alvenaria de sistema monolítico e blocos cerâmicos

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Universidade Federal do Rio de Janeiro SISTEMA MONOLÍTICO E ALVENARIA DE BLOCOS CERÂMICOS ESTUDO COMPARATIVO COMO ELEMENTOS DE VEDAÇÕES INTERNAS PARA EDIFICAÇÕES Ruan Faria Carvalhosa dos Santos 2014

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ESTUDO DE CASO ENTRE ALVENARIA DE TIJOLOS CERÂMICOS E SISTEMAS MONOLÍTICOS DE VEDAÇÃO

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Page 1: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

Universidade Federal do Rio de Janeiro

SISTEMA MONOLÍTICO E ALVENARIA DE BLOCOS CERÂMICOS

ESTUDO COMPARATIVO COMO ELEMENTOS DE VEDAÇÕES

INTERNAS PARA EDIFICAÇÕES

Ruan Faria Carvalhosa dos Santos

2014

Page 2: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

SISTEMA MONOLÍTICO E ALVENARIA DE BLOCOS CERÂMICOS

ESTUDO COMPARATIVO COMO ELEMENTOS DE VEDAÇÕES

INTERNAS PARA EDIFICAÇÕES

Ruan Faria Carvalhosa dos Santos

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro,

como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Engenheiro.

Orientador: Jorge dos Santos

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

AGOSTO DE 2014

Page 3: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

_____________________________________

Prof. Jorge dos Santos, D.Sc.

_____________________________________

Prof. Ana Catarina Jorge Evangelista, D.Sc.

_____________________________________

Prof. Leandro Torres Di Gregório, D.Sc.

_____________________________________

Prof. Wilson Vanderley da Silva, Prof. convidado

SISTEMA MONOLÍTICO E ALVENARIA DE BLOCOS CERÂMICOS

ESTUDO COMPARATIVO COMO ELEMENTOS DE VEDAÇÕES

INTERNAS PARA EDIFICAÇÕES

Ruan Faria Carvalhosa dos Santos

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A

OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

AGOSTO DE 2014

Page 4: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

iv

Santos, Ruan Faria Carvalhosa dos Santos

Sistema Monolítico e Alvenaria de Blocos Cerâmicos – Estudo comparativo como elementos de vedações internas para edificações/ Ruan Faria Carvalhosa dos Santos – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2014.

Xiii, p. 84: iI.: 29,7 cm.

Orientador: Jorge dos Santos.

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de Engenharia Civil, 2014.

Referências Bibliográficas: p. 83-84.

1. Sistema de Vedação Interna 2. Alvenaria de Blocos Cerâmicos 3. Sistema Monolítico.

I. Santos, Jorge dos Santos; II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil; III. Sistema Monolítico e Alvenaria de Blocos Cerâmicos – Estudo comparativo como elementos de vedações internas para edificações.

Page 5: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

v

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente aos meus pais, Roberto Carvalhosa

e Ana Paula Araujo, que me deram educação e sempre estiveram ao meu lado

para tudo que eu precisei, fazendo de mim a pessoa que sou hoje.

Também dedico à minha querida avó paterna Daura Carvalhosa, que

infelizmente não está mais entre nós, mas sei que ela esta feliz com minha

vitória onde quer que ela esteja.

Por fim, dedico ao meu eterno amigo Felipe Martins, que infelizmente

também não esta entre nós, mas estou certo que ele esta comigo em todos os

momentos e que até hoje, mesmo que ausente fisicamente, me ajuda e manda

força para continuar.

Page 6: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

vi

AGRADECIMENTOS

Primeiramente aos meus pais, Roberto Carvalhosa e Ana Paula Araujo,

que me deram educação e sempre estiveram do meu lado em todos os

momentos da minha vida em tudo que eu precisei.

Aos meus irmãos, Natalia Carvalhosa e Roberto Carvalhosa, que

também estiveram sempre do meu lado e que contribuíram para que eu

alcançasse meus objetivos.

Aos meus avós, Daura Carvalhosa, Mariana Araujo e Victor Manuel, que

fizeram parte da minha criação e estiveram sempre presentes.

À minha namorada Mariana Thiel, pessoa muito especial que esta

sempre do meu lado, sempre paciente e que me dá forças para que eu siga em

frente em busca dos meus objetivos.

À todos os meu amigos, em especial ao Pedro Luis Amaral e Alexandre

Morgani, por tornar a faculdade um momento melhor, pela ajuda mútua que

existiu, pelas risadas e brincadeiras e, acima de tudo, pela amizade verdadeira

que construímos e que manteremos.

Ao meu orientador Jorge dos Santos, pela disponibilidade e

paciência em me ajudar neste trabalho e por ter-me passo parte de seu imenso

conhecimento.

Page 7: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

vii

Resumo do projeto de graduação apresentado à Escola Politécnina/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para obtenção do grau de Engenheiro Civil.

SISTEMA MONOLÍTICO E ALVENARIA DE BLOCOS CERÂMICOS - ESTUDO

COMPARATIVO COM ELEMENTOS DE VEDAÇÕES INTERNAS PARA

EDIFICAÇÕES

Ruan Faria Carvalhosa dos Santos

Agosto/2014

Orientador: Prof. Jorge dos Santos

Curso: Engenharia Civil

Com a grande evolução da construção civil brasileira nos últimos anos, se fez

necessário o desenvolvimento de projetos imobiliários mais modernos, que buscam

uma construção mais rápida, limpa, com uma qualidade mínima e que, acima de tudo,

seja economicamente viável para a construtora. Diante disso, passou-se a dar mais

atenção às etapas construtivas dos empreendimentos, tornando a escolha das

técnicas construtivas de suma importância e influenciadora nos resultados finais. O

presente trabalho teve como objetivo comparar dois tipos de vedações internas, o

primeiro e mais conhecido é a alvenaria de blocos cerâmicos, o segundo é uma

tecnologia nova que esta sendo introduzida no Brasil que utiliza o sistema drywall

preenchida com uma argamassa especial. Foram estudados todos os aspectos de

cada um desses dois métodos. Assim, vamos analisar a viabilidade de cada um

desses métodos e determinar se a construção civil esta caminhando no sentido certo

para a sua modernização e industrialização. A escolha do tema foi feita baseada na

crença de que esta nova tecnologia de sistema de vedação pode ser um grande passo

para uma construção civil mais moderna, a qual consegue aliar redução de tempo de

construção e custos com alto desempenho.

Palavras-chave: alvenaria, sistema monolítico, argamassa projetada

Page 8: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

viii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

MONOLITHIC CERAMIC AND MASONRY BLOCK SYSTEM - A COMPARATIVE

STUDY AS ELEMENTS OF INTERNAL SEALS FOR BUILDINGS

Ruan Faria Carvalhosa dos Santos

August/2014

Advisor: Prof Jorge dos Santos

Course: Civil Engineering

In recent years, with the great evolution of the brazilian civil engineering, the

development of modern estate projects was mandatory, those have to look for a faster

and cleaner construction with a minimum quality required, and, above all, being

economically viable for the constructer. Therefore, more attention to the construction

stages of the enterprise is necessary, turning the choice of the construction technique

the most important one and also influential on the final results. This study aimed to

compare two types of internal seals, the first one and well known is the masonry

ceramic bricks. The second is a new technology that has been introduced in Brazil

which uses drywall filled with a special grout. All aspects of each of these two methods

were studied. Thus, we will analyze the feasibility of each one of these methods and

determine if the civil construction is moving towards for its modernization and

industrialization. The selection of this theme was based on the belief that this new

technology of sealing system can be a big step towards a civil construction more

modern, which can combine, the reduction of both, costs and construction time, with

high performance.

Keywords: masonry, monolithic system, projected grout

Page 9: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

ix

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................................. 1

1.2. JUSTIFICATIVAS................................................................................................................... 3

1.3. OBJETIVOS .......................................................................................................................... 4

1.4 METODOLOGIA .................................................................................................................... 5

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................................. 5

2. ELEMENTOS DE VEDAÇÃO ................................................................................... 7

2.1. DEFINIÇÃO .......................................................................................................................... 7

2.2.CLASSIFICAÇÃO.................................................................................................................... 8

2.2.1 Quanto à função que desempenha no conjunto do edifício........................................ 8

2.2.2 Quanto à técnica de execução empregada na produção de vedações ........................ 9

2.2.3 Quanto à mobilidade (facilidade de remoção do local) ............................................... 9

2.2.4 Quanto à densidade superficial.................................................................................... 9

2.2.5 Quanto à estruturação ................................................................................................. 9

2.2.6 Quanto à continuidade do pano ................................................................................ 10

2.2.7 Quanto ao acabamento.............................................................................................. 10

2.2.8 Quanto à continuidade superficial ............................................................................. 10

2.3. REQUISITOS DE DESEMPENHO A ATENDER ..................................................................... 10

2.4. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA ............................................................................................. 13

2.5 PRINCIPAIS TÉCNICAS CONSTRUTIVAS .............................................................................. 14

2.6 MATERIAIS UTILIZADOS ..................................................................................................... 16

3. ALVENARIA EM BLOCOS CERÂMICOS .............................................................. 18

3.1. DESCRIÇÃO ....................................................................................................................... 18

3.2 ASPECTOS HISTÓRICOS...................................................................................................... 19

3.3. MATERIAIS ........................................................................................................................ 21

3.3.1. BLOCOS CERÂMICOS ................................................................................................. 21

3.3.2 ARGAMASSA ............................................................................................................... 26

3.3.3 TELA METÁLICA .......................................................................................................... 27

3.4 MÉTODO EXECUTIVO ........................................................................................................ 27

3.5 MÃO DE OBRA ................................................................................................................... 32

3.6 EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS .................................................................................... 33

3.7 LOGISTICA DE CANTEIRO ................................................................................................... 34

3.3.1 BLOCOS CERÂMICOS .................................................................................................. 34

Page 10: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

x

3.7.2 AÇO ............................................................................................................................. 36

3.7.2 CIMENTO, CAL E ARGAMASSA ................................................................................... 36

3.7.4 AREIA .......................................................................................................................... 36

3.8 DESEMPENHO E EXIGÊNCIAS TÉCNICAS ............................................................................ 36

3.9 VANTAGENS E DESVANTAGENS ........................................................................................ 38

4. PAREDE MONOLÍTICA DE DRYWALL PREENCHIDA COM ARGAMASSA ....... 40

4.1 DESCRIÇÃO ........................................................................................................................ 40

4.2 ASPECTOS HISTÓRICOS...................................................................................................... 41

4.3 MATERIAIS ......................................................................................................................... 42

4.3.1 PERFIS DE AÇO GALVANIZADO ................................................................................... 42

4.3.2 PLACAS DE GESSO ACARTONADO .............................................................................. 43

4.3.3 ELEMENTOS FIXADORES ............................................................................................. 47

4.3.4 ELEMENTOS DE ACABAMENTO .................................................................................. 49

4.3.5 ACESSÓRIOS ............................................................................................................... 50

4.3.6 ARGAMASSA DE PREENCHIMENTO ............................................................................ 51

4.4 MÉTODO EXECUTIVO ........................................................................................................ 51

4.4.1 MARCAÇÃO E FIXAÇÃO DAS GUIAS ............................................................................ 51

4.4.2 MONTAGEM DA ESTRUTURA ..................................................................................... 52

4.4.3 PLAQUEAMENTO 1ª FASE .......................................................................................... 53

4.4.4 PROJEÇÃO DA ARGAMASSA E PLAQUEAMENTO 2ª FASE .......................................... 53

4.4.5 TRATAMENTO DAS JUNTAS ........................................................................................ 57

4.5 MÃO DE OBRA ................................................................................................................... 58

4.5.1 CARACTERISTICAS GERAIS .......................................................................................... 58

4.5.2 PRODUTIVIDADE......................................................................................................... 59

4.6 EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS .................................................................................... 60

4.7 LOGÍSTICA DE CANTEIRO ................................................................................................... 62

4.7.1 ELEMENTOS DO DRYWALL ......................................................................................... 62

4.7.2 ARGAMASSA ............................................................................................................... 64

4.8 DESEMPENHO E EXIGÊNCIAS TÉCNICAS ............................................................................ 64

4.9 VANTAGENS E DESVANTAGENS ........................................................................................ 65

5. ESTUDO DE CASO ................................................................................................ 67

5.1 DESCRIÇÃOS DO EMPREENDIMENTO ............................................................................... 67

5.1.1 ASPECTOS GERAIS ...................................................................................................... 67

5.1.2 ASPECTOS TÉCNICOS .................................................................................................. 68

Page 11: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

xi

5.2 PORQUE A ESCOLHA DO SISTEMA MONOLÍTICO .............................................................. 71

5.3 ADAPTAÇÕES REQUERIDAS ............................................................................................... 72

5.3.1 PROJETOS ................................................................................................................... 72

5.3.2 PLANEJAMENTO - ORÇAMENTO E CRONOGRAMA FÍSICO ........................................ 73

5.3.3 TÉCNICAS CONSTRUTIVAS .......................................................................................... 76

5.3.4 CANTEIRO DE OBRAS E LOGÍSTICA ............................................................................. 77

5.3.5 EQUIPAMENTOS ......................................................................................................... 78

5.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 78

6. CONCLUSÃO ......................................................................................................... 80

Page 12: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

xii

Índice de Figuras

Figura 1. Bloco Cerâmico ......................................................................................... 14

Figura 2. Bloco de Concreto .................................................................................... 14

Figura 3. Bloco de Concreto Celular ....................................................................... 15

Figura 4. Bloco de Solo Cimento ............................................................................. 15

Figura 5. Direção dos furos dos blocos .................................................................. 22

Figura 6. Tela Eletrosoldada .................................................................................... 27

Figura 7. Amarração entre paredes ......................................................................... 29

Figura 8. Equipamentos e Ferramentas - Alvenaria ............................................... 34

Figura 9. Armazenamento - Blocos Cerâmicos ...................................................... 35

Figura 10. Tipos de placa de gesso acartonado ..................................................... 44

Figura 11. TIpos de bordas de placa de gesso acartonado ................................... 45

Figura 12. Marcação de parede com pó de xadrez ................................................. 52

Figura 13. Proteção de tomadas e caixas elétricas ................................................ 54

Figura 14. Projeção da argamassa .......................................................................... 56

Figura 15. Nivelamento da parede ........................................................................... 57

Figura 16. Ferramentas para drywall ....................................................................... 61

Figura 17. Bomba misturadora ................................................................................ 62

Figura 18. Transporte de pallets de drywall ............................................................ 62

Figura 19. Distribuição de placas nos andares ...................................................... 63

Figura 20. Esquema estrutural - Wind Residencial ................................................ 69

Figura 21. Comparativo de espessura entre sistemas ........................................... 73

Figura 22. Esquema de etapas ................................................................................. 74

Figura 23. Gráfico de custo unitário dos sistemas ................................................. 75

Figura 24. Argamassa no chão durante sua projeção ........................................... 77

Figura 25. Aproveitamento de argamassa caída no chão ...................................... 78

Page 13: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

xiii

Índice de Tabelas

Tabela 1. Dimensões padronizadas dos blocos ..................................................... 23

Tabela 2. Características dos blocos cerâmicos .................................................... 24

Tabela 3. Critérios de aceitação ou rejeição de blocos cerâmicos ....................... 25

Tabela 4. Perfis de Aço Galvanizado ....................................................................... 43

Tabela 5. Características geométricas da placa de gesso acartonado ................. 46

Tabela 6. Características físicas da placa de gesso acartonado ........................... 47

Tabela 7. Tipos de parafuso ..................................................................................... 48

Tabela 8. Acessórios para drywall e suas definições ............................................ 50

Tabela 9. Informações sobre vedações internas - Wind Residencial .................... 68

Tabela 10. Características da Massa Crupe ............................................................ 71

Tabela 11. Composição de sistemas de vedação - Wind Residencial .................. 76

Tabela 12. Informações comparando os dois sistemas ......................................... 79

Page 14: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

1

1. INTRODUÇÃO

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Durante muitos anos os engenheiros civis se perguntaram se era possível que

a construção no Brasil deixasse seu caráter artesanal para seguir o caminho da

industrialização nos canteiros de obra. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os

países desenvolvidos da América do Norte, Europa e Ásia passaram a se valer com

maior intensidade de sistemas construtivos prontos, pré-fabricados, que

proporcionassem maior produtividade e economia de mão de obra de custo muito alto

nessas regiões (FARIA, 2008).

Agora, o momento parece ter chegado. A oportunidade surge com a expansão

dos empreendimentos voltados ao segmento econômico: como a margem de lucro

sobre cada unidade é pequena, o negócio só se viabiliza economicamente com a

produção de unidades habitacionais em grandes volumes. E produção em larga escala

implica industrialização, desde os macrossistemas construtivos, estrutura e vedação,

até os elementos construtivos menores - como as instalações elétricas e hidráulicas e

as coberturas (FARIA, 2008).

Segundo CILIANA (2009), a indústria da construção, mais especificamente no

setor de edificações, apresenta particularidades singulares que a diferencia da

indústria de transformação. Estas particularidades criam obstáculos para que se

processe uma introdução mais agressiva de máquinas e equipamentos nos canteiros

de obras. “Processos predominantemente artesanais, onde são marcantes baixa

produtividade e enorme desperdício, ainda compõem a maior parcela da construção

civil brasileira “(SANTIAGO e ARAUJO, 2008).

O movimento a nível mundial pela melhoria da qualidade também tem tido

reflexos no setor da construção civil, levando as empresas a um questionamento de

Page 15: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

2

seu processo produtivo e a adoção de estratégias para racionalização, visando à

melhoria de desempenho frente a um mercado cada vez mais competitivo. Este

movimento decorre também de mudanças que afetam especificamente o setor, dentre

os quais se podem citar a diminuição dos recursos financeiros, o maior grau de

exigência do consumidor e a maior mobilização dos trabalhadores (AGOPYAN, et al

1999 apud, CILIANA, 2009).

Segundo CAMPOS (2009), no caso brasileiro, face aos desafios colocados

pela economia globalizada e as crescentes necessidades de se construir com rapidez,

qualidade e economia, alguns destes componentes pré-fabricados passaram a ser

oferecidos no mercado nacional há alguns anos atrás. As demandas hoje existem sob

a forma de centros comerciais, hotéis, edifícios de escritórios e residenciais, indústrias

e levaram a construção civil a criar novos paradigmas.

“Devido ao processo de urbanização das cidades e o surgimento e

desenvolvimento dos grandes centros, houve um grande crescimento da demanda da

população por moradias. Buscando atender este fenômeno, desenvolveu-se a

indústria da construção civil” (FIGUEIRÓ, 2009). Ainda, segundo BAPTISTA (2005), a

industrialização da construção civil, através da utilização de peças de concreto pré-

fabricada, promoveu um salto de qualidade nos canteiros de obras, pois através de

componentes industrializados com alto controle ao longo de sua produção, com

materiais de boa qualidade, fornecedores selecionados e mão de obra treinada e

qualificada, as obras tornaram-se mais organizadas e seguras.

Complementando, com altos investimentos em habitação nos dias atuais, o

número de empresas, nacionais e estrangeiras, aumentou consideravelmente,

gerando assim grande concorrência e estimulando as empresas da construção civil a

buscarem novas tecnologias construtivas as quais oferecem menores prazos e custos

e maior qualidade. Vale ressaltar que se deve considerar ainda a preocupação com o

Page 16: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

3

meio ambiente, abrindo espaço para tecnologias que além de apresentarem as

características acima citadas, sejam também sustentáveis.

Por final, segundo SABBATINI (1989 apud BRUMATTI, 2008), “evoluir no

sentido de aperfeiçoar-se como indústria é o caminho natural da construção civil”, e a

industrialização da construção não é um fim em si mesma, mas somente um meio de

obter determinados objetivos que são basicamente os mesmos de outras áreas da

indústria. (BAPTISTA, 2009):

1.2. JUSTIFICATIVAS

O sistema de vedação é aquele destinado a compartimentar espaços,

preenchendo os vãos da estrutura e assim formando a geometria da construção. Ele é

de suma importância nas diversas etapas que o sucedem e na precisão geométrica

que influirá no resultado final do processo. Assim, o estudo de novas tecnologias que

melhoram a qualidade do serviço ao mesmo tempo em que reduzem o prazo estão em

desenvolvimento e o resultado são processos modernos para execução do sistema de

vedação.

Segundo ROSSO (1980 apud CILIANA, 2009), no domínio da edificação pode

se passar de uma produtividade de 80 homem hora/m² em um processo artesanal

primitivo, a uma de 10 homem hora/m² em um processo industrializado. PICCHI (1993

apud CILIANA, 2009) afirma que a produtividade no Brasil é menor que um quinto da

produtividade dos países industrializados.

Ainda, segundo FIGUEIRÓ (2009), a alvenaria é considerada como uma etapa

da construção responsável pelos maiores índices de desperdício de materiais de uma

obra. Diante disso, surgem novos métodos de construção, os quais envolvem

desperdício extremamente reduzido, obra limpa e ainda reduzem o prazo e custo da

construção, fazendo com que atualmente haja um número elevado de construtoras

aderindo à industrialização da construção civil, tal como o sistema drywall preenchido

com argamassa, objeto deste estudo.

Page 17: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

4

Importante ressaltar também que o custo do sistema de vedação engloba uma

fatia considerável em um orçamento total de um empreendimento, podendo assim ser

um grande influenciador no resultado final de uma obra. “O sistema de vedação

representa cerca de 5% do custo de um edifício de médio ou alto padrão, mas podem

interferir diretamente, nos custos de revestimento interno e externo do edifício. Estes

que representam mais de cerca de 9% no orçamento, que somados as ferramentas de

controle de qualidade (que possam garantir a precisão da geometria da alvenaria)

podem trazer economias significativas às construtoras em tempos de mercados

competitivos. (RODRIGUES, 2013)

1.3. OBJETIVOS

O objetivo central deste trabalho é responder à seguinte questão: O sistema

monolítico utilizado como elemento de vedação é uma alternativa viável do ponto de

vista da qualidade, da produtividade e da viabilidade para substituir a alvenaria de

blocos cerâmicos?

Para responder a esta resposta traçamos os objetivos secundários, sendo um

deles comparar dois tipos de sistemas de vedação, o convencional, a alvenaria de

blocos cerâmicos, com a um novo sistema monolítico, o drywall preenchido com

argamassa especial. Assim sendo, foram estudadas todas as características de cada

uma desses dois métodos: aspectos históricos, métodos construtivos, materiais

utilizados, equipamentos, mão de obra aplicada, logística de canteiro, custos e por

último seus respectivos desempenhos.

O outro objetivo secundário é fazer um estudo de caso em uma obra na qual o

novo sistema monolítico esta sendo aplicado em substituição à alvenaria. Este estudo

servirá como base para responder a resposta do objetivo central do trabalho.

Page 18: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

5

1.4 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento desse trabalho foi realizada uma revisão bibliográfica

com o apoio de livros, normas técnicas, catálogos de fabricantes, artigos de revistas e

sites na internet.

Também foram obtidas informações de engenheiros que atualmente estão à

frente de projetos nos quais estão sendo aplicada a tecnologia do sistema monolítico

estudado e que outrora já trabalharam com a alvenaria de blocos cerâmicos.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Para a melhor organização deste trabalho seu conteúdo foi dividido em 06 capítulos de

forma que fique mais claro e simples para o leitor entender e criar seus conceitos

sobre o tema em questão.

Neste primeiro capítulo foi feita uma introdução geral do tema. Nele, foram

feitas as considerações iniciais do trabalho, além de discorrer sobre suas justificativas.

No segundo capítulo o trabalho abordará os elementos de vedação de forma

geral, definindo o que são, seus aspectos históricos, para que servem, suas

propriedades, seus requisitos e diferentes tipos de elementos de vedação presentes

hoje no mercado da construção civil.

No terceiro capítulo será abordado o sistema de vedação que utiliza alvenaria

de blocos cerâmicos. Nele será visto todas as características desse sistema, seus

aspectos históricos, aspectos culturais, materiais utilizados, equipamentos, mão de

obra, produtividade, metodologia construtiva, logística de canteiro e seu desempenho.

O quarto capítulo terá a mesma estrutura do terceiro, com a única diferente que

o tema abordado será o sistema monolítico.

Com todas as características de cada um desses sistemas em mãos, será feito

no capitulo 05 um estudo de caso em uma obra na qual o novo sistema monolítico

Page 19: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

6

esta sendo utilizado em substituição à alvenaria. Neste ponto, serão analisados não só

as características da obra onde ele será aplicado, como também todas as

modificações necessárias no que tange projetos, orçamentos, planejamento, logística

de canteiro, contratação de mão de obra e outras adaptações necessárias. Será

analisada também a motivação para a escolha desse sistema e as dificuldades que

esta escolhe gerou para a construtora.

No sexto e último capitulo serão feitas as considerações e conclusões finais

sobre o trabalho e sugestões para futuros trabalhos.

Page 20: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

7

2. ELEMENTOS DE VEDAÇÃO

2.1. DEFINIÇÃO

No que se refere aos conceitos, a NBR 15.575 apresenta a sigla SVVIE, que

significa “sistemas de vedações verticais internas e externas”, compreendendo as

partes da edificação habitacional que limitam no plano vertical o conjunto do edifício e

seus ambientes, como fachadas e paredes divisórias internas.

O SVVIE é um subsistema construtivo, constituído por elementos que definem,

limitam e compartimentam o edifício, que controlam a passagem de agentes atuantes,

se portando, também, como isoladora acústica e térmica.

Pode-se dizer que, basicamente, os elementos constituintes deste subsistema

são:

a) Vedo – o elemento que caracteriza a vedação vertical;

b) Revestimento – elemento que possibilita o acabamento decorativo da vedação

(incluindo o sistema de pintura neste elemento).

c) Esquadria – permite o controle de acesso aos ambientes;

O SVVIE mais utilizado no Brasil é constituído por blocos cerâmicos

assentados com argamassa, no entanto, diversas outras opções podem ser utilizadas

para a mesma função. Atualmente, com a industrialização da construção civil, surgem

diversas novas tecnologias de vedação, tais como parede de concreto, fechamento

com Drywall e fechamento de Drywall preenchido com argamassa, objeto de estudo

deste trabalho.

Para a execução do sistema de vedação externa, a fachada, sugere-se dividir o

edifício em panos para facilitar a execução do serviço. Em se tratando do sistema de

vedação interno, este é executado após a parede visando um melhor acabamento. O

revestimento das paredes e a instalação das esquadrias já com vidros vêm logo em

seguida, finalizando os sistemas de vedação do prédio.

Page 21: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

8

Em seguida são destacados termos comumente utilizados quando se trata do

subsistema de vedação:

Pano – representa uma das faces do vedo;

Parede – é o tipo de vedo mais utilizado, se autosuporta, e é moldado no local,

definitivo, pode ser exterior ou interno;

Divisória – vedo interno ao edifício com a função de subdividir o edifício em

diversos ambientes, geralmente leve e pode ser removido com mais facilidade.

Os sistemas de vedações verticais internas e externas apresentam funções que

pode ser divididas em principal e secundária. Sua função principal é criar condições de

habitabilidade para o edifício, protegendo os ambientes internos contra a ação

indesejável dos diversos agentes atuantes, tais como calor, frio, sol, chuva, vento,

umidade, ruídos, intrusos. Sua função secundária é servir de suporte e proteção para

os sistemas prediais já que as instalações são normalmente embutidas nas paredes.

A importância deste subsistema vai além do que seu custo representa no custo

total da obra, uma vez que as vedações são caminho crítico da obra, determinam o

potencial de racionalização da produção e determinam grande parte do desempenho

do edifício, como um todo.

Portanto, a vedação vertical pode ser estudada sobre diversos pontos de vista,

bem como suas classificações, seus requisitos funcionais e desempenho, sua

importância econômica, entre outros.

2.2.CLASSIFICAÇÃO

DUEÑAS PEÑA (2003) classifica as vedações verticais da seguinte forma:

2.2.1 Quanto à função que desempenha no conjunto do edifício

a) Envoltória externa – proteção lateral contra ação de agentes externos;

b) De compartimentação interna – divisão entre ambientes internos;

c) De separação – divisória entre unidades e área comum.

Page 22: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

9

2.2.2 Quanto à técnica de execução empregada na produção de vedações

a) Por conformação – vedações verticais elevadas no próprio local, com emprego

de água, denominada usualmente de “construção úmida”. Trata-se de

vedações em alvenaria ou de painéis moldados no local;

b) Por acoplamento a seco – montagem sem a necessidade de água. Trata-se de

vedações produzidas com painéis leves;

c) Por acoplamento úmido – Utilização de argamassa. Trata-se de vedações

produzidas com elementos pré-moldados ou pré-fabricados de concreto.

2.2.3 Quanto à mobilidade (facilidade de remoção do local)

a) Fixas – vedações imutáveis. Recebem o acabamento no local;

b) Desmontáveis – vedações passíveis de serem montadas com pouca

degradação;

c) Removíveis – vedações passíveis de serem desmontadas facilmente. Trata-se

de elementos totalmente modulares;

d) Móveis – divisórias empregadas na simples compartimentação dos ambientes.

2.2.4 Quanto à densidade superficial

a) Leves – vedações verticais não estruturais, de densidade superficial baixa,

sendo o limite convencional de aproximadamente 100 Kg/m²;

b) Pesadas – vedações que podem ser estruturais ou não, com densidade

superficial superior a aproximadamente 100 kg/m².

2.2.5 Quanto à estruturação

a) Estruturadas – Vedações que necessitam de uma estrutura reticular de suporte

dos componentes da vedação, como por exemplo, painéis de gesso

acartonado;

b) Auto suportante – Não necessitam de uma estrutura de suporte dos

componentes da vedação, como todos os tipos de alvenaria;

Page 23: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

10

c) Pneumáticas – Vedações verticais sustentadas a partir da injeção de ar

comprimido. Como exemplo, são os galpões em lona.

2.2.6 Quanto à continuidade do pano

a) Monolíticas – quando a absorção dos esforços transmitidos à vedação é feita

por todo o conjunto dos elementos. Por exemplo: alvenaria.

b) Modulares – quando a absorção dos esforços transmitidos à vedação é feita

pelos componentes de modo individual, em função da existência de elementos

de juntas, como por exemplo, no caso dos painéis de gesso acartonado.

2.2.7 Quanto ao acabamento

a) Com revestimento incorporado – vedações verticais que são posicionadas já

com acabamento. Por exemplo: painéis pré-moldados de concreto com prévia

aplicação de cerâmica;

b) Com revestimento à posteriori – vedações verticais que são executadas em

seus lugares definitivos, sem a aplicação prévia de revestimentos. Por exemplo:

alvenaria e painéis de gesso acartonado;

c) Sem revestimento – vedações que não necessitam da aplicação de

revestimentos. Recebem no máximo uma pintura. Caso de alguns tipos de alvenaria,

cujas características lhe garantem estanqueidade.

2.2.8 Quanto à continuidade superficial

a) Descontínuas – nos casos em que as juntas entre componentes ficam

aparentes;

b) Contínuas – nos casos em que as juntas não são aparentes.

2.3. REQUISITOS DE DESEMPENHO A ATENDER

A quarta parte da NBR 15.575 (norma de desempenho) abrange os sistemas

de vedações verticais das edificações habitacionais, tanto internas como externas,

Page 24: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

11

bem como a volumetria e compartimentação dos espaços que compreendem um

edifício.

Como as vedações podem atuar em sintonia com a estrutura e sofrem as

ações decorrentes de sua movimentação, além de poder assumir função estrutural,

faz-se necessário que as análises sejam feitas em conjunto com os elementos,

componentes e sistemas que com elas interagem, tais como caixilhos, esquadrias,

cobertura, pisos e instalações.

O SVVIE apresenta diversos requisitos funcionais que devem ser estudados e

analisados de acordo com a norma e com a necessidade do cliente na hora da

elaboração do projeto, sendo estes listados abaixo.

A. Desempenho térmico;

B. Desempenho acústico;

C. Estanqueidade à água;

D. Controle da passagem de ar;

E. Proteção e resistência contra a ação do fogo;

F. Desempenho estrutural em alguns casos;

G. Controle de iluminação (natural e artificial) e raios visuais (privacidade);

H. Durabilidade;

I. Custos iniciais e de manutenção;

J. Padrões estéticos e de conforto visual;

K. Facilidade de limpeza e higienização.

A opção pelo tipo de vedação a ser empregada em um determinado

empreendimento depende dos requisitos que o sistema deverá atender. A vedação

externa possui requisitos a serem atendido distintos daqueles a serem atendidos

pela vedação interna, assim, nem sempre a melhor opção para a primeira também

o será para a segunda.

Page 25: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

12

A escolha do processo construtivo do sistema de vedação do empreendimento

é feita levando-se em consideração alguns outros requisitos diferentes que dizem

respeito unicamente à construtora, sendo eles o custo que o sistema implicará, o

prazo no qual ele será concluído e o tipo de mão de obra que a execução de tal

sistema requer. Assim, dizemos que não há um processo construtivo melhor que

outro, e sim condições mais apropriadas para cada tipo de processo, considerando

sempre tanto os requisitos de qualidade do cliente como os de viabilidade para a

construtora.

A vedação vertical contribui decisivamente para o desempenho do edifício. É

parte fundamental da construção para garantir bons isolamentos térmico e

acústico, bem como estanqueidade à água e controle da passagem de ar, além de

proteção e resistência contra ação do fogo. Os requisitos de desempenho são

exigidos em maior ou menor grau de intensidade, conforme a posição que a

vedação ocupa no edifício (MARQUES, 2013).

A resistência térmica, por exemplo, depende do coeficiente de condutibilidade

térmica, proveniente da natureza do material, índice de vazios e umidade. Além

disso, é necessário analisar a espessura da parede. A necessidade de isolamento

térmico em paredes internas é muito menor do que nas paredes externas

(MARQUES, 2013).

Relativo à fachada (paredes externas), é necessário que a vedação bloqueie

grande parte dos sons a que o empreendimento está exposto (MARQUES, 2013).

Em relação à questão acústica, paredes divisórias (internas) devem garantir

privacidade e impedir que ruídos gerados em ambientes específicos atrapalhem as

atividades em outros ambientes. Os fatores que interferem no isolamento acústico

são o material, a espessura, o formato, as vinculações, a massa e textura

superficiais (MARQUES, 2013).

Outra questão que tem grande importância é a estanqueidade à água das

paredes. A penetração de água da chuva pode gerar graves consequências na

Page 26: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

13

sanidade e habitabilidade das edificações e na durabilidade dos materiais. Se

houver problema de penetração de água nas paredes, a recuperação é bastante

onerosa (MARQUES, 2013).

As paredes devem, também, atender aos requisitos de desempenho

relacionados à resistência ao fogo e demais agentes (MARQUES, 2013).

Todos estes requisitos funcionais acima citados devem ser detalhadamente

estudados e analisados pela construtora responsável pelo projeto e assim se

chegar a uma opção que tanto atenda aos requisitos dos clientes quanto à

viabilidade econômica para a construtora.

2.4. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

Em uma composição do vedo + esquadrias + revestimentos, calcula-se que,

em média, os custos atinjam 20% do total da construção. A parcela de custo somente

do vedo no orçamento de um edifício convencional gira em torno de 4 a 6% do custo

total da obra (MARQUES, 2013).

Entretanto, esses números podem se elevar consideravelmente visto que

grande parte das construtoras não executa o processo construtivo de forma

racionalizada, o que implica na maioria das vezes em desperdício de material e

retrabalho. Uma possível solução para este problema seria investimentos em projetos

detalhados de marcação e elevação de alvenaria.

Outro ponto crucial além de projetos bem definidos é a qualificação da mão de

obra empregada na execução dos serviços, tendo em vista que uma mão de obra

desqualificada implicará em erros e retrabalhos, desperdiçando material e

homens/hora. A solução para este problema é o investimento em treinamentos para a

mão de obra.

Portanto, contratar uma mão de obra pouco qualificada e trabalhar com

materiais de baixa qualidade não é o caminho ideal para reduzir os custos no que

Page 27: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

14

tange a um SVVIE, já que, além da importância econômica no projeto, é fundamental

que o sistema respeite todos os requisitos de desempenho de projeto.

2.5 PRINCIPAIS TÉCNICAS CONSTRUTIVAS

O termo alvenaria pode ser definido como componente complexo, conformado

em obra, constituído por tijolos ou blocos unidos por si por juntas de argamassa

formando um conjunto rígido e coeso. Assim, há alguns tipos diferentes de alvenaria

que podem ser utilizadas na concepção de um SVVIE, sendo eles:

Alvenaria de blocos cerâmicos, vide figura 1;

Fonte: http://ceramicacirineu.com.br/produtos.php

Alvenaria de blocos de concreto, vide figura 2;

Fonte: http://www.leroymerlin.com.br/

Figura 1. Bloco Cerâmico

Figura 2. Bloco de Concreto

Page 28: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

15

Alvenaria de blocos de concreto celular, vide figura 3;

Fonte: http://www.loregian.com.br/

Alvenaria de blocos de solo cimento, vide figura 4;

Fonte: http://baudopermacultor.blogspot.com.br

Alvenaria de Pedra.

Além da alvenaria, há como constituir um SVVIE com a execução de paredes

maciças. Estas por sua vez podem ser moldadas in loco ou pré-fabricadas e pré-

moldadas. A primeira é aquela obtida por moldagem no local, empregando-se um

sistema de formas laterais. Já a segunda, é constituída através do acoplamento de

painéis pré-moldados ou pré-fabricados. Seus diferentes tipos são:

Paredes maciças de concreto;

Paredes maciças de concreto celular;

Paredes maciças de solo cimento;

Figura 3. Bloco de Concreto Celular

Figura 4. Bloco de Solo Cimento

Page 29: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

16

Paredes maciças de concreto PVC;

Paredes maciças preenchidas com argamassa.

Outro método também muito utilizado são as divisórias, que são vedações

leves, estruturadas e obtidas por acoplamento a seco de placas manuseáveis,

podendo ser desmontáveis ou removíveis, monolíticas ou modulares. São elas:

Divisória modulares (compensados, aglomerados, PVC);

Divisória de gesso acartonato;

Divisória de placas cimentícias.

2.6 MATERIAIS UTILIZADOS

Os materiais utilizados para a execução de um SVVIE vão variar de acordo

com a escolha do tipo de vedação que for utilizada no projeto. Assim sendo, existem

inúmeros materiais que poderão constituir um sistema de vedação.

Para execução de alvenaria, além do tipo de bloco que será aplicado, podendo

ser de blocos cerâmicos, de concreto, de solo cimento entre outros, será utilizado

também a argamassa de assentamento. Esta por sua vez poderá ser feita no próprio

canteiro e assim consumirá cimento, areia, cal ou poderá ser industrializada. Além

disso, utilizam-se elementos para a junção da alvenaria com a estrutura, sendo estes

telas metálicas e pinos de aço.

No caso de paredes maciças, além das formas que darão forma às paredes,

utiliza-se o material de preenchimento das mesmas. Estes podem ser, por exemplo,

concreto, concreto celular, solo cimento ou, no caso do objeto deste estudo,

argamassa especial.

No caso de divisórias, a mais comum é o drywall. Este é composto por uma

estrutura de aço galvanizado e placas de gesso acartonado fixadas a ela. Além das

placas de gesso, são também utilizadas placas do tipo OSB e placas cimentícias. A

Page 30: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

17

fixação, tanto da estrutura de aço quanto das placas, é feita através de parafusos e

pinos de aço.

Page 31: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

18

3. ALVENARIA EM BLOCOS CERÂMICOS

3.1. DESCRIÇÃO

Segundo RODRIGUES (2010) a alvenaria é o conjunto de elementos da

construção civil, resultantes da união de blocos justapostos unidos com argamassa, ou

não, destinados a suportar principalmente esforços de compressão ou simplesmente a

vedação de uma área. Ainda, segundo a NBR 15270-1 (ABNT, 2005), os blocos

cerâmicos para vedação constituem as alvenarias externas ou internas que não tem a

função de resistir a outras cargas verticais, além do peso da alvenaria da qual faz

parte.

Esta vedação vertical protege o edifício de agentes externos como chuvas e

ventos, além de dividir ambientes internos promovendo segurança e conforto dentro

de um sistema estruturado. Este processo de fechamento de vãos de paredes é

utilizado na maioria das edificações (THOMAZ, 2001).

Conforme Lima (2006), as alvenarias podem ter tamanhos variados, a partir da

quantidade de furos ou mesmo suas espessuras, 4, 6, 8 e 10 furos, ou espessuras de

8 cm, 10 cm, 15 cm e até 20 cm, entre outras. Elas podem ser revestidas com algum

tipo de proteção ou mesmo ficarem aparentes.

Este tipo de tijolo possui uma densidade média de 1300 kg/m³ sendo

assentado com mão-de-obra convencional. Suas faces passam por vitrificação

fazendo com que a argamassa tenha melhor aderência. Possuem variação

volumétrica baixa ao absorver e expelir água e fácil manuseio, mas tem como

inconveniente a necessidade de quebra do material. Um metro quadrado deste

elemento deve ser feito com 25 unidades de um tijolo. (LIMA, 2006)

Page 32: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

19

3.2 ASPECTOS HISTÓRICOS

Segundo FIGUEIRÓ (2009), a alvenaria é um sistema construtivo cuja utilização

remota no início da atividade humana (aproximadamente 4000 a. C.) na construção

para vários fins. Foram empregados blocos de diferentes materiais constituintes como

argila, pedra e outros. Até hoje existem obras que estão desafiando o tempo e

representam verdadeiros monumentos com grande importância histórica e que

utilizaram sistema de blocos.

Segundo TELLES (1984), “a partir do primeiro quartel do século XVII, tornam-se

cada vez mais numerosas as construções de pedra e cal, inclusive casas particulares”,

as quais eram feitas artesanalmente. “As técnicas empregadas nesse período, para o

caso das vedações verticais, eram no caso de moradias mais simples, o pau-a-pique,

adobe ou taipa de pilão e, nas habitações mais sofisticadas, a pedra, o barro e, às

vezes, o tijolo e a cal”.

De acordo com o Código de Boas Práticas nº 01, as alvenarias têm sido

empregadas desde a antiguidade, porém o conhecimento adquirido ao longo dos anos

tem hoje pouco valor relativo, em função das transformações sofridas pela construção:

os edifícios atuais atingem alturas de dezenas de metros, as estruturas foram

flexibilizadas, com o surgimento das estruturas pilar-laje (“lajes planas”) eliminou-se

grande parte das vigas e em algumas obras os contrapisos vêm sendo eliminados

(“laje zero”).

Conforme as moradias foram sendo inseridas na economia, sendo vistas como

mercadoria, a produção de seus insumos também passaram a ser produzidos para o

mercado. Segundo, VARGAS (1994), “os primeiros materiais de construção

industrializados, precariamente, foram os tijolos, vindo a substituir o processo

artesanal da taipa nas construções das paredes de edifício”.

Page 33: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

20

Em se tratando especificamente da alvenaria, essas transformações foram

significativas, visto que a alvenaria de blocos cerâmicos, que eram empregadas como

função estrutural para os edifícios mais baixos, de até três pavimentos, passa a

desempenhar a única e exclusiva função de vedação, passando a ser aplicada,

sobretudo, em edificações de múltiplos pavimentos, com estrutura de concreto

armado. Assim, o conjunto estrutura de concreto armado aliado à alvenaria de

vedação com blocos cerâmicos passou a ser o processo construtivo mais tradicional

do país.

Com isso, observa-se que com o surgimento dos edifícios de grandes alturas, a

alvenaria teve que abandonar sua função estrutural, entretanto, permaneceu como o

principal material utilizado para o sistema de vedação dos prédios.

Segundo FRANCO (1998), no Brasil tem ampla aplicação e liderança como

principal sistema de vedação utilizado. Estima-se que a produção anual de blocos e

tijolos no mundo é de 400 bilhões de unidades, o que o caracteriza como o material de

construção de maior produção mundial.

Segundo SALA (2008), na década de 90, devida à retração e elevada

competitividade que passava a indústria da construção civil, o mercado se viu obrigado

a investir em programas de desenvolvimento tecnológicos como estratégia de ação

para enfrentar a concorrência. Através desses programas, que visavam o

desenvolvimento de métodos e procedimentos construtivos que permitissem a

racionalização e otimização da produção de edifícios construídos pelo método

tradicional, surgiu o conceito de alvenaria racionalizada.

A definição de alvenaria de vedação racionalizada, segundo BARROS (1998) é:

“elemento usualmente empregado como vedo de elevado grau de organização e

otimização das atividades envolvidas na sua produção”. Ainda segundo BARROS

(1998), ela se caracteriza pelos seguintes objetivos:

Page 34: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

21

A. Eliminar a postura predominante de adoção de soluções construtivas criadas

no canteiro de obras no momento da realização dos serviços de alvenaria;

B. Criar um projeto de produção de alvenaria que exija um planejamento prévio de

todas as atividades e permita soluções mais racionais da produção;

C. Introduzir o uso de equipamentos e ferramentas novas que permitam aumento

de produtividade e qualidade;

D. Treinamento e motivação da mão-de-obra para a adoção de novas posturas de

trabalho;

E. Implementar procedimentos de controle do processo de produção e aceitação

do produto.

3.3. MATERIAIS

Os principais materiais utilizados para a execução do sistema são: blocos

cerâmicos, argamassa de assentamento, telas metálicas para amarração de paredes,

pinos como elementos de fixação das telas a estrutura, elementos pré-moldados de

micro concreto armado (vergas e contra vergas).

3.3.1. BLOCOS CERÂMICOS

Os blocos cerâmicos são definidos como sendo um componente de alvenaria

em forma de um prisma reto, que possui furos prismáticos ou cilíndricos

perpendiculares às faces que os contém. A qualidade dos blocos cerâmicos está

intimamente relacionada à qualidade das argilas empregadas na fabricação e também

ao processo de produção, queimado a elevadas temperaturas (NBR15270-1:2005).

Os blocos cerâmicos têm como matéria prima a argila, um material inorgânico,

não metálico e cujas propriedades físicas são obtidas após a queima da mesma a uma

temperatura de 850ºC.

Segundo o CÓDIGO DE BOAS PRÁTICAS Nº01, os blocos cerâmicos

utilizados na execução das alvenarias de vedação, com ou sem revestimentos, devem

Page 35: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

22

atender à norma NBR 15270-1, a qual, além de definir termos, fixa os requisitos

dimensionais, físicos e mecânicos exigíveis no recebimento. Consideram-se dois tipos

de blocos quanto ao direcionamento de seus furos prismáticos, conforme ilustrado na

figura 5.

Figura 5. Direção dos furos dos blocos

Fonte: Código de Boas Práticas nº 01

As dimensões de fabricação (largura - L, altura - H e comprimento - C) devem

ser correspondentes a múltiplos e submúltiplos do módulo dimensional M = 10 cm

menos 1 cm, conforme dimensões padronizadas indicadas na Tabela 1.

Furos na Vertical Furos na Horizontal

Page 36: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

23

Fonte: NBR 15270-1

Tabela 1. Dimensões padronizadas dos blocos

Page 37: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

24

Além dos blocos e meio-blocos existem, outros tipos de componentes

cerâmicos complementares que integram as alvenarias de vedação, com funções

específicas como a canaleta U, que permite a construção de cintas de amarração,

vergas e contravergas, a canaleta J, os blocos de amarração, os compensadores e

outros que podem ser especificados em projetos, desde que atendam aos requisitos

de desempenho exigidos. As características que os blocos cerâmicos de vedação

devem apresentar, de acordo com a norma NBR 15270-1, são resumidas na Tabela 2.

Tabela 2. Características dos blocos cerâmicos

Fonte: NBR 15270-1

“As características apresentadas na Tabela 2 devem ser verificados para os

blocos cerâmicos conforme os procedimentos de ensaios definidos na norma

NBR15270-3. Com a finalidade de caracterização e aceitação ou rejeição dos blocos

cerâmicos, essa norma descreve os métodos de ensaios para a avaliação de

Page 38: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

25

conformidade dos mesmos, incluindo a determinação de suas características

geométricas, físicas e mecânicas.”

Para avaliação da conformidade dos blocos, além de uma inspeção geral (onde

se verifica a correta identificação dos blocos, incluindo a marca do fabricante em cada

peça, e as características visuais dos blocos), deve ser realizada inspeção por ensaios

para determinação de suas características geométricas (valores das dimensões das

faces, espessura das nervuras que formam os septos e das paredes externas do

bloco, esquadro e planeza das faces), de sua caracterização física (índice de absorção

de água) e sua caracterização mecânica (resistência à compressão). Para tanto, deve-

se observar os lotes de fornecimento com no máximo 100.000 blocos ou fração, de

acordo com as amostragens e critérios de aceitação e rejeição apresentados na

Tabela 3.

Fonte: NBR 15270-1

Para o caso da utilização de tijolos maciços cerâmicos para alvenaria devem-

se verificar as especificações constantes da norma NBR 7170 (características visuais,

geométricas e mecânicas), considerando os respectivos critérios de aceitação e

Tabela 3. Critérios de aceitação ou rejeição de blocos cerâmicos

Page 39: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

26

rejeição. A verificação da resistência à compressão do tijolo deve ser feita conforme

método de ensaio apresentado na norma NBR 6460.

3.3.2 ARGAMASSA

Recomendam-se as argamassas mistas, compostas por cimento e cal

hidratada, para o assentamento. A argamassa utilizada para o assentamento dos

blocos pode ser industrializada ou preparada em obra e devem atender aos requisitos

estabelecidos na norma NBR 13281.

O cimento exerce papel importante na aderência, na resistência mecânica da

parede e na estanqueidade à água das juntas. Na preparação da argamassa, sempre

que possível, deve-se evitar a utilização de cimentos de alto forno (CP III) ou

pozolânico (CP IV), pois, devido à importante presença de escória de alto forno e de

material pozolânico respectivamente, a argamassa poderá ter elevada retração caso

não haja adequada hidratação do aglomerante; esses tipos de cimento, entretanto,

podem ser utilizados em situações em que se tenta prevenir reações de compostos do

cimento com sulfatos presentes na cerâmica.

A cal, em função de seu poder de retenção de água, propicia menor módulo de

deformação às paredes, com maior potencial de acomodar movimentações resultantes

de deformações impostas. Relativamente à cal hidratada, pode-se utilizar qualquer um

dos tipos de cal que atenda à norma NBR 7175.

As areias devem ser lavadas e bem granuladas, recomendando-se para a

argamassa de assentamento areias média (módulo de finura em torno de 2 a 3). Não

se recomenda o emprego de areias com porcentagens elevadas de material silto-

argiloso (conhecidas no Brasil com diversos nomes: “saibro”, “caulim”, “arenoso”,

“areia de estrada”, “areia de barranco”), sendo que a areia deve atender às

especificações da norma NBR 7211.

Page 40: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

27

Os ensaios recomendados para as argamassas de assentamento, conforme a

NBR 13281, são os seguintes: resistência à compressão, densidade de massa

aparente nos estados fresco e endurecido, resistência à tração na flexão, coeficiente

de capilaridade, retenção de água e resistência de aderência à tração.

3.3.3 TELA METÁLICA

Recomenda-se que as telas utilizadas na ligação alvenaria – pilar sejam telas

metálicas eletrosoldadas, galvanizadas, e dotadas de fios com diâmetro em torno de 1

mm e malha quadrada de 15 mm, conforme figura 9. As telas devem atender às

especificações da norma NBR 10119.

Fonte: http://www.telmetal.com.br

3.4 MÉTODO EXECUTIVO

O método executivo da alvenaria de vedação é segmentado em etapas

constituintes do processo, onde se busca estabelecer uma sequência executiva na

produção deste. Deve se dimensionar as equipes a fim de aumentar a produtividade,

otimizar o uso de equipamentos, minimizar o transporte do material e equipamentos, e

geração método de controle da qualidade. Além disso, é importante ter os

procedimentos executivos claros e detalhados. Segundo BARROS (1998), “somente é

possível cobrar aquilo que foi devidamente acordado”.

Figura 6. Tela Eletrosoldada

Page 41: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

28

Segundo o CÓDIGO DE PRÁTICAS Nº01, para o início dos serviços de

elevação das alvenarias, todas as providências de logística devem ter sido tomadas,

por exemplo, instalação no andar de guarda-corpos ou bandejas de proteção, eventual

fixação de plataforma de recepção de blocos e outros materiais, disponibilidade de

carrinhos porta-paletes, esquema de distribuição e empilhamento dos blocos, forma de

transporte e preparação da argamassa de assentamento (argamassadeiras, caixotes

de massa sobre suporte com altura regulável, etc), disponibilidade de gabaritos para

os vãos de portas e janelas, disponibilidade de andaimes, prévio recorte de telas para

as ligações com pilares ou ligações entre paredes com juntas a prumo e outras.

Continuando, os dispositivos de ligação dos pilares com as alvenarias devem

ser previamente providenciados, ou seja, marcação das fiadas, fixação de telas com

finca-pinos, introdução de ferros-cabelo ou ganchos nos pilares, etc. O lançamento de

chapisco nos pilares, lajes e vigas deve ter sido executado há pelo menos três dias. As

telas de arranque devem ser corretamente assentadas nas ligações com juntas a

prumo, resultando totalmente embutidas em argamassa bem compactada.

Ainda segundo o CÓDIGO DE PRÁTICAS Nº01, recomenda-se que as paredes

do mesmo pavimento sejam executadas simultaneamente, a fim de não sobrecarregar

a estrutura de forma desbalanceada; é aconselhável promover o levantamento de

meia-altura da parede num dia e complementá-la no dia seguinte, quando a primeira

metade já ganhou certa resistência. É aconselhável também iniciar-se a construção

pelas paredes de fachada, trecho inicial com 1m de altura, a fim de liberar bandejas,

grades de proteção e outros.

Para as ligações das paredes de fachada com as respectivas paredes internas

recomenda-se que sejam simultaneamente construídos trechos das paredes internas

na forma de “escada”, desaconselhando-se a manutenção de vazios para posterior

amarração dos blocos das alvenarias internas, conforme figura 10.

Page 42: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

29

Fonte: Código de Boas Práticas nº 01

Recomenda-se facear os blocos pelo lado da parede que receberá o

revestimento menos espesso (exemplo: gesso de um lado e revestimento cerâmico do

lado oposto, facear pelo lado que recebe o gesso). No assentamento devem ser

criteriosamente observados todos os detalhes previstos no projeto da parede

correspondente, considerando caixas de elétrica, pontos de água, luz e gás, cintas de

amarração, vergas e contravergas, pilaretes, blocos mais estreitos nas primeiras

fiadas e outros detalhes. Trabalhando-se sempre com as lajes bem limpas, ou o piso

protegido com mantas de plástico, pode-se reaproveitar a argamassa que cair no chão

durante o assentamento (CÓDIGO DE PRÁTICAS Nº01)

No máximo a cada duas ou três fiadas recomenda-se verificar o nivelamento e

o prumo da parede, utilizando-se prumo de face, régua e nível de bolha; tais

verificações, além da conferência da cota, devem ser procedidas com mais cuidado

ainda na fiada que cará imediatamente abaixo dos vãos de janela. O alinhamento e o

prumo devem também ser verificados com o máximo cuidado nas laterais dos vãos de

portas e janelas (ombreiras). (CÓDIGO DE PRÁTICAS Nº01).

Figura 7. Amarração entre paredes

Page 43: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

30

A TCPO (2010) apresenta o procedimento para execução de vedações internas

e externas:

1) Executar a marcação da modulação da alvenaria, assentando-se os tijolos dos

cantos, em seguida, fazer a marcação da primeira fiada com tijolos assentados sobre

uma camada de argamassa previamente estendida, alinhados pelo seu comprimento.

Segundo LORDSLEEM JR. (2001), é desejável que para a locação da alvenaria seja

designado um pedreiro ou equipe de pedreiros, devidamente qualificados e treinados

(habilidosos, motivados, de grande responsabilidade profissional e com capacidade

para ler e interpretar o projeto). Recomenda-se também que este pedreiro ou equipe

sejam os únicos a executar a locação de todos os pavimentos, resultando no ganho de

produtividade, uniformidade e qualidade do serviço.

2) Atenção à construção dos cantos, que deve ser efetuada verificando-se o

nivelamento, perpendicularidade, prumo e espessura das juntas, porque eles servirão

como gabarito para a construção em si.

3) Esticar uma linha que servirá como guia, garantindo o prumo e horizontalidade da

fiada.

4) Verificar o prumo de cada tijolo assentado.

5) As juntas verticais não devem coincidir entre fiadas contínuas, de modo a garantir a

amarração dos tijolos.

Segundo LORDSLEEM Jr. (2001), antes da locação deverá ser verificado o

nivelamento da laje, através do nível de mangueira ou aparelho de nível, devendo-se

fazer correções caso o desnivelamento seja superior a 2cm. De acordo com o mesmo

autor, deve-se dar atenção quanto à marcação da alvenaria em relação aos eixos de

referencia, os quais, preferencialmente devem ser os mesmos que foram utilizados na

locação da estrutura. Iniciando a locação pelas paredes da fachada e em seguida,

locar as paredes internas de acordo com a locação das paredes de fachada.

Page 44: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

31

Para o preparo da argamassa de assentamento, o CÓDIGO DE PRÁTICAS

Nº01 diz que o traço da argamassa deve ser estabelecido em função das diferentes

exigências de aderência, impermeabilidade da junta, poder de retenção de água,

plasticidade requerida para o assentamento e módulo de deformação (propriedade

muito importante nas alvenarias de vedação, frente ao risco de sobrecarga pelas

deformações impostas). Também devem ser consideradas as características dos

materiais a serem empregados em cada obra, incluindo-se aí os próprios blocos (com

diferentes rugosidades, absorção de água, etc.), e dos processos executivos a serem

adotadas (assentamento com colher de pedreiro, meia desempenadeira (“palheta”),

bisnaga, meia cana ou outras ferramentas, chapisco aplicado com colher, rolo,

desempenadeira de aço denteada, projetor ou outras ferramentas).

Em função das características dos materiais disponíveis no local da obra, o

traço da argamassa de assentamento deve ser estabelecido por meio de estudo de

dosagem e ensaios laboratoriais. Outros traços podem ser especificados pelos

projetistas desde que atendam aos requisitos estabelecidos na norma NBR 13281.

Traços alternativos podem ser previstos pelo projetista também para as argamassas

de fixação (“encunhamento”), utilizando-se quando for o caso materiais resilientes,

adesivos e outros aditivos. (CÓDIGO DE PRÁTICAS Nº01).

Para argamassas de assentamento industrializadas ou pré-dosadas, fornecidas

a granel, são válidas todas as indicações anteriores. Algumas argamassas são

dosadas sem a introdução de cal hidratada, compensando-se essa ausência com a

introdução de aditivos plastificante, incorporadores de ar e retentores de água. O

resultado final, em temos de aderência, módulo de deformação e outros requisitos,

deve ser o mesmo. (CÓDIGO DE PRÁTICAS Nº01).

Normatização para execução de vedação com bloco cerâmico

NBR 15270-1:2005 - Componentes cerâmicos - Blocos cerâmicos para alvenaria de

vedação: terminologia e requisitos.

Page 45: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

32

NBR 15270-3:2005 – Blocos cerâmicos para alvenaria estrutural e de vedação:

métodos de ensaio.

NBR 8545:1984 - Execução de alvenaria sem função estrutural de tijolos e blocos

cerâmicos

3.5 MÃO DE OBRA

Conforme Marder (2001), dos serviços de mão de obra mais solicitados, o

serviço de vedações verticais em alvenaria representa entre 6% e 10% do custo total

da construção de edifícios habitacionais e comerciais e pode chegar até a 17% em

prédios populares. Dos custos totais deste serviço, cerca de 50% é representada pela

mão de obra, por isso deve existir uma preocupação com o desempenho do trabalho.

A mão de obra da construção civil apresenta peculiaridades distintas dos outros

setores econômicos e industriais segundo um levantamento realizado pelo Serviço

Social da Indústria – SESI, no ano de 1991 (MARDER, 2001), tal como na construção

civil a população trabalhadora é de predominância masculina (98,56%). Isto é

explicado pelas próprias características do processo produtivo que se utiliza da força

física para a realização de tarefas.

A produtividade é a relação entre o resultado útil de um processo produtivo e a

utilização dos fatores de produção, ou seja, a quantidade de produto por unidade de

fator produtivo, geralmente o fator trabalho (GOMES, 2009).

Mutti (1995) apud Campos Filho (2004) fala que o motivo da produtividade no

setor da construção habitacional estar abaixo da média e seu custo ainda muito alto é,

entre outros fatores, o da falta de mão de obra capacitada. Além disso, o mercado

exige cada vez mais organização e agilidade em qualquer tipo de serviço, onde quem

é mais treinado pode ter uma oportunidade melhor de crescimento.

Em se tratando de alvenaria de blocos cerâmicos, a mão de obra para

execução desse serviço precisa de um mínimo de qualificação. É importante destacar

Page 46: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

33

que se a etapa de execução de vedações em blocos cerâmicos for mal realizada, isto

poderá implicar em um consumo exagerado de argamassa para emboço além de um

emprego maior de mão de obra para a execução no mesmo, aumentando

consideravelmente os custos e podendo até diminuir a qualidade do serviço.

Assim, apesar de o serviço não exigir uma qualificação elevada da mão de

obra, convém investir na preparação da mesma para então não gerar gastos elevados

nas etapas que sucedem a execução do sistema de vedação.

3.6 EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS

Para a elevação das alvenarias devem estar disponíveis todos os

equipamentos e ferramentas necessárias para o assentamento dos blocos, incluindo

colher de pedreiro, meia-cana, bisnaga, linha, esticadores de linha, réguas de

alumínio, prumo de face, escantilhões, broxa, nível de bolha e nível de mangueira,

esquadros de braço longo, furadeira elétrica, pistola finca-pinos, etc. Tomando por

referência a primeira fiada, assentada com os cuidados anteriormente mencionados,

podem ser marcadas nos próprios pilares as cotas das demais fiadas; é interessante,

contudo, o emprego de escantilhões, suportados por tripés ou introduzidos sob

pressão no reticulado vertical da estrutura (escantilhão telescópico), conforme figura 8.

Page 47: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

34

Fonte: Código de Boas Práticas nº 01

3.7 LOGISTICA DE CANTEIRO

De acordo com o CÓDIGO DE PRÁTICAS Nº01, para não se ter problemas em

relação ao recebimento, armazenamento e liberação de material para execução de

serviço, é necessário atenção aos itens abaixo expostos.

3.3.1 BLOCOS CERÂMICOS

Os blocos cerâmicos devem ser estocados em pilhas com altura máxima de

1,80 m, apoiadas sobre superfície plana, limpa e livre de umidade ou materiais que

possam impregnar a superfície dos blocos. As pilhas não devem ser apoiadas

diretamente sobre o terreno, sugerindo-se o apiloamento do terreno e a execução de

colchão de brita ou o apoio sobre paletes.

Figura 8. Equipamentos e Ferramentas - Alvenaria

Page 48: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

35

Quando a estocagem for feita a céu aberto, devem-se proteger as pilhas de

blocos contra as chuvas por meio de uma cobertura impermeável, de maneira a

impedir que os blocos sejam assentados com excessiva umidade. Na formação da

pilha, os blocos devem ser sobrepostos aos blocos inferiores, com “juntas em

amarração” conforme figura 9.

Fonte: Código de Boas Práticas nº 01

É recomendável que os blocos sejam fornecidos em paletes, sendo os mesmos

embalados com o auxílio de fitas metálicas ou de plástico; dessa maneira os paletes

podem ser transportados em carrinhos porta-paletes até o local de aplicação dos

blocos, com considerável redução na mão de obra e risco de quebra ou danos. É

recomendável que o fornecedor também disponha de plataformas acopláveis à

estrutura dos pavimentos, facilitando o transporte dos paletes por meio de gruas.

Qualquer que seja o sistema de transporte dos blocos cerâmicos deve-se evitar que os

mesmos sofram impactos que venham a provocar lascamentos, fissuras, etc.

Figura 9. Armazenamento - Blocos Cerâmicos

Page 49: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

36

3.7.2 AÇO

O aço deve ser armazenado em local coberto, protegido de intempéries e

afastado do solo, para que não fique em contato com umidade. O armazenamento

deve ser feito em feixes separados para cada bitola, facilitando o uso.

3.7.2 CIMENTO, CAL E ARGAMASSA

O cimento, a cal hidratada e eventuais argamassas industrializadas, materiais

fornecidos em sacos, devem ser armazenados em locais protegidos da ação das

intempéries e da umidade do solo, devendo as pilhas ficarem afastadas de paredes ou

do teto do depósito. Não se recomenda a formação de pilhas com mais de 15 sacos.

No caso do emprego de cal virgem, recomenda-se sua extinção imediatamente após

chegada na obra, podendo ser armazenada em tonéis ou no próprio “queimador”.

3.7.4 AREIA

A estocagem da areia deve ser feita em local limpo, de fácil drenagem e sem

possibilidade de contaminação por materiais estranhos que possam prejudicar sua

qualidade. As pilhas devem ser convenientemente cobertas ou contidas lateralmente,

de forma que a areia não seja arrastada por enxurrada.

3.8 DESEMPENHO E EXIGÊNCIAS TÉCNICAS

As dimensões dos blocos, a forma da seção transversal, a presença de

revestimento, a relação altura / espessura da parede, as características da argamassa

de assentamento, as características de rigidez da estrutura e a presença de vãos de

portas e janelas influenciam significativamente o desempenho das alvenarias. No caso

de paredes, a resistência à compressão dos blocos, além de ser um indicador geral da

sua qualidade, terá influência direta na resistência ao cisalhamento e à compressão de

paredes solicitadas por deformações impostas da estrutura (CÓDIGO DE PRÁTICAS

Nº01).

Page 50: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

37

Em situações especiais, como nos edifícios com mais de 20 pavimentos, nas

paredes mais longas e naquelas com altura considerável (superior a 3 m), as

alvenarias devem apresentar adequada resistência às cargas laterais, particularmente

aquelas devidas à ação do vento. Nesse caso, o momento fletor que atua na parede

deve ser calculado com base na carga atuante, nas dimensões da parede e nas suas

condições de vinculação, sendo que a tensão atuante não deve exceder a tensão

admissível da alvenaria solicitada à tração na flexão. (CÓDIGO DE PRÁTICAS Nº01).

Ainda de acordo com CÓDIGO DE PRÁTICAS Nº01, o projeto das alvenarias de

vedação deve levar em conta, além do próprio desempenho mecânico, exigências

relacionadas à estanqueidade à água, à isolação térmica, à isolação acústica, à

resistência ao fogo e a outras características. Assim sendo, na seleção do sistema de

blocos deve-se considerar:

a) dimensões modulares / peso dos blocos (aspectos ergonômicos e de

produtividade);

b) disponibilidade de blocos especiais (para coordenação modular nos encontros

entre paredes);

c) disponibilidade de peças complementares (meio-blocos, canaletas, blocos

compensadores);

d) regularidade geométrica e integridade das arestas;

e) embalagem / paletização;

f) facilidade de embutimento de dutos / fixação de esquadrias;

g) capacidade de sustentação de peças suspensas;

h) absorção de água / expansão higroscópica / risco de eflorescências;

i) rugosidade superficial / capacidade de aderência de revestimentos;

j) resistência à compressão;

k) isolação térmica;

l) isolação acústica;

m) resistência ao fogo.

Page 51: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

38

O desempenho das alvenarias está diretamente associado à perfeita coordenação

dimensional, à compatibilidade com outros projetos e à adoção de detalhes

construtivos apropriados. Em razão da pequena resistência a solicitações de tração,

torção e cisalhamento, as alvenarias devem ser convenientemente reforçadas com

telas, ferros corridos, vergas e outros dispositivos. No topo de muros de divisa,

guardacorpos de terraços e platibandas devem obrigatoriamente ser construídas

cintas de amarração (CÓDIGO DE PRÁTICAS Nº01).

3.9 VANTAGENS E DESVANTAGENS

Apesar de ser uma técnica construtiva desenvolvida há muitos anos, as alvenarias

de blocos cerâmicos apresentam alguns pontos positivos que fazem com que esse

sistema seja utilizado até os dias de hoje, sendo elas:

A. Peso próprio reduzido - que proporciona uma maior produtividade da mão de

obra e alívio de fundação, além de diminuir as possibilidades de acidentes no

canteiro;

B. Transporte de grandes quantidades de blocos soltos ou em paletes em um

mesmo caminhão - reduz significativamente os valores do frete;

C. Conforto térmico devido a sua inércia térmica, sendo o calor e frio mais

amenizados pelas paredes de blocos cerâmicos;

D. Custo comercial dos blocos cerâmicos é, via de regra, inferior quando

comparado com outros materiais utilizados nas alternativas para execução de

alvenaria;

E. Facilidade de treinamento e profissionalização, as etapas de execução são

simples, permitindo que a mão de obra assimile rapidamente as boas práticas

construtivas;

Page 52: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

39

F. Técnica executiva simplificada, utilização de blocos cerâmicos modulares e

diversos equipamentos adaptados para tornar a execução mais fácil, prática e

produtiva;

G. Modificações nas instalações de sistemas hidráulicos e elétricos são realizadas

facilmente;

H. Abertura de vão e entradas nas paredes são realizadas normalmente, não

causando problema na estrutura.

I. Flexibilidade ao proprietário na hora de reformar ou ampliar a casa.

Em contrapartida, a uso desse tipo de sistema de vedação apresenta algumas

desvantagens:

A. Maior consumo de material para execução de chapisco e emboço;

B. Sua execução implica em um canteiro de obra sujo;

C. Geração de grande volume de entulho devido aos cortes dos blocos e abertura

de espaço para as instalações;

D. Necessário a utilização de vigas e pilaretes para a sustentação da alvenaria.

Page 53: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

40

4. PAREDE MONOLÍTICA DE DRYWALL PREENCHIDA COM ARGAMASSA

4.1 DESCRIÇÃO

Segundo o dicionário Priberam, a palavra “monolítica” é definida como algo

feito de uma pedra só ou pedra de grandes dimensões. Assim, entende-se que esta

palavra se refere à continuidade superficial do sistema, que no caso é único, maciço e

continuo.

Atualmente existem diversos tipos de sistemas monolíticos, sendo os mais

conhecidos as paredes de solo cimento, de concreto armado e de concreto PVC. Cada

um desses sistemas se utiliza de uma metodologia e materiais diferentes, mas todos

constituirão um sistema monolítico de vedação.

Além desses exemplos acima citados, existe um tipo de sistema monolítico que

esta sendo usado cada vez mais no mundo e que vem chamando atenção das

grandes construtoras, a parede monolítica constituída de drywall e preenchida com

uma argamassa especial, objeto de estudo deste capítulo.

Trata-se de um sistema de vedação moderno que vem ganhando cada vez

mais espaço no mercado da construção civil mundial devido às diversas vantagens,

econômicas e de desempenho, que ele apresenta em relação aos demais sistemas de

vedações presentes no mercado. Podemos dizer que esse sistema é uma evolução do

já conhecido sistema drywall.

O sistema tem como grande diferencial a utilização de uma argamassa

especial que apresenta vantagens de desempenho quando se trata de isolamento

térmico, acústico e resistência a fogo. Sua diferença para as paredes em drywall esta

basicamente no preenchimento. Enquanto o primeiro é preenchido com argamassa, o

segundo leva somente lã mineral em seu interior.

Page 54: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

41

As paredes são constituídas por uma estrutura de guias horizontais fixadas no

piso e na laje e por montantes verticais encaixados nas guias com espaçamento mais

comum de 60cm ou 40 cm, podendo variar de acordo com o projeto, onde são

parafusadas placas de drywall em ambos os lados e é complementada com o

preenchimento de seu interior por uma argamassa, melhorando seu desempenho

acústico e térmico quando comparado com o sistema de alvenaria de blocos

cerâmicos e o próprio sistema de drywall. Os perfis de aço utilizados para sua

estrutura são devidamente fixados na estrutura já existente e possuem furos por onde

passam os sistemas de instalações.

4.2 ASPECTOS HISTÓRICOS

Em se tratando de drywall, já são mais de 70 anos que o mesmo é

utilizado, não somente em países de primeiro mundo, mas em países em

ascendência. A exemplo disso é o Chile que consome há anos muito mais que o

Brasil. (http://www.portaldrywall.com.br/)

O drywall surgiu da idéia de se industrializar a repetitiva e lenta produção de

paredes e forro, que antigamente era realizada artesanalmente, limitada ao processo

convencional da alvenaria ou “Lath”, que consistia num processo semelhante a da

projeção de argamassa sobre armações de madeiras.

(http://www.portaldrywall.com.br/)

Trata-se de um sistema interessantíssimo de construção utilizado

principalmente em edifícios, que chegou ao Brasil a cerca de dez anos, mas que já é

utilizado na Europa e nos Estados Unidos há muito tempo.

(http://engenhariacivilnanet.blogspot.com.br/)

O sistema de drywall preenchido com argamassa especial nada mais é que

uma adaptação do já conhecido drywall. Seu surgimento esta atrelado à necessidade

que as construtoras tinham de reduzir ao máximo o prazo de obra, mas que

Page 55: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

42

continuassem a oferecer produtos competitivos e que atendessem às normas de

desempenho.

Assim, usou-se o drywall, que é um sistema de rápida execução e elevada

qualidade final de acabamento atrelado a uma argamassa desenvolvida para o fim de

preencher o sistema, o tornando monolítico e ao mesmo tempo leve e eficiente no que

tange desempenho.

No Brasil, as primeiras obras que usaram o sistema em estudo foram no estado

do Espirito Santo, local onde atualmente há uma intensa atividade acadêmica em

relação ao assunto.

4.3 MATERIAIS

4.3.1 PERFIS DE AÇO GALVANIZADO

As placas de gesso acartonado devem ser fixadas sobre base plana e estável,

pois a mesma não tem estabilidade estrutural adequada. Sendo assim, se fixadas

sobre componentes frágeis, resultaram no aparecimento de fissuras nas chapas.

A estrutura é constituída de perfis de aço galvanizado fabricados

industrialmente mediante um processo de conformação a frio em perfiladeiras de

rolete a partir de chapas de aço protegidas com tratamento de zincagem mínimo Z

275, com espessura mínima de chapas de 0,50mm.

Page 56: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

43

Os perfis são produzidos em conformidade com a norma técnica da ABNT -

NBR 15.217:2005 e tem suas características definidas conforme Tabela 4.

Fonte: www.placo.com.br

As guias são peças utilizadas, como o próprio nome já diz, para guiar a

colocação dos montantes. Elas são fixadas nas lajes, tanto na parte superior quanto

na parte inferior (teto e piso), onde os montantes serão aparafusados. Já os montantes

tem função estrutural e de servir como ponto de aparafusamento e sustentação das

placas.

Analisando a seção das guias e dos montantes, percebe-se que o segundo

possui mais dobras que o primeiro e esta característica é a que lhe confere maior

resistência à compressão vertical.

4.3.2 PLACAS DE GESSO ACARTONADO

As normas técnicas que regem a produção das chapas de gesso acartonado são a

NBR 14716:2001, NBR 14715:2001 e NBR 14717:2001. Sua definição consta no

Manual de Projetos de Sistemas Drywall 2006 como chapas fabricadas industrialmente

mediante um processo de laminação contínua, onde se mistura água, gesso e aditivos

Tabela 4. Perfis de Aço Galvanizado

Page 57: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

44

entre duas lâminas de cartão, sendo que uma é virada sobre os bordos longitudinais e

colada sobre outra. Dentre as tipologias das placas comumente utilizadas têm-se,

segundo o fabricante KNAUF::

A. Standart (ST): são indicadas para uso geral, sendo normalmente utilizadas em

paredes, tetos e revestimentos de áreas secas e apresentam a cor cinza,

conforme Figura 10

B. Resistente à Umidade (RU): também conhecidas como "chapas verdes"

conforme Figura 10, possuem elementos hidrofugantes e são indicadas para

uso em áreas úmidas como banheiros, cozinhas e áreas de serviço;

C. Resistente ao Fogo (RF): também são conhecidas como “chapas rosa”

conforme Figura 10, elas contêm retardantes de chama em sua fórmula, sendo

indicadas para uso em áreas especiais como saídas de emergência e escadas

enclausuradas.

Fonte: bragips.com.br

Figura 10. Tipos de placa de gesso acartonado

Page 58: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

45

As bordas das placas podem ser de dois tipos diferentes: BQ, de bordas

quadradas e BR, de bordas rebaixadas, conforme Figura 11. A que possibilita o melhor

tratamento das juntas, dando aparência monolítica. Para as placas do tipo BR, a borda

rebaixada deve estar situada na face da frente da chapa e sua largura e profundidade

devem ser medidas de acordo com a NBR 14716.

Fonte: http://www.valerianodivisorias.com.br

Outra importante característica a ser apresentada pelas placas é a higroscopia que

dá características reguladoras a mesma frente à umidade: absorvendo umidade

quando o ambiente está excessivamente úmido e liberando-a quando o ambiente está

seco (ABRAGESSO,2006).

A Tabela 5, adaptadas da norma NBR 14715 (Chapas de gesso acartonado –

Requisitos), apresenta as características geométricas pertinentes às placas de gesso

acartonado.

Figura 11. TIpos de bordas de placa de gesso acartonado

Page 59: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

46

Tabela 5. Características geométricas da placa de gesso acartonado

Fonte: ABRAGESSO 2004

A Tabela 6, também adaptada da NBR 14715, apresenta as características

físicas referentes às placas de gesso acartonado.

Page 60: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

47

Tabela 6. Características físicas da placa de gesso acartonado

Fonte: ABRAGESSO 2004

4.3.3 ELEMENTOS FIXADORES

As chapas são fixadas na estrutura por meio de parafusos autoperfurantes e

autoatarraxantes, produzidos com diversas dimensões e materiais para diferentes

espessuras de chapeamento e de perfis e com proteção contra corrosão, conforme

Tabela 7.

Page 61: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

48

Fonte: / http://www.disoter.com.br

O tipo e a quantidade de parafusos são informações contidas obrigatoriamente nos

projetos de execução da parede. Essas características vão variar de acordo com a

carga que tal parede sofrerá, com as condições as quais ela estará exposta, com a

sua dimensão e com o tipo de e perfis e placas utilizados.

Tabela 7. Tipos de parafuso

Page 62: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

49

Segundo o fabricante Knauf, os parafusos devem seguir as seguintes

exigências: Resistência à corrosão: os parafusos utilizados para fixação dos

componentes dos sistemas drywall devem possuir resistência à corrosão vermelha

mínima de 48 horas na câmara salt-spray em teste de laboratório;

O comprimento dos parafusos que fixam as chapas de gesso nos perfis metálicos

(chapas de gesso/metal) é definido pela quantidade e espessura de chapas de gesso

a serem fixadas: o parafuso deve fixar todas as camadas e ultrapassar o perfil

metálico em pelo menos 10 mm; O comprimento dos parafusos que fixam os perfis

metálicos entre si (metal/metal) deve ultrapassar o último elemento metálico, no

mínimo em três passos de rosca.

4.3.4 ELEMENTOS DE ACABAMENTO

As massas para juntas são produtos específicos para o tratamento das juntas

entre chapas de drywall, tratamento de encontros entre as chapas e o suporte

(alvenarias ou estruturas de concreto), além do tratamento das cabeças dos

parafusos. As massas devem ser utilizadas juntamente com fitas de papel apropriadas

para juntas (KNAUF).

As fitas são elementos essenciais no tratamento de juntas, proporcionando, em

conjunto com a massa indicada para este fim, a resistência e a elasticidade

necessários para que o acabamento se mantenha estável, sem fissuras ou trincas.

(KNAUF)

Elas podem ter três diferentes finalidades:

A. Fita para Juntas: à base de papel especial microperfurado para tratamento

de juntas em paredes, tetos e revestimentos;

B. Fita para Isolamento: à base de resina auto-adesiva para utilização em

isolamento entre os perfis perimetrais e a estrutura;

C. Fita para Cantos: à base de papel com duas tiras de reforço em alumínio

para proteger cantos vivos de paredes e colunas contra impactos leves.

Page 63: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

50

4.3.5 ACESSÓRIOS

Os acessórios são peças indispensáveis utilizadas geralmente para a sustentação

mecânica do sistema e devem ter um revestimento zincado visando à proteção contra

a corrosão. Para acessórios constituídos de outros materiais, estes deverão ter uma

proteção contra a corrosão no mínimo equivalente aos de aço galvanizado

(ABRAGESSO,2006).

A Tabela 8 organiza os acessórios apontados no Manual de Projetos de Sistemas

Drywall, desenvolvido pela Associação Brasileira dos Fabricandes de Chapas de

Drywall, sendo que outras peças ou variantes das peças podem ser criadas para as

mesmas utilizações, desde que aprovadas pelos fabricantes de chapas.

Fonte: Manual de Projetos de Sistemas Drywall

Tabela 8. Acessórios para drywall e suas definições

Page 64: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

51

4.3.6 ARGAMASSA DE PREENCHIMENTO

Para o preenchimento do sistema, deve optar por uma argamassa leve, de fácil

manuseio e que atenda aos requisitos de qualidade no que se refere ao isolamento

acústico, término e de resistência ao fogo.

Além disso, deve-se estudar bem a reação da argamassa escolhida com os

elementos do sistema, tais como as placas de gesso e os perfis de aço galvanizado.

Assim é possível ter a garantia de durabilidade das paredes.

No mercado não há muitas opções visto que este é um material muito específico,

sendo os mais comuns argamassa com EPS incorporado na mistura e argamassas

aeradas.

4.4 MÉTODO EXECUTIVO

4.4.1 MARCAÇÃO E FIXAÇÃO DAS GUIAS

O primeiro passo para a marcação das guias é checar se o pavimento esta

liberado. Para isso os shafts devem estar vedados, as furações executadas, a

superfície não pode conter grandes ressaltos e as chapas já devem estar estocadas

no andar onde se iniciarão as atividades.

Em seguida ocorre a demarcação da posição das guias a partir das posições

dos eixos, utilizando trena calibrada e uma linha vermelha, conforme Figura 12. Assim

feito, segue-se para a colagem da banda acústica autoadesiva nas guias e

posicionamento das mesmas conforme marcação realizada.

Page 65: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

52

Fonte: INPAR 2004

Para a fixação das guias é utilizada a pistola finca pino, sendo que a distância

de fixação entre os tiros deverá ser de 60 cm e o tiro deve ser realizado de 5 a 10 cm

das extremidades. Nas áreas de portas deixa-se 20 cm para cima da superfície do

montante do batente, evitando a sobreposição das abas, cortando-as com ângulo igual

ou superior a 45° (corte em V).

Para a execução das guias superiores, utiliza-se o nível a laser. O serviço deve

ser feito com muita atenção para que as guias fiquem no esquadro.

4.4.2 MONTAGEM DA ESTRUTURA

O montante deve ser totalmente apoiado na guia inferior e deve-se ser deixado

um espaçamento de 1 cm em relação a guia superior. Além disso, deve-se respeitar o

projeto quanto à quantidade e ao espaçamento dos montantes.

O travamento dos montantes na guia superior deve ser feito com um alicate de

punção em ambos os lados. Em se tratando de guia inferior, o travamento deve ser

feito com aparafusamento nos dois lados do montante.

No caso de bandeiras de portas, realizar o travamento da guia superior

aparafusando a aba da guia de virada na bandeira com 20 cm e sempre verificar o

nível dessas peças.

Figura 12. Marcação de parede com pó de xadrez

Page 66: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

53

Nos locais onde há passagem de instalações elétricas e hidráulicas, estes

devem ser instalados antes do inicio do da colocação das chapas, o que facilitará a

execução dos mesmos.

Antes de iniciar a fase de chapeamento é recomendada a conferência dos

prumos internos da estrutura de aço executada. Deve-se testar a estanqueidade das

instalações hidráulicas e checar o posicionamento das demais instalações.

4.4.3 PLAQUEAMENTO 1ª FASE

No caso do sistema monolítico em estudo, primeiramente se fecha somente um

lado com placas de gesso, sendo assim, a projeção da argamassa de preenchimento

se dá pelo lado aberto, na parte de trás da placa já fixada.

Para instalação das placas, deve-se estudar o projeto de forma que sejam

respeitadas tanto a paginação das placas como o tipo de placas a ser utilizada em

cada lugar.

As chapas precisam ser cortadas nas medidas necessárias com a utilização de

régua tê, serra copo e raspador para acabamento. Para a sua fixação, o

aparafusamento deve ocorrer de forma perpendicular à chapa e não deve haver fresta

entre uma placa e outra. Na parte superior e inferior da laje deve haver uma folga de 1

cm.

Os parafusos devem apresentar uma distância entre borda de 1 cm e a última

linha deve estar a 5 cm do teto. A profundidade de penetração do parafuso deve ser

de 1 mm para que se evite estourar o cartão e permitir o cobrimento da camada de

massa.

4.4.4 PROJEÇÃO DA ARGAMASSA E PLAQUEAMENTO 2ª FASE

Para obter os resultados esperados e ainda agilizar a projeção da argamassa,

sugere-se seguir o Manual de Aplicação para Paredes com Argamassa Projetada

Page 67: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

54

desenvolvido por um fabricante de argamassa. Todas as informações dos

procedimentos de aplicação redigidas abaixo foram retiradas do Manual.

Para assegurar rapidez na construção é crucial uma preparação correta da área

antes de ser projetada a argamassa.

A espessura da parede pode variar de acordo com o projeto, mas a espessura

mínima é definida pelo tamanho da largura do aço estrutural C75, C100, C150 ou

outra espessura qualquer.

As instalações prediais em geral, rede elétrica e encanamento, passarão por os

furos pré-perfurados, mas em alguns casos pode ser necessário aumentar o furo.

Pode-se fazer isso facilmente utilizando as ferramentas especiais ou serras copo ou

uma esmerilhadora angular. Isto deverá se identificado pela equipe responsável pelas

instalações da obra.

Em preparação para aplicação da argamassa, as tomada e caixas elétricas devem

ser protegidas com espuma EPS devidamente cortadas ao tamanho certo, conforme

Figura 13. Isto permite uma aplicação rápida da argamassa, evitando o bloqueamento

das tomadas. Todos os serviços de encanamento devem ser testados com pressão

antes do preenchimento com argamassa.

Figura 13. Proteção de tomadas e caixas elétricas

Fonte: Manual de Aplicação – CRUPE SYSTEM

Page 68: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

55

Após o trabalho de preparação da rede elétrica, encanamento e guia de

nivelamento, ou seja, tudo no lugar, pode-se começar o processo rápido e simples da

preparação da massa para projeção.

Uma bomba de massa é usada para a projeção para maximizar velocidade,

eficiência, uniformidade e densidade da parede. A bomba tem 2 ciclos - um misturador

e um alimentador de bomba.

O processo de projeção da massa pode ser separados em 2 passos básicos,

sendo o primeiro misturar e o segundo, projetar. Abaixo alguns pontos do passo-a-

passo:

A. O aditivo é adicionado em um tambor de agua limpa de 200 litros separado do

recipiente;

B. A taxa de dosagem é de 250 ml de aditivo por 200 litros de água limpa.

C. Depois de misturar 2-4 minutos a massa fica aparentemente molhada se

tornando homogênea;

D. A unidade de mistura é inclinada para cima para transferir a massa molhada

para o alimentador de bomba;

E. Liga-se ar comprimido e projeção pode começar;

F. Um novo lote de massa Insultherm poderá ser iniciado imediatamente pelo

trabalhador que estiver operando a bomba.

A mistura é então transferida do misturador para a bomba de vibração pronta para

ser projetado.

Aconselha-se projetar uma camada inicial a uma profundidade de

aproximadamente 2 centímetros. Isto irá permitir que a camada seque rapidamente e

proporcionará força adicional e rigidez para massa restante a ser projetada em uma

única passagem.

Depois que a primeira camada esteja completamente seca e estável sobre a

superfície de aplicação, o empreiteiro pode começar a projetar continuamente até a

Page 69: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

56

espessura total da parede, projetando em cada seção até chegar ao nível das guias

pré-fixadas na estrutura, conforme Figura 14.

Fonte: Módulo de Engenharia – Wind Residencial

A técnica de projeção correta é manter o bico da pistola aproximadamente 20

centímetros da parede, tendo o cuidado de preencher primeiro as extremidades do

quadro, seguindo um movimento constante, esquerda e direita, a partir do topo para

base da seção.

Por final, atingida a espessura das guias pré-fixadas, o nivelamento da parede é

feito com régua e niveladores de superfícies fixados anteriormente, conforme Figura

15, e em seguida cola-se a segunda placa de gesso acartonado, fechando a parede e

formando uma estrutura monolítica.

O material em excesso que cair sobre o piso deve ser recolhido e reaproveitado na

mesma parede.

Figura 14. Projeção da argamassa

Page 70: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

57

Figura 15. Nivelamento da parede

Fonte: Mares Engenharia

4.4.5 TRATAMENTO DAS JUNTAS

O inicio desta etapa se dá com a preparação da massa com um batedor

elétrico até atingir o ponto de enfitamento para o caso de massa em pó. Em seguida

deve-se embeber o lado correto da fita com o auxilio de ferramenta apropriada na

massa de acabamento.

A fita deve ser aplicada no centro das juntas com o lado correto, comprimindo-a

com os dedos para que se obtenha a aderência inicial e em seguida alisando

gradativamente com uma espátula de 4’’ (polegadas) de largura até a retirada parcial

da massa e possíveis bolhas.

Após a secagem da fita, devem-se lixar levemente as superfícies enfitadas. A

massa tem que ser aplicada com consistência maior que a do enfitamento, com uma

espátula de 8’’ de largura, no centro da fita, de forma a preencher o rebaixo entre as

chapas.

Page 71: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

58

Depois que a primeira demão de massa estiver seca, lixa-se levemente as

juntas, suavizando a superfície por completo para assim obter a planicidade da

mesma. A massa da segunda demão deve ser aplicada com uma espátula de 10’’ de

largura no centro da fita, reforçando o preenchimento do rebaixo da junta e as

suavizações laterais.

Feito isso, lixa-se levemente as juntas e aplica-se a terceira demão de massa,

agora com uma espátula de 12’’ de largura no centro da fita, garantindo assim o

aumento gradativo do cobrimento na largura e espessura da junta, assegurando ao

final do procedimento a planicidade entre as chapas.

Nos cantos internos o processo é semelhante, com a diferença que só é

necessário ser feita uma demão de massa com a consistência da segunda demão e

utiliza-se a espátula de 5’’ de largura.

No caso do acabamento dos parafusos e alguma eventual irregularidade na

superfície da chapa, o mesmo deve ser feito com uma massa de consistência mais

dura que a da primeira demão para juntas, utilizando uma espátula de 3’’ de largura.

No caso de parafusos, deve-se alisar a área em sentidos opostos para o completo

preenchimento do espaço.

4.5 MÃO DE OBRA

4.5.1 CARACTERISTICAS GERAIS

De acordo com FARAH (1992) “As empresas precisam entender que

dependem da qualificação do trabalhador e de sua habilidade para viabilizar a

produção, pois ainda que a tecnologia esteja embutida no projeto e em alguns

componentes industrializados, os trabalhos intervêm com sua experiência prática,

Page 72: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

59

traduzindo os projetos na fase de execução e recorrendo a seus conhecimentos para a

utilização e aplicação de materiais e componentes”.

A falta de qualificação profissional foi apontada como o principal problema para

as empresas da área de construção civil, segundo pesquisa divulgada em julho de

2010 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com o levantamento,

a pouca qualificação é preocupação para 62% das empresas (DIÁRIO POPULAR,

2010).

No caso do sistema monolítico estudado neste capítulo, para a fase de

marcação e montagem dos perfis de aço galvanizado, a mão de obra deve apresentar

uma qualificação um pouco mais elevada, já que o operário deverá ler e interpretar

projetos e trabalhar com medidas e compartimentos.

Para a fase de projeção da argamassa, não é necessária a utilização de mão

de obra com vasta experiência, já que a argamassa apresenta facilidade de

manipulação e aplicação. Assim, basta um treinamento prévio de poucas horas antes

de iniciar a projeção.

4.5.2 PRODUTIVIDADE

O sistema em estudo tem como grande vantagem sobre os sistemas

convencionais a sua superior produtividade. Sabe-se que o drywall é um sistema de

rápida e prática execução e que o sistema monolítico leva uma argamassa projetada

por uma máquina, o que também garante agilidade ao processo.

Em estudo feito pela construtora, chegou-se ao número de 20 m²/dia por

equipe de montagem de drywall. Em relação à projeção da argamassa, este número

gira em torno de 1 m³/h por equipamento de projeção e por dia. Com estes índices, o

tempo de duração de execução de um pavimento nesse sistema é muito inferior se

comparado com os sistemas convencionais de alvenaria de blocos cerâmicos ou

alvenaria estrutural.

Page 73: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

60

Além da maior velocidade de execução, quando se finaliza o sistema

monolítico estudado, a mesma encontra-se com sua superfície lisa e pronta para

receber o acabamento final. Já nos sistemas acima citados, ao finalizar sua execução,

tem início a fase de regularização da mesma utilizando argamassa para emboço ou

gesso, gastando-se muito mais tempo, mão de obra e material.

4.6 EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS

Para montagem dos sistemas construtivos em drywall é necessário que o

instalador esteja munido de um kit básico de ferramentas que contenha trena, cordão

para marcação, prumo de face, estilete, fita de nylon, serrote, tesoura para cortar os

perfis, nível magnéticos, plaina, furadeira, parafusadeira, serra copo, pistola finca pino,

espátula e desempenadeira, conforme Figura 16.

Page 74: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

61

Fonte: placo.com.br

Para a mistura, projeção e nivelamento da argamassa são necessários alguns

equipamentos específicos, tais como baldes, tambor para armazenamento do aditivo,

mangueira e adaptadores, réguas de alumínio, raspador para a limpeza do chão. Além

desses, são necessários equipamentos maiores como uma bomba misturadora de alto

volume, onde a mistura será dosada, misturada e projetada, conforme Figura 17.

Figura 16. Ferramentas para drywall

Page 75: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

62

Fonte: Ficha técnica Crupe, 2014

Sobre a bomba e a mangueira que a equipa, estas devem ser totalmente

limpas no fim do dia e a cada 3 ou 5 horas para evitar obstruções. Pode-se aplicar um

filme leve de um mistura de 50% querosene com 50% óleo diesel utilizando um

borrifador manual para que este auxilie na remoção do material aderido.

4.7 LOGÍSTICA DE CANTEIRO

4.7.1 ELEMENTOS DO DRYWALL

As chapas de Drywall chegam na obra empilhadas em pallets vendo de caminhões,

conforme figura 18.

Figura 17. Bomba misturadora

Figura 18. Transporte de pallets de drywall

Fonte: INPAR 2004

Page 76: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

63

Recomenda-se que as placas sejam empilhadas sobre apoios de no mínimo 5

cm de largura, espaçados aproximadamente 40 cm e para as mesmas não sofrerem

abalos, o comprimento dos apoios deve ser igual à largura das chapas. Além disso, o

alinhamento dos apoios deve ser mantido ao empilhar vários pallets. Não se deve

empilhar chapas curtas em conjunto com chapas longas ou fora de alinhamento.

O transporte manual do local de armazenagem para o local de execução pode

ser feito tanto com um carrinho paleteiro como com a mesma empilhadeira utilizada no

descarregamento do caminhão. O transporte vertical do material é feito através de um

elevador cremalheira.

As placas são distribuídas nos andares pelo carrinho paleteiro, de forma que

fiquem bem espaçadas e perto de pilares para que assim seja evitada a sobrecarga de

algum ponto da laje. Recomenda-se proteger as placas com uma lona plástica para

que as mesmas não sejam danificadas por eventuais chuvas ou vazamentos de água,

conforme Figura 19.

Figura 19. Distribuição de placas nos andares

Fonte: INPAR 2004

Page 77: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

64

Em se tratando dos perfis metálicos, estes devem ser mantidos

preferencialmente amarrados e alinhados. Deve também evitar balanços ou distorções

que possam causar amassamento ou torções nos perfis. Os perfis menores devem ser

sempre apoiados sobre os perfis maiores.

As massas de acabamento, no caso de serem em pó, devem ser estocadas em

local seco, afastados do piso, preferencialmente sobre estrados e em pilha de no

máximo 20 sacos intercalados para assegurar a estabilidade da pilha. Caso seja a

massa pronta, as mesmas devem ser estocadas também em local seco e em pilhas de

no máximo 3 baldes (LESSA, 2005).

4.7.2 ARGAMASSA

Medidas de proteção especial ou proteção com produtos nocivos ou perigosos são

necessários. Tipicamente os produtos são armazenados em sacos de 25kg assim

como outros produtos com base de cimento, precisam de ser protegido contra

umidade.

Os componentes da argamassa devem ser armazenados fora do chão, em um

local seco e protegido. Tais produtos não necessitam equipamento especial de

manuseio sendo à base de mineral sem efeitos colaterais conhecidos.

Não armazenar os produtos abaixo de 5 graus ou acima de 35 graus. Mantenha-

os fora do alcance da luz solar direta. Assim, sua vida útil armazenadas de forma

correta e selada é de 6 meses.

4.8 DESEMPENHO E EXIGÊNCIAS TÉCNICAS

Assim como no caso de alvenaria com blocos cerâmicos, o projeto das paredes do

sistema monolítico também deve considerar o próprio desempenho mecânico,

exigências relacionadas ao isolamento térmico e acústico, à resistência ao fogo, à

estanqueidade à água, e à outras características. Assim, devem-se levar em conta os

seguintes itens para elaboração de um projeto:

Page 78: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

65

A. Regularidade geométrica e integridade das arestas;

B. Embalagem / paletização das placas de gesso, dos guias e da própria

argamassa;

C. Facilidade de embutimento de dutos / fixação de esquadrias;

D. Capacidade de sustentação de peças suspensas;

E. Absorção de água / expansão higroscópica / risco de eflorescências;

F. Rugosidade superficial / capacidade de aderência de revestimentos;

G. Resistência à compressão;

H. Isolação térmica;

I. Isolação acústica;

J. Resistência ao fogo.

4.9 VANTAGENS E DESVANTAGENS

A argamassa substitui vários produtos tradicionais em um só produto, simples,

eficiente e de fácil aplicação. Proporcionando uma redução dos materiais requeridos

para construção o que significa uma redução no tempo e no custo da construção,

tornando o projeto mais rápido e mais previsível que a maioria das construções

tradicionais.

Este sistema também oferece muitas vantagens sobre os produtos tradicionais

de cimento, como o tempo de secagem uma baixa porcentagem na matéria prima

cimentícia, evitando assim o uso de adesivos químicos na sua aplicação. (Ficha

Técnica Crupe)

Ele também oferece uma estrutura monolítica de alta resistência. Em termos de

custo no uso de energia elétrica, o uso de ar condicionado, por exemplo, tende se a

reduzir devido seu desempenho avançada em isolamento térmico. Com o uso da

argamassa inova-se uma vez mais reduzindo os custos da construção em geral.

(Ficha Técnica Crupe)

Page 79: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

66

Abaixo, algumas outras vantagens que o uso deste sistema apresenta:

A. Certificada e classificada em todo o mundo com classificação contra incêndio

A1 até mais de 4 horas;

B. Redução do tempo de construção;

C. Redução significativamente dos custos de construção;

D. Utiliza mão de obra pouco qualificada na fase de projeção;;

E. Cria uma estrutura monolítica com boa resistência

F. Alívio de Cargas na Estrutura e Ganhos de Área útil pela reduzida espessura

das paredes acabadas;

G. Sistema Construtivo gerando baixo volume de resíduos e desperdício no

canteiro de obras;

H. Apresenta a infraestrutura das instalações elétricas e hidráulicas já embutidas;

I. Total liberdade da arquitetura em função da flexibilidade na alteração das

vedações no pós-obra;

A principal desvantagem consiste no fato de que como se trata de um sistema

novo e desenvolvido por empresas estrangeiras ainda não instaladas no Brasil, ele

deve ser importado para ser aplicado. Isso sem dúvida nenhuma o torna um

sistema bem mais caro quando comparados com os sistemas convencionais

utilizados no país e confere ainda elevada dependência quanto a variação cambial.

Outras desvantagens observadas são a necessidade de reforço em perfil de

aço nas aberturas das portas e vãos e o fato de a argamassa de preenchimento

ainda não ser homologada pelo sistema PBQPH.

Ainda, em se tratando de reformas que envolvam quebrar as paredes do

sistema, a Massa Crupe não é vendida em lojas de materiais de construção,

assim, o proprietário terá que preencher o sistema utilizando outro argamassa.

Page 80: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

67

5. ESTUDO DE CASO

5.1 DESCRIÇÃOS DO EMPREENDIMENTO

5.1.1 ASPECTOS GERAIS

O Wind Residencial é o empreendimento que serve de base para este estudo.

Planejado e desenvolvido por uma grande construtora do ramo de incorporação

imobiliária, o empreendimento esta localizado na Estrada dos Bandeirantes, na Zona

Oeste do Rio de Janeiro, região que esta em pleno crescimento.

O projeto foi concebido a partir de um programa integrado de sustentabilidade

que abrange a gestão da água, eficiência energética e soluções de projeto voltadas

para mitigação de resíduos e maior performance acústica e térmica. O destaque está

na escolha dos sistemas construtivos que apresentam redução significativa de

resíduos no canteiro e também busca uma industrialização visando mitigar a escassez

de mão de obra identificada na matriz de risco. Como exemplo, podemos citar o

sistema monolítico que é objeto de estudo deste trabalho, e a modulação da estrutura

visando otimização das etapas de obra e maior qualidade final do empreendimento.

(http://www.windresidencial.com.br/?acao=conteudo&par=sustentabilidade> acessado

em 21 de julho de 2014)

A nova norma de desempenho já foi considerada na concepção do projeto,

com especial atenção no isolamento térmico e acústico. A engenharia foi pensada em

cada disciplina de projeto com o objetivo de entregar um produto de excelência ao

nosso cliente. (http://www.windresidencial.com.br/?acao=conteudo&par=sustentabili

dade > acessado em 21 de julho de 2014)

O condomínio é composto de quatro edifícios que abrigará 260 apartamentos

que apresentam área variando de 62 m² a 75 m². Além disso, ele oferece completa

infraestrutura para os moradores, contando com academia, salão de jogos, espaço

Page 81: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

68

gourmet, salão de festas, sauna, espaço de repouso, brinquedoteca, home office,

piscina, churrasqueira, forno de pizza, redário, play infantil, mini camping, pet play e

por fim uma quadra poliesportiva.

O empreendimento apresenta um total de 23.350,85 m² de área construída e

17.625,50 m² de área privativa. Em se tratando de sistema de vedação interno, o

projeto comtempla 22.692,87 m² do sistema monolítico preenchido com 1.361,27 m³

de Massa Crupe, conforme Tabela 9.

5.1.2 ASPECTOS TÉCNICOS

5.1.2.1 GERAL

No que tange a fundação, as torres apresentam radier armado. Já na

superestrutura, os edifícios apresentam estrutura modulada e são constituídos por

lajes planas e pilares esbeltos, sendo alguns deles do tipo pilar-parede, conforme

Figura 20.

VEDAÇÃO INTERNA UNID. QT. ESP. VOL. (M³)

DRYWALL - 95/70/400 - ST / RU* m² 2.599,74 0,07 181,98

DRYWALL - 95/70/400 - ST/ST m² 3.555,69 0,07 248,90

DRYWALL - 95/70/400 - RU/RU m² 1.015,21 0,07 71,06

DRYWALL - 95/70/400 - ST+RU m² 1.507,58 0,07 105,53

DRYWALL - 95/70/400 - ST/RU m² 2.389,99 0,07 167,30

DRYWALL - 95/70/400 - FB/RU m² 263,07 0,07 18,41

DRYWALL -73/48/400 - ST/ST m² 3.718,65 0,05 185,93

DRYWALL -73/48/400 - ST/RU m² 6.540,28 0,05 327,01

DRYWALL - 60.5/48/400 - RU m² 1.102,66 0,05 55,13

22.692,87 1.361,27TOTAL

Tabela 9. Informações sobre vedações internas - Wind Residencial

Fonte: Módulo de Engenharia – Wind Residencial

Page 82: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

69

Figura 20. Esquema estrutural - Wind Residencial

Em se tratando de vedações externas, o empreendimento faz uso do sistema

Aquapanel, muito utilizado no exterior. Esse sistema utiliza estrutura metálica do tipo

steel frame (guias e montantes de aço galvanizado), onde é fixada uma membrana

especifica e placas cimentícias. Estas levam um tratamento com argamassas e telas

de reforço que conferem à fachada um desempenho acima do normal e com uma

velocidade de execução muito superior quando comparada com os sistemas

convencionais, sem contar a qualidade superior de acabamento e a considerável

redução na geração de entulho.

Já para vedações internas, estudo deste trabalho, o empreendimento utiliza o

sistema monolítico de drywall preenchida com argamassa. Este sistema é constituído

basicamente do já conhecido sistema de drywall preenchido com uma argamassa

especial, e, em se tratando do Wind Residencial, a argamassa utilizada é a Massa

Crupe. O diferencial do sistema esta primeiramente na velocidade e facilidade de

execução e seu desempenho também esta acima dos demais sistemas já conhecidos

pelo mercado.

Fonte: Módulo de Engenharia – Wind Residencial

Page 83: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

70

No que tange instalações prediais, tanto hidráulicas como elétricas, o

empreendimento faz uso do sistema Kanban1, que permite agilizar a entrega e

instalações dos kits já pré-montados, além de diminuir significativamente o desperdício

de materiais. Percebe-se então que o Wind é um empreendimento ímpar no ramo da

incorporação imobiliário carioca e brasileira, visto que ele reúne uma série de

inovações em sistemas construtivos.

Além disso, o uso do sistema monolítico com o preenchimento em Massa

Crupe mostra mais uma alternativa moderna que pode substituir o sistema tradicional

de vedação estudado no capítulo 3. Percebe-se assim que o futuro da construção civil

esta basicamente em sua industrialização, reduzindo cada vez mais o número de

operários e otimizando cada vez mais o uso de materiais e máquinas. Assim, o Wind é

um grande teste para saber se o ramo da incorporação esta crescendo no sentido

certo.

5.1.2.2 MASSA CRUPE

Argamassa leve especialmente formulada para uso como enchimento ou

revestimento de proteção acústica, térmica e de fogo para as paredes e lajes interiores

e exteriores e é especialmente projetado e fabricado para aplicação a um substrato,

como malha de arame, madeira, gesso acartonado (drywall) chapa de aço, EPS,

blocos de concreto, tijolos, pedra calcária, ou qualquer outro material que e

necessário. (Ficha Técnica – Crupe Protect, 2014)

Observam-se na Tabela 10 algumas de suas principais características que podem

ser consideradas na elaboração de um projeto.

1 Kanban é um termo de origem japonesa e significa literalmente “cartão” ou “sinalização”. É um conceito

relacionado com a utilização de cartões para indicar o andamento dos fluxos de produção em empresas. A utilização

de um sistema Kanban permite um controle detalhado de produção com informações sobre quando, quanto e o que

produzir.

Page 84: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

71

Esta argamassa é uma nova geração de argamassa projetada de base leve,

contendo cimento, gesso e areia com o tamanho máximo de 4 mm, fibras minerais,

EPS e aditivos. (Ficha Técnica – Crupe Protect, 2014)

O produto também oferece muitas vantagens sobre os produtos tradicionais de

cimento, como o tempo de secagem, menor impacto ambiental, baixa porcentagem de

matéria prima cimentícia evitando assim o uso de adesivos químicos na sua aplicação.

A Massa Crupe segue todos os pontos estudados no capítulo 4 no que se referem

características da argamassa, métodos de aplicação, armazenamento, vantagens e

desvantagens do uso da mesma.

5.2 PORQUE A ESCOLHA DO SISTEMA MONOLÍTICO

Conforme visto no capítulo 2, o sistema de vedação interno é de grande

importância para um empreendimento, podendo representar o sucesso ou o fracasso

do mesmo, dependendo da escolha feita e da forma que a mesma foi executada.

Pensando nisso e caminhando no sentido da industrialização da construção

civil, a equipe de engenharia montante do Wind Residencial optou por eliminar todo e

qualquer uso de blocos, sejam eles cerâmicos ou de concreto, no empreendimento.

Assim, surgiram algumas opções para as paredes internas, sendo o principal deles o

drywall.

PROPRIEDADE VALOR UNIDADE ORGÃO DE CONSULTA PAÍS

Resistência à compressão de um cubo compactado (20cm) 1,9 Mpa DICTUC Chile

Módulo de elasticidade de uma amostra compactada obtida

de sondagem da parede1,35 Gpa DICTUC Chile

Teste de força vertical 30,1 Ton DICTUC Chile

Tensão máxima 11 kg/cm² DICTUC Chile

Deformação Máxima 1,31 mm DICTUC Chile

Teste de força horizontal 5,38 Ton DICTUC Chile

Resistência ao fogo - tempo máximo até satisfazer os

critérios de fogo240 min. AFITI Espanha

Tabela 10. Características da Massa Crupe

Fonte: Ficha Técnica – Crupe, 2014

Page 85: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

72

Sabe-se que o consumidor brasileiro apresenta grande preconceito em relação

ao drywall, apesar de suas inúmeras vantagens, visto que as paredes são ocas. Para

viabilizar o uso de desse sistema no empreendimento, chegou-se a solução de usar a

Massa Crupe para preenchimento do espaço interno das paredes e assim criar um

sistema de paredes monolíticas, e não mais ocas.

Apesar de conferir um custo/m² maior que os demais sistemas, o ganho com o

menor tempo de execução, emprego de um número menor de mão de obra e material

e vantagens de desempenho, fez o sistema ser viável para a construtora.

5.3 ADAPTAÇÕES REQUERIDAS

5.3.1 PROJETOS

Em relação aos projetos, o uso do sistema monolítico representou um ganho

de área útil dos compartimentos do edifício visto que as paredes do sistema escolhido

possuem espessura igual às paredes de drywall, sendo, portanto, mais esbeltas do

que a alvenaria de blocos cerâmicos.

Os blocos cerâmicos mais comumente utilizados apresentam 9 cm de

espessura e as paredes feitas com eles apresentam ainda o acabamento, que

normalmente é de 1,5 a 2 cm. Assim, uma parede acabada apresenta espessura em

torno de 13 cm.

Já as paredes do sistema monolítico apresentam espessura final de parede

acabada de 7 cm, representando um ganho em torno de 85% de área ocupada pelo

sistema de vedação. A Figura 21 permite uma melhor visualização dessa comparação

das espessuras das paredes.

Page 86: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

73

Além disso, os projetos, tanto de vedação como de instalações, precisam ser

totalmente adaptados para o sistema drywall, sendo as tubulações hidráulicas do tipo

PEX e todas as instalações são feitas e testadas antes da projeção da Massa Crupe e

fechamento com a segunda placa de gesso.

5.3.2 PLANEJAMENTO - ORÇAMENTO E CRONOGRAMA FÍSICO

Em relação ao planejamento, houve uma diminuição considerável no tempo de

execução do sistema de vedação interno quando comparado com o prazo para

execução de alvenaria de blocos cerâmicos, o que vai influenciar não só no prazo final

de entrega da obra como também no inicio de outras atividades relacionada às

vedações, que vão ter inicio mais cedo que o comum, tais como contrapiso, pintura,

revestimentos, instalação de esquadria entre outras.

Além disso, etapas como chapisco e emboço das paredes não fazem parte

desse sistema, sendo então abolidas do planejamento, conferindo-lhe mais um ganho

de prazo. Na Figura 22 é possível notar através do esquema a diferença no número de

etapas para execução dos dois sistemas.

SISTEMA MONOLÍTICOALVENARIA DE BLOCOS

CERÂMICOS

7 CM

6 CM GANHO DE 85%13 CM

COMPARATIVO DE ESPESSURA

Figura 21. Comparativo de espessura entre sistemas

Fonte: Elaborado pelo autor do trabalho

Page 87: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

74

Em se tratando de orçamento, apesar de o custo unitários do sistema

monolítico ser superior, conforme Figura 23 com o gráfico, o adiantamento do prazo de

entrega do empreendimento e a extinção de etapas como emboço representam um

ganho considerável nos custos diretos da obra, visto que o prazo reduzido de obra

acarreta no emprego de mão de obra direta durante menos tempo.

Então, apesar de a escolha pelo sistema monolítico apresentar um sobrecusto

para o orçamento da obra, os ganhos que tal escolha implica torna o sistema viável de

ser executado.

Estudos comparativos mostram que esses ganhos podem chegar a 50% na

redução dos custos da obra e até 70% na redução do prazo.

Figura 22. Esquema de etapas

Fonte: Elaborado pelo autor do trabalho

Page 88: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

75

No caso específico do Wind Residencial, o sistema de vedação interna

representou 7,92% do orçamento executivo da obra, conforme Tabela 11, o que esta

dentro do normal e aceitável em se tratando de sistemas de vedações internas.

Figura 23. Gráfico de custo unitário dos sistemas

Fonte: Elaborado pelo autor do trabalho

Page 89: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

76

Tabela 11. Composição de sistemas de vedação - Wind Residencial

5.3.3 TÉCNICAS CONSTRUTIVAS

A técnica construtiva utilizada para execução das paredes monolíticas é

basicamente a mesma utilizada para execução de drywall, como foi visto no capitulo 5.

A diferença esta na projeção da argamassa. Assim, a técnica para execução do

sistema monolítico é completamente diferente daquela para execução alvenaria de

blocos cerâmicos, visto que o primeiro é um sistema mais industrializado, o qual sua

execução não passa de uma montagem.

A mão de obra utilizada para a execução do sistema monolítico é qualificada na

fase de montagem e fixação dos perfis e placas. Na fase de projeção da argamassa

não se faz necessário o uso de colaboradores tão qualificados quanto na fase anterior,

visto que o processo de projeção é simples e pode ser realizado por um profissional

qualquer que passou por um treinamento básico. Além disso, a prática da projeção no

DESCRIÇÃO UND. R$/m² QT. R$ %

VEDAÇÃO INTERNA 3.244.824,65R$ 7,92%

Parede sólida de Argamassa 7 cm com Perfil 95/70/400 +

Revestimento em placa de Gesso 1 ST / 1 RUm² 147,40R$ 2.901,51 427.682,57R$ 1,04%

Parede sólida de Argamassa 7 cm com Perfil 95/70/400 +

Revestimento em placa de Gesso 1 HB / 1 HBm² 187,40R$ 5.040,35 944.561,59R$ 2,31%

Parede sólida de Argamassa 7 cm com Perfil 95/70/400 +

Revestimento em placa de Gesso 1 RU / 1 RUm² 152,40R$ 972,16 148.157,18R$ 0,36%

Parede sólida de Argamassa 7 cm com Perfil 95/70/400 +

Revestimento em placa de Gesso 1 ST / 1 RUm² 147,40R$ 997,95 147.097,83R$ 0,36%

Parede sólida de Argamassa 7 cm com Perfil 95/70/400 +

Revestimento em placa de Gesso 1 HB / 1 RUm² 167,40R$ 649,82 108.779,87R$ 0,27%

Parede sólida de Argamassa 4,8 cm com Perfil 73/48/400 +

Revestimento em placa de Gesso 1 ST / 1 RUm² 123,20R$ 5.709,88 703.457,22R$ 1,72%

Parede sólida de Argamassa 4,8 cm com Perfil 60.5/48/400 +

Revestimento em placa de Gesso 1 RUm² 105,68R$ 1.614,07 170.574,92R$ 0,42%

Placa de Gesso - 1ST m² 30,00R$ 3.765,28 112.958,40R$ 0,28%

Parede sólida de Argamassa 4,8 cm com Perfil 73/48/400 +

Revestimento em placa de Gesso 1 ST / 1 STm² 118,20R$ 4.074,07 481.555,07R$ 1,18%

Fonte: Módulo de Engenharia – Wind Residencial

Page 90: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

77

dia a dia faz com que o operário aperfeiçoe cada vez mais sua habilidade, dando mais

qualidade e rapidez na execução da atividade.

5.3.4 CANTEIRO DE OBRAS E LOGÍSTICA

O layout e a logística de canteiro também é muito semelhante daquela utilizada

para o drywall, visto também no capitulo 5.

Quando comparado o sistema monolítico com alvenaria de blocos cerâmicos,

observa-se um canteiro mais bem organizado, já que o primeiro é mais industrializado

que o segundo. Além disso, a geração de resíduos no primeiro caso também é menor,

favorecendo para um canteiro mais limpo.

Em contrapartida, na fase de projeção da Massa Crupe, observa-se um

canteiro mais sujo quando comparado com o sistema de drywall, já que a argamassa

projetada em excesso cai no chão, ao pé da parede que a esta recebendo, conforme

Figura 24. Apesar de este excesso não representar desperdício, já que o mesmo pode

ser raspado e reutilizado, conforme Figura 25, ele favorece para um canteiro mais sujo

e diferente do conceito de “construção seca”, como drywall.

Figura 24. Argamassa no chão durante sua projeção

Fonte: Juliana Gallart, 2013

Page 91: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

78

5.3.5 EQUIPAMENTOS

Em se tratando de equipamentos, a principal diferença esta no uso de uma

máquina misturadora onde é dosada e misturada a argamassa e uma bomba que

levará tal argamassa do misturador para os pavimentos. Como visto anteriormente,

não é uma máquina tão complexa e que não requer custos elevados.

Além disso, ferramentas como tesoura de corte de perfil, parafusadeiras

elétricas, furadeiras e pistola finca pino são constantemente utilizadas durante a

montagem do sistema monolítico.

5.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como vantagem principal do uso do sistema monolítico, verificou-se ganho

relativo a prazo de obra quando utilizado o sistema monolítico em detrimento da

alvenaria de blocos cerâmicos. Além disso, para a execução desse sistema, outros

pontos como logística de canteiro, materiais utilizados, técnicas aplicadas e mão de

obra são bastante diferentes quando comparada com a alvenaria de blocos cerâmicos.

Figura 25. Aproveitamento de argamassa caída no chão

Fonte: Juliana Gallart, 2013

Page 92: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

79

Entretanto, há uma grande semelhança com o drywall, sistema já conhecido e

bastante utilizado no país, o que facilita a execução das paredes monolíticas.

Na Tabela 12 são apresentadas informações mais relevantes sobre os dois

sistemas, a alvenaria de blocos cerâmicos e o sistema monolítico.

Analisando os dados da Tabela 12, percebe-se que o sistema monolítico

apresenta vantagens no que tange a industrialização e produtividade do sistema,

influenciando diretamente no prazo tempo de execução, que será mais curto, e nos

custos, que serão menores.

Observa-se também a superioridade do sistema monolítico quando se trata de

desempenho térmico e acústico, característica de grande importância quando se fala

em sistemas de vedação.

No entanto a aceitação do novo sistema pelos clientes ainda não é algo certo,

visto que este é o primeiro empreendimento imobiliário a utilizá-lo. Assim, dependendo

da aprovação do cliente, este pode ser o novo caminho para o desenvolvimento da

construção civil do país.

TIPOS DE VEDAÇÃO QUALIDADEINDUSTRIALI-

ZAÇÃO

PRODUTIVIDA-

DE

ACEITAÇÃO DO

CLIENTE

DESEMPENHO

ACÚSTICO

DESEMPENHO

TÉRMICO

SISTEMA DE

PREENCHIMENTO

VEDAÇÃO EM BLOCOS

CERÂMICOSBLOCO VAZADO

VEDAÇÃO COM SISTEMA

MONOLÍTICO

ARMAGASSA

PROJETADA

Tabela 12. Informações comparando os dois sistemas

Fonte: Módulo de Engenharia – Wind Residencial, 2012

Page 93: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

80

6. CONCLUSÃO

É certo que a construção civil no Brasil, feitas todas as exceções necessárias,

precisa se modernizar e muito para que se torne mais competitiva e ao mesmo tempo

para que ofereça produtos com qualidade superior em comparação ao que se pratica

atualmente aos consumidores finais.

Tal modernização deve acontecer em todos os sentidos da construção civil,

desde os materiais utilizados até as técnicas de execução dos serviços. Além disso, o

mercado deve estar aberto para receber tais mudanças, já que, como todas as

mudanças, falhas acontecem e não por isso o sistema utilizado é de baixa qualidade.

No que tange aos sistemas de vedação interna, estudo deste trabalho, pôde-se

conhecer em detalhes o sistema convencional de alvenaria de blocos cerâmicos,

largamente utilizado, e o sistema monolítico de drywall preenchida com Massa Crupe,

mais moderno, porém não muito difundido ainda.

Em se tratando de qualidade, o sistema monolítico que utiliza Massa Crupe

como preenchimento oferece vantagens consideráveis de desempenho em relação à

acústica, térmica e resistência ao fogo, representando uma qualidade superior no

produto final oferecido ao consumidor.

Em relação à velocidade de execução a parede monolítica também apresenta

grande vantagem, já que sua execução é mais rápida, sem contar com as etapas que

são excluídas ao adotar esse sistema, como visto no capítulo 4. Assim, há grande

ganho de prazo e consequentemente de custo para a construtora, que por sua vez

poderá repassar esse ganho aos clientes finais que pagarão menos pelo produto.

Apesar de durante a execução do sistema monolítico o canteiro de obras se

apresentar mais organizado quando comparado com a execução da alvenaria com

blocos cerâmicos, o primeiro ainda deixa a desejar na fase de projeção da Massa

Crupe. Nesta, pode-se observar um canteiro de obras muito sujo devido à argamassa

Page 94: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

81

que não se aderiu à parede e que cai no chão, sendo este um ponto contra o sistema,

visto que hoje há sistemas voltados para a “construção seca”.

Ainda sobre Massa Crupe, o fato deste material ser patenteado e fabricado por

uma única empresa estrangeira, isso estabelece certo tipo de monopólio. Sendo

assim, a construtora fica a mercê do fabricante, que pode escolher o preço a ser

praticado no mercado, sendo este um ponto extremamente decisivo no uso ou não

deste material. Sem contar que não se encontra esse material no mercado

convencional para possíveis reparos após compra no produto.

No que se refere à mão de obra, para executar o sistema monolítico é

necessária mão de obra específica para montagem dos perfis de drywall. Nos grandes

centros é certo que se encontre esse tipo de mão de obra, mas em áreas mais

isoladas essa mão de obra não esta disponível, inviabilizando um projeto que adote o

sistema monolítico nesta região. Em contrapartida, dificilmente não se encontra mão

de obra para executar uma parede de alvenaria.

Sabe-se que a escolha dos sistemas que serão implantados na obra depende

de diversos fatores e por isso não existe o melhor sistema de todos, e sim o melhor

sistema que se encaixa para certo tipo de projeto. Em outras palavras, um

determinado sistema pode ser perfeito para um projeto qualquer e ao mesmo tempo

pode ser inviável para outro.

Portanto, deve haver um estudo profundo de todas as características de cada

um dos possíveis sistemas a serem implantados para então analisar a relação de

custo/benefício de cada um deles, além de pontos como disponibilidade de mão de

obra, fornecimento de material, aceitação do cliente, atendimento às normas de

segurança, método executivo, prazo e compatibilidade com os demais sistemas do

projeto.

Page 95: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

82

Por fim, baseado neste estudo, toma-se a melhor decisão para executar o

projeto, que por sua vez não será necessariamente a mais moderna dentre todas as

opções.

Como sugestão para trabalhos futuros poderia ser desenvolvido estudo

semelhante com o sistema drywall preenchido com argamassa injetada após o

plaqueamento total da parede. poderiam também ser feitos estudos comparativos com

as paredes de concreto e paredes com o concreto PVC.

Page 96: Alvenaria de Sistema Monolítico e Blocos Cerâmicos

83

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