allyson santos de souza · padrões da biodiversidade atlântica brasileira o extenso litoral do...

110

Upload: others

Post on 08-Jun-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer
Page 2: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

ALLYSON SANTOS DE SOUZA

PROSPECÇÃO DA BIODIVERSIDADE CRÍPTICA E PADRÕES

BIOGEOGRÁFICOS EM PEIXES DO LITORAL E ILHAS OCEÂNICAS

DO ATLÂNTICO OCIDENTAL

Tese apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Sistemática e Evolução

do Centro de Biociências da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte como parte

dos requisitos necessários à obtenção do

título de Doutor em Sistemática e Evolução,

com ênfase em Padrões e Processos

Evolutivos.

Orientador:

Prof. Dr. Wagner Franco Molina

Natal/RN 2017

Page 3: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Biociências – CB

Souza, Allyson Santos de.

Prospecção da biodiversidade críptica e padrões

biogeográficos em peixes do litoral e ilhas oceânicas

do Atlântico Ocidental / Allyson Santos de Souza. -

Natal, 2017.

108 f.: il.

Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio

Grande do Norte. Centro de Biociências. Programa de

Pós-graduação em Sistemática e Evolução.

Orientador: Prof. Dr. Wagner Franco Molina.

1. Pomacentridae - Tese. 2. Carangidae - Tese. 3.

Taxonomia - Tese. 4. Delimitação de espécies - Tese.

I. Molina, Wagner Franco. II. Universidade Federal do

Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU

567

Page 4: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

ALLYSON SANTOS DE SOUZA

PROSPECÇÃO DA BIODIVERSIDADE CRÍPTICA E PADRÕES

BIOGEOGRÁFICOS EM PEIXES DO LITORAL E ILHAS OCEÂNICAS

DO ATLÂNTICO OCIDENTAL

Tese apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Sistemática e Evolução

do Centro de Biociências da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte como parte

dos requisitos necessários à obtenção do

título de Doutor em Sistemática e Evolução,

com ênfase em Padrões e Processos

Evolutivos.

Aprovado em: 30 de março de 2017.

Comissão Examinadora:

Dr. José Garcia Júnior – IFRN

Dr. Paulo Augusto de Lima Filho – IFRN

Dr. Carlos Alfredo Galindo Blaha – UFRN

Dr. Sérgio Maia Queiroz Lima - UFRN

Page 5: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de dizer que esta conquista só foi possível devido a

ajuda de muitos, encarnados e desencarnados.

Agradeço primeiramente aos meus pais, Azuílo de Souza e Rosália Santos,

por nunca medirem esforços para fornecer-me boa educação, desde quando os

teares ainda eram manuais e de madeira;

À Ana Paula Santos de Medeiros pelo apoio e incentivo ao doutorado, além

da paciência, companheirismo e cumplicidade;

Ao professor Wagner Franco Molina pela orientação, confiança, paciência,

serenidade e aprendizado, científico e moral;

Aos amigos do Laboratório de Genética de Recursos Marinhos, incluindo

Antônio Jales Moraes Vasconcelos, que foi quem me introduziu no laboratório, em

2003, e na genética de peixes;

Aos meus ex-professores do Externato Tico e Teco, Colégio Diocesano

Seridoense e Centro Educacional José Augusto;

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte;

À Marinha do Brasil/SECIRM;

Ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade;

À Reserva Biológica do Atol das Rocas;

Ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis;

À Academia Brasileira de Ciências;

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES);

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq);

Muito obrigado.

Page 6: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................................ 12

Padrões da biodiversidade atlântica brasileira.............................................. 12

Estruturas geográficas e geomorfológicas da costa brasileira...................... 14

Análises genéticas e morfométricas na detecção da biodiversidade............17

OBJETIVO GERAL .................................................................................................. 19

Objetivos específicos 19

MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................... 20

Análises moleculares.....................................................................................20

Análises morfométricas................................................................................. 21

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 23

CAPÍTULO 1

A reappraisal of Stegastes species occurring in the South Atlantic using

morphological and molecular data ........................................................................ 30

ABSTRACT................................................................................................... 31

INTRODUCTION........................................................................................... 32

MATERIAL AND METHODS…..................................................................... 33

Specimen collection.......................................................................................33

Counts, traditional and geometric multivariate morphometry………………...37

DNA extraction, PCR amplification and DNA sequencing………………....... 37

Analysis of sequences………………...………………...………………...…… 39

RESULTS………………...………………...………………...………………...… 39

Quantification of Fin Rays and Lateral-line Scales………………...…………. 39

Principal Component Analysis………………...………………...……………… 40

Geometric morphometric analysis………………...………………...…………. 43

Genetic variation………………...………………...………………...…………… 44

Comparative genetic analyses………………...………………...……………… 45

DISCUSSION………………...………………...………………...………………. 49

CONCLUSION………………...………………...………………...……………... 52

REFERENCES………………...………………...………………...…………….. 53

Supplementary material Table 1………………...………………...…………… 60

Page 7: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

CAPÍTULO 2

Estrutura genética multipopulacional de Abudefduf saxatilis no oeste do

Atlântico Sul e ilhas oceânicas ............................................................................. 61

RESUMO………………...………………...………………...…………………… 62

INTRODUÇÃO………………...………………...………………...…………….. 63

MATERIAL E MÉTODOS………………...………………...………………...…. 64

Coleta dos espécimes………………...………………...………………...…….. 64

Análises moleculares………………...………………...………………...……… 64

RESULTADOS………………...………………...………………...…………….. 68

Sequências 16S e COI………………...………………...……………………… 68

Sequências da Região Hipervariável 1 (RHV1) ………………...……………. 68

DISCUSSÃO………………...………………...…………………………………. 77

REFERÊNCIAS………………...………………...………………………………. 81

Material suplementar..........................................………………...…………… 85

CAPÍTULO 3

Estruturação populacional panmítica do xaréu-preto, Caranx lugubris Poey

1860 em áreas do Atlântico Ocidental ................................................................... 89

RESUMO………………...………………...………………………...…………… 90

INTRODUÇÃO………………...………………...………………………...……... 91

MATERIAL E MÉTODOS………………...………………...…………………… 92

Coleta dos espécimes………………...………………...……………………….. 92

Análises moleculares………………...………………...………………………... 93

RESULTADOS………………...………………...………………………...…….. 95

DISCUSSÃO………………...………………...………………………...……….. 96

REFERÊNCIAS………………...………………...………………………...…... 101

Material suplementar………………...………………...………………………. 106

CONCLUSÕES GERAIS ........................................................................................107

Page 8: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

LISTA DE FIGURAS

INTRODUÇÃO

Figura 1. Atlântico Sul .............................................................................................. 15

CAPÍTULO 1

Figura 1. Map showing the geographic distributions of Stegastes variabilis and S.

fuscus (red), S. rocasensis (blue), S. sanctipauli (green) and S. trindadensis (yellow).

.................................................................................................................................. 34

Figura 2. Specimens of A Stegastes variabilis Castelnau 1855, B S. fuscus Cuvier

1830, C S. sanctipauli Lubbock and Edwards 1981, D S. rocasensis Emery 1972, E

S. trindadensis Gasparini, Moura and Sazima 1999, F S. pictus Castelnau 1855..... 35

Figura 3. Dispersion diagram of individual scores in the Principal Components

Analysis of Stegastes fuscus (blue diamonds), S. rocasensis (Fernando de Noronha

archipelago, pink squares), S. rocasensis (Rocas atoll, yellow triangles), S.

sanctipauli (X), S. variabilis (violet squares with an asterisk), and S. trindadensis

(green circles) ............................................................................................................ 43

Figura 4. Analysis of the canonical variables of body shape data of Stegastes fuscus

(blue diamonds), S. rocasensis (Fernando de Noronha archipelago, pink squares), S.

rocasensis (Rocas atoll, yellow triangles), S. sanctipauli (X), S. trindadensis (green

circles) and S. variabilis (violet squares with an asterisk) .......................................... 44

Figura 5. Neighbor-joining tree derived from COI sequences of Stegastes .............. 47

Figura 6. Maximum likelihood tree based on the combination of 16S, COI, CytB, rag1

and rhod (2,580 pb) sequences of Stegastes. ........................................................... 48

CAPÍTULO 2

Figura 1. Locais de coleta de Abudefduf saxatilis no oeste do Atlântico Sul e ilhas

oceânicas .................................................................................................................. 67

Figura 2. Rede de haplótipos de Abudefduf saxatilis baseado em sequências da

RHV1 ......................................................................................................................... 71

Page 9: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

Figura 3. Árvore de maximum likelihood baseado em sequências RHV1 de

Abudefduf saxatilis .................................................................................................... 72

Figura 4. Árvore de maximum likelihood baseada em sequências 16S de

Abudefduf ................................................................................................................. 73

Figura 5. Árvore de maximum likelihood baseada em sequências COI de

Abudefduf ................................................................................................................. 73

Figura 6. Estruturação genético populacional de Abudefduf saxatilis ao longo da

costa leste da América do Sul e ilhas oceânicas brasileiras ..................................... 76

CAPÍTULO 3

Figura 1. Áreas de coleta dos espécimes de Caranx lugubris .................................. 92

Figura 2. Morfótipos I (a) e II (b) de Caranx lugubris (sensu Jacobina et al., 2014),

coletados no entorno do Arquipélago de São Pedro e São Paulo ............................ 93

Figura 3. Rede de haplótipos baseadas em sequências parciais da Região

Hipervariável 1 (DNAmt) de Caranx lugubris............................................................. 96

Page 10: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 1

Tabela 1. Stegastes specimens analyzed and GenBank accession numbers of

mitochondrial and nuclear sequences used in phylogenetic estimates ..................... 36

Tabela 2. Primers used to amplify sequences of mitochondrial and nuclear genes of

Stegastes species ..................................................................................................... 38

Tabela 3. Frequency distribution of counts for 7 species of Stegastes from the

Western Atlantic ........................................................................................................ 41

Tabela 4. Variable loadings from sheared principal components analysis for

morphometric characters of Stegastes species ......................................................... 42

Tabela 5. Mean pairwise distances (p-distance) (lower diagonal) and mean number

of intraspecific (in parentheses) and interspecific (upper diagonal) nucleotide

differences with their respective standard errors based on partial sequences of 16S,

COI, CytB, rag1 and rhodopsin genes (2,580 bp) ..................................................... 46

Supplementary material Table 1. Genetic divergence (Kimura-2-parameter) among

Stegastes species (lower diagonal) with their respective standard errors (upper

diagonal) based on partial sequences of COI (658 bps) .......................................... 60

CAPÍTULO 2

Tabela 1. Pontos de coleta e número amostral de Abudefduf saxatilis ao longo da

costa oeste da América do Sul .................................................................................. 66

Tabela 2. Índices de diversidade genética e neutralidade em Abudefduf saxatilis

baseado em RHV1 ................................................................................................... 70

Tabela 3. Estimativas de FST entre diferentes populações geográficas de

Abudefduf saxatilis baseadas em RHV1 ................................................................. 74

Tabela 4. Análise hierárquica da variância molecular (AMOVA) baseado na RHV1

de Abudefduf saxatilis .............................................................................................. 75

Tabela suplementar 1. Distribuição dos haplótipos encontrados nas sequências

Região Hipervariável 1 de Abudefduf saxatilis. ......................................................... 85

Page 11: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

CAPÍTULO 3

Tabela 1. Diversidade genética de Caranx lugubris ...............................................100

Tabela suplementar 1. Distribuição de haplótipos em Caranx lugubris .................106

Page 12: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

RESUMO

O extenso litoral brasileiro é multipartido em diferentes ecossistemas, compostos por

estuários, manguezais, sistemas recifais, ilhas costeiras e oceânicas. Estes

ambientes possuem uma ictiofauna bastante diversificada composta por 1.297

espécies, das quais aproximadamente 25% representam espécies endêmicas.

Esses níveis de biodiversidade podem ser incertos, devido a ocorrência de espécies

crípticas e politípicas e pela ausência de estudos populacionais, sobretudo em

espécies recifais. Neste sentido, foram analisados aspectos populacionais,

taxonômicos e filogenéticos de espécies das famílias Pomacentridae (Perciformes) e

Carangidae (Carangiformes), distribuídos ao longo da costa e ilhas oceânicas

brasileiras. As análises moleculares e morfométricas realizadas em S. variabilis, S.

fuscus, S. rocasensis, S. sanctipauli e S. fuscus trindadensis indicaram sinonímia

entre S. rocasensis e S. sanctipauli, e entre S. fuscus e S. fuscus trindadensis. Além

disso, revelaram a presença de uma possível espécie críptica que tem sido

confundida com S. variabilis. As análises populacionais em Abudefduf saxatilis no

Atlântico Ocidental, incluindo as ilhas oceânicas, revelam um quadro de panmixia

desde a Venezuela até o sudeste do Brasil, enquanto que as populações insulares

possuem diferentes níveis de estruturação genética, sobretudo a da Ilha de

Trindade. As análises genéticas na espécie politípica Caranx lugubris indicaram uma

grande população panmítica no Atlântico Ocidental, lançando novos dados sobre a

origem dos morfótipos que ocorrem no entorno do Arquipélago de São Pedro e São

Paulo. Os dados obtidos aprofundam o conhecimento da fauna íctica insular do

Atlântico e servem de subsídios para o manejo e conservação de espécies dessas

importantes e particulares regiões oceânicas.

Palavras-chave: Pomacentridae, Carangidae, taxonomia, delimitação de espécies

Page 13: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

ABSTRACT

The extensive Brazilian coast is multi-party in different ecosystems, composed by

estuaries, mangroves, reef systems, oceanic and coastal islands. These

environments detain a largely diversified ichthyofauna composed by 1,297 species, in

which 25% represents endemic species. These levels of biodiversity can be

uncertain, because of the occurrence of cryptic and polytypic species and the

absence of population studies, especially in reef species. In this sense, population,

taxonomical and phylogenetical aspects were analyzed form species of the

Pomacentridae (Perciformes) and Carangidae (Carangiformes) families, along the

coast and oceanic islands of Brazil. The molecular and morphometric analyzes were

performed in S. variabilis, S. fuscus, S. rocasensis, S. sanctipauli and S. fuscus

trindadensis indicated synonym among S. rocasensis and S. sanctipauli, and

between S. fuscus and S. fuscus trindadensis. Besides that, revealed the presence

of a possible cryptic species which has been confused with S. variabilis. The

population analyzes in Abudefduf saxatilis at the Western Atlantic, including the

oceanic islands, reveals a status of panmixia from Venezuela to the Southeast of

Brazil, while the island populations have different levels of genetic structuration,

specially the population of the Trindade island. The genetic analyzes in the polytypic

species Caranx lugubris indicated a large panmitic population in the Western Atlantic,

revealing new data about the origins of the morphotypes that occurs in the

surroundings of the Saint Paul Rocks archipelago. The data obtained expands the

knowledge over the insular ichthyic fauna of the Atlantic and serves as subsidy to the

conservation and management of species of these particular and important oceanic

regions.

Keywords: Pomacentridae, Carangidae, taxonomy, species delimitation

Page 14: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

12

INTRODUÇÃO GERAL

Padrões da biodiversidade atlântica brasileira

O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros,

o que acaba por favorecer a ocorrência de uma diversificada ictiofauna. No entanto,

os valores de biodiversidade podem ser dúbios devido a ocorrência de espécies

crípticas e politípicas em diversos grupos. O uso de marcadores moleculares e

morfométricos podem contribuir na detecção da biodiversidade críptica, fornecendo

subsídios para seu manejo e conservação.

A ictiofauna brasileira é composta por aproximadamente 1.298 espécies, das

quais 456 pertencem à Ordem Perciformes e 45 à Carangiformes (Menezes et al.,

2003; Nelson et al., 2016). Incluindo os arquipélagos de São Pedro e São Paulo

(ASPSP), Fernando de Noronha (FN), o Atol das Rocas (AR) e Ilha de Trindade (IT),

esta ictiofauna é composta por aproximadamente 25% de espécies endêmicas.

Quando apenas a zona costeira é considerada, o nível de endemismo cai para

10,5%. Dentre estes ambientes insulares brasileiros, o Arquipélago de São Pedro e

São Paulo possui a maior taxa de endemismos (9,3%) (Floeter et al., 2008). No

entanto, o real número de táxons, principalmente endêmicos, é incerto devido ao

limitado conhecimento sobre aspectos genéticos de espécies e populações,

sobretudo as insulares, e devido ao registro crescente de espécies crípticas e/ou

politípicas.

No Brasil, a ocorrência de diversidade críptica e espécies politípicas

envolvendo espécies das Ordens Perciformes (Luiz-Júnior, 2003; Rangel et al.,

2004; Lima et al., 2005; Mendes, 2007; Rangel & Mendes, 2009; Lima-Filho et al.,

2012, 2016; Souza et al., 2015) e Carangiformes (Jacobina et al., 2014; Duarte et al.,

2017) vêm sendo documentadas, sobretudo nas regiões insulares.

Dentre os Perciformes, a família Pomacentridae se destaca por constituir um

dos grupos marinhos mais representativos (Wainwright & Bellwood, 2002) e

diversificados grupos nos ambientes recifais, com 406 espécies (Eschmeyer & Fong,

2017).

A definição taxonômica de diversas espécies de Pomacentridae se mostra

complicada devido à ocorrência de complexos de espécies e marcantes variações

nos padrões de coloração entre indivíduos e entre áreas de distribuição de uma

Page 15: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

13

mesma espécie (Greenfield & Woods, 1974; Allen, 1991; Planes & Doherty, 1997;

Novelli et al., 2000; Souza et al., 2011).

Nas ilhas oceânicas brasileiras ocorrem três espécies endêmicas de

Pomacentridae, que são Stegastes rocasensis, no Atol das Rocas e Arquipélago de

Fernando de Noronha, S. sanctipauli, no Arquipélago de São Pedro e São Paulo, e

S. fuscus trindadensis, na Ilha de Trindade. Apesar de serem consideradas espécies

válidas, seus status taxonômicos estão estabelecidos apenas com base em análises

morfológicas tradicionais. Análises com marcadores moleculares do tipo RAPD

(Random Amplification of Polymorphic DNA) realizadas em S. pictus, S. variabilis, S.

fuscus, S. rocasensis e S. sanctipauli não encontraram distinção genética entre as

espécies insulares (Dias-Júnior & Molina, 2008). A utilização de outros marcadores

moleculares é necessária para a avaliação do status taxonômico destas formas,

sobretudo pela ocorrência de vários complexos de espécies nesta família (Greenfield

& Woods, 1974).

Uma das espécies mais abundantes da família Pomacentridae, Abudefduf

saxatilis, conhecida como Sargentinho, constitui o único representante do gênero na

costa e ilhas oceânicas brasileiras. Sua ocorrência vai desde Indo-Pacífico até o

Atlântico tropical e é uma das espécies mais comuns nos ambientes recifais

brasileiros (Gasparini & Floeter, 2001; Feitoza et al., 2003; Menezes, 2003, 2011;

Vaske et al., 2005). Mesmo assim, pouco se sabe sobre sua estrutura populacional

na costa oeste do Atlântico.

No intuito de se obter informações acerca da sua estrutura populacional,

análises morfológicas multivariadas em diferentes populações costeiras e insulares

de A. saxatilis revelaram uma marcante plasticidade fenotípica interpopulacional e

uma variação clinal, no sentido norte-sul do Atlântico, envolvendo diferentes

elementos seriais (Molina et al., 2006). Variações populacionais através de

marcadores moleculares RAPD, em espécimes coletados na costa dos estados da

Bahia e Rio Grande do Norte, além do Arquipélago de São Pedro e São Paulo,

sugerem a existência de significativo isolamento populacional da população desta

região insular (Rodrigues & Molina, 2007). Esses dados corroboram com as

divergências morfológicas populacionais entre essas regiões (Molina et al., 2006).

No Caribe, análises morfométricas indicaram variações morfológicas sobretudo

relacionadas à natação e alimentação, enquanto as análises genéticas sugeriram

um quadro de panmixia ao longo de 1.800 km da costa mexicana Atlântica (Piñeros

Page 16: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

14

et al., 2015). Diante da extensão da distribuição espacial desta espécie, a utilização

de outros marcadores genéticos poderá ser mais útil para um melhor esclarecimento

sobre a estrutura populacional na costa e ilhas oceânicas do Brasil.

Já a Ordem Carangiformes é constituída por seis famílias, Nematistiidae,

Coryphaenidae, Rachycentridae, Echeneidae, Menidae e Carangidae (Nelson et al.,

2016), e contêm 161 espécies (Eschmeyer & Fong, 2017), muitas delas

representando importantes recursos para a indústria pesqueira e aquacultura

comercial (Jory et al., 1985; Olson & Galvan-Magana, 2002; Smith-Vaniz, 2002;

Laidley et. al., 2004; Smith-Vaniz & Carpenter, 2007; McMaster & Gopakumar,

2016).

Entre as espécies pelágicas, a família Carangidae é representada no litoral

brasileiro por 35 espécies, dentre elas Caranx lugubris (Menezes, 2003). Esta

espécie possui distribuição circuntropical, incluindo o Arquipélago de São Pedro e

São Paulo (Brasil). Neste arquipélago, foi descrita a ocorrência de dois padrões

morfológicos (morfótipos I e II) de C. lugubris, caracterizados principalmente quanto

ao forma do corpo e dos olhos e indícios de diversificação citogenética (Jacobina et

al., 2014). As causas da ocorrência destes morfótipos, apesar dos esforços, ainda

são inconclusivas. Alguns fatores podem estar relacionados à sua origem, tais como

como isolamento populacional e adaptação ambiental, invasões interoceânicas de

diferentes linhagens de C. lugubris ou hibridação. Apesar de esparsos estudos, a

ocorrência esporádica de híbridos naturais (Murakami et al., 2007; Santos et al.,

2011), complexos de espécies (Smith-Vaniz & Carpenter, 2007), e indícios de

ocorrência de espécies crípticas (Duarte et al., 2017) envolvendo espécies do

gênero Caranx foram documentadas e podem estar implicadas na origem dos

conspícuos padrões morfológicos desta espécie.

Desta forma, análises complementares utilizando outros marcadores

genéticos poderiam contribuir para a identificação da causalidade dos morfótipos no

entorno do Arquipélago de São Pedro e São Paulo, assim como revelar a estrutura

populacional de C. lugubris no Atlântico Sul.

Estruturas geográficas e geomorfológicas da costa brasileira

O Brasil possui o mais extenso litoral inter e subtropical do mundo,

estendendo-se por aproximadamente 8.000 quilômetros (km) de costa (Ab’Saber,

Page 17: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

15

2003; Simões & Hazin, 2005) e cobrindo aproximadamente 38 graus de amplitude

latitudinal (Mattox et al., 2014). Toda essa extensão abrange diferentes

ecossistemas, tais como estuários, manguezais, lagoas costeiras, litorais arenosos e

rochosos, sistemas recifais, ilhas costeiras e oceânicas. O Brasil possui um domínio

oceânico com mais de 3,5 milhões de km² (Carvalho, 2005; Serafim, 2007), o que

corresponde a cerca de 41% da área territorial terrestre. A extensão da sua

plataforma continental varia de oito quilômetros, na altura do litoral da Bahia, a 370

quilômetros, na região da foz do rio Amazonas. A quebra entre a plataforma e o

talude continental ocorre entre 75 e 80 metros de profundidade (MMA, 2010) (Figura

1).

Quatro ilhas e/ou arquipélagos oceânicos fazem parte do território nacional e

são consideradas Unidades de Conservação, sendo elas, o Atol das Rocas (03°51'S,

33°48'O), arquipélagos de Fernando de Noronha (03°51'S, 32°25'O) e São Pedro e

São Paulo (0°55'N, 29°20'O), e Ilha de Trindade (20o30’S, 29o19’O) (Figura 1). O

Atol das Rocas possui aproximadamente 7,5 km2 e constitui o único atol presente no

Atlântico Sul (Kikuchi, 2002; Almeida, 2006), distante aproximadamente 233

quilômetros da costa do Rio Grande do Norte.

Figura 1. Atlântico Sul. IM - Ilha Margarita (Venezuela); ASPSP - Arquipélago de São Pedro e São

Paulo; AR - Atol das Rocas; FN - Arquipélago de Fernando de Noronha; IT - Ilha de Trindade;

Tracejado - Áreas sob estudo; Imagem modificada de GEBCO World Map 2014. Disponível em:

http://www.gebco.net.

Page 18: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

16

Ao leste do Atol das Rocas, distante 156 km, está localizado o arquipélago

de Fernando de Noronha e sua área total é de aproximadamente 16,4 km2.

Fernando de Noronha encontra-se a uma distância de 360 km da costa do Rio

Grande do Norte e, junto com Atol das Rocas, faz parte da chamada Cadeia de

Fernando de Noronha. Esta cadeia é formada por pelo menos cinco montes

submarinos que se estendem no sentido Leste-Oeste e dos quais apenas o Atol das

Rocas e Fernando de Noronha encontram-se atualmente emersos (Mabesoone &

Coutinho, 1970; Almeida, 2006).

O arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP) está localizado a 1.000

km da costa brasileira e a 630 km a oeste de Fernando de Noronha. ASPSP possui

área total de aproximadamente 17.000 m2 e é composto por seis ilhas maiores,

quatro menores e vários rochedos emersos (Almeida, 2006; Viana et al., 2009).

As ilhas Trindade e Martin Vaz são as ilhas oceânicas mais isoladas em

relação ao continente sul-americano. Trindade possui um território de 13,5 km² e

encontra-se a aproximadamente 1.170 km da costa brasileira. Já Martin Vaz mede

cerca de 800 m de comprimento, 500 de largura e 175 de altura, localiza-se a 47 km

a leste da Ilha de Trindade. Entre a costa brasileira e estas duas ilhas há nove

montes submarinos que, juntos, estão orientados no sentido leste-oeste e compõe a

chamada Cadeia Vitória-Trindade (Almeida, 2006).

Apesar da aparente ausência de barreiras físicas que interfiram na

interligação da ictiofauna ao longo de todas essas localidades, algumas espécies

exibem diferentes amplitudes de distribuição geográfica. Enquanto que algumas

espécies de Carangidae, como C. lugubris, distribuem-se circuntropicalmente

(Menezes et al., 2003), outras limitam-se ao Atlântico tropical e partes do Indo-

Pacífico, como A. saxatilis (Menezes et al., 2003). Já espécies do gênero Stegastes,

possuem distribuição restrita ao pequeno Arquipélago de São Pedro e São Paulo

(Lubbock & Edwards, 1981)

Percebe-se que, apesar dos ambientes marinhos não apresentarem

barreiras que interrompam totalmente a dispersão e o fluxo entre populações, fatores

biológicos e físicos que podem interferir na conectividade e nos padrões de

distribuição das espécies. Fatores biológicos, como duração do período pelágico

larval e o potencial migratório das espécies, e físicos, como o desague de água doce

e sedimentos de grandes rios, e a intensidade e temperatura das correntes

oceânicas, podem modelar a biogeografia de diferentes regiões (Floeter et al., 2008;

Page 19: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

17

Rodrigues et al., 2014; Souza et al., 2015). Dentre os fatores físicos, o imenso

desague de água doce e sedimentos do rio Amazonas têm sido apontado como uma

importante barreira biogeográfica e provável responsável pela maior parte do

endemismo encontrado nos ambientes costeiros brasileiros (Rocha, 2003). Além

deste, a ação das correntes oceânicas é outro fator importante na distribuição

biogeográfica. Uma das principais correntes no Atlântico Ocidental é a corrente Sul

Equatorial, que flui no sentido leste-oeste, passando por Fernando de Noronha, Atol

das Rocas, e alcançando a costa nordeste do Brasil, onde bifurca-se, formando a

Corrente do Brasil (sentido nordeste-sudeste do Brasil) e a Corrente Norte do Brasil.

A Corrente Norte do Brasil continua fluindo no sentido leste-oeste/noroeste,

passando pela costa norte brasileira e alcançando a Venezuela. Ao passar pela foz

do rio Amazonas, a força da corrente acaba direcionando o desague do Amazonas

para o noroeste, na direção da Guiana Francesa, onde o sedimento vai decantando

ao longo de uma extensa área (Castro & Miranda, 1998; Rocha, 2003; Lumpkin &

Garzoli, 2005). No extremo sul do Brasil, a Corrente das Malvinas tem sido apontada

como responsável pela estruturação populacional de algumas espécies (Santos et

al., 2006; Rodrigues et al., 2014).

Apesar do conhecimento de vários fatores que influenciam na distribuição

geográfica da ictiofauna brasileira a causalidade de muitos padrões biogeográficos

continua largamente desconhecidos para um grande número de espécies.

Análises genéticas e morfométricas na detecção da biodiversidade

A utilização de marcadores moleculares de DNA e análises morfométricas

vêm contribuindo de forma contundente na resolução de incertezas taxonômicas,

delineamentos populacionais e identificação de espécies crípticas e politípicas em

diversos grupos de peixes marinhos, incluindo espécies da família Pomacentridae e

Carangidae (Murakami et al., 2007; Schultz et al., 2007; Lima-Filho et al., 2012,

2016; Jacobina et al., 2014; Martinez-Takeshita et al., 2015; Souza et al., 2015;

Duarte et al., 2017).

No Brasil, incertezas taxonômicas não resolvidas devido à grande

sobreposição de caracteres merísticos, sobretudo em grupos que possuem

complexo de espécies como os Pomacentridae (Greenfield & Woods, 1974),

puderam ser melhor esclarecidas através de marcadores moleculares (Dias-Júnior e

Page 20: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

18

Molina, 2008). O uso combinado de diferentes abordagens auxilia no entendimento

do processo evolutivo. Em algumas espécies marinhas, como Bathygobius

soporator, análises citogenéticas populacionais e morfológicas tanto variações

cromossômicas, como intensa plasticidade fenotípica, associada a condições

ecológicas particulares (Lima-Filho et al., 2012).

Algumas vezes diferentes abordagens evolutivas se mostram

complementares em evidenciar diferenciações populacionais. Em Abudefduf saxatilis

diferenças populacionais morfológicas foram evidenciadas em populações de

diferentes regiões costeiras e ilhas oceânicas brasileiras por análises morfométricas

e marcadores moleculares (Molina et al., 2006; Rodrigues & Molina, 2007). Em

outros casos, apesar da ocorrência de conspícuos padrões diferenciais de

coloração, análises genéticas revelaram ausência de distinção genética entre

diferentes colomorfos de Cephalopholis fulva, bem como um quadro de panmixia no

litoral brasileiro, incluindo as ilhas oceânicas (Souza et al., 2015).

Mais recentemente, a identificação taxonômica clássica e morfometria

multivariada não conseguiram distinguir uma possível espécie críptica dentre os

espécimes de Caranx crysos coletados na costa do Rio de Janeiro (Brasil), embora

sua existência tenha se tornado evidente a partir das análises genéticas (Duarte et

al., 2017). Além deste caso, análises moleculares também vêm complementando

análises morfométricas em outras espécies do gênero Caranx, inclusive na

identificação de híbridos no Havaí, Oceano Pacífico (Murakami et al., 2007; Santos

et al., 2011).

Diante do exposto, percebe-se que a utilização de marcadores moleculares e

morfométricos têm se mostrado uma poderosa ferramenta no estudo da ictiofauna

marinha. Além disso, os estudos acima descritos refletem o quão resolutivo podem

ser esses marcadores na exploração da biodiversidade de diferentes grupos,

incluindo os representantes das famílias abrangidas pelo presente estudo,

Pomacentridae e Carangidae.

Page 21: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

19

OBJETIVO GERAL

O presente trabalho tem como objetivo a análise da diversidade inter e

intraespecífica de algumas espécies recifais das famílias Pomacentridae e

Carangidae provenientes de regiões costeiras e insulares (Arquipélagos de

Fernando de Noronha, São Pedro e São Paulo, Atol das Rocas e Ilha de Trindade)

do Atlântico Ocidental e região meso-Atlântica, por meio de análises moleculares e

morfométricas.

Objetivos específicos

• Avaliar o status taxonômico de espécies do gênero de Stegastes que

ocorrem na costa e ilhas oceânicas brasileiras através de morfometria

tradicional, morfometria geométrica multivariada e sequenciamento

parcial dos genes 16S, Citocromo c oxidase subunidade I, Citocromo B

(DNAmt), Rodopsina e rag1 (DNAn);

• Analisar as relações filogenéticas e validação taxonômica das espécies

insulares, S. rocasensis, S. sanctipauli e S. trindadensis, e costeiras, S.

variabilis e S. fuscus;

• Analisar a estrutura populacional da espécie Abudefduf saxatilis no

Atlântico ocidental e suas ilhas oceânicas, através do sequenciamento

da Região hipervariável 1 da Região Controle (DNAmt);

• Analisar a estrutura populacional da espécie Caranx lugubris de

diferentes regiões oceânicas e da costa brasileira através de

sequências parciais dos genes Rodopsina (DNAn), 16S, Citocromo B,

Citocromo c oxidase subunidade I, e Região Hipervariável 1 da Região

Controle (DNAmt), contribuindo para a análise da ocorrência simpátrica

e sintópica de diferentes morfótipos de C. lugubris no entorno do

Arquipélago de São Pedro e São Paulo.

Page 22: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

20

MATERIAL E MÉTODOS

Coleta dos espécimes

Os espécimes foram coletados com a utilização de anzóis e tarrafas em

diversas localidades ao longo do Atlântico ocidental, desde Ilha Margarita, na

Venezuela, até o sudeste do Brasil, incluindo as regiões insulares do Atol das

Rocas, arquipélagos de Fernando de Noronha, São Pedro e São Paulo, e Ilha de

Trindade.

Amostras biológicas (tecido muscular ou de nadadeira) foram retiradas,

acondicionadas em microtubos (2,0 ml) contendo álcool etílico (100%) e

armazenadas à -20°C para posterior análise em laboratório.

Análises moleculares

O DNA foi extraído de acordo com o protocolo preconizado por Sambrook et

al. (1989) ou Miller et al. (1988). Para as análises utilizamos genes e regiões do DNA

mitocondrial (Região Hipervariável 1 da Região Controle, 16S ribossomal RNA,

Citocromo c oxidase subunidade I e Citocromo B, e nucleares (Nuclear

recombination-activating gene 1 e Rodopsina), as quais foram amplificadas por meio

de reações em cadeia da polimerase (PCR).

Os produtos de PCR (5 μl) foram purificados com as enzimas exonuclease I

(3,3 U/reação) e fosfatase alcalina de camarão (SAP) (0,66 U/reação) (GE

Healthcare), no termociclador, submetendo o mix à ciclos de 30 minutos em 37ºC e

15 minutos em 80ºC conforme indicação do fabricante. As amostras foram

sequenciadas pela empresa ACTGene Análises Moleculares Ltda através do

sequenciador automático ABI-PRISM 3500 Genetic Analyzer (Applied Biosystems).

Os eletroferogramas obtidos foram conferidos com o auxílio do software

BioEdit (Hall, 1999) e alinhadas de forma múltipla e automática através do MUSCLE

(Edgar, 2004) por meio do software MEGA 7 (Kumar et al., 2016).

A saturação entre as transições e transversões nas sequências foram

verificadas pelo software DAMBE (Xia & Xie, 2001). O software jModelTest 2.1.4

(Darriba et al., 2012) foi utilizado para selecionar o melhor modelo evolutivo para as

sequências baseado em Akaike information criterion.

Page 23: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

21

Árvores de haplótipos foram geradas através do software Network 4.5

utilizando o método median joining (Bandelt et al., 1999). As relações filogenéticas e

filogeográficas foram avaliadas através do software MEGA 7 (Kumar et al., 2016)

pelos métodos de neighbor-joining e maximum likelihood. A significância dos

agrupamentos foi estimada utilizando 1.000 réplicas de bootstrap.

Os níveis de diversidade genética, testes de neutralidade, através das

estatísticas Fs (Fu, 1997) e D (Tajima, 1989), estruturação populacional através da

estimativa de FST (Wright, 1978), análise hierárquica da variância molecular

(AMOVA) (Excoffier et al., 1992), e Teste de Mantel (Mantel, 1967) foram obtidas

através do Arlequin 3.5 (Excoffier & Lischer, 2010).

Análises morfométricas

Indivíduos sem injúrias foram utilizados nas análises morfométricas.

Contagens merísticas dos raios ramificados das nadadeiras dorsal, peitoral, anal e

das escamas da linha lateral foram obtidas.

A morfometria tradicional, a partir da mensuração de distâncias lineares,

permitiu a investigação de variações entre os espécimes, comparadas através da

Análise dos Componentes Principais (ACP) (Morrison, 1976), utilizando o software

SHEAR (MacLeod, 1990).

Foram realizadas dezesseis medições utilizando um paquímetro digital:

comprimento padrão, comprimento da cabeça, comprimento do focinho ou distância

pré-orbital, diâmetro ocular, altura máxima do corpo, comprimento pré-dorsal,

tamanho do último espinho da nadadeira-dorsal, comprimento do maior raio dorsal,

comprimento da base da nadadeira anal, comprimento do espinho da segunda

nadadeira anal, comprimento do raio anal mais longo, comprimento da nadadeira

peitoral, comprimento da nadadeira pélvica, comprimento da nadadeira caudal,

profundidade do pedúnculo caudal e largura interorbital.

Para explorar a variação de forma corporal no morfo-espaço foram utilizadas

análises através de morfometria geométrica. Os exemplares foram fotografados em

visão lateral esquerda com uma câmera digital Sony H10 de 8.1 megapixels, sob

distância e posição padronizadas. Nove landmarks foram digitalizados através do

software tpsDig v2.16 (Rohlf, 2010a) e as imagens ordenadas em um único arquivo

com o formato TPS através do software tpsUtil (Rohlf, 2010b). Em seguida, foi

Page 24: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

22

realizada a superposição Procrustes (Dryden & Mardia, 1998), Análise de Variância

Multivariada (MANOVA) e Análise de Variáveis Canônicas (CVA). A partir da variável

canônica de maior influência na variação morfológica, foram obtidos grides de

deformação para identificar, com maior clareza, as variações vetoriais existentes

entre as espécies.

Page 25: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

23

REFERÊNCIAS

Ab'saber, A. N. (2003). Brazilian coast. Revista do Instituto de Medicina Tropical,

45(1), 28.

Allen, G. R. (1991). Damselfishes of the world. Germany: Mergus Publications.

Almeida, F. F. M. (2006). Ilhas oceânicas brasileiras e suas relações com a tectônica

Atlântica. Terræ Didática, 2(1), 3-18.

Bandelt, H. J., Forster, P., & Röhl, A. (1999). Median-joining networks for inferring

intraspecific phylogenies. Molecular Biology and Evolution, 16(1), 37-48.

Carvalho, R. G. (2005). A outra Amazônia. In C. F. S. Serafim (coord.) & P. T.

Chaves (org). Vol. 8. Geografia: Ensino fundamental e ensino médio: O mar

no espaço geográfico brasileiro (17-19). Brasília: Ministério da Educação,

Secretaria de Educação Básica.

Castro, B. M., & Miranda, L. B. (1998). Physical oceanography of the western Atlantic

continental shelf located between 4°N and 34°S costal segment (4'W). In A

R. Robinson, & K. H Brink. The Sea. (209-251). Oxford: John Wiley & Sons.

Darriba, D., Taboada, G. L., Doallo, R., & Posada, D. (2012). jModelTest 2: more

models, new heuristics and parallel computing. Nature Methods, 9(8), 772-

772.

Dias-Júnior, E. A., & Molina, W. F. (2008). Análise de similaridade genética entre

espécies insulares endêmicas e costeiras do gênero Stegastes (Perciformes)

através de marcadores moleculares RAPD. Revista PublICa, 4(1), 37-46.

Dryden, I. L, & Mardia, K. V. (1998). Statistical shape analysis. New York: John Wiley

& Sons.

Duarte, M. R., Tubino, R. A., Monteiro-Neto, C., Martins, R. R. M., Vieira, F. C.,

Andrade-Tubino, M. F., & Silva, E. P. (2017). Genetic and morphometric

evidence that the jacks (Carangidae) fished off the coast of Rio de Janeiro

(Brazil) comprise four different species. Biochemical Systematics and

Ecology, 71, 78-86.

Edgar, R. C. (2004). MUSCLE: multiple sequence alignment with high accuracy and

high throughput. Nucleic Acids Research, 32(5), 1792-1797.

Eschmeyer, W. N., & Fong, J. D. (2017). Species by family/subfamily.

http://researcharchive.calacademy.org/research/ichthyology/catalog/Species

ByFamily.asp. Accessed 20 Feb 2017.

Page 26: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

24

Excoffier, L., & Lischer, H. E. (2010). Arlequin suite ver 3.5: a new series of programs

to perform population genetics analyses under Linux and

Windows. Molecular Ecology Resources, 10(3), 564-567.

Excoffier, L., Smouse, P. E., & Quattro, J. M. (1992). Analysis of molecular variance

inferred from metric distances among DNA haplotypes: application to human

mitochondrial DNA restriction data. Genetics, 131(2), 479-491.

Feitoza, B. M., Rocha, L. A., Luiz-Júnior, O. J., Floeter, S. R., & Gasparini, J. L.

(2003). Reef fishes of St. Paul’s Rocks: new records and notes on biology

and zoogeography. Aqua, 7(2), 61-82.

Floeter, S. R., Rocha, L. A., Robertson, D. R., Joyeux, J. C., Smith‐Vaniz, W. F.,

Wirtz, P., Edwards, A. J., Barreiros, J. P., Ferreira, C. E. L., Gasparini, J. L.,

Brito, A., Falcón, J. M., Bowen, B. W., & Bernardi, G. (2008). Atlantic reef fish

biogeography and evolution. Journal of Biogeography, 35(1), 22-47.

Fu, Y. X. (1997). Statistical tests of neutrality of mutations against population growth,

hitchhiking and background selection. Genetics, 147(2), 915-925.

Gasparini, J. L., & Floeter, S. R. (2001). The shore fishes of Trindade Island, western

south Atlantic. Journal of Natural History, 35(11), 1639-1656.

Greenfield, D. W., & Woods, L. P. (1974). Eupomacentrus Diencaeus Jordan and

Rutter, a valid species of damselfish from the western tropical Atlantic. Field

Museum of Natural History, 65(2), 9-20.

Hall, T. A. (1999). BioEdit: a user-friendly biological sequence alignment editor and

analysis program for Windows 95/98/NT. Nucleic Acids Symposium Series,

41, 95-98.

Jory, D. E., Iversen, E. S., & Lewis, R. H. (1985). Culture of fishes of the genus

Trachinotus (Carangidae) in the western Atlantic: prospects and problems.

Journal of the World Aquaculture Society, 16(1‐4), 87-94.

Jacobina, U. P., Martinez, P. A., Cioffi, M. B., Garcia-Júnior, J., Bertollo, L. A. C., &

Molina, W. F. (2014). Morphological and karyotypic differentiation in Caranx

lugubris (Perciformes: Carangidae) in the St. Peter and St. Paul Archipelago,

mid-Atlantic Ridge. Helgoland Marine Research, 68(1), 17.

Kikuchi, R. K. P. (2002). Atol das Rocas, Litoral do Nordeste do Brasil - Único atol do

Atlântico Sul Equatorial Ocidental. In: C. Schobbenhaus, D.A. Campos, E.T.

Queiroz, M. Winge, M.L.C. Berbert-Born (eds.). Sítios Geológicos e

Paleontológicos do Brasil. (379-390). Brasília: DNPM/CPRM.

Page 27: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

25

Kumar, S., Stecher, G., & Tamura, K. (2016). MEGA7: Molecular Evolutionary

Genetics Analysis version 7.0 for bigger datasets. Molecular Biology and

Evolution, 33(7), 1870-1874.

Laidley, C. W., Shields, R. J., & Ostrowksi, A. O. (2004). Progress in amberjack

culture at the Oceanic Institute in Hawaii. Global Aquaculture Advocate, 7(1),

42-43.

Lima, D., Freitas, J. E. P., Araújo, M. E., & Solé-Cava, A. M. (2005). Genetic

detection of cryptic species in the frillfin goby Bathygobius soporator, Journal

of Experimental Marine Biology and Ecology, 320(2), 211-223.

Lima-Filho, P. A., Cioffi, M. B., Bertollo, L. A. C., & Molina, W. F. (2012).

Chromosomal and morphological divergences in Atlantic populations of the

frillfin goby Bathygobius soporator (Gobiidae, Perciformes). Journal of

Experimental Marine Biology and Ecology, 434, 63-70.

Lima-Filho, P. A., Rosa, R. S., Souza, A. S., Costa, G. W. W. F., Oliveira, C., &

Molina, W. F. (2016). Evolutionary diversification of Western Atlantic

Bathygobius species based on cytogenetic, morphologic and DNA barcode

data. Reviews in Fish Biology and Fisheries, 26(1), 109-121.

Lubbock, R., & Edwards, A. (1981). The fishes of Saint Paul's rocks. Journal of Fish

Biology, 18(2), 135-157.

Luiz-Júnior, O. J. (2003). Colour morphs in a queen angelfish Holacanthus ciliaris

(Perciformes: Pomacanthidae) population of St. Paul’s Rocks, NE

Brazil. Tropical Fish Hobbyist, 51(5), 82-90.

Lumpkin, R., & Garzoli, S. L. (2005). Near-surface circulation in the tropical Atlantic

Ocean. Deep Sea Research Part I: Oceanographic Research Papers, 52(3),

495-518.

Mabesoone, J. M., & Coutinho, P. N. (1970). Litoral and shallow marine geology of

Northeastern Brazil. Trabalhos Oceanográficos da Universidade Federal de

Pernambuco. Recife: Laboratório de Ciências do Mar, 12, 1-214.

MacLeod, N. (1990). Shear. In: F. L. Rohlf, F. L. Bookstein (eds.). Proceedings of

Michigan Morphometrics Workshop. Michigan: University of Michigan.

Mantel, N. (1967). The detection of disease clustering and a generalized regression

approach. Cancer Research, 27(2), 209-220.

Martinez-Takeshita, N., Purcell, C. M., Chabot, C. L., Craig, M. T., Paterson, C. N.,

Hyde, J. R., & Allen, L. G. (2015). A tale of three tails: cryptic speciation in a

Page 28: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

26

globally distributed marine fish of the genus Seriola. Copeia, 103(2), 357-

368.

McMaster, M. F. & Gopakumar, G. (2016). Cultured Aquatic Species Information

Programme. Trachinotus carolinus. Cultured Aquatic Species Information

Programme. In Rome: FAO Fisheries and Aquaculture Department [online]

Updated 1 January 2016.

Mattox, G. M. T., Gondolo, G. F., & Cunningham, P. T. M. (2014). Long-term

variation in the ichthyofauna of Flamengo Cove, Ubatuba, São

Paulo. Arquivos de Zoologia, 45(esp), 51-61.

Mendes, L. F. (2007). Ophioblennius trinitatis (Pisces: Blenniidae) from the oceanic

archipelagos of São Pedro e São Paulo, Fernando de Noronha and Atol das

Rocas. Brazilian Journal of Oceanography, 55(1), 63-65.

Menezes, N. A., Buckup, P. A., Figueiredo, J. D., & Moura, R. D. (2003). Catálogo

das espécies de peixes marinhos do Brasil. São Paulo: Museu de Zoologia

da Universidade de São Paulo.

Menezes, N. A. (2011). Checklist dos peixes marinhos do Estado de São Paulo,

Brasil. Biota Neotropica, 11(supl. 1), 33-46.

Miller, S. A., Dykes, D. D., & Polesky, H. F. (1988). A simple salting out procedure for

extracting DNA from human nucleated cells. Nucleic Acids Reseach, 16(3),

1215.

MMA (Ministério do Meio Ambiente). (2010). Gerência de Biodiversidade Aquática e

Recursos Pesqueiros. Panorama da conservação dos ecossistemas

costeiros e marinhos no Brasil. Brasília: MMA/SBF/GBA.

Molina, W. F., Shibatta, O. A., & Galetti-Jr, P. M. (2006). Multivariate morphological

analyses in continental and island populations of Abudefduf saxatilis

(Linnaeus) (Pomacentridae, Perciformes) of Western Atlantic. Pan-American

Journal of Aquatic Sciences, 1(2), 49-56.

Morrison, D. F. (1976). Multivariate statistical methods (2nd ed). Singapore: McGraw

Hill.

Murakami, K., James, S. A., Randall, J. E., & Suzumoto, A. Y. (2007). Two hybrids of

carangid fishes of the genus Caranx, C. ignobilis x C. melampygus and C.

melampygus x C. sexfasciatus, from the Hawaiian Islands. Zoological

Studies, 46(2), 186-193.

Page 29: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

27

Nelson, J. S., Grande, T. C., & Wilson, M. V. (2016). Fishes of the World (5th ed.).

New Jersey: John Wiley & Sons.

Novelli, R., Nunan, G. W., & Lima, N. R. W. (2000). A new species of the damselfish

genus Stegastes Jenyns, 1842 (Teleostei: Pomacentridae) from the coast of

Brazil. Boletim de Museu Nacional, Nova Série Zoologia, 413, 1-12.

Olson, R. J., & Galvan-Magana, F. (2002). Food habits and consumption rates of

common dolphinfish (Coryphaena hippurus) in the eastern Pacific

Ocean. Fishery Bulletin, 100(2), 279-298.

Piñeros, V. J., Rios-Cardenas, O., Gutiérrez-Rodríguez, C., & Mendoza-Cuenca, L.

(2015). Morphological differentiation in the damselfish Abudefduf saxatilis

along the mexican atlantic coast is associated with environmental factors and

high connectivity. Evolutionary Biology, 42(2), 235-249.

Planes, S., & Doherty, P. J. (1997). Genetic relationships of the colour morphs of

Acanthochromis polyacanthus (Pomacentridae) on the northern Great Barrier

Reef. Marine Biology, 130(1), 109-117.

Rangel, C. A., Gasparini, J. L., & Guimarães, R. Z. (2004). A new species of

combtooth-blenny Scartella Jordan, 1886 (Teleostei: Blenniidae) from

Trindade Island, Brazil. Aqua, Journal of Ichthyology and Aquatic

Biology, 8(3), 89-96.

Rangel, C. A., & Mendes, L. F. (2009). Review of blenniid fishes from Fernando de

Noronha Archipelago, Brazil, with description of a new species of Scartella

(Teleostei: Blenniidae). Zootaxa, 2006(1), 51-61.

Rocha, L. A. (2003). Patterns of distribution and processes of speciation in Brazilian

reef fishes. Journal of Biogeography, 30(8), 1161-1171.

Rodrigues, M. C., & Molina, W. F. (2007). Análise genética em Abudefduf saxatilis

(Perciformes, Pomacentridae) no litoral Nordeste do Brasil e Arquipélago

São Pedro e São Paulo. Revista PublICa, 3(2), 28-36.

Rodrigues, R., Santos, S., Haimovici, M., Saint-Paul, U., Sampaio, I., & Schneider, H.

(2014). Mitochondrial DNA reveals population structuring in Macrodon

atricauda (Perciformes: Sciaenidae): a study covering the whole geographic

distribution of the species in the southwestern Atlantic. Mitochondrial

DNA, 25(2), 150-156.

Rohlf, F. J. (2010a). tpsDig 2.16, digitize landmarks and outlines. New York: State

University of New York.

Page 30: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

28

Rohlf, F. J. (2010b). tpsUtil 1.46. New York: State University of New York.

Sambrook, J., Fritsch, E. F., & Maniatis, T. (1989). Molecular cloning: a laboratory

manual (2nd ed.). New York: Cold spring harbor laboratory press.

Santos, S., Hrbek, T., Farias, I. P., Schneider, H., & Sampaio, I. (2006). Population

genetic structuring of the king weakfish, Macrodon ancylodon (Sciaenidae),

in Atlantic coastal waters of South America: deep genetic divergence without

morphological change. Molecular Ecology, 15(14), 4361-4373.

Santos, S. R., Xiang, Y., & Tagawa, A. W. (2011). Population structure and

comparative phylogeography of jack species (Caranx ignobilis and C.

melampygus) in the high Hawaiian Islands. Journal of Heredity, 102(1), 47-

54.

Schultz, J. K., Pyle, R. L., DeMartini, E., & Bowen, B. W. (2007). Genetic connectivity

among color morphs and Pacific archipelagos for the flame angelfish,

Centropyge loriculus. Marine Biology, 151(1), 167-175.

Serafim, C. F. S. (2007). Revizee - Missão cumprida? Revista Brasileira de

Engenharia de Pesca, 2(1), 27-43.

Serafim, C. F. S., & Hazin, F. (2005). Introdução e definições. In C. F. S. Serafim

(coord.) & P. T. Chaves (org). Vol. 8. Geografia: Ensino fundamental e

ensino médio: O mar no espaço geográfico brasileiro. Brasília: Ministério da

Educação, Secretaria de Educação Básica.

Smith-Vaniz, W. F. (2002). Carangidae. Jacks and scads (bumpers, pompanos,

leatherjacks, amberjacks, pilotfishes, rudderfishes). In K. E. Carpenter (ed.)

FAO species identification guide for fishery purposes. The living marine

resources of the Western Central Atlantic. Vol. 3: Bony fishes part 2

(Opistognathidae to Molidae), sea turtles and marine mammals. (1426-1468).

Rome: FAO.

Smith-Vaniz, W. F., & Carpenter, K. E. (2007). Review of the crevalle jacks, Caranx

hippos complex (Teleostei: Carangidae), with a description of a new species

from West Africa. Fishery Bulletin, 105(2), 207-233.

Souza, A. S., Dias-Júnior, E. A., Galetti Jr, P. M., Machado, E. G., Pichorim, M., &

Molina, W. F. (2015). Wide-range genetic connectivity of Coney,

Cephalopholis fulva (Epinephelidae), through oceanic islands and continental

Brazilian coast. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 87(1), 121-136.

Page 31: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

29

Souza, A. T., Ilarri, M. I., Medeiros, P. R., Sampaio, C. L. S., & Floeter, S. R. (2011).

Unusual colour patterns of territorial damselfish (Pomacentridae: Stegastes)

in the south-western Atlantic. Marine Biodiversity Records, 4, 1-5.

Tajima, F. (1989). Statistical method for testing the neutral mutation hypothesis by

DNA polymorphism. Genetics, 123(3), 585-595.

Vaske, T., Lessa, R. P., Nóbrega, M., Montealegre‐Quijano, S., Marcante Santana,

F., & Bezerra, J. L. (2005). A checklist of fishes from Saint Peter and Saint

Paul Archipelago, Brazil. Journal of Applied Ichthyology, 21(1), 75-79.

Viana, D., Hazin, F. H. L., & Souza, M. (2009). O Arquipélago de São Pedro e São

Paulo: 10 anos de estação científica. Brasília: SECIRM.

Wainwright, P. C., & Bellwood, D. R. (2002). Ecomorphology of feeding in coral reef

fishes. In P. F. Sale (Ed.), Coral reef fishes: dynamics and diversity in a

complex ecosystem (33-56). San Diego: Academic Press.

Wright, S. (1978). The theory of gene frequencies. Vol. 2. Evolution and the Genetics

of Populations. London: University of Chicago Press.

Xia, X., & Xie, Z. (2001). DAMBE: software package for data analysis in molecular

biology and evolution. Journal of Heredity, 92(4), 371-373.

Page 32: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

30

Capítulo 1 A reappraisal of Stegastes species occurring in the South

Atlantic using morphological and molecular data

Page 33: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

31

ABSTRACT

The taxonomic status of Pomacentridae species can be difficult to determine, due to

the high diversity, and in some cases, poorly understood characters, such as color

patterns. Although Stegastes rocasensis, endemic to the Rocas atoll and Fernando

de Noronha archipelago, and S. sanctipauli, endemic to the São Pedro and São

Paulo archipelago, differ in color pattern, they exhibit similar morphological

characters and largely overlapping counts of fin rays and lateral-line scales. Another

nominal insular species, S. trindadensis, has recently been synonymized with S.

fuscus but retained as a valid subspecies by some authors. Counts and

morphometric analyses and mitochondrial DNA (COI, 16S rRNA, CytB) and nuclear

DNA (rag1 and Rhodopsin) comparisons of three insular species (S. rocasensis, S.

sanctipauli and S. trindadensis) and three other South Atlantic species (S. fuscus, S.

variabilis and S. pictus) were carried out in the present study. Analyses of the

principal components obtained by traditional multivariate morphometry indicate that

the species in general have similar body morphology. Molecular analyses revealed

conspicuous similarity between S. rocasensis and S. sanctipauli and between S.

trindadensis and S. fuscus and a clear divergence between S. variabilis from

Northeast Brazil and S. variabilis from the Caribbean region. Our data suggest that S.

sanctipauli is a synonym of S. rocasensis, support the synonymy of S. trindadensis

with S. fuscus, and reveal the presence of a likely cryptic species in the Caribbean

that has been confused historically with S. variabilis.

Keywords: Pomacentridae, damselfish, species delimitation, taxonomy, insular

species

Page 34: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

32

INTRODUCTION

Genetic analyses have revealed a large number of cryptic species in different

groups of fish (e.g., [1, 2]). The term “cryptic” species, although the definition is not

unanimous, generally refers to two or more distinct species that are nominally

classified as one due to the difficult-to-distinguish morphologies [3]. Morphological

variations with no genetic differences have been explained as phenotypic plasticity,

recent isolation, incomplete limits between species, or the product of selection [4]. On

the other hand, so-called polytypic species, in which genetically similar individuals of

one species display conspicuously different coloration or morphology, occur more

frequently [4, 5].

Inconsistencies between color patterns with morphology and genetic markers

are relatively common and have been reported for a number of fish families including

Pomacentridae [6-8]. This family, whose members are known as damselfishes, is one

of the most represented marine groups in reef environments [9]. Indeed,

damselfishes are a diverse group, with 399 species [10], whose taxonomic definition

is complicated by the occurrence of species complexes and marked variations in

coloration patterns among individuals and geographic areas [11-14].

The western Atlantic contains Pomacentridae representatives of the genera

Abudefduf (1 sp.), Microspathodon (1 sp.), Chromis (5 spp.), and Stegastes (7 spp.)

[13, 15-19]. Some Stegastes species are considered endemic of insular

environments of the South Atlantic, such as S. rocasensis Emery 1972, in the Rocas

Atoll (RA) and Fernando de Noronha Archipelago (FNA), and S. sanctipauli Lubbock

and Edwards 1981, exclusive to St. Paul’s Rocks. The first two oceanic formations

are part of an alignment of submarine volcanoes that make up the Fernando de

Noronha Chain [20, 21]. More southward, in the Trindade and Martim Vaz

Archipelago (TI), located in the easternmost part of the submarine mountain chain

called Vitoria-Trindade and Martim Vaz, 1,167 km off the coast of Espírito Santo

State, southeastern Brazil, S. trindadensis Gasparini, Moura and Sazima 1999, was

described and considered endemic to TI [20, 21].

Extensively overlapping morphometric characters in Stegastes (including the

synonyms Brachypomacentrus Bleeker and Eupomacentrus Bleeker), a

morphologically conservative group [22], in addition to cytogenetic [23] and dominant

marker similarities [24], reveal uncertainty regarding the taxonomic status and

Page 35: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

33

phylogenetic relationships of S. rocasensis, S. sanctipauli and S. trindadensis, and

the last was recognized as a synonym of S. fuscus Cuvier 1830 by Gasparini and

Floater [16], Carter and Kaufman [25] and Pinheiro et al. [26]. Based only on

morphological criteria, S. rocasensis and S. sanctipauli have been considered similar

to each other and to S. variabilis Castelnau 1855 [22, 27]. Although scarce biological

information is available [14, 28, 29], there is some genetic data or information on its

evolutionary history [23, 30, 31]. In order to clarify the taxonomic status and

relationships of these three insular species and test the current hypotheses of

ancestrality [22, 27], counts comparisons of serial elements, traditional and geometric

multivariate morphometric analyses, and analyses of mitochondrial (16S ribosomal

RNA – 16S, Cytochrome oxidase subunit 1 – COI, and Cytochrome B – CytB) and

nuclear gene sequences (Nuclear recombination-activating gene 1 - rag1 and

Rhodopsin - rhod) were performed.

MATERIAL AND METHODS

Specimen collection

Individuals of Stegastes fuscus (MZUEL 8958, 22 specimens, 43.9-65.0 mm

SL; coast of Rio Grande do Norte state (RN) – 5o16’S, 35o22’W); S. rocasensis

(MZUEL 8956, 9, 36.6-66.5 mm SL; Rocas atoll (RA) - 3o51’S, 33o49’W); S.

rocasensis (MZUEL 8960, 18, 42.7-78.2 mm SL; Fernando de Noronha archipelago

(FNA) - 3o50’S, 32o24’W); S. sanctipauli (MZUEL 8959, 18, 58.3-80.1 mm SL; São

Pedro and São Paulo archipelago (SPSPA) - 3°50'S, 32°24'W); S. trindadensis

(MZUEL 13908, 12; Trindade island (TI) - 20o30’S - 29o19’W) and S. variabilis

(MZUEL 8957, 18, 33.3-57.2 mm SL; coast of Rio Grande do Norte state (RN) -

5o16’S - 35o22’W) were analyzed (Fig. 1 and 2). Fragments of muscle tissue or fins

were removed and stocked in microtubes (1.5 ml) with absolute ethanol and stored at

-20°C. Voucher specimens were fixed in 10% formaldehyde, preserved in 70%

ethanol and deposited in the Museu de Zoologia from Universidade Estadual de

Londrina (MZUEL - Table 1).

Page 36: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

34

Fig. 1 Map showing the geographic distributions of Stegastes variabilis and S. fuscus

(red), S. rocasensis (blue), S. sanctipauli (green) and S. trindadensis (yellow). FNA -

Fernando de Noronha archipelago; RA - Rocas atoll; SPSPA - São Pedro e São

Paulo archipelago; TI - Trindade island.

Page 37: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

35

Fig. 2 Specimens of A. Stegastes variabilis Castelnau 1855, B. S. fuscus Cuvier

1830, C S. sanctipauli Lubbock and Edwards 1981, D. S. rocasensis Emery 1972, E.

S. trindadensis Gasparini, Moura and Sazima 1999, F. S. pictus Castelnau 1855.

Figures indicated by lower case letters correspond to the juveniles of the respective

species. Bars 1 cm

Page 38: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

36

Table 1. Stegastes specimens analyzed and GenBank accession numbers of mitochondrial and nuclear sequences used in phylogenetic

estimates

Taxonomic

identification

Collection

sites

n Deposited

vouchers*

GenBank access number**

16S COI CytB rag1 rhod

S. pictus RA 3 MZUEL 08955 KM077255-57 KM077183-85 KM077201-03 KM077219-21 KM077237-39

S. variabilis RN 3 MZUEL 08957 KM077258-60 KM077186-88 KM077204-06 KM077222-24 KM077240-42

S. fuscus RN 3 MZUEL 08958 KM077261-63 KM077189-91 KM077207-09 KM077225-27 KM077243-45

S. rocasensis RA 3 MZUEL 08956 KM077264-66 KM077192-94 KM077210-12 KM077228-30 KM077246-48

S. rocasensis FNA 3 MZUEL 08960 KM077267-69 KM077195-97 KM077213-15 KM077231-33 KM077249-51

S. sanctipauli SPSPA 3 MZUEL 08959 KM077270-72 KM077198-200 KM077216-18 KM077234-36 KM077252-54

S. trindadensis TI 3 MZUEL 13908 KX066003-05 KX066006-08 KX066009-11 KX066012-14 KX066015-17

Macrodon

ancylodon***

- 1 - AY253541 JQ365417 AY253604 KP722921 KP723010

Haemulon

aurolineatum***

- 1 - JQ740958 JQ741187 JQ741415 KF141251 EF095619

* Museu de Zoologia from Universidade Estadual de Londrina (MZUEL); ** Sequences obtained in this study. RA Rocas atoll; RN Rio Grande do Norte state; FNA

Fernando de Noronha archipelago; SPSPA São Pedro and São Paulo archipelago; TI Trindade island; *** Sequences from GenBank

Page 39: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

37

Counts, traditional and geometric multivariate morphometry

Injury-free adults of the species identified as Stegastes fuscus (n=31); S.

variabilis (n=18), S. rocasensis (n=5; RA); S. rocasensis (n=18; FNA); S. sanctipauli

(n=17); and S. trindadensis (n=26) were used in morphometric analyses. Counts of

branched rays in dorsal, pectoral and anal fins and lateral-line scales were obtained

for all the specimens.

Multivariate morphometry based on measuring linear distances made it

possible to investigate variations among species of Stegastes, compared by Principal

Component Analysis (PCA) [32], using SHEAR software [33]. Sixteen

measurements were taken with a digital caliper: standard length, head length, snout

length, orbit diameter, greatest body depth, predorsal length, length of last dorsal-fin

spine, length of longest dorsal ray, anal-fin base length, length of second anal-fin

spine, length of longest anal ray, pectoral-fin length, pelvic-fin length, caudal-fin

length, caudal-peduncle depth, and interorbital width.

Geometric morphometrics analyses were used to explore the variation in

body shape in morphospace. Left side view photographs of the specimens were

taken with an 8.1 megapixel Sony H10 camera, at a standard distance and position.

Nine landmarks were digitized: 1. distal extremity of the premaxillary bone; 2. origin

of dorsal fin; 3. end of dorsal fin; 4. origin of the anal fin; 5. end of the anal fin; 6.

origin of the ventral fin; 7. insertion of pectoral fin; 8. posterior and 9. anterior orbit

using tpsDig v2.16 software [34] and the images were ordered into a single TPS

format with tpsUtil software [35]. Next, Procrustes superimposition [36], Multivariate

Analysis of Variance (MANOVA) and Canonical Variables Analysis (CVA) were

carried out. Deformation grids were obtained from the canonical variables that most

influenced morphological variation, in order to more clearly identify vector variations

between species.

DNA extraction, PCR amplification and DNA sequencing

Molecular analyses involved extracting DNA from three individuals of

Stegastes fuscus, S. variabilis, S. pictus, S. sanctipauli, and S. trindadensis and six

of S. rocasensis (three from Rocas atoll and three from Fernando de Noronha

archipelago).

Page 40: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

38

Total DNA was extracted from muscle tissue according to proteinase

K/phenol-chloroform protocols [37] Fragments of three mitochondrial genes (16S,

COI, and CytB) and two nuclear genes (rag1 and rhod) from each individual were

amplified using the polymerase chain reaction method (PCR). The PCRs were

prepared to a final volume of 25 μl containing: 1.0 μl of total DNA (50 ng/μl), 3.0 U of

Taq polymerase, 1.0 μl of 50 mM MgCl2, 1.0 μl of 10× buffer, 1.0 μl of 10 mM dNTP

(deoxyribonucleotide triphosphate), 1.0 μl of each primer (10 μM), and ultrapure

water to complete the final volume of the reaction. The thermal profiles for PCR were

as follows: 95oC for 5 min, followed by 35 cycles at 95oC for 30 s, annealing

temperature for 45 s (Table 2), and 72oC for 45 s, with final elongation at 72oC for 7

min.

The PCR products (5 μl) were purified with exonuclease I enzymes (3.3

U/reaction) and shrimp alkaline phosphatase (0.66 U/reaction) (GE Healthcare), in a

thermal cycler, submitting the mix to a 30-min cycle at 37oC and 15 min at 80oC. The

samples were sequenced in ACTGene Análises Moleculares Ltda. through the ABI-

PRISM 3500 Genetic Analyzer automatic DNA sequencer (Applied Biosystems).

Table 2. Primers used to amplify sequences of mitochondrial and nuclear genes of

Stegastes species.

Gene primers Tm oC References

16S L1987 (5’- GCC TCG CCT GTT TAC CAA AAA C - 3’)

H2609 (5’- CCG GTC TGA ACT CAG ATC ACG T - 3’)

52 [65]

COI COI-FishF2 (5’- TCG ACT AAT CAT AAA GAT ATC GGC

AC - 3’)

COI-FishR2 (5’- ACT TCA GGG TGA CCG AAG AAT

CAG AA - 3’;

50 [66]

CytB FishcytB-F (5' - ACC ACC GTT GTT ATT CAA CTA CAA

GAA C– 3’)

CytBI-5R (5' – GGT CTT TGT AGG AGA AGT ATG GGT

GGA A– 3’)

52 [67]

rhod Rod-F2w (5' – AGC AAC TTC CGC TTC GGT GAG AA –

3’)

Rod-R4n (5' – GGA ACT GCT TGT TCA TGC AGA TGT

AGA T – 3’)

60

[67]

rag1 RAG1-F3 (5’-GCC TCA GAA AAC ATG GTG CT -3’)

RAG1-R3 (5’- CCA CAC AGG TTT CAT CTG GA -3’) 50

[68]

Tm Melting Temperatures

Page 41: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

39

Analysis of sequences

The electroferograms obtained were verified using BioEdit software [38]. The

sequences of each gene were aligned using MUSCLE [39] in the MEGA 6 software

package [40]. The sequences of mitochondrial (16S, COI and CytB) and nuclear

genes (rag1 and rhodopsin) from each individual were concatenated, forming a

single nucleotide sequence. Sites with gaps were excluded from all genetic analyses.

Sequences of the COI gene of 22 additional Stegastes species or

populations were obtained from BOLD (www.boldsystem.org) and used for the

comparative analyses. The mean genetic divergence rates (Kimura-2-parameter

model) and the neighbor-joining tree were obtained with the MEGA 6 software [40].

The relationships among insular species (S. sanctipauli, S. rocasensis and S.

trindadensis) were determined by the Maximum Likelihood Method using MEGA 6

software [40]. The best evolutionary method for the sequences was determined by

jModelTest2 software [41] using the Akaike information criterion. Macrodon

ancylodon (Sciaenidae) and Haemulon aurolineatum (Haemulidae) were used as

outgroups. These families are outgroup candidates because they, along with the

Pomacentridae, are members of order Perciformes [42, 10]. The number of

polymorphic sites along the sequences was estimated using DnaSP 5 software [43],

while mean genetic divergence rates (p-distances) and the mean number of intra and

interspecific nucleotide differences were estimated by MEGA 6 software [40].

RESULTS

Quantification of Fin Rays and Lateral-line Scales

Frequency distributions of counts of fin rays and lateral-line scales are

presented in Table 3. There is great similarity among species, except for S. pictus,

which modally exhibits fewer pectoral-fin rays than the other species. Numerical

differences were observed between counts taken in populations of S. variabilis from

Brazil and those described for Caribbean region [44]. Counts do not discriminate

among S. fuscus, S. variabilis, S. rocasensis and S. sanctipauli.

Page 42: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

40

Principal Component Analysis (PCA)

The first principal component retained 88.6% of data variance, whereas in

the second and third axes (sPC2 and sPC3), it was 2.6% and 2.1%, respectively

(Table 4). The first PC is positively related to all measurements and was interpreted

as being related to size, while the second and third, with positive and negative

values, respectively, represent the shape. The individual scores for the species

revealed partial overlapping among them in these components (Fig. 3). However, in

the second axis, S. variabilis was completely separated from S. rocasensis, S.

trindadensis and S. sanctipauli, but with greater similarity to S. fuscus, whereas S.

fuscus presented intermediate scores between these species. The individuals

identified as S. sanctipauli and S. rocasensis are not separated morphometrically

along sPC2 and sPC3. In the third axis S. trindadensis is separated from S.

rocasensis (Fig. 3). The samples identified as S. rocasensis from Fernando de

Noronha archipelago and S. rocasensis from Rocas atoll are not separated in any of

the axes, nor is the sample of S. sanctipauli.

The variables that discriminate S. fuscus and S. variabilis from S. rocasensis,

S. trindadensis and S. sanctipauli by the second PC are caudal peduncle depth,

interorbital width and body depth (positive loadings, Table 4). By contrast, the

variables with the highest values in S. rocasensis, S. trindadensis and S. sanctipauli

are length of the longest anal ray, length of the second anal spine, snout length, and

length of the longest dorsal ray (negative loadings in Table 4). Stegastes trindadensis

differs from both populations of S. rocasensis by having a longer pelvic fin, last dorsal

spine, anal-fin base, and longest dorsal ray (positive loadings, Table 4), and shorter

snout, smaller orbit diameter, and shorter head (negative values, Table 4).

Page 43: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

41

Table 3. Frequency distribution of counts for 7 species of Stegastes from the

Western Atlantic

Dorsal rays

Species N 12 13 14 15 16 17 Variation Mean

S. sanctipauli* 21 - - 1 20 - - 14-15 14.9

S. sanctipauli 11 - - 1 10 - - 14-15 14.9

S. rocasensis* 36 - 1 3 31 1 - 13-16 14.9

S. rocasensis (RA) 9 - - 2 6 1 - 14-16 14.8

S. fuscus 18 - - 2 15 1 - 15-16 14.9

S. variabilis* 57 - - 3 23 29 2 14-17 15.5

S. variabilis 10 - - 4 6 - - 14-15 14.6

S. pictus 13 - - - 7 6 - 15-16 15.5

S. trindadensis* 23 - - - - - - 14-17 -

S. trindadensis 12 - - - - - 12 17 17

Anal rays

Species N 11 12 13 14 15 16 Variation Mean

S. sanctipauli* 21 - - 21 - - - 13 13.0

S. sanctipauli 11 - - 9 2 - - 13-14 13.2

S. rocasensis* 36 - - 36 - - - 13 13.0

S. rocasensis (RA) 9 - - 7 2 - - 13-14 13.2

S. fuscus 18 - 3 9 6 - - 12-14 13.2

S. variabilis* 57 - 1 20 32 4 - 12-15 13.7

S. variabilis 10 - 3 7 - - - 12-13 12.7

S. pictus 13 - 1 4 7 1 - 12-15 13.6

S. trindadensis* 23 - - - - - - 13-15 -

S. trindadensis 12 - - 1 7 4 - 13-15 14.2

Pectoral rays

Species N 17 18 19 20 21 22 Variation Mean

S. sanctipauli* 21 - - 2 18 1 - 19-21 19.9

S. sanctipauli 11 - - 1 10 - - 19-20 19.9

S. rocasensis* 36 - - 2 31 3 - 19-21 20.0

S. rocasensis (RA) 9 - - 1 8 - - 19-20 19.9

S. fuscus 18 - - 2 8 8 - 19-21 20.3

S. variabilis* 57 - 1 16 38 2 - 18-21 19.7

S. variabilis 10 - - 1 7 2 - 19-21 20.1

S. pictus 13 1 11 1 - - - 17-19 18.0

S. trindadensis* - - - - - - - 19-21 -

S. trindadensis 12 - 1 11 - - - 18-19 18.9

Lateral line-scales

Species N 16 17 18 19 20 21 Variation Mean

S. sanctipauli* 12 - - - 2 19 - 19-20 19.8

S. sanctipauli 11 - - - - 11 - 20 20.0

S. rocasensis* 36 - - 2 4 29 1 18-21 19.8

S. rocasensis (RA) 9 - - - 2 7 - 19-20 19.8

S. fuscus 18 - - - - 15 3 20-21 20.2

S. variabilis* 57 - - 2 28 27 - 18-20 19.4

S. variabilis 10 - - - 1 9 - 19-20 19.9

S. pictus 13 - - - 1 12 - 19-20 19.9

S. trindadensis* 23 - - - - - - 19-21 -

S. trindadensis 12 - - - 1 10 1 19-21 20.0

Literature data for S. variabilis and S. pictus [44], S. rocasensis [22], S. sanctipauli [27] and S.

trindadensis [17] are highlighted with an asterisk; RA Rocas Atoll.

Page 44: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

42

Table 4. Variable loadings from sheared principal components analysis for

morphometric characters of Stegastes species

Principal component PC1 sPC2 sPC3

Percentage of variance 88.63 2.640 2.118

Variables

Standard length 0.258112 -0.001448 -0.210450

Head length 0.241320 0.047276 -0.232662

Snout length 0.303126 -0.296250 -0.552961

Orbit diameter 0.200732 -0.020172 -0.235335

Greatest body depth 0.255074 0.319120 -0.100978

Predorsal length 0.246296 0.030081 -0.044675

Length of last dorsal spine 0.240925 0.016873 0.384464

Length of longest dorsal ray 0.276920 -0.264052 0.202150

Anal fin base length 0.237181 0.094722 0.219734

Length of second anal spine 0.245731 -0.383452 0.149272

Length of longest anal ray 0.261460 -0.477297 0.144833

Pectoral fin length 0.241844 0.114243 0.014072

Pelvic fin length 0.201796 0.123833 0.466247

Caudal fin length 0.271083 -0.167673 -0.092469

Caudal peduncle depth 0.241178 0.406146 0.017068

Interorbital width 0.258160 0.360734 -0.140756

Page 45: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

43

Fig. 3 Dispersion diagram of individual scores in the Principal Components Analysis

of Stegastes fuscus (blue diamonds), S. rocasensis (Fernando de Noronha

archipelago, pink squares), S. rocasensis (Rocas atoll, yellow triangles), S.

sanctipauli (X), S. variabilis (violet squares with an asterisk), and S. trindadensis

(green circles), in the space defined by sPC2 and sPC3.

Geometric morphometric analysis

Canonical variables 1 and 2 contributed more to the shape variation among

samples of Stegastes (Procrustes MANOVA: SS = 0.086; df = 70; F = 11.93; p =

<0.001; Pillai’s trace = 2.37; Pillai’s trace p = <0.001), accounting for 83.7% (CV1 =

57.3; CV2 = 26.4; p <0.001). The individual scores of the species demonstrate a

marked overlap in the morphospace of S. fuscus and S. variabilis along the two axes.

Stegastes sanctipauli individuals overlapped with those of S. rocasensis (RA; FNA)

(Fig. 4). Stegastes rocasensis individuals of RA and FNA were more discriminated

between each other than with the sample of SPSPA. The deformation grids obtained

from CV2 show morphological distinctions between S. fuscus and S. variabilis

relative to landmarks 1-3 and 6-9, which are related to the position of the fins (anal,

Page 46: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

44

dorsal, pelvic and pectoral), mouth and eyes (Fig. 4a). The warped outlines

generated from CV1 data demonstrate the morphological diversification of S.

rocasensis and S. sanctipauli in relation to the position of landmarks 2-7 (Fig. 4b),

which correspond primarily to variations in anterior and posterior body height. Body

variations between S. fuscus and S. trindadensis show differences in pectoral- and

anal-fin position, as well as body length and height (Fig. 4c).

Fig. 4 Analysis of the canonical variables of body shape data of Stegastes fuscus

(blue diamonds), S. rocasensis (Fernando de Noronha archipelago, pink squares), S.

rocasensis (Rocas atoll, yellow triangles), S. sanctipauli (X), S. trindadensis (green

circles) and S. variabilis (violet squares with an asterisk), between the CV1 and CV2

axes (CV1=57.3% and CV2=26.4%). The deformation grids illustrate the variation in

body shape of a Stegastes fuscus and S. variabilis, b S. rocasensis and S.

sanctipauli, and c S. fuscus and S. trindadensis on CV1.

Genetic variation

For genetic diversity analyses 90 nucleotide sequences were generated, 18

for each of the five molecular markers analyzed. The access numbers of sequences

in GenBank are listed in Table 1. After the alignments the sequences resulted in 540

Page 47: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

45

base pairs (bp) of gene 16S, 668 bp of CytB, 633 bp of COI, 290 bp of rag1 and 449

bp of rhodopsin. The concatenation of five fragments resulted in consensus

sequences of 2,580 bp, which were used in genetic comparisons.

Stegastes sanctipauli (SPSPA) and S. rocasensis (FNA/RA) specimens

shared identical haplotypes for all the genes, except for one specimen of S.

rocasensis from the FNA, which exhibited a mutation (ts G A) in the CytB gene.

Stegastes variabilis showed more genetic differences in relation to S. rocasensis, S.

sanctipauli and S. trindadensis than to the coastal species S. fuscus. The mean

number of intraspecific nucleotide differences ranged from 0 to 2 (Table 5). The

nucleotide diversity of concatenated sequences was extremely low in S. rocasensis

from FNA and RA, and absent in S. sanctipauli and S. rocasensis from RA (0 ± 0.0).

The highest mean nucleotide differences in the species under study was found

between S. pictus and S. variabilis (228 ± 13).

Comparative genetic analyses

A neighbor-joining analysis of the COI sequences with 27

species/populations shows that the genetic distance among species ranges from

0.000 0.000 to 0.207 0.021 (Supplementary Material - Table 1). Genetic distance

values of 0.000 0.000 were observed between Stegastes rocasensis from literature

and present study, between S. rocasensis and S. sanctipauli, and between S. pictus

from literature and present study. A genetic distance of 0.001 0.001 was observed

between S. trindadensis and a sample of S. fuscus analyzed in the present study.

Between S. variabilis and a sample of S. fuscus analyzed in the present study a

genetic distance of 0.040 0.008 was observed. The relationship among samples is

showed in the Fig. 5.

Maximum likelihood using the concatenated sequences of 16S, COI, CytB,

rag1 and rhod genes produced resolved clusters with high bootstrap values that

clarify the relationships among Atlantic species of Stegastes (Fig. 6). In both

analyses (COI and concatenated sequences) the data clearly demonstrate a clade

formed by S. rocasensis (RA and FNA) and S. sanctipauli, whose individuals are

genetically the same, as well as almost complete genetic similarity between S. fuscus

and S. trindadensis. Stegastes variabilis and S. pictus show a low genetic similarity

with insular forms.

Page 48: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

46

Table 5. Mean pairwise distances (p-distance) (lower diagonal) and mean number of intraspecific (in parentheses) and interspecific

(upper diagonal) nucleotide differences with their respective standard errors based on partial sequences of 16S, COI, CytB, rag1 and

rhodopsin genes (2,580 bp).

Species 1.

(0.6 ± 0.6)

2.

(2 ± 1.1)

3.

(1.3 ± 0.9)

4.

(0 ± 0.0)

5.

(0.6 ± 0.6)

6.

(0.0 ± 0.0)

7.

(0.0 ± 0.0)

1. S. pictus - 213±13 206±12 204±12 204±12 204±12 206±12

2. S. variabilis 0.087±0.005 - 202±13 214±13 214±13 214±13 201±13

3. S. fuscus 0.084±0.004 0.083±0.005 - 88±8.0 89±8.0 88±8.0 3.6±1.8

4. S. rocasensis RA 0.084±0.005 0.088±0.005 0.036±0.004 - 0.3±0.3 0.0±0.0 87±8.0

5. S. rocasensis FNA 0.084±0.005 0.088±0.005 0.036±0.004 0.000±0.000 - 0.3±0.3 87±8.0

6. S. sanctipauli 0.084±0.005 0.088±0.005 0.036±0.004 0.000±0.000 0.000±0.000 - 87±8.0

7. S. trindadensis 0.084±0.004 0.088±0.005 0.001±0.004 0.035±0.003 0.035±0.003 0.035±0.003 -

Analysis based on 1000 bootstrap replications; Gaps were considered a pairwise deletion; RA Rocas atoll, FNA Fernando de Noronha archipelago.

Page 49: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

47

Fig. 5 Neighbor-joining tree derived from COI sequences of Stegastes. Analysis based on

the Kimura-2-parameter evolutionary model with 1000 bootstrap replicates (only values

higher than 70 shown); SPSPA São Pedro and São Paulo archipelago, RA Rocas atoll, FNA

Fernando de Noronha archipelago, TI Trindade island.; Numbers below branches indicate

bootstrap percentages; Numbers before species names refer to BOLD sequences; The COI

sequences obtained in this study are highlighted.

Page 50: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

48

Fig. 6 Maximum likelihood tree based on the combination of 16S, COI, CytB, rag1

and rhod (2,580 pb) sequences of Stegastes. Analysis based on the GTR+G

evolutionary model with 1000 bootstrap replicates. Highlighted are the close

relationships between the insular species S. rocasensis and S. sanctipauli and

between S. fuscus and S. trindadensis. SPSPA São Pedro and São Paulo

archipelago; RA Rocas atoll; FNA Fernando de Noronha archipelago; TI Trindade

island. Numbers below branches indicate maximum likelihood bootstrap percentages.

Page 51: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

49

DISCUSSION

Morphological approaches, associated with mitochondrial- and nuclear-gene

analyses between continental and insular species of Stegastes in the western

Atlantic displayed putative incongruities with respect to the taxonomic status

attributed to the insular species S. rocasensis, S. sanctipauli, and S. trindadensis.

Classification of Stegastes species is particularly dependent on color

patterns, given that they exhibit conservative morphology [12]. Indeed, discrimination

of some species through the exclusive use of phenotypic criteria has been

problematic [45], since it reveals limited or ambiguous morphological characters or

those with significant plasticity. Furthermore, phenotypic variations are not always

effective phylogenetic characters, given that they may reflect adaptations to different

ecological regimes to which the species are subjected in their distribution area [46].

Aspects of coloration have masked the marked morphological similarities

between Stegastes rocasensis and S. sanctipauli as observed in the present study.

The juveniles and adults of the former are notably bicolored (blue dorsally and yellow

ventrally), exhibiting dark lines on the side of the body in large individuals. Stegastes

sanctipauli exhibits bright yellow to dark green or yellowish-brown coloration in

adults, whereas juveniles have yellow heads and bodies, darkening slightly on the

dorsal portion. Dark lines are observed on the flanks below the lateral line. The

presence of a body with yellow color patterns is also shared with S. variabilis. On the

other hand, juvenile Stegastes fuscus exhibits bright-blue coloration on the dorsum,

becoming lighter ventrally, and adults are largely brown. Stegastes trindadensis

displays similar coloration to that of the continental species S. fuscus, from which it is

distinguished in the juvenile phase by the yellow coloration of the beginning of the

dorsal fin [14].

In the Fernando de Noronha archipelago, Rocas atoll and São Pedro and

São Paulo archipelago, the abundance of S. rocasensis and S. sanctipauli individuals

is directly related to the structural composition of the environment and diversity of the

substrate cover [47]. In this respect, these insular regions can mobilize phenotypic

responses adaptive to different selective pressures, both in terms of body shape and

coloration of individuals from each region. Abnormal body coloration has been

described in individual species of Stegastes [48], including four of those analyzed

here: S. fuscus, S. variabilis, S. rocasensis and S. pictus [14, 15 ,50]. These

Page 52: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

50

variations can be due to non-genetic factors [14], or even, in this or other genera,

intrapopulational characteristics, without being necessarily supported, however, by

very high levels of genetic differentiation [51].

Menezes and Figueiredo [52] underscored the greater similarity in coloration

and morphological characters between S. fuscus, S. rocasensis and S. sanctipauli,

compared to other species of Stegastes on the Brazilian coast. Indeed, the modal

values of counts in the three species are largely concordant, with marked overlapping

of minimum and maximum values. However, this did not occur with S. pictus, which

show a lower value for pectoral rays (18).

Analyses of the principal components obtained by traditional multivariate

morphometry indicated that the species in general have similar body morphology. In

relation to insular forms, S. rocasensis from RA and FNA exhibit overlapping

morphological aspects. These two populations of S. rocasensis demonstrated

markedly similar morphology to that of S. sanctipauli, and accurate ordering on the

sPC2 and sPC3 axes. In fact, both species display morphological patterns more

similar to each other than to the other species of Stegastes analyzed. On the other

hand, the continental species S. variabilis exhibits only partial discrimination of

insular individuals, which could suggest the effect of different environmental

pressures.

Although morphological diversification occurs between Stegastes species,

they share conservative body patterns. Similarly to multivariate analyses, geometric

morphometry analyses also show significant morphological similarity between S.

rocasensis (FNA) and S. sanctipauli. Curiously, subtle body differences were more

common between S. rocasensis individuals from RA and FNA, than with S.

sanctipauli. This may be caused by distinct environmental factors, causing a

disruptive selection of morphotypes adapted to local conditions. Indeed, as a

response to environmental characteristics, many fish species demonstrate

considerable phenotypic plasticity that increases their aptitude to a determinate

environment [53]. When compared to other insular ecosystems, the low habitat

diversity of Rocas atoll [54] may have driven the morphological changes observed in

the population of S. rocasensis from RA due to the different ecological resources in

the systems [46, 55,56].

Variations in body shape between the species of Stegastes analyzed were

significant in terms of the positions of the dorsal and anal fins, and body height.

Page 53: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

51

These ecomorphological divergences suggest adaptations related to the swimming

process, with direct implications on habitat use [57], biotic interactions [58] and

foraging [59]. On the other hand, morphological changes in position and mouth size

could reflect different degrees of food specialization, especially in relation to the type

and potential size of the prey [60]. The phenotypic plasticity identified in populations

of S. rocasensis from RA, FNA and SPSPA indicate an intense environmental effect

on the local adaptive patterns of each population. Indeed, in the damselfish

Abudefduf saxatilis, counts and multivariate morphometry analyses between different

populations, revealed clinal variation between northeastern/RA-SPSPA regions and

the southern coast of Brazil, in addition to marked morphological differences between

the populations of Rocas atoll, Fernando de Noronha archipelago and São Pedro

and São Paulo archipelago [61]. This condition has been identified in other Atlantic

species, such as the frillfin goby (Bathygobius soporator), which exhibits significant

morphological variations between contiguous populations along the Brazilian coast,

the action of ecological factors being the likely mobilizers of morphological

diversification [46].

In groups with marked phenotypic plasticity, such as Pomacentridae, genetic

analyses are particularly revealing regarding population structuring [51], or defining

the biological status of groups whose morphological characteristics have not been

resolved. Analyses of 16S, COI, CytB, rag1 and rhod gene sequences, widely used

in phylogenetic evaluation, enabled the assessment of taxonomic status and the level

of genetic divergence between the insular forms S. rocasensis, S. sanctipauli and S.

trindadensis in relation to other congeneric species. In this respect, despite the

various sequences used, S. rocasensis and S. sanctipauli showed no genetic

divergence between them, suggesting that they represent a single species. Similarly,

a very low genetic divergence was identified between S. fuscus and S. trindadensis

(0.1%). Our genetic data support the synonymy of S. trindadensis with S. fuscus and

do not support subspecific division within that species.

Analyses with the COI sequences of Stegastes species confirm that samples

of S. rocasensis (our data and also data from the literature) and S. sanctipauli are

genetically identical. The genetic distance between our samples of S. trindadensis

and S. fuscus also show that they are almost identical. A single record in the BOLD

database identified as S. fuscus does not match our sequences of S. fuscus but

matches sequences of S. diencaeus and appears to be a misidentification. A

Page 54: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

52

comparison between our data for S. pictus and the BOLD data shows no difference

between them. On the other hand, a comparison of our COI data of samples of S.

variabilis from northeast Brazil with sequences of S. variabilis from the Caribbean

area showed a genetic distance between them of d= 0.040 0.008. Barcoding

studies with fishes showed that the genetic distance (based on the Kimura-2-

parameter model) between species usually is around 2% [62]; thus, the present data

on S. variabilis suggest the possible occurrence of a cryptic species. Although counts

of more Brazilian specimens of S. variabilis are needed, Table 3 indicates that there

may be modal differences in some counts between Brazilian and Caribbean

populations.

Stegastes sanctipauli was described as endemic to SPSPA, an insular region

approximately 600 km from FNA and 700 km from RA, an occurrence site of S.

rocasensis. The occurrence of S. rocasensis in the remote SPSPA [63] can indicate

color polymorphisms or evidence of sporadic recruitment between these two areas.

Nevertheless, it demonstrates a more geographically or morphologically diffuse

situation than was previously believed. Thus, the evidence that S. rocasensis and S.

sanctipauli are the same species suggests the occurrence of color polymorphism

maintained by different selective pressures between these insular regions. Recent

evidence of phylogeographic patterns in the Brown Chromis (Chromis multilineata)

demonstrates gene flow, involving FNA and SPSPA [51]. Despite the suggestion of

greater isolation in the SPSPA population, also identified for S. sanctipauli [24], the

population of this species exhibits moderate genetic structuring between the insular

regions and other coastal populations. Our morphological and genetic data show that

the physical distance between the sites of S. rocasensis and S. sanctipauli

apparently do not preclude gene flow between these occurrence areas.

CONCLUSION

It cannot be ruled out that S. rocasensis, S. sanctipauli and S. fuscus from

Trindade Island (S. trindadensis) may represent species in statu nascendi [64], where

reproductive isolation remains incomplete, but the absence of genetic differentiation

and distinct morphological characters between S. rocasensis and S. sanctipauli and

between S. trindadensis and S. fuscus is strong evidence for the recognition of two

Page 55: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

53

vs. four species. On the other hand, the differentiation observed between Brazilian

and Caribbean S. variabilis is strong evidence of a putative new species.

ACKNOWLEDGEMENTS

The authors thank the National Counsel of Technological and Scientific

Development (CNPq - Proc. 141234/2009-1; 309879/2013-2; 442664/2015-0) for

financial support, and for the research scholarship awarded to ASS and RXS, and

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade for the specimen

collection license (#19135-5).

REFERENCES

1. Griffiths AM, Sims DW, Cotterell SP, El Nagar A, Ellis JR, Lynghammar A,

McHugh M, Neat FC, Pade NG, Queiroz N, Serra-Pereira B, Rapp T,

Wearmouth VJ, Genner MJ. Molecular markers reveal spatially segregated

cryptic species in a critically endangered fish, the common skate (Dipturus

batis). Proc Biol Sci. 2010; 277:1497-1503.

2. DiBattista JD, Wilcox C, Craig MT, Rocha LA, Bowen BW. Phylogeography of the

Pacific Blueline Surgeonfish, Acanthurus nigroris, reveals high genetic

connectivity and a cryptic endemic species in the Hawaiian Archipelago. J

Mar Biol. 2011; doi:10.1155/2011/839134.

3. Bickford D, Lohman DJ, Sodhi NS, Ng PK, Meier R, Winker K, Ingram K, Das I.

Cryptic species as a window on diversity and conservation. Trends Ecol Evol.

2007;22:148-155.

4. Schultz JK, Pyle RL, Demartini E, Bowen BW. Genetic connectivity among color

morphs and Pacific archipelagos for the flame angelfish, Centropyge

loriculus. Mar Biol. 2007;151:167-175.

5. Souza AS, Dias-Júnior EA, Machado EG, Galetti Jr PM, Pichorim M, Molina WF.

Wide-range genetic connectivity of coney, Cephalopholis fulva

(Epinephelidae), through oceanic islands and continental Brazilian coast. An

Acad Bras Ciênc. 2015;87:121-136.

Page 56: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

54

6. Planes S, Doherty PJ. Genetic relationships of the colour morphs of

Acanthochromis polyacanthus (Pomacentridae) on the northern Great Barrier

Reef. Mar Biol. 1997;130:109-117.

7. Bernardi G, Holbrook SJ, Schmitt RJ, Crane NL, DeMartini E. Species boundaries,

populations and colour morphs in the coral reef three-spot damselfish

(Dascyllus trimaculatus) species-complex. Proc Biol Sci. 2002;269:599-605.

8. Bowen BW, Muss A, Rocha LA, Grant WS. Shallow mtDNA coalescence in

Atlantic pygmy angelfish (genus Centropyge) indicates a recent invasion from

the Indian Ocean. J Hered. 2006;97:1-12.

9. Wainwright PC, Bellwood DR. Ecomorphology of feeding in coral reef fishes. In:

Sale PF, editor. Coral reef fishes: dynamics and diversity in a complex

ecosystem. San Diego: Academic Press; 2002. p. 33-56.

10. Eschmeyer WN, Fricke R, van der Laan R. Catalog of fishes: genera, species,

references. 2016.

http://researcharchive.calacademy.org/research/ichthyology/catalog/fishcatm

ain.asp. Accessed 08 Jan 2016.

11. Greenfield DW, Woods LP. Eupomacentrus diencaeus Jordan and Rutter, a valid

species of damselfish from the western tropical Atlantic. Fieldiana Zool.

1974;65:9-20.

12. Allen GR. Damselfishes of the world. Melle: Mergus Publishers; 1991.

13. Novelli R, Nunan GW, Lima NRW. A new species of Damselfish genus Stegastes

Jenyns, 1842 (Teleostei: Pomacentridae) from the coast of Brazil. Bol Museu

Nac. 2000;413:1-12.

14. Souza AT, Ilarri MI, Medeiros PR, Sampaio CLS, Floeter SR. Unusual colour

patterns of territorial damselfishes (Pomacentridae: Stegastes) in the

Southwestern Atlantic. Mar Biodivers Rec. 2011;4:1-5.

15. Araújo ME, Cunha FEA, Carvalho RAA, Freitas JEP, Nottingham MC, Barros

BMN. Ictiofauna marinha do estado do Ceará, Brasil: II Elasmobranchii e

Actinopterygii de arrecifes de arenito da região entre marés. Arq Cienc Mar.

2000;33:133-138.

16. Gasparini JL, Floeter SR. The shore fishes of Trindade Island, western South

Atlantic. J Nat Hist. 2001;35:1639-1656.

Page 57: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

55

17. Gasparini JL, Moura RL, Sazima I. Stegastes trindadensis n. sp. (Pisces:

Pomacentridae), a new damselfish from Trindade Island, off Brazil. Bol Mus

Biol Mello Leitão. 1999;10:3-11.

18. Floeter SR, Krohling W, Gasparini JL, Ferreira CEL, Zalmon I. Reef fish

community structure on coastal islands of the southeastern Brazil: the

influence of exposure and benthic cover. Environ Biol Fish. 2007;78:147-160.

19. Vaske T, Lessa RP, Nóbrega M, Montealegre-Quijano S, Marcante Santan F,

Bezerra JL. A checklist of fishes from Saint Peter and Saint Paul

Archipelago. Brazil. J Appl Ichthyol. 2005;21:75-79.

20. Almeida FFM. Arquipélago de Fernando de Noronha - Registro de monte

vulcânico do Atlântico Sul. In: Schobbenhaus C, Campos DA, Queiroz ET,

Winge M, Berbert-Born MLC, editors. Sítios Geológicos e Paleontológicos do

Brasil. 1st ed. Brasília: Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e

Paleobiológicos; 2002. p. 361-368.

21. Kikuchi RKP. Atol das Rocas, Litoral do Nordeste do Brasil - Único atol do

Atlântico Sul Equatorial Ocidental. In: Schobbenhaus C, Campos DA,

Queiroz ET, Winge M, Berbert-Born MLC, editors. Sítios Geológicos e

Paleontológicos do Brasil. 1st ed. Brasília: Comissão Brasileira de Sítios

Geológicos e Paleobiológicos; 2002. p. 379-390.

22. Emery AR. A new species of damselfish (Pisces: Pomacentridae) from the

eastern coast of South America. Copeia. 1972; doi:10.2307/1442495.

23. Molina WF. Chromosome changes and stasis in marine fish groups. In: Pisano E,

Ozouf-Costaz C, Foresti F, Kapoor BG, editors. Fish Cytogenetics. 1st ed.

Enfield: Science Publisher; 2007. p. 69–110.

24. Dias-Júnior EA, Souza AS, Molina WF. Lack of interpopulation genetic structure

in the genus Stegastes (Perciformes) with indication of local introgression.

Genet Mol Res. 2007;6:1097-1106.

25. Carter JA, Kaufman L. Pomacentridae. In: Carpenter KE, editor. The living marine

resources of the Western Central Atlantic, vol. 3. Rome: FAO; 2003. p. 1694-

1700.

26. Pinheiro HT, Mazzei E, Moura RL, Amado-Filho GM, Carvalho-Filho A, Braga

AC, et al. Fish Biodiversity of the Vitória-Trindade Seamount Chain,

Southwestern Atlantic: An Updated Database. PLoS ONE. 2015;

doi:10.1371/journal.pone.0118180.

Page 58: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

56

27. Lubbock R, Edwards A. The fishes of Saint Paul's Rocks. J Fish Biol.

1981;18:135-157.

28. Souza AT, Ilarri MI, Rosa IL. Habitat use, feeding and territorial behavior of a

Brazilian endemic damselfish Stegastes rocasensis (Actinopterygii:

Pomacentridae). Environ Biol Fish. 2011;91:133-144.

29. Souza AT, Ilarri MI. Behavioral changes of a Brazilian endemic damselfish

Stegastes rocasensis when guarding egg clutches. Environ Biol Fish.

2014;97:1295-1303.

30. Molina WF, Galetti Jr PM. Multiple pericentric inversions and chromosomal

divergence in the reef fishes Stegastes (Perciformes, Pomacentridae). Genet

Mol Biol. 2004;27:443-448.

31. Dias-Júnior EA, Molina WF. Análise de similaridade genética entre espécies

insulares endêmicas e costeiras do gênero Stegastes (Perciformes) através

de marcadores moleculares RAPD. Publica 2008;4:37-46.

32. Morrison DF. Multivariate statistical methods. 2nd ed. Singapore: McGraw Hill;

1976.

33. MacLeod N. Shear. In: Rohlf FL, Bookstein FL, editors. Proceedings of Michigan

Morphometrics Workshop. Michigan: University of Michigan; 1990.

34. Rohlf FJ. tpsDig 2.16, digitize landmarks and outlines. New York: State University

of New York; 2010.

35. Rohlf FJ. tpsUtil 1.46. New York: State University of New York; 2010.

36. Dryden IL, Mardia KV. Statistical shape analysis. New York: John Wiley & Sons;

1998.

37. Sambrook J, Fritsch EF, Maniatis T. Molecular cloning: a laboratory manual. New

York: Could Spring Harbor Laboratory Press; 1989.

38. Hall TA. BioEdit: a user-friendly biological sequence alignment editor and

analysis program for Windows 95/98/NT. Nucl Acid S. 1999;41:95-98.

39. Edgar RC. Muscle: multiple sequence alignment with high accuracy and high

throughput. Nucleic Acids Res. 2004;32:1792-1797.

40. Tamura K, Stecher G, Peterson D, Filipski A, Kumar S. Mega 6: Molecular

Evolutionary Genetics Analysis. Mol Biol Evol. 2013;30:2725-2729.

41. Darriba D, Taboada GL, Doallo R, Posada D. jModelTest2: more models, new

heuristics and parallel computing. Nat Methods. 2012;

doi:10.1038/nmeth.2109.

Page 59: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

57

42. Kaufman L, Liem KF. Fishes of the suborder Labroidei (Pisces: Perciformes):

phylogeny, ecology, and evolutionary significance. Breviora. 1982;472:1-19.

43. Librado P, Rozas J. DnaSP 5: A software for comprehensive analysis of DNA

polymorphism data. Bioinformatics. 2009;25:1451-1452.

44. Rivas LR. The fishes of the genus Pomacentrus in Florida and the western

Bahamas. Quart J Fla Acad Sci. 1960;23:130-162.

45. Victor BC. Hypoplectrus floridae n. sp. and Hypoplectrus ecosur n. sp., two new

Barred Hamlets from the Gulf of Mexico (Pisces: Serranidae): more than 3%

different in COI mtDNA sequence from the Caribbean Hypoplectrus species

flock. J Ocean Sci Foundation. 2012;5:1-19.

46. Lima-Filho PA, Molina WF, Cioffi MB, Bertollo LAC. Chromosomal and

morphological divergences in Atlantic populations of the frillfin goby

Bathygobius soporator (Gobiidae, Perciformes). J Exp Mar Biol Ecol.

2012;434:63-70.

47. César FB. Idade, crescimento e distribuição de Stegastes rocasensis (Emery,

1972), no Atol das Rocas, e Stegastes sanctipauli (Lubbock & Edwards,

1981), no Arquipélago de São Pedro e São Paulo. Trop Oceanogr.

2010;38:234.

48. Palacios-Salgado D S, Rojas-Herrera A. Partial xanthism in a specimen of

Acapulco major, Stegastes acapulcoensis (Teleostei: Pomacentridae), from

the Tropical Eastern Pacific. Panam J Aquat Sci. 2012;7:175-177.

49. Araújo ME, Maranhão HA, Véras DP, Hazin F. Unusual coloration pattern in

juveniles of Stegastes fuscus (Actinopterygii: Pomacentridae). Zootaxa.

2009;2081:67-68.

50. Vella A, Agius Darmanin S, Vella N. Morphological and genetic barcoding study

confirming the first Stegastes variabilis (Castelnau, 1855) report in the

Mediterranean Sea. Mediterr Mar Sci. 2015; doi:10.12681/mms.1391.

51. Cunha IMC, Souza AS, Dias Junior EA, Amorim KDJ, Soares RX, Costa GWWF,

Machado EG, Galetti Jr PM, Molina WF. Genetic multipartitions based on D-

Loop sequences and chromosomal patterns in Brown Chromis,

(Pomacentridae), in the Western Atlantic. Biomed Res Int.

2014;2014:254698.

Page 60: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

58

52. Menezes NA, Figueiredo JL. Manual de peixes marinhos do sudeste do Brasil. V.

Teleostei (4). São Paulo: Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo;

1985.

53. Mérona B, Mol J, Vigouroux R, Chaves PT. Phenotypic plasticity in fish life-

history traits in two neotropical reservoirs: Petit-Saut Reservoir in French

Guiana and Brokopondo Reservoir in Suriname. Neotrop Ichthyol.

2009;7:683-692.

54. Rocha LA. Patterns of distribution and processes of speciation in Brazilian reef

fishes. J Biogeogr. 2003;30:1161-1171.

55. Mittelbach GG, Osenberg CW, Wainwright PC. Variation in resource abundance

affects diet and feeding morphology in the pumpkinseed sunfish (Lepomis

gibbosus). Oecologia. 1992;90:8-13.

56. Walker JA. Ecological morphology of lacustrine threespine stickleback

Gasterosteus aculeatus (Gasterosteidae) body shape. Biol J Linn Soc.

1997;61:3-50.

57. Wainwright PC, Collar DC, Alfaro ME. Integrated diversification of locomotion and

feeding in labrid fishes. Biol Letters. 2007;4:84-86.

58. Werner EE. Species packing and niche complementarity in three sunfishes. Am

Nat. 1977;111:553-579.

59. Webb PW. Effect of body form and response threshold on the vulnerability of four

species of teleost prey attacked by largemouth bass (Micropterus salmoides).

Can J Fish Aquat Sci. 1986;43:763-771.

60. Piorski NM, Alves JR, Machado MRD, Correia MMV. Alimentação e

ecomorfologia de duas espécies de piranhas (Characiformes: Characidae)

do lago de Viana, Maranhão, Brasil. Acta Amaz. 2005;35:63-70.

61. Molina WF, Shibatta OA, Galetti Jr PM. Multivariate morphological analyses in

continental and island populations of Abudefduf saxatilis (Linnaeus)

(Pomacentridae, Perciformes) of Western Atlantic. Panam J Aquat Sci.

2006;1:49-56.

62. Ward RD. DNA barcode divergence among species and genera of birds and

fishes. Mol Ecol Resour. 2009;9:1077-1085.

63. Feitoza BM, Rocha LA, Luiz-Júnior OJ, Floeter SR, Gasparini JL. Reef fishes of

St. Paul’s Rocks: new records and notes on biology and zoogeography.

Aqua. 2003;7:61-82.

Page 61: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

59

64. Dobzhansky T, Spassky B. Drosophila paulistorum, a cluster of species in statu

nascendi. Proc Natl Acad Sci USA. 1959;45:419-428.

65. Palumbi SR, Martin AP, Romano S, Mcmillan NWO, Stice L, Grabowski G. The

simple fool's guide to PCR. Honolulu: University of Hawaii; 1991.

66. Ward RD, Zemlak TS, Innes BH, Last PR, Hebert PD. DNA barcoding Australia’s

fish species. Philos Trans R Soc Lond B Biol Sci. 2005;360:1847-1857.

67. Jiménez S, Schönhuth S, Lozano IJ, González JA, Sevilla RG, Diez A, Bautista

JM. Morphological, ecological and molecular analyses separate Muraena

augusti from Muraena helena as a valid species. Copeia. 2007;1:101−113.

68. Reece JS, Bowen BW, Joshi K, Goz V, Larson A. Phylogeography of two moray

eels indicates high dispersal throughout the Indo-Pacific. J Hered.

2010;102:1-12

Page 62: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

60

Supplementary material Table 1. Genetic divergence (Kimura-2-parameter) among Stegastes species (lower diagonal) with their

respective standard errors (upper diagonal) based on partial sequences of COI (658 bps).

Species 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27

1 Stegastes_adustus

0,017 0,016 0,013 0,009 0,017 0,014 0,009 0,014 0,017 0,017 0,018 0,016 0,016 0,017 0,018 0,017 0,016 0,014 0,018 0,013 0,013 0,014 0,014 0,016 0,012 0,012

2 Stegastes_albifasciatus 0,158

0,017 0,018 0,018 0,016 0,018 0,018 0,018 0,016 0,008 0,015 0,012 0,018 0,018 0,016 0,018 0,018 0,016 0,015 0,017 0,016 0,017 0,017 0,019 0,019 0,020

3 Stegastes_arcifrons 0,132 0,152

0,014 0,016 0,018 0,014 0,016 0,012 0,017 0,017 0,018 0,019 0,015 0,017 0,017 0,016 0,015 0,014 0,018 0,012 0,012 0,012 0,012 0,013 0,016 0,015

4 Stegastes_beebei 0,105 0,170 0,111

0,013 0,016 0,012 0,013 0,014 0,017 0,019 0,018 0,018 0,015 0,017 0,019 0,017 0,016 0,014 0,017 0,012 0,013 0,014 0,014 0,015 0,015 0,014

5 Stegastes_diencaeus 0,057 0,175 0,134 0,103

0,018 0,013 0,000 0,015 0,016 0,018 0,018 0,017 0,015 0,017 0,019 0,017 0,016 0,015 0,018 0,014 0,014 0,015 0,015 0,016 0,010 0,011

6 Stegastes_faciolatus 0,157 0,148 0,162 0,148 0,172

0,019 0,018 0,018 0,018 0,016 0,020 0,017 0,018 0,019 0,016 0,021 0,020 0,016 0,019 0,018 0,017 0,018 0,018 0,020 0,019 0,019

7 Stegastes_flavilatus 0,106 0,177 0,118 0,091 0,094 0,188

0,013 0,015 0,017 0,018 0,018 0,018 0,016 0,016 0,020 0,016 0,015 0,015 0,018 0,014 0,015 0,016 0,016 0,017 0,013 0,014

8 Stegastes_fuscus 0,057 0,175 0,134 0,102 0,000 0,172 0,093

0,015 0,016 0,018 0,018 0,016 0,015 0,017 0,018 0,017 0,016 0,015 0,018 0,014 0,014 0,015 0,015 0,016 0,010 0,011

9 Stegastes_fuscus_PP 0,116 0,157 0,080 0,103 0,114 0,160 0,127 0,114

0,017 0,017 0,018 0,017 0,014 0,019 0,017 0,016 0,016 0,011 0,016 0,009 0,009 0,009 0,009 0,001 0,014 0,014

10 Stegastes_leucostictus 0,153 0,159 0,157 0,151 0,151 0,167 0,149 0,151 0,149

0,017 0,016 0,017 0,016 0,016 0,017 0,017 0,017 0,016 0,017 0,015 0,017 0,018 0,018 0,017 0,017 0,016

11 Stegastes_limbatus 0,162 0,045 0,155 0,176 0,181 0,149 0,186 0,180 0,156 0,171

0,015 0,012 0,018 0,020 0,017 0,019 0,018 0,017 0,015 0,017 0,016 0,016 0,016 0,018 0,019 0,019

12 Stegastes_lividus 0,175 0,128 0,175 0,159 0,173 0,185 0,172 0,172 0,160 0,164 0,128

0,015 0,017 0,017 0,019 0,019 0,018 0,016 0,004 0,017 0,017 0,018 0,018 0,018 0,019 0,020

13 Stegastes_nigricans 0,153 0,084 0,172 0,177 0,166 0,160 0,184 0,163 0,158 0,173 0,079 0,126

0,018 0,018 0,017 0,019 0,018 0,016 0,014 0,017 0,016 0,017 0,017 0,018 0,018 0,019

14 Stegastes_otophorus 0,137 0,178 0,122 0,123 0,128 0,173 0,136 0,128 0,113 0,133 0,176 0,168 0,171

0,018 0,018 0,018 0,017 0,014 0,017 0,014 0,014 0,015 0,015 0,015 0,015 0,015

15 Stegastes_partitus 0,157 0,182 0,152 0,167 0,164 0,187 0,149 0,163 0,173 0,158 0,197 0,166 0,183 0,172

0,018 0,012 0,011 0,016 0,017 0,016 0,017 0,018 0,018 0,020 0,019 0,019

16 Stegastes_pelicieri 0,169 0,146 0,151 0,168 0,178 0,134 0,194 0,177 0,142 0,171 0,150 0,169 0,155 0,173 0,173

0,020 0,018 0,018 0,018 0,018 0,017 0,018 0,018 0,018 0,021 0,021

17 Stegastes_pictus_PP 0,148 0,180 0,136 0,150 0,155 0,207 0,138 0,155 0,144 0,161 0,184 0,174 0,185 0,160 0,078 0,185

0,000 0,017 0,019 0,015 0,016 0,016 0,016 0,016 0,017 0,017

18 Stegastes_pictus 0,141 0,176 0,133 0,141 0,148 0,197 0,130 0,148 0,144 0,155 0,177 0,170 0,176 0,154 0,074 0,176 0,000

0,016 0,018 0,014 0,015 0,016 0,016 0,016 0,016 0,017

19 Stegastes_planifrons 0,118 0,151 0,100 0,111 0,126 0,146 0,131 0,126 0,064 0,146 0,167 0,154 0,159 0,123 0,154 0,155 0,151 0,144

0,016 0,011 0,010 0,010 0,010 0,012 0,015 0,016

20 Stegastes_punctatus 0,177 0,117 0,163 0,156 0,170 0,172 0,166 0,170 0,144 0,169 0,122 0,011 0,121 0,161 0,168 0,166 0,180 0,175 0,151

0,016 0,016 0,017 0,017 0,018 0,019 0,019

21 Stegastes_rectifraenum 0,106 0,151 0,079 0,092 0,107 0,154 0,113 0,107 0,051 0,136 0,152 0,160 0,169 0,115 0,142 0,151 0,131 0,127 0,070 0,151

0,008 0,008 0,008 0,010 0,015 0,015

22 Stegastes_rocasensis 0,116 0,147 0,075 0,105 0,120 0,144 0,128 0,120 0,051 0,153 0,146 0,162 0,154 0,118 0,152 0,141 0,139 0,132 0,060 0,151 0,043

0,000 0,000 0,010 0,016 0,017

23 Stegastes_rocasensis_PP 0,120 0,148 0,076 0,109 0,123 0,149 0,134 0,123 0,051 0,156 0,150 0,164 0,160 0,120 0,160 0,146 0,139 0,139 0,064 0,152 0,044 0,000

0,000 0,010 0,017 0,017

24 Stegastes_sanctipauli_PP 0,120 0,148 0,076 0,109 0,123 0,149 0,134 0,123 0,051 0,156 0,150 0,164 0,160 0,120 0,160 0,146 0,139 0,139 0,064 0,152 0,044 0,000 0,000

0,010 0,017 0,017

25 Stegastes_trindadensis 0,123 0,167 0,085 0,109 0,118 0,165 0,127 0,118 0,001 0,141 0,160 0,157 0,161 0,111 0,174 0,139 0,140 0,140 0,069 0,149 0,052 0,049 0,049 0,049

0,015 0,015

26 Stegastes_variabilis 0,085 0,188 0,130 0,120 0,063 0,174 0,105 0,063 0,112 0,167 0,191 0,187 0,180 0,135 0,169 0,201 0,148 0,143 0,132 0,181 0,124 0,132 0,136 0,136 0,113

0,008

27 Stegastes_variailis_PP 0,088 0,200 0,132 0,119 0,071 0,173 0,107 0,071 0,118 0,149 0,192 0,191 0,187 0,137 0,165 0,191 0,155 0,155 0,145 0,183 0,130 0,140 0,140 0,140 0,123 0,040

PP present paper.

Page 63: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

61

Capítulo 2

Estrutura genética multipopulacional de Abudefduf

saxatilis no oeste do Atlântico Sul e ilhas oceânicas

Page 64: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

62

Estrutura genética multipopulacional de Abudefduf saxatilis no oeste do

Atlântico Sul e ilhas oceânicas

RESUMO

Abudefduf saxatilis constitui uma espécie anfi-Atlântica, distribuindo-se desde o

Caribe a toda a costa brasileira e ilhas oceânicas do Arquipélago de São Pedro e

São Paulo, Arquipélago de Fernando de Noronha, Atol das Rocas e Ilha de

Trindade. Estudos prévios em A. saxatilis sugerem a existência de diferenciação

genética e morfológica entre populações costeiras e ilhas meso-Atlânticas. Aqui

foram analisadas, através de sequências da Região Hipervariável 1 do DNAmt, a

estrutura populacional de A. saxatilis em 12 diferentes regiões geográficas do

Atlântico Ocidental, abrangendo da Venezuela ao sudeste do Brasil e ilhas

oceânicas Fernando de Noronha, São Pedro e São Paulo, Trindade e Atol das

Rocas. Nossos resultados sugerem a existência de estruturação genética em quatro

grupos genéticos. O primeiro é constituído por todas as populações costeiras, outro

pelos indivíduos de Fernando de Noronha e Atol das Rocas, um grupo conspícuo

formado pelos indivíduos de São Pedro e São Paulo, e o último, altamente

estruturado, formado pela população da Ilha de Trindade. Apesar do alto potencial

dispersivo desta espécie, um elevado padrão de autorecrutamento parece estar

envolvido na manutenção de perfis genéticos particulares nas ilhas oceânicas

brasileiras.

Palavras-chave: Pomacentridae, marcadores moleculares, fluxo gênico,

Sergeant-major

Page 65: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

63

INTRODUÇÃO

Os representantes da família Pomacentridae estão entre os grupos mais

comuns nos ambientes recifais (Allen & Adrim, 1992; Nelson, 2016). No Atlântico

Ocidental algumas espécies apresentam uma ampla distribuição geográfica, como

Chromis multilineata, Microspathodon chrysurus e Abudefduf saxatilis (Menezes &

Figueiredo, 1985; Robins et al., 1986; Carpenter & Niem, 2001;). Esta última espécie

é o único representante do gênero Abudefduf no Atlântico Sul, e exibe uma das mais

amplas distribuições dentre todos os pomacentrídeos.

Abudefduf saxatilis pode ser encontrada em ambos os lados do Atlântico,

ocupando desde a latitude 43ºN até 35ºS (Carpenter & Niem, 2001). No Atlântico

Ocidental distribui-se do litoral do Canadá até o Uruguai Scott & Scott, 1988;

(Carpenter & Niem, 2001). No litoral brasileiro ocupa toda a costa, incluindo as ilhas

oceânicas do Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP), Arquipélago de

Fernando de Noronha (AFN), Atol das Rocas (AR) e Ilha de Trindade (IT) (Gasparini

& Floeter, 2001; Vaske et al., 2005; Macieira et al., 2015).

Estudos sobre a estrutura populacional de A. saxatilis ao longo da costa da

América do Sul são escassos. Análises filogeográficas das populações de A.

saxatilis da costa oeste do Atlântico, através de sequências Citocromo B (CytB) e

Citocromo c oxidase subunidade I (COI) indicam pelo menos duas linhagens

filogenéticas, indicando divergências entre as populações costeiras (Belize, Panamá,

Venezuela e Brasil) da localizada na Ilha de Ascensão (Bermingham et al., 1997). No

Atlântico Sul o uso de marcadores do tipo RAPD (Random Amplified Polymorphic

Dna) em duas populações do litoral nordeste do Brasil e ASPSP identificou uma

maior similaridade genética entre as populações costeiras (Rio Grande do Norte e

Bahia) em relação à população insular do ASPSP (Rodrigues & Molina, 2007). A

variação morfológica das populações da espécie, incluindo áreas do nordeste e

sudeste do Brasil (estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia, Rio de Janeiro e

Santa Catarina), e ilhas oceânicas brasileiras (Atol das Rocas e Arquipélago de São

Pedro e São Paulo) por meio de morfometria multivariada indicaram uma marcante

plasticidade fenotípica interpopulacional e uma clina envolvendo diferentes

elementos seriais no sentido norte sul do Atlântico (Molina et al., 2006).

Recentemente, análises morfométricas e genéticas em populações de A.

saxatilis ao longo de 1.800 km da costa mexicana, utilizando microssatélites e

sequências mitocondriais (Citocromo B e Região Controle), evidenciou variações

Page 66: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

64

morfológicas interregionais, apesar da ocorrência de um padrão de panmixia de

populações de A. saxatilis (Piñeros et al., 2015).

A fim de analisar a variação genética da espécie no Atlântico Ocidental,

foram analisados indivíduos de Abudefduf saxatilis de 12 regiões geográficas, que

abrangiam desde o litoral da Venezuela (11ºN), ao norte, ao litoral do Estado de São

Paulo, Brasil (23ºS), ao sul, incluindo quatro ilhas oceânicas brasileiras, totalizando

cerca de seis mil e quinhentos quilômetros de linha de costa.

MATERIAL E MÉTODOS

Coleta dos espécimes

Foram obtidas amostras biológicas (tecido muscular ou de nadadeiras) de

265 exemplares de Abudefduf saxatilis (Figura 1), os quais foram capturados com o

auxílio de tarrafa (rede de pesca). A área de amostragem abrangeu desde a Ilha

Margarita (IM), na Venezuela, até o sudeste do Brasil. Na costa brasileira os

espécimes foram coletados no litoral dos Estados do Ceará (CE), Rio Grande do

Norte (RN), Pernambuco (PE), Bahia (BA), Espírito Santo (ES), Rio de Janeiro (RJ)

e São Paulo (SP), adicionalmente exemplares foram coletados no Arquipélago de

Fernando de Noronha (AFN), Atol das Rocas (AR), Arquipélago de São Pedro e São

Paulo (ASPSP) e Ilha de Trindade (IT) (Tabela 1, Figura 1). As coletas foram

realizadas no período de 2010 a 2015 e os pontos de coleta mais extremos cobriram

mais de 6.500 km de distância. Os espécimes foram taxonomicamente identificados

de acordo com Carpenter & Niem (2001). As amostras de tecidos foram

acondicionados em microtubos de 2,0 ml contendo álcool etílico (100%) e estocadas

em temperatura de -20°C.

Análises moleculares

O DNA total foi extraído de acordo com Sambrook et al. (1989). Para as

análises populacionais, a Região Hipervariável 1 (RHV1) da Região Controle do

DNA mitocondrial foi amplificado utilizando os primers “A” e “E” descritos por Lee et

al. (1995).

Os primers L1987 e H2609 (Palumbi et al., 1991), e FishF2 e FishR2 (Ward

et al., 2005) foram utilizados para amplificar os genes RNAr 16S (16S) e Citocromo c

Page 67: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

65

oxidase subunidade 1 (COI), respectivamente. Sequências 16S e COI,

previamente depositadas no GenBank foram utilizadas nas comparação com as

amostras de A. saxatilis utilizados no presente trabalho.

Para as reações em cadeia da polimerase (PCR) foram utilizadas as

condições de Souza et al. (2015). Os produtos de PCR (5 μl) foram purificados com

as enzimas exonuclease I (3,3 U/reação) e fosfatase alcalina de camarão (0,66

U/reação) (GE Healthcare), no termociclador, submetendo as misturas a ciclos de 30

min em 37ºC e 15 min em 80ºC. As amostras foram sequenciadas pela empresa

ACTGene Análises Moleculares Ltda através do sequenciador automático de DNA

ABI-Prism 3500 Genetic Analyzer (Applied Biosystems).

Os eletroferogramas obtidos foram conferidos com o auxílio do software

BioEdit (Hall, 1999) e alinhadas de forma múltipla e automática através do MUSCLE

(Edgar, 2004) por meio do software MEGA7 (Kumar et al., 2016). Sítios onde gaps

foram inseridos automaticamente foram considerados nas análises.

A saturação entre as transições e transversões nas sequências foram

verificadas pelo software DAMBE (Xia & Xie, 2001). O software jModelTest 2.1.4

(Darriba et al., 2012) foi utilizado para selecionar o melhor modelo evolutivo paras as

sequências baseado em Akaike information criterion.

As redes de haplótipos foram geradas através do software Network 4.5

utilizando o método median joining (Bandelt et al., 1999).

As relações genéticas entre as amostras foram avaliadas através do método

de maximum likelihood utilizando o software MEGA7 (Kumar et al., 2016). A

significâncias dos agrupamentos em todas as árvores geradas foram estimadas

utilizando analises de bootstrap baseadas em 1.000 réplicas.

Os níveis de diversidade genética, testes de neutralidade, através das

estatísticas de Fs (Fu, 1997) e D (Tajima, 1989), estruturação populacional através

da estimativa de FST (Wright, 1978), análise hierárquica da variância molecular

(AMOVA) (Excoffier et al., 1992), e o teste de Mantel (Mantel, 1967), foram

estimados através do software Arlequin 3.5 (Excoffier & Lischer, 2010).

Page 68: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

66

Tabela 1. Pontos de coleta e número amostral de Abudefduf saxatilis ao longo da

costa oeste da América do Sul.

Localidades geográficas Abreviatura Coordenadas

geográficas N

Ilha Margarita (Venezuela) IM 10º57’N, 64º00’O 29

Ceará (Brasil) CE 03º42’S, 38º30’O 22

Rio Grande do Norte (Brasil) RN 05º16’S, 35º22’O 20

Arquipélago de Fernando de Noronha (Brasil) AFN 03º50’S, 32º24’O 21

Atol das Rocas (Brasil) AR 03º51’S, 33º49’O 21

Arquipélago de São Pedro e São Paulo (Brasil) ASPSP 00º55’N, 29º20’O 26

Pernambuco (Brasil) PE 08º00’S, 34º50’O 23

Bahia (Brasil) BA 13º00’S, 38º29’O 23

Espírito Santo (Brasil) ES 20º20’S, 40º14’O 13

Rio de Janeiro (Brasil) RJ 22º45’S, 41º52’O 18

São Paulo (Brasil) SP 23º27’S, 45º03’O 24

Ilha de Trindade (Brasil) IT 20º30’S, 29º19’O 25

Total 265

N – Número amostral.

Page 69: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

67

Figura 1. Locais de coleta de Abudefduf saxatilis no oeste do Atlântico Sul e ilhas

oceânicas. Venezuela: Ilha Margarita (IM); Brasil: Ceará (CE), Rio Grande do Norte

(RN), Arquipélago de Fernando de Noronha (AFN), Atol das Rocas (AR),

Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP), Pernambuco (PE), Bahia (BA),

Espírito Santo (ES), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Ilha de Trindade (IT).

Tracejado – Delimitação da área sob estudo; Em detalhe um exemplar da espécie

Abudefduf saxatilis.

Page 70: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

68

RESULTADOS

Sequências 16S e COI

O alinhamento automático resultou em sequências consenso de 478 pares

de bases (pb) para o gene 16S e 657 pb para o gene COI. Para as análises de

maximum likelihood foram utilizados os modelos de substituição nucleotídica

GTR+I e GTR+G para as sequências 16S e COI, respectivamente.

Sequências da Região Hipervariável 1 (RHV1)

Foram coletados 265 espécimes de Abudefduf saxatilis oriundos de doze

localidades distribuídas no Atlântico Ocidental. A análise das sequências RHV1

revelou apenas 165 haplótipos distintos (Números de acesso dos haplótipos no

Genbank: KX812544 - KX812708). Os fragmentos sequenciados possuem 415 pb,

nos quais foram encontrados 180 substituições, sendo 34 transversões e 146

transições. O gráfico das transições/transversões versus distância genética não

indicou a presença de saturação nas sequências (dado não mostrado). O modelo

GTR+G foi selecionado como melhor modelo de substituição nucleotídica para as

sequências RHV1. O conteúdo de bases A/T foi claramente maior (63,06%) que

G/C (G=22,32%, C=14,61%, T=35.60% e A=27,46%).

As diversidades haplotípica (h) e nucleotídica (π) variaram entre 0,886 e 1, e

entre 0,018 e 0,094, respectivamente. A distribuição de cada haplótipo nas

populações pode ser verificado na tabela suplementar 1 (Tabela S1). Os indivíduos

coletados em IT foram os que exibiram os menores índices (Tabela 2). A rede de

haplótipos mostrou que quase todos os haplótipos de maior frequência são

compartilhados entre várias localidades geográficas. No entanto, dos 9

haplótipos exclusivos encontrados na Ilha de Trindade, 8 uniram-se a um

indivíduo exclusivo do RJ e formaram um agrupamento distinto que sugere

significativo isolamento populacional (Figura 2).

Os índices de neutralidade Tajima’s D e Fu’s Fs foram negativos para todas

as populações, sendo significativos para a maioria (Tabela 2).

A árvore de maximum likelihood (ML) baseada em sequências RHV1 se

mostrou politômica envolvendo a maioria dos indivíduos analisados. Os

agrupamentos com valores de bootstrap maiores que 80 exibiram indivíduos de

Page 71: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

69

diferentes regiões geográficas. Entretanto, um ramo com elevado suporte

agrupou os 24 indivíduos coletados na IT e um indivíduo coletado no RJ

demonstrando um claro sinal de diferenciação populacional (Figura 3).

Dentre as 12 localidades geográficas analisadas, os valores FST

sugeriram a existência de pelo menos quatro populações com estruturações

genéticas que variaram de pequena à muito grande. As localidades costeiras

integram uma grande população panmítica, incluindo a população da Ilha

Margarita (Venezuela), enquanto que as quatro regiões insulares sugerem três

populações com diferentes graus de isolamento genético. A primeira, formada

AFN e AR, outra pelos indivíduos do ASPSP, e uma última última por indivíduos

da IT. Excepcionalmente, IT foi a localidade que apresentou os maiores valores

de FST, variando entre 0,36 a 0,68, caracterizando uma grande diferenciação

genética (Tabela 3). Apesar da elevada divergência genética a análise das

sequências 16S e COI demonstraram que os espécimes analisados possuem

inteira identidade com outras amostras de A. saxatilis previamente depositadas

no Genbank. Além disso, como pode ser observado nas árvores de maximum

likelihood (Figuras 4 e 5), todos os espécimes de A. saxatilis agrupam-se entre si

formando ramos suportados por valores de boostrap de 99 para ambos os

genes.

Os teste de AMOVA corroboram os valores de FST (Tabela 3) quanto a

existência de quatro grupos genéticos de A. saxatilis na costa da América do Sul

(costa, AFN/AR, ASPSP e IT). Estes grupos divergem entre si por uma diferença

de 20,17%. Nesta conformação de quatro grupos, a diferença média entre as

populações dentro dos grupos foi de apenas 1,87% (Tabela 4). A representação da

estruturação genética encontrada em A. saxatilis ao longo da costa leste do Atlântico

está representada na Figura 6.

Considerando as 12 regiões geográficas amostradas, o teste de Mantel não

encontrou correlação entre as distâncias genética e geográfica (p = 0,172).

Entretanto, quando a população da ilha Margarita (Venezuela) é retirada da análise,

esta associação passa a ser significativa (p = 0,039).

Page 72: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

70

Tabela 2. Índices de diversidade genética e neutralidade em Abudefduf saxatilis

baseado em RHV1.

Localidades

geográficas n H h ± sd π ± sd Tajima’s D Fu’s Fs

IM (Venezuela) 29 26 0,992 ± 0,011 0,094 ± 0,048 -1,7449* -9,6230*

CE 22 22 1,000 ± 0,013 0,042 ± 0,023 -2,0143* -18,9883*

RN 20 20 1,000 ± 0,015 0,036 ± 0,020 -1,8133* -17,8188*

AFN 21 18 0,981 ± 0,022 0,058 ± 0,031 -0,9659 -6,7198*

AR 21 17 0,966 ± 0,030 0,070 ± 0,037 -0,6820 -4,0104

ASPSP 26 13 0,920 ± 0,030 0,021 ± 0,012 -1,7756* -4,2852*

PE 23 21 0,988 ± 0,018 0,054 ± 0,029 -1,2492 -11,3235*

BA 23 21 0,992 ± 0,015 0,061 ± 0,032 -0,7858 -10,0965*

ES 13 10 0,961 ± 0,041 0,038 ± 0,021 -1,5852* -2,3121

RJ 18 16 0,980 ± 0,028 0,053 ± 0,029 -1,6910* -6,3465*

ES 24 21 0,989 ± 0,015 0,044 ± 0,024 -1,7751* -12,0738*

IT 25 9 0,886 ± 0,030 0,018 ± 0,011 -1,6727* -1,1223

Todas 265 162 0,990 ± 0,001 0,057 ± 0,029 -1,956* -24,1607*

n = Número de indivíduos; H = Número de haplótipos; h = Diversidade haplotípica; π = Diversidade

nucleotídica; sd = Desvio padrão. Venezuela: Ilha Margarita (IM); Brasil: Ceará (CE), Rio Grande do

Norte (RN), Arquipélago de Fernando de Noronha (AFN), Atol das Rocas (AR), Arquipélago de São

Pedro e São Paulo (ASPSP), Pernambuco (PE), Bahia (BA), Espírito Santo (ES), Rio de Janeiro (RJ),

São Paulo (SP), Ilha de Trindade (IT); *p ≤ 0.05.

Page 73: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

71

Figura 2. Rede de haplótipos de Abudefduf saxatilis baseado em sequências da

RHV1. O tamanho dos círculos é proporcional à frequência do haplótipo, e as cores

indicam as localidades onde o haplótipo é encontrado. Ilha Margarita (IM), Ceará

(CE), Rio Grande do Norte (RN), Arquipélago de Fernando de Noronha (AFN), Atol

das Rocas (AR), Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP), Pernambuco

(PE), Bahia (BA), Espírito Santo (ES), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Ilha de

Trindade (IT).

Page 74: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

72

Figura 3. Árvore de maximum likelihood baseado

em sequências RHV1 de Abudefduf saxatilis. Ilha

Margarita (IM), Ceará (CE), Rio Grande do Norte

(RN), Arquipélago de Fernando de Noronha

(AFN), Atol das Rocas (AR), Arquipélago de São

Pedro e São Paulo (ASPSP), Pernambuco (PE),

Bahia (BA), Espírito Santo (ES), Rio de Janeiro

(RJ), São Paulo (SP), Ilha de Trindade (IT); Grupo

externo = Chromis multilineata (GenBank:

KM211600-KM211603). Outros haplótipos =

Haplótipos que não formaram qualquer

agrupamento e exibiram-se na forma de ramos

politômicos. Apenas ramos com valores de

bootstrap maiores que 80 são exibidos.

Page 75: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

73

Figura 4. Árvore de maximum likelihood baseada em sequências 16S de

Abudefduf. Números acima dos ramos correspondem às porcentagens de

bootstrap. Números antes dos nomes referem-se aos números de acesso do

Genbank. Negrito = Sequências geradas no presente estudo.

Figura 5. Árvore de maximum likelihood baseada em sequências COI de

Abudefduf. Números acima dos ramos correspondem às porcentagens de

bootstrap. Números antes dos nomes referem-se aos códigos de acesso do

Genbank. Negrito = Sequências geradas no presente estudo.

Page 76: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

74

Tabela 3. Estimativas de FST entre diferentes populações geográficas de

Abudefduf saxatilis baseadas em RHV1.

Locais 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11.

1. IM -

2. CE 0,02 -

3. RN 0,04 0,00 -

4. AFN 0,04 0,11 0,11 -

5. AR 0,01 0,07 0,11 0,01 -

6. ASPSP 0,06 0,03 0,04 0,17 0,14 -

7. PE 0,00 -0,00 0,01 0,05 0,04 0,06 -

8. BA 0,01 0,03 0,10 0,07 0,03 0,13 0,02 -

9. ES 0,01 -0,03 -0,01 0,10 0,06 0,05 -0,00 0,04 -

10. RJ 0,00 -0,01 0,01 0,08 0,04 0,05 -0,00 0,02 -0,02 -

11. SP 0,01 -0,01 0,00 0,11 0,07 0,06 -0,00 0,04 -0,01 -0,01 -

12. IT 0,36 0,55 0,60 0,49 0,43 0,68 0,50 0,46 0,60 0,50 0,53

Ilha Margarita (IM), Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN), Arquipélago de Fernando de Noronha

(AFN), Atol das Rocas (AR), Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP), Pernambuco (PE),

Bahia (BA), Espírito Santo (ES), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Ilha de Trindade (IT); Negrito -

p ≤ 0,05.

Page 77: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

75

Tabela 4. Análise hierárquica da variância molecular (AMOVA) baseado na RHV1

de Abudefduf saxatilis.

Comparações Fonte de variação Porcentagem

de variação

Estatística

ɸ

Valor

p

(IM, CE, RN, AFN, AR, ASPSP,

PE, BA, ES, RJ, SP, IT)

Entre as populações 14,92 ɸst = 0,149 0,000

Within populations 85,08 - -

((IT) x (IM, CE, RN, AFN, AR,

ASPSP, PE, BA, ES, RJ, SP))

Entre grupos 38,64 ɸct = 0,386 0,099

Entre as populações

dentro dos grupos

3,01 ɸsc = 0,049 0,000

Dentro das

populações

58,35 ɸst = 0,416 0,000

((IT) x (AFN, AR, ASPSP) x (IM,

CE, RN, PE, BA, ES, RJ, SP))

Entre grupos 18,74 ɸct = 0,187 0,010

Entre as populações

dentro dos grupos

3,34 ɸsc = 0,041 0,000

Dentro das

populações

77,92 ɸst = 0,220 0,000

((IT) x (AFN, AR) x (ASPSP) x

(IM, CE, RN, PE, BA, ES, RJ,

SP))

Entre grupos 20,17 ɸct = 0,201 0,002

Entre as populações

dentro dos grupos

1,87 ɸsc = 0,023 0,000

Dentro das

populações

77,96 ɸst = 0,220 0,000

Ilha Margarita (IM), Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN), Arquipélago de Fernando de Noronha

(AFN), Atol das Rocas (AR), Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP), Pernambuco (PE),

Bahia (BA), Espírito Santo (ES), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Ilha de Trindade (IT).

Page 78: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

76

Figura 6. Estruturação genético populacional de Abudefduf saxatilis ao longo da

costa leste da América do Sul e ilhas oceânicas brasileiras. Ilha Margarita (IM),

Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN), Arquipélago de Fernando de Noronha

(AFN), Atol das Rocas (AR), Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP),

Pernambuco (PE), Bahia (BA), Espírito Santo (ES), Rio de Janeiro (RJ), São

Paulo (SP), Ilha de Trindade (IT).

Page 79: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

77

DISCUSSÃO

A espécies A. saxatilis no Atlântico Ocidental exibe um diversificado padrão

de estruturação genética, até então não identificado em outras regiões do Atlântico.

A Região Hipervariável 1 das populações de Abudefduf saxatilis apresentaram altos

índices de diversidade haplotípica e nucleotídica, cujos menores valores estavam

presentes entre os indivíduos da Ilha de Trindade e Arquipélago de São Pedro e São

Paulo (Tabela 2). Possivelmente isto decorra do grau de isolamento geográfico

destas populações. Este isolamento é confirmado pelos altos índices FST de Wright

(Wright, 1978), sobretudo para a população de insular de Trindade.

A. saxatilis forma pelo menos quatro populações na costa da América do

Sul: uma formada pelas regiões geográficas costeiras

(IM+CE+RN+PE+BA+ES+RJ+SP), uma por AR+AFN e outra por ASPSP, estas

isoladas por pequena/moderada diferenciação genética; e uma última população

formada por IT, a qual apresentou alto grau de isolamento genético destacado por

todas as análises. De fato, valores de FST semelhantes aos encontrados em A.

saxatilis de AFN e AR já foram documentados para outras espécies que habitam

estas ilhas, como Chromis multilineata e Cephalopholis fulva (Cunha et al., 2014;

Souza et al., 2015), o que reforça a ideia de que o isolamento genético daquelas

populações, apesar de pequeno, é significativo.

A rede de haplótipos demonstrou uma alta diversidade haplotípica de A.

saxatilis, o compartilhamento de haplótipos mais frequentes entre várias regiões

geográficas e a existência de alta frequência de haplótipos únicos. O único

agrupamento perceptível na rede de haplótipos envolveu oito haplótipos da IT, dos

dez encontrados para esta população, e um haplótipo oriundo do RJ (Figure 2).

O isolamento da população de IT também ficou evidente na árvore de

maximum likelihood (Figura 3), o qual foi suportado por alto valor de bootstrap.

Nesta análise, a maioria dos haplótipos formaram ramos politômicos individuais não

informativos e, devido a isso, foram agrupados no ramo “outros haplótipos” para uma

melhor representação da árvore. Os demais agrupamentos formados suportados por

valores de bootstrap acima de 80 não indicaram nenhuma estruturação

populacional, pois são compostos por haplótipos oriundos de diferentes regiões

geográficas.

A análise de AMOVA sugere a existência de pelos menos quatro grupos

genéticos: ((IT) x (AFN, AR) x (ASPSP) x (IM, CE, RN, PE, BA, ES, RJ, SP)). A

Page 80: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

78

porcentagem de variação entre estes grupos é de 20,17% (ɸct = 0,201, p = 0,002) e

de apenas 1,87% Entre as populações dentro dos grupos (ɸsc = 0,023, p = 0,022)

(Tabela 4).

A ausência de estruturação entre as populações da ilha Margarita e da costa

brasileira, apesar de estarem “separadas” por pelo menos 3.400 km de distância

podem constituir um reflexo de um elevado fluxo gênico no passado, ou a

manutenção estocástica de fluxo gênico no presente Neste caso, a barreira física

promovida pelo desague de água doce e sedimentos do Rio Amazonas pode não

desempenhar um papel importante no isolamento das populações brasileiras e

caribenha de A. saxatilis.

Na condição atual de elevação do nível do oceano Atlântico, a pluma de

água doce desaguada pelo Rio Amazonas estende-se sobre a água salgada até

cerca de 500 km mar adentro e até uma profundidade de 30 metros. No entanto,

regiões entre 50 e 70 metros de profundidade possuem pouca sedimentação e

salinidade normal, permitindo sua colonização por esponjas e peixes recifais

(Collette & Rutzler, 1977; Rocha et al., 2000; Rocha, 2003). A apesar de A. saxatilis

ainda não ter sido registrado habitando essas áreas, é possível que ela o faça, já

que há registros de ocorrência de A. saxatilis a 50 metros de profundidade (Rocha &

Myers, 2015). Desta forma, estas esponjas poderiam servir de habitat disponível à

ampliação da área de ocupação de A. saxatilis e, por um processo de “stepping

stones” (Kimura, 1953) por entre as esponjas, conectando as populações ao norte e

ao sul do Rio Amazonas, homogeneizando-as. Além disso, indivíduos juvenis e

adultos de A. saxatilis já foram registrados sob algas e objetos à deriva (Castro et al.,

2002), o que, dependendo da frequência de ocorrência e da força das correntes

oceânicas, pode contribuir no aumento do fluxo gênico entre diferentes regiões

geográficas.

O isolamento pela distância entre as regiões costeiras e destas com as

insulares é corroborado pelo teste de Mantel. No entanto, isso ocorre apenas

quando a população de Ilha Margarita (Venezuela) é removida da análise.

A homogeneidade populacional pode ser influenciada pela ação das

correntes oceânicas, as quais poderiam carrear larvas de A. saxatilis durante seu

período pelágico, o qual pode chegar a 55 dias (Shulman & Bermingham, 1995).

Uma das principais correntes no Atlântico Ocidental é a Corrente Sul Equatorial

(CSE), que flui no sentido leste-oeste, passando pelo AFN, AR e alcançando a costa

nordeste do Brasil, onde bifurca-se, formando a Corrente do Brasil (sentido

Page 81: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

79

nordeste/sudeste do Brasil) e a Corrente Norte do Brasil (CNB). A CNB continua

fluindo no sentido leste-oeste, passando pela costa norte brasileira e alcançando a

Venezuela, já com o nome de Corrente das Guianas (CG) (Castro & Miranda, 1998;

Lumpkin & Garzoli, 2005). No entanto, efeitos de autorecrutamento de larvas

parecem favorecer a diferenciação populacional nas regiões insulares brasileiras

(Molina et al. 2006; Cunha et al., 2014).

De fato, apesar das características da CSE e da pequena distância entre o

AFN/AR e o litoral favorecerem a panmixia, no entanto, significativa estruturação

genética se mostra presente entre estas regiões (Tabela 3). O isolamento geográfico

das ilhas oceânicas, atrelado à fatores biológicos e ao autorecrutamento larval, este

último já atribuído anteriormente aos A. saxatilis do AR e ASPSP (Molina et al.,

2006; Rodrigues & Molina, 2007), parecem ser responsáveis pela modelagem

genética das populações insulares analisadas.

Os padrões de estruturação populacionais de A. saxatilis do Golfo do México

e mar do Caribe, analisadas através de Citocromo B, Região Controle (DNAmt) e

microssatélites encontraram um padrão de panmixia em populações distribuídas ao

longo de 1.800 km na costa Atlântica mexicana (Piñeros et al., 2015). Esta

homogeneidade genética entre as regiões costeiras de distribuição da espécie é

similar ao observado para as regiões costeiras do litoral do Brasil. Isto retrata a

manutenção de fluxo gênico entre localidades circunvizinhas desta espécie, e

destaca o caráter particular das estruturações populacionais encontradas nas

regiões insulares do Brasil, sobretudo Trindade. Apesar da forte diferenciação

populacional apontada para a Ilha de Trindade, as sequências 16S e COI confirmam

a identidade genética dos espécimes daquela região com A. saxatilis.

A Ilha de Trindade, assim como Atol das Rocas e Fernando de Noronha

estão indiretamente conectados à costa brasileira através de montes oceânicos

submarinos atualmente submersos. Junto com pelo menos cinco montes

submarinos, Atol das Rocas e Fernando de Noronha fazem parte da Cadeia de

Fernando de Noronha, a qual se estende no sentido leste-oeste (Mabesoone &

Coutinho, 1970; Almeida, 2006). Já a Ilha de Trindade, junto com a ilha de Martim

Vaz e mais cinco montes submarinos, faz parte de outra cadeia chamada Cadeia

Vitória-Trindade, também orientada no sentido leste-oeste (ver Macieira et al., 2015).

Estes montes submarinos podem ter desempenhado um papel importante na

manutenção do fluxo gênico entre as populações costeiras e insulares,

Page 82: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

80

principalmente ao longo das regressões marinhas durante o Pleistoceno (Bernat et

al., 1983; Hearty, 1998; Barreto et al., 2002).

Com a diminuição dos níveis dos oceanos, muitos destes montes

submarinos tornaram-se habitáveis, o que pode ter favorecido o processo de

stepping stones nessas regiões. No entanto, isto parece não ter ocorrido com A.

saxatilis, ou apenas não foi detectado através das sequências da Região

Hipervariável 1, pois todas as ilhas apresentaram significativos níveis de

diferenciação populacional, sobretudo a Ilha de Trindade.

Os altos níveis de diferenciação populacional encontrados na Ilha de

Trindade são inéditos e nunca antes registrados em peixes recifais da costa

brasileira. Este registro reitera a necessidade de preservação destas áreas

estratégicas para a manutenção da biodiverdidade e reforça a ideia de que o

conhecimento prévio da variabilidade genética a nível populacional é fundamental

para a conservação dos recursos genéticos naturais e da biodiversidade.

Page 83: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

81

REFERÊNCIAS

Allen, G. R., & Adrim, M. (1992). A new species of damselfish (Chrysiptera:

Pomacentridae) from Irian Jaya, Indonesia. Records of the Western

Australian Museum, 16(1), 103-108.

Almeida, F. F. M. (2006). Ilhas oceânicas brasileiras e suas relações com a tectônica

Atlântica. Terræ Didática, 2(1), 3-18.

Bandelt, H. J., Forster, P., & Röhl, A. (1999). Median-joining networks for inferring

intraspecific phylogenies. Molecular Biology and Evolution, 16(1), 37-48.

Barreto, A. M. F., Bezerra, F. H. R., Suguio, K., Tatumi, S. H., Yee, M., Paiva, R. P.,

& Munita, C. S. (2002). Late Pleistocene marine terrace deposits in

northeastern Brazil: sea-level change and tectonic

implications. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, 179(1),

57-69.

Bermingham, E., Mccafferty, S. S., & Martin, A. P. (1997). Fish biogeography and

molecular clocks: Perspectives from the Panamian Isthmus. In T. D. Kocher,

C. A. Stepien (Eds.). Molecular Systematics of Fishes (113-126). New York:

Academic Press.

Bernat, M., Martin, L., Bittencourt, A. C. S. P., & Vilas Boas, G. (1983). Datations Io-

U du plus haut niveau marin du dernier interglaciaire sur la côte du Brésil:

utilisation du 229Th comme traceur. Comptes Rendus de l'Académie des

Sciences de Paris. Série 2 Mécanique..., 296, 197-200.

Carpenter, K. E., & Niem, V. H. (Eds.). (2001). The Living Marine Resources of the

Western Central Pacifc. FAO Species Identification Guide for Fishery

Purposes. Vol. 5. Bony fishes part 3 (Menidae to Pomacentridae) (2791–

3380). Rome: FAO.

Castro, B. M., & Miranda, L. B. (1998). Physical oceanography of the western Atlantic

continental shelf located between 4°N and 34°S costal segment (4'W). In A

R. Robinson, & K. H Brink. The Sea. (209-251). Oxford: John Wiley & Sons.

Castro, J. J., Santiago, J. A., & Santana-Ortega, A. T. (2002). A general theory on

fish aggregation to floating objects: an alternative to the meeting point

hypothesis. Reviews in fish biology and fisheries, 11(3), 255-277.

Collette, B.B., & Rutzler, K. (1977). Reef fishes over sponge bottoms off the mouth of

the Amazon River. (305-310). Miami: Third International Coral Reef

Symposium.

Page 84: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

82

Cunha, I. M. C., Souza, A. S., Dias-Júnior, E. A., Amorim, K. D. J., Soares, R. X.,

Costa, G. W. W. F. D., Garcia-Machado, E., Galetti-Jr, P. M., & Molina, W. F.

(2014). Genetic multipartitions based on D-loop sequences and

chromosomal patterns in brown Chromis, Chromis multilineata

(Pomacentridae), in the Western Atlantic. BioMed Research International,

2014, 1-11.

Darriba, D., Taboada, G. L., Doallo, R., & Posada, D. (2012). jModelTest 2: more

models, new heuristics and parallel computing. Nature Methods, 9(8), 772-

772.

Edgar, R. C. (2004). MUSCLE: multiple sequence alignment with high accuracy and

high throughput. Nucleic Acids Research, 32(5), 1792-1797.

Excoffier, L., & Lischer, H. E. (2010). Arlequin suite ver 3.5: a new series of programs

to perform population genetics analyses under Linux and

Windows. Molecular Ecology Resources, 10(3), 564-567.

Excoffier, L., Smouse, P. E., & Quattro, J. M. (1992). Analysis of molecular variance

inferred from metric distances among DNA haplotypes: application to human

mitochondrial DNA restriction data. Genetics, 131(2), 479-491.

Fu, Y. X. (1997). Statistical tests of neutrality of mutations against population growth,

hitchhiking and background selection. Genetics, 147(2), 915-925.

Gasparini, J. L., & Floeter, S. R. (2001). The shore fishes of Trindade Island, western

south Atlantic. Journal of Natural History, 35(11), 1639-1656.

Hall, T. A. (1999). BioEdit: a user-friendly biological sequence alignment editor and

analysis program for Windows 95/98/NT. Nucleic Acids Symposium series,

41, 95-98.

Hearty, P. J. (1998). The geology of Eleuthera Island, Bahamas: a Rosetta Stone of

Quaternary stratigraphy and sea-level history. Quaternary Science

Reviews, 17(4-5), 333-355.

Kimura, M. (1953). Stepping-stone model of population. Annual Report National

Institute of Genetics, Japan, 3, 62–63.

Kumar, S., Stecher, G., & Tamura, K. (2016). MEGA7: Molecular Evolutionary

Genetics Analysis version 7.0 for bigger datasets. Molecular biology and

evolution, 33(7), 1870-1874.

Lee, W. J., Conroy, J., Howell, W. H., & Kocher, T. D. (1995). Structure and evolution

of teleost mitochondrial control regions. Journal of Molecular Evolution, 41(1),

54-66.

Page 85: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

83

Lumpkin, R., & Garzoli, S. L. (2005). Near-surface circulation in the tropical Atlantic

Ocean. Deep Sea Research Part I: Oceanographic Research Papers, 52(3),

495-518.

Mabesoone, J. M., & Coutinho, P. N. (1970). Litoral and shallow marine geology of

Northeastern Brazil. Trabalhos Oceanográficos da Universidade Federal de

Pernambuco. Recife: Laboratório de Ciências do Mar, 12, 1-214.

Macieira, R. M., Simon, T., Pimentel, C. R., & Joyeux, J. C. (2015). Isolation and

speciation of tidepool fishes as a consequence of Quaternary sea-level

fluctuations. Environmental Biology of Fishes, 98(1), 385-393.

Mantel, N. (1967). The detection of disease clustering and a generalized regression

approach. Cancer Research, 27(2), 209-220.

Menezes, N. A., & Figueiredo, J. L. (1985). Manual de peixes marinhos do sudeste

do Brasil. V. Teleostei (4). São Paulo: Museu de Zoologia da USP.

Molina, W. F., Shibatta, O. A., & Galetti-Jr, P. M. (2006). Multivariate morphological

analyses in continental and island populations of Abudefduf saxatilis

(Linnaeus) (Pomacentridae, Perciformes) of Western Atlantic. Pan-American

Journal of Aquatic Sciences, 1(2), 49-56.

Nelson, J. S., Grande, T. C., & Wilson, M. V. (2016). Fishes of the World (5th ed.).

New Jersey: John Wiley & Sons.

Palumbi, S. R., Martin, A. P., Romano, S., McMillan, N. W. O., Stice, L., &

Grabowski, G. (1991). The simple fool's guide to PCR. Honolulu: University

of Hawaii.

Piñeros, V. J., Rios-Cardenas, O., Gutiérrez-Rodríguez, C., & Mendoza-Cuenca, L.

(2015). Morphological differentiation in the damselfish Abudefduf saxatilis

along the mexican atlantic coast is associated with environmental factors and

high connectivity. Evolutionary Biology, 42(2), 235-249.

Robins, C. R., Ray, G. C., Douglass, J., & Freund, R. (1986). A field guide to Atlantic

coast fishes of North America. Peterson Field Guide Series. Boston:

Houghton Miffiin.

Rocha, L. A. & Myers, R. (2015). Abudefduf saxatilis. The IUCN Red List of

Threatened Species 2015:

e.T188581A1896808. http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2015-

4.RLTS.T188581A1896808.en.

Rocha L. A., Rosa I. L., & Feitoza B. M. (2000). Sponge-dwelling shes of

northeastern Brazil. Environmental Biology of Fishes, 59, 453-458.

Page 86: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

84

Rocha, L. A. (2003). Patterns of distribution and processes of speciation in Brazilian

reef fishes. Journal of Biogeography, 30(8), 1161-1171.

Rodrigues, M. C., & Molina, W. F. (2007). Análise genética em Abudefduf saxatilis

(Perciformes, Pomacentridae) no litoral Nordeste do Brasil e Arquipélago

São Pedro e São Paulo. Revista PublICa, 3(2), 28-36.

Rogers, A. R., & Harpending, H. (1992). Population growth makes waves in the

distribution of pairwise genetic differences. Molecular Biology and

Evolution, 9(3), 552-569.

Rogers, A. R. (1995). Genetic evidence for a Pleistocene population

explosion. Evolution, 49(4), 608-615.

Sambrook, J., Fritsch, E. F., & Maniatis, T. (1989). Molecular cloning: a laboratory

manual (2nd ed.). New York: Cold spring harbor laboratory press.

Scott, W. B., & Scott, M. G. (1988). Atlantic fishes of Canada. Canadian Bulletin of

Fisheries and Aquatic Science, 219, 1-741.

Shulman, M. J., & Bermingham, E. (1995). Early life histories, ocean currents, and

the population genetics of Caribbean reef fishes. Evolution, 49(5), 897-910.

Souza, A. S., Dias-Júnior, E. A., Galetti Jr, P. M., Machado, E. G., Pichorim, M., &

Molina, W. F. (2015). Wide-range genetic connectivity of Coney,

Cephalopholis fulva (Epinephelidae), through oceanic islands and continental

Brazilian coast. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 87(1), 121-136.

Tajima, F. (1989). Statistical method for testing the neutral mutation hypothesis by

DNA polymorphism. Genetics, 123(3), 585-595.

Vaske, T., Lessa, R. P., Nóbrega, M., Montealegre‐Quijano, S., Marcante Santana,

F., & Bezerra, J. L. (2005). A checklist of fishes from Saint Peter and Saint

Paul Archipelago, Brazil. Journal of Applied Ichthyology, 21(1), 75-79.

Ward, R. D., Zemlak, T. S., Innes, B. H., Last, P. R., & Hebert, P. D. N. (2005). DNA

barcoding Australia’s fish species. Philosophical Transactions of the Royal

Society B: Biological Sciences, 360(1462), 1847-1857.

Wright, S. (1978). The theory of gene frequencies. Vol. 2. Evolution and the Genetics

of Populations. London: University of Chicago Press.

Xia, X., & Xie, Z. (2001). DAMBE: software package for data analysis in molecular

biology and evolution. Journal of Heredity, 92(4), 371-373.

Page 87: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

85

Tabela suplementar 1. Distribuição dos haplótipos encontrados nas sequências

Região Hipervariável 1 de Abudefduf saxatilis.

Haplótipos IM CE RN AFN AR ASPSP PE BA ES RJ SP IT TOTAL

1 1 1 1 1 1 1 6

2 1 1

3 1 1

4 2 1 1 3 1 3 2 13

5 2 2

6 1 1

7 2 1 3

8 1 1

9 1 1

10 1 1

11 2 1 3

12 1 1

13 1 1 3 4 1 10

14 1 1

15 1 1 1 3

16 1 1

17 1 1

18 1 1 1 2

19 1 1

20 1 1

21 1 1 1 3 2 8

22 1 1

23 1 1

24 1 1

25 1 1

26 1 1

27 1 1

28 1 1

29 1 1

30 1 1

31 1 1 1 1 4

32 1 1

33 1 1

34 1 1

35 1 1

36 1 1

37 1 1 2

38 1 1 2

39 1 1

40 1 1 2

41 1 1 2

42 1 1

43 1 1

44 1 1

45 1 1

46 1 1

Page 88: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

86

47 1 1

48 1 1

49 1 1

50 1 1

51 1 1

52 1 1

53 1 1 1 3

54 1 1 2

55 1 1

56 1 1

57 1 1

58 1 1

59 2 2

60 1 1

61 1 1

62 1 1

63 1 1

64 1 1

65 1 1

66 1 1

67 1 1

68 1 1

69 1 1

70 1 1

71 1 1

72 1 1

73 1 2 3

74 1 1

75 1 1

76 1 1

77 1 1

78 1 1

79 1 1

80 1 1

81 1 1

82 1 1

83 1 1

84 1 5 1 1 2 1 2 13

85 1 1

86 1 1

87 1 1

88 1 1

89 2 2

90 1 1

91 1 1

92 2 2

93 5 5

94 2 2

95 1 1 2

Page 89: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

87

96 1 1

97 1 1

98 1 1

99 1 1

100 1 1 2

101 1 1

102 1 1

103 1 1 2

104 1 1

105 1 1

106 1 1

107 1 1

108 1 1

109 1 1

110 1 1

111 1 1

112 1 1

113 1 1 2

114 1 1 2

115 2 2

116 1 1

117 1 1

118 1 1

119 1 1 2

120 2 2

121 1 1

122 1 1

123 1 1

124 1 1

125 1 1

126 1 1

127 1 1

128 1 1

129 1 1

130 1 1

131 2 2

132 1 1

133 1 1

134 1 1

135 1 1

136 1 1

137 1 1

138 1 1

139 1 1

140 1 1

141 1 1

142 1 1

143 1 1

144 1 1

Page 90: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

88

145 1 1

146 1 1

147 1 1

148 2 2

149 1 1

150 1 1

151 1 1

152 1 1

153 1 1

154 1 1

155 1 1

156 1 1

157 2 2

158 4 4

159 5 5

160 1 1

161 5 5

162 4 4

163 2 2

164 1 1

165 1 1

Ilha Margarita (IM), Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN), Arquipélago de Fernando de Noronha

(AFN), Atol das Rocas (AR), Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP), Pernambuco (PE),

Bahia (BA), Espírito Santo (ES), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Ilha de Trindade (IT).

Page 91: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

89

Capítulo 3

Estruturação populacional panmítica do xaréu-preto,

Caranx lugubris Poey 1860 em áreas do Atlântico Ocidental

Page 92: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

90

Estruturação populacional panmítica do xaréu-preto, Caranx lugubris Poey

1860 em áreas do Atlântico Ocidental

RESUMO

Carangidae constitui um grupo diversificado cujos representantes podem se distribuir

por amplos espaços oceânicos. Uma dessas espécies, Caranx lugubris destaca-se

por apresentar distribuição circuntropical, que no Atlântico inclui a costa e ilhas

oceânicas brasileiras. No arquipélago de São Pedro e São Paulo indivíduos de C.

lugubris foram previamente categorizados em morfótipos I e II em relação a

variações cromossômicas e morfológicas. A origem destes morfótipos e a estrutura

populacional da espécie em território brasileiro são desconhecidos. Aqui, indivíduos

de C. lugubris de três localidades do Atlântico, Arquipélago de São Pedro e São

Paulo (morfótipos I e II), costa do estado do Rio Grande do Norte e Ilha de Trindade

tiveram suas sequências parciais do gene nuclear Rodopsina, mitocondriais 16S,

Citocromo B, Citocromo c oxidase subunidade I, e Região Hipervariável 1 da Região

Controle do DNA mitocondrial analisadas. Indivíduos do Arquipélago de São Pedro e

São Paulo têm altos índices de diversidade haplotípica e nucleotídica, sugerindo que

esta região possa desempenhar importante papel na manutenção da variabilidade

genética da espécie. A ausência de divergências genéticas entre os morfótipos I e II,

e de estruturação populacional entre as três regiões geográficas analisadas, revelam

um quadro de panmixia. Apesar de descartadas algumas hipóteses, as análises

genéticas foram inconclusivas quanto a origem dos morfótipos. Para isso, a

utilização de outros marcadores moleculares, e a análise de amostras de outras

regiões oceânicas poderão contribuir para esclarecer sua ocorrência.

Palavras-chave: Carangidae, Black jack, morfótipos, panmixia, fluxo gênico

Page 93: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

91

INTRODUÇÃO

A família Carangidae é formada por 148 espécies (Eschmeyer & Fong,

2017), distribuídas em 30 gêneros (Nelson et al., 2016). Essencialmente pelágicos,

algumas espécies apresentam extensa distribuição geográfica, variando desde pan-

Atlântica até circunglobal (Gasparini & Floeter, 2001; Feitoza et al., 2003; Swart et

al., 2016), podendo ser encontradas em todos os oceanos (Smith-Vaniz, 2002;

Nelson et al., 2016). Apesar de intensivamente exploradas na pesca tradicional e

comercial (Smith-Vaniz, 2002), seus padrões de estruturação populacional,

sobretudo das espécies do gênero Caranx, são muito esparsas. Este é um dos

gêneros mais diversificados na família (Nelson et al., 2016), no qual estão incluídas

espécies com extensa distribuição geográfica, o que favorece a sobreposição de

formas filogeneticamente próximas, com ocorrência esporádica de híbridos naturais

(Murakami et al., 2007; Santos et al., 2011) e complexos de espécies (Smith-Vaniz &

Carpenter, 2007).

Caranx lugubris Poey 1860, Black Jack, uma espécie de grande porte que

apresenta distribuição circuntropical (Oceanos Atlântico, Índico e Pacífico), incluindo

a costa e ilhas oceânicas brasileiras, tais como Ilha de Trindade e Arquipélago de

São Pedro e São Paulo (Feitoza et al., 2003; Gasparini & Floeter, 2001; Garcia-

Júnior et al., 2015).

No arquipélago de São Pedro e São Paulo, indivíduos de C. lugubris

apresentam dois padrões morfológicos caracterizados principalmente quanto ao

formato do corpo e tamanho dos olhos (morfótipos I e II), e indícios de diversificação

citogenética (Jacobina et al., 2014). O morfótipo I é caracterizado por um corpo mais

robusto, no plano dorso-ventral e olhos menores, enquanto que o morfótipo II tem o

corpo mais esguio e olhos maiores. Os morfótipos apresentam características

citogenéticas similares, exceto quanto ao número de sítios DNAr 5S. Enquanto o

morfótipo I apresentava marcações em dois pares de cromossomos, no morfótipo II

estes sítios estavam localizados em três pares de cromossomos (Jacobina et al.,

2014). As variações citogenômicas em poucos indivíduos e a caracterização

morfológica dos dois morfótipos ensejam análises complementares sobre a

ocorrência de perfis genéticos diferenciados entre os morfótipos.

O presente trabalho tem por objetivo analisar a estrutura genética de Caranx

lugubris em diferentes regiões oceânicas e da costa brasileira através de sequências

parciais do gene nuclear Rodopsina (Rhod), dos genes mitocondriais 16S e

Page 94: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

92

Citocromo B (CytB), Citocromo c oxidase subunidade I (COI), e Região Hipervariável

1 (RHV1) da Região Controle, contribuindo para a análise da ocorrência simpátrica e

sintópica de diferentes morfótipos de C. lugubris no entorno do ASPSP.

MATERIAL E MÉTODOS

Coleta dos espécimes

Amostras de tecido de espécimes de C. lugubris foram coletados em três

regiões geográficas do Atlântico Ocidental e regiões insulares meso-Atlânticas

(Figura 1) entre os anos de 2013 e 2014. De um total de 34 amostras, 20 foram de

indivíduos do Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP), sendo 10 do

morfótipo I e 10 do morfótipo II (Figura 2), 8 espécimes da Ilha de Trindade (IT) e 6

espécimes da costa do estado do Rio Grande do Norte (RN), litoral nordeste do

Brasil (Figura 1). Após a coleta, fragmentos hepáticos e de nadadeiras foram

acondicionados em microtubos (2,0 ml) com álcool etílico (100%) e armazenados em

temperatura de -20°C. Os espécimes foram taxonômicamente identificados de

acordo com Smith-Vaniz (2002).

Figura 1. Áreas de coleta dos espécimes de Caranx lugubris. ASPSP - Arquipélago

de São Pedro e São Paulo, RN - Rio Grande do Norte, IT - Ilha de Trindade;

Tracejado - Representação da estrutura populacional encontrada.

Page 95: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

93

Figura 2. Morfótipos I (a) e II (b) de Caranx lugubris (sensu Jacobina et al., 2014),

coletados no entorno do Arquipélago de São Pedro e São Paulo.

Análises moleculares

O DNA total foi extraído de acordo com o protocolo (modificado) de extração

salina proposto por Miller et al. (1988). Fragmentos de Rhod, COI, 16S, CytB e

RHV1 foram amplificados através do método de Reação em Cadeia da Polimerase

(PCR) de acordo com Souza et al. (2015). Os primers e as temperaturas de

anelamento utilizados nas PCRs foram os seguintes: Rodopsina – Primers Rod-F2w

e Rod-R4n, 60ºC (Jiménez et al., 2007), Citocromo c oxidase subunidade I – Primers

Page 96: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

94

FishF2 e FishR2, 50ºC (Ward et al., 2005), 16S - Primers L1987 e H2609, 52ºC

(Palumbi et al., 1991), Citocromo B – Primers FishcytB-F e CytBI-5R, 52ºC (Jiménez

et al., 2007) e Região Hipervariável 1 – Primers A e E, 52ºC (Lee et al., 1995).

Os produtos de PCR (5 μl) foram purificados com as enzimas exonuclease I

(3,3 U/reação) e fosfatase alcalina de camarão (SAP) (0,66 U/reação) (GE

Healthcare), no termociclador, submetendo o mix à ciclos de 30 minutos em 37ºC e

15 minutos em 80ºC. As amostras foram sequenciadas pela empresa ACTGene

Análises Moleculares Ltda através do sequenciador automático ABI-PRISM 3500

Genetic Analyzer (Applied Biosystems).

Os eletroferogramas obtidos foram conferidos com o auxílio do software

BioEdit (Hall, 1999) e as sequências de cada gene foram separadamente alinhadas

de forma múltipla e automática através do MUSCLE (Edgar, 2004) por meio do

software MEGA6 (Tamura et al., 2013).

As sequências 16S e COI geradas foram submetidas à ferramenta

Nucleotide BLAST (Disponível em https://blast.ncbi.nlm.nih.gov), pertencente ao

NCBI (National Center for Biotechnology Information), a fim de estimar a similaridade

genética com sequências previamente depositadas no Genbank (Disponível em

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/genbank). As sequências COI foram submetidas ao

Identification System (Disponível em

http://www.boldsystems.org/index.php/IDS_OpenIdEngine) para também estimar a

similaridade com sequências previamente depositadas no BOLD (The Barcode of

Life Data System; Ratnasingham & Hebert, 2007).

A rede de haplótipos foi implementada utilizando o método median joining

através do software Network 4.5 (Bandelt et al., 1999). Os níveis de diversidade

genética, testes de neutralidade, através das estatísticas Fs (Fu, 1997) e D (Tajima,

1989), e a estruturação populacional, através da estimativa de FST (Wright, 1978)

foram analisados através do software Arlequin 3.5 (Excoffier & Lischer, 2010).

Árvores baseadas no método de verossimilhança foram geradas através do software

MEGA6 (Tamura et al., 2013) a fim de evidenciar o relacionamento entre os

morfótipos I e II, e entre as diferentes regiões geográficas amostradas. Em todas as

análises os sítios com gaps, inserções e deleções foram considerados.

Page 97: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

95

RESULTADOS

Foram sequenciados e analisados fragmentos de 443 pares de bases (pb)

do gene Rhod, 655 pb do COI, 583 pb do 16S, 645 pb do CytB e 423 pb da RHV1,

totalizando 2.749 pb.

As análises realizadas através do Nucleotide BLAST e BOLD Identification

System revelaram que as sequências 16S e COI geradas eram compatíveis

exclusivamente com sequências de C. lugubris. Devido a ocorrência de sítios

polimórficos entre os indivíduos as estimadas de similaridade genética variaram

entre 99 e 100%.

As análises populacionais envolvendo as localidades de ASPSP, RN e

Trindade foram realizadas a partir de sequências Região Hipervariável 1 (RHV1).

Além da RHV1, os morfótipos I e II do ASPSP tiveram as sequências dos genes

Rhod, COI, 16S e CytB analisadas, revelando-se bastante conservados para C.

lugubris, sobretudo Rhod, o qual exibiu apenas um único haplótipo para todos os

espécimes sequenciados (N=20). Os demais genes apresentaram-se também muito

conservados com apenas dois haplótipos distintos para 16S e COI, e três para CytB.

A Região Hipervariável 1 apresentou uma alta variabilidade haplotípica e

nucleotídica (Tabela 1), e foi utilizada para as análises populacionais.

Nenhuma das quatro sequências de DNA analisadas exibiu diferenças

genéticas entre os morfótipos I dos II encontrados em ASPSP. Nas análises

intrapopulacionais envolvendo apenas ASPSP, a rede de haplótipos inferiu que um

indivíduo do morfótipo I é o haplótipo mais basal, porém não ficou evidenciado

diferenciações genéticas entre indivíduos dos dois morfótipos encontrados no

ASPSP (Figura 3a). A rede de haplótipos entre indivíduos do ASPSP, RN e IT,

indicou um haplótipo basal compartilhado entre ASPSP e RN. Além disso, não foi

identificada estruturação populacional entre as três localidades analisadas (Figura

3b). As redes de haplótipos com formato de estrela e os testes de neutralidade

indicaram expansão demográfica (Figura 3; Tabela 1).

As árvores de maximum likelihood revelam agrupamentos indistintos dos

morfótipos I e II e dos indivíduos do ASPSP, RN e IT (dados não mostrados). Os

valores FST não foram significativos entre as três localidades analisadas (ASPSP, RN

e IT).

Page 98: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

96

Figura 3. Rede de haplótipos baseadas em sequências parciais da Região

Hipervariável 1 (DNAmt) de Caranx lugubris. ASPSP = Arquipélago de São Pedro e

São Paulo; IT = Ilha de Trindade; RN = Rio Grande do Norte; Arcos = Frequência

dos haplótipos.

DISCUSSÃO

Apesar da grande importância econômica e ecológica das espécies do

gênero Caranx, análises sobre a estrutura genética populacional neste gênero são

escassas (e.g. Santos et al., 2011; Duarte et al., 2017), limitando sua aplicação na

formulação de políticas públicas de conservação e manejo.

A alta variabilidade genética (Tabela 1) e a ocorrência de morfótipos distintos

de C. lugubris em partes da sua distribuição (ASPSP), ratificam a necessidade de

análises populacionais mais elaboradas. Como explicação para a peculiar ocorrência

destes morfótipos foram sugeridas variadas causas, tais como dimorfismo sexual,

isolamento populacional e adaptação ambiental, hibridização e invasões

interoceânicas de linhagens de C. lugubris a partir do Índico.

Uma das possibilidades aventadas, a ocorrência de dimorfismo sexual, foi

originalmente descartada, diante da ocorrência de machos e fêmeas com ambos os

morfótipos (Jacobina et al., 2014).

Estruturação genética regional ou divergência genética poderiam estar

associadas à conspícua variação morfológica de C. lugubris no ASPSP. Contudo, as

análises realizadas com base em sequências Rhod, COI, 16S, CytB e RHV1 não

evidenciaram qualquer diferenciação genética entre os morfótipos I e II, nem entre

Page 99: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

97

os indivíduos das regiões costeira do Rio Grande do Norte e oceânicas do ASPSP e

Ilha de Trindade, sugerindo um cenário panmítico.

Em contraste com a variação morfológica intra-regional presente em parte

da distribuição de C. lugubris, análises genéticas em indivíduos de Caranx crysos da

costa do estado do Rio de Janeiro (Brasil) sugeriram a existência de uma possível

espécie críptica dentre os indivíduos analisados, a qual não foi percebida através da

identificação taxonômica clássica e morfometria multivariada dos indivíduos

coletados (Duarte et al., 2017). Estas variações fenotípicas e genéticas neste gênero

apoiam a complexidade de variação e assincronia destes padrões em espécies de

Caranx.

A ocorrência de hábitos migradores (Riede, 2004) e presença de ovos e

larvas pelágicas (Briggs, 1960) favorecem o atual quadro de panmixia observado

entre indivíduos de C. lugubris nas vastas áreas amostradas no Atlântico. Cenários

semelhantes de panmixia foram encontrados em outras espécies da família

Carangidae, tais como Caranx ignobilis e C. melampygus (Santos et al., 2011),

Trachurus trachurus (Comesaña et al., 2008), T. murphyi (Cárdenas et al., 2009), e

T. japonicus (Song et al., 2013). A homogeneidade genética apresentada por C.

lugubris e outras espécies deste gênero, com amplo potencial dispersivo, sugere a

avaliação de diversificação genética utilizando modelos geográficos que envolvam

grandes áreas da distribuição. De fato, análises populacionais interoceânicas na

espécie Seriola lalandi revelaram a existência de marcada estruturação populacional

ao longo dos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico (Swart et al., 2016).

Apesar da ausência de estruturação populacional em C. lugubris, os

elevados índices de diversidade dos indivíduos do arquipélago (Tabela 1) quando

comparados com os das demais regiões geográficas analisadas (RN e Trindade)

sugerem que o ASPSP pode desempenhar importante papel na manutenção da

variabilidade genética da espécie. De fato, o arquipélago de São Pedro e São Paulo

localiza-se na latitude 0º55’, pouco acima da linha do Equador, distante 950 km da

costa do Brasil e 1800 km da costa africana. Por ser uma região sob forte influência

das correntes equatoriais (ver Rocha, 2003), é possível que sua localização favoreça

o acúmulo de indivíduos/ovos/larvas oriundas de populações de ambos os lados do

Atlântico.

As distribuições geográficas de algumas espécies de peixes, como a moreia

M. pavonina com ocorrência na costa brasileira e ASPSP, e M. melanotis presente

na costa africana e no ASPSP (Feitoza et al., 2003; Wirtz et al., 2013), demonstram

Page 100: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

98

sua atuação na manutenção de indivíduos de ambos os lados do Atlântico. Além

disso, é possível que o regime de correntes reinantes no Atlântico Sul propicie que

caso indivíduos de linhagens oriundas do oceano Índico ultrapassem a barreira da

Corrente de Benguela, estes possam ser direcionados a aportar nesta região. Caso

seja confirmado, isto poderia ajudar a explicar a maior diversidade haplotípica nesta

região insular, haja visto que estudos recentes sugerem que invasões através da

África do Sul têm contribuído para a diversidade de peixes do Atlântico (Floeter et

al., 2008).

Espécies com grande amplitude de distribuição propicia áreas de

sobreposição que podem favorecer a ocorrência de hibridizações entre espécies

próximas. No gênero Caranx já foram documentados casos de hibridação (Murakami

et al., 2007; Santos et al., 2011) e complexo de espécies (Smith-Vaniz & Carpenter

2007), que poderiam ser causas da ocorrência dos morfótipos encontrados no

arquipélago de São Pedro e São Paulo.

As análises realizadas através do Nucleotide BLAST e Identification System

revelaram que as sequências 16S e COI obtidas são compatíveis com espécimes de

C. lugubris do arquipélago de São Pedro e São Paulo (Oceano Atlântico), da ilha

Moorea (Polinésia Francesa, Pacífico) e dos bancos de Protea (África do Sul,

Índico). A ausência de divergência genética demonstra o conservadorismo destas

sequências, e aparente ausência de espécies crípticas, apesar da existência de

efetivas barreiras biogeográficas ao longo da sua distribuição.

Diante da herança matrilinear do DNA mitocondrial, a ocorrência de

hibridação interespecífica envolvendo C. lugubris poderia ser detectada com base

nas sequências COI e 16S caso a atuação materna fosse provida por outra espécie.

De fato, híbridos no gênero Caranx já foram descritos para as ilhas do Havaí

(Pacífico) através do sequenciamento de genes mitocondriais. Híbridos de Caranx

ignobilis x C. melampygus e C. melampygus x C. sexfasciatus diferenciam-se da

espécie C. melampygus em apenas uma mutação no gene COI e uma no gene 16S

(Murakami et al., 2007). Uma vez que esta variação nucleotídica está dentro do

intervalo de variação encontrado dentre as espécies de peixes para o gene COI

(Ward et al., 2005) e no suporte provido pela análise de outros genes mitocondriais,

como ATPase 6 e ATPase 8 (Santos et al., 2011), identificou-se C. melampygus

como a linhagem materna destes híbridos.

Diferentemente do que acontece entre Caranx hippos, C. caninus e C.

fischeri (Smith-Vaniz & Carpenter, 2007), até o momento não existem indicações de

Page 101: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

99

que C. lugubris constitua um complexo de espécies no Atlântico. Essa condição tem

pouco suporte taxonômico, bem como das evidências genéticas aqui apresentadas,

embora divergências genéticas interoceânicas mais marcantes não possam ser

descartadas.

Algumas evidências têm apontado que o isolamento geográfico associado a

fatores ambientais intrínsecos do ASPSP podem atuar sobre algumas espécies,

favorecendo a fixação de padrões fenotípicos peculiares em peixes de diferentes

famílias. Neste sentido, já foram registrados fenótipos cromáticos atípicos para as

espécies Holacanthus ciliaris (Pomacanthidae) e Chromis multilineata

(Pomacentridae) (Feitoza et al., 2003; Luiz-Júnior, 2003; Cunha et al., 2014), ou

variações morfológicas em Abudefduf saxatilis (Pomacentridae) (Molina et al., 2006).

Mais recentemente, análises genéticas em espécies do gênero Stegastes revelaram

que S. sanctipauli, até então considerada endêmica do ASPSP, constitui na

realidade uma sinonímia de S. rocasensis, com distribuição também no arquipélago

de Fernando de Noronha e no Atol das Rocas (Souza et al., 2016). As interpretações

de dualidade entre essas formas se baseavam exclusivamente no conjunto de

variações morfológicas e cromáticas da população de S. rocasensis presente no

ASPSP.

Estes casos ilustram brevemente os padrões de variação que podem ocorrer

em decorrência das condições físicas e ambientais a que estão sujeitas as espécies

naquela região insular. As reduzidas dimensões territoriais (ver Motoki et al., 2009) e

condições ambientais particulares do ASPSP poderiam intensificar competições inter

e intraespecíficas, promovendo adaptações morfológicas relacionadas à natação e

alimentação (Bond, 1979; Breda et al., 2005; Piorski et al., 2005; Lima-Filho et al.,

2012). Embora pouco provável está hipótese merece uma análise mais detalhada.

Os resultados obtidos indicam uma condição de panmixia em C. lugubris nas

regiões oceânicas amostradas do Atlântico e sugerem um papel do ASPSP como

área estratégica para a manutenção da diversidade genética da espécie. Além disso,

aparentemente os morfótipos não decorrem de divergências genéticas, contudo,

outros marcadores genéticos e amostras de C. lugubris provenientes de outras

regiões oceânicas poderão vir a contribuir para esclarecer sua ocorrência.

Page 102: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

100

Tabela 1. Diversidade genética de Caranx lugubris.

N h S Hd ± sd π ± sd D FS

Genes/ASPSP (Morf. I + II)

Rodopsina 20 1 0 0 0 - -

16S 4 2 1 0,500 ± 0,265 0,0008 ± 0,0009 - -

Citocromo c oxidade subunidade I 6 2 1 0,333 ± 0,215 0,0005 ± 0,0006 - -

Citocromo B 20 3 2 0,194 ± 0,114 0,0003 ± 0,0004 - -

RHV1/Regiões geográficas

ASPSP (Morf. I + II) 19 19 56 1,000 ± 0,017 0,110 ± 0,060 -2,307* -14,204*

Ilha de Trindade 8 7 13 0,964 ± 0,077 0,070 ± 0,044 -0,554** -2,181**

Rio Grande do Norte 6 4 5 0,866 ± 0,129 0,029 ± 0,022 -0,825** -0,624**

Todas as populações 33 28 65 0,986 ± 0,012 0,013 ± 0,007 -2,375* -22,603*

N - Número de indivíduos; h - Número de haplótipos; S - Número de sítios polimórficos; Hd - Diversidade haplotípica; π - Diversidade nucleotídica; sd - Desvio

padrão; D - Estatística Tajima (Tajima, 1989); Fs - Estatística Fu (Fu, 1997); RHV1 - Região Hipervariável 1; ASPSP - Arquipélago de São Pedro e São Paulo; Morf.

- Morfótipo; *p = 0; **p > 0,05; A distribuição dos haplótipos e os números de acesso ao Genbank encontram-se na Tabela suplementar 1.

Page 103: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

101

REFERÊNCIAS

Bandelt, H. J., Forster, P., & Röhl, A. (1999). Median-joining networks for inferring

intraspecific phylogenies. Molecular Biology and Evolution, 16(1), 37-48.

Breda, L., de Oliveira, E. F., & Goulart, E. (2008). Ecomorfologia de locomoção de

peixes com enfoque para espécies neotropicais. Acta Scientiarum. Biological

Sciences, 27(4), 371-381.

Briggs, J. C. (1960). Fishes of worldwide (circumtropical)

distribution. Copeia, 1960(3), 171-180.

Bond, C. E. (1979). Biology of Fishes. Philadelphia: Saunders College Publishing.

Cárdenas, L., Silva, A. X., Magoulas, A., Cabezas, J., Poulin, E., & Ojeda, F. P.

(2009). Genetic population structure in the Chilean jack mackerel, Trachurus

murphyi (Nichols) across the South-eastern Pacific Ocean. Fisheries

Research, 100(2), 109-115.

Comesaña, A. S., Martínez-Areal, M. T., & Sanjuan, A. (2008). Genetic variation in

the mitochondrial DNA control region among horse mackerel (Trachurus

trachurus) from the Atlantic and Mediterranean areas. Fisheries

Research, 89(2), 122-131.

Cunha, I. M. C., Souza, A. S., Dias-Júnior, E. A., Amorim, K. D. J., Soares, R. X.,

Costa, G. W. W. F. D., Garcia-Machado, E., Galetti-Jr, P. M., & Molina, W. F.

(2014). Genetic multipartitions based on D-loop sequences and

chromosomal patterns in brown Chromis, Chromis multilineata

(Pomacentridae), in the Western Atlantic. BioMed Research International,

2014, 1-11.

Duarte, M. R., Tubino, R. A., Monteiro-Neto, C., Martins, R. R. M., Vieira, F. C.,

Andrade-Tubino, M. F., & Silva, E. P. (2017). Genetic and morphometric

evidence that the jacks (Carangidae) fished off the coast of Rio de Janeiro

(Brazil) comprise four different species. Biochemical Systematics and

Ecology, 71, 78-86.

Edgar, R. C. (2004). MUSCLE: multiple sequence alignment with high accuracy and

high throughput. Nucleic Acids Research, 32(5), 1792-1797.

Eschmeyer, W. N., & Fong, J. D. (2017). Species by family/subfamily.

http://researcharchive.calacademy.org/research/ichthyology/catalog/Species

ByFamily.asp. Accessed 20 Feb 2017.

Page 104: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

102

Excoffier, L., & Lischer, H. E. L. (2010). Arlequin suite ver 3.5: a new series of

programs to perform population genetics analyses under Linux and

Windows. Molecular Ecology Resources, 10(3), 564-567.

Feitoza, B. M., Rocha, L. A., Luiz-Júnior, O. J., Floeter, S. R., & Gasparini, J. L.

(2003). Reef fishes of St. Paul’s Rocks: new records and notes on biology

and zoogeography. Aqua, 7(2), 61-82.

Floeter, S. R., Rocha, L. A., Robertson, D. R., Joyeux, J. C., Smith‐Vaniz, W. F.,

Wirtz, P., Edwards, A. J., Barreiros, J. P., Ferreira, C. E. L., Gasparini, J. L.,

Brito, A., Falcón, J. M., Bowen, B. W., & Bernardi, G. (2008). Atlantic reef fish

biogeography and evolution. Journal of Biogeography, 35(1), 22-47.

Fu, Y. X. (1997). Statistical tests of neutrality of mutations against population growth,

hitchhiking and background selection. Genetics, 147(2), 915-925.

Garcia-Júnior, J., Nóbrega, M. F., & Oliveira, J. E. L. (2015). Coastal fishes of Rio

Grande do Norte, northeastern Brazil, with new records. Check List, 11(3),

1659.

Gasparini, J. L., & Floeter, S. R. (2001). The shore fishes of Trindade Island, western

south Atlantic. Journal of Natural History, 35(11), 1639-1656.

Hall, T. A. (1999). BioEdit: a user-friendly biological sequence alignment editor and

analysis program for Windows 95/98/NT. Nucleic Acids Symposium series,

41, 95-98.

Jacobina, U. P., Martinez, P. A., Cioffi, M. B., Garcia-Júnior, J., Bertollo, L. A. C., &

Molina, W. F. (2014). Morphological and karyotypic differentiation in Caranx

lugubris (Perciformes: Carangidae) in the St. Peter and St. Paul Archipelago,

mid-Atlantic Ridge. Helgoland Marine Research, 68(1), 17.

Jiménez, S., Schönhuth, S., Lozano, I. J., González, J. A., Sevilla, R. G., Diez, A., &

Bautista, J. M. (2007). Morphological, ecological, and molecular analyses

separate Muraena augusti from Muraena helena as a valid

species. Copeia, 2007(1), 101-113.

Lee, W. J., Conroy, J., Howell, W. H., & Kocher, T. D. (1995). Structure and evolution

of teleost mitochondrial control regions. Journal of Molecular Evolution, 41(1),

54-66.

Lima-Filho, P. A., Cioffi, M. B., Bertollo, L. A. C., & Molina, W. F. (2012).

Chromosomal and morphological divergences in Atlantic populations of the

Page 105: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

103

frillfin goby Bathygobius soporator (Gobiidae, Perciformes). Journal of

Experimental Marine Biology and Ecology, 434, 63-70.

Luiz-Júnior, O. J. (2003). Colour morphs in a queen angelfish Holacanthus ciliaris

(Perciformes: Pomacanthidae) population of St. Paul’s Rocks, NE

Brazil. Tropical Fish Hobbyist, 51(5), 82-90.

Miller, S. A., Dykes, D. D., & Polesky, H. F. (1988). A simple salting out procedure for

extracting DNA from human nucleated cells. Nucleic Acids Reseach, 16(3),

1215.

Molina, W. F., Shibatta, O. A., & Galetti-Jr, P. M. (2006). Multivariate morphological

analyses in continental and island populations of Abudefduf saxatilis

(Linnaeus) (Pomacentridae, Perciformes) of Western Atlantic. Pan-American

Journal of Aquatic Sciences, 1(2), 49-56.

Motoki, A., Sichel, S. E., Campos, T. F. C., Srivastava, N. K., & Soares, R. (2009).

Taxa de soerguimento atual do arquipélago de São Pedro e São Paulo,

Oceano Atlântico Equatorial. Rem: Revista Escola de Minas, 62(3), 331-342.

Murakami, K., James, S. A., Randall, J. E., & Suzumoto, A. Y. (2007). Two hybrids of

carangid fishes of the genus Caranx, C. ignobilis x C. melampygus and C.

melampygus x C. sexfasciatus, from the Hawaiian Islands. Zoological

Studies, 46(2), 186-193.

Nelson, J. S., Grande, T. C., & Wilson, M. V. (2016). Fishes of the World (5th ed.).

New Jersey: John Wiley & Sons.

Palumbi, S. R., Martin, A. P., Romano, S., McMillan, N. W. O., Stice, L., &

Grabowski, G. (1991). The simple fool's guide to PCR. Honolulu: University

of Hawaii.

Piorski, N. M., Alves, J. R., Machado, M. R. D, & Correia, M. M. V. (2005).

Alimentação e ecomorfologia de duas espécies de piranhas (Characiformes:

Characidae) do lago de Viana, Maranhão, Brasil. Acta Amazônica, 35(1), 63-

70.

Ratnasingham, S., & Hebert, P. D. N. (2007). BOLD: The Barcode of Life Data

System. Molecular Ecology Notes, 7(3), 355-364.

Riede, K. (2004). Global register of migratory species: from global to regional scales:

final report of the R&D-Projekt 808 05 081. Bonn: Federal Agency for Nature

Conservation.

Page 106: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

104

Rocha, L. A. (2003). Patterns of distribution and processes of speciation in Brazilian

reef fishes. Journal of Biogeography, 30(8), 1161-1171.

Santos, S. R., Xiang, Y., & Tagawa, A. W. (2011). Population structure and

comparative phylogeography of jack species (Caranx ignobilis and C.

melampygus) in the high Hawaiian Islands. Journal of Heredity, 102(1), 47-

54.

Smith-Vaniz, W. F. (2002). Carangidae. Jacks and scads (bumpers, pompanos,

leatherjacks, amberjacks, pilotfishes, rudderfishes). In K. E. Carpenter (ed.)

FAO species identification guide for fishery purposes. The living marine

resources of the Western Central Atlantic. Vol. 3: Bony fishes part 2

(Opistognathidae to Molidae), sea turtles and marine mammals. (1426-1468).

Rome:FAO.

Smith-Vaniz, W. F., & Carpenter, K. E. (2007). Review of the crevalle jacks, Caranx

hippos complex (Teleostei: Carangidae), with a description of a new species

from West Africa. Fishery Bulletin, 105(2), 207-233.

Song, N., Jia, N., Yanagimoto, T., Lin, L., & Gao, T. (2013). Genetic differentiation of

Trachurus japonicus from the Northwestern Pacific based on the

mitochondrial DNA control region. Mitochondrial DNA, 24(6), 705-712.

Souza, A. S., Dias-Júnior, E. A., Galetti Jr, P. M., Machado, E. G., Pichorim, M., &

Molina, W. F. (2015). Wide-range genetic connectivity of Coney,

Cephalopholis fulva (Epinephelidae), through oceanic islands and continental

Brazilian coast. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 87(1), 121-136.

Souza, A. S., Rosa, R., Soares, R. X., Lima-Filho, P. A., Oliveira, C., Shibatta, O. A.,

& Molina, W. F. (2016). A reappraisal of Stegastes species occurring in the

South Atlantic using morphological and molecular data. Helgoland Marine

Research, 70(1), 20.

Swart, B. L., Bester-van der Merwe, A. E., Kerwath, S. E., & Roodt-Wilding, R.

(2016). Phylogeography of the pelagic fish Seriola lalandi at different scales:

confirmation of inter-ocean population structure and evaluation of southern

African genetic diversity. African Journal of Marine Science, 38(4), 513-524.

Tajima, F. (1989). Statistical method for testing the neutral mutation hypothesis by

DNA polymorphism. Genetics, 123(3), 585-595.

Page 107: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

105

Tamura, K., Stecher, G., Peterson, D., Filipski, A., & Kumar, S. (2013). MEGA6:

molecular evolutionary genetics analysis version 6.0. Molecular biology and

Evolution, 30(12), 2725-2729.

Ward, R. D., Zemlak, T. S., Innes, B. H., Last, P. R., & Hebert, P. D. N. (2005). DNA

barcoding Australia’s fish species. Philosophical Transactions of the Royal

Society B: Biological Sciences, 360(1462), 1847-1857.

Wirtz, P., Brito, A., Falcon, J. M., Freitas, R., Fricke, R., Monteiro, V., Reiner, F., &

Tariche, O. (2013). The coastal fishes of the Cape Verde Islands–new

records and an annotated check-list. Spixiana, 36(1), 113-142.

Wright, S. (1978). The theory of gene frequencies. Vol. 2. Evolution and the Genetics

of Populations. London: University of Chicago Press.

Page 108: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

106

Tabela suplementar 1. Distribuição de haplótipos em Caranx lugubris.

Genes Haplótipos ASPSP RN IT Total Genbank

Rodopsina Hap1 20 (10 indivíduos Morf. I, 10 indivíduos Morf. II)

20 submetido

16S Hap1 3 (2 indivíduos Morf. I, 1 indivíduo Morf. II)

3 submetido

Hap2 1 (Morf. I) 1 submetido

COI Hap1 5 (3 indivíduos Morf. I, 2 indivíduos Morf. II)

5 submetido

Hap2 1 (Morf. II) 1 submetido

Citocromo B Hap1 18 (9 indivíduos Morf. I, 9 indivíduos Morf. II)

18 submetido

Hap2 1 (Morf. I) 1 submetido

Hap3 1 (Morf. I) 1 submetido

RHV1 Hap1 1 (Morf. II) 1 submetido

Hap2 1 (Morf. II) 1 submetido

Hap3 1 (Morf. II) 1 submetido

Hap4 1 (Morf. II) 1 submetido

Hap5 1 (Morf. II) 1 submetido

Hap6 1 (Morf. II) 1 submetido

Hap7 1 (Morf. II) 1 submetido

Hap8 1 (Morf. II) 1 submetido

Hap9 1 (Morf. II) 1 submetido

Hap10 1 (Morf. II) 2 3 submetido

Hap11 1 (Morf. I) 1 submetido

Hap12 1 (Morf. I) 1 submetido

Hap13 1 (Morf. I) 1 submetido

Hap14 1 (Morf. I) 1 submetido

Hap15 1 (Morf. I) 1 submetido

Hap16 1 (Morf. I) 1 submetido

Hap17 1 (Morf. I) 1 submetido

Hap18 1 (Morf. I) 1 submetido

Hap19 1 (Morf. I) 1 submetido

Hap20 1 1 submetido

Hap21 1 1 submetido

Hap22 2 2 submetido

Hap23 1 1 submetido

Hap24 1 1 submetido

Hap25 2 1 3 submetido

Hap26 1 1 submetido

Hap27 1 1 submetido

Hap28 1 1 submetido

ASPSP - Arquipélago de São Pedro e São Paulo; RN - Rio Grande do Norte; IT - Ilha de Trindade;

COI -Citocromo c oxidase subunidade I; RHV1 - Região Hipervariável 1; Morf. - Morfótipo.

Page 109: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

107

CONCLUSÕES GERAIS

• Os genes mitocondriais 16S, CytB e COI mostraram-se eficientes como

marcadores taxonômicos moleculares para o gênero Stegastes;

• Stegastes sanctipauli e S. rocasensis constituem uma mesma espécie;

• O nível de diferenciação genética entre S. fuscus trindadensis e S. fuscus

não é suficiente para manutenção do status de espécie para a população da

Ilha de Trindade;

• As variações morfológicas entre Stegastes “sanctipauli” e S. rocasensis, e

entre S. fuscus e S. fuscus “trindadensis” estão em parte atreladas a

condições ecológicas diferenciadas entre as regiões de ocorrência das

populações;

• A diferenciação genética encontrada em diferentes pontos de distribuição de

S. variabilis sugere a ocorrência de uma nova espécie no Atlântico;

• As populações costeiras de Abudefduf saxatilis, desde a Venezuela até o

sudeste do Brasil, representam uma população panmítica, enquanto que as

populações insulares apresentam estruturação genética em diferentes

níveis, sobretudo a da Ilha de Trindade;

• A espécie C. lugubris constitui uma população panmítica envolvendo a costa

do estado do Rio Grande do Norte, Ilha de Trindade e Arquipélago de São

Pedro e São Paulo;

• Os morfótipos I e II exibidos pela espécie Caranx lugubris no entorno do

Arquipélago de São Pedro e São Paulo não possuem divergências genéticas

para as sequências analisadas;

Page 110: ALLYSON SANTOS DE SOUZA · Padrões da biodiversidade atlântica brasileira O extenso litoral do Brasil é composto por diferentes ecossistemas costeiros, o que acaba por favorecer

108

• O Arquipélago de São Pedro e São Paulo representa um ambiente

estratégico para a manutenção da biodiversidade brasileira;

• A distância do litoral sul-americano e as ilhas é diretamente proporcional ao

aumento da divergência genética entre as populações insulares e costeiras;

• Os ambientes insulares brasileiros possuem nível reduzido de fluxo gênico

com outras regiões insulares e a costa sul-americana;

• Os resultados obtidos podem ser utilizados como subsídios para o manejo e

conservação das espécies e ambientes insulares do Atlântico Ocidental.