amanda torres borges...orientador: dr. wagner franco molina natal - rn 2015 3 catalogação da...

68
1

Upload: others

Post on 05-Jul-2021

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

1

Page 2: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

2

AMANDA TORRES BORGES

VALIDAÇÃO DE ESPÉCIES DE Centropomus (Centropomidae, Perciformes) DO LITORAL DO

RIO GRANDE DO NORTE ATRAVÉS DE CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA E MOLECULAR

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Sistemática e Evolução da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

como parte dos requisitos para obtenção de

título de Mestre em Sistemática e Evolução.

Orientador: Dr. Wagner Franco Molina

NATAL - RN

2015

Page 3: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

3

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências

Borges, Amanda Tôrres.

Validação de espécies de Centropomus (Centropomidae, Perciformes) do litoral do Rio Grande do Norte

através de caracterização citogenética e molecular. / Amanda Tôrres Borges. – Natal, RN, 2015.

66 f.: il.

Orientador: Prof. Dr. Wagner Franco Molina.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências. Programa de

Pós-Graduação em Sistemática e Evolução.

1. Citogenética de peixes. – Dissertação. 2. Mapeamento cromossômico. – Dissertação. 3. DNAr 16S. –

Dissertação. I. Molina, Wagner Franco. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 575

Page 4: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

4

FOLHA DE APROVAÇÃO

AMANDA TORRES BORGES

VALIDAÇÃO DE ESPÉCIES DE Centropomus (Centropomidae, Perciformes) DO LITORAL DO

RIO GRANDE DO NORTE ATRAVÉS DE CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA E MOLECULAR

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Sistemática e Evolução da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

como parte dos requisitos para obtenção de

título de Mestre em Sistemática e Evolução.

APROVADA: 28 de Março de 2015.

_____________________________ _____________________________

Prof. Dr. Ricardo de Souza Rosa (UFPB) Prof. Dr. Roberto F. Artoni (UEPG)

_____________________________

Prof. Dr. Wagner Franco Molina

(Orientador - UFRN)

Page 5: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

5

“Aos meus pais e familiares,

em especial ao meu

avô José Torres (in memoriam)”

Page 6: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

6

Agradecimentos

Ao meu orientador Prof. Dr. Wagner Franco Molina, meu sincero muito obrigada pela

confiança depositada em mim, pela sua indiscutível competência e por toda a compreensão

nos momentos difíceis.

Ao Programa de Pós-Graduação em Sistemática e Evolução, na qual fui participante e

viabilizou o meu curso de mestrado. Agradeço também a Gisele, secretaria do PPGSE, por

toda dedicação e auxílio nos momentos que foram precisos.

Agradeço a Companhia de Águas e Esgoto do Rio Grande do Norte (CAERN), pelo

crescente incentivo ao aperfeiçoamento do seu corpo técnico, o qual viabilizou, segundo seu

acordo coletivo, os horários de aula durante esse período, assim como as coletas na Lagoa

do Jiqui, através da área da Estação de Tratamento de Água do Jiqui (ETA- Jiqui).

Não poderei aqui deixar de agradecer à Prof. Dra. Lucymara pelo lindo projeto de

extensão Interação Ciência e Educação, que faz parte da Rede Nacional de Educação e

Ciências: Novos Talentos da Rede Pública, criado pelo já falecido Doutor Leopoldo de Meis.

Projeto no qual visa o exercício dos métodos científicos em alunos e professores de escola

pública do RN e a inserção destes na vivência das Universidades Brasileiras. Através do qual

tive a oportunidade de conhecer a área da Citogenética de Peixes Marinhos que me encanta

até hoje.

A todos os amigos e companheiros de Laboratório, Gideão Wagner, Paulo Augusto,

Alysson Sousa, Clóvis Motta, Leonardo Calado, Inailson Cunha, Maria Aparecida, Juliana

Galvão, Karlla Daniele, Rafael Soares, Jeanne e Josi, meu muito obrigado pelas risadas,

conversas, ajuda e acima de tudo pela amizade construída ao longo desses anos, sem vocês

a vida de mestranda seria muito mais difícil.

A Protázio, Prof. Dr. Fúlvio e a Heriberto pela viabilidade das coletas na Lagoa do Jiqui,

CTA-UFRN e Arês, respectivamente.

Page 7: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

7

Aos meus amigos de graduação, pela amizade e companheirismo, os quais sempre

torço pelo sucesso e sei que sempre torceram pelo meu sucesso, deixo meu abraço a cada

um e principalmente a Juh, Frivi, Alê, Sylp, Pg, Sávio, Tábata, Ju Galvão, Julia, Fernando e Jp.

Companheiros CAERNianos, com os quais eu me orgulho em trabalhar e sei que estão

orgulhosos por mim. Jay, Nay, Luiz e Bella, obrigada pela amizade, compreensão e ombro

amigo sempre, Jacques e Wagner, meus queridos chefes, obrigada pela confiança e saibam

que foram muito importantes nessa caminhada.

Ao meu avô, José Torres, sei que onde estiver estarás feliz por mim, irei te amar para

sempre.

Aos meus pais, João e Ana, a quem eu dedicado as minhas conquistas e os quais,

apesar das dificuldades, viram no estudo de seus filhos a prioridade de suas vidas, amo

vocês. Além dos meus irmãos, guerreiros, vencedores na vida, Júnior e Jean, vocês foram

meus exemplos. Meu avô e minhas avós, tios e tias, primos e primas, cunhadas e agregados

da família Torres Borges, muito obrigado pela força sempre.

Família Xavier! Muito obrigado pelo carinho e receptividade, em especial a Josenaide e

Francisco Canindé, pela atenção, carinho e apoio nesses dois anos.

À Rodrigo Xavier, para muitos Pantera, você foi a pessoa mais importante nessa

jornada, meu companheiro de coleta, quem aguentou meus desesperos, quem me deu

forças sempre e esteve comigo em cada etapa, obrigada pela dedicação, amo você.

E, por fim, agradeço a Ele, a Deus, pelas bênçãos, pela força, proteção e a quem eu

devo toda minha vida e todas as minhas conquistas.

Page 8: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

8

“A persistência é o menor

caminho do êxito”.

(Charles Chaplin)

Page 9: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

9

Resumo

A família Centropomidae é composta por três gêneros, Centropomus, Lates e Psammoperca.

Centropomus é o grupo mais diversificado, apresentando seis espécies com ocorrência no

Oceano Atlântico Ocidental, C. undecimalis (Bloch, 1792), C. poeyi Chávez, 1961, C. parallelus

Poey, 1860, C. mexicanus Bocourt, 1868, C. pectinatus Poey, 1860 e C. ensiferus Poey, 1860.

Algumas destas espécies são consideradas crípticas, por apresentarem características

morfológicas pouco resolutivas para fins de identificação. Apesar do grande interesse como

recurso natural e para cultivo, aspectos sobre sua diversidade e padrões cariotípicos são

pouco conhecidos. Neste trabalho classificações morfológicas e comparações de sequências

mitocondriais 16S foram utilizadas para identificação das espécies do gênero Centropomus

com ocorrência no Rio Grande do Norte, nordeste do Brasil. Duas espécies foram

identificadas, C. undecimalis e C. mexicanus, que tiveram seus aspectos cromossômicos

analisados através de métodos citogenéticos clássicos (coloração convencional, bandamento

C, Ag-RONs), coloração com fluorocromos AT- e GC-específicos, bandas de replicação pela

incorporação do análogo de base 5´BrdU ( 5-bromo-2´-deoxiuridina) e mapeamento

cromossômico in situ de sequências (TTAGGG)n e dos genes RNAr 18S e 5S. Ambas as

espécies apresentaram 2n=48 cromossomos acrocêntricos, com sítios ribossomais (Ag-

RON/DNAr 18S/Mitramicina+) no segundo par cromossômico, em posição telomérica no

braço longo de C. mexicanus) e intersticial em C. undecimalis. O par organizador nucleolar

(par 2) se mostra um marcador citotaxonômico resolutivo para estas duas espécies. Os

dados gerados revelam uma menor diversidade de espécies de Centropomus do que se

acreditava, sugerindo uma maior atenção na identificação taxonômica das espécies, tendo

em vista otimizar ações de exploração comercial, conservação biológica e cultivo.

Palavras chaves: Citogenética de peixes. DNAr 16S. Mapeamento cromossômico.

Hibridização in situ. Robalo.

Page 10: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

10

Abstract

The Centropomidae family consists of three genera, Centropomus, Lates and Psammoperca.

Centropomus is the most diverse group, with six Centropomus species occur in the Western Atlantic

Ocean C. poeyi Chávez, 1961, C. parallelus Poey, 1860, C. mexicanus Bocourt, 1868, C.

pectinatus Poey, 1860 and C. ensiferus Poey, 1860. Some of these species are considered

cryptic, because of its morphological traits showed low resolution for identification

purposes. Despite showing great interest as a natural resource and fish culture, aspects of

their diversity and karyotypic patterns are poorly understood. In this work morphological

identification and comparison of mitochondrial 16S gene sequence were used to identify the

species of the genus Centropomus occurring in Rio Grande do Norte, northeastern Brazil.

Two sepecies were identified, C. undecimalis and C. mexicanus, which had the chromosomal

aspects analyzed, through Classical cytogenetic method analyzes (conventional staining, C-

banding, Ag-NORs), fluorochrome staining AT- and GC-specific, replication bands by

incorporating of the base analog 5-Bromo-2’-deoxyuridine (5-BrdU), in situ chromosomal

mapping of (TTAGGG)n sequences and in situ chromosome mapping 18S and 5S rRNA genes.

Both species show 2n=48 acrocentric chromosomes, with ribosomal sites (Ag-NOR/18S

rDNA/ Mitramycin+) in second chromosomal pair, in telomeric position on the long arm in C.

mexicanus and interstitial in C. undecimalis. The nuclear organization pair (pair 2) shown a

resolutive cytotaxonomic marker for these two species. The generated data reveal a lower

species diversity than previously believed, suggesting that greater attention should be paid

in taxonomic identification of the species, in view of optimize commercial actions

exploitation, biological conservation and cultivation.

Keywords: Fish cytogenetics. rDNA 16S. Chromosomal mapping. In situ hybridization. Snook.

Page 11: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

11

Lista de Figuras

Figura 1 - Relações filogenéticas das espécies de Centropomus baseada no gene 16S

(modificada de Tringali et al., 1999). Em destaque as espécies de ocorrência no litoral

brasileiro .................................................................................................................................14

Figura 2. Áreas de distribuição das espécies Centropomus undecimalis e C. mexicanus no

Atlântico. Locais de coleta dos espécimes no litoral do Estado do Rio Grande do Norte (RN).

(a) Extremoz, RN (5°41'05,9"S 35°14'26,5"O); (b) Lagoa do Jiqui – Parnamirim, RN

(5°55'07,5"S 35°11'17,1"O); e (c) município de Arês (6°12'00,0"S 35°09'14,4"O) ..................21

Figura 3. Áreas de coleta dos exemplares de Centropomus ao longo do litoral do Rio Grande

do Norte (RN). (a) Estuário do Rio Ceará-Mirim, Extremoz-RN, (b) Lagoa do Jiqui, Parnamirim-

RN (Bacia do Rio Pitimbu), (c) Estuário do Rio Jacu, Município de Arês .................................32

Figura 4. Exemplares das espécies Centropomus undecimalis (acima) e C. mexicanus (abaixo),

identificados por perfis genéticos do DNAmt 16S em diferentes pontos do litoral do Rio

Grande do Norte. Barra: 5cm .................................................................................................34

Figura 5. Árvore gerada pelo método de Neighbor-Joining baseado em sequências parciais

do gene mitocondrial 16S de indivíduos de Centropomus. Em destaque o agrupamento

contendo exemplares de C. undecimalis (destaque em laranja) das três localidades

amostradas. Clado composto por espécimes com identidade com a espécies C. mexicanus

(caixa em azul). Valores de bootstrap (10.000 replicações) são mostrados nos ramos. Em

parênteses estão os números de acesso no GenBank de sequências para diferentes espécies

de Centropomus .....................................................................................................................35

Figura 6. Cariótipos de Centropomus undecimalis (a, c, e, g), C. mexicanus (b, d, f, h), com

coloração convencional (a, b) e bandamento C (c, d). Padrões de bandas de replicação inicial

(e, f). Os quadros destacam a correspondência nos pares organizadores de nucléolos dos

sítios Ag-RONs e regiões MM+/DAPI-. Barra = 5µm. Sítios de DNAr 18S (vermelho) e 5S

(verde) identificados por dual-color FISH (g, h) ......................................................................50

Figura 7. Mapeamento de sequências (TTAGGG)n em metáfases de Centropomus undecimalis

(CUN) (a) e C. mexicanus (CM)(b). Em (c), ideograma do evento de inversão paracêntrica na

divergência evolutiva no par organizador nucleolar das duas espécies .................................51

Page 12: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

12

Lista de Tabelas

Tabela 1. Dados merísticos dos espécimes de Centropomus coletados em diferentes pontos

do litoral do Rio Grande do Norte e identificados a partir de dados morfométricos..............36

Tabela 2. Estimativa da divergência genética entre sequências do gene mitocondrial 16S

(584 pares de bases) de Centropomus. Acima diagonal: Desvio padrão. Abaixo diagonal:

divergência genética entre as sequências. As análises foram conduzidas utilizando distância p

e os gaps considerados como deleção par-a-par. Em parênteses encontram-se os números

de acesso do GenBank. CUN – C. undecimalis; CP – C. pectinatus; CPA – C. parallelus; e CM –

C. mexicanus; Jiqui – Lagoa do Jiqui; Arês – estuário do Rio Jacu; Extremoz – Estuário do Rio

Ceará-Mirim ............................................................................................................................37

Quadro 1. Identificação taxonômica comparativa dos espécimes de Centropomus, através de

dados morfológicos e moleculares .........................................................................................38

Page 13: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

13

Sumário

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 12

1.1. Aspectos biológicos e taxonômicos do gênero Centropomus ......................................... 12 3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................................... 19

4. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................................... 19

4.1. MATERIAL ......................................................................................................................... 19 4.2. OBTENÇÃO DE CROMOSSOMOS MITÓTICOS E ANÁLISES CITOGENÉTICAS .................... 21

4.2.1. Detecção de regiões organizadoras de nucléolos ..................................................... 22

4.2.2. Detecção da heterocromatina constitutiva .............................................................. 23

4.2.3. Dupla coloração com fluorocromos base-específicos ............................................... 23

4.2.4. Incorporação do análogo de base 5’BrdU ................................................................. 24

4.3. MAPEAMENTO IN SITU DE REGIÕES (TTAGGG)n .............................................................. 24 4.4. HIBRIDAÇÃO FLUORESCENTE IN SITU (FISH).................................................................... 25

4.4.1. Obtenção de sondas .................................................................................................. 25

4.4.2. Hibridização ............................................................................................................... 25

4.5. OBTENÇÃO DE SEQUÊNCIAS MITOCONDRIAIS 16S ......................................................... 26 5. CAPÍTULO 1 ............................................................................................................................. 27

Incongruências entre caracteres morfológicos e moleculares (DNAmt 16S) na identificação

taxonômica de espécies do gênero Centropomus (Perciformes) ............................................... 27

Resumo ................................................................................................................................... 27 Introdução ............................................................................................................................... 28 Material e Métodos ................................................................................................................ 30 Resultados ............................................................................................................................... 32 Discussão ................................................................................................................................. 38 Referências.............................................................................................................................. 40

6. CAPÍTULO 2 ............................................................................................................................. 46

Padrões citogenéticos e marcadores citotaxonômicos em duas espécies de Centropomus da costa

nordeste do Brasil ....................................................................................................................... 46

Resumo ................................................................................................................................... 46 Introdução ............................................................................................................................... 47 Material e Métodos ................................................................................................................ 48 Resultados ............................................................................................................................... 49 Discussão ................................................................................................................................. 51 Referências.............................................................................................................................. 54

Referências Introdutórias ........................................................................................................... 59

Page 14: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

12

1. INTRODUÇÃO

1.1. ASPECTOS BIOLÓGICOS E TAXONÔMICOS DO GÊNERO CENTROPOMUS

A família Centropomidae é dividida em três gêneros, Centropomus, Lates e

Psammoperca (LI et al., 2011). O gênero Centropomus é formado por doze espécies,

sendo elas C. undecimalis (BLOCH, 1792); C. poeyi Chávez, 1961; C. parallelus Poey,

1860; C. mexicanus Bocourt, 1868; C. pectinatus Poey, 1860; C. ensiferus Poey, 1860; C.

viridis Lockington, 1877; C. nigrescens Günther, 1864; C. medius Günther, 1864; C.

unionensis Bocourt, 1868; C. armatus Gill, 1863 e C. robalito Jordan & Gilbert, 1882.

Destas, as seis primeiras ocorrem exclusivamente no Oceano Atlântico Ocidental.

No litoral do Brasil tem sido registrada a ocorrência de cinco espécies, com

destacada abundância de C. undecimalis e C. parallelus, especialmente no litoral do

sul/sudeste. A espécie C. poeyi é a única a habitar o Atlântico Ocidental sem registro

de incidência na costa brasileira (VOLKER & ANDREATA, 1982; RODRIGUES, 2005;

MORO, 2008; ANDREATA et al., 2012; MENEZES et al., 2012; SOUSA, 2013). Mais

recentemente uma espécie não descrita foi identificada em um pequeno enclave, na

região norte do Brasil (OLIVEIRA et al., 2014), demonstrando que a família apesar de

apresentar espécies bem definidas ainda não apresenta toda a sua diversidade

estimada.

A composição e monofilia de Centropomidae têm sido debatidas. Apesar da

definição deste grupo ser explicitada pela homogeneidade de seus representantes,

eventualmente tem sido considerada entre os grupos com relações não resolvidas

dentro da Ordem Perciformes (GREENWOOD, 1976). Contudo, análises filogenéticas

recentes, utilizando 13 marcadores moleculares, reforçam a congruência na

delimitação de Centropomidae, apesar de indicações de que Ambassidis, Glaucosoma,

Niphon e Siniperca poderiam fazer parte desta família (LI et al., 2011).

Os representantes dessa família estão dispersos em ambientes marinhos,

estuarinos e de água doce, habitando águas tropicais e subtropicais do Pacífico

Oriental e do Atlântico Ocidental (GREENWOOD, 1976). São vulgarmente conhecidos

como camurins, robalos ou snooks, sendo um grupo bastante homogêneo e compacto

(NELSON, 2006; RIVAS, 1986). Muitas dessas espécies, destacadamente Centropomus

Page 15: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

13

undecimalis, são importantes na pesca artesanal e desportiva em toda sua área de

distribuição, sobretudo no México e no Brasil (LI et al., 2011; ORRELL, 2002; XIMENES-

CARVALHO, 2006). No litoral sul dos Estados Unidos, o comércio de representantes

dessa família é proibido, sendo toda exploração voltada à pesca esportiva (MULLER,

2000; TAYLOR et al., 2000).

Apesar de suas espécies estarem associadas a diferentes tipos de ambiente,

nenhuma espécie habita ambos os oceanos (TRINGALI et al., 1999). Enquanto algumas

espécies revelam uma ampla distribuição no Atlântico, como C. undecimalis, outras

apresentam distribuição restrita, como C. poeyi que ocorre somente na região do golfo

do México (CHÁVEZ, 1961), e espécie recém identificada e ainda não descrita

(OLIVEIRA et al., 2014) encontrada exclusivamente, no Estado do Amapá, região Norte

do Brasil.

Page 16: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

14

Figura 1. Relações filogenéticas das espécies de Centropomus baseada no gene

mitocondrial 16S. Em destaque as espécies de ocorrência no litoral brasileiro.

(modificada de Tringali et al., 1999)

Agrupamentos filogenéticos das 12 espécies do gênero Centropomus, baseados

em dados moleculares, as têm agrupado em quatro clados distintos (TRINGALI et al.,

1999). O primeiro é constituído por C. undecimalis, C. viridis, C. poeyi e C. nigrescens; o

segundo por C. mexicanus e C. parallelus; o terceiro por C. pectinatus e C. medius; e o

último por C. ensiferus, C. robalito, C. armatus e C. unionensis (Figura 1). Os clados

obtidos dos dados moleculares se mostram congruentes com agrupamentos baseados

em dados morfológicos, com algumas pontuadas diferenças (FRASER, 1968; RIVAS,

1986).

Page 17: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

15

Análises filogeográficas são importantes na identificação de estruturação

genética das espécies. No litoral brasileiro, análises populacionais em C. parallelus,

baseadas em sequências mitocondriais, indicaram homogeneidade genética entre

diferentes regiões (PRODOCIMO et al., 2008). O alto fluxo gênico pode estar associado

à ausência de barreiras geográficas físicas, ao período pelágico larval, ovos pelágicos

ou ao próprio desenvolvimento ontogenético. Por outro lado, análises de estruturação

genética em C. undecimalis ao longo do Golfo do México e Mar do Caribe, através de

aloenzimas e RFLP (Restriction fragment length polymorphisms), identificaram pelo

menos duas subpopulações, possivelmente estabelecidas pela presença de gradientes

ambientais diferenciados entre estas regiões (TRINGALI & BERT, 1996).

Entre as causas para a diversificação no gênero Centropomus, a mais

significativa foi o fechamento do istmo do Panamá (RIVAS, 1986), isolando as águas do

Atlântico e do Pacífico, a cerca de 1,6 a 3 milhões de anos (m.a.) (ROCHA, 2003).

Contudo, as datações das divisões filogenéticas disponíveis, apontam uma

diversificação em momentos diferentes, dependendo do ambiente. Para os pares de

espécies cujas histórias de vida estão ligadas ao habitat dulcícola, a diversificação teria

ocorrido por volta do Plioceno (2,5 – 5,3 m.a.), já para os pares de hábito marinho, a

divergência teria ocorrido antes, por volta do fim do Mioceno (10 m.a.) (TRINGALI et

al., 1999).

Entre as principais divergências evolutivas no gênero Centropomus se destaca a

extensa variação no tamanho corporal entre as espécies e clados, e a diversificação

ecológica, referente à variação na preferência por ambientes com alta salinidade dos

indivíduos adultos. De fato, seus membros são descritos como eurialinos, semi-

catádromos e/ou dependente de estuários. Nestes ambientes, quanto maior a ligação

à salinidade, maior o tamanho corporal observado. Assim sendo, C. undecimalis e C.

viridis, por exemplo, que alcançam o maior tamanho corporal, estão associados

principalmente a água salgada. Por outro lado, C. ensiferus e C. robalito com menor

tamanho médio corporal estão associados a ambientes com baixa salinidade (Rivas,

1986). Entretanto, ambientes de água doce ou de baixa salinidade em geral

representam áreas propícias à ocorrência de estágios juvenis de variados

representantes de Centropomus (TRINGALI et al., 1999).

Page 18: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

16

As espécies de Centropomus são predadores de topo de cadeia (TAYLOR et al.,

2000), alimentando-se principalmente de outros peixes e crustáceos, podendo alterar

sua dieta dependendo do tamanho corporal, da área que estejam habitando e

disponibilidade de alimento (MCMICHAEL et al., 1989; TONINI et al., 2007;

NASCIMENTO et al., 2010).

Segundo Taylor et al. (2000) robalos são peixes hermafroditas protândricos,

que iniciam a vida como machos podendo se tornar fêmeas posteriormente. Os

machos em geral são encontrados em maior proporção, em tamanhos menores que as

fêmeas e alcançam a maturidade sexual mais cedo. Seu ciclo reprodutivo é anual,

podendo ocorrer múltiplas desovas, em ambientes de alta salinidade, sendo as águas

estuarinas seus criadouros naturais (GRIER & TAYLOR, 2001; XIMENES-CARVALHO,

2006). Análises do ictioplâncton na costa da Flórida (sul dos EUA) demonstraram que

larvas de robalos são raramente encontradas em alto mar, indicando que os ovos ou

larvas são transportadas ou mantidas próximos a costa (PETERS et al., 1998).

O cultivo de peixes marinhos encontra-se em ascensão em todo o mundo e tem

revelado grande interesse comercial nos robalos, que por sua adaptação a diferentes

condições ambientais e consumo irrestrito de ração, apresenta-se como um grupo

muito propício ao cultivo. Sua produção em estágio experimental crescente se deve a

alta qualidade de sua carne e valor comercial. No entanto estudos em diversas áreas,

como reprodução, nutrição e melhoramento genético são importantes, sanando

alguns gargalos tecnológicos na produção das principais espécies, como C. parallelus e

C. undecimalis (COSTA-FILHO et al., 2013). Popularmente conhecido como Robalo-

peva, C. parallelus é a espécie cujos aspectos do cultivo estão mais avançados no

Brasil, devido em parte a um maior conhecimento sobre condições ambientais e

nutrição necessária ao desenvolvimento da espécie (ALVES JR. et al., 2006; TSUZUKI et

al., 2007; BORGES et al., 2010; BARROSO et al., 2013, COSTA-FILHO et al., 2013).

Entre as espécies ocorrentes no litoral brasileiro, C. mexicanus é por vezes

confundida com C. parallelus (ORRELL, 2002). Sua distribuição é bastante ampla se

estendendo da Costa do Golfo do México e Grandes Antilhas sul até a cidade de Porto

Alegre (RS) no Brasil. A espécie apresenta porte médio, alcançando no máximo cerca

de 40 cm de comprimento total e média de 18 cm, cujos caracteres taxonômicos são

definidos pela presença de 10 raios moles na nadadeira dorsal, seis raios na nadadeira

Page 19: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

17

anal e 14 a 16 raios na nadadeira peitoral, 15 escamas a partir da origem da segunda

nadadeira dorsal até a linha média, e de 68 a 78 escamas na linha lateral (ORRELL,

2002). Ocorre geralmente em ambientes de água salgada, mas pouco se conhece

sobre sua migração ou locais de desova.

Centropomus undecimalis está entre as espécies que dispõem de maior

conhecimento biológico. O robalo-flecha, como é conhecido popularmente, é o maior

dos robalos podendo alcançar os 130 cm de comprimento total e 23 Kg. Sua cabeça é

ligeiramente côncava e sua mandíbula inferior se projeta além da superior, em geral

possuem 10 raios moles na nadadeira dorsal, nadadeira anal com 3 raios duros e de 5 a

7 raios moles e 14 a 16 raios na nadadeira peitoral. A linha lateral formada por 67 a 72

escamas, se estende até a margem posterior da nadadeira caudal, apresenta ainda 67

a 77 escamas na linha acima da linha lateral e de 22 a 28 escamas em torno da

nadadeira caudal. Apesar do tamanho máximo de alguns exemplares, seu tamanho

médio é de 50 cm e 2,2 Kg (ORRELL, 2002). Habitam águas costeiras, estuários e lagoas

onde se alimentam de peixes e crustáceos. Sua desova ocorre durante os meses de

maio a setembro, e sua distribuição se dá desde o sul da Flórida (EUA), até o sul do Rio

de Janeiro no Brasil (OLIVEIRA et al., 2014).

Espécimes de C. undecimalis rotineiramente atravessam e habitam o mar

aberto. Apresentam tamanho corporal maior e alta capacidade e velocidade de

natação. Estas características permitem a expansão do leque alimentar, uma vez que

possibilita a apreensão de presas maiores e mais diversas (RIVAS, 1986; ORRELL, 2002;

MENDONÇA, 2004).

Características citogenéticas vem sendo crescentemente utilizadas como

subsídios a hipóteses filogenéticas vigentes e na detecção de aspectos evolutivos de

peixes (MOLINA, 2007). Dados cromossômicos têm possibilitado entre outros

aspectos, observar alterações cromossômicas exclusivas de espécies, bem como

indicativas da presença de barreiras pós-zigóticas efetivas entre algumas espécies. A

possibilidade de comparações intra e interespecíficas, eleva a compreensão dos

padrões evolutivos, com reflexos na taxonomia e sistemática de grupos, bem como na

identificação de arranjos cromossômicos responsáveis pela especiação (KASAHARA,

2009).

Page 20: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

18

Apesar da alta diversidade que caracteriza a ordem Perciformes, os aspectos

citogenéticos de muitos dos seus grupos, em geral revelam grande homogeneidade

cariotípica. De fato, cerca de 60% das espécies compartilham um cariótipo com

número diploide (2n) com 48 cromossomos acrocêntricos, o que se acredita ser uma

condição plesiomórfica para o grupo. Da mesma forma, seus cromossomos em geral

compartilham um baixo conteúdo heterocromático e regiões organizadoras de

nucléolo localizadas sobre um único par cromossômico, características consideradas

basais nos Perciformes (GALETTI et al., 2000).

Os ambientes continentais, ao contrário dos ambientes marinhos, apresentam

um número maior e mais efetivo de barreiras geográficas, ocasionando em muitos

casos, pronunciado ou completo bloqueio ao fluxo gênico. Esta condição resulta em

uma maior diversificação cariotípica em espécies dulcícolas do que a normalmente

encontrada em peixes marinhos (GALETTI et al., 2000; MOLINA, 2007).

A falta de conhecimento citogenético em diversos grupos ainda é um obstáculo

para o seu pleno conhecimento biológico (ARAI, 2011). Esta é uma condição

encontrada em Centropomidae, onde as informações citogenéticas na família são

taxonomicamente restritas e limitadas ao conhecimento do número diploide e fórmula

cariotípica (ARIAS-RODRIGUEZ, 2011; ARAI, 2011).

Levantamentos da ictiofauna do litoral do Rio Grande do Norte têm reportado a

ocorrência de cinco espécies de Centropomus, com marcada frequência das espécies C.

undecimalis e C. parallelus (MENDONÇA, 2004; GARCIA, 2006; NASCIMENTO et al.,

2010; MORAIS et al., 2012). Contudo, diante da existência de características

morfológicas crípticas entre algumas espécies, uma certa imprecisão pode ocorrer na

identificação das espécies, influenciando na correta determinação da diversidade de

espécies. Tendo em vista que as espécies apresentam considerável variação quanto ao

período de primeira maturação sexual (RODRIGUES, 2005; PEREIRA-GARCIA et al.,

2011), a correta identificação adquire importância adicional em medidas de exploração

e conservação das espécies.

No presente estudo, espécimes do gênero Centropomus foram coletados em

diferentes ambientes e regiões do litoral do Rio Grande do Norte e analisados quanto

aos padrões morfológicos, padrões das sequências mitocondriais do gene 16S e

aspectos citogenéticos. Os resultados apresentam o quadro da diversidade de espécies

Page 21: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

19

em um importante trecho do litoral nordeste do Brasil e analisa a evolução cariotípica

no gênero Centropomus.

2. OBJETIVO GERAL

Diante de incertezas sobre a ocorrência de espécies de Centropomus no litoral

do Rio Grande do Norte objetivou-se determinar por meio de aspectos morfológicos,

padrões genéticos e citogenéticos, a diversidade de espécies na região e aspectos da

evolução cariotípica neste gênero.

3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificação taxonômica comparativas utilizando dados morfológicos e perfis

das sequências mitocondriais 16S de espécies de Centropomus ocorrentes no

litoral do Rio Grande do Norte;

Determinação dos aspectos da evolução cariotípica e caracteres

citomarcadores em espécies do gêneo Centropomus, por meio de técnicas

clássicas (coloração convencional com Giemsa, bandamento-C e técnica de

Ag-RONs), coloração com fluorocromos base-específicos (MM/DAPI), bandas

de replicação pela incorporação do análogo de base 5´BrdU e mapeamento de

sequências (TTAGGG)n e dos genes ribossomais 5S e 18S por meio da técnica

de hibridização fluorescente in situ (FISH).

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. MATERIAL

As coletas de indivíduos do gênero Centropomus foram realizadas em três

localidades do estado do Rio Grade do Norte. O primeiro ponto de captura foi a Lagoa

do Jiqui (5°55'07,5"S 35°11'17,1"O), que é um alargamento do rio Pitimbu, localizada

no município de Parnamirim, pertencente à bacia hidrográfica do rio Pitimbu, sendo

utilizada para o abastecimento de água de grande parte da cidade de Natal. Outros

exemplares foram coletados próximos a Lagoa de Guaraíra, na Bacia do Rio Jacu,

Page 22: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

20

município de Arês (6°12'00,0"S 35°09'14,4”O). O terceiro ponto de coleta foi no rio

Ceará-Mirim, que compõe a bacia de mesmo nome, no município de Extremoz

(5°41'05,9"S 35°14'26,5"O) (Figura 2). Os exemplares vivos foram capturados por meio

de redes (tarrafa e rede de arrasto) e linha e anzol, fazendo uso em alguns casos do

auxílio de pescadores artesanais nas áreas de estudo. As espécies foram identificadas

segundo Orrell (2002).

Page 23: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

21

Figura 2. Áreas de distribuição das espécies Centropomus undecimalis e C. mexicanus

no Atlântico. Locais de coleta dos espécimes no litoral do Estado do Rio Grande do

Norte. (a) Extremoz (5°41'05,9"S 35°14'26,5"O); (b) Lagoa do Jiqui – Parnamirim

(5°55'07,5"S 35°11'17,1"O); e (c) município de Arês (6°12'00,0"S 35°09'14,4"O).

4.2. OBTENÇÃO DE CROMOSSOMOS MITÓTICOS E ANÁLISES CITOGENÉTICAS

Os espécimes foram submetidos à estimulação mitótica in vivo por 24 a 48

horas com complexos de antígenos inoculados em região intramuscular, na proporção

de 1ml/50g de peso corporal (MOLINA, 2001; MOLINA et al., 2010). Após a

estimulação mitótica os exemplares foram sacrificados com superdosagem do

anestésico Eugenol (óleo de cravo). Fragmentos do rim anterior foram removidos e

dissociados em meio de cultura RPMI 1640, com o auxílio de seringas de vidro, de

acordo com a metodologia preconizada por Gold et al. (1990). Nesta suspensão de

a

b

c

Atlântico

Brasil

Page 24: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

22

células foram adicionadas cinco gotas de solução de colchicina a 0,025% por 30

minutos, em temperatura ambiente. O material foi centrifugado por 10 minutos à 900

rpm. O sobrenadante foi removido e acrescentou-se 9ml de solução hipotônica de KCl

(0,075M), à temperatura ambiente, por 30 minutos. Decorrido este tempo, foi

adicionado 0,5ml de solução de Carnoy (metanol e ácido acético – 3:1) e o material foi

centrifugado por 10 minutos a 900 rpm. Após centrifugação, remoção do

sobrenadante e ressuspensão em solução de Carnoy recém-preparada, o material foi

centrifugado e o sobrenadante descartado por mais dois ciclos (10 minutos à 900 rpm).

A suspensão celular foi conservada à -20°C em tubos tipo Eppendorf de 1,5ml, para

análises posteriores.

Um total de 150μl (3 gotas) de suspensão celular foi gotejado sobre lâminas

recobertas por um filme de água destilada aquecida à 60°C, as quais foram secas e

posteriormente coradas com Giemsa à 5%, diluído em tampão fosfato pH 6,8. As

análises citogenéticas foram realizadas em aumento de 1.000X em microscópio ótico.

Cerca de trinta metáfases foram analisadas para cada espécime. As melhores

metáfases foram fotografadas em fotomicroscópio de epifluorescência Olympus™

BX51 acoplado a um sistema digital de captura de imagens Olympus DP73® utilizando

o software CellSens© (Olympus Optical Co. Ltd.). Para a montagem do cariótipo, os

cromossomos foram classificados quanto à posição dos centrômeros, em

metacêntricos (m), com a razão entre o braço maior e menor (RB) variando de 1,00 a

1,70; submetacêntricos (sm), RB=1,71–3,00; subtelocêntricos (st), RB=3,01–7,00; e

acrocêntricos (a), RB>7,01 (Levan et al., 1964).

4.2.1. Detecção de regiões organizadoras de nucléolos

Para análise das regiões organizadoras de nucléolos foi utilizada a técnica

preconizada por Howell & Black (1980), que consiste em cobrir uma lâmina, preparada

com suspensão celular, com cerca de 450 μl (9 gotas) de uma solução de gelatina (1g

de gelatina, dissolvida em 50 ml água e 0,5 ml ácido fórmico) e 300 μl (6 gotas) de

nitrato de prata (AgNO3) à 50%. Ambas as soluções foram homogeneizadas sobre a

lâmina, recoberta por uma lamínula e incubada em estufa a 60°C até que se obtivesse

Page 25: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

23

uma cor amarelo âmbar. Logo após a lamínula foi retirada com jatos de água, secas ao

ar.

4.2.2. Detecção da heterocromatina constitutiva

Os blocos heterocromáticos foram detectados através do bandamento C,

segundo a metodologia descrita por Summer (1972). Resumidamente, lâminas com o

material celular foram mantidas em estufa a 37°C por três dias. Decorrido este

período, foram imersas em HCL 0,2N à temperatura ambiente, por 15 minutos, sendo

posteriormente lavadas com água destilada e secas. Em seguida, foram mergulhadas

por 1 minuto e 30 segundos em uma solução saturada de hidróxido de bário

(Ba(OH)28H2O) à 5%, previamente aquecida a 42°C. Foram rapidamente lavadas em

HCl 0,1N e em seguida em água destilada. Após secagem foram imersas em solução

salina 2xSSC à 60°C por 40 minutos, lavadas em água destilada e novamente secas.

Para visualização das regiões heterocromáticas, o material foi corado com Giemsa 5%

por 5 minutos.

4.2.3. Dupla coloração com fluorocromos base-específicos

O fluorocromo Mitramicina (MM) foi empregado para a detecção de regiões

ricas em bases G-C e o fluorocromo DAPI (4',6-diamidino-2-fenilindol) para identificar

regiões ricas em bases A-T, de acordo com Schweizer (1980). As lâminas com

suspensão celular foram coradas com 30µl de Mitramicina 0,5 mg/ml recobertas com

lamínulas e colocadas em câmara úmida, no escuro, sendo lavadas com água destilada

após um período de 60 minutos. Após secas as lâminas foram coradas com 30 µl de

DAPI (2µl/ml), cobertas novamente por lamínulas e mantidas em câmara úmida, no

escuro, por 30 minutos. Posteriormente as lâminas foram lavadas com água destilada

e montadas com tampão glicerol-Mcllvaine pH 7,0 (1:1) cobertas com lamínulas e

seladas com esmalte incolor. As lâminas foram então mantidas em câmara escura à

4oC e analisadas após um prazo mínimo de três dias com fotomicroscópio de

epifluorescência sob filtros apropriados.

Page 26: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

24

4.2.4. Incorporação do análogo de base 5’BrdU

A incorporação do análogo de base 5’BrdU (5-bromo-2’-deoxiuridina) seguiu a

metodologia preconizada por Giles et al. (1988). Brevemente, foi inoculada

intraperitonealmente in vivo, o análogo de base 5’BrdU (5-bromo-2’-deoxiuridina)

(5mg/ml em solução 0,9% NaCl), na proporção de 1ml/100g de peso corporal do

indivíduo, deixando agir entre 7 a 8 horas. Posteriormente, os indivíduos foram

sacrificados e submetidos à técnica de obtenção cromossômica previamente descrita.

Lâminas preparadas com as suspensões celulares dos exemplares foram mantidas por

dois dias em estufa à 37oC e após esse período, lavadas em solução de 2xSSC, sendo

coradas no escuro, com 40 µl de Hoescht 6024 (Sigma) (1mg de Hoescht/1 ml de

metanol e 100ml de 0,5xSSC). Em seguida foram recobertas por uma lamínula e

incubadas por 60 minutos em câmara escura umedecida. As lâminas foram lavadas

com jatos de água destilada para a retirada das lamínulas e do corante e

posteriormente secas ao ar. Em seguida as lâminas foram recobertas com um filme de

2xSSC, sendo expostas à luz de uma lâmpada ultravioleta 15 watts (254nm) a uma

distância de 10 cm em uma câmara escura por um período de 60 minutos. Por último,

as lâminas foram incubadas em 2xSSC à 60oC, por 20 minutos, lavadas com água

destilada e secas ao ar. As lâminas foram coradas com solução de Giemsa a 5%, diluído

em tampão fosfato pH 6,8, durante 10 minutos, lavadas com água destilada, secas ao

ar e analisadas sob microscopia ótica.

4.3. MAPEAMENTO IN SITU DE REGIÕES (TTAGGG)N

Para as marcações teloméricas foi utilizado o kit Telomere PNA FISH/FITC,

seguindo as recomendações do fabricante (DakoCytomation, Dinamarca).

Page 27: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

25

4.4. HIBRIDAÇÃO FLUORESCENTE IN SITU (FISH)

4.4.1. Obtenção de sondas

As sondas para emprego em dual-color FISH foram obtidas por amplificação do

DNA da espécie Ocyurus chrysurus, utilizando primers para DNAr 18S (HATANAKA &

GALETTI, 2004) e DNAr 5S (MARTINS & GALETTI, 1999). As sondas DNAr 18S foram

marcadas por nick translation com digoxigenina-11-dUTP (Roche) e a sonda DNAr 5S

com biotina-14-dATP (Roche), de acordo com as especificações do fabricante.

4.4.2. Hibridização

A técnica de FISH (Fluorescence in situ hybridization) foi realizada em

cromossomos mitóticos, de acordo com o protocolo desenvolvido por Pinkel et al.

(1986). Os cromossomos foram tratados com RNAse livre de DNAse (20mg/mL em

2×SSC) à 37°C por 1 hora, com pepsina (0,005 % em HCl 10mM) à 37°C, por 10

minutos, e fixados com formaldeído a 1%, por 10 minutos. Em seguida desidratados

em série alcoólica (70%, 85% e 100%). Os cromossomos foram desnaturados em

solução de 70% formamida/2×SSC à 72°C, por 5 minutos. Uma solução de hibridização

consistindo de 50% de formamida, 2×SSC, 10% de sulfato dextrano e a sonda

desnaturada (5 ng/µl) foi depositada sobre as lâminas, que foram recobertas com

lamínula. Após a hibridização em câmara úmida, overnight à 37°C, as lâminas foram

lavadas em 15% formamida/0,2×SSC à 42°C, por 20 minutos, 0,1×SSC à 60°C, por 15

minutos e Tween 20 0,5%/4×SSC, à temperatura ambiente. O sinal de hibridização da

sonda foi detectado usando avidina-FITC (Sigma) para a sonda DNAr 5S e anti-

digoxigenina rodamina (Roche) para a sonda DNAr 18S. Os cromossomos foram

contracorados com Vectashield/DAPI (1,5 µg/ml).

As preparações com FISH e fluorocromos base específicos foram analisadas em

fotomicroscópio de epifluorescência Olympus BX51, equipado com sistema digital de

captura de imagens Olympus DP73, utilizando o software CellSens (Olympus Optical

Co. Ltda.)

Page 28: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

26

4.5. OBTENÇÃO DE SEQUÊNCIAS MITOCONDRIAIS 16S

Fragmentos de tecido muscular e/ou hepático foram obtidos de amostras de

exemplares das três localidades analisadas, acondicionados em microtubos (1,5 ml)

contendo álcool etílico 100% e armazenados à temperatura de -20°C. O DNA total foi

extraído de acordo com o protocolo de Sambrook et al. (1989).

As reações de PCR foram preparadas com volume final de 25 μL, consistiam em

1 μL de DNA total, 0,5U Taq polimerase (Bio-Line USA, Boston, Massachusetts), 0,4 μL

de 50 mM MgCl2, 1 μL de 10×buffer, 0,5 μL 10 mM dNTP (desoxiribonucleotídeo

trifosfato), 0,3 μL de 10 μM de cada primer (L1987: 5′-GCCTCGCCTGTTTACCAAAAAC-3′;

H2609: 5′-CGGTCTGAACTCAGATCACGT-3′) (PALUMBI et al., 1991) e água ultrapura

para completar o volume final da reação. Os ciclos de temperatura utilizados

empregaram uma desnaturação inicial à 95°C (5 minutos); seguido por 30 ciclos de

94°C (30 segundos), 49°C (30 segundos), 72°C (55 s segundos). Foi realizada uma

extensão final de 72°C por 5 minutos. Os produtos da PCR foram purificados com a

enzima ExoSAP-IT (USB, Cleveland, Ohio) seguindo o protocolo do fabricante.

Posteriormente, as amostras de DNA foram sequenciadas, pela empresa ACTGene,

utilizando o equipamento ABI-PRISM 3100 Genetic Analyzer (Applied Biosystems).

As sequências obtidas foram visualizadas e editadas com o auxílio do programa

BioEdit v. 5.0.6 (HALL, 1999). Ao todo foram obtidos 584 pb do gene mitocondrial 16S,

as quais foram alinhadas de forma múltipla através do software ClustalW (THOMPSON

et al., 1994). O programa jModelTest2© (DARRIBA et al., 2012) foi utilizado na escolha

do modelo evolutivo HKY+I para as sequências.

Page 29: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

27

5. CAPÍTULO 1

Incongruências entre caracteres morfológicos e moleculares (DNAmt

16S) na identificação taxonômica de espécies do gênero Centropomus

(Perciformes)

RESUMO

Um total de seis espécies do gênero Centropomus (Centropomidae), conhecidos

popularmente como robalos, habitam o litoral brasileiro. A identificação taxonômica

entre estas espécies pode ser difícil, já que algumas apresentam simpatria,

características ecológicas semelhantes e possuem características morfológicas

crípticas, o que propicia registros de ocorrência com algum grau de imprecisão. Para o

litoral do Rio Grande do Norte (RN), nordeste do Brasil, tem sido relatada a ocorrência

de cinco espécies, C. undecimais, C. parallelus, C. mexicanus, C. ensiferus e C.

pectinatus. Espécimes de Centropomus provenientes de três pontos de coleta ao longo

do litoral do RN foram identificados por chave de identificação taxonômica e tiveram

suas sequências mitocondriais 16S comparadas com as espécies do gênero. As

identificações taxonômicas dos espécimes indicaram uma significativa incongruência

entre o uso de dados morfológicos e moleculares. Adicionalmente, as análises

comparativas de sequências DNAmt 16S revelaram apenas a presença das espécies C.

undecimalis e C. mexicanus. Os resultados apontam uma menor diversidade do que se

supunha nas regiões amostradas, contribuindo para a reavaliação da ocorrência de

espécies no litoral do Rio Grande do Norte.

Palavras-chaves: Robalo. Morfologia críptica. DNAmt 16S. Validação taxonômica.

Page 30: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

28

INTRODUÇÃO

A família Centropomidae, posicionada entre os Percoidei basais (LI et al., 2011),

é composta por espécies com morfologia conservada, sobretudo no gênero

Centropomus (TRINGALI et al., 1999; ORRELL, 2002). Preliminarmente foram descritas

cerca de 30 espécies para o gênero Centropomus, exclusivo das Américas, contudo

atualmente somente 12 espécies são consideradas válidas, com metade habitando o

oceano Pacífico e metade o Atlântico (RIVAS, 1986; ORRELL, 2002). Em geral são

importantes componentes na pesca artesanal e esportiva em suas áreas de

distribuição (ORRELL, 2002; XIMENES-CARVALHO, 2006).

Diferentemente de outros grupos, que apresentam hábitos ecológicos estritos,

as espécies do gênero Centropomus, habitantes de águas tropicais (GREENWOOD,

1976), podem ser eurialinas, semi-catádromas e estuarinas-dependentes, não exibindo

marcada estratificação nos ambientes habitados (RIVAS, 1986). Esta plasticidade

ecológica indica características fisiológicas compartilhadas entre suas espécies (MORO,

2008). Tem sido observada uma relação entre tamanho corporal e salinidade do

ambiente preferencial das espécies. Quanto mais salino o ambiente maior o tamanho

corporal que as espécies apresentam. Essa relação ecológica tem sido apontada como

um dos possíveis fatores de diversificação do gênero (TRINGALI et al., 1999).

Apesar de serem predadores de topo de cadeia (TAYLOR et al., 2000), sua dieta,

em geral, composta por peixes e crustáceos (CHÁVEZ, 1961; MENDONÇA, 2004), pode

se diversificar dependendo do tamanho corporal e disponibilidade do alimento

(MCMICHAEL et al., 1989; TONINI et al., 2007; CERQUEIRA & TSUZUKI, 2009;

NASCIMENTO et al., 2010).

Estuários são conhecidos como seus criadores naturais, sendo seu ciclo

reprodutivo anual em ambientes de alta salinidade. Em seus estágios iniciais os robalos

se desenvolvem em áreas costeiras, possuem alimentação baseada em microalgas e se

mantem em cardumes, modificando essas características ao longo do seu crescimento

(GILMORE et al., 1983; CERQUEIRA, 2005). A baixa representatividade de suas larvas

ligadas ao plâncton pelágico indica que seus ovos e larvas apresentam dispersão

próxima a costa (PETERS et al., 1998; GRIER & TAYLOR, 2001; XIMENES-CARVALHO,

2006).

Page 31: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

29

A diversificação evolutiva do gênero parece estar relacionada ao período

posterior ao fechamento do Istmo do Panamá (1,6 a 3 m.a), cujo bloqueio entre os

oceanos Pacífico e Atlântico criou condições propicias à especiação alopátrica

(TRINGALI et al., 1999).

O gênero Centropomus, cujas espécies tiveram diversificação recente e

apresentam características morfológicas crípticas, demandam maior grau de acuidade

quanto à inferências filogenéticas e identificação taxonômica. Neste sentido, sob

condições de homogeneidade morfológica entre espécies, as sequências mitocondriais

vêm sendo utilizadas, tanto na definição de diferenças interpopulacionais, como

interespecíficas, em diversas famílias de Perciformes (RITCHIE et al., 1997; BERNARDI

et al., 2000; FARIAs et al, 2000; SANTOS et al., 2003). Algumas sequências, como as do

gene mitocondrial 16S, têm se mostrado particularmente eficientes na definição da

história evolutiva do gênero Centropomus (TRINGALI et al., 1999).

Para o litoral brasileiro tem sido relatada a presença de cinco espécies do

gênero Centropomus, com marcada predominância de C. undecimalis e C. parallelus,

todas com ocorrência registrada para a costa do Estado do Rio Grande do Norte

(MENDONÇA, 2004; GARCIA, 2006; NASCIMENTO et al., 2010; MORAIS et al., 2012).

Muitas vezes os registros de ocorrência decorrem de extensos levantamentos de

fauna, sem a oportunidade de revalidação detalhada para grupos específicos. Esta

condição é particularmente sensível para as espécies do gênero Centropomus, diante

de suas características morfológicas e merísticas que podem causar dificuldades na

identificação como relatado para C. parallelus e C. mexicanus (TRINGALI et al., 1999;

ORRELL, 2002). Também do ponto de vista genético ambas espécies não podem ser

individualmente diferenciadas utilizando-se apenas dados alozímicos (TRINGALI et al.,

1999).

Levantamentos ictiofaunísticos ao longo do litoral brasileiro demonstram

marcada predominância das espécies C. undecimalis e C. parallelus. No litoral sul do

Brasil a espécie C. parallelus vem sendo frequentemente reportada. No Estado de

Santa Catarina, apesar de registros de ocorrência, tanto de C. undecimalis, como de C.

parallelus, ocorre uma expressiva predominância da última (Beninca, 2001; HOSTIM-

SILVA et al., 2002; MENEZES et al., 2012). Da mesma forma, no litoral dos Estados do

Paraná e Rio Grande do Sul (HALUCH et al., 2004; BECKER et al., 2007). Em regiões

Page 32: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

30

próximas, mais ao sul, como no litoral norte do Rio Grande do Sul um levantamento

ictiológico, além da ocorrência de C. parallelus, sugere a presença simpátrica de C.

mexicanus (SOUSA, 2013).

Nas bacias e litoral sudeste do Brasil se repete a predominância de C. parallelus

e a presença de C. undecimalis (VOLKER & ANDREATA, 1982; ANDREATA et al., 2002;

TEIXEIRA et al., 2005; ANDREATA et al., 2012), além de relatos de ocorrência de C.

pectinatus (RODRIGUES, 2005). Na região Nordeste há indicações de uma maior

diversidade, com a ocorrência, além de C. parallelus e C. undecimalis, de C. ensiferus,

C. pectinatus e de C. mexicanus, com o status a confirmar (GARCIA, 2006; Lira &

TEIXEIRA, 2008; NASCIMENTO et al., 2010; SOARES, 2011).

As espécies C. parallelus e C. mexicanus ocorrem em simpatria, desde o golfo

do México até o sul do Brasil, enquanto as espécies C. ensiferus, C. pectinatis e C.

undecimalis se distribuem desde a Flórida, nos Estados Unidos, ou Golfo do México,

até o Estado do Rio de Janeiro (ORRELL, 2002).

A extensa sobreposição das espécies de Centropomus no Atlântico Ocidental,

nem sempre perfeitamente identificadas, sugere a necessidade de uma revisão de suas

distribuições. A revalidação da diversidade de espécies em pontos do litoral brasileiro

proporcionará bases mais sólidas para o manejo, a conservação e usos práticos na

piscicultura. Diante disto, espécimes de Centropomus, provenientes de três regiões

geográficas do litoral do Rio Grande do Norte, tiveram suas identificações taxonômicas

comparadas através de chaves de identificação e comparações com perfis do DNAmt

16S de espécies do gênero.

MATERIAL E MÉTODOS

As coletas foram realizadas em três localidades no litoral do Rio Grande do

Norte: Lagoa do Jiqui pertencente à bacia hidrográfica do Rio Pitimbu no município de

Parnamirim/RN (5°55'07,5"S 35°11'17.1"O) (n=13), no município de Arês/RN, na bacia

hidrográfica do Rio Jacu (6°12'00,0"S 35°09'14,4"O) (n=11) e no município de

Extremoz, no estuário do rio Ceará-Mirim (5°41'05.9"S 35°14'26,5"O) (n=13) (Figura 2).

Todos os espécimes foram identificados morfologicamente através da chave de

identificação proposta por Orrell (2002). Segundo Sousa (2013) ela apresenta uma

Page 33: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

31

simplificação da chave proposta por Rivas (1986), e que pela confiabilidade, foi

utilizada para identificação dos espécimes.

Para as análises genéticas foram utilizadas amostras de tecido de no minímo

três espécimes de cada local de coleta, que tiveram seu DNA total extraído de acordo

com Sambrook et al. (1989). Sequências do gene mitocondrial 16S foram amplificadas

pelo método de reação em cadeia da polimerase (PCR). As reações de PCR foram

preparadas para um volume final de 25 μL, consistindo de 1 μL de DNA total, 0.5U Taq

polimerase, 0.4 μL de 50 mM MgCl2, 1 μL de 10 × buffer, 0.5 μL 10 mM dNTP, 0.3 μL de

10 μM de cada primer (L1987 e H2609, PALUMBI et al., 1991) e água ultrapura para

completar o volume final da reação. Para a amplificação das sequências foi utilizado

um ciclo inicial de desnaturação a 95°C (5 min), seguido por 30 ciclos a 94°C (30 s),

49°C (30 s), 72°C (55 s) e uma extensão final a 72°C, por 5 minutos. Os produtos da PCR

foram purificados com a enzima ExoSAP-IT e sequenciados pela ACTGene Análises

Moleculares. As sequências obtidas foram editadas com o BioEdit (Hall, 1999) e

alinhadas com sequências previamente depositadas no GenBank (Centropomus

undecimalis, KC146856; Centropomus undecimalis, CUU85012; Centropomus

undecimalis, AF247436; Centropomus pectinatus, CPU85018; Centropomus parallelus,

CPU85016; e Centropomus mexicanus, CMU85017) através do programa MUSCLE©

(Edgar, 2004), implementado no MEGA6© (TAMURA et al., 2013). O MEGA6©

também foi utilizado para as análises de Agrupamento de Vizinhos (NJ) e na estimativa

da distância genética entre os táxons.

Page 34: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

32

Figura 3. Áreas de coleta dos exemplares de Centropomus ao longo do litoral do Rio

Grande do Norte (RN). (a) Estuário do Rio Ceará-Mirim, Extremoz-RN, (b) Lagoa do

Jiqui, Parnamirim-RN (Bacia do Rio Pitimbu), (c) Estuário do Rio Jacu, Município de

Arês.

RESULTADOS

Com base em chave de identificação taxonômica (ORRELL, 2002), os espécimes

coletados na Lagoa do Jiqui foram identificados como C. undecimalis e C. pectinatus

(em maior frequência) (Tabela 1), enquanto que os espécimes coletados no estuário

do Rio Ceará-mirim foram identificados exclusivamente como C. pectinatus. Entre os

indivíduos coletados no estuário do Rio Jacu foi identificado um espécime como C.

parallelus, e os demais identificados como C. pectinatus. Entretanto, ao se comparar as

sequências 16S (584 pares de bases) destes mesmos espécimes com as sequências de

Centropomus previamente depositadas no GenBank, percebe-se que há, entre os

métodos morfológico e molecular, resultados quase inteiramente divergentes em

relação a identificação dos táxons amostrados (Quadro 1).

a

b

c

Page 35: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

33

Um espécime coletado na Lagoa do Jiqui foi identificado como C. undecimalis

pelos parâmetros morfológicos, revelando também uma alta similaridade genética

(Tabela 2) com sequências 16S de C. undecimalis (99,0 e 99,5%) (KC146856,

CUU85012, AF247436). Ao contrário disto, os espécimes identificados

morfologicamente como pertencentes a espécie C. pectinatus apresentaram perfis

genéticos idênticos a C. mexicanus (CMU85017).

Os espécimes coletados no Rio Ceará-mirim e Rio Jacu foram, em sua maioria,

identificados morfologicamente como C. pectinatus, porém possuíam alta similaridade

genética com C. undecimalis (99,3%) (KC146856, CUU85012, AF247436) e

significativamente mais baixa homologia com as sequências de C. pectinatus (88,6%)

(CPU85018). Da mesma forma, um espécime coletado no município Arês/RN

morfologicamente identificado como C. parallelus apresentou completa similaridade

genética com a espécie C. undecimalis (KC146856, CUU85012, AF247436).

Page 36: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

34

Figura 4. Exemplares das espécies Centropomus undecimalis (acima) e C. mexicanus

(abaixo), identificados por perfis genéticos do DNAmt 16S em diferentes pontos do

litoral do Rio Grande do Norte. Barra: 5 cm.

Page 37: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

35

Figura 5. Árvore gerada pelo método de Neighbor-Joining baseada em sequências parciais do gene mitocondrial 16S de indivíduos de Centropomus. Em destaque o agrupamento contendo exemplares de C. undecimalis (destaque em laranja) das três localidades amostradas. Clado composto por espécimes com identidade com a espécie C. mexicanus (caixa em azul). Valores de bootstrap (10.000 replicações) são mostrados nos ramos. Em parênteses estão os números de acesso no GenBank de sequências para diferentes espécies de Centropomus.

Page 38: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

36

Tabela 1. Dados merísticos dos espécimes de Centropomus coletados em diferentes pontos do litoral do Rio Grande do Norte e identificação taxonômica a partir de dados morfométricos.

Raios moles nadadeira anal Escamas da linha lateral Raios moles nadadeira dorsal

Espécies/ Espécimes

CUN CP CPA CM CUN CP CPA CM CUN CP CPA CM

5-7 7-8 5-7 5-7 67-78 61-72 79-82 68-79 8 10 9-11 9

C2 Jiqui 7 7 7 7 77 - - 77 - 10 10 -

C3 Jiqui 7 7 7 7 - - 79 79 - 10 10 -

C5 Arês 7 7 7 7 74 - - 74 - 10 10 -

C6 Arês 7 7 7 7 70 70 - 70 - - 11 -

C7 Arês 7 7 7 7 73 - - 73 - 10 10 -

C8 Arês 7 7 7 7 70 70 - 70 - 10 10 -

C9 Ext 7 7 7 7 70 70 - 70 - 10 10 -

C10 Ext 7 7 7 7 73 - - 73 - - 11 -

C11 Ext 7 7 7 7 72 72 - 72 - 10 10 -

Raios moles nadadeira peitoral Rastros branquiais Identificação Taxonômica

Espécies/ Espécimes

CUN CP CPA CM CUN CP CPA CM

14-17 13-15 14-17 14-17 08-10 14-17 08-10 14-17

C2 Jiqui 15 15 15 15 - 14 - 14 C. pectinatus

C3 Jiqui 15 15 15 15 - 14 - 14 C. pectinatus

C5 Arês 15 15 15 15 12 12 12 12 C. parallelus

C6 Arês - 13 - - 13 13 13 13 C. pectinatus

C7 Arês 14 14 14 14 12 12 12 12 C. pectinatus

C8 Arês 14 14 14 14 12 12 12 12 C. pectinatus

C9 Ext 15 15 15 15 11 - - - C. pectinatus

C10 Ext 15 15 15 15 12 12 12 12 C. pectinatus

C11 Ext 15 15 15 15 12 12 12 12 C. pectinatus

CUN – C. undecimalis; CP – C. pectinatus; CPA – C. parallelus; e CM – C. mexicanus; Jiqui – Lagoa do Jiqui; Arês – estuário do Rio

Jacu; Ext – Extremoz, estuário do Rio Ceará-Mirim.

Page 39: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

37

Tabela 2. Estimativa da divergência genética entre sequências do gene mitocondrial 16S (584 pares de bases) de Centropomus. Acima diagonal: Desvio padrão. Abaixo diagonal: divergência genética entre as sequências. As análises foram conduzidas utilizando distância p e os gaps considerados como deleção par-a-par. Em parênteses encontram-se os números de acesso do GenBank. CUN – C. undecimalis; CP – C. pectinatus; CPA – C. parallelus; e CM – C. mexicanus; Jiqui – Lagoa do Jiqui; Arês – estuário do Rio Jacu; Extremoz – Estuário do Rio Ceará-Mirim.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

1. CM(CMU85017) 0,000 0,000 0,000 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,005

2. C2 Jiqui 0,000 0,000 0,000 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,005

3. C3 Jiqui 0,000 0,000 0,000 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,005

4. C4 Jiqui 0,000 0,000 0,000 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,005

5. C6 Arês 0,089 0,088 0,088 0,088 0,002 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,003 0,004 0,012

6. C7 Arês 0,090 0,090 0,090 0,090 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002 0,004 0,004 0,012

7. C8 Arês 0,089 0,088 0,088 0,088 0,000 0,002 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,003 0,004 0,012

8. C9 Extremoz 0,089 0,088 0,088 0,088 0,000 0,002 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,003 0,004 0,012

9. C10 Extremoz 0,089 0,088 0,088 0,088 0,000 0,002 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,003 0,004 0,012

10. C11 Extremoz 0,089 0,088 0,088 0,088 0,000 0,002 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,003 0,004 0,012

11. C5 Arês 0,089 0,088 0,088 0,088 0,000 0,002 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,003 0,004 0,012

12. C1 Jiqui 0,089 0,088 0,088 0,088 0,000 0,002 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,003 0,004 0,012

13. CUN (AF247436) 0,097 0,097 0,097 0,097 0,005 0,007 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,003 0,013

14. CUN (CUU85012) 0,097 0,099 0,099 0,099 0,010 0,012 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,005 0,012

15. CPA(CPU85016) 0,012 0,012 0,012 0,012 0,091 0,092 0,091 0,091 0,091 0,091 0,091 0,091 0,099 0,099

16. CP (CPU85018) 0,082 0,082 0,082 0,082 0,114 0,114 0,114 0,114 0,114 0,114 0,114 0,114 0,123 0,123 0,083

Page 40: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

38

Quadro 1. Identificação taxonômica comparativa dos espécimes de Centropomus, através de dados morfológicos e moleculares (sequências DNAmt 16S).

Espécimes Padrões morfológicos DNAmt 16S

C1 Jiqui C. undecimalis = C. undecimalis

C2 Jiqui C. pectinatus ≠ C. mexicanus

C3 Jiqui C. pectinatus ≠ C. mexicanus

C4 Jiqui C. pectinatus ≠ C. mexicanus

C5 Arês C. parallelus ≠ C. undecimalis

C6 Arês C. pectinatus ≠ C. undecimalis

C7 Arês C. pectinatus ≠ C. undecimalis

C8 Arês C. pectinatus ≠ C. undecimalis

C9 Ext C. pectinatus ≠ C. undecimalis

C10 Ext C. pectinatus ≠ C. undecimalis

C11 Ext C. pectinatus ≠ C. undecimalis

Discussão

Diante das incongruências entre a identificação taxonômica por caracteres

morfológicos e o sequenciamento dos espécimes, nota-se alguma fragilidade da chave de

identificação disponível para o gênero, baseada em caracteres merísticos pouco

categóricos. Vários caracteres merísticos se mostram sobrepostos para as espécies de

Centropomus, como o número de escamas da linha lateral (e.g. C. undecimalis - 67 a 72

escamas; C. mexicanus - 68 a 78) (Tabela 1). Tal condição torna crítica a identificação

realizada somente por esse método. Diante disto fica evidente a necessidade de outras

abordagens para estimativas de diversidade de espécies no gênero.

A dificuldade de identificação pode ser percebida em levantamentos prévios na

lagoa do Jiqui, onde havia sido identificada a presença exclusiva da espécie C. parallelus

(MORAIS, 2012), amostras que possivelmente diante dos dados aqui levantados,

poderiam incluir exemplares de C. mexicanus e C. undecimalis. De fato, diversos trabalhos

apresentam o C. parallelus com uma distribuição ampla e abundante, principalmente no

sul e sudeste do Brasil, onde tem sido sugerida sua ocorrência exclusiva, juntamente com

C. undecimalis (FIGUEIREDO & MENEZES, 1980; CERQUEIRA, 2002; MORO, 2008).

Page 41: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

39

Diferenças locais no registro de ocorrência das espécies de Centropomus podem

indicar distribuições disjuntas ou baixa frequência de ocorrência, dificultando sua

identificação.

As correntes de dispersão costeiras e poucas barreiras ambientais favorecem o

fluxo gênico dessas espécies no Brasil, já que suas larvas e ovos são encontradas em

ambientes próximos a costa (PETERS et al., 1998).

Análises comparativas das populações de C. undecimalis do Caribe e EUA não

apresentaram diferenças genéticas significativas em relação aos indivíduos do Atlântico

Sul, entretanto espécimes restritos ao litoral no Estado do Amapá, próximo ao rio

Amazonas se mostraram geneticamente distintos, indicando uma possível nova espécie

(OLIVEIRA et al., 2014).

A ocorrência de C. mexicanus e aparentemente ausência de C. parallelus no litoral

do Rio Grande do Norte poderia estar relacionada a adaptação da espécie ao clima. Tem

sido sugerido que C. parallelus seria bem adaptada às temperaturas do sul/sudeste do

Brasil (FERRAZ, et al., 2010; COSTA-FILHO et al., 2013). Contudo alguns levantamentos

têm apontado a ocorrência de C. mexicanus no litoral sul brasileiro (SOUSA, 2013), o que

contradiz um diferencial de adaptabilidade a uma destas regiões. Como revelado pela

dificuldade de identificação de espécies de Centropomus ao longo do litoral do Rio

Grande do Norte é provável que o mesmo ocorra em outras áreas do litoral do Brasil,

comprometendo as informações disponíveis sobre o real status de diversidade deste

gênero.

A separação de unidade taxonômica por sequenciamento de DNA se mostrou

resolutiva para as espécies analisadas. A partir dos estudos ora conduzidos, emerge a

necessidade de adequação da chave de identificação para as espécies do gênero

Centropomus. A junção de abordagens morfológicas, genéticas e citogenéticas poderão

trazer subsídios adicionais na identificação das espécies de robalo existentes no litoral

brasileiro contribuindo para seu manejo e conservação.

Page 42: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

40

Agradecimentos

Agradecimentos ao CNPq pelo suporte financeiro e ao Programa de Pós-

Graduação em Sistemática e Evolução pelas condições oferecidas a realização do

trabalho.

Referências

ANDREATA, J. V. et al. Composição da assembleia de peixes da Baia da Ribeira, Angra dos

Reis, Rio de Janeiro, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. São Paulo, v. 19, n. 4, p. 1139-

1146, 2002.

ANDREATA, J. V. Ictiofauna da Lagoa Rodrigo de Freitas, Estado do Rio de Janeiro:

Composição e aspectos ecológicos. Oecologia Australis, Rio de Janeiro, v. 16, n.3, p. 467-

500, 2012.

BECKER, F. G., RAMOS, R. A., MOURA, M. A. (Org.) Biodiversidade: Regiões da Lagoa do

Casamento e dos Butiazais de Tapes, Planície Costeira do Rio Grande do Sul. Brasília:

Ministério do Meio Ambiente, 2007, 385 p.

BENINCA, J. Variação espaço-temporal da ictiofauna da Laguna Acaraí e seus afluentes

no parque estadual Acaraí, São Francisco do Sul, SC, Brasil, 2011, 66 p., Dissertação,

(Mestrado em Zoologia) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Biológicas.

Programa de Pós-Graduação em Zoologia, 2011.

BERNARDI, G., et al. Molecular systematics, zoogeography, and evolutionary ecology of

the Atlantic parrotfish genus Sparisoma. Molecular Phylogenetics and Evolution, San

Diego, v. 15, n.2, p. 292-300, 2000.

CERQUEIRA, V. R. Cultivo de Robalo: aspectos de reprodução, larvicultura e engorda.

Florianópolis: UFSC/LAPMAR, 2002.

Page 43: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

41

CERQUEIRA, V. R. Cultivo de robalo-peva, Centropomus parallelus. In: Baldisserotto, B.;

Gomes, L. C. Espécies nativas para piscicultura no Brasil. Santa Maria: Ed. da UFSM,

2005, p. 403 - 431.

CERQUEIRA, V. R., TSUZUKI, M. Y. A review of spawning induction, larviculture, and

juvenile rearing of the fat snook, Centropomus parallelus. Fish Physiology and

Biochemistry, Amsterdam, v. 35, p. 1728, 2009.

CHÁVEZ, H. Estudio de una nueva especie de robalo del Golfo de Mexico y redescription

de Centropomus undecimalis (Bloch) (Pisces, Centropomidae). Ciencia, México, v. 22, n.5,

p. 141-161, 1961.

COSTA-FILHO, J., et al. A review of major aspects of snook breeding. Revista de Ciências

Agroveterinárias, Lajes, v. 12, n.3, p. 317-325, 2013.

EDGAR, R. C. MUSCLE: multiple sequence alignment with high accuracy and high

throughput. Nucleic Acids Research, England, v. 32, n. 5, p. 1792-1997, 2004.

FARIAS, I. P., MEYER, A., ORTI, G. Total evidence: molecules, morphology and the

phylogenetics of cichlids fishes. Journal of Experimental Zoology, United States, v. 19;32,

n. 5, p. 1792-1797, 2000.

FERRAZ, E. M., CERQUEIRA, V. R. Influência da temperatura na maturação gonadal de

machos do robalo flecha, Centropomus undecimalis. Boletim do Instituto de Pesca, São

Paulo, v. 36, n. 2, p. 73-83, 2010.

FIGUEIREDO, J. L., MENEZES, N. A. Manual de peixes marinhos do Sudeste do Brasil: III,

Teleostei (2). São Paulo: Universidade de São Paulo, Museu de Zoologia, 1980, 90 p.

GARCIA JR., J. Inventário das espécies de peixes da costa do Estado do Rio Grande do

Norte e aspectos zoogeográficos da ictiofauna recifal do Oceano Atlântico, 2006, 125 p.,

Dissertação de Mestrado (Mestrado em Bioecologia Aquática) Universidade Federal do

Page 44: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

42

Rio Grande do Norte, Departamento de Oceanografia e Limnologia, Programa de Pós-

Graduação em Bioecologia Aquática, 2006.

GILMORE, R. G., DONOCHE, J., COOKIE, D. W. Observations on the distribuition and

biology of east–central Florida populations of the common snook, Centropomus

undecimalis (Bloch). Florida Scientist, Orlando, v. 46, n. 3/4, p. 313-336, 1983.

GREENWOOD, P. H. A review of the family Centropomidae (Pisces, Perciformes). Bulletin

of the British Museum, London, v. 29 p. 81, 1976.

GRIER, H. J., TAYLOR, R. I. Testicular maturation and regression in the common snook.

Journal of Fish Biology, United Kingdom, v. 53, p. 521-542, 2001.

HALL, T. A., BioEdit: a user-friendly biological sequence alignment editor and analysis

program for Windows 95/98/NT. Nucleic Acids Research, Symposium Series, England, v.

41, p. 95-98, 1999.

HALUCH, C. F., Abilhoa, V., Pina, J. V. Peixes marinhos do estado do Paraná depositados

no Museu de História Natural Capão da Imbuia (MHNCI), Curitiba, Paraná, Brasil. Revista

Estudos de Biologia, Curitiba, v. 26, n.56, p. 27-35, 2004.

HOSTIM-SILVA, M., et al. Ictiofauna do Rio Itajaí Açu, Santa Catarina. Notas Técnicas,

Facimar, v. 6, p. 127-135, 2002.

LI, C., et al. Monophyly and interrelationships of Snook and Barramundi (Centropomidae

sensu Greenwood) and five new markers for fish phylogenetics. Molecular Phylogenetics

and Evolution, San Diego, v. 60, n.3, p. 463-71, 2011.

LIRA, A. K. F., TEIXEIRA, S. F. Ictiofauna da praia de Jaguaribe, Itamaracá, Pernambuco.

Iheringia, Série Zoologia, Porto Alegre, v. 98, n.4, p. 475-780, 2008.

Page 45: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

43

MCMICHAEL, R. H. Jr., PETERS, K. M., PARSONS, G. R. Early life history of the snook,

Centropomus undecimalis, in Tampa Bay, Florida. Northeast Gulf Science, Alabama, v. 10,

n.2, p. 113-125, 1989.

MENDONÇA, M. C. F. B. Autoecologia de camorim, Centropomus undecimalis (Bloch,

1792), (Perciformes, Centropomidae) em ambiente hipersalino em Galinhos, RN, Brasil.

São Carlos: UFSCar, 2004, 145 p., Tese de Doutorado (Doutorado em Ecologia e Recursos

Naturais), Universidade Federal de São Carlos, Programa de Pós-Graduação em Ecologia e

Recursos Naturais, 2004.

MENEZES, A. A. S., et al. Aspectos socioeconômicos relacionados à pesca amadora de

robalo (Centropomus undecimalis e C. parallelus) na Baía da Babitonga, Santa Catarina,

Brasil. Revista CEPSUL - Biodiversidade e Conservação Marinha, Itajaí, v. 3, n. 1, p. 22-44,

2012.

MORAIS, A. L. S., et al. Composição ictiofaunística da Lagoa do Jiqui, Rio Grande do Norte,

Brasil. Biota Amazônia, Macapá, v. 2, n. 1, p. 51-58, 2012.

MORO, P. S. Prospecção através da pesca esportiva do estoque de robalo-peva

(Centropomus parallelus) no litoral do Paraná, 2008, 151 p., Dissertação de Mestrado

(Mestrado em Engenharia de Pesca), Universidade Federal do Ceará, Departamento de

Engenharia de pesca, Pós-Graduação em Engenharia de Pesca, 2008.

NASCIMENTO, W., et al. Biologia Populacional do Robalo, Centropomus undecimalis

(Osteichthyes: Centropomidae) do estuário do rio Potengi, Natal, Rio Grande do Norte,

Brasil. Carpe Diem, Natal, v. 8, n. 8, 2010.

OLIVEIRA, J. N., et al. Molecular Data Indicate the Presence of a Novel Species of

Centropomus (Centropomidae – Perciformes) in the Western Atlantic. Molecular

Phylogenetics and Evolution, San Diego, v. 77, p. 275-280, 2014.

ORRELL, T. M. In: Carpenter, K. E. ed. The living marine resources of the Western Central

Atlantic. FAO Species Identification Guide for Fishery Purposes and American Society of

Ichthyologists and Herpetologists, Special Publication, Virginia, v. 5, n.2, 2002.

Page 46: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

44

PALUMBI, S. R., et al. The simple fool's guide to PCR. Honolulu: Department of Zoology

Special Publication. University of Hawaii, 1991, 45 p.

PETERS, K. M., MATHESON, R. E., TAYLOR, R. C. Early life history of the snook,

Centropomus undecimalis, in Tampa Bay, Florida North. Bulletin of Marine Science,

Miami, v. 62, p. 509-529, 1998.

RIVAS, L. R. Systematic review of the perciform fishes of the genus Centropomus. Copeia,

Washington, v. 3, p. 579-611, 1986.

RODRIGUES, P. P. Aspectos reprodutivos do robalo peba, Centropomus parallelus, na foz

do rio Doce, Linhares/ES, 2005, 51 p., Monografia de Bacharelado (Bacharel em

Oceanografia), Universidade Federal do Espírito Santo, Graduação em Oceanorafia, 2005.

RITCHIE, A. P., LAVOUÉ, S., LECOINTRE, G. Molecular phylogenetics and the evolution of

Antarctic notothenoid fishes. Comparative Biochemistry and Physiology. v. 118A, n.4, p.

1009-1025, 1997.

SAMBROOK, J., FRITSCH E. F., MANIATIS T. Molecular cloning: a laboratory manual. New

York: Could Spring Harbor Laboratory Press, 1989, v. 2, p. 1626.

SANTOS, S., SCHNEIDER, H., SAMPAIO, I. Genetic differentiation of Macrodon ancylodon

(Sciaenidae, Perciformes) populations in Atlantic coastal waters of South America as

revealed by mtDNA analysis. Genetic and Molecular Biology, Brazil, v. 26, n. 2, p. 151-

161, 2003.

SOARES, E. C., et al. Ictiofauna e pesca no entorno de Penedo, Alagoas. Biotemas,

Florianópolis, v. 24, n.1, p. 61-67, 2011.

SOUSA, F. A. S. Ocorrência do gênero Centropomus (Perciformes, Centropomidae) no

litoral do rio Tramandaí e lagoas costeiras do litoral norte do Rio Grande do Sul, Brasil.

Page 47: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

45

2013, 42 p., Monografia de Bacharelado (Bacharelado em Ciências Biológicas),

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Graduação em Ciências Biológicas, 2013

TAMURA, K., et al. MEGA6: Molecular Evolutionary Genetics Analysis Version 6.0.

Molecular Biology and Evolution, England, v. 30, n. 12, p. 2725-2729, 2013.

TAYLOR, R. G., et al. Age, growth, maturation and protandric sex reversal in common

snook, Centropomus undecimalis, from the east and west coasts of South Florida. Fishery

Bulletin, Washington, v. 98, 2000.

TEIXEIRA, T. P., et al. Diversidade das assembléias de peixes nas quatro unidades

geográficas do rio Paraíba do Sul. Iheringia, Série Zoologia, Porto Alegre, v. 95, n. 4, p.

347-357, 2005.

TONINI, W. C. T., et al. Dieta de juvenis robalo Centropomus parallelus POEY, 1980 no sul

da Bahia, Brasil. Boletim do Instituto de Pesca, São Paulo, v. 33, n. 1, p. 85-91, 2007.

TRINGALI, M. D., et al. Molecular phylogenetics and ecological diversification of the

transisthmian fish genus Centropomus (Perciformes: Centropomidae). Molecular

Phylogenetics and Evolution, San Diego, v. 13, p. 193-207, 1999.

VOLKER, C. M., ANDREATA, J. V. Levantamento taxonômico preliminar da ictiofauna da

Laguna da Tijuca, Rio de Janeiro. Revista Nordestina de Biologia, Paraíba, v. 5, n. 2, p.

197-257, 1982.

XIMENES-CARVALHO, M. O. Idade e Crescimento do Robalo-flexa, Centropomus

undecimalis (Bloch, 1972) e Robalo-peva, Centropomus parallelus (Poey, 1860)

(Osteichthyes: Centropomidae), no Sudeste do Brasil, 2006, 90 p., Dissertação (Mestrado

em Ciências Tropicais Marinhas) Universidade Federal do Ceará, Instituto de Ciências do

Mar, Pós-Graduação em Ciências Marinhas Tropicais, 2006.

Page 48: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

46

6. CAPÍTULO 2

Padrões citogenéticos e marcadores citotaxonômicos em duas

espécies de Centropomus da costa nordeste do Brasil

Resumo

Centropomus apresenta seis espécies no Atlântico, cujas características morfológicas

crípticas algumas vezes dificultam a identificação taxonômica. Análises citogenéticas

podem se mostrar eficientes na diferenciação de espécies, embora os dados

cromossômicos das espécies de Centropomus no Atântico Ocidental sejam escassos. No

presente trabalho são apresentadas análises citogenéticas nas espécies C. undecimalis e

C. mexicanus, por meio de técnicas de coloração convencional, bandamento C, Ag-RONs,

coloração com fluorocromos AT- e GC-específicos, bandas de replicação pela

incorporação do análogo de base 5’BrdU (5-bromo-2’-deoxiuridina) e mapeamento

cromossômico in situ de sequências (TTAGGG)n e dos genes RNAr 18S e 5S. Ambas as

espécies exibiram 2n=48 cromossomos acrocêntricos (NF=48). Em ambas espécies os

sítios ribossomais simples (Ag+/18S/MM+), localizados no segundo par cromossômico.

Contudo, em C. undecimalis estes sítios estão localizados em posição terminal no braço

longo, enquanto que em C. mexicanus apresentam um posicionamento pericentromérico.

Os sítios DNAr 5S se aparentam em posição terminal no par 11. Padrões de bandas de

replicação inicial permitiram estabelecer homeologias entre alguns cromossomos das

espécies. O posicionamento dos sítios ribossomais nestas espécies sugere a ocorrência de

uma inversão paracêntrica envolvendo estas regiões. Como em alguns grupos de

Perciformes, as espécies exibem diversas características cromossômicas conservadas.

Contudo, diferem por alterações microestruturais que puderam ser discerníveis pelo

posicionamento diferencial dos sítios ribossomais, que adquirem um caráter

citotaxonômico efetivo na sua identificação. Análises em outras espécies permitirão uma

melhor compreensão do grau de diversificação cariotípica presente nesta família.

Palavras-chave: Citogenética de peixes. Bandamentos cromossômicos. Camurim.

Hibridação in situ.

Page 49: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

47

INTRODUÇÃO

A família Centropomidae é dispersa em ambientes de água doce, estuarinos e

marinhos, habitando águas tropicais e subtropicais do Pacífico Oriental e do Atlântico

Ocidental (RIVAS, 1986). Representa um importante recurso na pesca artesanal e

esportiva (ORREL, 2002; XIMENES-CARVALHO, 2006; LI ET AL., 2011) e inúmeras iniciativas

para o cultivo de suas espécies vem se desenvolvendo, apesar de suas limitações diante

do conhecimento sobre fisiologia e biologia reprodutiva de suas espécies (COSTA-FILHO et

al., 2013).

Popularmente conhecidos como robalos ou camurins, são predadores de topo de

cadeia (TAYLOR et al., 2000) alimentando-se principalmente de peixes e crustáceos

(MCMICHAEL et al., 1989). São hermafroditas protândricos (TAYLOR et al., 2000) e sua

desova ocorre em ambiente de alta salinidade, tendo as águas estuarinas seus criadouros

naturais (XIMENES-CARVALHO, 2006).

Apesar da dificuldade na identificação morfológica, os relacionamentos

filogenéticos através de dados moleculares (TRINGALI et al., 1999) são concordantes com

aqueles baseados em dados morfológicos, com algumas exceções (GREENWOOD, 1976).

No litoral do Brasil foram identificadas cinco espécies de Centropomus (GARCIA,

2006), além de uma possível nova espécie presente na região do Oiapoque, extremo

norte do Brasil (OLIVEIRA et al., 2014). Destas espécies, C. undecimalis e C. mexicanus

apresentam ampla distribuição geográfica se estendendo da costa da Flórida, nos Estados

Unidos, passando pelo golfo do México e alcançando quase toda a costa brasileira, com

alguns pontos com ausência de sobreposição (Figura2) (RIVAS, 1986; ORREL, 2002).

Análises citogenéticas tem contribuído para identificar características exclusivas

das espécies, de suas populações e aspectos de sua evolução. Para as espécies da família

Centropomidae os dados existentes são pouco resolutivos e restritos a espécie C.

undecimalis do litoral do México (ARIAS-RODRIGUES et al., 2011). Diante da importância

ecológica e econômica de suas espécies, no presente trabalho foram realizadas análises

citogenéticas a partir de coloração convencional, Ag-RONs, coloração com fluorocromos

AT- e GC-específicos, bandas de replicação pela incorporação do análogo de base 5’BrdU

(5-bromo-2’-deoxiuridina) e mapeamento cromossômico in situ de sequências (TTAGGG)n

Page 50: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

48

e dos genes RNAr 18S e 5S, em C. undecimalis e C. mexicanus, espécies com ocorrência

simpátrica no litoral Rio Grande do Norte.

MATERIAL E MÉTODOS

As espécies C. undecimalis e C. mexicanus foram coletadas na Lagoa do Jiqui,

pertencente à bacia hidrográfica do Rio Pitimbu, no município de Parnamirim/RN

(5°55'07,5"S 35°11'17,1"O), em viveiros de uma fazenda de camarão no município de

Arês/RN, na bacia hidrográfica do Rio Jacu (6°12'00,0"S 35°09'14,4"O) e no rio Ceará-

Mirim no município de Extremoz, nas instalações do Centro de Tecnologia em Aquicultura

(CTA-UFRN) (5°41'05,9"S 35°14'26,5"O).

Os espécimes foram submetidos à estimulação mitótica por meio de inoculação

intramuscular in vivo de complexos de antígenos por 24 horas (MOLINA, 2001; MOLINA et

al., 2010). Preparações cromossômicas foram obtidas a partir de fragmentos do rim

anterior, de acordo com a metodologia de obtenção de cromossomos mitóticos in vitro

preconizada por Gold et al. (1990).

Regiões Organizadoras de nucléolos (RONs) foram identificadas utilizando-se

impregnação por nitrato de prata (Ag-RONs) (HOWELL & BLACK, 1980) e as regiões

heterocromáticas pelo bandamento C (SUMMER, 1972). As regiões do DNA ricas em

bases G-C e A-T foram identificadas pela coloração sequencial com os fluorocromos

Mitramicina (MM) e DAPI (4',6-diamidino-2-fenilindol) (SCHWEIZER, 1980). Padrões de

bandas de replicação foram obtidos a partir da incorporação do análogo de base 5’BrdU

(5-bromo-2’-deoxiuridina) a partir de metodologia desenvolvida por Giles et al. (1988).

Cromossomos mitóticos foram submetidos ao FISH (Fluorescence in situ

hybridization) (PINKEL et al., 1986) usando produtos de PCR dos genes RNAr 5S e 18S

amplificados com os primers A 5’-TAC GCC CGA TCT CGT CCG ATC-3’ e B 5’-CAG GCT GGT

ATG GCC GTA AGC-3’ (PENDÁS et al., 1994), NS1 5’-GTA GTC ATA TGC TTG TCT C-3’ e NS8

5’-TCC GCA GGT TCA CCT ACG GA-3’ (WHITE et al., 1990), respectivamente. O DNAr 18S

foi marcado com DIG-11-dUTP, e sonda DNAr 5S foi marcada com biotina-14-dATP, ambas

por nick-translation (Roche, Mannheim, Alemanha) para análises double-FISH. Sequências

(TTAGGG)n foram mapeadas por FISH usando Telomere PNA FISH Kit/FITC, de acordo com

as instruções do fabricante (DakoCitomation).

Page 51: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

49

Foram analisadas cerca de 30 metáfases por espécime. As metáfases mitóticas

foram fotografadas com fotomicroscópio de epifluorescência Olympus BX51 (Olympus,

Tóquio, Japão), através de um sistema de captura de imagem digital Olympus DP73, com

o uso do software CellSens© (Olympus Optical Co. Ltd.).

RESULTADOS

As espécies C. undecimalis e C. mexicanus apresentam um cariótipo com 2n=48

cromossomos, formado exclusivamente por cromossomos acrocêntricos (NF=48) (Figura

6a, b).

Nos cariótipos de C. undecimalis e C. mexicanus os sítios Ag-RONs (MM+/DAPI-),

são coincidentes com constrições secundárias, localizadas em posições diferentes do par

2 (Figura 6a, destaque). Assim, enquanto em C. undecimalis os sítios ribossomais ocupam

a posição terminal do braço longo do segundo par cromossômico, em C. mexicanus estas

regiões ocorrem no mesmo par, porém em posição pericentromérica. Nestas espécies as

regiões heterocromáticas estão distribuídas em posição centromérica dos cromossomos,

bem como nos sítios ribossomais em C. undecimalis e C. mexicanus (Figura 6c).

FISH com sondas DNAr 18S, em C. undecimalis e em C. mexicanus, mostraram

sítios exclusivamente localizados na constrição do par 2. Os sítios DNAr 5S estão

localizados em possíveis pares homeólogos dos pares 11 em posição terminal (Figura 6).

Bandas de replicação inicial permitiram um pareamento mais acurado dos

homólogos sugerindo adicionalmente a ocorrência de padrões homeólogos

interespecíficos. Um padrão de replicação tardia foi observado nas porções

heterocromáticas GC-ricas dos sítios DNAr 18S, diferentemente dos sítios DNAr 5S de

ambas as espécies, que exibiram um padrão de replicação inicial, juntamente com regiões

pericentroméricas de alguns cromossomos (Figura 6e, f). O mapeamento de sequências

teloméricas demonstrou sítios exclusivamente posicionados terminalmente nos

cromossomos de ambas as espécies (Figura 7).

Page 52: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

50

Figura 6. Cariótipos de Centropomus undecimalis (a, c, e, g), C. mexicanus (b, d, f, h), com coloração convencional (a, b) e bandamento C (c, d). Padrões de bandas de replicação inicial (e, f). Os quadros destacam a correspondência nos pares organizadores de nucléolos dos sítios Ag-RONs e regiões MM+/DAPI-. Barra = 5µm. Sítios de DNAr 18S (vermelho) e 5S (verde) identificados por dual-color FISH (g, h).

Page 53: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

51

Figura 7. Mapeamento de sequências (TTAGGG)n em metáfases de Centropomus

undecimalis (CUN) (a) e C. mexicanus (CM)(b). Em (c), idiograma do evento de inversão

paracêntrica na divergência evolutiva no par organizador nucleolar das duas espécies.

DISCUSSÃO

Como inúmeras famílias de Perciformes marinhos que apresentam um elevado

grau de conservadorismo cromossômico (MOLINA, 2007; MOTTA-NETO et al., 2012), C.

undecimalis e C. mexicanus compartilham um cariótipo, composto por 2n=48

cromossomos acrocêntricos, com regiões heterocromáticas centroméricas reduzidas, e

sítios Ag-RONs únicos, considerados basais para a Ordem (GALETTI et al., 2000). Estas

características citogenéticas basais, sugerem preliminarmente que algum grau de

conservadorismo cariotípico possa ser extensivo a outros membros da família

Centropomidae.

Sequências repetitivas são importantes componentes genômicos na diferenciação

genética e no processo evolutivo (GREWAL & JIA, 2007; MOLINA, 2007). Assim, baixos

conteúdos heterocromáticos e a presença de sequências repetitivas homogêneas

poderiam constituir condições adversas a altos níveis de reorganização genômica

(MOTTA-NETO et al., 2012). Esse padrão quantitativo e composicional de DNA repetitivo

tem sido identificado em Haemulidae (MOTTA-NETO et al., 2011a, b, 2012), grupo com

cromossomos com baixíssima dinâmica evolutiva, em relação a outras famílias de

Perciformes (MOLINA et al., 2014).

Apesar das duas espécies de Centropomus apresentarem marcada similaridade

cariotípica, diferem por alterações microestruturais perceptíveis entre os pares

organizadores nucleolares. Em ambas as espécies os sítios ribossomais estão presentes

em posições distintas de um par grande, identificado como o par 2.

b a c

CUN CM

Page 54: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

52

Similaridades de tamanhos e a presença de sequências DNAr ortólogas apoiam

que os pares organizadores nucleolares sejam homeólogos. Nestes pares cromossômicos

os sítios Ag-RON+/DNAr 18S estão localizados em posição terminal no braço longo em C.

undecimalis e em posição pericentromérica, em C. mexicanus. Como frequentemente

observado em vários grupos de peixes (MOTTA-NETO et al., 2011a; CALADO et al., 2014),

o posicionamento dos sítios DNAr em C. undecimalis e C. mexicanus os tornam

marcadores citotaxonômicos efetivos para essas espécies.

A divergência interespecífica na posição dos sítios ribossomais é possivelmente

derivada de uma inversão paracêntrica. Esse tipo de inversão é de rara detecção em

peixes. Por não alterar a morfologia cromossômica necessita para sua identificação, da

casual inclusão de regiões marcadoras (e.g. sítios ribossomais, segmentos

heterocromáticos) nos segmentos envolvidos.

Em Oncorhynchus mykiss foi identificada a presença em alguns dos indivíduos

polimórficos quanto a uma inversão paracêntrica envolvendo os sítios ribossomais

(OLIVEIRA et al., 1996). A condição homozigota de pares cromossômicos com RONs

duplas estava associada a um efeito letal, não sendo encontrada na prole de

heterozigotos (FORESTI et al., 2004).

Diante da importância funcional desempenhada pelas regiões organizadoras de

nucléolos, a diferença de posicionamento destes sítios nos cromossomos das duas

espécies de Centropomus poderia constituir um possível impedimento reprodutivo entre

elas. De fato, híbridos artificiais entre C. undecimalis e C. parallelus, cujo último possui

cariótipo ainda desconhecido, e é filogeneticamente próxima a C. mexicanus (TRINGALLI

et al., 1999), resulta em uma baixa taxa de sobrevivência (FERRAZ et al., 2013).

Diferentes localizações das regiões organizadoras de nucléolos em C. undecimalis

e C. mexicanus são, portanto, indicativos de reorganização cariotípica (GALETTI et al.,

1991). O mapeamento físico das sequências de DNAr 18S e 5S demonstrou que essas

subunidades ocorrem em cromossomos independentes. Uma localização divergente

entre DNAr 18S e DNAr 5S parece ser a situação mais comum para peixes (MARTINS &

GALETTI, 2001). Tem sido sugerido que o posicionamento distinto das subunidades 45S e

5S seria funcionalmente benéfico (AMARASINGHE & CARLSON, 1998), por serem

transcritas por polimerases distintas. Adicionalmente, sítios DNAr 5S e DNAr 45S não

Page 55: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

53

sintênicos, evitariam translocações de sequências nas matrizes DNAr 5S - 45S (MARTINS &

GALETTI, 1999).

Em algumas famílias de peixes ósseos, a heterocromatina associada a

características evolutivas de alguns grupos pode constituir um importante marcador

citotaxonômico (GALETTI et al., 1991; 2000; MARTÍNEZ et al., 1996). Entre os Perciformes,

em geral as regiões heterocromáticas são reduzidas e presentes em regiões

centroméricas e terminais (MOLINA, 2007). Em alguns grupos de espécies tal condição

reduz o uso destas regiões de DNA repetitivo na identificação de eventos evolutivos no

cariótipo, como nas espécies de Centropomus.

Bandas de replicação por aplicação in vivo de 5-BrdU têm auxiliado em análises de

evolução de cariótipos em peixes, dos mecanismos de diversificação de cromossomos

(MAISTRO et al., 1999), da origem e composição de cromossomos sexuais (MOLINA &

GALETTI, 2007), bem como em comparações de espécies estritamente relacionadas

(HELLMER et al., 1991; MOTTA NETO et al., 2012).

Em cariótipos Perciformes-like, como exibido pelas duas espécies de Centropomus,

com poucos pares ou regiões cromossômicas espécie-específicas, o pareamento de

homólogos e detecção de homeologias interespecíficas podem ser otimizadas pelo uso de

bandas de replicação. Nos padrões de replicação produzidos pela incorporação do

análogo de base 5-BrdU, nos cromossomos de C. undecimalis e C. mexicanus, áreas

escuras correspondem a regiões de DNA com replicação inicial, enquanto áreas claras

indicam regiões com replicação tardia.

Padrões longitudinais de replicação foram encontrados em alguns dos

cromossomos das espécies analisadas. Regiões de replicação inicial foram observadas nas

regiões centroméricas da maioria dos pares cromossômicos, além de posições terminais

em alguns pares de cromossomos, incluindo os sítios DNAr 5S. Regiões de replicação

tardia foram particularmente evidentes nos sítios ribossomais e em regiões

pericentroméricas de alguns cromossomos. O conjunto de bandas longitudinais

produzido, permitiu identificar homeologias entre pares cromossômicos das duas

espécies.

No Atlântico, a barreira do rio Amazonas encontra-se inserida na distribuição das

espécies de Centropomus. Sua ação se iniciou há acerca de 11 m.a. (ROCHA, 2003),

influenciando a diversificação das faunas entre o Caribe e o Atlântico Sul, embora sua

Page 56: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

54

ação se mostre permeável a alguns grupos de peixes (FLOETER et al., 2008). Suas

interferências sobre as espécies de Centropomus poderia ser pouco efetiva diante da

característica diádroma das espécies. Embora os padrões macroestruturais dos

cromossomos de uma população de C. undecimalis da costa do México (ARIAS-

RODRIGUEZ et al., 2011) se mostrem similares a obtida para a espécie no litoral nordeste

brasileiro, análises citogenéticas mais aprofundadas serão necessárias para confirmar a

homogeneidade cariotípica entre essas regiões.

As alterações cariotípicas entre C. undecimalis e C. mexicanus se mostram

reduzidas frente a uma divergência estimada em 23 m.a entre estas espécies (OLIVEIRA et

al., 2014). Análises adicionais de mapeamento de sequências repetitivas, nestas e em

outras espécies, poderão estimar o grau de mudanças cromossômicas microestruturais

estabelecidas durante o processo evolutivo do gênero Centropomus.

AGRADECIMENTOS

Agradecimentos ao CNPq pelo suporte financeiro e ao Programa de Pós-

Graduação em Sistemática e Evolução pelas condições oferecidas a realização do

trabalho.

REFERÊNCIAS

AMARASINGHE, V., CARLSON, J. E. Physical mapping and characterization of 5S rRNA

genes in douglas-fir. American Genetics Association, v. 89, n.6, p. 495-500, 1998.

ARIAS-RODRIGUEZ, L., et al. Caracterización cariotípica em mitosis y meiosis del robalo

blanco Centropomus undecimalis (Pisces: Centropomidae). Revista de Biología Tropical

Costa Rica, v. 59, n. 2, 2011.

CALADO, L.L., et al. Evolutionary dynamics of rDNA genes on chromosomes of the

Eucinostomus fishes: cytotaxonomic and karyoevolutive implications. Genetics and

Molecular Research, Ribeirão Preto, v. 13, p. 9951-9959, 2014.

FLOETER, S. R., et al. Atlantic reef fish biogeography and evolution. Journal Biogeography,

v. 35, p. 22-47, 2008.

Page 57: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

55

FORESTI, F. P., et al. A lethal effect associated with polymorphism of the NOR-bearing

chromosomes in rainbow trout (Oncorhynchus mykiss). Genetics and Molecular Biology

Brazil, v. 27, n. 1, p. 51-54, 2004.

FERRAZ, E. M., et al. Híbridos recíprocos obtidos por cruzamentos entre os robalos

Centropomus parallelus e Centropomus undecimalis. Boletim do Instituto da Pesca, São

Paulo, v. 39, n. 1, p. 53 – 61, 2013.

GARCIA JR., J. Inventário das espécies de peixes da costa do Estado do Rio Grande do

Norte e aspectos zoogeográficos da ictiofauna recifal do Oceano Atlântico, 2006, 125 p.,

Dissertação de Mestrado (Mestrado em Bioecologia Aquática) Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, Departamento de Oceanografia e Limnologia, Programa de Pós-

Graduação em Bioecologia Aquática, 2006.

GALETTI JR., P. M., MESTRINER, C. A., FORESTI, F. Heterochromatin and karyotype

reorganization in fish of the family Anostomidae (Characiformes). Cytogenetics and Cell

Genetics, Basel, v. 56, p. 116-121, 1991.

GALETTI JR., P. M., AGUILAR, C. T., MOLINA, W. F. An overview on marine fish

cytogenetics. Hydrobiologia, Netherlands, v. 420, p. 55-62, 2000.

GILES, V., THODES, G., ALVAREZ. Early replication bands in two scorpion fishes. Scorpaena

porcus and S. notata (Ordem Scorpaeniforme). Cytogenetics and Cell Genetics, Basel, v.

47, p. 80-83, 1988.

GOLD, J. R., et al. Improved methods for working with fish chromosomes with a review of

metaphase chromosome banding. Journal of Fish Biology, United Kingdom, v. 37, p. 563-

575, 1990.

GREENWOOD, P. H. A review of the family Centropomidae (Pisces, Perciformes). Bulletin

of the British Museum, London, v. 29, p. 81, 1976.

Page 58: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

56

GREWAL, S. I. & JIA, S. Heterochromatin revisited. Nature Reviews Genetics, v. 8, p. 35-

46, 2007.

HELLMER, A., VOICULESCU, I., SCHEMPP, W. Replication banding studies in two cyprinid

fishes. Chromosoma, Berlim, v. 100, p. 524-553, 1991.

HOWELL, W. M., BLACK, D. A. Controlled Silver-staining of nucleolus organizer regions

with a protective colloidal developer a 1-step method. Experientia, v. 36, p. 1014-1015,

1980.

LI, C., et al. Monophyly and interrelationships of Snook and Barramundi (Centropomidae

sensu Greenwood) and five new markers for fish phylogenetics. Molecular Phylogenetics

and Evolution, San Diego, v. 60, n. 3, p. 463-71, 2011.

MAISTRO, E. L., FORESTI, F., OLIVEIRA, C. R- and G-band patterns in Astyanax scabripinnis

paranae (Pisces, Characiformes, Characidae). Genetic and Molecular Biology, Brazil, v. 22,

p. 201-204, 1999.

MARTINEZ, J. L., et al. Chromosomal localization of the major and 5S rRNA genes in the

European eel (Anguilla anguilla). Cytogenetics and Cell Genetics, Basel, v. 73, p. 149-152,

1996.

MARTINS, C., GALETTI JR., P. M. Chromosomal localization of 5S rRNA genes

in Leporinus fish (Anostomidae, Characiformes). Chromosome Research, Oxford, v. 7, p.

363-367, 1999.

MARTINS, C., GALETTI JR., P. M. Two 5S rDNA arrays in neotropical fish species: Is it a

general rule for fishes? Genetica, v. 111, p. 439-446, 2001.

MCMICHAEL, R. H. JR., PETERS, K. M., PARSONS, G. R. Early life history of the snook,

Centropomus undecimalis, in Tampa Bay, Florida. Northeast Gulf Science, Alabama, v. 10,

n. 2, p. 113-125, 1989.

Page 59: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

57

MOLINA, W.F. An alternative method for mitotic stimulation in fish cytogenetics.

Chromosome Science, Tokio, v. 5, p. 149-152, 2001.

MOLINA, W. F., GALETTI JR., P. M. Early replication banding in Leporinus species

(Osteichthyes, Characiformes) bearing differentiated sex chromosomes (ZW). Genetica, v.

130, p. 153-160, 2007.

MOLINA, W.F., et al. Performance of human immunostimulating agents in the

improvement of fish cytogenetic preparations. Genetic Molecular Research, Ribeirão

Preto, v. 9, n. 3, p. 1807-1814, 2010.

MOLINA, W.F.; et al. Preferential accumulation of sex and Bs chromosomes in biarmed

karyotypes by meiotic drive and rates of chromosomal changes in fishes. Marine

Genomics , v. 15, p. 29-34, 2014.

MORO, P. S. Prospecção através da pesca esportiva do estoque de robalo-peva

(Centropomus parallelus) no litoral do Paraná, 2008, 151 p., Dissertação de Mestrado

(Mestrado em Engenharia de Pesca), Universidade Federal do Ceará, Departamento de

Engenharia de pesca, Pós-Graduação em Engenharia de Pesca, 2008.

MOTTA-NETO, C. C., et al. Molecular cytogenetic analysis of Haemulidae fish

(Perciformes): Evidence of evolutionary conservation. Journal of Experimental Marine

Biology and Ecology, v. 407, p. 97-100, 2011a.

MOTTA-NETO, et al. Differentiated evolutionary pathways in Haemulidae (Perciformes):

karyotype stasis versus morpho-logical differentiation. Reviews in Fish Biology and

Fisheries, Netherlands, v. 22, p. 457-465, 2011b.

MOTTA-NETO, C. C., et al. Extensive chromosomal homologies and evidence of karyotypic

stasis in Atlantic grunts of the genus Haemulon (Perciformes). Journal of Experimental

Marine Biology and Ecology, v. 401, p. 75-79, 2012.

Page 60: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

58

OLIVEIRA, C., et al. Paracentric inversion involving a NOR-bearing chromosome of

rainbow trout (Oncorhynchus mykiss): electron microscopy studies of the synaptonemal

complex. Caryologia, Florença, v. 49, p. 335-342, 1996.

OLIVEIRA, J. N., et al. Molecular data indicate the presence of a novel species of

Centropomus (Centropomidae – Perciformes) in the Western Atlantic. Molecular

Phylogenetics and Evolution, San Diego, v. 77, p. 275-280, 2014.

ORRELL, T. M. In: Carpenter, K. E. ed. The living marine resources of the Western Central

Atlantic. FAO Species Identification Guide for Fishery Purposes and American Society of

Ichthyologists and Herpetologists, Special Publication, Virginia, v. 5, n. 2, 2002.

PENDÁS, A. M., et al. Chromosomal location and nucleotide sequence of two tandem

repeats of the Atlantic salmon 5S rDNA. Cytogenetics and Cell Genetics, Basel, v. 67, p.

31-36, 1994.

PINKEL, D., STRAUME, T., GRAY, J. W. Cytogenetic analysis using quantitative, high-

sensitivity, fluorescence hybridization. Proceedings of the National Academy Science,

USA, v. 83, p. 2934–2938, 1986.

RIVAS, L. R. Systematic review of the perciform fishes of the genus Centropomus. Copeia,

Washington, v. 3, p. 579-611, 1986.

ROCHA, L. A. Patterns of distribution and processes of speciation in Brazilian reef fishes.

Journal of Biogeography, Basel, v. 30, p. 1161-1171, 2003.

SCHWEIZER, D. Simultaneous fluorescent staining of R bands and specific

heterochromatic regions (DA-DAPI bands) in human chromosomes. Cytogenetics and Cell

Genetics, Basel, v. 27, n. 2-3, p. 190-193, 1980.

Page 61: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

59

SUMMER, A. T. A simple technique for demonstrating centromeric heterochromatin.

Experimental Cell Research, New York, v. 75, p. 304-306, 1972.

TAYLOR, R. G., et al. Age, growth, maturation and protandric sex reversal in common

snook, Centropomus undecimalis, from the east and west coasts of South Florida. Fishery

Bulletin, Washington, v. 98, 2000.

TRINGALI, M.D., et al. Molecular phylogenetics and ecological diversification of the

transisthmian fish genus Centropomus (Perciformes: Centropomidae). Molecular

Phylogenetics and Evolution, San Diego, v. 13, p. 193–207, 1999.

XIMENES-CARVALHO, M. O. Idade e Crescimento do Robalo-flexa, Centropomus

undecimalis (Bloch, 1972) e Robalo-peva, Centropomus parallelus (Poey, 1860)

(Osteichthyes: Centropomidae), no Sudeste do Brasil, 2006, 90 p., Dissertação (Mestrado

em Ciências Tropicais Marinhas) Universidade Federal do Ceará, Instituto de Ciências do

Mar, Pós-Graduação em Ciências Marinhas Tropicais, 2006.

WHITE, T. J., BRUNS, T., LEE, S., TAYLOR, J. Amplification and direct sequencing of fungal

ribosomal RNA genes for phylogenetics. PCR Protocols: A guide to Methods and

Applications (ed. M. A. Innis, D. H. Gelfand, J. J. Sninsky & T. J. White), pp. 315-322. 1990.

Referências Introdutórias

ALVES JR., T. T., CERQUEIRA, V. R., BROWN, J. A. Early weaning of fat snook (Centropomus

parallelus Poey, 1864) larvae. Aquaculture, v. 253, p. 334–342, 2006.

ANDREATA, J. V. Ictiofauna da Lagoa Rodrigo de Freitas, Estado do Rio De Janeiro:

Composição e aspectos ecológicos. Oecologia Australis, Rio de Janeiro, v. 16, n. 3, p. 467-

500, 2012.

ARAI, R. Fish karyotypes: A check list. Tokyo: Springer, 2011, 340 p.

Page 62: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

60

ARIAS-RODRIGUEZ, L., et al. Caracterización cariotípica em mitosis y meiosis del robalo

blanco Centropomus undecimalis (Pisces: Centropomidae). Revista de Biología Tropical

Costa Rica, v. 59, n. 2, 2011.

BARROSO, M. V., et al. Use of the copepod Acartia tonsaas thefirst live food for larvae of

the fat snook Centropomus parallelus. Aquaculture (Local ou SII), v. 388–391, p. 153–158,

2013.

BORGES, J. C. S., et al. Lipidic and proteic absorption in digestive tract of tropical fat snook

(Centropomus parallelus, POEY 1860). Journal of Experimental Marine Biology and

Ecology, v. 386, p. 39–44, 2010.

COSTA-FILHO, J., A review of major aspects of snook breeding. Revista de Ciências

Agroveterinárias, Lajes, v. 12, n. 3, p. 317-325, 2013.

CHÁVEZ, H. Estudio de una nueva especie de robalo del Golfo de Mexico y redescription

de Centropomus undecimalis (Bloch) (Pisces, Centropomidae). Ciencia, México, v. 22, n.5,

p. 141-161, 1961.

DARRIBA, D. G. L., et al. jModelTest 2: more models, new heuristics and parallel

computing. Nature Methods, New York, v. 9, p. 772, 2012.

FRASER, T. H. Comparative osteology of the Atlantic snooks (Pisces, Centropomus).

Copeia, v. 3, p. 433–460, 1968.

GALETTI JR., P. M., AGUILAR, C. T., MOLINA, W. F. An overview on marine fish

cytogenetics. Hydrobiologia, Netherlands, v. 420, p. 55-62, 2000.

GARCIA JR., J. Inventário das espécies de peixes da costa do Estado do Rio Grande do

Norte e aspectos zoogeográficos da ictiofauna recifal do Oceano Atlântico, 2006, 125 p.,

Dissertação de Mestrado (Mestrado em Bioecologia Aquática) Universidade Federal do

Page 63: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

61

Rio Grande do Norte, Departamento de Oceanografia e Limnologia, Programa de Pós-

Graduação em Bioecologia Aquática, 2006.

GILES, V., THODES, G., ALVAREZ, M. C. Early replication bands in two scorpion fishes.

Scorpaena porcus and S. notata (Ordem Scorpaeniforme). Cytogenetics and Cell Genetics,

Basel, v. 47, p. 80-83, 1988.

GOLD, J. R.; et al. Improved methods for working with fish chromosomes with a review of

metaphase chromosome banding. Journal of Fish Biology, United Kingdom, v.37, p. 563-

575, 1990.

GREENWOOD, P. H. A review of the family Centropomidae (Pisces, Perciformes). Bulletin

of the British Museum, London, v. 29, p. 81, 1976.

GRIER, H. J., TAYLOR, R. I. Testicular maturation and regression in the common snook.

Journal of Fish Biology, United Kingdom, v. 53, p. 521-542, 2001.

HALL, T. A., BioEdit: a user-friendly biological sequence alignment editor and analysis

program for Windows 95/98/NT. Nucleic Acids Research, Symposium Series, England, v.

41, p. 95-98, 1999.

HATANAKA, T., GALETTI JR., P. M. Mapping of the 18S and 5S ribosomal RNA genes in the

fish Prochilodus argenteus Agassiz, 1829 (Characiformes, Prochilodontidae). Genetica, v.

22, n. 3, p. 239-44, 2004.

HOWELL, W. M., BLACK, D. A. Controlled Silver-staining of nucleolus organizer regions

with a protective colloidal developer a 1-step method. Experientia, v. 36, p. 1014-1015,

1980.

KASAHARA, S. Introdução à pesquisa citogenética de vertebrados. São Paulo: Sociedade

Brasileira de Genética, 2009.

Page 64: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

62

LEVAN, A., et al. Nomenclature for centromeric position on chromosomes. Hereditas,

Landskrona, v. 52, p. 201-220, 1964.

LI, C., et al. Monophyly and interrelationships of Snook and Barramundi (Centropomidae

sensu Greenwood) and five new markers for fish phylogenetics. Molecular Phylogenetics

and Evolution, San Diego, v. 60, n. 3, p. 463-71, 2011.

MARTINS, C., GALETTI JR., P. M. Chromosomal localization of 5S rRNA genes

in Leporinus fish (Anostomidae, Characiformes). Chromosome Research, Oxford, v. 7, p.

363-367, 1999.

MCMICHAEL, R. H. JR., PETERS, K. M., PARSONS, G. R. Early life history of the snook,

Centropomus undecimalis, in Tampa Bay, Florida. Science, Washington, v. 10, n. 2, p. 113-

125, 1989.

MENDONÇA, M. C. F. B. Autoecologia de camorim, Centropomus undecimalis (Bloch,

1792), (Perciformes, Centropomidae) em ambiente hipersalino em Galinhos, RN, Brasil.

São Carlos: UFSCar, 2004, 145 p.,Tese de Doutorado (Doutorado em Ecologia e Recursos

Naturais), Universidade Federal de São Carlos, Programa de Pós-Graduação em Ecologia e

Recursos Naturais, 2004.

MENEZES, A. A. S., et al. Aspectos socioeconômicos relacionados à pesca amadora de

robalo (Centropomus undecimalis e C. parallelus) na Baía da Babitonga, Santa Catarina,

Brasil. Revista CEPSUL - Biodiversidade e Conservação Marinha, Itajaí, v. 3, n. 1, p. 22-44,

2012.

MOLINA, W. F. An alternative method for mitotic stimulation in fish cytogenetics.

Chromosome Science, Tokio, v. 5, p. 149-152, 2001.

Molina, W. F. Chromosomal changes and stasis in marine fish groups. In: Fish

cytogenetics (Pisano, E., Ozouf-Costaz, C., Foresti, F., Kapoor, B.G. eds.). Science

Publishers, Enfield, p. 69-110, 2007.

Page 65: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

63

MOLINA, W. F., et al. Performance of human immunostimulating agents in the

improvement of fish cytogenetic preparations. Genetic Molecular Research, Ribeirão

Preto, v. 9, n. 3, p. 1807-1814, 2010.

MORAIS, A. L. S., et al. Composição ictiofaunística da Lagoa do Jiqui, Rio Grande do Norte,

Brasil. Biota Amazônia, Macapá, v. 2, n. 1, p. 51-58, 2012.

MORO, P. S. Prospecção através da pesca esportiva do estoque de robalo-peva

(Centropomus parallelus) no litoral do Paraná, 2008, 151 p., Dissertação de Mestrado

(Mestrado em Engenharia de Pesca), Universidade Federal do Ceará, Departamento de

Engenharia de pesca, Pós-Graduação em Engenharia de Pesca, 2008.

MULLER, R. G. The 2000 stock assessment update of common snook, Centropomus

undecimalis (Bloch, 1792). Fish and Wildlife Conservation Commission. Florida Marine

Research Institute. St. Petersburg, Florida, 2000.

NASCIMENTO, W., et al. Biologia populacional do robalo, Centropomus undecimalis

(Osteichthyes: Centropomidae) do estuário do rio Potengi, Natal, Rio Grande do Norte,

Brasil. Carpe Diem, Natal, v. 8, n. 8, 2010.

NELSON, J. S. Fishes of the World. 4 ed. New York: John Wiley an Dons Inc., 2006.

OLIVEIRA, J. N., et al. Molecular data indicate the presence of a novel species of

Centropomus (Centropomidae – Perciformes) in the Western Atlantic. Molecular

Phylogenetics and Evolution, San Diego, v. 77, p. 275-280, 2014.

ORRELL, T. M. In: Carpenter, K. E. The living marine resources of the Western Central

Atlantic. FAO Species Identification Guide for Fishery Purposes and American Society of

Ichthyologists and Herpetologists, Special Publication, Virginia, v. 5, n. 2, 2002.

PALUMBI, S. R., et al. The simple fool's guide to PCR. Honolulu: Department of Zoology

Special Publication. University of Hawaii, 1991.

Page 66: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

64

PERERA-GARCÍA, M. A., et al. Reproductive biology of common snook Centropomus

undecimalis (Perciformes: Centropomidae) in two tropical habitats. Revista Biologia

Tropical, San Jose, v. 59, n. 2, p. 669-681, 2011.

PETERS, K. M., MATHESON, R. E., TAYLOR, R. C. Early life history of the snook,

Centropomus undecimalis, in Tampa Bay, Florida North. Bulletin of Marine Science,

Miami, v. 62, p. 509-529, 1998.

PINKEL, D., STRAUME, T., GRAY, J. W. Cytogenetic analysis using quantitative, high-

sensitivity, fluorescence hybridization. Proceedings of the National Academy Science,

USA, v. 83, p. 2934–2938, 1986.

PRODOCIMO, V., et al. Lack of genetic differentiation in the fat snook Centropomus

parallelus (Teleostei: Centropomidae) along the Brazilian coast. Journal of Fish Biology,

United Kingdom, v. 73, p. 2075-2082, 2008.

RIVAS, L. R. Systematic review of the perciform fishes of the genus Centropomus. Copeia,

Washington, v. 3, p. 579-611, 1986.

ROCHA, L. A. Patterns of distribution and processes of speciation in Brazilian reef fishes.

Journal of Biogeography, Basel, v. 30, p. 1161-1171, 2003.

RODRIGUES, P. P. Aspectos reprodutivos do robalo peba, Centropomus parallelus, na foz

do rio Doce, Linhares/ES, 2005, 51 p., Monografia de Bacharelado (Bacharel em

Oceanografia), Universidade Federal do Espírito Santo, Graduação em Oceanorafia, 2005.

SAMBROOK, J., et al. Molecular cloning: a laboratory manual. New York: Could Spring

Harbor Laboratory Press, 1989, v.2, 1626p.

Page 67: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

65

SCHWEIZER, D. Simultaneous fluorescent staining of R bands and specific

heterochromatic regions (DA-DAPI bands) in human chromosomes. Cytogenetics and Cell

Genetics, Basel, v. 27, n. 2-3, p. 190-193, 1980.

SOUSA, F. A. S. Ocorrência do gênero Centropomus (Perciformes, Centropomidae) no

litoral do rio Tramandaí e lagoas costeiras do litoral norte do Rio Grande do Sul, Brasil.

2013, 42 p., Monografia de Bacharelado (Bacharelado em Ciências Biológicas),

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Graduação em Ciências Biológicas, 2013.

SUMNER, A. T. A simple technique for demonstrating centromeric heterochromatin.

Experimental Cell Research, New York, v. 75, p. 304-306, 1972.

TAYLOR, R. G., et al. Age, growth, maturation and protandric sex reversal in common

snook, Centropomus undecimalis, from the east and west coasts of South Florida. Fishery

Bulletin, Washington, v. 98, 2000.

THOMPSON, J. D., HIGGINS, D. G, GIBSON T. J. CLUSTAL W: Improving the sensitivity of

progressive multiple sequence alignment through sequence weighting, position specific

gap penalties and weight matrix choice. Nucleic Acids Research, England, v. 22, p. 4673-

4680, 1994.

TONINI, W. C. T., et al. Dieta de juvenis robalo Centropomus parallelus Poey, 1980 no sul

da Bahia, Brasil. Boletim do Instituto de Pesca, São Paulo, v. 33, n. 1, p. 85-91, 2007.

TRINGALI, M. D., BERT, T. M. The genetic stock structureof common snook (Centropomus

undecimalis). Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, Ottawa, v. 53, n. 5, p.

974-984, 1996.

TRINGALI, M. D., et al. Molecular phylogenetics and ecological diversification of the

transisthmian fish genus Centropomus (Perciformes: Centropomidae). Molecular

Phylogenetics and Evolution, San Diego, v. 13, p. 193-207, 1999.

Page 68: AMANDA TORRES BORGES...Orientador: Dr. Wagner Franco Molina NATAL - RN 2015 3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Borges, Amanda

66

TSUZUKI, M. Y., et al. Survival, growth and digestive enzyme activity of juveniles of the fat

snook (Centropomus parallelus) reared at different salinities. Aquaculture, v. 271, p. 319-

325, 2007.

VOLKER, C. M., ANDREATA, J. V. Levantamento Taxonômico Preliminar da Ictiofauna da

Laguna da Tijuca, Rio De Janeiro. Revista Nordestina de Biologia, Paraíba, v. 5, n. 2, p.

197-257, 1982.

XIMENES-CARVALHO, M. O. Idade e Crescimento do Robalo-flexa, Centropomus

undecimalis (Bloch, 1972) e Robalo-peva, Centropomus parallelus (Poey, 1860)

(Osteichthyes: Centropomidae), no Sudeste do Brasil, 2006, 90 p., Dissertação (Mestrado

em Ciências Tropicais Marinhas) Universidade Federal do Ceará, Instituto de Ciências do

Mar, Pós-Graduação em Ciências Marinhas Tropicais, 2006.