaramAse"
4 &eus pais adotios morreram de ti<o 4 eplicou com o?
sumida"
( o cora#$o de Ben comoeuAse" + cora#$o que ele Dulgaa morto" — 2oi seu pai adotio, o mdico, quem lhe ensinou a cuidar
de doentes6
— 2oi, meio contra a ontade" (le costumaa me lear nas
isitas que <a?ia aos pacientes, mas eu n$o entraa nos quartos"
/m dia, porm, precisou de aDuda e me chamou" /ma mulher
estaa para dar K lu? e n$o haia outras pessoas na casa, alm
do marido, que estaa imprest!el de a<li#$o" (u aDudei no parto"
— ( agMentou6
— &eu pai tambm admirouAse" -chou que eu <osse desmaiar"
)epois disso passei a aDud!Alo, embora ele pre<erisse que eu n$o
me oltasse para a medicina" )i?ia que um mdico ia muito so<rimento" &as ensinouAme
tudo o que podia, para horror da mam$e 2oster"
(la sorriu, lembrandoAse das discussLes acirradas entre o )r" 2oster e a esposa
por causa daquilo" Porm, K medida que yan se entrosaa nas atiidades e desenolia um
companheirismo cada e? maior com o pai adotio, a mulher con<ormouAse, con<essando que
precisaa admitir que yan possuía mais talento para a medicina do que para trabalhos de
agulha"
— /m dia 4 ela continuou, depois de um momento de hesita#$o 4 papai 2oster
leouAme a uma resera apache" - maioria dos índios era <ormada por elhos e doentes e
ele os aDudaa, a despeito das críticas dos habitantes da cidade" 2icaa horas conersando
com o curandeiro da tribo, aprendendo remdios <eitos K base de eras"
— eu pai adotio tinha a mente aberta"4 im, e sempre me alertaa
contra os preconceitos" )i?ia que a guerra entre índios e brancos era por culpa das duas
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partes e n$o apenas dos selagens, como o goerno deseDaa <a?er acreditar" ( nFs,
brancos, ramos os mais culpados, por termos tirado as terras em que os índios haiam
iido durante centenas de
anos"
Ben n$o conseguia desiar o olhar do rosto epressio, constantemente emmuta#$o" e<letia cada pensamento, cada emo#$o" (la inclinou a cabe#a para um lado,
com ar srio"
— )e certa <orma tie sorte" odos me amaram muito, tanto
meus pais erdadeiros como os adotios" ( cada um deles ensinouA
me alguma coisa preciosa" &eus pais de sangue legaramAme o
amor pela ida e pela mJsica" +s outros dois, o amor pelos liros, pelo conhecimento e
pelo trabalho em <aor dos necessitados" ( ainda haia ean" — %oc@ muito apegada a ele, n$o 6
— .Fs dois sF temos um ao outro 4 ela eplicou com simplicidade" 4 + que eu
<aria sem ele6 R ean quem me con<orta quando tenho pesadelos 4 concluiu com um
sorriso coraDoso"
— Pesadelos6
— im, ainda sonho com o ataque dos índios, quando meus
pais morreram"
Haia um brilho de l!grimas nos olhos escuros e Ben <icou sem saber o que di?er"
Podia imaginar os horrores que ela presenciara, mas n$o entendia como pudera sair da
tragdia t$o íntegra emocionalmente"
(le re<letiu sobre as di<eren#as marcantes entre a ida de yan e a dele" (le
iera na rique?a, mas não tiera amor" +s pais, religiosos, haiam educado os quatro <ilhos
com rigor ecessio e na erdade sem etrair satis<a#$o da paternidade" Haiam colocado
<ilhos no mundo por uma quest$o de deer apenas" - m$e morrera ao dar K lu? a <ilha mais
noa, inte e quatro anos antes, mas Ben n$o podia di?er que sentira a morte dela" .$o cheA
gara a conhec@Ala, entregue, desde beb@, a goernantas e preceptores" )epois <ora
eniado para escolas militares, escolhidas para que a disciplina dura encesse sua nature?a
rebelde" &as, por ironia, ele ganhara o maior entusiasmo pela ida militar, <rustrando o deseDo
do pai, que pretendia torn!Alo comerciante" Contudo, at o casamento, sua ida <ora
relatiamente simples" udo lhe inha Ks m$os com <acilidade e at mesmo o ano passado
no mar decorrera sem grandes di<iculdades" (le aceitaa a rique?a com naturalidade,
apreciando as antagens proporcionadas pelo dinheiro"
&elody, porm, destruíra a serenidade de seu mundo" (la o <i?era apaionarAse
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perdidamente e depois o traíra da <orma mais dolorosa possíel" ( Ben Durara nunca mais
permitir que algum o conquistasse,
&as yan aparecera em sua ida, perturbandoAo como mulher alguma <i?era at
ent$o, nem mesmo &elody" (le admiraa a <or#a que ela demonstraa, sua alegria, a
teimosia que a leaa a lutar pelo que deseDaa" (, embora lhe custasse admitir, gostaa dossentimentos que ela proocaa em seu cora#$o desiludido, obrigandoAo a sentirAse io" +
sangue corria com mais <or#a nas eias toda e? que a ia e o sorriso de yan despertaa
nele a pai$o e a esperan#a que Dulgara nunca mais sentir"
2itouAa e seus olhares se encontraram" /ma sJbita corrente de atra#$o
estabeleceuAse entre eles, íntima e terna"
(la baiou a cabe#a, sob o impacto da onda de deseDo que a assaltou"
4 .$o 4 murmurou" 4 .$o" - seguir, desapareceu"
.aquela noite, Ben ouiu noamente ean e yan" + som do iol$o era triste e a
o? dela erguiaAse no ar com mais sentimento" olit!rio, <icou a olhar para as estrelas"
CAP ÍTULO VIII
yan despertou na manh$ seguinte, sabendo que algo mudara em seu íntimo"
odo seu corpo ibraa, ecitado"
)emorou para estirAse, mas n$o escolheu um estido para usar" Como se
deseDasse negar a mudan#a operada em sua ida, estiu cal#a e camisa surradas" Hesitante,
n$o conseguia decidirAse a sair do carro#$o" Por <im, despiu as roupas masculinas e retirou
uma blusa e uma saia rodada do baJ" %estiuAas e amarrou um len#o na cintura, deiando
as pontas caírem sobre o tecido marrom da saia"
- seguir penteouAse" (m e? da tran#a de costume, optou por escoar as longas
mechas at que brilhassem, atandoAas na nuca com uma <ita" + cabelo, <rouamente
amarrado, caiuAlhe pelas costas como uma cascata dourada"
(nt$o saiu da carro#a, sabendo que sua apar@ncia surpreenderia o irm$o e os
outros homens" inha consci@ncia de que negligenciara os cuidados consigo mesma,
colocando o con<orto e a coneni@ncia em primeiro lugar, assumindo uma apar@ncia desA
contraída de rapa?" 2a?ia muito tempo que n$o usaa uma saia ou deiaa o cabelo solto"
euniuAse aos homens na barraca da co?inha e apanhou a caneca de ca< que o
co?inheiro lhe o<ereceu, ignorando os olhares espantados de todos" ean apenas arqueou
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uma das sobrancelhas, <a?endoAa sentirAse ainda mais acanhada"
aiu da barraca Dunto com os outros e <icou com eles perto de uma das <ogueiras,
eitando olhar para o lado onde Ben permanecia deitado, so?inho com seus pensamentos"
&as podia sentirAlhe o olhar, atraindoAa, eigindo sua aten#$o"
ean percebeu sua perturba#$o e, passando um bra#o por seus ombros, leouAapara a barraca principal"
4 %ou buscar o nosso ca< da manh$, irm$?inha, e comeremos Duntos"
4 (st! bem 4 ela concordou sem muita conic#$o"
(staa completamente con<usa, dominada por emo#Les con<litantes" Eueria er
Ben e testar todas as noas sensa#Les que se atropelaam em seu íntimo" &as, ao mesmo
tempo, tinha medo" .$o <a?ia idia de como deia agir, pois perdera a naturalidade,
consciente de que o relacionamento entre eles mudara drasticamente"
ean oltou com p$o de milho, bacon e um bule de ca<" Colocou o prato dela
num banquinho de madeira e sentouAse no ch$o, com a prFpria bandeDa no colo" Come#ou a
comer com indi<eren#a, mais por necessidade que por apetite"
yan n$o tocou no alimento"
— *sso n$o ai dar certo, yan 4 o irm$o declarou sem pre>mbulos" 4 Conhe#o
Ben" (le n$o para oc@" .a erdade, n$o seria bom companheiro para mulher alguma,
depois de tudo o que aconteceu" +lhe para os olhos dele, irm$?inha" .$o t@m ida" — .$o" (les t@m ida quando me @em" 2icam ternos e ios" ( Ben n$o pode ser
mau, porque 2ortuna o adora" R a Jnica pessoa, alm de mim, de quem aquele cachorro
gosta"
— Porque os dois s$o igualmente descon<iados" .enhum deles Damais ser!
capa? de con<iar noamente em algum" 2ortuna aceita a comida e o trato que oc@ lhe
d!, mas sF isso"
— + que sabe sobre Ben, ean6 — (sse Ben n$o o que eu conheci" + Ben que <oi meu amigo
encaraa a ida com bom humor e entusiasmo" Possuía agu#ado
senso de Dusti#a e era sensíel, &as tudo acabou" F restaram
amargura e descon<ian#a"
— ean"""
— .$o quero que se magoe, yan 4 ele continuou, ríspido"
—
.$o me <a#a arrependerAme de t@Alo deiado aqui" ! disseisso a ele e agora digo a oc@,
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— Preciso cuidar dele"
— 2ique longe daquele homem, yan"
— erei de trocar as ataduras 4 ela teimou" 4 (le ainda n$o se recuperou
totalmente"
— immy <ar! isso"
.$o" (le meu paciente e a responsabilidade minha" 4 R seu paciente
e meu prisioneiro" ( oc@s dois est$o aqui
porque <ui tolerante, n$o esque#a" )eia t@Ala mandado de olta
h! muito tempo" (, quanto a Ben, oc@ desobedeceu a ordens eplícitas ao tra?@Alo para
o acampamento"
(ncararamAse, nenhum dos dois querendo admitir a derrota" ean iu l!grimas
<ormaremAse nos olhos <aiscantes de yan, pensando que nunca a ira t$o <r!gil"
endeuAse, reconhecendo que qualquer oposi#$o aumentaria a teimosia de
yan"
4 &uito bem, <a#a o que quiser" &as lembreAse, minha irm$,
de que, se n$o sou capa? de in<luenci!Ala com meus conselhos,
tenho o poder de controlar e decidir o <uturo de Ben &organ"
(la olhouAo com incredulidade"
— *sso uma amea#a6
— *nterprete minhas palaras como bem entender" ( procure n$o esquecer que
ele nosso inimigo" %eio para c! especi<ica
mente para nos encontrar e prender" %eio para nos mandar para a <orca" odos nFs"
yan empalideceu"
— + que est! me di?endo6
— roue ordens por escrito a esse respeito" (u deeria ser leado para
Iashington, Dulgado e en<orcado" ( todos os outros seriam eecutados tambm" — .$o"""
— im, yan" Euer er os documentos que ele troue6
— .$o" 4 (la <e? uma pausa para tentar assimilar o que ou ira" 4 &as por qu@,
ean6 (les sabem que oc@ o<icial do (rcito Con<ederado e n$o um aentureiro
qualquer"
(le deu de ombros"
4 .$o leam isso em conta" emos tido sucesso em nossos ataques e queremnos tirar do caminho" (stamos sendo acusados de todos os roubos e assassinatos ocorridos
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no territFrio" (n<orcando a nFs todos dariam um <im a tudo isso" eriríamos de eemplo,
entende6
yan leantouAse do catre, onde se sentara, e aproimouAse do irm$o, abra#andoA
o pelo pesco#o"
— )esculpe, ean" (u n$o sabia"
R claro que n$o sabia, irm$?inha" .$o ia di?er nada, porque pensei que
partiríamos dentro de algumas semanas e nada mais do que est! acontecendo teria
import>ncia" &as n$o esperaa que oc@ se apaionasse pelo ianque"
4 ( estarei apaionada por ele6 .$o sei" .unca me senti as
sim, antes" intoAme estranha, como se esperasse algum acontecimento" )eseDo algo
intensamente, mas n$o entendo o que " Porm, sei que gosto de Ben e con<io nele,
mesmo que oc@ o deteste"
ean acariciouAlhe os cabelos com ternura, deiando os <ios sedosos escorrerem
entre seus dedos maltratados"
— &inha menininha""" .$o, oc@ n$o mais uma menina" Cresceu" &as
prometaAme que n$o esquecer! o que eu lhe disse"
— Preciso descobrir so?inha, ean" )escobrir o que Ben , na
realidade" &as prometo que serei cautelosa" 4 ColocouAse nas
pontas dos ps e beiDouAo no rosto" 4 erei cuidado, pensandoem todos nFs"
— yan n$o <oi er Ben imediatamente" -Dudou um Doem soldado a remendar a
camisa e demorouAse a eaminar o <erimento antigo de um outro" Por <im, aDudou o
co?inheiro a preparar a re<ei#$o do meioAdia"
Euando n$o pNde achar mais nada para <a?er, como desculpa, reuniu <aias
limpas, pegou um balde de !gua e dirigiuAse para o hospital" Ben iuAa aproimarAse,
admirando o balan#o do corpo esbelto e o suae moimento da saia ampla"eus olhos encontraramAse em mJtua compreens$o e com alguma timide?"
4 ie receio de que oc@ n$o iesse 4 ele con<essou" 4 Pensei que a tiesse
o<endido de alguma maneira" enti <alta de oc@, yan 4 admitiu baiinho"
(la n$o respondeu, mas seus olhos re<letiam medo e con<us$o" entaa
compreender o que estaa acontecendo, enquanto se aDoelhaa ao lado do catre e come#aa
a desenrolar as ataduras que prendiam a perna <erida"
4 %ou tirar os pontos 4 comunicou, tirando uma tesourinhado bolso da saia"
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Cortou cuidadosamente os minJsculos pontos dados com linha de costura e
quando terminou passou !lcool nos <erimentos que sangraam de lee"
2inalmente olhou para ele, mas desiou o olhar rapidamente" Ben estendeu a
m$o e prendeu a dela" ateou os dedos <inos e leouAos aos l!bios, beiDandoAos
ternamente"4 %oc@ bonita demais 4 murmurou de modo quase
acusador"
(la ergueu o olhar e <itou os olhos a?uis e intensos" )epois obserou o cabelo
rebelde que se encaracolaa teimosamente e mal chegaa K nuca, muito mais curto do que a
moda ditaa" + rosto era duro e as linhas ao redor dos olhos n$o haiam sido esculpidas
pelo riso, mas por batalhas íntimas e dolorosas"
—
Ben""" 4 ela disse baiinho" 4 Bennett &organ" (u n$oentendo o que est! acontecendo"
— (nt$o, somos dois a n$o entender 4 ele replicou num
suspiro"
2echou os olhos, analisando o espanto doce e amargo que o con<undia" .$o
era o momento certo para come#ar a gostar de algum, principalmente quando esse
algum era yan, irm$ de seu inimigo"
— )eus 4 murmurou, sem perceber que <alara em o? alta
4 que con<us$o"
— R erdade que oc@ eio para prender ean6
(le queria negar e apagar a angJstia que ia nos olhos dela, mas n$o podia"
— *sso <a? di<eren#a6
— )ee <a?er 4 ela respondeu com <ranque?a" 4 )ee <a?er 4 repetiu, como se
quisesse conencer a si mesma"
2icaram a olhar um para o outro, perdidos num pequeno mundo sF deles" + rosto
de Ben parecia muito mais Doem e o de yan tinha um brilho especial" .$o percebiam nada
do que se passaa ao redor e nem iram ean, que os obseraa de longe, sentindoAse
inadir pelo medo"
.a semana que se seguiu os dois passaram muito tempo Duntos" ean ainda n$o
colocara guardas para cuidar de Ben, <raco demais para tentar <ugir" ( yan deiara de <ingir
que <icara Dunto de Ben apenas porque ele necessitaa de seus cuidados"
- princípio os soldados ressentiramAse, ciumentos, mas immy os <e? er que o
que acontecia entre Ben e yan n$o era da conta de ningum, a n$o ser dos dois"
elutantes, por deseDarem proteger a irm$?inha de desgostos, mas reconhecendo a
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
sensate? de immy, acabaram por adotar uma atitude de amosAesperarAparaAerAoAqueA
aiAacontecer"
ean, porm, consumiaAse calado, <a?endo um es<or#o tremendo para re<rear os
impulsos de raia" *nteligente, sabia que quanto mais se opusesse ao relacionamento dos dois
mais ele <loresceria" yan, com toda aquela meiguice, era etremamente teimosa e inAdependente" Con<ormaaAse, re<letindo que a situa#$o n$o duraria para sempre" Haeria
mais uma iagem a Center, em busca de mensagens, e, se tiessem sorte, dentro de uma
semana interceptariam o carregamento de ri<les de repeti#$o" )epois, deiariam o ale"
emendo pela seguran#a de yan, ean decidiu que ela n$o oltaria K ila" Os
documentos encontrados em poder de Ben deiaam claro o tipo de riscos que todos
corriam" eus soldados estaam treinados para situa#Les de emerg@ncia e sabiam recoA
nhecer sinais de perigo" yan, n$o"(, alm disso, ele deseDaa quebrar a monotonia dos dias" ( <ugir da presen#a de
Ben, que o irritaa" Braden iria noamente dis<ar#ado de <a?endeiro e ean o acompanharia,
como <orasteiro iaDando de <aor na carro#a"
Comentou os planos com yan, durante o Dantar, e notou o ar de alíio que
passou pelo rosto dela, logo seguido por uma epress$o preocupada"
— .$o ser! perigoso para oc@, ean6
— .$o mais perigoso do que seria para oc@ ou qualquer outra pessoa" R dia de
semana e os soldados do <orte n$o estar$o
l!" &esmo que esteDam, duido que me reconhe#am" 4 orriu
com malícia" 4 .unca estie em posi#$o de destaque"
yan n$o sorriu"
4 .$o6 em <alar que saiu de Iest Point, estee no (rcito
durante quase de?oito anos" &uita gente conhece oc@ e sabe que
tomou o partido do ul" &ande outra pessoa, ean, por <aor"
)eieAme ir em seu lugar"
(le <itouAa, srio" 4 ! tomei minha decis$o, irm$?inha"
Pelo tom de o? determinado, ela sabia que seria inJtil insistir"
— Promete que ter! cuidado6
— -cha que quero morrer6 -gora trate de comer, enquanto
<alo com Braden"
yan leou o Dantar para Ben e sentouAse no ch$o, cru?ando as pernas"
— ! Dantou6 4 ele quis saber"Projeto Revisoras 56
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
— .$o estou com <ome"
— (st! muito sria" -conteceu alguma coisa6
— ean ir! K ila, amanh$" (stou preocupada" (u deeria ir no lugar dele
porque ningum me conhece" Euem suspeitaria do rapa? horríel em que me trans<ormo6 (,
se me pegarem, descobrir$o que sou mulher e n$o ter$o coragem de me <a?er maQ"Ben cerrou os dentes ao imaginar yan arrastada para uma pris$o"
— (u n$o teria tanta certe?a assim, yan, &uitas mulheres
D! <oram presas e at espancadas por espionagem"
— &as n$o me en<orcariam como certamente <ariam com
ean"
(le <icou em sil@ncio, achando que ela tale? tiesse ra?$o, e yan <echou os
olhos, sentindoAse completamente in<eli?" Ben tomouAlhe a m$o e apertouAa"4 .unca conheci uma pessoa t$o capa? de cuidar de si mesma como ean" (le
indestrutíel" .$o tema por seu irm$o"
(la abriu os olhos e <itouAo espantada"
— 2oi eatamente o que ele disse a seu respeito, quando eu o troue para c!
praticamente em <rangalhos" (le indestrutíel"
— (nt$o, nFs dois somos" Pertencemos K ra#a dos que sempre sobreiem 4
ele declarou com um sorriso inesperado"
(ra o primeiro sorriso erdadeiro e sem reseras" ( iluminou as <ei#Les seeras
como um raio de sol depois de chua pesada
(le D! era bonito sem sorrir, mas com aquela epress$o alegre irradiaa encanto
irresistíel" (la prendeu a respira#$o, enleada, mas o sorriso logo desapareceu"
4 (stou contente porque oc@ n$o ai precisar ir K ila, yan"
( n$o se preocupe com ean" .Fs dois ainda n$o nos en<rentamos 4
acrescentou em o? quase inaudíel"
(la sorriu ligeiramente e inclinouAse para ele" ocouAo numa das <aces e n$o
retirou a m$o, estremecendo com o deseDo de acarici!Alo, de emaranhar os dedos no
cabelo grosso e reolto"
ean surgiu de repente, interrompendo o momento de ternura" (stendeu a m$o
para yan e aDudouAa a colocarAse de p"
4 )eieAnos a sFs, meu bem 4 pediu" 4 Preciso <alar com
o coronel"
(la olhou de um para o outro" +s dois olhaamAse com agressiidade, como se
estiessem prestes a engal<inharAse"
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
— ean"""
— %! dar um passeio, yan, ou ! conersar com immy" &as
deieAnos a sFs"
(ra uma ordem e ela n$o tee coragem de contest!Ala" 0an#ou um olhar
suplicante para os dois e a<astouAse, dirigindoAse para o carro#$o".o meio do caminho olhou para tr!s" ean continuaa de p, olhando para Ben"
4 PediAlhe que n$o me <i?esse lamentar o <ato de ter poupado sua ida 4 o
irm$o disse com raia mal dis<ar#ada" 4 &as D! me arrependi" .$o quero yan perto de
oc@"
ean irouAse e a<astouAse depressa, deiando Ben amargurado" oda a alegria
que sentira Dunto de yan <ora destruída"
CAPITULO IX
ean e Braden partiram cedo na manh$ seguinte" + Doem tenente energaa as
roupas gastas de <a?endeiro e dirigia a elha carro#a" ean escolhera uma estimenta que
estiesse de acordo com o aqueiro itinerante cuDo papel representaa" .a hora de sair
ainda tiera a idia de lear o iol$o, que consideraa um amuleto precioso, mas descartou
a idia pensando que n$o precisaa de nada que chamasse a aten#$o das pessoas sobre
ele"
- princípio pensara em <ingir que <icara sem o caalo e passara a iaDar com um
<a?endeiro que encontrara na estrada, mas achou que precisaria de uma montaria caso
saísse algo errado e ele precisasse deiar Braden e correr em busca de aDuda" (scolheu um
baio que era mais elo? do que aparentaa, pois Weus, seu amado garanh$o, era belo
demais e tornaaAse <acilmente o centro das aten#Les"
(le e Braden iaDaram Duntos por !rios quilNmetros at que em certo ponto ean
tomou a dire#$o do leste, deiando o companheiro" Pretendia dar a olta na cidade,
aeriguar se haia alguma patrulha e entrar so?inho" +s dois <icariam separados, a menos
que surgisse alguma complica#$o"
Center <icaa no caminho para o +este" 2undada para serir de posto de
comrcio, a ila come#ara a crescer na eclos$o da =uerra Ciil, aDudada pelo tr!<ego
intenso" /m posto militar <ora erguido isando a prote#$o da rota de carregamentos de ouro,
aproimadamente a sessenta quilNmetros do lugareDo, e a demanda de trabalho aumentara"(ra um lugar muito <eio" - maioria dos prdios <ora construída apressadamente,
Projeto Revisoras 58
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
sem nenhuma preocupa#$o com a esttica, e apenas o arma?m eibia um alpendre largo,
mas o piso era desnielado e n$o o<erecia muita seguran#a"
ean, chegando K ila, dirigiuAse para o saloon, pois tinha de esperar muito
tempo at que Braden chegasse" omaria uma cereDa e aproeitaria para tentar colher
algumas in<orma#Les" (ntrou e iu um grupo de homens discutindo num canto" .$o gostou da
apar@ncia deles e um, principalmente, o desagradou" + rosto do homem eraAlhe agamente
<amiliar" 2oi para o canto oposto do bar e pediu a cereDa"
Braden entrou na cidade?inha uma hora depois" 2oi para o posto telegr!<ico e
recebeu a mensagem que se encontraa a sua espera, + operador do telgra<o era prestatio
e gentil demais para o descon<iado Braden, de modo que ele apenas grunhiu algo inA
compreensíel quando o homem perguntou por seu <ilho"
4 (spero que tenha recebido boas notícias 4 o operador insistiu" 4 eria Ftimo
se seus parentes chegassem antes que o tempo nas montanhas <ique ruim demais"
Braden deu de ombros e tornou a grunhir" .$o ia encoraDar o tagarela" aiu do
posto e ia subir na carro#a quando ouiu um tumulto no saloon.
4 Chamem o eri<eQ 4 algum gritou" 4 Pegamos um
rebeldeQ
Braden agarrou as rdeas e olhou para o prdio que abrigaa o saloon. +
barulho alertara o eri<e e o homem D! corria na dire#$o dos gritos" Braden hesitou" inha um
ri<le na carro#a, mas as ordens de ean eram para que ele <osse buscar re<or#os se houesse
alguma con<us$o e n$o tentasse bancar o herFi" .ada ganhariam se os dois <ossem presos"
Braden ainda tentaa tomar uma decis$o quando iu ean empurrado para a rua,
com o eri<e pressionando o cano de uma pistola em suas costas" +s dois pararam de andar
quando alcan#aram o caalo de ean e o eri<e parecia estar procurando algo nas bolsas
que pendiam na sela" ean come#ou a discutir e <oi empurrado" Braden iu seu capit$o
esquadrinhar a rua a sua procura e, quando seus olhos se encontraram, ean <e? um gestoquase imperceptíel indicando a dire#$o do acampamento"
+ eri<e e o rebelde desapareceram numa esquina e sF ent$o Braden desceu da
carro#a e dirigiuAse para o saloon.
— /ma pequena con<us$o, parece 4 disse ao homem que ser
ia bebidas no balc$o"
— /m homem pensou reconhecer o suDeito que acabaram de tirar daqui, di?endo
ser um rebelde" (st$o todos loucos, endo rebeldes at embaio das camas" — .$o me pareceu um rebelde 4 comentou Braden em voz
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
baia"
— ( acho que n$o mesmo" a<e est! sempre armando con<usLes" .$o gosta
de ningum, parece odiar o mundo" &as o eri<e resoleu prender o <orasteiro para
aeriguar o caso" %ai mandar um soldado at o <orte com o recado para que algum o<icial
enha dar uma olhada no prisioneiro"Braden engoliu o resto da cereDa que pedira e Dogou uma moeda no balc$o,
<icando a esperar pelo troco" Perder minutos preciosos o impacientaa, mas ele sabia que
um <a?endeiro rude n$o esbanDaria dinheiro arduamente ganho dando gorDetas" Pegou as
moedas de troco e <or#ouAse a andar deagar para a saída" ubiu na carro#a e estalou o
chicote no ar, <a?endo o caalo iniciar um trote ligeiro"
Euando D! se a<astara bastante da cidade, entrou num bosque, desatrelou o
caalo da carro#a, cortou as rdeas e montou no animal, saindo a galope"
ean <oi leado para a Jnica cela da cadeia, amaldi#oandoAse por sua estupide?"
)eeria ter reconhecido a<e BroXn imediatamente, mas D! <a?ia muitos anos que pilhara o
homem roubando e o leara a en<rentar a corte marcial" 2ora um incidente desagrad!el e
rapidamente esquecido" &as a<e n$o esquecera"
%irouAse para tr!s, para olhar para o eri<e"
4 -quele homem louco, e estaa b@bado" .$o pode me prender por causa de
uma acusa#$o <alsa"
+ eri<e trancou a porta, <itando ean por entre as grades"
— Posso <a?er o que bem entender" +s rebeldes est$o <a?endo
o diabo por aqui e o comandante do <orte me mandou prender
qualquer um, sob a mínima suspeita"
— &as o prFprio doido que me acusou disse que o homem
que di? ser eu sempre andou carregando um iol$o" (u n$o tenho iol$o nenhum"
— ale? n$o, mas ainda assim tenho de prend@Alo" e mesmo quem di? ser,sair! da cadeia amanh$ cedo"
— enho um emprego me esperando" e n$o aparecer na <a?enda ou perd@Alo"
4 -?ar seu" Por que parou para tomar uma cereDa6
ean percebeu que <alar com o eri<e nada resoleria, mas tambm pareceria estranho se
n$o protestasse inoc@ncia"
4 +lhe aqui, eri<e, preciso daquele emprego" .$o sou nenhum rebelde
desgra#ado" ou de &ontana e n$o quero me enoler com esta guerra"4 odos nFs estamos enolidos, rapa?" -gora, cale a boca"
Projeto Revisoras 60
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
ean sentouAse no colch$o imundo e malcheiroso, tentando calcular quanto tempo Braden
learia para oltar"
yan estaa com Ben quando ouiu que um caaleiro entraa no acampamento"
ensa, endireitou o corpo e apertou os olhos para obserar a entrada do ale"
Braden chegou galopando e atirouAse do caalo abaio, correndo para o
primeiro soldado que iu"
4 Chame ustis e o tenente &arion" ( eDa que pelo menos
cinqMenta homens preparemAse para sair comigo"
yan correu para ele, com o rosto des<igurado pelo medo"
— +nde est! ean6
— -lgum o reconheceu" (st! na cadeia, esperando que o <orte
o mande buscar" emos de chegar primeiro"
— %ou com oc@s 4 declarou ela num tom que n$o admitia recusa"
Braden nem tentou discutirG ela iria, mesmo que ele proibisse"
— .$o pode ir assim" 4 (le apontou para a saia rodada"
— %estirei minhas roupas de homem 4 ela respondeu, disparando para a
carro#a"
.$o pararia para <alar com Ben se ele n$o a chamasse"
— yanQ + que <oi6 +nde est! ean6
— + eri<e de Center o prendeu e ai entreg!Alo ao comando
do <orte" emos de chegar l! primeiro 4 ela eplicou, continuan
do a correr"
— %oc@ tambm ai6
— ClaroQ ei atirar t$o bem quanto qualquer soldado"
— yanQ
— (la parou, admirada com o tom de comando da o? de Ben" +lhou paratr!s e iu que os mJsculos do rosto dele estaa tensos"
4 &ande Braden <alar comigo 4 ele gritou" + espanto dela cresceu"
— Braden est! ocupado, reunindo os homens" ( eu preciso trocar de roupa 4 ela
eplicou com impaci@ncia, oltando para perto dele"
— .$o posso acreditar que Braden tenha concordado em le!Ala" ( ser! que ele
pensa que pode tomar a ila de assalto sem que
metade de oc@s morra6)e impaciente ela <icou <uriosa" ean estaa em perigo e Ben a <a?ia perder
Projeto Revisoras 61
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
tempo"
4 .$o interessa quantos podem morrer" %oc@ dee saber, melhor do que ningum,
o que a captura de ean signi<ica" 2ica aborrecido em saber que outro ianque possa <a?er o
seri#o que lhe competia6
- raia dela atingiuAo como um tapa no rosto" — (scute o que tenho para di?er, yan" enho uma idia melhor" Chame Braden"
— Por que deseDa aDudar6
— Porque, ora diabos, n$o quero que nenhum mal aconte#a
a oc@ ou a ean" Por <aor, mande Braden <alar comigo 4 ele pediu, perto do desespero"
yan hesitou, mas por <im <e? um gesto de assentimento"
4 (st! bem"
Braden <alaa com ustis e outro tenente quando ela se aproimou correndo" — + coronel deseDa <alar com oc@" ( acho que dee atend@Alo"
— (le que ! para o in<ernoQ (st! tentando nos atrasar"
— .$o penso assim" Ben D! <oi o melhor amigo de ean" Por
<aor, Braden, ! <alar com ele"
+ tenente surpreendeuAse com a declara#$o" Pressentira que haia algo estranho
entre ean e o coronel da /ni$o, mas nunca sonhara com aquilo"
— (nt$o, por que ele estaa atr!s de ean6
— (staa atr!s de um capit$o rebelde que che<iaa um grupo
de guerrilheiros" .$o sabia que era ean" 2ale com ele, Braden"
+ homem passou a m$o pelos cabelos, totalmente con<uso"
4 Eue seDa"Ben esperaa com impaci@ncia, perseguido por mil pensamenA
tos" inha esperan#a de que Braden, contra toda a lFgica, o ouisse"
4 %oc@s t@m uni<ormes da /ni$o aqui6 4 perguntou, quando Braden chegou"
Braden hesitou, deiando Ben <urioso"
— )iabos, homem, n$o temos tempo a perder"
— im, temos uni<ormes"
— %iu meus documentos6 -s ordens que portaa ao ir para
c!6
— im"
— r@s ou quatro de oc@s, estindo uni<ormes da /ni$o, poder$o tirar ean da
cadeia com muito mais seguran#a do que inadindo a ila" %oc@ pode usar minhas
insígnias de coronel e apresentar meus documentos" -qui, ningum me conhece" &as
precisam chegar l! antes do destacamento do (rcito"
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
Braden encarouAo, reconhecendo que a proposta era bem melhor que a sua"
ean tambm agiria daquela <orma" Por que n$o <ora capa? de <ormular um plano t$o
simples6
— Por que est! <a?endo isso6 4 indagou, ainda descon<iado"
— enho meus motios" enente, se eu <osse oc@, cortaria o cabelo e a barba".$o se parece nada com um o<icial da /ni$o, do Deito que est! 4 proocou, apreciando a
irrita#$o que leu nos olhos do tenente"
Braden desapareceu na barraca de ean, parando apenas para ordenar a um
soldado que <osse buscar quatro uni<ormes a?uis no depFsito e que <ossem do tamanho
apropriado para ele mesmo, ustis e mais dois que indicou"
(nquanto Braden se barbeaa, yan tirou as insígnias do casaco de uni<orme de
Ben" Com elas, agulha e linha na m$o, correu para a barraca de ean")epois de algum tempo, Braden e mais tr@s rebeldes apareceram energando os
odiados uni<ormes a?uis" .$o era a primeira e? que precisaam us!Alos, e nunca gostaam
de <a?@Alo" - sela da montaria de Ben, marcada com o bras$o da caalaria da /ni$o, D! <ora
colocada no caalo de Braden"
Com dignidade, Braden <oi at Ben, puando o caalo pronto para partir"&ais
alguma sugest$o, coronel6
— Euando chegarem l! <a#am tudo com a maior rapide? possíel" .$o ter$o
muito tempo" Pelo que sei, o posto militar <ica
a cerca de sessenta quilNmetros de Center"
— im, sessenta quilNmetros"
— (""" coronel 4 Ben disse com ironia, re<erindoAse K <alsa
patente de Braden 4, tente dis<ar#ar esse sotaque sulista" e algum perguntar, diga que
de &aryland"
Braden sorriu"
4 2arei isso, ianque"
+s homens nem bem haiam partido quando yan saiu da carro#a onde dormia"
-inda estia a saia ampla, mas penteara o cabelo de modo di<erente, escoandoAo para tr!s e
prendendoAo num coque <rouo"
Procurou por immy"
4 %amos sair um pouco" - caalo"
+ Doem captou suas inten#Les no mesmo instante" — +h, n$oQ %oc@ n$o ai"""
Projeto Revisoras 63
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
— e n$o me acompanhar, irei so?inha"
— yan, pense bem" %amos nos meter em encrencas" e n$o
<or com o pessoal da ila, ser! com Braden e ean" (les <icar$o
<uriosos"
yan olhou para Ben, que ouia a troca de palaras com perpleidade" — e os soldados do <orte chegarem antes que Braden tenha
tempo de deiar a ila, tale? eu consiga distraíAlos" .ingum me
conhece" Euem me relacionaria com o rapa? suDo que ai com
o pai comprar mantimentos no arma?m6
— + que dir!, se perguntarem quem oc@ 6 4 immy ainda
tentou <a?@Ala raciocinar"
—
)irei que somos <orasteiros, isitando parentes" immy, por <aor""" 4 ela suplicou"
+ rapa? n$o resistiu mais, porque tambm deseDaa ir" )espre?ou o bom senso
e sorriu para yan"
4 (st! bem, teimosa" *rei com oc@"
Ben permanecia em sil@ncio, considerando que um dos motios que o leara a
epor o plano <ora proteger yan, eitando que ela acompanhasse os companheiros na
perigosa miss$o" &as tambm quisera salar ean" -penas, no caso de yan, o plano n$o
<uncionara" ( de nada adiantaria tentar <a?@Ala mudar de idia"
4 ome cuidado 4 recomendou enquanto ela se a<astaa na dire#$o da
cocheira"
Braden e os outros tr@s precisaram rodear a ila e entrar pelo caminho que
inha do <orte, o que os atrasou" Por isso, yan e immy chegaram primeiro a Center"
-marraram os caalos nos postes em <rente ao arma?m e entraram"
yan pediu para er tecidos e aiamentos, o que lhe daria a oportunidade dedemorarAse bastante no estabelecimento" + dono do arma?m mostrouAse prestatio e
ansioso por agrad!Ala e ela precisou controlarAse para n$o rir" Como o homem <icaria surpreso
se soubesse que ela <ora enotada da loDa, semanas atr!s, por ser um rapa? suDo e
andraDoso" Com ineD!el arte, aleDou o comerciante com o mais lindo de seus sorrisos e ele
<icou a rode!Ala, desculpandoAse por n$o ter mercadorias que realmente serissem para uma
dama t$o linda" (m certo momento olhou para immy, que permanecia ao lado de yan"
— ale? seu marido precise de alguma coisa tambm"(la deleitou o homem com seu riso cristalino"
Projeto Revisoras 64
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
— R meu irm$o"
+ comerciante tornouAse ainda mais atencioso e, quando ela declarou que nada
lhe agradaa, dirigiuAse para o depFsito, nos <undos da loDa, em busca de mais alguns
tecidos"
immy aproeitou o momento e chamou yan, encaminhandoAse para a Danela" (lao seguiu e os dois iram Braden e os outros tr@s descerem dos caalos na <rente da
delegacia" (la sorriu itoriosa quando os quatro entraram para <alar com eri<e e
sobressaltouAse quando o dono do arma?m a chamou"
(le seguraa uma caia de chapu nas m$os e esperou que ela chegasse at o
balc$o para abriAla" )eliciada, yan obserouAo retirar o chapu mais lindo que ela D! ira"
(ra num tom suae de a?ul, en<eitado por uma <ita ligeiramente mais escura, que terminaa
num la#o generoso em um dos lados" &as o que mais a encantou <oi a pena que se erguia dola#o, ostentando os dois tons de a?ul num desenho caprichoso que sF a nature?a poderia
criar"
4 R lindoQ 4 eclamou, momentaneamente esquecida de sua
miss$o" 4 &as, in<eli?mente, n$o tenho dinheiro su<iciente para
comprar um chapu"
+ comerciante mostrouAse desapontado, mas logo sorriu"
4 .$o se preocupe com isso 4 declarou, surpreendendo a si mesmo" 4 /m
soldado indu?iuAme a trocar algumas mercadorias por este chapu e eu nunca o mostrei a
ningum" 2icaria muito <eli? se o eperimentasse, senhorita"
yan olhou para immy, que <icara perto da Danela, e o rapa? <e? um gesto de
assentimento, indicando que tudo parecia calmo no prdio da cadeia" + dono da loDa tomou
a troca de olhares como pedido de permiss$o para que yan eperimentasse o chapu e
nem de longe descon<iou da erdadeira preocupa#$o dos dois"
Com um alegre passo de dan#a, ela <oi para a <rente do espelho e soltou o
cabelo, colocando o chapu na cabe#a"
4 R marailhoso 4 suspirou, deseDando possuir o chapu quase
desesperadamente"
+ propriet!rio do arma?m concordou, pensando que nunca ira um quadro t$o
bonito" + a?ul do chapu contrastaa marailhosamente com o cabelo dourado e re<letiaAse
nos imensos olhos cheios de lu?" ( <oi acometido de um inesperado ataque de generosidade"
4 - senhorita me deiaria muito <eli? se aceitasse o chapu
como presente" 2oi <eito para adornar sua linda cabecinha 4
derreteuAse, atNnito com a prFpria galanteria"
Projeto Revisoras 65
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yan tornou a olhar para immy, que eaminou a rua antes de sorrir para ele"
4 (st! tudo bem, yan"
(la entendeu o duplo sentido da a<irma#$o, oltandoAse para o comerciante"
4 +h, muito obrigada, senhor" &as insisto em pagarAlhe alguma coisa"
Pegou a bolsinha que leaa amarrada K cintura e esa?iou o conteJdo sobre obalc$o" )e modo algum a pequena quantia pagaria um chapu de t$o boa qualidade, mas o
homem aceitou o dinheiro com um sorriso satis<eito"
4 (st! pago" ua alegria D! seria su<iciente, senhorita"
yan <e? quest$o de carregar a caia, apesar de immy o<erecerAse para le!Ala"
aíram da loDa e iram que os caalos dos companheiros continuaam na <rente da
delegacia, mas que o baio de ean tambm <ora reunido aos outros" ( ouiram o tropel de
cascos na rua empoeirada antes de er os caaleiros que chegaam" Cinco soldados da/ni$o inham da dire#$o do <orte e dirigiamAse para o prdio onde <uncionaam a cadeia e a
delegacia"
yan nem pensou antes de reagir K surpresa" rope#ou propositalmente numa
t!bua solta do alpendre do arma?m e esparramouAse no ch$o" - caia caiu logo a sua
<rente e o precioso chapu rolou no pF" + grito dela n$o <oi planeDado" Cortou o ar de modo
estridente, quando ela iu os cascos que se aproimaam a galope"
udo decorrera de modo satis<atFrio no escritFrio do eri<e" atis<atFrio e <!cil
demais, para o prudente e descon<iado Braden"
&ostrara suas credenciais de coronel da /ni$o, impressionando o eri<e" ( o
homem, tornandoAse baDulador diante de t$o alta patente, nem percebera o lee sotaque
sulista de Braden"
— (nt$o, acha mesmo que ele possa ser um rebelde, coronel6
— im 4 respondera Braden com altie?" 4 2e? bem em
prend@Alo" + (rcito <icaAlhe grato e erei o que posso <a?er para conseguirAlhe umacondecora#$o 4 acrescentou teatralmente, eitando olhar para ean, que assistia K cena
com ar diertido"
ustis amarrara as m$os do prisioneiro e <icara ao lado dele, montando guarda"
— =ostaria de saber se ele um dos arruaceiros que andam
roubando os carregamentos que passam pela !rea 4 disse o eri<e"
— -h, ser! noti<icado 4 Braden prometeu, olhando pela
Danela"2icou rígido quando notou a tropa ianque descendo a rua em disparada" 0eou a
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m$o K pistola e ent$o iu, admirado, que os soldados paraam os caalos e desmontaam
apressadamente" ua epress$o alerta aisou os companheiros de que algo errado se
passaa"
Bloqueando a is$o do eri<e com o corpo, Braden continuou a olhar pela Danela e
iu um dos ianques lear alguma coisa para dentro do arma?m, seguido pelos outros"
%irouAse rapidamente para o grupo"
4 Penso que deemos ir embora, eri<e" ! tomamos muito
de seu tempo" 4 )irigiuAse a ustis" 4 0ee o prisioneiro para
<ora 4 comandou com energia"
.o instante seguinte montaam os caalos e seguiam para <ora da ila"Por um
momento, yan pensou que houesse calculado mal a elocidade dos caalos que se
aproimaam, porque <altaam poucos metros para que os cascos a atingissem quando o
líder da tropa puou as rdeas de seu animal <reneticamente" + caalo rodopiou,
bloqueando a passagem dos outros, que seguiam logo atr!s" -ssustados, os animais
empinaram relinchando e quase atirando os caaleiros no ch$o" Por um instante reinou a
mais completa con<us$o e os soldados tieram muito trabalho para acalmar os caalos e
readquirir o controle da situa#$o"
immy DogouAse sobre yan, quase morto de preocupa#$o, mas sossegou quando
a iu piscar de modo matreiro" - seguir, ela come#ou a gemer lastimosamente, contorcendo o
rosto numa epress$o de dor" e immy n$o soubesse da erdade, poderia Durar que ela
estaa morrendo"
+ o<icial que lideraa o destacamento aDoelhouAse no ch$o, ao lado dela"
(mpalideceu ao er o marailhoso cabelo loiro todo cheio de terra e o rosto lindo retorcido
de angJstia" +lhou para immy, com ar de desculpa"
4 (la caiu na nossa <rente" .$o pudemos eitar"""
immy apontou para a t!bua solta" — (la trope#ou ali" Pensei que ia ser esmagada pelas patas do caalos" ( quase
<oi"
— (iste algum mdico nesta miser!el ila6 4 perguntou
o<icial, usando uma das m$os para a<astar mechas de cabelo suDo do rosto de yan"
(la olhou para ele de modo l>nguido, antes de amolecer e soltar o corpo no
ch$o, como se desmaiasse" + o<icial inclinouAse sobre ela para ouirAlhe a respira#$o"
4 (st! ia" -cho que desmaiou" 4 +lhou para immy 4Euem oc@6
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4 *rm$o dela" .$o podemos dei!Ala aqui <ora, estendida na
rua"
+ o<icial ergueuAa nos bra#os e olhou para o chapu empoeirado, abandonado
no ch$o"
4 argento, recolha aquele chapu 4 ordenou" 4 ColoqueAo na caia"+lhou em olta, imaginando para onde poderia le!Ala, quando o dono do
arma?m apareceu na porta" 2icou p!lido ao er um soldado carregando yan e outro
segurando a caia do chapu muito desaDeitadamente"
4 0eem a mo#a para cima 4 orientou, apontando para a
escada, num dos lados da loDa" Correu na <rente e abriu uma por
ta, esperando at que o o<icial entrasse com sua carga e <osse seguido de todos os outros,
que pareciam ansiosos em aDudar"/ma grande cama erguiaAse no meio do quarto e o ianque depositou yan no
colch$o macio" (la gemeu de lee e entreabriu os olhos, notando que todos os soldados
estaam ali, como esperara"
— + que aconteceu6 4 perguntou num sussurro"
— %oc@ caiu, mas acho que n$o quebrou nenhum osso, <eli?
mente 4 eplicou o o<icial com gentile?a, <a?endoAa eperimentar uma agulhada de culpa"
— H! um mdico na ila6 4 immy perguntou"
— .$o 4 o comerciante respondeu" 4 &as temos um eterin!rio, que trata de
pessoas quando acontece alguma emerg@ncia"
yan tornou a gemer, olhando para o ianque"
— Capit$o, n$o se preocupe" %ou <icar boa" 2oi apenas o susto
de er aqueles caalos indo para cima de mim"
— ou tenente, senhorita" *magino como dee ter sido terríel pensar que ia ser
esmagada" &as agora passou"
— (stou com sede"
odos os soldados correram para pegar um Darro de cima de uma mesa no canto
do quarto, mas o dono do arma?m chegou primeiro e leou um copo de !gua <resca para
yan, segurandoAo enquanto ela bebia"
— immyQ 4 ela chamou de repente" 4 &eu irm$o est! bem6
+ rapa? deu um passo K <rente e sorriu para ela"
— (stou aqui, irm$?inha" *nteiro" + tenente, endo que tudo se
acalmaa, pensou no trabalho que o esperaa na delegacia"
— em certe?a de que n$o quer que chamemos o eterin!rio, senhorita6 e
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pre<erir, poderemos le!Ala ao <orte, para que nosso mdico a eamine"
— .$o, obrigada" (stou me sentindo muito melhor" 4 entouA
se na cama lentamente e colocou um dos ps no ch$o"
(m seguida, colocou o outro, mas deu um grito de dor e caiu na cama"
— -cho que torci o torno?elo, tenente" eria aborrec@Alo demais pedir que o amarre para mim6
— .$o ser! aborrecimento algum 4 a<irmou ele sorrindo, pensando em como ela
era bonita e imaginando se iia em Center"
+ dono do arma?m correu para baio, oltando com um rolo de bandagem, e o
tenente iniciou a tare<a de atar o torno?elo de yan"
4 .$o" (st! muito <rouo" -perte mais 4 ela instruiu" 4 *sso" -ssim" )eia ser
mdico, e n$o soldado" 4 + sorriso delaencantou a todos" 4 +brigada" ou grata a todos oc@s"
(la suspirou ao colocarAse de p, olhando para o tenente, que a <itaa
embeecido"
— Posso pedirAlhe mais um <aor6
— + que quiser, senhorita"
— Euer me aDudar a descer as escadas6
(le sentiuAse a<ogar nos imensos olhos castanhos, disposto a carreg!Ala por todo
o Colorado se <osse necess!rio"
— enhorita""" gostaria de saber seu nome"
— &elissa )arcy" ( o seu, tenente6 Euero saber o nome de
meu bom samaritano"
— /m samaritano que quase a atropelou 4 ele comentou com
ar de triste?a" 4 &eu nome Bill )aies"
— ( como se chamam os outros senhores6 4 ela perguntou,
habilmente retardando o momento de partir"
+ tenente disse o nome de todos e ela sorriu noamente"
4 +brigada a todos" ( agora, tenente"""
(le leantouAa nos bra#os e carregouAa escadas abaio" .a rua, ela apontou para
seu caalo e o tenente colocouAa na sela"
4 (st! certa de que pode caalgar6 Posso, sim"
— =ostaria de @Ala outra e?, srta" &elissa" +nde mora6 -qui
mesmo em Center6
(la <itouAo com ar triste"
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4 (u estaa precisando de um chapu"
immy n$o pNde conter o riso" iu Ks gargalhadas at quase cair do caalo"
4 Capit$o, sua irm$ uma grande mentirosa" e soubesse o
que ela <e?Q 4 eclamou, orgulhoso das artimanhas dela"
yan corou e baiou os olhos com modstia"4 Euero saber o que est! acontecendo 4 eigiu ean"
immy desceu para o ch$o e contou a histFria toda" Braden e ean olharam para yan
completamente atNnitos"
— .$o acreditoQ 4 murmurou Braden"
— ( eu, tenho ontade de lhes dar uma surra 4 declarou ean
com <ingida seeridade" 4 immy, da prFima e? que desobedecer Ks minhas ordens, eu
o mandarei de olta para o eas" ( quanto a oc@, yan, se continuar assim, <icar! sobguarda inte e quatro horas por dia"
— .$o seDa ingrato 4 retorquiu yan"
— Por ser grato que n$o ou puniAlos" 4 %irouAse para Braden" 4 ( o que
<i?eram para me tirar de l! <oi muito bem pensado, companheiro" /m golpe de mestre"
Braden <icou ermelho"
— 0amento di?er que n$o <oi idia minha"
— .$o6 ( de quem <oi, ent$o6
— )o coronel Bennett &organ"
— Ben6
— (u ia inadir a ila, mas o coronel me conenceu de que
assim como <i?emos seria melhor" (u sF queria saber por que nos
aDudou" 2iquei possesso por n$o ter tido a idia primeiro" %oc@
Pensaria nisso, ean"
ean suspirou longamente"
4 %oc@ tee o bom senso de ouiAlo, Braden, e agrade#o"
4 (spero" %amos" (u a learei at a carro#a"
PreparandoAse para dormir, yan despiuAse e estiu a camisa que pertencera ao
irm$o" )eitouAse e <icou ouindo os sons da noite, cansada demais para adormecer"
ambm n$o conseguia esquecer o medo que sentira na ila, as ordens que Ben dera a
Braden, o remorso dele por sentirAse traidor"
Ben salara a ida de ean, mas n$o deiaa de ser um inimigo" ( a dist>ncia
que os separaa tale? <osse intransponíel"
+uiu que o irm$o tocaa iol$o" - mesma melodia de sempre" .unca pensara na
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possibilidade, mas ean tale? tiesse um amor in<eli? em seu passado"
-inda pensaa naquilo quando o sono arrebatouAa"
CAP ÍTULO X
! era tarde quando yan acordou, na manh$ seguinte" + acampamento
<erilhaa de atiidade, a Dulgar pelos ruídos" Pratos de lata entrechocaamAse e caalos
relinchaam, tudo pontilhado pelos estalidos dos gatilhos dos ri<les que os homens
limpaam"
(la deiouAse <icar na cama por mais alguns momentos, pensando no que <aria
naquele dia" (spregui#ouAse, deiando que a brisa <resca, entrando pela abertura da lona,
lhe acariciasse a pele ainda morna das cobertas"
odos os receios da noite anterior haiam desaparecido" *a ser um dia lindo e
muito especial" (ra o seu aniers!rio" %inte e um anos" entiuAse estremecer de ecita#$o"
-doraa aniers!rios e naquele ano iria celebrar o seu de uma maneira bem di<erente" (
secreta"
.$o <alara a ningum sobre a data" .em mesmo a ean, que eidentemente
esquecera, enolido por preocupa#Les de todo tipo"
Portanto, era um segredo todo seu" ( ela pretendia regalarAse"
Para come#ar, tomaria banho no riacho logo de manha, antes de estir roupas
limpas" %estiu cal#as sob a camisa enorme que usaa para dormir e erguendo a cortina da
parte de tr!s da carro#a pediu a um soldado que <osse chamar immy"
Vs e?es ela se assustaa com o modo com que se apegara ao Doem teano"
immy tornaraAse seu amigo, seu protetor e seu aprendi?" -prendera rapidamente alguns
procedimentos mdicos, apesar da pouca instru#$o" + que lhe <altaa em conhecimento
<ormal sobraa em deseDo insaci!el de aprender e agilidade mental"
-lm de tudo isso, ele se tornara seu acompanhante durante os banhos no rio
e reelaraAse ecelente con<idente, srio e discreto"
Euando immy apareceu, ela deslumbrouAo com um sorriso encantador"
— er! seguro ir ao riacho tomar banho, immy6
— R, sim, mestra" -cabei de oltar de l!" 2ui buscar !gua para o ianque"
(la saltou para o ch$o, carregando toalha, um par de cal#as de brim, camisa dealgod$o D! surrada e uma barra grossa de sab$o" Caminharam Duntos para o rio?inho e ao
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longo da margem at que chegaram ao local pre<erido de yan: um ponto mais <undo,
rodeado de !rores"
4 Chamarei quando estier pronta"
immy subiu pelo barranco e desapareceu no topo" Carregaa um liro de
medicina que yan lhe emprestara e pretendia <a?er bom uso dos momentos de ociosidade"(la despiuAse depressa e entrou na !gua agradaelmente <ria e pro<unda o
bastante para nadar" 2eli?, deu algumas bra#adas enrgicas, sentindoAse lire, deliciandoAse
com a sensa#$o de bemAestar que a inadia" )epois, deiouAse boiar, ouindo a mJsica pura
do bosque" -s <olhas <ar<alhaam quando os esquilos saltaam de galho em galho, per
seguindoAse em animada brincadeira, e a !gua marulhaa docemente ao redor de seu
corpo"
ubitamente, percebendo que se demorara mais que de costume, oltou para amargem e pegou a barra de sab$o, come#ando a laarAse igorosamente" 0aou tambm o
cabelo, deiandoAo <lutuar na !gua cristalina at que toda a espuma saísse"
entouAse na margem para que o sol a secasse, pensando em Ben" (le gostaria
daquele lugar, uma banheira natural de !gua sempre renoada" -o contr!rio dos soldados
teanos, n$o muito apreciadores de banho, ele demonstraa erdadeira obsess$o por
limpe?a" .o come#o ela o barbeaa e immy o banhaa, mas K medida que melhorara
passara a cuidar so?inho de sua higiene" ( o pobre immy sempre reclamaa que n$o haia
!gua su<iciente para o ianque"
Como se recobrasse a clare?a de idias de repente, yan sacudiu a cabe#a,
procurando lirarAse dos pensamentos" .$o podia apaionarAse por Ben e precisaa
aprender a n$o <icar pensando nele em cada minuto do dia" atis<eita por ter re<or#ado uma
decis$o que D! tomara na noite anterior, estiuAse rapidamente e assobiou chamando immy"
+ rapa? apareceu em seguida, no alto do barranco"
— Pensei que tiesse morrido a<ogada 4 brincou" — (u precisaa <icar um pouco so?inha" ( oc@ sabia, n$o 6
(mbara#ado, ele apenas balan#ou a cabe#a, concordando"
4 %enha c! 4 ela chamou" 4 2ique comigo enquanto escoo o cabelo"
entaramAse num tronco caído e yan come#ou a escoar as longas mechas
com moimentos <irmes"
— + que ai <a?er quando a guerra acabar, immy6 4 ela perguntou, quebrando
uma das regras do acampamento, que proibia <a?er planos para o <uturo" — eu irm$o me conidou para aDud!Alo a reunir algum gado
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
e come#ar um pequeno rancho" &uitos de nFs pretendemos <icar
com ele"
(la <icou em sil@ncio por algum tempo, tentando adiinhar o que o <uturo
reseraa para sua ida"
4 %ai ser bom 4 declarou" 4 2icaria triste se oc@ <osse embora" anto eancomo eu gostamos muito de oc@, immy"
+ rapa? olhou para o ch$o, com epress$o inescrut!el"
— (u tambm gosto de oc@s e deo muito a seu irm$o" (le
sempre me tratou mais como irm$o do que como soldado" .unca tie uma <amília
erdadeira e aqui me sinto bem"
— %oc@ <a? parte da nossa <amília, immy 4 obserou ela com
<irme?a" .unca se esque#a disso"
Ben ira yan sair do acampamento com immy" )epois do que acontecera na
noite anterior, n$o esperaa que ela <osse tomar ca< com ele, mas <icou desapontado da
mesma <orma"
Parou de pensar no assunto quando um teano alto e magro eio caminhando
para Dunto dele"
4 &eu nome ustis )ais 4 o homem apresentouAse" 4 -
srta" yan pediuAme para lhe <a?er duas muletas" %eDo que mais
ou menos da altura do capit$o ean"
Ben surpreendeuAse com a cordialidade do teano" 2icou ainda mais espantado
quando o homem sentouAse perto dele e come#ou a descascar um galho de !rore grosso e
<orte que trouera com ele" -ssobiaa uma melodia desa<inada enquanto <a?ia o caniete
correr pela super<ície lisa do galho"
Ben <oi o primeiro a romper o sil@ncio, cansado de estar so?inho" )escobrira que
era muito pior <icar so?inho no meio da multid$o do que na companhia apenas de simesmo"
— )e onde oc@ 6 4 perguntou"
— 0! de baio, perto de -ustin" /m bocado longe daqui" %ai
ser bom oltar para o meu peda#o de ch$o" .$o muito, mas
meu"
— Por que está lutando pelo ul6 4 Ben indagou, com genuíno interesse" 4
%oc@s, teanos, D! lutaram para pertencer K/ni$o"
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— )e <ato 4 o homem concordou" 4 ( eu estie naquela luta tambm"
Eueríamos <icar independentes do &ico, pensan
do que os (stados /nidos iam nos dar pa?" &as come#aram a
ditar regras e a nos di?er como deeríamos condu?ir nossas idas" ( os teanos s$o
rebeldes por nature?a" — Concordo"
— ( briguentos" =ostamos de lutar, n$o importa contra quem"
Brigamos com índios, com meicanos, com oc@s, ianques" Com
quem aparecer pela <rente" ( quando n$o estamos lutando com
gente lutamos com a terra" 4 + homem sorriu, complacente com
as peculiaridades de seu poo"
—
eu capit$o tambm assim6 — .$o sei" .unca lhe perguntei nem pretendo perguntar, por
que n$o problema meu"
Haia uma certa agressiidade na resposta e Ben calouAse" 2icou obserando o
soldado caar o galho no meio e partiAlo em dois, + caniete continuou escaando at que
os peda#os de madeira tomaram a <orma de duas rJsticas muletas" + sol D! ia alto quando o
teano terminou a tare<a e yan ainda n$o aparecera"
— Euer eperiment!Ala, ianque6
— im 4 respondeu Ben, ansioso por um pouco de moimento
e deseDando testar as prFprias <or#as"
— %ou buscar aDuda" - srta" yan recomendou que n$o se
cansasse e n$o apoiasse o peso do corpo na perna quebrada"
Ben notara que o homem era o primeiro a chamar yan de senhorita, embora seu
tom de o? traísse ternura paternal ao <alar ustis logo oltou com outro soldado e os dois
aDudaram Ben a pNrAse de p" + teano deiouAo apoiarAse nele, enquanto se encostaa notronco de uma !rore para <irmarAse" Ben sentiu a cabe#a lee e ?on?a" 2icou parado
durante !rios minutos, de p sobre a perna s$ e apoiandoAse em ustis"
Euando por <im sentiuAse mais <orte, aDeitou as muletas embaio dos bra#os e
deu um passo incerto" Euase caiu, mas os dois rebeldes o ampararam" -os poucos, D! mais
con<iante, conseguiu dar diersos passos"
Con<iante demais, de repente <e? um moimento descuidado e caiu no ch$o,
pragueDando contra a <raque?a dos mJsculos" eDeitou a m$o que ustis lhe o<erecia"4 .$o, obrigado" (u me leantarei so?inho"
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)eagar, colocou uma das muletas de p e, <irmandoAse nela e na perna boa
leantouAse penosamente" +lhou para os dois soldados com um sorriso de triun<o"
4 -cho que D! basta, coronel 4 obserou ustis" 4 - srta"
yan nos mandar! chicotear se o senhor <erirAse ainda mais" entaremos outra e? mais
tarde" .$o precisa <icar todo <ogoso as sim, de repente"Ben n$o pNde deiar de rir da maneira de o homem se epressar"
— +brigado 4 agradeceu sorrindo, antes de arrastarAse de olta para a cama,
eausto"
— ome" 4 ustis o<ereceuAlhe um copo de !gua" 4 Beba e
depois descanse" (st! <icando mais <orte, mas isso lea tempo"
enha paci@ncia 4 disse quase com gentile?a, antes de ir embora"
o?inho noamente, Ben decidiu seguir o conselho do teano" Precisaareconhecer que estaa <raco e deia ser paciente" omou a !gua <resca e reclinou a
cabe#a, <echando os olhos"
yan oltaa do riacho quando iu Ben apoiado nas muletas" 2icou a obser!Alo,
escondida no meio das !rores que rodeaam o acampamento para n$o distraíAlo"
F quando o iu sentarAse no colch$o e largar as muletas <oi que correu para a
<ogueira central e pegou uma caneca de ca< e alguns biscoitos que o co?inheiro sempre
deiaa perto do <ogo para algum retardat!rio" entouAse num banquinho e ean DuntouAse a
ela, satis<eito em er que ela se mantinha longe de Ben"
4 %amos passear, irm$?inha6 )esceremos para o sul e eploraremos uma noa
parte do rio"
+ rosto dela iluminouAse" eceaa que, se <icasse o dia todo no acampamento,
n$o teria <or#as para ignorar a presen#a de Ben"
— %amos, ean" -gora mesmo"
— %ou selar os caalos" Coloque alguma comida numa cesta
para <a?ermos um piquenique,
Com a aDuda do co?inheiro, ela empacotou p$o <resco, queiDo e grossas <atias de
carne assada" (staa pronta quando ean oltou, montado, puando o caalo dela pelas
rdeas"
Caalgaram lado a lado, n$o olhando para a dire#$o de Ben, que abrira os olhos
ao ouir as batidas ritmadas dos cascos dos animais"
(le sentiuAse desapontado" )eseDaa contar a ela que dera alguns passos
apoiado nas muletas" .o passado, eperimentara pouca necessidade de diidir suas alegrias
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
e triste?as com outras pessoas, chegando a censurar aqueles que gostaam de <a?er conA
<idencias" ( ent$o percebeu que seu modo de ser so<ria estranhas trans<orma#Les, sem
saber se as aproaa ou n$o"
&as o <ato que precisaa <alar com yan, er a lu? dos olhos castanhos sobre
ele, ouir o riso que haia em sua o?" Como mudara tanto6 uspiraa pela presen#a deuma mulher, quando deeria estar planeDando um meio de escapar das m$os dos inimigos"
*sso era importante" .$o uma mulher, .$o a irm$ de ean"
entou sentarAse no colch$o, mas a sela que lhe seria de apoio escorregara para
tr!s e ele n$o podia alcan#!Ala" Procurou Duntar as cobertas e improisar uma almo<ada,
mas n$o <oi capa?"
.unca se sentira t$o desamparado" (ra tanto prisioneiro da prFpria <raque?a <ísica
quanto dos rebeldes" -pertou as m$os com raia impotente, olhando para yan quecaalgaa ao lado do irm$o, saindo do ale" eguiuAos com o olhar at desaparecerem de
ista, tomado por pensamentos sombrios" ubitamente <oi assaltado pelo medo de perd@Ala"
(la parecera t$o ao alcance de sua m$o na noite anterior K ida de ean K ila de Center e
no entanto tornaraAse inatingíel"
+ cora#$o de Ben apertouAse com a dolorosa sensa#$o de perda" .um lampeDo
de clariid@ncia iu o que a ida poderia ser ao lado de yan e uma onda de amargura
submergiuAo"
yan e ean caalgaram durante mais de duas horas, acompanhando o rio largo
e sombreado por !rores gigantescas" ua passagem proocaa a correria de animai?inhos
selagens e yan entusiasmaaAse ao er coelhos, ceros e esquilos <ugirem para o abrigo
da <olhagem euberante"
Por <im ean diminuiu o passo do caalo e entrou por um caminho que se
internaa no bosque, parando K margem do rio" )esceram para o ch$o e aproimaramAse da
!gua clara, t$o transparente que era possíel er as trutas desli?ando de um lado para ooutro"
4 %oc@ D! tomou banho hoDe, irm$?inha, mas eu n$o 4 disse
ele, tirando a camisa e as botas e entrando na !gua"
yan n$o resistiu K tenta#$o" (ntrou na corrente <resca estida como estaa
depois de tirar apenas as botas" - !gua logo produ?iu seu e<eito relaante e ela sorriu,
satis<eita"
.adou e ean <oi atr!s dela, ultrapassandoAa" Chegando a uma !rore cuDasraí?es mergulhaam no rio, saíram da !gua e deitaramAse na areia, em sil@ncio, secandoAse
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
aos raios do sol peneirados pela <olhagem"
&uito tempo depois, ean sentouAse e Dogou um seio na !gua, que se agitou em
círculos"
4 0embraAse de quando eu a ensinei a <a?er isto6 %oc@ n$o
passaa de uma pirralhinha"(la se lembraa, mas a recorda#$o tra?iaAlhe so<rimento, <a?endoAa pensar na
<amília que perdera"
— (u me lembro, sim" ( oc@ n$o tinha muita paci@ncia"
— Porque oc@ n$o aprendia com a rapide? que eu deseDaa"
— )emorei, mas aprendi per<eitamente" Euer er6 4 (la pegou um seio
redondo e DogouAo na corrente, <icando a obserar os arcos que se alargaam at se
dissoler" — yan 4 ele come#ou, repentinamente srio 4, precisamos
conersar" )eiaremos o ale depois do prFimo ataque" ecebemos ordens para entregar
as armas em ichmond"
— + que est! tentando me di?er6 (le <itouAa longamente"
— %oc@ n$o poder! ir com o grupo" - iagem ser! longa e muito
perigosa" *remos em grupos pequenos, isolados, atraessando territFrio controlado pelos
ianques" ichmond est! arrasada, cheia de re<ugiados <amintos" +s inimigos a cercam
aos poucos"
4 ( o que pretende <a?er comigo6 F tenho oc@, meu irm$o"
(la sentia a luta que se traaa no íntimo de ean" ! ira aquela epress$o antes, tensa e
concentrada"
4 (iste um <orte no leste do eas 4 ele eplicou" 4 + comandante e a esposa
s$o meus amigos" + lugar tambm recebe prisioneiros ianques" %ou lear Ben para l!"
(le parou de <alar, hesitante"
— abe como me sinto a respeito dele 4 continuou" 4 ( como encaro o
relacionamento de oc@s dois" .$o <oram <eitos um para o outro, yan" -cho que oc@ n$o
o ama, mas pensa que sim, depois de cuidar dele com tanto deselo e por tanto tempo"
— ean"""
— (spere" Compreendo que se sinta atraída por Ben" (le representa algo noo,
di<erente" R um desa<io a que oc@ n$o podia resistir" (spero que n$o passe disso,
porque Ben n$o o homem certo para oc@ e nunca ser!"
yan olhaa para ele, pensatia"
Projeto Revisoras 78
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4 Euero que n$o se esque#a disso, irm$?inha, pois oc@ tambm ter! de ir para
o 2orte cott" 0! h! pessoas em quem posso
con<iar e que cuidar$o de oc@" ( <ica longe das <rentes de batalha, o que o<erece ama
seguran#a maior"
yan n$o conseguiu dis<ar#ar o lampeDo de alegria que passou por seus olhos eean estremeceu" &and!Ala para o <orte Duntamente com Ben <ora uma decis$o di<ícil de
tomar, mas n$o haia alternatia" (la estaria segura na companhia de &att e -nna -ndreXs
e ele teria de con<iar em que tudo acabaria bem"
4 Por que oc@ nunca se casou, ean6 4 ela perguntou,
pegandoAo despreenido"
(le olhou para o rio e depois tornou a <it!Ala, com um brilho ?ombeteiro no olhar"
—
.$o haia muitas mulheres nos lugares onde estie nos Jltimos anos" — &as deia haer algumas"
SSale?" 4 (le tomou o queio de yan entre os dedos e ergueu o rosto
mimoso" 4 %oc@ era muito pequena quando papai e mam$e morreram e tale? n$o tenha
percebido como o relacionamento deles era especial" .unca i duas pessoas mais
apaionadas, que se completaam t$o bem" (ram tudo um para o outro" Vs e?es eu at
<icaa enciumado, sentindoAme ecluído" -gora sei que o amor deles irradiaa calor, como o
sol, enolendo todos que estiessem por perto"
— %amos supor que oc@ encontrasse um amor igual, mas que
a mo#a <osse uma ianque" + que <aria6
— (u proaelmente a colocaria na garupa do meu caalo e
mandaria o resto do mundo para o in<erno 4 ele respondeu com
um sorriso diertido"
— (nt$o"""
— ! sei o que ai di?er, mas isso n$o signi<ica que eu gostaria se voc <i?esse amesma coisa" e <osse sF uma di<eren#a de ideologias, yan, eu n$o me oporia t$o
<ortemente, mas muito mais" %oc@s ieram de meios di<erentes, t@m personalidades opostas,
e ele quin?e anos mais elho que oc@"
— *sso de idade n$o tem import>ncia"
— Pode ser, mas h! outras coisas" Ben D! <oi casado e tale?
ainda seDa" ( ele tornouAse totalmente di<erente do homem que
conheci" + rapa? que estudou em Iest Point comigo tinha umg@nio parecido com o seu, mas agora trans<ormouAse numa criatura amarga e prepotente"
Projeto Revisoras 79
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
— %oc@ conheceu a esposa dele6 4 ela quis saber, espantada
por nunca haer pensado que pudesse haer uma mulher na ida
de Ben, embora soubesse da eist@ncia de um <ilho"
— Conheci"
— + que oc@ pensa que aconteceu entre eles6 — .$o penso nada" .$o sei mais coisa alguma da ida dele"
( oc@ tambm n$o" - Jnica coisa que sabe que ele est! <erido
e precisa de seus cuidados" ( oc@ pensa com o cora#$o"
— %oc@ me deiaria descobrir6
— )escobrir o qu@6
— e sou capa? de pensar tambm com a cabe#a 4 ela eplicou rindo"
—
enho escolha6
SS.$o" 4 2icou sria de repente" 4 .unca me senti assim antes, ean, e n$o
sei se amor" &as dFi <icar longe dele, assim como dFi quando estamos Duntos" + irm$o
sorriu"
— .$o posso lir!Ala de seus sentimentos, querida, embora <osse bom poder"
econhe#o que h! certas decisLes e descobertas
que sF competem a oc@" &as prometaAme que tomar! cuidado
e que ter! Duí?o"
— .$o sei se aler! de alguma coisa ter Duí?o quando se trata
de Ben &organ 4 ela respondeu com <ranque?a" 4 (le me <a?
perder a capacidade de pensar"
- declara#$o honesta deiouAo perpleo" yan sempre se orgulhara de possuir
autodomínio per<eito"
4 Por <aor, menininha, tenha cuidado"
— (le n$o nos <ar! mal" — .$o6 ( se <ugir6
— .$o <ugir!, porque est! muito <raco e com uma perna que
brada" &as, mesmo que conseguisse, Ben nunca lhe <aria mal"
— .$o conte com isso" (le um soldado, um ecelente o<icial ianque" .$o
deiar! de cumprir seu deer apenas para n$o
nos <erir"
— Con<io dele" Ben n$o teria coragem de se irar contra nFsdepois do que <i?emos por ele"
Projeto Revisoras 80
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
ean leantouAse subitamente"
— %amos embora, irm$?inha" e demorarmos muito sair$o todos atr!s de nFs,
preocupados"
— %oc@ endureceu demais, irm$o 4 ela comentou, pegando
a m$o que ean lhe estendia" — ale? 4 ele respondeu, come#ando a estruturar um plano"
-o chegarem de olta ao acampamento, yan percebeu que haia uma
atmos<era de epectatia e ecita#$o enolendo o lugar" +s homens reuniamAse ao redor da
barraca da co?inha, conersando entre sorrisos"
+lhou para ean e ele retribuiu o olhar com epress$o humilde, enquanto descia
do caalo e corria para aDud!Ala a desmontar" em cerimNnia, carregouAa nos bra#os at a
<ogueira que brilhaa na <rente da co?inha"
4 .$o pensou que eu ia esquecer seu aniers!rio, pensou, menininha6
ColocouAa no ch$o perto de uma mesa <orrada de pratos com bolinhos e biscoitos
e numerosos pacotes"
(la olhou para os companheiros reunidos" odos sorriam e yan <oi inadida por
uma onda de alegria" Eue marailhosa comemora#$oQ &uito melhor do que guardar o
segredo apenas para si mesma"ean entregouAlhe um pacote, maior que os outros"
4 (ste um presente de todos nFs" Cada um colaborou com
um pouco"
Como uma crian#a <eli?, ela rasgou o papel e retirou um estido a?ul de bolinhas
brancas, com decote redondo, mangas bu<antes e cintura Dusta"
— R lindoQ &as como"""
— Braden comprouAo quando oc@s <oram K ila, duas semanas atr!s" %iuAa
namorando o estido no arma?m e comprouAo
enquanto oc@ saía para lear alguns mantimentos para a carro#a" )epois escondeuAo num
saco de batatas"
+s olhos dela umedeceramAse" -dmirara o estido rapidamente, porque seria
muito suspeito se issem um rapa? olhando roupas <emininas com interesse" .$o podia
acreditar que Braden tiesse captado sua admira#$o num momento t$o r!pido"
(la caminhou para ele e beiDouAo no rosto"
— +brigada, Braden" +brigada a oc@s todos")e repente, yan bateu
palmas, ecitada"Projeto Revisoras 81
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
— + chapuQ 2icar! lindo com este estidoQean riu, Duntamente com os
outros"
4 ! percebemos isso, ontem" &as h! mais presentes" odos
trabalharam e <icou estabelecido que cada presente seria da parte de cada um de nFs"
yan pensou que seu cora#$o <osse estourar de emo#$o" +s homens, algunsbastante rudes, haiam mantido segredo completo e planeDado aqueles momentos de
<elicidade" 0!grimas rolaram pelo rosto emocionado"
+s soldados <ingiram n$o notar e eigiram que ela come#asse a abrir os pacotes"
Haia um cachorro esculpido em madeira que era a imagem de 2ortuna" (mbora n$o
houesse assinatura, yan sabia que <ora <eito por ustis" /ma <iela modelada em <orma de
rosa, <eita de <erro, que sF podia ter sido criada pelo <erreiro, tanley" /m buqu@ de <lores do
campo, algumas <itas para o cabelo e um len#o a?ul" (mocionouAse ao encontrar uma bíblia
bastante usada, que deia ser uma lembran#a querida para algum" %irouAse para o grupo
que a obseraa em sil@ncio"
— (ste <oi o melhor aniers!rio de toda a minha ida 4 declarou comoida" 4
&uito obrigada" (u nunca me esquecerei de
oc@s todos, deste tempo, deste lugar 4 <inali?ou chorando, indo re<ugiarAse nos bra#os do
irm$o"
— R hora de eperimentar os doces do co?inheiro 4 algumgritou, des<a?endo a seriedade do momento"
+s outros homens come#aram a gritar pedindo bolinhos e yan riu da alga?arra"
)iidido entre emo#Les con<litantes, Ben obseraa a <esta, meio sentado na
cama" .$o sabia que era aniers!rio de yan e magoouAse ao pensar que ela n$o lhe
dissera nada" Contudo, alegraaAse com a <elicidade que ia no rosto dela, mas irou o
rosto, enciumado, quando a iu beiDar Braden"
Euando a <esta acabou, yan encheu um prato com bolinhos e biscoitos e
leouAo para Ben"
— roue isto para que oc@ participe do meu aniers!rio"
— .$o posso participar 4 respondeu ele rispidamente, ignorando os doces" 4
.$o tenho nada para lhe dar"
— em, sim 4 ela a<irmou sorrindo" 4A .a erdade, oc@ pode
me dar o melhor de todos os presentes"
(le olhouAa intrigado"
4 /m sorriso 4 ela eplicou, mostrando um brilho ansioso
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
no olhar"
(la estaa t$o linda e parecia t$o inocente que ele quase sorriu"
— -cho que n$o sei mais sorrir, yan"
— .$o sabe6 orriu, outro dia" +u estaa <ingindo6
(le n$o pNde mais conterAse e riu baiinho, sem o cinismo de costume" - coinhano queio acentuouAse e os olhos a?uis brilharam de <orma irresistíel"
— -h, senhor coronel, deia <a?er isso mais e?es 4 ela mur
murou, passando a m$o pelos cabelos dele"
— .$o tenho muitos motios para rir, concorda6
.$o" Basta que procure motios de alegria, para rir e achar
que a ida boa"
(le sacudiu a cabe#a, desanimado"4 .$o t$o simples assim"
Pensou nos anos passados e no que ira" &orte" )estrui#$o" ( ele tornaraAse
bastante eímio na arte de matar" yan tentaa <a?@Alo pensar de modo di<erente,
inter<erindo no que ele sabia que precisaa <a?er"
— + que quer de mim6 4 perguntou brusco"
— -lgo que ainda n$o pode me dar"
— ( o que 6
— Come#a com con<ian#a" -gora, coma os doces"
(le come#ou a comer, mais para agrad!Ala, obserando a satis<a#$o brilhar nos
olhos castanhos e gentis"
— %oc@ andou, hoDe 4 ela disse de repente"
— .$o muito bem"
— -inda cedo, mas n$o ai demorar muito para que oc@
esteDa andando t$o bem como sempre andou"
- certe?a dela n$o o animou" Ben passara !rias horas do dia a<undado em
desespero" entiaAse preso numa armadilha que se <echaa impiedosamente sobre ele" -
armadilha de sentir a<eto por algum" )eiarAse cair nela era uma <raque?a imperdo!el que
apenas acarretaria so<rimento" &as n$o podia ignorar o <luo r!pido do sangue quando
yan se aproimaa dele, nem o pra?er que o toque das m$o?inhas suaes lhe daam" .em
a esperan#a que insistia em brotar em seu cora#$o, desa<iando os demNnios que o
habitaam"
+lhou para ela e yan estremeceu ao er tanta angJstia nas pro<unde?as dos
olhos a?uis"
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
— ean quer que oc@ <ique longe de mim 4 ele murmurou"
4 (u tambm quero"
— .$o acredito"
— ambm tem o poder de ler a mente alheia6 4 ele perguntou com esc!rnio" 4
Pois leu errado" Concordo com seu irm$o" — Pelo menos concordam em alguma coisa" ! um progresso ra?o!el"
(le suspirou, <rustrado"
4 ( sempre assim, t$o teimosa6
SSou 4 ela sorriu, abalando a decis$o dele"
— )esta e? ean tem ra?$o" + destino n$o deia ter nos reunido noamente" 2oi
uma brincadeira de mau gosto" ean n$otem nenhum motio para gostar de mim, mas !rios para me odiar
4 ele con<essou com inesperada triste?a"
— .$o ou tornar a perguntar o que aconteceu entre oc@s
dois, mas oc@ est! enganado" ean n$o o odeia" Pode n$o con<iar em oc@ e consider!Alo
um estoro, nas circunst>ncias atuais,
mas n$o o odeia" (u tambm tenho serido de pedra de trope#o
para ele, num momento em que meu irm$o precisa de pa?" — Por que di? isso6
— .$o sou como ele gostaria que eu <osse" .$o <a#o o que
deeria <a?er"
— .$o creio que ele deseDe que mude, yan 4 discordou Ben
em tom gentil" 4 %oc@ um raio de sol que dissipa as sombras
que encontra pelo caminho" )! ida a tudo o que toca" 4 )esiou o olhar, embara#ado e
surpreso com o que dissera"
2icou em sil@ncio por alguns instantes, acariciando as <ei#Les dela com o olhar"
— ! por isso que ean tem ra?$o 4 continuou" 4 (u acabaria com sua alegria,
com sua generosidade" -gora, sF sei tirar
e n$o dou nada em troca" eu irm$o sabe disso" ( sabe que <arei
tudo para terminar o trabalho que iniciei"
— Ben"""
— )eieAme terminar" ean est! certo em ser cauteloso" eme
por oc@ e por ele mesmo" .$o percebeu como sou destruidor6
! comecei a semear a discFrdia entre oc@s dois" ( tudo podeProjeto Revisoras 84
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
piorar, a menos que oc@ siga os conselhos dele" )eus sabe que
n$o deseDo us!Ala, yan, mas acabarei por <a?@Alo"
(le calouAse, sentindo que o cora#$o amea#aa partirAse"
yan permaneceu calada, re<letindo sobre o que ele dissera, percebendo a
conic#$o das palaras amargas" Haia um motio por tr!s da dure?a que ele eibia comcrueldade" ( ela precisaa descobrir qual era"
4 ua esposa""" mora em Boston6
Completamente atNnito com a pergunta, Ben sF ent$o percebeu que n$o
dedicara um sF pensamento a &elody nos Jltimos dias" .$o" (la morreu"
— 0amento"
— .$o <a#a isso" .$o h! o que lamentar"
(la o <itou aturdida" — .$o entendo"""
(le olhouAa com tanta hostilidade que era como se nunca houesse eistido um
momento de ternura entre eles"
4 .$o precisa entender" -gora, ! embora" (stou cansado
4 despediuAa com rispide?"
yan a<astouAse e logo come#ou a correr em dire#$o a sua carro#a"
4 *n<ernoQ 4 ele resmungou baiinho" .oamente magoara
algum que n$o merecia so<rer"
.aquela noite yan usou o estido noo, tentando recuperar um pouco da alegria
perdida, mas as palaras duras de Ben continuaam a perseguiAla"
(nquanto se arrumaa, bateu com raia o p no piso de madeira"
4 .$oQ Ben est! errado" ( ean tambm" ( ou proar que
ambos est$o enganados"
0!grimas quentes lhe escorriam pelo rosto e ela <echou os olhos, lutando contra odesespero" Eueria Ben com todas as suas <or#as" Eueria abra#!Alo e a<astar a m!goa, a
suspeita e a raia"
4 yanQ
(la assustouAse e enugou as l!grimas ao ouir a o? do irm$o"
— ! ou"
— (stamos esperando oc@ para Dantar"
(la alisou a saia do estido e deu um Jltimo retoque no cabelo" )epois, reunindotoda a coragem que possuía, saiu da carro#a com um sorriso nos l!bios"
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4 (stou pronta"
- mJsica n$o cessou at tarde" .ingum pediu a yan que cantasse, naquela noite"
(ra seu aniers!rio e merecia uma serenata" ocaram todas as melodias que ela apreciaa e
a conidaam seguidamente para dan#ar"
(la sorria, giraa e batia palmas, mas seu cora#$o choraa"-penas ean
notou que haia triste?a por tr!s dos sorrisos coraDosos" Eue Ben &organ <osse maldito
por arruinar a alegria de yan num dia especial"
Euando a <esta acabou, leouAa at a carro#a e deteeAa um instante antes de
dei!Ala entrar"
— %oc@ conquistou todos os cora#Les esta noite, irm$?inha"
— -cho que n$o, mas muito obrigada pelo dia marailhoso"
BeiDouAo no rosto e entrou, deiando ean pensatio" Percebendo que n$o
conseguiria dormir, ele acendeu um cigarro e decidiu ir <alar com as sentinelas, nos
rochedos acima do ale"
CAPITULO XI
Ben era outro que n$o conseguia dormir" + rosto magoado de yan n$o lhe saía
da lembran#a" )urante a <esta, nem por um momento deiaraAse enganar pela m!scara de
alegria que ela eibira, reconhecendo os sinais de desilus$o" +diaraAse por ter estragado um
dia t$o lindo, achando que merecera os olhares acusadores que ean lhe haiaendere#ado"
entou pensar em outra coisa, sem compreender por que a mente n$o lhe
obedecia" + deer <ora sua Jnica preocupa#$o durante anos a <io e era espantoso que de
repente o colocasse em segundo plano" .unca deeria ter aconselhado os rebeldes sobre a
melhor maneira de retirar ean das m$os do eri<e" ( por que a idia de que ainda pudesse
prender o capit$o rebelde tornaraAse t$o nauseante6
Precisaa <ugir" (scapar, antes que <osse tragado pela areia moedi#a que se
abria a seus ps"
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sua ontade para recuar e tomar o rosto dela entre as m$os"
— (st! melhor6 4 perguntou, tentando romper o círculo m!gico que se <ormara
ao redor deles"
— &uito melhor 4 ela murmurou, erguendo a m$o para o
rosto dele e suaemente eplorando as <ei#Les atraentes"(nt$o, num instante arrebatador, seus l!bios se encontraram" +s dele eram
gentis, acariciantes em e? de eigentes, como um
sopro de brisa" &as, mesmo suaes, proocaram uma eplos$o de emo#Les no
íntimo de yan" (la apertouAse a ele, querendo um contato maior"
( Ben deseDaa perderAse no mar de ternura e pa? que descobrira ao pousar os
l!bios sobre os dela" /m mar de deseDo" &as ele precisaa reagir" .$o podia tom!Ala ali,
naquele momento" eria aproeitarAse de sua <ragilidade" ecuou, passando os dedos pelorosto dela carinhosamente"
4 0argueAaQ 4 - o? de ean, alterada pela <Jria, quebrou
o sil@ncio"
yan agarrou a m$o de Ben, n$o o deiando a<astarAse"
4 (u mandei que a largasse, desgra#ado" 4 ean entrou na
carro#a e golpeou Ben com iol@ncia, <a?endoAo rolar para um
lado"
yan <itaa o irm$o horrori?ada"
— ean, n$o""" (u tie um pesadelo e ele ouiu meus gritos" (staa apenas
tentando me acalmar"
— (u bem i como ele a estaa acalmando" 4 (ncarou Ben"
4 .unca imaginei que <aria isso, miser!el"
Ben n$o reidou ao insulto" eria inJtil e apenas aumentaria a <Jria de ean"
Euanto a dar uma eplica#$o, tambm era impossíel, diante do descontrole emocional do
outro homem, que Dulgara a situa#$o pelas apar@ncias" 0imitouAse a olhar com <irme?a para
aquele que D! <ora seu amigo, num tempo distante"
+ sil@ncio de Ben e seu olhar impassíel alimentaram a raia de ean, que
ergueu a m$o para des<erir outro golpe" &as yan DogouAse entre eles"
4 .$oQ er! de me bater, antes de atac!Alo noamente"
Ben leantouAse com es<or#o, apoiandoAse na parede de lona e empurrando yan com
delicade?a"
4 Por <aor, este assunto entre mim e seu irm$o"
ean hesitou e abaiou a m$o, enquanto yan, numa atitude de desa<io,
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
passaa os dedos pelo <io de sangue que escorria do l!bio partido de Ben" (le tomouAlhe a
m$o, a<astandoAa de seu rosto"
4 (st! tudo bem, yan" .$o <oi nada"
+s l!bios de ean comprimiramAse e seus olhos emitiram <agulhas de irrita#$o a
custo contida"4 )eieAo, yan" .$o ou bater nele 4 prometeu corando,
endo que ela hesitaa, tale? n$o acreditando nele"
)epois de alguns instantes ela recuou, n$o deseDando tornar a situa#$o mais
di<ícil ainda"
ean suspirou pesadamente, tomando consci@ncia de que batera num homem
<erido, incapa? de de<enderAse" &as reconhecer o ato de coardia n$o contribuiu para
diminuir sua raia"4 )es#a, Ben 4 ordenou com o? perigosamente calma"
)esaDeitado, Ben digiriuAse para a saída e ainda lan#ou um r!pido olhar a yan"
4 )esculpe"
- seguir, desceu para o ch$o e apanhou as muletas"
4 ustisQ 4 ean berrou, acordando metade do acampamento"
+ homem apresentouAse em quest$o de segundos"
— 0ee o coronel para a cama dele e coloque um guarda para
igi!Alo" )e agora em diante oc@ respons!el por ele" .$o o
deie sair dos limites do hospital sem companhia" ( que )eus o
aDude se o homem burlar a igil>ncia" (ntendeu bem6
— im, senhor 4 respondeu ustis, curioso, mas prudente de
mais para <a?er perguntas" 4 %amos, ianque"
Ben seguiuAo para sua pris$o sem paredes, moimentandoAse com di<iculdade"
ean olhou para yan, cuDo rosto p!lido o luar iluminaa"
— + que aconteceu6
— (u tentei eplicar" ie outro pesadelo" Ben quis aDudar por
que sabia desses meus sonhos horríeis" (u me abracei a ele, mas
Ben n$o se aproeitou da situa#$o" 4 0!grimas continuaram a
descer pelas <aces líidas" 4 (le n$o <e? nada, mas eu queria que
tiesse <eito"
ean acreditou nela" - agonia que iu nos olhos suplicantes deiouAo
energonhado" Contudo, mesmo reconhecendo que acusara Ben inDustamente, continuaa
<urioso" (le podia n$o ser culpado no caso, mas sua simples presen#a no acampamento D!
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
causara in<elicidade e iol@ncia"
altou da carro#a para o ch$o, murmurando insultos"
yan sentouAse na cama, recordando o toque das m$os de Ben e a doce
epress$o de seu olhar" ( <icou <eli? ao conencerAse de que ele tambm <ora enolido pelo
encanto do momento, embora procurasse escapar da magia" &as de que alia tudo aquilo6
.$o haia esperan#a de <elicidade para eles, enquanto a inimi?ade que separaa Ben e ean
permanecesse" ( naquela noite tudo piorara"
ean entrou na barraca, apanhou diersos cobertores e <oi dormir ao ar lire" -
noite estaa per<eita, en<eitada pela lua de prata e milhLes de estrelas <ulgurantes" - brisa
<resca arria o ale e ele sentiu que o tumulto em seu íntimo se acalmaa"
)obrou um cobertor, improisando um traesseiro, e usou outros dois comocolch$o e coberta" 2icou olhando para o cu, re<letindo sobre os problemas criados por
yan e Ben"
(le descera para o ale, depois de <alar com as sentinelas, e ira a cama de Ben
a?ia" Com um r!pido olhar, descobrira as muletas encostadas na roda da carro#a de
yan" ( depois ira os dois abra#ados, pensando que ia eplodir de Fdio quando assistiu
ao beiDo"
.$o imaginara que Ben come#asse a moimentarAse t$o cedo, mas, comoacontecera !rias e?es no passado, subestimara a <or#a e a obstina#$o que o
caracteri?aam" *sso signi<icaa que teria de tomar certas precau#Les muito antes do que
esperara" /ma boa solu#$o seria colocar Ben em liberdade, mas era impossíel" (le sabia
demais e seria um ato de insanidade dei!Alo ir embora nas speras de uma miss$o t$o
importante quanto a captura do carregamento de ri<les"
( a aDuda que Ben prestara, aconselhando Braden, o deiara mais abalado do
que gostaria de admitir" &as isso n$o modi<icaa nada" Com aquele senso de deer, quase
en<!tico, Ben os entregaria um a um nas m$os do carrasco""
ean n$o deia hesitar em tomar proid@ncias enrgicas, mas n$o se decidia a
de<inir o destino de Ben no acampamento" )esistindo de pensar no assunto, concentrouAse
em admirar as estrelas que piscaam imperturb!eis"
Pela primeira e? na ida yan detestou er o dia amanhecer" Passara a noite
acordada, reirandoAse nos len#Fis reoltos, passando da lembran#a terna dos momentos
nos bra#os de Ben ao desgosto de recordar a iolenta rea#$o de ean"+ irm$o <ora tomado de ira erdadeira e por seu modo de agir ela sabia que ele
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
<icara realmente preocupado" ( certamente a mandaria embora se pudesse dispensar
alguns homens e mand!Alos escolt!Ala para um lugar bem distante"
Ben, por sua e?, <ora passio demais, o que a perturbara" 2ora inDustamente
atacado e nada <i?era nem dissera para de<enderAse" (ra como se concordasse com ean,
achando que se portara de modo ergonhoso" .o entanto, ele n$o <i?era nada, su<ocando odeseDo com per<eito autocontrole"
Ben era um homem complicado, um erdadeiro po#o de contradi#Les, e ela
descobrira mais uma <aceta da personalidade <ascinante" (le era capa? de carinho e
delicade?a" (ra sensíel"
( yan o amaa" .$o podia restar dJida alguma, depois de como se sentira nos
bra#os dele" .$o sabia, porm, se podia ter alguma esperan#a, por mais t@nue que <osse" Ben
relutaa em querer, em sentir emo#$o, em amar" -lgum o <erira no passado e ela n$opodia saber se algum dia ele <icaria curado"
*nsone e a<lita, yan queria chorar, mas as l!grimas haiam secado, su<ocadas
por uma angJstia grande demais"
( estaa amanhecendo" + noo dia traria de olta a ira de ean e a indi<eren#a de
Ben"
yan n$o sabia se poderia suportar"
CAP ÍTULO XII
- is$o do cu, encoberto por nuens pesadas e amea#adoras, em nada
melhorou o estado de espírito de Ben"
+s acontecimentos da noite anterior apenas haiam re<or#ado a certe?a de que
ele <ora louco em alimentar ilusLes a respeito de yan"
.$o respondera Ks acusa#Les de ean, ciente de que o capit$o rebelde agira
impulsionado pela ira" ale? achasse que Ben poderia ter chamado outra pessoa para acudir
yan, pois, como prisioneiro, deia permanecer K margem dos incidentes no
acampamento"
Ben podia imaginar a cena que ele e yan o<ereceram aos olhos de ean" (la,
coberta somente pela camisa, que mal lhe cobria as coas, apertaaAse a ele, que
estremecia de pai$o ao contato do corpo macio, dos seios Doens pressionados contra seu
peito""" - simples lembran#a desses momentos o ecitaa" eguramente D! recuperaa o
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
igor, pois tambm come#aa a <icar inquieto com a imobilidade <or#ada" .unca tiera
paci@ncia para <icar parado e tale? esse tra#o de sua nature?a houesse contribuído para
que optasse pela carreira militar" entiaAse mal sF de pensar em trancarAse num escritFrio,
cercado pelas monstruosidades construídas pelos homens e que se chamaam cidades"
rocaam a lu? do sol e das estrelas por lampiLes a g!s e a querosene, o ai puro do campopelas emana#Les desagrad!eis das ruas"
Ben adorara a parte oeste do país, com suas paisagens etensas que apelaam
a sua imagina#$o <a?endoAo sentir um homem lire" =ostaa de caalgar pela imensid$o
enchendoAse da grati<icante sensa#$o de independ@ncia completa e absoluta" ( <ora l!, por
mais estranho que pudesse parecer, que ele n$o se sentira t$o solit!rio"
-ssim, quando o peso das preocupa#Les o esmagaa, ele consumiaAse
com a necessidade de moimentarAse, de andar e usar o corpo em !rias atiidadesque o aDudaam a pensar" ( <icar imobili?ado, como estaa, com a mente pooada por
pensamentos sombrios, tornaraAse a pior dar torturas" inha de <ugir dos rebeldes,
mas o corpo e os pensamentos o traíam per<idamente" + corpo <raco n$o obedecia ao
comando da mente, a perna <raturada era inJtil e os pensamentos""" ah, os
pensamentosQ %oltaamAse obstinadamente para yan, que representaa uma
armadilha mortal" Pensara estar imune aos sentimentos que ela lhe inspiraa e assim
esquecera todas as precau#Les" - li#$o recebida de &elody n$o lhe bastara6 + que
<ora que ela lhe dissera na Jltima discuss$o, que leara ao rompimento total6 2icar
aqui com oc@6 (u n$o te amo" .ingum Damais poder! am!Alo"
)e <ato, nunca <ora amado por ningum" .em pelos pais nem pela esposa"
+ que ela dissera naquele Jltimo dia <ora a mais pura erdade" Palaras duras que
haiam matado algo ital dentro dele""" empre soubera, naturalmente, que o
relacionamento deles n$o <uncionaaG sF n$o adinhara a pro<undidade do Fdio de
&elody" )epois do rompimento ele se tornara duro como pedra" eus Jnicos pra?eres
nasciam da certe?a de ser um bom soldado e do contato puro com a nature?a"
-prendera a pre<erir a <erocidade de um le$o da montanha ou o natural
instinto predador de uma !guia K per<ídia dos animais humanos"
udo o que yan temia acabouAse por acontecer"
Euando saiu da carro#a, de manh$, encontrou ean taciturno e malA
humorado" Euis ignorar a situa#$o e <e? coment!rios a respeito dos presentes querecebera, mas parou de <alar quando percebeu como sua alegria era <alsa e como todos
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pareciam incomodados" *maginou, ent$o, se o incidente durante a noite D! era do domínio
de todos no acampamento"
Euase com arrog>ncia, ergueu o queio em atitude desa<iadora e preparou
um prato para a primeira re<ei#$o de Ben" 0an#ou um olhar para o rosto do irm$o e sentiu
moment>neo remorso ao erAlhe a epress$o aborrecida" emorso6 Por qu@6 ean n$o
quisera ouir suas eplica#Les, n$o compreendera nada" Eue <icasse com seu mau
humor"
+ encontro com Ben n$o <oi mais animador" .a erdade, pre<eria a carranca
de ean ao ar de triste?a ostentado por Ben"
Y %oc@ mostra pouca considera#$o pelas determina#Les de seu irm$o Y
ele comentou com rispide?"
+ cora#$o dela encheuAse de m!goa"
Y (le est! errado Y ela de<endeuAse, achando estranho que ele se
incomodasse com o que ean pudesse sentir"
Y .$o, n$o est! errado" em a obriga#$o de proteger oc@ e eu n$o tinha o
direito de estar com oc@, na carro#a"
Y inha todo o direito porque eu queria que oc@ <icasse"
(le deu uma risada sarc!stica e yan encolheuAse, amargurada"
Y -inda n$o entendeu, yan, mas ean sabe o que est! <a?endo" (le me
conhece" -lm disso, somos inimigos" .ada mudar! esse <ato" .$o quero comer o que
me troue" .$o quero nada de oc@"
+ rosto dele parecia esculpido em granito e yan sentiu o cora#$o partirAse
dolorosamente"
R melhor que seDa agora, ele pensou" &ais tarde ser! muito pior" &as n$o
esperara sentir tamanha angJstia ao er yan baiar a cabe#a, humilhada" (la inclinouAse
e colocou o prato ao lado dele, antes de ir embora, sem uma palara"
Ben iuAa desiarAse do centro do acampamento e desaparecer num grupo
de !rores" )epois olhou para a dire#$o onde ean permanecia parado, obserandoAo" (
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surpreendeuAse com a epress$o compreensia"
V medida que as horas aan#aam o tempo pioraa" + ento <rio curaa as
!rores e a nature?a parecia en<urecerAse" oldados corriam para <echar os portLes da
cocheira, que n$o passaa de um cercado rJstico, e acalmar alguns dos animais que se
mostraam nerosos" +utros re<or#aam as amarras da barraca do co?inheiro ou
recolhiam cobertores e selas espalhados pelo ch$o"
-s primeiras gotas de chuas D! batiam na lona que cobria precariamente o
hospital quando ustis e outro homem <oram busc!Alo"
Y %amos l!, ianque Y disse o magro sargento teano" Y (stamos indo
para as caernas"
-Dudou Ben a <irmarAse nas muletas e acompanhou seus passos hesitantes na
dire#$o da subida di<ícil que leaa Ks caernas"
- chua caía com mais <or#a, trans<ormando a poeira em lama e tornando a trilha
escorregadia" Ben teria caído !rias e?es se ustis n$o estiesse Dunto dele para segur!Alo"
2oi uma caminhada so<rida e Ben encontraaAse eausto quando chegou, K entrada de uma
das grutas" (le entrou e <icou admirado com o que iu" )iersas <ogueiras no interior Jmido
criaam um estranho Dogo de sombras no que pareciam ser centenas de caias amontoadasao longo das paredes" Haia tambm muitos ri<les, muni#$o, uni<ormes a?uis, barris de
<arinha, caias de alimentos e de remdios"
- caerna era pro<unda e Ben n$o conseguiu distinguir os limites, mas as <ileiras
de caias acompanhaam as paredes at desaparecerem nas sombras ao <undo" + sucesso
das atiidades de ean <ora subestimado e Ben n$o compreendia como ele conseguira
causar tantos danos, por um tempo t$o longo, sem ser detido" .$o pNde eitar uma onda de
admira#$o pelo homem que <ora seu amigo, ao mesmo tempo raciocinando que ean preciA
saa ter sua a#$o predadora interrompida"
/ma das obriga#Les de Ben, ao ir para o +este, era acabar com as guerrilhas
antes que o carregamento de ri<les de repeti#$o <osse interceptado pelos rebeldes" -lm dos
Con<ederados haia os índios, que, incentiados pela guerra entre os brancos, tornaamAse
mais audaciosos, empenhandoAse em ataques <reqMentes aos comboios que transportaam
suprimentos e armas" ( as unidades do (rcito, estacionadas no Oeste, precisaam dos
ri<les com a maior urg@ncia, enquanto o comando central, em Iashington, temia seriamente
que as armas caíssem em m$os inimigas" + ul era <amoso por seus eímios atiradores,
homens que haiam se dedicado K ca#a a ida inteira" +s ri<les de repeti#$o nas m$os deles
Projeto Revisoras 94
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teriam e<eitos catastrF<icos para a /ni$o"
Ben escorregou para o ch$o, ocupando um lugar indicado por ustis" 2icaa bem
atr!s, longe do <ogo, mas um soldado logo acercouAse dele leando alguns cobertores" -
caerna era <ria a Jmida, mas o<erecia bom abrigo" + ento sopraa com <Jria, uiando l!
<ora, enquanto a chua batia nas pedras em raDadas iolentas" +s troLes sobrepuDaamAse Kso?es dos mais de du?entos homens reunidos na caerna"
Ben ia yan e ean apenas de relance" .em um nem outro <oi <alar com ele,
que se encostou na parede <ria e <echou os olhos, estudando suas alternatias" .$o precisou
de muito tempo, pois n$o haia op#Les" Como poderia <ugir com uma perna quebrada e
rodeado por duas centenas de soldados que se apertaam na caerna6 em contar que
ean deia estar mantendo igil>ncia sobre ele, mesmo dis<ar#ada" uspirou ruidosamente,
chamando a aten#$o de ustis" — Euer comer, ianque6
— im"
.$o tinha apetite, mas precisaa alimentarAse para recuperar o domínio do
prFprio corpo en<raquecido" -ceitou a caneca de ca< e um peda#o de carne seca que o
sargento leou para ele, come#ando a comer agarosamente" )epois que acabou, olhou
noamente para as caias, descobrindo sem demora quais continham pistolas e ri<les
simples" )eiou a mente diagar, pensando na possibilidade de apanhar uma arma" &as
com que a carregaria6
4 .em pense nisso, coronel 4 aconselhou ustis com seu so
taque arrastado" 4 (u detestaria mat!Alo, acredita6
Ben olhou para ele atNnito" (staria tornandoAse transparente ou pensara em
o? alta6
4 (stou apenas eercitando minha mente, sargento"
- resposta <e? ustis sorrir"
4 Bem, desde que n$o saia de onde est!, acho que nos entenderemos
per<eitamente"
Ben sorriu de modo quase imperceptíel, n$o podendo negar que gostaa do
Deito do sargento rebelde"
- noite chegou sem que a tempestade amainasse, e os troLes ribombaam t$o
prFimos que daam a impress$o de estar dentro do abrigo" - mJsica come#ou e o homem
que tocaa a rabeca empenhouAse em competir com o barulho da tormenta" +s soldados
cantaam e batiam palmas produ?indo eco no grande sal$o natural" ( todos os ruídos, da
chua, dos troLes, dos homens e do eco DuntaramAse numa balbJrdia alucinante at que
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aos poucos tudo silenciou" +s troLes calaramAse, a mJsica cessou e a chua trans<ormouAse
em quieto chuisqueiro" +s homens enrolaramAse nos cobertores e a aben#oada pa? caiu
sobre todos"
Ben deitouAse, puando os cobertores para cima para aquecerAse e isolarAse domundo" (ntregaaAse K con<ort!el sonol@ncia quando ouiu as primeiras notas do iol$o de
ean" (ra a mesma melodia que o capit$o tocaa quando se sentia perturbado, que Ben
conhecia e os soldados rebeldes haiam aprendido a reconhecer como sinal ineg!el de que
ean se tornara melancFlico" ( de que deseDaa <icar sF" -s notas sucediamAse, tristes,
olteando em aria#Les e retornando sempre ao tema central"
&as ean n$o alcan#aa o alíio que costumaa achar na mJsica" ua mente
turbilhonaa, agitada demais, porque ele precisara admitir que sua enrgica oposi#$o a umrelacionamento entre yan e Ben <ora gerada apenas por seus prFprios sentimentos
compleos" .$o con<iaa em Ben, mas n$o poderia di?er que o odiaa" Contudo, a idia de
er a irm$ enolida com ele deiaaAo <urioso" ( notara como os olhos de Ben iluminaamA
se quando pousaam em yan" - atra#$o eidentemente era recíproca"
-t homens como ustis e immy, di<íceis de enganar, mostraam simpatia por
Ben, tratandoAo n$o como um ulgar prisioneiro, mas como algum digno de respeito" ( o
Ben que ele conhecera e chegara a considerar como um irm$o sempre tiera o poder de
angariar estima e admira#$o de todos os que o rodeaam" ean so<rer! quando sua
ami?ade se des<i?era" 2ora uma desilus$o terríel trans<ormarAse de amigo em algum que
Ben despre?aa, DulgandoAo um caluniador barato, um canalha" + episFdio antigo
permanecera como uma chaga no cora#$o de ean, mudando seu modo de ser,
incapacitandoAo de tornar a con<iar totalmente em outras pessoas"
&esmo mantendo <!cil camaradagem com os subordinados e amigos, sempre
haia uma certa resera, uma dist>ncia que ele n$o conseguia, ou n$o queria, superar" .em
immy, a quem dedicaa a<eto especial, encera a barreira"
( a presen#a de Ben em seu acampamento reaiara os antigos ressentimentos,
<a?endo brotar a amargura e o rancor" -s lembran#as o castigaam e ele n$o podia negar
que ainda eistiam la#os a uniAlos" /ma ami?ade t$o íntima, t$o pro<unda, como <ora a
deles, Damais desapareceria completamente" ( era isso que ean, a níel consciente, n$o
queria aceitar"
Ben era um inimigo e colocaa em risco a ida de todos" Contudo, ean tinha
com rela#$o a ele uma díida de gratid$o" ulgaraAa paga, depois que yan o salara,
mas tentara enganarAse" .unca saldaria o dbito" ( essa certe?a inter<eria em todo o
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raciocínio lFgico, causando uma enorme con<us$o de sentimentos contraditFrios"
( ean detestaa con<usLes, situa#Les mal de<inidas" )etestaa Ben por cri!Alas"
eus dedos acariciaram as cordas com mais suaidade e a melodia triste
espalhouAse no ar, alcan#ando todos os recantos da caerna silenciosa"
CAP ÍTULO XIII
)epois de tr@s dias na caerna o regimento oltou para o acampamento e Ben
retornou ao hospital" (le chegara a pensar que a chua nunca mais cessaria e come#ara a
<icar impaciente com o con<inamento, irritado com a proimidade <or#ada de tantas
pessoas"
2ora igiado constantemente, por ustis e outros soldados, acabando por apreciar
a companhia do sargento teano, que conseguia esconder a descon<ian#a e trat!Alo quase
como a um companheiro"
ustis era alto, magro, ligeiramente desengon#ado" Conseguia <icar sentado
durante horas na mesma posi#$o, <alando pouco, mas sempre esculpindo um peda#o de
madeira qualquer com incríel habilidade" ob o toque de seu caniete surgiam imagens, que
pareciam ias, de ursos, leLes montanheses, esquilos brincalhLes e !guias de olhar
penetrante" Vs e?es paraa de trabalhar para a<astar uma mecha de cabelo grisalho que
insistia em cairAlhe no rosto, quase encobrindo os olhos a?ulAp!lidos, sempre alertas"
aramente um sorriso distendia as <ei#Les angulosas e isso acontecia quando yan
estaa por perto"
Ben n$o entendia por que passara a gostar de ustis" H! muito tempo
endureceraAse contra todo tipo de sentimento" .$o queria gostar de ningum" -s pessoas
partiam, morriam" raíam" Para n$o so<rer, era melhor que con<iasse apenas em si
mesmo"
*nterrompendo a torrente sombria de pensamentos, 2ortuna aproimouAse
mancando e abriu caminho por entre os galhos que a tempestade arrancara" )eitouAse ao
lado de Ben com um suspiro satis<eito, aDeitandoAse para dormir"
— Parece que ganhou um amigo 4 comentou ustis, esbo#an
do um sorriso" 4 ( immy est! todo enciumado por causa disso"
— .$o entendo por que 2ortuna gostou de mim" .unca tie c$es e nem
prestei muita aten#$o a eles"4 ( isso con<undiu todo mundo" 2ortuna rosna e arreganha os dentes para
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
todos" ! mordeu uma por#$o de nFs 4 obserou o teano, oltando a esculpir e deiando
Ben entregue aos prFprios pensamentos"
! se sentia mais <orte" Euando ustis o leara para uma caminhada, naquela
manh$, andara o dobro da dist>ncia que cobrira no dia anterior e sem se cansar" Boa
alimenta#$o e repouso produ?iam seus e<eitos ben<icos" ua persist@ncia tambm" &uitoem bree estaria apto a tentar uma <uga"
(ssa idia desiou suas re<leLes para outros caminhos" (itara pensar em yan,
mas a lembran#a dela permanecia em sua mente como uma sombra obstinada" (la a<astaraAse
dele desde quando a tratara mal, na manh$ seguinte K noite em que ean o apanhara na
carro#a" (aminaaAlhe os <erimentos periodicamente, mas de modo impessoal" ( learaAlhe
dois liros: o romance de Charles )ickens, encontrado entre os pertences de Ben, e uma
noela que D! andara de m$o em m$o no acampamento" ogaraAos rudemente em seu coloe saíra antes que ele pudesse agradecer" +s olhos grandes e castanhos ainda guardaam a
m!goa que so<rer!"
-tormentado pelo sentimento de culpa, Ben tentaa esquecer o que <i?era, mas
em $o" (, se esse tormento n$o bastasse, o deseDo de abra#!Ala e sentir o corpo esbelto
Dunto ao seu n$o o abandonaa, insinuandoAse em seus pensamentos e em seus sonhos"
Passou !rios dias lendo e relendo os liros, porque Ks e?es chegaa ao <im da
p!gina sem entender nada, distraído pelas recorda#Les e arquitetando planos" ean
obseraaAo de longe, principalmente quando o ia caminhar amparado pelas muletas, cada
e? com mais seguran#a" .$o demoraria muito para que o capit$o rebelde tomasse
decisLes mais srias a seu respeito"
)eseDando apressar o processo de cura, Ben comia o que lhe daam e passaa
horas <leionando os mJsculos da perna <erida, <or#andoAos a trabalhar apesar da dor que
acompanhaa os moimentos" +s cortes haiam cicatri?ado, tornandoAse <inas cicatri?es
brancas"
(staa no meio dos rebeldes por mais de cinco semanas quando, uma noite, ouiu
ean e yan conersando" Percebendo que <alaam dele, <ingiu estar adormecido"
— .$o" (le ainda est! <raco demais e n$o poderia ir longe de
mais 4 yan declarou com <irme?a" 4 ( n$o acho que seDa necess!rio"
— R necess!rio, yan" %oc@ bem pode er como ele est! melhorando" .$o ou
me arriscar"
— (spere mais um pouco 4 ela suplicou" 4 )eieAo <icar mais
<orte, por <aor"
— (st! bem" &as na setaA<eira colocarei as argolas nas pernas dele, a menos
Projeto Revisoras 98
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
que me d@ sua palara de honra de que n$o
tentar! escapar"
Ben ouiuAos a<astaremAse, pensando que lhe restaa pouco tempo para tomar
uma decis$o" Com honestidade reconheceu que, se estiesse no lugar de ean, n$o teria
leado tanto tempo para pNAlo a <erros" e<letindo sobre o que ouira, descobriu que sFteria a noite seguinte para tentar uma <uga"
.a quintaA<eira acordou ansioso, mas procurou esconder qualquer sinal de
inquieta#$o" 0aouAse e tomou a primeira re<ei#$o, comendo todo o <eiD$o com bacon que
lhe learam" )epois, re<ugiouAse na leitura"
ustis acompanhouAo na caminhada da manh$ e quando oltaram para o
espa#o ocupado pelo hospital Ben sentouAse, recostado na sela <orrada por cobertores"
+ dia arrastouAse pregui#osamente" entou retomar a leitura, mas a mentediagaa" +lhou para o terreno ocupado pelo centro do acampamento, calculando a
dist>ncia que ia da cocheira ao bosque mais prFimo" Cerca de cem metros, da parte de
tr!s da cocheira at as !rores" e ele conseguisse chegar ao cercado, rolar por baio da
cerca e pegar um caalo r!pido sem ser descoberto, tale? conseguisse <ugir" &as antes teria
de dominar o guarda que o igiaa e precisaa contar com a possibilidade de os sentinelas
n$o adiinharem que o caaleiro que saía do ale era o prisioneiro ianque"
Haia um obst!culo nada despre?íel" odos no acampamento pareciam tensose inquietos, o que os learia a <icar alerta" +s soldados estaam malAhumorados, tale?
querendo partir, mas obrigados a permanecer no ale, esperando" Ben n$o sabia eaA
tamente o que esperaam, mas deia ser algo bastante importante" ale? o carregamento
de ri<les de repeti#$o" .$o" eria aud!cia demais"
ustis <oi rendido por outro igia, um soldado raso" ( <oi muitas horas depois que
ean acercouAse de Ben, <a?endo um gesto para que o Doem rebelde os deiasse a sFs"
— (st! melhorando com bastante rapide? 4 a<irmou ean,analisando a rea#$o de Ben"
— (u n$o enceria nenhuma corrida"
— .$o apostaria nisso 4 respondeu ean com um lee sorriso"
— -prendi, da <orma mais dura possíel, a n$o subestim!Alo"
— *sso <oi quando eu n$o estaa quase in!lido" 4 Haia irrita#$o na o? de
Ben"
— &as D! n$o est! quase in!lido, n$o erdade6 (ncontraAse apenas num estado de desantagem <ísica"
Projeto Revisoras 99
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
— Tbio, n$o6
Ben perguntaaAse aonde aquele Doguinho idiota de gato e rato os learia" .$o
gostaa nem um pouco de encarnar um rato inde<eso e a raia que o acometeu
transpareceu nos olhos a?uis"
ean a percebeu, notando que os l!bios de Ben apertaamAse numa linha <ina"entiuAse itorioso e ao mesmo tempo energonhado"
— %oc@ sabe por que est! aqui 4 atacou <riamente" 4 ( sabe
o perigo que representa para mim e para os meus" Euero sua palara, Ben, de que n$o
tentar! eadirAse" (m troca, prometoAlhe que lhe darei o m!imo con<orto possíel e que em
bree o remoerei para um lugar seguro"
— .o ul6 (iste seguran#a em tal lugar6
—
(iste, no .orte6 4 replicou ean" 4 - Jnica di<eren#a que oc@s t@m mais comida, mais roupas e medicamentos" .Fs
nos mantemos como podemos" %oc@ <oi um dos que aproaram
a idia de parar com a troca de prisioneiros" -gora est! sentindo
na carne os e<eitos de sua mesquinhe?"
Ben <icou silencioso" ! isitara algumas prisLes militares nortistas" (ram buracos
empestados, com um índice de mortalidade ergonhoso, onde soldados sulistas apodreciam
por motios sem maior import>ncia" .enhum dos dois lados Damais seria condecorado pelo
tratamento dispensado aos prisioneiros de guerra, principalmente depois que as trocas
haiam cessado e as prisLes recebiam um nJmero sempre crescentes de homens"
— + que <ar! comigo, se eu n$o lhe der minha palara6 4
Ben indagou"
— )epende" (mpenhar! sua palara6
— (st! me chantageando6
— Pense o que quiser" Euero <a?er um trato com oc@"
— - resposta não.
ean encolheu os ombros, com descaso"
4 ! esperaa por isso, mas eu precisaa tentar" Por nFs dois"
%oc@ um tolo, Ben" /m demente" .$o acha que ou dei!Alo
solto, n$o 6 Com sua intransig@ncia, apenas tornar! tudo mais
di<ícil para mim, para yan e para oc@ mesmo"
Projeto Revisoras 100
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
Ben continuou a <it!Alo de modo impassíel"
— .$o tente <ugir, Ben" .$o quero mat!Alo, mas o <arei, se <or preciso"
— /ma quest$o de Dusti#a" 4 (le hesitou, relutando em di?er
o que deseDaa" 4 )esculpe, mas n$o posso <a?er o que me pede" .$o posso" ( oc@
sabia que eu n$o aceitaria" — &as, como disse, precisaa tentar" - partir de amanh$ <icar! sob
igil>ncia redobrada" .$o preciso dos problemas que
oc@ poderia criar 4 ean salientou, indo embora"
Ben acompanhouAo com o olhar at @Alo desaparecer na barraca" entira que
ean deseDara di?er mais alguma coisa" (le tambm poderia ter <alado mais" &as era
tarde"
)epois do Dantar, Ben <or#ouAse a dormir um pouco e, quando despertou, oacampamento estaa silencioso e o cu per<eito para o que planeDara" .uens espessas
encobriam a lua e pouca claridade caía sobre o ale"
ustis oltou para montarAlhe guarda e Ben amaldi#oou o <ato" (ra por tais
eentualidades que estiera certo em nunca permitir enolerAse emocionalmente com
ningum" - idia de bater em ustis causaaAlhe repugn>ncia, mas n$o haia alternatia"
entouAse de repente, apertando o estNmago com as m$os" + sargento olhouAo de relance
e depois <itouAo com mais aten#$o" — + que , ianque6
— .$o sei""" (stou com dor de estNmago" -cho que a comida
me <e? mal" Preciso omitar"
ustis estudou o prisioneiro pensatiamente" Passara a gostar e Ben, apesar de
tudo" + ianque <alaa pouco, como ele prFprio, e nunca se queiaa" e di?ia que estaa
doente, deia ser erdade"
SS (st! bem 4 concordou, estendendo a m$o para aDudar Bem a leantarAse"
Ben <irmouAse pegando a m$o que lhe era o<erecida e ergueuAse, apoiandoAse
nas muletas" + teano segurouAo pelo bra#o e guiouAo na dire#$o das latrinas, no bosque"
ubitamente, Ben curouAse gemendo" Euando ustis inclinouAse para ampar!Alo, Ben
ergueu uma das muletas e atingiu o rebelde na cabe#a" ustis caiu, sem um grito, e Ben
sentouAse no ch$o"
(aminou o homem, di?endo a si mesmo que n$o o <erira graemente" )espoDouAo
da camisa e do casaco cin?ento e estiuAo com sua surrada tJnica a?ul" )epois, rasgou o
que restara de sua prFpria camisa e usou as tiras para amorda#!Alo e amarr!Alo"
(rgueuAse, mantendo o peso do corpo sobre a perna boa e <irmandoAse numa dasProjeto Revisoras 101
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
muletas" )ecidiu lirarAse da outra e atirouAa para longe, dirigindoAse a seguir, em saltos
desaDeitados, para o lado mais distante da cocheira"
*a passar por baio da cerca quando ouiu a o? escarnecedora de ean"
4 R <alta de educa#$o deiar um lugar sem agradecer ou di?er adeus"
Ben <icou imFel" &al distinguia o ulto de ean na obscuridade" entouraciocinar" ean estaria so?inho6 (le seria capa? de <icar escondido no meio dos caalos,
at que pudesse montar em um deles e correr6 -palpou o ch$o cautelosamente"
4 2a#a mais um moimento e eu atirarei 4 aisou o capit$o
dos rebeldes com o? glida"
Ben tee de admitir a derrota" .$o duidou, nem por um segundo, que ean
cumprisse a amea#a"
—
+ que <e? com ustis6 4 ean quis saber, — (st! l! atr!s" .$o o <eri graemente"
— e?e para que isso seDa erdade"
— ( agora, ean6 4 Ben perguntou quase com indi<eren#a"
— e eu tiesse um pouco de bom senso, mataria oc@"
— (nt$o, crie Duí?o e atire"
+s dois homens encararamAse nas sombras e ean <oi o primeiro a desiar o
olhar"
4 immyQ )anQ 4 chamou"
+s dois soldados apareceram, surgindo da escurid$o"
4 + coronel tentou dar um passeio longo demais 4 eplicou
o capit$o em tom de ?ombaria" 4 0eemAno de olta para a cama"
-inda olhando para ean, Ben leantouAse e calcou a muleta no ch$o" em a
outra, era di<ícil <icar em p e ele perdeu o equilíbrio, caindo de mau Deito sobre a perna
<raturada" entiu uma corrente de dor percorr@Ala de cima a baio"
— -rrastem o ianque para o hospital 4 ordenou ean sem
nenhuma piedade" 4 immy, <ique com ele, l!" )an, ! procurar ustis" (st! caído em
algum lugar"
— .a dire#$o das latrinas 4 eplicou Ben, antes de ser pua
do pelos dois Doens soldados"
Pouco depois, ean ouiu um grito de aiso e dois homens saíram de um grupo de
!rores" )an e ustis, que es<regaa a cabe#a com uma das m$os ossudas"
— + que aconteceu6 4 perguntou o capit$o secamente"
— (le disse que estaa passando mal, senhor" ( parecia doente mesmo"
Projeto Revisoras 102
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
ean olhouAo com desgosto"
4 %oc@ me decepcionou, ustis" .unca pensei que o ianque
pudesse engan!Alo"
+ teano n$o se importou com a repreens$o, <itando o capit$o com curiosidade"
4 )an me contou que oc@s estaam esperando por ele, perto da cocheira"Como sabia que ele ia tentar escapar6
ean mostrouAse incomodado com a pergunta"
— ie um pressentimento" &as isso n$o importa, agora"
-corde Bobby Iilson e mandeAo montar guarda ao ianque" )e
pois ! descansar, ustis" -manh$ conersaremos"
— Iilson6Q 4 eclamou o sargento sem esconder a surpresa"
Bobby Iilson pertencia ao grupo dos intolerantes que achaam que Ben deeriater sido <u?ilado sem condescend@ncia, no primeiro dia em que <ora leado ao acampamento"
+diaa todos os ianques, indistintamente, desde que seu irm$o, quase um menino, <ora
morto na %irgínia"
ean lan#ou um olhar duro para ustis, que se calou, indo cumprir as ordens
recebidas"
)entro de poucos minutos um cabo sonolento apresentaaAse, aceitando a tare<a
de igiar o ianque com epress$o de Fdio no rosto Doem"
Euando yan deiou a carro#a, na manh$ seguinte, percebeu que algo
acontecera durante a noite" odos mantinhamAse calados e srios e ela ia come#ar a <a?er
perguntas quando notou a epress$o <echada do irm$o"
0an#ou um olhar para onde Ben se encontraa e iu que ele ainda estaa l!,
igiado por Bobby Iilson, um dos homens que n$o inspiraam nenhuma simpatia" urpresa,
irouAse para ean"
4 Por que Bobby Iilson6 +nde est! ustis6
- ruga que ele eibia na testa apro<undouAse"
— eu protegido tentou <ugir, depois de golpear ustis na cabe#a com uma das
muletas"
— Como ele est!6
— eu protegido6
— ustis"
— Com dor de cabe#a e orgulho <erido"
— + que ai <a?er com Ben6
Projeto Revisoras 103
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
— + que D! deeria ter <eito" omar proid@ncias para que ele
n$o tente noa <uga"
— %oc@ estaa certo ao di?er que ele ia tentar <ugir" + que
aconteceria se ele tiesse conseguido, ean6 &andaria soldados
aqui6 — ale?" (le learia algum tempo at conseguir aDuda e enquanto isso
deiaríamos o ale" &as teríamos de deiar tudo para tr!s e nossos planos de ataque ao
comboio transportador de ri<les estariam arruinados"
— into muito, ean" %oc@ tinha ra?$o, desde o come#o" (u
n$o deia t@Alo tra?ido para c! 4 ela admitiu humildemente"
— .$o, eu n$o tinha ra?$o" Como a minha menininha sensíel poderia ter
deiado um <erido abandonado K prFpria sorte6 e o <i?esse, nunca mais teria pa?" -gora! er ustis e depois eamine a perna do coronel" &achucouAa noamente"
— .$o me importo"
— .$o acredito, irm$?inha" ustis estaa bem" eu orgulho <ora
pisoteado, mas o homem possuía bom g@nio e a capacidade de rir de si mesmo salaraAo
de sentirAse completamente humilhado" +stentaa um caro#o na cabe#a, mas nada grae"
)epois de eaminar o sargento, yan dirigiuAse para a !rea do hospital" Ben
achaaAse sentado, mas a dor transparecia no rosto e os olhos estaam misteriosos, nada
reelando de seus sentimentos" (la n$o iu curiosidade, desapontamento ou hostilidade
neles" oda a emo#$o oltara a ocultarAse por tr!s da armadura que o reestia"
4 ean disse que oc@ tornou a machucar a perna 4 ela comentou <riamente,
mas a raia assaltouAa de sJbito" 4 eu loucoQ .$o percebe que poder! <icar aleiDado para
sempre se insistir em usar a perna <raturada6
(la passou as m$os pelas talas, que haiam saído do lugar, tornandoAse inJteis"
-palpou o osso quebrado e ele contorceu o rosto, tomado de dor"
- despeito da raia, ela suspirou aliiada" + osso permanecera no lugar, mas <ora
<or#ado" Ben retardara o processo de cura com sua imprud@ncia" Por sorte n$o houe
dano irreersíel"
(la recolocou as talas no lugar e en<aiou a perna, sem olhar para ele"
— )eie esta perna em pa?, por <aor" .$o se apFie nela por
algum tempo 4 aconselhou, preparandoAse para sair"
— yan"""
— im6 4 (la irouAse para ele"
— +brigado"
Projeto Revisoras 104
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
(la n$o respondeu"
Ben mal tocou no alimento, sem nenhum apetite depois da enorme <rustra#$o" ( a
dor na perna Duntamente com a certe?a de que yan sentiaAse in<eli? deiaamAno ap!tico e
desinteressado de tudo" /m guarda chegou para <icar no lugar do cabo arrogante, sentandoA
se a meio metro da cama e colocando o ri<le atraessado nos Doelhos"
)urante a manh$, Ben notou que alguns obDetos e mFeis eram trans<eridos da
carro#a de yan para a barraca de ean" (stranhou o <ato, mas sua situa#$o prec!ria
impediaAo de preocupar se demasiadamente com o que se passaa no acampamento" *maA
ginaa que proid@ncias ean tomaria a seu respeito"
-o meioAdia immy e outro homem apareceram, aDudandoAo a equilibrarAse nas
muletas" - que ele atirara longe na noite anterior <ora encontrada perto das !rores" 2oi
leado at a carro#a que yan ocupaa e immy mandouAo sentarAse perto de uma das
rodas, sobre alguns cobertores dobrados"
(nt$o ean apareceu, segurando um par de argolas de <erro unidas por uma
corrente"
4 ColoqueAas nos torno?elos 4 o capit$o ordenou, Dogando
as argolas para Ben, que instintiamente pegouAas"
(aminouAas, endo que eram as mesmas que trouera de Iashington" (las o
repugnaam, mas um dos generais o obrigara a coloc!Alas na bagagem" Perdera um <ilho
num ataque dos rebeldes e odiaa todos os sulistas, principalmente os guerrilheiros"
4 raga aqueles demNnios 4 recomendara" 4 ( coloque is
to nas pernas do maldito che<e"
Ben as colocara no <undo de uma das bolsas e as esquecera"
4 ColoqueAasQ 4 ean eigiu" 4 +u mandarei chamar Iilson e ele n$o ser!
nada gentil, acredite"
Ben olhou para os obDetos de metal, relutante" -cabou por obedecer, apertando ol!bio in<erior com os dentes ao sentir o contato <rio nos torno?elos nus" 2echou as argolas,
que se trancaram com um ruído seco, e estremeceu"
4 -gora isto 4 ean continuou, eibindo algemas" 4 /ma
ser! colocada em seu bra#o e a outra num dos raios da roda"
+ capit$o estendeu as algemas e Ben apanhouAas, mas n$o <e? nenhum gesto
para prend@Alas no pulso ou na roda"
—
Eual o problema, Ben6 %oc@ <aria o mesmo comigo" +bede#aQ — .$o 4 Ben recusouAse" 4 ColoqueAas oc@"
Projeto Revisoras 105
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
ean sorriu com sarcasmo e inclinouAse" Pegou as algemas e prendeu uma ao
bra#o de Ben e a outra ao raio que saía do centro da roda e descia at o aro de madeira, em
contato com o ch$o"
Ben olhouAo com <rie?a"
— &ais alguma coisa6
Basta, por agora" 2icarei com as chaes das argolas e das algemas" %oc@ sF se
lirar! delas quando estier bem seguro num campo de prisioneiros" (sque#a os passeios"
4 %oltouAse para ir embora" +lhando para tr!s, acrescentou: 4 )eia ter aceitado minha
o<erta, Ben"
Ben inclinouAse contra a roda, testando as correntes que o prendiam" - que ligaa
as duas algemas tinha cerca de cinqMenta centímetros de comprimento e era <orte"
-s argolas dos ps eram unidas por uma corrente de noenta centímetros, o que
o<erecia alguma liberdade de moimentos, mas nenhuma possibilidade de <uga"
uspirou, preendo que os dias que se seguiriam seriam di<íceis de suportar"
)ependeria de outras pessoas para suas mínimas necessidades e saber que yan seria
testemunha de sua humilha#$o tornaa a situa#$o intoler!el" .em tentou deter o
desespero que lentamente o enolia"
+ dia arrastouAse" + sol brilhante secou a terra empapada de chua, D! coberta
por <olhas mortas, nos mais ariados tons de laranDa e ermelho, que prenunciaam o
outono" udo era colorido, mas Ben nem ia a bele?a da mudan#a de esta#$o, isolandoAse
em si mesmo e em sua desgra#a"
eu íntimo, antes inepugn!el, D! <ora inadido por sentimentos sorrateiros que
aos poucos minaam as muralhas de <rie?a e indi<eren#a" Primeiro <ora o a<eto pelo <ilho,
depois a atra#$o por yan e, <inalmente, o remorso que ean despertaa nele e as
lembran#as de uma grande ami?ade morta" ean, o maior inasor de todos, porque
representaa so<rimento, rancor e arrependimento inJtil" ale? tudo se tornasse maissimples se ele pudesse odiar ean" &as n$o podia"
( yan aumentaa seu desespero" .$o era atra#$o ulgar que sentia por ela"
-ntes <osse" .a erdade, Ben estaa se apaionando pro<undamente"
o<ria por n$o receber mais o tratamento carinhoso que ela lhe dispensara no
come#o" + olhar terno se <ora, substituído por uma epress$o <ria e impessoal" (le nunca
mais ira o sorriso aberto e generoso, nem ouira o riso alegre e espont>neo" yan cuidaa
dele quando era absolutamente necess!rio, usando gestos decididos de en<ermeiracompetente" F"
Projeto Revisoras 106
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cuidando de seus <erimentos, ean sentira medo" (stranho pressentimento" )epois ira
seus receios con<irmados, obserando como os dois conersaam durante horas, com os rosA
tos trans<igurados pela alegria de estarem Duntos" abia que yan contaa a Ben <atos de sua
ida que at ent$o partilhara apenas com ele" ( o ciJme instilaa eneno em seu cora#$o"
Eueria que a irm$ encontrasse algum para amar, mas n$o Ben &organ"ean olhou paraela, sentada na cama que leara para sua barraca, Duntamente com as roupas e outros
pertences" yan era bonita e olhar para ela enchiaAo de ternura" +s olhos castanhos,
porm, sempre t$o brilhantes, mostraamAse a?ios de epress$o" - alegria murchara e o
espírito ia? perdera a curiosidade e o interesse pelo que se passaa ao redor" &esmo a
teimosia que tanto o diertia como aborrecia desaparecera"
4 enteAse traída, n$o 6 4 ele perguntou de repente"
(la n$o respondeu por alguns instantes" ean n$o gostaa de Ben e desde oinício a aisara de que deia <icar longe dele" ( ela conhecia o irm$o muito bem para saber
que o motio para o antagonismo n$o se limitaa ao <ato de estarem em lados opostos na
guerra"
— R erdade" intoAme traída" (u pensei que""" que ele estaa
come#ando a gostar de mim" Eue est!amos nos entendendo um
pouco mais"
— ( ele a desapontou"
— im" (le sabia que estaa pondo em perigo as idas de pessoas que o
aDudaram a curarAse" - ida de immy, de ustis, a sua" .Fs o salamos e ele""" ele"" 4 .$o
pNde continuar, su<ocada por um nF na garganta"
— (le disse que n$o <a?ia quest$o de ser salo, mas que oc@
insistiu 4 obserou o irm$o com um sorriso triste"
(la olhou para ele, em desespero" ean leantouAse da cadeira e aproimouAse
dela, tomandoAa pela m$o"
4 %amos dar um passeio 4 conidou"
aíram da barraca de bra#os dados e caminharam para uma pequena clareira
perto do rio, (la sentouAse olhando para a !gua que re<letia os Jltimos raios do sol"
4 + que aconteceu entre oc@s dois6 4 perguntou, esperan
do que daquela e? ean respondesse"
(le hesitou, mas apenas por alguns segundos" )e repente achou importante
reelar a erdade"
4 R uma longa histFria 4 come#ou" 4 -cho mesmo que o
início deuAse no eas" .$o haia nenhuma boa escola no lugar
Projeto Revisoras 108
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
onde iíamos e papai queria, acima de tudo, que eu recebesse
instru#$o" &as nossa <amília n$o tinha dinheiro para me mandar estudar <ora"
(le sorriu com alguma ironia"
4 - ida muito engra#ada" .a poca, eu sF queria sair de
casa e estudar para n$o correr o risco de me tornar rancheiro,trabalhando como um desgra#ado e sempre lutando com noas
di<iculdades, sem grande recompensa" HoDe, n$o posso imaginar
eist@ncia melhor"
(le <icou em sil@ncio, coordenando os pensamentos"
4 Papai tinha serido sob o comando do general Houston e com a aDuda
dele conseguiu uma entreista para mim em Iest Point"
ean olhou para a !gua, recordando como o pai <icara orgulhoso quando ele<ora aproado"
4 .$o tínhamos dinheiro para comprar roupas em loDas e mam$e passou
semanas costurando" (u me sentia <eli? e orgulhoso"
/m rapa? de de?oito anos embarcando para a aentura" &inha
alegria acabou cedo" .o pequeno naio em que iaDei, encontrei um grupo de rapa?es que
tambm ia para Iest Point" orneiAme alo de suas brincadeiras"
&inhas roupas eram <ora de moda e eu prFprio n$o passaa de um caipira"
orriu com ironia"
4 /m dia perdi a paci@ncia e ataquei o líder da turma" (u sF sabia lutar
no estilo do eas" %aleAtudo" &as o rapa?es in<ormaramAme que aquele n$o era o
modo como caalheiros lutaam" euniramAse e me deram uma surra que quase me
matou" (ssa <oi minha entrada triun<al em Iest Point" SS Eue selagensQ
4 ela murmurou reoltada"
— ( a situa#$o n$o melhorou nada"
(u era uma raridade, uma
aberra#$o" eano descendente de irlandeses" )ois tipos despre?ados tanto por sulistas
quanto pelo pessoal do 0este" +s alunos eram designados para os aloDamentos pela ordem
al<abtica dos sobrenomes" &allory e &organ" 2oi assim que Ben e eu passamos a diidir
um quarto" + aristocrata de Boston e o ru<i$o do
eas"
&ais uma e? ele <e? pausa, sorrindo de lee"
4Ben procurou <a?er ami?ade, mas eu n$o queria saber de nada" .$o con<iaa
em nenhum dos selagens e n$o <a?ia a mínima quest$o de me tornar
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um deles, adquirindo sua esnobe arrog>ncia" Passei a recusar o o<erecimento de ami?ade
que Bem me <a?ia e apenas acidentalmente descobri que ele era herdeiro de uma <amília
de armadores" orneiAme ent$o mais reserado"
— (ram todos ricos em Iest Point6
— .em todos, mas eu era um p!ria" .$o que me importasse" .$o gostaa dosmeus colegas e eles n$o gostaam de mim, mas isso n$o me incomodaa" F que eles
<oram mais longe" )ecidiram que iam me pNr para <ora da academia" &eus uni<ormes apaA
reciam suDos nos dias de inspe#$o e as botas surgiam enlameadas depois que eu as
engraaa at brilharem" Coisas desse tipo" (
eu decidi que n$o ia deiar aqueles desgra#ados me encerem"
— .ingum tomaa sua de<esa6
—
Ben nunca tomou parte na conspira#$o e at tentaa acabar com ela,aisando que qualquer o<ensa que me dirigissem tambm seria dirigida a ele" (u deia ser
grato a ele, mas n$o era" oem demais e in<lado de orgulho, eu achaa que podia cuidar
de mim mesmo e mandeiAo parar de inter<erir"
+s olhos de ean brilharam com noas recorda#Les"
4 Passei, ent$o a <a?er tudo para super!Alo" orneiAme o melhor boeador,
caalgaa com mais perícia e estudaa com mais a<inco" ( Ben continuaa como sempre
<ora: educado e comedido" ( sua maneira de ser me irritaa mais que os ataques dos
outros"
ean parou de <alar e olhou para o bosque que se estendia do outro lado do rio,
perdido em lembran#as" )epois, balan#ou a cabe#a e olhou para yan"
— Como @, irm$?inha, oc@ tee de quem herdar a teimosia"
— Continue 4 ela pediu impaciente" 4 + que aconteceu
depois6
— /ma noite atraessamos o rio a nado" Ben e eu, por causa
de uma aposta" /ma erdadeira loucura porque era <im de outubro e a !gua estaa gelada,
mas eu iia querendo proar minha superioridade" +s colegas <icaram na margem de
chegada" +s de sangueAa?ul apostaam em Ben, os plebeus, em mim" - meio
caminho da margem tie uma c$ibra na perna e comecei
a a<undar" Ben, que inha logo atr!s, arrastouAme at a margem,
quase se a<ogando" -lguns rapa?es pularam na !gua e retiraram
nFs dois, mais mortos que ios"
SS Ben salou sua ida, ent$o"4 im" ( n$o se pode continuar detestando
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algum que nos tirou das garras da morte, arriscando a prFpria ida" *sso aconteceu no
primeiro ano" Passamos os outros tr@s como amigos insepar!eis, embora continu!ssemos
a competir em tudo"
ean interrompeuAse, deseDando encontrar as palaras certas para continuar a
narratia, e D! n$o sorria" — .o Jltimo ano conhecemos &elody Bryan" %iera da Carolina do ul com a m$e e
era lindíssima" Cabelos pretos como bano olhos de esmeralda" (staam arruinadas, mas era
eidente que D! haiam conhecido a rique?a" -s roupas, desgastadas, eram elegantes e as
duas mulheres portaamAse como rainhas" .$o de morou muito para que todos os cadetes
da academia come#assem
a andar atr!s de &elody, mas apenas eu e Ben <omos encoraDados" )emorou para que eu
percebesse, mas a beldade diertiaAse com nFs dois, Dogando um contra o outro" — Por qu@6
— ale? <icasse lisonDeada endo dois homens brigando por
sua causa" ( como brig!amosQ (la possuía olhos que imploraam a<eto e l!bios que
pediam beiDos" ( tinha a habilidade de <a?er um homem sentirAse a pessoa mais
marailhosa do mundo" Ben e eu, depois de !rios meses de briga, discutimos o assunto e
decidimos que n$o a deiaríamos inter<erir em nossa ami?ade"
(la acabaria por escolher um de nFs e o outro sairia do caminho, sem rancor,
esportiamente"
— 4 ("""
— (spere" &elody n$o queria isso" )eseDaa <icar com os dois
e que continu!ssemos a nos digladiar" Prosseguiu com suas intrigas e <inalmente <arteiAme
da situa#$o"
— Conseguiu se a<astar6
4 (u tie sorte, yan" .ossos pais sempre deram eemplo de amor, salientando
que amar dar e n$o receber" Ben n$o tee isso" .$o recebeu amor da <amília e era
<aminto por a<eto, tornandoAse presa <!cil de &elody" -paionouAse" Os dois <icaram noios e
marcaram o casamento para logo depois da <ormatura" (u tinha meus receios, mas Ben
estaa tão <eli? que n$o os eternei"
ean tornou a <a?er uma longa pausa, como se as recorda#Les lhe trouessem
so<rimento" (nt$o, <altando dois dias para nossa <ormatura, &elody
mandou um garoto me chamar, di?endo tratarAse de assunto urgente, relacionado com Ben"
Euando cheguei K pens$o onde as duas mulheres moraam, a m$e haia saído e &elody
n$o estaa""" bem""" traDada de <orma decente para receber um homem" (la declarou me
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alastrara, encendo o tempo e enolendo outras pessoas" ( ent$o yan conheceu o
Fdio, um sentimento at ent$o desconhecido" +diou &elody com todas as <or#as de seu
cora#$o e encheuAse de piedade por Ben, por ean e por ela mesma"
4 -gora entendo por que ele disse que a esposa estaa morta, mas que n$o
haia nada a lamentar 4 ela disse num murmJrio" 4 (ntendo por que Ben t$oamargurado"
ean puouAa para si, abra#andoAa, compreendendo sua dor" yan so<ria por si
mesma, mas sua agonia era muito mais por ele e por Ben" .$o disse nada, sentindo que ela
precisaa superar esse momento so?inha"
(la saiu dos bra#os dele e <itouAo com triste?a"
4 (ntendo muitas coisas, meu irm$o" -gora, entendo" ( posso
adiinhar um pouco do que oc@ dee sentir" )esculpe" %!riase?es me oltei contra oc@, pensando apenas nos meus sentimentos, sem me importar com
os seus"
(le tranqMili?ouAa com um olhar"
— - culpa n$o sua, yan" .em minha nem de Ben" -contece que <omos
reunidos num momento completamente errado" ale?""" pelo destino" ( quem est! so<rendo
mais Ben" (u sei" (u tambm so<reria muito se estiesse no lugar dele"
— (le t$o solit!rio, ean" ( nem sabe que , ou n$o aceita
a erdade" ( agora que conhe#o a causa odeio aquela mulher"
&esmo morta, eu a odeio"
ean <itouAa" +s olhos encontraamAse nublados de l!grimas e a epress$o do
rosto sempre t$o meigo era de reolta" )esolado, comproou a erdade que lhe custaa
aceitar" yan estaa apaionada por Ben" ( tudo acabaria em tragdia, destruindo os tr@s"
+ pressentimento era t$o <orte que ele nem tentou ignor!Alo"
.$o podia suportar o so<rimento da irm$" omando uma r!pida decis$o, pegou o
queio delicado, <or#andoAa a encar!Alo K lu? da lua nascente"
4 +ntem <iquei na cocheira esperando por Ben porque tinha certe?a de que
ele ia tentar <ugir"
(la olhouAo desarorada"
— + qu@6 (u n$o entendo"
— abia que ele ia tentar" Ben n$o estaa dormindo, na outra
noite, quando oc@ e eu est!amos conersando" + que eu disse
<oi de propFsito, esperando conenc@Alo a me dar sua palara de
que n$o tentaria escapar" .$o <uncionou"
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— (stou con<usa, ean"
— (u sei, menininha" (stou tentando di?er que, embora saiba que ele n$o o
homem certo para oc@, n$o quero que se sinta traída pelo que ele <e?" Ben um soldado
danado de bom e <e? uma carreira brilhante" (ra seu deer tentar <ugir" (u <aria o mesmo,
se <osse prisioneiro"4 (nt$o por que oc@ estaa t$o ?angado, hoDe de manh$6
/ma sombra passou pelo rosto de ean"
— .$o sei" ale? eu tiesse a esperan#a de que ele n$o tentasse uma <uga" +
que ele <e? a ustis tambm me deiou <urioso" (""" eu n$o queria ser <or#ado a <a?er o que
<i?, coloc!Alo a <erros" &as n$o posso me arriscar a dei!Alo <ugir" Poderíamos acabar na
<orca" Pretendo obrig!Alo a reconhecer que qualquer
tentatia de <uga ser! <rustrada" ale? ent$o consiga sua palara de que n$o tentar! maisnada"
— ( se n$o conseguir6
— Continuar! como est!" .$o tenho alternatia"
— -inda eiste algo <orte entre oc@s, n$o 6
— Certas coisas n$o podem ser apagadas da alma" )isse a Ben
que lhe deia minha ida, mas que consideraa a díida paga,
depois que salamos a dele" &entira" .unca pagarei" (le arriscou a prFpria ida para salar
a minha" ( isso n$o posso esquecer" .unca"
— ( sua gratid$o n$o pode ser maior que o ressentimento"
— ambm n$o posso esquecer a noite em que meu melhor
amigo, quase meu irm$o, me chamou de estuprador e quase me
matou"
ean desiou o olhar do rosto da irm$ e <itou a !gua prateada de luar"
4 =ratid$o e ressentimento" .$o h! como separ!Alos" -cho
que isso que me deia t$o <urioso" .$o h! lFgica"
yan abra#ouAo e pousou a cabe#a em seu ombro, num gesto de compreens$o
silenciosa" .$o haia o que di?er" )epois de !rios minutos ean quebrou o sil@ncio:
— %ou lhe di?er uma coisa" .$o acredito que Ben <osse diretamente Ks
autoridades, se tiesse <ugido" )aria um Deito de se
perder no caminho e demoraria bastante para encontrar o rumo
certo" Euando iessem atr!s de nFs, n$o estaríamos mais aqui"
*sso a <a? sentirAse melhor6
— "oc se sente melhor, com essa certe?a6
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4 &inha irm$?inha perceptia demais" %amos embora6
(la andou na <rente, n$o querendo que ele isse as l!grimas que n$o paraam de
correr"
! era tarde quando entraram no acampamento" Euase todos D! dormiam, mas
um soldado tocaa uma melodia na gaita, enquanto outros dois Dogaam cartas perto da
<ogueira" ean leou yan at a barraca e deiouAa so?inha"
+ ar estaa <resco e ele aspirou pro<undamente" eria uma noite <ria e o tempo
es<riaria mais a cada dia" ean, porm, n$o se preocupaa" (stariam longe do ale quando o
tempo piorasse com a aproima#$o do inerno" -cendeu um charuto e de repente tee
ontade de tomar uma bebida" )irigiuAse para a carro#a de yan, onde a irm$ ainda
guardaa os medicamentos e o conhaque que usaa para tontear os <eridos no caso de um
tratamento mais doloroso" (spantouAse ao er Ben ainda desperto e sentado"
Continuou a andar para a parte de tr!s da carro#a, quando algo o <e? oltar"
ale? algo proocado pelas recorda#Les daquela noite, ou por mera curiosidade" Parou na
<rente de Ben, incerto sobre o que <a?er"
— Euer um charuto6 4 o<ereceu por <im"
— im"
Ben pegou o charuto que ean lhe entregou e cheirouAo com satis<a#$o"
4 R um dos meus 4 declarou com epress$o impassíel"
4 )espoDos de guerra 4 ean respondeu com um esbo#o de
sorriso"
- ironia da declara#$o n$o escapou a Ben" Vs e?es discutiam, nos elhos tempos
de ami?ade, sobre os aspectos ticos e pr!ticos da guerra e do saque"
Ben aproaa os mtodos antigos que mandaam tirar tudo o que <osse possíel
de cidades capturadas, alegando que isso deiaa o poo desmorali?ado e materialmente
incapa? de organi?ar um contraAataque" ean, por outro lado, de<endia o aspecto tico daquest$o, salientando que os ciis tinham direito K prote#$o" .unca nenhum dos dois
conseguira conencer o outro da alidade de seus argumentos"
+s l!bios de Ben contraíramAse" 2ora <!cil discutir teorias, mas a pr!tica era muito
di<erente" (le D! ira muita misria, muitos lares destruídos, muita gente <aminta" &ordeu a
ponta do charuto e cuspiu o papel, esperando que ean lhe o<erecesse <ogo" + capit$o
acendeu o charuto e Ben aspirou gulosamente" )epois oltou a olhar para seu captor"
ean eaminouAo com o olhar, obserando o rosto impenetr!el e o corpo <orteencostado na roda da carro#a" %iu as algemas que o prendiam K roda e as argolas nos ps"
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- perna esquerda, en<aiada, permanecia esticada por causa das talas e a direita dobraaA
se na altura do Doelho" Ben parecia cansado e ean sentiu moment>nea piedade"
4 Por que n$o dorme6 4 perguntou de repente" Ben riu com sarcasmo"
— uas acomoda#Les para os hFspedes n$o o<erecem muito
con<orto" — $o as acomoda#Les que resero para hFspedes que tentam
<ugir no meio da noite sem pagar a conta 4 ean replicou"
Ben <oi incapa? de reprimir um sorriso"
4 %oc@ n$o mudou 4 obserou" 4 empre com as respostas
na ponta da língua"
ean olhouAo <riamente"
—
(u, se <osse oc@, n$o reclamaria da <alta de con<orto" -situa#$o ai piorar" 4 %irouAse para continuar andando, mas Ben
o chamou em o? muito baia"
— ean"""
+ rebelde encarouAo, inundado pelas lembran#as do passado" Os dois bebendo
Duntos, depois dos eames" estando sua masculinidade em casas suspeitas" Ben salando
sua ida"
— Como est! sua perna6 4 perguntou de repente, para sua
prFpria surpresa"
— )oendo"
— /ma bebida aDudaria6
— Como nos elhos tempos6 4 Ben moteDou"
— .$o" +s elhos tempos nunca oltar$o" F eiste o aqui e
o agora" abe disso melhor que eu"
— im, uma bebida aDudaria 4 respondeu Ben, sem nenhuma ?ombaria na o?"
ean subiu na carro#a e pouco depois oltaa com a garra<a de conhaque e
duas canecas de lata" Ben notou imediatamente que ele retirara a arma do coldre"
ean percebeu o olhar aaliador"
4 (sque#a qualquer idia maluca 4 aisou, oltandoAse na
dire#$o do guarda, sentado no ch$o a alguma dist>ncia" 4 Bobby,
traga mais cobertores para nosso hFspede" (st! dispensado, por
enquanto" (u o acordarei quando precisar"
Bobby Iilson <e? uma carranca, mas obedeceu sem nada di?er" %oltou com
diersos cobertores, que Dogou ao lado de Ben, numa atitude agressia" )epois, a<astouAse e
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sF ent$o Ben olhou para ean com ar interrogatio"
— Por que ele sempre assim agressio6
— + irm$o mais Doem de Bobby morreu na %irgínia" +nde
oc@ estaa, na ocasi$o"
ean deitouAse de lado no ch$o e abriu a garra<a" (ncheu as duas canecas,entregando uma a Ben" 2icaram em sil@ncio, bebericando a bebida <orte, imersos nos
prFprios pensamentos" -mbos recordaam o tempo em que bebiam Duntos, sem necessidade
de <alar" &as ali o sil@ncio era di<erente, carregado de descon<ian#a, raia e ressentimento"
+s dois acabaram de beber quase ao mesmo tempo e ean tornou a encher as
canecas"
4 + que aconteceu a &elody6 4 perguntou inesperadamente"
Os olhos de Ben, iluminados pelo luar, pousaram no rosto deean com epress$o de <Jria, enquanto as m$os apertaam a caneca com <or#a"
4 &orreu" entando abortar uma crian#a que n$o era minha"
ean condoeuAse por ele, sabendo da intensidade de seu amor por &elody" ( de
seu orgulho" Come#aa a compreender por que Bennett &organ mudara tanto e angariara a
reputa#$o de impiedoso, uma <ama que o acompanhaa de comando em comando"
Ben perdiaAse em lembran#as, quase esquecido da presen#a de ean" eiu os
primeiros dias de corte a &elody, recordou a alegria que sentira quando ela concordara em
ser sua esposa" ( tudo se acabara"
4 (u Dulgaa ser o homem mais <eli? do mundo 4 murmurou" 4 &as o mais
<eli? era oc@" &elody sF queria o meu dinheiro e uma ida con<ort!el" 0eeiAa para meu
primeiro posto, no Zansas" 2omos morar no aloDamento para casados, apesar dos protestos
dela, que deseDaa uma casa de luo" )isseAlhe que militares n$o criam raí?es e pensei que
ela houesse entendido" )ois
meses depois da mudan#a, ela <ugiu com um sargento, leando
as roupas, as DFias e todo o meu dinheiro"
&as Ben n$o tee coragem de contar o que acontecera naqueles dois meses"
-cusa#Les sem <im, cenas deprimentes" ( o que ela dissera um dia antes de partir" .unca
ningum o amar!" %oc@ incapa? de <a?er uma mulher <eli?" &elody queria dinheiro e
uma casa em Boston, luo e ida social intensa" .ada mais"
— (la desapareceu durante alguns meses e depois acabou indo para a casa de
minha <amília, em Boston 4 ele continuou"4 =r!ida de seis meses" )isse a meu pai que
a ida no Zansas era muito dura e implorou para <icar" (ncantouAo, como costumaa <a?er
com todos os homens" 2icou l! at que a crian#a nasceu e tornou a desaparecer, deiando
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o <ilho" %oltou um ano
depois para reclamar a posse da crian#a e meu pai deuAlhe de?
mil dFlares para que ela deiasse o pequeno -ery com ele"
— ( ela deiou6
— R claro" &eu pai n$o soube dela durante um ano, at que<oi chamado a um hospital, onde &elody morria de gangrena apFs
um aborto" + pessoal do hospital encontrou o nome e o endere#o de meu pai entre os
pertences dela" Euando ele chegou l!, &elody D! estaa morta"
Houe uma pausa, que ean respeitou, nada comentando"
&eu pai abriu um inqurito e descobriu que ela era amante
de um rico comerciante, conhecido da <amília" (ncerrou o caso"
-cho que etraiu grande satis<a#$o da conersa que tee comigo, quando me contou tudo"(le era mau e ingatio"
ean olhou para Ben completamente desarmado, endoAo obDetiamente pela
primeira e?, desde sua chegada ao acampamento" +s olhos ainda eram penetrantes e
inteligentes, mas n$o haia sinal da compai$o que <ora uma de suas qualidades mais alioA
sas" (ra <!cil entender como chegara ao posto de coronel t$o depressa" (le simplesmente
canali?ara o seu Fdio para a guerra"
4 ( seu <ilho6
+ rosto de Ben animouAse pela primeira e?"
4 (le a Jnica coisa boa que resultou daquele casamento" Passou esta primaera
comigo, em Iashington, e <inalmente pudemos nos conhecer" (u o reDeitei durante muitos
anos, por ele ser <ilho de &elody" +utro arrependimento, entre tantos que D! colecionei"
+s dois homens entreolharamAse em sil@ncio, por brees instantes,
4 -ery <oi criado por minha irm$, Charlotte, embora ela <osse quase uma crian#a
quando ele nasceu" Pelo menos meu <ilho tee o amor de algum, porque eu lhe neguei o
meu" ( na casa de meus pais apenas Charlotte possuía a capacidade de amar"
Ben <alaa mais para si mesmo que para ean, di?endo palaras que nunca
pro<erira antes" ean percebeu que se trataa de uma espcie de puri<ica#$o, uma catarse
da alma, proocada um pouco pela bebida" ( <icou em sil@ncio, arrependendoAse de ter
o<erecido conhaque a Ben, causando aquela torrente de con<idencias" .$o podia a<rouar a
guarda, n$o queria renoar uma ami?ade que tiera apar@ncia de pro<undidade, mas na
realidade n$o passara de um la#o super<icial, se <ora destruído por algumas intrigas" .o
entanto n$o podia negar a compuls$o que o empurraa para Ben" -chouAse idiota"
— %oc@ sabia que eu ia tentar <ugir, ontem 4 Ben
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surpreendeuAo mudando de assunto bruscamente"
— abia, sim"
— PlaneDou tudo, n$o <oi6 Por causa de yan"
— (m parte"
SS&aldito 4 Ben o insultou, quase sem rancor" .$o tie nenhuma satis<a#$o em <a?er o que <i?" &as yan ainda n$o
compreendeu a situa#$o inteiramente" omou conhecimento da miss$o de que oc@ <oi
encarregado, mas n$o aceita o signi<icado dela" Euando se negou a me dar sua palara,
eu soube que era apenas uma quest$o de tempo at que oc@ decidisse escapar"
-penas apressei um pouco sua decis$o"
ean olhou para o lado do bosque, que a lua iluminaa com suaidade"
4 ( oc@ nunca aceitaria as algemas, se n$o <icasse proadoque eram absolutamente necess!rias"
Ben recostouAse na roda da carro#a com uma risadinha <alsa"
4 %oc@ mudou, sim, co#bo$ 4 comentou, usando o apelido
de ean em Iest Point" 4 .unca <oi assim t$o ardiloso" )igaA
me, sempre leu minha alma com tanta clare?a6
ean n$o respondeu, eitando di?er que a semelhan#a entre eles era maior do
que supunha" ornou a encher as canecas"
Ben come#aa a sentir os e<eitos tanto do conhaque como da batalha emocional
em que se empenhaam"
4 yan n$o t$o ing@nua como oc@ parece pensar" -credito que percebe bem
o que est! acontecendo e o que pode ir a
acontecer, mas esconde o <ato" %oc@ gosta de proteg@Ala, ean,
e ela est! lhe dando a satis<a#$o de <a?@Alo"
ale? Ben tiesse ra?$o, re<letiu ean" (mbora conserasse da irm$ a imagem
de uma garotinha de sete anos, yan haia crescido"
4 + que oc@ pensa de yan6 4 ean deiou escapar a pergunta que o inha
perseguindo"
Ben olhou para ele, pensatio"
— R uma Doem <ora do comum" -cho que todos aqui est$o
apaionados por ela"
— -t oc@6
— .$o tenho esse direito"
— 2ico satis<eito por compreender isso 4 ean declarou com
Projeto Revisoras 119
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
hostilidade" 4 Concordo plenamente" %oc@ n$o tem direito"
— %oc@ n$o aproaria6
— .$o"
Ben aceitou a agressiidade de ean em sil@ncio" ealmente n$o haia nada que
o recomendasse como pretendente ao amor de yan" Bebeu um pouco do conhaque eencostou a cabe#a na roda da carro#a"
— yan nunca @ tempestades 4 ean obserou" 4 (la @
a <ecundidade tra?ida pela chua e o arcoAíris que a segue" )eliciaA
se com a modesta bele?a de uma <lor do deserto e @ encanto nas
coisas mais comuns" (la dominada por uma alegria que n$o
deseDo que acabe"
—
( oc@ acha que eu <aria isso6 — ! <e?, Ben" %oc@ mudou, tornouAse um soldado pro<issional" ( soldados
matam e <erem"
— %oc@ tambm soldado"
— &as n$o por pra?er" ( n$o posso di?er o mesmo de oc@"
— ale? esteDa certo, ean" estou muito pouco do homem"
2icou o soldado" /m militar enoDado com tudo o que iu"
ean lutou contra a idia de que continuaam a ter pontos em comum" (le
tambm estaa cansado de lutar e de matar"
4 + que <aria com yan, se ela o aceitasse6 4 perguntou com
a mesma naturalidade dos tempos de academia" 4 Como sua <amília e seus amigos
Dulgariam uma mo#a teana, descendente de irlandeses, e que, para piorar tudo,
acompanhou uma tropa con<ederada6
Ben deiou que !rios minutos passassem sem nada responder" Por que se daria
ao trabalho de aaliar a hipFtese6 Haia poucas possibilidades de que ele e yan pudessem
<icar Duntos e ser <eli?es"
— (u n$o dou um centao pela opini$o de quem quer que seDa 4 respondeu por
<im" 4 ( n$o pretendo oltar a Boston, a n$o ser para pegar meu <ilho"
— eu <ilhoQ + que ele pensaria de yan6
— %oc@ disse que ela gosta de <lores do deserto e do arcoAíris
que segue a tempestade" -ery tambm assim" - semelhan#a
entre ele e yan chega a ser espantosa" .enhum dos dois consegue er a <ealdade do
mundo"
2e? uma pausa e olhou para ean, querendo que ele acreditasse no que ia di?er"
Projeto Revisoras 120
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
— (u <eri meu <ilho durante muitos anos" .$o <arei o mesmo
a yan"
— ale? oc@ n$o queira <eriAla, mas minha irm$ muito sensíel e <r!gil"
Perdeu n$o uma <amília, perdeu duas" .$o tem lar e todos os que a amaram
desapareceram" — estou oc@"
— eceio que n$o seDa su<iciente, Ben" -lm disso, me parece
inJtil discutir um possíel relacionamento entre oc@ e yan" eu
<uturo uma incFgnita, Ben" Permanecer! como prisioneiro at
o <im da guerra e o ul ainda tem muita energia para lutar"
— Precisar$o de energia para a retirada" Por <alar nisso, como $o oltar para
as linhas de <rente6 -s tropas da /ni$o inadiram todos os caminhos" — -h, oltaremos, sim" Euer apostar6
— %ai me lear com oc@s6 Para a pris$o de -ndersonille6
4 perguntou Ben cautelosamente"
— .$o" Para o 2orte cott, no eas"
Ben reconheceu o nome" + 2orte cott n$o tinha a <ama horríel das outras
prisLes do ul, mas se erguia em territFrio índio e era K proa de <ugas"
4 + comandante de l! meu amigo 4 ean eplicou" 4 &att
-ndreXs um bom soldado e um homem Dusto" 0! oc@ estar!
seguro, mas <ora da guerra" .ingum escapa de cott"
%erteu o resto do conhaque nas duas canecas" Ben inconscientemente mudou a
caneca da m$o esquerda para a direita, esquecendo a corrente que ligaa a algema em seu
pulso K roda" Euando tentou ergu@Ala at a boca, a corrente retesouAse abruptamente
interrompendo o moimento" + conhaque derramouAse no ch$o"
ean sorriu, proocatio"
4 )esperdi#ando um conhaque t$o bom6
Ben encheuAse de raia repentina, mostrando o bra#o acorrentado"
— -s algemas s$o realmente necess!rias6 +nde poderei ir com
os ps atados6
— Cuidarei para que n$o ! a parte alguma" &as por que n$o
estuda a possibilidade de me dar sua palara de que n$o tentar!
<ugir6
Ben considerou a proposta com seriedade pela primeira e?" entiuAse tentado a
aceitar, mas se o <i?esse estaria se rendendo, desistindo de tudo"
Projeto Revisoras 121
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
4 .$o 4 disse olhando com <irme?a para ean"
4 (nt$o continue aí" 4 ean leantouAse, pegou as duas canecas e, indo at
a parte traseira da carro#a, atirouAas para dentro" 4 &inha o<erta permanente, Ben"
Euando se decidir a aceit!Ala sF me comunicar"
ean <oi em busca de Bobby Iilson e, deiando o cabo noamente no posto deigia, subiu para a carro#a, espregui#andoAse" + sono, <acilitado pelo conhaque, chegou
imediatamente"
.o lado de <ora, Ben permaneceu olhando para o cu, obserando pequenas
nuens esgar#adas e brancas que desli?aam lires"
C AP ÍTULO XV
+ <rescor da noite desapareceu com o nascimento do sol" Ben despertou K lu?
rosada do cu, que prometia dia claro" ua cabe#a estaa entorpecida, a boca seca e o
estNmago enDoado por causa do conhaque tomado K noite com ean" &as comera pouco no
dia anterior e, apesar do malAestar <ísico, sentiu <ome quando os aromas da co?inha
chegaram at ele"
&ais do que de aumento, porm, precisaa de !gua" Para beber e para barbearA
se" udo <icaria melhor depois que ele se lirasse da barba que despontaa e se laasse"
+lhou para o guarda que de madrugada tomara o lugar de Bobby"
4Ugua 4 pediu, detestando ter de admitir sua depend@ncia
de outro homem"
+ guarda leantouAse do ch$o pregui#osamente"
4F para beber" Para se laar, n$o"
Chamou um soldado e pediuAlhe que trouesse um copo de !gua, enquanto Ben
olhaa para ele entre surpreso e irritado"
— Por que isso6 4 perguntou"
— +rdens do capit$o" Pergunte a ele"
— R o que <arei"
Pro<undo desapontamento assaltouAo" Pensara que ele e ean houessem
alcan#ado uma certa compreens$o mJtua" Pelo Deito, se enganara"
omou a !gua, reserando um pouco para passar no rosto" entiuAse re<rescado,
mas a barba !spera o desgostou" )eoleu o copo e obserou o moimento ao redor" +acampamento mostraaAse mais agitado que de costume e uma aura de ecita#$o enolia
Projeto Revisoras 122
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
o lugar"
.$o iu yan" .em mesmo 2ortuna estaa por ali e ele agradeceria a companhia
do cachorro que se tornara seu amigo" *maginou se yan saíra para um passeio, ou se
continuaa a eit!Alo"
(nt$o iuAa sair da barraca de ean e aproimarAse da <ogueira, onde pegouduas canecas de ca< e dois pratos das m$os do co?inheiro" (nt$o, ela eio em sua
dire#$o"
Com naturalidade, yan debru#ouAse sobre ele, o<erecendoAlhe um prato" (le
hesitou, mas acabou por peg!Alo" (la sentouAse perto dele, de pernas cru?adas, e apoiou o
prFprio prato nos Doelhos"
— Posso <icar aqui com oc@6 4 perguntou com o? doce"
(le <ran?iu a testa, agressio" — .$o"
0ogo <icou eidente que a pergunta <ora <eita por mera <ormalidade" (la
permaneceu onde estaa e sorriu para ele"
— (u D! disse uma e? que sou teimosa"
— +bstinada 4 ele resmungou" 4 +nde est! 2ortuna6
4 -cho que <oi ca#ar" =osta de proar que n$o totalmente
in!lido"
Comeram em sil@ncio por algum tempo"
— ean me contou que oc@ lhe salou a ida em Iest Point
4 ela reelou de repente" 4 2icoAlhe eternamente grata" (u n$o
suportaria perder meu irm$o tambm"
— + que mais ele lhe contou6
— .$o muito mais"
(ra mentira" Proaelmente yan sabia a histFria toda, inclusie as intrigas de
&elody e a noite terríel da briga entre ele e ean" yan estudouAlhe o rosto <echado"
4 R t$o di<ícil assim <alar do passado6 (le <or#ou um sorriso nada
conincente"
— udo aconteceu h! muito tempo, yan" 4 ubitamente ele
sorriu sem resera" 4 yan" /m nome nada comum"
— (ra comum na <amília de minha m$e, na *rlanda"
(la <icou desapontada com a deliberada mudan#a de assunto, mas ao mesmo
tempo aliiada, pois o humor de Ben melhoraa"
Continuaram a comer os bi<es e o p$o, com gosto" Carne <resca era um prato raro
Projeto Revisoras 123
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
no acampamento, mas ean ordenara a matan#a de algumas reses que haiam leado
para o ale ao estabelecerAse l!" ( era muito bom sair da rotina enDoatia de bacon, carneA
seca ou de<umada, biscoitos e broas de milho" + ca< estaa <orte e quente, aDudando Ben a
lirarAse do embotamento em que despertara"
(le tee alguma di<iculdade em cortar a carne com uma das m$os algemada"yan <ingiu n$o perceber, embora seu cora#$o se apertasse" (m dado momento, porm,
n$o <oi possíel ignorar a situa#$o" Com um moimento desaDeitado, Ben deiou o prato
escorregar para o ch$o" yan pegouAo e cortou a carne, com uma risadinha traessa"
4 + co?inheiro deiou a carne dura" &erece um pontap no traseiro"
(le sorriu, esquecendo a humilha#$o"
— %oc@ teria coragem6 4 perguntou"
—
Coragem de qu@6 — )e acertar um pontap no co?inheiro6
— R claro que sim" )epois de lidar com ean, com oc@ e esse
bando de resmungLes, n$o tenho mais medo de nada"
(le pegou o prato com a carne picada, que ela lhe estendia"
— .unca parei para pensar como di<ícil <a?er as coisas com
apenas uma das m$os 4 comentou, pensando nos homens mutilados nos campos de
batalha ou nos hospitais"
— .o seu caso, n$o ai durar para sempre 4 ela consolouAo"
— &esmo assim, desagrad!el" (sque#o que minha m$o est!
acorrentada, <a#o um moimento brusco e leo um tranco"
— %amos sair do ale dentro de pouco tempo" enha paci@ncia"
+ pensamento n$o era nada animador" air do ale podia signi<icar perder
yan" (la acompanharia ean na olta para o eas6
— Paci@ncia6 %ou tentar 4 ele prometeu com relut>ncia"
— e n$o tiesse tentado <ugir, n$o estaria preso"
4 -chei que conseguiria" +biamente estaa enganado"
(la olhouAo com aten#$o"
— eria ido ao <orte ianque e oltado com tropas para nos
apanhar6
— + que <oi que ean disse a esse respeito6
— Eue oc@ proaelmente nos daria tempo para sair daqui"
2aria mesmo isso6
Ben deiou transparecer sua surpresa" .$o esperaa que ean admitisse tal
Projeto Revisoras 124
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
possibilidade diante da irm$, leando em conta a oposi#$o que <a?ia a um
relacionamento entre eles"
— .$o me <a#a perguntas que n$o posso responder, yan" (u
n$o sei o que <aria" &eus planos n$o iam muito alm da <uga"
— .$o acredito" %oc@ sempre sabe o que <a? e dee planeDar todas as etapas de qualquer empreendimento,
— ean melhor que eu nisso" 2icou proado, n$o6
— %oc@ tambm muito bom"
— (st! bem, yan, oc@ enceu" Como soldado, cumpro ordens" (u teria ido
diretamente para o 2orte Iilson e reuniria o maior nJmero possíel de homens para me
acompanhar at aqui declarou, com os olhos <ios no prato"
—
(spera que eu saia correndo horrori?ada6 4 ela proocoucom um sorriso"
(le ergueu os olhos para ela, aturdido"
— ale?" Por que n$o sai6
— Porque sua resposta n$o me conenceu"
eus olhos encontraramAse longamente" +s dele tinham a cor intensa do cu no
crepJsculo" (ram epressios, perceptios e eerciam atra#$o quase irresistíel sobre ela"
yan rompeu o instante de encantamento baiando os olhos, reprimindo as
ondas de emo#$o que amea#aam submergiAla"
— )eieAme eaminar sua perna 4 pediu com o? tr@mula"
— -inda dFi, mas n$o muito 4 ele adiantou, desapontado
com a atitude dela"
yan apalpouAlhe a perna, <a?endoAo deseDar abra#!Ala, toc!Ala, cobriAla de
beiDos" erminou o eame e olhou para ele sorridente"
4 (st! quase boa"
Come#ou a Duntar os pratos e canecas, preparandoAse para dei!Alo"
— + que est! acontecendo6 4 ele perguntou quase ríspido"
— -contecendo6 4 ela repetiu, <ingindo n$o ter entendido"
— -lguma coisa est! acontecendo ou ai acontecer" ean está
se preparando para partir6
(la oltou a sentarAse no ch$o, eitando os olhos dele"
— -cho que ainda n$o"
— (nt$o, por que todo esse moimento6
— .$o assunto de seu interesse 4 ela respondeu, erguendoA
Projeto Revisoras 125
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
se depressa"
- pergunta dele arruinara todo o encanto daqueles momentos de proimidade"
yan <icou preocupada e ressentida por haer sido lembrada do ataque ao carregamento de
ri<les da /ni$o" eria o mais perigoso da carreira de guerrilheiro do irm$o e seu cora#$o
enchiaAse de medo"Ben deu de ombros, mas seus olhos reelaam pro<unda irrita#$o" %irou a
cabe#a e <echou os olhos, ouindo os passos dela se distanciarem"
)urante o dia tornouAse Fbio que os rebeldes preparaamAse para algo
importante" +s soldados saíram do acampamento em grupos de dois ou tr@s, estidos com
roupas resistentes, mais apropriadas para a ca#a, em e? dos uni<ormes cin?entos"
Ben recostouAse na roda, acompanhando o que se passaa" + guarda
encarregado de igi!Alo mostraaAse mais atento que de costume, n$o perdendo nenhum deseus moimentos" ( quando Bobby apareceu para substituíAlo os dois rebeldes
conersaram em o? baia por bastante tempo"
Bobby abominaa a tare<a de montar guarda" ConsideraaAa perda de tempo,
pois, eímio atirador, achaa que seu lugar era ao lado do capit$o, sempre" -maldi#oou o
ianque que o impedia de participar das atiidades do acampamento"
e dependesse dele, deiaria o maldito coronel morrer de <ome" .$o entendia por
que ean o aceitara no meio do grupo, iolando as prFprias regras, que proibiam
prisioneiros no acampamento" ( n$o era possíel respeitar um capit$o que desobedecia Ks
ordens impostas por ele mesmo"
eu desgosto aumentara ao er o ianque e yan Duntos" (la nunca lhe dera
muita aten#$o, a ele, um rebelde conicto e coraDoso" .o entanto, cercaa o noDento o<icial
da /ni$o de cuidados e sorrisos" ( Bobby Iilson consolaaAse pensando que estaa em
posi#$o de tornar a ida do prisioneiro o mais miser!el possíel" ( sabia como <a?er isso,
por meio de pequenas e incessantes humilha#Les"
+ irm$o que morrera na %irgínia e ele haiam sido os Jnicos <ilhos de Caleb e
-nnie Iilson a sobreier" +s outros de? tinham nascido mortos ou morrido durante o primeiro
ano de ida, deido K m! nutri#$o ou <alta de cuidados adequados" ( Bobby nunca chegara a
compreender como ele e o irm$o haiam escapado"
+ pai era um pregador de palaras incendiadas e cheias de ira" .$o eistia
piedade ou perd$o em sua religi$o, ou em sua alma" +diaa a tudo e a todos, soltando o
eneno de sua maldade em cima da esposa e dos <ilhos" +s dois sobreientes da enorme
prole apanhaam regularmente, para serem libertados da in<lu@ncia do diabo" +s garotos
<icaam apaorados quando o pai estaa em casa, nos interalos de suas prega#Les
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
itinerantes, e costumaam esconderAse nos bosques at que ele partisse noamente" Caleb,
ent$o, tomaa a esposa como bode epiatFrio" Euase sempre gr!ida, ela suportaa
espancamentos e o<ensas com paci@ncia angelical" .ada podia <a?er e n$o tinha para
onde ir"
Caleb n$o se preocupaa em suprir a casa e assim Bobby e amie aprenderamcedo a procurar alimento por seus prFprios meios" ornaramAse pescadores habilidosos e,
quando estaam com do?e e de? anos, Bobby roubara um ri<le de alguns iaDantes que iam
para o oeste" -prendera a ca#ar e sua habilidade lhe permitia acertar um esquilo a du?entos
metros de dist>ncia"
.o er$o os dois meninos passaam semanas <ora de casa" .uma dessas e?es,
ao oltar, ouiram gritos alucinados da m$e" Correram para a cabana e encontraram o pai
espancando a mulher" em pensar, Bobby ergueu o ri<le e atirou no pai que odiaa comtodas as <or#as de sua alma Doem"
Correndo para socorrer a m$e, os meninos descobriram que estaa morta, com
o cr>nio <raturado" (nterraram o pobre corpo mirrado, mas deiaram o do pai K merc@ dos
animais" (le n$o merecia sepultamento decente"
)epois, deiaram tudo para tr!s e abandonaram o ennessee" Bobby estaa
com quin?e anos e amie com tre?e"
eguiram para o eas, assaltando cabanas isoladas pelo caminho" untaramAse
a um grupo de ca#adores, mas n$o possuíam a mínima no#$o de coni@ncia humana e
logo <oram epulsos do bando, apesar de sua perícia com armas de <ogo"
olit!rios, atraessaram o eas, causando tumulto por onde passaam" ( tudo
terminou quando <oram presos em -ustin" /m homem morrera numa briga come#ada por eles
e os dois <oram acusados de incita#$o ao assassinato" Com pouco mais de inte anos, os dois
receberam um ultimato" +u continuaam na pris$o, ou alistaamAse no (rcito Con<ederado"
(scolheram a ida militar"
.a guerra sentiramAse K ontade" -tiraam bem e matar n$o lhes causaa a menor
repulsa" Pela primeira e? na ida conheceram o respeito de outros homens e Bobby at
recebera a patente de sargento apFs um combate em que demonstrara coragem ecepcional"
&as seus motios n$o eram nobres" (le simplesmente gostaa de matar"
.a batalha de &anassas, amie <oi atingido por uma bala inimiga e demorou
!rios dias para morrer" Bobby <icou ao lado do irm$o at o instante <inal"
( o Fdio que o impulsionaa redobrou de <or#a" +diaa os ianques e em sua >nsia
de mat!Alos angariou a <ama legend!ria de coragem indNmita e aud!cia suicida" &as iia
causando problemas Ks autoridades militares e acabou por ser considerado elemento
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
indeseD!el"
Euando a notícia de que ean &allory precisaa de homens alcan#ou o (rcito,
os superiores de Iilson rapidamente o recomendaram" + instinto de ean aconselhaaAo a
n$o aceitar Bobby Iilson, mas o rapa? atiraa com habilidade admir!el e mostraa
coragem surpreendente" -cabou por aceit!Alo"Como um lobo solit!rio, Bobby n$o <e? amigos entre o grupo, mas tambm n$o
criaa problemas" (ra o melhor atirador do acampamento e ean sabia quando e onde
us!Alo"
( <oi num momento de raia cega que o capit$o mandouAo igiar Ben" Euase
instantaneamente reconheceu o erro, mas n$o podia oltar atr!s" -<inal, tale? <osse uma
medida acertada" Bobby n$o se deiaria enoler pela sutil persuas$o que haia nos modos
comedidos de Ben, como acontecera com ustis" + episFdio ainda intrigaa ean" 2ora aprimeira e? que ira algum enganar seu astuto sargento"
+ dia arrastouAse para Ben" -<astara yan e ean o ignoraa" eus liros n$o
haiam sido deolidos e Bobby Iilson n$o abria a boca para <alar, sentado a meio metro de
dist>ncia com um ri<le nas m$os, obiamente ansioso para us!Alo"
odo seu corpo doía e c$ibras horríeis corriam pelas pernas" Ben sentiuAse
desamparado e sem a menor esperan#a de conhecer dias melhores" )istraíaAse obserando
o moimento, tentando adiinhar o que estaa para acontecer e preocupandoAse" ean
preparaaAse para mais um golpe Ks <or#as da /ni$o"
.$o se sentiu melhor quando ustis aproimouAse" .$o <alara com o sargento
desde a noite da <racassada tentatia de <uga e ainda sentiaAse picado pelo sentimento de
culpa"
&as ustis nem olhou para ele" ubiu na carro#a e saiu momentos depois, com
mapas enrolados nas m$os"
4 argento 4 Ben chamouAo"ustis irouAse para ele, com o rosto impenetr!el"
4 argento, quer tomar uma caneca de ca< comigo6
ustis ia recusar, mas cometeu o erro de <itar os olhos de Ben, onde haia uma sJplica"
+lhou em olta, procurando canecas de ca<, mas n$o iu nenhuma"
4 (sse o Deito ianque de me pedir ca<6 4 perguntou"
.$o estaa preparado para o sorriso que Ben lan#ouAlhe em resposta" (ra um sorriso
diertido" — -cho que 4 Ben admitiu" ustis apontou para Bobby Iilson"
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
— (le est! maltratando oc@6
Ben deu de ombros" .$o haia utilidade em reclamar, mas notou o olhar de
desdm que ustis endere#ou ao guarda" + mesmo desdm que todos no acampamento
pareciam dedicar a Bobby Iilson" Ben at Dulgaa que ean se arrependera da escolha que
<i?era, mas n$o podia mudar a situa#$o, reogando uma decis$o"4 %oltarei D! 4 ustis aisou" 4 Preciso lear isto para o capit$o 4 acrescentou,
mostrando os mapas"
( realmente oltou, tra?endo duas canecas de ca< quente" Colocou uma nas
m$os de Ben e sentouAse perto" Ben olhou para o ca< e depois para ustis"
4 Euero que saiba que detestei ter sido oc@ meu guarda naquela noite 4
declarou bruscamente"
ustis sorriu de repente" — (sse o pedido de desculpas mais estranho que D! oui" Por
que est! me pedindo desculpas, n$o est!6
— -cho que sim" 4 Ben sorriu de olta" 4 .$o sou muito
bom nessas coisas"
— &as deu para entender, ianque"
+bserando o rosto de Ben, o sargento entendeu a atra#$o que yan sentia" +
sorriso do ianque era cheio de charme e nos olhos a?uis haia sempre uma epress$o desuae ?ombaria, que <uncionaa como permanente desa<io" (ra Dustamente isso que atraía
ustis" (le n$o gostaa de pessoas que encaraam a si mesmas com muita seriedade"
4 (spero n$o ter causado muitos transtornos 4 Ben disse,
depois de sorer um gole do líquido recon<ortante"
ustis sorriu"
4 -turei algumas brincadeiras, mas D! esqueceram o caso"
omaram o ca< em sil@ncio e o sargento leantouAse" — + que oc@ <a?ia antes da guerra6 4 Ben perguntou, deseDando prolongar a
conersa"
— (ra capata? num rancho do eas" -listeiAme sob o comando do general ibley
quando ele entrou no .oo &ico, Duntamente com o propriet!rio do rancho" (le morreu
em =lorieta Pass" Euando eu oltei para o eas o rancho tinha sido endido em leil$o por
causa de impostos atrasados" ornei a me alistar no (rcito de ibley e soube que o
capit$o ean estaarecrutando teanos para um destacamento especial" -presenteiA
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
me e <ui aceito"
2oi o discurso mais longo que ustis pro<erira em muito tempo" -dmirouAse com a
prFpria atitude" Por que perdera o laconismo Dustamente com o ianque6
— )e que regi$o do eas oc@ eio6 4 Ben insistiu"
— )o +este" — Como o oeste do eas6
— eco, quente e n$o muito apropriado para a cria#$o de gado" /ma sF r@s
necessita de pelo menos um acre de terra boa para se alimentar" &esmo sem a guerra, meu
patr$o n$o agMentaria lear o rancho K <rente" -gora preciso ir"
4 &uito obrigado, sargento, pela isita e pelo ca<"
ustis a<astouAse depressa" Eueria ser um miser!el se n$o estiesse gostando de erdade
do ianque"
ean encontraaAse debru#ado sobre os mapas, na barraca, quando Braden
entrou"
4 +s dois Jltimos acabaram de sair do acampamento, capit$o" -gora sF nos
resta esperar"
)e? pares de homens haiam sido designados para preparar o terreno para o
assalto ao trem da /ni$o" eriam de descobrir onde estaa, eri<icar sua elocidade e
encontrar o melhor lugar para o ataque"
— +brigado, Braden" %igie bem o prisioneiro" .$o podemos
dei!Alo escapar logo agora"
— am disse que ele est! se queiando por n$o ter recebido
!gua para se laar"
— )eieAo reclamar" F cuide para que n$o <uDa"
— Euando partirmos para o ataque"""
— )eiaremos homens su<icientes para cuidar dele" Pense noque isso ai signi<icar" )escontentamento de quem <or indicado
para <icar" .$o eiste um Jnico homem aqui que n$o esteDa louco para participar do
assalto"
— ( Bobby Iilson6 %ai <icar uma <Jria, se n$o <or Dunto"
— .Fs o learemos" ale? precisemos dele" -rrume outro
guarda para Ben"
— im, senhor"
)ois dias depois apareceu o primeiro soldado com notícias do trem, que <oraProjeto Revisoras 130
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locali?ado a cem quilNmetros, iaDando deagar e com grande escolta" +utro homem chegou
mais tarde, no mesmo dia, relatando que o trem passaria por um des<iladeiro bastante
adequado para uma emboscada" )e acordo com c!lculos minuciosos, entraria no
des<iladeiro dentro de tr@s dias"
ean, Braden e mais dois tenentes reuniramAse na barraca de comando naquelanoite" yan tratou de ocuparAse no lado de <ora, eitando chegar perto da carro#a e
conseqMentemente de Ben" Passou algum tempo dando uma aula de leitura a um Doem
teano anal<abeto" )epois, pegou uma camisa para remendar" /m dos soldados tirou a gaita
do bolso e come#ou a tocar" (la seguiu a melodia triste, cantando em o? baia" &as,
enolida pela mJsica, acabara por soltar a o?, colocando todo o sentimento nas palaras
que <alaam da saudade do amor e das praias do 0este"
odo mundo parar! para ouir, at ean e sua equipe" - o? de yan tornaraAsemais rica, com uma entona#$o melancFlica que os a<etaa a todos" ( Ben sentiu uma
agonia quase insuport!el" Percebeu que deseDaa yan como nunca deseDara nada em sua
ida" ( subitamente, como num milagre, descobriu que a lembran#a de &elody D! n$o lhe
pesaa como um <ardo, que seu sentimento pela mulher <ora uma obsess$o maligna" &elody
ateara <ogo a suas eias" -penas isso" ( ele, cego, n$o <ora capa? de admitir a erdade"
yan parou de cantar e logo depois ean e os outros saíam da barraca" Euando
ela entrou, ao lado do irm$o, iu os mapas espalhados sobre a mesa de campanha"
— %ai ser logo6 4 perguntou com um aperto no cora#$o"
— Partiremos para o ataque depois de amanh$ e deemos retornar em dois dias"
.$o se preocupe, irm$?inha" ! <i?emos isso muitas e?es"
— .$o em tais circunst>ncias" + trem dee estar iaDando sob
escolta re<or#ada"
— Contamos com o elemento surpresa" (les n$o sabem que
continuamos nesta regi$o"
— Por <aor, ean, n$o deie que nada de mau lhe aconte#a"
(u sempre perco as pessoas que mais amo"
(le obserou detidamente o rostinho preocupado e percebeu que ela nutria uma
no#$o supersticiosa de que portaa m! sorte"
4 *sso bobagem 4 a<irmou com seeridade" 4 e eistem
pessoas que d$o a?ar, oc@ nunca poderia ser uma delas, com esse cora#$o generoso"
omouAlhe o rosto entre as m$os caleDadas e obrigouAa a <it!Alo nos olhos"
4 (u n$o sabia que era t$o bom ter uma irm$, at o dia em
que oc@ entrou no acampamento" 2oi um choque e tanto"
Projeto Revisoras 131
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— .unca se rende, n$o 6 4 obserou, irandoAse para ir
embora"
— ( yan6
— 2icar! no acampamento, com de? dos meus homens" .enhum deles est!
satis<eito com a idia de <icar aqui cuidando de oc@, portanto comporteAse"ean n$o esperou pela resposta, correndo para onde deiara o caalo" &ontou
com agilidade e <e? uma contin@ncia a Ben antes de tomar a dire#$o da entrada do ale"
( o dia <oi passando, monFtono" .ingum se aproimou de Ben ou <alou com ele,
mesmo de longe" + noo guarda obseraaAo em sil@ncio, com os olhos apertados e
epress$o inamistosa"
e o dia <ora ruim, a noite <oi pior" - irrita#$o do guarda crescera, trans<ormandoA
se em raia, e Ben recebeu apenas uma broa de milho e !gua para o Dantar")epois de comer a magra re<ei#$o, Ben deitouAse de costas, endo as estrelas
surgirem no cu, pontilhando de prata o manto a?ulAescuro"
yan tee um dia completamente in<eli?" )epois da partida de ean pegara um
liro e chamara 2ortuna, descendo para seu local <aorito K margem do rio"
.$o conseguia lirarAse da idia mal<a?eDa de que, por algum motio que n$o
compreendia, transmitia m! sorte Ks pessoas amadas" Perdera os pais erdadeiros e os
adotios num espa#o de tre?e anos e ira a maioria de seus amigos morrer, na guerra ou
acometidos de ti<o"
Pensou no irm$o, alto e bron?eado, com seus olhos t$o cheios de ida e humor"
ua <or#a a <i?era sentirAse segura outra e?" .$o podia tolerar o pensamento de que
poderia perd@Alo" Com o cora#$o amargurado e repleto de medo, re?ou <erorosamente
para que ele oltasse s$o e salo"
)epois, seus pensamentos oltaramAse ineoraelmente para Ben" )eseDaa
desesperadamente <alar com ele, sentirAse enolida na aura de calor que se <ormaaquando estaam Duntos" &as isso seria trair ean" Ben era inimigo do irm$o e portanto seu
tambm"
Contudo, por mais que ouisse a o? da ra?$o, n$o deiaa de pensar nele, de
sentirAse aquecida quando recordaa o sorriso aassalador e os olhos a?uis e
pro<undamente tristes"
+ liro que leara para a beira do rio n$o a aDudou a distrairAse" rataaAse de
uma compila#$o de tetos religiosos que um dos soldados ganhara da esposa" (la diertiraAse com aquilo, pois o homem era um <an<arr$o que se Dactaa das muitas conquistas
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
amorosas e das bebedeiras estrondosas" - esposa certamente pensara que ele precisaa de
alguns conselhos e orienta#$o espiritual, mas yan n$o ira nenhuma mudan#a no pati<e"
Colocou o liro de lado e encostouAse no tronco de uma !rore" (ntregouAse ao
sol quente, olhando para a !gua, onde trutas gordas proocaam círculos ao chegar K
super<ície para pegar um inseto imprudente" .as !rores, os esquilos <a?iam a <olhagem<ar<alhar com seus saltos e correrias"
&as nada conseguia tirar Ben dos pensamentos de yan" (u te amo, Ben, mas
n$o posso magoar meu irm$o" .$o posso traíAlo"
(m con<lito, ela achou que D! traía a con<ian#a do irm$o apenas por pensar em
Ben" enha cuidado, ean" %olte para mim, por <aor"
PerdeuAse em re<leLes con<usas e <icou surpresa quando o calor do dia diminuiu
e uma brisa quase <ria acariciouAa" 2ortuna permanecera ao lado dela durante horas,adiinhando sua perturba#$o e o<erecendo muda solidariedade"
(la alisouAlhe a barriga carinhosamente"
4 %oc@ tambm gosta do ianque, n$o , cachorrinho semAergonha6
%iu o sol que se aproimaa do hori?onte, enquanto as nuens aermelhaamAse
como se estiessem sendo tingidas de sangue" -rrepiouAse, apreensia"
ean seguia as rotas indicadas pelas patrulhas de reconhecimento" + terreno era
duro e pedregoso, o que representaa um ponto a <aor" Euando os ianques os
perseguissem, depois do ataque, teriam di<iculdade em encontrar marcas de sua
passagem"
-preciaa o dia ensolarado, etraindo pra?er do calor que aquecia a terra depois do
<rio noturno" + garanh$o tambm parecia contente com a iagem, trotando depressa"
-lcan#ou o des<iladeiro quando o sol indicaa que metade do dia D! se passara"
%iu alguns de seus homens a alguma dist>ncia, mas nenhum se acercou dele at que
chegasse a um matagal ao p de um aclie")aquele ponto em diante a trilha subia por mais de tr@s quilNmetros" ( haia
uma subida semelhante no outro lado do des<iladeiro, que n$o passaa de um atalho
entre as colinas, economi?ando cerca de trinta quilNmetros de caminho para o trem" .o
meio do aclie ean encontrouAse com Braden"
— + trem est! a meio dia de dist>ncia daqui 4 o tenente in<ormou" 4 e
pararem no caminho para passar a noite, calculamos que passar$o por aqui no meio da
manh$" &andamos immy sugerir a eles que tomem o atalho do des<iladeiro" — (st! certo"
Projeto Revisoras 134
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Haiam concordado em mandar immy ao encontro do trem, dis<ar#ado em
esta<eta da /ni$o" inha menos sotaque sulista que os outros e sua Duentude tornaria a
<arsa mais plausíel" ean n$o gostara da idia, mas precisaa ter certe?a de que o trem
passaria pelo des<iladeiro em e? de dar a olta nas colinas" immy recebera ordens de
entregar a mensagem e retornar imediatamente, alegando precisar apresentar o relatFrio aocomando local"
4 %amos trabalhar 4 ean ordenou, depois que os outros homens reuniramAse a
ele"
.o alto do des<iladeiro come#aram a tare<a de Duntar galhos, troncos e moitas de
capim, empilhando tudo tanto na entrada como na saída da passagem" Prenderam as pilhas
com cordas amarradas a !rores" Euando cortassem as cordas, tudo rolaria encosta abaio,
arrastando terra e pedras, bloqueando ambas as saídas" + trem <icaria preso l! embaio"rabalharam incessantemente durante a tarde toda e noite adentro" (staam
suados, suDos e eaustos quando ean deu ordem para que dormissem durante algumas
horas"
.$o haia sol na manh$ seguinte" Pesadas nuens de chua lan#aam sombras na
paisagem e ean re?ou para que n$o choesse antes do ataque, mas que a tempestade
desabasse assim que tudo estiesse terminado, di<icultando a persegui#$o por parte dos ianA
ques" %eri<icou tudo noamente para certi<icarAse de que n$o se esquecera de nenhum
detalhe" Colocara quatro homens em cada etremidade, prontos p!ra cortar as cordas ao
receberem o sinal" +s atiradores escondiamAse entre as rochas enquanto outros soldados
permaneciam <ora da !rea para remoer qualquer marca deiada pelos companheiros no
momento da partida e para criar pistas <alsas"
ean estaa dominado pelo mesmo nerosismo que o assaltaa antes de cada
batalha" -pesar de ser um militar, n$o se acostumaa com a iol@ncia e a morte que
ineitaelmente acompanhaam os combates" empre di?ia que depois que a guerra
acabasse nunca mais empunharia uma arma"
/m dos patrulheiros aproimouAse dele"
— )entro de alguns minutos o trem estar! aqui"
— %iu immy6 4 perguntou ean com ansiedade"
— (u o i entrar no trem, ontem K noite, mas n$o o i sair"
Como est$o indo para c!, acho que est! tudo bem"
— *n<ernoQ 4 ean eplodiu" 4 (u mandei que se retirasse
imediatamente"
— (u n$o me preocuparia, se <osse o senhor" immy Doem,
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mas sabe cuidar muito bem de si mesmo"
ean n$o respondeu, alertado pelo barulho do trem que se aproimaa" odos os
homens se calaram, obserando o comboio de cerca de quarenta agLes, escoltado por
aproimadamente du?entos soldados a caalo" ean esperara um nJmero maior e conA
siderou que tale? os ianques tiessem se conencido de que os guerrilheiros haiamabandonado a !rea" - estratgia que o capit$o rebelde usara de suspender todas as
atiidades durante semanas antes do assalto ao trem dera o melhor dos resultados"
+s primeiros agLes entraram no des<iladeiro, com inte soldados caalgando na
<rente da locomotia"
Euando o trem ocupou todo o espa#o do des<iladeiro, ean deu o sinal
conencionado e os homens postados nas etremidades cortaram as cordas" odo o entulho
rolou, obstruindo as duas saídas" -panhados de surpresa, os ianques da escolta gritaram,enquanto alguns caíam das montarias, aleDados por pedras e galhos de !rores" /m o<icial,
na <rente da coluna, entendeu quase imediatamente o que se passaa" altou do caalo e
mandou que os outros <i?essem o mesmo e se escondessem atr!s dos agLes preparandoA
se para atirar"
ean <e? noo sinal e os atiradores dos dois lados do des<iladeiro dispararam ao
mesmo tempo" +s ianques, apanhados pelo <ogo cru?ado, DogaramAse embaio dos agLes"
.$o podiam er os soldados inimigos agachados atr!s das rochas e muito menos atirar
neles"
Euando percebeu que n$o ia ha1er tiroteio da parte dos ianques, 9ean mandou
cessar <ogo" Pediu a um de seus homens que lhe entregasse a bandeira branca e desceu a
ribanceira at a metade"
4 Euem o comandante6 4 gritou"
+ o<icial que ele 1ira K <rente da escolta le1antouAse 1agarosamente" 9ean
escorregou at embai:o, ainda segurando a bandeira de trgua e <oi ao encontro do[ o<icial
ianque"
4 .Fs o temos na mira de <ogo cru?ado, capit$o 4 in<ormou"
4 emos o dobro de homens 4 mentiu" 4 .$o queremos matar mais nenhum de seus
soldados" + senhor se rende6
+ capit$o, um homem robusto de inteligentes olhos cin?entos, olhou em 1olta" %iu
canos de ri<les despontando entre as pedras, no alto do des<iladeiro, e 1!rios de seus
soldados estendidos no ch$o, imF1eis" (sta1am cercados, sem possibilidade de escapar"
9ean deuAlhe tempo para a1aliar a situa#$o"
— Euais s$o seus termos6 4 o ianque perguntou por <im"
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
— )ouAlhe minha pala1ra de que nenhum de seus homens ser! <erido" 9F
queremos a carga" %oc@s <icar$o aqui"
— ( nossos ca1alos6
— Precisaremos deles para transportar a carga, capit$o" &as
n$o se preocupe" 0ogo os encontrar$o" Euando n$o chegarem
no pra?o estipulado mandar$o patrulhas atr!s de 1oc@s"
— ( os <eridos6
— Cuidaremos deles enquanto esti1ermos aqui"
+ o<icial da /ni$o olhou para 9ean com <Jria controlada"
— enho escolha6
— .$o, senhor" eceio que n$o"
—
+ que de1o <a?er6 4 perguntou o ianque com resigna#$o" — &ande seus homens colocarem as armas que carregam numa pilha, ali" 4
9ean apontou para um local atr!s do Jltimo 1ag$o" 4 /m de cada 1e?"
)e1agar, o capit$o inimigo dirigiuAse para a <rente do comboio, com os ombros
encur1ados" Percorreu o caminho ao longo dos 1agLes, mandando os soldados saírem e
le1ar as armas para o local indicado por 9ean" +s homens saíram dos 1agLes e debai:o deles,
silenciosos e chocados"
ean <e? um gesto para os rebeldes e alguns deles escorregaram para o <undo
do des<iladeiro, enquanto os atiradores permaneciam em seus lugares" - seguir, acercouAse
do capit$o ianque"
4 eu nome6
+ homem <itouAo com <ria hostilidade"
— Carstairs"
— Bem, Carstairs, d@Ame suas armas" - pistola e a espada"
&uito deagar e sem tentar nada" )epois, ! sentarAse no lugar
que meu tenente indicar"
+ ianque obedeceu"
(m seguida, ean <oi de soldado em soldado, acompanhando o processo de
desarmamento" (m certo momento notou que um sargento Dogou o ri<le na pilha e olhou de
relance para a prFpria perna"
4 (spereQ 4 ean gritou, quando o homem ia reunirAse ao
grupo de desarmados" 4 -rregace as pernas da cal#a"
+ sargento corou"
4 .$o h! nada"
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
ean deuAlhe um soco no rosto e o homem desabou" ocouAo noamente, caindo
sobre ele e ignorando os gritos de protesto dos ianques" Precisaa mostrar o que
aconteceria se houesse resist@ncia e o sargento tiera o a?ar de serir de eemplo"
-gachouAse ao lado do homem caído e retirou uma <aca que estiera presa a
uma bainha amarrada no torno?elo" — ProtestoQ 4 eclamou o capit$o ianque"
— -h, protesta6 4 ?ombou ean en<urecendoAse" 4 &atarei
o prFimo que eu encontrar escondendo uma arma" Pode ter certe?a disso, capit$o" ( pode
protestar quanto quiser"
Chamou dois de seus homens"
4 eistem todos"
ean continuou a obserar a <ila de soldados que entregaam as armas, endoque muitos deles retiraam <acas e pistolas das pernas e das cinturas"
4 ( os <eridos6 4 Carstairs perguntou"
ean n$o lhe deu aten#$o, oltandoAse para Braden"
— -inda n$o iu immy6
— !, sim, senhor" (le chegou logo depois que abrimos <ogo"
— &andeAo descer aqui com medicamentos"
&inutos depois immy descia ao <undo da passagem e procuraa ean" +s olhos
de Carstairs estreitaramAse quando ele reconheceu o Doem que os <i?era cair na
armadilha"
immy olhou para ele com naturalidade"
— )esculpe, capit$o"
— immy, h! alguns <eridos 4 ean eplicou" 4 %eDa o que
pode <a?er por eles" )epois enha <alar comigo"
-lguns dos rebeldes D! haiam retirado os <eridos do meio dos mortos e immy
eaminouAos rapidamente, recordando as li#Les de yan" -penas um deles estaa <erido
graemente e a bala <icara encraada no <lanco do homem" &as immy acreditaa que
nenhum Frg$o ital <ora atingido, apesar do sangramento ecessio" (traiu a bala e
en<aiou o tFra do soldado" ratou de outros <erimentos a bala, entalou duas pernas
quebradas e desin<etou !rios arranhLes super<iciais" )epois de dispensar cuidados a todos,
oltou para o lado de ean"
4 2i? o que pude, senhor" /m dos homens parece estar com
hemorragia, mas acredito que n$o morrer!"
(nquanto ean organi?aa as atiidades Dunto aos capturados, outros rebeldes
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ustis recolhia as botas em sacos de lona e ean irouAse para dois dos outros
homens"
4 Cuidem do resto"
+s dois andaram pelo meio dos ianques, cortando suspensFrios e arrancando
botLes de cal#as" — %oc@ ai pagar caro por isso 4 amea#ou Carstairs" 4 (spero que os
apanhem" uro que terei o maior pra?er em assistir seu en<orcamento"
— .$o se preocupe, capit$o 4 ean respondeu sem importarA
se com as palaras do aders!rio" 4 0ogo ir$o procur!Alo e deseDo que <a#a uma boa
iagem de olta" 4 Hesitou, olhando para o homem que morria" 4 0amento o que
aconteceu a ele"
)epois de certi<icarAse de que seus homens haiam terminado a tare<a dedespoDar os ianques de suas botas e dos suspensFrios, ean montou e esporeou o caalo"
aiu em disparada do des<iladeiro, seguido pelo resto do bando de rebeldes"
-penas terminara a parte mais <!cil do assalto" + problema maior residia na
di<iculdade de lear tantos caalos carregados com sacos olumosos at o ale, sem
despertar aten#$o indeseD!el"
+lhou para o cu e sorriu largamente quando as primeiras gotas de chua
come#aram a cair" -lgum ouira suas preces, prendendo o temporal at que tudo
estiesse terminado" (, no momento, a chua seria bemAinda" -pagaria qualquer possíel
sinal de sua passagem"
-lcan#ou o grupo que leaa o carregamento diersas horas mais tarde" - chua
continuaa a cair e a trilha coberta quase que sF por pequenas pedras e uma camada de
terra dura n$o se trans<ormaria num loda#al" &as teriam uma noite muito <ria"
+ dia raiaa quando aistaram a queda de !gua ao longe" +s homens
reanimaramAse e <i?eram os caalos andar mais rapidamente" (staam ansiosos parachegar ao acampamento e contar tudo o que se passara aos que n$o haiam participado
do assalto" ( todos deseDaam dormir por longas e longas horas"
ean <icou para tr!s, obserando os homens e caalos atraessarem a cascata"
%igilante, procurou pegadas para apagar e montou guarda durante algumas horas, para
certi<icarAse de que ningum estaa no rastro deles"
-quela etapa estaa encida" Conseguira os ri<les de repeti#$o" F lhe restaa
le!Alos em seguran#a para ichmond"
yan estaa dormindo quando ouiu os gritos de alegria dos caaleiros entrandoProjeto Revisoras 140
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no ale" 0eantouAse depressa e estiu a cal#a que deiara perto da cama, en<iando a
camisa com que dormia para dentro do cFs"
/m dos homens galopou diretamente para a barraca de comando e <oi o primeiro
que yan iu ao sair" (ra ustis, <itandoAa com um enorme sorriso"
4 rta" yan, pegamos os ri<lesQ -quele seu irm$o deia ser general" -s batalhasna %irgínia seriam todas itoriosas se ele as comandasse" (le"""
yan n$o sorria e sua epress$o ansiosa interrompeu o palarFrio do
sargento"
— .ingum""" ningum se <eriu6 4 perguntou receosa"
— (ans caiu e machucou o ombro, mas n$o nada srio"
— +nde est! ean6
—
2icou para tr!s, eri<icando as trilhas" abe como ele meticuloso" — +brigada, ustis, por ir me dar notícias"
— .$o <oi nada, srta" yan" 4 ocou a aba do chapu e <oi
para Dunto dos outros que chegaam"
Ben assistira K chegada dos homens, tentando adiinhar o que haiam <eito
durante a aus@ncia" Passara a noite na chua, abrigado por um poncho meicano que yan
leara para ele" + guarda n$o concordara em trans<eriAlo para dentro da carro#a e Ben tiera
a perersa satis<a#$o de er que o Doem soldado tambm <ora obrigado a suportar a chua
<ria" %ira ustis <alando com yan, percebendo claramente como o rosto lindo demonstrara
alíio" ( <icou contente por ela" ( tambm, precisaa admitir, por entender que ean
retornara em seguran#a"
-inda olhaa para a entrada da barraca quando yan olhou em sua dire#$o"
-cenou para ela, transmitindo seu contentamento e iuAa sorrir satis<eita"
(la come#ou a andar para ele, com o cabelo despenteado e a camisa de dormir
toda enrugada, mais linda que nunca"
4 +brigada, Ben 4 disse baiinho ao chegar K carro#a" 4
+brigada por ter <icado <eli? com a olta de ean"
(le passou a m$o lire pelo cabelo preto, com ar srio"
— 2eli?6 (u n$o queria que algo de ruim acontecesse a ean,
mas como posso <icar <eli? com isso6 4 -pontou para os sacos
que os homens come#aam a tirar dos lombos dos caalos" 4
$o ri<les, n$o6 i<les de repeti#$o"
— im 4 ela con<irmou desa<iadoramente"
— anta m$e de )eusQ 4 ele eclamou <echando os olhos" 4
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
.$o percebe que esses ri<les sF serir$o para prolongar a guerra6
4 -briu os olhos e <itouAa enraiecido" 4 .$o para mudar o
resultado desta guerra imunda, para prolong!AlaQ
yan encarouAo, D! sem tanta satis<a#$o" .$o tiera tempo para re<letir sobre as
conseqM@ncias do ato de ean, contagiada pela ecita#$o de todos e repleta de <elicidadepor seu irm$o oltar s$o salo"
— +s ri<les podem mudar a situa#$o 4 ela declarou obstinadamente" 4
Certamente ean acredita nisso"
— (le n$o t$o tolo assim 4 Ben respondeu com rispide?,
encostando a cabe#a na roda e tornando a <echar os olhos" (itar o roubo dos ri<les <ora a
ra?$o mais importante de sua ida o Colorado"
—
Ben6(le olhou para yan, que, ainda de p na <rente dele, <itaaAo desarorada"
entou sorrir para ela, mas n$o conseguiu"
4 .$o adianta, yan" .$o posso <icar <eli? porque ean capturou essas armas
todas"
(la obserouAo por alguns segundos, deseDando poder apagar a amargura que
ia nos olhos a?uis" &as n$o haia nada para" ser dito" Por um momento <ugidio ela sentira
a estranha corrente de compreens$o que Ks e?es os ligaa t$o poderosamente" + momento
passara e eram aders!rios noamente"
4 0amento, yan" 0amento muito que tenha de ser assim 4
ele murmurou, como se tiesse lido os pensamentos dela"
(nquanto se retiraa com l!grimas nos olhos, yan ouia os coment!rios
entusiasmados dos soldados e as perguntas curiosas dos que haiam permanecido no
acampamento" &as D! n$o sentia nenhuma alegria"
Ben, por sua e?, procuraa n$o ouir nada, <echado em sua amargura" .unca
se sentira t$o inJtil, t$o desamparado"
2oi ent$o que 2ortuna, tale? pressentindo a triste?a que lhe ia ao íntimo, deitouA
se a seu lado, colocando a cabe#a peluda em sua perna"
(le acariciou a orelha do cachorro que, satis<eito com a demonstra#$o de
ami?ade, aninhouAse cuidadosamente e <echou os olhos amarelados"
+s soldados ergueram pequenas tendas para se protegerem da chua e
arrastaramAse para dentro delas, eaustos" Ben aDeitou o poncho em olta do corpo e
<echou os olhos, tambm esperando poder oltar a dormir" Pouca di<eren#a <a?ia se era dia ou
noite" ua ida perdera o sentido, naquele catieiro humilhante"
Projeto Revisoras 142
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- maioria dos homens dormiu o dia inteiro, embora alguns <icassem andando
pelo acampamento, ainda ealtados demais para poder relaar" -o retornar ean lhes
dissera que haeria uma grande <esta K noite e que todos poderiam beber quanto quisesA
sem e comer carne K ontade"
)epois <ora dormir e, quando despertou, as primeiras estrelas D! brilhaam nocu que escurecia" - epectatia criada pela promessa da <esta era grande e <oi di<ícil
conseguir olunt!rios para igiarem a entrada do ale" 2inalmente seis se apresentaram e
ean prometeuAlhes que poderiam comemorar na noite seguinte"
yan tentou entrar na anima#$o, determinada a tirar Ben de sua mente" &as
n$o podia ignorar o ulto acorrentado e sentia na alma o desespero que ele deia sentir" -
itFria de ean signi<icaa amarga derrota para Ben" &as yan n$o podia arruinar a
alegria do irm$o" PNs o estido que ganhara no dia de seu aniers!rio e Duntou os cabelosna nuca, atandoAos com uma <ita a?ul"
euniuAse a um grupo de o<iciais que rodeaam a <ogueira e aceitou um gole de
uísque"
Euando a mJsica come#ou, alegre e saltitante, Braden inclinouAse na <rente dela e
conidouAa para dan#ar" + homem que tocaa a rabeca passou a tocar uma alsa enolente
e todos, inclusie Ben, seguiram as eolu#Les graciosas dos dois, que dan#aam no ch$o
duro com a mesma eleg>ncia com que o <ariam num sal$o de baile iluminado pro<usamente
e cheio de <lores"
Ben sentiu uma dolorosa pontada de ciJme ao er yan olhar para o tenente
rebelde, que se inclinou e murmurou algo em seu ouido"
+ ritmo tornou a mudar e o som de uma dan#a irlandesa espalhouAse pelo aleG
.$o demorou muito para que todos dan#assem, batendo os ps com energia e sacudindo
os bra#os no ar" (pulsaam a tens$o dos corpos e das mentes e etraasaam a
satis<a#$o de terem eecutado um trabalho bemA<eito"
- alegria dos inimigos tornaa a solid$o de Ben ainda mais cruel" (le n$o
desiaa o olhar do ulto gracioso de yan" + rosto a<ogueado e o cabelo dourado
prendiam seu olhar como se ele estiesse en<eiti#ado" ( Ben so<ria, deseDando como louco
poder tom!Ala nos bra#os e rodopiar com ela numa dan#a sem <im"
2icou aliiado quando a mJsica agitada cessou e ean come#ou a tocar seu
iol$o"
CAPITULO XVII
Projeto Revisoras 143
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.os dias seguintes a rotina do acampamento mudou radicalmente" Ben Dulgara
que ean partiria do ale logo depois do assalto, e n$o <oi assim" (ntraram todos numa
atiidade <rentica e Ben assistia a tudo com certa <ascina#$o" +s sacos contendo as
armas roubadas <oram leados para as caernas e tra?idos de olta, a?ios"
=rupos de homens dedicaramAse ent$o K tare<a estranha de arrast!Alos peloch$o at que estiessem imundos, la!Alos e tornar a suD!Alos, repetindo o processo at que a
lona branca ganhou uma colora#$o acin?entada de tecido elho" +utros ocupaamAse em
raspar as iniciais do (rcito da /ni$o graadas nas selas e arreios dos caalos
con<iscados" )epois passaam uma pasta de argila sobre o couro e tornaam a liar antes
de encerar o material, que adquiria apar@ncia desgastada"
+s homens tambm so<riam trans<orma#Les" +s que usaam barba raspaam o
rosto e os que sempre tinham mantido as <aces escanhoadas deiaam os p@los crescer"Ben ainda n$o recebia !gua para laarAse e aquilo o deiaa alucinado"
Cheiraa a suor e a barba !spera cobriaAlhe o rosto" Continuaa pedindo !gua,
sistematicamente, sempre recebendo uma negatia como resposta"
2inalmente perguntou ao guarda se podia <alar com ean" .$o se <alaam desde
que ean partira para o ataque, seis dias atr!s" + capit$o dormira ao ar lire todas as noites,
eitando aproimarAse da carro#a"
4 2alarei com ele quando meu turno terminar 4 o soldado
respondeu rispidamente"
%!rias horas depois ean <oi @Alo, olhandoAo com ar de ?ombaria"
4 %oc@ est! Ftimo" )uido que algum, endoAo assim, suspeitaria tratarA
se de um coronel ianque" (nt$o Ben entendeu"
— (nt$o isso 4 gemeu"
— )esculpe, Ben, mas necess!rio" udo, porm, <icar! mais
<!cil se oc@ empenhar sua palara"
— .$o" Principalmente agora que i os ri<les" %oc@ louco,
ean6 .$o percebe que mais armas apenas alimentar$o as energias desta guerra maldita,
arrastandoAa por mais algum tempo, causando mais morte e destrui#$o6
— ale?" &as pode ser que, tornando as coisas bem di<íceis
para o .orte, consigamos um tratado de pa?, em e? da humilhante rendi#$o do ul"
— *sso tolice 4 Ben replicou com raia" 4 + con<lito D! <oi
longe demais e n$o h! esperan#a para oc@s" abe disso t$o bem
quanto eu" %oc@s est$o derrotados"
— Parecemos derrotados6 )iabos, Ben, cumpro ordens, como oc@" Posso
Projeto Revisoras 144
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
— ( estamos todos pagando pela teimosia dos dois lados" &as
oc@, ean, se n$o os outros, tem a obriga#$o de saber que o ul
n$o pode encer"
— Pode ser" &as todos nFs temos de cumprir nosso deer" *nclusie oc@"
+s l!bios de Ben moeramAse sutilmente, como se ele <osse sorrir" — Por que insisto em discutir com um irland@s6 .unca o enci num bateAboca" 4
2e? uma pausa" 4 %ai leantar acampa
mento em bree6
— Euando tudo estier pronto" (nquanto isso n$o acontece,
esque#a os banhos" -manh$ receber! outras roupas" er! de <a?er o que eu ordenar"
— +u"""
—
.$o me <a#a perder a paci@ncia, Ben" .$o tenho tempo paraisso" 4 %irouAse para Bobby Iilson" 4 )eieAo andar um pouco pela manh$, se ele quiser,
mas chame immy para aDudar e n$o remoa os <erros dos ps"
+ guarda <ran?iu a testa, agastado com a concess$o de ean" -ssentiu,
relutante"
ean tornou a olhar para Ben"
4 *sso n$o quer di?er que oc@ dea tentar alguma coisa" Po
de ser muito perigoso, portanto tome cuidado"-s ra?Les para ean ainda permanecer no
ale tornaramAse claras nos dias subseqMentes" (speraa que as buscas <ossem abanA
donadas e que a agita#$o causada pelo assalto se acalmasse"
.as duas semanas seguintes os rebeldes construíram carro#Les usando a lona
dos sacos para cobriAlos" (ram carro#as rJsticas, de apar@ncia miser!el" &as os <undos
<alsos abrigaam o precioso carregamento de ri<les"
Ben recebeu uma camisa suDa e cal#as ainda mais imundas, para substituir o que
restaa de seu uni<orme" %estiuAas e bem podia imaginar sua apar@ncia repulsia" (staasuDo, barbado, parecendo o mais miser!el dos mendigos"
2inalmente, um dia, o destacamento estaa pronto para partir" ean ensacara
todos os medicamentos roubados em assaltos anteriores e mandara destruir todos os
suprimentos que n$o <osse possíel lear com eles" -lguns dos homens, com os rostos perA
<eitamente escanhoados, apareceram estidos com traDes <emininos, proocando um
ataque de hilaridade nFs outros" &as ean acabara com o diertimento rapidamente"
( Ben iu que o grupo assemelhaaAse a um bando de retirantes que <ugia daguerra indo para o oeste"
Projeto Revisoras 146
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
V tarde, ean soltou as algemas do pulso de Ben e leouAo para a barraca de
comando" &andouAo sentarAse num banco e Ben obedeceu, colocando as muletas no ch$o"
yan estaa l!, meendo algo numa panela" orriu para ele, querendo transmitirAlhe a menA
sagem de que sua apar@ncia lament!el em nada o diminuía a seus olhos" (le entendeu e
sentiuAse melhor"yan <oi at ele, ainda sorrindo"
4 -gora <ique quieto" .Fs amos trans<orm!Alo num cad!er"
(le espantouAse, mas obedeceu, deiandoAa espalhar um líquido com cheiro
a?edo em seu rosto" +s dedos dela eram gentis, mas <irmes, e Ben conteeAse para n$o
tomar a m$o?inha delicada e cobriAla de beiDos"
(la terminou a tare<a e deu um passo atr!s, admirando sua obra" Com ar
traesso colocou um espelho nas m$os dele e Ben logo descobriu o que ela quisera di?er
com cad!er" eu rosto estaa completamente irreconhecíel" - pele, embaio da barba,
mostraaAse t$o p!lida que parecia branca" (le se trans<ormara num homem K beira da
morte"
4 (st! per<eito 4 elogiou ean" 4 +brigado, yan"
(la entendeu que estaa sendo dispensada e saiu da barraca"
4 Eueria saber quando íamos partir, Ben6 (sta noite 4 o capit$o comunicou" 4
%iaDar! numa carro#a com Bobby Iilson,
ustis e minha irm$" e encontrarmos patrulhas ianques, ay
o <ar! respirar cloro<Frmio e <ingir! ser uma esposa inconsol!el" )uido que tenham
coragem de <a?er perguntas a ela"
Ben <oi leado de olta para a roda da carro#a, mas n$o tornaram a algem!Alo"
-ssistiu ao carregamento do Jltimo carro#$o com grande interesse e iu quando os homens
dis<ar#ados em mulheres colocaram chapus na cabe#a, amarrandoAos sob o queio, de
modo que seus rostos <icaam quase totalmente escondidos" +utros, traDandoAse comoaqueiros ou ca#adores, tomaram lugar nas primeiras carro#as, depois de amarrar algumas
acas na parte de tr!s"
2ortuna andaa de um lado para outro, latindo com ansiedade, temeroso de ser
deiado para tr!s" Ben chamouAo e o cachorro correu para ele, deitandoAse a seu lado"
! escurecia quando ean <oi buscar Ben"
4 (stamos prontos para partir" %enha comigo"
Ben apoiouAse nas muletas e seguiu o capit$o at um dos carro#Les que <icaamno meio do comboio" .a lona que o cobria haiam pintado uma grande cru? ermelha, sinal
Projeto Revisoras 147
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
de que ali iaDaa algum acometido de molstia contagiosa" %!rios cobertores cobriam o
<undo e Ben iu utensílios espalhados e pequenos mFeis, inclusie uma cadeira de balan#o"
urpreso, tentou adiinhar onde ean conseguira uma cadeira daquelas, mas logo desistiu,
pensando que acabaria por se acostumar a tantos <atos estranhos"
ean leouAo por cima dos cobertores at o <undo da carro#a e tornou a colocar a algema em seu pulso direito" 2echou a outra ao redor de uma argola de <erro presa em
uma das traes que sustentaam a cobertura de lona" (nt$o Bobby Iilson subiu para
reassumir o posto de guarda"
4 Cuide bem dele, Bobby 4 ean recomendou, saltando para o ch$o"
%oltou pouco depois carregando 2ortuna" Colocou o cachorro na carro#a e
a<astouAse para que ustis e yan pudessem subir" (la lan#ou um olhar carinhoso na
dire#$o de Ben e sentouAse com as costas apoiadas na lateral do carro"
-s rodas come#aram a se moer e Ben deitouAse" (staa cansado e procurou
uma posi#$o con<ort!el, mas as t!buas do ch$o eram duras demais e os solaancos
sucediamAse, sacudindo tudo" *a ser uma iagem longa e di<ícil"
ean planeDara iaDar para o sul durante a noite, mudando ligeiramente de
dire#$o durante o dia, tomando o caminho do oeste" /m comboio de retirantes que <osse para
o sul chamaria a aten#$o das autoridades, mas o mesmo n$o aconteceria se proassem queiam para o oeste usando uma trilha que descia para o sul, antes de mudar de<initiamente
de dire#$o"
essenta homens participaam do comboio" -lguns dirigiam as carro#as e outros
iaDaam atr!s ou a caalo" +utro grupo seguia a alguma dist>ncia, <ingindo n$o <a?er parte
do comboio, dis<ar#ados em aqueiros itinerantes" &as n$o estaam t$o distantes que n$o
pudessem ouir o tiro de ri<le que ean estabelecera como sinal de perigo" &uitos homens
haiam seguido para ichmond" + capit$o sabia que astJcia era a melhor estratgia" V
<or#a n$o conseguiriam nada, numa !rea dominada por tropas <ederais"
+s dois primeiros dias transcorreram sem eentos dignos de nota" .$o
encontraram soldados pelo caminho e os poucos iaDantes que passaam por eles <ugiam o
mais r!pido possíel ao notar a cru? ermelha pintada em uma das carro#as" +s homens
encarregados de dirigir os eículos ree?aamAse para descanso e o comboio sF paraa por
brees períodos de tempo quando haia necessidade de trocar os caalos"
ean daa a impress$o de estar em todo lugar" )ormia num dos carro#Les por
uma ou duas horas quando se sentia eausto"
)epois, oltaa a montar, percorrendo a longa <ila de carro#as ou caalgando na
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
<rente, sempre atento"
Para Ben a iagem estaa sendo um pesadelo" +s outros podiam descer e correr
um pouco para se eercitar, se assim o deseDassem, ou trocar de lugar com um companheiro
que seguia a caalo" &as ele era obrigado a <icar na carro#a, suportando os in<ind!eis
solaancos e com os moimentos limitados pelas algemas" Bobby Iilson <a?ia turnos com
dois outros guardas e ustis e yan ree?aamAse para dormir"
)e e? em quando ele olhaa para o guarda e pensaa em <ugir" ( o que <aria se
conseguisse6 eria de pNr o (rcito atr!s de ean" -tr!s de yan" .$o teria alternatia" e
pelo menos ean n$o tiesse colocado as m$os naqueles ri<les"""
.o terceiro dia diisaram uma patrulha da /ni$o e ean dirigiuAse imediatamente
para a carro#a em que yan iaDaa, ordenando que ela cloro<ormi?asse Ben" (la
escorregou do banco e retirou um <rasco de uma caia que <icaa no ch$o" -briuAo e
ensopou um len#o sobre o rosto de Ben, que resistiu at sentir o cano da pistola de Bobby
contra a nuca" espirou <undo, ent$o, aspirando o aroma adocicado e enDoatio" 0ogo que
seus olhos se <echaram e a respira#$o tornouAse regular, yan e Bobby cobriramAlhe o corpo
com cobertores, ocultando os ps presos nos <erros" apidamente, o guarda abriu a
algema que rodeaa o pulso de Ben e escondeuAa atr!s da trae"
&inutos depois, Braden, acompanhado por um o<icial ianque, aproimouAse da
carro#a" yan traDaa um estido modesto e empoeirado e prendera o cabelo num coqueseero" &antinhaAse debru#ada sobre o en<ermo, em atitude de total desola#$o"
ean, que subira K bolia, assistia a tudo atras da abertura na lona que
separaa a parte traseira da carro#a" + o<icial lan#ou um olhar para dentro e rodeou o
eículo para <alar com ean, que lhe haiam apontado como líder do comboio"
— enho ordens para reistar todas as carro#as que passarem
por esta !rea 4 eplicou com arrog>ncia"
— .esta sF h! doen#a 4 ean respondeu em tom desanimado" 4 &eu irm$o est! morrendo, atacado de peste"
)esceu da bolia e ergueu uma parte da lona que cobria a lateral da carro#a"
4 Pode procurar o que quiser, tenente" emos tentado encontrar um mdico,
mas ningum quer chegar perto de nFs"
+ o<icial ianque lan#ou um olhar para o homem imundo e p!lido, deitado no
<undo do carro"
4 Pode abaiar a lona 4 ordenou" 4 %! em <rente e boasorte"
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ean inclinou a cabe#a humildemente e iu o tenente aproimarAse de outro o<icial"
+s dois a<astaramAse e ean subiu noamente, pegando as rdeas"
Ben acordou uma hora mais tarde, com a cabe#a lateDando pelo e<eito da droga"
(ra Fbio que o plano de ean <uncionara, pois ele podia sentir o balan#o do carro em
moimento"+lhou para Bobby Iilson" + guarda dormia" Ben tentou calcular quanto tempo
estier a inconsciente, imaginando se a patrulha da /ni$o D! <icara muito atr!s" &ediu a
dist>ncia entre ele e o guarda adormecido" Bobby dormia encostado no <undo da carro#a,
com o ri<le do lado"
Ben tee a idia de pegar a arma e descarreg!Ala, atirando para <ora atras da
lona" ale? os soldados da /ni$o estiessem bastante perto para ouir e ir atr!s deles"
Come#ou a rasteDar e esbarrou numa panela, <a?endoAa tinir" + barulho despertou oguarda, que percebeu imediatamente as inten#Les de Ben"
— %olte para o seu lugar 4 grunhiu"
— Euero !gua"
— %ai continuar querendo"
— .$o 4 yan disse inesperadamente, do assento da bolia,
para onde se trans<erira deseDando distrairAse com a paisagem"
4 (le dee estar com sede por causa do cloro<Frmio"
Passou para tr!s pela abertura com um cantil na m$o e olhou com censura e
despre?o para Bobby, que deu de ombros" 0eou o cantil aos l!bios de Ben e ele descobriu
que estaa realmente sedento" Bebeu aidamente, sentindo com delícia o <rescor da !gua na
garganta ressequida"
4 )esculpe, mas eu tinha de lhe dar cloro<Frmio 4 ela murmurou, passando a
m$o de lee pelos cabelos desgrenhados de Ben"
(le ergueu a m$o como se <osse para <irmar o cantil, mas na erdade queria
acariciar a m$o?inha gentil" eus olhos se encontraram, repletos de mensagens mudas,
separandoAos do resto do mundo e suas misrias"
)e repente a carro#a parou com um tranco, quebrando o encanto que os ligaa"
yan entregou o cantil a ele"
4 2ique com isto 4 instruiu, passando noamente para a boleia a tempo de er
que ean se aproimaa, montado no garanh$o"
(la acomodouAse ao lado de ustis, que dirigia a carro#a, <itando o irm$o"
— Como ele est!6 4 ean perguntou"
— $o bem quanto pode estar nestas condi#Les" &as seu estado de >nimo
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lament!el"
— *magino" &as melhor assim que morto" .$o haia alternatias"
— Euando amos parar noamente6
— Euero colocar uma dist>ncia bem grande entre nFs e a patrulha, no caso de
eles mudarem de idia a nosso respeito" %iaDaremos at o anoitecer e pararemos onde houer !gua"
ean sorriu para encoraDar a irm$ e olhou para ustis"
— Euando pararmos deie Ben andar um pouco"
— im, senhor"
+ capit$o irou o caalo e pouco depois desaparecia na <rente da <ila de
carro#as" ustis olhou para yan"
—
%oc@ est! bem6 Parece p!lida" — (stou cansada" Como todos os outros" 2oi um dia muito
longo"
— ( ainda n$o acabou"
ustis percebera a atra#$o que unia yan e o coronel ianque" ( sabia quanto ela
so<rer! por ter de cloro<ormi?!Alo, pois eitaa usar a droga at quando trataa de <eridos,
pre<erindo o l!udano, menos preDudicial"
— Por que n$o se recosta no banco e descansa um pouco6
— .$o h! muito onde se recostar"
— (nt$o use meu ombro"
(la olhou para o teano com surpresa" (le sempre <ora tímido em rela#$o a ela"
4 &uito obrigada, ustis, mas acho que n$o conseguiria dormir, mesmo que
tentasse"
yan olhou para tr!s e iu que Ben se sentara, parecendo n$o estar bem"
4 %ou dar uma olhada l! atr!s, ustis"
+ homem sorriu compreensiamente e yan passou pela abertura"
— Como est!6 4 perguntou a Ben"
— .auseado e tonto"
— ( a perna6
— )oendo um pouco" - outra est! dormente"
— ean disse que poder! andar, quando pararmos" Precisa de
eercício"
— Consci@ncia pesada6
(la n$o respondeu logo, pensando que sua prFpria consci@ncia n$o estaa
Projeto Revisoras 151
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
muito lee"
— odos nFs estamos <a?endo coisas que n$o nos agradam 4
declarou por <im"
— .$o sei se suportarei tudo isto sem <icar louco"
— uportar!, sim 4 ela a<irmou com seguran#a" — Euando amos parar6
— )aqui a algumas horas" -o escurecer" Ben tomou um pouco de !gua
do cantil"
— .unca tinha percebido que a !gua t$o boa"
yan procuraa um assunto que o <i?esse esquecer, pelo menos por alguns
instantes, a dor e o descon<orto"
4 2aleAme de seu <ilho 4 pediu"(le <itouAa surpreso" )esde a discuss$o amarga, quando yan perguntara sobre
&elody, ela eitara <alar de assuntos pessoais" ( <icou ainda mais surpreso quando
descobriu que deseDaa <alar de -ery com ela"
4 em quase tre?e anos, mas parece muito mais elho 4 come#ou" 4 Cresceu
entre adultos, criado por meu pai e minha irm$" -cho que amadureceu depressa
demais" empre me arrependerei de n$o lhe ter proporcionado uma in<>ncia de
erdade"
Parou de <alar, noamente pensando que n$o adiantaa deseDar mudar o
passado"
4 (u n$o quis @Alo durante anos" -ery me lembraa &elody" -<astei meu <ilho
de mim por uma estupide? de que me arrependo amargamente"
- o? dele <alseou e uma enorme triste?a cobriu o rosto normalmente impassíel"
0an#ou um olhar intenso a yan, procurando censura e desapontamento nos olhos
límpidos" &as nada
encontrou, a n$o ser o re<leo de sua prFpria amargura"
4 &elody me abandonou e depois abandonou o <ilho tambm" ( eu <ui t$o
insensíel quanto ela" &ais, at" empre que olhaa para -ery, ia &elody" (nt$o deieiAo
numa casa que eu sabia ser a?ia de amor, sem pensar no mal que praticaa" 4 + rosto
<orte contorceuAse em agonia" 4 (u sempre <a#o isso,
yan" &achuco as pessoas" -<astoAas de mim"
yan sentia a dor dele na prFpria alma" ob a coura#a protetora, Ben n$o
passaa de um homem com o íntimo <erido" ( marailhouAse com o <ato de que, sendo t$o
orgulhoso, permitia que ela espiasse para dentro de seu cora#$o e isse suas chagas"
Projeto Revisoras 152
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
ale? as con<idencias <ossem outro e<eito da droga e ela receou que ele se arrependesse
mais tarde e se retraísse completamente"
— &as oc@ oltou para seu <ilho 4 consolouAo"
— .$o por ontade prFpria" (u estaa em Iashington,
recuperandoAme de um <erimento" &eu pai morreu e eu <ui a Boston para os <unerais"(ncontrei meu <ilho, um rapa?inho solit!rio" ( ia dei!Alo l!, com minha irm$"
Ben parou de <alar, lembrandoAse do <uneral do pai" -ery aproimaraAse dele,
com os olhos ermelhos mas a epress$o do rosto controlada" Controlada demais para
uma crian#a"
4 Como ai, senhor6 4 o garoto perguntara com <ormalidade"
Ben dera uma resposta curta e seca" -inda podia er a m!goa que toldara os
olhos de -ery"0embraaAse tambm da atitude e da o? escarnecedora da irm$" Charlotte, com
inte e tr@s anos na ocasi$o, estaa antip!tica e morda?"
4 -inda n$o parou de culpar seu <ilho por haer nascido6 4
ela o agredira, quando tentaam conersar depois do <uneral" 4
%oc@ aDudou a pNAlo no mundo, n$o se esque#a"
Ben <icara estarrecido com a agressiidade da irm$" Charlotte sempre o adorara
e quando -ery nascera e ela estaa com apenas de? anos trans<erira parte dessa
adora#$o de m$e para o menino" ( de certa <orma desempenhara o papel de m$e Dunto dele"
4 -ery precisa de um pai 4 a mo#a prosseguira" 4 Precisa
de oc@" ! tempo de enterrar &elody e parar de culpar o garoto por um erro que <oi
apenas seu"
— (u"""
— %ai ter de me ouir at o <im" %oc@ n$o sabe o que est!
perdendo, Ben 4 Charlotte continuara com o? mais suae" 4
-ery um amor de menino e ai ser um grande homem" (le
precisa de oc@, mas oc@ precisa ainda mais dele" 2ique algum
tempo com -ery" Conhe#a seu <ilho"
Ben planeDara oltar para Iashington no dia seguinte mas prolongara a isita" -s
palaras da irm$ haiam atingido o alo e ele <icara curioso a respeito de -ery" )e manh$,
durante a primeira re<ei#$o, conidara o menino para caalgar com ele" ecebera um olhar
surpreso e acanhado" (ra a primeira e? que o pai demonstraa algum interesse por ele"
4 im, senhor, irei 4 respondera em o? muito baia"
)epois de selarem os caalos, Ben perguntara aonde o garoto deseDaa ir"
Projeto Revisoras 153
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Destinos ao Vento – Patrícia Potter
lampeDo de humor"
(la sorriu"
— =uardou rancor6
— /m pouquinho, tale?, mas apenas contra seu irm$o"
(la deitouAse de encontro K parede da carro#a, apoiando a cabe#a numa trouade roupas" Ben puou um dos cobertores que <orraam o ch$o e entregouAo a ela"
4 CubraAse" (st! es<riando"
(la enrolouAse no cobertor com um suspiro satis<eito e em alguns minutos estaa
adormecida"
Ben olhou para o guarda" Bobby Iilson dera a impress$o de estar totalmente
desinteressado pela conersa dos dois e n$o retribuiu o olhar, imerso em seus
pensamentos" Por seu rosto contraído, Ben dedu?iu que as re<leLes deiam ser bastantedesagrad!eis"
%oltou a olhar para yan" + coque que prendera o cabelo loiro de <orma t$o
seera soltaraAse e a cascata dourada tombaa por seus ombros de modo indisciplinado e
encantador" +s longos cílios sombreaam as <aces p!lidas"
(ra completamente di<erente de &elody, ou de qualquer outra mulher" .$o
demonstraa aers$o ao descon<orto, suportando situa#Les incNmodas com coragem
comoedora" +lhandoAa, Ben ia a garotinha que perdera os pais e <ora aceita por outra
<amília" $o pequena e com o cora#$o dilacerado" %ia a Doem que aDudara o pai adotio a
curar <eridos e tra?er crian#as ao mundo" (, <inalmente, a mulher que participaa de uma
guerra apenas para <icar perto do irm$o"
4 yan 4 murmurou" 4 Euem oc@6
(ncontrou a resposta dentro de si mesmo" %oc@ minha mulher"[[ &as como6
.em tinha o direito de declarar seus sentimentos, com tantos obst!culos a separ!Alos" ( o
<uturo era nebuloso demais"
&as a erdade surgia inso<ism!el" - ida sem yan n$o seria ida" ( a solid$o
seria terrielmente pior, porque ele conhecera uma do#ura, uma alegria que Damais Dulgara
eistir" (la leara lu? a sua eist@ncia sombria e ele n$o se sentia capa? de oltar a ier
na escurid$o"
CAP ÍTULO XVIII
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yan dormiu at que as carro#as pararam, algumas horas depois" +s batedores
que precediam o comboio haiam encontrado um riacho, onde os caalos poderiam beber e
os soldados encheriam os barris" (ncontraamAse prestes a entrar em territFrio teano e
n$o podiam preer quando encontrariam !gua noamente" + er$o <ora muito quente eseco e ean supunha que os rios houessem quase desaparecido"
! escurecera completamente quando todos os animais <oram desatrelados e as
carro#as colocadas em círculo" ean proibira acender <ogueiras e os homens resmungaam
enquanto mastigaam carne seca, dura e <ria"
Permitiram a Ben sair do carro#$o e ustis e immy o aDudaram a apoiarAse nas
muletas, esperando com paci@ncia que ele se equilibrasse" )eu uma olta no acampamento,
mas cansouAse rapidamente" -s pernas achaamAse <racas por <alta de eercício e ele
trope#ou !rias e?es antes de ser leado de olta para o carro" ean <oi at l! e estudou o
rosto cansado detidamente"
4 )eiem que ele <ique l! <ora, sem algemas" Basta n$o perd@Alo de ista"
Ben deiouAse <icar sentado num canto, go?ando o <rescor da noite enquanto
comia a mesma carne riDa que os outros" + alimento grosseiro n$o o desagradaa"
atis<a?iaAse em descansar ao ar lire, aspirando o per<ume dos bosques prFimos, tra?ido
pela brisa"
-cabou por adormecer e quando o despertaram, um pouco antes da alorada,
achou que a noite passara depressa demais" -lgemado, <oi leado de olta para a carro#a"
- <ila de carro#Les oltou a moimentarAse, iniciando mais um longo e etenuante
trecho de iagem"
Cinco dias depois entraram no eas, atrasados de acordo com os planos de
9ean" - !rea era controlada pelos ianques, mas os te:anos sentiramAse satis<eitos" (ra
como chegar em casa, <inalmente" (mbora ainda <osse possí1el que uma patrulha da /ni$o
os descobrisse, muitos D! acredita1am que a 1igil>ncia ianque <ora ludibriada e os ri<les
encontra1amAse a sal1o"
/ma no1a amea#a, porm, surgia" +s índios" (sta1am em territFrio comanche e
alguns dos homens que 1iaDa1am a ca1alo, um pouco distanciados, DuntaramAse ao comboio"
( todos continuaram em marcha mais acelerada, parando poucas horas por noite para que
os ca1alos descansassem"
yan passa1a períodos cada 1e? mais longos com Ben, Ks 1e?es con1ersando,
outras, mantendoAse em sil@ncio tranqMilo" Bobby Iilson tolera1a a situa#$o apenas porque
temia o capit$o" .$o recebera ordens de proibir que os dois con1ersassem ou de 1igiar o que
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di?iam, de modo que se <echa1a em seus prFprios pensamentos e os dei:a1a em pa?" 9ua
presen#a, porm, pesa1a sobre eles como uma sombra mal1ola, e tanto yan quanto Ben
sentiamAse ali1iados quando outro guarda toma1a seu lugar"
Como cocheiro, ustis tambm sempre se acha1a presente" -companha1a o
<ortalecimento da atra#$o entre os dois, sem <a?er Dulgamentos ou críticas" =osta1a do ianque
e o inusitado da situa#$o o <ascina1a" 9abia que yan 1iaDa1a na mesma carro#a com Ben
para sed!Alo se encontrassem uma patrulha inimiga, mas tambm percebia que 9ean n$o 1ia
com bons olhos o apego cada 1e? maior dos dois" ustis pre1ia que algo ia acontecer"
-penas 2ortuna parecia imune a todas as preocupa#Les" 9enta1aAse entre Ben e
yan, contente por estar Dunto das duas pessoas de quem mais gosta1a" aramente saía,
mesmo durante as paradas" 9ua natural tend@ncia para ir em busca de a1enturas <ora
atenuada pelo receio de ser dei:ado para tr!s")urante dias intermin!1eis yan Ben cautelosamente procura1am conhecerAse
melhor" (mbora ele <alasse pouco dos primeiros anos de sua 1ida e nunca mencionasse o
tempo que passara casado, gosta1a de recordar o início da carreira, quando esti1era na
regi$o dos siou: e dos black<oot" -s duas tribos 1i1iam em guerra, o que n$o impedia que um
nJmero cada 1e? maior de pioneiros brancos se estabelecesse no lugar"
Ben possuía talento raro para descreer cenas, pessoas e <atos e yan quase
podia isuali?ar os tipos pitorescos que ele encontrara" &acZen?ie, por eemplo, um mesti#o
rastreador que ensinara Ben a seguir uma pista com per<ei#$o e a ca#ar" Como acontecia
com <reqM@ncia, ele interrompia os relatos para perderAse em re<leLes, deiando yan cheia
de curiosidade sobre a continuidade dos <atos"
- situa#$o se repetia" Ben parecia relaar e lhe con<iaa suas eperi@ncias" )e
repente, lembraaAse de que eram inimigos naquela guerra, calaaAse, e uma porta
<echaaAse entre eles"
Euando isso acontecia, ela mudaa de assunto e passaa a <alar da prFpria
ida" (le D! sabia quase tudo sobre o )r" 2oster e sua esposa, &ary, os pais adotios"
Porm sempre haia um episFdio ou outro para contar" (la rebuscaa o passado, procuA
rando acontecimentos alegres ou pitorescos que o <i?essem rir" Ben diertiaAse com suas
traessuras e as tentatias <rustradas de &ary 2oster de ensinarAlhe as tare<as de uma mo#a
prendada" - boa mulher acabara por desistir"
(le ria e, esquecido das algemas, <a?ia um moimento distraído" -o sentirAse
tolhido, paraa de rir e mergulhaa noamente num mutismo reoltado" (la so<ria com ele,
desesperada por n$o poder aDud!Alo em nada" Percebera logo que trair o irm$o e possibilitar
a <uga de Ben era ini!el" -s chaes das algemas e das argolas dos ps <icaam com duas
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adormecido, e depois <itou o espa#o, tentando esconder a emo#$o"
yan sorriu" (rgueu uma das m$os e acariciou o rosto barbado, antes de
inclinarAse e tocar leemente os l!bios dele com os seus"
Haia tantas promessas nesse gesto de ternura que ele se empolgou com a
moment>nea esperan#a de <elicidade" &as a realidade n$o podia ser ignorada" -inda haiaa guerra e no <im daquela Dornada estariam separados" yan acabaria por esquec@Alo" /m
dia entregaria o cora#$o a um Doem muito mais adequado para ela" (le D! <ora marcado
demais pela ida e sua alma trans<ormaraAse num po#o de desilus$o e amargura"
— )esculpe 4 ele murmurou sem emo#$o"
— Por qu@6
+ guarda acordou e percebeu imediatamente o rosto transtornado de yan"
4 -conteceu alguma coisa, senhorita6 (la sorriu tremulamente para o Doem"
— .$o, ohnny" (stou cansada, sF isso" 4 +lhou para Ben,
captando sua epress$o carregada" + caalo de ohnny seguia
amarrado na traseira da carro#a e ela come#ou a andar para l!"
4 Posso usar seu caalo6
— R claro"
+ eículo seguia em marcha lenta e ela n$o tee di<iculdade em passar para o
lombo do animal e desatar as rdeas" Bateu nas ancas do caalo com os calcanhares,
incentiandoAo a disparar a galope" Pretendia alcan#ar o irm$o e re<ugiarAse em sua <or#a,
mas tambm queria correr com o ento" Por que Ben insistia em repudi!Ala6
inha l!grimas nos olhos quando chegou ao lado de ean"
— Ben 4 ele declarou" 4 (le a magoou, como sempre"
— .$o culpa dele" 2ico triste porque n$o consigo tir!Alo daquela angJstia"
— (u disse que ele n$o sere para oc@, maninha"
— (le n$o mudou no íntimo, ean" Vs e?es a m!scara cai
e eu eDo o homem sensíel e carinhoso" (u""" eu"""
CalouAse e, como ean tambm n$o sabia o que di?er, caalgaram em sil@ncio
por algum tempo"
4 + perigo passou 4 in<ormou o capit$o por <im" 4 Euero
que se mude para o carro#$o de immy"
(la concordou" )epois do beiDo que trocara com Ben n$o suportaria <icar perto
dele sem se atormentar com a ontade de toc!Alo, sem esquecer que <ora reDeitada"
+ irm$o colocouAlhe a m$o no ombro, aDudandoAa a endireitar o corpo" (la iria
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para a outra carro#a e <icaria longe de Ben, mas apenas por algum tempo" .$o desistiria de
chegar at o erdadeiro homem que se escondia atr!s da coura#a de amargura" (ncontraria
o meio seguro de <a?@Alo con<iar noamente no amor e na ida"
Euando <altaam cinco dias para chegarem ao 2orte cott, de acordo com os
c!lculos de ean, come#aram a parar por mais tempo durante a noite" (ncontraamAse emterritFrio controlado pelos sulistas do eas e a Jnica amea#a inha dos índios" &as ean
acreditaa que qualquer ataque seria desencoraDado pelo tamanho do comboio e o grande
nJmero de homens armados"
(staam parados Ks margens do rio rinity e immy e ustis aDudaram Ben a
descer da carro#a e caminhar pelo acampamento" (le distanciaraAse de yan, mal lhe
prestando aten#$o, cada e? mais preso K idia de que logo iriam se separar" (le <icaria no
2orte cott e ela certamente seguiria com o irm$o" ( os ri<les, os amaldi#oados ri<les, seriamentregues em ichmond" - solid$o que por tanto tempo habitara sua alma retornara com
<or#a renoada depois de um bree período de esperan#a" Ben retraiuAse ainda mais,
proocando raia e <rustra#$o em yan"
Para aliiar o peso dos aborrecimentos haia algo que o deiaa, sen$o <eli?, pelo
menos mais animado" - perna <raturada <ortaleciaAse e ele usaa as muletas mais para
manter o equilíbrio do que como apoio" yan retirara as talas, adertindoAo para que n$o
<or#asse muito a perna, mas gradualmente os mJsculos adquiriam <leibilidade e <or#a"
Haiam se passado dois meses desde que so<rer! o acidente"
+utubro ia em meio, mas no eas o outono demoraa a chegar e as !rores e a
egeta#$o continuaam erdes" -s noites de temperatura agrad!el eram um conite para
que se <icasse ao ar lire, dormindo sob as estrelas"
)epois do passeio, Ben <oi algemando K roda da carro#a" +s homens se
agitaam nos preparatios para a re<ei#$o e yan dirigiaAse para o rio, leando uma cal#a e
uma camisa nas m$os" immy a acompanhaa"
Ben ineDouAlhe a liberdade, imaginando como seria delicioso poder entrar na
!gua <ria e lirarAse da suDeira horrenda que se acumulara em seu corpo"
+s dois Doens percorreram cerca de tre?entos metros antes de chegarem a um
lugar escondido na cura do rio" immy sorriu, diante da alegria de yan"
4 2icarei no alto do barranco 4 in<ormou" 4 Chame quando acabar"
(la tirou depressa o estido, DogandoAo na margem com um gesto de noDo" (nt$o
entrou na !gua, leando uma barra de sab$o" - !gua estaa deliciosa, <ria, mas n$o gelada" Como n$o haia pro<undidade
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su<iciente para nadar, deiouAse <icar no embalo das ondas minJsculas <ormadas pela
corrente?a <raca"
)epois de limpa e re<rescada, saiu para trocar as roupas íntimas por outras
limpas e <inalmente estir a cal#a e a camisa" entindoAse renoada, abaiouAse na margem
para laar o estido" )istraída com a tare<a de remoer a suDeira entranhada no tecido, n$oouiu os passos cautelosos atr!s dela" ubitamente, algum lhe tapou a boca, torcendoA
lhe o bra#o para tr!s" yan lutou desesperadamente at que um golpe na cabe#a a deiou
desacordada"
immy esperaa com paci@ncia, acostumado a preserar os preciosos momentos
de solid$o de yan" (la e ean eram os irm$os que ele sempre deseDara ter" + capit$o
mostraa io interesse em sua ida, sempre escolhendoAo para ser seu parceiro nos ataA
ques" *ncluíaAo at nas decisLes e nos planos para o <uturo" ( sonhaam em continuar Duntos
depois da guerra, reunindo algumas cabe#as de gado no rancho que pretendiam <ormar"
( yan, sua querida yan, ouia seus sonhos, emprestaaAlhe liros e aDudaaAo
a melhorar a capacidade de ler e escreer" em mencionar que diidira com ele tudo o que
sabia de medicina, um conhecimento de alor inestim!el no oeste selagem"
*nterrompendo as diaga#Les, immy deuAse conta de que yan D! deia ter
chamado" =ritou por ela e n$o obtee resposta" Chamou noamente" il@ncio" (nolido
pelo medo, correu pelo barranco, olhando para o rio" .$o ia nada, a n$o ser um peda#o
de pano boiando no meio de algumas rochas"
Correu para a margem, procurando pegadas" %iu as marcas dos ps nus de
yan e de outros, grandes, aparentemente cal#ados por mocassins" + pano que ira
boiando era o estido marrom, que ela deia estar laando ao ser atacada"
immy correu pela margem, seguindo a trilha das pegadas, at que ela
desapareceu no meio da egeta#$o rasteira" )isparou ent$o para o acampamento, gritando,
dando o alarme" )irigiuAse diretamente para ean, que se encontraa de p, no círculo <orAmado pelas carro#as, com um peda#o de carne nas m$os"
4 Capit$o, yan desapareceu" (ncontrei marcas de ps de índios" (la estaa l!,
na margem do rio" -chei que estaa demorando e""" e <ui chamar" (les a agarraram"
ean atirou o peda#o de carne para longe"
— Euantos oc@ acha que eram6
— .$o sei""" tale? dois"
+ capit$o oltouAse para ustis"4 argento,escolha seis homens para me acompanharem" 4
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)irigiuAse a Braden" 4 2ique aqui com o resto do regimento at
de manh$" &ande dois homens buscar aDuda no 2orte cott" Pe#a que uma patrulha enha
ao nosso encontro" e eu n$o oltar at o amanhecer, desapare#a daqui" ( lee os
ri<les para ichmond"
/m dos homens selaa o caalo de ean, que correu para montar, parandobreemente quando Ben o chamou"
— Euero ir Dunto, ean"
— )iabos, homem, oc@ mal pode andar"
— &as posso montar e luto com índios h! de? anos" ei seguir uma pista no
mato e entendo o modo como eles pensam" Posso aDudar, ean 4 <inali?ou em tom de
comando e de sJplica"
+ capit$o lan#ouAlhe um olhar aaliador e Dogou as chaes das argolas daspernas para Bobby Iilson"
4 olteAo"
immy selou um caalo com rapide? espantosa e leouAo para Ben, Duntando as
m$os para que ele as usasse como apoio para montar"
eguiram em <ila para a cura do rio onde se dera o desaparecimento de yan e
at o local onde as pegadas sumiam" Ben assumiu a lideran#a, logo encontrando a pista de
tr@s caalos que deiam ter <icado ali durante o rapto"
eguiuAa com seguran#a, pondo em pr!tica o que aprendera a duras penas com
&acZen?ie" 2ora um dos poucos soldados que se deram ao trabalho de aprender a arte sutil,
agora t$o Jtil" (m certo momento notou que as marcas haiam mudado leemente,
indicando que os índios tinham come#ado a ir mais deagar daquele ponto em diante"
9ean aproimouAse de Ben"
4+ que acha6 Ben continuou a olhar para as marcas no ch$o"
— (les pensaram eatamente o que 1oc@ deseDa1a que as patrulhas da
/ni$o pensassem" Eue <ormamos um comboio de retirantes, na maioria mulheres
e <a?endeiros pacatos" .$o espera1am que alguCm os seguisse" .um caso
desses, os 1iaDantes geralmente se limita1am a procurar aDuda no posto militar mais
prFimo" ! escureceu bastante e n$o creio que 1$o demorar muito para parar"
— + que quer di?er6
— + que 1oc@ compreendeu" %$o parar logo para usu<ruir o
pra?er que a presa lhes dar!"9ean empalideceu"
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— .$o podemos ir mais depressa6
— .$o" + terreno C muito acidentado, o que di<iculta o rastreamento" .$o
podemos perder a pista"
2inalmente alcan#aram algumas colinas baias e Ben notou que as pegadas
<ica1am mais prFimas, indicando passo lento" %irouAse para 9ean"
— (st$o indo de1agar" +s ca1alos est$o cansados e os índios
de1em estar se sentindo em seguran#a" 0ogo os encontraremos"
— ( yan6 + que ter! acontecido a minha irm$6
— .ada, por enquanto" .$o ter$o tempo de molest!Ala, isso
eu garanto 4 a<irmou Ben por entre os l!bios cerrados"
9ubiram numa pequena ele1a#$o e Ben <e? um gesto para que o resto do
grupo parasse"4 -lguCm conhece esta !rea6
/m dos teanos <e? o ca1alo a1an#ar"
— ! cacei bastante por aqui" H! um riacho alCm deste morro
e depois mais algumas colinas antes que o terreno <ique ni1elado
outra 1e?" ( os bosques são bastante cerrados"
— H! bons lugares para um acampamento6
— 0ogo depois deste morro, nas praias de areia do riacho" 0ugar bom para
a ca#a"
— al1e? esteDam l! 4 Ben obser1ou em 1o? baia, 1oltandoA
se para 9ean" 4 Euero que dois dos homens sigam esse que co nhece a regi$o" 9e
locali?arem os índios, de1er$o 1oltar para a1isar" 9e descon<iarem de nossa presen#a buscar$o
re<or#os" +s tr@s de1er$o ir a p"
9ean <e? um sinal a immy e a outro homem, que desmontaram para seguir o
ca#ador, desaparecendo na 1egeta#$o alta"
+s outros <icaram impacientemente K espera de que alguns descessem dos animais
para lhes dar descanso" 9ean e Ben permaneceram nas selas"
2inalmente, depois de um tempo que lhes pareceu intermin!1el, os homens
reapareceram" +lharam para Ben, mas dirigiramAse a 9ean"
4 (st$o l!, senhor" - srta" yan est! amarrada, mas parece
bem"
9ean olhou para Ben"
— -lguma sugest$o6
— .$o sabemos se est$o perto da aldeia, ou se h! outros índios nas
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redonde?as" Procurem peg!Alos sem tiroteiro"
— (st! bem 4 o capit$o concordou"
2e? um sinal para que os homens o seguissem"
— ( 1oc@6 4 perguntou a Ben"
— -cho que n$o precisam mais de mim" Com esta perna, n$o
conseguirei andar at l!" &as <ique tranqMilo" .$o <ugirei" -gora n$o"
— (u n$o esta1a preocupado com isso 4 9ean con<essou,
a<astandoAse com os companheiros"
yan recobrou a consci@ncia quase imediatamente" (sta1a amorda#ada e com as
m$os atadas atr!s das costas, 1iaDando num ca1alo, abra#ada por um índio"
+ odor <tido era insuport!1el" -costumaraAse com o cheiro de suor dos corpos
sem banho nas Jltimas semanas, mas o que 1inha dos índios era agra1ado pela banha de
urso com que se unta1am" 9entiuAse nauseada, de medo e repugn>ncia"
Ca1algaram por muito tempo, mas isso a recon<orta1a, pois n$o poderiam
molest!Ala enquanto esti1essem em mo1imento"
enta1a calcular quanto tempo immy le1aria para dar o alarme e a que dist>ncia
9ean se encontra1a atr!s dela e de seus raptores" inha certe?a de que os sel1agens n$o
<a?iam idia do tipo do comboio a que ela pertencia, Dulgando haer atacado uma mo#a que
migraa para o +este, <ilha ou esposa de pessoas simples e tímidas"
e eles parassem antes de chegar K aldeia, ela teria uma chance de escapar"
Como <ora estJpidaQ -treeraAse imprudentemente a a<astarAse dos outros em territFrio
desconhecido" Pensou em ean e Ben e estremeceu" - cada quilNmetro encido <icaa mais
longe deles"
Euando imaginou que nunca mais iam parar, <oi empurrada e caiu do caalo"
Percebeu agamente que os índios amarraam os animais, discutindo com iol@ncia" entia
dores pelo corpo todo, mas o medo minimi?aa o descon<orto <ísico" (ncolheuAse quandoum dos índios se aproimou dela, mostrando uma epress$o de luJria no rosto
engordurado e pintado"
(le se inclinou e arrancouAlhe os botLes da camisa" (m seguida agarrouAa pelos
cabelos e puouAlhe a cabe#a para tr!s, <or#andoAa a encar!Alo" +s olhos escuros eram
malolos" + selagem estendeu uma das m$os e apertouAlhe um seio com <or#a cruel, at
que ela gritou de dor" )epois, rasgou a cal#a que ela usaa, <a?endoAa lutar em desespero"
&as a m$o de <erro em seus cabelos a detinha, deiandoAa desprotegida diante do ataquemaldoso e lascio"
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(la <echou os olhos, tentando n$o sentir a m$o que lhe deassaa o corpo,
apalpandoAa com rude?a" - mente <lutuou perigosamente, num processo de prote#$o contra
a dor e a humilha#$o que lhe eram in<ligidas" Como se tudo acontecesse a outra pessoa,
sentiu que o bruto <or#aaAa a abrir as pernas, enquanto soltaa o peso do corpo sobre o
dela"ecome#ou a lutar e de repente o corpo do índio deu um salto e desabou sobre
ela, soltandoAlhe os cabelos" (, num milagre espantoso, sentiu que estaa lire" &$os gentis
a acariciaam e algum murmuraa seu nome"
4 yan"
2lutuou de olta ao mundo da realidade, Dulgando haer tido um pesadelo
horríel" ean estaa com ela e a abra#aa ternamente"
4 yanQ 4 - o? de immy chamou a<lita" 4 Por )eus,yan, oc@ est! bem6
-briu os olhos temendo que tudo desaparecesse e ela se isse noamente nas
garras de seu atacante"
&as ean continuaa l! e o rosto m!sculo era uma m!scara de Fdio" (la deiou
que os olhos agueassem ao redor e iu Ben, que descia dF caalo com di<iculdade
deiandoAse cair a seu lado" .$o disse nada, mas seus olhos re<letiam pro<unda angustia"
yan estendeu os bra#os para ele"
Ben abra#ouAa, beiDandoAlhe o rosto com imensa ternura, murmurando palaras
de con<orto"
4 yan, minha linda yan" udo acabou" %oc@ est! sala"
4 (scondeu o rosto nos cabelos dourados, n$o querendo solt!Ala"
ean pNsAse de p, obserando a cena em sil@ncio, reconhecendo que errara"
Ben ainda era capa? de amar" + so<rimento estampado em seu rosto e as palaras ternas
reelaam que seu cora#$o ainda podia ibrar sob o impulso dos sentimentos" eria
estupide? continuar a negar que yan e Ben estaam pro<undamente apaionados"
uspirou e bateu no ombro de Ben, deseDando a<ast!Alo de yan, que
continuaa abra#ada a ele"
Ben iu as marcas roas no corpo delicado e os cortes que ela recebera nas
costas ao cair do caalo sobre rochas pontiagudas" *gnorando o gesto de ean, apertou
yan com mais <or#a entre os bra#os, a<agandoAlhe o cabelo, como se, com seu carinho, puA
desse <a?er desaparecer a dor"
4 &inha linda menininha 4 murmurou" 4 .ingum lhe <ar! mal outra e?"
(la estremeceu, lembrando a terríel eperi@ncia que tiera" ua seguran#a estaa
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nas m$os de Ben, nunca mais <icaria longe dele" .unca mais"
)epois de um tempo ela olhou em olta" %iu tr@s índios mortos, com <acas ainda
craadas nos corpos e os olhos abertos numa epress$o de dolorosa surpresa" immy e
ustis mantinhamAse a alguma dist>ncia, mantendo os olhos discretamente desiados dela"
F ent$o percebeu que se encontraa seminua e <reneticamente procurou cobrirAse com ostrapos em que suas roupas haiam se trans<ormado"
Ben acalmouAa, tocandoAa com gentile?a no rosto, depois olhou para ean, que
retirou um cobertor da sela e enrolouAo ao redor do corpo da irm$"
4 Precisamos ir, menininha" .$o sabemos de onde essas <eras saíram, nem se
h! mais deles por aqui" -cha que pode montar6
ean ergueuAa e colocouAa num dos pequenos caalos dos índios" immy aDudou
Ben a montar e os outros subiram para as selas de seus animais"ean, ent$o, <e? a montaria emparelhar com a de Ben"
4 %amos deiar os corpos epostos, ou deemos escond@Alos6
4 pediu uma sugest$o"
4 .$o creio que <a#a muita di<eren#a" odos os guerreiros
ir$o atr!s dos companheiros quando notarem a demora" -cho
bom desaparecermos daqui"
Ben olhou para yan, que obiamente so<ria dores mas procuraa esconder o
<ato"
4 Euanto mais cedo oltarmos para o acampamento, melhor 4 sugeriu"
4 yan precisa de cuidados" 4 +brigado por ter permitido que eu iesse Dunto, ean"
4 %oc@ estaa certo" eus conhecimentos <oram muito Jteis
4 disse, sem agradecer diretamente" 4 %amos embora"
odos no acampamento estaam acordados quando o grupo retornou" +s
caalos estaam arreados ou atrelados Ks carro#as, prontos para partir" +s homens<esteDaram quando iram yan chegar montada e enrolada em um cobertor" .$o <i?eram
perguntas, sabendo que o que acontecera lhes seria reelado no momento certo"
Braden correu ao encontro do grupo"
4 =ra#as a )eus" .$o imaginam minha <elicidade em @Alos,
incluindo o danado do ianque"
ean olhou para Ben"
4 + que ou <a?er com oc@ agora6 Ben deu de ombros" — Euer deiar de ser teimoso e me dar sua palara6 4 o capit$o insistiu" 4 ua
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obstina#$o de nada aler!" (stamos em territFrio controlado por nossa gente"
— =ente6 + que me di? dos índios6
— eu tolo malditoQ 4 ean eplodiu" 4 Bem, se pre<ere as
sim, des#a do caalo"
Ben escorregou para o ch$o cautelosamente"4 BobbyQ 4 o capit$o berrou irritado" 4 ColoqueAo a <erros
noamente"
&as, antes que Ben pudesse dar um passo para acompanhar o guarda, yan
postouAse K <rente dele, aninhandoAse em seus bra#os" (le a abra#ou, deiando os l!bios
pousarem nos cabelos loiros"
ean obseraaAo de rosto amarrado" (ra a segunda e? que yan oltaaAse
para Ben em busca de con<orto, ignorandoAo" Percebendo a situa#$o, Ben a<astou yancom delicade?a"
4 Cuide desses cortes 4 recomendou com um sorriso" 4 (
ista roupas decentes" (sse elho cobertor n$o lhe <a? Dusti#a"
(la irouAse e encarou o irm$o"
— ean6 4 pediu com o? suplicante" + irm$o tomouAa pela m$o e
puouAa"
— %enha, querida" immy ai tratar de seus <erimentos"
(la lan#ou um olhar desesperado para Ben, mas rendeuAse"
entiaAse <raca e dolorida e deiouAse condu?ir"
— +brigada, meu irm$o 4 murmurou quando chegaram K
carro#a"
— 2oi Ben quem a encontrou"
— (u sabia" %oc@s dois, Duntos"
(ntrou e aceitou com docilidade a dose de l!udano que immy lhe preparara"
ean ainda <icou a olhar para dentro do carro#$o por alguns instantes e em
seguida dirigiuAse para o de ustis, onde Ben <icaa" Bobby Iilson D! prendera as algemas e
ia colocar as argolas"
4 )eie isso 4 ordenou, <icando surpreso com o olhar de Fdio
que o cabo lhe lan#ou"
.oamente iuAse assaltado pela dJida, sem saber se agira bem ao design!Alo
como guarda de Ben"
4 Bobby, precisamos de oc@ em outro lugar" Pegue seu caalo e locali?e
Braden" )iga a ele para ordenar a partida imediatamente" 2icarei aqui com o prisioneiro"
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ean iu um brilho de reolta no olhar do soldado, que logo se des<e?"
— im, senhor"
— ( mande ohnny cuidar do meu caalo e tra?@Alo de olta para mim
dentro de uma hora"
4 im, senhor 4 resmungou o homem, com um olhar turona dire#$o de Ben"
ean sentouAse nos <undos da carro#a, encostandoAse num canto e esticando as
pernas"
— )iabos, como estou cansado 4 suspirou"
— Como est! yan6 4 Ben quis saber"
— uspeito que esteDa dormindo como um anDo" immy deuA
lhe l!udano" &eu )eus, quase n$o chegamos a tempo" &as, seconhe#o bem minha irm$, amanh$ ela ser! a mesma de sempre:
teimosa, e<erescente e com uma ligeira tend@ncia para dar ordens a todos nós.
ean sorriu pregui#osamente e <echou os olhos" )entro de poucos minutos sua
respira#$o tornouAse calma e regular" (nt$o Ben deitouAse e <echou os olhos, satis<eito por
n$o ter de suportar a presen#a deprimente de Bobby Iilson"
elaou e pensou em yan, recordando os momentos preciosos em que a tiera
nos bra#os" (la oltaraAse para ele num instante de desespero, con<iante e <r!gil" ( pensou
em ean" ale? uma pequena <ra#$o da elha ami?ade ainda pudesse ser sala" + capit$o
rebelde encontraaAse ali, adormecido a seu lado" Procuraa sua companhia depois de uma
eperi@ncia traumati?ante"
ean n$o retirara a pistola do coldre e mesmo que pudesse alcan#!Ala Ben sabia
que seria inJtil" amais teria coragem de us!Ala contra algum que <ora seu amigo"
Principalmente em se tratando de ean"
.$o entendia como <ora enredarAse numa teia daquelas" inha a impress$o de
que quanto mais lutaa mais se emaranhaa"
ean ainda dormia quando ohnny apareceu com seu caalo puado pelas
rdeas" + rapa? discutiu com ustis sobre se deiam dei!Alo dormir mais um pouco, mas
ambos concluíram que seria mais prudente n$o desobedecer Ks ordens recebidas" ohnny
saltou para o assento do cocheiro, enquanto ustis entraa na parte traseira da carro#a"
4 (st! na hora, capit$o" -corde"
Ben admirouAse com a rapide? com que ean despertaa"
— (st! tudo bem6 4 perguntou, lJcido"
— im, senhor" .$o h! problemas" .enhum sinal de índios"
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ean boceDou e depois suspirou"
4 -marre Weus atr!s da carro#a e diga a ohnny que renderei
Braden dentro de alguns minutos"
ustis desapareceu e ean olhou para Ben" - lu? p!lida da madrugada reelou o
esbo#o de um sorriso" — (st! com uma apar@ncia tenebrosa, Ben"
— ( garanto que me sinto assim"
— Bobagem" %oc@ tem sorte e eu de certa maneira o ineDo
por ter caído <ora desta guerra, mesmo sem querer"
Ben n$o respondeu" Para ele a iagem logo terminaria, assim que chegassem ao
2orte cott"
ean leantouAse e saiu, deiando Ben so?inho com seus pensamentos"
Bobby Iilson deiara a carro#a com relut>ncia" PlaneDara matar o ianque, mas
<ora impedido pela presen#a de yan, enquanto ela iaDara ali com eles" Pretendia lear o
prisioneiro a atac!Alo e atiraria nele para de<enderAse" &as, mesmo que n$o conseguisse
prooc!Alo o bastante, tinha a inten#$o de atirar de qualquer maneira e di?er ao capit$o que
Ben &organ saltara sobre ele" ustis estaa sempre ocupado demais dirigindo a carro#a para
testemunhar alguma coisa"
(m sua mente estreita, concebera a no#$o de que o ianque <ora o respons!el
pela morte de seu irm$o" Ben &organ estaa na %irgínia, na ocasi$o" (ra coronel" Poderia
ter sido quem ordenara o tiroteio que itimara amie" (le prFprio poderia ter disparado o
tiro assassino"
2inalmente, quando o capit$o mandara a irm$ para outra carro#a, Bobby Iilson
Dulgara que o momento da ingan#a se aproimaa" ( de repente, por alguma artimanha do
demNnio, ean ordenaraAlhe que abandonasse o posto de guarda e deiasse o prisioneiro
sem as argolas nos ps"+ capit$o tornaraAse um moleir$o e n$o mais merecia a obedi@ncia de Bobby
Iilson, o melhor atirador do regimento"
.$o abriria m$o da ingan#a"
CAPITULO XIX
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+ comboio ia mais depressa, ciente do perigo que os espreitaa" +s teanos
<or#aam a marcha dos caalos, ansiosos por deiarem para tr!s a amea#a dos índios" +s
que iaDaam dis<ar#ados em mulheres continuaram assim, pois ean achaa que o estrataA
gema lhes traria antagem no caso de um ataque" +s selagens pensariam estar atacando
um grupo ciil e se deparariam com um bando de soldados bem armados e com largaeperi@ncia de combate"
Braden mandara alguns homens na <rente para pedir aDuda no 2orte cott"
(speraaAos de olta dentro de dois ou tr@s dias"
.$o pararam no dia seguinte, a n$o ser para dar !gua aos animais e permitirA
lhes algum descanso, trocando os que puaam os carro#Les por outros, menos <atigados"
.a segunda manh$ come#aram a er sinais de índios: <uma#a, alguns guerreiros
no alto das colinas e trilhas de pegadas"ean ordenou que as carro#as iaDassem o mais prFimo possíel umas das
outras e distribuiu ri<les de repeti#$o e muni#$o <arta entre os homens, D! quase certo de
que seriam atacados"
*sso aconteceu no <im do dia" - pradaria solit!ria subitamente mostrouAse
pontilhada de índios e caalos"
yan insistira em oltar para a carro#a de Ben e iaDaa na bolia, ao lado de
ustis" Passara a manh$ na parte de tr!s, saboreando cada momento de proimidade
com Ben, mas, na imin@ncia de um ataque, oltara para a <rente" eria mais Jtil ali, onde
poderia aDudar os companheiros a igiar as redonde?as"
Perscrutara a pradaria com disciplinada aten#$o, tentando adiinhar quanto
tempo learia para que <ossem atacados" ( iu os comanches aparecerem antes que o
primeiro tiro de aiso <osse disparado"
ean gritou ordens, mandando que os carro#Les <ormassem um círculo" Euase
imediatamente a primeira horda de atacantes caiu sobre eles. &as os ri<les de repeti#$o
eram ecelentes e os atiradores sabiam per<eitamente como tirar o melhor proeito deles"
ogados no ch$o, yan entre eles, abriram <ogo"
udo acontecera t$o depressa que Ben <oi esquecido" ean n$o colocara outro
guarda no lugar de Bobby Iilson, achando que seria estupide? se Ben tentasse escapar"
.$o haia para onde ir"
+ tiroteio <oi pesado e perturbou Ben" -costumado a participar dos combates,
proaelmente nunca tiera a eata medida da intensidade do barulho" inha a sensa#$o de
que era um cego que caíra no in<erno" +uia os índios, a princípio gritando de ecita#$o e
depois nos estortores da morte iolenta" )os homens reunidos dentro do círculo subiam
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brados Dubilosos de triun<o e gemidos de dor"
-garrou 2ortuna, que se debatia inquieto, ansioso por participar da agita#$o"
entaa acalmar o cachorro quando sua aten#$o <oi oltada para a abertura na lona da
carro#a" Bobby Iilson <itaaAo do lado de <ora, com uma pistola apontada para seu peito"
+ homem esperaa o momento certo para a ingan#a e n$o poderia haer melhor oportunidade que aquela" .$o se interessaa pela luta contra os índios" .$o se
importaa com nada, a n$o ser com o Fdio mortal que nutria contra o ianque maldito"
+lhou em olta" .ingum prestaa aten#$o a ele" Puou a pistola, antego?ando o
momento em que craaria uma bala no cora#$o do inimigo" odos pensariam que o ianque
<ora morto por uma bala perdida"
Puou a lona que seria de cortina mais para um lado e mirou"
ean descarregou o ri<le e irouAse para pegar muni#$o" Percebeu os moimentossuspeitos do cabo Iilson e iu a pistola erguida" .$o parou para pensar" .$o seria possíel
correr e agarrar o homem e ningum ouiria um grito no meio daquele barulho ensurdecedor"
ecarregou rapidamente e atirou, obserando a arma oar da m$o de Bobby Iilson,
Duntamente com peda#os de carne e osso"
+ cabo rodopiou, com o rosto des<igurado pela dor e pela surpresa"
ean olhou ao redor" .ingum percebera o que acontecera naquela <ra#$o de
segundo" Colocou mais balas no ri<le e oltou a atirar nos índios, deiando Bobby Iilson
cair no ch$o, rolando e gemendo de dor"
Ben deu um longo suspiro, soltando o ar que prendera nos pulmLes" entira medo
da morte, a<inal" .$o queria morrer depois de haer encontrado yan" 2icou imaginando o
que podia ter acontecido, pois apenas ira a m$o do cabo Iilson es<acelarAse e o homem
desaparecer de ista, tombando para o ch$o" espirou pausadamente e aos poucos a
horríel tens$o abandonouAo"
)e repente, ouiu um clamor de itFria e calculou que os índios haiam sido
derrotados, pelo menos temporariamente" )epois ouiu ean <alar rapidamente com
algum"
— eu desgra#adoQ + que estaa <a?endo, in<eli?6
— (u ou matar oc@ 4 Bobby Iilson amea#ou" 4 %ou matar o ianque tambm"
— .$o ai matar ningum com essa m$o, durante um longo
tempo 4 ean replicou com despre?o" 4 .$o acabo com oc@ agora mesmo em aten#$o
aos seri#os que me prestou at hoDe"%ou pedir que lhe d@em baia do seri#o militar por
incapacidade <ísica" &as ai de oc@ se aparecer na minha <rente outra e?" -tirarei sem
piedade" ( n$o ser! na m$o, pode estar certo" -gora, suma 4 disse antes de entrar na
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carro#a" 4 %oc@ est! bem6
4 (stou" 4 Ben olhouAo com curiosidade" ean atirouAlhe as chaes das
algemas"
4 -credito que eles $o oltar, depois de conseguir re<or#os"
4 Pegou uma corda e amarrou 2ortuna a uma das traessas" 4.$o quero correr o risco de @Alo perseguindo índios pela pradaria 4 eplicou" 4 yan nos
<aria ir atr!s dele"
Ben abriu as algemas e es<regou os pulsos doloridos"
— + que houe com o cabo Iilson6
— .$o usar! uma arma por muito tempo"
— 2oi oc@6
ean deu de ombros, <ugindo K pergunta" — Bobby Iilson podia n$o ser grande coisa, mas era um bom
soldado" Pelo menos <oi, at agora 4 comentou"
— enho outra díida com oc@"
— .$o me dee nada 4 declarou o capit$o agastado" 4 2aria o mesmo por
qualquer prisioneiro inde<eso" -gora meaAse torneAse Jtil"
+s dois desceram da carro#a e ean surpreendeu Ben entregandoAlhe um ri<le"
4 -penas tenha o cuidado de apontar na dire#$o certa 4 aisou com uma ponta
de humor sombrio"
Ben acomodouAse entre yan e ustis e <icou K espera" +s homens de ean
haiam trabalhado bem" .o mínimo trinta cad!eres espalhaamAse pelo trecho que sua
is$o abrangia"
0ogo ouiram os brados de guerra, ritmados pelas batidas de cascos no ch$o"
/m noo grupo de selagens aproimaaAse, tomado de <Jria"
+ <ogo que partia do círculo de carro#Les era cerrado e contínuo" +s brancos,
usando ri<les de repeti#$o e protegidos atr!s dos eículos, ganhaam antagem sobre os
índios, que maneDaam armas simples em campo aberto"
-penas um nJmero redu?ido alcan#ou o círculo" /m dos selagens <e? o caalo
saltar entre os dois carro#Les e ergueu um porrete, isando atingir a cabe#a de ean" Ben
rolou no ch$o e atirou" + índio caiu do caalo e o capit$o sorriu em agradecimento para
Ben"
+utros tentaram romper o cerco, mas <oram abatidos, enquanto o resto dos
guerreiros retiraaAse, colocandoAse <ora do alcance das balas"
ean <e? um r!pido balan#o da situa#$o" (staam com !rios homens <eridos,
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comida" (plicou a cada grupo que permaneceriam parados, mas que esperaa um
grupo de socorro que deia chegar a qualquer momento" -cabou de <a?er a ronda pelo
acampamento e oltou a procurar Ben, que continuaa sentado com a arma na m$o"
4 +s comanches, senhorQ 4 /m dos igias gritou" 4 (st$o
indo embora"ean olhou pelo espa#o entre duas carro#as" +s pelesAermelhas a<astaamAse a
galope" Permaneceu de p, obserando, e subitamente <oi surpreendido pelo tropel de
caalos que se aproimaam pelo caminho" /m grupo de soldados em uni<ormes cin?entos
chegaa ao acampamento, recebido sob os gritos de entusiasmo dos colegas do comboio"
Com um suspiro satis<eito, ean escorregou para o ch$o, acomodandoAse ao lado de Ben"
+ segundo tenente, líder do grupo de socorro, entrou no círculo e olhou em olta
espantado, procurando algum de uni<orme ou diisas que indicasse o o<icial no comando"CurouAse para um dos teanos sentados no ch$o e o homem apontou na dire#$o de ean"
+ o<icial, garboso em seu uni<orme bem cuidado, <e? o caalo andar at o ponto
em que ean, ustis e immy erguiamAse para encontr!Alo" Ben continuou sentado, com o
ri<le atraessado nos Doelhos"
+s homens do acampamento epressaram seu contentamento por <inalmente
entrarem em contato com os companheiros" -s mulheres do grupo arrancaram as toucas
e atiraramAnas para o ar, gritando ruidosamente" -s longas passadas masculinas eram
tolhidas pelos estidos e eles erguiam as saias desaDeitadamente" +s outros
cumprimentaam cheios de sorrisos, nada acanhados por estarem estidos com traDes que
nem de longe lembraam uni<ormes" - disciplina cedeu lugar K eu<oria"
+ o<icial recmAchegado eaminaa o local, abismado e com certo ar de censura"
0eou !rios minutos para recuperarAse da surpresa" 2ora eniado para auiliar uma
unidade con<ederada que transportaa ri<les" (raAlhe di<ícil acreditar que o regimento mal
estido, suDo e indisciplinado <i?esse parte de seu ercito"
Por <im dirigiuAse a ean"
4 Capit$o ean &allory6 4 perguntou, olhando duidoso para o <a?endeiro
com barba de !rios dias"
-inda n$o satis<eito com o que ira, relanceou o olhar pelo círculo de carro#as,
percebendo a que tra?ia a cru? ermelha pintada na lona, e espantouAse ao deparar com
Ben, que tinha apar@ncia de algum Ks portas da morte, apesar do ri<le que seguraa"
2e? o caalo recuar alguns passos e tornou a <itar ean, que se diertia com a
situa#$o, mal reprimindo o riso"
4 enente 4 o capit$o disse <inalmente" 4 -gradecemos sua
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assist@ncia" im, sou ean &allory, comandante do regimento"
+ tenente n$o tiraa os olhos de Ben, e ean riu baiinho"
4 .$o se impressione com nosso amigo" (le mais saud!el
do que parece" &atou aquele índio ali atr!s, salando meu pesco#o" &as deieAme
apresentar o coronel Bennett &organ, do (rcito da /ni$o"+ tenente aaliou cuidadosamente a <igura repulsia de Ben, demorandoAse na
arma que ele seguraa enquanto seu rosto cobriaAse de uma epress$o de incredulidade"
4 *sso""" isso <oge de todas as regras 4 balbuciou"
ean e Ben n$o conseguiram mais se dominar" +lharam um para o outro e
come#aram a gargalhar como loucos, at que as l!grimas lhes rolassem pelas <aces"
-mbos sabiam que o riso solto <ora proocado tanto pela inoc@ncia do Doem tenente como
pelo alíio da tens$o que os dominara durante !rios dias"+ capit$o <inalmente controlouAse, dirigindoAse ao o<icial"
4 Bem, tenente 4 come#ou quase rispidamente 4 tudo em
nossa situa#$o <oge Ks regras"
+ tenente <ran?iu a testa ainda mais"
— .$o consigo entender o que h! de engra#ado nisso 4 resmungou"
— into muito, tenente" .$o estamos rindo de oc@" ei que
de seu ponto de ista deemos parecer um bando de andarilhos
lun!ticos"
+ o<icial n$o contee o sorriso"
4 Para n$o di?er coisa pior 4 comentou"
)esceu para o ch$o no momento em que yan DuntaaAse ao grupo" -pesar das
roupas suDas de sangue, estaa linda como sempre" + cabelo preso na nuca brilhaa e os
olhos epressios mostraamAse repletos de satis<a#$o pela aDuda <inalmente recebida"
+ tenente oltou a <icar chocado, proocando noa onda de riso por parte de
ean e Ben" yan olhou para eles, surpreendida e contente por @Alos diertindoAse Duntos" (
o riso de Ben a <ascinou, pois nunca o ouira" + rosto, sob as camadas de tinta e suDeira,
estaa relaado e os olhos a?uis cintilaam"
2oi arrancada do enleo pelo tenente, que se curaa <ormalmente a sua <rente"
4 enente Barry &aynard para seriAla, senhorita""" h$"""
senhora6
ean parou de rir a custo e <e? as apresenta#Les"
4 enente, esta minha irm$, yan &allory" yan, o tenente comanda o
destacamento de socorro" -h, senhorita"
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+ o<icial n$o conseguia desiar o olhar de yan"
4 e houer algo que eu ou um dos meus homens possa <a?er
pela senhorita, n$o se acanhe em pedir, por <aor"
yan olhou do o<icial emproado para o irm$o e Ben, compreendendo o que os
<i?era rir" immy e ustis tambm estaam tendo di<iculdade em manter a compostura"(ncarou o tenente com um sorriso <ascinante"
4 (spero que meu irm$o tenha lhe agradecido de <orma adequada" ua aDuda
nos preciosa 4 acrescentou de <orma rebuscada"
4 -gradecimentos n$o s$o necess!rios, srta" &allory"
yan baiou os olhos, <ingindo acanhamento"
4 )ee perdoar nosso desalinho, tenente" (stamos iaDando
h! dias, tentando burlar a igil>ncia daqueles ianques mesquinhose perersos"
+ Doem e ing@nuo o<icial estaa t$o interessado em causar boa impress$o a yan
que n$o percebeu que os outros atr!s dele su<ocaam o riso a custo"
4 -gora est! sala, senhorita" (u cuidarei pessoalmente de seu bemAestar"
%irouAse para ean"
4 -cho que deemos nos pNr a caminho, capit$o" )uido que
oltem a atacar, endo um nJmero ainda maior de homens, mas, tratandoAse de
comanches, nunca se pode ter certe?a"
ean assentiu, D! srio"
4 em ra?$o, tenente" (staremos prontos para partir em poucos instantes"
+lhou para Ben"
4 %ou tirarAlhe o ri<le, agora" yanQ 4 chamou" 4 Coloque
os <eridos na sua carro#a" Ben ir! a caalo e n$o creio que <ar!
alguma obDe#$o"
+s dois homens sorriram um para o outro, sem hostilidade" - pequenina chama,
ainda <raca, da elha ami?ade oltaa a brilhar entre eles"
4 immy, sele um caalo bem agaroso para o coronel 4 instruiu com um sorriso
que ameni?aa o sentido das palaras" 4 ( ustis, iaDe ao lado dele" Con<io que n$o
cometer! o mesmo erro da outra e?"
4.$o, senhor 4 respondeu o sargento teano" 4 Cuidarei
dele com o maior carinho" .$o o deiarei meterAse em encrencas"
yan sorriu" &al acreditaa que ouia o duro ustis <alando de carinho,
principalmente re<erindoAse a um inimigo" + tenente Barry &aynard pigarreou"
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4 (stamos prontos, capit$o"
ean e yan apressaramAse em superisionar o transporte dos <eridos para a
carro#a, embarcando a seguir"
immy DuntouAse a eles depois de entregar uma gua pacata a Ben, que <ran?iu o
rosto mas montou, assistido por ustis"&inutos depois partiram"
CAP ÍTULO XX
- iagem at o 2orte cott <oi um erdadeiro pesadelo" 0eou a noite toda e
quase o dia seguinte inteiro, por causa dos carro#Les sobrecarregados" Ben perdeu a
no#$o de tempo, enquanto cochilaa e acordaa no lombo do caalo" yan cuidaa dos <eA
ridos na carro#a, ministrandoAlhes l!udano e dormindo muito pouco" ean tiraa cochilos
curtos num carro#$o ou outro, mas estaa desassossegado e preocupado com a recep#$o
que teriam no <orte" *a pedir <aores demais"
Chegaram no <im da tarde" ean <ora na <rente, deseDando conersar com o maDor
&att -ndreXs antes que ele se de<rontasse com o bando maltrapilho, um prisioneiro
inesperado e uma hFspede que n$o <ora conidada" Para n$o mencionar o carro#$o com a
cru? ermelha na lateral, que assustaria a todos"
+s portLes abriramAse para o comboio" Braden e o tenente da equipe de socorro
lideraam o grupo de carro#as, guiandoAo para dentro" eguiram para a !rea dos est!bulos,
acompanhados tambm pela maioria dos homens a caalo"
ean chegara uma hora antes, <alara com o maDor e <ora banharAse" -ssim,
quando seus homens suDos e cansados se aproimaram, ele apareceu num uni<orme limpo e
ordenou a ustis que leasse Ben para o quartel do <orte" Ben sentiaAse eausto" - princípio<icara <eli? com a perspectia de caalgar, mas, K medida que os quilNmetros se sucediam, a
<raque?a e a dor minaram seu >nimo" .$o lhe sobrou energia nem para perguntar o que
pretendiam <a?er com ele"
+ maDor -ndreXs saiu do quartel a tempo de er Ben desli?ar para o ch$o e
trope#ar, sem <irme?a nas pernas" + homem achaaAse suDo, o rosto, uma pasta de suor,
suDeira e tinta" -ndreXs olhou para ean, cheio de reproa#$o"
— R esse o prisioneiro6
— im"
— aynor e &cBride 4 o maDor chamou" 4 -Dudem o homem"
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*ndi<erente, Ben aceitou a m$o o<erecida por um dos soldados, mas soltouAa
assim que pNde manterAse de p"
— Consegue andar6 4 perguntou -ndreXs"
— Com uma bengala ou bast$o 4 eplicou Ben com o? surpreendentemente
<orte" — aynor, ! ao consultFrio do doutor e pe#aAlhe para mandar uma bengala"
)epressaQ
+ homem correu na dire#$o de um dos prdios" Ben oscilaa e grossas gotas de
suor escorriamAlhe da testa" aynor oltou com espantosa rapide?, tra?endo uma bengala"
-ndreXs olhou de olta e <e? um gesto para um tenente"
4 0ee um soldado com oc@ para aDud!Alo" (ste homem precisa de um banho
antes de ser medicado" )epois, leemAno ao meu escritFrio" 4 %oltouAse para ean" 4Euero <alar com oc@" -gora"
(ntrou no prdio do quartel e ean seguiuAo, leando yan pela m$o" (la haia
deiado os <eridos aos cuidados do pessoal da en<ermaria do <orte e correra para Dunto do
irm$o ao er Ben quase cair" .$o se atreera a ampar!Alo, notando um gesto negatio de
ean"
+s tr@s entraram no escritFrio do maDor"
4 (stou contente em receb@Ala como hFspede em minha casa, yan" ( minha
esposa est! encantada" .ossa Jnica <ilha encontraAse em -ustin e sentimos demais a <alta
dela" 4 )irigiuAse para a porta e chamou a esposa" 4 -nnaQ - mo#a chegou"
/ma mulher bonita, de meiaAidade e com cabelos grisalhos, entrou" .um relance
captou a apar@ncia cansada de yan e tomouAlhe as m$os entre as suas"
4 Eue bom que ai <icar entre nFsQ Euer ir comigo l! para
dentro6
yan olhou para o irm$o e acompanhou a esposa do maDor para <ora do
escritFrio"
4 enteAse, ean 4 comandou -ndreXs com aspere?a" 4 %oc@ n$o me preparou
para o estado lastim!el do prisioneiro" Eue diabo <e? com ele6
ean contou a histFria toda, como Ben <ora encontrado, a captura dos ri<les, a
tentatia de <uga e o ardil que precisara usar para iludir a igil>ncia das patrulhas ianques"
4 .$o tínhamos escolha" (ra necess!rio dar uma eplica#$o
para o <ato de ele estar inconsciente" yan precisou cloro<ormi?!Alo quando <omos detidos
por uma patrulha" + medo da peste os
<e? desistir de uma reista apurada"
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conersar e decidir como en<rentar a situa#$o" -lm disso, ser! um meio de deiar Ben mais
dFcil"
4 (st! disposto a arcar com as conseqM@ncias6 ean riu de repente"
4 %oc@ n$o conhece minha irm$" (u simplesmente n$o tenho alternatia" (la
sempre acaba <a?endo o que quer" -ndreXs meneou a cabe#a"
— .$o sei se oc@ louco, ou se esse rom>ntico sangue irland@s que o lea a
tomar decisLes t$o estranhas"
— 2ar! o que lhe pedi6
— Por que oc@ mesmo n$o di? a eles que podem se er6 Por
que quer que eu <a#a isso6
—
eria sugerir que aproo e aceito" ( )eus sabe que n$o nada disso" yan tomar! uma decis$o a esse respeito, e contrariandoAa apenas a
tornaremos mais obstinada"
-ndreXs <icou pensatio" ! <i?era perguntas demais e sentiaAse como se
estiesse abusando da ami?ade que o unia a ean"
— (st! bem, mas ser! a Jnica e?" + <orte tambm uma pris$o, e das mais
controladas, por causa do tipo de prisioneiros que recebemos"
— H! mais uma coisa, -ndreXs"
+ maDor arqueou as sobrancelhas, imaginando o que iria a seguir"
4 /m dos <eridos, o cabo Iilson, tentou matar Ben a sangueA
<rio" ( eu atirei nele. R pererso, apesar de prestar bons seri#os"
=ostaria de @Alo longe daqui o mais depressa possíel"
-ndreXs olhou para o amigo, irritado"
4 Por que n$o me isita mais e?es6 4 perguntou sarc!stico"
4 .$o sei como tolero a monotonia quando oc@ n$o est! aqui"
ean apenas sorriu"
— (u sei o quanto oc@ aprecia um desa<io"
— -precio, 6 4 orriu contra<eito" 4 ( oc@6 Euais s$o seus
planos a partir de agora6
— enho de lear os ri<les para ichmond e D! estou atrasado" Precisarei tirar a
di<eren#a no caminho" Partiremos ao amanhecer"
— Euer Dantar comigo6
— Certamente, obrigado" ( Ben &organ6
— + que tem ele6
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— Euando permitir! que <ale com minha irm$6
— HoDe mesmo, depois que ele conseguir se lirar de toda aquela suDeira"
ean sorriu e leantouAse"
4 +brigado, -ndreXs" 2ico lhe deendo este <aor"
4 .$o me agrade#a" 0ee os ri<les para o general 0ee"ean dirigiuAse para o quarto que lhe o<ereceram, no aloDamento dos o<iciais"
)espiuAse e desli?ou para os len#Fis limpos" /m erdadeiro luo para quem passou de?oito
meses numa sela, dormindo no ch$o"
.o mesmo aloDamento, dois quartos abaio do de ean, Ben tomaa seu
primeiro banho de erdade em meses" + tenente e um soldado o learam para a sala de
banhos e mandaram um ordenan#a encher a Jnica banheira eistente" )epois, pediram a Ben
que se despisse" + soldado chutou as roupas imundas para um canto e, quando o
ordenan#a entrou com dois baldes de !gua quente, recebeu ordens de queimar as pe#as,
que n$o passaam de trapos"
Ben a<undouAse na !gua tpida" .ada podia ser mais delicioso" (s<regouAse com
bucha e sab$o, olhando incrdulo para a !gua que se tornaa um caldo preto" %irouAse para
os dois rebeldes que assistiam ao banho"
— eria possíel conseguir mais !gua6
— R claro 4 o tenente concedeu"
- banheira <oi esa?iada e enchida noamente" Ben laou o cabelo e tornou a
es<regar o corpo, achando que n$o deseDaa mais sair da !gua"
eus companheiros <inalmente deram sinal de impaci@ncia"
4 ! basta, ianque 4 decidiu o tenente" Ben leantouAse, ainda
relutante"
— ( a barba6 4 perguntou, odiando ter de pedir tantos
<aores" — Pode usar minha naalha" &as cuidado" .ada de idias ousadas 4 aisou o
o<icial de epress$o carrancuda"
Ben tirou a barba, sentindo que a pele <icara sensíel sem o uso constante da
naalha" )epois, raspou a nuca e pediu uma tesoura" + tenente suspirou, mas atendeuAo,
endoAo aparar o cabelo que crescera desordenadamente"+lhandoAse no espelho, Ben achou
que se tornaa humano outra e?"
+ tenente rebelde entregouAlhe duas bolsas de sela que Ben reconheceu comosendo suas"
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4 + capit$o ean &allory disse que h! roupas suas aí"
Ben abriuAas e retirou a cal#a de uni<orme, a camisa de linho e a Daqueta de couro macio"
+ liro que -ery lhe dera tambm estaa l!, assim como a <oto do menino e alguns
charutos" - sombra de um sorriso passou por seus l!bios" .em tudo <ora considerado
espFlios de guerra"(ncontrou tambm algo inesperado" /m par de botas que n$o lhe pertencia"
(staam ligeiramente gastas, mas eram de couro bom e bem tratado" orriu com pra?er"
Come#ou a cal#!Alas e sentiu um obst!culo na ponta da bota esquerda" *gnorouA
o e <icou de p, espregui#andoAse, saboreando a sensa#$o de limpe?a que o enolia"
(staa curioso para saber o que haia na ponta da bota, mas conteeAse, adiinhando que
se trataa de algo que deeria retirar quando estiesse so?inho"
Por Jltimo penteou o cabelo espesso, que readquirira um certo brilho, e estaapronto"
4 (u nunca poderia imaginar 4 resmungou o tenente ao @Alo"
+ o<icial ianque, alto, arrogante e de boa apar@ncia n$o guardaa a menor
semelhan#a com o trapo humano que haiam leado para a sala de banho"
4 %amos embora 4 o o<icial ordenou" 4 + maDor quer lhe <alar"
-briu a porta para o corredor e saiu" Ben acompanhouAo mancando, depois de
pegar a bengala"
-ndreXs encontraaAse no escritFrio quando o tenente e o soldado learam Ben a
sua presen#a" + maDor mandou que os homens esperassem no corredor enquanto
conersaa com o prisioneiro"
eclinouAse na cadeira e estudou o coronel inimigo com aten#$o"
— /ma trans<orma#$o espantosa 4 comentou" 4 enteAse"
— Pre<iro <icar em p 4 Ben replicou"
— .$o <oi uma sugest$o, coronel" 2oi uma ordem" R melhor come#ar a reconhecer a di<eren#a"
Ben ia protestar, mas desistiu, sentandoAse com um suspiro" Pequenas <arpas
n$o leariam a parte alguma" Por enquanto"
+ maDor deiou que !rios minutos se escoassem em sil@ncio, ainda analisando
o coronel, cuDa hostilidade era eidente"
— + capit$o ean &allory e eu conersamos longamente a seu
respeito 4 come#ou por <im" — Posso saber o que <alaram6 .ada de bom, suponho"
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4 R aí que se engana" em no capit$o um amigo, que tale? nunca enha a
alori?ar como deeria" ean desobedeceu certas ordens e desiouAse centenas de
quilNmetros do caminho que seguia para n$o precisar mand!Alo para a pris$o de
-ndersonille"
— /ma pris$o uma pris$o 4 Ben retorquiu com <rie?a" — .$o sabe do que est! <alando, coronel" .$o conhece -ndersonille"
Ben <icou calado, esperando"
4 )eieAme <alarAlhe do 2orte cott, coronel" -qui recebemos prisioneiros mais
renitentes, porque um lugar seguro" e, por acaso, algum deles conseguisse escapar
daqui, logo iria se arrepender" -cabaria numa <ogueira índia"
-ndreXs parou de <alar por alguns instantes, coordenando os pensamentos"
4 .ossos prisioneiros s$o tratados da melhor <orma possíel4 continuou" 4 &as tente escapar, coronel, e <icar! a <erros at
o <im da guerra" (ntendeu6
— 2oi bem claro"
— ean pediuAme um <aor e achei por bem atend@Alo, embora a idia me
contrariasse"
-ndreXs leantouAse inesperadamente e abriu a porta que leaa para seus
aposentos particulares"
4 2ique sentado 4 comandou"
Ben obedeceu, completamente aturdido" +lhou em olta, imaginando se o maDor
conseraria armas no escritFrio"
+ o<icial rebelde desaparecera pela porta e de repente yan entrou, deiando Ben
atNnito" /saa um estido cor de cobre que a <aorecia lindamente, acentuando o brilho dos
olhos castanhos que no momento lu?iam como estrelas"
Ben ergueuAse"
4 yan""" 4 disse num murmJrio quase inaudíel"
+s olhos dela prenderamAse aos dele, deassando as pro<unde?as das emo#Les
que transpareciam no olhar repleto de <elicidade e surpresa"
&as logo em seguida os sentimentos <oram mascarados por uma epress$o
distante e <ria" yan decidira acabar com essa m!scara, nem que <osse a Jltima coisa que
<i?esse na ida" (aminouAo satis<eita" ! quase se esquecera de como ele era bonito" -
barba D! n$o escondia a coinha no queio nem a ossatura <orte do rosto que reelaa <or#a
e irilidade" - roupa limpa aDustaaAse ao corpo musculoso, agora numa postura altia"
Caminhou para ele, <ascinada, deiandoAse enoler pelos bra#os que a
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receberam calorosamente" Ben acariciouAlhe os cabelos, beiDouAlhe as <aces e ent$o as
bocas se uniram num beiDo !ido" - carícia deliciosa proocou um pra?er intenso" yan e
Ben se aproimaram mais e mais, os corpos ecitados se colando numa busca <rentica de
sensa#Les"
yan gemeu, dominada pela necessidade alucinada de entregarAse ao homem quedespertaa sua sensualidade"
4 yan""" eu te quero tanto""" 4 ele murmurou, soltando os
ganchos que mantinham o estido <echado na <rente"
+s seios <irmes surgiram, mal cobertos pela <ina camisa de cambraia" ( ele os
beiDou, deliciandoAse com sua macie?" Euando <inalmente ergueu a cabe#a, iu a epress$o
sonhadora e atNnita no rosto dela" (ra uma irgem descobrindo a oragem da pai$o, t$o
inocente que o deiaa assustado" (staa arrastandoAa para um caminho sem olta e n$opodia <a?er isso" .$o nesse momento" -<astouAa de si e ela, a<ogueada e tr@mula, come#ou
a abotoar o estido"
4 yan"""
u<ocando a <rustra#$o, ela oltou para os bra#os dele, os olhos inundados de
l!grimas"
(le enoleuAa com carinho e tornou a beiD!Ala, mas com delicade?a e ternura"
4 yan, n$o temos muito tempo e precisamos conersar 4
murmurou pousando os l!bios no cabelo dourado"
/ma l!grima desli?ou mansamente pelo rosto dela"
— (u te amo, Ben"
— .$o posso pedirAlhe que me espere, meu bem" .$o sei por
quanto tempo esta guerra in<ernal ainda ai continuar"
— (sperei por oc@ durante toda a minha ida" ( se <or necess!rio continuarei
esperando at morrer"
Ben n$o contee o medo ante essa a<irma#$o"
4 +nde oc@ ai <icar6 4 perguntou" yan <itouAo cheia de amor"
— (nt$o n$o sabe6 ean n$o lhe contou6 %ou <icar aqui no
<orte" ean seguir! para ichmond e acha que l! muito perigoso para mim"
— =ra#as a )eus ele tee o bom senso de descobrir isso"
(nt$o, num lampeDo de compreens$o, Ben isuali?ou o in<erno que seria t@Ala
perto e ao mesmo tempo distante" .$o poderia toc!Ala" (stariam separados por um abismo"
&as <eli?mente ela n$o estaria correndo riscos, seguindo o irm$o por terras conulsionadas
pela guerra"
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+lhouAa embeecido" (ra t$o linda, t$o cheia de ida" ( os olhos transbordaam
de emo#$o" )eseDaa di?er que tambm a amaa, mas n$o podia" .ada tinha a o<erecer,
nem sequer estaa lire para proteg@Ala e cuidar dela" -lm de todos esses obst!culos, ainda
n$o se libertara totalmente do eneno que &elody instilara em seu cora#$o" (ra um homem
descon<iado e in<eli?"omou uma das m$os pequenas nas suas" (staa !spera e caleDada pelo
trabalho !rduo e pelo manuseio constante das rdeas grosseiras" - m$o de uma mulher de
erdade, coraDosa e <orte"
-dor!el" BeiDouAlhe os dedos com imenso carinho"
— .$o ou pedir que me espere 4 declarou"
— .$o precisa pedir" .a erdade, tambm n$o poderia me impedir, mesmo que
quisesse" .$o ai lirarAse de mim, Ben"(le beiDou os cabelos macios" (ram incrielmente sedosos e per<umados" *ncapa?
de controlarAse, colou os l!bios na boca Jmida e ansiosa"
Bateram na porta e yan recuou, passando a m$o pelo cabelo em desalinho"
+ maDor entrou, olhando de um lado para o outro" + rosto de Ben mostraaAse
sombrio, o de yan, a<ogueado, transbordando emo#Les"
4 yan, minha esposa quer <alar com oc@ sobre o Dantar desta
noite 4 o maDor comunicou"
(la sorriu, radiante" (staa <eli?, haia recebido o seu maior presente: a certe?a
do amor de Ben, embora ele ainda n$o <osse capa? de colocar seus sentimentos em
palaras" ColocouAse na ponta dos ps e beiDouAo de lee nos l!bios, sem nenhum
acanhamento" .o caminho para a porta, beiDou o rosto do maDor, surpreendendoAo e
<a?endoAo corar"
4 &uito obrigada, maDor" &uito obrigada"
-ntes de desaparecer na outra sala, olhou para tr!s"
4 (u te amo" (u sempre te amarei"
-ndreXs eaminou Ben para tentar compreender o que se passaa" +s olhos
a?uis do coronel <aiscaam, seus l!bios estaam apertados" entiaAse aturdido, pois, se
yan parecia <eli?, o ianque mostraaAse nitidamente enraiecido"
Caminhou para a porta que abria para o corredor e chamou o tenente e o
soldado"
4 0ee o coronel para o aloDamento" )iga ao tenente 2raier
para coloc!Alo no setor -"
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ean dormiu at um pouco antes das oito, quando um cabo tocouAo de lee
num dos ombros"
4 + maDor -ndreXs mandouAme acord!Alo, senhor" R hora
do Dantar"
ean estiuAse depressa e passou um pente pelo cabelo reolto" - idia de umare<ei#$o ciili?ada animaaAo"
-traessou o p!tio na <rente do quartel e dirigiuAse para uma das laterais, onde
<icaam os aposentos do maDor" -o alcan#ar o alpendre quase colidiu com outro o<icial que
tambm andaa apressado" +lharamAse pretendendo desculparAse e come#aram a <alar ao
mesmo tempo" indo ean <e? um gesto para que o outro <alasse primeiro"
4 ou Iyeth eldon, e oc@ dee ser o capit$o ean &allory, certo6 .$o oui
<alar de outra coisa, hoDe, que n$o <osse sua chegada" abe como " H! pouco moimentopor aqui, a n$o ser o criado pelos índios, e seria melhor n$o ter nenhum do que precisar
atur!Alos"
ean sorriu, procurando diisas que identi<icassem a patente do homem, mas
nada encontrou"
— + que <a? aqui6
— ou mdico"
ean olhouAo com mais aten#$o"
+ homem era alto e esbelto, quase magro" + rosto era <orte, mas p!lido, como
se ele houesse passado por alguma doen#a grae" +s olhos cin?entos mostraamAse
amig!eis e honestos" ean gostou dele imediatamente"
— R do eas6 4 indagou"
— .$o" %im de 0ouisiana" %amos entrar, capit$o6 ! esta
mos ligeiramente atrasados"
ean concordou e os dois dirigiramAse para a porta" + )r" eldon bateu de lee e
o maDor -ndreXs recebeuAos com um sorriso"
4 (ntrem, caalheiros" %eDo que D! se apresentaram" 4 %irouA
se para ean" 4 &inha esposa <e? quest$o de conidar o doutor
depois que soube do grande interesse de sua irm$ pela medicina"
+ mdico olhou para ean com ar interrogatio"
4 &inha irm$ tem cuidado de nFs todos nos Jltimos meses
4 ean eplicou com orgulho" 4 + pai adotio de yan era mdico" -treoAme a di?er que
oc@ n$o encontraria algum mais competente que ela"
entaramAse na saleta de isitas e o maDor seriu drinques, enquanto <alaam do
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ataque de ean ao trem carregado de ri<les da /ni$o"
4 Euem me dera poder <icar com alguns dos ri<les aqui no
<orte 4 o maDor con<idenciou" 4 &as sei como ser$o Jteis em ichmond"
— ale? eu possa deiar alguns 4 ean obserou" 4 )e qualquer maneira, quem
me garante que conseguirei le!Alos at ichmond6 udo pode acontecer" — omarei isso como uma promessa 4 declarou -ndreXs
sorrindo"
2oram interrompidos pela ra" -ndreXs, que apareceu na porta de liga#$o"
4 + Dantar est! serido, senhores"
eguiram para a sala de Dantar e ean iu yan, que inha da co?inha
carregando um cestinho de p$o" (ra a primeira e? que a ia estida com tanto apuro" +
estido de seda cor de cobre lan#aa re<leos luminosos nos olhos imensos e o cabelo caíapelas costas, preso apenas por duas trancinhas que come#aam nas t@mporas e DuntaamA
se no alto da cabe#a" Pequenas <lores de tecido en<eitaam as trancas, dando um encanto
especial ao penteado singelo" ( o rosto animado mostraaAse corado de ecita#$o" ean
nunca a ira t$o linda e dedu?iu, pelo sorriso radiante da irm$, que o encontro com Ben
transcorrera de <orma satis<atFria"
Iyeth eldon parar! de andar, os olhos craados em yan" - Doem era
ador!el" +s olhos castanhos brilhaam, deiando entreer uma intelig@ncia ia e senso de
humor" ( o mais impressionante e encantador: ela desconhecia o e<eito de sua bele?a
estonteante"
)epois das apresenta#Les, o )r" eldon oltou K realidade quando a ouiu <alar,
com o? clara e melodiosa"
— (stou muito contente em conhec@Alo, doutor" .$o consigo
<icar longe de doentes e hospitais"
— ( eu estou encantado, senhorita 4 o mdico disse galantemente, achando
di<ícil imaginar uma criatura t$o linda eecutando
o trabalho nem sempre agrad!el de cuidar de doentes e <eridos"
— Por <aor, sentemAse 4 pediu a esposa do maDor" 4 yan,
oc@ <icar! entre o seu irm$o e o r" eldon"
ean piscou para -ndreXs quando Iyeth puou a cadeira para que yan se
acomodasse, sentandoAse a seguir, todo desaDeitado" + mdico estaa encabuladoG perdera a
capacidade de pensar e <alar com coer@ncia" - comida <umegaa sobre a mesa, tentando
yan e ean, enquanto o maDor di?ia uma prece de agradecimento" %erduras e legumes da
horta de -ndreXs, traessas de <rango <rito e batatas assadas e passadas na manteiga" .o
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centro da mesa, uma torta de ma#$ en<eitada despertaa a gula"
yan esqueceu o mdico a seu lado e entregouAse ao pra?er de comer" 2a?ia pelo
menos de? meses que n$o saboreaa uma re<ei#$o t$o completa e apetitosa" Para ean
deia ter sido ainda um tempo mais longo" +s dois comeram com ontade, proocando
sorrisos complacentes e diertidos no casal -ndreXs"Iyeth, por sua e?, apenas beliscaa para n$o ser descort@s" Euando yan
acabou de comer, olhou para o prato dele, ainda cheio"
— )outor, isso que est! <a?endo um pecado" *mperdo!el,
deo acrescentar"
— (u estaa ocupado demais, olhando para oc@ 4 con<essou com
honestidade" 4 .unca i ningum apreciar tanto uma re<ei#$o"
(la olhou para ele com ar malicioso" — + que n$o muito prFprio de uma dama, n$o 6 -cho que
sou um problema para todos, inclusie para o meu irm$o"
— (nganaAse 4 o mdico contrariouAa" 4 %oc@ simplesmente re<rescante"
(ncantadora"
yan <itouAo com noo interesse e ean sorriu"
4 .$o estimule, doutor" (la realmente me desespera, Ks e?es" Euanto ao
apetite, <!cil imaginar o que temos comido nos Jltimos tempos" CarneAseca e broas de
milho acabam por enDoar"
-nna -ndreXs olhaa para yan e Iyeth com preocupa#$o" + marido lhe <alara
do interesse de yan pelo prisioneiro ianque depois que ela D! conidara o mdico para
Dantar" .$o resistira ao impulso rom>ntico de aproimar os dois, pensando que <ormariam
um par espl@ndido" =ostaa de Iyeth, tendo cuidado dele durante !rios ataques de
mal!ria e trabalhado com ele no hospital" .$o deseDaa que acabasse por se magoar"
4 2iquei sabendo que yan salou a ida do prisioneiro que
troue com oc@, ean comentou casualmente"
ean meneou a cabe#a concordando, sem encoraD!Ala, mas a curiosidade do
mdico D! <ora despertada"
— + que aconteceu6 4 perguntou a ean"
— Conte a ele, yan 4 -nna inter<eriu, esperando que Iyeth
reconhecesse a lu? que brilhaa nos olhos de yan quando <alaa do ianque"
— Parece que o caalo dele trope#ou num ninho de cascais4 yan
eplicou breemente, mas com os olhos brilhantes e intensos" 4 (le <oi picado duas e?es,
machucou a cabe#a e tee <ratura na perna" iemos sorte de encontr!Alo a tempo"
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+ doutor olhaa para ela assombrado"
— )uas picadas6 .ingum sobreie a isso"
— (le sobreieu 4 a<irmou ela com orgulho indis<ar#ado"
4 R muito resistente"
— yan tem muito Deito para lidar com remdios 4 ean aparteou" 4 -prendeumuito com o pai adotio e com um elho curandeiro índio" ! i suas po#Les curarem
<erimentos e <ebres que D! haiam resistido aos remdios tradicionais" (la conhece os dois
tipos" -lm disso, pLe < no que <a? e simplesmente n$o descansa quando tem um caso
di<ícil nas m$os"
— =ostaria que me <alassem mais do caso do o<icial da /ni$o
que ela salou 4 pediu Iyeth, pressentindo que lhe escondiam
alguma coisa" — (le D! est! quase bom 4 yan in<ormou" 4 /m pouco <raco e sem muita
<irme?a na perna esquerda, mas ai indo bem"
— (u o eaminarei amanh$ 4 o mdico decidiu" 4 +s outros <eridos que oc@s
troueram est$o passando bem" R eidente que tieram Ftimo tratamento"
yan sorriu, agradecendo o cumprimento, e logo todas as aten#Les oltaramAse
para a torta de ma#$, uma sobremesa muito especial no <orte" &a#$s eram raramente
tra?idas pelos comboios de abastecimento"
- reuni$o terminou cedo" yan encontraaAse eausta e ean planeDaa partir
ao nascer do sol"
.a despedida, depois de cumprimentar os outros, Iyeth inclinouAse diante de
yan"
— (stou <eli? em saber que ai <icar no <orte" (spero @Ala com
<reqM@ncia"
— Pode ter certe?a, doutor 4 respondeu ela interpretando mal
as palaras e pensando no trabalho no hospital"
)epois que o mdico saiu, -nna tirou os pratos da mesa com a aDuda do marido e
em seguida os dois despediramAse e retiraramAse para o quarto, deiando os irm$os a sFs"
— (u n$o a erei pela manh$, yan" .$o gosto de despedidas" CuideAse bem,
irm$?inha, por <aor 4 disse ean, <itandoAa com aten#$o"
— %oc@ tambm, ean" CuideAse" 4 -bra#ouAo" 4 .$o seDa
imprudente"
— Euem <alaQ 4 ele replicou rindo, para <icar srio logo em
seguida 4 (""" Ben6 -ndreXs disse que oc@s conersaram"
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— 2oi oc@ quem lhe pediu, n$o <oi6
— +ra"""
— ( di? que n$o gosta de Ben 4 ela proocou"
— .$o isso, yan"
— (u sei 4 ela respondeu com graidade" 4 (u amo Ben"enho certe?a" )isse a ele que ou esper!Alo, n$o importa quanto tempo lee"
— ( ele6
— ei que tambm me ama, apesar de n$o ter dito nada" R
orgulhoso demais, teimoso demais para admitir a erdade por enquanto" Ben <oi sempre
assim6
— empre, e proaelmente nunca deiar! de ser" R bom que
compreenda isso, minha irm$" — (u compreendo e aceito"
— Precisamos dormir" Boa noite, yan" 2ique com )eus"
— %oc@ tambm 4 ela murmurou, endoAo sair"
CAP ÍTULO XXI
Como um tigre en<urecido, Ben andaa um de lado para outro nos estreitos limites
de sua cela" 2a?ia um m@s que <ora encarcerado ali e o espa#o estreitaaAse mais a cada
dia, na propor#$o em que sua angJstia e sua raia aumentaam" entiaAse morrer, priado
da liberdade que sempre <ora seu bem mais precioso"
( o aprisionamento tornaaAse ainda mais torturante, agraado pela <rustra#$o e
pelo ciJme" yan e o )r" Iyeth eldon estaam sempre Duntos, como ele podia er atras
das barras da Danela oltada para o aloDamento dos o<iciais e a en<ermaria" yan passaa a
maior parte do dia trabalhando no pequeno hospital e Ben so<ria cada e? que o mdico a
leaa de olta K casa do maDor, <icando l! por longas horas"
+ ciJme doía" + mdico parecia um companheiro per<eito para ela" ( estaa lire
para corteD!Ala, rir com ela, abra#!Ala"
Pensar em yan tambm o leaa a pensar em ean" .a manh$ seguinte K
chegada ao <orte, ele pedira para <alar com ean" -s palaras de -ndreXs haiam surtidoe<eito durante a noite, <a?endoAo perceber os riscos que ean correra por sua causa" )eA
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seDaria desesperamente <alar com o elho amigo, acertar as di<eren#as entre eles, mas <ora
in<ormado de que o capit$o partiria ao amanhecer" &ais um capítulo de sua ida <icaa sem
des<echo" &ais um, entre tantos outros"
Ben sabia que &elody o haia mudado" ( n$o <ora para melhor" )esde ent$o,
passara a esperar apenas o pior da ida" ornaraAse insensíel e amargo" )uro eprepotente" .os Jltimos meses ineDara o controle que ean eercia sobre os subordinados,
quase sem es<or#o" .$o haia um sequer, com ece#$o de Bobby Iilson, que n$o
admirasse seu capit$o e n$o <i?esse tudo por ele"
Ben reconhecia que n$o podia di?er o mesmo dos homens sob suas ordens,
nos !rios comandos que assumira" .em mesmo o relacionamento com o <ilho mudara seu
modo de encarar a ida" 2inalmente, quando yan e ean haiam conseguido penetrar seu
mundo <echado e triste, ele colocaraAse em posi#$o de de<esa e <icara atNnito" +s doisrepresentaam a emo#$o e a esperan#a que ele aprendera a reDeitar, mas que aos poucos
come#aam a iluminar seu cora#$o"
-gora o con<inamento amea#aa destruir todos os bons sentimentos que
germinaam timidamente em seu íntimo" - reolta o su<ocaa, crescendo at um ponto em
que ineitaelmente eplodiria"
yan tentara aDud!Alo" +s prisioneiros podiam passar duas horas ao ar lire,
quando o tempo permitia, e ela esperaa por aqueles momentos para <alar com ele" Haia
uma cerca de dois metros de altura a separ!Alos e um <osso largo a acompanhaa, no lado
de dentro do p!tio" /m passo para dentro dele e os guardas atiraam, sem aiso" -ssim,
conersaam sem nenhuma priacidade" - situa#$o tornouAse insuport!el, a ponto de Ben
pedir que yan n$o <osse mais isit!Alo"
(mbora com relut>ncia, ela concordara" ambm se sentia mal com as conersas
gritadas e a dist>ncia imposta pelo <osso humilhante" yan passara a mandarAlhe bilhetes e
liros" (le guardaa as cartinhas com carinho in<inito, mas os liros, depois de deorados,
eram distribuídos entre os outros prisioneiros, alguns ainda mais desesperados que ele"
4 -inda se torturando, Ben6 4 perguntou am"
am 2orster, seu companheiro de cela, era um antigo conhecido de Iest Point e
de postos militares na <ronteira" .unca tinham sido amigos, mas Ben sempre o considerara
um bom o<icial" ( na proimidade <or#ada da cela haiam alcan#ado uma certa
compreens$o mJtua"
am aprendera bastante sobre Ben, n$o tanto porque conersassem muito, mas
obserandoAo" - angJstia de Ben era <lagrante, quando ele olhaa para a bonita hFspede do
maDor" ( a raia que sentia do )r" Iyeth re<letiaAse claramente em seu rosto contraído"
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Cometera o erro de <a?er perguntas, uma e? apenas" 2ora logo que Ben chegara
e am o ira apertar os punhos enquanto olhaa pela Danela" Curioso, am tambm olhara e
ira uma linda Doem que obseraa com triste?a o prdio da pris$o"
— (la representa alguma coisa para oc@6 4 perguntara
curioso" — Como poderia6 (la est! l! <ora e eu aqui, preso como um c$o sarnento" udo
nos separa 4 respondera em tom glido e quase ríspido que n$o incentiaa noas
perguntas"
.o dia seguinte Ben mostraaAse interessado no <orte, indagando sobre seus
pontos <racos, sistema de de<esa e se algum D! escapara do lugar ou pelo menos tentara"
am come#ara a responder quando a porta se abriu para dar passagem ao )r" Iyeth,
estindo Daleco branco e a cal#a cin?enta do uni<orme con<ederado" + guarda que abrira aporta tornara a tranc!Ala, deiando o mdico na cela, com am e Ben"
Iyeth encarou Ben, aaliandoAo com a epress$o amig!el e um sorriso calmo"
+ rosto <ino guardaa sinais de so<rimento"
— Coronel Bennett &organ6 4 perguntou em o? baia e
cort@s"
— (u mesmo 4 Ben a<irmou, recostandoAse na parede"
— ou o )r" Iyeth eldon" oube que tee problemas com
sua perna esquerda" Euer arrega#ar a perna da cal#a, por <aor6
Ben atendeuAo, percebendo que o interesse despertado pelo isitante
trans<ormaaAse rapidamente em ineplic!el antagonismo" 0ogo descobriu o motio" yan"
(la, com toda a certe?a, trabalharia com o mdico e a idia encheuAo de ciJme <ero?"
(ra impossíel que o doutor n$o percebesse o que se passaa, pois a atmos<era
entre eles tornouAse tensa e pesada"
&as o mdico nada disse, come#ando a correr os dedos ao longo da perna
machucada" udo parecia bem, a n$o ser por uma certa <ranque?a nos mJsculos, pouco
eercitados durante a conalescen#a"
.otou as cicatri?es proocadas pela <aca de yan, quando ela sugara o eneno
das serpentes"
— (la <e? um Ftimo trabalho 4 murmurou"
— %oc@ conheceu yan6 4 Ben perguntou com <ingida indi<eren#a"
— im" (u n$o teria <eito um trabalho melhor 4 tornou a elogiar" 4 - Jnica coisa
de que precisa agora, coronel, um pouco de eercício" 2leione a perna, moimente os
mJsculos" Euando sair para o p!tio, ande o mais que puder, usando a perna <erida
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tambm" ( Dogue a bengala <ora o mais cedo possíelQ 4 acrescentou com noo sorriso"
Ben obserou o mdico com aten#$o" (ra um homem de boa apar@ncia, do tipo
que muitas mulheres admirariam" ( tambm percebeu que Iyeth mostraaAse interessado
nele"
— -lgum outro problema, coronel6 — .$o"
— ( oc@, capit$o 2orster, como est! se sentindo6
— Com ontade de sair daqui 4 respondeu am em tom de
brincadeira" 4 H! algo que possa <a?er para me aDudar6
— .$o, mas se oc@s pararem de me dar tanto trabalho tudo
<icaria melhor para todos"
+ mdico inclinouAse para eaminar a perna de am" /m pouco antes dachegada de Ben, o capit$o 2orster tentara atraessar a cerca e leara um tiro" - seguir,
<ora colocado a <erros"
— .$o h! sinal de in<ec#$o 4 o doutor declarou" 4 %oc@ tambm, am, trate de
eercitarAse mais"
— abe que estou de castigo" .$o posso <a?er grande coisa
com estas argolas nos torno?elos"
+ mdico olhouAo detidamente"
4 .$o possíel conseguir que lhe tirem as argolas, am, mas
ou pedir que o deiem tomar sol no p!tio"
(m seguida Iyeth <oi at a porta e bateu nela, chamando o guarda" + soldado
correu a abrir e o mdico continuou as isitas, perguntando de cela em cela se haia algum
problema de saJde" &uitos prisioneiros o chamaram para <a?er queias, nenhuma relacionada
com doen#as, e Iyeth tinha palaras de >nimo e suae censura para cada um deles"
— + que acha dele6 4 Ben perguntou a am"
— + )r" eldon6 R uma boa pessoa e parece ser bom mdico"
(traiu a bala da minha perna e curou &arcus quando a pneumonia quase o matou"
— (le casado6
am <itou surpreendido"
4 Eue raio de pergunta essa6 ei l!" .unca o i com uma mulher, mas isso
n$o quer di?er nada" &uitos o<iciais t@m <amília longe daqui" H! poucas mulheres aqui no
<orte e elas nem olham para nFs, como se <Nssemos bichos asquerosos" odas, com ece#$o
da esposa do maDor" R uma mulher bondosa" &as por que est! interessado no estado ciil
do doutor6
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Ben apertou os l!bios e n$o respondeu" 2oi sF tempos depois que am Duntou as
pe#as de um quebraAcabe#a con<uso, entendendo um pouco o relacionamento entre
ean, yan e Ben"
-inda se torturando, Ben6 -s palaras de am ecoaram na mente de Ben"
im, continuaa a torturarAse" .$o se liraa das lembran#as" &elody""" yan""" Iyetheldon" (las o perseguiam durante a noite e ?ombaam dele nas longas horas do dia" inha
de <ugir" )as recorda#Les, dos sentimentos que yan <i?era brotar em seu cora#$o !rido"
inha de <ugir do 2orte cott"
- idia re<or#ouAse mais tarde, naquele mesmo dia, quando ele e os outros
prisioneiros <oram leados ao p!tio para eercícios"
Caminhaa lentamente quando de repente iu yan saindo da en<ermaria" (la
olhou para o p!tio e iuAo" 2ortuna estaa com ela e, cheio de alegria, passou por baio dacerca, saltando sobre Ben e latindo ecitadamente"
(le ergueu o cachorro nos bra#os e olhou para os guardas" yan come#ou a andar
em sua dire#$o e ele moimentouAse para a <rente, atraído pela presen#a dela" abia que os
guardas o obseraam, mas n$o se importaa" (la estaa linda como sempre"
+ tempo parou" Ben esquecera o <osso e continuou a andar, sem er que um
dos guardas erguia o ri<le"
+ encanto <oi quebrado quando Iyeth saiu da en<ermaria e num segundo
compreendeu o que se passaa" Ben &organ chegara ao <osso e ia atraess!Alo, com os
olhos <ios em yan"
Correu para a cerca gritando para que os soldados n$o atirassem e ergueu as
m$os, <a?endo gestos para que Ben lhe entregasse o cachorro"
Contra a ontade, Ben passouAlhe 2ortuna por cima da cerca" +lhou para yan e
depois para o mdico, com ar impassíel, que nada reelaa do tumulto que lhe ia na alma"
4 aia do <osso, Ben 4 o mdico pediu" 4 +s guardas t@m ordem de atirar em
quem ultrapass!Alo"
Como se despertasse de um sonho, Ben olhou em olta, endo dois ri<les oltados
para ele" odos os outros prisioneiros mantinhamAse em sil@ncio, acompanhando a cena"
)eu de ombros com indi<eren#a e oltou atr!s, para a seguran#a do p!tio" yan ainda
tremia quando ela e Iyeth oltaram para o consultFrio" (le colocou uma das m$os no
ombro dela"
— -inda n$o quer me <alar sobre ele6 4 perguntou com etrema gentile?a"
— (le podia ter sido morto, n$o6 +u <erido"
— im"
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— +brigada"
4 .$o me agrade#a" %oc@ o ama, n$o erdade6
(la sorriu com triste?a, comoendo o mdico"
— im, eu o amo, apesar dos pesares 4 disse, sem perceber
que os olhos cin?entos de Iyeth cobriramAse de <rustra#$o" — %ou er se posso conseguir que oc@ o isite 4 prometeu"
— +h, seria t$o bomQ &as o maDor -ndreXs disse que isso impossíel"
— %oc@ minha en<ermeira, n$o 6 -rranDarei uma desculpa"
&ais tarde, enquanto tentaa dormir, yan pensaa no mdico" =ostaa muito
dele" Iyeth possuía todas as qualidades que ela um dia esperara encontrar no homem a
quem iesse a amar" (ra gentil, compreensio, inteligente e bondoso" Bastaa @Alo tratando
os doentes para adiinhar sua alma sensíel e compassia" ( n$o era aidoso" .um certo
caso ela sugerira que usassem uma po#$o de eras para debelar uma in<ec#$o muito sria"
(le n$o sF aceitara a sugest$o como tambm a aDudara a colher as eras e coletar o <ungo
que usariam" )epois, <icara erdadeiramente satis<eito com o ecelente resultado do
tratamento"
(la gostaa de Iyeth, mas amaa Ben" ( nada poderia mudar esse <ato" .$o
paraa de pensar em Ben, sentindo dolorosamente sua <alta" &esmo gostando de Iyeth,
n$o hesitaria em us!Alo para aDudar Ben, seu adorado coronel ianque"
(nquanto yan se debatia em pensamentos, sem poder dormir, Ben <alaa com
am 2orster"
— )ee haer uma maneira de sair deste lugar"
— (u D! me perguntaa quando oc@ come#aria a ter essas
idias 4 am comentou" 4 e eiste um meio, nFs ainda n$o
o encontramos" ( alguns de nFs est$o aqui h! dois anos" air seria apenas o come#o"
4 )ee haer um ponto ulner!el nesta <ortale?a 4 Ben insistiu" 4 Euero er todo mundo pensando e arquitetando planos para uma <uga" Euero ser o mais desgra#ado
dos mortais se me resignar a <icar aqui at o <im da guerra"
.a manh$ seguinte Iyeth procurou o tenente ohn 2ra?ier, encarregado de
cuidar dos assuntos relacionados com os prisioneiros" +s dois eram amigos e haiam se
aproimado tale? por serem da mesma idade e mais elhos que a maioria dos soldados em
seri#o no <orte" + rosto de 2ra?ier era marcado por uma longa cicatri? que descia do olho
esquerdo at o canto da boca" )e <orma bastante estranha aquilo n$o o de<ormaa, mas
emprestaa uma epress$o de perptuo sarcasmo ao rosto agrad!el" Passara dois anos
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in<ernais numa pris$o nortista, a de 2orte )ouglas, e a eperi@ncia adquirida no tempo de
con<inamento tornaraAo o mais indicado para cuidar do c!rcere de 2orte cott, depois que
<ora libertado numa troca de prisioneiros" - eperi@ncia traumati?ante, contudo, n$o o
endurecera" -o contr!rio, adquirira pro<unda compreens$o dos problemas dos presos e
sempre ouia com simpatia as suas reiindica#Les" (mbora n$o gostasse do que <a?ia,reali?aa um trabalho ecelente"
— eria possíel lear o coronel ao meu consultFrio todas as
manh$s, durante alguns dias6 4 Iyeth indagou" 4 .$o h! espa#o su<iciente na cela para
obserar a eolu#$o da perna <erida"
— - perna dele me parece muito bem" + homem quase nem
manca mais"
—
(u sei, mas <oi uma <ratura <eia e os mJsculos <icaram en<raquecidos"=ostaria de dar mais aten#$o ao caso"
+ tenente olhou detidamente para o mdico" odos os o<iciais D! haiam
percebido que Iyeth estaa meio apaionado por yan, assim como corriam rumores
sobre ela e Ben &organ"
— H! outros motios que n$o est! querendo reelar6
— .$o 4 respondeu o mdico, sustentando o olhar do amigo"
— (st! bem" %ou mand!Alo amanh$" - que horas6
— Por olta de duas da tarde"
— Combinado"
+ obst!culo que Ben encontrara na ponta da bota, no dia da chegada ao <orte,
era um bilhete de ean"
Como <a?ia nos momentos em que se sentia solit!rio demais, Ben releuAo mais
uma e?" +s outros prisioneiros estaam no p!tio, inclusie am, cuDo castigo <ora suspenso"
ustamente quando Ben recebia ordens de permanecer na cela como puni#$o por haer
ultrapassado o <osso"
Ben, lembreiAme de que usamos sapatos do mesmo tamanho e tomo a liberdade
de lhe mandar um modesto par de botas que pelo menos lhe poupar$o a ergonha de
andar descal#o" )eo esclarecer que as botas <oram roubadas de um o<icial ianque, de
modo que n$o destoar$o do resto de seu uni<orme"
Ben parou de ler por um instante, imaginando o sorriso de ean no momento em
que ele escreera a mensagem"
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+s Jltimos meses <oram di<íceis para nFs dois, mas quero que saiba que deseDo
que tudo lhe corra bem" ! <omos muito amigos para que eu lhe deseDe o mal"
-isei o maDor -ndreXs que oc@ poderia causarAlhe problemas" .$o que eu
acredite que oc@ ! tentar <ugir ou algo semelhante, mas era minha obriga#$o alertar o
comandante do <orte")eiei seu caalo preto com o maDor, que cuidar! dele" + animal magní<ico
demais para meus pobres teanos"
e algo me acontecer, tome conta de yan" Com oc@ ela estar! segura"
ean
+ Jltimo par!gra<o, embora curto, nunca deiaa de como@Alo" ugeria uma
con<ian#a que desaparecera do relacionamento dos dois muitos anos atr!s" ambm
reelaa que ean receaa n$o sobreier K guerra, uma possibilidade que Ben achaa insuA
port!el" &ais do que nunca deseDaa renoar os la#os de ami?ade que um dia os tornaram
quase irm$os"
eleu o par!gra<o <inal e quando ouiu que a porta da cela se abria escondeu o
bilhete na bota" )ois guardas entraram, mas Ben ignorouAos, at que um deles aproimouA
se do catre"
— %amos, &organ" %ai dar um pequeno passeio" Ben ergueuAse
pregui#osamente"
— Posso perguntar para onde $o me lear6
— .$o" (stenda as m$os"
Ben olhouAo com estranhe?a, mas obedeceu e o guarda o algemou"
aíram do prdio passando pela mesa do tenente 2ra?ier e atraessaram o p!tio
eterior" Ben <icou tenso ao perceber que o condu?iam para a en<ermaria"
— Posso me recusar a ir6 4 indagou irritado"
— .$o" + doutor quer @Alo" ( tudo o que sei" (ntraram noconsultFrio de Iyeth sem bater e o mdico leantouAse rapidamente"
4 +brigado, cabo" (spere l! <ora"
+ guarda saiu e os dois homens encararamAse" +s olhos de Ben estaam <rios e
ele apertara os l!bios controlando o aborrecimento" +s olhos de Iyeth eram calmos,
enquanto ele eaminaa o rosto de Ben com noo interesse, perguntandoAse como conquisA
tara yan" F ia reolta e hostilidade"
— .$o gosta muito de mim, n$o , coronel6 4 Iyeth perguntou de <ormainesperada"
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— .$o 4 <oi a resposta pronta" 4 &as n$o tenho podido es
colher com quem conersar, ultimamente"
4 ! que est! sendo t$o direto, tambm serei, coronel &organ"
Ben ergueu as sobrancelhas, entre curioso e irNnico"
— .$o sou seu inimigo, &organ" .em penso em competir comoc@, embora deseDasse" yan n$o pensa em nada alm de oc@
e estou tentando compreender por qu@"
— (ra isso o que deseDaa de mim6 (nt$o desperdi#ou o seu
tempo e o meu 4 declarou Ben, irandoAse para a porta"
— + meu, tale?, mas o seu6 enteAse 4 ordenou" urpreendido, Ben
obedeceu"
—
Como est! sua perna6 — )o mesmo Deito"
— Euero eamin!Ala"
Ben pensou em protestar, mas mudou de idia" (ra Fbio que o mdico dos
rebeldes tinha algo em mente, alm da preocupa#$o com sua perna" -rrega#ou a perna da
cal#a" +s mJsculos estaam mais riDos"
— ee muita sorte, coronel"
— .$o minha perna que o preocupa" + que est! tramando,
doutor6
— Precisaa eamin!Alo para n$o mentir a um amigo, mas oc@
est! aqui porque algum deseDa @Alo"
-briu a porta que leaa ao pequeno hospital e chamou yan" )epois, oltou a
olhar para Ben, com um tra#o de triste?a no rosto"
4 %oc@ t@m trinta minutos" 2icarei na sala dos <undos"
Ben leantouAse da cadeira e yan aproimouAse numa r!pida corrida" (le passou as
m$os algemadas por cima da cabe#a dela, desli?ando os bra#os para baio de modo a
abra#!Ala, apertandoAa de encontro ao corpo" &ergulhou o rosto na massa de cabelos
loiros, aspirando o seu per<ume"
4 yan""" como senti sua <altaQ Como pensei em oc@Q
- princípio, o con<orto da proimidade bastou" Ben saboreaa o calor do corpo
macio e ela tornou a eperimentar a deliciosa sensa#$o de seguran#a de sempre quando nos
bra#os dele" &as ent$o o deseDo emergiu" Poderoso e torturante"
-s bocas uniramAse num beiDo <ebril que eigia cada e? mais ardor e Ben pensou
que tanta <elicidade era quase insuport!el" emendo perder o controle completamente, ele
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interrompeu o beiDo apaionado"
4 2a? tanto tempo, meu bem" anto tempo""" 4 gemeu" yan percebeu a luta
que ele traaa e tocouAlhe o rosto de lee, aproimandoAo do seu" BeiDouAo outra e?"
Ben a<astouAa de lee, obserando <ascinado os olhos castanhos tornaremAse
brilhantes de deseDo" entiuAse diidido entre a dor e a alegria" ua yan"""Passou as m$os algemadas noamente pela cabe#a loira, amaldi#oando os
moimentos tolhidos" 0utou com os botLes que <echaam o estido e a camisa de baio, at
epor os seios" BeiDouAos lentamente, <a?endoAa estremecer"
)e repente, incapa? de suportar essa doce tortura, yan <ugiu dele, a<astandoAse
para um canto da sala" 2itouAo, espantada e aturdida com as rea#Les alucinadas que a
assaltaam"
4 Ben""" Ben &organ""" + que <oi que oc@ <e? comigo6(le <oi at ela e tomouAlhe o rosto nas m$os, acariciandoAo, enquanto seus
olhos tentaam memori?ar todos os detalhes das <ei#Les suaes e inocentes"
— Ben"""
— + que <oi que eu <i? com voc% 2oi oc@ quem me en<eiti#ou"
-tNnita, ela iu os olhos a?uis mudarem de epress$o" + carinho trans<ormaaAse
gradualmente em raia" &as n$o era possíel" Como os sentimentos dele podiam mudar
t$o depressa6
— Ben, o que <oi6
— %oc@ me lan#ou um <eiti#o, yan" (noleuAme numa magia qualquer" 2oi
isso o que <e? tambm com o mdico6 (n<eiti#ouAo para que ele me trouesse aqui6
=osta de torturar nFs dois6
Cada palara que di?ia era destinada a <erir, a quebrar o encanto que o
dominaa, a su<ocar os sentimentos agoni?antes"
&as tornou a beiD!Ala, sem nenhuma gentile?a, pressionando os l!bios dela com
crueldade"
4 olteAmeQ 4 ela murmurou assustada, desencilhandoAse
dele com tanta iol@ncia que bateu contra a parede e escorregou
para o ch$o"
(le correu at yan, estendendoAlhe as m$os algemadas" (la reDeitou a aDuda,
tomada de uma m!goa pro<unda"
4 )esapare#a da minha idaQ 4 disse entre os dentes" 0entamente
ergueuAse do ch$o, mantendoAse longe dele"
4 .$o, yanQ 4 Ben n$o sabia o que <a?er" )eia estar enlouquecendoQ -
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pris$o, a impossibilidade de ter a mulher que amaa, a guerra""" &as yan n$o tinha
culpa de seus in<ortJnios" -li!s, ele que tornaa a ida de uma Doem encantadora num
erdadeiro in<erno" 4 )esculpe, yan" .$o posso suportar a idia de perd@Ala e em cada
canto eDo uma amea#a" .$o
deie que algum a lee para longe de mim, por <aor"(la aproimouAse, compreendendo a situa#$o di<ícil que iiam"
— .ingum ai me separar de oc@" .unca ai entender essa
erdade e aceit!Ala6
— .$o sei 4 ele respondeu atormentado e com uma sinceridade que a <eriu"
— (u te amo, Ben" .$o importa o que aconte#a, n$o importa
quanto tempo eu tenha de esperar" (u sempre te amarei"
)epois de longos instantes ele tornou a abra#!Ala desaDeitadamente"4 Parece que ou passar a ida lhe pedindo desculpas, yan"
(la aninhouAse nos bra#os dele e calouAo com um beiDo"
Iyeth pigarreou na outra sala, alertandoAos de que o tempo haia se esgotado"
— Ben""" 4 ela hesitou, mas precisaa tentar" 4 Ben, soube
pelo maDor -ndreXs que a guerra est! quase no <im" er! uma
quest$o de meses, tale? nem tanto" Por <aor, Ben, n$o tente
<ugir" Promete que ter! paci@ncia6
— .$o posso prometer isso"
(rgueu os bra#os e eibiu os pulsos algemados"
— %oc@ n$o <a? idia do que ser aprisionado e colocado numa cela, como um
animal <ero?" em nada para <a?er, a n$o ser olhar para <ora, atras das grades, para a
mesma paisagem horríel de sempre" &as o pior de tudo ter oc@ t$o perto e <ora do
meu alcance" R er oc@ com ele 4 indicou a porta com um
gesto de cabe#a" 4 2ico imaginando o paraíso que seria <icar
mos sF nFs dois Duntos, sem barras de <erro, sem algemas"
— .$o <alta muito para que isso aconte#a, Ben" Por <aor,
tenha paci@ncia" .$o arrisque sua ida tentando escapar"
— /ma promessa eu posso <a?er 4 ele continuou, ignorando o pedido" 4
%oltarei para oc@" .$o importa para onde eu !, ou quanto tempo <ique longe, mas oltarei"
(u""" eu te amo, yan 4 con<essou com enorme es<or#o"
yan encheuAse de alegria" .em pensou em continuar a argumentar sobre os
perigos de uma <uga" .o momento, a <elicidade de ter seu amor plenamente correspondido
apagaa as outras preocupa#Les"
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4 (starei esperando, Ben"
Bateram de lee na porta e yan apressouAse em arrumar as roupas e o cabelo"
Ben reassumiu a epress$o indi<erente, mas um lampeDo de triste?a o traía"
(la abriu a porta e olhou para Iyeth, pensando no que Ben dissera" (staria
torturando o mdico, magoandoAo6 +s olhos do doutor estaam sombrios, amargurados"Por que tudo era t$o complicado6, perguntouAse"
yan encarou Ben, numa sJplica muda para que tiesse cuidado" (le entendeu
e moeu os l!bios, numa sugest$o de sorriso" (la ent$o saiu e Iyeth <echou a porta"
— .$o con<ia em ningum, n$o , coronel6
— ( tenho motio para con<iar6
— (sse seu modo de ser ai destruir yan 4 o mdico sentenciou" 4 %oc@ n$o
capa? de <a?@Ala <eli?"Ben apertou os punhos e caminhou para ele, mas Iyeth n$o se intimidou"
4 %amos, coronel &organ" -gridaAme" -rrume mais problemasQ
Ben atacou e o mdico abaiouAse, <ugindo com <acilidade do golpe di<icultado
pelas algemas" )epois correu para a porta e chamou o guarda"
4 0ee o prisioneiro"
Ben abaiou os bra#os que tornara a erguer para atacar Iyeth, compreendendo a
inutilidade de seu gesto" +lhou para o mdico com raia mal contida, lan#andoAlhe uma
amea#a silenciosa"
4 (st! bem 4 o doutor cochichou de modo que apenas Ben
ouisse" 4 (starei pronto para um con<ronto quando estiermos
em situa#$o de igualdade"
urpreendido pela sensibilidade de Iyeth eldon, Ben assentiu e acompanhou
o guarda para <ora da sala"
CAP ÍTULO XXII
Ben tecia os planos para a <uga" - guerra podia demorar meses para terminar,
pois a teimosia quase suicida do ul n$o podia ser menospre?ada"
am 2orster <alara com os outros prisioneiros nas horas em que se reuniam no
p!tio e relatara os resultados a Ben"4 %oc@ pode esquecer a mim e aos outros que est$o com <erros nos ps 4 am
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aisara" 4 .$o teremos a mínima chance" -lguns acham que a guerra ai terminar logo e
pre<erem esperar, mas h! cerca de de? que est$o dispostos a ir com oc@"
Ben D! esperaa por aquilo" &uitos, como yan, tinham certe?a de que o con<lito
chegaa ao <im e realmente n$o <a?ia sentindo arriscar a pele para chegar K liberdade com
uma anteced@ncia tale? de poucas semanas"Ben pensaa de modo di<erente" /ma noite, acabou de comer sem sentir interesse no
alimento e entregou o prato a?io ao guarda de plant$o, atras das grades da porta" - seguir
oltou para o catre, concentrandoAse no assunto que ocupaa sua mente incessantemente"
abia que <ugir de cott era quase impossíel" 2ra?ier era competente demais" +s
guardas entraam nas celas sempre aos pares e n$o carregaam armas que pudessem ser
roubadas pelos presos"
-s celas eram istoriadas com regularidade e nelas n$o haia nada de cortante oupontiagudo que serisse de arma para amea#ar os guardas, <rustrando qualquer idia de
domin!Alos" -s naalhas usadas para <a?er a barba eram retiradas das m$os dos
prisioneiros logo apFs o uso" .$o se permitiam gar<os e <acas durante as re<ei#Les e as
colheres eram todas contadas"
Haia um grupo de soldados da /ni$o que habitaa uma espcie de dormitFrio,
por ser conhecido pela docilidade e con<orma#$o com o aprisionamento" + setor dos mais
perigosos <icaa separado e depois da chegada de Ben o tenente 2ra?ier tomara medidas
para eitar o contato entre os dois grupos, pressentindo que o coronel ianque recmA
chegado tinha idias de rebeli$o"
-pesar de todas as di<iculdades, Ben continuaa a imaginar um modo de sair dali" !
percebera que tentar eadirAse do p!tio, durante as horas em que os prisioneiros <icaam <ora,
seria loucura" =uardas rodeaam o perímetro, portando ri<les sempre prontos a atirar"
Eualquer tentatia teria de ser K noite" Euando quase todos os habitantes do
<orte estiessem adormecidos teriam de sair e proidenciar armas e caalos para a <uga"
/m prisioneiro, na cela do <im do corredor, come#ou a tocar sua gaita e Ben
continuou apaticamente sentado quando os outros come#aram a cantar, procurando lirarAse
da horríel sensa#$o de melancolia"
-os poucos o sono tomou conta de sua mente e ele adormeceu" onhou com
yan" /m sonho <eli?, em que ele tentaa alcan#!Ala apenas para @Ala distanciarAse cada e?
mais at desaparecer"
.o dia seguinte a puni#$o <oi suspensa e ele recebeu permiss$o de ir ao p!tionoamente" euniu o grupo de prisioneiros que se dispunham a acompanh!Alo na <uga e
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come#aram a Dogar pNquer para poder conersar sem despertar suspeitas"
(mbaralhando as cartas, Ben olhou detidamente para o rosto dos companheiros que
partilhaam do Dogo ou que simplesmente assistiam" Euatro deles ele conhecia bem, pois iiam
em celas i?inhas" +s outros seis ira poucas e?es e n$o pudera aaliar seu car!ter"
4 (m primeiro lugar 4 ele come#ou em o? baia 4, queroter plena certe?a de que oc@s querem ir comigo" Podemos ser
libertados muito em bree e na <uga eiste uma grande possibilidade de sermos mortos"
+lhou para cada um deles e os homens assentiram em sil@ncio" /m deles era
muito Doem, quase um garoto"
4 %oc@ tenente6
+s outros sorriram, orgulhosos do companheiro"
—
enente y )onaldson 4 Campbell eplicou" 4 ecebeu condecora#$o por haer matado um grupo de rebeldes em %icksburg" ( tem mais eperi@ncia de <ugas que
todos nFs Duntos" ! tentou tr@s e?es e na Jltima <oi mandado para c!"
— Euantos anos tem, Doem6 4 Ben perguntou"
4 )e?essete, senhor"
Ben estudouAo longamente" -pesar da pouca idade, o rapa? possuía olhos duros e
<rios" /ma espcie de alarme soou na mente de Ben, mas ele ignorou o aiso"
— (st! bem, tenente y" 4 +lhou para os outros" 4 -lgum
tem alguma idia6
— (u tenho, senhor 4 apresentou y" 4 )uas e?es, no Jltimo m@s, pareceuAme
que estaam com poucos homens no <orte" ale? alguns tiessem saído em miss$o, ou
<icado doentes, n$o sei" /ma noite meu companheiro de cela sentiuAse mal e apenas um
guarda entrou para er o que se passaa" e notarmos noa <alta de pessoal, um de nFs
pode <ingir estar passando muito mal"
Euando um guarda entrar so?inho, saltaremos sobre ele, tirandoA
lhe as chaes e o uni<orme"
odos encararam o Doem tenente" .ingum haia notado qualquer <alha no
seri#o, nunca"
— )a boca de uma crian#a""" 4 murmurou um eterano barbado"
— )e posse de um uni<orme 4 continuou y 4, conseguiremos outros"
— Penso que oc@ est! no caminho certo, rapa? 4 admitiu
Ben" 4 -manh$""" .$o" HoDe mesmo come#aremos a test!Alos"
Pensem em ra?Les para chamar os guardas tarde da noite" Prestem aten#$o para er
quem negligente e quem n$o " (, <inalmente, qual dos carcereiros poder! ser indu?ido a
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entrar so?inho numa cela se algum estier doente"
+s outros concordaram em sil@ncio"
4 Conersaremos noamente, amanh$" +s guardas podem
descon<iar" )ispersar"
+s on?e continuaram a reunirAse durante os de? dias seguintes" Haiam chamadoos guardas da noite seis e?es, com as mais ariadas desculpas" Campbell tiera um
desempenho magistral ao <ingir estar tendo um pesadelo, gritando como um louco e
despertando todo mundo" ( das seis e?es, apenas em uma apareceu um guarda so?inho, D!
quase ao amanhecer" &as n$o abrira a porta da cela"
.os encontros no p!tio os prisioneiros discutiam as características dos guardas
que trabalhaam de madrugada, em nJmero de oito e que se ree?aam" -penas um entre
eles parecia generoso o bastante para entrar numa cela so?inho e socorrer um doente"yan, de repente, iuAse muito ocupada" -lguns dias depois que Iyeth
conseguira seu encontro com Ben, o mdico adoeceu" /ma certa manh$, quando ela entrou
para aDudar na en<ermaria, encontrou o doutor tremendo incontrolaelmente, sentado K
escrianinha"
ocouAlhe a testa e ele ergueu os olhos melancFlicos para ela"
— &al!ria6 4 ela perguntou, D! adiinhando a resposta"
— """ sim"
— %enha" %ou le!Alo para o quarto"
— &as aquele soldado"""
— (u cuidarei dele" 2a#a o que estou mandando, doutor" %!
para a cama"
(le acabou por aceitar a sugest$o, <raco demais para continuar protestando"
-poiouAse nela e encaminharamAse para o quarto" (la aDudouAo a deitarAse e tirouAlhe as
botas" .a cama ao lado, um soldado que leara uma <lechada no <lanco olhou com curioA
sidade para o mdico"
— + que h! com o doutor6
— &al!ria 4 ela in<ormou, come#ando a tirar as bandagens que
protegiam o <erimento a <lecha" 4 %oc@ est! indo muito bem, soldado 4 disse com um sorriso,
depois de desin<etar o local e tornar a cobriAlo com um pano macio embebido numa po#$o
cicatri?ante"
- seguir, oltou para o lado de Iyeth, cuDo rosto cobriaAse de transpira#$o"
&olhou uma toalha, colocandoAa, na testa quente e suada" entada ao lado da cama,
segurou a m$o do mdico, que se debatia nas conulsLes d! <ebre"
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Preocupada, yan leantouAse e pegou um <rasco que ainda continha um resto
de quinino, que obrigou Iyeth a engolir"
-inda continuaa na en<ermaria na hora do Dantar, quando -nna <oi procur!Ala"
— (staa preocupada 4 eplicou a boa mulher" 4 -lgum problema6 4 +lhou para
a cama e reconheceu o mdico" 4 +h, n$o,pobre?inho" ! se passou tanto tempo desde o Jltimo ataque que
pens!amos que ele estaa curado"
— Euanto tempo dura um ataque destes, normalmente6 4 perguntou yan,
colocando outro pano molhado na testa do mdico"
4r@s ou quatro dias, quando temos bastante quinino" Euando
n$o temos, pode durar de? dias ou mais" ( depois ele <ica muito <raco"
-nna pousou a m$o no bra#o de yan"4 %! comer alguma coisa, querida" 2icarei com ele e Dantarei mais tarde"
yan concordou e dirigiuAse para a porta, olhando para tr!s antes de sair"
4 %oltarei logo 4 prometeu" 4 -iseAme se precisar de alguma coisa"
yan seriu o Dantar para o maDor e para si mesma"
4 anto -nna quanto eu gostamos muito de Iyeth 4 declarou -ndreXs, quando
come#aam a comer" 4 (le D! so<reu muito, mas nunca deiou que o so<rimento leasse a
melhor"
yan <itouAo curiosa"
— o<reu6 (st! se re<erindo K mal!ria6
— im, e tambm K tragdia que se abateu sobre a <amília" Perdeu os pais e a irm$
num acidente de barco, quando os tr@s desciam o &ississípi, em 18O3" Procuraam abrigo na
0ouisiana, mas a barca#a <oi atacada pelos ianques" -<undou e n$o houe sobreientes"
yan sentiu os olhos Jmidos"
— (sta guerra um so<rimento sem <im 4 murmurou" 4 2ico com Fdio das
histFrias que ou#o" &as Iyeth dee ser muito bom, e Dulgar pelo modo como trata os
prisioneiros ianques" )e eria detestar todos eles"
— (le mdico e nunca esquece isso" -cho que no princípio,
logo que chegou aqui, tinha suas reseras, mas quando um dos
prisioneiros <icou graemente en<ermo ele colocou todos os sentimentos pessoais de lado"
im, yan, ele muito bom"
— ( ecelente mdico"
+s olhos do maDor pousaram no rosto dela com um brilho malicioso"
— ( como est! seu coronel ianque6 yan <itouAo incrdula"
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— Como soube6
— 2a? parte do meu trabalho saber de tudo, minha querida"
ambm soube que Iyeth pediu permiss$o a 2ra?ier para lear
Ben &organ ao consultFrio"
— .$o tentou impediAlo6 — .$o" *maginei que oc@s tr@s tinham algum assunto a resoler" Iyeth est!
apaionado por oc@, sabia6
— .$o" &as Ben insinuou a mesma coisa e eu comecei a pensar" &as o doutor
nunca me disse nada"
— ( n$o dir!, porque sabe que oc@ gosta do ianque"
— +h, meu )eus, que con<us$oQ
4 %oc@ n$o tem culpa de nada, yan" + amor <a? dessas coisas"(la acabou de comer o mais depressa que pNde, laou os pratos e tornou a sair"
-nna despira Iyeth e o banhara com !gua <ria, mas ele continuaa a tremer e a
pele parecia em <ogo" yan tocou no ombro da mulher para chamarAlhe a aten#$o"
— %! Dantar 4 aconselhou" 4 2icarei com ele aqui, durante
a noite toda"
— (st! bem, querida" ei que pode cuidar dele melhor que eu"
— .$o, -nna" %oc@ tambm Ftima en<ermeira e tem um
grande cora#$o"
yan <icou com o doente a noite toda, ministrandoAlhe pequenas doses do pouco
quinino que ainda tinham" /medeciaAlhe a pele com panos molhados quando o suor lhe
inundaa o corpo e cobriaAo quando o terríel tremor o dominaa" Iyeth chamouAa diersas
ezes, mas n$o respondia quando ela <alaa com ele" (m dado momento, subDugado pelo
delírio, ele gritara algo sobre algum n$o merecer o amor de uma mulher t$o alorosa"
)e madrugada, pouco antes do sol, ele recuperou a consci@ncia" +s olhos
continuaam <ebris, mas um lee sorriso <ormouAse nos l!bios ressequidos"
4 %oc@ n$o esperaa por isso, quando me o<ereceu aDuda 4
murmurou"
(la colocou a m$o na testa ainda bastante quente"
— (u precisaa adquirir pr!tica no tratamento da mal!ria 4
ela respondeu em tom de brincadeira"
— -h, sintoAme recompensado 4 ele balbuciou antes de cair
em sono pro<undo"
-nna apareceu no come#o da manh$"
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— Como ele está, yan6
— /m pouco melhor" ecuperou a consci@ncia por alguns minutos, de
madrugada"
— /ma melhora aparente" &enina, estou muito contente por
estar aqui" +brigada por ser t$o boa"4 )eo muito a Iyeth 4 yan disse simplesmente, pegando
o ale e enrolandoAse nele antes de sair, com 2ortuna nos calcanhares" + cachorro passara a
noite no consultFrio, esperando a dona"
Ben estaa tomando a primeira re<ei#$o quando Campbell o chamou"
4 - Danela"
Ben ergueuAse depressa e aproimouAse da Danela gradeada" (nt$o iu yan,
com apar@ncia eausta, saindo da en<ermaria"
4 - esposa do maDor acabou de entrar l! 4 cochilou Campbell acercandoAse da
diisFria de <erro" 4 (st! acontecendo alguma coisa"
&ais tarde descobriram o que era" /m dos prisioneiros queiouAse de dor de
estNmago e o guarda, um dos mais truculentos, o in<ormou que o mdico estaa doente"
4 &al!ria outra e?" ( a mo#a que aDuda o doutor passou
a noite em claro, cuidando dele" .$o ou cham!Ala por causa de uma dor de estNmago"
- noidade correu por todas as celas, como <ogo na <loresta"
4 - oportunidade per<eita 4 Campbell cochichou para Ben"
4 e o guarda tier de chamar algum ser! a garota"
Ben <icou pensatio" .$o queria enoler yan naquilo" &as Campbell tinha
ra?$o" eria mais <!cil" Bastaa cuidar para que ela n$o saísse <erida"
4 %oc@ est! certo 4 acabou por concordar"
)iscutiram os planos <inais no período que passaram no p!tio"
4 +Xens estar! de plant$o, amanh$ K noite 4 Ben esclareceu, <alando doguarda que lhe parecia mais prestatio" 4 %amos tentar" y ser! oc@ a <icar doente"
Ben escolhera y por sua Duentude" Com aquela apar@ncia de menino e por ser
calado, nunca reclamando de nada, ganhara a simpatia de todos os guardas" (les n$o
sabiam que o rapa? nunca se queiaa por odiar demais os rebeldes, recusandoAse a pedirA
lhes qualquer <aor" y mascarara seus erdadeiros sentimentos para dar o bote no
momento certo"
( o momento chegara"Ben dormiu mal naquela noite" .$o deseDaa usar yan, mas n$o haia modo de
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eitar" )ois prisioneiros poderiam subDugar <acilmente um guarda desarmado e uma mulher,
principalmente se ela colaborasse" ( Ben estaa certo de que poderia contar com a aDuda
dela"
+ dia arrastouAse e a noite passaa com lentid$o ainda maior" Hart, o tenente que
tocaa gaita, come#ou uma melodia, mas Ben sentiu que o c>ntico erguiaAse cheio de tens$oquando os companheiros puseramAse a cantar Duntos" odos os presos, mesmo os que n$o
iam participar da <uga, sabiam dos planos e os que <icariam deseDaam sinceramente que a
tentatia <osse bemAsucedida"
- mJsica sF parou quando o guarda ordenou que <i?essem sil@ncio" (nt$o, Ben
deitouAse e tentou dormir" y planeDara a sJbita doen#a para algumas horas depois da
meiaAnoite"
)espertou muito tempo depois, percebendo que ningum dormia" am, que<icara postado K Danela, anunciou que o guarda haia mudado e apenas um soldado <icaria
de plant$o" +Xens" + guarda que eles queriam"
Vs tr@s da madrugada, y gritou de repente, dobrando o corpo para a <rente,
como se estiesse eperimentando dor muito <orte" +s gritos eram bastante conincentes e
os prisioneiros come#aram a bater nas grades com as canecas de lata"
- porta do corredor abriuAse e o sargento +Xens apareceu, com epress$o
sonolenta"
Ben encontraaAse agarrado Ks barras da porta da cela"
4 argento, o rapa? parece estar mal" Pode <a?er alguma coisa para aDud!Alo6
+Xens <oi at a cela de y"
— + que h! com ele6 4 perguntou ao companheiro do rapa?"
— .$o sei" Come#ou a sentir dores uma hora atr!s" .$o quer
ir chamar o mdico6
— + doutor est! doenteQ
— Precisa <a?er alguma coisa" ( se ele morrer6
+Xens <icou indeciso, mas um noo grito, seguido de gemidos agoniados, leouAo
a decidir:
4 %ou chamar a srta" yan" (la est! na en<ermaria, cuidando do )r" Iyeth"
Percorreu o corredor e saiu, trancando a porta" Ben suspirou e os outros riam
baiinho da encena#$o per<eita de y"
4 (st$o chegando 4 am in<ormou de seu posto Dunto K Danela"
- porta de liga#$o <oi aberta noamente e +Xens e yan entraram correndo" .a
passagem ela sorriu <racamente para Ben e desapareceu atr!s do sargento, que D! abria a
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porta da cela de y"
+Xens ordenou que o outro ocupante <icasse no <undo da cela e yan abriu
caminho no meio dos dois catres" y continuaa curado, gemendo" ubitamente deu um
grito de arrepiar e a aten#$o do guarda desiouAse do outro prisioneiro" em hesitar, o homem
DogouAse contra +Xens atingindoAo com um soco no lado da cabe#a" -o mesmo tempo, yergueuAse e colocou uma das m$o na boca de yan, impedindoAa de gritar"
4 )esculpe, dona" (, por <aor, n$o grite"
(la balan#ou a cabe#a a<irmatiamente, e o rapa? soltouAa" Permaneceu imFel,
atNnita, enquanto y tiraa a camisa e a rasgaa em tiras, que usou para amarrar o guarda"
irou as chaes que +Xens tra?ia presas ao cinto e DogouAas para o parceiro" + homem
correu pelo corredor soltando os que iam <ugir" y permaneceu ao lado de yan, pronto para
amorda#!Ala se ela amea#asse gritar" -ssim que se iu lire, Ben correu para Dunto dela"
4 udo bem, y" (u cuidarei dela" %ista o uni<orme do guarda e eDa o que
pode encontrar no escritFrio"
)epois de dar as ordens, puou yan para si"
4 (u n$o queria enol@Ala, querida, mas preciso tentar" %oc@ compreende6
(la beiDouAo, indi<erente aos olhares espantados dos prisioneiros" (ra uma atitude
desa<iadora, desairada" (ra uma promessa" Ben descobriu que nunca a amara tanto como
naquele instante" 2inalmente ela olhou para ele, repleta de amor"
— enha cuidado, meu querido" (, por <aor, olte para mim"
— %oltarei, prometo" &as agora preciso amarr!Ala e amorda#!Ala" Como
eplicar! o <ato de n$o ter dado o alarme6
— Pegue algumas <aias ali 4 ela apontou para a maleta que
troue"
(la sacudiu a cabe#a, sorrindo"
— .unca ai parar de me surpreender, yan &allory6
-marrouAa com as <aias, <rouamente"
— -ssim eles nunca acreditar$o na minha histFria"
(la estaa certa" (nt$o, apertou os nFs um pouco mais e amorda#ouAa" (m
seguida, colocouAa para eaminar +Xens" + guarda continuaa inconsciente, no catre ao
lado" Ben amarrouAo, amorda#ouAo e tee o cuidado de atarAlhe as m$os Ks grades, para
que ele n$o pudesse arrastarAse at a Danela"
-DoelhouAse ao lado de yan e beiDouAa na testa"
4 (u te amo 4 murmurou, antes de abandonar a cela"
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y estira o uni<orme de +Xens e come#ara a procurar outros, para os
companheiros" Com etrema habilidade, desacordou a sentinela que passaa na <rente do
prdio da pris$o" -rrastouAa para dentro e outro homem tirouAlhe o uni<orme e amarrouAa"
)ando prosseguimento K tare<a de estir os parceiros de <uga com roupas dos rebeldes,
desli?ou pelo p!tio at a laanderia e acabou por reunir mais noe uni<ormescon<ederados"
%oltando K pris$o, notou que um dos companheiros tomara o lugar da
sentinela, no p!tio" +s outros estiramAse rapidamente e saíram, espalhandoAse,
surpreendendo sentinelas, inclusie as duas que igiaam o port$o de saída do <orte" odos
os soldados <oram imobili?ados e amarrados em igas de est!bulo, bem distantes uma da
outra"
Ben, enquanto isso, escolhia e selaa caalos" Euando acabou, aDudou noarrombamento de arm!rios para roubar pistolas, ri<les e muni#$o" (ntre as armas
encontraram diersos dos ri<les de repeti#$o que ean roubara" (identemente o capit$o
rebelde deiara alguns no <orte"
(n<im, learam os caalos para <ora, re?ando para que nenhum se lembrasse de
relinchar" Chegando ao port$o maci#o, que se abria para a liberdade, abriramAno erguendo
a enorme tranca" aíram todos e tornaram a <echar o port$o da melhor maneira possíel"
Os onze caalgaram a passo lento, para n$o <a?er barulho, at distanciaremAse
algumas centenas de metros" (nt$o, esporearam os caalos e dispararam a galope, rindo
satis<eitos"
Ben ergueu o rosto para o cu escuro, rindo para as estrelas que come#aam a
empalidecer"
CAP ÍTULO XXIII
%!rias horas se passaram antes que uma sentinela conseguisse lirarAse das
cordas" ocou o sinal de alarme e dentro de minutos o p!tio <erilhaa de soldados
sonolentos"
/m dos o<iciais entrou esba<orido no quarto de 2ra?ier"
4 Houe uma <uga 4 anunciou o<egante"
2ra?ier estiuAse rapidamente e correu para a pris$o, que <ora cercada pelos
soldados" — Euantos <ugiram6 4 perguntou ao o<icial que <ora busc!Alo no quarto"
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— -inda n$o sabemos" .ingum entrou aí" (staam esperan
do pelo senhor"
— *diotas 4 2ra?ier resmungou"
(ntrou em seu escritFrio e encontrou a porta do corredor de celas trancada"
Procurou uma chae etra e abriuAa" Ben &organ desaparecera, embora o <ato n$ochegasse a surpreend@Alo" Campbell tambm se <ora, alm de !rios outros" /m ruído no
<im do corredor o <e? correr para l!" - Jltima cela, a de y, encontraaAse com a porta
trancada e 2ra?ier iu +Xens consciente, mas amarrado como uma lingMi#a" yan &allory,
tambm amarrada e amorda#ada, tentaa sentarAse no catre"
%oltou correndo para o escritFrio para descobrir que a chaeAmestra sumira"
PragueDou sonoramente" (ntregaria o pesco#o K <orca se n$o <ora outra idia maldita de
Ben &organ" etornou K cela e atras das grades cortou as tiras que amarraam +Xens Ksgrades" + homem encostouAse nas barras de <erro e 2ra?ier acabou de cortar as outras
amarras" )epois entregouAlhe a <aca e o guarda soltou yan"
4 Eue diabo aconteceu6 4 perguntou <urioso"
+Xens sacudiu a cabe#a, pensando tristemente que a imprud@ncia poderia <a?@A
lo oltar K condi#$o de soldado raso"
4 + rapa? gritaa como se estiesse morrendo" 2ui buscar a
srta" yan" ( aí me dominaram, quando entramos na cela"
2ra?ier procuraa controlar a raia para n$o agredir +Xens"
4 abe que n$o dee abrir uma cela sem outro homem Dunto 4
esbraeDou"
— im, senhor, eu sei, mas o rapa? parecia tão mal que"""
— (st! bem" 2alaremos depois" H! um Dogo de chaes sobressalentes com o
maDor" -migo 4 disse a +Xens, D! mais calmo"4 nós dois seremos chutados daqui at ichmond"
-ntes de a<astarAse, olhou para yan"
— - senhorita est! bem6
— im, mas estou preocupada com o )r" eldon" -lgum precisa ir @Alo"
— &andarei um dos homens e a senhorita sair! daí em quest$o de minutos"
)escendo o corredor em dire#$o K saída" 2ra?ier ouiu que o restante dos
prisioneiros ianques come#aa a cantar um hino patriFtico" orriu com amargura" (le teria<eito o mesmo" &ais uma e? n$o pNde deiar de pensar na estupide? e crueldade da guerra
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<ratricida"
2ra?ier nunca ira o maDor -ndreXs t$o irado"
— %oc@ os deiou escapar" -gora encontreAosQ 0ee quantos
homens precisar, mas traga os prisioneiros de olta, 2ra?ier" +s on?e abriram a brecha e logo
todos os outros seguir$o o eemplo"
— im, senhor"
— 0iberte +Xens e a srta" yan e ponhaAse a caminho imediatamente" 4 -briu
uma gaeta e retirou um molho de chaes que atirou para o tenente"
2ra?ier ia sair, mas parou quando o maDor tornou a <alar"
— )iga K mo#a que deseDo conersar com ela" !"
— + tenente parou no aloDamento dos o<iciais para ordenar
que reunissem cento e cinqMenta soldados" Pretendia diidiAlos
em dois grupos, o que resultaria num bom nJmero de homens
capa?es de recha#ar um ataque índio" Pensando nos índios, ocorreu a 2ra?ier que a
situa#$o dos ianques <ugitios n$o era nada ineD!el" +s ataques a pequenas caraanas
multiplicaamAse assustadoramente"
+ homem que ele mandara ao hospital para er como estaa o mdico
esperaa por ele no escritFrio"
4 + doutor est! bem" -inda <ebril, mas lJcido"
2ra?ier <oi at a Jltima cela e soltou +Xens e yan" .aquelas poucas horas ela
aprendera a alori?ar o deseDo de <ugir que <ustigaa Ben" &esmo sabendo que <icaria
lire dentro de um tempo muito curto, ela quase se desesperara no con<inamento da cela
minJscula"
— + )r" eldon est! passando bem, senhorita 4 2ra?ier comunicou" 4
.$o sabe como lamento que tenha tido de passar por este transtorno"
— .$o <oi nada" Pelo menos n$o <oi pelo resto da ida que
<iquei presa" ( gra#as a )eus n$o io aqui dentro, como esses
ianques"
— R a guerra, senhorita" ambm n$o me agrada er tudo o
que eDo, mas h! prisLes muito piores que esta, tanto no .orte
como no ul" — R, eu sei" +brigada por me soltar t$o depressa, tenente 4
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ela hesitou antes de continuar" 4 + senhor ir! atr!s dos <ugitios6
— .aturalmente" ( os pegarei, se os índios n$o colocarem as
m$os neles primeiro" -gora preciso ir, com licen#a" -h, o maDor
-ndreXs deseDa <alar com a senhorita" 4 ocou na testa com
as pontas dos dedos e saiu, dirigindoAse para o est!bulo"yan saiu logo depois e iu um grupo muito grande de soldados que se
preparaam para deiar o <orte"
4 enha cuidado, Ben 4 murmurou baiinho, como se dissesse uma
prece"
+ maDor esperaa por ela no escritFrio, irritado e eidentemente cheio de
suspeitas"
4 %oc@ sabia dos planos de <uga6 -Dudou os <ugitios, yan6
(la olhou para ele com tranqMilidade"
— .$o" Euando <alei com Ben, duas semanas atr!s, tentei <a?@A
lo compreender que a guerra estaa terminando e pediAlhe que
tiesse paci@ncia" abia que ele n$o deiaria de tentar <ugir, mas
me pegaram de surpresa"
— %oc@ poderia ter nos aisado de alguma <orma6
— Euando me atacaram6
— im"
— .$o poderia, n$o" &as""" acho que n$o aisaria, mesmo
que pudesse"
+ maDor sorriu"
4 Pelo menos oc@ honesta" %! dormir, yan" &inha mulher <oi <icar com
Iyeth"
(la concordou e <oi para o quarto, sabendo que seria muito di<ícil conseguir dormir" (staa preocupada com Ben, perseguido pelo goerno rebelde e tale? pelos índios"
)eitouAse estida como estaa, deseDando estar pronta para correr para <ora quando as
primeiras notícias chegassem"
ecordou a epress$o do rosto de Ben, no momento em que a beiDara naquela
noite" (le ibraa de alegria e os olhos a?uis cintilaam de ecita#$o" ( dissera que a
amaa, prometendo oltar para ela"
4 Ben, meu amor 4 murmurou" 4 (u te amoQ (u te amoQenha cuidado" Por mim"
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Ben e os outros <ugitios mantinham uma boa elocidade" Haiam escolhido
caalos em Ftima <orma, robustos e Doens" )epois de uma hora, iraram para o norte,
esperando encontrar uma patrulha da /ni$o o mais cedo possíel"
! iaDaam durante seis horas quando Campbell percebeu sinais de índios" &as
os on?e, ealtados com a marailhosa sensa#$o de liberdade, DulgaamAse acima dequalquer perigo, de qualquer entrae que <i?esse a tentatia de <uga <racassar" Para eles, D!
n$o se trataa de uma tentatia, mas de uma escapada que <ora coroada pelo sucesso
total"
(m dado momento Ben parou o caalo, para darAlhe algum descanso, e
eaminou o hori?onte" y aproimouAse sorridente"
— Campbell iu alguns sinais de índios, l! atr!s"
—
( o senhor, o que acha disso6 4 o rapa? perguntou despreocupado" — +s índios est$o por aí, em algum lugar" ( em moimento pouco habitual, a
Dulgar pelas !rias trilhas que deiaram no caminho" Pelas pegadas dos animais posso di?er
que est$o com pressa 4 esclareceu Ben, apontando para o ch$o poeirento, onde
inJmeras marcas de cascos se misturaam"
— + que amos <a?er6
— )iga aos outros para que se preparem para correr como se
estiessem com o demNnio nos calcanhares"
&ais tarde come#aram a ouir os índios" iros de ri<les e gritos pareciam ir de
tr!s de uma elea#$o" Euando o barulho diminuiu, Ben ergueuAse nos estribos e olhou para
a dire#$o norte, o caminho da liberdade, e depois para os homens que o seguiam"
y acercouAse dele"
— e os índios est$o atacando, senhor, quer di?er que nosso
caminho est! lire" (st$o ocupados em outro lugar"
— %oc@s sigam em <rente 4 Ben determinou" 4 (u ou eri<icar o que est!
acontecendo"
(sporeou o caalo, ignorando a con<us$o que gerara entre os companheiros"
)epois de um momento de hesita#$o, os homens seguiramAno"
Ben chegou ao alto da elea#$o e sF ent$o percebeu que estaam todos atr!s
dele"
4 *n<ernoQ 4 +lhou para y, irritado" 4 .$o sabe seguir ordens6 ( oc@s6 $o
surdos6 &andei que <ossem em <rente e me deiassem"
)epois do desaba<o, inclinouAse para a <rente, na sela, olhando para a cena l!
embaio"
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Euatro carro#Les <ormaram um quadrado e do meio dele partiam tiros <racos e
esparsos" ( cerca de quarenta índios caalgaam em olta dos carro#Les, enquanto outro
grupo <icaa K espera, um pouco a<astado"
Campbell <oi para perto dele"
4 ( agora, coronel6Ben olhouAo com graidade"
4 %ou descer" %oc@s deem continuar o caminho" aiam
daqui"
Campbell encarouAo"
— + que um homem so?inho pode <a?er, coronel6
— )esarmado, tale? nada, mas comum ri<le de repeti#$o pode muito"
—
2ra?ier logo estar! aqui com sua turma de rebeldes para aDudar aquelescoitados"
— Como pode ter certe?a de que 2ra?ier ir!6 ale? l! no <orte tenham
decidido deiarAnos para os índios"
Campbell olhouAo sem poder acreditar no que ouia" + louco estaa realmente
pensando em en<rentar os índios so?inho" &as tinha ra?$o num ponto" ale? 2ra?ier n$o
aparecesse, mas mesmo que D! estiesse atr!s deles proaelmente n$o chegaria a tempo de
aDudar os in<eli?es"
— )eo ser t$o louco quanto o senhor, mas irei Dunto"
— ( eu estou muito en<adado, sem poder dar uns tiros 4 y
acrescentou"
+s outros todos <alaram ao mesmo tempo, declarando sua inten#$o de socorrer
os iaDantes em apuros, obrigando Ben a renderAse K ontade un>nime"
4 (st! bem" %amos <a?@Alos pensar que somos um regimento
da caalaria" 2a#am o maior barulho que puderem e inadam o
quadrado <ormado pelas carro#as"
)esceram a colina gritando como um bando de doidos e a todo galope" +s índios,
surpresos, a<astaramAse dos carro#Les, aturdidos demais para perceberem que o
regimento n$o passaa de um pequeno grupo de on?e soldados"
Ben <oi o primeiro a alcan#ar o quadrado e saltou para dentro <a?endo o caalo
oar por cima de uma pilha de mFeis que obstruía o espa#o entre duas carro#as" +s outros
o seguiram, guiando os animais com perícia para eitar uma colis$o com um dos eículos,
antes de saltar para dentro do quadrado apertado" /m deles n$o conseguiu <a?er a manobra
com per<ei#$o e caiu do caalo, <icando estendido e imFel a cerca de cem metros do $o
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entre os carro#Les"
Ben notou que os índios batiam em retirada, tale? para discutir o que <ariam a
seguir" )epois olhou de olta, no espa#o quadrado, enquanto dois homens leantaamAse do
ch$o e dirigiamAse para ele" /m era alto e seguraa uma pistola na m$o direita" .$o tinha o
bra#o esquerdo" + outro aproimouAse mancando, carregando um ri<le" +s dois usaamcal#as do uni<orme con<ederado"
4 =ra#as a )eus 4 murmurou o primeiro" 4 .ossa muni#$o estaa acabando"
+ homem olhou para duas mulheres, que tambm empunhaam armas, e tr@s
crian#as" - menor?inha, uma menina, mantinhaAse aDoelhada ao lado de um morto,
apertandoAlhe a m$o com <or#a"
4 $o sF oc@s6 4 Ben perguntou, olhando para a garotinha"
4 im" ( oc@s6 Euantos soldados s$o6Ben olhou para y e sorriu de modo desconsolado"
— .$o somos muitos, mas logo receberemos re<or#os"
— %ai demorar6 4 o homem quis saber, mostrandoAse ansioso"
&as Ben n$o lhe prestaa mais aten#$o" .$o conseguia parar de olhar para a
garota ao lado do homem morto"
— R o pai dela6 4 perguntou ao iaDante"
— im" + nome da menina Bethany" - m$e dela morreu h!
de? dias, de <ebre"
Ben <echou os olhos, inadido por imensa triste?a" Por alguma ra?$o a menina o
<a?ia pensar em yan, apesar dos olhos a?uis e do cabelo muito mais claro, quase branco"
odaia, no rosto miJdo haia uma epress$o t$o desesperada que o cora#$o se apertaa
sF de @Ala" yan tambm perdera os pais brutalmente e deia ter so<rido tanto quanto a
garotinha a sua <rente" (stendeu a m$o e tocou no rosto da menina, ternamente" (la
ergueu os grandes olhos para ele, sem chorar, mas com a tragdia estampada no rosto" (le
abriu os bra#os para ela, que se abrigou neles, <inalmente largando a m$o do pai"
4 R espantoso 4 comentou o iaDante" 4 (la n$o deiaa
nenhum de nFs tir!Ala de perto do cad!er"
Ben <e? um gesto para o corpo largado no ch$o"
4 0eemAno para dentro de uma das carro#as 4 instruiu"
0entamente, ainda abra#ando Bethany, ele olhou para <ora do quadrado, onde os índios
reagrupaamAse para noo ataque" 2e? a menina largarAlhe as pernas, mas continuou
segurando uma das m$o?inhas tr@mulas" -pontou para o caalo que estiera montando"
4 H! outro ri<le l! 4 in<ormou ao homem que coeaa"
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*nstruiu os companheiros no sentido de diidirem a muni#$o, enquanto o iaDante sem
bra#o <itaaAo com curiosidade" +s recmAchegados estiam uni<ormes de soldados rasos
do (rcito Con<ederado, mas todos eles tinham ar de autoridade, principalmente o
homem que distribuía ordens" +s <atos n$o se encaiaam, mas naquele momento
crítico tal preocupa#$o era insigni<icante" - luta pela sobrei@ncia sobrepuDaa todo o resto"Ben acomodouAse atr!s de uma das carro#as, di?endo a Bethany para <icar Dunto dele"
entaramAse todos e puseramAse K espera"
+ grupo de 2ra?ier encontrou a pista dos <ugitios e o tenente eniou um
esta<eta ao encontro dos outros setenta e cinco homens" untaramAse todos a uma
dist>ncia de setenta e cinco quilNmetros do <orte"
- trilha deiada pelos ianques era <!cil de seguir" Ben e os companheiros estaam
mais preocupados em ser elo?es do que prudentes" 2ra?ier calculou que os <ugitios deiamestar com uma antagem de tr@s horas na <rente do destacamento que ele lideraa" eus
homens conheciam bem a !rea e os caalos eram ligeiros, mas o tenente come#aa a
acreditar que se trataa de uma ca#ada inJtil"
+s ianques haiam aan#ado demais"
Ben esa?iou o ri<le de repeti#$o que roubara do arsenal do 2orte cott e
pegou uma pistola que um de seus companheiros lhe atirou" &uitos índios Da?iam mortos
ao redor das carro#as, mas o ataque n$o diminuía de intensidade" +s selagens usaam
de pre<er@ncia arcos e <lechas, embora alguns portassem ri<les de a#$o simples" (m
matria de armas n$o apresentaam grande amea#a, mas estaam em nJmero muito
maior" ( o grupo de Ben ia a prFpria muni#$o desaparecer ineoraelmente"
Houe uma trgua sJbita e os pelesAermelhas oltaram a reunirAse no alto da
colina" + grupo abrigado no p!tio <ormado pelas carro#as aproeitou a pausa inesperada
para diidir a pouca muni#$o restante"
+ homem sem bra#o olhou para Ben"
4 Pensei ter ouido o senhor di?er que iam receber re<or#os"
Ben endere#ouAlhe um sorriso acanhado"
4 $o mais agarosos do que eu pensaa" (u e minha sorte
<abulosaQ
+ homem estendeuAlhe a m$o"
4 &eu nome arret" ( quero agradecerAlhe pelo que est!
<a?endo"
Ben apertou a m$o do homem e tornou a abra#ar a garotinha, que continuaa
agarrada a ele"
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— Como <oi que ieram parar aqui6 4 perguntou a arret"
4 .$o sabiam que era territFrio muito perigoso6
— 2oram os malditos ianques 4 o homem eplicou" Precisamos <ugir deles e
procurar outro lugar para ier"
+lhou para Ben, que estremeceu ao er a pro<unda epress$o de Fdio"4 +s ianques learam meu bra#o e inutili?aram a perna de
meu irm$o 4 arret contou" 4 Como se n$o bastasse, queimaram nossas planta#Les e
con<iscaram a terra" .$o sobrou nada"
+ homem <e? uma pausa e o Fdio que haia em seus olhos <oi substituído por
triste?a"
4 &eu primo tem uma linha de dilig@ncias na Cali<Frnia e prometeu darAnos
emprego" .$o tínhamos muita comida e precis!amos iaDar depressa, cortando caminhopor aqui"
Ben olhou para a menina"
— ( ela6
— + pai dela era nosso capata?" /m homem honesto e trabalhador como
poucos" (le e a esposa decidiram ir Dunto na esperan#a de comprar um peda#o de terra e
iniciar um sítio" &ary morreu de <ebre, como lhe disse, e &itch <oi apanhado por uma bala
quando est!amos colocando os carro#Les nesta <orma#$o,
índios desgra#ados" 2ilhos do demNnio"
— Coronel6
Ben olhou para y, que o chamaa, mas ainda tee tempo de notar o ar de
espanto de arret, que o Dulgaa um simples soldado"
4 (st$o se preparando para atacar noamente 4 y aisou"
Ben colocou a garota atr!s dele, tomando posi#$o para oltar a atirar" %eri<icou a pistola e
esperou, lembrandoAse de que decidira guardar uma bala"
2ra?ier D! consideraa a possibilidade de oltar atr!s e desistir da busca quando
um de seus batedores parou no meio da estrada, parecendo intrigado, antes de
aproimarAse dele"
— (stou achando tudo muito esquisito, senhor"
— )iga logo 4 resmungou 2ra?ier impaciente, D! achando a
busca inJtil"
— Pelas marcas deiadas tenho a impress$o de que eles oltaram paratr!s e muito depressa" *sso n$o <a? sentido"
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+ tenente ordenou que todos parassem e leou alguns minutos pensando" 2oi
ent$o que ouiram os tiros" (rgueu o bra#o, apontando para o sul, e esporeou o caalo,
indo naquela dire#$o"
Campbell arrastouAse at Ben"
4 (stou quase sem muni#$o 4 in<ormou" 4 (ssa n$o <oi umade suas melhores idias, coronel"
Ben <itouAo com irrita#$o"
— .$o mandei ningum ir atr!s de mim" ale? agora aprendam a obedecer Ks
ordens de um superior" -gora tarde para
mudar de idia"
— Euem quer mudar de idia6 *sto aqui est! at diertido, sabia6 2a?ia tempo
que eu n$o ia uma dama t$o coraDosa"Ben sorriu" (le se re<eria K menina agarrada em suas costas"
.$o haia tempo para mais conersa" +s índios atacaam noamente" +
pequeno grupo abrigado no meio das carro#as atiraa com ontade, mas tinham de
economi?ar balas" r@s homens haiam sido <eridos, contudo recha#aram mais aquele
ataque"
4 &ais um ataque e n$o teremos como nos de<ender 4 comentou Campbell,
olhando para o cu, admirado ao er que o
sol D! come#aa a declinar"
Horas haiam se passado desde o início do combate" arret rasteDou at perto
de Ben"
4 +nde est$o os re<or#os6
Ben olhou rapidamente para Campbell" ale? os rebeldes houessem desistido de
perseguiAlos, embora <osse impro!el" + maDor -ndreXs e 2ra?ier n$o lhe pareciam do tipo
de homem que recua <acilmente diante de di<iculdades"
Ben procuraa uma <orma amena de responder K pergunta de arret" -s duas
<amílias precisaam de encoraDamento, mas ele prFprio sentiaAse desanimado, sem certe?a
de que os soldados do 2orte cott chegariam at ali"
4 +s soldados deem estar chegando 4 respondeu, <ingindo
despreocupa#$o"
+lhou para a menininha e em sil@ncio <e? uma prece, pedindo que tudo acabasse
bem" (ra a primeira e? que erguia o pensamento aos cus, em muitos anos"
— (les est$o oltando, senhor 4 anunciou y, apontando para os guerreiros
índios que se alinhaam em posi#$o de ataque"
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— 2a#am bom uso de cada bala 4 Ben recomendou"
+s homens e mulheres entrincheirados atr!s das carro#as reprimiam o impulso de
atirar at que os índios estiessem bem prFimos deles, tornandoAse alos <!ceis de atingir"
Euatro dos pelesAermelhas saltaram para o quadrado e iraramAse
imediatamente, caalgando para os homens com a inten#$o de <eriAlos com <lechas"Ben usou um ri<le a?io para atacar um dos índios, DogandoAo no ch$o,
desacordado" Campbell caiu e uma <lecha assobiou, oando na dire#$o de Bethany"
Ben puou a crian#a para o ch$o e cobriuAa com o prFprio corpo, sentindo dor
intensa num dos ombros" Prestes a perder os sentidos, ouiu o barulho de de?enas de
caaleiros a galope"
+s índios tambm ouiram e bateram em retirada" +s quatro que haiam
saltado para dentro do quadrado estaam mortos, mas haiam leado dois do bando
<ugitio com eles, incluindo o sarc!stico Campbell" Ben despertou do r!pido desmaio e esA
queceu a dor <ísica ao descobrir que dois companheiros haiam morrido" Cheio de triste?a,
encostouAse no carro#$o e obserou a coluna de soldados rebeldes aproimarAse"
y, que nada so<rer!, sentouAse perto dele"
4 .unca imaginei que <osse <icar contente com a chegada do
inimigo 4 comentou resignado"
Ben endireitou o corpo, gemendo de dor, e eaminou a garota" /m dos bracinhos
sangraa, mas Bethany n$o choraa" (la tocou o ombro dele, onde uma <lecha <icara
encraada, mas retirou a m$o quando Ben contraiu o rosto"
-<agando a cabe#a da menina, Ben aaliou a situa#$o" /m dos homens, o que
caíra do caalo ao tentar saltar para dentro do quadrado, estaa morto no lado de <ora"
&ais dois haiam morrido durante o combate, e quatro, ele inclusie, encontraamAse
<eridos" Com ece#$o da menina, nenhum participante da caraana so<rer! <erimentos"
(sperou pela chegada dos rebeldes, tentando ignorar a dor horríel no ombro"arret e a <amília empurraram uma das carro#as para o lado, abrindo passagem
para os soldados, e saíram ao encontro deles"
2ra?ier lideraa a coluna" *gnorou arret e entrou no quadrado, imediatamente
notando os mortos e <eridos" )epois seus olhos <iaramAse em Ben"
— Podia ter escapado, coronel"
— ale? 4 Ben respondeu com um sorriso <rio"
— .$o acha que <oi uma estupide?, parar para socorrer umpunhado de sulistas metidos em apuros6
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— 2oi uma estupide? 4 concordou Ben, sem nenhuma conic#$o, <a?endo uma
careta de dor"
— Por que <e? isso, coronel &organ6 .$o sabia que iríamos
atr!s de oc@6
— .$o sF sabia como contaa com isso, 2ra?ier" )emorarama chegar"
2ra?ier sorriu"
— .ingum descobriu a <uga at quase de manh$"
— ( a srta" yan6 (st! bem6
— &uito bem, coronel" 4 2ra?ier <icou srio de repente" 4
abe que tenho de le!Alo de olta, n$o6
—
R claro" eria um soldado in<ame se n$o me leasse" -pesar de que eu n$o ocensuraria se decidisse trans<ormarAse num canalha de um momento para o outro 4
proocou"
— .$o h! a mínima chance, coronel"
2ra?ier mandou um dos soldados recolher as armas ainda em poder dos
ianques"
4 +s outros todos ieram em socorro desta gente, mesmo sabendo que oc@
inha logo atr!s 4 Ben eplicou"
2ra?ier engrolou alguns insultos contra a situa#$o" er apanhado estindo
uni<orme inimigo podia signi<icar a <orca"
4 %oc@s est$o usando uni<ormes <alsos e sabem a pena para
isso" .$o posso <alar pelo maDor, mas acredito que ser$o perdoados, tendo em ista as
circunst>ncias"
arret ouia a conersa#$o, espantado"
— + que est! acontecendo6 4 perguntou" 4 (sses homens
salaram nossas idas" Euem s$o eles6
— $o ianques <ugitios da pris$o do 2orte cott 4 in<ormou 2ra?ier" 4 eriam
conseguido escapar se n$o parassem para lhes prestar aDuda"
arret perdeu a cor, lembrandoAse do que dissera a Ben sobre seu Fdio pelos
ianques"
— %oc@ me <e? acreditar que eram"""
— .$o haia ra?$o para lhe di?er a erdade" ( se eu o <i?esse
apenas tornaria a situa#$o mais di<ícil"
+ rosto de arret re<letia sua luta íntima" %iera durante tr@s anos alimentando o
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Fdio contra os ianques" -gora ele e sua <amília haiam sido salos por um bando deles"
— &as oc@s arriscaram suas idas 4 murmurou perpleo"
— Perderam algo mais importante que a ida 4 declarou 2ra?ier" 4 Perderam a
liberdade"
+ tenente rebelde desceu do caalo e aproimouAse de Ben, que quebraa a hasteda <lecha mergulhada em seu ombro" irou o len#o do pesco#o e improisou uma tipFia,
<icando penali?ado quando iu a epress$o de dor no rosto de Ben ao aDud!Alo a aDeitar o
bra#o no suporte"
- seguir eaminou os outros <eridos, concluindo que nenhum apresentaa
graidade"
— Podemos lear os mortos em uma das carro#as6 4 perguntou a arret"
—
R claro 4 concordou o homem, ainda atNnito" — ( oc@, coronel &organ, pode caalgar6
— -cho que sim"
— ale? ele <icasse mais con<ort!el na minha carro#a, iaDando com a garota
4 arret sugeriu de modo hesitante, eitando olhar para Ben"
2ra?ier olhou para a menina, ainda agarrada K m$o de Ben" -DoelhouAse perto
dela, a<agandoAlhe o rostinho triste"
— Como se chama, meu bem6
— (la n$o disse uma palara, desde que a m$e morreu, de?
dias atr!s 4 arrete inter<eriu" 4 + pai dela morreu hoDe" Bethany n$o queria separarAse
do corpo at que esse""" *an""" esse o<icial apareceu"
2ra?ier cocou a cabe#a, aturdido" %oltou o olhar para o ombro de Ben, n$o
gostando do aspecto do <erimento"
4 e ele pode montar, ser! melhor ir comigo 4 decidiu <inalmente" 4 -s
carro#as s$o lentas e o coronel necessita de tratamento" )eiarei metade dos meus
homens para acompanhar a caraana"
— (st! bem 4 concordou arret" 4 &as n$o acredito que Bethany se separe
dele"
— (la tambm precisa ser eaminada" Percebi que est! <erida" *r! no meu
caalo, comigo 4 disse 2ra?ier"
)epois de mandar tra?er um caalo para Ben, o tenente aDudouAo a montar,
impressionado com a palide? do rosto altio" - garotinha quis subir atr!s, mas 2ra?ier
demoeuAa da idia eplicando que Ben estaa machucado e poderia <icar pior se tiesse de
segur!Ala na sela" - crian#a aceitou a eplica#$o e permitiu que o tenente a colocasse em
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seu caalo"
- iagem de olta <oi longa e penosa para Ben" .$o conseguia parar de pensar
que oltaa para a pris$o inimiga e que perdera Campbell e mais dois homens" ( a dor <ísica
o atormentaa incessantemente"
y caalgaa a seu lado, sentindoAlhe a angJstia, mas incapa? de di?er umapalara de consolo" -ceitaa a derrota, embora odiasse ter de oltar ao 2orte cott" (,
quanto K morte dos companheiros, encaraa o <ato com naturalidade" (ram soldados" CoA
nheciam os riscos enolidos numa tentatia de <uga" ( haiam morrido" Ponto <inal"
+lhou para Ben e iuAo oscilando na sela, enquanto a Daqueta cin?enta eibia uma
mancha de sangue que se alastraa com rapide?" &as D! estaam iaDando por muito tempo e
aproimaamAse do <orte"
y chamou um dos sargentos encarregados de igiar os prisioneiros"4 + coronel &organ est! mal" Pode pedir ao tenente 2ra?ier
para <a?ermos uma parada6
+ homem assentiu e <oi em busca de 2ra?ier, que deu ordem de parar e oltou
para tr!s, emparelhando o caalo com o de Ben" + coronel estaa quase inconsciente,
mantendoAse na sela com etrema di<iculdade" 2ra?ier suspirou, estudando as alternatias" +
<orte encontraaAse a uma hora de iagem, mas Ben sangraa pro<usamente" 2e? um gesto
para y"
4 ireAo do caalo e eDa se consegue estancar o sangramento"
+ Doem tenente ianque desmontou e, com a aDuda de um soldado rebelde,
colocou Ben no ch$o" irouAlhe a Daqueta e rasgou a camisa em tiras"
4 Ugua 4 pediu"
/m dos soldados entregouAlhe o cantil e y molhou os peda#os de pano da
camisa, pressionandoAos com <or#a contra o <erimento" )epois, usou algumas tiras para
amarrrar o ombro, conserando os panos molhados no lugar"
— .$o sei se ai poder prosseguir a caalo 4 disse a 2ra?ier"
— Euanto mais cedo chegarmos ao <orte, melhor para ele 4
replicou o tenente, apertando Bethany contra o peito para impediAla de descer e correr para
Ben" 4 -marremAno na sela"
y hesitou, odiando ter de pedir <aores ao amaldi#oado inimigo"
— Posso ir na garupa, segurando o tenente 4 sugeriu a custo"
— (st! bem 4 2ra?ier concordou, mandando a seguir que dois
de seus homens i#assem Ben para a sela, onde y D! se encontraa instalado"
- marcha continuou, um pouco mais r!pida"
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Chegaram ao 2orte cott menos de uma hora depois" Ben e os outros <eridos
<oram leados diretamente para a en<ermaria, enquanto o resto dos <ugitios oltaa para a
pris$o" 2ra?ier pegou a garotinha nos bra#os e leouAa para a en<ermaria"
yan estaa ao lado de Iyeth quando ouiu que o destacamento de busca
retornaa" (ncontrou os homens que carregaam Ben na porta do consultFrio e assustouAsecom a palide? de seu rosto" -s <aias que lhe enoliam o ombro e o tFra achaamAse
ensangMentadas, mas Ben estaa io" %ioQ (la tocou uma das <aces descoradas, mas um
dos homens pigarreou, numa adert@ncia elada"
(la ergueu os olhos e deparou com o tenente 2ra?ier, que seguraa nos bra#os
uma garotinha com o estido manchado de sangue" .o mesmo instante ela lembrouAse de
que todos os <eridos dependiam dela"
—
0eem o coronel &organ para os <undos 4 instruiu, antesde tomar a crian#a nos bra#os" 4 + que aconteceu6 4 perguntou a 2ra?ier"
ndios, senhorita" + coronel &organ e seu grupo <oram em auílio de um pequeno
comboio de carro#as" - garotinha leou um tiro e &organ ainda est! com a ponta de uma
<lecha enterrada no ombro"
- menina debatiaAse para descer e yan colocouAa no ch$o e iuAa correr atr!s
dos homens que haiam leado Ben para a en<ermaria" yan seguiuAa" - garota postouAse
ao lado de Ben, segurandoAlhe a m$o com atitude desa<iadora"4 (la apegouAse ao coronel &organ de <orma impressionan
te" .$o entendi por qu@"
— C$es e crian#as 4 murmurou yan com um sorriso"
2ra?ier <itouAa sem entender"
— .$o tente compreender, tenente" (u tambm n$o entendo"
CAP ÍTULO XXIV
-Dudando -nna a preparar o Dantar, yan pensaa que, embora a situa#$o na
erdade n$o mudasse, de alguma <orma tudo estaa di<erente" (ra <im de <eereiro e os dias
arrastaamAse interminaelmente" (la <ugia da monotonia, pois precisaa cuidar do pequeno
hospital, o que a mantinha bastante ocupada" &as Ben n$o tinha nada para distraíAlo"
Contudo, ele parecia ter so<rido uma trans<orma#$o radical depois da tentatia de
<uga" .o relacionamento com Iyeth mostraaAse mais receptio, depois de passados
alguns dias do mais puro antagonismo" )oentes, os dois, a princípio olhaamAse como
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.uma das isitas a Ben, no escritFrio de 2ra?ier, a menina leou o cachorrinho de madeira e
eibiuAo com grande orgulho" Ben eaminou a pe#a com epress$o marailhada"
4 abia que um cachorro m!gico6 4 perguntou muito srio"
(la olhouAo admirada"
4 ra? sorte para as pessoas que o pegam nas m$os" ( trouemuita sorte para mim"
Bethany continuou a <it!Alo com grande seriedade"
4 udo o que precisa <a?er, Bethany, es<reg!Alo entre as
m$os, di?er o nome dele e <a?er um pedido"
- menina estendeu a m$o e pegou a pequena escultura que Bem lhe deolia"
(s<regouAa entre as m$os, com <or#a e por muito tempo"
4 -cho que D! chega 4 Ben comentou com gentile?a" 4 -gora oc@ precisa di?er o nome do cachorrinho"
+s l!bios rosados tremeram, enquanto ela se es<or#aa para di?er a palara t$o
simples"
4 2"""2or""" 2ortunaQ 4 disse <inalmente" Ben abra#ouAa e 2ra?ier sentiu os
olhos Jmidos"
— .$o ai me di?er qual <oi seu pedido, Bethany querida6 4
Ben incentiouAa emocionado"
— Pe""" Pedi para <icar com oc@""" para sempre"
— ( <icar!, querida" (u prometo"
%!rios dias mais tarde ele tee oportunidade de <alar com yan" (la estaa so?inha
perto da cerca, porque Bethany correra para casa para pegar biscoitos para ele"
— %oc@ <e? um milagre 4 yan disse pensatia" 4 -chei que
Bethany nunca mais oltaria a <alar"
— .$o <ui eu, mas 2ortuna"
— (u sei" + cachorrinho m!gico"
Ben sorriu, <itandoAa enleado" (la estaa t$o bonitaQ
— Bethany me contou que ai <icar para sempre Dunto de oc@, Ben" Eue oc@
prometeu" R erdade6
— im, a menos que oc@ n$o queira"
(la sentiu o cora#$o saltar como louco no peito" )e certa <orma, estaam
<a?endo planos para o <uturo"
4 R claro que quero" (u tambm amo Bethany"
- menina chegou com os biscoitos e os dois deiaram o assunto de lado" .$o
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precisaam <alar muito, desde que uma noa compreens$o nascera entre eles, dandoAlhes
<or#a para esperar que a guerra terminasse e seus sonhos <lorescessem na mais linda reaA
lidade"
&uita coisa mudara: a atitude de Ben diante do amor, sua noa capacidade de
con<iar e <a?er planos para o <uturo" Por outro lado, a separa#$o continuaa, impedindoAosde satis<a?er o desesperado deseDo de se abra#ar e perderAse nas marailhosas sensa#Les
do amor reali?ado"
Bethany puou o estido de yan e ela olhou para a menina com um sorriso
carinhoso" - crian#a apontou para a porta e yan entendeu que o maDor estaa chegando
para Dantar" -pressouAse em arrumar a mesa, cantarolando baiinho"
-ndreXs entrou na sala de Dantar e ela parou petri<icada, obserando o rosto
p!lido, onde os olhos bondosos sobressaíam Jmidos e com epress$o conturbada" + maDor
tra?ia uma carta nas m$os"
(m sil@ncio, <itandoAa com triste?a, -ndreXs entregouAlhe a carta"
— ean6 4 ela perguntou, come#ando a tremer" 4 + que
aconteceu com ele6
— 2oi <erido, yan" - carta <oi escrita por um de seus homens"
+s olhos dela n$o conseguiam <iarAse nas palaras, que se embaralhaam a sua
<rente" (la <echouAos por um momento e respirou <undo" *nstantes depois come#ou a ler" — Preciso ir para Dunto dele 4 declarou ao terminar"
— abe quantas linhas inimigas ter! de atraessar, minha querida6 + caos
apoderouAse do ul"
— .$o me importo" ean precisa de mim"
— %oc@ lear! semanas para chegar l!" ale? meses" ( tudo
pode acontecer nesse tempo"
— Euer di?er que ele pode morrer enquanto eu tento chegar at l!, n$o 6 .$o"(u n$o permitirei que ele morra 4 murmurou descontrolada" 4 (u ou, maDor, mesmo que
o senhor n$o me aDude"
-ndreXs suspirou desalentado" ean D! o preenira de que yan era uma
obstinada" ( ele tiera proas disso"
— Conhe#o um homem em cottdale" (le pode aDudar" %ende gado para os dois
lados, mas a seu modo con<i!el" %erei se o conen#o a acompanh!Ala pelo menos parte
do caminho" /ma patrulha ir! para a cidade, amanh$ de manh$" *remos Duntos" — Posso conersar com o coronel &organ6
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— )e manh$" ( quando encontrar ean digaAlhe para manterAse io, de qualquer
Deito" Euero soc!Alo por largar Ben &organ em minhas m$os"
(la sorriu <racamente, enquanto l!grimas desli?aam por seu rosto"
4 )irei"
yan n$o Dantou" Perdera todo o apetite" 2oi ent$o er Iyeth, deseDando contarAlhe que ia partir"
(le ainda estaa trabalhando na en<ermaria, mas, ao @Ala t$o perturbada, leouA
a para o consultFrio"
4 + que aconteceu, yan6
(la come#ou a tremer e a chorar e o mdico abra#ouAa, tentando acalm!Ala"
&as yan chorou por um longo tempo, sendo sacudida por solu#os incontrol!eis" )epois
de um longo tempo as l!grimas diminuíram e ele ergueuAlhe o rosto, obrigandoAa a encar!Alo"
— -gora digaAme o que houe"
— &eu irm$o 4 ela gemeu" 4 2oi <erido" Preciso ir @Alo,
Iyeth"
— .aturalmente, querida" ( seu irm$o ai <icar bem, com a
melhor en<ermeira do mundo tratando dele"
— ( quero <alar com Ben, antes de ir embora"
+ mdico suspirou" Ben" empre Ben" (le n$o compreendera aquela obsess$o
at a <uga do coronel e sua olta ao <orte" ulgara que o homem nada tinha a o<erecer a
yan, no que di?ia respeito a sensibilidade e a<eto" )epois acompanhara seu relaA
cionamento com Bethany, testemunhara a adora#$o da garotinha e come#ara a entender"
— Cuide de Ben na minha aus@ncia 4 ela pediu"
— Cuidarei" 2ique tranqMila"
(la <itouAa agradecida e beiDouAo no rosto, n$o endo a dor que nublou os olhos
cin?entos"
4 +brigada, Iyeth" +brigada por ser meu amigo"
4 .$o me agrade#a por isso, mocinha" -gora, ! descansar"
(la saiu da prote#$o dos bra#os dele e sorriuAlhe com carinho antes de sair"
- inquieta#$o de Ben retornara" .a erdade, o comportamento de todos tornaraA
se di<erente e at os guardas mostraamAse melancFlicos e preocupados" - comida dos
prisioneiros diminuiu e quando Ben reclamou, em nome de todos, <oi in<ormado de que asra#Les para todos, tanto prisioneiros como con<ederados, haiam sido drasticamente
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redu?idas"
(le andaa de um lado a outro da cela, procurando esquecer a <ome" .aquela
noite, aproimouAse da Danela gradeada na esperan#a de er yan"
udo come#aa a parecer um sonho sem esperan#a" yan" /ma ida inteira com
ela" /ma ida <eita de risos e amor" Com -ery e Bethany"+lhou da casa do maDor para a porta da en<ermeira e subitamente seus dedos
apertaram as grades com tanta <or#a que as Duntas empalideceram" ecortadas contra a
Danela, acabara de reconhecer as silhuetas de yan e Iyeth" (staam abra#ados"
=emeu desesperado ao perceber que se beiDaam" /ma angJstia dolorosa atingiu
seu cora#$o e por um momento ele Dulgou que ia enlouquecer" &as o choque aassalador
passou, deiando no lugar ira iolenta"
2ora um idiota em acreditar que yan era di<erente das outras mulheres" ale?<osse melhor atri? que &elody, mas no <undo eram iguais" &ulheres" eres pr<idos criados
para destruir"
+lhou em olta do espa#o eíguo da cela, procurando algo em que desaba<ar a
raia que o consumia" %iu a caneca de !gua" -garrouAa e DogouAa no ch$o com <or#a
desesperada" - caneca ricocheteou, bateu nas grades e tornou a cair no ch$o, tinindo"
am 2orster olhouAo espantado e Ben logo deuAse conta de que os homens das
outras celas o encaraam com curiosidade" (nt$o a porta do corredor abriuAse e dois
guardas entraram correndo" /m deles chegou perto demais da porta da cela e Ben agarrouA
o pelo pesco#o, apertandoAo contra as barras de <erro"
4 -bra esta porta 4 Ben ordenou ao outro guarda" 4 -bra,
se n$o quiser que eu quebre o pesco#o de seu comparsa"
2ra?ier entrou no corredor, compreendendo tudo imediatamente" %iu a <Jria
desairada de Ben, que se tornara perigosamente descontrolado"
— .$o 4 bradou" 4 .ingum ai abrir a porta" ( se estrangular o guarda, oc@
n$o escapar! da <orca, coronel &organ"
— Pouco me importa a <orcaQ 4 Ben gritou, sustentando o
olhar seero de 2ra?ier"
.em percebeu quando am aproimouAse dele por tr!s e golpeouAo na cabe#a,
DogandoAo no ch$o desmaiado"
-cordou !rios minutos depois, com am debru#ado sobre ele" - recorda#$o de
tudo oltou de <orma ineor!el e terríel" Iyeth eldon" yan" + guarda 2ra?ier"
- cabe#a doía e ele passou a m$o no couro cabeludo, encontrando uma
protuber>ncia onde <ora golpeado" +lhou acusadoramente para am"
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— 2oi oc@6
— im" (stamos perto demais do dia da nossa liberta#$o para
que acabe morrendo na ponta de uma corda"
Ben <echou os olhos e irou a cabe#a para o lado da parede"
4 Por que se mete onde n$o chamado, am6am 2orster sentiuAse mal" +uira Ben di?er a 2ra?ier que n$o se importaa de
morrer na <orca" ( pelo des>nimo que o dominaa, pelo ar indi<erente, tornaaAse eidente
que n$o <alara gratuitamente" *maginou o que acontecera nas Jltimas horas para proocar
tamanha conuls$o no íntimo de Ben"
acudiu a cabe#a, desistindo de deci<rar o enigma, deitandoAse no catre" (ra
aquela maldita pris$o" -tacaa os neros das pessoas" -cabaa com sua lucide?"
Ben n$o dormiu, perseguido pelo pensamento de que suas esperan#as haiammorrido e todos os sonhos estaam arruinados" .unca sentira tanto desespero" .em mesmo
quando &elody o abandonara" ale?, inconscientemente, ele D! soubesse que ela acabaria
por traíAlo" &as yan6 (la o ensinara a con<iar" ( com que <inalidade6 Para humilh!Alo"
.aquela noite seu cora#$o endureceu e ele tornou a <echarAse em seu mundo
<rio <eito de descon<ian#a e amargura"
yan tambm n$o conseguiu dormir" - imagem de ean, <erido e tale? sem
socorro, n$o lhe saía da mente" ( Ben, que come#ara a acreditar no <uturo, insistia em
inadir seus pensamentos" .$o queria dei!Alo Dustamente no momento em que o elo que
os unia ganhaa <or#a" %iaAse coagida a escolher entre os dois, mas ean precisaa dela"
Ben entenderia" (le tambm gostaa de ean, embora lhe custasse admitir" (la iria buscar o
irm$o e quando a guerra terminasse uma noa ida come#aria para todos"
0eantouAse K primeira claridade do dia, porque o maDor deseDaa partir cedo"
%estiuAse e desceu para tomar a primeira re<ei#$o com os -ndreXs" )epois, com o aiso de
que partiriam em menos de meia hora, o maDor autori?ouAa a <alar com Ben"(la correu para a pris$o, encontrandoAse com 2ra?ier no escritFrio" em poder
atinar com a ra?$o que o leara a agir daquela <orma, o tenente n$o comunicara o ataque
de iol@ncia que acometera Ben na noite anterior" (, endo yan, achou que ela seria o
melhor remdio para o angustiado coronel" .$o haia como negar que os dois estaam
apaionados"
-briu a porta do corredor e, depois de certi<icarAse de que todos os homens
encontraamAse decentemente estidos, deiouAa entrar" .$o tinha permiss$o para abrir aporta da cela, mas retirouAse, querendo dar alguma priacidade aos dois"
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)eitado no catre, Ben iuAa surgir no corredor" entouAse, apoiando as costas na
parede, mantendo o rosto impassíel e o olhar gelado, sem um tra#o de emo#$o"
yan olhouAo incrdula" .em nos primeiros dias que ele passara no
acampamento de ean <ora t$o arredio" + <ato de n$o encar!Ala e continuar sentado
deiaa claro que haia algo errado"4 Ben6
(le continuou a agir como se ela n$o eistisse"
— Ben""" eu preciso ir"""
— (u sei" ! sei de tudo"
(la surpreendeuAse" Como ele poderia saber6 ale? cott abrigasse um bando de
meeriqueiros e ela ainda n$o percebera"
—
(nt$o oc@ compreende, n$o 6 (le precisa de mim" — .$o precisa me eplicar nada 4 ele agrediu" 4 (st! tudo
muito claro" %oc@ pre<ere ele a mim" %! embora" .$o quero @Ala noamente" .unca mais"
yan sentiu um aperto no cora#$o, olhando para os olhos <rios, obserando os
l!bios que lhe di?iam palaras t$o cruis" 0!grimas come#aram a descer por suas <aces"
4 .$o me aborre#a com l!grimas, srta" &allory" aia daqui"
(la aproimouAse mais das grades, estendendo uma das m$os para ele"
4 Ben"""
4 aia daquiQ 4 ele sibilou entre os dentes, reprimindo uma
eplos$o de Fdio"
.aquele instante a porta do corredor abriuAse e um soldado apareceu,
aproimandoAse de yan"
4 + maDor disse que D! $o partir" R melhor apressarAse, senhorita"
yan sentiuAse desesperar" ean" Ben" Por que Ben n$o <ora capa? de
compreender que ela precisaa socorrer o irm$o6
— BenQ 4 ela disse entre l!grimas"
— rta" yan""" 4 insistiu o soldado"
(la irouAse de repente, tomando uma decis$o <inal"
4 ! ou"
ornou a olhar para Ben" Eueria di?er que o amaa, mas n$o era capa?" Como
dirigirAse a ele, que a reDeitaa cruelmente num momento em que necessitaa de con<orto6
Cegada pelas l!grimas, a<astouAse pelo corredor e saiu para o p!tio, onde o maDor D! a
esperaa, montado e segurando outro caalo pelas rdeas"
&omento depois Ben ouia o moimento de animais partindo a trote" *maginou
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yan e Iyeth caalgando lado a lado" Para onde iriam6 .$o que o destino deles o
interessasse" Eue <ossem para o in<erno, se assim o deseDassem" Ben n$o precisaa de ninA
gum" .unca precisaraG Contudo, uma enorme sensa#$o de a?io o enoleu"
2oi sF dois dias mais tarde que a enormidade de sua inDusti#a abateuAse sobre
ele" *solaraAse do resto do mundo, sem nada ouir, sem nada er" .$o saíra para o p!tio e
deiaraAse <icar no catre, simplesmente eistindo"
am preocupouAse, ainda incapa? de compreender o que causara tamanha
apatia" Por <im, decidiu pedir a 2ra?ier que chamasse o )r" Iyeth"
Euando o mdico entrou na cela, Ben arregalou os olhos, chocado"
4 %oc@Q 4 eclamou com tanto Fdio que Iyeth recuou atordoado, Ben
procuraa uma eplica#$o para o <ato de o doutor encontrarAse ali" .$o partira com
yan6 (rgueu a cabe#a, mantendo os olhos espantados sobre Iyeth"
4 +nde est! yan6
+ mdico <itouAo indeciso" yan lhe dissera que ia <alar com Ben, eplicarAlhe
que precisaa ir para Dunto de ean"
4 2oi para ichmond 4 in<ormou <inalmente" 4 %er o irm$o"
— ean6 + que aconteceu6
— (la n$o lhe disse6 + capit$o &allory <oi graemente <erido
na %irgínia"
Ben <echou os olhos, ?on?o como se houesse leado uma pancada muito <orte
na cabe#a" + que ele <i?era6
4 &as""" eu i""" oc@ e yan Duntos 4 deiou escapar com
di<iculdade, encendo o orgulho"
Iyeth ent$o compreendeu tudo" eu consultFrio <icaa eatamente na <rente da
cela de Ben" (le deia t@Alos isto no momento da despedida"
— %oc@ um idiota maior do que eu imaginaa 4 murmurou
com <rie?a" 4 yan <oi despedirAse de mim" (staa desesperada
por causa do que acontecera ao irm$o e tambm preocupada com
o que sua aus@ncia poderia signi<icar para oc@"
— &eu )eus"""
— (la estaa arrasada e diidida entre o amor pelo irm$o e
o amor que sente por oc@" *mbecil o que oc@ , coronel" +
que eu n$o daria para ter algum que me amasse tanto quanto
yan o amaQ
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Cada palara tinha o e<eito de uma bo<etada e Ben tentou lembrarAse das coisas
horríeis que dissera a yan naquela manh$" .$o conseguiu" ua mente estendiaAse num
!cuo" &as sabia que pro<erira palaras imperdo!eis" (scondeu o rosto nas m$os"
Iyeth abrandouAse com sua eidente agonia"
— yan o ama, coronel, embora eu n$o entenda por qu@" (laoltar!" .unca abandona as pessoas a quem ama"
— Por que me di? isso6
Iyeth sorriu de lee, procurando uma resposta"
4 .$o sei" ale? porque oc@ seDa t$o importante para yan" (la me pediu para
cuidar de oc@"
Ben leantouAse lentamente"
—
( ean6 2oi mesmo graemente <erido6 — im" 2oi atingido no bra#o e no peito"
Ben mordeu os l!bios, empalidecendo" 2erimentos no peito geralmente eram
<atais, principalmente quando tratados em hospitais do (rcito" Pneumonia e in<ec#$o eram
apenas duas possíeis complica#Les" Compreendeu ent$o, torturado, como yan precisaa
de suas palaras de con<orto" ( como ele <alhara miseraelmente"
-pertou as m$os, oprimido pelo desespero" inha o dom pererso de arruinar
tudo o que era bom, de esmagar sob os ps o que a ida lhe o<erecia como d!diaspreciosas" Causaa apenas so<rimento a todos os que procuraam darAlhe amor" -ery"
Charlotte" ean" ( a pessoa mais marailhosa que D! encontrara em sua maldita ida:
yan"
Iyeth desiou o olhar do rosto de Ben" .$o suportaa er o tormento re<letido
nos olhos trans<igurados de angJstia"
CAP ÍTULO XXV
Euando yan se aproimou de ichmond protegida por uma bandeira branca de
trgua, quase n$o reconheceu a cidade que D! isitara antes"
Haia morte, ruína e destrui#$o por toda a parte" Chamins erguiamAse sobre
telhados semi destruídos, como sentinelas tristes de lares abandonados" ( o horríel cheiro
da morte <lutuaa no ar, dominando as ruas Duncadas de carca#as de animais em
putre<a#$o"
2eridos e desabrigados agueaam sem rumo, andando, cambaleando,
mendigando um peda#o de p$o" odos os olhares re<letiam os horrores que haiam
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testemunhado"
(la irouAse para o soldado da /ni$o que a escoltaa"
4 .unca i nada igual 4 murmurou horrori?ada"
+ o<icial <itou a bela mulher estida de preto" ecebera ordens de acompanhar a
Doem iJa atras das linhas inimigas para que ela chegasse at o irm$o <erido" )epoisrelanceou o olhar pela cena caFtica, palco do combate mais recente entre con<ederados e
tropas da /ni$o" %iu tudo atras dos olhos dela e entendeu o que a mo#a deia estar
sentindo" (le D! n$o percebia os horrores, acostumado K destrui#$o e ao so<rimento"
— ente n$o pensar nisso, madame"
— Como posso n$o pensar6 &eu )eus, o que estamos <a?endo6 omos todos
<ilhos da mesma terra e estamos nos matando de <orma t$o horríel"
(le balan#ou a cabe#a, oltando a olhar a rua atraancada de destro#os ecad!eres de animais" .$o demorariam a alcan#ar as linhas rebeldes e ele n$o con<iaa no
inimigo" .$o haia mais regras naquele Dogo imundo" + Fdio imperaa soberano" 2icou
tenso quando se aproimaram das <orti<ica#Les quase impenetr!eis que leaam ao cora#$o
de ichmond, mandando que o soldado que os acompanhaa erguesse a bandeira branca
mais alto"
4 2ique aqui, madame, por <aor 4 pediu, dirigindo o caalo ao encontro de um
rebelde que emergia da barricada"
+s dois conersaram durante !rios minutos at que yan recebeu ordem de
adiantarAse"
— (st! tudo certo 4 in<ormou o o<icial da /ni$o" 4 - senhora pode entrar"
(spero que seu irm$o se recupere"
— +brigada 4 ela murmurou"
+ homem <e? o caalo mudar de dire#$o e oltou para as prFprias linhas,
pensando na bonita mulher, que dissera ser iJa de um o<icial da /ni$o e irm$ de um
rebelde" Eue guerra mais insanaQ
.$o tee tempo de continuar re<letindo" Chegando Ks prFprias linhas, recebeu
ordem de prepararAse para noo ataque" -ntes de DuntarAse aos companheiros, olhou para
o pequeno calend!rio que sempre leaa consigo, temendo perder a no#$o de tempo e
sentirAse completamente banido da realidade" (ra o dia quin?e de mar#o"
yan procuraa lembrarAse da antiga bele?a e alegria de ichmond, K medida que
aan#aa pelas ruas cheias" &as a sensa#$o de derrota dominaa tudo" )estacamentosde soldados misturaamAse a ciis que se amontoaam em carruagens e carro#as tentando
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sair da cidade" odos temiam que o lugar tiesse o mesmo destino de ColJmbia, na Carolina
do ul, e de -tlanta, na =eFrgia, que haiam sido queimadas at os alicerces" + p>nico
crescia perigosamente"
+ general rebelde, 0ee, de<rontaaAse com um ercito duas e?es maior que o
seu e o cerco da /ni$o apertaaAse de modo ineor!el" .em o mais tolo dos otimistas podiacontinuar acreditando na itFria dos con<ederados" .$o haia a mais t@nue esperan#a"
-lertada pela tragdia contínua que ira na longa Dornada, yan preparaaAse para
o pior" r@s semanas D! se haiam passado desde o dia em que recebera a notícia de que
ean encontraaAse <erido" ale? D! estiesse morto" -pertou uma das m$os ao redor das
rdeas, enquanto eaminaa a carta que immy eniara ao maDor -ndreXs, procurando o
endere#o"
- iagem <ora lenta" (la iaDara a caalo, de carruagem, de trem" &as os trens
eram poucos, deido aos ataques dos guerrilheiros, e ainda mais lentos que os outros
meios de transporte"
endo conhecimento de que precisaria cru?ar linhas inimigas, inentara uma
histFria" rouera um estido preto que -nna lhe emprestara e passara a desempenhar o
papel de uma iJa inconsol!el" eus con<litos emocionais, como iJa de um o<icial da
/ni$o e irm$ de um rebelde <erido, geralmente comoia a todos, angariandoAlhe simpatia e
aDuda" .$o tiera di<iculdade em encarnar a personagem tr!gica" - triste?a em seus olhos
castanhos era ineg!el e as l!grimas que derramaa conenciam por serem erdadeiras"
2inalmente encontrou a rua que procuraa e todo seu corpo tremeu de tens$o"
*a saber o que acontecera ao irm$o" ean tinha de estar io" inha de estarQ
0ocali?ou o nJmero que procuraa, atras da bruma das l!grimas, mas
continuou na sela, com medo de en<rentar o que a esperaa" )epois de alguns momentos
de indecis$o e preces <erorosas, desceu para o ch$o e come#ou a subir a escada do pFrtico"
- porta abriuAse antes que ela tiesse tempo de bater e uma mulher de ar
bondoso encarouAa"
4 R a ra" +sborne6 4 yan perguntou sentindo os l!bios secos"
2e? uma pausa e pigarreou, controlando o tremor da o?"
4 &eu irm$o6 Como est! ean &allory6 4 conseguiu <ormular a pergunta,
gelada de apreens$o"
+ rosto da mulher abriuAse num sorriso"
4 + capit$o &allory6 (le est! bem, senhorita" +u senhora6
(le me disse que tinha uma irm$"
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yan sorriu, tr@mula"
— (le est! ioQ
— 2eli?mente est!, mas passou muito mal" %!rias e?es pensei que íamos
perd@Alo"
— (le est! aí6 Posso @Alo6
R claro" + capit$o ainda est! muito <raco" ee pneumonia e um homem mais
<raco teria morrido" 4 - mulher tornou a sorrir" 4 &as ele teimoso demais para morrer"
)isse que se recusaa a partir deste mundo porque algum precisaa dele" Posso @Alo,
por <aor6 4 implorou yan"
— (u estou de saída para tentar arrumar mais remdios" 0!
dentro lhe indicar$o onde est! o capit$o" 4 - mulher apertouA
lhe o bra#o num gesto amigo e correu para a rua"
yan seguiu um corredor e olhou para uma sala cuDa porta se encontraa aberta"
! deia ter sido um elegante sal$o, mas trans<ormaraAse numa en<ermaria, onde os <eridos
en<ileiraamAse deitados no ch$o" (ntrou e eaminou cada um dos rostos, antes de sair e
procurar outra sala" Haia ainda mais homens ali, mas entre eles n$o iu ean"
-o sair, deparou com uma mulher que descia a imponente escadaria,
carregando um <ardo de bandagens"
— (stou procurando o capit$o &allory 4 eplicou" — .o andar de cima, primeira porta K esquerda"
yan oou degraus acima e abriu a porta indicada" eus olhos pousaram no
ulto magro que se encontraa num catre"
4 ean"
(le irouAse, os olhos transbordantes de alegria" entouAse com enorme es<or#o"
4 %oc@ n$o consegue <icar parada num lugar, n$o , menininha6 4 repreendeu
carinhosamente"+s olhos dela encheramAse de l!grimas"
4 %enha c!, irm$?inha"
(la correu para ele, agarrandoAse K m$o que se erguia em sua dire#$o"
— (u sabia que oc@ n$o ia morrer, meu irm$o" (u sabiaQ
— 2oi por isso que eio de t$o longe6 Para proar que estaa
certa6 4 ele proocou com um sorriso malicioso"
— %oc@ est! t$o seguro" — .$o h! muita comida em ichmond 4 ele eplicou, de repente muito srio" 4
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.$o deia ter indo, yan"
(la apertouAlhe a m$o com mais <or#a"
— %oc@ meu irm$o querido"
— Como est! Ben6 4 perguntou, eaminando o rostinho
abatido"
/m u de triste?a pairou sobre as <ei#Les delicadas" yan demorou a
responderG n$o sabia o que di?er" )urante a iagem esta<ante procurara analisar a situa#$o
e descobrir o que acontecera entre ela e Ben no dia de sua partida" &as nenhuma das
eplica#Les encontradas <a?ia sentido"
— -conteceu o que oc@ preia 4 respondeu a<inal" 4 + maDor -ndreXs mandou
lhe di?er que trate de <icar bom para lear
um soco" (le acha que o que oc@ merece por ter colocado Ben
em suas m$os"
— + que ele <e?6
(la ent$o contou da <uga e de como Ben e os outros <ugitios haiam sido
apanhados enquanto socorriam um comboio de retirantes" etirantes sulistas"
+ rosto de ean iluminouAse e ele sorriu, diertindoAse com a histFria"
4 (u n$o lhe disse que ele era impreisíel6
(la concordou com um gesto cansado e ele <echou os olhos, eausto com aemo#$o inesperada"
— )urma 4 yan murmurou" 4 2icarei Dunto de oc@"
— &enininha linda" enti <alta de oc@"
— + poo de ichmond estaa habituado aos tiros de canh$o, mas yan, n$o"
-chaa que Damais se habituaria ao barulho que imitaa o do tro$o, rolando no espa#o,
prenunciando so<rimento e mais destrui#$o" ( a cada dia aumentaa o nJmero de <eridos
que chegaam a ichmond, deiando claro que as <or#as da /ni$o apertaam o cercoimpiedosamente"
Euando era possíel encontrar algum tipo de comida, yan deparaa com o
obst!culo do pre#o eorbitante" /m punhado de bolachas, n$o mais que sete ou oito,
chegara a custar cem dFlares"
(la ainda possuía algumas moedas de ouro, que ean lhe dera ao dei!Ala no
<orte" )eu algumas para a ra" +sborne comprar remdios para os <eridos, guardando o
resto para que ela e o irm$o tiessem recursos para oltar ao eas" -lm do dinheiro, doou tambm seu tempo para aDudar os in<eli?es que lotaam
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os hospitais e as resid@ncias particulares, como a da ra" +sborne"
V medida que melhoraa, ean come#ou a prestar algum auílio Ks mulheres,
dando !gua aos <eridos, conersando com eles para que n$o caíssem em depress$o e
laando trapos e <aias"
9entiaAse culpado por ainda ocupar um colch$o, mas depois de tr@s ou quatro horas
de atiidade suas pernas <raqueDaam e ele era obrigado a deitarAse noamente"
+ p>nico aumentaa na cidade e ean come#ou a insistir para que yan <osse
embora" (la, porm, declarou que n$o partiria sem ele e que esperaria at que se
<ortalecesse para iaDarem Duntos"
.o <im de mar#o, immy e ustis <oram isitar o capit$o e <icaram deleitados ao
er yan e descobrir que ean se recuperaa bem" .$o puderam demorarAse, mas antes departir para as linhas de combate prometeram oltar para buscar yan e ean, se a cidade
<osse abandonada"
.o pouco tempo que tinham para conersar, ean contou o que se passara na
iagem do 2orte cott at a %irgínia, omitindo os perigos que correra" (ntristeciaAse cada e?
que pensaa na desola#$o que presenciara na =eFrgia e nos erdadeiros ercitos de
<amintos e desabrigados que encontrara pelo caminho" (le e seus homens tinham acabado
por abandonar os uni<ormes e diidirAse em pequenos grupos, <ingindoAse de mascates" 2ora
uma iagem perigosa e alguns dos homens n$o haiam conseguido termin!Ala" (ntre eles,
Braden"
ean preocupaaAse com a hesita#$o de yan em <alar de Ben" Euando <a?ia
alguma pergunta, notaa o ar de angJstia que passaa pelos olhos dela e as respostas
easias n$o o conenciam" -lgo estaa errado, embora ela a<irmasse que assim que tudo
estiesse terminado oltaria para o 2orte cott"
.o domingo, dia dois de abril, o presidente dos con<ederados, )ais, e todos os
seus assessores, <oram chamados na igreDa durante os seri#os religiosos" + boatos
come#aram a oar: o presidente saíra da cidadeG Petersburgo caíraG os ianques
aproimaamAse elo?mente"
+ medo apoderouAse dos habitantes da cidade e as ruas encheramAse de gente
desnorteada que, carregando pequenas trouas, <ugiam K margem do rio ames, deseDando
chegar K estrada"
.o <im da tarde, quando D! escurecia, immy e ustis apareceram tra?endo o
caalo de ean" + capit$o, achandoAse mais <orte, concordara em deiar a cidade, sabendo
que se <icasse seria preso pelos ianques" ( temia pela seguran#a de yan, que se deA
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<rontaria com centenas de soldados ianques, Dubilosos com a itFria e propensos a tirar o
m!imo de proeito do que encontrassem na cidade derrotada"
ichmond trans<ormouAse num in<erno, com inc@ndios e eplosLes acontecendo
por toda parte" aqueadores inadiam loDas e arma?ns e o uísque rolaa K ontade
pelas ruas, embebedando soldados e ciis" )urante a retirada, yan espantouAse ao er quesF haia <uma#a e <ogo por muitos quilNmetros, aumentando a con<us$o daquela babel em
que milhares de o?es se erguiam" =ritando, chorando, suplicando, insultando"
)iersas e?es durante o caminho, ustis e immy tieram de recorrer Ks armas
para eitar que os caalos lhes <ossem tirados" yan estiraAse de rapa?, a maneira mais
<!cil de andar montada e de <ugir Ks gra#olas de homens, tanto inasores como retirantes"
entiaAse t$o apaorada que tinha a impress$o de estar sendo ítima de um pesadelo" !
ira muita doen#a, morte e ataques de índios <ero?es, mas nada se comparaa Kquilo" -scenas in<ernais se sucediam a cada passo, <ormando uma seqM@ncia de horror que ela
Damais esqueceria"
eguiram as tropas derrotadas do general 0ee por muitos quilNmetros, olhando
para tr!s <reqMentemente para er o clar$o ermelho que encimaa a capital con<ederada"
/ma aurola de sangue que proclamaa a derrota de uma causa predestinada ao <racasso
desde o início"
ete dias depois, acampados na orla de um bosque, ouiram a notícia" +
general 0ee renderaAse em -ppomatto" - guerra terminara"
- iagem para o eas <oi tristemente marcante" 2ome e desespero campeaam
por todos os lados" yan obseraa amargurada as <ilas intermin!eis de seres humanos
que se arrastaam pelas estradas, distraidamente colocando um p na <rente do outro,
andando sem destino simplesmente porque n$o haia mais nada a <a?er" oldados sulistas
misturaamAse Ks multidLes, descal#os e es<arrapados, tentando ir para casa, incertos sobre
se ainda haia um lar a sua espera" Prisioneiros desnutridos retornaam, saindo de prisLes
nortistas, e pessoas a<litas procuraam <amiliares que a guerra espalhara a esmo, como
<olhas sopradas pelo ento"
+ dinheiro dos quatro acabou depressa, porque ao encontrarem pessoas mais
in<eli?es que eles, mais <amintas, leando crian#as ou elhos, n$o hesitaam em dar um
pouco do que lhes restaa" -inda conseraam os caalos, as armas e alguma muni#$o"
(staam decentemente estidos" +cupaam uma posi#$o quase a<ortunada em compara#$o
ao estado de misria completa das pessoas que encontraam pelo caminho"
Conseguiram dinheiro noamente quando <oram atacados por um bando de
salteadores que, surpreendidos, encontraram o que n$o estaam procurando" ustis e
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immy haiam ido ca#ar, deiando os dois irm$os, aparentemente presas <!ceis para os
ladrLes" + que os <oraAdaAlei n$o esperaam era que o rapa?inho atirasse com tanta
perícia, nem que o homem magro como uma estaca usasse t$o bem uma <aca" Euando
immy e ustis retornaram, descobriram que eram donos de um saco de moedas de ouro,
DFias e outros obDetos aliosos" Os tr@s antigos propriet!rios Da?iam mortos nasproimidades"
(m Batom ouge encontraram tropas da /ni$o, que, para seu espanto, seguiam
para o 2orte &cott a <im de se Duntarem aos o<iciais que haiam assumido o controle do lugar
depois da rendi#$o" /sando a cal#a cin?enta de con<ederado e a camisa imunda, ean
procurou o comandante e pediuAlhe que deiasse yan e ustis acompanh!Alos" (plicou que
yan tinha parentes no <orte e que estaa noia de um o<icial da /ni$o" + homem
concordou"atis<eito em saber que yan encontraaAse em seguran#a e que podia contar com
a prote#$o <iel de ustis, o capit$o ean &allory seguiu com immy para o sul" )eseDaa
isitar a <amília de Braden e de outros soldados que n$o haiam sobreiido K guerra" (ra o
mínimo que podia <a?er por companheiros t$o leais e queridos" )epois de cumprir essa
miss$o, iria ao encontro de yan, no <orte"
+ maDor -ndreXs encontraaAse sentado K escrianinha quando o esta<eta
entrou" oube imediatamente que se trataa de algo mais importante que a
correspond@ncia de rotina, desde que o esta<eta pedira para entregar o pacote ao
comandante, pessoalmente" /m pedido etraordin!rio, em qualquer circunst>ncia"
+ rapa? eibia cansa#o e des>nimo no rosto Doem e sua epress$o sugeria
algo mais" -nsioso, -ndreXs pegou a mala postal e o pacote com o lacre do (rcito
Con<ederado" .$o <e? perguntas, instintiamente sabendo que as respostas seriam terríeis"
0eu o conteJdo do pacote e dispensou o esta<eta"
-ndreXs a<undouAse na cadeira de bra#os" (ra apenas a con<irma#$o do
que D! inha esperando durante meses, mas a dura realidade <eriuAo mais do que ele
Dulgara possíel"
+ ul <ora derrotado" +s con<ederados haiam se rendido na %irgínia e
rendiamAse por toda parte" -s instru#Les que acabara de receber ordenaam que
elaborasse um termo de rendi#$o" (staa so?inho"
Pesou as alternatias, que n$o eram muitas" (ncontraaAse plantado no
meio da pradaria com seiscentos soldados e tre?entos prisioneiros" Podia bem
imaginar a chacina que os índios <ariam, arrasando os dois grupos, se itoriosos e
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derrotados n$o se unissem contra o inimigo comum" Contudo, se as armas do <orte
<ossem con<iscadas pelos prisioneiros nortistas trans<ormados em encedores, os
homens sob o comando de -ndreXs estariam com seu destino selado"
)ecidiu reunir os o<iciais mais importantes e mandou chamar o capit$o
IoodXard, o tenente 2ra?ier, encarregado dos prisioneiros, o mdico, capit$o Iyetheldon, e mais quatro tenentes"
-ssim que os iu reunidos deu a notícia" + general 0ee renderaAse" =rant, do
lado nortista, <ora generoso: os sulistas poderiam conserar os caalos e pistolas"
i<les seriam considerados contrabando" ( todos os comandos autNnomos, classe em
que o 2orte cott se enquadraa, poderiam apresentar seus prFprios termos de
rendi#$o"
4 + que sugerem6 4 perguntou ao <inal da eposi#$o"+s homens <icaram em sil@ncio" - derrota D! era esperada, mas o <ato
consumado causaa terríel malAestar"
— -credito que n$o temos alternatia a n$o ser negociar com
o coronel Bennett &organ 4 o maDor oltou a <alar, quebrando
o sil@ncio descon<ort!el" 4 (, <rancamente, n$o sei o que ele
ai <a?er, &as, tenham a certe?a, n$o entregarei o <orte se os termos n$o <orem
dignos"
— enhor, pode ser que ningum concorde comigo, mas penso que os
termos do coronel &organ ser$o ra?o!eis 4 opinou 2ra?ier"
4 (spero que n$o se engane 4 replicou -ndreXs sentandoA
se pesadamente" 4 )igam aos homens o que est! acontecendo
e epliquem que espero que aceitem o que resultar das negocia#Les" Eue <iquem certos de
que n$o colocarei suas idas em risco"
+s o<iciais prepararamAse para sair, mas -ndreXs mandou que 2ra?ier esperasse"
4 raga Ben &organ a minha presen#a 4 ordenou logo que
<icaram so?inhos"
-ssim que o tenente saiu, <echando a porta atr!s de si, -ndreXs reclinouAse na
cadeira, pensando em Ben &organ" + homem tinha a reputa#$o de ser di<ícil, hostil e
obstinado" .em mesmo o a<eto eidente entre Ben e Bethany o impressionaa <aA
oraelmente" + homem mais endurecido podia ter seus pontos <racos"
-ndreXs suspirou" %ia com pessimismo a con<ronta#$o ineit!el" 2ra?ier parou
em seu escritFrio, preparandoAse para o que iria a seguir" .$o comentou nada sobre o
assunto da rendi#$o com o sargento que trabalhaa com ele, limitandoAse a ordenarAlhe que
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abrisse a porta para o corredor de celas"
2oi diretamente para o cubículo de Ben e mandou que o sargento destrancasse
a porta gradeada"
4 Coronel, queira me acompanhar, por <aor"
Ben olhouAo surpreendido e leantouAse morosamente" Euando saiu, admirouAsepor n$o ser algemado" +lhou para 2ra?ier, erguendo as sobrancelhas numa pergunta muda"
+ tenente apenas sorriu de modo acanhado e deu de ombros"
2ra?ier come#ou a andar e Ben seguiuAo, come#ando a entender, mas temendo
estar sendo otimista demais" (staria tudo terminado6
Chegando ao gabinete de -ndreXs, o tenente acompanhou Ben at uma cadeira e
saiu, <echando a porta" Ben n$o se sentou, olhando para o maDor, que brincaa com um
papel com timbre o<icial"4 Por <aor, senteAse, coronel"
Ben sentouAse, mostrandoAse impassíel" (m sil@ncio, -ndreXs entregouAlhe o
documento" + rosto de Ben n$o demonstrou nenhuma emo#$o enquanto lia" )eoleu o
papel"
— + que pretende <a?er, maDor6
— enderAme a oc@, desde que consiga termos decentes para
os meus homens"
— ( o que entende por termos decentes6
— +s mesmos que o general =rant concedeu e alguns mais"
Euero que meus soldados possam <icar com os caalos, as pistolas""" e os ri<les" .esta
regi$o um ri<le pode signi<icar a di<eren#a
entre a ida e a morte" Como oc@ mesmo pNde constatar"
— 2eito 4 respondeu Ben sem a menor hesita#$o e com a mesma epress$o
imperturb!el"
-ndreXs <icou t$o surpreso que se leantou, olhando atNnito para Ben" - seguir,
sentouAse noamente"
4 =ostaria que <osse por escrito 4 acrescentou"
Ben pegou uma <olha de papel e uma caneta da escrianinha, escreeu algumas
palaras e assinou" oprou para secar a tinta e entregou o documento ao maDor"
Euase riu da epress$o assombrada de -ndreXs"
4 .$o esperaa que <osse t$o <!cil, n$o , maDor6
-ndreXs esbo#ou um sorriso"
— Para ser <ranco, eu n$o sabia o que esperar" ua reputa#$o
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n$o das mais tranqMili?adoras e oc@ nunca colaborou, como
prisioneiro"
— 2icar preso n$o predispLe ningum ao bom humor, maDor"
Contudo, Damais me rego?iDei com a derrota do inimigo, nem com
o so<rimento alheio" -ndreXs assentiu, pensatio"
— )esocuparei meu aloDamento ainda hoDe 4 declarou"
— .$oQ 4 eclamou Ben en<aticamente" 4 Pre<iro <icar no
aloDamento de solteiros" + senhor <oi muito bom para com yan
e Bethany" .$o ou desaloD!Alo" + senhor e sua esposa podem
<icar onde est$o at deiarem o 2orte"
Ben parou de <alar por alguns segundos, hesitando, mas premido pelo deseDo desaber algo que o inha atormentado sem
cessar"
4 em tido notícias de yan e ean6 4 perguntou, n$o escondendo a
ansiedade"
— .$o, in<eli?mente"
— =ostaria de er Bethany, mais tarde" -gora preciso <alar
com aqueles que est$o esperando por este momento h! anos" 4
(ncarou -ndreXs" 4 )eseDo que a transi#$o se <a#a da maneira
mais suae possíel" oltarei os prisioneiros e conersarei com eles
e ao mesmo tempo o senhor eplicar! a situa#$o a seus homens"
entaremos eitar qualquer mani<esta#$o de hostilidade e estudaremos os detalhes depois"
Ben irouAse para sair, mas -ndreXs chamouAo:
— Coronel6
— im6
— eria uma honra se aceitasse Dantar comigo e minha mulher, hoDe K noite"
Ben sorriu, pensando com triste?a como seria marailhoso se yan estiesse ali"
4 R muita gentile?a sua, senhor" -dmiro a dignidade com que
est! en<rentando a derrota" -ceito, obrigado"
(ncontrou 2ra?ier esperando do lado de <ora do prdio, sentado nos degraus"
-o @Alo, o tenente leantouAse, empurrando o bon do uni<orme para a nuca"
4 uponho que o senhor e o maDor tenham chegado a um acordo 4 comentou"
Ben estudou o rosto do homem" .$o podia deiar de admirar 2ra?ier pelo modo
comedido e e<iciente com que eercera uma <un#$o que eidentemente o desagradaa" .$o
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<ora apenas Dusto, mas tambm generoso ao lidar com Ben e seus impulsos de reolta"
— im" Euer <alar com o maDor -ndreXs6 Precisarei de sua
aDuda"
— -cho que n$o h! necessidade de <alar com ele"
+s dois iraramAse para a porta no momento em que -ndreXs apareceu, abatidoe repentinamente enelhecido"
4 em ra?$o, 2ra?ier" .$o h! mais necessidade de <alar comigo sobre o que
dee ser <eito daqui para a <rente" -companhe o coronel e solte os prisioneiros" + que oc@
preiu aconteceu"
)esceu os poucos degraus e a<astouAse cru?ando o p!tio"
4 + que ele quis di?er com o que oc@ preiu aconteceu64 indagou
Ben, intrigado" 2ra?ier sorriu ligeiramente" — -penas aentei a hipFtese de que oc@ seria ra?o!el quanto aos termos de
rendi#$o"
— +s outros n$o eram da mesma opini$o"
— )ee reconhecer que oc@""" o senhor"""
— )eie o senhor de lado, 2ra?ier" Continue, por <aor"
— )ee reconhecer que n$o <oi um prisioneiro muito dFcil,
coronel" + maDor e os outros o<iciais n$o sabiam o que esperar
de oc@, porque n$o o conhecem como eu" enho obserado seu
Deito de tratar os companheiros" Conseguiu deolerAlhes o orgulho e a dignidade" .$o
que o <ato tenha me aDudado, muito pelo contr!rio, mas eu o respeitei por isso" R um bom
o<icial"
(ncaminharamAse para a pris$o, em sil@ncio" + setor das celas estaa quieto
quando Ben entrou" +s homens olharam para ele, tensos e preocupados" -lguns haiam
isto seu coronel e o tenente rebelde atraessarem o p!tio, pressentindo que algo mudara
radicalmente" ( mesmo a atitude dos guardas mudara, como se todos estiessem
estranhamente emocionados"
4 - guerra acabou 4 anunciou Ben sem pre>mbulos" 4 +
maDor -ndreXs rendeuAse e agora estou no comando do <orte"
0ee rendeuAse a =rant, quin?e dias atr!s, na %irgínia" %oc@s est$o lires"
.$o houe gritos de DJbilo, enquanto os prisioneiros procuraam assimilar o
signi<icado do que haiam acabado de ouir" +s guardas apressaramAse em destrancar as
celas e <oi o tenente com sua gaita que tirou a todos do estupor" Come#ou a tocar o Hino da
epJblica" +s outros ouiram em sil@ncio e alguns choraam" .o <inal os aplausos
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misturaramAse aos gritos de alegria"
4 R erdade 4 gritou Ben sobrepuDando o barulho" 4 - guerra acabouQ (stamos
liresQ
+s homens abra#aamAse, rindo e chorando, e Ben oltouAse para 2ra?ier"
4 olte os prisioneiros do outro setor e reJna todos no p!tio"Euero <alar com eles"
/m pouco mais tarde, com todos reunidos, Ben eplicou a situa#$o e deiou que
a mani<esta#$o de alegria e emo#$o se acalmasse"
— %$o em <rente, cuidar de suas idas 4 <inali?ou" 4 %oc@s
merecem"
— ( agora, coronel6 4 gritou um deles" 4 + que <aremos
agora6Ben relanceou o olhar para o campo adDacente, onde -ndreXs <alaa com seus
homens"
4 odos est$o recebendo instru#Les e dentro de uma hora tudo estar! acertado"
&andarei que preparem dois aloDamentos para
abrigar oc@s" 4 Hesitou" 4 -migos e inimigos, teremos de conier em pa? por alguns diasG
e pessoalmente acho que a palara inimigo perdeu o signi<icado"
odos ouiam em sil@ncio e Ben <e? uma longa pausa, olhando para o grupo de
rebeldes que recebia instru#Les do maDor"
4 ale? tenhamos de nos unir para lutar contra os índios,
nossos Jnicos inimigos agora" ( inimigos comuns" +s sulistas, inclusie os do <orte,
renderamAse honrosamente" .$o quero prooca#Les do nosso lado, assim como n$o
tolerarei as deles" (st! claro6
+s homens concordaram, alguns n$o sem relut>ncia"
— &uito bem" 2ra?ier e o maDor nos deoler$o os pertences
que estieram guardando para nFs 4 eplicou com um sorriso
irNnico" 4 ( n$o precisam mais respeitar o <osso nem a cerca"
Podem at derrub!Ala, se assim o deseDarem, mas pe#o que permane#am nesta !rea at
que o capit$o am 2orster d@ ordens di<erentes" )e acordo6
— )e acordo 4 responderam os homens em coro"
— Euando iremos para casa, coronel6 4 um deles perguntou"
— + mais cedo possíel, companheiros" %ou eniar uma requisi#$o de dispensa
e assim que receber permiss$o come#arei a tir!Alos daqui" 4 )ando o discurso por
terminado, irouAse e <oi embora"
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Haia mais uma miss$o a cumprir"
Caminhou para a en<ermaria, bateu de lee na porta e entrou"
Iyeth encontraaAse de p, perto de um arm!rio, reunindo instrumentos e
guardandoAos na maleta preta de mdico" (rgueu os olhos para Ben"
— (staa esperando por oc@, coronel" — (staa6 4 +lhou para a maleta" 4 Pretende partir t$o depressa6
— im 4 <oi a resposta seca"
— =ostaria que alguns o<iciais <icassem 4 obserou Ben, analisando o rosto
p!lido do mdico"
— .$o estou incluído, suponho"
— Posso sentar6 4 perguntou Ben calmamente"
—
.$o precisa pedir mais nada agora, coronel 4 disse Iyethem tom eplosio" 4 Por que a encena#$o6
— Porque tenho sido um tolo e im aqui para pedirAlhe que
<ique""" pelo menos at termos notícias de yan" (""" 4 sorriu
4 .$o temos mdico"
Iyeth encarouAo perpleo, antes de deiarAse cair numa cadeira"
4 Eual o motio dessa mudan#a brusca6 4 perguntou des
con<iado"
Ben sentouAse na <rente do mdico, do outro lado da mesa" +s olhos a?uis
espelhaam amargura"
4 H! quin?e anos cometi um erro e perdi meu melhor amigo"
urei nunca mais permitir que meu g@nio di<ícil me <i?esse perder
outros" Contudo, enho repetindo o erro e nem posso Dogar a culpa para cima de minha
situa#$o de prisioneiro" (iste algo dentro de mim que Ks e?es <ere e pLe tudo a
perder"
Iyeth <itaaAo em sil@ncio, atNnito, e Ben sorriu contra<eito"
4 (stou lhe pedindo desculpas, doutor" 2oi bom para os meus
homens e para mim tambm" -dmiroAo por isso"
+ mdico reconheceu que haia uma honestidade a toda proa nas
palaras do ianque e imaginou o quanto deia ser di<ícil para o orgulhoso coronel abrir
a alma como estaa <a?endo"
Ben leantouAse e estendeuAlhe a m$o"
4.$o poderei censur!Alo se recusar a apertarAme a m$o 4
obserou"
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&as Iyeth apertouAa" Com <irme?a"
(m seguida, Ben dirigiuAse para o gabinete de -ndreXs e sentouAse K
escrianinha" )eseDaa <icar so?inho" )eeria estar eultante" - guerra acabara" (le e
seus homens estaam lires" &as a liberdade, no momento, nada signi<icaa"
yan se <ora" ean encontraaAse <erido e tale? at estiesse morto" -mbos estaam perdidos no caldeir$o <erente em que o ul se trans<ormara" ( yan
separaraAse dele ouindo palaras cruis, ítima de sua incompreens$o" ale? n$o o
quisesse mais, mesmo se""" se houesse sobreiido ao in<erno"
&as ele a procuraria" *ria at os con<ins da erra, se <osse preciso, mas a
encontraria" + mais cedo possíel pediria baia Dunto ao seri#o militar e sairia em busca
de yan e ean"
(scondeu o rosto nas m$os, dominado pelo mais torturante so<rimento"
CAPITULO XXVI
yan entrou no 2orte cott, acompanhando a tropa da /ni$o, sentindoAse
apreensia e ao mesmo tempo cheia de esperan#a" .$o sabia o que a aguardaa com amudan#a de situa#$o deitada pela itFria nortista" (, quanto a Ben, a incerte?a a
consumia" -inda so<ria com o que ouira dele no Jltimo encontro, mas D! o perdoara e
estaa disposta a <a?@Alo compreender por que precisaa ir para Dunto de ean"
Ben deia estar no comando do <orte, e seus olhos <oram poderosamente
atraídos para o prdio onde <icaa o gabinete que pertencera ao maDor -ndreXs"
(nt$o iuAo, alto e imponente, parado no pFrtico com 2ortuna a seus ps" +
cora#$o saltouAlhe no peito, dominado pela <orte emo#$o de sempre" Ben emagrecera e
ao aproimarAse iu que o rosto atraente tra?ia as marcas da tens$o e do cansa#o"
-pertou as rdeas na m$o, tomada por uma onda aassaladora de
emo#Les inde<iníeis" F um sentimento continuaa incon<undíel e mais <orte que
nunca: o seu amor por ele"
-o reconhec@Ala, a epress$o de Ben mudou" yan esperara tudo, raia,
indi<eren#a e at mesmo hostilidade, mas n$o a indis<ar#!el alegria que ele
mani<estaa" (le <oiAlhe ao encontro, n$o caminhando, mas correndo, esquecendo toda
a resera" egurouAse no arreio do caalo e <itouAa, perscrutandoAlhe o rosto,
interrogando em sil@ncio, deiando transparecer nos olhos toda a esperan#a e o receio
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que o inadiam"
yan pensou que <osse morrer de <elicidade" .$o era possíel que seu
cora#$o suportasse tanto DJbilo, tanta eu<oria" oltou os ps dos estribos e lan#ouAse
nos bra#os dele" Ben apertouAa Dunto a si e, ignorando os olhares perpleos dos
soldados da noa tropa, pousou os l!bios nos dela num beiDo eultante e cheio de enerAgia que os transportou para um mundo de ternura e <elicidade, sF deles" ( naquele
beiDo as perguntas e respostas perderam a ra?$o de ser"
(le interrompeu a carícia a<inal, e ainda com yan presa nos bra#os, ignorando
os sorrisos dos o<iciais e soldados, come#ou a andar na dire#$o dos degraus do pFrtico"
.o escritFrio, a<astouAse alguns centímetros para erAlhe o rosto bonito onde
brilhaam o perd$o e o amor" ornou a pu!Ala para o calor de seu corpo e permaneceram
abra#ados, imersos na emo#$o de estarem Duntos"4 yan""" 4 ele murmurou" 4 &inha linda e querida yan,
meu amor"
(la apertou as m$os nas costas largas e pousou o rosto no peito ar<ante de
emo#$o, enquanto seus olhos enchiamAse de l!grimas" .$o haia palaras para de<inir o
que sentia, para eplicar a marailhosa sensa#$o de que <inalmente estaam reunidos para
sempre" Ben <a?ia parte de sua ida"
(le ergueuAlhe o queio e perdeuAse na contempla#$o das <ei#Les suaes, dos
olhos molhados" BeiDou as <aces Jmidas, seguindo com os l!bios cada contorno do rosto que
nunca deiara de aparecer em seus sonhos"
4 (u te amo, pequena rebelde" (u te amo muito"
(la <itouAo em sil@ncio, muda de <elicidade" (nt$o <icou na ponta dos ps e beiDouA
o"
*ncapa? de re<rear a alegria, Ben girouAa no ar, <a?endoAa rir, rego?iDandoAse com
o som musical do riso cristalino"
— .unca""" nunca imaginei que oc@ tiesse uma nature?a t$o
euberante 4 ela gagueDou, tentando brincar para lirarAse da
emo#$o que a su<ocaa"
— H! uma por#$o de coisas a meu respeito que oc@ nem po
de imaginar, querida" em certe?a de que deseDa conhec@Alas6
— Certe?a absoluta" )eia <a?er isso mais e?es, meu amor"
— *sso, o qu@6
— ir" %oc@ <ica lindo quando ri"
— er! <!cil, com oc@ Dunto de mim" Euer casarAse comigo,
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yan6
(la <icou imFel e seus l!bios come#aram a tremer" &as sorriu, pensando que
apenas Ben <aria uma proposta daquelas com tanto ímpeto"
4 Euando6
(le <itouAa, malicioso" — .$o sabia que era uma dama t$o impaciente"
— (st! com medo6 Euer desistir6
— -h, n$oQ -gora que a peguei, nunca mais a deiarei escapar" .unca"
(la recostouAse nele, <echando os olhos"
— (u nunca terei ontade de escapar, Ben"
— -inda n$o me respondeu, yan" Euer casarAse comigo6
—
im, sim, sim" &il e?es, simQ — Euando6
— Euando oc@ quiser""" desde que seDa o mais depressa
possíel"
/ma sJbita preocupa#$o o assaltou" Haia algo que deseDaa perguntar, mas
temia que a resposta destruísse o encanto do momento" Porm, tinha de saber"
4 ean"""
+ sorriso dela acalmouAo"
4 &eu irm$o est! bem" ( logo estar! aqui" 4 + sorriso
apagouAse" 4 2oi isitar as <amílias dos que""" dos que morreram" &uitos de nossos
companheiros se <oram, Ben" &uitos" Braden, cottie, andy e muitos outros"
- o? morreuAlhe na garganta e Ben abra#ouAa com mais <or#a"
4 0amento, meu anDo" &as estou <eli? por ean" 4 2e? uma
pausa hesitante" 4 (u n$o sabia que seu irm$o estaa <erido, no
dia em que oc@ partiu" (u n$o sabia" Pensei""" pensei que oc@
estiesse indo embora com Iyeth" %i oc@s pela Danela" (u"""
(nt$o ela compreendeu tudo e obtee respostas para todas as dJidas que a
haiam atormentado durante a separa#$o" yan recuou a cabe#a, <or#andoAo a encar!A
la"
4 .unca houe ningum alm de oc@, Ben" ( nunca haer!"
Consegue acreditar nisso6
Ben ainda n$o era capa? de crer que seu cora#$o estiesse lire de toda
descon<ian#a e suspeita, para conseguir passar a ida na certe?a de ter alcan#ado a
<elicidade, <inalmente" &as tentaria acreditar" Com todas as <or#as de sua alma"
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4 (u te amo 4 repetiu, como se as palaras de amor pudes
sem eorci?ar a m!goa que se acumulara em seu cora#$o atras dos anos"
(la adiinhou o con<lito que haia em sua alma, mas n$o tinha medo" eu amor
lhe restituiria a con<ian#a"
— Como est! Bethany6 4 perguntou de repente" — Bem" -inda muito calada, mas D! conersa um pouco" (
sempre pergunta por oc@"
— +nde ela est!6
— -ndreXs e -nna mudaramAse para a cidade e a learam,
para que pudesse <reqMentar a escola" -ndreXs conseguiu um em
prego no banco"
yan olhouAo com melancolia" anta coisa mudara em tr@s mesesQ + ul <oraderrotado, o <orte estaa em poder da /ni$o, -ndreXs, -nna e Bethany haiam partido" (
Iyeth6 (ra uma pergunta que ela receaa <ormular"
Ben pareceu lerAlhe o pensamento"
4Iyeth ainda est! aqui" PediAlhe para <icar, at que tissemos um substituto
para ele e""" at que soubssemos de oc@"
.enhuma outra atitude poderia proar melhor a trans<orma#$o que se operara
em Ben" ale? ela n$o precisasse ter muito trabalho, a<inal"
— (u te amo, Ben 4 ela disse com um largo sorriso"
— Pode demorar, mas Ks e?es eu aprendo alguma coisa 4
murmurou, beiDandoAa na testa"
&ais tranqMilos, sentaramAse e teceram planos para o <uturo"
2alaram do casamento, decidindo que adotariam Bethany" +s -ndreXs haiam
sido muito bons, mas teriam tempos duros a en<rentar, numa parte da na#$o em que tudo
<ora destruído, at os ideais mais acalentados"
— ean tale? n$o <ique contente com nosso casamento 4 Ben
obserou em certo momento"
— er!6 ean gosta de oc@" F n$o conseguiu superar o que
um dia separou oc@s dois" &as ai conseguir" ( acredito que oc@
tambm"
4 Como se tornou t$o s!bia em t$o pouco tempo de ida6
4 -mo oc@s dois" ( nunca os perdi de ista, aaliando suas rea#Les quando estaam Duntos" 0embraAse daquela e? que quase morreram de rir do pobre tenente en<atuado que
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<oi em nosso socorro6 odas as m!scaras caíram naquele momento e eu i apenas os amigos
que oc@s <oram um dia" /ma ami?ade erdadeira n$o termina nunca" (le mergulhou o
rosto nos cabelos reoltos"
4 Euero acreditar que oc@ tenha ra?$o"
ornou a beiD!Ala, mas a suaidade trans<ormouAse depressa em olJpia"ubitamente, Ben lembrouAse de que poderiam ser surpreendidos" Com a noa
tropa que chegara ao <orte haeria muitos assuntos eigindo sua aten#$o" -<astouAa com
delicade?a, pousandoAlhe as m$os nos ombros"
4 .$o sei se poderei esperar at que esteDamos casados, meu
amor, mas deseDo que tudo seDa como oc@ quiser 4 murmurou
com o? rouca"
yan tambm n$o tinha certe?a de querer esperar, mas nada disse, incapa? detradu?ir em palaras as sensa#Les que a <a?iam estremecer"
(le tirou um anel do dedo e colocouAo na palma de uma das m$os pequenas e
caleDadas"
4 Euero que <ique com algo que me pertence, para que se lembre, em todos os
instantes, de que te amo"
BeiDouAa noamente, com amor e pai$o"
4 %ou me mudar para o aloDamento de solteiros" 4 in<ormou ao solt!Ala" 4
%oc@ <icar! aqui at nos casarmos"
(la ia protestar, mas olhou para Ben e iu apenas gentile?a e ternura" (le queria
que o relacionamento <osse per<eito e estaa disposto a esperar at que se casassem" (ra
como se lhe desse um presente" + mais alioso de todos, pois enolia renJncia"
4 (st! bem" &as n$o me <a#a esperar demais"
ean estaa cansado, suDo e com o corpo dolorido quando ele e immy
chegaram a cottdale" 2ora uma iagem longa e triste e os dois <icaram aliiados aoencerr!Ala" ean mostraaAse ansioso para er yan e saber se tudo correra bem" -inda n$o
acreditaa que Ben <osse capa? de darAlhe amor e <a?@Ala <eli?, mas sabia que lhe o<ereceria
todo o con<orto material possíel e a mais completa prote#$o"
*merso nesses pensamentos, ean, seguido de immy, aproimouAse do
est!bulo pJblico" obraamAlhe poucas moedas, apenas um pouco mais que o necess!rio
para acomodar os caalos e darAlhes comida e um merecido repouso"
ean guiou com paci@ncia e carinho o animal que <ora seu companheiro durantetr@s anos de guerra e no período terríel quando tudo se acabara"
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+ dono do est!bulo estaa leando um caalo para dentro e olhou com
descon<ian#a para os rebeldes es<arrapados" -penas mais dois entre os muitos teanos que
oltaam para casa sem um níquel no bolso"
4.$o me pe#am <iado 4 aisou de mau humor" 4 CinqMenta
centaos cada animal" Pagamento adiantado"ean concordou sem se alterar" HabituaraAse K dure?a dos comerciantes, algo
que n$o eistira antes da guerra" &as naquele período de caos os mendigos, ou quase isso,
estaam em toda parte, tentando chegar em casa" + dinheiro desaparecera" - moeda da
Con<edera#$o perdera o alor" abia que o dono do est!bulo pagaa K ista a comida para
os caalos e esperar que <osse caridoso seria eigir demais"
)esceu do caalo cautelosamente" -inda sentia dores no peito e o bra#o <erido
<icara ligeiramente endurecido" Colocou as rdeas na m$o do homem"4Cuide bem dele 4 pediu" 4 roueAme de ichmond at
aqui"
+ comerciante aaliouAo com mais aten#$o"
— %oc@""" assistiu K rendi#$o"
— &ais ou menos 4 ean eperimentou a mesma triste?a que
o assaltaa quando se lembraa do desespero dos companheiros
ao saber da rendi#$o de 0ee e ouir sua mensagem de despedida"
— %oc@ o primeiro que olta da %irgínia"
— R um caminho muito, muito longo 4 eplicou ean num
murmJrio cansado"
— +nde pretende passar a noite6
— .$o sei" .$o podemos pagar para <icar no hotel e"""
— Por que n$o <icam aqui6 &eu nome BroXn" )an BroXn"
%oc@ e seu companheiro podem dormir numa das baias" &uitas
<icam a?ias 4 acrescentou com amargura"
ean sorriu resignado"
4 -ceitamos, obrigado"
BroXn come#ou a guiar os caalos para dentro e ean acompanhouAo"
— abe o que tem acontecido no 2orte cott6
— +s ianques o tomaram, mas alguns soldados sulistas permanecem l!" 4
Cuspiu de lado" 4 raidores noDentos"
— +s índios t@m atacado6
— 2oram a<astados, mas ainda h! alguns bandos soltos por
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aí" -inda n$o seguro iaDar so?inho at o <orte"
— Posso deiar minhas coisas aqui6 4 perguntou ean, mostrando os poucos
pertences que carregaa na sacola da sela"
— Pode, se n$o se importar de <icar sem elas" udo desaparece com rapide?
incríel" .unca <oi assim" -gora, os ladrLes in<estam a cidade como piolhos"ean tirou o iol$o que amarrara K sela e colocouAo no ombro" .a bolsa haia
apenas uma muda de roupas, suDa, e uma camisa limpa" irou a camisa e olhou para o
homem do est!bulo"
— + banho pJblico ainda <ica no mesmo lugar6
— 2ica"
ean come#ou a sair para a rua, e immy acompanhouAo"
4 %oc@ pode tomar banho, se quiser" (u ou tentar ganhar algum dinheiro"
ean sorriu diertido" - sorte de immy no carteado tornaraAse lend!ria no
destacamento" inha um instinto in<alíel que o leaa a ganhar sempre" + rapa? admitia
modestamente que se trataa de um talento inato e n$o de habilidade" ean achaa que
esse talento residia no Deito ing@nuo de immy" +s oponentes o subestimaam e quando
percebiam o erro D! era tarde demais"
.a casa de banhos, ean entregouAse K !gua quente com pra?er in<inito" (ra o
primeiro banho completo em seis meses, que alia muito bem os de? centaos que ele
pagara" /m rapa?inho enchia as banheiras de madeira com !gua quente e nada podia
estragar o pra?er de estar limpo, nem mesmo a <alta de priacidade"
aiu com relut>ncia da !gua, enugouAse e estiu a camisa limpa, <a?endo uma
careta de desgosto ao en<iarAse na cal#a emplastrada de lama"
entindoAse melhor, encaminhouAse para o escritFrio do eri<e"
(ncontrouAo atr!s da escrianinha"
— (m que posso aDud!Alo6 4 perguntou, imediatamente notando o uni<orme de
con<ederado"
— Preciso ir ao 2orte cott 4 eplicou ean" 4 Como est!
a situa#$o com os índios6
— uim" .$o o aconselho a ir so?inho" +s índios percebem
bem a con<us$o que h! entre nFs e se aproeitam disso" Por que
deseDa ir l!6
ean impacientouAse com a pergunta, mas dominouAse"
— -cho que minha irm$ est! no <orte"
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— /ma garota bonita, parecida com oc@6
— im" abe se ela continua l!6
— Continua, sim, e est! bem" %eio K cidade, uma semana atr!s,
para comprar mantimentos e remdios" PareceAme que ai se
casar"ean <icou isielmente tenso"
— .$o sabia6 4 perguntou o eri<e"
— .$o"
— /m grupo de soldados chegar! K cidade, indo do <orte,
amanh$ ou depois" Pode ir Dunto com eles, n$o acha6
— im, <icoAlhe muito grato 4 ean resmungou, saindo da
sala"2icara atordoado com a notícia de que yan pretendia casarAse e <oi muito
lentamente que oltou ao est!bulo"
)ois dias mais tarde, y entrou em cottdale, liderando uma patrulha" + Doem
ianque n$o encera sua antipatia pelos sulistas e <icou irritado ao saber que dois rebeldes
deseDaam oltar com eles para o <orte" Euando ean <oi <alar com ele, pensou em
recusar aDuda, mas lembrouAse a tempo de que o capit$o rebelde ia ser cunhado do coronel
Ben &organ" )e yan ele gostaaG n$o se esquecera do modo como a Doem coraDosa se
comportara na noite da <uga"
4 (st! bem 4 concordou" 4 Partiremos dentro de uma hora"
ean iu que se aproimaam do port$o do <orte, sentindoAse ansioso e tambm
hesitante" uas emo#Les ainda iiam em con<lito, no que se re<eria a Ben" ( oltar como
derrotado era humilhante" &as precisaa er yan e saber se realmente ela deseDaa casarA
se com Ben" e a conic#$o dela <osse inabal!el, n$o teria alternatia a n$o ser aceitar o
<ato, mas estaria mentindo se dissesse que <icaria <eli?"
+ port$o abriuAse e ele n$o tee mais tempo para pensar" y liderou o grupo at
a presen#a de Ben, que esperaa nos degraus do pFrtico, e parou o caalo, <a?endo
contin@ncia"
Ben retribuiu a sauda#$o de maneira distraída, olhando <iamente para ean"
ean n$o desmontou de imediato, sustentando o olhar que o eaminaa
detidamente"
4 Ben 4 disse por <im" 4 %eDo que conseguiu <icar parado
no mesmo lugar, uma e? na ida, pelo menos"
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Ben sorriu de <orma di<erente, aberta e con<iante, surpreendendo ean"
4 .$o <oi escolha minha 4 replicou" 4 )iabos, homem, estou contente em er
oc@" Como est!6 CurouAse6
2oi a e? de ean sorrir" - recep#$o que Ben lhe o<erecia e o calor do sorriso que
oltara a ser o mesmo dos elhos tempos o desarmaram" (ra quase como se os quin?eanos passados houessem desaparecido" Euase"
4 (stou Ftimo" -penas achei que n$o <icaria bem sair de uma
guerra sem nenhum arranh$o" .$o podia deiar que oc@ ostentasse todas as cicatri?es"""
e <icasse com a glFria"
2oi ent$o que iu yan" (la saía da en<ermaria com o cabelo preso numa tran#a
e usando um estido simples de algod$o" (la o iu e come#ou a correr em sua dire#$o"
ean desceu do caalo e ergueuAa nos bra#os, num abra#o caloroso" oltouAa por <im,estudandoAlhe o rosto a<ogueado e sorridente" - triste?a que ela eibira em ichmond n$o
eistia mais" .os olhos castanhos e cheios de lu? sF haia <elicidade"
— .em preciso perguntar como oc@ est!, menininha" enho
a impress$o de que ai estourar de alegria" ( est! mais linda que
nunca"
— +h, ean, oc@ chegou bem a tempo" -gora minha <elicidade est! completa"
Ben e eu amos nos casar"
(la <itou o irm$o com ansiedade, deseDando sua aproa#$o"
4 %oc@ me entregar! a Ben na igreDa, n$o 6 2icar! no lugar
que papai ocuparia se estiesse io"
Houe um longo sil@ncio" ean certi<icaraAse de que yan queria na erdade ser
esposa de Ben e que nunca seria <eli? se n$o pudesse reali?ar esse sonho" abia tambm
que, se n$o desse sua aproa#$o, de boa ontade, a <elicidade dela <icaria comprometida"
4 (u amo Ben, meu irm$o" (u o amo mais que a minha prFpria ida 4 ela
quebrou o sil@ncio angustiante"
ean olhou para Ben, que os obseraa constrangido" &as nos olhos a?uis
brilhaa a esperan#a"
4 (u sei que oc@ o ama 4 concordou, oltando o olhar para yan"
Percebendo que os dois homens precisaam de alguns momentos a sFs, ela
eaminou o estido, que estaa com algumas manchas"
4 Preciso trocar de roupa 4 declarou, desaparecendo no interior da casa antes
que os dois pudessem di?er qualquer coisa"
ean su<ocou a ontade de rir, proocada pelo estratagema ing@nuo, mas quando
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ouiu o riso de Ben n$o se contee mais" iram Duntos at que Ben tornou a <icar srio"
— %oc@ n$o respondeu K pergunta de yan 4 obserou" 4
.$o disse se a acompanhar! na igreDa, ou que aproa nosso casamento"
— .$o <a? di<eren#a o que eu penso" %oc@ n$o precisa da minha aproa#$o,
Ben" .unca precisou"4 *sso <a? di<eren#a para yan" (""" para mim tambm"
- declara#$o de Ben <e? ean sentirAse muito agastado"
4 Houe muita coisa entre nFs, Ben" &uita coisa ruim" (sta
ria mentindo se dissesse que tudo passou e que as o<ensas <oram
perdoadas" &as minha irm$ est! <eli? e eu lhe agrade#o por isso"
Ben assentiu em sil@ncio" (ra mais do que esperaa, porm menos do que
deseDaa ouir" (stendeu a m$o e ean apertouAa, num gesto <irme" — (spero que aceite minha hospitalidade, ean" (stou moran
do no aloDamento de solteiros e yan <icou com a casa destinada
ao comandante"
— -ceito" -lgum poderia cuidar do meu caalo6
— R claro 4 a<irmou Ben, obserandoAo tirar as bolsas da sela,
quase a?ias, e come#ar a andar para o aloDamento"
+s aposentos eram típicos de um aloDamento militar para solteiros" )ois
cNmodos, um na <rente, com mesa, cadeiras, escrianinha e uma estante, e outro nos
<undos, com duas camas estreitas" ean Dogou as bolsas sobre uma das camas e oltou paA
ra o aposento da <rente, eaminando a estante" Haia cinco liros gastos pelo uso numa
das prateleiras, algumas garra<as e copos em outra" eriuAse de um copo de uísque e
acomodouAse numa cadeira de bra#os, larga e con<ort!el"
omou a bebida lentamente, rememorando os Jltimos acontecimentos" 2icara
satis<eito por encontrar yan t$o <eli?, mas precisaa de tempo para pensar" -
trans<orma#$o so<rida por Ben o surpreendera" .$o haia mais aquela resera eagerada, a
<rie?a que <a?ia parte de sua personalidade D! nos tempos de Iest Point" Ben estaa mais
espont>neo, mais aberto" &ais humano, at" yan conseguira um milagre"
-os poucos, os pensamentos come#aram a con<undirAse em sua mente" (staa
cansado""" t$o cansado"
elaado pelo uísque, dominado pelo cansa#o, adormeceu"
ean acordou quando Ben entrou ruidosamente no aloDamento, <a?endo ostacLes das botas ressoarem no piso de madeira"
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-briu os olhos, meio tonto, e iu Ben colocando uísque num copo"
— -ceita uma bebida, ean6
— .$o, obrigado 4 ean recusou, endireitandoAse na cadeira" 4 ! tomei uma
dose"
.$o queria beber mais para manter a lucide?" inha muito em que pensar"Ben andaa sem cessar pelo aposento, com a antiga autocon<ian#a, cada atitude
denotando que ocupaa a posi#$o de comando, a Jnica que lhe era adequada" ean sentiu
uma pontada de ineDa ao pensar que Ben tinha tudo, enquanto ele nem sabia de onde lhe
iria a prFima re<ei#$o" Com raia de si mesmo, su<ocou o sentimento in<erior e
mesquinho"
4 %ou pedir baia 4 anunciou Ben abruptamente" 4 (stou
cansado de guerras e dos atropelos da ida militar" ( n$o quero<icar arrastando minha mulher e meus <ilhos de um posto para
outro, como se <Nssemos todos ciganos"
4 (ntendo" ambm estou <arto de tudo isso" %ai oltar para Boston6 4 ean
perguntou, temendo ouir que yan iria para milhares de quilNmetros de dist>ncia"
Ben sorriu, lendo os pensamentos dele"
— )isseAlhe, alguns meses atr!s, que nunca mais oltaria para Boston, lembraA
se6 (staa <alando srio" Pretendemos comprar terras aqui no eas e <ormar um rancho"
yan adora esta regi$o"
— ( oc@, gosta daqui6
— =osto de qualquer lugar que tenha espa#os abertos e muito
cu" Precisamos de oc@ para nos aDudar a encontrar um bom
terreno e queremos que seDa nosso sFcio 4 Ben anunciou, n$o
perdendo tempo com rodeios inJteis"
ean encarouAo desarorado"
4 -cho que ou aceitar mais uma bebida 4 murmurou"
Ben encheu o copo e entregouAo a ean, que imediatamente soreu um gole generoso"
— %amos tra?er -ery e Bethany para morar conosco" %oc@
ainda n$o conhece a menina" R um amor"
— /ma <amília e tanto, hein6 4 comentou ean, com um sorriso quase
imperceptíel"
4 (u sei, mas isso o que yan deseDa" ( eu tambm"
Ben mudara realmente, ean pensou"
4 Preciso de sua aDuda, ean" %oc@ <oi criado no campo" (ntende de terras e de
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gado" ( Duro que nunca i ningum como
oc@ para lidar com caalos"
ean ergueu o copo, eaminando o líquido >mbar" - o<erta de uma sociedade
com Ben <ora a Jltima coisa que esperara ouir" ! planeDara iniciar um rancho com immy,
ustis e outros dos antigos companheiros de guerrilha" Pretendiam Duntar gado selagem,reses que agueaam lires por todo o eas" - idia era end@Alas no Zansas e com o
dinheiro conseguido comprar terras" &as isso learia anos, apesar de que, quando
conseguissem o rancho, tudo seria deles, comprado com o <ruto do prFprio trabalho"
— 0ear! tempo at que os ianques seDam bem recebidos no
eas 4 obserou"
— &ais um motio para eu querer que <ique comigo 4 Bem eplicou com
eem@ncia"4 .$o estou o<erecendo esmola, diabosQ Preciso de oc@, de suaeperi@ncia"
— .$o" enho outros planos"
— R uma pena" .Fs dois <ormaríamos uma boa equipe" )a
nada de boa"
— ! <ormamos, no passado" &as tudo passou" /ma e?, <alando dos negFcios
de seu pai, oc@ disse que n$o deseDaa participar de algo construído por outra pessoa" (u
tambm n$o quero"
— Pelo menos aDudeAnos a encontrar um peda#o de terra" %oc@ conhece o
eas, eu n$o" 2a#a isso por yan, se n$o puder <a?@Alo por mim"
ean sorriu com um brilho traesso no olhar"
4 er! meu presente de casamento, está bem6 ( agora, amos Dantar6 (stou
morrendo de <ome"
CAP ÍTULO XXVII
+ casamento aconteceu na igreDinha do <orte, que na realidade n$o passaa de
um sal$o aneo ao aloDamento do comandante" + recinto <icou lotado e o ministro, tra?ido de
cottdale, olhaa a congrega#$o com mal dis<ar#ado espanto"
/ni<ormes a?uis misturaamAse aos cin?entos, enquanto o noio, que o pastor
sabia ser o comandante tempor!rio do <orte, estia roupas ciis" Ben n$o quisera alargar a
brecha de ressentimento que eistia entre os soldados, ostentando sua autoridade de o<icialda /ni$o" ean tambm, engolindo o orgulho, tomara emprestado um traDe apropriado de
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Ben"
+s outros n$o se deram ao trabalho de usar roupas di<erentes, apresentandoAse
teimosamente nos uni<ormes desbotados" .em mesmo immy, ustis e Iyeth, os amigos
mais chegados da noia, dispuseramAse a usar roupas melhores, que teriam de aceitar dos
que ainda iam como inimigos"y energaa uni<orme completo, eibindo diisas e a condecora#$o com a
aidade de um pa$o em poca de acasalamento" am 2orster tambm usaa o uni<orme
a?ul, mas sem emp!<ia e simplesmente por <alta de outra estimenta"
)o espanto, o ministro passou para a emo#$o" - coeist@ncia tale? <osse pací<ica
apenas na apar@ncia, mas D! signi<icaa alguma esperan#a para a na#$o diidida" ( o
pastor re?ou em sil@ncio para que a guerra absurda entre irm$os nunca mais acontecesse"
yan olhou em olta dominada pela mais completa alegria" odos a quem elaamaa encontraamAse reunidos para assistir a sua uni$o com Ben" ean portaraAse com
marailhosa dignidade ao des<ilar com ela pela nae e colocar sua m$o na de Ben, conA
trolando a emo#$o"
-ery chegara ao <orte alguns dias antes e Bethany abrira o pequeno corteDo
nupcial sorrindo e atirando ptalas de rosas colhidas no Dardim que o maDor -ndreXs
cultiara com tanto carinho quando ainda era comandante de cott"
- cerimNnia prosseguia e Ben mal conseguia ouir as palaras do ministro" yanestaa linda como uma princesa de contos de <adas, usando um estido branco e com o
cabelo loiro semeado de <lores minJsculas e preso no alto da cabe#a antes de cascatear
pelos ombros abaio" ( os olhos castanhos, mais magní<icos que nunca, brilhaam,
transbordantes de <elicidade" Ben Dulgaa que seu cora#$o se partiria de emo#$o, enquanto
<itaa deslumbrado o rosto de sua noia" oda aquela bele?a, todo o amor que se re<letia
nos olhos luminosos eram dele" epentinamente <oi atingido por uma onda de medo" (le
n$o merecia uma d!dia t$o per<eita" - <elicidade que o dominaa n$o podia durar" udo oque era bom demais desaparecia, mais cedo ou mais tarde"
Como se pressentisse o que lhe passaa na alma, yan apertouAlhe a m$o,
transmitindoAlhe <or#a e esperan#a"
4 .a rique?a e na pobre?a, na saJde e na doen#a, at que a
morte os separe"
Ben ouiuAa repetir as palaras do pastor em tom con<iante e pensou na primeira
e? em que ouira a o? terna de yan" 2ora ao recobrar a consci@ncia, no acampamento" (aquele momento marcara o início de seu amor"
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Pro<eriu os otos, perdido num mar de recorda#Les" eiu yan usando o
chapu que ganhara do comerciante de Center, recordou o momento terríel em que
soubera que ela <ora raptada pelos índios e <inalmente, tomado pelo remorso, lembrouAse de
seu rosto angustiado na manh$ em que partira em busca de ean, <erido em ichmond"
.$o" .unca mais a magoaria" - o? <altouAlhe na Jltima <rase cheia de promessase ele pigarreou, acabando de <alar em tom claro e <orte"
2inalmente o pastor encerrou a cerimNnia e ele inclinouAse para beiD!Ala"
4 ie medo de que oc@ <ugisse 4 ela murmurou entre emocionada e traessa"
4 )e que adiantaria6 %oc@ me pegaria noamente"
(nt$o seus l!bios se encontraram e uniramAse com <eror, na mais ardente promessa"
)epois de terminada a cerimNnia, os noios seguiram com os conidados para o
sal$o da casa do comandante" eceberam os cumprimentos e dan#aram a primeira mJsica,tocada por um grupo de soldados que usaam os mais ariados instrumentos" - seguir,
desapareceram"
Ben ergueu yan nos bra#os e leouAa, com os passos apressados de costume,
para um aloDamento de casados, onde passariam sua primeira noite"
.a priacidade dos aposentos D! preparados para eles, Ben a colocou no ch$o e
abra#ouAa"
— enho medo de tanta <elicidade 4 murmurou"
— .$o tenha, meu amor" (u te amo muito"
(le colou os l!bios aos dela numa carícia terna e iniciou um caminho de beiDos
pelo rosto suae at alcan#ar uma das orelhas e mordisc!Ala de lee, proocando sensa#Les
in<lamadas no corpo que despertaa para a sensualidade"
4 Hum""" 4 ela murmurou deliciada, deiando que as m$os
tocassem o peito largo, desli?antes e proocantes"
Ben condu?iuAa ao quarto, sem solt!Ala, num gesto de posse, como se ainda
duidasse da realidade do momento" ornou a passar os bra#os K olta dela, come#ando a
desabotoar o estido, at @Alo cair no ch$o, onde <icou amontoado, como uma onda
branca de espuma" irouAlhe ent$o a camisa de cambraia e a cal#a íntima que chegaa aos
Doelhos" ( <inalmente olhouAa, endoAa em toda sua linda e inocente nude?"
yan n$o sentia receio, apenas uma lee timide?, que ela enceu, estendendo os
bra#os para ele num conite"
Ben apertouAa de encontro ao corpo"
4 %oc@ t$o linda, t$o incrielmente linda, meu amor"""
(la o interrompeu com um beiDo e seus dedos, guiados pelo deseDo, puseramAse a
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desabotoar, a abrir, e tirar as in<ind!eis camadas de roupa que a impediam de sentir a
pele quente de encontro a sua" Ben aDudouAa e rapidamente mostrouAse nu, reelando a
puDante irilidade"
yan encostou o rosto no peito coberto de p@los escuros e beiDouAo docemente,
despertando sensa#Les alucinantes no corpo m!sculo, at que Ben n$o pNde mais suportar"omouAa pela m$o e leouAa para a cama"
uas m$os percorreram o corpo ineperiente das delícias da pai$o, ecitando
cada nero, despertando todos os sentidos, preparandoAa para receb@Alo com o mesmo
deseDo que o deoraa" Eueria que aquela noite <osse inesquecíel para ela, que <osse
marcada pela alegria e pelo pra?er"
BeiDou, mordiscou os mamilos rosados at que <icassem rígidos e ela desse um
grito aba<ado de pra?er" ( assim, de carícia em carícia, com beiDos !idos e toquesousados, trans<ormou o corpo delicado num ulc$o de deseDo que clamaa pela eplos$o
total do pra?er"
r@mula e ardente, yan puouAo para si, n$o mais suportando a dist>ncia
que,ainda os separaa"
4 +h, Ben""" eu te quero"
(le n$o esperou mais" Cobriu a boca ansiosa com a sua e yan, incitada pelo <ogo
que ele ateara em seus sentidos, arqueou o corpo para o dele" ( num instante marailhoso
ele a penetrou com delicade?a, re<reando o ímpeto de a<undarAse na macie? de sua quente
intimidade"
yan etasiaaAse com o contato, com a press$o que cuidadosamente ele
imprimia Ks arremetidas duramente controladas" ubitamente sentiu dor, mas dominouAse"
-quilo n$o importaa" + que era a dor, diante das ondas consumidoras que a enoliam em
<r@mitos de @tase6
.o instante seguinte, pertenciamAse inteiramente" yan, guiada pelo instinto,
moimentaaAse ao ritmo do corpo que dominaa o seu e Duntos rodopiaram num paraíso
assolado pela tempestade da pai$o"
Euando ela imaginou que n$o haia mais marailhas a descobrir, os moimentos
dele tornaramAse mais r!pidos, mais intensos, at que a tormenta de sensa#Les em seu
corpo trans<ormouAse num pra?er iolento e irreprimíel"
-lcan#aram Duntos o @tase, estremecendo conulsamente e perdendo a
consci@ncia de tudo, perdidos num mar de ecita#$o pro<unda" -s m$os de yan craaramA
se nas costas riDas e a boca sentiu o gosto salgado da pele umedecida de suor" etornando
lentamente K calmaria, aspirou com delícia o cheiro de tabaco, almíscar e <eno que
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emanaa do corpo musculoso largado sobre o seu"
&ais tarde, em sil@ncio, permaneceram de m$os dadas" .$o haia palaras
capa?es de descreer, o que acontecera" Bastaa <icarem Duntos, sabendo que teriam muitos
dias e noites para eplorar o unierso marailhoso do amor que compartilhaam"
4 -mor"" 4 ele murmurou muito tempo depois" 4 &eu querido amor" &inha lindamulher" 2icaremos sempre Duntos"
0!grimas da mais pura <elicidade rolaram dos olhos dela" Para sempre Duntos"
4 (ternamente 4 murmurou, abra#andoAse a ele"
(P0+=+
+s meses seguintes <oram incrielmente <eli?es para yan e Ben" )esse modo,
quando ele come#ou a retrairAse, <oi como se o mundo se es<acelasse"
+ problema surgiu quando yan atraessaa o seto m@s de graide?" -
gesta#$o mostraraAse di<ícil desde o início, mas ela conseguira esconder o malAestar, n$o
querendo que Ben se assustasse com os enDNos <reqMentes e as ertigens" PreocupaaAse
mais com as dores, que ela sabia não serem normais numa graide?" Ben n$o aceitaa com
<acilidade a idia de perda, e se imaginasse que perderiam o beb@ acabaria por oltar ao
estado melancFlico e K atitude de reolta contra a ida"
&as quando o sangramento surgiu yan <oi ao mdico da cidade, que n$o
escondeu sua apreens$o" +rdenou que ela <icasse em repouso absoluto, algo que ela n$o
deseDaa ou n$o podia <a?er" Ben <icaria preocupado e ela n$o suportaria <icar numa ocioA
sidade completa, atia como sempre <ora"
odaia, tentou diminuir as atiidades ao mínimo, sem alarmar ningum"
- situa#$o estourou no dia em que o mdico apareceu no rancho para uma isita
inesperada" (le a repreendeu por n$o obedecer a suas ordens, declarando que ia <alar com
Ben" (m $o ela implorou ao )r" -dams para que se calasse"
4 eu marido tem o direito de saber 4 ele obserou com <irme?a" 4
Principalmente quando oc@ n$o está seguindo minhas
recomenda#Les"
&ais tarde ela precisou suportar a raia de Ben"
4 Por que n$o me disse, yan6
2a?ia tanto tempo que ela n$o o ia irritado que a situa#$o causouAlhe a<li#$o"
4 (u n$o queria que se preocupasse 4 tentou eplicar" — .$o queria que eu me preocupasse6 &eu )eusQ (st! arriscando sua ida,
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desobedecendo ao doutor e continuando a agir
como se nada de errado estiesse acontecendo" ( n$o quer que
eu me preocupe6
— Ben""" 4 ela suplicou estendendoAlhe a m$o"
(le ignorou o gesto, <itandoAa com olhos onde se adiinhaa a tempestade" (comprimiu os l!bios de uma maneira que ela D! conhecia" /m sinal de con<lito interior"
— (stou me sentindo bem, querido 4 ela insistiu" 4 + )r"
-dams preocupaAse demais, isso" enho sido cuidadosa" .$o
ando a caalo""" 4 calouAse, notando a epress$o implac!el do
rosto dele"
— Eueria caalgar tambm6 .$o ai mais sair da cama, yan
4 ele decretou"+ tom duro da o? e a <alta de delicade?a da ordem en<ureceramAna"
4 %ou para a cama, se quiser, Ben 4 retrucou, deseDando no
mesmo momento n$o ter dito nada"
(le arouAa com um olhar irado e saiu da sala, deiandoAa so?inha"
- partir daquele momento, yan <icou esperando que ele oltasse a ser o homem
amoroso em que se trans<ormara nos Jltimos meses, mas Ben <echouAse em sua concha de
ressentimento" Passou a dormir em outro quarto e, com e'ce(ão de algumas isitas brees,
permanecia longe dela" Come#ou a ausentarAse de casa durante dias, oltando mais <rio a
cada e?" Euando ela tentaa toc!Alo, segurarAlhe a m$o, ele recuaa, logo apresentando
uma desculpa para sair do quarto, que se tornara uma pris$o" yan, ent$o, come#ou a
acreditar que ele se preocupaa apenas com a crian#a por nascer, n$o com ela"
/m m@s se passou e o golpe <inal abateuAse sobre ela" /m dia, aparecendo no
quarto dela apFs quase uma semana de aus@ncia, Ben troue consigo o cheiro de uísque e
per<ume barato" + rosto eibia uma barba de !rios dias"
yan eplodiu, dominada pela <Jria e m!goa insuport!el" -tirou um liro nele e
Ben, com calma imperturb!el, apanhouAo no ar, depositandoAo na mesaAdeAcabeceira
comum ligeiro sorriso de ?ombaria" Por um instante yan Dulgou er so<rimento nos olhos
a?uis, mas no espa#o de um segundo a impress$o desapareceu" Euando ele saiu, ela
come#ou a chorar at dormir de eaust$o" Ben embebedouAse, como inha <a?endo quase
todas as noites"
Ben estaa conencido de que yan ia morrer, assim como se conencera de quea culpa seria eclusiamente dele" (ra a semente de ida que depositara no corpo <r!gil que
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ia mat!Ala" .oamente a maldi#$o que pesaa sobre sua ida surgia poderosa para destruir
tudo o que ele amaa" .ada de bom tiera dura#$o em sua eist@ncia" ( como golpe <inal o
destino ia roubarAlhe o bem mais precioso que Damais tiera"
(m seu estado de in<elicidade completa, encontrara uma saída, tale?, para que
yan n$o <osse destruída" e desistisse dela, possielmente a maldi#$o n$o caísse sobresua cabe#a inocente" yan era t$o cheia de amor e alegria" yan" eu cora#$o doía cada
e? que ele murmuraa o nome adorado"
entado numa elea#$o de onde se ia o rio, entregaaAse Ks re<leLes" (ra um
lugar que se tornara seu <aorito desde o início da ida no rancho e ali <icaa durante horas,
pensando, tecendo planos, rego?iDandoAse na esperan#a de um <uturo <eli?" Porm, depois
de descobrir que poderia perder yan, o recanto trans<ormaraAse num re<Jgio contra a dor
constante" ( ali ele passara a pedir <or#as para deiar yan sair de sua ida para sempre"(la e a crian#a precisaam <icar a salo dos demNnios que o perseguiam"
(le <i?era tudo para que yan o odiasse, o que tornaria a separa#$o um alíio
para ela, e n$o um so<rimento" &as <ora inJtil" Continuaa a er a lu? do amor nos olhos
castanhos, que se acendiam de esperan#a quando ele entraa e nublaamAse de l!grimas
quando o iam sair" ( Ben morria por dentro, um pouco a cada dia"
.a noite anterior ele isitara um saloon, procurando distrairAse, mas <ora em $o"
/ma das mulheres penduraraAse nele o tempo todo, mas tudo o que ele sentira <ora
repugn>ncia, at que, impaciente, a mandara embora"
2ora proidencial a iagem de ean, que leara uma boiada para ender no
Zansas e D! se encontraa ausente por mais de um m@s" .$o poderia eplicar ao cunhado
a sensa#$o supersticiosa de ser predestinado a <a?er mal aos que o amaam" ean nunca
entenderia e o Dulgaria louco"
&as, embora D! houesse tomado uma decis$o, Ben n$o <a?ia idia de como
ieria sem yan" Como poderia esquecer os olhos con<iantes, o tom melodioso da o?
dela6
)eitouAse no ch$o que amaa e que em bree abandonaria" 2aria o sacri<ício para
que yan e seu beb@ iessem
-s aus@ncias de Ben tornaramAse mais longas e at -ery, com quem ele chegara
a criar la#os pro<undos, <oi ignorado" -s gracinhas de Bethany eram recebidas com r!pidas
carícias distraídas e aos poucos a menina retraiuAse, con<usa, sem saber o que estaa
acontecendo" - responsabilidade do rancho cada e? mais caía sobre os ombros de ustis,que aceitara trabalhar com ele como capata?"
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yan obrigaaAse a cuidar de si mesma por causa da crian#a que carregaa no
entre" &as alimentaaAse com indi<eren#a, presa de desola#$o, culpandoAse em parte pelo
que ocorria" .$o con<iara em Ben o bastante para eporAlhe os receios do mdico nem
seguira os conselhos do doutor, que lhe pedira para <a?er repouso" Conhecia a descon<ian#a
de Ben com rela#$o K ida e contudo <ora bastante imprudente para, de certa <orma, dei!Alosupor que ela n$o con<iaa nele e em sua <or#a íntima" emera a rea#$o dele e acabara
por agraar a situa#$o"
+ que mais lhe doera, apesar de reconhecer a prFpria parcela de culpa, <ora
sentir no corpo dele o per<ume de outra mulher" (le D! abandonara o quarto conDugai e
aparentemente enoleraAse com uma amante"
/ma noite ela acordou e atras das p!lpebras semi cerradas iuAo parado perto
da porta" .$o se atreeu a abrir os olhos ou meerAse na cama" ee o impulso de estender os bra#os para ele e implorarAlhe que a abra#asse, mas conteeAse" Ben teria de oltar para
ela por lire e espont>nea ontade"
udo estaa imerso em triste?a quando ean apareceu para uma isita" .o primeiro
instante ele captou a atmos<era pesada, como se estiesse num lar enlutado" Conersou
com yan e achouAa ap!tica e reticente" )isposto a descobrir o que estaa acontecendo,
pressionouAa, e ela, ansiosa para diidir o peso do desgosto com algum, contouAlhe tudo"
.$o omitiu nem mesmo as bebedeiras de Ben e o cheiro do horríel per<ume ulgar que senA
tira nele"
(n<urecido, ean saiu K procura de Ben, que saíra de casa ao amanhecer"
(ncontrouAo na pequena colina, encostado numa !rore, olhando para a !gua do rio que
corria clere em meio K planta#$o de algod$o"
Ben n$o ergueu os olhos para ele" *gnorouAo, simplesmente"
4 (u estaa certo a seu respeito, Ben 4 ean abordouAo" 4
)esgra#adamente certo" -maldi#No o momento em que um ento maligno leouAo para o
meu acampamento" %oc@ destrFi tudo o que toca"
Ben irouAse para encar!Alo, apertando os punhos"
— .$o se intrometa onde n$o chamado, ean 4 bradou
amea#ador, dando um passo K <rente"
— enho todo o direito" yan minha irm$ e arrependoAme
por n$o t@Alo matado quando ela o leou para o meio de nFs"
— )eieAme em pa?, ean" %! embora"
4 .$o antes de <a?er algo que deeria ter <eito h! muito tempo, pati<e"
ean lan#ouAse para a <rente e esmurrouAo no queio" Ben rodopiou e caiu contra
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a !rore, mas equilibrouAse e partiu na dire#$o do cunhado como um touro <urioso, todo o
desespero etraasando em iol@ncia"
-tingido por um soco no estNmago, ean caiu" olou no ch$o e tornou a pNrAse
de p, meio cambaleante" +s dois homens encararamAse, esperando o momento certo para
atacar noamente" Ben <oi o primeiro a aan#ar, esmurrando o queio de ean e golpeandoAo no estNmago com a m$o esquerda"
ean tornou a cair, mas agarrou a perna de Ben, derrubandoAo" olaram na
terra, socandoAse mutuamente e sem misericFrdia" 0utaam como c$es selagens e Ben
colocaa toda a raia contra o destino trai#oeiro nos golpes com que atingia ean"
- briga continuou, golpe contra golpe, sem nenhuma trgua" ean pensaa no
so<rimento de yan e sua raia aumentaa, mas aos poucos o cansa#o os dominou,
diminuindo a iol@ncia da luta" -inda assim continuaam a esmurrarAse" -s roupas <icaramsuDas e rasgadas e os dois tinham os rostos inchados e cortados, emplastrados de sangue e
pF, mas n$o se decidiam a parar" - raia represada em quin?e anos soltaraAse como a <Jria
da !gua que rompia as barreiras e inundaa tudo"
+ sol D! se punha quando <icaram estendidos no ch$o, sem <or#as para se moer"
( ali permaneceram, sob o cu aermelhado, por um tempo muito longo, calados e
imFeis"
4 (u sabia que oc@ ia magoar minha irm$, desgra#ado 4
ean <inalmente disse" 4 Como tee coragem de estar com outra
mulher, principalmente agora6 Pati<e, miser!el"
- acusa#$o demorou a penetrar o crebro embotado de Ben"
— +utra mulher6 4 ele espantouAse, apFs alguns segundos"
— Per<ume, yan sentiu per<ume em oc@, seu cr!pula" .$o
tem consci@ncia6 Eue tipo de animal oc@6
— &as n$o houe outra mulher, nunca 4 protestou Ben, atNnito" 4 F h! yan
em minha ida e sempre haer! apenas ela 4 declarou com a o? embargada de emo#$o"
2oi a e? de ean <icar perpleo" (rgueuAse lentamente nos cotoelos, sentindoAse
todo dolorido" +bserou o rosto de Ben e n$o iu mais que sinceridade absoluta nos olhos
que o <itaam sem pestaneDar"
4 &as suas aus@ncias""" suas bebedeiras""" %oc@ tem eitado
<icar com ela, abandonouAa so?inha naquele quarto" ( o per<ume"""
Ben <ran?iu o rosto, tomado de angJstia"
4 +h, meu )eus""" o per<ume" (stie na cidade, uma noite,
e <ui ao saloon. /ma mulher tentou <icar comigo, learAme para
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o quarto, mas eu n$o pude suport!Ala" (u n$o <aria isso com
yan"
Completamente aturdido, ean olhou longamente para Ben, notando a
epress$o torturada e o oralho de l!grimas que lhe umedecia os olhos"
— .enhuma outra mulher poderia tomar o lugar de yan 4Ben declarou" 4 Como puderam acreditar que isso <osse possíel6
— (nt$o, se n$o h! outra mulher, como eplica seu comportamento6 4
perguntou ean asperamente"
— %oc@ tem ra?$o" (u destruo tudo o que toco" R por isso que preciso lirar
yan da minha presen#a" R a Jnica maneira de""" 4 <e? uma pausa longa, dominando a
emo#$o" 4 (u tenho medo""" (u me culpo" + <ilho que coloquei no entre de minha mulher
ai mat!Ala" ale?, se eu <or embora, a maldi#$o n$o se abata sobre eles" .$o posso ser <eli? e yan <oi K Jnica que me amou com tanta intensidade" er! destruída para que eu
so<ra"
ean compreendeu a etens$o do so<rimento de Ben, enchendoAse de compai$o"
Por Ben, que n$o conseguia acreditar no amor e na <elicidade, e por yan, que n$o <ora
capa? de dissipar as dJidas e o receio que o atormentaam"
4 Ben 4 chamou em o? baia 4, yan n$o ai morrer" -s mulheres t@m <ilhos
o tempo todo, pelo mundo a<ora" &orrer de parto uma ece#$o, n$o a regra" + mdico
apenas deseDa que ela tenha cuidado"
Ben sentouAse penosamente e escondeu o rosto nas m$os"
— &inha m$e morreu ao dar Charlotte K lu?" &elody"""
— &elody suicidouAse" 2e? um aborto, entregandoAse Ks m$os de uma carniceira
qualquer" ( quando que oc@ ai deiar que a lembran#a de &elody se apague pelo
amor de )eus6
— &as"""
— R um idiota, Ben" .unca i ningum amar outra pessoa como yan ama oc@"
-ceite esse amor" =uardeAo como um tesouro" .$o deie que o <antasma de &elody o arruíne
como arruinou uma parte t$o grande de sua ida" .$o o deie destruir minha irm$"
(pulseAo para sempre de sua eist@ncia"
Ben apertou os l!bios, tentando reprimir as l!grimas, mas inutilmente" (las
desceram quentes e abundantes, tra#ando sulcos nas <aces suDas de sangue terra" ean
assistia a angustia su<ocante e seu cora#$o endurecido tambm chorou" Por seu amigo"
ocou no ombro de Ben, con<ortandoAo em sil@ncio"
2icaram no alto da colina at que o ento es<riou e as primeiras estrelas surgiram,
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salpicando o cu escuro" (nt$o montaram em seus caalos e deagar oltaram para casa"
*am em sil@ncio, mas um noo elo os estreitaa de maneira indestrutíel" )a oragem de Fdio
e da incompreens$o renascera a ami?ade, puri<icada e preciosa"
-penas uma Danela da casa do rancho deiaa a lu? <iltrarAse pelas cortinas" ean
e Ben desceram dos caalos e antes de entrar apertaramAse as m$os, num pacto decon<ian#a e a<eto"
Ben dirigiuAse para o quarto que compartilhara com yan, enquanto o cunhado
desaparecia no corredor, indo para os aposentos de hFspedes"
yan n$o estaa adormecida, mas mantinha os olhos <echados" +uiu Ben
entrar e percebeu que ele acendia o lampi$o na mesaAdeAcabeceira" F abriu os olhos
quando ele sentouAse na beirada da cama e passouAlhe a m$o numa das <aces com inacrediA
t!el ternura"(le sentiu uma pontada de remorso ao perceber amargura e receio nos olhos
castanhos"
— %oc@ realmente pensou que eu poderia me interessar por outra mulher6 4
perguntou com o? enrouquecida pela emo#$o"
— .$o sei""" &as com a raia que oc@ sentia de mim""" 4 ela murmurou com
um nF na garganta"
— (u n$o estaa com raia, amor" (staa apaorado" &orto de medo de perder
oc@"
omou uma das m$os delicadas e beiDouAlhe os dedos, um por um"
— Ben, oc@ n$o ai me perder, querido"
— Parece que eu n$o consigo parar de magoar oc@, meu amor" Pode me
perdoar6
(la puouAo para si, <a?endoAo pousar a cabe#a em seus seios passando as
m$os pelos cortes e tume<a#Les do rosto <erido"
4 .$o pense no que passou Ben" -gora nada importa" %oc@ oltou para mim"
(le estremeceu, reconhecendo a grande?a daquela alma que n$o conhecia o Fdio e
n$o hesitaa em perdoar" Euase perdera a mais aliosa das DFias, com sua estupide?, sua
cegueira" -bra#ouAa com etrema gentile?a e ela guiouAlhe uma das m$os at coloc!Ala sobre
o entre dilatado" + beb@ meeuAse e Ben <oi dominado por uma onda de ternura t$o <orte
que seu cora#$o saltou, emocionado"
(la abriu um espa#o na cama e ele deitouAse a seu lado, n$o conseguindo
su<ocar um gemido de dor"
4 %oc@ est! todo machucado e quando o i nem sabia o que pensar" +
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que aconteceu, Ben6
— ie um encontro com um urso <urioso"
— ( o urso""" aiu t$o maltratado quanto oc@6
4 Euase"
4 %ou ter de suportar o mau humor do urso, amanh$6(le riu baiinho"
4 -cho que n$o, meu amor" elamos um pacto de ami?ade eterna" -lm
disso""" -cho que ele aprendeu que n$o precisa mais proteger oc@"
(la suspirou de satis<a#$o e oltou a tatear o rosto inchado"
— Precisamos cuidar desses cortes 4 comentou"
— -manh$" -gora, sF quero te abra#ar"
(la aDeitouAse Dunto ao corpo dele, completamente <eli?"4 (u te amo, yan 4 ele murmurou" 4 ( te amarei sempre, por todos os dias
da minha ida"
Pela primeira e?, em sua eist@ncia tumultuada, Ben conheceu a pa?" (staam
Duntos e a ida abriaAse diante deles, luminosa"
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PrFimo lan#amento: Clássicos da )iteratura *om+ntica
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