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ACIME | Alto-Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas B I boletim informativo #27 RICHARD ZIMLER SER ESTRANGEIRO EM PORTUGAL BRUNO PEIXE DIAS UMA EUROPA DA TOLERÃNCIA IMPRENSA A EXPERIÊNCIA DO CNAI Alto-Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas acime M A R Ç O

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ACIME | Alto-Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas

B Ib o l e t i m i n f o r m a t i v o # 2 7

RICHARD ZIMLER

SER ESTRANGEIRO EM PORTUGAL

BRUNO PEIXE DIAS

UMA EUROPA DA TOLERÃNCIA

IMPRENSA

A EXPERIÊNCIA DO CNAIAlto-Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas

acime

M A R Ç O

Boletim Informativo Março 2005Boletim Informativo Março 2005

Com os resultados das Eleições Legislativas de 20 de Fevereiro, alterou-se profundamente o panorama político em Portugal e essa alteração não pode deixar de ter repercussão na política em geral e na política da imigração em particular.Antes de entrar no presente e no futuro, como Alto Comissário sentir-me-ia muito mal se não olhasse para o passado, e para os governantes que saem, com justiça e gratidão.Nestes dois anos e meio do meu mandato, com toda a equipe que se reuniu e que trabalhou com cabeça, alma e coração, muito, muitíssimo se conseguiu fazer em prole dos imigrantes e das minorias. E tudo aquilo que se fez – criação do Alto Comissariado – escolha das pessoas – descentralização – aumento substancial do orçamento – alterações à chamada “Lei da Imigração” – Observatório da Imigração – Boletim Informativo – Site na Internet – Programa “Nós”, RTP2 - SOS Imigrante – Apoio às Associações e Organizações Não Governamentais – Prémio de Jornalismo “Pela Tolerância” – e mais recentemente e da maior importância a reformulação do Decreto-Lei sobre o Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas (27/2005, de 4 de Fevereiro), que veio dar estatuto legal aos Centros Nacionais de Apoio ao Imigrante (CNAIS) e Centros Locais de Apoio ao Imigrante (CLAIS) – tudo isto e muito mais, dizia, não teria sido possível sem o empenho, interesse e apoio político permanente do então Ministro da Presidência, Dr. Nuno Morais Sarmento e do Secretário de Estado, Dr. Feliciano Barreiras Duarte.Recentemente recebemos o mesmo apoio do Dr. Rui Gomes da Silva.Seria injustiça e ingratidão não reconhecer publicamente a amizade, a lealdade e o apoio rece-bido e que tantos e tão bons frutos pôde produzir.E agora e no futuro?No momento em que escrevo ainda não se conhece a estrutura, a composição e o programa do futuro governo. Mas julgo que não há razões para temer. Primeiro, porque a área da imigração e das minorias é uma daquelas áreas onde as grandes linhas de soluções positivas e de bom senso se impõem, para lá das mudanças político-partidárias; é, hoje em dia, uma área de consenso de regime, onde os avanços conseguidos são irreversíveis;Por outro lado temos o programa eleitoral do partido vencedor que certamente o programa do governo não irá esquecer ou contradizer. Esse programa, essas linhas gerais são claras e articulam-se em torno de três ideias-força: fis-calização – centrada na repressão das redes de recrutamento ilegal de mão-de-obra e de tráfico de seres humanos; regulação – encorajando a imigração legal e flexibilizando a regulação dos fluxos, criando mecanismos de resposta mais rápida e eficaz e, finalmente, a integração. Neste domínio, entre outros, são bem patentes – a vontade de flexibilizar a Lei da Nacionalidade, alargando o reconhecimento da plena cidadania e de promover quer a igualdade de tratamento no domínio social e laboral, quer a criação de mecanismos de protecção social, quer ainda uma maior participação dos imigrantes na vida política.Que estas linhas (e outras ainda) pelas quais temos lutado ao longo destes dois anos e meio, numa “política de pequenos passos”, firmes, bem orientados, num horizonte de justiça, digni-dade e solidariedade, se tornem vida e realidade, passando das intenções à prática, do desejo à concretização.Temos todas as razões para esperar.

P. António Vaz Pinto, s.j.

Alto Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas

(...) a área da

imigração e das

minorias é uma

daquelas áreas

onde as grandes

linhas de soluções

positivas e de bom

senso se impõem,

para lá das

mudanças político-

partidárias (...)

P. António Vaz Pinto, s.j.

EDITORIAL

UMA NOVA ETAPA

ACIME | Alto-Comissariado para a Imigração e Minorias ÉtnicasACIME | Alto-Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas

O ACIME vai lançar o primei-ro volume da sua nova colecção “Olhares”, inteiramente dedicada aos ciganos portugueses, com o intuito de promover um conhe-cimento mais aprofundado nesta área. Constituída por uma série de estudos financiados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, conta com a colaboração de conheci-dos investigadores e especialistas nesta matéria . O estudo nº1, “Pontes para outras viagens- escola e comunidade ciga-na: representações recíprocas”, de autoria de Luiza Cortesão, Stephen Stoer, Maria José Casa-Nova e

Rui Trindade, pretende analisar os significados que a escola tem para a comunidade cigana de um dado bairro da cidade do Porto, bem como as representações que os professores têm da referida comunidade e do seu trabalho com as crianças deste grupo sociocul-tural.A capacidade de “atravessar fron-teiras”, bem como de conhecimen-to e compreensão mútuos entre sistemas culturais diferentes, são, entre outros, elementos facilita-dores do estabelecimento de uma relação entre os dois grupos, que poderá desenvolver mais profunda-mente o processo de ensino-apren-dizagem, bem como dos direitos humanos e sociais baseados numa cidadania vivida a nível local.

Pode consultar esta publicação em:

www.acime.gov.pt

Neste estudo de Pedro Duarte Silva, editado pelo Acime, a questão da protecção social da população imigrante em Portugal coloca-se com especial ênfase na portabilidade ou pagamento inter-nacional de prestações, designa-damente em casos de regresso ao país de origem. A protecção social é, nas modernas socieda-des ocidentais, um dado adquirido inquestionável, constituindo um dos pilares fundamentais do res-peito e promoção da dignidade humana. Por outro lado, a imi-gração é hoje em Portugal um fenómeno de elevadas proporções,

exigindo da sociedade e do Estado um esforço, no sentido de o enqua-drar de uma forma satisfatória. Neste contexto, o autor defende que a protecção social da popula-ção imigrante em Portugal – tanto em termos da Segurança Social como da Saúde – está dentro dos melhores padrões internacio-nais. Detecta-se no entanto uma lacuna no sistema em termos de segurança e de justiça, a protec-ção dos trabalhadores imigrantes que abandonam o país, para cuja segurança social contribuíram, sem terem cumprido os prazos de garantia. O presente trabalho propõe assim a constituição de um fundo autónomo que possa colmatar a lacuna detectada e resolver este problema, de forma a permitir um enquadramento mais justo e adequado da popula-ção imigrante.

Pode consultar este estudo em:

www.acime.gov.pt

Estudo OI

A Protecção Social

da População

Imigrante

No Conselho Europeu de Tessalónica, em Junho de 2003, os Chefes de Estado e de Governo focaram a importância de desen-volver a cooperação, a troca de experiências e informação ao nível da UE, com vista à aprendizagem mútua. Decidiu-se assim compilar um manual de integração que permita estruturar a troca de informação e obter resultados concretos em que os Estados-membros se possam apoiar para o desenvolvimento e promoção de iniciativas políticas no senti-do de uma integração de maior sucesso. Deste modo, o principal

objectivo deste manual é ser um impulsionador do intercâmbio de informação e boas práticas entre os Estados da União Europeia. A integração de imigrantes está a gerar um intenso debate na UE, e uma diversidade de abordagens encontra diferentes respostas para a questão de “como” promover a integração. Contudo, todos os países europeus aderem a padrões e valores partilhados dos direitos humanos, tais como a igualdade, a anti-discriminação, a solidarie-dade, a abertura, a participação e a tolerância, encontrando-se um extenso âmbito partilhado de dimensões da integração.

Pode consultar esta publicação em:

www.acime.gov.pt

Manual de

Integração a nível

europeu A

CIM

E P

UB

LICA

Colecção Olhares

- nº1

Pontes para outras

viagens

Boletim Informativo Março 2005

Anne Marie (37 anos) e Dan Caragea (50) conheceram-se em Lisboa. Ela era filha do embai-xador romeno em Portugal e quis ficar quando o pai acabou o mandato. Ele era professor de Português na universidade da capital romena, dedicava-se à linguística computacional e veio parar a Lisboa com uma bolsa do Instituto Camões. Foi aqui que desenvolveu um projecto de bases lexicais para programas informáticos. (...)O conhecimento da língua permitiu-lhe ficar a dar aulas em Portugal. Até que um dia veio luz verde de Espanha. “A segunda empresa informática espanhola, a OCS de Madrid, acreditou no projecto e, depois de algum tempo de trabalho em parceria, lançámos o pro-grama “e-lexis” no mercado, com potencialidade para dez idiomas. Criámos a primeira base multilingue do mundo para pesquisas semânticas simultâne-as em bases de dados textuais. Trata-se de uma base ligada a motores de indexação e busca”, explica Dan Caragea. O trabalho com os espanhóis durou até 1999 (...) e mais tarde encontraram em França “novos parceiros na vanguarda dos programas de análise de textos mais sofisticados, os de segunda geração. Eles tinham o software, Tropes, e nós tínha-mos dez anos de investigação. Juntámo-nos com a empresa francesa Acetic e trabalhámos em comum”. E foi com esta empresa, de que hoje são par-ceiros, que começaram a tra-balhar nas estruturas lógicas que requeriam programação linguística. Pouco tempo depois desenvol-veram o primeiro programa de análise de texto e estrutura-ção automática de conteúdos em português. “O produto é muito conhecido em França. Os principais utilizadores são ban-cos, universidades, jornalistas, investigadores e business inte-ligence.” Os Caragea podiam dar um novo salto. Mas não. “Queremos ficar em Portugal. Acreditamos no futuro.”

Diário Notícias14-02-2005

CASAL DE ROMENOS

ADOPTA PORTUGAL POR ACREDITAR NO FUTURO

Naide Gomes é uma campeã made in Portugal, apesar de só em 2001 ter adquirido a nacio-nalidade portuguesa. Vive em Portugal desde muito jovem.Descobriu o atletismo na escola. Treina com um técnico portu-guês. Num clube português, o Sporting. É a própria atleta que recorda o difícil passado recen-te que a trouxe para Portugal. Igual a tantos imigrantes das antigas colónias portugue-sas.(...)“Nessa altura nem sabia sequer o que era atletismo. Comecei a praticar a modalidade com 13 anos, um ano após ter chegado a Portugal. Morava em Fernão Ferro e estudava no Feijó. Foi aí que comecei, mas desisti logo, porque chegava muito tarde a casa.(...)Depois voltei outra vez por causa do meu professor de Educação Física. Disse que tinha talento e que me podia ajudar em termos profissionais. Voltei então para o atletismo, através do desporto escolar, e continuei.”Com 17 anos, era difícil não reparar nas suas multicapacida-des. Era já a melhor saltadora em altura de Portugal, mesmo a nível absoluto. O Sporting recrutou-a e, com outros apoios, já sob a orientação de Abreu Matos, decidiu apostar tudo no atletismo. “Iniciei-me com o salto em altura, mas sempre fiz um pouco de tudo. Lançava peso, saltava em comprimento, sempre treinei tudo.(...)Optei por participar nos 100 m barreiras sem mínimos. É outro mundo. Entrei naquele estádio e pensei que queria ser uma das melhores, tinha de ser.Então vim com mais motivação. Nos Jogos acho que fiz 14,41. Não foi assim tão mau.A naturalização, porém, só sur-giu em Maio de 2001. “Tinha 17 anos quando pedi a natura-lização. Mas só uns anos depois é que recebi o parecer positivo. Eu vivo cá, estudo cá, tenho cá toda a minha vida. Comecei o atletismo aqui. Estou total-mente integrada em Portugal, e então pensei, porque não?

Fonte: DN

NAIDE GOMES,

CAMPEÃ ‘MADE IN PORTUGAL’

O problema da imigração para Portugal pode ser contextuali-zado no quadro mais amplo do Velho Continente, o qual, de acordo com um artigo publica-do no diário espanhol El País, necessita de mão-de-obra jovem “como de pão para a boca”. A Comissão Europeia decla-rou já no início de 2005 que serão imprescindíveis centenas de milhares de trabalhadores extracomunitários para suprir as lacunas no mercado de trabalho, advindas do crescente envelheci-mento da população. O debate é deveras complexo, nomeadamente em países - como o nosso - acossados por uma vaga de desemprego. Muitos cidadãos nacionais, instintivamente, ques-tionam-se sobre a chegada de estrangeiros, disputando postos de trabalho já de si a minguar. Talvez se trate de uma leitura algo linear, se o exemplo da França for devidamente sopesa-do: ali, no ano transacto, e não obstante haver dois milhões de desempregados, ficaram por pre-encher 240 mil empregos para electricistas, técnicos, pedreiros ou peritos em informática. E está provado o contributo posi-tivo da actividade laboral dos emigrantes para a formação dos PIB nacionais. (...)

Diário de Notícias, 21-02-2005

MÃO-DE-OBRA

IMIGRANTE REJUVENESCE POPULAÇÃO

Os imigrantes residentes em Espanha são já 3,5 milhões e representam 8% da população espanhola, que de acordo com uma informação estatística publicada a 1 de Janeiro de 2005 atinge os 43,7 milhões. Estes dados, apesar de provisó-rios, demonstram que a entrada de estrangeiros se manteve a um ritmo muito elevado: em 2003 registaram-se cerca de 400 mil imigrantes – atingindo 7,2% do total da população – e em 2004 foram cerca de 450 mil – 8%. Analisando os anos anteriores, este crescimento torna-se ainda mais evidente: os estrangei-ros, que representavam 2,3% da população espanhola a 1 de Janeiro de 2000, passaram a ser 4,7% em finais de 2001, 6,2% em 2002 e 8% em 2004. Segundo a presidente do Instituto Nacional de Estatística Espanhol, Carmen Alcaide, este tipo de evolução não se registou em mais nenhum país. Contudo, Alcaide explicou que estes núme-ros se referem a novos registos e não a entradas em Espanha, podendo acontecer que nos pri-meiros anos os estrangeiros não estivessem cientes da obrigação de se registarem. Contudo, esta responsável considera que, devi-do ao reagrupamento familiar, é “muito difícil que o ritmo de crescimento da população estrangeira desacelere significa-tivamente nos próximos dois ou três anos”. Conferindo estes números com os dados do registo de 1 de Janeiro de 2004, confirma-se que os equatorianos continu-am a ser os estrangeiros com maior presença em Espanha, e que o número continua a subir, enquanto que os marroquinos mantêm o segundo lugar, ape-sar de a sua percentagem ter diminuído ligeiramente. A estas duas nacionalidades seguem-se os colombianos, destacando-se ainda um aumento significativo dos romenos.

Jornal “El Mundo”, 18.02.2005

IMIGRANTES EM ESPANHA

ATINGEM 8% DA POPULAÇÃO

RECORTES

IMPRENSA

ACIME | Alto-Comissariado para a Imigração e Minorias ÉtnicasACIME | Alto-Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas

COMBATE AO RACISMO

SEMINÁRIO REÚNE ÓRGÃOS NACIONAIS ESPECIALIZADOS

No dia 25 de Janeiro realizou-se em Bruxelas uma audição pública no Parlamento Europeu sobre a futura criação de uma Agência de Direitos Fundamentais. Esta audição destinou-se a permitir uma ampla discussão, com vista a recolher as reacções dos interessados no quadro de uma consulta pública lançada pela Comissão que decorreu até 17 de Dezembro de 2004. O debate foi estruturado em torno de quatro eixos: direitos e domínios temáticos, objecto do trabalho da Agência, relações com a sociedade civil e outras entidades, tarefas da Agência e âmbito geográfico. Nesta audição foi realçada a necessidade de a Agência assegurar a sua plena independência, ter capacidade autónoma para a recolha e tratamento da informação, fazer incidir a sua actuação sobre todos os direitos e contribuir para elaborar legislação a apoiar as instituições da UE. Recorde-se que os representantes dos Estados-membros da UE, reunidos ao nível de Chefes de Estado e de Governo, à margem do Conselho Europeu de Bruxelas de 13 de Dezembro de 2003, decidiram alargar o mandato do actual Observatório Europeu do Racismo e da Xenofobia, com sede em Viena, de forma a transformá-lo numa Agência de Direitos Fundamentais.

EM DEBATE NO PARLAMENTO EUROPEU

AGÊNCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

A Comissão Europeia Contra o Racismo e a Intolerância (ECRI) realizou nos dias 17 e 18 de Fevereiro um seminário que reuniu os órgãos nacionais especializados no combate ao racismo e à discriminação, para reflexão sobre a questão da colecta de dados étnicos. Este seminário teve como objectivo disponibilizar aos organismos nacionais especializados um fórum que lhes permitisse comparar as diversas práticas nacionais em matéria de colecta de dados étnicos, por forma a identificar as boas práticas. A tónica foi colocada espe-cialmente na utilização prática de dados classificados por categorias como a nacionalidade, a origem nacional ou étnica, a língua e a religião, com o objectivo de adoptar medidas positivas e identificar, no seguimento de queixas, a discriminação indirecta de procedimentos adoptados. Foram ainda abordadas outras questões importantes, tais como o papel dos órgãos especializados na implementação das disposições jurídicas e outras medidas de combate ao racismo e à discriminação racial, assim como o acompanhamento e monitorização de incidentes racistas. O ACIME convidou a Dr.ª Cidália Figueiredo, Conselheira da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial, para representar o país neste Seminário que aborda, de novo, agora ao nível do Conselho da Europa, um tema que fora já tratado em Helsínquia, no final de 2004, pela Comissão Europeia.A Comissão Europeia Contra o Racismo e a Intolerância foi estabelecida no seguimento de uma decisão da 1ª Cimeira de Chefes do Estado e do Governo dos Estados-membros do Concelho da Europa, realizada em Viena em 1993. A sua missão é combater o racismo, a xenofobia, o anti-semitismo e intolerância numa Europa alargada, numa perspectiva de protecção dos Direitos Humanos.

Por ocasião da “4ª Conferência Europeia das Cidades para os Direitos Humanos”, realizada em Nuremberga em Dezembro de 2004, a UNESCO lançou a “Coligação Europeia das Cidades contra o Racismo”, cujo principal objectivo é o estabelecimento de uma rede de cidades empenhadas no intercâmbio de experiências e de boas prá-ticas, com vista a melhorar as suas políticas de luta contra o racismo, através de um Plano de Acção comum. Num primeiro momento, as coligações serão criadas à escala das diferentes regiões (África, América do Norte, América Latina e Caraíbas, Estados Árabes, Ásia-Pacífico, Europa) de forma a poder ter em consideração as especificidades e as prioridades de cada uma. Uma cidade designada “Chefe de Fila” terá um papel de coorde-nação (desempenhado, no caso da região Europa, pela cidade de Nuremberga), permitindo assim a adopção de um Plano de Acção próprio para cada região, que as cidades signatárias deverão integrar nas suas estratégias e políticas municipais. Mais informações: www.unesco.org/shs/villescontreracisme

COLIGAÇÃO INTERNACIONAL

CIDADES CONTRA O RACISMO

Segundo a OIM-Portugal (Organização Internacional para as Migrações), são traficadas anualmente na Europa cerca de 500 mil pessoas, a maioria para exploração sexual. Estes números foram divulgados em Fevereiro por Mónica Goracci, dirigente desta organização, por ocasião do

lançamento de uma campanha de alerta promovida pela estação de televisão MTV. Esta responsável acrescentou que o tráfico se revela muito lucrativo “pois as pessoas podem ser vendidas várias vezes”. A MTV Portugal apre-sentou no dia 2 de Fevereiro, em Lisboa, a estreia mundial de um documentário de alerta e prevenção exibido em toda a Europa desde o dia 10, que pode ser consultado online no site www.mtvexit.org. Segundo a MTV, o tráfico humano é a terceira actividade criminosa mais rentável do mundo, depois das drogas ilícitas e do tráfico de armas. Assim, a ideia desta campanha “é dar informação aos jovens sobre o que se está a passar”. Mónica Goracci indicou que a OIM está “envolvida em cerca de 60 projectos mundiais de combate ao tráfico”, sendo que um dos grandes problemas que os países europeus enfrentam é “a falta de condições para abrigar as vítimas depois da sua libertação”.Segundo dados da ONU citados pela MTV, as vítimas de tráfico em Portugal são na sua maioria provenientes da Ucrânia, Moldávia, Rússia, Roménia, Lituânia e Bielorússia, verificando-se um crescente número de cidadãs bra-sileiras, angolanas e cabo-verdianas. O documentário, intitulado “Tráfico Desumano”, tem cerca de 30 minutos, relata casos verídicos de vítimas de tráfico humano e é apresentado pela actriz e embaixadora da Boa Vontade do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, a actriz Angelina Jolie.

“TRÁFICO DESUMANO”

MTV ALERTA PARA TRÁFICO DE PESSOAS NA EUROPA

Boletim Informativo Março 2005Boletim Informativo Março 2005

LISBOA

CÂMARA MUNICIPAL APROVA CASA DA CULTURA CIGANA

O município de Valongo iniciou em Fevereiro um projecto para ajudar os trezentos imigrantes de Leste residentes no concelho a interpretar um anúncio de emprego ou preencher um formulário oficial em portu-guês. Raquel Silva, do Centro Local de Apoio ao Imigrante, afirmou que a maioria dos imigrantes de Leste radicados em Valongo tem vagos conhecimentos de português, insuficientes para resolverem, sem apoio de terceiros, tarefas “corriqueiras” do dia a dia. Assim, o projecto “Oficina de Leitura para Imigrantes de Leste” pretende dar aulas práticas de pre-enchimento de documentos e de leitura de materiais publicitários ou noti-ciosos, com interesse directo para estes cidadãos estrangeiros. No âmbito do projecto serão lançadas, até Maio de 2006, 38 oficinas de leitura, que funcionarão em cinco bibliotecas e pólos de leitura, repartidos pelas freguesias de Alfena, Campo, Ermesinde, Sobrado e Valongo. Para além de uma forte comunidade brasileira, a população imigrante de Valongo tem uma presença significativa de ucranianos e bielorussos.

VALONGO

OFICINA DE LEITURA AJUDA A VENCER BARREIRA LINGUÍSTICA

A Câmara Municipal de Lisboa aprovou no dia 16 de Fevereiro a construção da Casa da Cultura Cigana, que pretende dar a conhecer esta etnia, proporcionar um espaço de convívio e aproximá-la da comunidade. A proposta teve a aprovação unânime do executivo camarário. O projecto, atribuído à empresa Edivisa, S.A., tem um prazo de execução de 200 dias. Este espaço vai ser construído na Ameixoeira, na Zona 4 e está orçado em cerca de 900 mil euros. Terá uma biblioteca com documentação sobre a cultura cigana e uma área destinada a eventos e outras actividades, nomeada-mente a casamentos ciganos. A autarquia pretende reunir na biblioteca um conjunto de documentos dispersos e conta com o apoio das associações para angariar o material. Segundo a CML, a Casa da Cultura Cigana irá ser gerida pela autarquia lisboeta, pretendendo ser “uma referência para os ciganos” e para todos aqueles que se interessam por esta etnia. Para isso, “a câmara vai convidar escolas para visitarem o espaço, que será interactivo” e “aberto à comunidade”.

Um grupo de imigrantes dos antigos países da União Soviética vai entregar à Biblioteca Municipal de Sintra 200 livros em russo no âmbito da 2ª Maratona de Poesia, que decorre na vila a 22 e 23 de Abril. A doação de obras, que terá lugar no dia 22 com a presença de um representante da Embaixada da Rússia, visa criar na biblioteca sintrense um sector destinado à comunidade russófona em Portugal. Após a oferta das duas centenas de livros, um grupo de artistas da Associação Res-Publika, que reúne imigrantes oriundos de países que compuseram a URSS, vai declamar - em russo e na tradução em português - vários poemas de Alexandr Pushkin e Anna Akhmatova. A 2ª Maratona de Poesia de Sintra está pensada para aqueles que fazem da declamação de poesia um espaço de partilha da voz e da emoção, e incluirá momentos específicos para o público infantil e juvenil. Estão ainda previstos “espaços e tempos” para a poesia trazida pela comunidade imigrante afri-cana e brasileira. Na organização da Maratona participam os Grupos de Teatro Profissionais do Concelho de Sintra, bem como actores, cantores, artistas plásticos, políti-

cos e outras personagens da vida pública portuguesa. A primeira edição da Maratona em Sintra, em 2004, decorreu ininterruptamente durante 16 horas e contou com declamadores como Fernando Seara, Vítor Belém, José Jorge Letria e D. Duarte de Bragança.

SINTRA

IMIGRANTES RUSSOS OFERECEM LIVROS À BIBLIOTECA

ACIME | Alto-Comissariado para a Imigração e Minorias ÉtnicasACIME | Alto-Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas

A Rede Eurydice, Rede de Informação sobre Educação na Europa, divulgou um estudo comparativo sobre integração de filhos de imigrantes no sistema educativo de trinta países europeus no período 2003/04, referente ao ensino pré-primário, primário e escolaridade obrigatória. O relatório sobre Portugal provi-dencia uma descrição do enquadramento legal que regula o acesso dos filhos de imigrantes e refugiados ao sistema escolar português, uma análise dos mecanismos desenvolvidos para alunos que não têm o Português como língua materna e das estruturas de apoio disponibilizadas pelo Estado e pelas organi-zações da sociedade civil neste campo. O relatório encontra-se estruturado nas seguintes áreas: critérios nacionais e contextualização demográfica da imigração, medidas de apoio escolar dirigidas aos filhos de imigrantes e às suas famílias, abordagens interculturais e finalmente avaliação, projectos-piloto, debates e medidas em desenvolvimento. O estudo sobre Portugal está disponível em: http://www.eurydice.org/Eurybase/Application/frameset.asp?country=PT&language=VO

O estudo Integrating Immigrant Children into Schools in Europe, que desenvolve uma análise comparativa a partir dos

relatórios de cada país, está disponível em: http://www.eurydice.org/Documents/Mig/en/FrameSet.htm (Inglês)

http://www.eurydice.org/Documents/Mig/fr/FrameSet.htm (Francês)

Mais informações sobre a Rede Eurydice disponíveis em:

http://www.giase.min-edu.pt/eurydice/index.htm (Unidade Portuguesa)

REDE EURYDICE

INTEGRAÇÃO DE FILHOS DE IMIGRANTES NO SISTEMA ESCOLAR

No âmbito do Seminário “Família: Realidades e Desafios”, organizado em Novembro de 2004 pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e pelo Observatório para os Assuntos da Família, foi apresentada a comunicação “Migrações e Famílias em Portugal” por Maria Lucinda Fonseca, professora e investigadora do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa (CEG/FLUL). Esta comunicação avança alguns resultados de um estudo sobre Reagrupamento Familiar e Imigração em Portugal, coordenado por Maria Lucinda Fonseca e promovido pelo Observatório da Imigração. São abordados o papel da família no processo migratório, o reagrupamento familiar e a imigração em Portugal no contexto europeu, a caracterização das famílias imigrantes nas suas trajectórias e as formas de inserção na sociedade portuguesa. Assim, apesar de tradicionalmente o reagrupamento familiar ser visto como um meio de aumentar a estabilidade social, económica e psicológica dos imigrantes, reconhece-se que a inserção das famílias imigrantes reagrupadas na socieda-de de acolhimento passa por uma série de obstáculos. As principais dificuldades relacionam-se com o alojamento, o acesso ao mercado de emprego e ao ensino, os cuidados de saúde e a protecção jurídica. A apresentação inclui quadros caracterizando as estruturas familiares dos grupos de imigrantes, as taxas de natalidade, os casamentos envolvendo estrangeiros, os principais meios de vida, os sectores de actividade, a habitação e os níveis de instrução. A apresentação da comunicação está disponível em: http://www.ine.pt/novidades/semin/familia/docum/app/appmlfonseca.pdf

Mais informações sobre o Seminário:

http://www.ine.pt/novidades/semin/familia/

Sumário Executivo do Estudo:

http://www.oi.acime.gov.pt/modules.php?name=News&file=article&sid=337

MIGRAÇÕES E FAMÍLIAS

REAGRUPAMENTO FAMILIAR É ELEMENTO DE ESTABILIDADE

O European Master’s Degree in Human Rights and Democratisation, a ser leccionado no ano lectivo de 2005-2006, é co-organizado por 28 universidades da União Europeia, incluindo a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, através do Centro de Direitos Humanos do Ius Gentium Conimbrigae. Trata-se de um curso anual que pretende educar profissionais no âmbito dos direitos humanos e democratização. Como programa multidisciplinar, reflecte a estreita conexão entre direitos humanos, democracia, paz e desenvolvimento. Os estudantes têm a oportunidade de conhecer e ser ensinados pelos maiores especialistas, a nível internacional, nas áreas de relações internacionais, direito, filosofia, ciência política e sociologia, sendo preparados para trabalhar como académicos e como membros de equipas de orga-nização inter-governamentais, governamentais e não governamentais. O primeiro semestre do curso terá lugar em Veneza, enquanto que o segundo, durante o qual os estudantes farão estu-dos mais especializados e escreverão uma dissertação, decorrerá em uma das universidades participantes. Mais informações: Ius Gentium Conimbrigae

Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra

Tel. 239 824 478 Fax. 239 823 353

E-mail: [email protected]

Website: www.fd.uc.pt/hrc

UNIÃO EUROPEIA

PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS E DEMOCRATIZAÇÃO

Boletim Informativo Março 2005Boletim Informativo Março 2005

O objectivo fundamental do estudo “A População Imigrante no Concelho de Peniche”, divulgado em Outubro de 2004, é conhecer a estrutura do grupo imigrante local. O Relatório Final foi desenvolvido no âmbito do “Projecto ISTMO - A Fileira das Pescas como Espaço de Novas Oportunidades”, no quadro da Iniciativa Comunitária EQUAL. De acordo com este documento, num total de 27.315 habitantes, a população estrangeira representa 5% da população, num total de 1.423 pessoas, 51% mulheres e 49% homens. De acordo com a amostra dos inquiridos, este grupo surpreende pela sua juventude. A grande maioria situa-se entre os 26 e os 30 anos (25,8%) e entre os 21 e 25 anos (25%), vindo em seguida os imigrantes entre os 31 e os 35 anos (20%). Acima dos 41 anos, as percentagens são marginais.

No que respeita aos países de origem, foi possível contactar onze proveniências distintas. A grande maioria é proveniente da Europa de Leste (65%), nomea-damente da Ucrânia (38,3%), da Roménia (14,2%), da Moldávia (6,7%), da Rússia (4,2%) e da Geórgia (1,7%). Os imigrantes dos Palop’s, nomeadamente Cabo Verde e Moçambique, são 9,1%. De entre todos os inquiridos, 43,3% são casados e 41,7% solteiros. 8,3% são casados e 5,8% vivem em união de facto. Quanto a habilitações literárias, a grande maioria tem o equivalente ao 12º ano (45,8%) ou um grau académico superior, seja ele bacharelato (11,7%) ou licen-ciatura (21,7%). Relativamente à profissão actualmente desempenhada em Peniche, ressalta a discrepância entre as habilitações literárias e a actividade exercida nas quatro actividades principais: operários fabris (31,7%), construção civil (16,7%), hote-laria/restauração (15%) e pescas (7,5%). Estas actividades são na esmagadora maioria realizadas em condições de alguma precariedade, e apenas 9,2% tem um vínculo contratual permanente. A esmagadora maioria (65%) pretende voltar para o país de origem e apenas 16,7 não tencionam fazê-lo. Um número significativo (17,5%) ainda não decidiu se regressará ou não. No que respeita ao domínio da língua, 64,2% consideram falar português correcta ou razoavelmen-te, sendo que os restantes o fazem com dificuldade ou não dominam a língua. É ainda importante referir que, dos inquiridos, apenas os provenientes dos Palop’s tinham alguma experiência em actividades ligadas às pescas, sendo na sua maio-ria pescadores nos países de origem.

As conclusões referem algumas questões relacionadas com a integração laboral dos imigrantes na área das pescas, sendo apresentada uma proposta de trabalho a aprofundar no âmbito do projecto. Esta iniciativa é dinamizada por uma Parceria de Desenvolvimento que integra cinco entidades: a CERCIPENICHE (Cooperativa de Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Peniche), a ADEPE (Associação para o Desenvolvimento de Peniche), a AMAP (Associação Mútua Livre da Pesca – Centro), a Pescagest (Produção e Gestão S.A.) e o Sindicato dos Trabalhadores da Pesca do Centro. O objectivo estratégico do Projecto ISTMO é estimular a renovação das gerações de pescadores e promover a inserção socioprofissional, tanto para os jovens com dificuldades de inserção socioprofissional como para os imigrantes. O Relatório Final encontra-se disponível em: http://www.oi.acime.gov.pt/docs/pdf/Relatorio%20PopImigrante%20Peniche.pdf

A Junta de Freguesia de Benfica reabriu, no dia 23 de Fevereiro, o centro de apoio e informação a imigrantes, “Em Cada Rosto... Igualdade”, que se encont�vai ap� mação profissiona�legalização, emprego, saúde e habitação, entre outras.Os serviços do “Em Cada Rosto... Igualdade” vão funcionar de segunda-feira a sexta-feira, das 9h00 às 13h00 e das 14h30 às 18h00, podendo todos os interessados deslocar-se ao edifício Portas de Benfica, Castelo Sul, em Lisboa, ou contactarem através do telefone 214 767 840.

BENFICA

IMIGRANTES COM MAIS APOIO

ESTUDO

A POPULAÇÃO IMIGRANTE NO CONCELHO DE PENICHE

No âmbito da sua actividade de investigação e divulgação, o SOCIUS - Centro de Investigação em Sociologia Económica e das Organizações (ISEG/UTL), tem vindo a publicar documentos de trabalho em torno da problemática das migrações. Recentemente, foi publicado o artigo “As associações das comunidades migrantes em Portugal e a sua participação no desenvolvimento do país de origem: o caso guineense”, de João Ribeiro Butiam Có, investigador associado do SOCIUS. Este trabalho visa realçar o contributo das Associações das Comunidades Migrantes Guineenses em Portugal para o desenvolvimento dos seus locais ou do país de origem. As conclusões do trabalho demonstram esse contributo e, por outro lado, realçam a forma atípica do “transnacionalismo” da migração guineense, restrita a certos grupos étnicos que foram adquirindo ao longo dos tempos uma certa “cultura migratória”. Esta tendência foi ainda reforçada pelo facto de os laços de parentesco serem elementos-chave no processo de integração, contribuindo não só para a recepção e integração das famílias como para a socialização dos seus membros e a formação de comunidades. Contudo, o autor refere que estes perfis migratórios, que ao longo do tempo se foram delineando segundo identidades étnicas, não impedem que a “Confederação das Associações de Imigrantes Guineenses em Portugal” seja constituída por diferentes tipos de associações, “diferenciadas em tipologias, formas e natureza.” Este trabalho encontra-se disponível em:http://pascal.iseg.utl.pt/~socius/wp/wp200412.pdf

WORKING-PAPER SOCIUS

ASSOCIAÇÕES GUINEENSES E DESENVOLVIMENTO DO PAÍS DE ORIGEM

ACIME | Alto-Comissariado para a Imigração e Minorias ÉtnicasACIME | Alto-Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas

emergente do grande fluxo migratório de cidadãos da antiga União Soviética. Trata-se de um programa matinal, transmitido a partir das 6h30 da manhã, a hora de levantar e a hora de audiência habitual nos países de origem da grande maioria do público alvo. Este magazine semanal de 25 minutos, incluirá notícias da autoria do Canal 1 da TV estatal da Rússia, rubricas de interesse dos imigrantes e pequenos programas culturais e de entretenimento.

Po-RusskiCanal 2: da RTP Quartas-feiras, a partir das 6h30

Fonte: www.rtp.pt

com maior relevância na comunicação mediática para comunidades estrangeiras residentes em Portugal, com o duplo objectivo de divulgar as notícias dos países de origem e manter a ligação à terra natal. Segundo Paula dos Santos Cordeiro e Daniela Gonçalves, autoras de um dos artigos, destaca-se a imprensa destinada aos imigrantes de Leste, “que baseiam o seu trabalho nas informações avançadas por correspondentes, agências de notícias e a Internet”. São referidos os semanários “Slovo” e “O Imigrante”, o “Timpul”, o “Maiak” e o “Nasha Gazeta”. Quanto às publicações destinadas à população de origem africana, é apenas referida uma, a revista “Africanidade”. No que respeita às rádios, o destaque é dado à “Rádio Mais”, “uma estação de rádio com programas feitos por e para imigrantes, que procuram chegar à comunidade muçulmana, do Leste e do Brasil”, sendo ainda destacada a RDP África, com “20 horas de emissão, produzidas por uma equipa multicultural”Na televisão, são referidos o programa “Nós”, produzido pelo ACIME, e o “Po-Russki”, “o primeiro programa de televisão em língua russa”. (Ver caixa).

Estudo OIMEDIA, IMIGRAÇÃO E

MINORIAS ÉTNICAS

Imprensa e televisão Autoras: Isabel Ferin Cunha e

Clara Almeida Santos Edição: ACIME

Pode consultar este estudo em:www.acime.gov.pt

www.oi.acime.gov.pt

REVISTA MEDIA XXI

DOSSIER “MEDIA E IMIGRAÇÃO” A revista bimestral “Media XXI – Revista de Comunicação e Sociedade de Informação”

inclui, no seu número de Janeiro/Fevereiro, o dossier temático “Media e Imigração”, que

para além de traçar um “mapa dos media para imigrantes em Portugal faz o retrato da forma

como a imigração é vista pelos media nacionais.

A RTP 2: tem um novo programa que se assume como o primeiro em língua russa para uma comunidade específica, pretendendo ir ao encontro da necessidade de informação de qualidade e de ligação às raízes dos imigrantes russófonos. Chama-se Po-Russki, o que significa “em russo”, e dirige-se simultaneamente à população russa e aos portugueses, que o receberão legendado, de forma a tornar-se um espaço de diálogo entre identidades culturais distintas. O programa marca a diferença transmitindo aos imigrantes russófonos uma visão do mundo segundo os seus prismas culturais. Por seu lado, aos portu-gueses interessará o aprofundamento da informação através do ponto de vista destes novos parceiros, marcado por uma cultura diferente e por tradições que são pouco conhecidas em Portugal. A iniciativa resulta de uma parceria entre a RTP e a Associação Respublika, surgindo num momento marcado pela diversidade cultural

Todos os povos, e todos os países, gostam de ter uma boa imagem de si próprios, tal como defen-de o escritor Richard Zimler na entrevista publicada neste número do Boletim Informativo. Infelizmente, se existe a ten-dência a apresentar de forma favorável o grupo de perten-ça, também se pode verificar o inverso em relação ao grupo de não-pertença. Este dossier “Media e Imigração aborda assim os processos da constru-ção de imagens do “Outro” em confronto com a identidade de um “Nós”, e da elaboração de

estereotipos socais pela imprensa e televisão, a partir do estudo da autoria de Isabel Ferin da Cunha e de Clara Almeida Santos editado pelo ACIME em Maio de 2004. O Dossier inclui ainda artigos de opinião do Alto Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas, P. António Vaz Pinto, e de Rita Figueiras, docente da Universidade Católica, assim como depoimentos de dirigentes de associações de imigrantes. Para este Dossier, a Media XXI realizou ainda um estudo de opinião sobre as representações sociais da imigração nos media, no qual se conclui que, no geral, os media têm contribuído para a estereotipização, sendo a televisão o meio que mais tem contribuído para a exclusão dos imigrantes.

Jornalismo para e por imigrantes De acordo com o artigo da Media XXI, um número crescente de “jornais em russo, revistas sobre África, rádio em língua estrangeira e programas na televisão promovem um país cada vez mais multicul-tural”. Os jornais, criados na sua maioria por imigrantes, são o meio

PO-RUSSKI

NOVO PROGRAMA EM RUSSO NA RTP 2:

Boletim Informativo Março 2005

Americano de origem

judaica, Richard Zimler

nasceu e cresceu em Nova

Iorque, instalando-se mais

tarde em S. Francisco. Vive

no Porto há quinze anos e

tem já dupla nacionalidade,

mas ao chegar sofreu um

certo choque cultural.

Fez-lhe falta, sobretudo, a

“magnífica diversidade”

humana e cultural das

cidades onde viveu, feita

de comunidades vindas

de todos os cantos do

mundo. Zimler, que tem já

dupla nacionalidade norte-

americana e portuguesa,

reconhece não ser um

imigrante típico, mas tem

assistido com entusiasmo à

chegada de novos imigrantes

a Portugal. Na sua opinião,

as gentes que chegam

de novo têm muito para

oferecer aos portugueses e

Portugal, por seu lado, tem a

capacidade de ser um país de

acolhimento mais humano do

que outros.

Como surgiu o seu interesse pela História de Portugal? Vim viver para o Porto em Agosto de 1990, há quase quinze anos. Quando mudei para Portugal, já tinha a ideia para um romance que decorria em Lisboa no século XVI e já tinha feito muita pesquisa. Em Portugal, continuei a fazer essa pesquisa e a escrever o livro. Assim, “O último cabalista de Lisboa”, foi uma convergência do meu interesse pes-soal pela escrita e por esta ideia para um romance e do facto de viver em Portugal.

Nos seus livros, a intolerância é um elemento muito importante... Ao fazer a pesquisa para “O último cabalista de Lisboa”, descobri aquilo a que os historia-dores chamam o massacre de Lisboa de 1506, em que dois mil cristãos-novos foram mortos e queimados no Rossio. Há uma grande história à volta disso, e decidi aproveitar esse massa-cre para o contexto do romance, que decorre em Lisboa nessa época. Assim, tive que falar muito sobre tolerância e intolerância. Isto suce-deu antes da inquisição começar e nove anos depois da conversão forçada dos judeus em Portugal, em 1497. A tolerância e a intolerância são questões que me interessam. Para um romancista é um assunto dramático importante, de conflito e, talvez por eu ser judeu, é natural que pense sobre esse assunto, porque a nossa história, infelizmente, é dominada por perseguições, pela discriminação e pelo holocausto.

Mais recentemente, escreveu um romance passado no Porto no século XIX [Meia-Noite ou o Princípio do Mundo]. Isso deu-lhe um panorama de como a intolerância foi evoluindo em Portugal ao longo do tempo... Exacto. Às vezes eu digo, entre aspas, que já escrevi sobre o começo, em 1506, um período de grande intolerância em Portugal, e sobre o fim, que foi logo a seguir ao Marquês de Pombal, que desmantelou a inquisição. Neste romance mais recente, “Meia-Noite ou o Princípio do Mundo”, os judeus estão numa fase de transição. A Inquisição acabou, mas eles ainda não podem, ou não querem, viver assumidamente como judeus, porque durante

250 anos não puderam fazê-lo. Assim, eu já escrevi sobre o começo e sobre o fim. Mais tarde, vou ter que escrever sobre o meio deste período.

Houve ao longo dos tempos uma evolução no sentido positivo? Houve alguma evolução, porque Portugal, no século XIX, era um lugar onde as pessoas estavam a respirar novas ideias, e já havia muita gente a lutar por um conceito de democracia.

Que consequências teve esta situação tão específica que aconteceu em Portugal, em que os judeus puderam permanecer desde que desistissem da sua identidade?

Essa é a palavra certa, foi uma situação que provocou uma crise de identidade. As pessoas tiveram de usar uma máscara em público. Durante muito tempo, nunca puderam falar das suas paixões, da sua fé, das amizades, porque não queriam comprometer outras

pessoas. Isso criou realmente uma grande crise de identidade individual e colectiva. Foi um período muito difícil, mas podería-mos falar de situações actuais que não são muito diferentes. Quando escrevi “O Último Cabalista de Lisboa”, estavam a decorrer os grandes problemas na Bósnia. Infelizmente, este tema da intolerância e tolerância ainda é muito relevante no nosso mundo.

Os portugueses têm de si próprios uma imagem de pessoas tolerantes. É uma imagem verdadeira? Todos os países e todos os povos gostam de pensar bem sobre si próprios. Nos Estados Unidos, raramente se fala do genocídio pra-ticado durante décadas pelo governo norte-americano contra os índios. Em Portugal, gostamos também de falar sobre coisas posi-tivas – os descobrimentos, Fernando Pessoa, etc.. Assim, em parte essa imagem é verdadei-ra, mas é também uma espécie de mitologia, no sentido de serem contadas histórias que só mostram uma faceta da história portuguesa. Na altura em que eu escrevi o “O Último Cabalista de Lisboa”, o massacre de Lisboa

RICHARD ZIMLER

“A TOLERÂNCIA E A INTOLERÂNCIA SÃO QUESTÕES QUE ME INTERESSAM”

“Este fenómeno [imigração] pode ser muito bom para a sociedade portuguesa, mas penso que vai

levar mais uma geração”

ENTREVISTA

ACIME | Alto-Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas

de 1506 não era ensinado nas escolas. Portugal tem uma história única em relação aos judeus, de tolerância e de intolerância. Curiosamente, foi durante muito tempo um lugar onde estes massacres não ocorreram. Até 1506, não houve os grandes massacres da Alemanha, da Polónia ou de Espanha, aqui ao lado, onde sucederam em todas as principais cidades. Isto não chegou a Portugal, onde os judeus podiam praticar todas as profissões. Era um país pacífico para judeus e muçulmanos. A minha opinião é que essa tolerância existe, mas não sei se a um nível muito profundo. O português, em geral, é acolhedor. Em público não vai dizer barbaridades sobre imigrantes, e noventa por cento dos portugueses acham mal educado dizer essas coisas.

Já afirmou que teve um choque cultural quando chegou a Portugal. Como foi esse choque? Sou americano, cresci em Nova Iorque, vivi muitos anos em S. Francisco. É evidente que os Estados Unidos têm muitos defeitos, mas uma vantagem enorme é a grande diversi-dade de etnias e povos. Nova Iorque e S. Francisco, as duas cidades que eu conheço melhor, têm comunida-des asiáticas, judaicas, peruanas, brasileiras, portuguesas, italianas, do Afeganistão... São comunidades de todo o mundo a viver mais ou menos juntas. Em S. Francisco, posso comer comida mexicana de tarde, chinesa de noite, tailandesa de manhã... Mas quando cheguei a Portugal, em 1990, o Porto era 99,9 por cento branco e portu-guês! A comida era portuguesa, a maneira de pensar era portuguesa... E fiquei chocado por não ter aquela diversidade magnífica dos Estados Unidos à minha volta, senti uma grande falta das possibilidades que isso dá... Houve um segundo choque: antes de vir para

Portugal, eu era ingénuo e não percebi que pessoas de culturas diferentes pensam de maneiras diferentes. A maneira de um por-tuguês pensar sobre si, sobre o mundo, sobre amizade, sobre solidariedade, sobre amor, sobre a vida e a morte, sobre todas as questões grandes da vida, é dife-rente da minha maneira, como americano, de pensar sobre isso. Essas diferenças criaram muitos choques. Posso dar um exemplo muito superficial, que tem a ver com a falta de pontualidade dos portugueses em relação aos seus compromissos, o que me surpre-endia sempre. Mas também há aspectos positivos nestas diferen-ças dos portugueses em relação aos americanos. Por exemplo, em Portugal é considerado mal

educado falar da vida privada de um políti-co, de um professor ou de um escritor. Eu acho isso óptimo, porque a vida privada é isso mesmo – privada. Nos Estados Unidos é exactamente o contrário, as pessoas pensam que têm o direito de conhecer a vida privada de toda a gente.

Tem acompanhado a recente vaga de imigração para Portugal? Sim, tenho. E falando outra vez como norte-americano, porque já tenho dupla nacionali-dade, portuguesa e americana, acho fabuloso. Que bom ter imigrantes da Europa de Leste, por exemplo! No outro dia, eu estava na Rua do Almada, e passei por uma loja com produtos de vários países destinados às pes-soas da Europa de Leste. Entrei, e comprei chá. Acho que essa presença dá ao Porto a tal diversidade de que eu gosto muito. E até agora, felizmente, não estou a notar muita intolerância em relação a esta gente. Parece-me que Portugal é um país que tem muitas vantagens para os imigrantes.

Que vantagens são essas? Penso que Portugal pode ser um país mais

humano para os imi-grantes. Eu passo bas-tante tempo em Paris, Londres e outras gran-des cidades, e tenho muita sorte, porque tenho uma vida de classe média e dinheiro suficiente para pagar almoços e jantares. Mas como é que um imigrante africano sobrevive em Londres? É muito difícil viver

numa cidade tão grande. Por outro lado o Porto, a segunda cidade do país, ainda é uma cidade pequena onde as pessoas tratam educadamente as outras pessoas. Não estou a dizer que não haja intolerância e racismo, com certeza há. Mas pelo menos existe aque-la tradição portuguesa de educação.

Acha que esta imigração vai ser um factor de mudança? Espero que haja uma mudança. Este fenóme-no pode ser muito bom para a sociedade por-tuguesa, mas penso que vai levar mais uma geração. Daqui a alguns anos, os filhos dos imigrantes vão entrar no mercado de traba-lho, dominando perfeitamente o português, e vão dar um impulso muito grande. Mas penso que vamos ter de esperar dez ou quinze anos para ver esse novo impulso.

À procura das raízes judaicas

de Portugal

Para além de leccionar na Escola Superior de Jornalismo do Porto, Richard Zimler é escritor, tendo já publicados, entre outros, três romances cuja acção se inspira em episó-dios da história de Portugal, dois dos quais já traduzidos em português. De origem judaica, considera natural o seu interesse por questões relacionadas com a tolerância e a intolerân-cia, que o levaram a investigar temas como a actuação da Inquisição e as perseguições aos cristãos-novos.

Meia-Noite ou O princípio do Mundo Edição: Gótica No início do século XIX, John Zarco Stewart, filho de uma judia portuguesa e de um esco-cês, é um criança sensível e curiosa, herdeiro de uma fé envolta em três séculos de secretis-mo. Meia-Noite, um curandeiro africano e antigo escravo, é o homem que se torna-rá no maior amigo de John e determinará o curso do seu destino.

O Último Cabalista de LisboaEdição: Quetzal A intriga de “O Último Cabalista de Lisboa” decorre em 1506 entre os judeus forçados a converter-se ao cristianismo, no reinado de D. Manuel I. As principais personagens pertencem a uma família de cristãos-novos residente em Alfama, cujo patriarca, Abraão Zarco, é membro da célebre escola cabalística de Lisboa.

“Os Estados Unidos têm muitos defeitos, mas uma vantagem

enorme é a grande diversidade de etnias e povos”

Boletim Informativo Março 2005

nas suas variadas formas e dos meios usados para o seu combate. A perspectiva foi sem-pre de comparação entre as realidades dos diversos países europeus. Por isso foi estabe-lecida uma rede de informação sobre racismo e xenofobia, a rede RAXEN, com pontos focais em cada um dos países da UE. Este é sem dúvida o projecto mais ambicioso do Observatório. Contudo, o momento de maior visibilidade do EUMC em tempos recentes foi a polémica ligada à (não) divulgação de um relatório sobre anti-semitismo. Descontentes com os resultados do estudo comparativo encomendado a uma equipa da universidade de Berlim, o EUMC decidiu pela sua não edição, para grande descontentamento das comunidades judaicas. Uma reformulação do

mesmo estudo saiu meses mais tarde. O cerne da questão era identificar os principais agentes de anti-semitis-mo na Europa dos nossos dias. A extrema-direita, ou a extrema-esquerda e os jovens Árabes? A questão era melindro-sa e prendia-se com o estabelecimento de uma linha de separação entre sentimentos anti-judaicos e oposição à política do

Estado de Israel. A questão dos jovens Árabes é tanto mais relevante quanto é significativa a sua presença, como imigrantes ou filhos de imigrantes em muitos países europeus (não é o caso de Portugal).

Eis uma encruzilhada carregada de um enor-me peso simbólico no que diz respeito à questão dos direitos humanos na Europa. A questão do anti-semitismo e a memória do holocausto, e a questão dos movimentos migratórios das partes mais pobres do pla-neta para as zonas mais abastadas como a Europa. A inequívoca persistência do anti-semitismo, mesmo que sob novas formas, e o aparecimento de novas formas de racismo e de xenofobia associados às novas correntes migratórias mostram que estas questões não devem deixar de ser prioridades em qualquer projecto de promoção da igualdade entre indivíduos. A importância que esta última forma de racismo tem assumido pode ser afe-rido pelo crescimento de partidos e movimen-tos que advogam atitudes negativas face aos imigrantes de países menos desenvolvidos. São mais uma vez tendências pouco visíveis em Portugal, embora o crescimento de sites e blogues de extrema-direita nos devam deixar alerta.

O risco que corremos é de achar que os direi-tos humanos são uma espécie de direito natu-ral, uma realidade a-histórica e universal. São seguramente universalizáveis, mas o que não podemos fazer é confundir o desejo e o propósito de extensão destes direitos a todos, com a realidade historicamente situada da sua emergência e da sua institucionalização. E se essa institucionalização está indelevel-mente associada à criação das grandes agên-cias internacionais do século XX, como a ONU, e de organizações não governamentais, como a Amnistia Internacional, as raízes doutrinais da concepção moderna dos direi-tos do homem está no iluminismo europeu. E foi em França que surgiu a primeira gran-de proclamação histórica desses direitos, a “Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão”, testemunho do igualitarismo cívico que animou a revolução francesa. Foi também na Europa que ocorreram as duas guerras mundiais, que levaram à emergência da Sociedade das Nações, primeiro, e das Nações Unidas depois, para que as hecatombes humanas que daí resultaram não se repetissem. Repetiram-se, mas não na Europa. Não é por acaso que a questão da observância dos direitos humanos surge associada a contextos político-sociais fora do mundo ocidental.

Mas a questão dos direitos humanos volta agora à Europa, por via da Carta dos Direitos Fundamentais e mais recentemente da criação de uma agência que se pretende mais um passo na institucionalização desses direitos: a Agência de Direitos Fundamentais da União Europeia . Esta agência não é criada de raiz, antes resulta da extensão do mandato de uma instituição que já existe, o Observatório Europeu do Racismo e da Xenofobia (EUMC).

A acção do EUMC tem-se desenvolvido principalmente na monitorização de duas realidades paralelas: as manifestações de racismo e xenofobia nos países que compõem a União Europeia e as acções desenvolvidas pelos Estados-membros e sociedades-civis para combater e prevenir a discriminação racial, étnica e xenófoba. A premissa de que parte a acção do Observatório é também ela profundamente iluminista. Combater o racis-mo passa pelo conhecimento do fenómeno

POR UMA EUROPA DA TOLERÂNCIA

“Combater o racismo passa pelo conhecimento do

fenómeno nas suas variadas formas e dos meios usados

para o seu combate.”

Bruno Peixe Dias

Investigador associado da Númena – Centro de

Investigação em Ciências e Humanas

OPINIÃO

Nas últimas décadas a

questão dos direitos humanos

tem estado no centro de

todas as questões de política

internacional, quer se

trate de conflitos armados,

movimentos migratórios,

desenvolvimento económico,

dos direitos das minorias

nacionais ou mais geralmente

das relações entre os povos.

ACIME | Alto-Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas

Assim sendo, o debate sobre a nova agên-cia só pode começar pela discussão sobre a extensão e profundidade da transformação. Que atenção é que vai merecer a questão do racismo à nova agência? Que métodos de recolha de informação vão ser utilizados? Numa altura em que crescem movimentos racistas e xenófobos, potenciados pelos novos meios de comunicação de massa, a monitori-zação constante, a nível europeu, das suas mani-festações, tanto ao nível dos movimentos orga-nizados como das suas demonstrações quotidia-nas, não deve diminuir de intensidade. Naquilo que podemos adivinhar a partir dos fenómenos mais recentes, a tendên-cia será para aumentar e não para diminuir, tendo em conta o cenário da entrada da Turquia na União Europeia. O medo da chegada de um grande número de turcos aos países da actual UE não é diferente do que actualmente anima os que se opõem à recepção de mais imigrantes e refugiados no espaço europeu. Teme-se que o outro (neste caso o imigrante ou o refugiado) ameace o nosso estatuto adquirido, venha a usufruir, em nosso detrimento, dos benefícios que actualmente detemos. Ao medo da diferença junta-se o medo da semelhança. Uma rápida visita aos sites da extrema-direita permiti-rá verificá-lo. Encontraremos a afirmação

recorrente de que corremos o risco de que “eles venham a constituir a maior parte da população europeia”.

Trata-se de uma concepção da Europa como essência e dos europeus como entidade racial. Ora a Europa não é, na sua actual configu-ração, uma unidade cultural ou étnica. Uma concepção dos direitos humanos à altura dos desafios que enfrentamos deve pois encarar

a Europa como projec-to, em aberto, no qual a inclusão não deve depen-der de predicados raciais, étnicos ou geográficos. Só assim é fiel à tradição universalista das grandes declarações dos direitos do homem, que é a da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão e da Declaração da Independência ameri-cana. E à proclamação de São Paulo, na origem

de outra grande comunidade: “Não existe Judeu nem Grego, não existe escravo nem homem livre, não existe homem nem mulher, pois somos todos um em Jesus Cristo”.

Foi a questão dos grandes movimentos migra-tórios de refugiados logo após a primeira guer-ra mundial, que suscitou a Hannah Arendt uma reflexão sobre o discurso e a política dos direitos humanos no mundo contemporâneo. Queria lembrar essa reflexão pois parece-me extremamente pertinente para a conjuntura

europeia em que actualmente vivemos. Ora Hannah Arendt identifica uma contradição na raiz da concepção moderna dos direitos humanos. Estes aplicam-se, em princípio, a todos por igual, independentemente da nacionalidade do indivíduo e do regime sob o qual ele vive. No entanto, a garantia de que os direitos humanos são respeitados depende de um Estado que garanta esse cumprimento. De um contrato de cidadania, portanto. Daí que para Hannah Arendt, apátridas e refu-giados, mas também as minorias nacionais, ponham a nu os problemas que se levantam à concepção moderna dos direitos do homem. Não é por acaso que os documentos funda-dores da moderna concepção dos direitos do homem estejam ligados a situações históricas de afirmação de soberania de determinadas nações. Também esta Carta dos Direitos Fundamentais surge num momento essen-cial de afirmação de soberania da União Europeia, de desejo de construção de um projecto que não se quer apenas de mercado livre e moeda única.

A questão continua a colocar-se hoje com os refugiados políticos, mas também com os chamados imigrantes económicos, que continuam a chegar à Europa. É por isso que a protecção de imigrantes, refugiados e minorias étnicas deve ser uma prioridade da nova agência e da União Europeia. Só nessa condição é que a criação desta nova agência pode contribuir para uma institucionalização dos direitos humanos a um nível sem prece-dentes.

“Uma concepção dos direitos humanos à altura dos desafios

que enfrentamos deve pois encarar a Europa como projecto, em aberto”

Boletim Informativo Março 2005Boletim Informativo Março 2005

modernas. A certeza de que se está perante um caso raro de civilidade surge assim que se entra no cenário futurista e colorido do Gabinete de Acolhimento e Triagem (GAT). Cada um dos 11 funcionários que ali trabalham, todos de origem estrangeira - moçambicanos, cabo-ver-dianos, moldavos, romenos, brasileiros - tem à sua frente um monitor de ecrã plano, um “scanner” e uma minúscula máquina fotográfica digital. A divisão é arejada e luminosa, com janelas amplas para a rua e vidros substituindo as paredes interiores. O mobiliário também é con-fortável, as cadeiras almofadadas, iguais para utentes e funcionários. Outro sinal de que os vícios estruturais da administração pública foram esquecidos é o facto de o gabinete da directora da instituição, Francisca Assis Teixeira, ser dentro deste departamento - e não, como sucede com a maio-ria das chefias do Estado, num salão do último andar, longe das operações, com uma secretária voluntarista a filtrar a comunicação com o exterior. Os funcio-nários podem entrar aqui a qualquer momento, seja para um esclarecimento processual, seja para dizer “bom dia”. Ou até para deixar uma prenda para algum utente em situação pre-cária. “Esses sacos que estão aí no chão são brinquedos e roupas para uma bebé que nas-ceu há pouco tempo”, explica Francisca Assis Teixeira. “A mãe é romena e apareceu cá sem nada, desesperada, a dizer que queria doar a filha. Alguns funcionários foram trazendo coisas para a ajudar.”

”Pomo-nos no lugar deles” Maria Beatriz, cidadã brasileira, 39 anos, vai na quarta renovação da sua autorização de permanência. Apesar de já ter uma longa experi-ência com os procedimentos de legalização, falta-lhe um documento para concluir o processo. “Falta sempre um documento”, desabafa a mulher. Do outro lado da mesa está Graciano Barros, aprumado no traje ofi-cial do CNAI: calças azul “navy”, camisola de bico da mesma cor com

o símbolo do ACIME estampado, camisa branca e gravata. “Precisamos de uma declaração do IRS”, concretiza, de forma educada, este cabo-verdiano, um dos 50 mediadores culturais recrutados em diversas associações de imigrantes. “Tem que se dirigir a uma repartição das Finanças. Mas hoje já não vai conseguir, fecham às 16h30. Se puder, vá lá amanhã e depois venha ter comigo. Se for aqui à repartição da Praça do Chile, apanhando a linha verde do Metro, eles fazem-no; pelo menos é o que nos disseram outros imigrantes”, prossegue, o olhar triste perante o desalento da mulher. Maria Beatriz agradece a simpatia. Pelo menos não remataram a conversa com “é o que diz a lei”. “Melhorou bastante”, garante, mal se levanta da

cadeira. “Está mais personalizado. Dantes, quando era no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras da Penha de França, tratavam-nos aos gritos. E tínhamos que estar muito tempo nas filas. Perdia-se um dia inteiro.”

No dia 6 de Fevereiro, surgiu com destaque nas páginas do jornal “Público” o artigo de Ricardo Dias Felner aqui transcrito. O texto é publicado sem alterações, apenas se tendo destacado algumas frases.

Não existe nada parecido na Europa. O

Centro Nacional de Apoio ao Imigrante, em

Lisboa, é um exemplo de como o Estado

pode servir com humanismo e eficiência. A

gestão da instituição, que recebe mil utentes

por dia, pertence ao Alto Comissariado

para a Imigração e Minorias Étnicas. Mas

o atendimento ao público - o coração do

centro - é realizado por mediadores culturais,

pessoas que “já estiveram do lado de lá

da secretária”, gente que conhece como

ninguém o trauma da burocracia e da

imigração.

Ao passar-se a porta do Centro Nacional de Apoio ao Imigrante esque-ce-se rapidamente o ambiente decadente da Avenida Almirante Reis, mostruário impressivo da miséria cosmopolita de Lisboa, mesmo ali ao lado. O interior do edifício, onde funcionava a antiga escola secundária dos Anjos, é sofisticado, limpo, brilhante. E as pessoas cruzam-se num frenesim alegre e descontraído, contrastando com o deambular soturno dos sem-abrigo, das prostitutas e dos traficantes de droga que afluem do Intendente. A directora do centro diz que esta proximidade foi uma “feliz coin-cidência”, ditada apenas pela possibilidade de ocupar um imóvel do Estado que iria ficar vazio. Mas não deixa de ser significativo que, em poucos metros, encontremos a imagem mais obscura da imigração em Portugal - o submundo dos negócios ilícitos, da falsificação de documentos, das pensões baratas - e um caso singular de sucesso - a primeira grande instituição destinada a legalizar, acolher e integrar com dig-nidade os cidadãos estrangeiros. A funcionar desde Março de 2004, o Centro Nacional de Apoio ao Imigrante (CNAI), depen-dente do Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas (ACIME), atende perto de 1000 pessoas por dia. Para além de promover a legali-zação de imigrantes, os seus serviços - onde estão representados quatro ministérios - promovem ainda o apoio social nas áreas da Saúde, da Educação, do Emprego e da Justiça. Tudo isto com respeito pelo utente, numa relação invulgar de cordia-lidade entre o Estado e o imigrante, em instalações bem equipadas e

RICARDO DIAS FELNER

“QUANDO O ESTADO ESTÁ NAS MÃOS DOS IMIGRANTES”

“Foi esta atitude que revolucionou o atendimento de imigrantes no CNAI. Aqui,

a primeira preocupação é ajudar, “pôr o imigrante no

centro das atenções””

ACIME | Alto-Comissariado para a Imigração e Minorias ÉtnicasACIME | Alto-Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas

O comentário deixa Graciano Barros numa felicidade contida: “Nós sabemos o que passa um imigrante. Pomo-nos com muita facilidade no lugar deles. Eu vim para Portugal com nove anos. Aos 15 estava a trabalhar nas obras”, contrapõe, depois de a mulher deixar a sala.

A sua colega do lado, Georgina Funny, guineense, aduz: “Acho que temos uma sen-sibilidade maior e, simulta-neamente, conhecemos a lei. Antes de entrarmos para o CNAI tivemos formação em atendimento e estudámos as leis da imigração.”

Saris e champanhe ucraniano No Gabinete de Apoio ao Reagrupamento Familiar, no segundo piso, o dia começou

com um caso surpreendente, escandaloso. Uma das mediadoras culturais, uma jovem moçambicana - que é também vice-presidente da Associação de Melhoramento Recreativo do Talude, em Loures -, detectou que a junta de freguesia da Buraca obrigara uma utente do centro a pagar 31 euros por um simples atestado de residên-cia. “Julgo que o valor destes documentos está tabelado nos 3, 4 euros. Vou só con-firmar e depois telefono para a junta de freguesia”, diz a jovem. Os imigrantes costumam agradecer estes gestos. Camila, a responsável pelo gabi-nete, conta que muitos utentes regres-sam depois da primeira entrevista para apresentar os familiares que acabaram por conseguir trazer para Portugal, ou simplesmente para os visitar e trazer um presente: “Já nos deram de tudo, desde saris lindíssimos até pasta de dentes, ovos e champanhe ucraniano”, concretiza. Parte deste reconhecimento, desta empatia, resulta do facto de os utentes que ali acorrem não verem o CNAI como um serviço do Estado. No gabinete de Saúde e Acção Social há uma medida elucidativa dessa relação. “Noventa por cento dos utentes que temos aqui são imigrantes ilegais. Acho que eles não têm a noção de que o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras [responsável pela fiscalização dos imigrantes clandestinos] está aqui ao lado”, diz Alexandra, uma assistente social requisitada ao Clube Desportivo do Alto da Cova da Moura, na Amadora. “Se têm um problema, qualquer que ele seja, vêm cá. Temos pessoas a pedirem-nos casa ou a pedirem dinheiro para a renda, pessoas em situações muito precárias que não sabem onde se dirigir”, exemplifica. Amélia, na secretária ao lado, uma angolana gran-de e risonha destacada para aquele serviço pelo Ministério da Saúde, acrescenta que isso se deve ao facto de, ali, se tentar “desbloquear as situações”. É verdade que há a lei - “e a lei é para cumprir”. Mas, por vezes, “com imaginação e força de vontade” conseguem-se resultados surpreendentes. “Temos aqui o caso de um jovem de S. Tomé com um tumor ósseo e que veio para cá, após uma junta médica, para ser tratado. Está cá quase há um mês e ainda não conseguiu fazer uma ressonância magnética porque não tem dinheiro. A embaixada não paga. Estamos agora a tentar que uma associação cabo-verdiana dê uma ajudinha, e acho que vamos conseguir.”

Como uma grande associação Apesar dos esforços, no entanto, todos têm consciência de que uma parte importante dos utentes não consegue os seus intentos. Os entra-ves são vários: desde o patrão que não assina o contrato de trabalho, única forma de os imigrantes conseguirem prorrogar a sua permanên-

cia legal no país, até à teimosia - ilegal - de algumas juntas de freguesia em não passarem atestados de residência; passando por questões de mero atavismo político, como as relacionadas com a concessão de equivalência profissional e académica. Galina, de nacionalidade russa, a mulher que coor-dena o Gabinete de Apoio ao Reconhecimento de Habilitações e Competências, dá vários exemplos dessas “injustiças”: o neurocirurgião russo a trabalhar nas obras; o antigo director do centro de prevenção da sida, na Ucrânia, também remetido para a construção civil; três especialistas moldavos em tecnologia ligada à produção de vinho a trabalhar em actividades desqual i f icadas no sector. À fren-te de Galina, ela própria doutorada em física quântica, está sentada, aliás, uma enfermeira forçada a traba-lhos domésticos, um dos casos mais frequentes, nos últimos tempos. “Tirei um curso de enfermagem de três anos, na Moldávia, e exerci lá durante 10 anos. Há quatro anos que tento obter equivalência, em Portugal”, lamenta Didina Balanuta, num português desenvolto. Este tipo de situações causam um desgaste tremendo em qualquer pes-soa. Mas, tratando-se de um imigrante, alguém que chega a um país estranho, sem nada, as perturbações são amplificadas. A directora do centro diz que já viu “homens feitos a chorar à frente de toda a gente”. “A vida deles é um calvário”, admite, aduzindo: “Nós tentamos que seja menos má.” Foi esta atitude que revolucionou o atendimento de imigrantes no CNAI. Aqui, a primeira preocupação é ajudar, “pôr o imigrante no

centro das atenções” - para usar a expressão do mentor do projecto, Rui Marques, do ACIME. Esteja em causa um problema de saúde, ou a dificuldade em matricular o filho na escola, ou o facto de o patrão não pagar o subsídio de Natal, para tudo há uma resposta no CNAI. Para tudo há alguém que tenta resolver o pro-blema sem estar preso ao decreto regulamentar ou limitado às funções previstas no estatuto profissional do burocrata autómato. Como se o CNAI fosse uma grande associação de imigrantes, eficiente, sem miserabilismos; uma associação onde o primado da lei se concilia com o primado da pessoa—seja ela amarela, preta ou branca, seja ela legal ou ilegal; uma associação onde o

Estado é uma força de desbloqueio; onde a tecnocracia não impede o humanismo.

Como funciona a loja do cidadão imigrante Quase todos os serviços do CNAI trabalham na prorrogação das auto-rizações de permanência, que actualmente rondam as 200 mil, perto de metade dos imigrantes legalizados no país. Mas a instituição é mais do que isso. Para além de um bar, de uma agência da Caixa Geral de Depósitos e de uma loja de telecomunicações, existe um Centro de Documentação destinado a estudantes na área do multiculturalismo e da imigração, com computadores ligados à Internet. É também aqui que está sediado o gabinete da linha telefónica SOS Imigrante (média de 300 chamadas por dia), contando com funcionários que dominam o crioulo, o russo, o francês e, claro, o português. O atendimento geral no centro é feito com base num sistema de senhas, balizado por uma equipa de pré-triagem.

“Nós sabemos o que passa um imigrante. Pomo-nos com

muita facilidade no lugar deles. Eu vim para Portugal

com nove anos. Aos 15 estava a trabalhar nas obras”

Boletim Informativo Março 2005Boletim Informativo Março 2005

Roma in an Expanding Europe

Autores: Dena Ringold, Mitchell A.

Orenstein, Erika Wilkens

Edição: Banco Mundial

Com o alargamento da União Europeia, em Maio de 2004, os Rom tornaram-se o maior grupo minoritá-rio da Europa. São também o mais pobre e vulnerável, com taxas de pobreza por vezes dez vezes superio-res às da generalidade da população. Esta obra, editada em 2005, analisa a pobreza e os desafios de desen-volvimento que este grupo enfrenta, realizando o primeiro estudo com-parativo e plurinacional, a nível de lares e famílias, sobre esta questão. Uma das grandes conclusões é que a pobreza dos Rom, longe de ter uma única causa, é multifacetada e ape-nas pode ser combatida com políticas que tenham em conta todas as suas dimensões.

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Immigration in Portugal

Edição: ACIME

Depois das versões em português e em língua russa, “Immigration in Portugal – Useful Information” é a versão inglesa, editada pelo ACIME, de uma compilação actualizada de informações sobre os direitos e os deveres dos imigrantes. Tal como a versão original, está organizada em capítulos, cada um referente a uma área específica: lei da imigração, reagrupamento familiar, acesso à saúde, acesso à educação, reconhe-cimento de habilitações e compe-tências, lei da nacionalidade portu-guesa e retorno voluntário. O último capítulo contém toda a informação sobre o ACIME e os serviços à dis-posição dos utentes, a rede nacional de informação e contactos úteis.

Ciganos na Cidade

Autor: Valter Ventura

Edição: Secretariado Diocesano de

Lisboa da Obra Nacional Pastoral dos

Ciganos

Vulgarmente designado por “cigano”, o grupo que assim identificamos pos-sui uma carga histórica de tradição milenar. É uma parcela de um povo que tem uma origem específica e uma história própria, ainda que espalhada, há muitos séculos, pelos vários can-tos do mundo. Este livro, editado em Novembro de 2004, resulta de uma exposição fotográfica, tem como objec-tivo abrir uma porta por onde, com o respeito que todas as etnias nos mere-cem, possamos entrar e olhar a vida do grupo. Estruturado por sectores, que aparecem enquadrados por alguns provérbios ciganos, fica como convite ao conhecimento de uma comunidade que se organiza no interior da socieda-de maioritária.

World Economic and Social Survey

2004: International Migration

Edição: ONU – Departamento dos

Assuntos Económicos e Sociais

As migrações internacionais são uma das dimensões centrais da globaliza-ção. Com a melhoria dos transportes e comunicações e estimuladas pelas grandes desigualdades económicas existentes no mundo, as pessoas cada vez mais atravessam fronteiras num esforço para melhorar o seu bem-estar e da sua família. Este relatório anual, publicado em Janeiro de 2005, analisa as realidades que estão na origem do aumento das migrações interna-cionais, assim como o seu impacto em todo o mundo, e identifica os desafios políticos colocados por estes desenvol-vimentos. Esta publicação pode ser adquirida no site de Internet da ONU, em https://unp.un.org/.

Equal Rights in Practice – Key

Voices 2004

Edição: Comissão Europeia

Esta brochura temática é produzida ao abrigo do Programa de Acção da União Europeia para o com-bate à discriminação, estabelecido para assegurar a implementação das Directivas “Raça” e “Tratamento Igual no Local de Trabalho”. As iniciativas financiadas por este programa têm realizado esforços continuados para a criação de uma Europa sem discriminação, tendo os participantes aprendido substancial-mente com as experiências alheias. Assim, a brochura pretende divulgar as opiniões de diversos participan-tes, sejam estes parte dos governos nacionais, peritos ou representantes de organizações não governamen-tais, de modo a fornecer um teste-munho vivo dos processos que levam os decisores europeus “do papel à prática”.

Programa NÓS

RTP 2: Domingo 10h00 – 2ª a 6ª feira, 8h00 RTP1: 2ª a 6ª feira, 6h00 RTP África: 2ª a 6ª feira às 17h20 e compacto 6ª às 23h00, com repetição às 4h30

Acompanhe connosco uma série de reportagens sobre o trabalho realiza-do nos Centros Nacionais de Apoio ao Imigrante (CNAI) de Lisboa e do Porto, que têm como principal objec-tivo acolher e integrar com respeito e dignidade os imigrantes que vivem em Portugal. Para além de reunir dentro da mesma porta os serviços do SEF, IGT, Segurança Social, Ministério da Educação, etc., os CNAI oferecem um conjunto de serviços de apoio em áreas tão especificas como: apoio jurídico, apoio ao reagrupamento familiar, apoio ao reconhecimento de habilitações e emprego. Conheça alguns dos funcio-nários do Gabinete de Acolhimento e Triagem (GAT) de origem estrangeira — brasileiros, moçambicanos, cabo-verdianos, romenos e moldavos - que trabalham para atender, com compe-tência e simpatia, perto de 1000 uten-tes por dia. Veja também como funcio-na a linha telefónica SOS Imigrante. A não perder.

ACIMEAlto Comissariado para

a Imigração e Minorias Étnicas

O ACIME encontra-se na dependência

da Presidência do Conselho de Ministros, regulado pelo

D.L. nº251/2002, 22 de Novembro.

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PortoPraça Carlos Alberto, 714050-157 PortoTel.: (00 351) 22 2046110Fax: (00 351) 22 2046119

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e-mail: [email protected]

website:

www.acime.gov.ptwww.oi.acime.gov.pt

BOLETIM INFORMATIVODirecçãoP. António Vaz Pinto,S.J.Alto Comissário para a Imigração e Minorias ÉtnicasCoordenação da ediçãoMiguel Justino AlvesRedacçãoJoão Van Zeller([email protected])DesignJorge Vicente([email protected])Colaboraram nesta edição André Costa Jorge Bernardo Sousa Flávio BignonGonçalo Gil Maria Helena Torres Marta Mendes Bruno Peixe DiasRicardo Dias ...................Fotografia da capaFilipe CondadoPré-impressão e ImpressãoEuro-ScannerTiragem5.000 exemplaresDepósito legal23.456/99