1a. aula prof. telma regina bueno

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Arquivo utilizado na primeira aula do curso de Didatica no IPEC.

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Curso de Extensão em Didática Curso de Extensão em Didática do Ensino Superior (sábados)do Ensino Superior (sábados)

Profª. Telma Regina Bueno

AULA COMO COMUNICAÇÃO DOCENTE E COMO AULA COMO COMUNICAÇÃO DOCENTE E COMO PRÁXISPRÁXIS

Por que tratar do tema: “aula” diante de tantos problemas que parecem muito mais relevantes no contexto escolar?

A razão principal que justifica tal iniciativa advém do fato de que a aula constitui uma relação que se dá uma dada situação, num dado ambiente, num espaço-tempo onde se fazem presentes todos aqueles grandes problemas próprios do processo de interação educativa, onde professores e alunos se encontram para a comunicação e o desenvolvimento de um programa de formação, de profissionalização e de aprendizagem; tudo isso contextualizado por diferentes mundos: o mundo do professor, o mundo do aluno; o mundo do programa.

A forma como se dá o processo de relação e de interação (comunicação) entre esses três mundos, marcará e desvelará – entre outras coisas – a concepção que o professor tem da aprendizagem e do processo ensino-aprendizagem; do papel que ele (docente) desempenha nesse processo; o papel que cabe ao aluno; a visão de mundo e da sociedade contemporânea: de sua competência pedagógica e política.

Revelará ainda, a concepção de teoria/prática que ilumina e norteia a caminhada docente; a concepção de ciência e realidade no cotidiano escolar e de suas vinculações e interfaces com um modo complexo e globalizado. A forma de comunicação docente revelará também a existência ou não de articulação do processo ensino-aprendizagem com as diretrizes da política educacional do Ministério da Educação e do Desporto (MEC), bem como com o projeto didático-pedagógico da instituição concreta onde a aula está se realizando.

A aula vista desse ângulo, se reveste de um caráter de pequeno mundo, no qual as ações e interações dos diversos sujeitos traduzem os sonhos, as expectativas, as angústias, as decepções de professores-alunos-programas. É nesse cenário complexo, e ao mesmo tempo interativo, do dia-a-dia da sala-de-aula onde está ocorrendo a educação dos nossos educandos e educadores. Sim, nós educamos e nos educamos no seio desse processo interativo e de reciprocidade.

Isso posto, nos parece relevante e

pertinente que façamos uma reflexão sistemática organizada, contínua, de forma interrogativa e questionadora, a cerca do ser e do saber no interior do espaço acadêmico da sala-de-aula.

É nesse contexto e nesse sentido que a aula se apresenta como uma atitude de prática e de práxis (ação/reflexão/ação...).

No interior do processo ensino-

aprendizagem se fazem presentes as variáveis: ser, querer, poder, saber, dever, fazer, articuladas entre si e tendo como pano de fundo a atitude de prática de práxis.

Ser implica auto-conhecimento. Querer revela vontade política. Poder significa disponibilidade dos meios para a ação. Saber tem a ver com a competência didático-pedagógica para o fazer. Dever de apresenta como a dimensão ético-política do dever-fazer. Fazer assume a característica de práxis: estou fazendo o que quero, posso, sei e devo?

A aula é um espaço de con-vivência humana e relações pedagógicas.

Nesse espaço de vida vivenciada a aula assume um caráter de relação e interação com a realidade, onde há lugar para a discussão, para o estudo, para a pesquisa, para o debate e para o enfrentamento de tudo que constitui o ser e a existência na sua complexidade. Nesse pequeno mundo estão presentes as contradições, as transformações, o dinamismo e a força do ser humano com seus valores, com a sua historicidade.

A sala de aula é um mundo onde coexistem diferentes mundos. A comunicação docente (aula) se dá no seio dessa complexidade. É um espaço aberto impregnado de fatos, acontecimentos, estudos, análises, conflitos, competições, prioridades, tudo isso numa relação e numa interação contínua e constante com o mundo exterior (a realidade).

A aula terá tanto mais sentido para alunos e professores, quanto mais próxima ela estiver dessa realidade. É o vivido, o científico, o atual, o desafio. Assim, torna possível o confronto com o cotidiano para aprofundá-lo, apropriar-se dele e superá-lo. Os desafios postos pela prática social de cada sujeito se transformam em novas buscas que proporcionam novas descobertas; que geram novos desafios. Unindo, dessa forma, teoria e prática restabelecendo o elo perdido necessário entre o pensar e o fazer.

A aula é um espaço de con-vivênciamúltipla, onde as diversas áreas do conhecimento se confrontam e se fecundam, num processo de busca constante e contínua de construção e reconstrução de significados para cada universo individual. É nessa dinâmica que se vai construindo e reconstruindo historicamente o sujeito epistêmico: sujeito do conhecimento.

A aula, enquanto prática & práxis favorece e possibilita a superação das dimensões espaço-tempo. Ali se fazem presentes – simultaneamente – o próximo e o remoto; o imediato e o mediato; passado, presente e futuro – tudo a se confundir e a se misturar num processo incessante de busca da síntese. Aí, não há lugar para fragmentos de conhecimentos, nem para qualquer tipo de reducionismo. As convivências e as informações se constituem em ingredientes fundamentais e indispensáveis para a construção da síntese. Síntese é conhecimento.

O conhecimento é a base para qualquer formação – intelectual ou profissional. Conhecer é apreender o sentido do meu universo – interior e circundante. É a descoberta do meu eu no mundo e como o mundo. Nesse sentido, cada área do conhecimento contribui com sua parcela para o processo de construção e reconstrução de um significado dinâmico maior, e cada vez mais complexo. A certeza cede lugar para a incerteza. O ensinar cede lugar para o aprender a aprender.

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