ambiência em avicultura

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SISTEMAS DE VENTILAÇÃO PARA GRANJAS DE FRANGO DE CORTE 1. INTRODUÇÃO: Nos últimos anos a criação de frangos de corte em alta densidade, tem despertado muito interesse, pois pode proporcionar ganhos à indústria, potencializando a utilização de alimentos, de genética, de mão de obra e de outros fatores produtivos (SANTIN, 1996). Neste sentido (TINÔCO, 1998), considerou que a avicultura brasileira é a atividade que possui o maior e mais avançado acervo tecnológico, dentre o setor agropecuário brasileiro. Os grandes progressos em genética, nutrição, manejo e sanidade, verificados nas últimas quatro décadas, transformaram o empreendimento num verdadeiro complexo econômico, traduzido por uma grande indústria de produção de proteína de origem animal. No panorama mundial, o Brasil ocupa a terceira posição na produção de frangos de corte, tendo produzido cerca de 5,0 milhões de toneladas de carne, somente no ano de 1999. A concorrência entre as diversas empresas avícolas estimula a 1

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Page 1: Ambiência em AVICULTURA

SISTEMAS DE VENTILAÇÃO PARA GRANJAS

DE FRANGO DE CORTE

1. INTRODUÇÃO:

Nos últimos anos a criação de frangos de corte em alta densidade, tem despertado

muito interesse, pois pode proporcionar ganhos à indústria, potencializando a utilização de

alimentos, de genética, de mão de obra e de outros fatores produtivos (SANTIN, 1996).

Neste sentido (TINÔCO, 1998), considerou que a avicultura brasileira é a atividade

que possui o maior e mais avançado acervo tecnológico, dentre o setor agropecuário

brasileiro. Os grandes progressos em genética, nutrição, manejo e sanidade, verificados nas

últimas quatro décadas, transformaram o empreendimento num verdadeiro complexo

econômico, traduzido por uma grande indústria de produção de proteína de origem animal.

No panorama mundial, o Brasil ocupa a terceira posição na produção de frangos de

corte, tendo produzido cerca de 5,0 milhões de toneladas de carne, somente no ano de 1999. A

concorrência entre as diversas empresas avícolas estimula a eficiência, tornando a avicultura

de corte brasileira a mais competitiva do mundo (LANA, 2000). Nos últimos dez anos, o setor

registrou um aumento de 129%, estando a média anual superior a quatro milhões de toneladas

de carne de frango (TINÔCO, 1998)

O assunto “ambiência” tem sido bastante estudado por pesquisadores de universidades

e instituições de pesquisa e também por profissionais ligados à área de produção animal.

Todos os estudos nesta área são justificáveis, pois, as perdas de produtividade que ocorrem

durante os meses quentes do ano, ou em regiões mais quentes, são muito significativas.

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Page 2: Ambiência em AVICULTURA

2. CONCEITOS

2.1 Clima:

De acordo com BAÊTA & SOUZA, 1997 o clima é o conjunto de fenômenos

meteorológicos que define a atmosfera de determinado local. Com o objetivo de diferenciar as

zonas climáticas na Terra, normalmente tomam-se como base os elementos e/ou fatores

característicos locais.

Os elementos climáticos são grandezas meteorológicas que variam no tempo e no

espaço e comunicam, ao meio atmosférico, suas características e propriedades peculiares,

como temperatura, umidade, chuva, vento, nebulosidade, pressão atmosférica, etc. Os fatores

climáticos influenciam os elementos climáticos, modificando o clima de um local. Destacam-

se os seguintes fatores climáticos: flutuações na quantidade de energia solar emitida;

variações na órbita terrestre, aumento ou diminuição do dióxido de carbono atmosférico,

modificações nas características da superfície dos continentes e oceanos, altitude, relevo,

presença do mar, latitude, continentalidade, tipo de solo, vegetação, etc (Vianello e Alves,

citados por BAÊTA & SOUZA, 1997).

Excetuando-se a alimentação e os agentes patógenos, os fatores que causam os

maiores efeitos sobre o bem-estar e, conseqüentemente, sobre a produção do animal são a

temperatura, a umidade, a radiação e o vento (BAÊTA & SOUZA, 1997).

Os mesmos autores também concluíram que o ambiente interno de uma instalação

normalmente é resultante das condições locais externas, das características construtivas e dos

materiais da instalação, da espécie, do nº de animais, do manejo e das modificações causadas

pelos equipamentos do sistema produtivo e pelos que têm como objetivo o condicionamento

ambiental. O ambiente térmico do animal consiste de cinco componentes principais:

temperatura, velocidade e umidade do ar; temperatura radiante e temperaturas superficiais,

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Page 3: Ambiência em AVICULTURA

muitas vezes estes componentes ocorrem em valores extremos, dificultando a sobrevivência

do animal.

Em um país com dimensões continentais como o Brasil, onde existe grande

diversidade de climas e micro-climas, fica impossibilitada a implantação de regras fixas para

todas as regiões. Entretanto, o fato de estar a maior parte do território entre os trópicos faz

com que haja maior preocupação com o calor, durante a maior parte do ano. Quando se tenta

confinar maior número de animais no mesmo espaço, diminuir o efeito negativo das altas

temperaturas e retirar gases indesejáveis tornam-se os pontos chaves para o sucesso da

criação. Entender alguns conceitos sobre gases atmosféricos, temperatura, umidade e pressão

é fundamental para que seja possível controlar seus efeitos, em proveito da produção.

2.1.1 Radiação solar, temperatura e umidade do ar:

A radiação solar direta é energia eletromagnética de ondas curtas, que atinge a terra

após ser parcialmente absorvida pela atmosfera e exerce grande influência na distribuição

anual das temperaturas do globo.

Quando abrigados ou não, animais e vegetais sofrem os efeitos da radiação solar. Se

expostos, recebem cargas de radiação provenientes do sol e da atmosfera, do horizonte e do

solo (nu ou coberto); se abrigados, as cargas de radiação incidentes são as mesmas acrescidas

das cargas da sombra geradas dos próprios materiais utilizados na confecção do abrigo e dos

planos da construção.

Uma consideração de extrema importância sobre a radiação solar é que quando os

raios do sol atingem o solo, parte da radiação é transformada em calor, que, por meios de

processos radiativos, condutivos e convectivos, é transferido para o ar ambiente, produzindo

alterações em importante agente térmico do ambiente: a temperatura.

A umidade atmosférica é conseqüência da evaporação das águas e da transpiração das

plantas. Dessa forma, está intimamente ligada à presença de oceanos e a cobertura vegetal

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Page 4: Ambiência em AVICULTURA

local. A umidade relativa do ar exerce grande influência no bem-estar e na produtividade do

animal, principalmente se em altos valores, que, associados a altas temperaturas do ar, causam

diversas doenças no aparelho respiratório.

O aumento na freqüência respiratória, causado pelo aumento de temperatura, é

acompanhado por aumento na perda de umidade pelo corpo. Quanto maior a umidade relativa

do ar, menos umidade será removida das vias aéreas das aves, e, conseqüentemente, a

respiração se torna mais ofegante ainda. Em conseqüência, quando a temperatura corporal

alcança o máximo fisiológico, sobrevêm a hipertermia com a prostração e morte. O excesso

de umidade dentro dos galpões ocasiona também o umedecimento da cama. A cama úmida,

exala amônia. Este gás após cerca de três dias provoca irritações na traquéia e conseqüente

aparecimento de muco espesso, prejudicando ainda mais a ventilação das aves.

2.2 Dissipação do calor corporal:

As aves necessitam manter a temperatura interna do corpo em níveis relativamente

constantes, através de mecanismos orgânicos de controle representados por severas

compensações fisiológicas. Estes ajustes são feitos em detrimento da produção destes animais,

que empregarão os nutrientes ingeridos para produzir ou dissipar calor (TINÔCO, 1998).

O animal pode trocar energia em forma de calor com o ambiente em que vive por meio

de formas sensíveis ou latentes. Fluxos de calor causados por gradientes de temperatura,

detectados por simples termômetros, são chamados de sensíveis. As formas sensíveis de

transferência de calor são condução, convecção e radiação. Fluxos de calor causados por

gradientes de pressão de vapor d’água são chamados de latentes. As formas de troca de calor

latente conhecidas são a evaporação e a condensação. Nessas formas, o calor envolvido na

transformação líquido-vapor ou vapor-líquido não causa mudança na temperatura da água,

apesar de ocorrer variação na temperatura da superfície onde o animal está.

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Page 5: Ambiência em AVICULTURA

De acordo com INGRAM & MOUNT (1975) e CURTIS (1983), a equação do balanço

de calor de um animal homeotérmico pode ser expressa da seguinte forma:

M ± C = ± Qrd ± Qcc ± Qcd ± Qe/c sendo:

M= calor resultante do metabolismo animal; é sempre positivo, pois representa um

conjunto de reações de valor líquido exotérmico

C= variação do conteúdo do calor corporal do animal, pode ser positiva quando a

temperatura corporal média está elevada e negativa quando a temperatura

corporal está baixa

Qrd= troca de calor entre o animal e o ambiente por meio de radiação

Qcc= troca de calor entre o animal e o ambiente por meio de convecção

Qcd= troca de calor entre o animal e o ambiente por meio de condução

Qe/c= troca de calor entre o animal e o ambiente por meio de evaporação/condensação

2.2.1 Formas sensíveis de transferência de calor animal/ambiente:

As instalações avícolas de um modo geral estão sujeitas a três fontes de calor: 1.

radiação solar; 2. o calor produzido pelas próprias aves e 3. radiação proveniente dos

arredores, sendo que o calor solar representa a maior parte do calor radiante total. A

transmissão de calor é feita de três formas:

2.2.1.1 Condução: o fluxo de calor por condução exige contato entre as superfícies ou

substâncias e suas temperaturas têm de ser diferentes, isto é, deve haver um gradiente térmico

entre as partes consideradas. A magnitude e a velocidade do processo de condução de calor

estão relacionados com as características térmicas das partes envolvidas. A condutividade

térmica é o fator físico do fluxo de calor por condução, o qual caracteriza a quantidade de

calor transmitido através de um corpo considerado homogêneo, num regime estacionário, por

unidade de espessura, de área e de tempo, quando o gradiente térmico é igual à unidade.

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Page 6: Ambiência em AVICULTURA

Observa-se, na tabela 1, que a água tem maior condutividade térmica que o ar, o que

significa que os materiais que contém ar em seus interstícios funcionam como isolantes

térmicos, isto é, são menos capazes de conduzir calor.

Ingram & Mount e Mount, citados por BAÊTA & SOUZA, 1997, afirmaram que a

condução é a forma sensível de transferência de calor que tem menor contribuição no total de

calor perdido do animal para o ambiente.

Tabela 1 - alguns valores de condutividade térmica em cal.cm/(cm2.ºC.s) (HOLMAN, 1983)

Material Condutividade térmica (cal.cm/(cm2.ºC.s))

ar parado (1000 mbars, 15ºC) 0.000059

plástico esponjoso 0.0001

madeira 0.0003

água parada 0.0014

terra arenosa (15% de água) 0.0022

concreto 0.0058

aço 0.11

alumínio 0.49

2.2.1.2 Convecção: a convecção é uma forma de transferência de calor, na qual o ar,

em contato com uma superfície aquecida, é também aquecido, ocorrendo redução de sua

densidade, causando pequenas correntes de ar ascendente próximo da superfície. Neste

processo, em razão da movimentação do ar, há remoção de calor do corpo aquecido.

A remoção de calor por movimento próprio do fluido (gás ou líquido), próximo da

superfície aquecida, caracteriza o processo de convecção livre. Quando há uma força externa

atuando para aumentar a corrente fluida, como um ventilador, ocorre remoção de calor por

convecção forçada.

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Page 7: Ambiência em AVICULTURA

2.2.1.3 Radiação: a radiação constitui outra forma de troca de calor por meio de

ondas eletromagnéticas através do meio transparente entre dois pontos ou mais, que se

encontram em diferentes temperaturas.

O espaço está sempre carregado de energia radiante em forma de ondas

eletromagnéticas, pois a sua emissão ocorre como resultado das variações no conteúdo de

energia dos corpos. Sempre que um corpo recebe energia radiante, há acréscimo na sua carga

interna e, por essa razão, sua temperatura aumenta; da mesma forma, no processo inverso, há

redução da temperatura do corpo.

2.2.2 Formas latentes de transferência de calor animal/ambiente:

De acordo com Rosenberg et al., citado por BAÊTA (1997), as formas latentes de

troca de calor constituem o principal mecanismo de dissipação de calor (energia), sendo este

processo muito importante para os animais homeotermos na prevenção do superaquecimento

(hipertermia) em ambientes quentes.

Segundo North & Bell, citados por TINÔCO (1998), a temperatura ambiental e a

umidade relativa do ar influenciam a perda de calor sensível e insensível do corpo. Em

temperaturas ambientais até 21ºC, imperam as perdas sensíveis de calor, através dos

processos de radiação, condução e convecção. Em temperaturas acima da termoneutralidade,

aumenta a perda de calor através da evaporação, principalmente no trato respiratório. Em

trabalho realizado com aves da raça Leghorn, os autores verificaram que à medida em que

aumenta a temperatura ambiental, maior porcentagem de perda insensível (latente) de calor e

menor perda sensível de calor ocorrem.

Neste sentido, TINÔCO (1998) concluiu que à medida que a temperatura ambiente

aumenta, além do limite superior da zona de conforto, gradualmente aumenta de importância

a dissipação de calor por evaporação que, nas aves ocorre principalmente pelo trato

respiratório.

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Page 8: Ambiência em AVICULTURA

2.3 Homeotermia:

O processo de regulação da temperatura corporal é referido como homeotermia. As

aves são homeotérmicas, o que significa que mantêm a temperatura corpórea interna

relativamente constante em ampla faixa de variação de temperatura (HARRISON, 1995a;

ANDERSON B. E.& HALLGRÍMUR J., 1996).

De acordo com NÃÃS, 1995 uma característica dos animais homeotermos é que, para

manter sua homeotermia, o gasto de energia é equivalente a 80% do total de energia

consumido, restando os demais 20% para a produção. O animal porta-se como um sistema

termodinâmico, que, continuamente, troca energia com o ambiente. Neste processo, os fatores

externos do ambiente tendem a produzir variações internas no animal, influindo na quantidade

de energia trocada entre ambos, havendo, então, necessidade de ajustes fisiológicos para a

ocorrência do balanço de calor (BAÊTA & SOUZA, 1997).

Segundo MACARI et al. (1994) os mecanismos bioquímicos e fisiológicos são

dependentes da temperatura, e todos os processos fisiológicos são interdependentes e

obedecem a uma determinada hierarquia funcional. Concordando com MACARI et al. (1994)

BAÊTA & SOUZA (1997) relataram que o animal homeotérmico têm um sistema de controle

do ambiente interno, que é acionado quando o ambiente externo apresenta situações

desfavoráveis. Essas situações são recebidas e analisadas por mecanismos neurais, que tomam

a decisão adequada e ativam o agente específico.

Neste sentido, HARRISON (1995b) enumerou quatro respostas biológicas das aves

aos ambientes quentes: temperatura superficial aumentada; termorregulação comportamental;

queda na ingestão de alimentos e aumento na freqüência respiratória.

Por outro lado, o desenvolvimento da habilidade termorreguladora nas aves atinge sua

plenitude entre 10 a 15 dias de vida pós-natal. Assim o pinto recém-nascido depende de fonte

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Page 9: Ambiência em AVICULTURA

externa de energia, ou respostas comportamentais para termorregulação (Ex. agrupamento),

sendo sua temperatura ao redor de 39 a 40ºC (MACARI et al., 1994).

Na figura 1 pode-se ver a caracterização do ambiente térmico animal, para

determinada faixa de temperatura efetiva ambiental. O animal mantém a temperatura corporal

constante, com mínimo esforço dos mecanismos termorregulatórios entre os pontos A e A’.

Entre estes pontos encontra-se a chamada zona de conforto térmico ou de termoneutralidade,

em que não há sensação de frio ou de calor e o desempenho do animal em qualquer atividade

é atingido (BAÊTA & SOUZA, 1997).

Figura 1: Representação esquemática simplificada das temperaturas efetivas ambientais críticas (BAÊTA & SOUZA, 1997).

ZONA DE SOBREVIVÊNCIA

ZONA DE HOMEOTERMIA

PRODUÇÃO DE CALOR

ZONA DE MODESTOCONFORTO TÉRMICO

ZONA DECONFORTO TÉRMICO

D C B A A’ B’C’ D’ ESTRESSE POR FRIO ESTRESSE POR CALOR

TEMPERATURA AMBIENTAL

Em temperaturas ambientais abaixo do ponto B, os animais iniciam as respostas

fisiológicas para produção de calor, porém, se a temperatura atingir os pontos C e D, os

animais entram em estado de hipotermia (diminuição da temperatura corporal), podendo

chegar a morte. Acima do ponto A’ os mecanismos fisiológicos que entram em ação são os de

dissipação de calor e entre os pontos C’ e D’ os animais entram em estado de hipertermia

(elevação da temperatura corpórea), podendo, também chegar a morte.

TEMPERATURA DO NÚCLEO

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Page 10: Ambiência em AVICULTURA

Para a manutenção da homeostase térmica, os mecanismos de produção, ou perda, de

calor são ativados quando da exposição ao frio ou calor. A perda de calor sensível (radiação,

condução e convecção) é afetada pela presença das penas, pois as mesmas determinam o

isolamento externo das aves. Considerando-se que a perda de calor sensível é mais importante

em baixas temperaturas (pois é fisicamente dependente da diferença entre temperatura da pele

e temperatura ambiente), o isolamento externo torna-se mais relevante quando do estresse da

ave ao frio.

Outro fator importante na termorregulação das aves é a presença dos apêndices

(barbela e crista). A área superficial da crista de um frango de corte pode exceder a 50cm 2, e a

crista e barbela podem representar 7% da área total. Considerando-se a vascularização destas

estruturas, não é surpresa que as mesmas contribuam para a termorregulação nas aves

(Freeman citado por MACARI et al, 1994).

Em situações de estresse, por calor, o frango pode aumentar dramaticamente a

freqüência respiratória e ventilar de forma muito eficaz as vias aéreas superiores. Contudo, o

animal poderá desenvolver a alcalose respiratória, pois devido à hiperventilação ocorre

redução do dióxido de carbono no sangue, e conseqüentemente aumento do pH sanguíneo

(MACARI et al, 1994)

Neste sentido TINÔCO, 1998 concluiu que à medida que a temperatura ambiente

aumenta, além do limite superior da zona de conforto, gradualmente aumenta de importância

a dissipação de calor por evaporação; contudo, com o aumento da freqüência respiratória, a

ave começa a apresentar polipnéia, atingindo uma freqüência máxima de 140 a 170

respirações por minuto aos 44ºC. O aumento da freqüência respiratória não é totalmente

favorável pois acrescenta calorias ao sistema da ave, que também precisam ser dissipadas, e

altera o equilíbrio ácido/básico. Nesta situação, a quantidade de ar inspirado vai diminuindo a

cada movimento respiratório, ocorrendo diminuição de CO2 no sangue, pois o nível de CO2

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Page 11: Ambiência em AVICULTURA

expirado aumenta, com conseqüente incremento da alcalose. Nesta etapa a necessidade de

beber água aumenta.

A temperatura interna de frangos é mais alta e variável que a dos mamíferos. Para que

consigam manter esta temperatura interna, existe a necessidade que a temperatura ambiente

esteja em torno de 21ºC. Este valor é conhecido como temperatura “termoneutra”, ou zona de

“termoneutralidade”. Segundo FRANCO et al.(1998) a capacidade da ave adulta reagir ao frio

é maior que para o calor, tanto que o limite inferior da zona de conforto está em torno de 25ºC

abaixo da temperatura corporal, enquanto que apenas 5º C acima da temperatura corporal

(42ºC para 47ºC) será letal para a mesma. A tabela 2 mostra as temperaturas termoneutras

para frangos de corte e matrizes, de acordo com a idade.

Tabela 2 – Relação entre temperatura ideal (ºC) e umidade relativa do ar.IDADE EM

DIASUMIDADE RELATIVA

80% 70% 60% 50% 40%1 33 33 33 33 352 32 32 32 32 343 31 31 31 31 334 30 30 30 30 325 30 30 30 30 326 29 29 29 29 317 29 29 29 29 318 28 29 29 29 31

9-12 27 28 28 29 3113-16 26 27 27 29 3117-20 25 26 26 28 3021-24 24 25 26 27 2925-30 23 24 25 27 2931-35 22 23 25 26 28>35 21 22 24 25 27

Fonte: Adaptado de Avian Farms Broiler Manual (sd).

Baixas temperaturas e grande amplitude térmica são condições propícias para

desencadear um processo que resultará em ascite quando estas aves estiverem maiores

(FRANCO & FRUHAUFF, 1998).

De acordo com MACARI et al. (1994), o consumo de alimentos e o calor, causam

aumento na produção de calor metabólico, que resulta, especialmente em ambientes quentes,

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Page 12: Ambiência em AVICULTURA

redução no consumo de alimento. Esta redução no consumo pode causar a falta de algum

nutriente essencial para o desenvolvimento do animal, que pode provocar diminuição no

ganho de peso. Neste sentido, HARRISON (1995b), afirmou que a menor ingestão de

alimento possui o efeito de reduzir imediatamente a produção de calor corpóreo.

3. MODIFICAÇÕES AMBIENTAIS PRIMÁRIAS DE UMA INSTALAÇÃO

AVÍCOLA COM VISTAS AO CONFORTO TÉRMICO

3.1 Localização:

A localização das instalações deve ter em vista a redução da carga térmica de radiação.

Deve-se atentar para o fato de que, ao se planejar uma instalação para frangos de corte deve-

se evitar terrenos de baixada, evitando-se problemas com alta umidade, baixa movimentação

do ar e insuficiente insolação higiênica no inverno (LANA, 2000).

3.2 Orientação:

De forma preliminar, para as condições brasileiras, a orientação do comprimento do

galpão no sentido Leste-oeste favorecerá maior interceptação da radiação solar pelo telhado

no verão, bem como maior insolação na face Norte do galpão no inverno, o que é desejável

(BAÊTA, 1995).

3.3 Cuidados com isolamento térmico:

De acordo com BAÊTA (1995) as cortinas deverão ser afixadas de forma a possibilitar

ventilação diferenciada para condições de calor e de frio. Em condições de calor, a ventilação

deverá ser abundante e preferencialmente na altura das aves, pois quando o ar se aquece, sobe

e sai pelo lanternim (convecção). Em condições de frio, a ventilação deverá ser do “tipo

higiênica” (pequena entrada de ar frio, na parte superior do pé-direito. Devido a sua maior

densidade, o ar frio desce, porém, não formam-se correntes de ar diretamente sobre as aves.)

Este ar se aquece, sobe e deve sair pelo do lanternim.

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Page 13: Ambiência em AVICULTURA

Para atender condições de inverno e verão, recomenda-se que as cortinas sejam

afixadas a dois terços da altura do pé-direito, de modo que em condições de frio, possam ser

abertas de cima para baixo, e em condições de verão, de baixo para cima.

3.4 Proteção contra insolação:

De acordo com TINÔCO (1998), a principal causa do desconforto térmico dos galpões

avícolas no verão é a insolação, a qual, durante o dia, contribui com a parcela mais substancial

de calor que penetra na construção.

O telhado influencia o ambiente interno em decorrência do tipo de telha, da inclinação,

da largura do beiral e da presença e do tipo do lanternim (BAÊTA, 1995). Ainda segundo

BAÊTA (1995) o tipo de telha tem influência direta sobre a quantidade de calor que chega ao

interior da edificação durante o dia e que é perdida, do interior para o exterior, durante a noite,

e ainda interfere na carga térmica radiante a que estará sujeito o animal. A cobertura ideal,

para as condições brasileiras, deve apresentar grande capacidade para refletir a radiação solar,

ter considerável capacidade isolante térmica e capacidade de retardo térmico em torno de 12

horas. Com essas características, a pequena quantidade de radiação solar absorvida pela telha

terá dificuldades em atravessar o material e, ao fazê-lo, atingirá o interior com defasagem em

torno de 12 horas, aquecendo o ambiente interior, quando a temperatura deste estiver mais

baixa.

Os telhados mais usuais, segundo TINÔCO (1998), podem ser constituídos dos

seguintes materiais, na sequência de sua qualidade térmica, do que é melhor ao pior:

isopor entre duas lâminas de alumínio – muito eficiente, porém dispendioso;

sapé – muito bom isolante, porém susceptível ao ataque de pragas e fogo;

alumínio simples – sujeito a danos por granizo e ventos, menos quente que o

amianto, porém mais caro. É muito barulhento;

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Page 14: Ambiência em AVICULTURA

barro – melhor termicamente que o amianto comum, e que os de alumínio quando

estes oxidam; exige madeiramento mais caro e que dificulta a limpeza;

amianto – mais comuns, apesar de esquentarem muito ao sol, fácil construção,

melhoram termicamente quando pintadas (externamente) de branco.

Para melhorar o comportamento técnico das coberturas pode-se lançar mão de alguns

artifícios:

uso de forros sob a cobertura: o forro atua como uma segunda barreira física, a qual

permite a formação de uma camada de ar móvel junto à cobertura, o que contribui

sobremaneira na redução da transferência de calor para o interior da construção. De

acordo com Costa, citado por TINÔCO (1998), essa redução é de 62% ao se passar de

um abrigo sem forro para um abrigo com simples forro de madeirite de 6mm não

ventilado e de 90% no caso de forro com ventilação;

pintura das telhas: segundo vários pesquisadores, a combinação de cores que

proporciona melhor resultado em termos de redução do desconforto térmico para

climas caracterizados por altas temperaturas, é a cor branca (alta refletividade solar)

na face superior e a preta (baixa refletividade) na face inferior do material de

cobertura. Quanto maior a radiação proveniente do solo aquecido e sombreado, maior

a importância da pintura negra (LANA, 2000).

uso de materiais isolantes: Outra alternativa para melhorar as condições ambientais é

o isolamento de galpões, utilizando isolantes térmicos tipo lâmina refletiva

(OLIVEIRA et al., 1997). Os isolamentos térmicos são constituídos por materiais de

condutividade térmica baixa, combinados a fim de se conseguirem condutividades

térmicas baixas para os sistemas. O uso de isolantes sobre as telhas (poliuretano), sob

as telhas (poliuretano, madeirite, lã de vidro ou similares), ou mesmo formando um

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Page 15: Ambiência em AVICULTURA

forro abaixo da cobertura, podem constituir ótima proteção contra a radiação solar. A

disposição mais efetiva das três, consiste na colocação de um forro isolante que

aproveite a camada de ar formada entre o mesmo e a cobertura (TINÔCO, 1998).

uso de aspersão de água sobre o telhado: possibilita a redução da temperatura da telha

e, conseqüentemente, da carga térmica de radiação (CTR) sobre as aves. Deve-se

neste caso, equipar o telhado com calhas no beiral para recolhimento da água

possibilitando, desta forma, seu reaproveitamento (TINÔCO, 1998).

beirais: o beiral tem a função de sombrear as paredes e o ambiente próximo do

galpão, principalmente no período quente do dia, e de proteger as paredes e o interior

do galpão da água de chuvas. De uma maneira geral, recomenda-se beirais de 1,5 a

2,5m, em ambas as faces norte e sul do telhado, de acordo com o pé-direito e com a

latitude, aconselhando-se, também uma inclinação de 45º (TINÔCO, 1998).

lanternins: de acordo com HARDOIM (1995), instalações de animais com adequada

entrada de ar pelas janelas e saída por aberturas no telhado, tipo lanternim, permitem

uma ventilação contínua através do sifão térmico. TINÔCO (1998) sugere que para

galpões com larguras iguais ou superiores a 8,0m, o uso de lanternim é

imprescindível. Neste sentido BAÊTA (1995), cita as principais variáveis que atuam

no processo de fluxo de ar através do lanternim: a área de abertura do lanternim e a

diferença entre temperaturas interna e externa; e para que desempenhe sua função no

condicionamento térmico natural, torna-se necessário que a área de abertura

horizontal seja igual à área da abertura vertical e que possua dispositivo para

fechamento em condições de frio.

3.5. Renques de vegetação – quebra ventos:

No Brasil, o uso de quebra-ventos é pouco comum, porque ocorrem poucos ventos

fortes. Sua utilização mais freqüente em instalações zootécnicas, tem sido como proteção

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Page 16: Ambiência em AVICULTURA

sanitária, funcionando como cordões de isolamento aos núcleos, principalmente de aves e

suínos.

Os renques de vegetação, por sua vez, podem ter um objetivo inverso ao dos quebra-

ventos, ou seja, finalidade de criar um microclima com temperatura mais amena que a da

circunvizinhança dos galpões avícolas, incrementando, assim, a ventilação natural (TINÔCO,

1998).

3.6. Ventilação natural:

Ventilação natural é o movimento do ar através de construções especialmente

abertas, pelo uso de forças naturais produzidas pelo vento e/ou por diferenças de

temperaturas, o que permite alterações e controle da pureza do ar, provendo o galpão de

oxigênio, eliminando amônia, dióxido de carbono e outros gases nocivos, excesso de umidade

e odores (ventilação com finalidade higiênica). Além disso, possibilita também, dentro de

certos limites, controlar a temperatura e a umidade do ar nos ambientes habitados (ventilação

com finalidade térmica)(TINÔCO, 1998).

A ventilação natural não é uma ciência exata. Aberturas de entradas e saídas devem

ser calculadas por métodos indicativos e observações. No entanto, como a ventilação natural é

dependente de forças naturais às quais são muito variáveis, apesar dos esforços em empregar

todo o potencial da ventilação natural, algumas vezes torna-se adequada a utilização de

ventilação artificial.

4. MODIFICAÇÕES AMBIENTAIS SECUNDÁRIAS DE UMA INSTALAÇÃO

AVÍCOLA COM VISTAS AO CONFORTO TÉRMICO

4.1. Ventilação forçada:

Quando a renovação do ar é proporcionada por diferenças de pressão criadas

mecanicamente, a ventilação toma o nome de ventilação artificial, forçada ou mecânica. A

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ventilação forçada é utilizada sempre que os meios naturais não proporcionam o índice de

renovação de ar ou abaixamento de temperatura necessário ou, ainda, como elemento de

segurança nas condições de funcionamento precário da circulação natural do ar (TINÔCO,

1998). Neste sentido, Smith, citado por MOURA & NÃÃS (1998), concluiu que aumentando

a movimentação do ar sobre a superfície corporal das aves, é facilitada a perda de seu calor

para o ambiente, por processos convectivos.

A ventilação forçada pode ser conseguida por:

A) Sistema de ventilação de pressão positiva :

É o sistema em que os ventiladores forçam o ar externo para dentro da construção,

com aumento da pressão do ar. É o sistema mais comum nas instalações avícolas abertas. Os

ventiladores devem estar à altura correspondente à metade do pé-direito da construção e com

o jato direcionado levemente para baixo, sem incidir diretamente sobe a cabeça das aves; com

isto, consegue-se retirar o ar quente e úmido próximo à zona de ocupação das aves (TINÔCO,

1998).

O número de ventiladores deverá ser suficiente para promover a renovação total do ar

da instalação em um período de um a dois minutos, com velocidade de deslocamento do ar até

2,5m/s (TINÔCO, 1998).

A1) Ventilação lateral:

Nos sistemas com ventilação positiva lateral os ventiladores usados nos galpões

avícolas abertos devem ser dispostos na lateral destes, de forma a promover o fluxo do ar no

sentido da largura do galpão, succionando o ar fresco do exterior, injetando-o para o interior

expulsando ar viciado pelo lado posterior. Os ventiladores devem ser posicionados no sentido

dos ventos dominantes para aumentar sua eficiência.

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Page 18: Ambiência em AVICULTURA

A2) Ventilação positiva em modo túnel:

Consiste em possibilitar a entrada de ar por uma das extremidades do galpão e sua

exaustão pela extremidade oposta, estando as laterais do galpão totalmente fechadas por

cortinas. Caso haja lanternim, deve haver um forro abaixo deste, para evitar-se fugas de ar

pelo teto, o que comprometeria a eficiência do sistema (TINÔCO, 1998).

Segundo Cunningham, citado por TINÔCO, 1998, a movimentação do ar em torno

das aves é capaz de provocar uma redução da sua sensação térmica, em até 8ºC, quando

alcança uma velocidade de 2m/s. Contudo, a possível vantagem da ventilação na dissipação

do calor corporal se anula quando a temperatura do ar se iguala à temperatura corporal da ave,

sendo muito prejudicial para valores superiores a este.

Neste sentido Bond et al., também citados por TINÔCO (1998), ao estudarem os

efeitos de velocidades do ar de 0,18 a 1,52m/s e de temperaturas de 10 a 38,7ºC, verificaram

que a dissipação de calor pelos animais aumentou com o aumento da velocidade do ar, em

conseqüência do aumento na dissipação de calor por convecção e evaporação, embora tenha

havido redução na dissipação de calor por radiação.

A Tabela 3 mostra as necessidades de ar em função da temperatura e da idade dos

frangos ( litros/ave.min ).

Tabela 3 - necessidades de ar em função da temperatura e da idade dos frangos (litros/ave.min ):

TEMPERATURA ºCIDADE (SEMANAS)

1 3 5 74,4 6,8 19,8 34,0 53,810,0 8,5 22,7 45,3 65,115,6 10,2 28,3 53,8 79,321,1 11,9 34,0 62,3 93,426,7 13,6 36,8 70,8 104,832,2 15,3 42,5 79,3 118,937,8 17,0 48,1 87,8 133,143,3 18,7 51,0 96,3 144,4

Fonte: Bampi, citado por TINÔCO, 1998

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Page 19: Ambiência em AVICULTURA

A3) Resfriamento da temperatura do ar:

Um aspecto relevante, é que em alguns casos, em regiões extremamente quentes, a

ventilação simples, natural ou artificial, mesmo quando bem projetadas, pode ser insuficiente

para promover o arrefecimento de temperatura do ar e a temperatura interna dos galpões

avícolas costuma ser tão elevada que torna-se necessário promover o pré-resfriamento do ar

que entra nas instalações.

Os sistemas de resfriamento adiabático evaporativo (SRAE) consistem em uma das

formas mais efetivas de resfriamento do ar que podem se adotadas em instalações abertas ou

fechadas. Este sistema atua mudando o estado psicrométrico do ar para maior umidade e

menor temperatura, mediante o contato do ar com uma superfície umedecida ou líquida, ou

com água pulverizada ou aspergida (TINÔCO, 1998).

Uma vez que o SRAE consiste na redução da temperatura do ar com consequente

aumento da umidade relativa, entende-se que sua maior eficiência ocorra em regiões de

climas quentes e secos. Nas instalações avícolas, os SRAE em geral, deverão entrar em

funcionamento sempre que a temperatura do ar ultrapassar a do limite de conforto (Tabela 2)

e permanecerá funcionando enquanto a umidade relativa for inferior a máxima tolerada, que é

geralmente 75 a 80%.

Os sistemas de resfriamento adiabático evaporativo mais utilizados no Brasil são os

nebulizadores, entretanto, em algumas poucas granjas têm sido instalado o SRAE por placas

porosas (“Pad cooling”). A seguir explica-se os sistemas de ventilação positiva associada a

SRAE por nebulização e de material poroso.

Ventilação positiva associada a SRAE por nebulização : A aplicação dos SRAE, por

nebulização, pode ser feita em qualquer um dos sistemas de ventilação positiva citados

anteriormente (lateral ou em modo túnel), observando-se que a utilização de forro para reduzir

o volume de ar a ser movimentado é desejável.

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Page 20: Ambiência em AVICULTURA

O sistema de nebulização consiste na formação de gotículas, extremamente pequenas,

que aumentam muito a superfície de uma gota d’água exposta ao ar, assegurando, desta

forma, evaporação mais rápida. A nebulização associada ao movimento do ar ocasionado pelo

ventilador, acelera a evaporação e evita que a pulverização ocorra em um só local e venha a

molhar a cama.

O sistema de nebulização pode ser feito por baixa pressão ou por alta pressão. O

sistema de baixa pressão corresponde àquele que utiliza nebulizador com até 100 PSI de

pressão, sendo o mais utilizado em nosso país atualmente; apresenta baixo custo, porém, pode

apresentar problemas ns distribuição da temperatura, umidade na cama e menor poder de

arrefecimento térmico. O sistema de alta pressão é quando se utiliza nebulizador com mais de

200PSI de pressão. É o sistema mais recomendado para ser utilizado em galpões de alta

densidade, onde normalmente temos um aporte de água maior e por isso deve-se ter muito

mais cuidado com a umidade da cama. Apresenta maior capacidade de troca de calor do meio,

com maior redução da temperatura interna do galpão e menor probabilidade de umedecimento

da cama, contudo, apresenta custo de instalação mais alto (SANTIN, 1996).

De acordo com SILVA & NÃÃS, 1998, a utilização de SRAE possibilita uma redução

substancial da temperatura do ar de até 12ºC, nas regiões mais secas, e em média 6ºC nas

condições brasileiras.

Neste sentido Zanolla et al., citados por TINÔCO (1998), em experimento realizado

com produção de frangos de corte em alta densidade, em condição de verão, verificou que o

sistema de ventilação positiva em modo túnel associado a nebulização permitiu elevar em

40% a taxa de alojamento das aves ao mesmo tempo em que possibilitou significativa

melhoria dos níveis de desempenho produtivo das mesmas.

Outra maneira utilização de nebulização é associada a ventilação positiva lateral, a

diferença é que, no sistema de ventilação lateral, as cortinas ficam sempre abertas. À

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Page 21: Ambiência em AVICULTURA

semelhança do sistema de ventilação em modo túnel, os ventiladores deverão entrar em

funcionamento sempre que a temperatura do ar ultrapassar 25ºC e o sistema de nebulização,

por sua vez, deverá ser acionado quando a temperatura do ar ultrapassar 29ºC e ser desligado

quando o valor de umidade relativa do ar for igual ou superior a 80%.

Ventilação positiva associada a SRAE de material poroso (“Pad cooling”) :

Este processo de resfriamento, em uma de sua formas mais simples para instalações

abertas, consiste em forçar a passagem do ar por material poroso umedecido, utilizando-se

para isto um ventilador. Com este processo, o ar externo é resfriado antes de ser conduzido,

por ventilação, ao interior do galpão, o que poderá se dar com a utilização de tubos perfurados

para melhor distribuição da vazão.

Diversos materiais têm sido utilizados como material poroso nos resfriadores

adiabáticos evaporativos (por exemplo a madeira, a celulose, etc.) e, à medida que se aumenta

a espessura do material poroso, normalmente aumenta-se a resistência à passagem do ar,

aumentando-se, também, o tempo de contato do ar com o material poroso umedecido.

As células de material poroso devem ser instaladas de forma a não permitir a

incidência direta dos raios solares sobre o material poroso pois, sua eficiência pode ser

reduzida de 15% a 23% (Timmons et al. e Timmons & Baughman, citados por TINÔCO,

1998).

Muitas pesquisas são conduzidas com o objetivo de se avaliar os efeitos do emprego

de sistemas de resfriamento adiabático evaporativo em suas diversas formas, e os resultados

são unânimes em demonstrar que o SRAE tem sido o sistema mais eficiente em promover o

conforto térmico e, conseqüentemente, melhorar o desempenho dos animais, propiciando uma

maior redução no número de horas de estresse calórico (TINÔCO, 1995).

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Page 22: Ambiência em AVICULTURA

B) Sistema de ventilação pressão negativa:

Este sistema consiste da retirada do ar da instalação por meio de exaustores que são

instalados em uma das extremidades do galpão. Pode trabalhar com ambos os sistemas de

resfriamento do ar atmosférico citados anteriormente (“Pad cooling” e nebulização);

observando-se que, quando da utilização do sistema “Pad cooling” as placas evaporativas para

resfriamento do ar que entra no galpão, devem ser instaladas na extremidade oposta aos

exaustores, proporcionando desta forma a circulação de ar fresco no interior do galpão.

As principais vantagens dos sistemas “Pad cooling” sobre os sistemas de nebulização

simples, são que os primeiros possibilitam um maior resfriamento com menor incremento da

umidade relativa do ar que entrará no galpão. Galpões com “Pad cooling” tendem a ficar mais

limpos e com menos problemas de ferrugem nos equipamentos.

O bom funcionamento do sistema de ventilação negativa depende da perfeita vedação

do galpão, evitando-se entrada de ar que não pela extremidade oposta aos exaustores.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A avicultura brasileira ocupa atualmente a terceira posição no “ranking” mundial dos

maiores produtores de carne, tendo produzido cerca de 5,0 milhões de toneladas de carne de

frango em 1999. Contudo, para manter-se competitiva dentro do processo de globalização

mundial e para atender a crescente demanda de consumo do produto (tanto no mercado

interno quanto no mercado externo), torna-se de fundamental importância conseguir-se o

aumento de produtividade e produção.

Considerando-se, entretanto, as dificuldades decorrentes do estresse por altas

temperaturas no desempenho avícola, a criação em alta densidade só se torna possível e viável

com a utilização de sistemas de acondicionamento de ambiente que sejam compatíveis com a

realidade climática e com o tipo de instalações avícolas usados em cada região do Brasil.

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Page 23: Ambiência em AVICULTURA

A escolha entre os diferentes sistemas de acondicionamento ambiente, ou seja, se

totalmente natural, climatizado ou semi-climatizado, vai depender de muitas variáveis, tais

como: nível de adversidade do clima local, tipo de instalação já existente, disponibilidade e

qualidade da mão de obra, capacidade já instalada de sistemas auxiliares como ventiladores e

aspersores, nível de automação desejada e volume da empresa.

Finalizando, somente um cuidadoso estudo sobre o microclima local, em termos de

amplitude térmica, temperaturas máxima e mínima (médias e absolutas) e umidade relativa do

ar, nas horas mais quentes do dia, em associação aos parâmetros técnico-econômicos, é que

permitirão a escolha da melhor decisão.

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Page 24: Ambiência em AVICULTURA

6. BIBLIOGRAFIA:

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