almeida cardoso batista 2012 turismo cultural um estudo a 13388

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    Turismo Cultural: um estudo a luz do Bairro daRibeira na perspectiva do empresário local

    Cultural Tourism: a study in light of Ribeiraneighborhood from the perspective of local businessman

    AUTORES:

    ANA CAROLINA ARAÚJOMestranda do Programa de Pós-Graduação em Turismo PPGTUR/UFRNE-mail: [email protected]://lattes.cnpq.br/4546808721363481

    CRISTIANE SOARES CARDOSOMestre pelo Programa de Pós-Graduação em Turismo PPGTUR/UFRNE-mail: [email protected]://lattes.cnpq.br/8040585386178528

    SAULO GOMES BATISTAMestrando do Programa de Pós-Graduação em Turismo PPGTUR/UFRNE-mail: [email protected]://lattes.cnpq.br/4472031870569213

    http://lattes.cnpq.br/4546808721363481http://lattes.cnpq.br/4546808721363481http://lattes.cnpq.br/8040585386178528http://lattes.cnpq.br/8040585386178528http://lattes.cnpq.br/4472031870569213http://lattes.cnpq.br/4472031870569213http://lattes.cnpq.br/4472031870569213http://lattes.cnpq.br/8040585386178528http://lattes.cnpq.br/4546808721363481

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    RESUMO

    O turismo cultural é um segmento que vem apresentando nas últimas décadas umatendência de crescimento explicada pela exploração das localidades onde a expressãocultural é representada pelas festividades, arte visual e trabalhos manuais. Nesse contexto oobjetivo do artigo é mostrar a percepção dos empresários do bairro da Ribeira sobre opotencial cultural, identificando fragilidades e potencialidades. A pesquisa realizadacaracterizou-se como qualitativa e descritiva. Conclui-se que os empresários locaisreconhecem o valor que o bairro possui, mas em função da negligência do poder local, osmesmos não são otimistas em relação ao futuro.

    PALAVRAS-CHAVETurismo cultural. Ribeira. Comunidade.

    ABSTRACT

    The cultural tourism is a segment that in recent decades have been showing an upwardtrend explained by exploring the places where cultural expression is represented by thefestivals, visual art and crafts. In this context the objective of the paper is to show theperception of entrepreneurs about the quarter of Ribeira cultural potential, identifyingweaknesses and strengths. The type of research is characterized as descriptive andqualitative. It is concluded that local entrepreneurs recognize the value that theneighborhood has, but due to the negligence of local authorities, they are not optimisticabout the future.

    KEYWORDSCultural tourism. Ribeira. Community.

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    1 INTRODUÇÃO

    O turismo cultural é um segmento onde o aspecto da cultura humana, que pode serhistórica, cotidiana, artesanal ou qualquer dos aspectos abrangentes ao conceito de culturavem apresentando nas últimas décadas uma tendência de crescimento explicada pelaexploração das localidades onde a expressão cultural é representada pelas festividades, artevisual e trabalhos manuais, facilitando assim o acesso a estes espaços, bem como aaproximação das pessoas beneficiando economicamente as localidades onde se exerce oturismo.

    Nos últimos anos a atividade turística vem apresentando uma característica globalmuito forte, por ser um elemento impulsionador da economia mundial, além de possibilitaro desenvolvimento de determinadas áreas e permitir uma infraestrutura básica local geradapor uma determinada demanda.

    No Brasil, o turismo cultural vem sendo uma alternativa de reafirmação daidentidade cultural de determinadas localidades. Entretanto, vale lembrar que nem sempreestas realidades patrimoniais e culturais predominantes nas regiões em que o turismo épraticado, são voltadas para o desenvolvimento cultural por tratar-se em muitos casos deinteresses de poderes, beneficiando poucos em uma sociedade.

    Mas quando existe uma política pública alicerçada e estruturada nas questõesculturais, esta ação poderá proporcionar aos estados consideráveis resultados, como no RioGrande do Norte, cujo turismo vem se consolidando de forma crescente, sendo reconhecidacomo uma das principais atividades capazes de contribuir de forma significativa no que serefere ao Produto Interno Bruto – (PIB), utilizando suas características e potencialidades,como ferramenta capaz de minimizar disparidades sociais e econômicas existentes naeconomia local.

    Assim sendo, o artigo tem como objetivo mostrar a percepção dos empresários doBairro da Ribeira sobre o potencial cultural, identificando fragilidades e potencialidades,vendo no turismo cultural uma alternativa, além do sol e mar possibilitando assim umacompreensão dos benefícios econômicos, sociais e culturais.

    2 CONHECENDO O BAIRRO DA RIBEIRA

    O Bairro da Ribeira é um local admirado pelos amantes da cultura como também dahistória. Cercada de prédios antigos, o lugar foi palco de importantes fatos históricos (aimportância do Bairro no contexto da segunda Guerra, possuindo um prédio que serviu deespionagem alemã) e políticos (reuniões de partidos políticos no Grand Hotel) que marcarama história da cidade (PLANO DE REABILITAÇÃO DE ÁREAS URBANAS, 2008).

    Localizado na zona leste da cidade, o bairro compreende duas áreas: a parte baixaconhecida como Ribeira histórica e a parte alta da cidade conhecida como alto da Ribeira. Obairro é conhecido por grandes personalidades que ali residiram e Luís da Câmara Cascudofoi uma delas. Segundo o mesmo, o local recebeu este nome, visto que:

    Ribeira porque a Praça Augusto Severo era uma campina alagada pelasmarés do Potengi. As águas lavavam os pés dos morros. Onde está o Teatro

    Alberto Maranhão, tomava-se banho salgado em fins do século XIX. O

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    português julgava estar vendo uma ribeira. O terreno era quase todoensopado, pantanoso, enlodado. Apenas alguns trechos ficavam adescoberto nas marés altas de janeiro. (CASCUDO 1980, p.149)

    Por possuir um solo um tanto alagado, o Bairro era conhecido como Campina daRibeira, pois para chegar até as proximidades do Teatro Alberto Maranhão era necessárioretirar os calçados e levantar a bainha da calça para poder caminhar sem molhar as vestes.(PLANO DE REABILITAÇÃO DE ÁREAS URBANAS 2008).

    Com o passar do tempo o Bairro da Ribeira foi apresentando um crescimentogradativo e em 1938 existiam somente quatro ruas: a Rua do Aterro, a Rua Duque de Caxias,a Rua Silva Jardim e a Rua da Alfândega. A primeira é hoje conhecida como Junqueira Aires,enquanto a Rua da Alfândega tornou-se a Rua do Comércio e desde 1932 é chamada de RuaChile.

    Em meados da década de 1960 a Ribeira abrigava os principais centrosviários de Natal: a estação rodoviária, a estação da Rede Ferroviária(inaugurada em 15/09/1957) e o movimento portuário. Nesta época já seobservava casas residenciais e conjuntos habitacionais em torno daRibeira/Rocas, onde os moradores, em sua maioria, eram funcionários naRede Ferroviária Federal e outros de estabelecimentos comerciaislocalizados no bairro. Os principais comércios e órgãos públicos seinstalaram na região, em razão da rodoviária, ferrovia e o porto estaremnesse bairro, o que acabou gerando toda uma infraestrutura decorrente dademanda de pessoas que ali circulavam. (PLANO DE REABILITAÇÃO DEÁREAS URBANAS 2008, P.03)

    Segundo consta no plano de reabilitação de áreas urbanas (2008), o TAM (TeatroAlberto maranhão), cuja construção durou quase um século, era um espaço reservado à“elite”, e desde sua inauguração era impeditivo aos negros, entretanto, se o negro não faziaparte da “cultura de elite”, era através da música e da religião que ele dava sua ricacontribuição para a cultura da Ribeira. O Bairro sempre abrigou diferentes manifestaçõesartísticas e culturais da cidade.

    Ainda no “coração da Ribeira“ no mesmo entorno da Praça, encontrava -se a EstaçãoRodoviária, construída na década de 1960, utilizada para locomoção intermunicipal einterestadual da população. A “rodoviária velha”, assim conhecid a pelos comerciantes epopulação da cidade do Natal, também foi responsável pelo crescimento econômico doBairro devido ao grande movimento de pessoas, que utilizam seus serviços. Diante docrescimento econômico da cidade, agências bancárias foram se instalando e o movimentonas ruas da Ribeira foi ficando cada vez mais intenso, o que veio a fortalecer o seu comércio.

    Durante a Segunda Guerra Mundial a Ribeira viveu seu apogeu, quando soldadosnorte-americanos aportaram no bairro, onde estes estrangeiros quando por aqui passaramdeixaram grande influência não apenas nos hábitos e costumes, mas também na estruturaurbana da cidade.

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    O bairro possui uma área cultural representada por prédios antigos e depersonalidades históricas do estado, mas devido à dinâmica de desenvolvimento da cidade,a Ribeira foi caindo ao esquecimento, em meio às construções antigas se esconde históriasriquíssimas de um bairro que outrora foi um dos mais importantes, onde todo contextopolítico, social e cultural daquela época aconteciam de maneira expressiva.

    É preciso então, discutir e entender a importância e abrangência das percepçõeshistóricas e culturais presentes nas áreas em que a cultura se faz ou se fez presente, a partirdisso segue-se uma abordagem para melhor entendimento sobre cultura.

    3 UMA ANÁLISE HISTÓRICA E CONCEITUAL DE CULTURA

    Definir cultura não é uma tarefa simples, o que desperta interessesmultidisciplinares sendo estudada por áreas como antropologia, sociologia, história, turismoentre outras. Seu caráter transversal perpassa diferentes campos da vida cotidiana, além domais, a palavra Cultura vem sendo utilizada em diferentes contextos semânticos.

    A origem do termo Cultura, segundo Laraia (2001), foi por volta do final do séculoXVIII e no princípio do seguinte, quando o termo germânico Kultur era utilizado parasimbolizar todos os aspectos espirituais de uma comunidade, enquanto que a palavrafrancesa Civilization referia-se principalmente às realizações materiais de um povo.

    Com o passar do tempo, o conceito de cultura sofreu uma modificação que foirealizada por Edward Tylor, onde o mesmo sintetizou o termo francês Civilization e oalemão Kultur em um único vocábulo, como menciona Barreto:

    Edward B. Tylor, em 1871, sintetizou os dois conceitos no vocábulo inglêsculture , afirmando que cultura é todo esse complexo que incluiconhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes, ou qualquer outracapacidade ou hábito adquiridos pelo homem como membro de umasociedade. (BARRETTO 2007, P.16)

    Ao sintetizar esses dois conceitos, Tylor permitiu ao conceito de cultura ser maiscompleto, não se limitando apenas a questões nacionais ou pessoais, mas abrangendopraticamente tudo o que pode ser pensando com exceção da biologia. (KUPER 2002)

    Segundo Laraia (2001) a definição de cultura formulada por Edward Tylor, foiuma definição do ponto de vista antropológico, que no primeiro parágrafo do seu livroPrimitive Culture

    (1871), tentou:Demonstrar que cultura pode ser objeto de um estudo sistemático,pois trata-se de um fenômeno natural que possui causas eregularidades, permitindo um estudo objetivo e uma análise capaz deproporcionar a formulação de leis sobre o processo cultural e aevolução. (LARAIA 2001, p.30)

    Nesta passagem fica claro o apoio de Tylor nas ciências naturais, já que o mesmoconsiderava a cultura como um fenômeno natural, o que para alguns autores gerava certoequívoco na sua definição. Em razão disso, Barretto (2007), alega que o problema do

    conceito de cultura definido por Tylor era que o mesmo estava condicionado pela teoria

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    evolucionista de Darwin, onde via o que se chama hoje de diversidade cultural como umproblema de evolução.

    Nas primeiras décadas do Séc. XX, segundo Kurper (2002. Pag. 59), Max Weberdefendia cultura como: “o legado de uma parcela finita da infin idade de fatos do mundo semsignificado, que tem significado e importância do ponto de vista dos seres humanos”. Ouseja, para Max Weber, a cultura seria uma herança de determinados fatos que é significativopara um grupo de indivíduos e que esta cultura pode ser compartilhada com outros grupos.

    Conforme Geertz (1989, p.52), “A cultura podia ser interpretada, mas não explicada,afirmando ser necessário aprender a separar o que é biológico, o que é psicológico noshomens, do que é cultural”. O mesmo defendia que ocorrendo propensões em todos oshomens, a forma como estas se concretizam dependeria da cultura.

    Cabe salientar que a cultura possui duas dimensões, uma antropológica e outrasociológica. Na visão antropológica:

    A cultura se produz através da interação social dos indivíduos, queelaboram seus modos de pensar e sentir constrói seus valores, manejamsuas identidades e diferenças e estabelecem suas rotinas. Desta forma,cada indivíduo ergue à sua volta, e em função de determinações de tipodiverso, pequenos mundos de sentido que lhe permitem uma relativaestabilidade. Desse modo, a cultura fornece aos indivíduos aquilo que échamado por Michel de Certeau, de “equilíbrios simbólicos, con tratos decompatibilidade e compromissos mais ou menos temporários ” (BOTELHO2001, p.03).

    Já em sua dimensão sociológica, segundo Botelho (2001, p. 04), “um conjunto

    diversificado de demandas profissionais, institucionais, políticas e econômicas, tendo,portanto, visibilidade em si própria”. Apesar de não existir uma definição universal aceitapara o termo cultura, existe consenso em alguns aspectos. “Indiscutivelmente trata -se deum sistema simbólico, referido a ideias, a valores e uma atitude mental coletiva, e é certotambém que os símbolos aparecem de forma muito variada em cada grupo humano”.(KUPER 2002, p. 288).

    Não há dúvidas de quanto à cultura pode vir a influenciar o funcionamento de umasociedade, pois quando se pensar em cultura, não tem como deixar de pensar em processospolíticos e sociais, muitas vezes levando a comercialização da cultura. Essa comercialização,decorrente de uma estrutura capitalista, acaba sendo visto como algo condenável para

    alguns e para outros, como algo extremamente normal, já que se encontra em umasociedade contemporânea e isso acaba fazendo parte de seu contexto.A cultura gera efeitos em uma sociedade. Tanto o faz que:

    Não é possível precisar o quanto a cultura deixa sua marca na sociedade,mas é certo que o faz, tanto assim que a recente mundialização dosprocessos políticos- econômicos não conseguiu a uniformização desejadapelos detentores do poder econômico mundial justamente pela resistênciadas culturas locais, aquilo que Giddens chama de reflexidade. (BARRETTO2007, p.20)

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    Mesmo não merecendo o devido valor, a cultura de um local esta relacionada com aconstrução de sua identidade, e sem a sua valorização, ocorre à perda da identidadecultural, descaracterizando todo um contexto histórico, cultural ao qual já pertenceu. Por

    isso, será apresentado no capítulo seguinte a importância do turismo histórico cultural bemcomo suas realidades e fragilidades existentes no Bairro da Ribeira.

    4 O TURISMO HISTÓRICO CULTURAL NO BAIRRO DA RIBEIRA

    Ao falar do Bairro da Ribeira, logo se remete a um bairro que foi sinônimo deboemia, palco de confrontos políticos, manifestações culturais e prosperidade econômica.Este por sua vez já foi um dos bairros mais importantes da cidade do Natal. Hoje, com seusprédios de importante valor simbólico e cultural abandonados, as ruínas, caracterizandoassim com o passar dos anos a perda de sua própria identidade.

    O esquecimento e o abandono da Ribeira têm suas justificativas, segundo o Planode Reabilitação de Áreas Urbanas Centrais (2008, p.21), esse fato é decorrência do“Movimento dos centros comerciais em direção a Zona Sul da cidade. Como umacaracterística de cidades em desenvolvimento, bairros novos foram surgindo e,consequentemente, novos centros comerciais”. A construção de novas galerias e shoppingspossibilitou outras opções de comércio, o que fez a população mudar seu circuito decompras em direção a outras zonas da cidade. Outro fato significativo e unânime apontadopelos moradores foi à saída da Rodoviária que marcou muito essa decadência. Mesmodiante do investimento feito pelo Governo do Estado com pavimentação de ruas e avenidas,amenizando um pouco o problema de alagamentos, não foi possível manter o comércio local

    funcionando.Em meio aos prédios antigos e abandonados no Bairro, existe um circuito histórico-

    cultural que compreende atrações de grande valor, tais como o Teatro Alberto Maranhão,Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão, Casa da Ribeira, Casa de Câmara Cascudo,Museu Café Filho, Capitania das Artes, IPHAN (Instituto Histórico Geográfico), Museu deArtes Sacras e outros. Por possuírem esse valor, deveriam ser fonte de investimentos porparte do poder público, com vista a dinamizar o turismo na cidade, que é mais caraterizadopelo sol e mar.

    Há muito que se fazer para dinamizar a cultura em Natal, mas existem algumaspráticas, mesmo que incipientes para seu estimulo no bairro, a exemplo existe a Caminhada

    Histórica de Natal que esta na 5ª edição sendo a última edição realizada no ano de 2010, quetem como objetivo resgatar a história da cidade, possibilitando que os participantesconheçam o acervo cultural, através de visita a locais como o Memorial Câmara Cascudo, aIgreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, o Solar Bela Vista, o Grande Hotel, entreoutros. Segundo entrevista concedida ao site nominuto.com, os organizadores mencionaramque ao visitar os monumentos, os participantes recebem informações de historiadores queexplicam os aspectos culturais dos locais visitados por uma equipe coordenada pelopesquisador e Professor de História Alexandre Rocha.

    O roteiro "oficial" mostrado aos turistas que visitam a cidade vai até a Fortaleza dosReis Magos, e apenas passa pela Ribeira, não parando para contar a história do bairro bem

    como da riqueza cultural presente nos casarões antigos. Mesmo que as agências de turismose interessem pelo local, ainda é necessário que o poder público crie condições para receber

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    esses visitantes possibilitando assim, segurança e infraestrutura necessárias para que oturismo aconteça na sua plenitude.

    Para a EMBRATUR 1992, Turismo Cultural“é aquele que se pratica para satisfazer odesejo de emoções artísticas e informação cultural, visando à visitação a monumentoshistóricos, obras de arte, relíquias, concertos, museus, pinacotecas”. Mas estes espaçosnecessitam estar estruturados para receberem a comunidade e o visitante.

    Para Vaz (1999, p. 64), o turismo cultural:

    São viagens com amplo interesse, tanto pela diversidade de modalidadesartísticas como pelos níveis ou origens de expressão popular, de massa,erudita, urbana, rural, nativa... O que parece caracterizar mais fortemente osegmento é a intenção de apreciar manifestações e obras de arte, seja peloaspecto estético ou histórico.

    A prática do turismo cultural na cidade é uma real possibilidade, já que corredorhistórico-cultural presente no Bairro da Ribeira é um importante elemento para seconcretizar este tipo de turismo. Segundo B arretto (2003, p.22), “turismo cultural seriaaquele que tem como objetivo de conhecer os bens materiais e imateriais produzidos pelohomem.” Segundo a própria autora, esse conceito de turismo cultural precisa ser melhoranalisado, pois algumas classificações se limitam a roteiros que mostram arte, limitando acultura apenas a este conceito.

    Com relação ao turismo cultural no bairro da Ribeira, existem algumas iniciativas nosentido de resgatar o brilho que o bairro outrora possuía. Um desses projetos é a Ribeiracompetitiva, projeto esse realizado em conjunto pela Associação Comercial do Rio Grandedo Norte (ACRN), e terá apoio de instituições como a Universidade Federal do Rio Grande doNorte (UFRN), SEBRAE, Federação do Comércio (Fecomércio), Caixa Econômica Federal eBanco do Nordeste. A Ribeira Competitiva pretende unir a força do empresariado local paraagregar valor aos estabelecimentos e atrair mais clientes, movimentando o mercado dobairro.

    Segundo a reportagem publicada no Diário de Natal, no dia 6 de abril de 2011, aACRN dividiu o projeto em duas frentes: uma voltada para os gestores e outra para aspolíticas públicas. A primeira deve capacitar os funcionários das empresas, ajudar osgestores através de consultorias, estimular a inovação e promover o acesso às novastecnologias. A segunda levará ao poder público a necessidade de incentivos fiscais etributários para estimular novos investimentos, melhoria na infraestrutura e valorização dacultura no bairro.

    Outra iniciativa que está ocorrendo no bairro é o Agosto da Alegria. A FundaçãoJosé Augusto, promotora do evento, tem como objetivo reunir os parceiros e convidadospara apresentar a agenda cultural do mês em que se festejam as tradições populares e ofolclore em todo o mundo.

    Muito ainda há de se fazer pelo bairro para retomar seu dinamismo de antes. É bomressaltar que medidas como ribeira competitiva, incentivos fiscais, dentre outros comobjetivo de tornar o bairro habitado são louváveis, mas há de salientar que muito podeainda ser feito pelo bairro, com maior participação no poder público e para melhor

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    compreensão se faz necessário no capítulo seguinte entender como a cultura está presentena sociedade contemporânea.

    5 CULTURA NA PERSPECTIVA DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

    Ao abordar o tema cultura, inúmeras críticas surgem quanto ao seu conceito,principalmente no que se refere à concepção antropológica, entretanto, discussões a parte,cabe ressaltar que a cultura tem grande significado, pois a mesma permitiu umacontribuição fundamental na reflexão sobre o homem e sua vida, principalmente em umasociedade contemporânea.

    A sociedade é fruto de processos culturais, resultante de uma construção humana,portanto, para compreender a sociedade em toda sua complexidade, é importante referir-sea agrupamentos humanos específicos. Segundo Carneiro (2008), as diferentes construçõessociais produzem as diversas sociedades. Cada sociedade possui sua especificidade o que adiferencia das demais, possuindo características e elementos que as distingue uma dasoutras.

    Falar de sociedade e de cultura é fazer referência a fenômenos tipicamentehumanos, o que segundo Carneiro (2008), trata-se de realidades humanas e, portanto, nossoolhar tem o ser humano como ponto de partida, pois é ele que produz cultura, sendo umadas manifestações culturais a vida social ou vida em sociedade, já que as característicashumanas são frutos de um contexto sociocultural.

    O resultado desses processos culturais deu origem à diversidade entre associedades, diversidades caracterizadas por elementos próprios determinantes na afirmaçãode sua identidade. Em razão desta mesma diversidade a sociedade é composta de pessoasque apresentam modos de vidas completamente diferentes. Com isso a autora Barretto(2007), apresenta o conceito contemporâneo de identidade e diz que este está voltado paraa ideia de movimento, formação e transformação a partir de condições biológicas,geográficas e históricas, apresentando uma multiplicidade de identidades que os indivíduosvão identificando-se de acordo com as circunstâncias ocorridas.

    Ortiz (1985), aborda em suas escritas a questão da identidade brasileira, em um deseus trechos fala que a identidade é uma construção simbólica, afirmando que não existeuma identidade propriamente autêntica, concordando com a opinião da autora citadaanteriormente. O autor menciona que a identidade não é algo estático ao tempo e aspessoas, as características de uma sociedade vão sendo moldadas com o passar dos anos, apartir das ações dos indivíduos que a compõe. Em relação ao conceito de identidadecultural, o autor explica que:

    Toda identidade é uma construção simbólica, o que elimina, portanto asdúvidas sobre a veracidade ou falsidade do que é produzido. Dito de outraforma, não existe uma identidade autêntica, mas uma pluralidade deidentidades, construídas por diferentes grupos sociais em diferentesmomentos históricos. (ORTIZ,1985, p.08)

    No trecho acima, o autor confirma sua ideia de que a identidade cultural não é umfator fixo em uma sociedade, mas um múltiplo fator, não existindo o que é certo ou errado,

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    com isso as pessoas que compõem um ambiente podem apresentar características dehábitos e costumes diferenciados uns dos outros.

    A identidade de uma sociedade pode passar por transformações ocasionadas porinfluências de outras sociedades, em alguns casos tais mudanças podem ser identificadascomo perda de identidade, quando uma assume características de outras localidades eacaba deixando de lado seus costumes tradicionais e com o passar do tempo não sãotransmitidas para as novas gerações, ou seja, a identidade local fica esquecida e passa a sersubstituída por hábitos e costumes de outras sociedades que foram inseridos com o passardos anos.

    A sociedade contemporânea vem passando por mudanças em seus hábitos, devidoàs influências ocasionadas por um processo de transformação chamado de globalização, quesegundo o autor Bauman (1999) é um processo que ao mesmo tempo em que une aspessoas pode separá-las, tornando evidente a segregação de classes sociais, devido à rápidaprodução de capital, em que os ricos tornam-se mais ricos e os pobres tornam-se cada vez

    mais pobres, considerando tal processo como um promotor da desordem mundial.O processo de globalização tem proporcionado novas possibilidades de intercâmbio

    entre culturas distintas, principalmente através das ferramentas de comunicação, queencurta a distância entre países e cidades, além do acesso rápido ao conhecimento,oferecendo mobilidade social devido às oportunidades que são criadas e esse processo quetanto pode trazer benefícios como malefícios a uma determinada cultura, pode ocorrer quea mesma seja reduzida a uma vertente estritamente mercadológica, perdendo sua essênciade fato. Porém muitos são os exemplos de comunidades que estavam perdendo suaidentidade e conseguiram reafirmá-la através do turismo cultural, bem como proporcionarbenefícios econômicos, sociais, além de permitir sua continuidade.

    O abandono e o esquecimento da história do Bairro da Ribeira vêm caracterizando aperda da identidade deste, visto que o local possui um grande potencial e a população tempouco conhecimento de sua riqueza arquitetônica, histórica e cultural. O turismo cultural nobairro é visto como uma alternativa de revitalizá-lo, além de resgatar toda história e culturaque ainda, mesmo que esquecido, se faz presente entre os prédios antigos, além deproporcionar benefícios Econômicos, sociais e culturais aos que ali se fazem presentes.

    6 INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

    O objetivo da pesquisa foi mostrar a percepção que os empresários do Bairro daRibeira têm sobre a potencialidade cultural, com isso realizou-se uma coleta de dados entreos dias 10 e 11 de julho de 2011, com um total de 52 questionários respondidos. Talquantidade foi obtida a partir do número total de 220 estabelecimentos comerciaisinstalados no bairro, segundo dados do Sebrae (2011) - Serviço Brasileiro de Apoio às Microe Pequenas Empresas - publicados em uma reportagem on line . A interpretação dos dadoscoletados foi realizada através do programa estatístico SPSS – Pacote Estatístico para asCiências Sociais – a qual foi possível obter a frequência e porcentagens de algumas questõese a média de outras as quais foram estruturadas em escala Likert de cinco pontos. Destaforma, pode-se dizer que tal estudo se caracteriza como qualitativo e descritivo.

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    de número quatro, perguntava o nível de conhecimento do entrevistado sobre a história dobairro, teve como média 2,87, o que mostra que o conhecimento dos entrevistados emrelação a história do bairro encontra-se entre pouco e razoável. A questão cinco, perguntavasobre o grau de envolvimento em programas ou projetos realizados na ribeira, obtendo-secomo média 1,46, ficando entre as posições de nenhum a pouco envolvimento. Com relaçãoà preservação física do patrimônio histórico e cultural presente na Ribeira, foi verificada apercepção dos comerciantes do bairro e média das repostas corresponderam a 1,79,revelando que a avaliação destes estão na posição entre nenhuma e pouca preservação.Quando perguntado sobre o grau de valorização que o bairro recebe por parte dos órgãospúblicos e da comunidade local, a média obtida foi de 1,75, ficando em posição semelhanteàs questões anteriores, ou seja, entre nenhuma e pouca valorização. Já em relação ao nívelde turistas que caminham no bairro, a média das respostas corresponde a 2,25, entre poucoe razoável, ainda na percepção do entrevistado, quando perguntado se a Ribeira consegueatrair turistas pela estrutura atual, a média de respostas foi de 1,83, e por fim 3,60

    correspondem à média da pergunta se turismo cultural pode trazer algum tipo decontribuição para o estabelecimento, ou seja, as respostas mostram a posição entre razoávele muito.

    De acordo com as respostas verificadas através das tabelas apresentadas, é possívelperceber que os entrevistados veem que o bairro da Ribeira não recebe a devida atenção,além de achar que a estrutura física encontra-se mal preservada. O nível de conhecimentosobre a história do bairro fica a desejar, pois a média encontra-se entre pouco e razoável, oenvolvimento com projetos e programa é considerado baixo, apesar de que no período dapesquisa alguns comerciantes encontravam-se participando do projeto Ribeira Competitiva,realizado pela Associação Comercial do RN, tal projeto objetiva dar suporte aos micro e

    pequenos empresários no que se refere à infraestrutura do bairro. Podendo-se concluir quehá necessidade de se ter maior conhecimento da importância do bairro para a cidade,principalmente pelo seu valor cultural do bairro.

    7 CONCLUSÃO

    O Bairro da Ribeira já foi um dos cenários mais importantes na cidade do Natal. Seucomércio, a boemia, sua história e a cultura eram elementos que marcaram muito a históriado bairro e hoje ao contrário de tudo isto, encontra-se esquecimento, entre ruínas e prédiosantigos. A Ribeira foi um Bairro estritamente comercial, com o passar dos anos e asmudanças decorrentes do deslocamento levaram a intensidade do comércio para o sul dacidade. A pesquisa tenta mostrar por parte do empresariado local a percepção que osmesmos possuem sobre o potencial histórico-cultural existente no bairro.

    Estes se mostraram muito insatisfeitos em relação à atenção do poder público paracom o bairro. Iniciativas existentes por parte da prefeitura de conceder benefícios ao queforem morar ao bairro são encaradas negativamente pelo empresário local, pois alegam queo poder público não tem a devida atenção com os ali já exercem suas atividades, não se tema preocupação em beneficiá-los, muitas vezes caindo no esquecimento.

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    Turismo Cultural: um estudo a luz do bairro da Ribeira na perspectiva do empresário local

    Ana Carolina Araújo, Cristiane Soares Cardoso, Saulo Gomes Batista

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    Falta de iluminação, insegurança, estrutura dos transportes, a estética do própriobairro em função dos prédios abandonados, foram apontados como problemas presentes. Obairro possui um imenso potencial cultural e histórico a ser explorado, possibilitando ainserção deste na rota do turismo da cidade, por meio do turismo cultural. O que não faltade Atrativos falta em mobilização para sua aplicabilidade prática deste projeto. Muitos doscomerciantes ali instalados mencionaram do projeto de revitalizar o bairro, além de seremotimistas em relação aos benefícios que trariam ao bairro como aos mesmos.

    Com a pesquisa ficou claro que os empresários locais reconhecem o valor que obairro possui, mas em função da negligência do poder local em relação ao bairro, os mesmosnão são otimistas em relação ao futuro. O turismo cultural seria uma alternativa para trazernovamente a alma que o bairro possuía, além de favorecer o comércio ali existente com ofluxo de turistas. Para a implementação do turismo cultural de fato, planejamento éfundamental, não apenas em termos técnicos, mas também o discurso político que muitasvezes dificulta a realização de projetos. Sabe-se que a batalha é longa para a realização deste

    projeto, mas não se pode deixá-lo cair no esquecimento, o que acarretaria assim adesestruturação definitiva do corredor cultural presente na Ribeira.

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    INTERFACE – Natal/RN – v.9 – n.2 jul/dez 2012

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