alston, ashanti. anarquismo negro

Upload: benigno-xavier

Post on 23-Feb-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/24/2019 ALSTON, Ashanti. Anarquismo Negro

    1/7

    2/9/2014 Anarquismo Negro por Ashanti Alston[1] | Das Lutas

    http://daslutas.wordpress.com/2014/09/01/anarquismo-negro-por-ashanti-alston1/ 1/7

    Das Lutas

    Coletivo

    Anarquismo Negro por Ashanti Alston[1]

    Traduo: Mariana Santos (Das Lutas)

    Apoio: Caralmpio Trillas

    Muitos anarquistas clssicos consideravam o anarquismo como um corpo de verdadeselementares que apenas precisavam ser reveladas ao mundo e acreditavam que as pessoas setornariam anarquistas uma vez expostas lgica irresistvel da idia. Esta uma das razespelas quais eles tendiam a ser to didticos.

    Felizmente a prtica vivida do movimento anarquista muito mais rica do que isso. Poucosconvertem-se de tal forma: muito mais comum que as pessoas abracem o anarquismolentamente, medida que descobrem que relevante para a sua experincia de vida epermevel a suas prprias percepes e preocupaes.

    http://daslutas.wordpress.com/https://daslutas.files.wordpress.com/2014/09/ashanti.jpghttp://daslutas.wordpress.com/
  • 7/24/2019 ALSTON, Ashanti. Anarquismo Negro

    2/7

    2/9/2014 Anarquismo Negro por Ashanti Alston[1] | Das Lutas

    http://daslutas.wordpress.com/2014/09/01/anarquismo-negro-por-ashanti-alston1/ 2/7

    A riqueza da tradio anarquista est justamente na longa histria de encontros entredissidentes no-anarquistas e o quadro anarquista que herdamos do final do Sculo XIX eincio do Sculo XX. O anarquismo tem crescido atravs de tais encontros e agora enfrentacontradies sociais que antes eram marginais ao movimento. Por exemplo, h um sculo atrs,a luta contra o patriarcado era uma preocupao relativamente menor para a maioria dosanarquistas, mas hoje amplamente aceita como uma parte integrante da nossa luta contra adominao.

    Foi somente nos ltimos 10 ou 15 anos que os anarquistas na Amrica do Norte comearam aexplorar srio o que significa desenvolver um anarquismo que tanto pode combater asupremacia branca como articular uma viso positiva da diversidade cultural e de intercmbiocultural. Camaradas esto trabalhando duro para identificar os referenciais histricos de taltarefa, como o nosso movimento deve mudar para abra-lo, e como um anarquismoverdadeiramente antirracista pode parecer.

    O seguinte material, de Ashanti Alston, membro do conselho do IAS[2], explora algumasdestas questes. Alston, que era membro do Partido dos Panteras Negras e do Exrcito Negrode Libertao, descreve o(s) seu(s) encontro(s) com o anarquismo (que comeou quando ele foipreso por atividades relacionadas com o Exrcito Negro de Libertao). Ele toca em algumasdas limitaes das vises mais antigas do anarquismo, a relevncia contempornea doanarquismo para os negros, e alguns dos princpios necessrios para construir um novomovimento revolucionrio.

    Esta uma transcrio editada de uma palestra dada por Alston em 24 de outubro de 2003 noHunter College, em Nova York. O evento foi organizado pelo Instituto de Estudos Anarquistase co-patrocinado pelo Movimento Estudantil de Ao Libertadora, da Universidade de Cidade

    de Nova York ~ Chuck Morse_____________

    Embora o Partido dos Panteras Negras fosse muito hierrquico, eu aprendi muito com a minhaexperincia na organizao. Acima de tudo, nos Panteras me marcou a necessidade deaprender com as lutas de outros povos. Eu acho que tenho feito isso e essa uma das razespelas quais sou um anarquista hoje. Afinal, quando velhas estratgias no funcionam,precisamos olhar para outras formas de fazer as coisas, para ver se podemos nos descolar eavanar novamente. Nos Panteras, absorvemos muita coisa de nacionalistas, marxistas-

    leninistas, e de outros como eles, mas suas abordagens para a mudana social tinhamproblemas significativos e me aprofundei no anarquismo para ver se haviam outras maneirasde pensar sobre como fazer uma revoluo.

    Eu aprendi sobre anarquismo atravs de cartas e de literatura enviadas para mim, enquantoestava em vrias prises por todo o pas. No comeo eu no queria ler qualquer material querecebi parecia que o anarquismo era apenas sobre o caos e todo mundo fazendo suas prpriascoisas e por muito tempo eu o ignorei. Mas houve momentos quando eu estava na solitria que no tinha mais nada para ler e, para fugir do tdio, finalmente comecei a meter a mo no

    tema (apesar de tudo o que eu tinha ouvido falar sobre o anarquismo at o momento). Fiqueirealmente muito surpreso ao encontrar anlises de lutas populares, culturas populares eformas de organizaes populares aquilo fez muito sentido para mim.

  • 7/24/2019 ALSTON, Ashanti. Anarquismo Negro

    3/7

    2/9/2014 Anarquismo Negro por Ashanti Alston[1] | Das Lutas

    http://daslutas.wordpress.com/2014/09/01/anarquismo-negro-por-ashanti-alston1/ 3/7

    Estas anlises me ajudaram a ver coisas importantes sobre a minha experincia nos Panterasque no estavam claras para mim antes. Por exemplo, eu pensei que havia um problema com aminha admirao por pessoas como Huey P. Newton, Bobby Seal, e Eldridge Cleaver e com ofato de que eu os tinha colocado em um pedestal. Afinal de contas, o que isso diz sobre voc, sevoc permitir que algum se estabelea como seu lder e tome todas as suas decises por voc?O anarquismo me ajudou a ver que voc, como um indivduo, deve ser respeitado e queningum suficientemente importante para pensar por voc. Mesmo que ns achemos que

    Huey P. Newton ou Eldridge Cleaver so os piores revolucionrios do mundo, eu deveria mever como o pior revolucionrio, exatamente como eles. Mesmo que eu fosse jovem, tenho umcrebro. Eu posso pensar. Eu posso tomar decises.

    Eu pensei em tudo isso enquanto estava na priso e me vi dizendo: Cara, ns realmente noscolocamos de uma forma que ramos obrigados a criar problemas e produzir cismas. Fomosobrigados a seguir programas sem pensar. A histria do Partido dos Panteras Negras, toincrvel como , tem esses esqueletos. A menor pessoa no totem deveria ser um trabalhador e oque estava na parte superior era quem tinha o crebro. Mas na priso eu aprendi que eu

    poderia ter tomado algumas dessas decises sozinho e que as pessoas ao meu redor poderiamter tomado essas mesmas decises. Embora eu tenha apreo por tudo o que os lderes doPartido dos Panteras Negras fizeram, eu comecei a ver que podemos fazer as coisas de formadiferente e, assim, extrair mais plenamente nossas prprias potencialidades e nosencaminharmos ainda mais para uma autodeterminao real. Embora no tenha sido fcil noincio, insisti com o material anarquista e descobri que eu no poderia coloc-lo de lado, umavez que comeou a me dar vislumbres. Eu escrevi para pessoas em Detroit e no Canad, quetinham me enviado a literatura, e pedi para que me enviassem mais.

    No entanto, nada do que eu recebi tratava de pessoas negras ou latinas. Talvez houvesse

    discusses ocasionais sobre a Revoluo Mexicana, mas nada falava de ns, aqui, nos EstadosUnidos. Houve uma nfase esmagadora sobre aqueles que se tornaram os anarquistasfundadores Bakunin, Kropotkin, e alguns outros mas estes valores europeus, queabordavam as lutas europeias, realmente no dialogavam comigo.

    Eu tentei descobrir como isso se aplicava a mim. Comecei a olhar para a Histria Negra denovo, para a Histria Africana, e as histrias e lutas das outras pessoas de cor. Eu encontreimuitos exemplos de prticas anarquistas nas sociedades no europeias, desde os tempos maisantigos at o presente. Isso foi muito importante para mim: eu precisava saber que no eram

    apenas os europeus que poderiam funcionar de uma forma antiautoritria, mas que todos nspodemos.

    Fui encorajado por coisas que eu encontrei na frica no tanto pelas antigas formas quechamamos de tribos mas por lutas modernas que ocorreram no Zimbabwe, Angola,Moambique e Guin-Bissau. Ainda que fossem liderados por organizaes vanguardistas, euvi que as pessoas estavam construindo comunidades democrticas radicais na base. Pelaprimeira vez, nesses contextos coloniais, os povos africanos estavam criando o que erachamado pelos angolanos de poder popular. Este poder popular tomou uma forma muitoantiautoritria: as pessoas no estavam s conduzindo suas vidas, mas tambm as

    transformando enquanto lutavam contra qualquer poder estrangeiro que os oprimia. Noentanto, em cada uma dessas lutas de libertao, novas estruturas repressivas foram impostaslogo que as pessoas chegavam prximo libertao: a liderana estava obcecada com idias degovernana, em estabelecer um exrcito permanente, em controlar as pessoas depois que os

  • 7/24/2019 ALSTON, Ashanti. Anarquismo Negro

    4/7

    2/9/2014 Anarquismo Negro por Ashanti Alston[1] | Das Lutas

    http://daslutas.wordpress.com/2014/09/01/anarquismo-negro-por-ashanti-alston1/ 4/7

    opressores forem expulsos. Uma vez que a to apregoada vitria foi conseguida, o povo quehavia lutado durante anos contra os seus opressores foi desarmado e, em vez de existir umpoder popular real, um novo partido foi instalado no comando do Estado. Assim, no houvereais revolues ou a verdadeira libertao em Angola, Guin-Bissau, Moambique eZimbabwe, porque eles simplesmente substituram um opressor estrangeiro por um opressornativo.

    Ento, aqui estou eu, nos Estados Unidos, lutando pela libertao negra e me perguntando:como que podemos evitar situaes como essa? O anarquismo me deu uma maneira deresponder a esta questo, insistindo que ns ponhamos no lugar, como fazemos em nossa lutaagora, as estruturas de tomada de decises e de fazer coisas que continuamente tragam maispessoas para o processo, e no apenas deixar a maioria das pessoas iluminadas tomaremdecises por todos os outros. O prprio povo tem que criar estruturas em que articulem suaprpria voz e em que tomem suas prprias decises. Eu no recebi isso de outras ideologias: eurecebi isso do anarquismo.

    Tambm comecei a ver, na prtica, que as estruturas anarquistas de tomada de deciso sopossveis. Por exemplo, nos protestos contra a Conveno Nacional Republicana, em agosto de2000, eu vi os grupos normalmente excludos pessoas de cor, mulheres e gays participaremativamente de todos os aspectos da mobilizao. Ns no permitimos que pequenos grupostomassem decises por outros e, apesar de as pessoas terem diferenas, elas eram vistas comoboas e benficas. Era novo para mim, depois da minha experincia nos Panteras, estar em umasituao onde as pessoas no esto tentando disputar o mesmo lugar e realmente abraam atentativa de resolver nossos interesses por vezes contraditrios. Isso me deu algumas idiassobre como o anarquismo pode ser aplicado.

    Tambm me fez pensar: se pode ser aplicado para os diversos grupos no protesto contra aConveno, poderia eu, como um ativista negro, aplicar essas coisas na comunidade negra?

    Algumas de nossas idias sobre quem somos como povo bloqueiam nossas lutas. Por exemplo,a comunidade negra muitas vezes considerada um grupo monoltico, mas na verdade umacomunidade de comunidades com muitos interesses diferentes. Penso em ser negro no tantocomo uma categoria tnica, mas como uma fora de oposio ou como pedra de toque para veras coisas de forma diferente. A cultura negra sempre foi opositora e tudo isso a busca decaminhos para criativamente resistir opresso aqui, no pas mais racista do mundo. Ento,quando eu falo de um Anarquismo Negro, no est to ligado cor da minha pele, mas quemeu sou como pessoa, como algum que pode resistir, quem pode enxergar de uma formadiferente quando eu estou bloqueado e, assim, viver de forma diferente.

    O que importante para mim sobre o anarquismo a sua insistncia de que voc nunca deveficar preso em velhas e obsoletas abordagens e sempre deve tentar encontrar novas maneirasde ver as coisas, de sentir e de se organizar. No meu caso, eu apliquei pela primeira vez oanarquismo no incio de 1990 em um coletivo que criamos para rodar o jornal dos PanterasNegras novamente. Eu ainda era um anarquista no armrio neste momento. Eu ainda noestava pronto para sair e me declarar um anarquista, porque eu j sabia o que as pessoas iriam

    dizer e como eles iriam olhar para mim. Quem eles veriam quando digo anarquista? Elesveriam os anarquistas brancos, com todos aqueles cabelos engraados, etc. e dizer comodiabos que voc vai se envolver com isso?

  • 7/24/2019 ALSTON, Ashanti. Anarquismo Negro

    5/7

    2/9/2014 Anarquismo Negro por Ashanti Alston[1] | Das Lutas

    http://daslutas.wordpress.com/2014/09/01/anarquismo-negro-por-ashanti-alston1/ 5/7

    Houve uma diviso neste coletivo: de um lado havia companheiros mais velhos que estavamtentando reinventar a roda e, por outro, eu e alguns outros que diziam: Vamos ver o quepodemos aprender com a experincia vinda dos Panteras e construir em cima dela e melhor-la. Ns no podemos fazer as coisas da mesma maneira. Enfatizamos a importncia de umaperspectiva antissexista uma velha questo dentro dos Panteras mas do outro lado estavaalgo do tipo eu no quero ouvir todas essas coisas feministas. E ns dissemos: Tudo bem sevoc no quer ouvir isso, mas queremos que as pessoas jovens ouam, para que eles saibam

    sobre algumas das coisas que no funcionaram nos Panteras, para que eles saibam que nstivemos algumas contradies internas que no poderamos superar. Ns tentamos forar aquesto, mas se tornou uma batalha e as discusses tornaram-se to difceis que uma separaoocorreu. Neste ponto, deixei o coletivo e comecei a trabalhar com grupos anarquistas eantiautoritrios, que foram realmente os nicos a tentarem lidar de forma consistente comessas dinmicas at o momento.

    Uma das lies mais importantes que eu tambm aprendi com o anarquismo que voc precisaolhar para as coisas radicais que j fazemos e tentar incentiv-las. por isso que eu acho que h

    muito potencial para o anarquismo na comunidade negra: muito do que j fazemos anarquista e no envolve o Estado, a polcia ou os polticos. Ns tomamos conta um do outro,ns nos importamos com os filhos uns dos outros, ns vamos para o mercado uns para osoutros, encontramos maneiras de proteger nossas comunidades. At mesmo igrejas aindafazem as coisas de uma forma muito comunal, at certo ponto. Eu aprendi que existemmaneiras de ser radical sem ficar distribuindo literatura e dizendo s pessoas: Aqui est oretrato da situao, se voc enxergar isso, vai seguir automaticamente a nossa organizao e seuntar revoluo. Por exemplo, a participao um tema muito importante para oanarquismo e tambm muito importante na comunidade negra. Considere o jazz: um dosmelhores exemplos de uma prtica radical existente porque ele assume uma conexo

    participativa entre o individual e o coletivo e permite a expresso de quem voc , dentro deum ambiente coletivo, com base no gozo e no prazer da msica em si. Nossas comunidadespodem ser da mesma forma. Podemos reunir todos os tipos de perspectivas de fazer msica,de fazer revoluo.

    Como podemos nutrir cada ato de liberdade? Seja com as pessoas no trabalho ou as pessoasque passam o tempo na esquina, como podemos planejar e trabalhar juntos? Precisamosaprender com as diferentes lutas ao redor do mundo que no so baseadas em vanguardas. Hexemplos na Bolvia. H os zapatistas. H grupos no Senegal construindo centros sociais. Voc

    realmente tem que olhar para as pessoas que esto tentando viver e no necessariamentetentando chegar com as idias mais avanadas. Precisamos tirar a nfase do abstrato e focar noque est acontecendo na base.

    Como podemos construir com todas estas diferentes vertentes? Como podemos construir comos Rastas? Como podemos construir com as pessoas da Costa Oeste que ainda esto lutandocontra o governo, por conta da minerao em terras indgenas? Como podemos construir comtodos esses povos para comear a criar uma viso da Amrica que seja para todos ns?

    Pensamento de oposio e os riscos de ser oposio so necessrios. Eu acho isso muito

    importante neste momento e uma das razes pelas quais eu acho que o anarquismo tem muitopotencial para nos ajudar a seguir em frente. E isso no um pedido para aderirmosdogmaticamente aos fundadores da tradio, mas para estarmos abertos a tudo o que aumentaa nossa participao democrtica, a nossa criatividade e nossa felicidade.

  • 7/24/2019 ALSTON, Ashanti. Anarquismo Negro

    6/7

    2/9/2014 Anarquismo Negro por Ashanti Alston[1] | Das Lutas

    http://daslutas.wordpress.com/2014/09/01/anarquismo-negro-por-ashanti-alston1/ 6/7

    Acabamos de ter uma Conferncia Anarquista de Pessoas de Cor em Detroit, de 03 a 05 deoutubro. Cento e trinta pessoas vieram de todo o pas. Foi timo para vermos ns mesmos ebem como o interesse das pessoas de cor de todo o Estados Unidos em busca de formasmarginais de se pensar. Vimos que poderamos nos tornar aquela voz em nossas comunidades,que diz: Espere, talvez ns no precisemos nos organizar assim. Espere, a maneira que vocest tratando as pessoas dentro da organizao opressiva. Espere, qual a sua viso? Gostariade ouvir a minha?. H uma necessidade para esses tipos de vozes dentro de nossas diversas

    comunidades. No apenas as nossas comunidades de cor, mas em toda comunidade h umanecessidade de parar o avano dos planos pr-fabricados e confiar que as pessoas podemdescobrir coletivamente o que fazer com este mundo. Eu acho que ns temos a oportunidadede deixar de lado o que ns pensamos que seria a resposta e lutarmos juntos para explorardiferentes vises do futuro. Podemos trabalhar nisso. E no h uma resposta: temos detrabalhar com isso medida que avanamos.

    Embora queiramos lutar, vai ser muito difcil por causa dos problemas que herdamos desteimprio. Por exemplo, eu vi algumas lutas muito duras, emocionadas, em protestos contra a

    Conveno Nacional Republicana. Mas as pessoas se mantiveram bloqueadas, mesmo quemcomeou a chorar no processo. No vamos superar algumas das nossas dinmicas internas quenos mantiveram divididos, a menos que estejamos dispostos a passar por algumas lutasrealmente difceis. Esta uma das outras razes pelas quais eu digo que no h uma resposta:s temos que passar por isso.

    Nossas lutas aqui nos Estados Unidos afetam todos no mundo. As pessoas nas classessubalternas vo desempenhar um papel fundamental e a maneira como nos relacionamos comelas vai ser muito importante. Muitos de ns somos privilegiados o suficiente para ser capaz deevitar alguns dos desafios mais difceis e vamos ter de abrir mo de parte desse privilgio, a

    fim de construir um novo movimento. O potencial est l. Ns ainda podemos ganhar eredefinir o que significa vencer mas temos a oportunidade de promover uma viso mais ricada liberdade do que j tinha antes. Temos que estar dispostos a tentar.

    Como um Pantera, e como algum que passou clandestinidade enquanto guerrilha urbana,pus a minha vida no limite. Eu assisti meus companheiros morrerem e passei a maior parte daminha vida adulta na priso. Mas eu ainda acredito que podemos vencer. A luta muito difcile quando voc cruza esse limite, voc corre o risco de ir para a cadeia, ficar gravemente ferido,morto, e assistir seus companheiros ficando gravemente feridos e mortos. Isso no uma

    imagem bonita, mas isso o que acontece quando voc luta contra um opressor enraizado.Estamos lutando e isso vai tornar tudo mais difcil para eles, mas a luta tambm vai ser difcilpara ns.

    por isso que temos de encontrar maneiras de amar e apoiar uns aos outros atravs de temposdifceis. mais do que apenas acreditar que podemos vencer: precisamos ter estruturasconsolidadas que possam nos ajudar a caminhar, quando sentirmos que no podemos dar maisnenhum passo. Acho que podemos mudar novamente se pudermos descobrir algumas dessascoisas. Este sistema tem que cair. Isso nos fere a cada dia e no podemos desistir. Temos quechegar l. Temos que encontrar novas maneiras.

    O anarquismo, se significa alguma coisa, significa estar aberto para o que quer que for precisoem nosso pensamento, em nossa vivncia e nas nossas relaes para vivermos plenamente evencermos. De certa forma, eu acho que so a mesma coisa: viver a vida ao mximo ganhar. claro que vamos e devemos entrar em conflito com os nossos opressores e precisamos

  • 7/24/2019 ALSTON, Ashanti. Anarquismo Negro

    7/7

    2/9/2014 Anarquismo Negro por Ashanti Alston[1] | Das Lutas

    http://daslutas.wordpress.com/2014/09/01/anarquismo-negro-por-ashanti-alston1/ 7/7

    encontrar boas maneiras de faz-lo. Lembre-se daqueles das classes subalternas, que so osmais afetados por isso. Eles podem ter diferentes perspectivas sobre como essa luta deve serfeita. Se ns no podemos encontrar caminhos para nos encontrarmos cara-a-cara afim deresolvermos essa situao, velhos fantasmas reaparecero e ns voltaremos mesma velhasituao em que estivemos antes.

    Vocs todos podem fazer isso. Voc tem a viso. Voc tem a criatividade. No permitam que

    ningum bloqueie isso.

    De Perspectivas sobre a teoria anarquista, Primavera 2004 Volume 8, nmero 1http://www.anarchist- studies.org/publications/perspectives

    FONTE: http://www.anarchist- studies.org/article/articleview/70/1/8/

    Instituto de Estudos Anarquistas: http://www.anarchist- studies.org/

    [1] In. Perspectivas sobre a teoria anarquista, boletim semestral do Instituto de EstudosAnarquistas, Primavera 2004 Volume 8, Nmero 1

    [2] Institute for Anarchist Studies

    Publicado s 1 de setembro de 2014 por lcfdaf em Memria das lutas, Para seguir lutando emarcado Anarquismo, Anarquismo Negro, Antirracismo, Brasil, Brazil, Democracia direta,Estado, Favela, Luta, Negro, racismo, Represso Policial.http://wp.me/p3t8r0-mi

    Post anteriorPost seguinteBlog no WordPress.com. O tema Suburbia.

    Seguir

    Seguir Das Lutas

    Tecnologia WordPress.com

    https://wordpress.com/?ref=lofhttp://void%280%29/https://wordpress.com/themes/suburbia/https://pt-br.wordpress.com/?ref=footer_bloghttp://daslutas.wordpress.com/2014/09/01/em-nossa-sociedade-a-violencia-contra-mulheres-nao-tem-sujeito/http://daslutas.wordpress.com/2014/08/17/sobre-a-morte-de-seres-humanos-em-um-acidente-aereo/http://wp.me/p3t8r0-mihttp://daslutas.wordpress.com/tag/repressao-policial/http://daslutas.wordpress.com/tag/racismo/http://daslutas.wordpress.com/tag/negro/http://daslutas.wordpress.com/tag/luta/http://daslutas.wordpress.com/tag/favela/http://daslutas.wordpress.com/tag/estado/http://daslutas.wordpress.com/tag/democracia-direta/http://daslutas.wordpress.com/tag/brazil/http://daslutas.wordpress.com/tag/brasil/http://daslutas.wordpress.com/tag/antirracismo/http://daslutas.wordpress.com/tag/anarquismo-negro/http://daslutas.wordpress.com/tag/anarquismo/http://daslutas.wordpress.com/category/para-seguir-lutando/http://daslutas.wordpress.com/category/memoria-das-lutas/http://daslutas.wordpress.com/author/lcfdaf/http://www.anarchist-%20studies.org/http://www.anarchist-%20studies.org/article/articleview/70/1/8/http://www.anarchist-%20studies.org/publications/perspectives