alvorada dos aspectos - christie golden

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Alvorada dos Aspectos – A incerteza aflige os guardiões de Azeroth enquanto lutam para encontrar um novo propósito. O dilema preocupa Kalecgos de forma especialmente intensa. Tendo perdido seus poderes, o mais jovem dos antigos Aspectos Dragônios precisa entender como ele – ou qualquer um de sua espécie – pode fazer alguma diferença na ordem das coisas.A resposta está no passado remoto, quando bestas selvagens chamadas protodracos governavam os céus. Por meio de um misterioso artefato encontrado perto do coração de Nortúndria, Kalecgos testemunho esta violenta era e a surpreendente história dos Aspectos originais: Alextrasza, Ysera, Malygos, Neltharion e Nozdormu.Em sua mais primitiva forma, os futuros protetores de Azeroth precisam se unir contra Galakrond, uma criatura nefasta que ameaça a existência de sua espécie. Mas esses simples protodracos teriam sido capazes de enfrentar tal adversário sozinhos… ou um poder desconhecido os ajudara? Teriam recebido a força pela qual se tornaram lendários? Ou a conquistaram com sangue?As respostas estão ao alcance de Kalecgos. E essas revelações vão mudar tudo o que ele acreditava saber sobre os eventos que levaram… à Alvorada dos Aspectos.

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    A presente obra disponibilizada pela equipe Le Livros e seus diversos parceiros, com oobjetivo de oferecer contedo para uso parcial em pesquisas e estudos acadmicos, bem comoo simples teste da qualidade da obra, com o fim exclusivo de compra futura.

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    "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e no mais lutando pordinheiro e poder, ento nossa sociedade poder enfim evoluir a um novo nvel."

  • Outras obras da Blizzard Entertainment publicadas pelaGalera Record:

    World of WarCraft Mars da guerraWorld of WarCraft A ruptura

    World of WarCraft Sombras da hordaWorld of WarCraft - Alvorada dos aspectos

    Diablo III A ordem

    Diablo III Livro de Cain

    StarCraft II Ponto crticoStarCraft II Demnios do Paraso

  • TraduoBruno Galiza

    Priscila CaiadoRodrigo Santos

    1 edio

    2014

  • CIP-BRASIL. CATALOGAO NA PUBLICAOSINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

    K75wKnaak, Richard A.

    World of Warcraft: alvorada dos aspectos [recurso eletrnico] / Richard A. Knaak ; traduo Bruno Galiza ,Priscila Caiado , Rodrigo Santos. - 1. ed. - Rio de Janeiro: Galera Record, 2013.

    Traduo de: World of Warcraft : Dawn of Th e Aspects Sequncia de: Sombras da hordaFormato: ePubRequisitos do sistema: Adobe Digital EditionsModo de acesso: World Wide WebMapasISBN 978-85-01-01677-5 (recurso eletrnico) 1. Fico infantojuvenil americana. 2. Livros eletrnicos. I. Galiza, Bruno. II. Caiado, Priscila. III. Santos, Rodrigo.

    IV. Ttulo. V. Srie.14-10547

    CDD: 028.5CDU: 087.5

    Ttulo original em ingls:World of Warcraft: Dawn of The Aspects

    Copyright 2013 by Blizzard Entertainment, Inc.

    World of Warcraft: Dawn of The Aspects, Diablo, StarCraft, Warcraft, World of Warcraft,e Blizzard Entertainment so marcas ou marcas registradas de Blizzard Entertainment, Inc. nos Estados Unidos e/ou emoutros pases. Outras referncias a marcas pertencem aseus respectivos proprietrios. Edio original em ingls publicada por Simon & Schuster,Inc. 2013. Edio traduzida para o portugus por Galera Record 2014.

    Texto revisado segundo o novo Acordo Ortogrfico da Lngua Portuguesa.

    Todos os direitos reservados. Proibida a reproduo, no todo ou em parte, atravs de quaisquer meios. Os direitos moraisdo autor foram assegurados.

    Composio de miolo da verso impressa: Abreus System

    Coordenao de Localizao: ReVerb Localizao

    Direitos exclusivos de publicao em lngua portuguesa somente para o Brasiladquiridos pelaEDITORA RECORD LTDA.Rua Argentina, 171 Rio de Janeiro, RJ 20921-380 Tel.: 2585-2000,que se reserva a propriedade literria desta traduo.

  • Produzido no Brasil

    ISBN 978-85-01-01677-5

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    Atendimento e venda direta ao leitor:[email protected] ou (21) 2585-2002.

  • Prlogo

    O fardo dos Aspectospor Matt Burns

    Matei um dos meus.O pensamento irromp eu na mente de Nozdormu, o Atemporal, no instante em que ele

    viu o drago de bronze ressequido. Zirion encolhera-se numa carcaa com a metade do seutamanho original. Leses cobriam seu corpo da cabea cauda. Em vez de sangue, era areiadourada que cascateava das feridas em fluxos incontidos, tremeluzindo imagensfantasmagricas da vida que ainda no vivera. O futuro sangrava de seu corpo.

    Nozdormu cruzou um dos picos isolados do Monte Hyjal para postar-se ao lado deZirion. Cada momento da histria agitava-se em suas escamas da cor do sol. Observando odrago agonizante, uma onda de desesperana o acometeu. Um vu impenetrvel cobrira aslinhas temporais, um que nem mesmo ele, o Aspecto da revoada dragnica de bronze,Guardio do Tempo, podia penetrar. Passado e futuro que outrora ele podia ver comclareza tornaram-se turvos.

    Onde esto os outrosss? Nozdormu girou o poderoso pescoo na direo deTique, postada ao seu lado. A leal dragonesa transportara Zirion em suas costas a todavelocidade desde o covil da revoada de bronze nas Cavernas do Tempo, o que s foi possvelgraas ao estado de dessecamento de seu passageiro.

    Tique ainda resfolegava devido ao esforo: Ele voltou sozinho. Como pode ser? urrou Nozdormu com a voz tomada pela frustrao. Mandei

    doze para o passado. Doze!Ele incumbira seus agentes de investigar a condio perturbadora das linhas temporais,

    mas agora era incapaz de se livrar do pensamento de que to somente lhes consignara

  • morte. De volta ao presente, os drages deveriam ter se encontrado com o Atemporal notopo do Hyjal precisamente ao meio-dia. J passava muito de meio-dia quando Tique, queno fora enviada s linhas temporais, chegou carregando Zirion.

    O que voc viu, Zirion? indagou Nozdormu, dando incio a feitios para revertero derramamento das areias do tempo que vertiam do drago.

    Acho que ele no tem fora para falar interveio Tique.O Atemporal mal ouviu. O impossvel estava acontecendo: sua magia no surtia

    nenhum efeito. Suas aes foram previstas e eram combatidas por uma magia de igual poder.Somente um ser possua clarividncia e habilidade para superar o Aspecto brnzeo nosdomnios do tempo

    Quando voltou das linhas temporais prosseguiu Tique, hesitante ele contou oque viu. No importava que ponto da histria tentassem alcanar, ele e os outros sempreemergiam num mesmo ponto no futuro a Hora do Crepsculo.

    Nozdormu baixou a cabea e fechou os olhos com fora. Era isso que ele temia. Asmargens do tempo foram atadas e direcionadas para o apocalipse. Naquele futuro cinzento edesprovido de vida, at mesmo o Atemporal encontraria seu fim. Pelo menos era nisso queele acreditava. Eras atrs, quando o tit AmanThul o imbuiu com o domnio do tempo,Nozdormu tambm passou a conhecer sua prpria runa.

    Quem causou os ferimentosss?O Atemporal sabia a resposta, mas esperava acima de tudo estar errado que aquilo

    que vira fosse uma anomalia. A revoada dragnica infinita e seu lder. Tique desviou o olhar.Matei um dos meus. As malditas palavras ecoavam na cabea do Aspecto.Antes, sua crena era de que a revoada infinita no passava de sintoma de uma linha

    temporal errtica. Entretanto, por inconcebvel que fosse, Nozdormu descobrira que, nofuturo, ele e seus drages de bronze abandonariam sua incumbncia sagrada proteger aintegridade do tempo e trabalhariam para subvert-la.

    Nozdormu refletiu sobre os eventos das semanas anteriores, lutando para controlar araiva. Ele estivera aprisionado nas linhas temporais at recentemente, quando o mortalThrall lembrou-lhe da Primeira Lio: viver o presente era muito mais importante que fixar-se no passado ou no futuro. O Aspecto de bronze emergiu do cativeiro com uma novacompreenso do tempo s para ser confrontado por seus medos mais sombrios.

    Perdoe-me sussurrou Nozdormu para Zirion, sem saber se o amado servo aindapodia ver ou ouvir. O drago moribundo meneou a cabea como sinal. Seu olhar vagueou de

  • um lado para outro at que os olhos turvos e inexpressivos se fixaram em Nozdormu. Perdoe-me repetiu o Atemporal.Zirion escancarou a boca e seu corpo estremeceu. Era como se gargalhasse, mas

    Nozdormu logo se deu conta de que o outro drago soluava.Quando o que restava do futuro sangrou de Zirion, ele usou toda a fora que lhe

    restava para se afastar de Nozdormu, os olhos tomados de terror.

    O Monte Hyjal ecoava os sons da festana.Depois de uma srie de atrasos, os Aspectos Dragnicos Alexstrasza, Ysera, Nozdormu

    e Kalecgos combinaram suas magias s dos xams da Harmonia Telrica e dos druidas doCrculo Cenariano para restaurar Nordrassil, a antiga rvore do Mundo. Mais recentemente,notcias davam conta de que o senhor elemental do fogo Ragnaros cujos lacaios tentaramreduzir Nordrassil a cinzas sucumbira em mos mortais.

    De onde Ysera, a Desperta, estava, aos ps da rvore do Mundo, o jbilo reduzia-se aum zumbido distante. No refgio Cenariano, o Aspecto da revoada dragnica verde ouviaapenas o relato de uma tragdia.

    Ela reunira-se com os outros Aspectos para discutir o prximo movimento contra Asada Morte, lder ensandecido da revoada dragnica negra e responsvel pela ruptura domundo durante o Cataclismo. Apesar do recente triunfo dos defensores de Azeroth emHyjal e outras regies, o torturado Aspecto ainda planejava maneiras de deflagrar a Hora doCrepsculo. Enquanto houvesse ar em seus pulmes, nada o impediria de concretizar seusplanos perversos.

    Em vez de debater estratgias, contudo, Nozdormu relatou a morte de Zirion e oltimo ataque da revoada dragnica infinita s linhas do tempo. Vincos marcavam de fora afora o semblante lfico comumente tranquilo do Atemporal. Assim como seus irmos, eleassumira sua forma mortal, algo que os Aspectos faziam sempre que estavam junto das raasde vida breve que residiam nos arredores de Nordrassil.

    Ele foi morto por minha magia por mim balbuciou Nozdormu. Ysera observavainquieta. Apesar das palavras terrveis do Atemporal, ela notou que tudo ao seu redorparecia distante. Ela pairava entre o mundo desperto e o reino dos sonhos sem se ancorar emnenhum.

    Devo retornar ao ponto de encontro. O Aspecto de bronze entrelaou as moscom ansiedade, movendo-se inquietamente. Outros agentesss podem estar a caminho,mas no tenho certeza. S me resta esperar.

  • Quando Nozdormu se virou para partir, Ysera buscou avidamente palavras de confortopara lhe oferecer. Estava claro que ele se resignara ao destino. AmanThul incumbira-lhe depreservar a pureza do tempo a despeito de que eventos haviam se passado ou estavam porsuceder. De alguma maneira, o fardo do Atemporal parecia errado para Ysera, mas no lhecabia questionar as tarefas de outrem.

    O que dizer a um ser que faria tudo para proteger os drages de sua revoada, mas agorase responsabiliza por uma morte entre os seus?, ponderou ela. Sua mente era um turbilho depensamentos fragmentados. Era como se estivesse de p numa vasta biblioteca devastada porum furaco. Pginas repletas de imagens e ideias rodopiavam diante dela, todas partes dediferentes livros.

    Antes que a Desperta pudesse se ater a algo significativo, Nozdormu partiu. Umsilncio soturno se instaurou. Os elfos noturnos, que normalmente habitavam o refgiodrudico, eram gentis o suficiente para esvazi-lo durante reunies dos Aspectos, mas aausncia de vida e agitao dava ao lugar um aspecto frio e vazio.

    Pouco importa se a revoada infinita opera orquestradamente com Asa da Morte disse Alexstrasza, a Me da Vida, rainha de sua espcie e Aspecto da revoada vermelha. Arazo pela qual todos temos que concordar em permanecer em Hyjal desenvolverestratgias acerca da melhor maneira de lidar com ele. A tribulao nas linhas temporais ainda mais evidncia de que devemos ser cleres em nossas aes. Kalecgos, sua revoadacontinua com as investigaes?

    Sim. O Aspecto da revoada azul limpou a garganta e endireitou as costas. O tratosempre amvel de Kalec tornara-se nos ltimos tempos obtusamente formal. O mais jovementre os Aspectos, ele fora escolhido pouco tempo atrs para liderar sua revoada aps amorte do antigo lder, Malygos. Ysera presumia que Kalec estivesse tentando provar seuvalor perante os outros Aspectos, quando, a bem da verdade, eles j o viam como igual.

    Kalec cortou o ar com a mo e vrias runas brilharam em seu rastro, detalhando osexperimentos conduzidos por sua revoada. Os azuis perscrutaram os antigos repositrios desabedoria guardados em seu lar, o Nexus, em busca de pistas a respeito das fraquezas de Asada Morte. Os drages de Kalec eram os guardies da magia; se a resposta estivesse oculta noarcano, eles a encontrariam.

    Recuperamos sangue de Asa da Morte do reino elemental do Geodomo, onde ele seescondeu por longos anos. As amostras eram reduzidas, mas suficientes para nossos testes.

    E o que h de resultados at ento? A voz de Alexstrasza estava repleta deexpectativa. Ysera jamais vira a irm to esperanosa nas infrutferas reunies.

  • Ao imbuir o sangue com magia arcana em quantidade que destroaria qualqueroutro ser, as amostras simplesmente se enfurecem. O sangue se divide e ferve, mas por fim serecupera.

    Nem mesmo magia arcana surte efeito. A Me da Vida encolheu os ombros. Mas nossos testes apenas comearam acrescentou Kalec rapidamente. Acredito

    que seja necessrio termos uma ferramenta disposio quando enfrentarmos Asa da Morte.Nmeros, no importa quo grandes, pouco podem ajudar. Precisamos de uma armadiferente de todas que vieram antes. Minha revoada no descansar enquanto no alcanaruma soluo.

    Obrigada. Alexstrasza se virou na direo de Ysera. Voc recebeu alguma visodigna de nota?

    No ainda respondeu Ysera um pouco envergonhada. Durante as reunies, pormuitas vezes a Desperta sentiu-se como nada mais que uma mosca na parede. A titnicaEonar concedera-lhe domnio sobre a natureza e sobre o vistoso reino florestal conhecidocomo Sonho Esmeralda. Por milnios ela viveu l como Ysera, a Sonhadora, e foradespertada do Sonho pouco antes do Cataclismo. Ysera, a Desperta, foi como passou a serchamada. Seus olhos, cerrados por muito tempo, estavam abertos, mas ela perguntava a simesma o que deveria ver.

    Mantenha-nos informados se algo lhe ocorrer. A Me da Vida sorria, mas Yserapodia sentir sua ansiedade. Amanh falaremos novamente.

    Com isso, a reunio terminou exatamente como comeou: sem respostas.

    Na manh seguinte, Ysera caminhou pelos acampamentos espalhados por toda a base deNordrassil. A grandiosa rvore do Mundo elevava-se muito acima dela; seu dossel ocultava-se em uma espessa camada de nuvens. Aqui e acol, xams da Harmonia Telrica e druidasdo Crculo Cenariano meditavam pacificamente. Com a cura de Nordrassil, Ysera ensinaraaos druidas como fundir seus espritos s razes da rvore para ajud-las a se fixarem no solo.Ao mesmo tempo, os xams se empenhavam em pacificar os elementais da terra,concedendo s razes passagem livre rumo s profundezas de Azeroth. A tarefa significavauma unio sem precedentes de dois grupos dspares e mortferos. Por mais que Ysera sesentisse encorajada, ela sabia que seus nobres esforos de nada adiantariam se Asa da Mortecontinuasse livre para perseguir seus objetivos.

    A Desperta seguiu at um crculo de rvores isolado a nordeste da rvore do Mundo.Quando encontrou uma clareira no bosque, Thrall j esperava por ela, imerso em meditao.

  • Ysera sentia um profundo respeito pelo orc xam, provavelmente mais do que ele podiaperceber. Semanas atrs, Asa da Morte e seus aliados desferiram um ataque contra osAspectos verde, vermelho, azul e bronze; ele os teria destrudo se no fosse pela intervenode Thrall. Ele ajudara na reunio dos lderes dragnicos e os lembrara de sua tarefa desalvaguardar Azeroth. Os Aspectos estavam mais unidos agora do que estiveram em mais dedez mil anos.

    Thrall disse suavemente a Desperta. A Natureza se agitou ao som de sua voz. Ovento balanou as longas tranas negras do orc. A grama ciciou sob suas vestes simples. Enem assim o xam abriu os olhos.

    Ela estava surpresa com seu nvel de concentrao, mas sabia que isso no vierafacilmente. Durante a primeira tentativa de recompor Nordrassil, os servos de Asa da Morteemboscaram Thrall e cindiram sua mente, corpo e esprito entre os quatro elementos terra, ar, fogo e gua. Foi uma herona mortal Aggra, a companheira de Thrall quem osalvou. Desde ento, Thrall manifestara uma ligao com a terra que ia alm da meracomunicao com os elementos. Ele era capaz de sentir Azeroth como se fosse parte dele,vinculando-se ao mundo de forma miraculosa. Ysera acreditava que no processo de reformaro esprito do orc, a essncia de Azeroth passara a integr-lo.

    Thrall. Ysera pousou gentilmente a mo no brao do xam.O orc finalmente despertou de sua meditao e se ergueu: Lady Ysera, comecei sem voc. Minhas desculpas. Estou aqui apenas para ajudar quando voc necessitar respondeu o Aspecto verde

    a fim de tranquiliz-lo. Se me permite perguntar, como foi a reunio?Ysera fez fora para responder: Houve progresso disse, e mudou logo de assunto. Podemos comear? Sim.Thrall voltou a se sentar, Ysera o imitou. Havia muito ela aprendera que a melhor

    maneira de ensinar era por meio de demonstrao. Enquanto o esprito de Thrall se fundia terra, ela se ligava s razes de Nordrassil. Eram magias diferentes, mas o princpio daconcentrao era o mesmo.

    Voc tem experimentado os mesmos problemas de antes? perguntou Ysera. Thrallcontara-lhe sobre sua falha ao se vincular terra para alm do Hyjal, como se barreirasmentais bloqueassem seu esprito. O orc estava determinado a compreender suas novashabilidades, mas parecia hesitante a respeito de se aventurar em Azeroth.

  • Sim. A frustrao fez Thrall franzir a testa. como se eu estivesse de p naarrebentao de um imenso oceano. Quanto mais sigo rumo s profundezas, mais distanteme sinto da praia

    Thrall disse Ysera, colhendo um punhado de terra para depositar na moesquerda do orc , isto Azeroth. Se seu esprito pode penetrar neste solo, ele pode ir ondequiser. Hyjal no uma ncora mgica; a mesma terra que jaz sob as ruas de Orgrimmarou a Selva do Espinhao. O mundo um s corpo.

    Um corpo O orc observou o solo e riu calorosamente. Muitas vezes osproblemas mais difceis so resolvidos pelas respostas mais simples as coisas que estodebaixo de nossos narizes. Meu antigo tutor, DrekThar, disse isso muitos anos atrs. Voctem muito em comum com ele. Sabedoria e pacincia No importa que obstculos euencontre, voc sempre sabe como super-los.

    Diante da ironia das palavras de Thrall, Ysera permitiu-se sorrir. Essa ser minha ncora. O xam segurou firme a terra em sua mo.Thrall fechou os olhos e respirou fundo. Ysera fez o mesmo e, ento, disse: Cale seus pensamentos. Desprenda seu esprito da carne e sinta a terra ao nosso

    redor. Saiba que as rochas sob voc so as mesmas que esto sob mim. Saiba que, se pode darum passo, voc certamente pode dar outro.

    Ysera concentrava-se nas prprias instrues enquanto seu esprito se unia a uma dasrazes colossais da rvore do Mundo. Thrall acreditava que os poderes que desabrochavamno eram para ele, e sim uma casualidade. Na verdade, eles eram exatamente o oposto. Seupropsito estava claro, ainda que ele no soubesse. Os anos de dedicao ao xamanismoculminaram em uma extraordinria habilidade para se ligar terra. A Desperta desejavaalcanar uma sensao semelhante de completude.

    Seus pensamentos vagaram rumo s reunies com os outros Aspectos. Ela seconcentrou em cada detalhe, indagando-se se havia uma resposta simples oculta em meio sdiscusses sem fim. A ateno da Desperta se voltou para Kalec. Algo que o jovem Aspectodissera martelava em sua cabea.

    Uma arma diferente de todas que vieram antes.As palavras continham poder, um significado um passo alm de sua compreenso.diferente de todas que vieram antes. Ela deve ser nica. Uma voz familiar irrompeu

    em sua mente; arrebentou como um vagalho, levando embora milhes de ideias desconexasque vagavam em sua mente.

    Ysera abriu os olhos em choque, mas no estava mais no Hyjal.

  • Ela flutuava por um salo soturno e cavernoso, que reconheceu como a Cmara dosAspectos, domnio sagrado das cinco revoadas dragnicas. Abaixo dela, um conclave dedrages. Ysera em uma verso do passado estava entre eles, assim como Alexstrasza;Soridormi, principal consorte de Nozdormu; Malygos, o falecido Aspecto Dragnico azul;e Asa da Morte.

    No no a criatura horrenda do presente. Era Neltharion, o Guardio da Terra,outrora altivo Aspecto da revoada dragnica negra. Sem que seus companheiros soubessem,ele j fora corrompido pelos traioeiros Deuses Antigos seres da insanidadeincalculavelmente poderosos aprisionados na terra pelos tits e abandonara seu dever deproteger Azeroth.

    Ysera distinguiu imediatamente o perodo; mais de dez mil anos atrs, durante aGuerra dos Antigos. A demonaca Legio Ardente invadira Azeroth e os Aspectos estavamreunidos para realizar uma cerimnia que salvaria o mundo da aniquilao, esperavam eles.Um disco dourado pairava no centro do crculo formado pelo grupo.

    primeira vista, parecia um objeto sem importncia. Era, contudo, a arma que assolariaa unidade das revoadas dragnicas a arma que assassinaria incontveis drages azuis econduziria Malygos a milnios de isolamento. A Alma Dragnica.

    Ysera assistiu horrorizada concluso do ritual. Todos os Aspectos salvo Neltharion permitiram que parte de sua essncia fosse sacrificada a fim de conceder poder aoartefato. Os drages tomaram a drstica ao convencidos de que o disco seria usado pararepelir a Legio de Azeroth.

    Est feito declarou Neltharion. Todos deram aquilo que deveria ser dado. Euagora selo a Alma Dragnica por todo o sempre, para que o que foi feito nunca se perca.

    Um ameaador brilho negro envolveu o Guardio da Terra e o artefato, sugerindosutilmente sua verdadeira natureza.

    Deve ser assim? questionou a Ysera do passado em voz baixa. Para que seja como deve ser, sim retorquiu Neltharion, pouco preocupado em

    dissimular a provocao. uma arma diferente de todas que vieram antes. Ela deve ser nica acrescentou

    Malygos.Depois da fala de Malygos, as paredes da cmara se racharam e sucumbiram como

    cacos de vidro, revelando o terreno esmeralda da clareira. Thrall permanecia fixo em seuestado meditativo, alheio viso de Ysera. Ela mal olhou para o orc ao se levantar, tentandoencontrar sentido no que acabara de presenciar. errado pensar que a Alma Dragnica

  • poderia ser a salvao de Azeroth depois de todo sofrimento e morte que causou?A Desperta correu do bosque em busca de Kalec e Alexstrasza. Os outros Aspectos

    pensaro que enlouqueci quando eu propuser us-la para nossos prprios fins. Apesar daapreenso, um nico pensamento a movia adiante: O reinado tirano de Asa da Morte deveacabar como comeou.

    O solo no estava na mo de Thrall. Ele percebeu que, na verdade, era parte dele tantoquanto os dedos eram parte de sua mo; cada qual nico, mas partes iguais de algo maior.

    O esprito do orc penetrou na terra abaixo e, ento, rumo s profundezas do Hyjal. Elesentia cada pedra, cada gro de areia como se fossem extenses de si. Os caticos elementaisterrenos, que ele tanto se esforara para acalmar, aceitaram-no abraaram-no como seele fosse um deles.

    A montanha estava viva, ativa. Xams Aggra entre eles sussurravam para a terracomo um coral harmonizador, acalmando o esprito de Thrall assim como fizeram com oselementos. Em algum lugar, druidas guiavam as razes de Nordrassil cada vez mais fundo nasentranhas de Azeroth. A essncia do orc movia-se com elas, enquanto rochas irregulares eformaes de granito se desfaziam em terra fofa para que a rvore do Mundo pudesse senutrir e, assim, fortalecer a terra. Integrando o ciclo de cura, ele se revigorou.

    O esprito de Thrall alcanou o sop da montanha. Era o mais longe que ousara ir. Ovnculo com seu corpo fsico estava to distante quanto nas tentativas anteriores. O orc seconcentrou na vaga sensao do solo em sua mo, repetindo a lio de sabedoria de Ysera.Isto Azeroth O mundo um s corpo.

    Encorajado pelas palavras, Thrall libertou o corao de todas as reservas e mergulhouem Azeroth.

    Sua essncia cruzava impetuosamente lguas e lguas com a terra se abrindo ao seuredor. Ele percorreu o solo castigado pelo sol de Durotar e seguiu para os lamaais doPntano das Mgoas. Todas as regies, por mais remotas ou distintas que fossem, estavamligadas de uma maneira que ele jamais compreendera.

    Alm das partes que conhecia, Thrall se deparou com lugares e peculiaridades deAzeroth que ignorava completamente.

    Em algum lugar do Grande Oceano, uma misteriosa ilha envolta em nvoasSob os Reinos do Leste, uma presena invadia as montanhas de Khaz Modan. Um

    esprito poderoso, mas no elemental. Estranhamente, ele era como Thrall: um mortal quetranscendera os grilhes da carne. O ser desconhecido patrulhava as terras ancestrais da

  • regio como se mantivesse uma viglia silenciosa. E falava com um sotaque ennico queecoava por toda Azeroth.

    Pois isso que somos, terrenos, da terra; a alma da terra nossa, sua dor nossa, seucorao nosso

    Thrall tambm viu as entranhas do mundo cobertas de leses fundidas e outras feridas.Estarrecido, ele notou imensas cavernas, glidas e artificiais, espalhadas por todo o

    globo. Bolses privados de vida dos quais nem mesmo os elementais da terra queriam seaproximar.

    Um dos vcuos ficava muito abaixo do Monte Hyjal. Thrall guiou seu esprito para ovazio subterrneo. Diferente do restante de Azeroth, o que espreitava dessa caverna seescondia de sua viso. Ao se aproximar, uma nica voz trovejou da cmara, emanando umpoder incomensurvel:

    Xam.Ela retumbava no esprito do orc como se Azeroth falasse com ele. Venha.Thrall foi atrado para a fonte, compelido a perscrut-la. Sua essncia circulou os

    arredores da cmara at encontrar uma abertura nas paredes aparentemente intransponveis.Enquanto seu esprito penetrava o vazio, rocha e p entraram com ele. Os detritos se unirame formaram pernas, tronco, braos e cabea; dois cristais multifacetados serviram de olhos.Sua nova forma lembrava seu verdadeiro corpo fsico, exceto pelo fato de ser composto daprpria terra.

    Quem voc? indagou Thrall com batidas secas que soavam mais como pedras sechocando do que uma lngua coerente.

    Poos de magma borbulhante emitiam a nica iluminao do lugar. As paredes e ocho estavam cobertos com uma substncia cristalina que de to negra parecia consumir todaa luz sua volta.

    Aqui irrompeu uma resposta do centro da cmara , aqui reside a verdade destemundo.

    Thrall penetrou mais fundo na cmara, atrado pela autoridade das palavras. Sualigao com o restante de Azeroth e com seu corpo no Hyjal se esvaa a cada passo. No meioda caverna, uma figura humanoide postava-se com as feies cobertas por uma escuridoproposital, quase tangvel.

    Arrastando-se pesadamente, o orc continuou a se aproximar at que dois olhos seabriram no semblante do ser estatuesco e arderam com a cor de rocha fundida.

  • Thrall cambaleou para trs quando as sombras que velavam a figura se dissiparam pararevelar um grotesco humano. Uma pea de metal macio moldada na forma de umamandbula fora parafusada sua face acinzentada. Chifres irregulares ascendiam em curvade seus ombros e seus dedos terminavam em garras afiadas feito adagas, enquanto veias delava cruzavam seu peito.

    Ele no reconheceu o humano, mas pde sentir quem era: Asa da Morte em sua formamortal.

    A arrogncia dos xams nunca falha em me surpreender rugiu o Aspecto negro,sua voz soando como duas imensas rochas estilhaando uma outra. Voc busca tomarum poder que no seu por direito um poder alm de sua compreenso.

    Thrall correu de volta na direo da passagem. Placas de cristal negro desprenderam-sedo cho e bateram contra a terra. O orc forou a barreira com os ombros, rogando aosespritos elementais que lhe dessem passagem. A substncia prfida no atendia aos seusclamores como os outros elementais terrenos de Azeroth.

    Intrigante, no? bramiu Asa da Morte s suas costas. O sangue dos DeusesAntigos no responde aos seus choramingos, pois no deste mundo. S os escolhidos tmverdadeiro domnio sobre ele.

    Thrall girou na direo do Aspecto esperando um ataque, mas Asa da Mortepermanecera imvel.

    Tenho esperado sua chegada, observado seu esprito tropear cegamente pelas facesdo Hyjal disse Asa da Morte. Eu presumia que voc no teria coragem de se aventuraralm da montanha, mas seu avano comprova minhas suspeitas os outros Aspectosquerem lhe dar meus poderes. Eles querem me substituir por um mortal.

    As palavras no faziam nenhum sentido para o orc. Apesar de suas habilidades agoraaprimoradas, Ysera e seus companheiros lhe disseram que ele jamais se tornaria um Aspectoou, por extenso, o Guardio da Terra.

    Eles no me deram esses poderes. Thrall circulava a caverna junto parede,tateando em busca de uma rachadura ou uma falha entre as placas de sangue dos DeusesAntigos. A deciso de us-los foi minha e somente minha.

    A cmara estremeceu com a gargalhada de Asa da Morte: Isso foi o que lhe disseram. Tenho olhos em muitos lugares, xam. Eu sei que os

    outros Aspectos ficaram em Hyjal para tramar e que voc est com eles. Como covardes, eleso atraram para esse destino sem que voc soubesse, para tornar sua a minha maldio.

    O que voc recebeu foi uma ddiva, no uma maldio retrucou Thrall. Ele

  • aprendera muito a respeito dos tits e dos Aspectos nos ltimos tempos. Muito tempo atrs,o tit Khazgoroth imbura Asa da Morte com controle sobre as extenses terrenas do mundoe o incumbira de proteg-las de todo o mal. A tarefa, entretanto, tornara-o suscetvel influncia dos Deuses Antigos agrilhoados nas profundezas de Azeroth. As provaes etribulaes que afligiram os Aspectos ao longo da histria, da traio de Asa da Morte iminente Hora do Crepsculo, tudo era parte do grande plano dos Deuses Antigos paraexpurgar a vida do planeta.

    Ddiva? grunhiu Asa da Morte. Voc est to desinformado quanto os outrosAspectos, tolos demais para reconhecer que os fardos impostos a ns no passam de prises.

    Os tits lhe deram um propsito retorquiu o orc. Seu vnculo com Hyjal estavamais tnue do que nunca. Ele sentia a terra escorrer por entre seus dedos a lguas dedistncia dali.

    No h nenhum propsito no que eles fazem. Asa da Morte caminhavapesadamente na direo de Thrall, cada passo retumbando por toda a cmara. Azerothera um experimento dos tits. Um joguete. Quando terminaram, eles deram as costas a todosns, indiferentes ao mundo fraturado que deixaram para trs.

    Ele foi fraturado pelo que voc fez, porque voc deu as costas sua ddiva! rosnou Thrall.

    No uma ddiva! O corpo inteiro de Asa da Morte estremeceu de dio.Notando que suas palavras surtiam efeito, Thrall continuou a aular o Aspecto,

    esperando que ele revelasse algum tipo de fraqueza: A ddiva que voc no teve foras para suportar. A ddiva... Cale-se! ordenou Asa da Morte. Se insistir em falar em ddiva, assim ser.

    Voc saber o que ser eu, receber esta graciosa ddiva sentir o corao ardente destemundo como se fosse seu.

    O peito telrico de Thrall ardeu profundamente. As chamas incessantes quefulguravam no corao de Azeroth agitaram-se em seu esprito. Sua pele rochosa fumegava echiava, brilhando com um vermelho sombrio e iracundo.

    Saiba o que sentir o peso deste mundo agonizante sobre seus ombros.As pernas de Thrall estremeceram sob o peso de cada rocha de Azeroth. Seu corpo rua,

    estilhaava-se. Era mais que agonia fsica; seu esprito se desfazia, sufocado pela cargainsustentvel.

    A ddiva doce como voc pensou que seria? zombou Asa da Morte. issoque os outros Aspectos querem: acorrentar voc a este mundo como eu fui acorrentado.

  • Condenar voc a uma vida de tormento eterno.Em meio dor cegante, Thrall percebeu que agora possua uma fora incrvel. O peso

    de Azeroth estava em suas mos. Asa da Morte era to arrogante a ponto de lhe dar essavantagem?

    O orc no duvidou de sua intuio; era esse o lapso do adversrio pelo qual estiveraesperando. Com um movimento rpido, Thrall canalizou o peso de Azeroth para o punho esaltou sobre Asa da Morte. O poder era intoxicante. Ele se sentia como se pudesse partir umamontanha em duas.

    O Aspecto negro permaneceu imvel enquanto Thrall se aproximava. Um instanteantes de seu punho colher o peito de Asa da Morte, o peso de Azeroth e toda sua fora foi arrancado das mos do orc.

    O punho de Thrall atingiu a forma humana do Aspecto e imediatamente seu brao separtiu em mil pedaos at o cotovelo. Ele caiu sobre os joelhos e urrou de dor, enquantomagma fervilhava no brao estilhaado.

    distncia, junto de seu corpo fsico no Hyjal, ele sentiu a terra se partir.

    Certos magos mortais, e at alguns membros da revoada dragnica azul, sustentavam que asregras da magia arcana eram absolutas. Onde eles viam limites, entretanto, Kalec via apenaspotencial para novas descobertas. Para ele, a magia no era um sistema rgido cercado defrieza e lgica. Era a essncia vital do cosmo. Ilimitada em suas possibilidades. A coisa maisbela que conhecia.

    Quando Ysera veio ter com ele, falando emocionada sobre a Alma Dragnica e o papelque o artefato poderia desempenhar, ele foi consumido imediatamente pelo desafio desuperar o impossvel. Asa da Morte no transferira sua essncia para a arma como os outrosAspectos; era difcil saber como ela poderia ser empregada contra ele. Outra preocupao eraa crena de que qualquer drago que usasse o artefato em seu estado original seriairrevogavelmente prejudicado por seus poderes. A Alma Dragnica chegara at mesmo arasgar o corpo de Asa da Morte, forando-o a recompor sua forma colrica com placas demetal.

    Apesar dos desafios do porvir, Kalec via o artefato como uma oportunidade de fazervaler a posio que ocupava entre os outros Aspectos, que sempre lhe serviram de inspirao.Ele se tornara Guardio da Magia num tempo em que as revoadas azul, verde, bronze evermelha estavam ameaadas de extino. Os miraculosos poderes concedidos a Malygos,seu lder morto, pelo tit Norgannon, agora pertenciam a ele. Os drages azuis o corao

  • de toda a revoada escolheram-no para depositar toda sua confiana. Ele no osdecepcionaria.

    A Alma Dragnica no pode ser usada contra Asa da Morte, pois ela no contm suaessncia disse Alexstrasza com uma ponta de dvida na voz.

    Depois que Ysera contou a Kalec sua descoberta, os dois Aspectos convocaram a Meda Vida em seu local de encontro no refgio Cenariano para discutir os mritos do plano.

    verdade balbuciou o Aspecto azul. Ele sentia os olhos dos outros Aspectosperscrutarem-no como se avaliassem cada uma de suas palavras. Ns precisaramos daessncia dele. Infelizmente, as amostras de sangue que obtivemos, ainda que valiosas, sodesprovidas disso. Com magia arcana suficiente, contudo, talvez seja possvel alterar aspropriedades da Alma Dragnica de forma que ela o afete em teoria, pelo menos.

    Em teoria repetiu a Me da Vida.Kalec encolheu os ombros. O artefato era, de fato, um risco. Muito do que ele sabia a

    respeito de seu funcionamento fora recolhido em escritos de magos do Kirin Tor,especialmente do humano Rhonin. Depois de tom-la nas prprias mos, ele descreveualguns de seus atributos; seu tratado sobre o assunto era uma fonte de informaesvaliosssima para Kalec. No entanto, muito pouco estava provado.

    No temos escolha. Ysera deu um passo frente, para grande alvio de Kalec. Eu sei que lhe causa dor, mas parece certo. Foi essa arma que comeou tudo que nosdividiu. A era negra de nossas vidas deve terminar como comeou.

    Alexstrasza baixou os olhos. Kalec viu o turbilho que se agitava neles. Na verdade, areao que a Me da Vida teria ao estratagema era uma de suas preocupaes. Ao fim daGuerra dos Antigos, os Aspectos azul, verde, bronze e vermelho encontraram e encantaram aarma para que nem Asa da Morte, nem qualquer drago pudesse empunh-la novamente.Milnios mais tarde ela caiu nas mos dos orcs Presa do Drago, que ento a utilizaram paraescravizar a Me da Vida e sua prole. Muitos drages vermelhos foram forados a servir demontaria de guerra naqueles tempos difceis.

    Essa a resposta pela qual estivemos esperando, Lady Alexstrasza assegurouKalec.

    Eu sei A Me da Vida soava desamparada. Portanto, partirei ao encontro deNozdormu para inform-lo. Prossiga com sua investigao.

    Tudo dependeria do Atemporal. Mesmo que Kalec encontrasse meios de alterar oartefato, os Aspectos precisariam pedir auxlio a Nozdormu para recuper-lo das linhastemporais. A Alma Dragnica no existia mais no presente. Grande parte dela fora destruda

  • mais de uma dcada atrs por Rhonin. Depois disso, a dragonesa negra Sinestra coletou osestilhaos restantes da arma j desprovidos de poder havia muito tempo e os usou paraseus prprios fins. Por fim, esses ltimos fragmentos da Alma Dragnica tambm foramobliterados. Pedir que o Atemporal recuperasse o artefato era demandar o impossvel, masKalec, Ysera e Alexstrasza sabiam que no havia escolha.

    Aps a partida da Me da Vida, Kalec retornou a uma pequena mesa no refgioCenariano. Orbes de vidncia, usados para se comunicar com seus agentes no Nexus,espalhavam-se sobre a superfcie. Tomando um dos dispositivos na mo, ele o ergueu egirou, meditando sobre os obstculos que cercavam a Alma Dragnica.

    Ysera veio se sentar ao lado de Kalec; no instante em que a dragonesa abriu a boca parafalar, a terra estremeceu e quase atirou ambos no cho. Gritos vieram da base de Nordrassil,onde estavam acampados a Harmonia Telrica e o Crculo Cenariano. O Aspecto azul trocoucom Ysera um olhar de alerta. Tremores tornaram-se comuns aps o Cataclismo, mas esseparecia ter se originado logo abaixo de seus ps.

    A terra estremeceu mais uma vez, mais violentamente do que antes. No pode ser Os olhos de Ysera se estreitaram enquanto ela se apoiava contra

    as paredes de madeira de uma das construes drudicas. Em sua voz, um misto de medo ecompreenso que inquietou Kalec.

    Asa da Morte? Um calafrio percorreu sua espinha. Ele est aqui?O Aspecto verde correu para fora da construo sem responder. Kalec seguia logo atrs

    enquanto ela corria na direo de Nordrassil.Inmeras fendas cercavam a rvore do Mundo. Xams e druidas puxavam os

    companheiros sugados pelos abismos de volta para a segurana. Ysera, contudo, no parou.Para espanto de Kalec, ela passou pela rvore do Mundo e seguiu rumo a uma fileira dervores que rodeavam uma clareira tranquila. Sentado no centro, Thrall parecia aindaabsorto em meditao. Aggra, sua companheira, estava ao seu lado e sacudia o orc pelosombros.

    Quando os dois Aspectos irromperam na clareira, a orquisa de pele marrom se viroupara eles:

    Algo est errado com Goel disse, usando o nome de nascimento do orc. Procurei por ele quando os terremotos comearam e o encontrei assim. Ele no desperta. Oque aconteceu?

    Ysera caiu de joelhos junto de Thrall. O orc parecia estar em extrema agonia, o rostocontorcido de dor, mas no havia ferimentos visveis em seu corpo.

  • ele disse o Aspecto verde.A Desperta examinou a mo esquerda de Thrall. Vazia, pelo que Kalec pde ver. O

    Aspecto verde se deteve. Ela rapidamente recolheu um punhado de terra e o depositou namo do orc.

    Thrall e os terremotos esto ligados? perguntou Kalec. Ele comungou com a terra de uma forma que nenhum xam fez. A terra parte dele

    e ele parte dela. Algo aprisionou seu esprito. As fendas so feridas. Deve haver uma maneira de libert-lo suplicou Aggra. Se seu esprito no tiver ido para muito longe do Hyjal, existe uma possibilidade.

    Ysera se ps de p e acenou para Aggra. Devemos reunir os xams e druidas. Muitotrabalho nos espera.

    A companheira de Thrall hesitou: No posso deixar ele assim Se quiser salv-lo, voc deve confiar em mim. A voz de Ysera era pouco mais que

    um sussurro, mas enchia Kalec com um senso pungente de urgncia.Aggra deve ter sentido tambm. Lentamente, a orquisa juntou-se ao Aspecto verde. Lady Ysera, h algo que eu possa fazer? Kalec sentia-se lastimavelmente fora de

    lugar. O percalo de Thrall dizia respeito ao reino dos elementos, um domnio sobre o qual oAspecto azul no tinha nenhum poder.

    Fique ao lado dele e, acontea o que acontecer, faa com que na mo dele hajasempre terra.

    Com isso, Ysera e Aggra partiram; a orquisa olhando por sobre os ombros com evidentepreocupao.

    No era a resposta que Kalec esperava, mas ele obedeceu. Por um breve momento elese perguntou se Ysera lhe dera uma tarefa to trivial por no consider-lo digno de algomaior, mas ele sabia que a Desperta no julgava os outros assim. No havia significadooculto em suas palavras. Ele era necessrio ali. Apenas isso.

    Ao se sentar ao lado de Thrall, Kalec percebeu que talvez estivesse se empenhandodemais para encontrar uma maneira de derrotar Asa da Morte ele mesmo, negligenciandoassim solues mais viveis. Se Thrall tivesse mesmo encontrado uma forma de combinar suaessncia da terra e vice-versa, isso significaria que, assim como Asa da Morte, o mortalcarregava tambm uma parte de Azeroth em seu esprito?

    O Aspecto azul puxou um orbe de vidncia de uma bolsa que trazia de lado. Depois dealguns instantes, a nvoa turva desvaneceu dentro do objeto e revelou a face de Narygos,

  • membro de sua revoada. Kalecgos. O outro drago curvou a cabea.O Aspecto azul respondeu ao gesto antes de falar: Houve um ser de vida breve que certa vez empunhou a Alma Dragnica contra a

    revoada dragnica vermelha, correto? O orc chamado Nekros Esmaga-crnios respondeu Narygos. Uma criatura

    absolutamente detestvel. Sim, sim. Ele mesmo. Qual foi a gravidade dos ferimentos que o artefato lhe causou? Segundo os documentos de Rhonin a respeito do assunto, baixa gravidade

    afirmou Narygos. A Alma Dragnica no afeta negativamente as raas de vida curta damesma forma que nos afeta. Na verdade, ela deveras peculiar a esse respeito.

    Obrigado, amigo. Isso tudo. Kalec devolveu o orbe bolsa.Thrall, um mortal vinculado essncia da terra, ponderou o Aspecto azul. No muito

    tempo atrs, o orc ajudara a vincular a terra a Kalec, Ysera, Nozdormu e Alexstrasza,permitindo que combinassem seus poderes a fim de repelir um ataque desferido pelos servosde Asa da Morte. Na ocasio, o xam agiu meramente como condutor para Azeroth. Agora,no entanto, ele era muito mais que isso. Ele era a resposta o fulcro por meio do qual aAlma Dragnica seria usada contra seu criador.

    Kalecgos depositou terra na mo de Thrall e observou o rosto do orc se contorcer dedor, temendo que a nica esperana dos Aspectos estivesse prestes a se perder para sempre.

    Asa da Morte agarrou o peito de Thrall com as garras em riste, rasgando outro talho na peletelrica do orc. O corpo do xam estava crivado de sulcos, mas nenhum dos ataques doinimigo fora fatal.

    O Aspecto negro almejava quebrar a vontade de Thrall, torn-lo agente de seusprprios desgnios. Essa foi a nica explicao que o orc conseguiu encontrar para o fato deque seu adversrio ainda no o destrura.

    Asa da Morte quase obteve sucesso. Encurralado na caverna, o esprito de Thralltornara-se entorpecido, alheio a Azeroth, exceto pela dor. Se passasse por situaosemelhante poucas semanas atrs, em meio s dvidas, medos e raiva que ento tiranizavamseu corao, ele teria desistido. Teria se perdido naquela priso de isolamento. Agora, elejamais tivera tanta certeza de seu propsito como xam.

    Os tits acreditavam que voc tinha fora para suportar disse Thrall. Seu poderno era nada comparado ao do Aspecto, por isso o orc utilizava as nicas armas que podia;

  • suas palavras. Eles acreditavam em voc. Foi por medo ou dvida que voc falhou e sealinhou com os mesmos seres que buscaram exterminar toda a vida de Azeroth?

    Sua lealdade mal empregada, xam. Se assim quisessem, os tits exterminariam seupovo e as outras raas menores sem pestanejar. Os Deuses Antigos sabem da futilidade dasobras titnicas. Eles juraram romper os grilhes de meu fardo. Quando esse dia chegar,expurgarei cada trao da presena e do reinado dos tits sobre este mundo. Azerothrenascer.

    Asa da Morte afundou o joelho no peito de Thrall, atirando o orc violentamente contraa parede da caverna. O xam lutava para se levantar quando ouviu uma srie de vozesreverberarem pela terra do lado de fora da cmara. Era a Harmonia Telrica: MulnTerrafria, Nobambo e Aggra.

    Os xams procuravam por ele usando os espritos dos elementais. Thrall se concentrouno prprio corpo fsico e, para sua surpresa, sentiu um punhado de terra fria umedecer suamo. O vnculo com as lguas de terra entre Hyjal e a caverna emitia sinais de vida. O orcconcentrou-se o mximo que pde para enviar mentalmente uma resposta aos elementais dolado de fora da cmara.

    Houve silncio.Thrall se preparava para enviar outra mensagem quando sentiu um surto de energia e

    seu corpo terreno comeou a se curar. Os xams tambm selavam as fendas no Hyjal,percebeu ele. Com isso, suas feridas se fechavam. O orc se levantou revigorado.

    Voc no respondeu minha pergunta disse Thrall. Seu fracasso foi causadopelo medo ou pela dvida?

    Com os olhos emitindo um brilho cor de sangue, Asa da Morte saltou e agarrou Thrallpela garganta, atirando-o no ar. O Aspecto negro estilhaou o abdome do orc com uma dasterrveis garras.

    Num sistema falho, a nica falha tapar os olhos para a verdade. Quantos infelizesvoc e os outros Aspectos enganaro com sua causa errnea de pouca importncia. Avitria sempre parece inatingvel se voc joga sua vida fora por um futuro sem esperana.

    A pele ptrea de Thrall derretia no ponto em que o Aspecto negro agarrara suagarganta. Asa da Morte apertou com mais fora, afundando os dedos no pescoo do orc. Suaconexo com Hyjal vacilou novamente.

    No rosnou o orc, lutando para se libertar das garras de Asa da Morte. Nstriunfaremos porque encaramos nossos desafios juntos. Voc fracassou porqueescolheu carregar seu fardo sozinho!

  • A terra ao redor da caverna comeou a estremecer; Thrall atribuiu a manifestao fria de Asa da Morte. Em vez de continuar com o ataque, contudo, o Aspecto negrosubitamente atirou-o de lado.

    Asa da Morte esticou os braos urrando de fria. Imensos fragmentos do sangue dosDeuses Antigos irromperam do cho da caverna e se deslocaram para um canto superior dacmara, formando uma espessa barreira da substncia cristalina. Alguns momentos sepassaram at Thrall juntar as peas e inferir a fonte dos tremores. As razes de Nordrassilavanavam na direo da cmara, escavando terra e rocha a uma velocidade incrvel.

    A Harmonia Telrica e aparentemente o Crculo Cenariano haviam-noencontrado.

    Thrall investiu adiante e agarrou o Aspecto, atirando-o no cho para interromper seufeitio. Fervilhando, Asa da Morte lutou para se levantar. Seu corpo todo pulsava, etentculos de lava saltavam das rachaduras em seu peitoral. O drago negro se preparavapara saltar na direo de Thrall quando uma das razes de Nordrassil arrebentou a parede dacaverna, fazendo cair uma chuva de estilhaos cristalinos.

    Asa da Morte ficou parado enquanto a raiz da rvore do Mundo avanava em suadireo. Por alguns instantes, ele conseguiu se proteger dos ataques desferidos pelo aretevivo da largura de um kodo. Trs outras razes vieram logo em seguida, penetrando nacaverna e enterrando o Aspecto negro no fundo da cmara.

    Uma quinta raiz invadiu lentamente o espao, enrolando-se na cintura de Thrall paratir-lo de l. Do lado de fora, a conexo do orc com seu corpo fsico se solidificou. Ele sentiaa terra como ela era, como tinha de ser, sem a influncia dos Deuses Antigos. Toda dor eagonia que experimentara, os sentimentos assoladores que preenchiam a existncia de Asada Morte, desapareceram.

    Alexstrasza encontrou o Atemporal esperando.Ele estava imvel, postado no cume da montanha. Distante dos acampamentos

    drudicos e xamnicos, a Me da Vida assumiu sua forma dragnica. Era revigorante esticaras asas novamente depois de tanto tempo em seu corpo lfico. Pousando ao lado do Aspectode escamas cor de bronze, ela contou-lhe do plano de Ysera e Kalec a respeito da AlmaDragnica e do papel que ele deveria desempenhar. A Me da Vida presumira queNozdormu a rejeitaria, e no teria questionado o porqu. O esprito dele, entretanto, foimuito mais brando do que ela esperava.

    A Alma Dragnica disse Nozdormu. Houve momentosss em que considerei

  • voltar e consertar aquele dia. Salvar a revoada de Malygosss poupar todos nsss daqueleterrvel destino. O Atemporal suspirou profundamente sem jamais desviar o olhar dohorizonte. Se o tivesse feito, eu seria exatamente igual revoada infinita e ao eu dofuturo.

    Voc seria mais diferente do que pode imaginar retorquiu Alexstrasza. Eonarme incumbiu de preservar a vida. Quando o tpico da Alma Dragnica foi abordado,perguntei a mim mesma como poderia cumprir minhas obrigaes e, ao mesmo tempo,trazer a arma mais destrutiva j forjada existncia.

    Ainda assim voc pretende traz-la observou Nozdormu. Sim. Pois para proteger a vida, s vezes temos que destruir aquilo que a ameaaA Me da Vida refletira longamente acerca da Alma Dragnica e do sofrimento

    inconcebvel que o artefato causara no s a si e sua revoada, mas tambm a outros seresvivos ao longo da histria. Por fim, ela chegou a uma difcil concluso: nenhum custo eragrande demais para proteger o mundo.

    No posso for-lo a fazer algo que considera errado disse Alexstrasza , maspergunte-se se AmanThul concedeu a voc domnio sobre o tempo apenas para que pudesseassistir morte deste mundo.

    O futuro habitado pela revoada dragnica, se eu pudesse viajar at l interrompeu Nozdormu. Medo e apreenso emanavam do Atemporal. A Me da Vida sentiaque algo no apocalipse alm do estado das linhas temporais perturbava o Aspecto brnzeo. Oque ela pedia a Nozdormu era demais; se ele no desejasse exprimir suas preocupaes, eraescolha dele.

    Alexstrasza virou a cabea na direo de Nozdormu e disse suavemente: A cada um de vocs dada uma ddiva A todosss vocsss dada uma tarefa. O Atemporal completou as antigas palavras

    sem hesitar. A ltima ordem dada pelos tits aos Aspectos; uma lembrana de que, mesmosendo nicos, seus poderes e sabedoria jamais deveriam se separar. Eles eram um s.

    O tempo seu fardo como a vida o meu, mas qual nosso dever? disseAlexstrasza.

    Proteger esse mundo a qualquer custo. Evitar a Hora do Crepsculo murmurouNozdormu.

    O Atemporal permaneceu quieto depois. A Me da Vida acompanhou seu olhar at ocu com o corao tomado pelo pesar.

    Algum de seus outros agentes retornou?

  • No. Nenhum retornar. Mas eu ainda espero. Certa vez fiquei perdido no tempoat que Thrall me ajudou. Agora estou perdido fora dele. Para a surpresa de Alexstrasza oAspecto bronze riu baixo, com dor e gracejo.

    O Atemporal finalmente afastou os olhos do horizonte e fitou Alexstrasza: Por muito tempo fui rgido em minhasss posturasss. O que diz verdade. O tempo

    de esperar acabou

    Os quatro Aspectos Dragnicos e Thrall se reuniram no refgio drudico aos ps deNordrassil. Uma representao etrea da Alma Dragnica pairava entre eles. Estar l causavacalafrios em Alexstrasza. De certa forma, lembrava-a da cerimnia conduzida milhares deanos atrs para imbuir o artefato com poder.

    Apesar de ser apenas uma cpia arcana evocada por Kalecgos, a arma continha poder.Banhados pela plida luz violeta emitida pela imagem da Alma Dragnica, os Aspectosnotaram que suas sombras alternavam entre as atuais formas mortais e seus verdadeiroscorpos dragnicos.

    Se quisermos obter a Alma Dragnica, devemosss primeiro viajar ao futuro queprevi; o fim do tempo declarou Nozdormu. Destruindo a revoada dragnica infinita eseu lder, deflagrador do apocalipse, as linhasss do tempo sero reabertasss, e nssspoderemosss voltar ao passado para recuperar a Alma Dragnica.

    Como a histria pode reagir se o artefato for arrancado subitamente das linhastemporais? indagou Thrall. O orc estivera em absoluto silncio entre os Aspectos. Ele jfizera muito para ajud-los. A Me da Vida queria dar-lhe paz, mas precisava que elearriscasse sua vida mais uma vez pela segurana de Azeroth.

    O tempo no to linear quanto se pode pensar. Minha revoada interromper ofluxo do tempo para deter o impacto que causarmos no passado. Contudo, no podemosssmanter a integridade do tempo para sempre. Quando nossa tarefa estiver concluda,devolveremos a Alma Dragnica ao seu devido lugar

    A respeito de seu devido lugar disse Kalecgos , h muitos pontos no tempo emque poderemos obter o artefato. Suas propriedades, entretanto, foram alteradas no curso dahistria. Para nosso plano ser bem-sucedido, devemos usar a arma em sua forma mais pura.Quando Nozdormu tiver aberto as linhas temporais, recuperaremos a Alma Dragnica dapoca em que foi criada, a Guerra dos Antigos.

    Isso nos leva a quem o far disse Alexstrasza, acenando em seguida na direo deThrall.

  • Meu amigo. Kalecgos pousou uma das mos sobre o ombro de Thrall. Pelo quedescobri, o artefato foi construdo de forma tal que drages que a empunhem so devastadospor suas energias. Ela nos preenche com uma dor enlouquecedora. Mas seres de vida breve,devido sua prpria natureza, podem manej-la sem correr riscos fsicos.

    H um grande risco no que pedimos a voc, Thrall. A voz melodiosa de Yserapercorreu toda a sala. Quando a Alma Dragnica for trazida ao presente, voc devertransport-la para o Templo do Repouso das Serpes. um lugar de grande poder conectado Cmara dos Aspectos, onde o artefato foi originalmente imbudo. A Alma Dragnica jconter poder, mas ns infundiremos nossas essncias outra vez, tornando-a mais poderosado que nunca e potencialmente mais instvel. Lembrem-se de que, se descobrir nossasintenes, Asa da Morte e seus lacaios certamente convergiro no templo para embosc-los aqualquer custo.

    No minha inteno questionar sua sabedoria disse humildemente Thrall ,mas outras raas de Azeroth tambm sofreram sob a fria de Asa da Morte. Ns poderamosreunir um exrcito de mortais como jamais se viu para dar fim ao Aspecto negro. No seriaum curso de ao mais simples?

    Mesmo que todos os mortais vivos enfrentassem Asa da Morte, de nada adiantaria disse Alexstrasza. Ele foi corrompido pelas energias sombrias dos Deuses Antigos.Ataques fsicos, imensos como forem, no podem destru-lo. Ele deve ser desfeito. Suaessncia deve ser extinta, e s a Alma Dragnica tem poder para tanto.

    Desde que voc esteja conosco acrescentou Kalec. O artefato foi imbudo comas essncias dos quatro Aspectos, mas Asa da Morte jamais depositou a sua prpria. Sequisermos usar a arma para derrot-lo, devemos infundir nela o poder do Guardio daTerra. Voc, Thrall, possui uma parte, ainda que pequena, daquilo que precisamos; aessncia de Azeroth.

    impossvel para ns usar a Alma Dragnica sozinhos disse Alexstrasza a Thrall. S voc pode se assim escolher. Isso mais do que desejei pedir a voc, especialmentedepois de voc j ter arriscado a vida para nos salvar.

    Estou honrado por terem buscado meu auxlio disse Thrall. Tenho apenas umaobservao. As raas de vida curta subjugaram Ragnaros, o Lich Rei antes dele, e incontveisameaas. Por diversas vezes fomos fundamentais para a proteo de Azeroth. Somos toresponsveis pelo mundo quanto vocs. Com o devido respeito, creio que esse plano, pormais nobre que seja, s pode obter sucesso com ajuda dos mortais.

    No havia dvida de que Thrall estava certo. Alexstrasza esperava no ter que arrastar

  • ainda mais mortais para a perigosa empreitada: Se estiverem dispostos, eles sero bem-vindos. H sempre algum disposto sorriu o orc. Eu farei a convocao.Depois da partida de Thrall, os Aspectos permaneceram em silncio. H algo que me perturba disse Kalec. Se impedir a Hora do Crepsculo nosso

    propsito, se foi para isso que os tits nos criaram, o que acontecer conosco quando otivermos feito?

    Um vento frio soprou no refgio Cenariano como que para pontuar as palavras deKalec. Os Aspectos estremeceram, entreolhando-se de soslaio. Todos haviam ponderadosobre o inquietante mistrio.

    Sim Se cumprirmos nossa misso, de que serviremos depoisss? murmurouNozdormu. Com as linhas temporais maculadas, nem mesmo eu posso ver o que o futuroreserva para nsss

    Nossas aes resultaro em perda ou realizao divertiu-se Ysera. Os tits claramente tinham um plano para ns argumentou Kalec. Magia,

    tempo, vida, natureza isso sempre existir. questo de lgica que tenhamos de proteg-los por toda eternidade.

    Alexstrasza observava enquanto Ysera, Kalec e Nozdormu deflagravam uma discusso,exprimindo suas esperanas e preocupaes. O caminho adiante era claro, mas, alm daHora do Crepsculo, estava envolto na nvoa da incerteza. A Me da Vida mantinha seusmedos muito bem guardados dentro de si. Ela era a Rainha dos Drages; se em algummomento seus companheiros precisariam dela, esse momento era agora.

    Nenhum de ns sabe com certeza disse Alexstrasza, atraindo a ateno de todos. Se soubssemos, faria diferena? Foi por essa razo que os tits nos incumbiram. Asmaravilhosas ddivas que nos concederam devem ser usadas agora.

    A Me da Vida tomou as mos dos dois Aspectos mais prximos, Ysera e Kalecgos;ambos tomaram as de Nozdormu. Suas magias se entremearam, fluindo atravs dos drages.As energias acalentadoras acalmaram seus nervos e os preencheram com uma determinaoinabalvel.

    Mergulharemos no desconhecido como um s disse Alexstrasza. Como deveser.

  • Parte I

  • 1REPOUSO DAS SERPES

    A sombra indefinida sobrevoou a imensa estrutura, circulando para aterrissar. Embora jtivesse ido ali antes, a amplido e antiguidade do templo de pedra e seu entorno ainda odeixavam atnito. O templo se elevava em vrios nveis, cada um construdo para uma raaclaramente mais alta que humanos e orcs. A fileira de colunas entalhadas que delineava oexterior desde a base circular at o topo erguia-se como um exrcito de sentinelas, vigiando adesolao glida dos Ermos Dragnicos. Longas arestas de gelo cobriam o antigo edifcio eenormes rachaduras percorriam muitas colunas e arcos, mas apesar da devastao do tempoe dos inmeros conflitos que ali ocorreram, o Repouso das Serpes permanecia desafiador eeterno.

    Para ele, era um contraste bem-vindo s transformaes terrveis e aparentementeinterminveis que atormentavam o mundo de Azeroth.

    Os outros j deviam ter chegado. Ele observou os santurios distantes de cada uma dasgrandes revoadas bronze, esmeralda, lazli, rubi e obsidiana que cercavam o Repousodas Serpes. No tinham propsito, agora que as revoadas tinham sido derrotadas ou mortas.Mesmo que o Repouso das Serpes resistisse por mais dez milnios, talvez j no fosse nadaalm da relquia de tempo e esperana perdidos.

    O grande drago azul suspirou e iniciou a descida. Enquanto o fazia, seu olhar seafastou do templo e dos santurios em direo ao norte, onde montes perturbadorespontilhavam a paisagem glacial. Ele desviou os olhos rapidamente. Cada monte era o cadver

  • congelado de um drago; alguns montes datavam de milhares de anos. Os Ermos Dragnicoseram o cemitrio de centenas de sua espcie, de todas as cores. Era um lembrete sombrio deque mesmo as criaturas mais poderosas no eram invulnerveis.

    O leviat alado concentrou-se novamente no seu destino. O Repouso das Serpescresceu sua frente. Ao se aproximar de uma das entradas na base do templo, o dragoparecia minsculo. Ele pousou e, com uma ltima olhadela ao redor, entrou.

    O interior apenas aumentava a sensao de grandeza; a primeira cmara tinha o triploda altura do drago. Tochas ainda acesas depois de milnios forneciam uma iluminaofraca. Entalhes antigos pairavam sobre ele, figuras indistintas se assemelhavam a humanos ouelfos. Se foram feitos para representar os tits, seres divinos que trouxeram ordem ao caos eremodelaram Azeroth sua forma atual, ou se foram entalhados com outra inteno, odrago no sabia. Esse lugar havia sido construdo muito antes de seu tempo. Na verdade,muito antes do tempo dos drages.

    Ningum sabia o motivo para sua construo, mas h tempos se tornara o ponto deencontro dos maiorais de sua espcie, os Aspectos guardies no somente dos drages,mas de toda Azeroth. Aqui, durante milnios, os cinco campees se reuniram paracoordenar as aes das revoadas. Aqui, durante a Guerra do Nexus na qual o Aspecto daMagia liderou a revoada dragnica azul numa tentativa de expurgar Azeroth de todos osfeiticeiros mortais que no se renderam ao seu controle absoluto, os lderes das trs outrasrevoadas criaram a Aliana do Repouso das Serpes, um encontro anual para discutir o cursode aes a serem tomadas em relao ao precrio futuro do mundo. Aqui, aps a Guerra dosAntigos quando demnios invadiram Azeroth e a antiga Kalimdor fora despedaada,quatro deles, inclusive Malygos, vieram determinar o prximo passo para contra-atacar atraio de um dos seus. A ltima tarefa tornara-se a mais importante, mas mesmo aquelalonga luta enfraquecia em face do objetivo principal desde o incio: prevenir a Hora doCrepsculo, quando toda a vida em Azeroth seria extinta.

    Aquela vitria extraordinria fora finalmente alcanada... a um custo muito alto para osAspectos. Agora, aqui, pela primeira vez desde que esta antiga construo fora escolhidacomo seu ponto de encontro, os quatro ex-Aspectos restantes vieram no como campees domundo, mas como eles prprios.

    O drago desceu num desfiladeiro talhado no gelo, chegando na parte mais baixa esemienterrada do templo. Procurou escutar com ateno, mas no ouviu vozes. No final dascontas, era possvel que tivesse chegado antes dos outros. Considerou sair do templo eprocurar um local por perto para esperar at que algum aparecesse porque mesmo depois

  • de tranquilizado pelos outros, ele ainda sentia que, sendo o drago mais novo, no deveriaser o primeiro em nenhuma circunstncia. Mas, finalmente, seguiu em frente.

    Quando o leviat escamoso chegou ao nvel inferior, ouviu um dos outros. Nozdormu.O drago bronze continuava o mais pontual, mesmo agora...

    O drago azul no conseguia entender o que o outro macho dizia. No entanto, aresposta soou clara.

    Devemos esperar at estarmos todos aqui respondeu uma voz feminina suave,mas imponente. Kalecgos merece tanto respeito quanto qualquer um de ns.

    Ao ouvir seu nome, ele entrou rapidamente. Alm de no ser o primeiro a chegar,mantivera os outros esperando.

    Estou aqui! gritou o drago azul. Ele entrou numa cmara circular e ampla, cujocentro continha uma plataforma de mrmore cercada de colunas gigantescas.

    Nozdormu voltou o olhar perspicaz para o recm-chegado; o imenso drago de bronzeera flanqueado por duas fmeas em igualdade de tamanho e majestade. O longo e esguiodrago verde direita encarava o drago azul com olhos cor de arco-ris; Ysera do Sonhar,que sempre vivera com os olhos fechados durante milnios, agora sequer se permitia piscar.Ela acenou para Kalecgos, mas nada disse.

    esquerda de Nozdormu, uma majestosa fmea carmesim deu alguns passos emdireo ao drago azul. Seu tamanho superava os trs, mas havia uma suavidade nela quedesmentia a aparncia temvel. Uma longa crista descia pelas costas at a cauda, e o dragoazul sabia que se ela esticasse as asas, a extenso seria o suficiente para ocultar os doiscompanheiros.

    Trs outros drages um pouco menores curvaram-se sua chegada. Cada um postava-se na plataforma exatamente atrs do ex-Aspecto de mesma cor. Eles eram os mais confiveise testados em batalha entre aqueles que serviram os campees. Kalecgos conhecia cada umdeles muito bem, desde a veloz e disposta Chronormu ou Crona, como era chamada pelosamigos corajosa Merithra, filha de Ysera. No entanto, era provvel que fosse maisfamiliar com o carmesim Afrasastrasz, outrora comandante na defesa do Repouso das Serpesdurante a luta contra o Martelo do Crepsculo, o culto fantico que tentara acelerar o fim deAzeroth.

    O trio permanecia quieto, mais para trs. Eles estavam ali para ouvir. Sua presena o fezlembrar mais uma vez de que ele tambm deveria estar acompanhado.

    O nico problema era que no havia sobrado mais ningum no Nexus para fazer isso. No precisa ter medo, Kalecgos respondeu o drago vermelho lder sua

  • exploso, com voz calma e meldica. Sabamos que voc chegaria em breve. Nozdormuapenas expressou preocupao por voc, no foi, Nozdormu?

    Como quissser respondeu o drago bronze de modo vago. Sua voz evidenciavaidade e sabedoria, embora, como os outros, ele parecesse estar na plenitude da vida.

    Voc muito gentil. O drago azul curvou a cabea longa em direo aos dragesmais antigos e disse para a fmea carmesim: Kalec, se no se importar, Alexstrasza.

    Nozdormu bufou, mas Alexstrasza concordou. Kalec. Perdoe-me por esquecer seu... como que as raas mais jovens chamam?

    Apelido. Achava que voc somente gostasse de us-lo quando em forma humanoide. Recentemente, comecei a preferi-lo sempre. Kalec no se deteve na explicao. Talvez todos devssemos ter apelidos interrompeu Ysera, sem nenhum sinal de

    sarcasmo. Afinal, o mundo deles agora. Na verdade, acho que passo mais tempo emforma humanoide que na forma em que nasci, nos ltimos tempos. Talvez esta seja a melhore mais rpida maneira de encerrar a nossa era...

    As palavras francas silenciaram os outros trs. Aps um momento de bvio desconforto,Alexstrasza caminhou para o centro do estrado. Os outros a seguiram, Nozdormu para ocanto sul, Ysera para o leste e Kalec para o norte. O oeste lugar de Neltharion permanecera vazio desde sua traio.

    O drago vermelho observou os outros por um momento e ento declarou: Iniciemos o encontro da Aliana!Outrora, o pronunciamento seria acompanhado por algum espetculo de mgica, mas

    tais demonstraes pertenciam ao passado. Os quatros drages continuavam temveis, masno eram mais guardies de Azeroth. Eles sacrificaram suas funes de Aspectos paraderrotar de uma vez por todas o monstruoso drago negro Asa da Morte. Asa da Morte foraum de seus companheiros, Neltharion, mas em sua loucura maligna quase conseguira causara Hora do Crepsculo.

    Havia sido um sacrifcio digno, mas Kalec sabia que em sua trajetria deixara os quatrodrages mudados.

    Kalec estudou os trs ancies com discrio. Ele recebera a funo de Aspecto da Magiah pouco tempo, aceitando-a com a mesma relutncia que a autoridade sobre a revoadadragnica azul aps a queda de seu predecessor, Malygos. Malygos, tambm conhecidocomo o Tecelo de Feitios, se cansara do que considerava um mau uso da magia arcana porraas inferiores e, afinal, declarara que tal poder deveria ser confiado somente aos drages eseus aliados. A Guerra do Nexus devastara Azeroth e s terminara quando, com a ajuda de

  • Alexstrasza e seus drages, os heris entraram no corao do seu domnio o prprioNexus e dado um fim a Malygos e sua cruzada monstruosa. Procurando um novo lder, osdrages azuis voltaram-se para o membro da revoada que, ao longo dos eventos, provara sero mais confivel para lider-los: Kalec.

    O drago azul aguardou, mas ningum disse nada. At mesmo Alexstrasza parecia noter interesse em continuar o encontro depois do anncio inicial. A Me da Vida pareciaesperar que outro assumisse o controle, mas nem Ysera nem Nozdormu demonstraram amenor inclinao em faz-lo.

    Mas outros, sim.Ainda mais impaciente que Kalec, Crona quebrou o silncio. Se me permitirem, h um motivo para preocupao. As linhas do tempo parecem

    estar em confluncia! Pode ter algo a ver com o roubo da Alma Dragnica...Nozdormu a interrompeu. As linhas do tempo no so mais preocupao nossa! Control-las est alm das

    minhas habilidades. Daqui em diante, as raas mais jovens trataro delas e de quaisquercaminhos para o futuro que indiquem.

    Era bvio que Chronormu tinha mais a dizer, mas s assentiu com a cabea em vezdisso. Ento, a filha de Ysera se atreveu a falar.

    Talvez eu tambm esteja falando fora de hora, mas h rumores que o Pesadelo estse agitando na Fissura de Aln. Deve estar procurando outro Senhor do Pesadelo para ajud-lo novamente a sair do Sonho Esmeralda para o mundo desperto...

    Ns j discutimos isso repreendeu Ysera. A expresso do ex-Aspecto mudou porum instante. Acho que... sim! Falamos sim! A fissura e a corrupo que ainda assolam oSonho Esmeralda sero tratadas pelos druidas... sim, os druidas! O elfo noturno Naralex jliderou foras que lacraram o Pesadelo. Os druidas guardaro o mundo contra ele melhor doque podemos fazer agora.

    O discurso fora muito mais centrado que aquele que Kalec ouvira de Ysera logo aps aperda dos poderes e funo de Aspecto do drago verde. Naquela poca, Ysera pareceradistrada e incapaz de articular os pensamentos muito bem. Desde ento, sua mente fizeragrandes progressos para recuperar muito do que perdera.

    Meritha perdeu o mpeto. Como quiser, me.Mais uma vez, um silncio desconfortvel reinou na assembleia. Afrasastrasz, mais

    sbio que os outros dois drages subordinados, parecia relutante em dar sua opinio. De

  • repente, Kalec sentiu uma profunda conscincia da falta de algum ao seu lado.Foi como se o tempo parasse. Ningum se movia. Finalmente, sabendo que a juventude

    o deixava impaciente demais, ele deixou escapar: Eu gostaria de falar!Com o mnimo de curiosidade visvel, os outros leviats olharam para ele.Um sentimento de intimidao apossou-se dele, mas o drago azul rapidamente o

    reconheceu como sua prpria insegurana e no desdm da parte deles. Sua vida, por maistrgica que tivesse sido, no era nada em comparao ao sofrimento combinado desses seresvenerveis. Ter sido considerado um igual por certo tempo ainda o assombrava.

    Bem? respondeu Ysera, finalmente. Se deseja falar, ento fale. simples.Kalec ficou um pouco surpreendido com sua maneira direta. Ysera fora a Sonhadora.

    Agora ela no via nada alm de desperdcio em sonhar ou em hesitar. O contedo do Nexus... sobre isso? Ela ficou ainda menos interessada que antes. As preocupaes de

    cada revoada s dizem respeito a elas. Voc sabe disso. A sua questo nos diz respeito dealguma maneira?

    No diretamente... No diretamente. Ento no diz, o que significa que a discusso acabou. Na

    verdade, no parece haver nenhuma discusso relevante at agora. Voltando-se paraAlexstrasza, ela resmungou:

    Eu falei, no falei? Certamente me recordo de querer falar! Sim... Falei sim! Eu faleique achava um erro nos reunirmos aqui, minha irm...

    Ns sempre nos reunimos nesse ciclo das luas gmeas. Seria desrespeitoso no faz-lo.

    Nozdormu bufou novamente. Desrespeitoso com quem? Eluna? A Me Lua tem os elfos noturnos para ador-la.

    Desrespeitoso com os tits ou seus servos, os defensores? Ns nem sabemos se os tits aindaexistem! Certamente no desrespeito conosco. Eu concordo com Ysera. Foi um erro. Noh mais justificativa para a Aliana. Se esse encontro ainda tiver algum propsito, que sejaterminar com a Aliana para que cada um de ns prossiga sua vida com os prpriosproblemas.

    Kalec ficou chocado com o curso inesperado da breve conversa. Ele esperou ofegantepara que Alexstrasza acalmasse os outros dois, mas a Me da Vida parecia refletir sobre asugesto de Nozdormu como se tivesse grande mrito.

  • O drago azul abandonou sua posio e moveu-se para o centro, em frente aAlexstrasza, encarando o drago bronze.

    Mas a Aliana no apenas sobre ns! Ela se tornou a espinha dorsal de todainterao dragnica durante milnios! A Aliana manteve a ordem entre as revoadas,preveniu a catstrofe de uma vez! Sabamos que enquanto estivssemos unidos, semprehaveria esperana...

    Unidos interrompeu Ysera. Sim, estivemos unidos durante milnios, no mesmo? Neltharion... Malygos... Ela parecia querer continuar, mas deu um olhar dedesculpas para Nozdormu e se calou.

    No me deixe de fora acrescentou o drago bronze, lugubremente. Chame-ode Murozond, senhor das revoadas infinitas, se preferir, mas aquele drago amaldioado erameu ser futuro distante e sou to culpado pelo mal que ele causou quanto Neltharion peloque fez com o Asa da Morte...

    Alexstrasza interps-se no centro deles novamente. No, Nozdormu! Ningum aqui o culpa pelo que voc no fez! Voc lutou ao lado

    dos outros contra Murozond e alterou aquele futuro para sempre! Se houve a mais remotaculpa de sua parte, ela foi apagada com o fim de Murozond!

    Kalec e Ysera abaixaram a cabea em concordncia. A cauda do bronze balanou parafrente e para trs lentamente, um sinal de gratido por tais palavras. Ento, seu humorvoltou a ficar sombrio.

    Sim... Eu lutei contra meu ser futuro... quando tinha o poder para lutar. Agora, eu ns somos iguais a qualquer outro drago. A era dos Aspectos acabou e digo que a daAliana do Repouso das Serpes tambm.

    Mais uma vez, Kalec no percebeu nenhuma divergncia entre as irms. Mas vocs trs so a sabedoria reunida de nossa espcie! Os Aspectos sempre...Ysera empurrou o focinho na sua cara. Ns... no somos... Aspectos. Mas vocs trs ainda so... Ns entendemos sua preocupao, Kalec disse Alexstrasza com tanta pena que ele

    estremeceu. Mas a nossa era terminou e Azeroth deve procurar outros defensores.Quando ela terminou de falar, Nozdormu passou por eles em direo a uma das sadas.

    Ysera o seguiu.O drago azul no conseguia acreditar no que via. Aonde vocs esto indo?

  • O leviat bronze olhou por cima do ombro. Para casa. Terminamos por aqui. No deveramos nem ter nos reunido hoje. Ele est certo sobre o ltimo ponto concordou a Me da Vida, relutantemente. E

    foi s ento que Kalec percebeu que estivera pensando neles em termos de ttulos que elesmesmos j no reconheciam. Agora, eles eram, em sua prpria viso, apenas mais trsdrages entre muitos.

    Alexstrasza! Voc pelo menos...Foi como se sua me olhasse para ele. A pena foi substituda por cuidado. Azeroth sobreviver sem ns. Voc que foi obrigado a aceitar isso tudo to

    recentemente voc sobreviver sem ns. Ela olhou para o drago bronze. Nozdormu! Um momento! Nos encontraremos mais uma vez, dentro de um ms! Se iremosdispersar a Aliana, devemos faz-lo com o respeito devido!

    Ele parou e ento olhou para trs. Voc est certa. Realmente isso merece um enterro apropriado. De acordo. Nos

    encontraremos daqui a um ms.A gigantesca dragonesa vermelha voltou-se para sua irm. Ysera? De acordo. Faz sentido.Alexstrasza encarou Kalec. Chocado demais para falar, ele balanou a cabea com

    veemncia. Trs a um. murmurou a fmea vermelha. Est decidido.Nozdormu nem esperara pela declarao; ele e seu tenente j seguiam em frente, com

    Ysera e sua filha logo atrs.Alexstrasza observou-os por um momento, e ento, com uma graa inacreditvel para

    um drago, seguiu os dois. Afrasastrasz hesitou apenas o instante necessrio para dar aodrago azul uma expresso de simpatia antes de segui-la.

    Kalec no tinha escolha a no ser ir embora tambm ou ficar sozinho no templo. Apesarda juventude e rapidez, ao chegar l fora, os outros j estavam se separando.

    Por favor, reconsiderem! gritou ele, com a splica ecoando pelos ermos. Suamente estava confusa. Ele viera aqui com problemas que esperava discutir com um ou maisdos ancies, e em vez disso, teve que tentar desesperadamente manter a Aliana unida.

    Nozdormu estendeu as asas em toda extenso e alou voo sem sequer olhar para odrago mais jovem. Ele j era um pequeno ponto distante quando Ysera decidiu falar pelaltima vez.

  • Na verdade, ns consideramos... sim... sim, consideramos isso... durante esse tempotodo. Apenas precisvamos que um de ns mencionasse o assunto. O leviat esmeraldasaltou aos ares. Foi apenas um acaso que acontecesse aqui, logo aps voc chegar. Eu peodesculpas por isso, jovem Kalec.

    Ento, restaram apenas ele e Alexstrasza. Adeus, Kalec. Sinto muito que voc tenha viajado at aqui por alguns momentos

    sem importncia... E para ser confrontado com uma reviravolta que certamente no esperavanem merecia.

    Dessa maneira, a grande vermelha levantou voo, deixando o drago azul emudecido aobservar os trs desaparecerem entre as nuvens negras que envolviam no somente os ermos,mas a maior parte do desolado continente de Nortndria.

    O que aconteceu aqui?, perguntou-se o drago azul diversas vezes. O que acabou deacontecer aqui?

    Por um breve momento, Kalec achou que as coisas estivessem melhorando depois deter concordado em ficar em Dalaran e, como sugerira o mago Hadggar, juntar-se aos KirinTor. Mas logo vira a desconfiana nos olhos dos outros magos. Ele era um drago azul; eratudo o que importava para eles. No final, se desculpou com Jaina, citando a necessidade decontrolar os feitios defensivos esfacelados do Nexus e de coletar sua poderosa e substancialcoleo de artefatos.

    Ele ansiara por esse encontro, esperando por encorajamento em vrias reas. Suarevoada quase desmoronara. Com o fiasco do roubo da ris Focalizadora, sentira que falharaem todos os aspectos como lder e que provocara o xodo em massa dos outros drages azuis.O Nexus tornara-se um lugar desolado e, s vezes, Kalec sentia-se sem vontade de lutar deverdade contra as desistncias.

    E agora, aqueles a quem ele procurara desesperadamente por ajuda haviam partido domundo tambm.

    A ironia era que apesar de querer vir aqui, Kalec pensara em no fazer a viagem. Estavaenvergonhado de seu fracasso em recuperar a ris Focalizadora e dos eventos terrveis queaconteceram por causa disso, especialmente a destruio do reino de Jaina, Theramore. Odrago azul no queria admitir tais humilhaes queles que o consideravam um igualapesar da diferena de idade e experincia. Mas, finalmente, ele escolhera vir... e participardesse novo fiasco.

    Um calafrio subiu por suas costas e no tinha nada a ver com os elementos. O dragoazul olhou novamente o Templo do Repouso das Serpes, um local lendrio para ele. Agora,

  • suspeitava estar olhando-o seno pela ltima vez, provavelmente a penltima. Sem aAliana, s havia uma razo para voltar a essa terra implacvel... para morrer.

    Mesmo com todo o sofrimento, Kalec ainda no estava pronto para a morte. Suajuventude pode ter sido um fator crucial em seus fracassos, mas tambm o impulsionava,embora no tivesse ideia do que fazer a seguir.

    O vento aumentou, soprando pelo templo e criando um uivo surreal que finalmenteprovocou a partida do drago azul. Com uma batida de asas, ele se alou aos cus. Uma vezno ar, a vontade de estar longe do Repouso das Serpes cresceu. Kalec se firmou na direo decasa e aumentou a velocidade.

    Mas, ao deixar o Repouso das Serpes, algo perturbou seus sentidos. Embora no fossemais um Aspecto, Kalec ainda era um drago azul e, sendo assim, mais sintonizado com amagia arcana em todas as formas. O sinal era to peculiar que, apesar do seu humor, eleprocurou a fonte.

    primeira vista, a paisagem abaixo no dava nenhuma pista de sua procedncia.Concentrando-se, Kalec conseguiu mapear melhor a rea. Com o fiasco no templo esquecidotemporariamente, o drago azul desceu para dar uma olhada mais de perto.

    O caminho o levou em direo aos restos de vrios drages. Mesmo preservados peloconstante clima frio, o vento e outros elementos por fim consumiriam todos os traosreconhecveis dos mortos. Algum dia, at aqueles j reduzidos a ossos no seriam maisreconhecidos pelas bestas orgulhosas e gigantescas que foram. Depois do que acontecera notemplo, a decadncia daquela cena o incomodou novamente, mas ele continuou a descer,apreensivo.

    Ento, afinal, ele sentiu o local exato de onde as emanaes mgicas se originavam.Kalec se desviou naquela direo e parou no ar, subitamente. Ficou to atordoado peloque viu que teve que se esforar para no esquecer de continuar batendo as asas.

    Talvez fosse o tamanho gigantesco que permitira ao esqueleto permanecer quase intactodepois de tanto tempo. Ainda assim, quase to impressionante quanto sua dimenso incrvelera o ngulo em que estava. A maioria dos outros restos congelados espalhavam-se pelaregio vasta e isolada como se os drages tivessem ido dormir. Na verdade, eles haviam feitoexatamente isso, pousando com a ajuda e conforto de outros de sua espcie e respirando pelaltima vez sem muito sofrimento.

    Mas no aquela criatura colossal. Aquele leviat morrera com violncia.E, no processo sangrento, muitos e muitos outros tambm.O focinho partido revelava parte de uma mandbula enorme que poderia engolir Kalec.

  • O maxilar inferior no estava em lugar nenhum por perto. Parte do pescoo estava torcida deuma maneira to estranha que revelava o quo devastadora fora a coliso com o cho. Otronco tambm fora violentamente torcido, com a espinha arqueada em um nguloinacreditvel. As costelas semienterradas formavam um tnel largo que rivalizava em alturacom as cmaras do templo.

    Dentro daquela passagem macabra, Kalec localizou o ponto das emanaes misteriosas.O drago estremeceu, com medo. Ento, o leviat azul se fortaleceu e mergulhou entre osgigantescos ossos gelados.

    Mergulhou entre os ossos do Pai dos Drages... Galakrond.

  • 2ENTRE OS MORTOS

    Kalec aterrissou dentro das costelas com certa trepidao. Sabia ser apenas imaginao, mastinha a sensao de que os ossos poderiam pular e que Galakrond iria erguer-se para engoli-lo. O uivo do vento atravs dos ossos dava um toque sobrenatural, como se os espritos detodos os drages mortos ali tentassem alert-lo sobre sua insensatez.

    Mas o drago azul continuava determinado pela curiosidade. Alm disso, no tinhapara onde voltar agora, exceto para mais problemas.

    O cadver de Galakrond afundara tanto no solo spero que Kalec teve que se agacharquando se aproximou do local que buscava. Aquilo adicionava um toque claustrofbico auma situao j difcil, mas Kalec no se intimidou. Nunca sentira um sinal mgico to fortee achava muito curioso que isso se desse prximo de um lugar que j visitara tantas vezes.

    A princpio, pensou que talvez algum houvesse lanado a mgica recentemente; afinal,os servos putrefatos do Flagelo morto-vivo passaram muito tempo escavando o esqueleto: seulder tinha esperanas de animar os ossos e criar uma monstruosa serpe de gelo. No entanto,foram afugentados antes que pudessem cavar fundo demais e, pelo que Kalec sentira, o queprocurava estava enterrado muito mais profundamente. Pensando nisso, o drago azulpercebeu que o que quer que fosse que o trouxera ali permanecera imperturbado porbastante tempo talvez desde o tempo em que os restos tinham cado ali.

    O drago se concentrou e expirou. Uma esfera roxa se formou no ar e dirigiu-sesuavemente para o local. Ao tocar o solo, uma leve nvoa subiu. Sob a orientao de Kalec, o

  • globo mgico derreteu milhares de anos de gelo e se enterrou lentamente no cho abaixo.Mas, pouco depois de atravessar a superfcie, a esfera se desvaneceu. Apesar de todos os

    esforos do drago azul para manter a mgica intacta, o globo finalmente dissipou-se aindalonge de seu alvo.

    Olhando com frustrao o buraco oco, o drago esticou as patas da frente. Faixasarcanas de energia jorraram sobre o orifcio, raspando a superfcie. Como guiadas por mosinvisveis, as faixas continuaram a raspar o local enquanto Kalec observava. Os olhos dodrago azul finalmente se estreitaram de satisfao quando o buraco cresceu.

    Imagens passaram pela sua mente.Um protodraco amarelado discutindo com outro laranja.Um protodraco cinzento rindo austeramente.Uma figura de manto e capuz um humanoide com apenas um brao visvel.Um protodraco branco gritando e ressecando at se transformar em um esqueleto.Outro drago, com traos esmaecidos de verde, voando em direo a Kalec. A pele seca

    pendurava-se debilmente no osso apodrecido e os olhos da criatura eram de um branco opacoe sem vida... E, ainda assim, ele continuava em frente, pronto para atacar.

    Com um rugido, Kalec cambaleou para trs. Caiu dentro da caixa torcica que, mantidano lugar por inmeras camadas de gelo, no somente suportou o peso do drago azul comoo deixou atordoado pela coliso.

    O que O que acabou de acontecer? Kalec balanou a cabea e olhou o buraco. Emalgum momento, o segundo feitio tambm se desvanecera, mas ele s se importava com asvises agora. Elas foram to vvidas que o drago azul sentiu como se estivesse lparticipando daquelas breves cenas. Mas nenhuma das imagens fazia sentido, especialmenteas duas ltimas, absurdamente nefastas.

    Balanando a cabea novamente, o drago azul investigou o buraco. Ele conseguiasentir a fonte das emanaes muito prxima. Precisava cavar s um pouco mais fundo.

    Em vez de arriscar um terceiro feitio, Kalec se debruou e comeou a tirar sujeira egelo com as garras. Cavar ainda demandava bastante esforo, mas ele fez um progressorespeitvel. As emanaes aumentaram, mas nenhuma viso o atacou.

    Uma suave aura cor de lavanda subiu do buraco. O drago azul hesitou. Quando nadamais aconteceu, cavou com cuidado ao redor.

    A princpio, foi recompensado com mais sujeira, mas ao voltar a ateno para o centro,suas garras finalmente tocaram em algo mais que terra.

    Com um toque delicado para sua forma reptiliana, o drago pegou um pequeno objeto

  • octogonal feito de um metal que no conseguia identificar. Lembrava ouro, mas se seguradode maneira diferente, parecia ferro. Inclinado em outra direo, assumia o brilho branco doraro paldio.

    E, durante todo o tempo, a aura lavanda o cercava... apesar de tambm parecerseparada do objeto, como nuvens sobre um mundo minsculo e de formato estranho.

    Fascinado, o drago azul procurou sondar o artefato misterioso. Ao tentar, a auradesvaneceu-se. Ele rapidamente parou a investigao, mas a aura no retornou. Na verdade,as emanaes tambm cessaram.

    O drago rosnou e quase deps o pequeno artefato. Mas resolveu segur-lo firme.Refazendo o caminho, Kalec localizou o local onde a brecha entre as costelas era larga osuficiente para ele passar. Ao sair de dentro do esqueleto, a sensao incmoda de servigiado o atingiu. Ele olhou para a direita.

    As rbitas vazias do Pai dos Drages encontraram seu olhar.Kalec deixou escapar um riso sombrio pela paranoia momentnea. Olhou o artefato

    mais uma vez para se certificar que o mantinha seguro, e ento, alou voo. Ao abandonar adesolao abaixo, o drago azul respirou mais facilmente. Ele grunhiu e voltou a atenopara o Nexus. L ele poderia descobrir mais sobre o objeto que carregava. Os drages azuisacumularam muitos conhecimentos arcanos durante os milnios de Malygos como Aspectoda Magia, e embora Kalec no tivesse mais esse ttulo, ainda poderia explorar todo oconhecimento.

    Ele no esquecera de que havia outras questes mais urgentes no momento, como aprpria dissoluo da revoada dragnica azul. O artefato era a desculpa perfeita para que eleno pensasse em seus recentes fracassos, da mesma maneira que assumir a funo perigosade Aspecto o permitira tentar esquecer Anveena.

    O drago azul fez uma careta e afastou tais pensamentos. Ele se recurvou. O Templo doRepouso das Serpes apareceu vista por um breve instante. O drago azul sibilou. Era umarelquia do passado exatamente como a coisa em suas garras, mas ao contrrio do artefato,havia perdido todo o interesse para Kalec. Estava to morto para ele quanto os ossos dosquais acabara de sair.

    E to morto quanto o futuro que ele pensava que o aguardava como Aspecto.

    O Nexus era mais que o reino do Tecelo de Feitios e da revoada dragnica azul. Era umlugar de imenso poder mgico, uma coleo das foras de toda Azeroth. Apesar de suaaparncia fsica ser de uma fortaleza envelhecida e glida, o Nexus era uma formao

  • permeada de tneis e cavernas, e j fora resguardado por uma srie intricada e extensa deprotees que permitia apenas a entrada dos drages azuis. No entanto, com as proteesesmaecendo, a desculpa de Kalec para voltar tinha mais mrito do que ele pensara aprincpio.

    A pouca distncia, dois drages azuis voavam pelo ar. Ambos iam para o sul, e Kalecno sabia se pretendiam retornar. Ele tentou no pensar sobre a partida deles. Kalec seatrasara para o encontro no Repouso das Serpes, mas no por ter que voar uma distnciamaior que a de Alexstrasza ou dos outros. O Nexus ficava na ilha congelada de Gelarra localizada prxima ao noroeste da Tundra Boreana, a qual fazia parte de Nortndria, omesmo continente dos Ermos Dragnicos. De fato, a viagem fora relativamente curta. Kalecfora o ltimo a chegar na Aliana por razes que acreditava que chocariam at mesmo os trslendrios drages.

    Mas todos os pensamentos sobre ela ou a Aliana desapareceram quando Kalec entrouno permetro de proteo do Nexus. Ele sentiu um leve formigamento ao passar pela redeinvisvel de feitios. Por enquanto, eles continuavam a defesa, mas estavam ainda mais fracosque quando ele sara para o encontro.

    O drago azul entrou na passagem que levava ao seu santurio. De novo, sentiu otoque breve e quase negligente dos feitios ativos. Ele no sabia quanto tempo maisdurariam. No muito, achava.

    Havia um som por perto. Outro macho cruzou seu caminho de repente. Kalec, semesperar ningum no Nexus, parou abruptamente.

    Salve, Tecelo dos Feitios disse o drago mais velho, curvando a cabea emsaudao. O tamanho das passagens era to grande que os dois conseguiam se encarar comfacilidade, mas tambm passar um pelo outro se necessrio.

    Acenando com a cabea, Kalec respondeu: Esse ttulo j no me pertence, Jaracgos. Como preferir. Estou feliz com o seu retorno logo agora. Caso contrrio, me sentiria

    extremamente culpado.Ele tentou tirar da cabea o que sabia que estava por vir. Jaracgos, voc no... Por favor, preciso falar. Apesar de mais velho, o outro drago azul era menor que

    Kalec. Eu segui lealmente o Tecelo de Feitios durante toda a minha existncia, sejaaquele com o nome de Malygos ou voc. Eu en