amor, pois que é palavra essencial; carlos drummond de andrade
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Amor, pois que é palavra essencial
Carlos Drummond de Andrade
Este trabalho foi realizado no âmbito
da disciplina de Literaturas de Língua
Portuguesa, onde iremos explorar
agora a Literatura Brasileira, bem
como alguns aspectos da sua cultura e
costumes, tais como a gastronomia e
a dança (o samba) e alguns dos seus
principais escritores.
O escritor que iremos abordar,
primeiramente, será Carlos
Drummond de Andrade com o poema
“Amor, pois que é palavra essencial”,
contido na sua obra “Amor natural”.
Introdução
Brasil
Bandeira Brasão de armas
Presidente – Lula da Silva
Brasília – capital do Brasil
Os jardins do Ipiranga, em São Paulo
As Cataratas do Iguaçu
Planalto Serrano em Santa Catarina
Cabedelo, na Paraíba
A Floresta Amazónica, a mais rica e biodiversa floresta tropical do mundo.
Pico da Neblina, o ponto mais alto do país.
Hotel no Lago Negro, em Gramado, no Rio Grande do Sul
Fernando de Noronha, um dos principais pólos turísticos
do país.
O Palácio da Alvorada em Brasília, obra de Oscar
Niemeyer.
Salvador
Rio de Janeiro
São Paulo
Samba
Carnaval Brasileiro
Gastronomia
A literatura brasileira, considerando o seu desenvolvimento
baseada na língua portuguesa, faz parte do espectro cultural
lusófono, sendo um desdobramento da literatura em língua
portuguesa. Ela surgiu a partir da actividade literária
incentivada pelo Descobrimento do Brasil durante o Século
XVI.
Literatura
Bastante ligada, de princípio, à literatura metropolitana, ela foi ganhando independência com o tempo, iniciando o processo durante o século XIX com os movimentos romântico e realista e atingido o ápice com a Semana de Arte Moderna em 1922, caracterizando-se pelo rompimento definitivo com as literaturas de outros países, formando-se, portanto, a partir do Modernismo e das suas gerações as primeiras escolas de escritores verdadeiramente independentes.
Literatura
O parnasianismo viria a ser fortemente combatido pelos modernistas, causando grande polémica que resultaria em uma racha na cultura nacional. Os modernistas pregavam a destruição da estética anterior e praticamente assumem a liderança do movimento cultural brasileiro.
São dessa época grandes nomes como Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, João Guimarães Rosa, Clarice Lispector e Cecília Meireles.
Literatura
O autor
Carlos Drummond de Andrade
Nome completo: Carlos Drummond de Andrade
Nascimento: 31 de Outubro de 1902Itabira, Minas Gerais
Falecimento: 17 de Agosto de 1987, Rio de Janeiro
Nacionalidade: brasileira
Ocupação: poeta, contista e cronista
Escola/ tradição: Modernismo
Nasceu em Minas Gerais, em uma cidade cuja memória viria a permear parte de sua obra, Itabira.
Carlos Drummond de Andrade
Posteriormente, foi estudar em Belo
Horizonte e Nova Friburgo com os
Jesuítas no colégio Anchieta. Formado
em farmácia, com Emílio Moura e outros
companheiros, fundou "A Revista", para
divulgar o modernismo no Brasil.
Durante a maior parte da vida foi
funcionário público, embora tenha
começado a escrever cedo e
prosseguido até seu falecimento, que se
deu em 1987 no Rio de Janeiro, doze
dias após a morte de sua única filha, a
escritora Maria Julieta Drummond de
Andrade. Além de poesia, produziu livros
infantis, contos e crónicas.
Perfil Literário
Quando se diz que Drummond foi o
primeiro grande poeta a se afirmar depois
das estreias modernistas, não se está a
dizer que Drummond seja um modernista.
De facto herda a liberdade linguística, o
verso livre, o metro livre, as temáticas
quotidianas. Mas vai além. "A obra de
Drummond alcança um coeficiente de
solidão, que o desprende do próprio solo da
História, levando o leitor a uma atitude livre
de referências, ou de marcas ideológicas,
ou prospectivas“.
No final da década de 1980, o erotismo
ganha espaço na sua poesia até seu último
livro.
O poema
Amor - pois que é palavra essencial comece esta canção e toda a envolva. Amor guie o meu verso, e enquanto o guia, reúna alma e desejo, membro e vulva.
Quem ousará dizer que ele é só alma? Quem não sente no corpo a alma expandir-se até desabrochar em puro grito de orgasmo, num instante de infinito?
Amor, pois que é palavra essencial
O corpo noutro corpo entrelaçado, fundido, dissolvido, volta à origem dos seres, que Platão viu completados: é um, perfeito em dois; são dois em um. Integração na cama ou já no cosmo? Onde termina o quarto e chega aos astros? Que força em nossos flancos nos transporta a essa extrema região, etérea, eterna?
Amor, pois que é palavra essencial
Ao delicioso toque do clitóris, já tudo se transforma, num relâmpago. Em pequenino ponto desse corpo, a fonte, o fogo, o mel se concentraram. Vai a penetração rompendo nuvens e devassando sóis tão fulgurantes que nunca a vista humana os suportara, mas, varado de luz, o coito segue.
Amor, pois que é palavra essencial
E prossegue e se espraia de tal sorte que, além de nós, além da prórpia vida, como ativa abstração que se faz carne, a idéia de gozar está gozando.
E num sofrer de gozo entre palavras, menos que isto, sons, arquejos, ais, um só espasmo em nós atinge o climax: é quando o amor morre de amor, divino.
Amor, pois que é palavra essencial
Quantas vezes morremos um no outro, no úmido subterrâneo da vagina, nessa morte mais suave do que o sono: a pausa dos sentidos, satisfeita.
Então a paz se instaura. A paz dos deuses, estendidos na cama, qual estátuas vestidas de suor, agradecendo o que a um deus acrescenta o amor terrestre.
Amor, pois que é palavra essencial
Carlos Drummond de Andrade, como os modernistas, proclama a
liberdade das palavras, uma libertação do idioma que autoriza
modelação poética à margem das convenções usuais. Dentro das
suas temáticas, neste poema podemos encontrar principalmente
duas, o choque social e o amor. O choque social pela sua criação
ousada de poesia, uma poesia à qual a maioria da sociedade não
estava habituada a ler e a conhecer, uma poesia mais erótica, mais
íntima.
Tema
E, o amor está presente em todo o poema. Não só um amor
romântico ou sentimental, mas também um amor carnal, um
amor de conhecimento de si próprio e dos outros, fisicamente.
Neste poema, o sujeito poético fala-nos essencialmente do
conceito de amor, do que ele é, de como ele é e o prazer que ele
nos dá tentando ao mesmo tempo unir o desejo e alma, amor
carnal e transcendental de um forma melodiosa.
Tema
Os poemas de Drummond são
extremamente carnais, corpóreos;
porém, também conciliam aspectos
ideais de amor, numa reunião
perfeita de sentimentos.
Carlos Drummond, neste texto
poético é capaz de unir desejo e
alma, amor carnal e transcendental
de uma maneira harmónica.
Análise
Amor - pois que é palavra essencial
comece esta canção e toda a envolva.
Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,
reúna alma e desejo, membro e vulva.
Na primeira estrofe o sujeito poético faz um pedido ao amor para
que este comece o poema e “todo o envolva”, “juntando alma e
desejo, membro e vulva”.
A alma corresponde a um universo transcendente e, “desejo,
membro e vulva” equivalem aos desejos carnais que o sujeito
poético pretende unir à alma.
1ª estrofe
Quem ousará dizer que ele é só alma?
Quem não sente no corpo a alma expandir-se
até desabrochar em puro grito
de orgasmo, num instante de infinito?
“Quem ousará dizer que ele é só alma?”
Nesta estrofe, pode-se comprovar exactamente isso, o amor não é só
alma. Aqui a união do amor transcendente e do amor carnal é
realizada: o corpo está presente na alma e a mesma, no corpo.
O orgasmo é alcançado numa junção de alma e corpo e é considerado,
pelo sujeito poético, como um momento de transcendência.
2ª estrofe
O corpo noutro corpo entrelaçado,
fundido, dissolvido, volta à origem
dos seres, que Platão viu completados:
é um, perfeito em dois; são dois em um.
Os versos desta estrofe confirmam o ideal platónico de que a
alma precede o corpo e o amor pretende atingir um plano
transcendente.
“É um, perfeito em dois; são dois em um”, para o sujeito
poético a perfeição é a união dos dois, dele e da amada.
3ª estrofe
Integração na cama ou já no cosmo?
Onde termina o quarto e chega aos astros?
Que força em nossos flancos nos transporta
a essa extrema região, etérea, eterna?
O amor aqui, passa para além da “cama”, o amor torna-se
superior, vai para além do cosmo.
Nesta estrofe o sujeito poético não consegue diferenciar a
alma e o corpo, não sabe onde acaba um e começa o outro. É
um momento “etéreo, eterno.”
4ª estrofe
Ao delicioso toque do clitóris,
já tudo se transforma, num relâmpago.
Em pequenino ponto desse corpo,
a fonte, o fogo, o mel se concentraram.
A perfeição (representada nos versos por “fonte” e “mel”) está
presente num ponto do corpo que é objecto de desejo carnal –
o clítoris.
5ª estrofe
Vai a penetração rompendo nuvens
e devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista humana os suportara,
mas, varado de luz, o coito segue.
O que leva o eu lírico à dimensão transcendente é o desejo carnal
que o conduz às “nuvens” e “sóis”, símbolos de um universo ideal.
O corpo é o veículo para a transcendência, portanto, mais uma vez,
o poema distancia-se dos ideias platónicos.
6ª estrofe
E prossegue e se espraia de tal sorte
que, além de nós, além da prórpia vida,
como ativa abstração que se faz carne,
a idéia de gozar está gozando.
Nesta estrofe o poema trata do orgasmo e faz menção à ideia do plano
transcendente da alma “além da própria vida”.
Drummond inclui a relação carnal e trata-a “como ativa abstração”,
usando-a, também, como veículo para a transcendência; enquanto o
orgasmo, realizado no plano de ideias, concretiza-se somente pelo facto
do sujeito lírico pensar na ideia de gozar : “a ideia de gozar está
gozando”
7ª estrofe
E num sofrer de gozo entre palavras,
menos que isto, sons, arquejos, ais,
um só espasmo em nós atinge o climax:
é quando o amor morre de amor, divino.
A morte é uma condição necessária para a libertação da alma. O poeta
retoma esta ideia e coloca que o universo divino é alcançado através
do orgasmo. O amor transcende para um plano ideal por meio da sua
própria morte: “é quando o amor morre de amor, divino”. A ideia de
morrer para alcançar a libertação da alma, portanto, purificação, é
platónica, porém, não por meios carnais, como faz o eu lírico.
8ª estrofe
Quantas vezes morremos um no outro,
no úmido subterrâneo da vagina,
nessa morte mais suave do que o sono:
a pausa dos sentidos, satisfeita.
Nota-se que o sujeito poético apresenta-se em estado de
gozo, tomado para ele como um momento sublime. A morte
purifica e torna-se “mais suave que o sono”, numa atmosfera
onírica, onde ocorre “a pausa dos sentidos”, de tamanha
satisfação que o momento proporciona.
9ª estrofe
Então a paz se instaura. A paz dos deuses,
estendidos na cama, qual estátuas
vestidas de suor, agradecendo
o que a um deus acrescenta o amor terrestre.
Os deuses são seres supremos , imortais. Após o orgasmo, o eu poético
atinge uma dimensão divina, comparando-se a um deus. No último
verso, pode-se notar o jogo entre alma e corpo na figura de “deus” e
“amor terrrestre”. Para o sujeito lírico o orgasmo é um momento de
transferência da alma para um outro plano, uma obra divina “o que a um
deus acrescenta o amor terrestre”. Essa atmosfera somente é alcançada
devido à união do amor carnal e do amor ideal/espiritual.
10ª estrofe
Recursos estilísticos•Imagem
“O corpo noutro corpo entrelaçado,/ fundido, dissolvido…”
“Ao delicioso toque do clitóris,/ já tudo se transforma, num relâmpago.”
“Em pequenino ponto desse corpo,/ a fonte, o fogo, o mel se
concentraram.”
“Vai a penetração rompendo nuvens/ e devassando sóis tão fulgurantes/
que nunca a vista humana os suportara,/ mas, varado de luz, o coito
segue.”
A imagem nesta composição poética desempenha um papel primordial,
na medida em que descreve de uma forma sensual e ao mesmo tempo
transcendental o acto sexual e as sensações que este proporciona.
Podendo o leitor compreender mais intensamente a mensagem do poema.
Recursos estilísticos•Interrogação Retórica
“Quem ousará dizer que ele é só alma?”
“Quem não sente no corpo a alma expandir-se/ até desabrochar
em puro grito/ de orgasmo, num instante de infinito? “
“Integração na cama ou já no cosmo?”
“Onde termina o quarto e chega aos astros?”
As interrogações retóricas são feitas para salientar o objectivo
do eu poético em conjugar o amor transcendental com o amor
carnal. Questionando-se acerca disso e fazendo o leitor reflectir
também o “eu” tenta traçar os limites entre estes dois tipos de
amor.
Recursos estilísticos• Personificação
“Amor guie o meu verso”
A personificação é utilizada no poema para transformar o “Amor” numa entidade que conduz a nossa vida completamente e o facto de estar em letra maiúscula confirma isso mesmo.
• Pleonasmo
“a idéia de gozar está gozando.”
Com o pleonasmo o sujeito poético hiperboliza de uma certa forma o desejo carnal e a satisfação que este nos proporciona, de tal forma que só o facto de pensarmos nele, já faz com sintamos “prazer”.
Análise formal
Esta composição poética é constituída por dez
estrofes, constituídas cada uma por quatro versos,
ou seja, são todas quadras. O esquema rimático é
irregular e a métrica dos versos não segue
nenhuma lógica igualmente. Apresenta uma
rima pobre e um ritmo lento, bem como a
utilização de várias interrogações e de
um vocabulário rico e expressivo.
ReflexãoNovamente os trabalhos que realizamos na disciplina de Literaturas de
Língua Portuguesa dão-nos a conhecer mais um país (o Brasil), mais uma
cultura e um grande poeta, Carlos Drummond de Andrade.
No poema que o nosso grupo analisou, “Amor, pois que é palavra
essencial” Drummond diferencia-se dos ideais platónicos, mostrando que
o amor carnal é tão necessário quanto amor espiritual, e que somente
através do corpo atinge-se a transcendência; revela-nos que os seres
sensíveis e imperfeitos são capazes de amar divinamente, unindo “alma”
e “vulva”.
O nosso grupo não podia estar mais de acordo, pois acreditamos que
pode existir um equilíbrio entre o desejo e a alma, amor carnal e
transcendental e que estes se podem unir de maneira harmoniosa.
Interactividade
Conjuga as sentenças da coluna esquerda com as da coluna direita
Capital do Brasil
Ponto mais alto do
Brasil
“Amor,”
Presidente
31 de Outubro de 1902
17 de Agosto de 1987,
Lula da Silva
Rio de Janeiro
Pois que é palavra
essencial
Itabira, Minas Gerais
Pico da Neblina
Brasília
www.astormentas.com/drummond.htm
www.pensador.info›autoreswww.carlos-drummond-de-andrade.blogspot.com/
www.pt.wikipedia.org/wiki/Brasilwww.brasil.gov.br/
Bibliografia
Trabalho realizado por:
Paula Leal nº12&
Vanda Teixeira nº1712ºH