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Editorial Informa vo da Cooperação Social/ENSP/Fiocruz Nº 5 - Jan. a Jul./2012 Manguinhos/RJ www.ensp.ocruz.br/par cipacaocidada Nesta edição, agora semestral, do Informativo Comunidade na Saúde, apresentamos algumas ações desenvolvidas “com” e “para” Manguinhos. A ideia é trabalharmos mais “com” todos aqueles que desejam tornar este lugar cada vez melhor para se viver. Por isso, fica o convite para a leitura crítica e o envio de sugestões de matérias que estimulem a participação da co- munidade na saúde. É oportuno lembrar que o Comunidade na Saúde, assim como o blog Participação Cidadã e as redes sociais da internet (Email, Facebook, Orkut, Twitter), são ferramentas de comuni- cação importante para a democratização da informação, por buscar ampliar os canais de informação, contribuindo assim para a promoção da participação ativa, social, popular ou co- munitária e na saúde. O que vale dizer que pensar em saúde não é apenas preve- nir a doença: mas desenvolver ações que promovam uma me- lhor saúde, da melhor forma possível, em cada contexto local. Para isso, é importante atuar sobre os determinantes sociais de saúde. Quer dizer, sobre fatores ou condições sociais que interferem em nossas vidas. É discutir educação, trabalho, se- gurança, transporte, cultura, moradia, religião, etnia [raça], direitos humanos e muito mais. É falar e ser ouvido nos espa- ços de decisão sobre políticas públicas que podem melhorar a qualidade de vida. É decidir, sem ser oprimido, sobre os rumos da politica, ainda mais em ano eleitoral municipal, quando a cidadania deve ser exercida infuenciando na política local. Amigas e amigos, Em pé, atrás: Humberto, Dra. Marília, Mariano e Renata. Em pé, abaixo: Cín a, Ana Paula, Mírian e Célia. Sentadas: Marisa, Amanda e Débora. Como está Manguinhos Para fortalecer intervenções em políticas públicas é fundamental a construção de diagnósticos que comprovem os problemas que afe- tam a saúde e, consequentemente, a qualidade de vida do ser huma- no, no nosso caso, da população de Manguinhos. E, nada melhor do que quem mora no bairro para entrevistar seus mora- dores e levantar dados para tais pesquisas. É disso que tratam várias matérias no Comunidade na Saúde - quem pesquisa e o que pesquisam. Páginas 2 e 5 Estudantes, profissionais de saúde, moradores de Manguinhos debateram meio ambiente e demandas de comunidades faveladas na Cúpula dos Povos, durante a Rio+20. Residentes na Rua N. S. de Fátima, “Beira Rio”, no Parque João Goulart, denunciaram a falta de diálogo com o governo estadual sobre a demolição das casas e as respectivas indenizações por conta das obras do PAC. Páginas 6 e 7 Em Manguinhos Acontece você encontra referências às atividades culturais, educativas e esportivas na região. A violência contra jovens negros é tema do II Seminário Saúde da População Negra, na ENSP, em dezembro. Página 8 Página 7 Conselheiros discutem políticas públicas Fique sabendo o que os moradores de Manguinhos, em espaços coletivos como conselhos ou fóruns, vêm discutindo para melhorar o desenvolvimento de políticas públicas. A mobilização social é fundamental para avançarmos com as discussões. Página 6 A esquerda: Campanha sobre tuberculose. A direita: Reunião do CGI sobre Regimento Interno. Foto: Sandra Mar ns/ACS/ENSP/Fiocruz Foto: Acervo ACS/ENSP/Fiocruz Foto: Pa y V. Olliveira Foto: Acervo ACS/ENSP/Fiocruz

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Page 1: Amigas e amigos, - ensp.fiocruz.br · direitos humanos e muito mais. É falar e ser ouvido nos espa-ços de decisão sobre políticas públicas que podem melhorar a ... Reunião do

Editorial

Informa vo da Cooperação Social/ENSP/FiocruzNº 5 - Jan. a Jul./2012 Manguinhos/RJ www.ensp.fi ocruz.br/par cipacaocidada

Nesta edição, agora semestral, do Informativo Comunidade na Saúde, apresentamos algumas ações desenvolvidas “com” e “para” Manguinhos. A ideia é trabalharmos mais “com” todos aqueles que desejam tornar este lugar cada vez melhor para se viver. Por isso, fica o convite para a leitura crítica e o envio de sugestões de matérias que estimulem a participação da co-munidade na saúde.

É oportuno lembrar que o Comunidade na Saúde, assim como o blog Participação Cidadã e as redes sociais da internet (Email, Facebook, Orkut, Twitter), são ferramentas de comuni-cação importante para a democratização da informação, por buscar ampliar os canais de informação, contribuindo assim para a promoção da participação ativa, social, popular ou co-munitária e na saúde.

O que vale dizer que pensar em saúde não é apenas preve-nir a doença: mas desenvolver ações que promovam uma me-lhor saúde, da melhor forma possível, em cada contexto local. Para isso, é importante atuar sobre os determinantes sociais de saúde. Quer dizer, sobre fatores ou condições sociais que interferem em nossas vidas. É discutir educação, trabalho, se-gurança, transporte, cultura, moradia, religião, etnia [raça], direitos humanos e muito mais. É falar e ser ouvido nos espa-ços de decisão sobre políticas públicas que podem melhorar a qualidade de vida. É decidir, sem ser oprimido, sobre os rumos da politica, ainda mais em ano eleitoral municipal, quando a cidadania deve ser exercida infuenciando na política local.

Amigas e amigos,

Em pé, atrás: Humberto, Dra. Marília, Mariano e Renata. Em pé, abaixo: Cín a, Ana Paula, Mírian e Célia. Sentadas: Marisa, Amanda e Débora.

Como está ManguinhosPara fortalecer intervenções em políticas públicas é fundamental

a construção de diagnósticos que comprovem os problemas que afe-tam a saúde e, consequentemente, a qualidade de vida do ser huma-no, no nosso caso, da população de Manguinhos.

E, nada melhor do que quem mora no bairro para entrevistar seus mora-dores e levantar dados para tais pesquisas. É disso que tratam várias matérias no Comunidade na Saúde - quem pesquisa e o que pesquisam.

Páginas 2 e 5

Estudantes, profi ssionais de saúde, moradores de Manguinhos debateram meio ambiente e demandas de comunidades faveladas na Cúpula dos Povos, durante a Rio+20. Residentes na Rua N. S. de Fátima, “Beira Rio”, no Parque João Goulart, denunciaram a falta de diálogo com o governo estadual sobre a demolição das casas e as respectivas indenizações por conta das obras do PAC.

Páginas 6 e 7Em Manguinhos Acontece você encontra referências às atividades culturais, educativas e esportivas na região.

A violência contra jovens negros é tema do II Seminário Saúde da População Negra, na ENSP, em dezembro.

Página 8 Página 7

Conselheiros discutem políticas públicasFique sabendo o que os moradores de Manguinhos, em espaços coletivos

como conselhos ou fóruns, vêm discutindo para melhorar o desenvolvimento de políticas públicas. A mobilização social é fundamental para avançarmos com as discussões.

Página 6

A esquerda: Campanha sobre tuberculose. A direita: Reunião do CGI sobre Regimento Interno.

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Rede de Pesquisas

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Estudos sobre as condições de vida e acesso a serviços de saúde

A Fiocruz vem investindo recursos no Progra-ma de Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Saúde Pública (PDTSP) para realizar pesquisas e ações que resultem em melhorias dos serviços de saúde de Manguinhos e que possam ser modelo para outros territórios.

Assim, vários grupos de pesquisas da Fiocruz vêm trabalhando de forma integrada (em rede), desde 2010, para apoiar o Teias Escola Manguinhos (Ter-ritório Integrado de Atenção à Saúde), responsável pela gestão da Estratégia da Saúde da Família em Manguinhos.

Para Lembrar O Teias - Escola Manguinhos tem como principal objetivo promover o acesso às ações e aos serviços de saúde no território através do Centro Municipal de Saúde (CMS Manguinhos), que funciona no Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (ENSP/Fiocruz) e da Clínica da Família Victor Valla (CFVV), no Desup.

Esta Rede de pesquisa, PDTSP Teias, realiza al-guns trabalhos de campo para conhecer as condições de saúde e de vida dos moradores de Manguinhos. É possível que você já tenha visto ou entrado em con-tato com alguns de seis pesquisadores em sua casa, nas ruas, em cursos que participou, nos serviços de saúde, em encontros ou seminários.

Para que você conheça quais são estas pesquisas e o que estes pesquisadores estudam e como pretendem contribuir com as transformações em Manguinhos, apresentamos a seguir o resumo das pesquisas que estão acontecendo no território, por meio do PDTSP.

Se você tem interesse em conhecer mais sobre os projetos faça contato com a Coordenação Geral do Programa por meio do e-mail pdtspteias@fi ocruz.br ou pelos telefones/(21)3885-1891 e 3885-1790.

Esta rede de trabalho, Rede PDTSP Teias, realiza alguns trabalhos de campo para conhecer as condi-ções de saúde e de vida de seus moradores de Man-guinhos. É possível que você já tenha visto ou en-trado em contato com alguns de seus pesquisadores em sua casa, nas ruas, em cursos que participou, nos serviços de saúde, em encontros ou seminários.

Semana de C&T e Feira de Ciência e Saúde

Durante a semana de Ciência e Tecnologia, de 15 a 21 de outubro, o PDTSP Teias vai fazer uma atividade diferente para divulgar suas pes-quisas. Será uma feira de ciência e saúde no Desup (Av. Dom Hélder Câmara, 1184), em ar-ticulação com vários parceiros de Manguinhos. A ideia é buscar outras formas para apresentar os resultados do Programa, procurando maior integração com a população da região e tam-bém com as instituições que atuam no local.

A proposta vai integrar a programação oficial da Semana de Ciência e Tecnologia na Fiocruz, que tradicionalmente oferece diversas atividades temáticas dentro do Campus, com visitação intensa, principalmente de escolas. Com essa proposta, as atividades da Fiocruz vão acontecer também fora dos muros da ins-tituição, atingindo um público ainda maior e diversificando a proposta.

Fique ligado!!!

Para quê

Descomplicar ou pelo menos trazer mais clareza a conceitos como Tecno-logias Sociais em Saúde, participação comunitária, governança em Mangui-nhos, redes e intersetorialidade que são usados no dia-a-dia de trabalho dos pesquisadores, gestores, trabalhadores e lideranças comunitárias que pensam a saúde em Manguinhos. Por isso, foi realizado o Ciclo de Debates, com três encontros na Fiocruz (março, abril e maio), com cerca de 300 pessoas. O Ciclo foi realizado numa parceria entre a Cooperação Social da Fiocruz e da ENSP e o Programa de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde Pública, PDTSP Teias.

?Tecnologias Sociais em Saúde: conceitos, objetivos e práticas

No primeiro encontro, discutiu-se as experiên-cias da Fiocruz na área e a necessidade de maior aprofundamento sobre gestão participativa e tec-nologias sociais em saúde, considerando o territó-rio local, Manguinhos, e sua relação com a con-juntura macropolítica do país.

Participação Comunitária: o que queremos com isso?

No segundo encontro, abordou-se o pro-cesso de construção de políticas públicas para a saúde, do controle social à gestão partici-pativa, da perspectiva nacional para a local. Para Kátia Souto, do Ministério da Saúde, “há uma história de luta democrática, que in-clui os anos da ditadura, que calou ou tentou calar muitas vozes, entre elas, as do campo da saúde pública”.

Ao se discutir as difi culdades de mobili-zação de atores sociais para espaços de par-ticipação como conselhos de saúde, Eduar-do Stotz, pesquisador da ENSP, indicou que "temos que inventar caminhos: o caminho é eterno. Se houve esvaziamento das propo-sições iniciais, então é fundamental mudar o rumo. É importante observar os processos de instituição dos conselhos de saúde. É pre-

Governança em Manguinhos - Redes de Intersetorialidade

As experiências de participação social e redes no território de Manguinhos - passadas, presentes e perspectivas futuras entre as redes existentes vi-sando sua integração e fortalecimento - pautaram o diálogo do terceiro encontro.

Entre os desafi os, o reconhecimento dos espa-ços democráticos, como os conselhos de políticas

CICLO DE DEBATES NA FIOCRUZ

públicas, conforme aponta Marcelo Rasga, pes-quisador da ENSP: “tem que ser legitimada pelo Estado, que deve reconhecer suas deliberações, e pela sociedade, para que se tenha o entendimen-to de que suas decisões não são arbitrárias e, sim propostas dos representantes da sociedade nos conselhos”.

O exercício da gestão participativa e territo-rializada signifi ca que as relações de poder devem ser discutidas dentro do próprio território, consi-derando as especifi cidades de cada localidade.

“Em Manguinhos, o direito de ir e vir é trans-gredido cotidianamente. E, cabe a gestão partici-pativa a adoção de práticas e mecanismos inova-dores, capazes de efetivar a participação popular nas políticas públicas”, disse Leonardo Bueno, da Coordenadoria Cooperação Social da Presi-dência / Fiocruz.

ciso acabar com essa falsa ideia de representação: duzentos podem participar hoje, daqui a dois anos esse número pode se quintuplicar”.

Auditório Internacional da ENSP

Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV)

Museu da Vida da Casa Oswaldo Cruz (COC)

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Rede de Pesquisas

Uma mala cheia de histórias de vida, de memórias, de pessoas e de lugares, é uma mala mágica: por trazer conhecimentos e informações sobre temas variados para a compreensão sobre um determinado lugar, o jeito de ser de tudo. É assim com a Ma-leta de Trabalho do Laboratório Territorial de Manguinhos (LTM): Reconhecendo Manguinhos. Os te-mas envolvem saúde e ambiente, como as enchentes, políticas públicas – o PAC, moradias –, histórias de vida e memórias de moradores, dimen-sões escolhidas para

Este é o lema do nosso trabalho. Para isso, desenvolvemos várias atividades (cursos, encontros, rodas de conversa, eventos culturais, vídeo-debates, produção de conteúdo para informati-vo, blog e redes sociais) junto aos moradores de Manguinhos, de forma que todos os envolvidos debatam criticamente sobre as políticas públicas desenvolvidas no território e atuem em grupo para a melhora das condições de vida no local.

O trabalho foi iniciado na época da vinda do PAC Mangui-nhos – que trouxe várias mudanças na região, inclusive na saúde, seja na construção da Clínica da Saúde, da UPA, seja no aumento do número de equipes de saúde da família. Mas, será que esse investimento melhorou a saúde na região? Para responder a essa e outras perguntas é que trabalhamos em parceria com o movimento social (moradores, lideranças, enti-dades, associações, fórum) e os próprios profissionais de saúde (trabalhadores e gestores) na luta política a favor de uma saúde de qualidade. Responsável: Mayalu Matos

Tecendo Redes por um Planeta Terra SaudávelUma ação educativa de popularização da

ciência. Esta é a proposta do Projeto Tecen-do Redes por um Planeta Terra Saudável em Manguinhos, a partir da colaboração entre o Museu da Vida/COC/Fiocruz, mediado por seu setor educativo, e escolas públicas localizadas no entorno do campus, contan-do com a colaboração de cientistas e outros profi ssionais da Fiocruz e professores e es-tudantes da UFRJ.

O projeto inclui atividades realizadas nas escolas, antes, durante e depois da visita ao Museu da Vida, e em eventos com apresen-tações de trabalhos produzidos nas escolas no desdobramento das ações desenvolvidas.

A partir desse trabalho colaborativo, um grupo composto principalmente por educadores das escolas e do museu desenvol-ve estudos, pes-quisas, materiais educativos, textos

Ciência, Saúde e Cultura: parceria no desenvolvimento local

Promover o diálogo entre ciência, saúde e cultura para o desenvol-vimento local por meio da educação popular é uma estratégia que promove resultados, se não imediatos, pelo me-nos prazerosos. É esta a

perspectiva de ação parceira dos pesquisadores envolvidos neste projeto. A ideia é colocar a ciência a serviço da população do ter-ritório de Manguinhos, a partir de práticas educativas com alegria que envolva saúde, arte e cultura. Desta forma, muitos problemas de saúde podem ser prevenidos, assim como a qualidade de vida pode ser alcançada. A partir da identifi cação dos problemas rela-cionados ao lixo, à cultura, ao afeto, à violência, à paz, podem-se apontar soluções a se-rem desenvolvidas por profi ssionais de órgãos públicos e da sociedade civil. Ou seja, políti-cas públicas podem ser construídas para dar sus-tentabilidade às ações necessárias para a promoção saúde.

Entretanto, é essencial a participação da comunidade para o seu desenvolvimento. E é com esta participação social que se fortalecerá a construção da gestão participativa. Ok, mas como é esse diálogo com palhaços, arte, cultura, gestão participativa, etc. etc.? Simples, ou quase. Neste caso específi co, a proposta é usar o conceito – diálogo e promoção da alegria – para fortale-cer conselhos gestores mais afetivos. Na prática, são realizadas rodas dialógicas locais – rodas de conversas –, com os movimen-tos artísticos da comunidade de Manguinhos, buscando conectar todos os participantes num coletivo que vise autonomia em sua produção. Como exemplo, a realização da Olimpíada Cultural de Manguinhos, em junho deste ano, que contou com o envolvimen-to da comunidade.

Lembre-se, que toda e qualquer ação pode ser promovida por meio da gestão participativa, de todos nós, assim podere-mos, em comunidade, construir um território baseado no afeto catalizador que colabora para a promoção do diálogo, saúde e alegria. Responsável: Tânia de Araújo-Jorge.

Histórias de pessoas e lugares de Manguinhos

Participar, participar e participar!

A análise histórica das intervenções públicas em algumas localidades de Manguinhos nos últimos quatro anos, com destaque para as obras do PAC e os impactos que a construção de novas moradias, as mudanças nas ruas, as remoções e as realocações causam na vida das pessoas. Estes são os temas de nossa pesquisa sobre a história “das pessoas e lugares” de Manguinhos.

Já entrevistamos alguns moradores e estamos compondo um conjunto de histórias de vida e de experiências sobre o morar na região buscando entrevis-tados que foram direta ou indiretamente atingidos pelas atuais intervenções.Responsável: Tânia Fernandes.

e tecnologias sociais que buscam contribuir para ampliar os impactos positivos destas ações na promoção e produção social da saú-de no território onde o projeto é realizado.

Estas ações educativas baseiam-se no di-álogo entre estudantes, educadores e pesqui-sadores sobre a problemática socioambiental e suas implicações em territórios socialmente vulnerabilizados onde moram os estudantes das escolas participantes do projeto.

Este diálogo visa contribuir para a com-preensão e transformação da realidade de vida local/global a partir do fortalecimento de processos de promoção e produção social da saúde. Responsável: Mercês Navarro

compreender o território de Manguinhos e suas transformações, vulnerabilidades, injustiças e potencialidades. Os conhe-cimentos são organizados como docu-mentários, livro, cordel, livro-jogo, slide show, calendário, relato fotográfi co e site www.conhecendomanguinhos.fi ocruz.br. Cada material é um caminho, a ser trilha-do para entender a realidade e agir. Desde março desse ano, o LTM vem di-vulgando e avaliando a Maleta, por meio de ofi cinas de diálogo e apropriação para

a produção de novos materiais, ampliando as trocas com moradores e suas organizações co-letivas, escolas e outros equipamentos sociais, profi ssionais de saúde, entre outros. Responsá-vel: Fatima Pivetta

Maleta detrabalho do LTM

Foto: Acervo do Museu da Vida/COC/Fiocruz

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Rede de Pesquisas

Conhecer como têm organi-zados os cuidados em saúde sexual e saúde reprodu va do TEIAS é o alvo de pesqui-sadoras do Ins tuto Fernandes Figueiras.

A proposta é favorecer o trabalho dos profi s-sionais no desenvolvimento e avaliação desses cuidados. A coleta de dados tem sido feita, des-de 2011, através de entrevistas das equipes de Saúde da Família e do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Farias (CSEGSF).

A par r dos diagnós cos são iden fi cados aspectos posi vos e limites dos serviços, para proposição à gestão de meios de aprimoramen-to dos cuidados à saúde sexual e saúde reprodu- va da população. Responsável: Claudia Bonan

e Ká a Silveira Silva

Saúde Sexual e Reprodutiva

Curso: Conselheiros de SaúdeSaber como funciona o sistema é fundamental

para evitar inúmeros problemas, para o cidadão usu-ário como para os profi ssionais de saúde. Assim será possível cobrar ou questionar coisas que estão den-tro do sistema.

Para Darcília Alves, conselheira de saúde do Conselho Gestor Intersetorial (CGI) do Teias – Es-cola Manguinhos, todo conselheiro deve passar por capacitações, que ajudam no bom entendimento sobre a complexidade dos serviços de saúde. “Eu não posso cobrar da Estratégia da Família uma es-pecialização, como ginecologia, pois terei de passar primeiro elo Clínico Geral. Ele avaliará minha ne-cessidade e me encaminhará para o ginecologista. O

paciente tem que ter este entendimen-to. E, o con-selheiro de saúde tem o

papel importante de se informar e de esclarecer a comunidade.”

A capacitação defendida pela moradora do CHP2 é o objeto do curso de Qualifi cação em Participa-ção Social e Gestão em Saúde para Conselheiros de Saúde, e demais representantes da sociedade civil e interessados no tema. A ideia é ampliar e qualifi car a participação de representantes do segmento de usu-ários, profi ssionais de saúde e gestores, preferencial-mente aqueles com ensino médio ou fundamental, nos mecanismos de participação na área da saúde.

A proposta, desenvolvida pela Escola Politéc-nica de Saúde Joaquim Venâncio e surgida de con-versas com representantes do Fórum do Movimento Social de Manguinhos, é refl etir com o aluno sua importância no contexto político da sociedade, entre outros temas. Responsável: Valéria Castro

Como lidar com a tuberculose no seu cotidia-no? E quanto as parasitoses intestinais e ectopara-sitoses: nomes horrorosos para a sarna e a pedicu-lose? Para combater algo, é importante saber qual o entendimento que se tem do problema? Quais as formas utilizadas para seu combate? A quem recor-rer? E, que estratégias podem ser usadas na promo-ção da saúde, quanto à prevenção da tuberculose e de parasitoses?

Estas questões são discutidas no projeto desen-volvido pelo Instituto Oswaldo Cruz, cuja proposta visa estimular a articulação de estratégias de pro-moção da saúde via formação de rede cooperativa entre laboratórios da Fiocruz (IOC e ENSP), e a interlocução com Fórum do Movimento Social de Manguinhos, entidades governamentais e não go-vernamentais e moradores de Manguinhos.

Para avaliar o impacto desta iniciativa, vem sen-

do realizado um inquérito imu-no-epidemioló-gico (pesquisa) sobre tubercu-lose e parasitoses, abordando diferentes aspec-tos, tais como nutrição e educação. Além disso, envolve tecnologias sociais educativas como: ofi cinas dialógicas sobre estas doenças (rodas de conversas) e o Curso “Saúde Comunitária: Uma Construção de Todos”. O curso, em dois anos, já formou cerca de 230 promotores locais de saúde, multiplicadores em potencial, e propõe consoli-dar a cooperação entre os parceiros, fortalecendo, desta forma, a intersetorialidade e a interdiscipli-naridade, para a promoção da saúde e a constru-ção do bem-estar social. Responsável: Antônio Henrique de Moraes Neto.

EDUCAÇÃO POPULAR PARTICIPATIVAPrevenção da Tuberculose e de Parasitoses

Crianças e adolescentes com doenças crônicasJá parou para pensar como vivem

as crianças e adolescentes com condi-ções crônicas de saúde? Pois é. Esta é a preocupação da pesquisa Promoção da Saúde de Crianças e Adolescentes com Condições Crônicas, do Instituto Fer-nandes Figueira, e que acontece junto às equipes da Estratégia de Saúde da Família e espaços locais de participação social, em Manguinhos.

Falar de condições crônicas de saúde signifi ca falar de quadros de doenças e defi ciências (também as que fazem uso de estomias e oxigênio suple-mentar), dentre outras variadas que obriga a pessoa a ir com frequência – às vezes semanalmente – a um médico, fi sioterapeuta, psicólogo, fonoaudiólo-go, ou qualquer outro profi ssional de saúde, assim como precise usar medicação continuadamente. Entretanto, para além do profi ssional de saúde,

existem outras pessoas envolvidas com uma criança ou adolescente com uma condição crônica, por isso precisamos saber como se organizam ou não redes de apoio para elas e suas famílias, e se elas têm ou não seus direitos a educa-

ção, saúde, lazer, dentre outros respeitados nas suas diferenças. Desse modo, torna-se necessário saber quantos são; quem são; como vivem; e quantas pessoas e instituições são necessárias para cuidar da criança/adolescente.

No Brasil, são raros os dados sobre essa po-pulação. Por isso, a pesquisa quer mostrar para o poder público e os ambientes de saúde que essas crianças e adolescentes existem e têm necessidades específi cas de vida; além de buscar saber como os profi ssionais trabalham com essas crianças e como as compreendem. Responsável: Martha Moreira

Nosso projeto visa estabelecer um mo-delo de assistência farmacêutica focada no usuário e não no medicamento. Parte do princípio de que as equipes dos serviços de farmácia devem desenvolver ações que garantam aos usuários o recebimento dos medicamentos prescritos. Assim, se tais produtos não estiverem previstos nas listas da unidade básica, as equipes que ali traba-lham devem saber dizer onde no SUS eles podem ser encontrados. Além disso, devem ser capazes de orientar os usuários de como guardá-los em suas casas para que não se estraguem antes do tempo, orientar a for-

ma correta de usar, quais podem ou não ser usados juntos e apoiar os usuários e os demais profissionais da saúde quando um medicamento causar efeitos indesejados.

Para desenvolver esse modelo escolheu-se trabalhar com base no diabetes melli-tus. por ser uma doença muito frequente na população. Realizaremos levantamento para conhecer melhor as necessidades dos pacientes diabéticos. Quantos são, quais os medicamentos mais usados, quais as com-plicações mais comuns, que medicamentos utilizam e onde buscam cuidados quando complicam. Com esses dados em mãos, poderemos discutir o modelo junto com as equipes da área a melhor forma de apoiar melhor esses usuários. Responsável: Vera Lucia Luiza

Modelo de serviços farmacêu cos aos pacientes

portadores de diabetes

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acaba difi cultando nosso trabalho, campo suspenso causa uma afl ição, saber que tem algo a ser feito e não poder ir por essas intercorrências: é frustrante. Mas temos trabalhado bem isso em equipe e como diria minha eterna super Juliana [Tobinaga, ex-co-ordenadora de campo] deu 3 horinhas de campo caia dentro e faça o melhor!”

Impactos Pessoais – Superação, respeito, cren-ça em dias melhores, perseverança, autoconfi ança, parceria. Mais do que palavras, são lições e reco-mendações que cada um dos integrantes da equipe de entrevistadores levarão para suas vidas.

A parceria entre os integrantes de uma equipe facilita em muito o andamento do tra-balho. “Saber que por ter poder não precisa ser soberbo ou arrogante”, é no entendimento de Cíntia Ramos, moradora de Vila Turismo, uma lição de vida. “Tenho como supervisoras e coordenadoras grandes amigas que me levaram, mesmo passando por momentos complica-dos, a continuar lutando com muito mais vontade, tal como no início. Ainda vi o quanto foi importante saber que eu sou mais forte do que imaginava.”

“Trocar experiências é evoluir cada vez mais, dessa forma, torno-me um ser cada vez melhor. Mas nunca esquecendo da neutralidade que aprendi no treinamento”, afi ançou Humberto da Paz, que sonha trabalhar com música. Para ele, quando faz uma entrevista, “não sou só um entrevista-dor; sou como se fosse um psicólogo que se preocupa com os problemas de cada um, pronto a ajudar na medida do possível, e de aprender também.”

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Rede de Pesquisas

Promoção da saúde atra-vés do acesso à informação e empoderamento do cida-dão é o foco do Laboratório Internet, Saúde e Sociedade (LAISS), sala de aula de in-formática organizada para a Comunidade de Mangui-nhos, em funcionamento no antigo prédio da Escola Politécnica onde hoje estão localiza-dos laboratórios da ENSP.

São oferecidos cursos de inclusão digital, programas de escritório, edição de vídeo e internet em parceria com outros projetos como o Curso de Saúde Comunitária do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), o Programa de Atenção à Saúde do Ido-so (PASI), Terapia Comunitária (CSEGSF), além de atender à demanda da Comunidade.

Mais do que inclusão digital, ideologicamente, o projeto LAISS enxerga as Tecnologias da Informação e Comunica-ção como ferramenta de empoderamento do cidadão, por ser o acesso à informação fator determinante para promoção da saúde. Responsável: André Pereira

Acesso digital: aliado na promoção da saúde Diagnóstico Socioambiental em Manguinhos

Em busca de conhecer melhor o problema da contaminação ambiental em nossa região o projeto de pesquisa “Contribuições para um Diagnóstico So-cioambiental em Manguinhos” pretende avaliar, a partir das coletas de amos-tras do solo e água na região, o nível de contaminação produzido a partir das atividades desenvolvidas pelas indús-trias na região.

Para realizar esse estudo foram se-lecionados e formados moradores da região e definidos 81 pontos (locais) para a coleta de amostras de solo em todas as comunidades de Maguinhos.

São previstas quatro campanhas para coleta de amostras de solo e água. Após a coleta, são feitas as análises químicas das amostras para avaliar a presença de substâncias que estão rela-cionadas à ocorrência de vários tipos de doenças. Algumas delas, como o chum-bo e o benzeno, por exemplo, podem ge-

Entrevistador: quem é ele ou ela?É comum que moradores de Manguinhos rece-

bam pesquisadores: eles levantam dados para es-tudos sobre como, neste caso específi co, melhorar a qualidade de vida da população desta região. Entretanto, não é comum saber quem são e o que pensam estes profi ssionais, muitos deles, se não a maioria, rostos comuns do cotidiano de vizinhos de mesmo bairro.

A matéria tem como objetivo apresentar para a população de Manguinhos a experiência de mo-radores no processo de participação em pesquisa

da Fiocruz sobre o território em que eles moram/circulam. Para isso, foram estabelecidas quatro questões abordadas nas entrevistas: motivação, condução do processo seletivo, atuação no campo e impactos em sua vida.

Estes profi ssionais são entrevistadores da Pes-quisa sobre situação de saúde dos moradores da região de Manguinhos, que está ocorrendo desde fevereiro deste ano, e objetiva conhecer mais so-bre a saúde e os serviços de saúde da região. Res-ponsável: Marília Carvalho

Quatro foram as questões levantadas nas entre-vistas: motivação, condução do processo seletivo, atuação no campo e impactos em sua vida.

Motivação - Trabalhar na Fiocruz é um desejo para muitos, como foi para Ana Paula da Silva, moradora de Vila Turismo: “sempre quis trabalhar na Fundação, assim como atuar em algum projeto para benefício da comunidade”.

Ter uma visão ampla “de como eram as condi-ções da saúde dentro das comunidades, além da experiência grandiosa de conhe-cer e respeitar novas realidades desde o modo de vida, até a forma de se coloca-rem diante da sociedade”, foi o que cha-mou a atenção de Mirian da Conceição Sobrinho, do Amorim (Parque Oswaldo Cruz).

Seleção – Foram 156 inscritos, 98 entrevistas, 20 selecionados para o curso e somente 10 conquista-ram a vaga de entrevistador. Impossível afi rmar que não houve tensões, medos, mas também certezas de sucesso. Uma coisa é certa: “QI”, “padrinho” ou “jeitinho”, não existiu. O processo foi “limpo”, dis-

rar câncer em seres humanos.Por outro lado, algumas amostras

de água e de solo, além de passarem por análises químicas serão objeto de estudos microbiológicos, que avaliarão a presença de micro-organismos que também são responsáveis por doenças infecciosas em humanos. Também são identificados e caracterizados os “pon-tos de atenção” – lugares que oferecem condição para a proliferação de doen-ças (“lixões”, pontos de enchentes etc.).

As informações coletadas junto aos moradores e no ambiente de Mangui-nhos poderão servir de base para o desenvolvimento de políticas públicas específicas para o local, assim como de-verão circular tanto entre a população de Manguinhos, como junto a quem tra-balha com saúde pública, em especial para a Estratégia da Saúde da Família.Responsável: Paulo Bruno

se o baiano Mariano Varjão, do Desup, recém-chegado ao Rio. Ele passou por todas as fases e foi chamado, sem preci-sar de uma 'forcinha' para ser escolhido.

Campo – Fantástico e Imprevisí-vel são as palavras que resumem com

precisão o lema da equipe. Débora Theodoro diz que diariamente eles aprendem com as difi culdades, que vão desde o sol for-te, a chuva, os problemas de violência, como também “nossos limites físicos e psicológicos, que são todos compensa-dos com a receptividade das pessoas, principalmente os idosos. É muito gratifi cante saber que estou contribuindo um pouquinho para a melho-ria da qualidade de vida e de saúde desses morado-res. O impacto inicial, sem dúvida, foi com relação à violência, que aos poucos eu fui me 'ambientando',

sempre com o auxílio de todos os ou-tros entrevistadores”.

Para Marisa Santos, do Parque João Goulart, a maior difi culdade tem sido as constantes operações “o que

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Mobilização Social

Toda segunda terça-feira do mês tem reu-nião do Conselho Gestor do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (Ensp/Fiocruz). Entre os temas discu dos, a luta contra tuber-culose mereceu destaque, pela quan dade de casos e o abandono ao tratamento. O encami-nhamento dado foi a realização de encontros comunitários em Manguinhos, envolvendo profi ssionais das equipes de saúde, conselhei-ros e moradores.

O trabalho ocorreu entre março e abril deste ano e, entre as a vidades, dinâmicas de grupo e rodas de conversa que abriram o diálogo com os moradores, informando e orientando sobre a doença e de sua gravidade quando associada ao uso de crack ou a presença do HIV; sobre o acesso ao tratamento; e ainda, sobre os direitos sociais que envolvem paciente, família e cuida-dores. Muito foi discu do sobre o preconceito que ainda envolve a doença - e que, muitas ve-zes, começa em casa - e sobre a necessidade de apoio familiar/comunitário para o tratamento.

A divulgação foi mida difi cultando a par- cipação dos moradores, os encontros não

aconteceram em algumas comunidades. Onde falhou a comunicação? Para responder a esta pergunta, uma avaliação será feita em reunião deste conselho. Acompanhe o trabalho do seu conselho indo as reuniões ou conversando com os conselheiros.

Conselho do Centro de Saúde na luta contra a tuberculose

Rio+20 e Cúpula dos Povos: pequenos avanços, grandes pressões

O balanço dos dez dias de debates na Rio+20, com representantes de Estado, dividiu opiniões: para uns, avanço devido a inclusão do desenvolvimento sustentável com erradicação da pobreza; mas, para os movimentos sociais faltou ousadia no texto fi nal do evento. E ainda, que o objetivo de quem defende a economia verde é manter o poder econômico nas mãos das grandes corporações reproduzindo um sis-tema socialmente segregador e ambientalmente des-trutivo. A ausência de líderes de países desenvolvidos causou incômodo, mostrando que os mesmos não es-tão comprometidos com o desafi o ambiental.

Já na Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio+20 e ponto de encontro dos movimentos sociais, durante os oito dias foram defendidas demandas e denuncia-das opressões por quem luta contra as injustiças so-ciais. Da Declaração Final da Cúpula dos Povos vale destacar a proposta do fortalecimento das economias locais, a defesa da vida, a justiça social e ambiental e o reconhecimento do trabalho das mulheres como seres iguais aos homens.

Manguinhos esteve presente na Cúpula dos Povos em diferentes espaços, como na Tenda Saúde, Am-biente e Sustentabilidade, parceria entre a Fiocruz, Cebes e Abrasco. Destaque para: o debate “Os Gran-des Empreendimentos e Seus Impactos Socioambien-tais e à Saúde: Os Casos TKCSA, Comperj e Porto do Açu”, seguida da entrega da Medalha Pedro Ernesto aos pesquisadores Hermano Castro, Alexandre Pessoa (ambos da Fiocruz) e Mônica Lima (UERJ) pelo trabalho a favor da população de Santa Cruz; e o debate “A Luta da Favela pela Saúde Ambiental: Pela Participação Popular nos Comitês de Sub-bacia da Baía de Guanabara”, com homenagem ao eco-logista Elmo Amador (1943-2010) e lançamento de seu livro ‘Baía de Guanabara: Ocupação histórica e avaliação ambiental’. Mas como ninguém é de ferro, houve momentos para a recuperação das forças, no já tradicional Espaço de Cuidado, com as Práticas Alter-nativas de Cuidado e Promoção da Saúde (massagem, reiki, reza, entre outros).

A convite da Cooperação Social/ENSP, um grupo de moradores, trabalhadores e estudantes do PEJA-Manguinhos, integrantes da Organização de Mulheres de Atitude, do Fórum do Movimento Social de Man-guinhos e conselheiros locais de saúde, levaram sua visão, falas e lutas das favelas por direitos e cidadania.

Pelo Fórum do Movimento Social de Mangui-nhos, Darcília Alves, moradora do CHP2 e membro do Conselho Local de Saúde de Manguinhos, defi -nido como Conselho Gestor Intersetorial (CGI) do Teias – Escola Manguinhos, destacou os problemas ambientais que se refl etem na saúde da população da região: enchentes, lixo, falta de saneamento, esgotos estourados, tuberculose. “A obra do PAC não atendeu as nossas expectativas, continuamos vivendo proble-mas sérios. O complexo é muito grande, são 13 fave-las. Eu tenho esperança que os moradores de Magui-nhos com as comunidades aqui reunidas na Rio+20, consiga que o governo olhe: porque, na verdade, nós somos sobreviventes em Manguinhos.”

Falas de Manguinhos: Norma Maria, que par-ticipara da ECO 92 “infelizmente, não tenho muita expectativa de mudanças. Vamos discutir o que fi ze-mos há 20 anos e fazer novo documento do que não cumpriram para daqui a 20 anos.” Entretanto, a con-

selheira considera que não houve des-perdício: “voltamos e continuaremos cobrando. Houve avanços; a comuni-dade cresceu. Houve coisas erradas, mas, também, houve mais consciência para discutir e demandar sobre políticas públicas”.

Abimael Alves: “Devemos mudar nossa forma de pensar e agir: a luta é agora.”

Geralda da Paz: ”Infelizmente é impossível falar de Manguinhos sem abordar a questão do lixo: ainda um grande problema."

Aurinéia: “É preciso que as pessoas vistam a ca-misa pelos direitos. Nós precisamos lutar pelos nos-sos direitos, se não o país não vai pra frente.”

Sidnei Martins: “A troca de informações com pessoas diferentes, agrega novos conhecimentos que podemos levar para nossos coletivos. Você sai daqui com outra visão de mundo, de sua relação com a vida, com a sustentabilidade do meio ambiente.”

Toda úl ma sexta feira do mês os conselheiros do Conselho Gestor Intersetorial do TEIAS-Escola Manguinhos se reúnem

para colaborarem com a formulação, monitoramento e controle da polí ca pública de saúde em execução em seu território.

Para conhecerem mais sobre o funcionamento e procedimentos realizados nos equipamentos de saúde da localidade, os conselheiros par ciparam da visita-ção à Unidade de Pronto Atendimento (UPA Mangui-nhos) e reunião com a equipe do Consultório na Rua.

Conselheiros do CGI em formação e formando opinião

Contribuir para o desenvolvimento sustentável de Manguinhos é o objetivo de seu Conselho Co-munitário, que surge em 2011. Organiza-se a partir de seus Grupos Temáticos, em reuniões abertas aos interessados, e conta com o apoio da Rede Mangui-nhos Sustentável, formada por entidades da região. Após um ano de trabalho, alguns desafi os: a orga-nização de moradores, parceiros e governo em torno de projetos coletivos.

Com tudo, isso, foi realizada a Olimpíada Cul-tural de Manguinhos, em 9 de junho, um primeiro passo na proposição de espaços e projetos coletivos. A organização da Olimpíada contou com diversos grupos de Manguinhos, que se uniram em torno da proposta. É apenas um passo, muitos outros virão!

Saiba mais: tel.: 3885-1733 / 3885-1818; email: [email protected], com o se-cretário do Conselho, Jorge Luis.

Desafios de um Conselho Comunitário

Em maio, foi aprovado o Regimento Interno do Conselho, atualmente o debate envolve a Polí ca de Saúde no território. Entre os pontos para debate es-tão: o funcionamento dos equipamentos de saúde da CAP 3.1, os emperramentos para a prestação de um serviço de saúde de qualidade e o programa de saúde na Escola no território de Manguinhos.

Atento aos debates dos conselheiros no CGI e com o fi m de dar maior visibilidade aos temas e aborda-gens rela vas aos segmentos deste conselho, o Co-munidade na Saúde os convidou para darem suges-tões de matérias para o próximo informa vo.

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Mobilização Social

O Projeto Manguinhos Diversidade é desen-volvido pelo Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT (GAI) em parceria com a Fiocruz e tem como obje-tivo a organização e o empoderamento social de lés-bicas, gays e bissexuais moradores de Manguinhos.

O GAI, que organiza a Parada do Orgulho LGBT de Copacabana, está reunindo gays, lésbicas, sim-patizantes, e moradores de Manguinhos, para pen-sar e conversar sobre amizades, festas e diversão. Também queremos descobrir como nosso prazer e o local onde moram interferem em sua vida e como podem se organizar para garantir seus Direitos.

Mesmo quem não é gay ou lésbica pode partici-par. Faça contato e os encontre. Eles e elas querem tornar Manguinhos ainda mais colorido e divertido.

Informações: Cleber e Marcelle - Grupo Arco-Íris de Conscientização LGBT – Tel,: 2222-7286 e 2215-0844 - E-mail: [email protected]

Manguinhos mais colorido

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Quando o seu feijão, depois de cozido, não ficar com aquele caldinho encorpa-do, que tanto gostamos é simples.

Basta colocá-lo para ferver com uma cebola bem picadinha, refogada ou crua, por alguns minutos que terá o re-sultado esperado.

Dicas da Gê

Feijão

Geralda garante!!!

DICAS DE RECICLAGEM

ENSP debate sobre Saúde da População Negra em dezembro

A imensa desigualdade social do Rio de Ja-neiro se refl ete em Manguinhos, mas como ela foi sendo construída ao longo do tempo? Será que este modelo de desenvolvimento urbano im-posto foi aceito passivamente?

Vários depoimentos, fotografi as e pesquisas, sinalizam que essa é uma história que só se es-creve com a participação de moradores da região e com a troca intensa entre professores e pesqui-sadores.

Esta exposição conta um pouco desta histó-ria, que será acrescida de outras tantas, quando ela estiver passando por diferentes lugares de Manguinhos.

Exposição itinerante: Território em Transe

Na Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo

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Para conhecer mais sobre o projeto acesse: www.territorioemtranse.com.br

No dia 1º de setembro, o Colégio Estadual Compositor Luís Carlos da Villa, como sempre faz aos sábados, abre suas portas para as aulas de capo-eira com o graduado Monra (Douglas Verediano), integrante do Sistema Brasileiro. Só que desta vez será um dia especial: haverá o primeiro batizado de seu grupo. A cerimônia contará com inúmeros convidados, em especial, mestres e contramestres de várias associações que se apresentarão e avalia-rão a qualidade do aprendizado dos jovens a serem “batizados”.

De acordo com Monra, este é um dia de festa em que os novos capoeiristas participam pela primeira vez do jogo na roda de capoeira. Esse primeiro jogo é realizado com um professor, contramestre ou mestre que fi cará sendo o seu padrinho. O aluno batizado (afi lhado) deve le-var consigo eternamente a lembrança da festa e ter uma eterna admiração pelo seu padrinho.

Batizado na Capoeira

Foto: Raphael Gomide/h p://www.crystaltube.com

Dados do Mapa da Violência 2011 do Ministé-rio da Saúde revelam que em 2002 morriam pro-porcionalmente 46% mais negros que brancos, em 2005 sobe para 67%, em 2008 para 103%. Tais in-formações integram o 2º Seminário Saúde da Po-pulação Negra em Debate que a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) promoverá em dezembro, quando também ocor-rerá o II Encontro Nacional de Lideranças Negras em Saúde. Estas ações são frutos da parceria entre a Cooperação Social da ENSP/Fiocruz e a Secre-taria Nacional de Juventude da Presidência da Re-pública, o Departamento de Apoio à Gestão Parti-cipativa do Ministério da Saúde e a Rede Nacional de Controle Social e Saúde da População Negra, entre outras redes.

A proposta é fortalecer o debate em torno da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, a partir do diálogo entre ciência, cultura e políticas públicas para a sua efetiva implementa-ção; assim como incentivar e apoiar as Redes Na-cionais de Saúde da População Negra e a formação

e organização da Mobiliza-ção Nacional Pró-Saúde da População Negra 2012.

Para compreender a fi -nalidade de uma política específi ca para a população negra é preciso entender as imensas desigualdades existentes no país: questões regionais, étnico-raciais, etárias, de gênero e ter-ritoriais. E, o racismo é uma das expressões mais fortes dessas desigualdades, atingindo em torno de 47% da população brasileira.

Na saúde, essas desigualdades se refl etem di-minuição da qualidade e da expectativa de vida da população negra: são os que morrem mais na hora de nascer e mais cedo, além de vivenciam, de for-ma mais intensa, a violência cotidiana. O racismo mata e está presente nos serviços de atendimentos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), foco desta política de combate à discriminação étnico-racial.

Iluminação natural com garrafas Pet.

O objetivo da garrafa é distribuir a luz natural me-lhor e dar a impressão de que na verdade há uma lâmpada. Material necessário:•Garrafa pet transparente•Cloro ou Água Sanitária•Água da torneiraComo fazer:Encha a garrafa pet com água até quase completar. Coloque um pouquinho de água sanitária ou clo-ro. Tampe a garrafa bem tampada.A garrafa deve fi car no telhado, como mostrado nas fotos. A parte da tampa deve fi car para cima. Proteja a tampa com algo escuro contra os raios solares.

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O curso é aberto aos morado-res de Manguinhos, agentes de saúde e professores que desejam atuar na promoção da saúde em suas comunidades. As inscrições se-rão abertas de 17/09 a 12/10 na portaria do Pavi-lhão Lauro Travassos (em frente a Tenda da Ci-ência), das 9h às 17h. As aulas serão iniciadas dia 29/10, de 2ª a 6ª feira, das 17h30 às 19h30, com carga horária de 50 horas, no campus da Fiocruz em Manguinhos. Documentos: cópia da identidade e comprovante de residência e escolaridade (no mínimo o 5º ano do Ensino Fundamental, antiga 4ª série) e mais de 16 anos. Mais informações: 2562-1590 (de 2ª a 6ª feira, de 10h às 16h).

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Manguinhos Acontece

(Tel.: 2562-1590)

Curso Saúde Comunitária: umaconstrução de todos

Sarau Poético – No Hall do Cineteatro, espaço onde várias linguagens textuais são apresentadas, sempre no primeiro sábado do mês, a cultura Hip Hop com o Bonde 2 Cria recebe convidados. No dia 4/08, Mozileide Neri, poetisa e artista plástica, participou da noite de rimas melódicas.

Biblioteca Parque Manguinhos(Tel.: 2598-2740)

• Filmes com Rodas de Conversa – 18 e 31/08, fi lme Toda nudez será castigada (direção: Ar-naldo Jabor / ano: 1973).

• 31/08, fi lme “O Beijo no Asfalto” (direção: Bruno Barreto / ano: 1980).

• Roda de Conversa – A Mulher na Obra de Nel-son Rodrigues, 23/08, às 18h.

Centenário de Nelson RodriguesLançamento de Livro – Dia 23/08, às 16h, no salão principal, Sônia Rodrigues lança “Nelson Rodrigues por Ele Mesmo”. O livro inédito, organizado por ela, se destaca dos demais por ter sido “escrito” pelo próprio Nelson.

Globale - Mostra de fi lmes sobre Globalização. O festival será realizado simultaneamente em vários pontos da cidade. Dia 29/08 – A casa do Poeta e Tornallum – e 30/08 – Enfi m Sós, A Cri-minalização do Artista e Que nem gato e rato, às 18h30, na Sala Meu Bairro.

Casa da Mulher de Manguinhos

Refl etir sobre o papel da mulher na sociedade contemporânea, em especial, a mulher negra em suas várias facetas, foi o objetivo da semana de atividades comemorativas ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, realizada dia 25/07. Carli Maria dos Santos, presi-dente do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Município do Rio de Janeiro (calça branca na foto), tira dúvidas sobre direitos e deveres dos tra-balhadores domésticos. Mara Ribeiro, do Fórum de Mulheres Negras do Estado do Rio de Janeiro, desenvolveu ofi cina de auto-estima.

(Tel.: 2334-8914)

A Data - Em 25 de julho de 1992, mulheres negras de 70 países participaram do 1º Encontro de Mulhe-res Negras da América Latina e do Caribe, em Santo Domingo, na República Dominicana, em que defi -niram o "Dia da Mulher Negra da América Latina e do Caribe", para celebrar e refl etir sobre o papel das mulheres negras nestes continentes.

CRJ ManguinhosCapoeira – Para quem gosta do som do berimbau e a ginga da Capoeira Regional deve participar das aulas coordenadas pelo Grupo Liberta Brasil. (Tel.: 2334-8910)

Boxe, Karatê e Jiu-Jitsu – O professor Carlos Edu-ardo é um dos instrutores de Boxe, que junto com as lutas de artes marciais vem tendo bastante visibili-dade da mídia com os campeonatos internacionais.

Promoção da Saúde com acesso digital

(Tel.: 3869-8330)

Ofi cina – A turma do Geração Consciente, no dia 6 de julho, produziu a Ofi cina Território de Ex-ceção. O nome da ofi cina já indica que não estão para brincadeiras e que estão construindo discus-sões densas – ilustradas por fotos e vídeos – sobre uma sociedade que não querem.

(Tel.: 2281-6430)

Realiza encontros entre as mulheres, com debates sobre diferentes temas. Dentre as atividades, terapia comunitária (foto). E ainda, conta com a presença das conselheiras que representam o segmento mu-lheres nos conselhos locais de saúde. Não deixe de participar deste ponto de encontro das mulheres de Manguinhos, na Biblioteca Parque.

Música – Na primeira quinzena de agosto, a Es-cola de Música abre inscrições para os cursos voltados para o público infantil (musicalização infantil com canto coral e instrumentos) e juvenil (instrumentos de sopro, percussão e teclado).

(Cel.: 7870-7023 / 8646-8183)

Centro de Saúde da FiocruzTel.: 2598-2519

TELEFONES ÚTEIS

Espaço Casa Viva

Rede CCAP

Organização Mulheres de Atitude

CRAS Caio Fernandes AbreuTel.: 2293-4292

Farmácia Popular de ManguinhosTel.: 3297-4781 / 2201-8484

INFORMATIVO DA ASSESSORIA DE COOPERAÇÃO SOCIAL DA ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA SERGIO AROUCA (ACS/ENSP/Fiocruz)

APOIO: PDTSP (Programa de Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Saúde Pública) da Fiocruz

EDITORA E JORNALISTA RESPONSÁVEL: Sandra Martins (MTb: 15.332/RJ)

Comunidade a Saúde

Expediente EQUIPE DA ACS/ENSP/Fiocruz: Mayalu Matos (coor-denação geral), Rosane Souza, Ariana Kelly dos San-tos e Vanessa Patrocínio – e colaboradores – Ernesto Imbroisi, Geralda da Paz e Simone dos Anjos.

CONTATOS ACS/ENSP/Fiocruz: Av. Leopoldo Bulhões, 1480, sala 1, planta piloto de Farmanguinhos – Man-guinhos – Rio de Janeiro/RJ - CEP: 21.041-210.

TELEFONES: (21) 3977-2589 e 3977-2580

BLOG: www.ensp.fi ocruz.br/participacaocidada

E-MAIl: [email protected] ocruz.br

REDES SOCIAIS DE INTERNET:

TIRAGEM: 3.000 exemplares.

IMPRESSÃO: Gráfi ca e Editora Minister

(Tel.: 2589-2848)

O Laboratório Internet, Saúde e Sociedade (LAISS), no antigo prédio da Escola Politécnica, oferece cursos de informática - programas de escritório, edição de vídeo e internet - para a Comunidade de Manguinhos. As aulas acontecem entre 18h e 19h durante a semana. Mais in-formações no local ou pelo email [email protected] ocruz.br