alternativas para o ensino da escrita a partir · escolhemos esse gênero textual por possibilitar...

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_______________________ 1 Pós –graduada em Educação Especial: Planejamento Educacional e graduada em Pedagogia.

Atuante no Col. Est. Primo Manfrinato – EFM – Cianorte – Pr. Contato: [email protected] 2 Doutora em Educação – Professora Orientadora – UEM. Contato: [email protected]

ALTERNATIVAS PARA O ENSINO DA ESCRITA A PARTIR DA PRODUÇÃO TEXTUAL

Autora: Nilza Galvão1

Orientadora: Drª Elsa Midori Shimazaki2

Resumo

Objetivamos apresentar o relato de uma intervenção pedagógica desenvolvida com alunos de 5ª série/ 6º ano do ensino fundamental do Colégio Estadual Primo Manfrinato – Ensino Fundamental e Médio, do município de Cianorte, estado do Paraná. Os sujeitos do estudo frequentam Sala de Apoio à Aprendizagem, em contra turno ao ensino regular. Trabalhamos alguns recursos didático-pedagógicos não utilizados em sala de aula, visando minimizar ou sanar as dificuldades ortográficas e, também, a coerência textual. Para a efetivação do estudo, aplicamos uma sequência de atividades utilizando diferentes gêneros textuais, enfatizando a notícia. Escolhemos esse gênero textual por possibilitar o processo de aprendizagem e o desenvolvimento da escrita, pois as notícias são textos pequenos e objetivos. As dificuldades desses educandos na apropriação do conhecimento nos mostram que carecem de metodologias diferenciadas e atividades lúdicas, pois são eficazes e propõem uma aprendizagem de forma mais prazerosa. Assim, familiarizam-se com a escrita convencional e tornam-se usuários competentes da língua. Como resultado podemos afirmar que dentre os doze alunos que participaram do presente projeto de intervenção pedagógica, ao término do ano letivo, oito alunos foram aprovados, dois foram transferidos e dois foram indicados para avaliação pedagógica e possível encaminhamento à Sala de Recursos.

Palavra–chave: Leitura e escrita; Dificuldades de escrita; Produção textual;

1 Introdução

Discutimos nessa pesquisa o fazer pedagógico no interior da sala de aula.

Buscamos uma forma de intervenção, para isso nos pautamos em suportes teóricos.

Sabemos que não há homogeneidade entre os alunos de uma turma, portanto

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corroboramos com Góes (1993) que afirma que a sala de aula é um espaço de

encontro de diferentes histórias, onde cada um passou por determinações sociais

diferentes. Dessa forma, podemos verificar que alguns alunos apresentam maiores

facilidades em aprender os conteúdos escolares e outros menores. É possível

identificar em uma sala de aula, também, aqueles que, para se apropriarem do

conhecimento, precisam fazer uso de diferentes recursos didático-pedagógicos.

Para que os alunos apropriem do conhecimento, há a necessidade da

utilização de atividades diversificadas, tais como jogo de quebra cabeça, cair das

letras, palavras cruzadas, montagem de frase e texto, uso de jornais, entre outros.

Propomos, na efetivação da pesquisa, apresentar uma prática pedagógica

desenvolvida com alunos de 5ª série/6º ano do ensino fundamental, os quais

frequentam sala de apoio à aprendizagem. Esses alunos apresentam dificuldades

na escrita e frequentam a sala de apoio à aprendizagem.

O Programa Salas de Apoio à Aprendizagem foi implantado em 2004 pela

Secretaria de Estado da Educação do Paraná, com o objetivo de atender as

defasagens de aprendizagem apresentadas pelos alunos dessa série/ano. Atende

alunos no contra turno, nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática. Na

Língua Portuguesa são trabalhadas as defasagens referentes à aquisição dos

conteúdos por meio da oralidade, leitura e escrita. Na Matemática trabalham-se

formas espaciais e quantidades em suas operações básicas e elementares, dos

anos iniciais do ensino fundamental.

Para a efetivação do projeto de Língua Portuguesa, há no programa a

sugestão do trabalho com a produção textual e correção ortográfica, visando

minimizar as dificuldades de escrita apresentadas pelos alunos, para que eles

acompanhem os conteúdos curriculares da série em curso.

Neste sentido, nos propomos a trabalhar leitura e escrita de forma

prazerosa, com a utilização de vários recursos didático–pedagógicos para aquisição

e uso social do conhecimento produzido, a fim de motivar o aluno a escrever e,

consequentemente, produzir o seu próprio texto.

Ressaltamos que a presente proposta pedagógica foi levada a efeito por

meio de vários gêneros textuais que circulam na sociedade, tais como: bulas de

remédios, receitas, regras de jogos, bilhetes, convites, poesias e, em especial, o

gênero notícia. Partimos de um trabalho de leitura, escrita e reescrita de textos,

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destacando-se a intencionalidade. Os textos, mesmo produzidos dentro da escola,

podem ter seu interlocutor fora dela.

Salientamos que o “jogo” como uma das alternativas para a apropriação do

conhecimento elaborado, possibilitou estimular a escrita de uma noticia, partindo de

sua vivência ou do seu cotidiano, onde foi possível observar acontecimentos a sua

volta e a estrutura de um texto que veicula na mídia impressa. Finalizamos as

atividades, onde os alunos produziram uma notícia com o tema do projeto, relatando

como foi o desenvolvimento do trabalho realizado desde o início, contemplando as

características próprias dessa tipologia textual, objeto do presente estudo.

Assim, por ser a sala de aula um espaço de heterogeneidade cultural e de

diferentes ritmos de aprendizagem, buscamos referenciais teóricos que

fundamentam a presente proposta de intervenção pedagógica, pois sabemos que a

criança traz sua linguagem para escola e, muitas vezes, essa apresenta traços

culturais diferenciados daqueles exigidos na escola. E, ao falar com dialeto diferente,

possivelmente, transfere à oralidade e à escrita.

Dessa forma, o ensino da linguagem deve considerar a história do aluno,

todavia, deve-se favorecer para que este, independente do meio social em que vive,

possa se apropriar da linguagem culta. Para tanto, é necessário que se trabalhe a

linguagem por meio de diferentes gêneros textuais, isto é, diferentes formas de

expressão textual, podendo ser literários, como contos de fadas, poesias, poemas,

ou outros, como cartas, bilhetes, receitas e noticias. Ao contar uma história, a

criança está produzindo um texto falado, porém, isso não significa que ela seja

capaz de transferir esse texto para a escrita de forma que apresente coesão e

coerência entre as ideias (PCN, 1997).

Para a aquisição dessa linguagem escrita culta exige-se uma análise e um

trabalho sistemático. A produção de um texto não é um simples jogo de letras,

palavras ou frases soltas, mas um processo de construção em situações

complexas que envolvem o ensinar e o aprender de maneira contextualizada. A

respeito disso, Dolz (2010) afirma que “[...] a aprendizagem da escrita implica a

colocação dos alunos na prática de situações novas, pois nelas estão novos

desafios a serem enfrentados, novos obstáculos a serem superados”. (p.36)

A leitura e a escrita são atividades complexas e, nesse processo, as

dificuldades podem ocorrer de formas diversas. Segundo Soares (2001). “[...] não

basta apenas saber ler ou escrever, é preciso também fazer uso do ler e do

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escrever, saber responder as exigências de leitura e de escrita que a sociedade faz

continuamente [...]” (p.20). Ao ato de usar socialmente a leitura e a escrita

chamamos de letramento.

Nesse sentido, quando se pratica o ato de leitura, lê-se o mundo por meio de

algo, tais como, uma bula de remédio, as regras de um jogo, uma receita de bolo,

uma notícia, um panfleto de supermercado, entre outros, e, este algo é um texto.

Logo, o texto é objeto da leitura. Segundo Infante (2000):

Leitura é o meio que propomos para adquirir informações e desenvolver reflexões críticas sobre a realidade. O aprendizado da leitura é uma tarefa contínua permanente que se enriquece com novas habilidades, à medida que se vão dominando adequadamente textos escritos cada vez mais complexos. (p.57).

Entendemos, dessa forma, que a escola tem por função oferecer aos alunos

o significado da escrita, não confundindo a língua falada com a língua escrita. É a

instituição encarregada de introduzir formalmente as crianças no mundo da escrita

por meio da alfabetização e do letramento.

Cabe-nos aqui destacar que a escola é um importante meio onde são

veiculadas práticas de letramento. Para Soares, (2001), letramento é, pois, o

resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e a escrever: o estado ou a

condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter se

apropriado da escrita. Já a alfabetização, nomeia aquele que apenas aprendeu a ler

e escrever, não adquiriu o estado ou a condição de quem se apropriou da leitura e

da escrita [...]. (p.18-19).

Portanto, alfabetização e letramento são dois processos de naturezas

distintas, mas indissociáveis, o que torna complexa a relação entre ambas.

Nesse sentido, pela aprendizagem da leitura e da escrita e pelo seu uso e

envolvimento em práticas sociais, o indivíduo adquire outro estado ou condição. Há

mudanças de comportamento e inserção social e cultural, pois a pessoa torna-se

capaz de interagir e passa a pensar de forma diferente de alguém não alfabetizado

ou não letrado. A esse respeito, Soares (2001) defende que o principal objetivo do

letramento deveria ser o de promover a mudança social.

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Os Parâmetros Curriculares Nacionais na área da Língua Portuguesa

apontam que a aprendizagem escrita, o redigir e o grafar não são pré-requisitos para

o ensino da língua, mas que estes dois processos podem e devem ocorrer de forma

concomitante. [...] “Um diz respeito à aprendizagem de um conhecimento de

natureza notacional: a escrita alfabética; o outro se refere à aprendizagem da língua

que se usa para escrever”. (1997, p. 33)

A criança ao ingressar sua escolaridade na Educação Infantil já inicia,

formalmente, a prática da escrita, descobrindo seus códigos e suas dimensões

culturais. Para a criança todo traço tem seu significado e assim começa a imitar a

escrita do adulto, procurando copiar o que este escreve mesmo que nesse momento

não saiba o que realmente escreveu.

Com a ajuda do adulto, a criança vai aprimorando a escrita, conhecendo a

sua função social e os seus significados. Dessa forma, o aluno se familiariza com a

escrita convencional tornando-se um usuário da escrita, um alfabetizado e vai

adquirindo as condições de letrado. Não basta apenas ler e escrever. O importante é

saber usar a leitura e a escrita no cotidiano e reconhecer sua função social.

Desse modo, considera-se que a compreensão da função social da escrita,

ou seja, o conhecimento para que a mesma serve, onde é usada e como usá-la é

condição fundamental para a apropriação dos processos de alfabetização e

letramento. Sobretudo, torna-se essencial para aquelas crianças que encontram

alguma dificuldade na aquisição destes processos, pois muitas vezes, percebe-se a

negação em escrever, ou até mesmo a escrita acontece, mas sem nenhuma

consciência, realizada de forma mecânica, ou apenas reproduzida.

O ato de ler é uma necessidade concreta para a aquisição de sentido e não

apenas uma ideia do que seja, pois a escrita se faz presente em todo o espaço

social. Há a necessidade de um confronto entre leitura e escrita, pois a leitura sem

compreensão é simplesmente uma ação mecânica, um reconhecimento ou

identificação visual desta, sem um nível do significado pretendido.

O aluno vive num mundo real e social onde a escrita está presente no seu

cotidiano. Basta observar a sua volta que ela está presente, porém o que lhe falta é

a compreensão do uso e a sua prática.

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[...] ter-se apropriado da escrita é diferente de ter aprendido a ler e a escrever apropriar-se da escrita é tornar a escrita “própria”, ou seja, assumi-la como sua propriedade. (SOARES, 2001, p.39).

Por meio da escrita de um convite o aluno transmitirá o comunicado de que

haverá uma festa e solicita o comparecimento dos convidados. O objetivo da escrita

não é simplesmente o registro da fala, mas transmitir mensagens por meio de um

sistema convencional que representa conteúdos linguísticos, pressupondo uma

análise da linguagem.

Assim, cabe-nos destacar que de acordo com as Diretrizes Curriculares da

Educação Básica do Estado do Paraná (2008), é papel da escola assegurar a

formação de aluno leitor, produtor de texto e, de modo geral, contribuir para a

constituição do sujeito histórico e social.

Antunes, (2003) salienta a importância de o professor desenvolver uma

prática de escrita escolar que considere o leitor, uma escrita que tenha um

destinatário e finalidades, para então decidir sobre o que será escrito, tendo em vista

que “a escrita, na diversidade de seus usos, cumpre funções comunicativas

socialmente especificas e relevantes” (p. 47). (DCES-Língua Portuguesa, 2008,

p.56).

A partir daí, retomamos a consideração de que a sala de aula é um espaço

de determinações sociais diversas, onde alguns alunos podem apresentar maior

facilidade em aprender os conteúdos escolares e outros menos. Neste sentido,

segundo Santos e Navas (2002)

[...] nem todos os alunos que apresentam dificuldades para aprender a ler podem ser considerados portadores de distúrbios de leitura e escrita. Crianças com instrução escolar inadequada, por exemplo, não podem ser incluídas neste grupo, assim como aquelas com problemas visuais ou mentais severos, (p.27).

Existem vários fatores que podem interferir no processo de aprendizagem do

aluno, podendo ser de ordem interna, isto é, no sistema nervoso central ou externo,

causa do próprio corpo. Vale lembrar aqui que os termos dificuldades de

aprendizagem e distúrbios apresentam diferentes significados.

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Sobre as dificuldades

Segundo Pestun (2001), qualquer criança, em qualquer fase do seu

desenvolvimento, pode enfrentar dificuldades para aprender. Diversos são os fatores

que podem ser considerados como interferência no processo de aprendizagem,

principalmente nas habilidades acadêmicas. Sendo assim, destacam-se os fatores

sócio-culturais, emocionais, físicos e metodológicos. São causas externas e muitas

das vezes transitórias e que com intervenção adequada serão sanadas.

A referida autora aponta três tipos de dificuldades na escrita sendo: a

disgrafia: que se refere a uma desordem na integração visomotora, onde a criança

consegue falar e ler, mas não escreve; a deficiência em revisualização: a criança

reconhece as palavras quando as vê, é capaz de ler e copiar, mas apresenta

dificuldade de escrever sem o apoio visual, dificuldade essa de relembrar os

símbolos gráficos: e a deficiência na formulação e sintaxe: dificuldade em organizar

o pensamento na forma correta da escrita. A criança é capaz de ler, escrever,

copiar, revisualizar, porém apresenta muita dificuldade na escrita espontânea.

Escreve, mas omitindo letras ou palavras que venham organizar o texto.

Quanto às dificuldades ortográficas, Morais (2006) divide-as em cinco níveis

diferentes e que esses variam de acordo com o nível de escolaridade. Nesta etapa,

os erros mais graves são aqueles que são cometidos pela utilização de uma

determinada “palavra” ainda não conhecida no campo visual e sem significado para

o aluno e que não poderia ser considerada erro.

Principais dificuldades no nível I:

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Troca de letras fento babo dada tum

vento dado cada tem

Omissão de letras ospital hospital

Adição de letras maapa mapa

Adição de sílaba sasapato sapato

Adição de palavras O cavalo come come capim. come

Aglutinação de palavras atéque até que

Alterações na seqüência de letras prota porta

Separação indevida de palavras anti gamente al moçar

antigamente almoçar

Morais (2006, p.127)

No nível II os erros que devem ser classificados são:

Fonemas representados por dois grafemas independentes: “ch ,lh, nh, rr,ss, qu”,

caro coler asado qeijo

carro colher assado queijo

Confusões que envolvem o “que”, “qui”,”ce” e o “ci

Cente Kente

Quente Quente

Erros que envolvem representação do “g” antes do “e” e do “i”

gerra gitarra

guerra guitarra

Omissão do “r” ou do “l” em qual quer uma das combinações: “bl,br, dr,cl,cr,fl,fr,gl, gr,pl,pr,tl,tr”

baço fauta puma

braço flauta pluma

Trocas que ocorrem entre sílabas “al”, e “au”

auto pouvo

alto polvo

Substituição do “m” pelo “n” antes e “p” e de “b”

bonba canpo

bomba campo

Substituição de letras maiúsculas por minúsculas no caso de nomes próprios ou inicio de oração

paulo mora em cianorte o gato bebeu todo o leite.

Paulo – Cianorte. O gato...

Uso indevido de letra maiúscula no meio da palavra.

enChente enchente

Trocas entre “ça, co,çu, ce , ci” .

beico camada çebola

beiço camada cebola

Morais (2006, p.129)

No nível III acontecem erros de:

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Substituição entre as letras “g”(ge,gi)

Jelo Májico jiló

Gelo Mágico jiló

Trocas entre “já,jô,ju” e “ga,go,gu”

jalo joela

galo goela

Troca de letras “q” nas sílabas “qua,quo” por “c’ ou a troca de letras “c” nas silabas “ca,co,cu”

cuando gama

quando cama

Uso de letra “s” para representar o som da letra “c” (em ce ,ci)

sedo pace

cedo passe

Trocas entre as letras “s” e “z” na representação do som “z”

caza asar

casa azar

Todas as trocas de letras “x” por qualquer outra letra.

licho fiquiso maxado

lixo fixo machado

Erros referentes ao grafema “h” que envolvem omissão ou adição.

otel hontem

hotel ontem

Morais (2006, p.131)

Nível IV - Erros referentes ao obscurecimento de fonemas

Erros que envolvem as combinações “sc,xc,ns”

piscina exceção transporte

Obscurecimento em vogais duplicadas

álcol zológico

alcool zoológico

Omissões de semi-vogais em ditongos

cadera tesora

cadeira tesoura

Omissões ou uso indevido de acentos

cafe sería

café séria

Obscurecimento do som “l” quando antecedendo a “u”

útimo cupa

último culpa

Omissões do som “r” que aparece no final dos verbos quando estão no infinitivo

come comer

Morais (2006, p.133)

Nível V- Este nível fica restrito aos erros que ocorrem entre parônimos, ou

seja, palavras que se escreve de uma ou de outra maneira, dependendo do contexto

em que estão inseridas. Como exemplo, cita-se as palavras “concerto” e “conserto”

que, dependendo do contexto, se escrevem de uma ou de outra maneira. (p.l33).

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A autora acima afirma que além dos níveis acima citados, ocorrem também

erros na formulação e síntese que se caracteriza por apresentar uma boa linguagem

oral, boa compreensão da leitura e capacidade de copiar. As dificuldades aparecem

quando o aluno tem que registrar a letra, palavra ou frase sem o uso do campo

visual. Esses erros são bem parecidos com os ortográficos.

Na disgrafia são considerados erros a má organização da página,

apresentando desorganização do texto com margens mal feitas ou sem margens;

espaço entre palavras; escritas ascendentes ou descendentes; má organização nas

letras ou letras de má qualidade, irregulares, empelotadas e ou retocadas; erros de

formas e proporções referem-se ao grau de limpeza do traçado das letras, suas

dimensões, ora grande, ora pequena e ora alongada-comprida.

[...] para a criança se apoderar do conhecimento acerca da escrita tem de formular hipóteses (estágios). Cada estágio, por sua vez, gera conflitos, estes surgem à medida que a criança interage com o meio social. (MORAIS, 2006, p.152)

De modo particular, tal recurso pode contribuir de forma muito eficaz em

relação às dificuldades de escrita. Sendo assim, apontamos o jogo em duas

dimensões: “O jogo com sua função lúdica de propiciar diversão, prazer e mesmo

desprazer ao ser escolhido de forma voluntária e o jogo com sua função educativa,

aquele que ensina, completando o saber, o conhecimento e a descoberta do mundo

pela criança.” Vygostky, (apud KISHIMOTO, 2005, p 23).

Ensinar por meio do brincar com jogos é desenvolver o raciocínio lógico.

Para Vygotsky, (apud Kishimoto, 2005, p.51), a imaginação em ação ou brinquedo é

a primeira possibilidade de ação da criança numa esfera cognitiva que lhe permite

ultrapassar a dimensão perceptiva motora do comportamento.

A criança colocada diante de situação lúdica aprende a estrutura lógica

presente. A inserção do jogo nos processos de ensino aprendizagem propõe ao

aluno adquirir novas descobertas, desenvolve e enriquece seu raciocínio lógico de

forma prazerosa, rompendo assim a cultura de que estudar língua é algo difícil.

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Muitos jogos também ajudam a criança a adquirir ou potencializar habilidades manuais (muitas vezes tão esquecidos, mas tão necessárias sempre), ao mesmo tempo em que servem para explorar as potencialidades e limitações (e para que a criança também se descubra). (BATLLORI, 2006, p.17).

No processo ensino-aprendizagem as atividades lúdicas e jogos visam

alcançar diversos objetivos. Ressaltamos que as crianças são capazes de trabalhar

em grupo, adquirindo novos conhecimentos, fazendo uma relação dos conteúdos da

sala de aula regular em sala de apoio à aprendizagem de forma interdisciplinar e

prazerosa, uma vez que todas as demais disciplinas fazem o uso e necessitam da

escrita para elaborar os seus conhecimentos.

O professor, por sua vez, deve procurar oferecer aos seus alunos diferentes

gêneros textuais, a fim de que eles tenham condições de ler, escrever e usá-los

socialmente. Desse modo, com a promoção e elaboração de material didático-

pedagógico pelo próprio aluno, com a mediação do professor como uma forma de

aprimorar a aprendizagem na produção escrita, objetiva-se a retomada da escrita

através dos mais variados textos que circulam socialmente. O propósito é melhorar

no educando o seu nível de alfabetização e sua criatividade, para que este adquira

um melhor desempenho acadêmico e seja preparado para atuar na sociedade

letrada de forma mais eficaz.

2 Metodologia

2.1- Local da pesquisa: A pesquisa foi levada a efeito no Colégio Estadual Primo

Manfrinato-Ensino Fundamental e Médio, situado na Rua Timbiras, l65, no conjunto

Arcesio Guimarães, Município de Cianorte, estado do Paraná.

2.2- Sujeitos da pesquisa: Tivemos como sujeitos do estudo um grupo de alunos de

5ª série ou 6º ano do ensino fundamental que frequentaram sala de “Apoio à

Aprendizagem” em contra turno ao ensino regular. O grupo foi composto por doze

(12) alunos com 11 a 14 anos de idade e com 1 a 2 anos de repetência. Esses

frequentavam assiduamente as aulas, mas apresentavam dificuldades na produção

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textual e muitos erros ortográficos. Em suma, não estavam acompanhando o

aprendizado da turma na sala regular.

Do grupo em estudo, dez alunos demonstraram dificuldades de escrita, mas

dois alunos, além dessas dificuldades, apresentaram também distúrbios específicos

de linguagem oral e escrita: um com dificuldade no processamento auditivo central e

um com problemas fonoarticulatório e indicativo de dislalia. 2.3- Procedimentos:

Para a efetivação desse estudo foram aplicadas atividades relacionadas a várias

tipologias textuais, como instrumentos de desenvolvimento do trabalho proposto.

Utilizamos como recursos os diferentes gêneros textuais, tais como: bilhetes

manuscritos; cartas manuscritas; bulas de remédios; panfletos de propaganda de

supermercado, farmácia e lojas; receita culinária; recorte de provérbios; piadas;

recortes de histórias em quadrinhos; recortes de jornal; entre outros.

Realizamos atividades de caça- palavras, cair das letras, quebra cabeça

com tiras de letras, sílabas, palavras e frases, manuseio de jornais, recorte de

notícias, colagem de texto em mural, cópia de texto, ditado de palavras, produção de

texto, e reescrita de texto. Tivemos momentos em que analisamos, discutimos,

opinamos e socializamos as ideias sobre o que é notícia com a finalidade de

investigar o nível de conhecimento que os alunos apresentavam sobre essa

tipologia. Para o reconhecimento desse gênero textual foram utilizadas as seguintes

perguntas:

• O que são noticias?

• Onde podemos encontrá-las?

• Quem as produz?

• Por que elas são produzidas?

• Para quem?

3 Procedimento e Análise

Sabemos que cabe ao professor, como mediador do conhecimento,

apresentar aos alunos atividades diferenciadas para que possam apropriar-se dos

conteúdos escolares.

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O encaminhamento do trabalho pedagógico tanto para a leitura como para a

escrita, precisamente a produção textual, têm sido preocupações para os

profissionais da educação. Dessa forma, nos propusemos a trabalhar mais

especificamente com o gênero notícia impresso em jornal. A escolha pelo texto

jornalístico foi em função da facilidade de acesso para sua aquisição e por estar

presente no cotidiano dos alunos e por possuir uma estrutura onde é possível o

trabalho pedagógico. Para o desenvolvimento do trabalho foram selecionados vários

textos do mesmo gênero e sobre os quais os alunos já tivessem um conhecimento

anterior, visto que relatavam ocorrências da própria cidade.

As atividades foram desenvolvidas de maneira lúdica, pois Macedo (2000, p.

24) afirma que o “jogo pode ser utilizado quando o objetivo é propor atividades que

favorecem a aquisição do conhecimento”.

Atividade 1- Gêneros Textuais

Os alunos tiveram contato com diferentes gêneros textuais, tais como:

bilhetes manuscritos, cartas manuscritas, bulas de remédios, panfletos de

propaganda de supermercado, farmácia, lojas, receita culinária, recorte de

provérbios, piadas, recortes de histórias em quadrinhos, recortes de jornal, entre

outros, para que pudessem perceber determinados diferenciais entre os textos,

como a estrutura, objetivo, temática, interlocutor, condições de produção e meios de

circulação.

Organizados em grupos, os alunos circularam pela sala, onde os textos

estavam dispostos. Selecionaram os que mais lhes chamaram a atenção e fizeram

leitura silenciosa. Na continuidade, foram feitos os questionamentos descritos a

seguir:

1- Fale o que você já sabe sobre o texto escolhido?

a) Tipologia de texto.

b) Quais as impressões da leitura.

c) Com que finalidade foi escrito.

d) Como o texto é usado e quem faz uso.

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Após responder aos questionamentos, os alunos fizeram cópia no caderno do

texto escolhido e esta serviu para análise das dificuldades quanto aos erros

ortográficos apresentados pelo aluno, postura ao escrever, como fez o uso do lápis

(apreensão), noção espacial, lateralidade, direção e ritmo. Esse levantamento deu-

se conforme a tabela a seguir:

Análise dos aspectos apresentados pelo aluno ao escrever: Escrita inicial.

Aluno: ______________________________________________________________

Análise da escrita quanto: sim não Precisa melhorar

Postura do aluno

Uso do lápis

lateralidade

Espaço

Direção

Ritmo

Erros ortográficos

Os dados coletados revelaram as dificuldades apresentadas pelos alunos e

serviram de base para a intervenção necessária. A referida tabela foi também

utilizada como instrumento de comparação para verificar os avanços obtidos pelo

aluno na sua produção final.

Após a realização desse trabalho os alunos construíram, coletivamente, um

mural com os demais textos apresentados e afixaram na sala de aula.

Desta forma, os educandos foram estimulados a buscar outros tipos de

textos (em casa, no comércio, na biblioteca, na internet, ou jornais) e trazê-los para

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a sala de aula. Na aula seguinte, os textos trazidos foram questionados quanto a sua

estrutura, organização, intencionalidade e após, colados no mural, junto aos demais.

Atividade 2 - Caça-palavras

Feita a análise da tabela de acertos e erros cometidos pelos alunos na

atividade acima, foi proposto um exercício de caça-palavras, o qual foi elaborado

com palavras que apresentam dificuldades ortográficas. A finalidade dessa atividade

foi uma forma de correção da escrita, sem que o aluno se sentisse constrangido

diante de seu erro. “Os usuários da língua, não raramente, sentem-se constrangidos

na hora de escrever, não por causa do conteúdo, mas da grafia de certas palavras”.

(CAGLIARI, 2002. p.2).

Nessa atividade pode- se perceber que no momento de procurar as

palavras os alunos não demonstraram tanta dificuldade, porém, ao registrá-las,

tiveram a necessidade de ler e reler várias vezes a mesma palavra.

Para efetivação desse exercício, foi entregue o rol de palavras para que

cada aluno encontrasse- as no caça-palavras e as pintasse. Na sequência,

escolhesse algumas, as registrasse em seu caderno e formasse frases. Nessa

atividade foi possível perceber determinadas dificuldades em consequência da

falta de atenção e de concentração, como a troca e omissão de letras e inúmeros

erros otográficos.

Algumas atividades foram apresentadas de forma lúdica (jogo), onde havia

um vencedor , ou seja, aquele que encontrasse primeiro todas as palavras. Esta

atividade é apenas uma entre muitas outras que podemos utilizar como recurso

didático-pedagógico.

Ressaltamos que, com a utilização de diferentes tipos de jogos, é possível

minimizar as dificuldades de escrita apresentadas pelos alunos bem como a

apropriação da escrita de forma correta. “A atividade de cópia e o estímulo à revisão

e à correção do que se escreve ajudam muito os aprendizes a lidar tranquilamente

com a ortografia e a aventurarem-se como usuários do sistema de escrita”.

(CAGLIARI, 2002, p.14)

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Atividade 3: O Cair das Letras

Em continuidade das atividades propostas foi oferecido aos alunos o jogo

“Cair das Letras”. O objetivo dessa atividade foi o de induzi-los a perceber como se

escreve uma frase e sua segmentação. Com a utilização de “jogos”, Vygostky, (apud

Kishimoto, 2005, p.51) afirma que “a imaginação em ação ou brinquedo é a primeira

possibilidade de ação da criança numa esfera cognitiva que permite ultrapassar a

dimensão perceptiva motora do comportamento”. Aqui pudemos verificar que

brincadeira é uma forma lúdica de aprendizagem, que prende a atenção do

educando e consequentemente o mesmo apropria-se do conteúdo ensinado.

Os alunos perceberam que continha uma frase, que era uma adivinha, a

utilização de letras maiúsculas no inicio da frase e ponto final ao término.

Desenvolvemos os conceitos de direção, lateralidade, posição, atenção e

concentração, pois o educando teve que colocar uma letra em cada quadrado,

sendo de cima para baixo, da esquerda para a direita, pular os quadrados

demarcados, como também perceber que as letras não estão na ordem correta da

escrita.

Podemos dizer assim, que o jogo é mais uma forma possível de aprender e

ensinar a língua padrão e trabalhar a ortografia, sem que o aluno tenha que decorar.

Além disso, permitiu perceber como um conteúdo é apreendido.

O educando colocado diante de situação lúdica aprende a estrutura lógica

presente. A inserção do jogo nos processos de ensino aprendizagem propõe ao

aluno adquirir novas descobertas, desenvolve e enriquece seu raciocínio lógico de

forma prazerosa, rompendo assim a cultura de que estudar língua é algo difícil. O

lúdico mostrou como sendo um importante instrumento de cooperação, socialização

e aceitação do próximo na busca do conhecimento. Kramer (2003, p.65) afirma que

“instrumentalizar é necessário e importante, como o é divertir-se, envolver-se,

praticar”.

Como é possível perceber, o projeto envolveu diferentes tipologias textuais.

Assim, apresentamos aqui uma atividade desenvolvida, onde foi trabalhado o jogo

caça-palavras, que auxiliou na elaboração de frases e textos. Essa atividade

objetivou o aluno a perceber que para escrevermos uma frase/textos fazemos uso

de letras, sílabas, palavras e frases.

17

Atividade 4: Bula de Remédios.

Entregamos aos alunos recortes de letras, sílabas e palavras. Solicitamos

que montassem as peças formando frases, realizassem leitura das mesmas e

respondessem a que tipologia textual a frase e/ou o texto pertence. Descoberto que

o texto faz parte de uma bula de remédio, foi solicitado que todos procurassem uma

bula no mural, localizassem a frase e copiassem no caderno, como forma de

registro. Os alunos realizaram a atividade com entusiasmo e rapidez, pois todos

queriam terminar primeiro para ser o vencedor. A regra do jogo era “venceria quem

finalizasse primeiro a atividade solicitada”.

Atividade 5: Receita Culinária

Desenvolvemos também uma atividade, onde os alunos foram divididos em

duplas. Cada uma recebeu um envelope contendo tiras de frases, para que

pudessem formar um texto. Após a montagem das frases, foi discutido a que

tipologia pertence o texto, visto que se tratava de uma receita culinária. Em seguida,

os alunos registraram-no. Nesse texto foram feitas intervenções necessárias quanto

à legibilidade na escrita, ortografia e estrutura textual.

Ressaltamos que, por meio destes, as crianças são capazes de trabalhar em

grupo, socializar-se e adquirir novos conhecimentos, além de fazer uma relação dos

conteúdos da sala de aula regular com a sala de apoio à aprendizagem.

Atividade 6: Quebra- cabeça

Outra atividade desenvolvida foi o “quebra-cabeça”. Essa foi elaborada

utilizando-se as palavras que continham um maior número de erros ortográficos. A

turma foi dividida em grupos, onde cada um recebeu uma série de palavras

recortadas ao meio, com traçados de recortes diferentes, de maneira a formarem um

18

quebra cabeça. Todos os grupos receberam cópias das mesmas palavras. Como

todo jogo tem caráter de vencedor, utilizamos a seguinte ordem: primeiro lugar,

segundo lugar e assim sucessivamente, pois nessa lógica não há perdedor, apenas

o último classificado. Ao concluir, os alunos registraram as palavras apresentadas e

formaram frases, utilizando-as de forma contextualizada.

Segundo Cagliari (2008),

[...] a produção de um texto escrito envolve problemas especificos de estruturação do discurso, de coesão , de argumentação , de organização das idéias e escolha das palavras, do objetivo e do destinatario do texto. Por exemplo, escrever um bilhete é diferente de escrever uma noticia. Cada texto tem sua estrutura própria, sua função e todos os gêneros precisam serem trabalhados na escola.(p.122)

Atividade 7: Jornal

Verificamos que cabe ao professor oferecer aos alunos os mais variados

textos, a fim de que eles tenham contato com discursos de características e

registros de diferentes linguagens. Sendo asim, consideramos relevante dar ênfase

ao gênero notícia, uma vez que para Bakhtin, (2003, p. 28) “quanto melhor

dominamos os gêneros tanto mais livremente os empregamos”.

Nesse sentido, a atividade deu-se por meio de questionamento sobre o que

é notícia, com a finalidade de investigar o nível de conhecimento que os alunos

apresentavam sobre essa tipologia. Para o reconhecimento desse gênero textual

foram utilizadas as seguintes perguntas:

• O que são noticias?

• Onde podemos encontrá-las?

• Quem as produz?

• Por que elas são produzidas?

• Para quem?

19

Após o diagnóstico, constatamos que os educandos tinham noção do

gênero, porém faltava aprofundamento. Assim, foram distribuídos pela sala de aula,

textos recortados de jornal e os alunos circularam pelas carteiras, fazendo leitura.

Explicamos que notícia é uma forma de divulgar um acontecimento por

meios jornalísticos. É a matéria-prima do Jornal, normalmente reconhecida como

algum dado ou evento socialmente importante que merece ser publicado em um

jornal, podendo ser fatos políticos, sociais, econômicos, culturais, naturais e outros.

Geralmente a notícia tem conotação negativa, como acidentes, tragédias,

guerras entre outras. As notícias têm valor jornalístico apenas quando acabaram de

acontecer ou quando não foram noticiadas previamente por nenhum veículo de

comunicação.

Explicamos também que a notícia cobre apenas um fato. Que a mesma não

deve conter opinião do repórter, deve ser neutra e precisa ter credibilidade para

conquistar o leitor. Deve ter um título que desperte a curiosidade de quem lê.

Orientamos que a notícia apresenta uma estrutura textual, com titulo, introdução e

desenvolvimento. Necessita de contemplar os seguintes aspectos:

“O quê?” - O fato ocorrido.

“Quem?” – Personagem(s) envolvido(s).

“Quando?” - O momento do fato.

“Onde?” - O local do fato.

“Como?” - O modo como o fato ocorreu.

Com a intenção de analisar a compreensão dos alunos sobre o gênero em

estudo e o compromisso deles quanto à realização de tarefas, solicitamos que

trouxessem para a aula seguinte o recorte de uma notícia, com o nome do jornal e a

data de sua publicação. De posse do material, cada aluno leu em voz alta seu texto

e com a ajuda do professor foram encontrados os aspectos acima citados. Com o

intuito de diagnosticar o conhecimento já adquirido, foi proposto aos alunos que

recordassem de um fato ocorrido na cidade e produzissem a noticia, mesmo que

imperfeita, para saber quais os aspectos desse genêro necessitariam de outras

intervenções.

Assim, outra produção escrita foi realizada de forma coletiva, onde o

professor foi o escriba, oportunizando a participação de todos e a troca de

experiências. Esta atividade proporcionou a percepção de que alguns apresentam

20

dificuldades quanto à expressão oral, o que repercute na produção escrita. Como

término da sequência de atividades propostas, solicitamos a produção individual de

uma notícia, onde foi utilizado como tema o desenvolvimento do próprio projeto de

intervenção pedagógica.

Os textos produzidos foram corrigidos e realizada a refacção.

Confeccionamos cartões com palavras dos textos produzidos e que apresentaram

erros ortográficos. Distribuímos para os alunos, solicitamos que os espalhassem

na carteira, fizessem a leitura do seu texto, olhassem a forma correta da grafia das

palavras escritas incorretamente e fizessem a correção com auxílio dos cartões.

Desta forma, a aula tornou-se prazerosa, menos cansativa e serviu para ampliar o

acervo léxico.

Como avaliação do trabalho de intervenção pedagógica, utilizamos outro

quadro comparativo como o do início da proposta, para análise e percepção dos

avanços apresentados pelos alunos, a partir das atividades aplicadas.

Voltamos a afirmar que, se houver intencionalidade, a aula produz efeitos na

aprendizagem do aluno, proporciona o gosto pelo aprender e pela assiduidade na

escola. Faz-se necessário, portanto, a utilização de metodologias diferenciadas que

venham atender às necessidades de cada educando.

4 Conclusão

O trabalho desenvolvido na Sala de Apoio à Aprendizagem com os alunos

da 5 série/ 6ºano do ensino fundamental, por meio da utilização de materiais

didáticos pedagógicos diversificados mostrou-se bastante eficiente, pois os

educandos participaram das aulas com entusiasmo e curiosidade, demonstrando

gosto pelo aprender. Houve melhoria na assiduidade da sala de apoio à

aprendizagem e na sala regular.

Com esse trabalho também foi possível perceber e analisar o

desenvolvimento dos alunos como um todo e verificar os que apresentam outras

dificuldades além da escrita e os que necessitam de intervenção pedagógica

diferenciada ou até mesmo frequentar sala de recursos.

21

Para aqueles alunos que realmente apresentaram apenas dificuldades na

escrita, o jogo como atividade lúdica, trouxe um aprendizado real e significativo,

tanto que em um grupo de doze alunos participantes efetivamente da sala de apoio

à aprendizagem, ao término do projeto, dois alunos foram transferidos, dois foram

indicados para avaliação psicológica e possível encaminhamento à sala de

Recursos e os demais foram aprovados com sucesso no término do ano letivo.

Pudemos constatar que as atividades propostas ajudaram no processo de

aprendizagem e desenvolvimento dos alunos e foi valiosoa para a escola, pois

houve a escrita de outros gêneros textuais os quais os alunos já tinham estudado,

porém não possuiam o conhecimento necessário sobre sua função social e a

forma correta da escrita.

Portanto, podemos concluir que as atividades propostas surtem bons

resultados, mas cabe ao professor fazer a mediação necessária para que os alunos

desenvolvam capacidades linguísticas, discursivas e compreendam as

peculiaridades de cada gênero. Além disso, sejam capazes de produzir textos com

coesão e coerência, uma vez que a escola é considerada o espaço de

aprimoramento do nível de alfabetização e letramento dos alunos e responsável por

levá-los a familiarizar-se com a escrita convencional e tornarem-se usuários

competentes da língua.

Referências

ANTUNES, I. Aula de Português: encontro & interação. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

BATLLORI, J. Jogos para treinar o cérebro. São Paulo: Madras; 2006.

BRASIL. Secretária de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Língua Portuguesa: Ensino de primeira a quarta série. 1997

CAGLIARI, L. C. Alfabetização e ortografia. Educar em Revista, Curitiba, Paraná, v.20, n.1, 2002.

22

CAGLIARI, L. C. Alfabetização&linguística. São Paulo: Scipione.2008.

DOLZ, Joaquim. Produção escrita e dificuldades de aprendizagem: Campinas. S.P. Mercado Letras, 2010.

INFANTE, U. Texto: Leitura e escritas. São Paulo: Scipione, 2000.

GÓES, M.C.R.(org). A Linguagem e o outro no espaço escolar: Vygotsky e a construção do conhecimento. São Paulo: Papirus, 1993.

KRAMER, S. Escrita, experiência e formação: múltiplas possibilidades de criação escrita. In: A experiência da leitura. YUNES, E. São Paulo: Loyola, 2003.

KISHIMOTO, T. M. Jogos, brinquedos, brincadeiras e a Educação. São Paulo: Cortez, 2005.

MACEDO, L. de; Petty, A. L. S; PASSOS, N. C. Aprender com Jogos e Situações- Problema. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

MORAIS. A. M. P. Distúrbios da Aprendizagem – uma abordagem psicopedagógica. –São Paulo: Edicon, 2006.

PARANÁ. Secretária de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação - DCEs, 2008.

Programa de curso, 2001, Londrina. Dificuldades de aprendizagem: Abordagem Neuropsicológica. PESTUN. M. S.V. 2001.

SANTOS. M.T. M. e NAVAS. A. L. G. P. Distúrbios de Leitura e Escrita - Teoria e prática. Manoele. 2002.

SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Autêntica. 2001.

http://pt.wikipédia.org/wiki/Jornalismo- a enciclopédia livre. - Acessado em:06 de junho de 2011.

http://pt.wikines.org./wiki/Ajuda: Escrever_uma. not%c3%ADcia - Acessado em 06 de junho de 2011.

http://engp2013.files.wordpress.co/2008/03/01- ortografia.pdf. - Acessado em 10 de junho de 2011.

23

http:// www.profala.com.artipsico78.htm –Jogar Aprendendo.Contribuições do Jogos no Processo de Letramento. - Acessado em 15 de junho de 2011.

http://jogos-educativos.info/emos/view/Jogos_para_a_sala_de_aula. - Acessado em 21 de junho de 2011.

br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20070417013818..Notícia Jornalistica.- Acessado em 30 de junho de2011.

br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20070417013818...O que são notícia e como funciona – Acessado em 30 de junho de 2011.

24

ANEXO I

Atividades Desenvolvidas com os Alunos

Atividade nº 1

Caça-palavras:

W K C U L P A A S D H O M E M

F G O J K P A S S R O L P Ç Z

O X R C V M E N I N O B A N L

C M A P H P M M Q W C A R R O

I E Ç O O A R A P E N T E N R

G T A Y S S U G U E R R A E A

O I O O P S P R C O R P O B F

L A A V I A O O B A L T O L C

O D E F T D G C H U V A O I J

O L M N A O P U L T I M O N Q

Z R T U L U Z Y O D A H C A M

Rol de palavras:

Machado – último - neblina – zoológico – luz – magro – chuva – corpo – guerra –

alto osso – passado – farol – pare – carro - coração – hospital – avião – menino –

pássaro – homem – culpa.

25

Atividade nº 2

Jogo: O Cair das Letras.

Aluno (a)____________________________________________________________ Data:__________________

O CAIR DAS LETRAS

C A O C T E I E B É

N A S S O E R A P E

N Ã O # O R M # # E

# A # # T B M # # O

☻ ☻

☻ ☻

☻ ☻

☻ ☻

As letras de cada coluna caem para a casa diretamente abaixo delas, mas não

necessariamente na ordem em que estão. Depois de colocadas aparecerá uma

adivinha, que você deverá completar.

O QUE É O QUE É? ADVINHA SE PUDER!

26

Atividade nº 3

Bula de Remédio

Tiras de letras e palavras para compor uma frase.

Siga

Corretamente

o

modo

de

usar

não

desaparecendo

os

sintomas

procure

orientação

Médica.

Fonte: Bula de remédio.

27

Atividade nº 4

Receita Culinária

Tiras de frases, para compor um texto

Biscoito da vovó

2 - xícaras de chá de maizena;

½ - xícara de chá de farinha de trigo;

1 - xícara de margarina;

3 - colheres de sopa de coco ralado.

Modo de fazer:

Misture todos os ingredientes em uma vasilha.

Amasse bem e faça pequenas bolinhas.

Coloque em uma assadeira untada e deixe certa distância entre elas.

Achate ligeiramente com um garfo.

Leve ao forno aquecido com temperatura média, por 10 minutos.

Sirva de preferência após esfriar. Que delícia!

Fonte: Receita caseira da vovó.

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Atividade nº 5

Questionamento sobre o que é notícia, com a finalidade de investigar o nível

de conhecimento que os alunos apresentavam sobre essa tipologia. Para o

reconhecimento desse gênero textual foram utilizadas as seguintes perguntas:

• O que são noticias?

• Onde podemos encontrá-las?

• Quem as produz?

• Por que elas são produzidas?

• Para quem?

Atividade nº 6

Recorte de Notícias de Jornal

Distribuir vários recortes de noticias de Jornal e explorá-las oralmente,

verificando se os alunos compreenderam como se escreve uma notícia.

29

Atividade nº 7

Roteiro para Produção de Texto

Aluno (a):

Lembrar de um fato ou acontecimento que ocorreu essa semana, na cidade ou em casa e responda:

Título do fato ou acontecimento.

Quando aconteceu o fato?

Onde aconteceu o fato?

Com quem aconteceu o fato?

Como aconteceu o fato?

Agora que você já respondeu os questionamentos, transforme esse fato em NOTÍCIAS para um jornal escrito.

30

Atividade nº 8

Ditado de Palavras

OUVIR E ESCREVER. (Aqui foi realizado ditado das palavras com erros ortográficos na escrita da noticia, atividade de nº7) __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Atividade nº 9

Caça- palavras

NOME DO ALUNO___________________________________________________

PROCURE AS PALAVRAS ABAIXO NO CAÇA-PALAVRAS E FAÇA CORREÇÃO

CASO ESTEJA ESCRITO DE FORMA INCORRETA.

C P R O J E T O L E S C R I T A D G

A C A L L H U N S A O O T R I I G N

I A E E F M E X E N D O V R I L O M

X C N N H R T Y N F G Y A I U J R N

A D T Q T E S H H D H J T T A N T O

S M R H J R E V O L V E R A A G S V

S E E P K R O B R S A M A R S K A B

A B G O L E A N V J Y B S A D W R E

D M U O Ç C C H E G A R A M F F D S

M A E O C O L A M Ç L K J H G T A C

E T M I A H V B N A H L U R T A P O

B R N E B I C X Z Q O W E E T U O L

M T B Q D F G F G A M I L I A Y L A

A Y V A Ç O E H J L E Ç P O I U I L

T Ç C A A S A S A A N D Y U H I C O

U U A T E F A S S U S T A D O S I Ç

J R X R R D O U T O R H I O M L A S

P L Z A P S A R O D N A C N I R B E

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Atividade nº 10

Produção de Texto

Produza um texto do gênero notícia, informando como aconteceram as aulas do

nosso projeto.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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