01286051 - contos escolhidos monteiro lobato

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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRATICA

, ^ A T ^ Í ~ REGISTRADO(A) SOB N° ACÓRDÃO I,» mi l mi mi

Vistos, relatados e discutidos estes autos de

APELAÇÃO CÍVEL COM REVISÃO n° 416.464-4/0-00, da Comarca de

SÃO PAULO, em que são apelantes e reciprocamente apelados

JOYCE CAMPOS KORNBLUH e OUTROS e EDITORA BRASILIENSE S/A:

ACORDAM, em Terceira Câmara de Direito Privado do

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, proferir a

seguinte decisão: "DERAM PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO DOS

AUTORES E NEGARAM PROVIMENTO AO DA RÉ, V.U.", de conformidade

com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos

Desembargadores DONEGÁ MORANDINI (Presidente, sem voto),

MARIA OLIVIA ALVES e ANTÔNIO MARIA.

São Paulo, 24 de abril de 2007.

ADILSON DE ANDRADE Relator

7x

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

3a Câmara de Direito Privado

Voton0 412 Apelação c/ revisão n° 416.464,4/0-GG Comarca: Foro Regional Tatuâpé-03VC Ação: Direito autora! e rescisão contratual e perdas e

danos Apíe(s).: Joyce Campos Kornbluh (e outros} e outro Apdo(a)(s).: Editora Brasüiense S/A e outro

Direito autorai-Coníraío de edição -Publicação por editora da obra denominada "Contos Escolhidos", constituída de textos retirados de famosas obras de Monteiro Lobato, violando os direitos autorais pertencentes aos herdeiros do escritor-Violação a disposição contratual, culminando na sua resolução - Recurso parcialmente provido dos autores-apelanies e improvido o da ré-apelante.

Trata-se de Ação de Rescisão

Contratual c/c Indenização por perdas e danos pe!o Rito Ordinário

ajuizada por Joyce Campos Kornbluh e outros contra Editora

Brasiliense S A julgada extinta por ilegitimidade ativa da empresa

ML Licenciamento S/C Ltda, nos termos do artigo 267, III do CPC e

parcialmente procedente, pela r sentença de fls 376/38;

Apelação Cível n° 416 464 4/0-00-voto n° 412-Origem Foro Regional Tatua

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

A r sentença cujo relatório se adota,

condenou a ré a suspender a comercialização da obra indicada na

inicial e condenou-a a pagar aos autores o valor dos exemplares

vendidos a ser apurado em liquidação. Entendeu ainda que a

publicação das obras não previstas no contrato não é fundamento

suficiente para a resolução dele, caracterizando apenas violação ao

inciso I do art 29 da Lei do Direito Autoral. Quanto ao pedido de

dano moral julgou-o indevido.

Irresignados, apelam autores e ré

aqueles, sustentando a existência do dano moral ante a violação

dos direitos autorais dos quais os apelantes-autores são detentores

e que a não condenação dos requeridos implicaria na continuidade

de práticas de atos lesivos a outros autores. Pleiteiam o pagamento

do valor correspondente a três mil exemplares, além dos

apreendidos Alegam ainda que a apelada infringiu os direitos que

lhe foram concedidos contratualmente a partir do momento que

editou obra que não figurava no contrato, motivo pelo qual deverá

ser rescindido

A ré-apelante, por sua vez, alega

preliminarmente, a prescrição da presente ação em razão da

aplicação da regra especial contida no artigo 178, § 10, inciso VII do

CC/1916 e o artigo 131 da Lei n° 5988/73 os quais estabelecem o

prazo de 5 (cinco) anos contados a partir da data da contrafação

Apelação Cível n° 416 464 4/0-00- voto n° 412- Origem* Foro Re^íortarTatuapé-03VC

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para a propositura da ação por ofensa a direitos autorais. No caso,

os autores ajuizaram após 11 (onze) anos.

Quanto ao mérito, alega que a

reprodução de alguns contos dos livros Urupês, Cidades Mortas e

Negrinha, na obra Contos Escolhidos não configura violação a

direitos autorais, pois a ré-apelante já detinha os direitos de editar

os contos que integravam tais livros. Aduz ainda que houve clara

identificação de que o autor dos contos é Monteiro Lobato, não

havendo modificação de seu conteúdo e que a única intenção foi

disseminar as obras de Monteiro Lobato.

Recursos tempestivos, preparados e

respondidos.

É o relatório.

A preliminar de prescrição suscitada

pelo apelante-réu deve ser afastada uma vez que o artigo 178 do

Código Civil de 1916 foi revogado pela Lei 5.988/73, por tratar-se de

norma posterior que regulou inteiramente a matéria tratada em

norma anterior. Sucessivamente a Lei 9 610/98 - também de

direitos autorais - revogou expressamente a Lei 5.Q88A73 que,

desse modo, não mais poderia ser utilizada. Entretanto referida Lei

não previa prazo prescricional

Assim, entre a data em que entrou em

vigor a norma de 1998 (jun/98) e a entrada em vigor do Código Civil Apelação Cível n° 416 464 4/0-00- voto n° 412- Origem Foro Regional Tatuapé-03VC

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de 2002 (jan/03), não havia previsão legal para os prazos

prescricionais Para solução de tal questão o prazo prescricional

adotado passou a ser o prazo genérico do Código Civil estabelecido

no artigo 177 combinado com o artigo 179. Destarte, rejeita-se a

alegação de prescrição formulada pela ré-apelante eis que a ação

foi ajuizada dentro do prazo vintenário

Adquirido o direito de edição para livro,

o adquirente não poderá utilizá-la na televisão, internet ou outro

sistema de comunicação. As utilizações devem, sempre, constar do

contrato, caso contrário o autor deverá emitir autorização para a

nova forma ou meio de divulgar a obra.

No mérito o recurso da requerida não

prospera.

A questão gira em torno de se

reconhecer ou não, a violação dos direitos autorais dos legítimos

detentores quando a requerida editou a obra Contos Escolhidos.

Verifica-se no contrato de fls. 43/44,

que o consagrado escritor José Bento Monteiro Lobato concede à

Editora Brasiliense Ltda , com exclusividade, o direito de editar suas

obras completas, as quais estão elencadas no artigo 2o.

Frisa-se que, dentre elas, não há

previsão de lançamento de obra denominada "Contos Escolhidos".

Ainda que de conteúdo oriundo de trechos das obras autorizadas Apelação Cível n° 416 464 4/0-00- voto n° 412- Origem, Foro Regional Tatuapé-03VC

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para sua edição e publicação, não há cláusula expressa de

permissão de reunião de obras.

Em verdade, trata-se de uma nova

obra, pois à requerida não foi concedido o direito de reprodução

parcial, nem mesmo reunião de contos para criação de um novo

livro, inclusive com novo título, o que desnaturaria a essência das

obras já consagradas.

Assim, a obra não deveria ter sido

editada sem a autorização pelos autores, de modo que houve a

violação a direitos autorais, dos quais os ora apelados, são

verdadeiros detentores

Ante a violação das cláusulas

pactuadas, a extinção contratual, é medida que se impõe.

Nesse sentido já se decidiu:

CONTRATO DE EDIÇÃO - Pedido de extinção dos contratos ou de

revisão judicial de cláusula - Ação julgada procedente, com a

extinção dos contratos por resilição - Contratos de trato sucessivo,

de execução continuada, ajustados por prazo indeterminado -

Possibilidade de resilição mediante denúncia unilateral - Contratos

que não se confundem com os de cessão de direitos autorais -

Recurso improvido. (Apelação Cível n. 239.253-1/6 - São Paulo - 8a

Câmara de Direito Privado - Relator: César Lacerda - 11.06.01 -

V.U.) \l//Js^ Apelação Cível n° 416 464 4/0-00- voto n° 412- Origem1 Foro Regional Tatuape-03VC

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Não se vislumbra a possibilidade de

dano morai pleiteado peios autores, uma vez que o inadimplemento

contratual, no caso, não é suficiente para sua configuração

Como se sabe, o dano morai confere

ao prejudicado compensação pelo constrangimento, pela dor, enfim

pela humilhação a que foi submetido, originada do desrespeito ao

seu direito

A propósito já se decidiu: OBRA

DIDÁTICA - Contrato de edição - Prazo expirado - Nova edição

lançada - Inadmissibilidade • Violação de direito autoral -

Ressarcimento dos danos patrimoniais devido (TA MG) RT 616/182.

E, ainda.

INDENIZAÇÃO - Violação de direito

autoral - Utilização indevida de obra intelectual - Abrangência dos

danos morais e patrimoniais - Inadmissibilidade - Exibição da obra

para fins publicitários relacionados com a venda de produto,

causando apenas prejuízo material ao autor - Inocorrência de

contrafação grosseira que indicasse decadência daquele,

ensejando dano moral - Verba excluída (TJSP) RT 633/71.

Quanto aos danos materiais, correta a

fixação pelo Magistrado que deve ser mantida.

Apelação Ove! n ' 416 46* 4/0-0Q- voto n" *12- Origem Foro Regional TatuapG-Ü3\/C

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TRIBUNAL DE J Ü S T I Ç A DO ESTADO DE SÃO FAui-O

Pelo exposto dá-se parcial provimento

ao recurso dos autores-apelantes, declarando-se rescindido o

contrato firmado entre as parte, mantendo-se a fixação quanto ao

dano material, tão somente, negando-se provimento ao recurso da

ré-apelante

ANDRADE

Apelação Cível n° 416 464 4/0-00- voto n° 412- Origem Foro Regional Taluapé-03VC

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