amor, qualidade e seguranÇa. · 2019. 3. 28. · homenagem: o amor ultrapassando décadas: quando...

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AS INTERFACES DO CUIDAR: AMOR, QUALIDADE E SEGURANÇA. A qualidade de calor transferido ao paciente é o principal determinante na prevenção da instalação de hipotermia no transoperatório. Lean: Uma metodologia da indústria de produção e seus impactos quando utilizada nos serviços de emergência. Ano 9 / Número 9 - 2019 ISSN 2448-4490

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AS INTERFACES DO CUIDAR: AMOR, QUALIDADE E SEGURANÇA.

A qualidade de calor transferido ao paciente é o principal determinante na prevenção da instalação de hipotermia

no transoperatório.

Lean: Uma metodologia da indústria de produção e seus impactos quando utilizada nos serviços de emergência.

Ano 9 / Número 9 - 2019ISSN 2448-4490

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11998_Unimed_Campanha Institucional 2018_Anuncio Revista - Santa Isabel - 1PG - 210x300mm_Cancer Mama_B2.pdf 1 28/02/2019 09:52

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11998_Unimed_Campanha Institucional 2018_Anuncio Revista - Santa Isabel - 1PG - 210x300mm_Cancer Mama_B2.pdf 1 28/02/2019 09:52

Índice

Editorial: Amar é cuidar com amor! 4

Artigo: Ações humanizadas no serviço de emergência 5

Artigo: Infecção do sítio cirúrgico relacionada à hipotermia em cirurgias cardíacas 10

Artigo: Estratégias de comunicação no processo do cuidado 14

Homenagem: O amor ultrapassando décadas: quando a superação e dedicação são capazes de contagiar 19

Opinião: Gestão, assistência e o processo de cuidar 22

Artigo: Promoção e intervenção interdisciplinar nos riscos ocupacionais osteomusculares do centro de material e esterilização: relato de experiência

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Opinião: Acreditar que podemos ser diferentes. 29

Notícia: Associação Congregação de Santa Catarina lança o Modelo Assistencial da Enfermagem (MAE) 30

Notícia: Hospital Santa Isabel acreditado pela ONA - Organização Nacional de Acreditação 32

Notícia: Visita estendida na UTI 33

Artigo: Impactos gerados por meio da utilização da filosofia Lean no serviço de emergência 34

Notícia: Saúde x tecnologia – Pioneirismo do HSI traz a cirurgia robótica ao estado de SC e o coloca no seleto grupo de hospitais do Brasil com disponibilidade da tecnologia

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Notícia: Construindo uma cultura de segurança: uma abordagem multidisciplinar 44

Notícia: Se alguma coisa importa para o paciente, então importa para o Hospital Santa Isabel 45

Opinião: Difícil decisão!? 46

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Editorial

AMAR É CUIDAR COM AMOR!Caro leitor,

Apresentar uma postura dedicada aos estudos dos valores morais e princípios ideais do comportamento humano perante a sociedade, amor ao próximo e ter compromisso com a qualidade e segurança dos serviços prestados em saúde, é fundamental para proporcionar assistência com qualidade e consciente, pois estas atitudes caracterizam um profissional importante para a estrutura da empresa.

Na busca da melhoria continua e da satisfação do cliente interno e externo, é com satisfação que compartilhamos, nesta edição, estudos que permeiam as Interfaces do Cuidar: Amor, Qualidade e Segurança do Paciente. Os artigos científicos e opiniões sobre a temática ratificam que a equipe gestora e assistencial aplicam ferramentas técnicas e científicas, e demonstram os resultados conquistados, bem como estudam estratégias com o intuito de testar os progressos e adotá-las na prática assistencial.

Esta experiência demonstra que a qualidade da assistência em saúde e a segurança andam de mãos dadas. Evidenciam comprometimento do serviço de saúde, principalmente a valorização da equipe na busca constante pela excelência dos seus processos. Por outro lado, qualidade são práticas relacionadas ao cuidado, que atendem às expectativas dos clientes, não somente no atendimento técnico e científico, mas em um conjunto de fatores que envolvem a prática e interligam o cuidar com amor e respeito, tanto na individualidade de cada paciente, quanto na coletividade, bem como promove a independência em quanto sujeito no seu autocuidado.

“Cuidar de si mesmo, cuidar dos outros, ser cuidado por alguém”, podemos dizer que cuidar é um processo de interação que caracteriza compreender quem está sendo cuidado e é indispensável ao homem. Cuidar na enfermagem é “cuidar com amor”, vigilante na segurança à vida com o propósito de aumentar a probabilidade de melhorar à assistência. Diante da globalização e das mudanças da atualidade, “a cada degrau que se sobe, existe um novo para subir”, alertando para que o conceito de melhoria contínua deixe de ser um benefício, para se tornar uma obrigação!

Expediente

Diretor Executivo:Juliano Petters

Diretor de Operações:Dirceu Rodrigues Dias

Gerente de Administração e Apoio:Maria Luiza Sônego

Gerente Assistencial:Márcia Regina Fidauza

Diretora Técnica:Marianne Ramos de Lima e Silva

Diretor Clínico:Sérgio Luiz Zimmermann

Projeto Gráfico:PSD Estúdio (47 3285 6527)

Conselho Editorial:Enfª Márcia Regina FidauzaEnfª Juciane Rosa Gaio FratiniEnfº Clóvis Fernando DaroltEnfª Michele dos Santos MarianoGraziela CorrenteLetícia da Silva VeneraGabriel Elias da Silva

Fotos: Arquivo HSIInternet

Foto de capa: Gabriel Elias da Silva

Revisão Ortográfica:Letícia da Silva Venera (Coordenadora de Comunicação)Gabriel Elias da Silva (Analista de Comunicação)

Impressão:Tipotil Indústria GráficaRua Fritz Lorenz, 1114 89120-000 - Distrito IndustrialTimbó – Santa Catarinawww.tipotil.com.brFone: 47 3382-2238

Tiragem:1.000 exemplares

Associação Congregação de Santa Catarina - ACSCHospital Santa IsabelRua Floriano Peixoto, 30089010-906 – CentroBlumenau – Santa Catarinawww.santaisabel.com.brFone: 47 3321-1000 / 3321-1001

Enfª Juciane Rosa Gaio Fratini

Coord. Regional Contas Médicas ConvênioMestre em Saúde e Gestão do Trabalho

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Artigo

Andrea Santiago*

*Graduada em enfermagem. Especialista em gestão em saúde.

AÇÕES HUMANIZADAS NOSERVIÇO DE EMERGÊNCIA

RESUMO O estudo tem como objetivo relatar as ações humanizadas prestadas aos

pacientes e familiares, pela equipe de enfermagem no serviço de Emergência. A unidade de emergência oferece serviços de alta complexidade e diversidade no atendimento a pacientes em situação de risco iminente de morte. Trata-se de um estudo qualitativo exploratório, realizado no Serviço de Emergência de um hospital de alta complexidade, referência em neurologia e cardiologia para toda região do Médio Vale do Itajaí, Santa Catarina. Concluiu-se através deste estudo que o atendimento humanizado, nos setores de urgência e emergência, é permeado desde grandes ações a pequenas ações diárias como realizar um desejo culinário, à disponibilidade de realizar atividades que o paciente fazia fora do ambiente hospitalar. Trata-se de uma temática de grande relevância a ser considerada nas discussões sobre a estruturação e sistematização das equipes de atendimento deste serviço, que pode resultar em desenvolvimento de novas ações de humanização.

Palavras-chave: Humanização na assistência. Serviço de emergência. Paciente.

INTRODUÇÃO

A unidade de emergência oferece serviços de alta complexidade e diversidade no atendimento a pacientes em situação de risco iminente de vida. No entanto, as tecnologias avançadas utilizadas neste atendimento, nem sempre garantem a qualidade da assistência, pois, há influência decisiva de fatores relacionados ao objeto e à força de trabalho neste processo.

Na busca pela estabilização das condições vitais do paciente, o atendimento se dá por meio do suporte à vida, exigindo agilidade e objetividade no fazer de toda equipe envolvida no atendimento a esses pacientes. Surge a tensão como uma característica decisiva deste ambiente de trabalho. Ambiente no qual a equipe de saúde responsável pelo serviço de emergência vive diariamente sob pressão, ocasionada pela necessidade do ganho de tempo, pela rapidez e precisão da intervenção, pela elevada demanda de atendimentos e experiências diárias de morte3.

Os pacientes, por sua vez, encontram-se tensos e temerosos perante o desconhecido ambiente e profissionais, muitas vezes sentem-se fragilizados. Torna-se, pois um desafio para a enfermagem na construção de sua prática diária inserir ações humanizadas, considerando o cenário que se apresenta diariamente, no serviço de Emergência especialmente.

Nesse contexto, faz-se de grande importância uma reflexão por parte das instituições e pessoas envolvidas no âmbito da assistência à saúde, especialmente às relacionadas aos atendimentos de emergência, sobre a humanização, pois essa que vem sendo pouco exercida diariamente dando lugar ao tecnicismo.

O presente artigo tem por objetivo relatar que é possível a realização de práticas humanizadas, visto a complexidade desse ambiente no qual a equipe de enfermagem está diretamente inserida e interligada.

MÉTODO

Trata-se de um relato de experiência, que visa demonstrar ações humanizadas que a equipe de Enfermagem desenvolve no Serviço de Emergência, em um Hospital de grande porte, e alta complexidade.

Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, elaborado com base nas atividades práticas da enfermagem no serviço de Emergência. Esse tipo de estudo

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Artigopermite a descrição de situações vivenciadas pelos autores, com a finalidade de reforçar a importância do feito na construção e remodelação dos saberes científicos e populares6.

O estudo foi realizado entre os meses de dezembro de 2018 e janeiro de 2019, num Serviço de Emergência, referência em atendimentos de Cardiologia, Neurologia, Politraumatizados. Para embasar o estudo foram coletadas informações do sistema TASY, usado na instituição, sendo filtrando-se a metodologia que é utilizada para acolher os pacientes no serviço de emergência; coletado histórias do Acervo do “Movimento O que importa para você “da Instituição e ações que envolvam a humanização no serviço de emergência.

ANÁLISE DOS DADOS

A INSTITUIÇÃO PESQUISADA DESENVOLVE MÉTODOS DE HUMANIZAÇÃO CONFORME:

1. Acolhimento com Classificação de RiscoO objetivo dos Serviços de Urgência e Emergência Hospitalar é atender indivíduos

com comprometimento grave no seu estado de saúde. Em virtude do crescente número de atendimentos no setor de emergência, houve preocupação por parte dos serviços de emergência no Brasil e no mundo, quanto ao uso de alguma metodologia que consiga identificar melhor os atendimentos prestados7 e garantir um atendimento seguro ao paciente.

O Ministério da Saúde visando garantir melhoria na qualidade da assistência prestada nos serviços de urgência e emergência, em 2004 propôs a Política Nacional de Humanização (PNH). O intuito foi o de proporcionar qualidade na atenção às urgências e solucionar os problemas preexistentes, reorganizar o processo de trabalho e impor mudanças na prática da assistência e gestão de saúde. O meio encontrado para tal finalidade foi o acolhimento com avaliação e classificação de risco, dessa forma, o atendimento é organizado de acordo com o grau de necessidade e não por ordem de chegada5.

O acolhimento com classificação de risco tem como finalidade principal a priorização do atendimento ao paciente considerado mais grave, mediante a um protocolo adotado, não tendo a finalidade de excluir ou rejeitar os pacientes, mas de organizar o fluxo e selecionar os atendimentos mais adequados a cada caso. Como consequência espera-se uma melhora no tempo e recursos utilizados, racionalizando os acessos, fluxos internos, resolutividade do serviço e satisfação do cliente e da equipe de saúde”4.

Com os serviços de urgência e emergência cada vez mais superlotados, sem darem conta de atender a demanda que lhes bate à porta, entendeu-se a urgente necessidade de criar uma ferramenta para organizar a fila de atendimento, evitando assim possíveis danos causados aos pacientes, em decorrência do tempo de espera. O propósito do protocolo é para além de aliviar o sofrimento do paciente, principalmente, salvar vidas. Sendo que o tempo resposta em alguns casos pode ser decisivo para reversão do quadro apresentado6.

Existem vários sistemas para classificação de risco sendo aplicados no mundo. No Serviço de Emergência na instituição em estudo utiliza-se o Protocolo de Classificação de Risco Manchester.

Foi desenvolvido pelo Manchester Triage Group e começou a ser utilizado nos serviços de emergência do Reino Unido a partir de 1996. No Brasil, o estado de Minas Gerais foi pioneiro na utilização do Sistema de Triagem de Manchester sendo que este sistema foi adotado como política pública a partir de 2008, principalmente pelo fato de não ser baseado em presunção diagnóstica, mas centrado na queixa apresentada, pois nem sempre um diagnóstico define a urgência do atendimento4. O Protocolo serve para priorizar a gravidade do paciente de acordo com sua queixa, sinais e sintomas, de maneira rápida, sem realizar diagnósticos, de maneira que o paciente seja priorizado com o nível de urgência para seu atendimento de acordo com o tempo limite que possa aguardar sem sofrer danos, diante da gravidade da sua demanda de saúde6.

Com intuito de garantir a segurança do paciente e acolhê-lo de forma humanizada o Serviço de Emergência utiliza o Protocolo de Manchester, onde quem realiza a classificação é o Enfermeiro. É utilizada uma sala pós-classificação, onde os pacientes ficam aguardando a consulta médica após a classificação de risco.

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Artigo2. Movimento o que importa para vocêEm inglês, “What matters to you?”, é uma ideia que surgiu primeiramente em

um artigo publicado em 2012 no renomado jornal científico The New England Journal of Medicine. Nele, os autores discutem a importância de um cuidado centrado na pessoa, que respeite os valores e a individualidade de cada um, invertendo o foco da preocupação de “qual é o problema?” para “o que importa para você?”. A ideia foi se espalhando, tornando-se uma campanha internacional promovida pela organização norte-americana Institute for Healthcare Improvement. Em 2014, a Noruega criou um dia para promover a ação, 6 de junho, que acabou se tornando a data oficial da campanha. O movimento o que importa para você “é uma campanha que tem como principal objetivo estimular conversas significativas entre os profissionais de saúde e os pacientes, criando um vínculo de compaixão e empatia, o que garante um atendimento completamente diferenciado8.

A ACSC, entidade filantrópica gestora de diversos hospitais, escolas e casas de assistência social em todo o Brasil, foi a primeira instituição da América Latina a aderir ao movimento e pretende fortalecê-lo7.

O embaixador da campanha, Shaun Maher, Conselheiro Estratégico do Governo Escocês para Melhoria e Cuidado Centrado na Pessoa, quando questionado, no 1º Fórum do O que importa para você no Brasil em 2017, sobre a realização desse movimento nos serviços de emergência, informou que esse seria um grande desafio para a equipe assistencial, visto que os pacientes/acompanhantes e familiares estão em uma situação aguda de dor, stress e desalento.

No Serviço de Emergência das casas da ACSC (Associação Congregação de Santa Catarina) é realizado o movimento “o que importa para você?” sendo a instituição, uma precursora desse movimento, nessa área específica, no Brasil.

Considerando a imprevisibilidade, o ritmo acelerado de trabalho, a vigilância constante, e a busca incessante pela manutenção da vida, torna-se um desafio pensar em assistência humanizada no âmbito emergencial. Em meio às frequentes dificuldades diárias, sobrecarga da equipe de enfermagem, buscar inspiração nos pacientes para realizar essas ações, fazem com que a experiência paciente/profissional se torne menos traumática e mais acolhedora.

Como exemplo, é possível citar um paciente que estava internado, aguardando cateterismo no dia do seu aniversário. Ele referiu que, como presente, gostaria de ser transferido para um quarto. A equipe de enfermagem cantou parabéns para ele, juntamente com seus familiares, levou balões, escreveu um cartão e o presenteou com um cupcake. O paciente, Sr. D. ficou muito feliz por ter sido lembrado e como ele mesmo citou: “por não terem deixado passar “em branco” seu aniversário”. Neste mesmo dia, antes do fim da tarde, após análise da equipe sobre o quadro de saúde dele, o Sr. D. teve seu desejo realizado, pois foi transferido para um leito da enfermaria.

FIGURA 1 – Comemoração de aniversário de paciente do Serviço de Emergência - Movimento o que importa para você?

Fonte: Acervo HSI, 2018

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ArtigoOutro caso foi de um paciente que aguardava em observação o resultado de exames e relatou que gostava muito da música “Benção da Família”. Prontamente toda equipe se reuniu: higienização, enfermagem, farmácia e internação noturno e fizeram um lindo coral. Cantaram para o Sr. L., que após ouvir a música, gravou um vídeo emocionado, agradecendo aquele momento para toda equipe.

FIGURA 2 – Apresentação de canto para paciente do Serviço de Emergência - Movimento o que importa para você?

Fonte: Acervo HSI, 2018

O paciente M.S ao ser questionado: “O que importava para você?” Respondeu à enfermeira com os olhos marejados: “Quero um rim”! A enfermeira naquele momento soube contornar a situação perguntando se poderia fazer algo ao alcance dela, para melhorar o dia dele. Ele entendeu e pediu a ela um “iogurte de morango!”

FIGURA 3 – Equipe entregando iogurte para o paciente - Movimento o que importa para você?

Fonte: Acervo HSI, 2018

3. Apoio à famíliaO acolhimento aos familiares no exercício da enfermagem é de extrema importância,

pois eles fazem parte do processo de cura dos pacientes em situações de Emergência.Sempre que a situação permite, proporcionamos um momento de encontro entre

a família e o paciente. Isto acontece durante o transporte do paciente para exames, na transferência para outra unidade, ou até na própria sala de emergência, quando possível. Sentimos que essa convivência permite que o paciente e seu familiar sintam-se conectados.

Outra ação que é desenvolvida com acompanhantes e familiares, é que no dia instituído do que importa para você (06/06) e em datas comemorativas como dia dos pais, das mães e natal, é permitido aos pacientes receber visita de familiares e amigos dentro da emergência.

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Artigo A complexidade dos cuidados prestados à pessoa em situação crítica num serviço

desta natureza, pode fazer com que se negligencie, em alguns momentos, a família. E as necessidades familiares são muitas vezes colocadas em segundo plano, já que num contexto de urgência e emergência, os enfermeiros tendem a valorizar as necessidades da pessoa que cuidam1.

Sendo assim, a presença da família no contexto do atendimento ao paciente na emergência ainda é um paradigma que precisa ser quebrado. Há um preconceito e resistência da equipe assistencial de envolver o familiar e permitir o acesso dele dentro do serviço de emergência, porém em diversos casos a presença deste antes ou após o atendimento, desencadeia maior tranquilidade aos pacientes. A instituição na qual o estudo foi realizado preconiza como valor que o cuidado seja prestado tendo como centro o paciente e a família, portanto é de suma importância que esse apoio seja dado aos familiares.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesse trabalho, o objetivo foi demonstrar que é possível realizar ações humanizadas no serviço de emergência. A humanização no serviço de emergência significa dedicar atenção ao paciente como um todo, englobando desde o contexto familiar ao social. Deve-se incorporar os valores, sentimentos, e os aspectos culturais e emocionais de cada um. Observamos que a humanização não é apenas uma questão de mudança e aprimoramento de técnicas e instalações físicas, mas, sobretudo define uma mudança de comportamento e de atitudes na atenção ao paciente e seus familiares. A responsabilidade da equipe deve se estender para além das intervenções assistenciais, enxergando o paciente em todas suas dimensões, através do cuidado centrado na pessoa, realizando também o que de fato importa para ele.

Considera-se através deste estudo que o atendimento humanizado, nos setores de urgência e emergência, é permeado desde grandes à pequenas ações diárias, como realizar um desejo culinário, à disponibilidade de realizar atividades que o paciente fazia fora do ambiente hospitalar. Trata-se de uma temática de grande relevância a ser considerada nas discussões sobre a estruturação e sistematização das equipes de atendimento, que pode resultar em desenvolvimento de novas ações humanizadas.

REFERÊNCIAS

1. BATISTA, Marco Job et al. Presença de familiares durante situações de emergência: a opinião dos enfermeiros do serviço de urgência de adultos. Rev. Enf. Ref. [online]. 2017, vol. ser IV, n.13, pp.83-92. ISSN 08740283. Disponível em: http://dx.doi.org/10.12707/RIV16085.2. DAL PAI, Daiane; LAUTERT, Liana. Suporte humanizado no pronto socorro: um desafio para a enfermagem. Rev. bras. enferm. Brasília, v. 58, n. 2, p. 231-234, Apr. 2005. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672005000200021&lng=en&nrm=iso>.accesson 11 Feb. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672005000200021.3. GOMES, R. A Análise de Dados em Pesquisa Qualitativa. In: MINAYO, M. C. S. (Org.) et al. Pesquisa Social: Teoria, Método, e Criatividade. Petrópolis: Vozes, 2004. pp. 67-80.4. GRUPO BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO. Associação entre Sistema Manchester de Classificação de Risco e Protocolo de Sepse. História da classificação de risco: no mundo. Workshop - Gestão avançada em serviços de urgência. Belo Horizonte, MG, 2013. Disponível em: <http://www.gbcr.org.br>. Acesso em: 1 fev. 20195. Humaniza SUS: política nacional de humanização. Ministério da Saúde, Secretaria- Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Brasília. 20036. Minayo, CS. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 26ª ed. Petrópolis: Vozes; 2007. 7. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.601, de 7 de julho de 2011. Estabelece7. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. O Humaniza SUS na atenção básica. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2009. 40 p. (Série B. Textos básicos de saúde). Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/humaniza_sus_ atencao_basica.pdf>. Acesso em: 01 fevereiro de 20198. O QUE IMPORTA PARA VOCÊ. Disponível em www.acsc.org.br/oqueimportaparavoce.

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Artigo

INFECÇÃO DO SÍTIO CIRÚRGICO RELACIONADA À HIPOTERMIA EM CIRURGIAS CARDÍACAS

RESUMO

A Infecção de Sítio Cirúrgico é definida e relacionada à procedimentos cirúrgicos, e também classificada conforme o plano orgânico acometido: incisional superficial, incisional profunda e órgão/cavidade. Sendo a incisional superficial: que envolve pele e tecido subcutâneo; incisional profunda: envolve tecidos moles profundos, como fáscia e/ou músculos; e órgãos/cavidade: envolve qualquer órgão ou cavidade denominada, geralmente, mediastinite, em cirurgia cardíaca³. Os fatores de risco relacionados ao desenvolvimento da ISC na cirurgia cardíaca estão relacionados com o período pré-operatório, como: idade avançada, diabetes mellitus não controlado, obesidade, tabagismo, longo tempo de internação no pré-operatório; e os relacionados com o transoperatório, como: tempo cirúrgico, tricotomia, hipóxia e hipotermia². O objetivo deste estudo foi relacionar o controle da hipotermia na prevenção de infecção no sítio cirúrgico. Foi realizado um estudo exploratório com análise quantitativa, que tem o propósito de identificar e analisar a relação e a ocorrência de infecções relacionadas à hipotermia em procedimentos cirúrgicos cardíacos, em um hospital de grande porte localizado na Região Médio Vale do Itajaí, no Estado de Santa Catarina. A partir do resultado, percebemos a presença de ISC em pacientes idosos, sexo masculino e, destes, 35,7% dos pacientes pesquisados apresentaram hipotermia.

Palavras-chave: Hipotermia. Cirurgia Cardíaca. Infecção.

INTRODUÇÃO

No Brasil, a infecção de sítio cirúrgico (ISC) ocupa a terceira posição entre todas as Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), e compreende de 14% a 16% daquelas encontradas em pacientes hospitalizados2. Em relação às infecções hospitalares, a ISC representa 17% das principais IRAS1.

A ISC é definida e relacionada à procedimentos cirúrgicos, e é classificada conforme o plano orgânico acometido: incisional superficial (IS) - ocorre nos primeiros 30 dias após o procedimento cirúrgico (sendo o 1º dia a data do procedimento), e envolve apenas pele e tecido subcutâneo; incisional profunda - ocorre nos primeiros 30 dias após a cirurgia (sendo o 1º dia a data do procedimento) ou até 90 dias se houver colocação de implantes, envolve tecidos moles profundos à incisão (ex.: fáscia e/ou músculos); e órgão/cavidade - ocorre nos primeiros 30 dias após a cirurgia ou até 90 dias se houver colocação de implantes, envolve qualquer órgão ou cavidade que tenha sido aberta ou manipulada durante a cirurgia denominada geralmente mediastinite, em cirurgia cardíaca5.

Os fatores de risco relacionados ao desenvolvimento da ISC na cirurgia cardíaca estão relacionados com período pré-operatório, como: idade avançada, diabetes mellitus não controlado, obesidade, tabagismo, longo tempo de internação; e os relacionados com o transoperatório, como: tempo cirúrgico, tricotomia, hipóxia e hipotermia1.

Quando a temperatura corporal fica abaixo dos 35ºC, o organismo não é capaz de gerar calor necessário para garantir a manutenção adequada das funções fisiológicas. Essa situação define-se como “estado de hipotermia”, que pode ser considerada leve (32ºC a 35ºC), moderada (28ºC a 32ºC) e grave (menor que 28ºC)11.

A hipotermia no cliente cirúrgico pode decorrer da baixa temperatura na sala de cirurgia, da infusão de líquidos frios, da inalação de gases frios, das cavidades ou feridas abertas, da atividade muscular diminuída, da idade avançada ou dos agentes farmacológicos utilizados3. A hipotermia também pode ser intencionalmente induzida em determinados procedimentos cirúrgicos (como as cirurgias cardíacas, que exigem by-pass cardiopulmonar) para reduzir a taxa metabólica do paciente11.

Anna Carolina Colautti*Cristian dos Santos Pires**Maria Lúcia Soero de Almeida***Mirelli Elisa Alves****Philipp Mendes Lawall*****

*Graduada em Enfermagem, Especialista em Unidade de Terapia Intensiva**Graduado em Enfermagem, Especialista em Terapia Intensiva***Graduada em Enfermagem, Especialista em Administração hospitalar, Psicopedagogia Clínica e Institucional, Enfermagem do Trabalho e Especialista em Centro Cirúrgico, CME e SRPA****Graduada em Enfermagem, Especialista em Serviço de controle de infecção e Qualidade e Segurança do Paciente*****Médico Anestesiologista

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ArtigoA hipotermia é evento comum e acomete acima de 70% dos pacientes submetidos

ao procedimento anestésico-cirúrgico, podendo acarretar complicações relevantes, como infecção7, por exemplo.

A infecção de sítio cirúrgico é assunto de grande relevância em todas as unidades hospitalares, uma vez que prejudica o cliente e gera grandes preocupações para as instituições e para as equipes envolvidas nesse cenário. Entende-se que a hipotermia é fator fundamental para o risco da ISC e acomete grande parte dos pacientes submetidos ao procedimento anestésico-cirúrgico, podendo acarretar complicações relevantes. Sendo assim, este trabalho teve como finalidade contribuir para a orientação das equipes multiprofissionais, melhorando a qualidade da assistência e prevenindo a infecção no cliente cirúrgico. O objetivo deste artigo é relacionar o controle da hipotermia na prevenção de infecção no sítio cirúrgico, a partir de uma experiência prática.

MÉTODO

Trata-se de um estudo exploratório com análise quantitativa, que tem o propósito de identificar e analisar a relação e a ocorrência de infecções relacionadas à hipotermia em procedimentos cirúrgicos cardíacos.

O estudo foi realizado em um hospital de grande porte, localizado na Região do Médio Vale do Itajaí, no Estado de Santa Catarina. Os critérios para inclusão de pacientes neste estudo foram as fichas de infecção do sítio cirúrgico dos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, no período de janeiro de 2017 e dezembro de 2018, do banco de dados do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar Relacionado à Assistência à Saúde (SCIRAS).

As definições adotadas foram as seguintes:

1 - Infecções do Sítio Cirúrgico (ISC) - são infecções relacionadas aos procedimentos cirúrgicos, com ou sem colocação de implantes, em pacientes internados e ambulatoriais, sendo classificadas conforme os planos acometidos que podem ocorrer nos primeiros 30 dias ou até 90 dias em caso de implante de prótese2. 2 - Procedimento cirúrgico - é aquele no qual se registra uma única entrada do paciente ao bloco cirúrgico, em que o cirurgião faz, no mínimo, uma incisão na pele ou membrana mucosa, e fecha a incisão antes do paciente deixar a sala cirúrgica2.

3 - Cirurgia em paciente internado - paciente submetido à um procedimento dentro do centro cirúrgico, que consista em pelo menos uma incisão em regime de internação maior que 24 horas, excluindo-se procedimentos de desbridamento cirúrgico, drenagem, episiotomia e biópsias que não envolvam vísceras ou cavidades2.

Durante a internação, os pacientes são acompanhados pelos profissionais do SCIRAS, em conjunto com a equipe assistencial. Após a alta, são atendidos no ambulatório de especialidades para egressos cirúrgicos, sendo acompanhados conforme a necessidade de cada paciente e apresentar a melhora clínica e alta definitiva.

No segundo momento onde todos os pacientes, já com critérios de ISC diagnosticados, foi analisado o valor da temperatura corporal no intra e pós-operatório.

Os dados foram tabulados com auxílio de uma planilha no Excel, e os resultados obtidos foram analisados de acordo com os fatores de risco e com o referencial teórico.

Para realização deste estudo, seguimos os termos da Resolução 196/962, em que os autores assinaram o Termo de Compromisso de Utilização de Dados e de Imagem, elaborado pela própria Instituição. Além disso, os dados de identificação dos pacientes que apresentaram infecção relacionada à hipotermia foram mantidos em sigilo.

ANÁLISE DOS DADOS

Conforme o Banco de dados do SCIRAS – (Serviço do Controle de Infecção Relacionada à Saúde) do hospital, ocorreram no período de 2017 e 2018, um total de 56 casos

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Artigode Infecção de Sítio Cirúrgico em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca. Considerando as características sociodemográficas do local de estudo, destacou-se a presença de ISC em pacientes idosos, com idade maior que 60 anos (65% e 68%) e do sexo masculino (68% e 53%) nos anos de 2017 e 2018, respectivamente. O fato de mais da metade da amostra estudada ser do sexo masculino e com mais de 60 anos vai ao encontro do estudo realizado no Sudeste do Brasil, com 82 pacientes submetidos a cirurgias cardíacas no ano de 2015, que encontrou a predominância de ISC em pacientes do sexo masculino e idosos, 75,60% e 51,21%, respectivamente 4.

Em relação aos pacientes pesquisados, que apresentaram infecção no ano de 2017, 17 de 37 apresentaram hipotermia (45,94%). No ano de 2018, de 19 pacientes, 03 apresentaram (15,78%).

Figura 01 – SexoFonte: SCIRAS, 2017.

Figura 02 – Idade Fonte: SCIRAS, 2017.

Figura 03 – SexoFonte: SCIRAS, 2018.

Figura 04 – IdadeFonte: SCIRAS, 2018.

A hipotermia nos pacientes cirúrgicos pode ser consequência da baixa temperatura

na sala cirúrgica, da infusão de líquidos frios, inalação de gases frios, das cavidades ou feridas abertas, da atividade muscular diminuída, idade avançada ou dos agentes farmacológicos utilizados. A mesma pode ser, também, intencionalmente induzida em determinados procedimentos cirúrgicos (como as cirurgias cardíacas, que exigem by-pass cardiopulmonar) para reduzir a taxa metabólica do paciente11.

A diminuição da temperatura corporal durante o transoperatório tem relação direta com a incidência de infecção de ferida operatória, pois ocorre diminuição de oxigênio subcutâneo e vasoconstrição periférica, interferindo diretamente na capacidade fagocítica dos leucócitos, neutrófilos e alteração do metabolismo de proteínas, possuindo efeito direto sobre a imunidade celular e humoral9.

Para minimizar a perda de calor, métodos de aquecimento cutâneo podem ser utilizados. Esses podem ser: passivos - uso de lençol de algodão e campos cirúrgicos; e métodos ativos - ar ou água aquecida, método mais utilizado atualmente e mais efetivo na manutenção da temperatura corporal do paciente5.

A partir da análise dos dados, evidenciou-se uma redução nos casos de infecção

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Artigoem pacientes cirúrgicos com quadro de hipotermia. A adoção de métodos ativos de prevenção à hipotermia, como a utilização de sistema de ar aquecido (manta térmica) pela instituição no transoperatório de cirurgias cardíacas, contribuiu para reduzir os casos de infecção decorrentes da hipotermia, estudo este que vai ao encontro de Kurz et al., que avaliou 200 pacientes submetidos à cirurgia eletiva com dois grupos: com aquecimento e sem aquecimento ativo. O estudo identificou que o grupo que manteve a normotermia apresentou redução de infecção e menor permanência hospitalar.

Vale ressaltar também que todos os membros da equipe envolvidos no cuidado do paciente cirúrgico são responsáveis pela adoção de medidas para a prevenção da hipotermia. O enfermeiro, além de planejar e implementar ações para a melhoria da qualidade da assistência, está envolvido na tomada de decisão relacionada à compra de materiais e equipamentos no âmbito da saúde8.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Acreditamos que o presente estudo contribuiu na prática clínica ao paciente cirúrgico, ao aplicarmos um método ativo com melhor resultado na manutenção da temperatura. Com maior segurança e maior eficácia, o método com o melhor resultado é a utilização da manta térmica ou sistema de ar forçado aquecido. Portanto, constatou-se no presente estudo que a qualidade de calor transferido ao paciente é o principal determinante na prevenção da instalação de hipotermia no transoperatório.

Além disso, entendemos que a partir da implantação de melhorias e com a consequente redução do número de infecções relacionadas a hipotermia, a evolução do paciente e o prognóstico serão melhores, diminuindo o tempo de internação e possibilitando que o mesmo faça sua recuperação no ambiente familiar. Assim sendo, além do paciente, a instituição também se beneficiará com a redução dos índices de infecções hospitalares.

REFERÊNCIAS

1. BARROS, C. S. M. A. et al. Fatores de risco para infecção de sítio cirúrgico em procedimentos cirúrgicos cardíacos. Rev. Baiana Enferm. Bahia, 2018. Disponível em: < https://portalseer.ufba.br/index.php/enfermagem/article/view/26045/16992>. Acesso em: 03 jan. 2019.2. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Critérios diagnósticos de infecção relacionada à assistência à saúde. Brasília: Anvisa, 2017. Disponível em: < http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/3507912/Caderno+2+-+Crit%C3%A9rios+Diagn%C3%B3sticos+de+Infec%C3%A7%C3%A3o+Relacionada+%C3%A0+Assist%C3%AAncia+%C3%A0+Sa%C3%BAde/7485b45a-074f-4b34-8868-61f1e5724501>. Acesso em: 26 dez. 20183. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n. 196, de 10 de outubro de 1996. Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília, Diário Oficial da União, 16 out. 1996.4. CALDEIRA, C. A. V; SOARES, A. J. C. Perfil clínico e epidemiológico dos pacientes que realizaram cirurgia cardíaca no Hospital Sul Fluminence – HUSF. Revista de Saúde. 2017.5. KUMAR S; WONG P. F; MELLING A. C, LEAPER D.J. Effects of perioperative hypothermia and warming in surgical practice. Int Wound J. 2005;2(3):193-204.6. Kurz A, Sessler DI, Lenhardt R. Perioperative Normothermia to reduce the incidence of surgical-wound infection and shorten hospitalization. Study of Wound Infection and Temperature Group. N Engl J Med. 1996;334(19):1209-15.7. POVEDA, V. B. Hipotermia no período intra-operatório. Ribeirão Preto, 2008. Disponível em: < http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-07072008-112252/pt-br.php>. Acesso em: 03 dez. 2018. 8. POVEDA, V. B; MARTINEZ, E. Z; Métodos ativos de aquecimento cutâneo para a prevenção de hipotermia no período intraoperatório: revisão sistemática. Revista Latino Americano de Enfermagem, 20(1):[09 telas] jan-fev 2012.9. RIBEIRO, D. R; LONGO, A. R. T. Hipotermia como fator de risco para infecção de sítio cirúrgico: conhecimento dos profissionais de enfermagem de nível médio. Revista Mineira de enfermagem, 2010. Disponível em: <http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/5>. Acesso em: 04 jan. 2019. 10. RODRIGUES, J. A. S. N.; REBUSTIN, R. E. L. F.; POVEDA, V. B. Infecção do sítio cirúrgico em pacientes submetidos a transplante cardíaco. Rev. Latino-Am. Enfermagem. Ribeirão Preto, 2016. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-11692016000100394&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em: 03 jan. 2019.11. SMELTZER, S. C.; BARE, B. G. Tratamento de enfermagem intra-operatório. In: SMELTZER, S. C; BARE, B. G. Tratado de enfermagem médico cirúrgica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. cap. 19.

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Artigo

ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃONO PROCESSO DO CUIDADO

RESUMO

O presente estudo constitui-se em uma instituição filantrópica de grande porte, localizada no Vale do Itajaí. Este trabalho foi elaborado para aperfeiçoar a comunicação de pacientes vítimas de lesões decorrentes de traumatismo cranioencefálico, acidente vascular encefálico, doenças degenerativas e traumas de estruturas responsáveis pela fala, entre outros. Como premissa, o aperfeiçoamento nos serviços prestados com enfoque nas interfaces do cuidar, realizando análise de publicações em artigos, livros e manuais, com o intuito de um melhor entendimento sobre as pranchas de comunicação - uma vez que tal modelo propicia, de forma benéfica, atendimento aos pacientes com dificuldade de comunicação. Conclui-se que, com a implantação das pranchas de comunicação, é possível um atendimento especial e inclusivo para suprir a necessidade do paciente no ambiente hospitalar, assegurando vínculo com a equipe multiprofissional e tendo como finalidade melhor recuperação dos pacientes assistidos.

Portadores de necessidades especiais ou impossibilitados de uma comunicação efetiva carecem, de alguma forma, de exercer a habilidade da fala, podendo utilizar símbolos, símbolos gráficos, expressões gestuais e corporais, e língua brasileira de sinais, definindo um código para representação de algo simbólico, mantendo um propósito particular para cada tipo de comunicação. Assim, auxiliando no desenvolvimento, onde se torna algo significativo. Mas, para que seja real, objetiva-se o desempenho de todos os atores. Esse processo de escolha torna-se relativo, pois há particularidades pertinentes a cada ser humano, onde a família possa opinar para a decisão dos materiais, dos quais se destinam por ser objetos, figuras, respeitando sempre a idade e minuciosidade dos pacientes.

Palavras-chave: Comunicação. Comunicação alternativa. Tecnologia de baixo custo.

INTRODUÇÃO

Este artigo resulta de uma pesquisa de caráter bibliográfico exploratório. Como base à realização do presente estudo, pretendeu-se verificar a humanização e cuidado com amor no atendimento de pacientes apresentando lesões decorrentes de traumatismo cranioencefálico, acidente vascular encefálico, doenças degenerativas, traumas de estruturas responsáveis pela fala, entre outros. Tais lesões representam dificuldades comunicativas. A aptidão do paciente em se comunicar e interagir ao seu tratamento intervêm nas decisões sobre o seu prognóstico5. A equipe multiprofissional diz respeito aos: enfermeiros, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, nutricionistas, entre outros, em que cada um contribui com fatores que influenciam no cuidado hospitalar. A prática clínica convém de recursos de alta e baixa tecnologia, sendo imprescindível treinamento da equipe multiprofissional para análise de gestos evidenciados pelos pacientes 3.

A tomada de decisão para a implantação da prancha de comunicação reflete a necessidade de estratégias alternativas, viabilizando um foco duplo (usuário e família), percebendo assim um avanço relacionado às práticas de interação verbal com a utilização das pranchas de comunicação. As pranchas são de baixa tecnologia, todavia estabelecem atendimento multiprofissional eficaz de intervenção à comunicação, atendendo assim as necessidades dos pacientes hospitalizados, proporcionando satisfação em relação ao cuidado outorgado.

Diante do exposto, o presente trabalho objetiva compreender a melhora no atendimento e comunicação da equipe multiprofissional à pacientes portadores de lesões decorrentes de traumatismo cranioencefálico, acidente vascular encefálico, doenças degenerativas, traumas de estruturas responsáveis pela fala, entre outros, contribuindo com a redução do tempo de internação, controle do tempo e diminuição da confusão, reconhecendo as potencialidades e fragilidades nos pacientes assistidos.

Enfermeira Ana Beatriz Lançoni Leandro*Fonoaudióloga Priscila Aparecida Barcellos**

*Graduada em Enfermagem**Graduada em Fonoaudiologia

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Artigo

MÉTODO

Trata-se de um estudo descritivo exploratório, realizado entre abril de 2017 e janeiro de 2019, através da leitura crítica de artigos, teses, livros, base de dados SciELO, como também da busca dos valores declarados pelos hospitais em suas páginas. Os dados foram organizados por análise de conteúdo. Tal estudo idealizou-se em instituição hospitalar de grande porte, situado no Médio Vale do Itajaí, caracterizada pela liderança nos serviços prestados e atendimento humanizado. O trabalho multidisciplinar das equipes permite uma atenção a todos os aspectos da saúde do paciente. Os critérios de inclusão relacionados procederam os artigos em língua portuguesa e inglesa, livro em língua inglesa e uma pesquisa interativa na base de dados SciELO, excluindo assim artigos que eram distantes do contexto hospitalar. Foram selecionados três artigos científicos, um livro e um manual de rotinas para atenção ao AVC, respeitando todos os requisitos éticos em relação aos autores.

No quadro a seguir, são apresentados os principais objetivos sobre a percepção da linguagem e comunicação.

ANÁLISE DOS DADOS

Quadro 1 – Distribuição dos artigos utilizados no estudo

Artigos – Livros Ano Autores Objetivos Tipo de estudoI. Uso de Recursos de comunicação alternativa para internação hospitalar: percepção de pacientes e de terapeutas ocupacionais.

2018 PELOSI, Miryam Bonadiu, NASCIMENTO, Janaína Santos-

Verificar o recurso mais indicado na situação de internação hospitalar.

Estudo observacional e transversal e prospectivo.

II. Processos de desenvolvimento de Prancha de Comunicação Alternativa e Aumentativa para crianças com transtorno ao Espectro do Autismo Utilizando Realidade Aumentada.

2018 ROSA. Valeria I., SILVA. Régio P da, AYOMONE. José L. F.

Uma nova abordagem para os equipamentos de auxílio de comunicação.

Pesquisa quantitativa e qualitativa aplicada.

III. Comunicação alternativa: teoria e prática clínica.

2014 CESA. Carla Ceceri, KESSLER. Themis Maria-

Investigação de um discurso de 10 fonoaudiólogos às concepções da linguagem que subsidiam a introdução e o uso da Prancha de Comunicação.

Entrevistas individuais semidirigidas e análise de dados por meio de dois pontos norteadores.

IV. Gareth J. Parry, MB, Chb, FRACP, and Joel S. Steinberg, MD, PhD

2007 Guillan-Barré Syndrome-

È um livro abrangente, escrito em termos leigos, cobrindo tudo, desde o diagnóstico até questões emocionais.

Livro;

V. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada. Manual de rotinas para atenção ao AVC

2013 Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada.

Apresentar protocolos, escalas e orientações aos profissionais de saúde no manejo clínico ao paciente acometido por AVC.

Manual;

Fonte: pesquisa, 2019.

Diante do exposto, o quadro situado acima apresenta como objetivo a ampliação da comunicação no contexto hospitalar, possibilitando sugerir melhorias, analisando a necessidade de verificar a qualidade dos recursos de comunicação, proporcionando melhor tratamento e cuidado diferenciados.

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ArtigoI. Propor uma nova abordagem de recursos que auxiliam crianças com distúrbios

de comunicação;II. Recomendações de incluir, nas grades curriculares, a disciplina específica de

Comunicação alternativa, contemplando algum plano de ensino da área da linguagem;

III. As pranchas são recursos de baixa tecnologia disponível, de custo acessível para implementação de um sistema de Comunicação Alternativa;

IV. Instruções as práticas de cuidadores com a utilização de CARDS de comunicação aos pacientes. É uma ferramenta essencial para todos os indivíduos e familiares;

V. Alcance da qualificação dos trabalhadores que atuam na “ponta”, desde a Atenção Básica, o ambulatório, o SAMU, a Sala de Estabilização, a UPA até as portas de entrada hospitalares, financiando melhorias na estrutura física e tecnológica destes serviços.

A comunicação alternativa ficou disponível no Brasil somente em 1970³. Assim os estudos devem ser feitos além das reflexões teóricas, com olhar mais humanizado, visto que abrangem impactos distintos onde o paciente e sua família viabilizam o processo de comunicação, demandando uma interação verbal da constituição às concepções da linguagem. Pessoas com respiradores podem ainda sentir e pensar. As participações dos enfermeiros e da equipe multiprofissional sobre os procedimentos a serem realizados, principalmente os mais dolorosos, ajudam a aliviar a ansiedade. A presença e a interação da família demostram sentimento de apoio ao paciente, onde o mesmo pode responder “sim” ou “não” com o movimento dos olhos e aceno da cabeça.

Apesar da existência da prancha, muitos hospitais não aderem ao uso da mesma, por ser algo inédito - falta conhecimento e informação. A prancha de comunicação citada abaixo - figura 01, foi elaborada com o uso de símbolos de ações e sensações - habituais e que provocam estímulo interno ou externo. Já na figura 02 (abaixo), a prancha de comunicação indica se há necessidade do auxílio de algum profissional de saúde, além de ser possível usá-la para realizar perguntas simples. O abecedário viabiliza a formação de frases, os números de zero à nove auxiliam para atualização do tempo. Ambas as pranchas asseguram a diminuição de confusão, ansiedade, participação da equipe multiprofissional e familiar. A Tecnologia Assistida tem como objetivo promover a vida independente dos indivíduos. A comunicação alternativa auxilia pessoas que têm dificuldade de se comunicar, melhorando a inclusão e qualidade de vida7.

Figura 01 – Prancha de comunicação hospitalar.Fonte: Philipe Roberto Oliveira, 2018.

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Artigo

Figura 02 – Prancha de comunicação hospitalar.Fonte: Philipe Roberto Oliveira, 2018.

Entende-se a necessidade de um futuro estudo para elaboração de uma prancha específica que se adequa às necessidades de cada indivíduo. Pacientes com dificuldades de linguagem, que são conscientes e orientados, precisam de pranchas com acessibilidades aos símbolos utilizados no dia a dia, além de frases prontas. Há uma área que oferece apoio às pessoas que tenham necessidades especiais ou dificuldades de comunicação, independente da idade, elaborando mecanismos de Tecnologia Assistiva6.

Deve-se haver questionamentos do presente estudo, diante da figura 01, sobre a importância de implantar símbolos necessários do dia-a-dia, como por exemplo: óculos e celulares, e dos procedimentos invasivos (punções venosas, aspiração de cavidades, entre outros).

Assim sendo, na referida figura 02, os símbolos são apresentados de uma nova forma: a figura representando o “SIM” e o “NÃO” são mais delicadas no seu entendimento - os interlocutores observam vocalizações por meio de gestos. É importante sinalizar que figuras coloridas são de melhor aderência. Indivíduos com distúrbio de comunicação, através da comunicação alternativa, expressam facilitação à comunicação expressiva e compreenssiva3.

Pacientes com distúrbios de comunicação ocasionam dificuldades de participar do planejamento do próprio tratamento, evolução no bem-estar, sintomas e demonstração de insatisfação ao atendimento6.

Diante disso, é preciso verificar uma linha exclusiva para cada tipo de grupo, apresentando lesões decorrentes de traumatismo cranioencefálico, acidente vascular encefálico, doenças degenerativas, traumas de estruturas responsáveis pela fala, entre outros.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, foram ressaltadas particularidades a serem consideradas, salientando a importância de pranchas de comunicação em hospitais, tornando possível o engrandecimento dos pacientes à percepção do mundo exterior, possibilitando assumir consciência dos cuidados prestados, favorecendo uma recuperação segura, suavizando os sentimentos negativos e minimizando a confusão.

Contudo, benefícios proporcionados pela prancha de comunicação apresentavam, nessa etapa, resultados positivos, possibilitando o desenvolvimento da comunicação e da linguagem. No entanto, ainda há baixa produção científica em relação aos estudos envolvendo comunicação alternativa em hospitais.

Deve-se impulsionar futuros estudos na área, viabilizando a implantação das pranchas de comunicação de baixa tecnologia em virtude do custo e prestabilidade ao serviço. É necessário formalizar a prancha mais indicada a cada grupo a ser analisado,

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Artigoexpondo e insistindo continuamente num instrumento de apoio individualizado, realizando uma análise no avanço da evolução desses pacientes. É preciso adaptar novas pranchas de comunicação, pensando no processo de inclusão de cada grupo, eliminado barreiras colocadas com a ausência da fala.

REFERÊNCIAS

1. Brasil, Ministério da Saúde – Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada. Manual de rotinas para atenção ao AVC C/ Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2013. 50 p.: il. ISBN 978-8 – Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_rotinas_para_atencao_avc.pdf2. CENTROLA, C; Happy, M. transitional care for communication impaired older adults: ICU to home. Geriatric Nursing, New York, v. 33, n.6, p. 489-492, 2012. PMid: 2311673 http//dx.doi.org/10.106/JGERINURSE.2012.09.0013. CESA. Carla Ceceri, KESSLER. Themis Maria- Comunicação alternativa:teoria e prática Clínica- DISTÚRB Comum São Paulo, 26 (3): 493-502, Setembro, 2014- Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/dic/article/view/15147.4. Guillan-Barré Syndrome- Na American Academy of Neurology Press Quality Of Life Guide- Gareth J. Parry, MB, Chb, FRACP, and Joel S. Steinberg, MD, PhD.- American Academemy Of Neurology. Demos Health; Edição: 1 (15 de fevereiro de 2007)5. PATAK, L. et al. Improving patientprovider communication:a call to acion. Journal of Nursing Administration, Philadelphia, v.39, n.9, p. 372-376, 2009.6. PELOSI, Miryam Bonadiu, NASCIMENTO, Janaína Santos- Uso de Recursos de comunicação alternativa para internação hospitalar: percepção de pacientes e de terapeutas ocupacionais. Departamento de terapia ocupacional, Faculdades de medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro,2017 pg53-61.7. ROSA, Valeria I., SILVA, Rogério P da, AYOMONE, José L. F.- Processos de desenvolvimento de Prancha de Comunicação Alternativa e Aumentativa para crianças com transtorno ao Espectro do Autismo Utilizado realidade aumentada.-2018 UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul - www.pgdesign.ufrgs.br.

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Homenagem

O AMOR ULTRAPASSANDO DÉCADAS: quando a superação e dedicação

são capazes de contagiarCecília Zuffo nasceu no dia 23 de setembro de 1954, na cidade de Palmitos – Santa Catarina. É a quarta filha do casal Carlos e Ângela, onde os mesmos tiveram seis filhos.

Fonte: Acervo pessoal da família

Cecília residiu no interior com seus pais até os 18 anos. Após esta idade, foi estudar em Joaçaba, também Santa Catarina, e morar com uma amiga da família. Sempre tendo a irmã Ana Maria, que a incentivava a estudar, como exemplo. Nesta nova etapa iniciou suas atividades como recepcionista no Hospital Santa Teresinha. Logo em seguida, iniciou o curso de atendente de enfermagem, passando a atuar no Centro Cirúrgico, permanecendo por quatro anos.

Em 1980, almejando novas oportunidades, veio para Blumenau para realizar o curso de auxiliar de enfermagem no colégio Sagrada Família, sendo contratada no Hospital Santa Isabel no dia 20 de agosto de 1980 pela Irmã Letícia, para atuar no Centro Cirúrgico no período noturno. Ela permaneceu dezoito anos naquele setor. Em 1984, com a tragédia da enchente em Blumenau, mal poderia imaginar que sua vida seria

transformada com grande alegria: ao caminhar na rua para observar os estragos provocados pela enchente, conheceu um jovem de nome Roberto que se dirigia para guardar seu carro em uma concessionária. Este seria o único e o grande amor da sua vida. Aquele que se tornaria o pai de sua filha Ângela.

Manteve dois vínculos empregatícios, conciliando o Hospital Santa Isabel com o Hospital Santa Catarina de 1980 a 2001. Aos quarenta anos de idade, quando engravidou de sua filha, e após seu retorno da licença maternidade, optou

Fonte: Acervo pessoal da família

Fonte: Acervo pessoal da família

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Homenagema dedicar-se exclusivamente ao Hospital Santa Isabel. Foi remanejada para o Centro Obstétrico, mantendo-se no período noturno na função de parteira.

A vida nos presenteia, mas também nos prega grandes tristezas. Quando sua filha estava com três anos de idade, seu esposo teve um infarto fulminante, vindo à óbito. Guerreira como sempre, precisou buscar forças e prosseguir com ajuda de sua sogra para cuidar da filha. Continuou suas atividades, sempre priorizando a educação de sua filha, fazendo o possível e o impossível para dar o

melhor de ensino, tanto é que, nos dias atuais, a filha cursa medicina. Sua filha, seu maior tesouro, retribui todo o esforço que sua mãe teve e tem nesta jornada de estudo, sendo estudiosa e dando retorno positivo pela dedicação que a mãe sempre teve com ela.

Em sua trajetória profissional podemos citar várias pessoas que tiveram contribuição efetiva em sua vida profissional e pessoal que, a partir da convivência, traçou-se laços fortes de amizades verdadeiras. Não poderíamos deixar de citar a participação da Gizela nesta história, que por longos anos foi sua companheira de setor, onde as duas eram referência de “parteiras”. Fomos em busca da Gizela e prontamente a mesma se disponibilizou a fazer um breve relato sobre a amiga querida, conforme descrevemos abaixo.

“Falar da Cissa é só coisas boas. Trabalhei com ela quando ingressei no Santa Isabel e, na época, ela trabalhava no Centro Cirúrgico. Convivi com ela no Centro Obstétrico por muitos anos, sendo muito gratificante poder trabalhar com uma pessoa batalhadora, guerreia e um exemplo de profissional. Desejo a ela tudo de muito especial.”

Com as novas regularizações, se fez necessário adequar a instituição com enfermeiras obstetras. Cissa sempre se colocou à disposição para colaborar com o crescimento de todas, deixando seus conceitos antigos e se adequando às novas exigências.

Fonte: Acervo pessoal HSI

Atualmente trabalha como instrumentadora no Centro Obstétrico, servindo sempre de exemplo positivo para todos os integrantes da equipe. Para a equipe médica, é um exemplo de “ser humano”, o que podemos confirmar com o depoimento dos médicos abaixo:

Fonte: Acervo pessoal da família

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Homenagem

“Cecília, a nossa Cissa!! Dessas funcionárias do Hospital Santa Isabel que jogaram a forma fora!! Cheguei no hospital em 1982 e ela já era “das antigas”!! Pessoa sempre disposta a trabalhar, nunca reclamando de cansaço ou do serviço! Parteira incrível, acompanhava os trabalhos de parto com carinho e dedicação! Quantas madrugadas ao nosso lado dando força para as parturientes e para os médicos! E agora, há mais de 10 anos instrumentadora de nós ginecologistas, muitas vezes cirurgias difíceis, sempre com o material preparado e uma tranquilidade contagiante, necessária ao ato! Obrigado Cissa por nos ajudar, principalmente nas minhas “maratonas cirúrgicas”! Que Deus te dê vida longa para que fiques muitos anos conosco! Beijo grande desse que te admira e respeita muito!

Drº Lucindo Pereira Filho

“Todo sucesso alcançado por um serviço é fruto de trabalho em equipe, e a Cissa faz parte da equipe do Centro Obstétrico há muitos anos. Nela ainda se vê dedicação, trabalho duro e incessante devoção às coisas que quer ver acontecer. Tenho um carinho muito especial por ela, pois crescemos juntas no CO, inspirando uma à outra. É um prazer enorme tê-la nos meus plantões.”

Drª Marcia Regina Pinto Sancandi

Para o Hospital Santa Isabel e o setor Centro Obstétrico, podemos afirmar que a nossa “Cissa” é luz. Adota a todos e sempre com uma palavra de carinho e seu jeito meigo e delicado de dizer as coisas, sabe transformar... e contaminar de maneira positiva, fazendo todos exercerem o princípio da União.

Fonte: Acervo pessoal HSI

O que desejar para alguém tão especial que nos acrescenta todos os dias com sua sabedoria e determinação? Torceremos imensamente para que Deus a mantenha com saúde, forte e determinada, e que o seu maior sonho seja realizado, e que ela possa, com grande orgulho, afirmar: eu sou a Cecilia, mãe da Drª Ângela.

Fonte: Acervo pessoal da família

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Opinião

GESTÃO, ASSISTÊNCIA E O PROCESSO DE CUIDAR

A assistência de qualidade ao paciente é um desafio constante. Como cuidar

da melhor maneira? Uma das grandes preocupações de quem precisa passar por um período internado num leito hospitalar está relacionado à segurança e a qualidade do atendimento. O processo de atendimento hospitalar é, muitas vezes, desconhecido para o paciente. Aos olhos dele, o hospital é um ambiente estranho, cheio de regras. Tudo isso contribui para que o paciente se sinta inseguro. É aí que entra o papel fundamental da equipe assistencial que pode proporcionar o carinho necessário para que o paciente se sinta acolhido e protegido. A grande maioria das ocorrências e apontamentos do SAC estão relacionadas à forma como a equipe assistencial o acolheu, sejam estas elogios ou contribuições de melhoria.

Cuidar com amor - O hospital não consegue garantir que todos os pacientes sairão curados de suas enfermidades, mas precisa possibilitar que mesmo diante da sua ausência de saúde, possam ter um atendimento realizado com amor e dignidade. No livro da Enfermeira Maria Julia Paes da Silva (2000, p. 40) intitulado: “o amor é o caminho – maneiras de cuidar”, em um de seus tópicos a autora destaca que é necessário envolver-se: “é porque nos envolvemos que aprendemos com a vida, no curso intensivo de vida que é um hospital. É preciso estar integralmente presente para amar algo de coração e perfeitamente desperto para o momento, a fim de receber os ensinamentos que ele contém. Independentemente do que vemos, é importante nos perguntarmos: o que está certo com esta pessoa? Como ela chegou a este estado? O que pode ser feito a respeito?” Com essas perguntas, resgata-se o aspecto positivo da vida daquela pessoa, busca-se entender o caminho ou o sonho que podem estar esquecidos e na tentativa de redirecioná-la para uma vida com mais energia. Destaca ainda que, quando há o envolvimento com a realidade do outro, cada ato praticado ganha um significado diferente - é possível colocar intenção na aproximação, no toque, no olhar. Isso muda a qualidade das interações porque é perceptível, muitas vezes, que os pacientes esperam pelo meu bom-dia. “Alguns agradecem, quando saem do hospital, por eu tê-los olhado com tanto carinho, e não pela minha capacitação técnica.” Nesta interação relatada pela autora em que os pacientes saem agradecidos, o amor ficou evidente nos gestos, a percepção de segurança por parte do paciente ficou evidente. Instaurou-se uma verdadeira relação de confiança.

Cuidar com segurança - A segurança no atendimento está alicerçada na: identificação correta do paciente (1); melhoria continua da comunicação entre os profissionais de saúde(2); melhoria da segurança na prescrição, no uso e na administração de medicamentos(3); em assegurar o procedimento cirúrgico e pacientes corretos(4); higiene das mãos(5) e redução do risco de quedas(6). Desta forma, buscar a segurança é algo factível e presente no dia a dia dos profissionais. Mais que isso, é ser merecedor da confiança daqueles que mais precisam de ajuda: os pacientes. É despertar a prática e a busca incessante de barreiras que garantam a segurança dos pacientes. A segurança é um compromisso de toda a equipe multiprofissional. É um gesto de amor.

Cuidar com qualidade – Existem inúmeras definições de qualidade. Porém, talvez a área da saúde apresente um dos cenários mais complexos para se chegar a um conceito adequado do que seja qualidade. Mas, com muito êxito, tem-se utilizado as ferramentas da qualidade para melhorar processos internos e conquistar patamares elevados em busca de segurança e atendimentos mais humanizados. A gestão precisa estar atenta às necessidades da equipe assistencial para que esta possa dispender a atenção necessária aos pacientes: se “os pacientes sentem-se queridos, acolhidos, acompanhados, [...] é uma injeção de ânimo para a continuidade do tratamento” (Maria Julia, p. 57). “Eles não devem se acostumar a ‘se sentir mal’; devem procurar estar sempre saudáveis, para que se lembrem de como é deliciosa a sensação de bem-estar que a saúde traz”.

Reabilitação é desenvolver ao máximo a

capacidade de uma pessoa considerando

sua condição de saúde.

Fisioterapia Intensiva: uma empresa parceira do Hospital Santa Isabel há 15 anos. Com profissionais dedicados e comprometidos com a reabilitação de seus pacientes.

Responsável Técnico: Yuri Currlin GóssCREFITO-10: 42.357-f

Dirceu Rodrigues Dias

Diretor de Operações Hospital Santa Isabel

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Opinião Diante da complexidade das interfaces que estão envolvidas no atendimento:

colocar-se no lugar do outro, dar um bom dia, um sorriso com bom humor, um aperto de mão, são ingredientes necessários à interação para a construção de um atendimento realizado com amor ao próximo, com qualidade. Isso não tem preço, mas tem muito valor. É preciso estar de bem consigo mesmo para poder transmitir algo de bom. Nelson Mandella disse uma vez que: “Quando eu saí em direção ao portão que me levaria à liberdade, eu sabia que, se eu não deixasse minha amargura e meu ódio para trás, eu ainda estaria na prisão.”

Para auxiliar o processo de atendimento aos pacientes, é importante que a gestão caminhe junto com a equipe assistencial e busque desenvolver mecanismos de aproximação e compreensão das suas necessidades. Busquem soluções em conjunto. Dialoguem sobre possibilidades de melhoria e estejam abertos a buscar a segurança e satisfação do paciente. Este envolvimento e interação da gestão nos processos da equipe assistencial são fundamentais para entender como a gestão pode contribuir para a qualidade do atendimento. Na verdade, todos os setores do hospital (incluindo serviços de terceiros) de alguma maneira são corresponsáveis pela qualidade do atendimento. Uns de forma direta, outros indiretamente, mas com a mesma importância.

Referências

Silva, Maria Julia Paes da. O amor é o caminho: maneiras de cuidar. São Paulo: Editora Gente, 2000.

Reabilitação é desenvolver ao máximo a

capacidade de uma pessoa considerando

sua condição de saúde.

Fisioterapia Intensiva: uma empresa parceira do Hospital Santa Isabel há 15 anos. Com profissionais dedicados e comprometidos com a reabilitação de seus pacientes.

Responsável Técnico: Yuri Currlin GóssCREFITO-10: 42.357-f

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Artigo

PROMOÇÃO E INTERVENÇÃO INTERDISCIPLINAR NOS RISCOS

OCUPACIONAIS OSTEOMUSCULARES DO CENTRO DE MATERIAL E

ESTERILIZAÇÃO: Relato de Experiência

RESUMO

O Centro de Material e Esterilização (CME) é um setor hospitalar responsável pelo processamento dos produtos de saúde, utilizados na assistência aos pacientes em toda sua diversidade. É um setor complexo, onde o profissional de enfermagem está constantemente em contato com fluidos orgânicos, calor, substância química e esforço físico. Essa prática expõe os profissionais do CME aos mais variáveis riscos: físicos, químicos, biológicos e ergonômicos. O estudo traz como objetivo melhorar a ergonomia dos profissionais de enfermagem do CME através da aplicação de um projeto de intervenção interdisciplinar. O estudo deu início com o projeto de intervenção a partir do trabalho multidisciplinar com as categorias da Enfermagem e Fisioterapia do hospital, no mês de maio de 2018. Para responder ao objetivo do estudo, foram traçados alguns caminhos metodológicos divididos em 4 momentos. Diante disso, percebeu-se que implementação em melhorias da estrutura física de mobília e pessoal no estabelecimento em saúde, em destaque no Centro de Material e Esterilização, precisa ser vista como prioridade dos gestores. Esses investimentos tornam os ambientes de trabalho mais confortáveis e resultam em maior qualidade laboral para os profissionais.

Palavras-chave: Enfermagem. Centro de Material e Esterilização e Saúde Ocupacional.

INTRODUÇÃO

Ao longo do tempo, diversas transformações foram surgindo em todas as áreas profissionais com destaque na saúde. Exigências na carga de trabalho desencadeiam não só desgastes físicos como também emocionais. Esses fatores, consequentemente, nos mostram um elevado número de registros de acidentes no local de trabalho. Estudos apontam que em 2010 foram registrados 709.974 acidentes de trabalho no Brasil. Em 2013 houve aumento para 717.911 casos registrados 7 11.

Se por um lado o trabalho dignifica homem, por outro, em condições inadequadas nos ambientes laborais, ele também expõe a riscos de adoecimento agudo, crônico e até mesmo a morte. É necessário favorecer capacidades psicofisiológicas aos profissionais da saúde, com destaque aos que atuam na equipe de enfermagem 10.

Estudos realizados em 2015 revelam que, de 3,5 milhões de trabalhadores da área da saúde, 1.800.000 faziam parte da equipe de enfermagem. Diante desse elevado número de profissionais, percebe-se a importância da profissão para o mercado de trabalho brasileiro9.

Profissionais da enfermagem estão envolvidos de forma direta e integral aos cuidados com os usuários de saúde. Esse total envolvimento, somado a fatores como jornada de trabalho, acúmulos de vínculos empregatícios e áreas hospitalares mais críticas, tornam a categoria suscetível a riscos de acidentes e doenças ocupacionais relacionadas ao trabalho - a enfermagem também representa o maior número de profissionais nos hospitais16.

O Centro de Material e Esterilização é um setor hospitalar responsável pelo processamento dos produtos de saúde, utilizados na assistência aos pacientes em toda sua diversidade. É um setor complexo, onde o profissional de enfermagem está constantemente em contato com fluidos orgânicos, calor, substância química e esforço físico. Essa prática expõem os profissionais do CME aos mais variáveis riscos: físicos, químicos, biológicos e ergonômicos1.

Francisco Orlando Silva Junior *Ivany Berdyj Hildinger **Lilian Patricia. A. A. Marques***

*Graduado em enfermagem, especialista em Centro Cirúrgico e Central de Material e Esterilização, Especialista em Saúde Coletiva**Graduada em enfermagem, especialista em gestão hospitalar, Centro Cirurgico e Central de Material e Esterilização***Graduada em Fisioterapia

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ArtigoO trabalho no Centro de Material e Esterilização é desenvolvido de forma específica,

onde o cuidado ao paciente se dá de forma indireta, por meio da manutenção, validação e controle do processo, rotinas e meios de limpeza, preparo, esterilização, armazenamento e distribuição de materiais devidamente seguros para o uso nos pacientes. Nesse cenário, a equipe de profissionais do CME executa importante papel na assistência à saúde17.

As atividades do CME podem ser comparadas às de uma indústria, com processo de trabalho em áreas especificas, onde o principal foco é manter o controle dos produtos ali processados. É um setor do hospital que carrega grande relevância, pois garante a segurança e eficácia no atendimento, somando e contribuindo para uma assistência prestada com qualidade ao paciente18.

A Política em Saúde do Trabalhador valoriza a promoção e melhoria da qualidade de vida e, consequentemente, a saúde dos trabalhadores. Com isso, apoia e incentiva os estudos e pesquisas sobre a temática, para assim conhecer, avaliar, planejar e implementar medidas que diminuam os agravos a saúde do trabalhador12. A Norma Regulamentadora (NR) 32, prevê o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), bem como capacitações profissionais, além de atualização da caderneta de vacinação, como forma de prevenir e eliminar os agravos aos trabalhadores. Mesmo com toda importância das precauções e cuidados com a saúde do trabalhador, há uma baixa adesão ao uso dos equipamentos e até mesmo atualização das vacinas preconizadas13.

As pesquisas têm revelado um perfil da morbidade dos trabalhadores de enfermagem composto de problemas osteomusculares, cardiovasculares e respiratórios, transtornos emocionais e comportamentais, exposições aos fluidos biológicos, às doenças infectocontagiosas, parasitárias, dentre outras. Perante essa realidade, a vigilância do trabalhador precisa manter alerta, capaz de identificar o perfil de saúde dos trabalhadores de modo a analisar as situações de saúde, caracterização do território e do seu perfil sociocultural, econômico e ambiental. Faz necessário também planejamento e execução de ações para minimizar e eliminar os determinantes e condicionantes dos agravos a saúde dos trabalhadores 3 6.

O estudo traz como objetivo melhorar a ergonomia dos profissionais de enfermagem do CME, através da aplicação de um projeto de intervenção interdisciplinar. Com isso, diminuir algumas queixas de dores osteomusculares dos profissionais de enfermagem e promover, entre os profissionais, conhecimentos sobre hábitos de vida saudável, tais como: atividades físicas, boa alimentação, exames periódicos. Para tanto, foi estabelecida uma parceria entre Enfermagem e Fisioterapia na busca pela promoção da saúde dos colaboradores do CME de um hospital de grande porte, situado no Médio Vale do Itajaí - SC. Fortalecendo a importância do trabalho interdisciplinar, o estudo é de grande relevância, pois traz uma abordagem teórica e prática na implementação de medidas para melhoria das práticas dos profissionais.

MÉTODO

O artigo trata de um estudo de intervenção interdisciplinar por meio da observação direta, realizado em um hospital de alta complexidade e grande porte, situado no Médio Vale do Itajaí. O cenário do estudo foi o Centro de Material e Esterilização que conta com 48 funcionários, sendo 06 enfermeiros, 36 técnicos de enfermagem e 06 profissionais de nível médio. Dentre os 48 profissionais, 39 são do sexo feminino e 09 do sexo masculino. A média de idade vária entre 22 e 65 anos. Os profissionais possuem carga horária de 30 e de 44 horas semanais, exercendo suas atividades nos turnos matutino, vespertino e noturno.

O estudo iniciou com o projeto de intervenção a partir do trabalho multidisciplinar com as categorias da Enfermagem e Fisioterapia do hospital, no mês de maio de 2018. Para responder ao objetivo do estudo, foram traçados caminhos metodológicos divididos em 4 momentos.

No primeiro momento, convidamos a fisioterapeuta da instituição para conhecer o setor, as rotinas e processos de trabalho de uma central de material e esterilização (CME). A visitante passou por todas as áreas do CME - área de limpeza, de preparo e esterilização do arsenal, para assim conhecer também os esforços físicos que essas áreas exigem dos profissionais, bem como as exposições e risco de lesões osteomusculares, LER/DORT5.

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ArtigoA definição presente na ordem de serviço 606 de 05/08/98 do INSS (1998) conceitua

a LER/DORT como uma “síndrome clínica caracterizada por dor crônica, acompanhada ou não de alterações objetivas e que se manifesta principalmente no pescoço, cintura escapular e/ou membros superiores em decorrência do trabalho, podendo afetar tendões, músculos e nervos periféricos”. Deliberato (2002) afirma que:

O fenômeno DORT deve ser entendido como sendo o produto das interações que ocorrem entre o ser humano e seu ambiente, havendo a presença de condições físicas e psíquicas predisponentes, associadas a um ambiente de trabalho facilitador, cada vez mais incentivador de aspectos quantitativos em detrimento aos aspectos qualitativos5.

O segundo momento foi para conhecer as principais queixas de dores ou desconforto osteomusculares que os técnicos de enfermagem sentiam ao realizar suas atividades no CME. Essas informações foram coletadas por meio de conversas com a fisioterapeuta, além de queixas feitas em bilhetes depositados numa caixa deixada durante três dias no setor. Alguns estudos apontam que, no ambiente de trabalho, há necessidade da atuação do fisioterapeuta - profissional apto a atuar preventivamente, orientando adequadamente o trabalhador quanto aos cuidados com a postura e a saúde, de modo a minimizar os fatores de risco de surgimento de doenças ocupacionais20 .

No terceiro momento foi revisada a estrutura física do CME, onde foi verificado que algumas mobílias, ao serem adaptadas, trazem maiores condições de trabalho para os profissionais técnicos de enfermagem do setor. Vale ressaltar que a Análise Ergonômica do Trabalho (AET), prevista nas Normas Regulamentadoras 17, visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar o máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente4 .

O quarto momento do estudo traz o apoio e incentivo aos técnicos de enfermagem na realização da ginastica laboral, atividade que já era desenvolvida antes da aplicação do projeto no setor, porém o objetivo foi aumentar a adesão, proporcionando tanto para o trabalhador, quanto para a empresa, resultados satisfatórios, além de prevenir a LER/DORT. A ginástica tem apresentado resultados mais rápidos e diretos, como a melhoria do relacionamento interpessoal e o alívio das dores corporais14. Foi realizado um teste de sentar e alcançar (TSA), proposto por Wells e Dillon em 1952, chamado de Banco de Wells. Para a realização desse teste, é necessário que o executor esteja sentado com os joelhos estendidos, membros inferiores levemente separados, com os pés firmemente apoiados na parede da caixa de madeira, cotovelos estendidos e membros superiores fletidos anteriormente. A partir dessa posição, o executor realiza um movimento à frente com o tronco, tentando se deslocar o máximo possível com as mãos – o deslocamento é medido com uma escala graduada em centímetros na parte superior da caixa. O ponto zero da escala coincide com o apoio para os pés e avança mais ou menos 28 cm na direção do executante15.

RELATO DE EXPERIÊNCIA

Os trabalhadores de enfermagem, sendo profissionais que desempenham papel de fundamental relevância, são importantes no processo assistencial e estabelecem relações com todos os profissionais. Sendo assim, a enfermagem é o elo da equipe multidisciplinar. No entanto, as adversidades na organização e nas relações sociais do ambiente laboral, e o modo como ocorre o processo de trabalho, têm forte impacto no processo saúde/doença, propiciando o adoecimento2.

Acidentes ocupacionais estão no dia a dia dos profissionais de enfermagem, e essa exposição varia para mais ou para menos, dependendo da criticidade de cada setor. Em especial, no Centro de Material e Esterilização esse risco só aumenta. Implantar essas intervenções no setor possibilitou a diminuição de sobrecarga física decorrente de possíveis agravos5.

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ArtigoAs intervenções desenvolvidas contribuíram de forma significativa no desempenho

da equipe de técnicos de enfermagem que atuam no CME. Ao apresentar a proposta de melhoria e adequações, obteve-se um excelente apoio por parte da coordenação do setor, que demostrou olhar sensibilizado e atento à importância do papel do Centro de Material e Esterilização.

É importante refletir que para o enfermeiro alcançar a valorização profissional, transformar seu espaço de trabalho em um ambiente agradável, onde toda a equipe possa sentir-se segura, deve ter seu olhar voltado para valorização do cuidado, humanização e estar fundamentado em pesquisas científicas e ações efetivas de educação permanente em saúde. (8)

O apoio por parte da fisioterapia do hospital nesse trabalho foi constante, mostrando interesse em contribuir de forma participativa no projeto, abraçando a ideia e tornando concreto cada planejamento traçado. É sabido que o trabalho de forma interdisciplinar é de suma importância para agregar conhecimentos, práticas e experiências. Realizou-se também avaliação de cada colaborador com auxílio do Banco de Wells, “onde é possível verificar o grau de alongamento da cadeia posterior corporal”. Cada colaborador recebeu sua avaliação na hora, com visualização do score em uma tabela, onde era possível saber se havia necessidade de intensificar os alongamentos desta região corporal. Nesta ocasião receberam também a orientação de como realizar o alongamento de forma eficaz. Um dos testes mais utilizados para este fim é o teste de sentar e alcançar (TSA) proposto por Wells e Dillon em 1952, que devido a fácil aplicação e baixo custo operacional é recomendado e utilizado pelas principais baterias de testes já padronizadas em todo o mundo15.

O CME atua como um importante aliado na prevenção das infecções hospitalares. Para isso, é preciso uma adequada operação do setor para que haja qualidade na assistência indireta prestada aos pacientes. Por isso, há vários estudos que permitem a análise e o processo de trabalho dos Centros de Material e Esterilização, proporcionando um melhor olhar das dificuldades encaradas pelos profissionais19.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante desse estudo percebe-se que implementação em melhorias da estrutura física de mobília e pessoal nos estabelecimentos em saúde, em destaque no Centro de Material e Esterilização, precisa ser visto como prioridade dos gestores. Esses investimentos tornam os ambientes de trabalho mais confortáveis e geram, consequentemente, maior qualidade laboral para os profissionais.

Profissionais satisfeitos em seus ambientes de trabalho tendem a realizar suas atividades de forma mais atenciosa, acolhedora e cordial, o que é de extrema importância no fortalecimento da humanização das relações.

As medidas de melhorias também influenciam diretamente na saúde dos trabalhadores: uma equipe saudável traz maior produtividade para empresa. E é responsabilidade do empregador garantir o bem-estar físico dos seus empregados. Para transformações e melhorias nem sempre é preciso grandes investimentos financeiros, mas sim um olhar preocupado e atento aos profissionais. Não se pode negar que a qualidade de todos os procedimentos realizados dentro de um hospital é também advinda dos materiais corretamente processados dentro do CME.

Este estudo, ao trazer a ideia de melhorias no processo de trabalho, pôde contribuir para reflexão dos gestores e profissionais e estudantes de saúde sobre a temática, bem como estimular e mobilizar os sujeitos na implementação de mudanças em seu processo de trabalho das Centrais de Materiais e Esterilização – CME, a fim de superar suas fragilidades.

REFERÊNCIAS

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Opinião

ACREDITAR QUE PODEMOS SER DIFERENTES

Me questiono diariamente: por que as mudanças acontecem de forma acelerada?

Será consequência de o relógio estar girando rápido demais? Precisamos otimizar e organizar nosso tempo. Lidamos com pessoas e devemos estar atentos, buscando novas formas para enfrentar as mudanças de maneira criativa e eficaz. Segundo Marcelo de Elias, “uma das percepções sobre as prováveis causas de tantos problemas de não adaptação ou sustentação de uma mudança é a insistência em fórmulas que resultam em sucesso por um tempo, mas que com o decorrer do tempo não se sustentam”. As mudanças precisam ser testadas para serem consolidadas e, a partir do momento que forem estruturadas e verificadas na prática, podem transformar-se em melhorias, tornando-se motivadoras porque se sustentam e contribuem para que as atividades sejam prestadas de forma segura e com qualidade.

Por estes motivos, acredito que o foco é manter o olhar fixo em um objetivo, não permitindo abater-se por situações ou obstáculos que apareçam no caminho, sendo fundamental para manter a equipe determinada e unida para exercer nosso propósito que é: “cuidar com amor”.

Nós, profissionais de saúde e gestores, somos responsáveis em manter a equipe motivada, não permitindo que se perca o foco para gerar novas possibilidades. Participei de alguns workshops para estruturação do Modelo Assistencial de Enfermagem (MAE), onde desenvolvemos o saber de que somos pessoas, que cuidamos de pessoas, e estas pessoas possuem suas especificidades e precisamos entendê-las em todas as dimensões. A Estratégia Assistencial da Associação Congregação Santa Catarina – ACSC, veio nos dar embasamento através do Modelo Assistencial de Enfermagem, para que os profissionais de enfermagem possam ter claro nossos princípios orientadores, agregados aos propósito e comportamentos desejados para atuar na Rede Santa Catarina. Desdobrar o MAE de maneira criativa, para que os 503 profissionais de enfermagem do Hospital Santa Isabel o desenvolvam na prática diária, só será possível quando contamos com parceiros que comungam dos mesmos objetivos e tenham obtido o mesmo conhecimento. Está é uma tarefa árdua, mas ao mesmo tempo motivadora, evidenciado através do contato direto com paciente e familiares.

O MAE vem de forma simples, mas estruturada, nortear-nos e dar subsídios nesta jornada, servindo como direcionador e orientador das ações da equipe de enfermagem, provendo também crescimento pessoal. Identificar, no dia a dia, os profissionais que exercem o MAE, é papel desafiador para os gestores que estão em contato direto aos pacientes e familiares. Conscientizar a equipe de enfermagem que precisamos buscar aperfeiçoamento constante e aceitar de maneira positiva as mudanças, é um desafio para que possamos nos empoderar do nosso papel enquanto gestores do cuidado. Precisamos de subsídios criativos para conquistar o comprometimento de todos, provendo reflexão que agregue conhecimento ao nosso cuidado. Isso só será possível quando soubermos responder os por quês e assumirmos as nossas responsabilidades enquanto guardiões do paciente. Podemos sim acreditar que faremos a diferença, quando queremos ser a diferença, expressada através de nossas ações e comportamentos que comungam com os princípios da Rede em que atuamos, sabendo que não depende somente da Instituição, mas de nós mesmos enquanto profissionais e executores de uma ação que reflete o Cuidar com Coração, Segurança e Qualidade.

Enfermeira Márcia Regina Fidauza

Associação Congregação de Santa Catarina Hospital Santa IsabelGerente Assistencial Blumenau/SC

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Notícia

ASSOCIAÇÃO CONGREGAÇÃO DE SANTA CATARINA LANÇA O MODELO

ASSISTENCIAL DA ENFERMAGEM (MAE)

Ao longo de 1 ano e 7 meses (de maio de 2017 até dezembro de 2018), foram 6 oficinas de trabalho, onde todas as Casas estiveram presentes. O resultado foi a elaboração de uma representação gráfica do MAE. Nela, comunicamos nosso propósito, princípios e os comportamentos esperados para a equipe de enfermagem.

Por que a área de Práticas Assistenciais tomou a decisão de começar pela enfermagem? Porque a enfermagem tem papel estratégico, representa o maior contingente assistencial dos hospitais (na ACSC somos mais de 5000 profissionais), é a principal executora da atividade fim, durantes as 24h, é a ligação entre várias áreas, profissionais de saúde, pacientes e suas famílias. Desempenha papel muito importante no planejamento e sobre questões como utilização e controle de recursos materiais, tecnológicos, financeiros e humanos. O consenso dos conceitos de enfermagem e cuidado também foram alvo do nosso trabalho:

Enfermagem é tanto uma arte como uma ciência. Sua prática exige uma mistura dos mais atualizados padrões de conhecimento e prática associados a uma abordagem do cuidado do paciente/cliente de forma humana e repleta de discernimento.

Cuidado de Enfermagem tem uma dimensão objetiva, que se refere ao desenvolvimento de técnicas e procedimentos, e uma dimensão subjetiva, que se baseia na sensibilidade, criatividade e intuição para cuidar de outro ser.

Trata-se de um marco na ACSC, uma vez que o MAE tem como finalidade unificar e padronizar a conduta da equipe assistencial praticada em todas as Casas de Saúde da ACSC, reforçando, assim, a nossa atuação em rede.

O MAE: é uma espécie de contrato de compromisso e de intenções, que será “publicado” em todas as Casas de saúde.

O Modelo Assistencial reflete a filosofia e os princípios norteadores (orientadores). É um guia, uma referência. Comunica, integra e alinha a cultura organizacional.

Busca resgatar e fortalecer a identidade da Enfermagem da ACSC.Representa nosso jeito de ser e de cuidar das pessoas que nos procuram e são

atendidas por nós – com Amor, representado por valores como humanização, união e respeito, espiritualidade, cuidado individualizado, diálogo e empatia; e Ciência, por valores como ética, qualidade e segurança, conhecimento científico, liderança e gestão. Agregando então o Amor e a Ciência.

“O objetivo é que o profissional execute seu trabalho com conhecimento, segurança técnica e sem danos ao paciente. O jeito de fazer deve ser amoroso e cuidadoso”, enfatiza a gerente corporativa de Práticas Assistenciais, Regiane Pereira.

Pressupostos teóricos:

Cuidamos de uma pessoa, em todas as suas dimensões (de uma pessoa que possui uma doença).Os profissionais de saúde são seres humanos em todas as suas dimensões.O cuidado ocorre por meio do diálogo, do relacionamento.Propósito da Enfermagem: Cuidado com Amor – Ciência do cuidado Integral centrado na pessoa.

Regiane Pereira Gerente Corporativa de Práticas Assistenciais

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Notícia

Princípios do MAE:

Humanização: cuidado de todas as dimensões da pessoa; apoio às famílias e compaixão.União e Respeito: equipe solidária; valorização da atuação de todos os profissionais da equipe (em prol dos pacientes, usuários e famílias) e o cuidado com o ambiente de trabalho.Espiritualidade: força aos envolvidos nas atividades e cuidado, suporte para o paciente e sua família e influência positiva no ambiente.Qualidade e Segurança: desenvolvimento técnico e científico constante das equipes, prática baseada em evidências científicas, gestão e liderança, cuidado confiável e processos sustentáveis; melhoria contínua.Ética: conjunto de princípios e valores que definem a nossa conduta; garantia de cuidado sempre apoiado em princípios que respeitam o indivíduo e o coletivo; respeito às crenças e necessidades do paciente e sua família.

Comportamentos Esperados:

Diálogo e Empatia: transparência; saber ouvir; confiança; comunicação assertiva; apoio à família; respeito à espiritualidade; acolher; colocar-se no lugar do outro.Cuidado Individualizado: fisiologia e emoção; toque ao cuidar; equidade; respeito.Conhecimento Científico: integração das disciplinas; segurança; formação continuada.Liderança e Gestão: pensamento crítico, trabalho em equipe; raciocínio clínico, autonomia com responsabilidade; visão sistêmica; tomada de decisões.

Essas são as características que irão nortear o atendimento aos pacientes e familiares por todos os profissionais de enfermagem da ACSC. Vale ressaltar que o trabalho, que está apenas começando, poderá contribuir para o reconhecimento e a consolidação da Rede Santa Catarina.

Foto: MAE, Fonte: Congregar, ACSC

Foto: Lançamento Modelo Assistencial de Enfermagem. Fonte: Congregar, ACSC.

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Notícia

HOSPITAL SANTA ISABEL ACREDITADO PELA ONA - ORGANIZAÇÃO NACIONAL

DE ACREDITAÇÃOA Acreditação ONA é definida como um sistema

de avaliação e certificação da qualidade dos serviços de saúde. Em resumo, o objetivo é promover um processo constante de avaliação e aprimoramento nos serviços de saúde e, dessa forma, melhorar a qualidade da assistência no país.

A acreditação hospitalar é uma metodologia que, no Brasil, acontece por iniciativa da empresa, que se baseia em padrões e normas pré-estabelecidas. Várias exigências precisam ser cumpridas para se conquistar a certificação e, para cumprir essas exigências, acontece uma cooperação mútua entre os colaboradores.

O Hospital Santa Isabel sempre acreditou em todos os benefícios que são obtidos pela acreditação hospitalar. Manteve firme a finalidade de aprimorar ainda mais a qualidade e a segurança dos processos internos e serviços oferecidos aos pacientes. Em outubro de 2017 iniciou sua trajetória em busca desta certificação. Foi quando a palavra ONA e Acreditação começaram a fazer parte da rotina dos colaboradores do Hospital Santa Isabel.

Seguindo esse processo, a ONA foi se tornando conhecida e a vontade de receber o selo foi crescendo em todos os colaboradores. No dia 18 de julho de 2018, a Instituição foi oficialmente acreditada em Nível I. Este fato deixa claro que a instituição segue uma padronização e se preocupa com a qualidade em tudo o que faz, evitando a ocorrência de danos relacionados à saúde do paciente.

No dia 04 de outubro de 2018, dia em que o Hospital Santa Isabel completava 109 anos de fundação, recebeu diretamente das mãos dos especialistas da Fundação Vanzolini, representantes da ONA - Organização Nacional de Acreditação, o certificado de instituição acreditada em nível 1, focada principalmente na segurança do paciente.

Com o apoio da Equipe Diretiva e com o esforço e a cooperação de todos, desde colaboradores, médicos e terceirizados, o hospital comprovou a importância do trabalho em equipe na conquista de tão importante título, beneficiando não só toda comunidade hospitalar, mas sobretudo àqueles que procuram seus serviços.

A busca da melhoria não para por aqui, pois a referida conquista certamente incentivará a seguir os próximos passos: a obtenção do certificado de Nível II, voltado à gestão integrada, e ao Nível III, que tem o foco na excelência em gestão. Com o propósito e a convicção de que sempre é possível melhorar, o Hospital Santa Isabel se mantém evoluindo há mais de um século.

Entrega do certificado de Acreditação no dia do aniversário do Hospital,

04/10/2018. Fonte: Hospital Santa Isabel,2018

Comemoração Interna pela conquista da certificação. 31/07/2018. Fonte: Hospital Santa Isabel

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VISITA ESTENDIDA NA UTI

A chegada do projeto Salus Vitae, destinado a todas as casas de saúde da Associação Congregação Santa de Catarina (ACSC), trouxe um pacote de melhorias a serem implementadas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Uma destas melhorias foi a inserção da família no ambiente crítico.

O objetivo principal da visita estendida na Unidade de Terapia Intensiva é trazer benefício emocional ao paciente. Desse modo, indica-se que o familiar deva ter um vínculo próximo e bem estabelecido com este. Esta atuação pode oferecer um cuidado humanizado com o paciente e sua família, bem como integrar familiares e equipe na assistência ao paciente.

Para isso, foi testado inicialmente um PDSA (ferramenta de gerenciamento da Qualidade) e aplicado a determinadas famílias. Como resultado, obtido através do relato destas famílias, que se poderia oferecer ao paciente e aos familiares: ambiente acolhedor, facilidade no progresso do tratamento, redução de estados confusionais e ainda, contribuir para quebra de paradigmas sobre a UTI, gerando entendimento de que ela também é uma unidade de tratamento e reabilitação de pacientes críticos, não apenas um lugar de sofrimento e morte.

A visita estendida pode ser solicitada pelo paciente, pela equipe da unidade ou pelos familiares. Contudo, há em vigência um Protocolo de Visita Estendida, que orienta critérios de viabilização destas solicitações. Este compreende: nível de consciência do paciente, quadro clínico atual, disponibilidade familiar e aspectos emocionais de ambos – familiares e paciente. Os critérios são avaliados diariamente em visita multidisciplinar, com familiares e pacientes, considerando sempre a possibilidade de mudança do quadro clínico e necessidade de interrupção do processo.

Atualmente os visitantes podem permanecer na unidade das 9h às 18h30, podendo haver troca de acompanhante uma vez neste período, preferencialmente às 11h, de segunda à segunda.

Compreendemos que esse contato mais intenso do paciente com seus familiares próximos pode favorecer uma série de benefícios:• Redução de estresse, medo e ansiedade, gerados pelo fato de ser um paciente crítico;• Auxílio na compreensão do quadro clínico,• Fortalecimento de estratégias emocionais de enfrentamento da situação crítica;• Auxílio à equipe para compreender, de modo mais completo, o paciente.

Existem também potenciais benefícios para os familiares, como:• Redução de estresse, medo e ansiedade, gerados pelo fato de ter ente querido em situação crítica.• Melhor entendimento sobre o estado de saúde do paciente.

Baseado nas experiências vividas até o momento, e nas literaturas pesquisadas, podemos afirmar que o papel da família na UTI é de suma importância. Ela contribui para a melhoria no tratamento e recuperação, impactando na qualidade de vida durante a permanência na unidade e apresentando transparência no processo de tratamento. Observa-se ainda, contribuição significativa em desfechos clínicos difíceis, além de proporcionar mais segurança ao paciente e facilitar a integração na tríade paciente-equipe-família.

Fonte: Acervo HSI

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Artigo

IMPACTOS GERADOS POR MEIO DA UTILIZAÇÃO DA FILOSOFIA LEAN NO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA

RESUMO

Na busca pela melhoria contínua para entregar ao cliente o que realmente cria valor “satisfação”, os serviços de saúde vivenciam o desafio para entregar um serviço com qualidade e segurança e ainda conseguir reduzir desperdícios. O presente estudo tem por objetivo avaliar os impactos gerados por meio da utilização da filosofia Lean nos serviços de saúde, bem como sinalizar sua utilização nos serviços de emergência. Trata-se de uma revisão sistemática de literatura, com base na pergunta de pesquisa: “Quais os impactos gerados por meio da utilização da filosofia Lean nos serviços de emergência?” Foram realizadas buscas em bancos de dados, selecionados estudos por meio de critérios de inclusão e exclusão pré-definidos, sendo avaliados aqueles que tratavam do tema proposto. Por meio de análise, foi possível identificar que os estudos apresentam os impactos do Lean na rotina dos profissionais através da melhora nos processos de comunicação entre equipe, otimização do ambiente de trabalho e aprimoramento das lideranças. Em diversas experiências foi observada a redução dos tempos de espera para atendimento e, consequentemente, a redução de desperdícios e melhoria do ambiente de trabalho e segurança do paciente. Observou-se ainda, com este estudo, que a utilização da filosofia Lean nos serviços de emergência mostrou-se positiva em diversos aspectos. Entre elas, citamos a redução do tempo de atendimento porta-alta, agilidade na realização e liberação de exames, e ainda o impacto na redução de mortalidade, readmissão e retorno após 72 horas, tendo efeito na melhoria e eficiência dos processos e o baixo investimento financeiro.

Palavras-chave: Melhoria Contínua. Saúde. Serviço de Emergência.

INTRODUÇÃO

O termo Lean thinking (pensamento magro ou mentalidade enxuta ou pensamento Lean, em português), originou-se no Japão como uma filosofia de gestão, mais propriamente no Sistema de Produção da Toyota (Toyota Production System – TPS)16,8.

O Sistema de Produção Toyota é um conjunto de ações que têm como meta o aumento da capacidade de resposta às mudanças, tendo em vista a eliminação dos desperdícios, estabelecendo uma verdadeira organização de gestão inovadora10. A utilização de instrumentos como o Lean é uma opção de metodologia simples e eficaz. Com ela, consegue-se criar valor e eliminar o desperdício, de maneira a satisfazer o cliente2.

Apesar de sua origem no contexto industrial, a utilização desta filosofia pelas organizações de saúde tem sido umas das estratégias para melhorar o cuidado em vários países, visando diminuir os custos, “erros médicos” e melhorar a qualidade, a segurança e a eficiência na prestação de serviços, criando o máximo de valor para o paciente, reduzindo e eliminando desperdícios7,8.

De acordo com a filosofia Lean, desperdício é tudo que consome recursos e não agrega valor ao cliente16. Durante a última década, os tempos de espera prolongados nos serviços de emergência foram reconhecidos como uma importante barreira para o atendimento de emergência eficaz e acessível. Aglomerações e atrasos têm sido associados a um maior risco de desfechos dos pacientes, incluindo a internação hospitalar e mortalidade entre os pacientes. Os princípios Lean estão sendo cada vez mais aplicados como parte dos esforços para melhorar a qualidade em ambientes de cuidados de saúde, incluindo os serviços de emergência14.

Denise da Hora Ferreira*Diane Furtado dos Santos**Maiara Dahmer da Silva***

*Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro**Especialista em Ciência da Melhoria pela Institute Improvement Science/ACSC***Graduada em Enfermagem pela Universidade do Extremo Sul Catarinense

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ArtigoNa busca pela melhoria contínua para entregar ao cliente o que realmente cria valor

“satisfação”, os serviços de saúde vivem o desafio de encontrar soluções para entregar um serviço com qualidade e segurança e ainda conseguir reduzir desperdícios para manter sua sustentabilidade. Desta forma, este estudo visa avaliar os impactos gerados por meio da aplicação da filosofia Lean nos serviços de saúde, bem como sinalizar a sua utilização nos serviços de emergência. Neste sentido, tivemos como apresentar experiências do uso da filosofia Lean em serviços de emergência, destacando seu impacto.

MÉTODO

Trata-se de um estudo de revisão sistemática que seguiu as seguintes etapas: construção de objetivo e pergunta de pesquisa, estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão, seleção de informações a serem extraídas dos artigos, busca em base de dados e análise dos resultados encontrados.

Para o levantamento dos artigos foram utilizadas as bases de dados CINAHL (Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature) e MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line). A seleção dos trabalhos seguiu os seguintes critérios de inclusão: artigos em inglês e português, no máximo 10 anos de publicação (período de 2009 a 2019), texto completo disponível para download e sem restrições de metodologia. Foram excluídos os artigos que tratavam apenas de questões metodológicas do Lean, sem experiência prática.

Pela especificidade das bases de dados, houve a adaptação das estratégias de busca, baseada nos seguintes Meshs: Emergency services, Quality improvement e outcome assessment. Apesar das diferenças entre as bases, a busca foi guiada pela pergunta de pesquisa e critérios de exclusão.

ANÁLISE DOS DADOS

Por meio da estratégia de busca estabelecida, no Medline foram encontradas 77 pesquisas relacionadas ao tema – destas, apenas 15 respondiam à pergunta de pesquisa. Quando rastreado no CINAHL, houve o levantamento inicial de 20 artigos, sendo que apenas 7 atendiam os critérios de inclusão, porém, já haviam sidos levantados na primeira busca.

Após o levantamento inicial, deu-se início a leitura dos resumos. Nesta etapa, 3 artigos foram excluídos, restando para análise completa apenas 12 trabalhos que estão compilados no Quadro 1.

Quadro 1 - Apresentação da síntese dos artigos incluídos na revisão sistemática

Título Autores Ano Tipo de estudo

Resultados/conclusões

Considerações

Evaluation of an Emergency Department Lean Process Improvement Program to Reduce Length of Stay

Marian J. Vermeulen; Therese A. Stukel; Astrid Guttmann; Brian H. Rowe; Merrick Zwarenstein; Brian Golden; Amit Nigam; Geoff Anderson; Robert S. Bell; Michael J. Schull

2014 Coorte retrospectiva

Observada a redução do tempo de permanência no serviço de emergência, além de resultados positivos não esperados com relação à mortalidade, readmissão, redução do número de pacientes não visitados e retorno após 72 horas.

Não houve comparação com outros estudos, nem mesmo entre as unidades pesquisadas. Apenas relação de antes e depois do mesmo hospital.

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Artigo

Título Autores Ano Tipo de estudo

Resultados/conclusões

Considerações

How does Lean work in emergency care? A case study of a Lean-inspired intervention at the Astrid Lindgren Children’s hospital, Stockholm, Sweden

Pamela Mazzocato, Richard J Holden, Mats Brommels, Håkan Aronsson, Ulrika Bäckman, Mattias Elg and Johan Thor

2012 Estudo de caso

Por meio da implantação da metodologia Lean, diversas melhorias foram observadas, mesmo após 2 anos como redução de 19 a 24% do tempo de espera para atendimento, mudança nos papéis dos funcionários e supervisores, melhoria da comunicação e coordenação de ações, expertise da área e otimização do ambiente de trabalho.

Entre as limitações do estudo, fica clara a necessidade de separar os pacientes que receberam atendimento e foram embora, dos que necessitavam de internação. Desta forma ficaria mais claro em qual perfil de paciente a intervenção foi mais eficaz.

Improving Emergency Department radiology transportation time: a successful implementation of Lean methodology

Eveline A. Hitti, Ghada R. El-Eid, Hani Tamim, Rana Saleh, Miriam Saliba and Lena Naffaa

2017 Quantitativo O estudo se concentrou no antes e depois das ações de melhoria, dos exames de imagem realizados no serviço de emergência. Houve redução no tempo de transporte do paciente para o exame, melhora na visualização de pacientes pendentes e reorganização das escalas de trabalho conforme o fluxo.

As ferramentas decisórias usadas nos projetos foram nomeação de uma equipe kaizen, mapeamento do fluxo de valor e sistema “kanbam” eletrônico para otimizar a chamada do paciente para o setor.

Lean thinking to improve emergency department throughput at AORN Cardarelli hospital

Giovanni Improta, Maria Romano, Maria Vincenza Di Cicco, Anna Ferraro, Anna Borrelli, Ciro Verdoliva, Maria Triassi and Mario Cesarelli

2018 Estudo de caso

O objetivo central do uso do Lean era referente a redução dos tempos de espera no serviço de emergência e melhora do fluxo do paciente entre a sala de emergência e área de recuperação.

Com a redução dos tempos de espera, o serviço se tornou mais eficiente, houve redução de desperdícios e melhora da qualidade do ambiente de trabalho e segurança do paciente.

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Artigo

Título Autores Ano Tipo de estudo

Resultados/conclusões

Considerações

Application of Lean principles to improve early cardiac care in the emergency department

Zoe¨ Piggott; Erin Weldon; Trevor Strome; Alecs Chochinov

2010 Estudo de caso

Melhoria dos tempos relacionados ao protocolo de dor torácica. Com aumento da porcentagem de eletrocardiograma (ECG) realizado dentro de 10 minutos (37,4%), avaliação médica em 60 minutos (12,1%) e administração de AAS. Percebido que mesmo após as intervenções do Lean o tempo entre a realização do ECG e interpretação médica foi para 3 min em média.

Neste estudo, a filosofia Lean foi aplicada a um perfil específico de pacientes (dor torácica), e os resultados foram positivos mesmo com a utilização de recurso e pessoal já existente na unidade.

Easier and Faster Is Not Always Better: Grounded Theory of the Impact of Large-Scale System Transformation on the Clinical Work of Emergency Medicine Nurses and Physicians

Gunther Eysenbach, Irsk Anderson, David Wilkerson and Elaine Zibrowski

2018 Qualitativa Foram coletadas as impressões de profissionais de saúde que trabalhavam em serviços de emergência onde foi aplicada a metodologia lean. Estes relataram que apesar de otimizar o fluxo de trabalho, as mudanças feitas pelo lean no ambiente de prática, especialmente na estrutura física, teve resultado oposto ao esperado. O que perturbou significativamente as rotinas e a sua forma de interagir com os pacientes e seus colegas.

O estudo apresentou uma visão diferenciada dos resultados obtidos pelo uso do Lean em outros trabalhos, apesar de apresentar limitações como o cenário ser referente a apenas duas áreas de um único hospital. São necessários maiores estudos para melhor averiguar os achados.

Improving Emergency Department Door to Doctor Time and Process Reliability: A Successful Implementation of Lean Methodology

Mazen J. El Sayed, Ghada R. El-Eid, Miriam Saliba, Rima Jabbour, and Eveline A. Hitti

2015 Estudo de caso

A metodologia permitiu a redução do tempo porta médico pela implementação de pequenas mudanças.

Foram utilizados recursos já existentes na unidade, sem necessidade de alterações na estrutura física ou grandes despesas.

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Artigo

Título Autores Ano Tipo de estudo

Resultados/conclusões

Considerações

Reducing Door-to-Needle Times using Toyota’s Lean Manufacturing Principles and Value Stream Analysis

Andria L. Ford, Jennifer A. Williams, Mary Spencer, Craig McCammon, Naim Khoury, Tomoko Sampson, Peter Panagos, and Jin-Moo Lee

2012 Quantitativo Através do mapeamento do fluxo de valor, foram percebidas diversas oportunidades de melhoria no atendimento a pacientes com acidente vascular cerebral isquêmico. Por fim, obteve-se uma redução do tempo porta agulha de 60 para 39 minutos.

A metodologia Lean permite agilizar os processos relacionados ao tempo médio ideal para o atendimento do AVC, sem comprometer a segurança do paciente.

Applying Lean Principles to Reduce Wait Times in a VA Emergency Department

Anita A. Vashi; Farnoosh H. Sheikhi; Lisa A. Nashton; Jennifer Ellman; Priya Rajagopal; Steven M. Asch

2019 Caso controle Redução do tempo porta médico e porta triagem (8,9 minutos e 5,0 minutos, respectivamente), em comparação ao controle.

Os fluxos do serviço de emergência podem ser influenciados por diversos fatores, como transferências e aumento da demanda. Porém, o estudo em questão focou no tempo para atendimento, que acaba tendo grande impacto nos resultados.

Lean techniques for the improvement of patients' flow in emergency department

HY Chan, SM Lo, LLY Lee, WYL Lo, WC Yu, YF Wu, ST Ho, RSD Yeung, JTS Chan

2014 Quantitativo Houve agilização dos processos do serviço de emergência do hospital, com maior impacto sobre o tempo de espera de triagem, consulta e para admissão na emergência, e de forma menos significativa sobre o tempo de espera para leito de admissão e resultados do laboratório.

Applying Lean: Implementation of a Rapid Triage and Treatment System

Karen L. Murrell; Steven R. Offerman; Mark B. Kauffman

2011 Retrospectivo observacional

Apesar de ter aumentado o número de pacientes pós intervenção Lean, foi possível observar a melhoria significativa dos tempos: permanência no serviço de emergência (de 4,2 horas para 3,6 horas) e porta médico (de 62,2 para 41,9).

Uma limitação que pode ser descrita do estudo é a coleta de dados retrospectiva. O que é amenizado pelo uso de sistema informatizado para coleta de dados, o que aumenta a confiabilidade.

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Artigo

Título Autores Ano Tipo de estudo

Resultados/conclusões

Considerações

Using Lean-Based Systems Engineering to Increase Capacity in the Emergency Department

Benjamin A. White; Yuchiao Chang, Beth G. Grabowski, David F.M. Brown

2014 Prospectivo O tempo de média permanência para pacientes que não necessitaram de internação foi reduzido em 15 minutos (de 158 para 143 min) e o tempo de espera por exames reduziu em 34 minutos. Estes resultados mostraram-se superiores aos evidenciados no grupo controle.

A melhoria dos processos otimiza substancialmente a capacidade de processamento do Serviço de Emergência.

Fonte: Pesquisa, 2019.

Em estudo coorte retrospectivo realizado pelo governo canadense no período de 4 anos, teve o desenvolvimento de aplicação da metodologia Lean em 7 meses, por meio de coach externo para direcionar as equipes, com participação de profissionais dos próprios serviços. Nesta experiência não foi evidenciado um resultado relevante referente ao tempo porta médico bem como a mortalidade, o que pode ser explicado pelo foco do trabalho ser o tempo que o paciente permanece no serviço de emergência14.

Alguns autores discutiram sobre o impacto do Lean na rotina dos profissionais através da melhora nos processos de comunicação entre equipe, otimização do ambiente de trabalho e aprimoramento das lideranças9. Em contrapartida, um artigo em particular discorreu sobre a visão de médicos e enfermeiros após os trabalhos do Lean. Nesta oportunidade os mesmos relataram que apesar da otimização de fluxos, as mudanças realizadas na estrutura física da unidade tiveram resultado ineficaz, perturbando rotinas e interação das equipes17. Porém esta evidência deve ser melhor estudada em pesquisas futuras.

Por fim, os estudos se concentraram em análise de antes e depois dos tempos para atendimento. Em diversas experiências foi observada a redução dos tempos de espera para atendimento e, consequentemente, a redução de desperdícios e melhoria do ambiente de trabalho e segurança do paciente - em muitos casos com a utilização dos recursos já disponíveis na unidade6,13,3. Em outra experiência houve redução de 19 a 24% do tempo de espera para atendimento9 após remodelamento do serviço pela filosofia Lean. Porém, este resultado é referente ao total de pacientes, não deixando claro em qual perfil a mudança foi mais eficaz9. Ainda neste contexto alguns hospitais apresentaram redução de até 14% do tempo de permanência no serviço, com queda especial no tempo porta médico11.

Ao se observar o desempenho dos protocolos clínicos quando lançado mão do pensamento enxuto, há impacto direto sobre os resultados obtidos através do cumprimento de metas e consequente redução da morbimortalidade, mesmo após um longo período decorrido entre a implantação do Lean e a coleta de resultados. Desta forma é possível observar que experiências em grupos de pacientes específicos, como nos casos de acidente vascular encefálico e infarto agudo do miocárdio, onde o tempo pode ser determinante nos resultados obtidos, a filosofia Lean agiliza processos sem comprometer a segurança do paciente e mantém o foco para equipe daquilo que de fato agrega valor1,4,12.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Amplamente utilizado pela indústria, o Lean passa a ser também uma importante ferramenta para o setor de saúde em diferentes lugares do mundo. Diante disto foi possível

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Artigoverificar uma pluralidade de países e de metodologias dos artigos incluídos nesta revisão.

Embora os estudos tratassem como ponto central a utilização do Lean em serviços de emergência, apresentou-se uma diversidade de intervenções, tais como tempo de espera, exames, melhoria do ambiente de trabalho e otimização de protocolos. Através disso é possível evidenciar a aplicabilidade variada desta filosofia no tocante a redução de desperdícios dos processos de trabalho.

Apesar dos diferentes contextos e metodologias aplicadas a cada estudo, os resultados convergem para a redução do tempo de atendimento porta-médico, impacto positivo no tempo de atendimento do paciente, agilidade na realização e liberação de exames e redução do tempo de permanência de pacientes no serviço de emergência. Além disto, resultados não previstos pelos estudos foram percebidos como consequência da aplicação do Lean nos processos, entre eles a redução à mortalidade, readmissão e retorno de pacientes após 72 horas.

A utilização da filosofia Lean nos serviços de emergência mostrou-se positiva em diversos aspectos, principalmente quando se considera o impacto promovido, a melhoria e eficiência dos processos e o baixo investimento financeiro. Diante disto, o conceito de filosofia do Lean é reforçado, pois, ele depende essencialmente do engajamento de profissionais com o objetivo de gerar valor para os clientes.

REFERÊNCIAS

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SAÚDE X TECNOLOGIA – PIONEIRISMO DO HOSPITAL SANTA

ISABEL TRAZ A CIRURGIA ROBÓTICA AO ESTADO DE SC E O COLOCA NO SELETO GRUPO DE HOSPITAIS DO BRASIL COM

DISPONIBILIDADE DA TECNOLOGIAPor: Gabriel Elias da

Silva e Dr. Pedro Trauczynski

Acreditar que é possível unir tecnologia à saúde é um marco na história do Hospital Santa Isabel. A cirurgia robótica permite a realização de cirurgias complexas por via Minimamente Invasiva. Desta maneira, o paciente tem uma cirurgia realizada com mais precisão, menor sangramento e recuperação muito mais rápida, com retorno precoce às suas atividades diárias.

Os braços robóticos, controlados pelo cirurgião, realizam movimentos com extrema delicadeza e precisão, aliados a imagem de uma câmera 3D colocada dentro do abdômen do paciente por meio de pequenas incisões. Isto proporciona ao cirurgião realizar procedimentos que teria grande dificuldade por via laparoscópica ou cirurgia aberta. O sistema cirúrgico Da Vinci Si possui quatro braços: num deles está a câmera com imagem em 3D e, aos outros três braços, acoplam-se pinças com movimentos 360º que podem ter ajuste de movimentos até 10 vezes mais precisos que a mão do ser humano. Cada movimento mínimo do médico no console dos braços do robô é realizado pelo equipamento, ignorando tremores normais das mãos humanas e proporcionando ainda mais precisão ao cirurgião.

Pioneirismo do HSI

O Hospital Santa Isabel se prepara para trazer o equipamento para Blumenau até a metade de 2019. Será o primeiro hospital do estado de Santa Catarina a disponibilizar a tecnologia, que hoje está presente somente em outros dois hospitais na região Sul do Brasil. Esta tecnologia permitirá que pacientes do Vale do Itajaí, demais regiões e de estados vizinhos possam vir ao nosso hospital e realizar os procedimentos cirúrgicos.

Com este investimento, teremos oportunidade de oferecer aos pacientes e médicos o que existe de ponta em tratamento cirúrgico nos principais centros de excelência hospitalar do Brasil e do mundo. Desta maneira, o HSI certamente terá um incremento em atendimentos particulares e convênios, não somente de procedimentos robóticos, mas também de outras cirurgias. Com isto também ampliaremos a abrangência de drenagem de pacientes privados de outras regiões. O objetivo do Hospital Santa Isabel é diminuir a distância entre o presente e o futuro, adquirindo tecnologia de ponta para os procedimentos médicos, minimizando assim o tempo necessário para a recuperação da saúde do paciente e otimizando os resultados cirúrgicos.

Dr. Pedro Trauczynski ao lado do robô Da Vinci.Fonte: Arquivo pessoal.

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O Robô Da Vinci Si

Da Vinci Si é a terceira geração do sistema Da Vinci de robôs cirurgiões. É formado por um aparelho de 4 braços colocado ao lado da mesa cirúrgica, um console onde o cirurgião controla os movimentos destes braços e um painel de controle. O formato do aparelho permite que ele seja locado em uma sala cirúrgica convencional, que pode ser utilizada para qualquer outro procedimento quando o robô não estiver em uso. A imagem em 3D, a precisão e amplitude dos movimentos das pinças e recursos de integração com os exames de imagem do paciente, proporcionam a realização de cirurgias mais complexas e melhores resultados cirúrgicos.

Fonte: Comunicação HSC – Hospital Santa Catarina – SP.

Médicos credenciados

Para realizar algum procedimento por meio do robô, o cirurgião precisa ser especializado e credenciado. Atualmente, o Dr. Pedro Trauczynski é o especialista que possui certificação para realizar o procedimento e já realiza cirurgias robóticas no Hospital Santa Catarina, em São Paulo – da Associação Congregação de Santa Catarina.

Para tal capacitação, os médicos precisam de treinamento específico, promovido pela Intuitive Surgical - fabricante do robô Da Vinci - em suas áreas de atuação. Logo, outros médicos do corpo clínico também iniciarão seus treinamentos. A ideia é que, até o final de 2019, aproximadamente 10 médicos do Hospital Santa Isabel, de diferentes especialidades, estejam habilitados e capacitados. As principais especialidades cirúrgicas beneficiadas pela tecnologia são Urologia, Cirurgia Geral, Proctologia, Ginecologia, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Torácica, Pediátrica e Cardíaca.

Dessa forma, o crescimento da instituição se dá por meio do investimento no paciente, que não é visto com um cliente, mas como uma peça importante no meio social e que requer cuidado e dedicação da nossa parte. Assim, trabalhamos para o desenvolvimento social por meio da saúde, trazendo crescimento e benefícios para toda a comunidade contemplada com os serviços hospitalares do Hospital Santa Isabel.

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CONSTRUINDO UMA CULTURA DE SEGURANÇA:

Uma abordagem multidisciplinarHá quase 30 anos, a preocupação

envolvendo os eventos adversos e complicações relacionadas à assistência à saúde ganhou crescente notabilidade. A impactante publicação conduzida por Kohn et. Al, “Errar é Humano: Construindo um sistema de Saúde mais seguro”, trouxe a problemática inserida no sistema de saúde americano, apontando o mesmo como portador de fragilidades e oportunidades de melhorias de processos de trabalho, através dos primeiros alicerces lançados nessa área.

A adoção de uma cultura de qualidade e segurança está longe de ser um caso de sucesso na maioria das instituições de saúde, uma vez que a ocorrência e o impacto dos eventos adversos na assistência ainda são significativos, considerando não apenas os danos ocasionados aos pacientes, incluindo óbitos, mas o significativo ônus financeiro gerado a partir dos erros e quebras de barreira de segurança.

Em ambientes de assistência à saúde, a adoção de práticas colaborativas, sustentáveis e saudáveis, pode ser o ponto de partida para o êxito. Afinal, a organização hospitalar, sendo um sistema dinâmico com relações sociais e de trabalho, necessitam da colaboração entre equipes para a realização de processos produtivos integrados.

No entanto, a construção de uma equipe não acontece apenas com a inserção de integrantes, cada um realizando o seu processo de trabalho. A construção e a execução do processo ocorrem quando cada profissional executa sua atribuição com excelência, efetividade, comunicação efetiva e sincronia com o grande grupo. A hierarquia nesse momento perde seu espaço para a complementação, sem esquecer a indispensável figura de liderança de uma equipe. A abordagem multidisciplinar no processo de assistência à saúde melhora a qualidade do serviço e impacta na redução de custos. Um bom trabalho em equipe diminui a ocorrência de erros involuntários. A Organização Mundial da Saúde apoia essa modalidade de abordagem visto sua efetividade.

Pessoas, tecnologias e processos de trabalho, quando otimizados, são os três pontos principais para compor um ambiente seguro e interligado. Assim, os domínios propostos pelo marco canadense de segurança do paciente - contribuição para a segurança do paciente, trabalho em equipe, comunicação efetiva, gerenciamento de riscos, otimização de fatores humanos e ambientes além do reconhecimento dos eventos adversos, são componentes fundamentais de uma equipe multidisciplinar inserida no contexto da assistência à saúde.

Some esforços, compartilhe experiências e integre suas tarefas. Um caso de sucesso pode acontecer!

Visando reestruturar e implantar o programa de preceptoria multiprofissional em algumas casas que ainda não possuem esta modalidade de serviço, e para um destaque diferenciado em mais uma de suas atividades, a Associação Congregação de Santa Catarina – ACSC, teve como estratégia fornecer, para integrantes da equipe multidisciplinar, o curso de “Desenvolvimento de Competências pedagógicas para a prática da preceptoria e docência” pela PUC de São Paulo, oportunizando a construção de um grande programa de residência em rede.

No decorrer do ano aconteceram dois encontros presenciais, sendo o primeiro no mês de setembro e o segundo no mês de dezembro de 2018, com duração de três dias para cada etapa de desenvolvimento, além da modalidade EAD até o período de fechamento do curso. No Hospital Santa Isabel, participaram médicos e enfermeiras, e já se idealiza a implantação da residência multiprofissional nesta instituição.

Fonte: Acervo pessoal HSI

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SE ALGUMA COISA IMPORTA PARA O PACIENTE, ENTÃO IMPORTA PARA

O HOSPITAL SANTA ISABELPor: Gabriel Elias da Silva,

com contribuição de Ana Claudia Stolfi Vronski e Jaqueline Franzmann Zachow

Um paciente é levado da UTI até a formatura do filho. Outro, escreve uma música para o fígado que recebeu de um doador. Para agradecer os cuidados hospitalares, uma paciente tira fotos com todos os profissionais que a atenderam. Essas ações acontecem dentro do Hospital Santa Isabel desde que a unidade passou a realizar o projeto “O que importa para você?”.

O objetivo é aprimorar o cuidado de saúde e a assistência social, ouvindo o paciente e realizando o que realmente importa para ele. Os profissionais se esforçam para que a pessoa sob cuidados hospitalares tenha uma experiência única de carinho e atenção.

Da UTI à formatura do filho

O Hospital Santa Isabel, por meio do projeto “O que Importa para Você?”, levou um paciente que estava internado há mais de dois meses na UTI-Geral para prestigiar a formatura do filho, no Teatro Carlos Gomes, em Blumenau – Santa Catarina. Ele foi acompanhado da equipe da UTI - médicos, enfermeiros, psicóloga e fisioterapeutas, que contribuíram na organização desse momento tão importante.

O Serviço de Psicologia do Hospital Santa Isabel entrou em contato com a comissão de formatura e a empresa organizadora da colação de grau. Eles prepararam um camarote especial, para que o paciente pudesse ficar mais à vontade.

Paciente apresenta composição sobre o transplante

Quando a alta hospitalar é no dia do aniversário, a comemoração é dupla. Nelson dos Santos comemorou 61 anos de vida dia 23 de fevereiro. As equipes de enfermagem, psicologia e nutrição do Hospital Santa Isabel se uniram aos familiares do paciente para uma comemoração.

Na ocasião, Nelson apresentou a música que fez para o órgão transplantado. Essa ação fez parte do processo de assimilação do diagnóstico - quando o paciente precisa entender e aceitar que vai receber o órgão de outra pessoa. Nelson realizou um transplante de fígado em dezembro. Após diagnóstico de rejeição do enxerto recebido, ele passou por outro transplante, em fevereiro. A música diz: Esse fígado é meu | Obrigado Senhor e pra quem me deu | Por falta de cuidado não perco não | Vou cuidar bem dele para não acontecer o que aconteceu | Esse fígado é meu

Os dois corações de uma paciente

Kelly ganhou dois novos corações: um veio de um doador, para que ela pudesse ter nova chance de vida; outro é de pelúcia, num chaveiro, para ela sempre lembrar do Hospital Santa Isabel e dos profissionais que aqui trabalham. Por meio do projeto “O que importa para você?”, foi descoberto que o importante para Kelly era tirar uma fotografia com cada profissional que a atendeu.

A Unidade Nossa Senhora Aparecida, setor de transplantes da instituição, preparou um presente para ela: um álbum com as fotos que ela tirou com o pessoal e o chaveiro. Cada simples gesto feito em agradecimento aos profissionais é uma grande alegria. Pedir para tirar uma foto com cada um deles e eternizar o sorriso, o abraço, é uma expressão que deixa marcas lindas nos corações.

Diariamente o Hospital Santa Isabel tem procurado evoluir como instituição. Expressões de gratidão mostram que cada esforço, por menor que seja, vale a pena. Se alguma coisa importa para o paciente, então também importa para o Hospital Santa Isabel.

Foto: Acervo pessoal HSI

Foto: Gabriel Elias da Silva - Comunicação HSI

Foto: Gabriel Elias da Silva - Comunicação HSI

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Opinião

DIFÍCIL DECISÃO!? Atualmente vivemos num mundo globalizado e, com todas as informações que

pensamos em obter, com poucos minutos de pesquisa somos agraciados com conhecimentos muito antes privados para grupos seletos da sociedade. A era da internet, das coisas com nome meio estranhas, cada vez mais se torna realidade no nosso dia a dia.

Projeta-se que em 2020 teremos aproximadamente 26 bilhões de dispositivos conectados, aptos a nos fornecer um mundo totalmente novo do que estamos vivendo agora. Obviamente, ainda que seja uma visão futurista para quem há pouco tempo possuía um aparelho de fax como sendo um importante equipamento de comunicação empresarial, não podemos mais negligenciar que a tecnologia e a ciência estão elevando o conhecimento humano à patamares nunca previstos e até mesmo difíceis de acompanhar. Toda essa mudança global bate em nossas portas diariamente, e temos a opção de adentrar neste mundo ou ignorar, mas poderá ocorrer que você, mesmo sem perceber, já está se apropriando e se beneficiando - ou talvez se prejudicando conforme a utilização.

Dentro deste novo mundo e novo cenário, o mais evidente é que não somos mais desprovidos de informações e que nosso poder de discernimento se elevou, embora ainda tenhamos exemplos vergonhosos que o ser humano acaba cometendo, parecendo regredir em sua evolução.

Mas, um dos focos deste texto é nos conscientizar que podemos ter informações rápidas para o nosso bem e para a nossa tomada de decisão. Quando levamos este poder de informações em nossas mãos para o assunto medicina, podemos ter muitas informações interessantes, mas também nos complicar se não soubermos usá-las ou interpretá-las.

Não é de hoje que ouço problemas e eventos graves relacionados à automedicação, ou o questionamento de tratamentos médicos propostos por terem se informado na internet. Acredito que devemos saber dosar as nossas pesquisas e a aplicabilidade dela na área da saúde. Mas existe uma larga vantagem em se apoderar de informações que podemos usufruir para o nosso bem-estar e segurança, no que tange algum tratamento de saúde. Por isso, também ouço de muitos médicos que, em suas consultas, muitas decisões em relação ao tratamento precisam ser debatidas com o paciente a fim de diminuir dúvidas devido aos conceitos que este se apoderou em suas pesquisas.

Outra conversa muito frequente entre médico e paciente é aonde realizar o tratamento, pois muitas vezes o médico atua em um hospital, mas em suas pesquisas o paciente forma outro conceito que difere do apresentado pelo médico. Obviamente, quando a tomada de decisão por um estabelecimento de saúde é necessária, muitos aspectos são relevantes e fácies de serem pesquisados como: especialidades de referência, avanços tecnológicos, hotelaria, certificações e acreditações alcançadas e mantidas, contribuições para o ensino e pesquisa, publicações, mídia espontânea, e até mesmo opiniões de clientes. Munidos de todas essas informações e aliado à um médico de confiança, é muito provável que chegarão num acordo de onde realizar seu tratamento. Cabe a nós, estabelecimentos de saúde, oferecer este pacote básico - assim denomino para que possamos ser escolhidos tanto pelo médico como pelo cliente que busca tratamento.

Dentro deste universo de obrigações para se manter no mercado da saúde, mesmo que árduo, com um bom planejamento é possível alcançar resultados expressivos e um certo diferencial competitivo. Ainda, considero vulnerável o diferencial competitivo deste estabelecimento. Acredito faltar algo essencial, que é o cuidado centrado no paciente e um atendimento personalizado, no que tange a suprir sentimentos ainda mais aflorados nas pessoas em tratamento. Não há tecnologia ou certificações que possam substituir o que a pessoa deseja naquele momento. Por isso, o cuidar da pessoa se torna tão estratégico como qualquer outra ação.

Juliano Petters

Diretor Executivo do Hospital Santa Isabel

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O SABER CIENTÍFICO DEDICADO A VIDA!

Conselho EditorialEnfª Marcia

Regina Fidauza

Enfª Michele dos Santos Mariano

Enfª Juciane Fratini

Graziela Corrente Letícia da Silva VeneraCoordenadora de Comunicação

Enfº Clóvis Fernando Darolt

Gabriel Elias da SilvaAnalista de Comunicação

Fisioterapeuta Lilian Patricia Aparecida dos Reis de Abreu

Enfª Maria Lucia Soero de Almeida

Fonoaudióloga Priscila Aparecida Barcellos

Drª Marianne Ramos de Lima e SilvaDiretora Técnica

Enfº Cristian dos Santos Pires

Enfª Mirelli Elisa Alves

Drº Philipp Mendes Lawall

Drº Hayslan Theobaldo Boemer

Enfº Francisco Orlando Silva Junior

Enfª Diane Furtado dos Santos

Enfª Denise da Hora Ferreira

Enfª Andrea Santiago de Sousa

Enfª Ana Beatriz Lanconi Leandro

Enfª Maiara Dahmer da Silva

Enfª Tatiane Baú Vitcoski

Maria Luiza SonegoGerente de Adm. e Apoio

Drº Fernando Kenji Akiyoshi

Enfª Maria Elvira de Oliveira Petersen

Psicóloga Vanessa Cristine Borges Beck

Enfª Ivany Berdyj Hildinger

Enfª Anna Carolina Colautti

Ilsa Hugen

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