aluísio goulart silva

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FOZ DO IGUAÇU-PR - 13 e 14 de novembro de 2014 “XII SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS” “IV SEMINÁRIO DE PRODUÇÃO INTEGRADA AGROPECUÁRIA” SISTEMA DE PRODUÇÃO INTEGRADA: Experiências do “Velho Continente” Itália

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FOZ DO IGUAÇU-PR - 13 e 14 de novembro de 2014

“XII SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS” “IV SEMINÁRIO DE PRODUÇÃO INTEGRADA AGROPECUÁRIA”

SISTEMA DE PRODUÇÃO INTEGRADA: Experiências do “Velho Continente”

Itália

SUMÁRIO

Histórico e

Evolução da PI

Difusão da PI Estratégias de

valorização

HISTÓRICO E EVOLUÇÃO: da Agricultura Sustentável à Produção Integrada

HISTÓRICO E EVOLUÇÃO (60 – 70’s) Agricultura Sustentável na Europa

Política Agrícola

Comum (PAC): de

caráter protecionista

foi a base para o

conceito de agricultura

sustentável na Europa.

1962 1970’s 1976

PAC → necessidade de

otimizar a produção e

melhorar a qualidade

dos produtos

agroalimentares →

origem do conceito de

Produção Integrada.

Organização Internacional

para o Controle Biológico

(IOBC): “Rumo à produção

integrada, por meio do

controle integrado” →

marco acadêmico do

conceito da PI.

HISTÓRICO E EVOLUÇÃO (1990’s) Agricultura Sustentável na Europa

“Lotta guidata” →

“Lotta integrata” –

especificação e

inclusão de um elenco

permissível de

produtos

fitossanitários .

1990’s

HISTÓRICO E EVOLUÇÃO (1990’s) Agricultura Sustentável na Europa

“Nova PAC”: qualidade e atenção

ao meio ambiente → normas

específicas de segurança dos

alimentos, meio ambiente e bem-

estar animal.

1992

Regulamento CEE N. 2078/1992 “relativo aos métodos de produção agrícola

compatíveis com as exigências de proteção do meio ambiente e cuidados com

o espaço rural”.

início do regime de ajuda para a introdução ou a continuação de métodos de

produção compatíveis com a proteção do meio ambiente e recursos naturais -

fortalecimento da PI (sensibilização e formação).

HISTÓRICO E EVOLUÇÃO (1990’s) Agricultura Sustentável na Europa

• Reforma MacSharry (1992) – o protecionismo passa a ser

voltado ao produtor e não mais ao mercado.

Medida Agroambiental do Programa de

Desenvolvimento Rural (PSR) – financiamento direto a

empresas agrícolas que aplicassem a PI por pelo menos 5

anos e em toda a área produtiva → medida responsável

pela expressiva adesão dos produtores ao sistema de

Produção Integrada.

HISTÓRICO E EVOLUÇÃO (2000/14) Agricultura Sustentável na Europa

• Diretiva CE N. 128/2009 que institui um quadro para as ações

Comunitárias com relação ao uso sustentável de pesticidas

implementação da PI em nível comunitário com o início do uso sustentável de pesticidas para reduzir os riscos e os

impactos sobre a saúde humana e sobre o meio ambiente, promovendo a prática da “defesa integrada” e de abordagens ou técnicas alternativas para minimizar o uso intensivo de pesticidas sintéticos.

• Decreto Legislativo 150, 14/08/2012 institui a defesa integrada como obrigatória a partir de Jan./2014.

ORGANISMOS RESPONSÁVEIS PELA PI NA ITÁLIA - EVOLUÇÃO 1996/2001

Criação do Comitê Técnico

Científico Nacional

(correspondência e aprovação normas)

1996

2005

2008

2011

Criação do Comitê de

Defesa Integrada (Diretrizes Nacionais)

Comitê de Produção Integrada

coordenando: • Grupo de Defesa

Integrada (fito) • Grupo Técnico de

Qualidade (mkt) • Grupo Técnico

Agronômico (téc)

Sistema de Qualidade

Nacional para a Produção Integrada (SQNPI)

VALORIZAÇÃO NO MERCADO - ITÁLIA

• Sistema de Qualidade Nacional para a Produção Integrada –

SQNPI (Lei N.4, 03/02/2011):

dispõe sobre a rotulagem e qualidade dos produtos agrícolas.

Garantir um padrão de qualidade

superior aos demais produtos

Assegurar que a atividade

agrícola e zootécnica sejam

exercitadas em conformidade

com as normas técnicas de

produção integrada.

DIFUSÃO da Produção Integrada na Itália

A REDE DA PI NA ITÁLIA

COMPONENTES

DO SISTEMA DE

PI

Pesquisa e experimentação

Relação com

a indústria

Relação com

o mercado

Relação com

outras

regiões

NTE

Produção

Integrada

Coordenação

Assitência

técnica Suporte à

Assitência

técnica

Assitência

técnica ao

produtor

FLUXO DE APLICAÇÃO DAS NT - ITÁLIA

Referências: Diretrizes Europeias e SQNPI Italia

Empresa Agrícola (empreendedor rural e operador da cadeia produtiva) Aplicação das NT

Técnico de referência por grupo de fazendas Assistência técnica voltada à aplicação das NT

Grupo Técnico de Área (Provincia ou área homogênea) Coordenação das atividades de aplicação das NT

Comitê Técnico Regional Elaboração e atualização das NT

Organismo Regional (ou da Provincia) Aprovação das NT anuais

Fluxo de aplicação

das NT

Fluxo de atualização e

reconhecimento

DIFUSÃO DA PI NA UE • Apesar de todos os esforços em nível europeu,

ainda não existem Diretrizes Comunitárias para a

PI.

• Coexistência de normas nacionais, regionais

(provinciais) e, também, as estabelecidas por

associações de produtores ou pela Grande

Distribuição Organizada (GDO)

• Problema: grande variação (em quantidade e

qualidade) na aplicação da PI entre os vários

Membros da UE.

DIFUSÃO DA PI NA UE • Setor que mais evoluiu: HORTIFRUTI (AREFLH, 2013)

FRANÇA: a PI já vem sendo

desenvolvida há alguns anos e, mais

recentemente, associada à marca

“Vergers Écoresponsables” para

produtos como maçã e pera.

Tomate (250.000 t) e

Pepino (60.000 t)

reúnem em torno de

1.000 produtores

DIFUSÃO DA PI NA UE ESLOVÊNIA: em geral toda a produção de frutas e verduras,

com destaque, também, para maçã e pera.

2007: 56.900 ha (⅟4 da área cultivada) e 6.041 fazendas

certificadas.

ESPANHA: algumas Comunidades Autônomas já praticarem

a PI desde 1993; a primeira diretriz espanhola foi

publicada somente em 2002, a partir de quando a PI se

desenvolveu com mais força.

2012: 803.476 ha de área

cultivada, (49,2% oliveiras e

8,4% arroz)

DIFUSÃO DA PI NA UE

BÉLGICA: a PI tem seu início nos anos 90; nos últimos anos se

difundiu significativamente, sendo cada vez mais bem vista

pelos agricultores e consumidores.

2012: instituída a marca “Responsibly

Fresh”, vinculada a todos os produtos

hortifruti que respeitam o conceito

de agricultura sustentável, baixo

impacto ambiental e qualidade

elevada.

DIFUSÃO DA PI NA UE

ÁUSTRIA: se coloca entre

os primeiros países da UE

na adoção e difusão da PI

≈ 2,2 Milhões de ha

cultivados no âmbito do

Programa Agro-

ambiental ÖPUL, onde a PI

se inclui.

110.200 fazendas no sistema de PI

89% da área agrícola útil

DIFUSÃO DA PI NA UE

GRÉCIA E PORTUGAL: Estão entre os países onde

a PI se difundiu menos.

Grécia (2013): 12.556 ha, sendo 58% com

pêssego.

Portugal: aproximadamente 19% de adesão à

PI

Marca para alimentos oriundos da PI, em Portugal

DIFUSÃO DA PI NA ITÁLIA

• Itália, um exemplo de aplicação da PI:

Nos últimos 20 anos, a PI contribuiu

fortemente para a melhoria da

qualidade dos produtos

agroalimentares.

Enquanto a média de resíduos

irregulares na Europa é de ≈ 3,5%, na

Itália ≈ 0,8%

DIFUSÃO DA PI NA ITÁLIA

DIFUSÃO DA PI NA ITÁLIA

• Setor de HORTIFRUTI é o mais evoluído, tendo

duas principais fontes de financiamento: Programa

de Desenvolvimento Rural (PSR) e os programas

operativos da Organização Mundial do Comércio

(OMC).

(2011) 479.000 ha (PSR) – 45% Norte, 32% Centro, 24%

Sul e Ilhas.

(2011) 116.000 ha (OMC) ≈ 27.000 produtores

Total aproximada de área sob a PI (2011) ≈ 595.000 ha.

DIFUSÃO DA PI NA ITÁLIA

PA

RE

Percentual de fazendas italianas no sistema de PI, 2007

Nº de produtores adeptos à PI

na Itália:

(2000-2005): ↑ 82.780

produtores;

(2005-2007): ↓ (1%) 82.500

produtores

Este nível de adesão é

considerado estável graças: à

política agro-ambiental e

progressiva remuneração obtida

do mercado.

VALORIZAÇÃO dos produtos da Produção Integrada

VALORIZAÇÃO NO MERCADO

• Alguns fatores que favorecem a valorização dos produtos da PI:

Desenvolvimento do conceito de qualidade no tempo (sensorial,

nutricional, social, ambiental, inocuidade, território, etc.)

Crescente sensibilidade dos consumidores aos alimentos

sustentáveis e seguros

Grande tradição da Itália na produção de alimentos de qualidade

Imagem do produto “Made in Italy”

Possibilidade de “brincar” com a “imagem ambiental” juntos aos novos consumidores

Possibilidade de ajuda (subsídios) para produção

VALORIZAÇÃO NO MERCADO

• Na Itália, três estratégias básicas foram/são

utilizadas para valorizar os produtos da PI:

1. Qualificação: buscar melhorar continuamente a qualidade dos produtos agroalimentares do ponto de vista: organoléptico, sanitário, ambiental, tipicidade e tradição.

• Instrumentos utilizados: intervenções legais, subsídios (diretos e indiretos) para produção de qualidade.

VALORIZAÇÃO NO MERCADO 2. PROMOÇÃO:

Estimular o conhecimento e o consumo da produção agroalimentar regulamentada (PI, p. Ex.)

Oferecer ao cidadão informações confiáveis sobre o produto que adquire, da origem ao consumo, certificando todo o percusso (rastreabilidade e certificação)

Provocar uma renovação da relação território x mundo rural, incluindo a promoção do turismo (eno-gastronômico) nessas áreas

Promover a cultura do alimento saudável

Favorecer o crescimento de empresas que certificam a qualidade dos produtos agrícolas (PI)

Promover os produtos certificados nos mercados (In/Ex)

VALORIZAÇÃO NO MERCADO

INSTRUMENTOS UTILIZADOS PARA A PROMOÇÃO:

Interventos diretos em nível regional como: participação

em feiras, criação de estradas temáticas (Estrada do

Vinho, etc), promoção de encontros B2B (business-to-

business)

Uso de instrumentos legais disponíveis: PSR, OCM

Projetos específicos em parceria com organizações da

indústria, comércio e agricultura

Promoção de eventos mistos, onde a cultura e o alimento

se tornam uma só coisa.

VALORIZAÇÃO NO MERCADO

3. EDUCAÇÃO ALIMENTAR e ORIENTAÇÃO AO CONSUMO

CONSCIENTE (foco no consumidor geral e escolas):

O objetivo principal é o de reforçar o papel agricultura como

principal fonte de alimento, especialmente no tocante aos seus

valores culturais e sociais

Favorecer o conhecimento do consumidor e fortalecer a

confiança dele no produto certificado

INSTRUMENTOS: atividades em escolas, promoção da interação da indústria de alimentação e o mundo rural, etc.

VALORIZAÇÃO NO MERCADO

• MEIOS UTILIZADOS PARA COMUNICAR O VALOR DO

PRODUTO DA PI:

Certificação (B2B)* - a certificação da PI tem um papel mais forte de

comunicar a qualidade aos agentes da cadeia produtiva do que ao consumidor

final (certificação B2C);

Uso de marcas privadas* - estratégia para autocertificar o uso do

método de produção integrada; minimiza os problemas causados pelas

variações de aplicação das normas das diversas regiões.

Uso de marcas coletivas públicas – pode ser um problema se não

houver a harmonização das normas e a clareza nas regras para inclusão de

novos operadores .

N. DE ESQUEMAS DE CERTIFICAÇÃO POR TIPOLOGIA, NA UE

Comunicação 2010/C

341/04:

Boas práticas para a atuação

dos esquema de certificação

com o objetivo de:

- evitar de gerar confusão ao

consumidor;

- reduzir ônus administrativo

e financeiro

- garantir conformidade às

normas da UE em matéria de

certificação.

VALORIZAÇÃO NO MERCADO • A maioria dos produtos provenientes da PI tem sido certificados na

lógica B2B ou simplesmente vinculados a marcas privadas.

• (B2B) Norma UNI 11233: “Sistema de Produção Integrada na

cadeia agroalimentar – Princípios gerais para o planejamento e

atuação na cadeia produtiva vegetal”.

Está em conformidade com outros Regulamentos (Reg. CE

852/2004 - Pacote Higiene);

Permite a integração com outros esquemas de certificação,

como o GLOBALGAP e ISO 22005;

Beneficia a comunicação dentro da cadeia produtiva (B2B), mas

não permite um reconhecimento ou a valorização do produto

por parte do consumidor final.

MARCAS PRIVADAS - ITÁLIA

• As GDO (Grande Distribuição Organizada) possuem linhas de

produtos certificados (marca própria) produzidos em

conformidade com a PI.

DESPAR

COOP

CONAD

MARCAS COLETIVAS PÚBLICAS - IT • Marcas coletivas sob a tutela das Regiões Italianas para identificar, certificar

e promover os produtos agroalimentares produzidos no sistema de PI:

MARCAS COLETIVAS PÚBLICAS - IT

• As respectivas Regiões são legalmente titulares de suas marcas

• Para fazer uso da marca é condição necessária que a produção

seja oriunda da PI

• Podem fazer uso da marca: produtores isolados, associações/

cooperativas /consórcios, empresas de transformação e/ou

comercialização de produtos agroalimentares

• O controle se dá pela verificação de organismos de certificação

acreditados (documentação, visita in loco, análise de amostras)

• Os produtos designados com as marcas coletivas podem

receber financiamento para sua promoção e comercialização.

CONSUMIDOR x PI • Pesquisa 2010, relação consumidor e PI:

grande carência de informação sobre a PI

certo grau de incerteza sobre a PI

68% não conheciam a PI - indicando significativa falta de

comunicação adequada ao consumidor final

60% consideraram importante comunicar não só a questão de

resíduos de pesticidas, mas outros elementos relativos à

sustentabilidade, no senso mais amplo (redução do impacto

ambiental e consumo hídrico, por exemplo)

A PI não é o elemento principal na decisão de compra (qualidade

x preço), mas compõe a formação de “idéia de qualidade” na

cabeça do consumidor.

Grato pela atenção!

Aluísio Goulart Silva, Analista A Embrapa Arroz e Feijão Santo Antônio de Goiás/GO [email protected] / [email protected] Tel: 62 3533-2110 Celular: 62 9600-9396 | Skype: aluigs www.cnpaf.embrapa.br

Doutorando Alma Mater Studiorum Università di Bologna Dip. Scienze e Tecnologie Agroambientali Bolonha, Itália [email protected] www.unibo.it

PAPEL DA ASSISTÊNCIA TÉCNICA NA DIFUSÃO DA PI - ITÁLIA

FASE INICIAL Exclusivamente por

contato direto técnico x fazenda

Ótima eficácia, limitada eficiência

EVOLUÇÃO

Progressiva eliminação da dependência do contato direto entre o técnico e a fazenda

Boa eficácia, boa eficiência, com efeito positivo inclusive sobre fazendas convencionais

Desenvolvimento do sistema de suporte à tomada de decisão

Coordenação das atividades dos técnicos

Gestão de programas de comunicação em nível do território