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Alternativo e Humano PORTO DE SANTOS E A JUSTIÇA FEDERAL Penas revertidas atuam em benefício da sociedade e na preservação e reeducação dos réus NESTA EDIÇÃO LEILÕES E AS HASTAS PÚBLICAS CENTRAIS DE MANDADOS ALTERAÇÃO DE LOTAÇÃO

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Alternativoe Humano

PORTO DE SANTOS E A JUSTIÇA FEDERAL

Penas revertidas atuamem benefício da sociedade

e na preservação ereeducação dos réus

N E S T A E D I Ç Ã OLEILÕES E AS HASTAS PÚBLICAS

CENTRAIS DE MANDADOS

ALTERAÇÃO DE LOTAÇÃO

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EDITORIAL

cidade-sede. Investiremos em convênios paracursos e treinamentos, além de cursos àdistância e nas próprias Subseções.

A palavra de ordem é economia, mas comracionalidade, sem perdermos a qualidade. Acomissão de Gestão Ambiental nos ajudará nasnovas medidas.

A criatividade e a iniciativa acontecemtodos os dias na Justiça Federal dentro e fora

dos processos, seja criando novas formas de penasalternativas como permite a lei, seja tornando vendáveis osbens penhorados ou ainda usando a frente e o verso dospapéis na impressão de sentenças e outros documentos.

E a troca de idéias e experiências pode ocorrertambém durante os programas de desenvolvimentogerencial para juízes, diretores e demais servidores, ótimaocasião para uma reflexão do nosso papel administrativo.Em busca destas soluções criativas, os juízes têmparticipado cada vez mais. Não basta administrarmosapenas a nossa pequena área fim, com nosso grupo deservidores, sem sabermos sequer se o papel que nãousamos foi reciclado ou para o aterro de lixo comum.

Não há dúvidas de que os juízes e servidores estãocada vez mais conscientes de seu papel como cidadãos,prestadores de serviços públicos, administradores e co-responsáveis pelo bom andamento de toda a Justiça.Cresce cada vez mais o amadurecimento de assuntos dointeresse de todos via email, ou pessoal, com o apoioirrestrito da Seção Judiciária de São Paulo, RH e EMAG doTRF. Para completar, temos que comemorar com oConselho da Justiça Federal a criação do PNA (PlanoNacional de Aperfeiçoamento e Pesquisa para JuízesFederais) e o PNC (Programa Nacional de Capacitaçãodos Servidores da Justiça Federal).

A participação de todos, seja virtual ou física éessencial nestes tempos de cobertor curto para a criaçãode soluções criativas, econômicas e pragmáticas.Obrigada.

Renata Andrade LotufoJuíza Federal Diretora do Foro

da Seção Judiciária de São Paulo

Finalizamos o ano de 2007 com asensação de dever cumprido. Executamos99,83% da dotação orçamentária anual, mesmocom o descontingenciamento orçamentário nosegundo semestre, licitações infrutíferas entreoutros percalços.

E começamos 2008 a todo vapor. Já emdezembro de 2007 esboçamos e apresentamosnossas metas para a Presidência do TRF, emconjunto com a Seção Judiciária do Mato Grosso do Sul.Em março finalizamos as metas, com a maior integraçãoentre nossos núcleos, o estabelecimento de novos prazose conversas francas.

O orçamento de 2008 apenas foi liberado em abrilcom cortes drásticos, além dos contingenciamentos que jáesperávamos no ano passado.

Diante de tal realidade, como fazer paraapresentarmos resultados de qualidade? Além desocorrermos as catástrofes naturais a que estão sujeitosnossos prédios, como podemos pensar em algo melhorcom um corte de mais de 90% na parte de obras? E comoatender nossos juízes e servidores com um corte de 50%na área de treinamento?

Sentar e chorar não adianta. Lembrei-me da minhaavó contando da realidade da revolução de 1932, épocaem que doou suas jóias pela causa e transformou a massade macarrão em pão.

Criatividade, organização, união e economia.Para lidar com a realidade da nossa enorme Seção

Judiciária de São Paulo, as regras são claras. A relotaçãode servidores segue as regras da OS nº 02, para que cadaum possa melhor planejar sua vida. Os pedidos de reformae alteração de layouts, seguem conforme a OS nº 07, emordem cronológica, para melhor organização e atendimentocom maior planejamento e qualidade, evitando-se váriospedidos similares do mesmo local. As entregas decomputadores, bem como das estações de trabalho paradarmos continuidade na modernização dos fórunspassarão a ser feitas diretamente pelas empresascontratadas, com a apresentação de cronograma prévio.Os cursos serão oferecidos mediante o pagamento dediárias pré-fixadas para aqueles que não residirem na

Aconteceu....................................................................................................................................................................03Casos Federais: O maior porto do Brasil e a Justiça Federal.................................................................................... 04Inovações: Novo Impulso para os leilões da JFSP..................................................................................................... 05Entrevista: Penas Substitutivas................................................................................................................................... 06Boas Práticas: Desafios e prioridades na administração das centrais de mandados................................................ 08Recursos Humanos: Alteração de lotação de servidores tem novas regras.............................................................. 10Entretenimento e Cultura.............................................................................................................................................11Canal Aberto: “Você já ficou à deriva no oceano?” ....................................................................................................11

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Diretora do Foro: juíza federal Renata Andrade Lotufo. Vices-diretores do foro: juíza federal Raecler Baldresca e juizfederal Rodrigo Zacharias. Diretora da secretaria administrativa: Rosinei Silva. Projeto Gráfico: Helio C. Martins Jr.Seção de Divulgação Social: Christiane Amélia Martins Fonseca, Dorealice de Alcântara e Silva, Elizabeth BrancoPedro, Gerrinson Rodrigues de Andrade, Hélio C. Martins Jr, Ricardo Acedo Nabarro, Viviane Ponstinnicoff, estagiária:Érica Costa. Visite também a versão virtual da revista em http://imprensa.jfsp.gov.br.

Justiça em Revista

Criatividade, organização, união e economia.

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ACONTECEU

3Justiça em Revista

Eliminação de autos – Os juízes que participam das Comissões Setoriais deAvaliação e Desfazimento de Documentos reuniram-se para tratar do processode eliminação de autos findos. O encontro ocorreu no dia 18 de fevereiro, naDiretoria Geral do Tribunal Regional Federal da 3ª Região

Café da Manhã – Os servidores doprédio administrativo de São Paulotiveram um café da manhã especial nodia 13 de fevereiro. O evento,promovido pela Diretoria do Foro, tevecomo finalidade integrar os servidoresda administração. A Seção deBenefício e Assistência Social (Pró-Social) e o Núcleo deAcompanhamento e Desenvolvimentode Recursos Humanos foram osorganizadores do evento.

*assista ao video noespaço multimídia

da Revista virtual em:http://imprensa.jfsp.gov.br

Dia da Mulher* – Duas palestras marcaram o Dia Internacional da Mulher noprédio administrativo da Justiça Federal de São Paulo. No dia 5/3, foi a vez daassessora pessoal de estilo Michèle Neyret abordar o tema “A relação entre aimagem pessoal e a auto-estima”. No dia seguinte (6/3), as servidoras JoceliGuerra Castelfranchi e Cibele Martinez Quilici apresentaram “Como cuidar dasua auto-estima e administrar seu tempo”.

Encontro de juízes* – Juízes federais e diretores de secretaria reuniram-se no auditório do TRF3, no dia 18 de fevereiro,para participar de reuniões e palestra. No evento, estiveram presentes os diretores do foro das Seções Judiciárias de SãoPaulo e Mato Grosso do Sul, juízes federais Renata Andrade Lotufo e Renato Toniasso. Os participantes assistiram àpalestra “Planejamento Estratégico”, com o mestre e doutor em sociologia Antonio Flávio Testa. Durante todo o encontro,servidores da área de Recursos Humanos fizeram um plantão para esclarecimento de dúvidas e sugestões.

Novos servidores – Os primeiros sete servidores aprovados no concurso de 2007 tomaram posse no último dia 29 defevereiro, em São Paulo/capital. Foram cinco técnicos em informática, um técnico contábil e um analista contador, paralotação em subseções judiciárias do interior. A diretora do foro, juíza federal Renata Andrade Lotufo, assinou o termo deposse e deu as boas vindas aos novos servidores.

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4 Justiça em Revista

Inaugurado oficialmente em 1892, o Porto deSantos/SP movimenta atualmente 55% do PIB brasileiro,com mais de 70 milhões de toneladas de cargas diversaspor ano (*). Sua relação com a Justiça Federal é estreita eseus processos são complexos, exigindo enorme demandade trabalho e dedicação de juízes, técnicos, analistas eperitos.

A maior parte dos casos em andamento no Fórumenvolve a Alfândega, Receita Federal, Polícia Federal eCompanhia Docas do Estado de São Paulo (CODESP),responsável pela administração do Porto. São casos que,na maioria das vezes, dificilmente chegam a acordos naesfera administrativa, razão pela qual se faz necessária aintervenção do Poder Judiciário.

Desde irregularidades na documentaçãoaduaneira, liberação de mercadorias, até contendasadministrativas vinculadas à exploração do Porto, comoconcessões de áreas no cais, preferência de atracação denavios e arrendamento de novos galpões, chegam àJustiça Federal para decisão.

A história do Porto de Santos se confunde com ahistória do desenvolvimento brasileiro. Embora inauguradooficialmente em 1892, quando a então Companhia Docasde Santos (CDS) entregou à navegação mundial osprimeiros 260m de cais, tudo começou num passadolongínquo, com a chegada de Braz Cubas (fundador deSantos) ao Brasil em janeiro de 1531.

Foi dele a idéia de transferir o porto da baía deSantos para o canal que dá acesso à Bertioga, em águasprotegidas contra os ataques dos piratas. Em 1546, a Vilado Porto de Santos foi fundada e a Alfândega instalada em1550. Por mais de três séculos e meio, o Porto manteve-seem padrões estáveis, com o mínimo de mecanização emuito trabalho físico.

A grande largada para o desenvolvimento deu-secom o início da operação, em 1867, da São Paulo Railway,ligando a região da baixada santista ao planalto por viaferroviária. Com o aumento do comércio, sobretudo acultura do café, as instalações portuárias foram ampliadas

e modernizadas. Desde então, o Porto não parou de seexpandir, atravessando todos os ciclos de crescimentoeconômico do país.

Atualmente com mais de 13 quilômetros de cais esete milhões de m2 de área, o Porto de Santos continuaampliando suas instalações e arrendando novas áreas paraa iniciativa privada. Dentre os principais projetos para ofuturo destacam-se a expansão dos terminaisespecializados em movimentação de contêineres e aconstrução de um novo complexo portuário no canal doestuário. (*) fonte: CODESP

Ricardo Acedo Nabarro

CASOS FEDERAIS

O maior porto do Brasil e a Justiça Federal

Alguns casos em andamento

• Operadora portuária de embarque e desembarque deveículos pede a preferência de atracação no ponto 1 docais do Saboó. Em sentença, o pedido foi julgadoimprocedente. “Ficou comprovado nos autos que deve serdestinada a 1ª preferência de atracação no ponto 1 aosnavios que transportam líquidos a granel”. Na decisão foiressalvado o direito da CODESP em definir, no caispúblico do Saboó, a prioridade e a ordem de preferênciade atracação em função da natureza da operaçãoportuária relacionada aos navios e características damercadoria movimentada.

• Autor requereu, em ação popular, a suspensão deaditivos em contrato que permitiram a adequação damalha ferroviária e infra-estrutura do Porto, sem prévialicitação. Após manifestação das partes, o pedido deliminar foi negado sob o argumento de que a paralisaçãodas obras causaria grave lesão à ordem e a economiapública. “Deferir a liminar ensejaria perigo reverso,porquanto a paralisação das obras e da exploração dosterminais em pleno período de escoamento da safraagrícola traria danos ao comércio exterior”.

• Proprietária de dois armazéns requer a preferência deatracação no cais do armazém 23. O processo foi iniciadona Justiça Estadual e transferido para a Justiça Federalapós ser reconhecida a competência em agravo deinstrumento. A liminar foi negada em 1ª Instância porentender que a área fronteiriça ao cais é utilizável portodos os operadores portuários, devendo ser seguida aprioridade de atracação dos navios. São de uso exclusivodo proprietário apenas o terreno e as instalaçõesportuárias arrendadas.

• Operadoras portuárias pediram à Justiça que aCODESP seja impedida de entregar uma área de 100 milm2 à empresa concorrente, sem a prévia licitação.Decisão em sentença julgou o pedido improcedente.“Cabe à CODESP, como administradora do Porto, optarpela solução mais vantajosa dentre as várias possíveis(...) Não cabe ao Judiciário invadir esfera de competênciaatribuída a órgãos específicos da Administração, dotadosde atribuições próprias para a prática do ato”.

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5Justiça em Revista

Dia 1º de abril, pela primeira vez, o auditório doFórum de Execuções Fiscais, na capital, recebeu umaplatéia que disputou os bens de 140 lotes apregoados. Oprimeiro leilão promovido pela Central de Hastas PúblicasUnificadas de São Paulo reuniu 14 varas daGrande São Paulo e Santos, investindo naexperiência de um leiloeiro profissional e naampla divulgação do evento pela mídia. “Onovo sistema trouxe racionalidade,transparência e rapidez às vendas judiciais ecomo se sabe que a morosidade prestigia odevedor, agilizar o processo é uma forma realde Justiça.”

A afirmação é de Lesley Gasparini,juíza federal da 8ª Vara de ExecuçõesFiscais, presidente da recém-criada Comissão Permanentede Hastas Públicas Unificadas de São Paulo. Ela explicaque até a inauguração do novo sistema, “o executanteassistiu leilões frustrados, com baixa freqüência e semdisputa, com arremates, quando aconteciam, de valoresinferiores ao valor do bem penhorado, o que significava,inferiores ao valor da dívida, e que poderia, inclusive,ensejar um terceiro para arrematar o bem para o executadopor um preço mínimo. De agora em diante, ao tomarconhecimento do leilão, pelo edital e pela divulgação namídia, o executado poderá pagar a dívida, parcelar a dívidaou aguardar o leilão e perder o bem.”

Em uma visita à presidente do Tribunal RegionalFederal da 3ª Região, desembargadora Marli Ferreira, opresidente do Tribunal Regional Federal do Trabalho da 2ªRegião, desembargador Antonio José Teixeira de Carvalho,no princípio de outubro/2007, tratou do processamento deexecuções fiscais e de leilões judiciais, entre outros temas.Ao fim do encontro se percebeu que a JF e a JT poderiamtrocar experiências sobre leilões e processamento deexecuções fiscais.

Conta a Dra. Lesley que a experiência de leilõesbem sucedidos da JT e a sensibilidade da

presidente do TRF3 foram decisivas paraa solução do problema. Em 10 de

outubro de 2007 o TRF3 aprovouo projeto para a criação da Centralde Hastas Públicas Unificadas de

São Paulo; em 18 dedezembro de 2007 o

DOE publicouedital parainscrição deleiloeiros; em 22de fevereiro de

INOVAÇÕES

Novo impulso para os leilões da JFSPDorealice de Alcântara e Silva

2008 foram credenciados 15 leiloeiros oficiais e na mesmadata seis deles assinaram termo de compromisso paracumprir uma agenda de 21 leilões no período deabril/dezembro/2008.

A Central de Hastas Públicas (CEHAS) éconstituída por Unidades Administrativas(UAR), que observam o perfil sócio-econômico de cada região. A primeira UARcriada, por exemplo, reúne as subseções dacapital (fóruns de Execução Fiscal, Cível,Criminal, Previdenciário e Juizado Especial),São Bernardo do Campo, Santo André,Guarulhos e Santos. O sistema funciona poradesão, isto é, fica a critério dos juízesparticiparem ou não.

À semelhança da Central de Mandados, a UARconcentra em um só setor todas as atividades necessáriaspara a realização dos leilões, desde a publicação do editalaté a emissão de autos e guias de depósito. O processonão sai da Vara, ela apenas encaminha cópias dosdocumentos necessários para a execução do leilão.

Além da publicação de edital no Diário Oficial, oleiloeiro edita um caderno indicando os valores e os bensque constituem cada lote e realiza ampla divulgação doevento na mídia, posteriormente noticiado às varas atravésde relatório. Os interessados inscrevem-se por e-mail e osservidores da Central de Leilões fazem consultas sobre aexistência real e mesmo sobre a idoneidade do cidadãoantes de cadastrá-lo. Os cadastrados recebem uma senhapara o evento.

Cada leilão é presidido por um dos juízes queaderiram ao projeto, em sistema de rodízio; eles atuamexclusivamente para solucionar questões de ordem públicarelativas ao transcorrer da audiência, registrando tudo emuma ata - cuja cópia é encaminhada às varas participantes.Todo leilão é filmado, para eventual futura consulta.

A agenda de 2008 prevê 21 leilões, realizados àsterças e quintas-feiras da 1ª e 3ª semana de cada mês, noauditório do Fórum de Execuções Fiscais. O agendamentodos processos levou em conta as exigências legais, porexemplo, publicação de edital 30 dias antes da realizaçãodo leilão, e a escolha do local levou em conta instalaçõesfísicas adequadas, localização central do Fórum e fácilacesso aos interessados.

Segundo prognósticos da dra. Lesley, “tudo leva acrer que, a médio prazo, o número de leilões irá aumentar.Acredita-se mesmo que eles dobrem, realizando-se quatrovezes por semana. O leilão presencial amplamentedivulgado vai agilizar a solução do processo.”

Lesley Gasparini

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6 Justiça em Revista

ENTREVISTA

Penas substitutivasElizabeth Branco Pedro

As penas substitutivas foram introduzidas noCódigo Penal Brasileiro em 1984. É a substituição de penaprivativa de liberdade em restritiva de direitos. Catorzeanos depois, a lei 9714/98 introduz novas mudanças no CP. O alto custo, para os cofres públicos, na manutenção decada detento e as superlotações dos presídios, suscitandorebeliões, faz das “penas substitutivas ou alternativas” umasolução de ressocialização do indivíduo que não apresentaperigo à população, além de proporcionar uma economiaao Estado.

Qualquer ato criminoso possui peculiaridadespróprias, sendo necessário um estudo aprofundado decada caso. Aqui, damos um exemplo da diversidade deprocessos nas várias regiões do Estado: crime de lesãocorporal a bordo de navio, crime em aeroportointernacional, crime ambiental, crimes que esbarram noslimites da lei. Os casos são estudados criteriosamente paraque a sentença final seja justa, de forma a contribuir paraque a sociedade tenha um cidadão consciente pelo atocometido.

Confira como atuam alguns de nossosmagistrados, no âmbito da Seção Judiciária de São Paulo,para aplicação das penas substitutivas. Participaram danossa entrevista, Luiz Renato Pacheco Chaves de Oliveira,juiz federal substituto da 4ª Vara Criminal; Marcelo Duarteda Silva, juiz federal da 3ª Vara Federal de Franca; CláudiaMantovani Arruga, juíza federal da 1ª Vara Federal deGuarulhos e Roberto da Silva Oliveira, juiz federal da 6ªVara Federal de Santos.

SANTOSRoberto da Silva OliveiraJuiz Federal - 6ª Vara de Santos

Com o advento da Lei 9.714/98ampliou-se o rol de penas restritivas dedireito, as quais substituem as penasprivativas de liberdade, desde quepreenchidos os requisitos do artigo 44 do CP.As penas restritivas de direito são as

seguintes: prestação pecuniária, perda de bens e valores,prestação de serviço à comunidade, interdição temporária dedireitos e limitação de fim de semana.

São requisitos para a substituição por pena restritiva dedireitos: a) aplicada pena privativa de liberdade não superior aquatro anos e o crime não for cometido com violência ou graveameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se ocrime for culposo; b) o réu não for reincidente em crime doloso; c)a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e apersonalidade do condenado, bem como os motivos e ascircunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. Nocaso de condenação igual ou inferior a um ano, a substituiçãopode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; sesuperior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser

substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duasrestritivas de direitos.

O benefício para o acusado é que ele, em crimes demenor lesividade, ao invés de ficar sujeito a uma pena de prisão,pode cumprir uma pena alternativa, a qual, no mais das vezes,acaba beneficiando uma entidade assistencial. Isto porque aspenas alternativas mais utilizadas são o pagamento de um valor auma entidade ou então a prestação de serviços também para umaentidade assistencial.

Lembro-me de um caso que tivemos aqui na Sexta VaraFederal de Santos, envolvendo um filipino que cometeu um crimede lesão corporal a bordo de um navio contra o comandante. Eleacabou sendo condenado e cumpriu uma pena de prestação deserviços numa igreja em Santos. Havia um receio, à época, pelofato dele ser estrangeiro, sem raízes no Brasil, de que ele poderiatentar sair do Brasil antes de cumprir a pena alternativa. Todavia,ele permaneceu até o final de sua prestação de serviços, tendo,posteriormente, retornado ao seu país de origem.

Acredito que o principal cuidado que o juiz deve tomar éo de selecionar criteriosamente a entidade que vai receber aprestação pecuniária ou a prestação de serviços, para que hajaefetivo cumprimento da pena alternativa, evitando-se que ocorraalgum desprestígio às decisões emanadas do Poder Judiciário.

FRANCAMarcelo Duarte da SilvaJuiz Federal - 3ª. Vara de Franca

O principal benefício da conversão daspenas privativas de liberdade em restritivas dedireitos é não permitir que um cidadão quecometeu um erro menos grave acabe por sercontagiado pelas mazelas existentes emqualquer presídio, de maneira a evitar que a

pena se transforme em oportunidade para ele se tornar umcriminoso crônico e passar a cometer delitos mais graves. Sempreconsiderei que a maior função da pena é reeducar o cidadão, demodo que a prisão deve ser reservada para aqueles que cometemcrimes mais graves ou que reiteram a prática de crimes menosgraves.

O que costumo fazer é tentar relacionar a pena deprestação de serviços comunitários com o tipo de crime praticado.Em um caso de crime ambiental, converti a pena privativa deliberdade em prestação de serviços gratuitos junto a parques ejardins públicos e unidades de conservação, bem como cuidar dehortas em escolas, creches, orfanatos, ou asilos públicos, demodo que o condenado possa conscientizar-se da importância dapreservação do meio ambiente.

Nos casos de apropriação indébita de contribuiçõesprevidenciárias, costumo converter em prestação de serviços aum asilo ou orfanato, de modo que o condenado possaconscientizar-se da falta que faz o dinheiro sonegado aos filhospobres da sociedade brasileira.

Faço questão de pensar em uma pena de prestação deserviços comunitários, evitando-se ao máximo a imposição deentrega de cestas básicas, como é bastante comum e muito maiscômodo para todos. Assim entendo, porque, na prática, tal penaacaba por ter cunho meramente econômico, sendo necessáriasua execução civil, a qual nem sempre atinge sua finalidade. Aprestação de serviços comunitários, pelo menos enquanto éefetivamente prestada, oportuniza ao cidadão que repense no quefez e se conscientize de que é repugnante enriquecerprejudicando as pessoas carentes que dependem da Previdência

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7Justiça em Revista

Social, verdadeiras vítimasdesse tipo de crime.

Também deixo de converter as penas para aquelescidadãos que cometem crimes constantemente, ainda que leves,pois estão a demonstrar o total desprezo às regras de conduta emsociedade. Esses precisam, ainda que em regime semi-aberto ouaberto, ser alertados com mais firmeza sobre como vêmconduzindo suas vidas. Já tive um caso de rádio clandestina emque o cidadão já havia sido condenado duas vezes pelo mesmocrime. Na segunda condenação houve a conversão da pena (nãotenho a informação de eventual conversão na primeira) emrestritivas de direitos, mas, mesmo assim, o cidadão teimava empraticar o mesmo tipo de delito. Assim, considerei que a penaalternativa não tem eficácia em relação a ele, condenando-o aoregime semi-aberto, embora o crime seja menos grave.

CAPITAL – FÓRUM CRIMINALLuiz Renato Pacheco Chaves deOliveira - Juiz Federal Substituto - 4ªVara Criminal de São Paulo

Penso que o maior benefício daspenas substitutivas é a possibilidade de puniro criminoso de forma que haja efetivobenefício para a sociedade e sem anecessidade de segregação, a qual deve ser

reservada apenas para casos mais graves. A superlotação dosestabelecimentos prisionais e as verdadeiras escolas decriminosos em que se transformaram os presídios, comquadrilhas organizadas em seu interior, também reforçam anecessidade de buscar outras formas de pena retributiva.

Recentemente (03/03/08) fiz uma sentença em queocorreu situação interessante: um dos requisitos que autoriza asubstituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva dedireito, nos termos do art. 44, III do CP é que a culpabilidade, osantecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado,bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essasubstituição seja suficiente. Tal redação é praticamente idêntica ado art. 59 do CP, que trata das circunstâncias judiciais, utilizadasna primeira fase de dosagem da pena. Poder-se-ia concluir,portanto, que sempre que houvesse algum aumento da penabase, tornar-se-ia inviável a substituição. Penso não serassim! Conforme me manifestei em sentença: “A despeito doaumento da pena base (no caso concreto), entendo possível erecomendável a substituição da pena privativa de liberdade porduas penas restritivas de direito. Isso se deve ao fato de oaumento da pena base poder ocorrer em diversos índicesdiferentes, enquanto que a substituição só comporta duasalternativas: ou ocorre ou não. Casos há, portanto, que a penabase deve ser elevada, contudo a substituição deve ser feita, sobpena de engessar o Juiz, de forma que sempre que houvessequalquer aumento na pena base, deve ser inviabilizada asubstituição e fixado regime inicial mais gravoso. Talengessamento não se encontra em consonância com o objetivo

do instituto, que tem por escopo exatamente a verificaçãocasuística da conveniência ou não da substituição (sempre deforma fundamentada), calcada no princípio constitucional daculpabilidade.”

Por fim, não se pode esquecer que as penassubstitutivas são penas, ou seja, trata-se da forma de reprimendamais severa que o direito conhece. Nessa medida, devem serencaradas com seriedade e, caso haja necessidade convertidasem penas privativas de liberdade. Deve-se ter, ainda, cuidado naanálise do caso concreto a fim de avaliar se efetivamente amedida é a mais adequada a atingir os objetivos retributivo epreventivo (geral e especial) ínsitos a pena.

GUARULHOSCláudia Mantovani Arruga juíza federal - 1ª Vara de Guarulhos

O principal desafio em matéria criminalnesta Subseção Judiciária, a meu ver,consiste na correta aplicação da pena aosestrangeiros em trânsito no Brasil, e suaconcreta efetividade. Sabe-se que um dosmaiores benefícios da conversão da pena é a

possibilidade de reintegrar o autor do delito ao convívio social,quando aplicada na forma de prestação de serviços àcomunidade, e é justamente esse o desafio que enfrentamosquando o réu é estrangeiro e não possui residência fixa no país.Quando convertemos a pena privativa de liberdade para restritivade direitos, nos crimes com pena não superior a quatro anos, eem consonância com os requisitos do artigo 44 do CP, buscamoscombater a impunidade, obedecendo, porém, o princípio daproporcionalidade do crime com relação a sua pena.

As questões vivenciadas pelos juízes dessa Subseção,que abriga o Aeroporto Internacional de Guarulhos, porta deentrada da maior região metropolitana do país, ensejam oenfrentamento de alguns entraves, uma vez que a maior parte dosprocessos que aqui tramitam referem-se a estrangeiros. Nesseaspecto geral, imprescindível a previsão contida no artigo 43,inciso I do Código Penal, no que tange à previsão de penapecuniária enquanto restritiva de direitos, pois a prestação deserviços à comunidade corre o risco de não ser efetivada pordiversas razões. Primeiramente, o réu estrangeiro não possuiresidência fixa no país, nem tampouco trabalho e renda quegarantam seu sustento; a dificuldade na comunicação é outrofator limitador na prestação de serviços, uma vez que os réuscondenados são direcionados às instituições de caridade ouhospitais, creches ou orfanatos, que se utilizam dessa mão deobra para serviços do dia-a-dia. Ressalto que já enfrentamosmuita resistência por parte de algumas instituições aquicadastradas, que se recusam a receber estrangeiros condenados,sob a alegação que não há comprometimento destes para arealização da prestação de serviços e que a dificuldade decomunicação é enorme e inibidora.

Em uma amostragem, no período de 2007, sobre as penassubstitutivas aplicadas em algumas varas federais do Estadode São Paulo (Araraquara 1ª, Assis 1ª, Guarulhos 1ª, Jales 1ª,Marília 1ª, Presidente Prudente 1ª, São José do Rio Preto 6ª,Santos 3ª e Sorocaba 1ª), 149 penas foram revertidas para 263ações em benefício da sociedade. A mais eficiente é aprestação de serviços à comunidade, seguida da prestaçãopecuniária. A pena tem caráter educativo, preserva o indivíduoe restabelece a ordem na sociedade.

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Em funcionamento desde 1995 no Fórum de Execuções Fiscais de São Paulo e 1996 em Santos e São José do RioPreto, as Centrais de Mandados exercem função vital no cumprimento das ordens judiciais da 3ª Região. Nestaedição, os juízes-corregedores Alessandra Nuyens Aguiar Aranha (CM/Santos), Dênio Silva Thé Cardoso(CM/S.J.Rio Preto) e Higino Cinacchi Júnior (CM/Execução Fiscal) falam sobre o assunto:

Desafios e Prioridades na administraçãodas Centrais de Mandados

Justiça em Revista

Dênio Silva Thé CardosoJuiz Federal Corregedor daCentral de Mandados deSão José doRio Preto

Por força da Resolução CJF nº 72/95, criou-se a 1ªCentral de Mandados da 3ª Região, no Fórum dasExecuções Fiscais/SP, com vistas à racionalização dostrabalhos desempenhados pelos Oficiais de Justiça. Já emmeados de 1996, em caráter experimental, a inovação foilevada às Subseções do Interior (Santos e São José do RioPreto), tornando-se sinônimo de eficiência e de celeridadena prestação dos serviços judiciários. Porém, para que hajaum bom funcionamento de uma Central de Mandados(CM), é preciso enfrentar constantes desafios,estabelecendo, para tanto, prioridades de administração.

O maior dos desafios consiste em controlarmos agrande quantidade de serviço com transparência, eficiênciae inteligência, especialmente por conta do trabalhoconjunto com as CECAP´s, que vieram somar na busca daagilização do processo, encurtando procedimentos. Nessecaso, é fundamental priorizar-se o uso da informática,facilitando o registro e o controle das movimentações demandados e pondo à disposição do Juiz-Corregedor e dospróprios servidores que lá atuam meios de aferição eefetivo controle do trabalho desempenhado.

Na CM/SJRP, por exemplo, contamos com apreciosa colaboração de servidores (Luís A. Romero, hojeaposentado, e Laelson N. da Silva) na implementação e noaperfeiçoamento de programa de controle de mandados,utilizando-se do banco de dados Microsoft Access. Por ele,controla-se toda a movimentação dos mandados;possibilita-se a emissão de relatórios estatísticos relativosà distribuição, à execução e à devolução de mandados,bem como a aferição do tempo médio de cumprimento e deatraso por Oficial de Justiça e por setor, dentre outros.

Outro desafio consiste em dotar o Oficial de Justiçade meios para desenvolver seu trabalho com segurança eeficiência. Nesse sentido, é prioritário franquear-se oacesso ao Juiz-Corregedor para solução de eventuais

dúvidas/problemas quando do cumprimento do mandado,ressalvada a competência do Juiz do feito. Ainda tomandocomo exemplo a CM/SJRP, foi regulamentado o uso decoletes, de gravadores e de máquinas fotográficas digitais(algumas delas doadas pela DRFB) em diligências demaior vulto, bem como naquelas destinadas à constataçãode bens, onde as fotos, além de documentadas nos autos,ficam disponíveis no sistema informatizado para consultapelo Juiz, ou para apresentação em slide durante osleilões.

Enfim, as CMs se consolidaram como um grandealiado para a célere prestação da jurisdição, merecendo,por isso, todas as atenções necessárias para quecontinuem exercendo esse importante mister.

Alessandra Nuyens Aguiar AranhaJuíza Federal Corregedorada Central de Mandados de Santos

Há dois anos exercendo a função de JuízaCorregedora da Central de Mandados da 4ª SubseçãoJudiciária, que abrange uma extensão territorial deaproximadamente 500km, sendo composta por 22municípios de perfis heterogêneos (Barra do Turvo,Bertioga, Cajati, Cananéia, Cubatão, Eldorado, Guarujá,Ilha Comprida, Iporanga, Itanhaém, Itariri, Jacupiranga,Juquiá, Miracatu, Mongaguá, Pariquera-Açú, Pedro deToledo, Peruíbe, Registro, Santos, São Vicente e SeteBarras), o maior desafio que hoje se apresenta écompatibilizar o volume de mandados a serem cumpridosem nossa área de jurisdição pelos 18 executantes aquilotados, tendo como princípios fundamentais, a dignidade ea efetividade da Justiça.

A segurança, a qualificação e o bem-estar dosservidores são as metas prioritárias em termos pessoais,enquanto a aplicação de recursos tecnológicos e o seuemprego na integração dos órgãos envolvidos constituemmedidas que se impõem para otimizar os trabalhos, os

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BOAS PRÁTICAS

Justiça em Revista

Este espaço é reservado para os magistrados da Justiça Federal de São Paulo divulgarem suas opiniões e debateremacerca de desafios na administração de Varas e Fóruns. Interessados em participar devem encaminhar seu texto ousugestão de pauta para o endereço: [email protected].

quais devem se adequar à nova realidade, abandonando-se o mais rapidamente possível, práticas obsoletas quecontribuem apenas para o retardamento da prestaçãojurisdicional e para o maior dispêndio de recursos. Aescorreita confecção dos mandados mostra-se também umgrande desafio, conquanto tangencia a intromissão daCentral nos serviços cartorários.

No caso da Central de Mandados de Santos, umagestão participativa não pode ser desprezada, pois duranteo ano de 2007 foram distribuídos 20.587 mandados cíveise 2.363 criminais, tendo sido cumpridas 22.656 ordensjudiciais. Estes dados, no ambiente da atuação acimadescrito, exigem que os próprios Executantes, porexcelência os maiores conhecedores das dificuldades docotidiano, associem-se ao Corregedor para juntosencontrarem alternativas e soluções aos problemas quederivam, em especial, da desproporcionalidade entre onúmero de mandados e servidores, muitas vezessubmetidos a longas distâncias.

Embora nessas singelas linhas possam parecerpoucos os desafios e prioridades das Centrais deMandados, a concretização das medidas expostasdepende do planejamento de ações institucionais, quetenham por objetivo a eficiência e a garantia documprimento das decisões judiciais.

Higino Cinacchi JúniorJuiz Federal Corregedorda Central de Mandadosdo Fórum de ExecuçõesFiscais de São Paulo

As Execuções Fiscais federais tramitam na capitalde São Paulo por doze Varas Especializadas. Cada uma,hoje, possui, em média, 22 mil feitos executivos ativos,como se pode verificar das estatísticas mensalmentepublicadas pela Imprensa Oficial, o que dá uma visão domontante de mandados diariamente expedidos,diligenciados e cumpridos. Dado o gigantismo do trabalho,seria impossível manter o antigo sistema de lotação deOficiais de Justiça em cada Vara, o que também semostraria injusto em face das peculiaridades de cada uma,razão pela qual foram criadas as Centrais, equacionando adistribuição do trabalho e tornando-o mais eficaz e célere.Assim, todos os mandados expedidos pelas Varas sãoencaminhados à Central e por ela distribuídos aos nossos

79 (setenta e nove) Oficiais. Nossa prioridade é, ao mesmo tempo, nosso

grande desafio: compatibilizar a necessidade depadronização dos procedimentos, com a diversidade deproblemas oriundos de cada um dos feitos, cuja dinâmica,como se sabe, é diferenciada e enseja, por conseguinte,determinações diferenciadas em cada momento,emanadas de cada um dos magistrados em cada Vara.Administrar uma Central de Mandados do porte destanossa, então, exige fixação de diretrizes de trabalho quepossam, ao mesmo tempo, respeitar os entendimentosdiversos de cada magistrado para cada caso concreto eimplementar um mínimo de padronização deprocedimentos aos Oficiais de Justiça em prol daceleridade e da eficiência ideais.

O processo de execução fiscal, hoje, é outro, muitodiferente do que se tinha há dez anos. Os incidentesprocessuais se multiplicaram com o referendojurisprudencial às chamadas “Exceções de Pré-executividade”, que se apresentam várias, em momentosprocessuais distintos de cada feito. Cada execução, hoje, éajuizada contra um ou vários devedores, solidários ou não,dependendo da natureza de cada tributo; as iniciaisenglobam, por muitas vezes, várias Certidões de DívidaAtiva, com tributos diversos e fatos geradores ocorridos emépocas distintas; os prazos de prescrição e decadência sãovários, e também múltiplas são as hipóteses para análiseda responsabilidade passiva de sócios e diretores. Essavariedade de situações de fato, cada qual com umaregulamentação legal, somada ao vácuo legislativoespecífico para a execução fiscal, que se originou com oadvento da Lei 11.382/2006, tem tornado o processo deexecução fiscal um inferno procedimental. Tudo issocontribui para a carga de serviço dos Oficiais de Justiçaque aqui trabalham.

No exercício diário da função do Oficial de Justiça,os problemas se apresentam variados, como, por exemplo,o momento em que deve o Oficial solicitar força policial, aausência de depositário público para remoção de bens,dificuldades de cumprimento de mandados não só emrelação aos executados, mas também em alguns órgãospúblicos etc. Tudo isso faz com que a função do Oficial deJustiça seja uma das mais difíceis de exercer no PoderJudiciário e a do Juiz Corregedor da Central uma das quemais exige ponderação na análise de situações concretas,mesmo porque a lei é dura, mas deve ser aplicada “cumgrano salis”.

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10 Justiça em Revista

RECURSOS HUMANOS

Modernização, agilidade etransparência são os objetivos principais

A Administração da Justiça Federal de 1º Grau emSão Paulo instituiu, em janeiro de 2008, novas regras paraos servidores que querem mudar de lotação. Amparadaagora por uma ordem de serviço interna, a adoção dosnovos critérios visa dar transparência e agilidade aosprocedimentos de troca de lotação, além de atender aosinteresses da instituição.

A iniciativa faz parte da política de modernizaçãoda Justiça Federal de São Paulo. Os critérios paraalteração de lotação foram elaborados a partir de umestudo realizado pelas áreas de recursos humanos e desaúde, num cruzamento das necessidades das varas,Juizados e setores da administração com os anseios dos

próprios servidores que requisitam amudança de setor.

Joceli Guerra Castelfranchi,supervisora da Seção de Seleção eAcompanhamento Funcional explicaque, para a troca de lotação serconcretizada, dois lados sãoobservados: os interesses dainstituição e do servidor. “Verificamosas ‘lotações ideais’ de cada seção etambém ouvimos o servidor que poderequisitar a alteração de sua lotaçãopor vários motivos”.

As regras adotadas sãoseqüenciais. A data do pedido derelotação é a primeira, seguida pelo

cargo ocupado pelo servidor e a necessidade da lotaçãoescolhida. A concordância do superior hierárquico tambémé requisito, bem como a quantidade de processos no localpretendido e na lotação de origem. São observadastambém a formação técnica, universitária e a experiênciado servidor; a antigüidade da vaga no local pretendido; aantigüidade do servidor na Justiça Federal e a maior idade.

“Esses critérios são técnicos, porém justos etransparentes. O servidor não precisa ‘conhecer alguém’para ser atendido, pois as regras valerão para todos,igualmente”, afirma Joceli. Ela diz que, como toda regra,esta também tem exceções. “Existem situações que

Alteração de lotação de servidorestem novas regras

transcendem a qualquer ordem de serviço, como um casograve de saúde ou alguma indicação de cargo deconfiança. Cada caso é analisado detalhadamente.”

Permuta

Uma maneira mais ágil de ocorrer a relotação é apermuta. Cabe ressaltar, porém, que a permuta tambémdeve obedecer aos critérios acima descritos. Joceliexemplifica: “dois servidores querem fazer uma permutadireta, ou seja, trocar de lugar. Mas na ‘fila’ de pedidos temum pedido anterior ao do servidor que propôs a permuta.Então, a vaga é oferecida para esta pessoa. Se ela aceitar,aquele que propôs a permuta continua na fila. Mas nadaimpede que a permuta seja provocada novamente”.

Porém, para o funcionamento de qualquer umdesses meios de alteração funcionarem (permuta direta oua vaga disponível no local pretendido) o supervisor oudiretor, além de darem ciência ao pedido, devem informarao RH se querem a reposição imediata da vaga a serdeixada. Em caso positivo, o servidor que pretende sairprecisa aguardar que sua vaga seja reposta por outro.“Neste ano, os pedidos serão atendidos mais rapidamente,pois tivemos um concurso no ano passado. Estamosconvocando novos servidores para trabalhar, e a prioridadeé atender aos servidores que já são do quadro e têmpedidos para alteração de lotação. Movimentamos primeiroquem está pedindo para sair e repomos a vaga com umservidor novo”, conta Joceli.

Transparência

A ansiedade para saber como estão os pedidos écomum. Por isso, o quadro de pedidos de alteração delotação está agora disponível na Intranet, para que aspessoas possam acompanhá-lo.

Os nomes e registros funcionais dos servidores sãopreservados. Na página, a pessoa só pode ver o final donúmero de seu registro funcional e a data do pedido,sabendo, assim, em qual lugar da fila ela se encontra. “Nãopodemos expor o servidor dessa forma, colocando nome.Mas disponibilizar esses dados atualizados na rede era umsonho antigo. Com acesso ao pedido, a ansiedade daspessoas diminui. Isto é transparência”, completa Joceli.

Viviane Ponstinnicoff

Joceli GuerraCastelfranchi,supervisora daSeção de Seleção eAcompanhamentoFuncional

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11Justiça em Revista

ENTRETENIMENTO E CULTURA

Adágio ao Sol Drama – Brasil – 1996Xavier de OliveiraEm uma fazenda de café no interiorde São Paulo os personagens Júlio,Angélica e Álvaro vivem um intensodrama sentimental. A história que

acontece entre os anos 1931 e 1932 cruza com umconturbado período da política-economicabrasileira, o declínio do café e a insatisfação doscafeicultores junto à revolução constitucionalista.Entre felicidade e dor simultânea, Adágio ao Solretrata a crise pela qual passava o país.

CafundóDrama – Brasil – 2006Clóvis Bueno e Paulo BettiJoão de Camargo (Lázaro Ramos)viveu nas senzalas do século XIX.Após deixar de ser escravo, ficadeslumbrado com o mundo ao seu

redor e desesperado para viver nele. Tamanhochoque faz com que João tenha alucinações,acreditando ser capaz de ver Deus e de curarenfermos. Ele torna-se então uma das lendasbrasileiras, o Preto Velho.

Direito internacional público &direito internacional privado - 1ªEdição / Atlas - 2007 Bregalda,GustavoA obra facilita o entendimento tantodo Direito Internacional Público

quanto do Direito Internacional Privado por conteros principais temas do assunto. O livro traz toda aexperiência do autor Gustavo Bregalda por lecionarem Cursos de Graduação em Direito e em CursosPreparatórios para Concurso, além de aprovaçõesem Concursos Públicos Jurídicos.

Curso de direito do trabalhoVolume 2: direito individual dotrabalho - Edição 2008 – LTrCorreia, Marcus Orione GonçalvesTratando dos mais diversosfundamentos da relação individual dotrabalho, são abordados aspectos

desde a natureza jurídica entre empregado eempregador, conceitos ou até mesmo questõesrelacionadas ao salário. A obra visa o usoindispensável aos mais diversos operadores dodireito e busca atingir professores, alunos,advogados, juízes e procuradores do trabalho.

VOCÊ JÁ FICOU À DERIVA NO OCEANO?Fernanda Siqueira Cruz - 10ªVara Cível/F.Pedro Lessa

Eu já! E vou contar a vocês como foi. Tudo começou como cancelamento de uma viagem a Nova York, devido aotrabalho. Frustrações a parte, pensei: por que não fazeralgo diferente desta vez? Quero sair do lugar comum,participar de uma aventura de verdade! Pensando nisso,passei a estudar roteiros de ecoturismo. De cara, fiqueiencantada por uma expedição, a bordo de um veleirooceânico, partindo de Recife com destino a Fernando deNoronha. Como resistir? Aqui começam as peculiaridades:expedição não é traslado e city tour. Exige disposição parasacrifícios e intensa preparação. De início, tive queaprender a mergulhar. A expedição incluía uma série demergulhos em Recife e em Noronha. E lá fui eu, para umaescola de mergulho, fazer o curso básico. Provas feitas,equipamento básico comprado, certificado na mão! Masnão foi só: a lista que a agência me deu foi extensa, decapa de chuva especial até luvas especiais pra manejo decordas. Antes de embarcarmos no veleiro Aussteiger, doismergulhos em naufrágios em Recife, a 29 metros deprofundidade! Começamos bem! Próxima etapa: curso depreparação para velejadores amadores. Precisávamosaprender (eu e meus novos amigos) os procedimentos deemergência, conhecer a nomenclatura das principaispeças, operar o rádio, interpretar uma carta náutica etc.Tudo empacotado, hora de zarpar! Saímos do porto deRecife em direção ao mar aberto. O balanço do mar, depoisde um sério desconforto inicial, foi controlável. À noite, abordo do veleiro, o céu era um verdadeiro planetário. Nahora do sono, ia para o meu alojamento tirar uma soneca,enquanto o veleiro nos levava à Esmeralda do Atlântico.Mas o destino nos pregou uma peça. Uma tempestaderepentina nos atingiu, e as velas estavam abertas. Foi tãoforte que o mastro principal partiu-se ao meio! Passava dameia noite, tudo escuro, velas e mastro ao mar, todo mundoem pânico e não víamos nada. O comandante mandoutodos dormirem, pois só de dia poderíamos ver o tamanhodo estrago. E era grande! Velas rasgadas, rádio e GPSdanificados, motor superaquecido e inoperante, a geladeiraquebrada. Em resumo, estávamos à deriva no oceanoatlântico, a meio caminho de Noronha. Profundidademédia: 4500 metros! Se o veleiro em movimento já nosdeixa enjoados, imagine parado! Tivemos que comer,dormir, tomar banho e aguardar pelo resgate dentro doequivalente ao “Barco Vicking”, do Playcenter. Foram doisdias e meio no rádio, com antena improvisada, falando:Mayday, Chamada Geral de Emergência, alguém copia oveleiro Aussteiger? Até que apareceu o Mucuripe III, nossopesqueiro salvador! Com a corda mais grossa que já vi navida, nos rebocou até Noronha em 12 horas. Alívio geral, aviagem estava salva! Chegamos a Noronha pela manhã,saudados pelo Morro do Pico, demais embarcações... epela TV Golfinho, que nos entrevistou assim quedesembarcamos. Fizeram uma reportagem com a nossaaventura e viramos celebridades na ilha! As pessoas meperguntam: faria tudo de novo, no mesmo barco, com omesmo comandante? E eu respondo: sem dúvida! Deixaeu avançar mais no curso de mergulho que eu volto aNoronha de Aussteiger... para mergulhar na famosaCorveta!

CANAL ABERTO

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GESTÃO DOCUMENTAL

ELIMINAÇÃO

DE AUTOS FINDOS

As metas de eliminação de autos foramestabelecidas na mesma linha do que jávem sendo realizado pelo Grupo Setorialda Subseção de São Paulo, observados osprocedimentos estabelecidos nasResoluções nº 217, 359 e 393, do CJF.

Os Grupos Setorias de Avaliação deDocumentos das Subseções do Interior doEstado de São Paulo têm como meta eli-minar pelo menos 1.000 autos findos até30/6/2008. Estes trabalhos proporcionarãomais espaço físico nos fóruns, bem como acontinuidade do projeto de gestãodocumental.

Esperamos contar com a colaboração dosGrupos Setoriais, conscientes de que, nós,juízes e servidores, temos várias outrasatribuições no dia-a-dia, mas tambémestamos incumbidos dessa tarefa de altointeresse público.

Acesse mais detalhes na intranet daJustiça Federal de Primeiro Grau em SãoPaulo.

Rodrigo ZachariasJuiz Federal ConsultorPresidente do GPAD.

DIRETORIA DO FORO

NUAJNÚCLEO DE APOIO JUDICIÁRIO