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ALINE ANTONIA DA SILVA BIBLIOTECA NA ESCOLA: caminhos, práticas e parcerias São Paulo 2006

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Page 1: ALINE ANTONIA DA SILVA

ALINE ANTONIA DA SILVA

BIBLIOTECA NA ESCOLA:

caminhos, práticas e parcerias

São Paulo 2006

Page 2: ALINE ANTONIA DA SILVA

ALINE ANTONIA DA SILVA

BIBLIOTECA NA ESCOLA:

caminhos, práticas e parcerias

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Departamento de Biblioteconomia e

Documentação da Escola de Comunicações e

Artes da Universidade de São Paulo como

requisito parcial para a obtenção do título de

Bacharel em Biblioteconomia e

Documentação.

Orientadora: Profª. Drª. Regina K. Obata

Ferreira Amaro

São Paulo

2006

Page 3: ALINE ANTONIA DA SILVA

Silva, Aline Antonia da

Biblioteca na escola: caminhos, práticas e parcerias /

Aline Antonia da Silva. – São Paulo: A. A. Silva, 2006.

Trabalho de Conclusão de Curso – Escola de

Comunicações e Artes/USP, 2006.

Biblioteca escolar

Práticas bibliotecárias em biblioteca escolar

Page 4: ALINE ANTONIA DA SILVA

Termos de Aprovação

Nome do autor: Aline Antonia da Silva

Título da monografia: Biblioteca na escola: caminhos, práticas e parcerias

Presidente da Banca: Profª. Drª. Regina K. Obata Ferreira Amaro

Banca Examinadora:

_____________________________________________

______________________________________________

Aprovada em: ___/___/___

Page 5: ALINE ANTONIA DA SILVA

A minha família pela paciência e orações

A Dai pelo socorro constante e conselhos preciosos

Ao Wagner pelo incentivo, carinho e amor sem medidas...

Page 6: ALINE ANTONIA DA SILVA

Agradecimentos

À professora Regina Obata por acompanhar todos os percalços, dúvidas e

aflições no decorrer deste trabalho, mostrando-me apoio e acima de tudo

confiança.

Aos professores do Departamento de Biblioteconomia e Documentação da

ECA-USP, que durante esses últimos cinco anos ajudaram em minha formação

acadêmica e profissional.

Aos profissionais com os quais trabalhei na Escola Nossa Senhora das

Graças e que me ensinaram tantas coisas no decorrer dos dois anos de

convivência.

Aos alunos da 3ª. série do ensino médio e 8ª. série do ensino fundamental da

Escola Nossa Senhora das Graças, ambas de 2004, por mostrarem o verdadeiro

valor de um bibliotecário e fazerem com que eu tivesse orgulho de escolher essa

profissão.

Aos funcionários da Secretaria de Graduação da ECA-USP, Fernanda e

Murilo que acabaram tornando-se meus amigos e participaram de vários

momentos da minha vida acadêmica.

Finalmente, a todos os grandes amigos que conheci e convivi nesse período

inesquecível, Tiago, Jussara, July, Karin, Caio, Alessandra, Juliétti, Daniela,

Silvana e, de maneira especial, a Dai que esteve comigo nessa reta final sendo

sempre meu ombro amigo, porto seguro e posto de informações.

Page 7: ALINE ANTONIA DA SILVA

“Foi-se o tempo em que a biblioteca

se parecia com um museu e o

bibliotecário era um catador de ratos

entre livros embolorados e os

visitantes olhavam com olhos

curiosos tomos e manuscritos

antigos. Agora a biblioteca é como

uma escola, e o bibliotecário é, no

mais alto sentido, um professor.” (Melvin Dewey apud Muller, 1984)

Page 8: ALINE ANTONIA DA SILVA

Resumo

SILVA, Aline Antonia da Silva. Biblioteca na escola: caminhos, práticas e parcerias. São Paulo, 2006. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Curso

de Biblioteconomia e Documentação, Escola de Comunicações e Artes,

Universidade de São Paulo.

Em ambientes educativos a biblioteca encontra uma série de dificuldades e

limitações para sua construção e instalação. A necessidade de mudanças na relação

entre escola e biblioteca. A busca por parcerias entre professor e bibliotecário. O

presente trabalho relata as mudanças ocorridas na biblioteca da Escola Nossa

Senhora das Graças e o Projeto Estudo do Meio – trabalho conjunto entre biblioteca

e professores.

Page 9: ALINE ANTONIA DA SILVA

Sumário

Apresentação................................................................................................ 9

1. Introdução.............................................................................................. 11

1.1 Objetivo Geral....................................................................................... 12

1.2 Objetivos Específicos............................................................................ 12

1.3 Procedimentos metodológicos.............................................................. 12

2. Biblioteca escolar: problemas e desafios.............................................. 13

2.1 Parcerias na escola: professores e bibliotecários................................. 21

3. Biblioteca escolar: uma experiência...................................................... 25

3.1 A reforma da escola e a reorganização da biblioteca........................... 27

3.1.1 Espaço físico e o mobiliário........................................................ 27

3.1.2 Acervo e sua disposição............................................................. 30

3.1.3 Classificação e sinalização......................................................... 31

3.2 O Projeto Estudo do Meio..................................................................... 35

4. Considerações Finais............................................................................. 40

Referências................................................................................................. 42

Bibliografia Complementar.......................................................................... 45

Anexos

Page 10: ALINE ANTONIA DA SILVA

Apresentação

O presente trabalho foi motivado por experiências pessoais na área de

biblioteca escolar em que durante alguns anos tivemos contato de maneira viva

com todos os desafios e recompensas presentes na vida cotidiana de um

ambiente educativo.

Nossas atividades profissionais foram desenvolvidas em duas instituições

distintas o que possibilitou ver a biblioteca dentro do ambiente escolar sob dois

focos e conceitos completamente opostos: na primeira víamos a biblioteca como

depósito de livros doados; e na segunda como um lugar de aprendizagem e

ligada aos projetos desenvolvidos na escola.

Partindo dessas vivências sentimos a necessidade de discutir algumas das

dificuldades que tanto a biblioteca quanto o bibliotecário encontram dentro da

escola.

Em vista dessas considerações iremos trabalhar primeiramente com as

dificuldades existentes no relacionamento entre biblioteca e escola trazendo a

discussão sobre a integração das duas instâncias e a repercussão na

comunidade escolar.

Fazemos uso das palavras de Silva (1999, p.32) “[...] Biblioteconomia e

Educação são ramos do saber que se articulam em diferentes perspectivas, e

talvez o eixo mais acentuado dessa articulação seja justamente a problemática

das bibliotecas escolares”.

A experiência prática de como acontece a construção de uma biblioteca é

relatada através da reforma na biblioteca da Escola Nossa Senhora das Graças

mostrando suas mudanças e dificuldades.

Num segundo momento a discussão será sobre a parceria que pode existir

entre bibliotecários e professores – mediadores no ambiente escolar – e quais os

possíveis caminhos para essa integração.

Entendemos que é necessário dar importância as inter-relações entre os

mediadores no ambiente escolar, sendo que são as atitudes desses profissionais

Page 11: ALINE ANTONIA DA SILVA

que podem vir a influenciar todas as atividades a serem desenvolvidas na própria

biblioteca escolar.

Usamos o exemplo do Projeto Estudo do Meio desenvolvido pela Escola

Nossa Senhora das Graças uma parceria de professores, coordenação

pedagógica, os alunos e biblioteca.

Page 12: ALINE ANTONIA DA SILVA

1 Introdução

A relação entre biblioteca e escola é rodeada por muitos obstáculos, sejam

eles de ordem prática ou mesmo institucional, em que há um estranhamento

entre ambas e o reflexo pode ser visto nas atividades pedagógicas que acabam

prejudicadas.

Em alguns momentos a biblioteca acaba sendo vista como um depósito de

livros sem muita utilidade, instalada numa sala sem infra-estrutura, sem um

acervo adequado as necessidades dos usuários, com profissionais

despreparados para exercer as funções bibliotecárias e outros fatores que

acarretam o estigma que acompanha os serviços de informação em ambientes

educativos.

No entanto, o projeto pedagógico desenvolvido pela escola é o principal

responsável pela inserção da biblioteca em todas as atividades que irão fazer

parte do currículo escolar e também a peça fundamental para diminuir a distância

em relação aos alunos, desmistificando esse espaço nunca antes visitado.

Quando as barreiras entre biblioteca e comunidade escolar vão sendo

derrubadas são possíveis ver todos os benefícios e atrativos que podem existir

nessa integração. Transformar a leitura e a pesquisa em atividades lúdicas e não

apenas obrigatórias torna-se o principal desafio a ser enfrentado pela biblioteca e

toda sua equipe.

O bibliotecário quando inserido no contexto escolar tem que se mostrar

empenhado e motivado, buscar aliar-se ao professor em todas as atividades que

serão desenvolvidas em sala de aula. A parceria entre os dois trará segurança

para que os alunos passem também a utilizar a biblioteca no seu cotidiano.

Page 13: ALINE ANTONIA DA SILVA

1.1 Objetivo Geral

Relacionar a biblioteca com seus usos e práticas dentro da escola, dando

ênfase maior para a utilização da mesma dentro do processo de ensino-

aprendizagem e o papel do bibliotecário como mediador desse processo.

1.2 Objetivos específicos

• Verificar a relação entre biblioteca e escola;

• Relatar a construção de uma biblioteca utilizando como exemplo a Escola

Nossa Senhora das Graças;

• Observar o bibliotecário e o professor como mediadores na biblioteca escolar;

• Verificar como a biblioteca pode ser inserida nos projetos educativos

utilizando o Projeto Estudo do Meio como exemplo prático.

1.3 Recursos Medotológicos

O presente estudo terá como base a revisão de literatura nas áreas de

biblioteca escolar e educação seguindo as variáveis: relação entre biblioteca e

escola, usos e práticas da biblioteca escolar, processo ensino-aprendizagem,

apropriação do conhecimento e bibliotecário como mediador.

Fizemos uso de dois relatórios desenvolvidos para as disciplinas Estágio

Supervisionado em Unidades de Informação e Planejamento Bibliotecário I

procurando mostrar a biblioteca escolar através de experiências práticas.

Page 14: ALINE ANTONIA DA SILVA

2 Biblioteca escolar: problemas e desafios

As bibliotecas, tanto escolar quanto pública, sempre foram alvos de muitas

discussões, especulações e mitos que as rodeiam desde o seu início e perduram

até hoje. Alguns problemas também as acompanham desde então: a falta de

infra-estrutura e de acervo, de políticas governamentais de desenvolvimento e

incentivo, de recursos financeiros e mais um montante considerável de itens são

constantes no cotidiano desses sistemas de informação.

Em nosso país, limitações e dificuldades acontecem na maioria das

bibliotecas, como nos mostra Amaro (1998):

As situações que se encontram com freqüência no Brasil são largamente conhecidas. Há um lento desenvolvimento de bibliotecas ou serviços de informação no país. Quando existem, em geral em centro urbanos, são acompanhadas de vários problemas. Em alguns casos, são bibliotecas pouco utilizadas; em outros, as bibliotecas públicas são bastante freqüentadas, na maioria das vezes por alunos da rede de ensino fundamental para os quais são oferecidos produtos documentários e serviços informacionais inadequados. Esse panorama é mais dramático no âmbito das escolas do ensino básico. Salvo raras exceções, ou inexistem bibliotecas ou elas funcionam precariamente. (AMARO, 1998, p.7)

As bibliotecas públicas, quando são usadas para atender a alunos, acabam

por entrar no processo chamado de “escolarização”. Nesse processo acontece a

descaracterização dos serviços que deveriam ser oferecidos, culminando no

esquecimento da função principal de uma biblioteca pública que, originalmente,

destina-se à população em geral, sem especificações (SILVA, 1999, p.49).

Esse problema muitas vezes é causado pelo despreparo das escolas que não

possuem biblioteca e orientam seus alunos a buscarem fontes para sua

pesquisa na biblioteca pública mais próxima. Segundo Macedo (2005, p.65), “[...]

Mesmo havendo uma biblioteca pública por perto, certos gestores de escola não

têm consciência de que é sua obrigação oferecer tal ambiente de estudo e

pesquisa, para que o aluno seja iniciado nas lides da pesquisa escolar na

biblioteca sediada na escola”.

Quando se pensa na biblioteca escolar, as primeiras imagens que vêm à

mente são a de lugares escuros, cheirando a mofo, com vários livros velhos e

empoeirados nas prateleiras e uma senhora de óculos atrás do balcão. Ali não

se tem livre acesso aos livros e para usá-los é necessário jurar que nada será

Page 15: ALINE ANTONIA DA SILVA

danificado e que, caso isso aconteça, se está ciente de que a punição será

terrível.

Essas visões estigmatizadas de biblioteca são comumente encontradas,

como coloca Fragoso (2002b):

São invariavelmente distorcidas as visões que se costumam ter de uma biblioteca. Ora é um lugar sagrado, onde se guardam objetos também sagrados para desfrute de alguns eleitos. Ora, sob uma óptica menos romântica, é apenas uma instituição burocratizada, que serve para consulta e pesquisa, assim como para armazenar bolor, cupins e traças. Para poucos, aqueles que a freqüentam assiduamente, ela constitui o local do encontro com o prazer de ler, conhecer, informar-se. (FRAGOSO, 2002b)

Pode parecer engraçado ou até mesmo estranho, mas ainda encontramos

lugares como os acima descritos, em que a biblioteca não passa de um depósito

de livros sem utilidade, verdadeiros criadouros dos mais diversos tipos de

insetos. O profissional responsável pelo espaço não tem a formação necessária

e acaba por não executar tarefas mínimas para o bom funcionamento da

biblioteca.

Observamos que alguns dos problemas da biblioteca escolar estão

relacionados aos seguintes fatores: falta de infra-estrutura, seu relacionamento

com a escola e o despreparo dos profissionais da biblioteca.

Os profissionais que atuam nas bibliotecas escolares, em sua maioria, não

têm disposição e preparo para tal tarefa e há os que não possuem formação

para atuar na organização, planejamento, administração e no trabalho

desenvolvido com os alunos (SILVA, 1999, p.15-6).

Muitas vezes, o posto de bibliotecário é ocupado por um inspetor da escola ou

um professor que por doença ou cansaço pedagógico1 são designados a ficarem

responsáveis pela biblioteca escolar, considerado o lugar mais adequado para o

seu repouso até a aposentadoria (SILVA, 1999, p.16).

Outro obstáculo seria o espaço ocupado pela biblioteca dentro da escola, que

nem sempre condiz com o mínimo necessário ou, às vezes, nem mesmo existe

esse local como nos diz Silva (1999, p.15), “a biblioteca é um armário trancado,

1 Professores readaptados.

Page 16: ALINE ANTONIA DA SILVA

situado numa sala de aula, ao qual os alunos só têm acesso se algum professor

se dispõe a abri-lo... quando a chave é localizada”.

Temos ainda outra situação colocada por Amaro (2005, p.308) “na maioria

das vezes, a biblioteca disputa o espaço com outros setores, principalmente o

administrativo, que geralmente ocupa os espaços privilegiados da escola. [...]”.

Essa disputa por espaço pode acabar relegando a biblioteca a ser instalada

em locais inadequados para a conservação do acervo e afastada do convívio da

comunidade escolar, caracterizando um maior distanciamento entre biblioteca e

escola.

O descaso com que grande parte das bibliotecas escolares é tratada pode

refletir de maneira direta em sua utilização, tanto por professores quanto por

alunos. Quando a escola não integra a biblioteca no seu cotidiano como

participante ativa, acaba por distanciar ainda mais a comunidade escolar desse

espaço.

Amaro (1998) relata a situação da seguinte maneira:

[...] O Sistema de Informação enquanto processo comunicacional é entendido e aplicado com eficiência no campo científico-tecnológico, mas ignora ou é ignorado em sua função educativa. Existe em estranhamento entre os atores, as instituições e as próprias áreas participantes do processo educativo, levando a um distanciamento entre bibliotecários e educadores, biblioteca e escola e, finalmente, entre Ciência da Informação e Educação. (AMARO, 1998, p.28)

A escola não considera que a biblioteca possua uma natureza educativa e

acaba ignorando-a em seu projeto pedagógico e educativo. Há assim um

estranhamento entre as duas instituições, reflexo da própria dissociação entre

biblioteca e sociedade (AMARO, 1999, p. 94).

Entretanto, alguns autores defendem que os vínculos entre biblioteca e escola

são tão profundos que as ações bibliotecárias acabam sendo condicionadas

pelas possibilidades e limites do próprio sistema educacional (MUELLER, 1982

apud AMARO, 1998).

O desenvolvimento do projeto pedagógico é resultado de um processo

coletivo de reflexão e decisão que envolve todos os profissionais da escola. A

falta de integração entre a biblioteca e o projeto pedagógico desenvolvido

Page 17: ALINE ANTONIA DA SILVA

demonstra que a biblioteca escolar está à margem do processo educativo, não

fazendo parte dele (MARTUCCI, 2005, p.256).

Alguns professores acabam não utilizando a biblioteca simplesmente por

acreditarem que o seu uso não irá trazer nenhuma mudança no processo de

ensino-aprendizagem e de nada adiantará incentivá-los a utilizar esse espaço

(SILVA, 1999).

Muitas vezes, os professores não contribuem para o envolvimento da

biblioteca escolar no trabalho pedagógico desenvolvido. Continuam com suas

aulas expositivas ou obedientes apenas aos livros didáticos. Essa prática acaba

impedindo a participação de outros elementos no processo ensino-

aprendizagem prejudicando a utilização da biblioteca a não ser quando é usada,

de maneira errônea, como “espaço de castigo” ou “espaço de cópia” (SILVA,

1999, p.19, aspas do autor).

Cabe ressaltar que não se pode reduzir a ausência da biblioteca no processo

de aprendizagem à passividade e comodidade dos professores, mas deve-se

lembrar que muitos sofrem com as más condições de trabalho e a falta de tempo

para pensar em um trabalho pedagógico que envolva a biblioteca escolar

(SILVA, 1999, p.22).

Os professores, em sua maioria, estão insatisfeitos com as condições de

trabalho: não há material didático, classes superlotadas, cansaço por

trabalharem em várias escolas e não serem valorizados (AMARO, 1998, p.31).

Essa realidade faz com que o professor não consiga inserir novos elementos ao

cotidiano dos alunos a não ser a sala de aula.

A atitude do professor acaba influenciando a postura do aluno, que não

encontra motivação para buscar conhecer e explorar as possibilidades da

biblioteca escolar e entende que, se o próprio professor não utiliza tal ambiente,

é porque este deve ser dispensável.

Pode ocorrer de o aluno procurar a biblioteca no intuito de buscar informação

em obra de referência ou simplesmente para desobrigar-se de alguma tarefa

solicitada pelo professor (MODESTO, 2005, p.192).

Page 18: ALINE ANTONIA DA SILVA

Silva (1999) mostra que é necessário mudar a impressão que os alunos têm

da biblioteca:

Logo, se, na escola, a relação do aluno com a biblioteca for caracterizada por imposições, proibições, desconfortos, padronizações de gosto ou buscas fracassadas, ele poderá carregar consigo, talvez para sempre, as marcas dessa convivência negativa. Com vícios de uso enraizados (o hábito de cópias, por exemplo) e frustrado com as experiências anteriores vivenciadas, será muito mais difícil para o leitor ver a biblioteca (seja ela qual for) com bons olhos e usá-la com avidez. (SILVA, 1999, p.70-71)

Transformar a biblioteca de um lugar de castigo em um espaço de liberdade,

mostrando aos alunos como “ler as estantes”, conhecendo assim as informações

disponíveis; buscar encurtar a distância entre a biblioteca e o seu público,

articular com os professores a inserção no planejamento escolar são atitudes

que trazem a biblioteca para mais próximo da comunidade escolar (GARCEZ et

al, 2005, p.268, aspas nossas).

Quando os alunos e toda a comunidade escolar conseguem ver na biblioteca

algo que não um depósito, torna-se mais fácil compreender as possibilidades

existentes naquele espaço. Como afirma Bajard (2002):

A biblioteca tem uma dupla vocação traduzida na constituição do seu acervo, composto de livros de literatura infanto-juvenil e de livros informativos. Ela é em primeiro lugar, um espaço investido pela ficção, um local que pertence ao lúdico e à magia. A ficção contribui para criar no leitor ou no ouvinte um universo imaginário que lhe é necessário para iluminar seu cotidiano e lhe conferir sentido. A literatura presente no acervo é a mina de onde surge essa ficção multifacetada. Além dessa primeira vocação, ela é o lugar da pesquisa, dimensão que irá se desenvolvendo na escolaridade, na medida em que o domínio da língua irá se fortalecendo. [...] (BAJARD, 2002, p.287)

A biblioteca passaria a assumir o caráter de um laboratório de aprendizagem,

permitindo a toda comunidade escolar usufruir dos seus recursos em favor da

aprendizagem e do lazer.

Cerdeira (1975) fala sobre outras possibilidades:

[...] as bibliotecas escolares podem vir a ter não só uma importância nova como também um novo caráter. Elas podem assumir um papel de muito maior relevância do que aquele que usualmente tem tido no desenvolvimento e na oferta de oportunidades mais flexíveis de educação, permitindo, além do suporte aos currículos, oportunidade para aquisição personalizada de conhecimento, segundo as motivações de cada educando. Desse modo, as bibliotecas escolares, embora vinculadas ao sistema formal de ensino, cumpririam o papel de abrirem largas vias de acesso a formas de educação que se caracterizariam por flexibilidade e pelo estímulo à continuidade do processo educativo. (CERDEIRA, 1975, p.1-2)

Page 19: ALINE ANTONIA DA SILVA

Os resultados individuais da utilização da biblioteca não serão vistos somente

nas atividades escolares ou nos limites da biblioteca, mas estarão presentes na

construção do conhecimento como um todo.

A biblioteca caracteriza-se como um serviço de informação onde o sujeito não

é apenas receptor de informação e cultura, mas também produtor,

estabelecendo uma relação de interação (AMARO, 1998, p.58).

Para que a biblioteca escolar estabeleça relações de interação com seus

usuários, deve-se observar que promover o acesso à informação e à cultura não

é suficiente, mas é necessário que ocorra a apropriação da instituição biblioteca

e dos seus elementos constitutivos (AMARO, 2005, p.305-306).

Quando é estabelecida essa relação de interação, o “usuário” não está

apenas no final da cadeia, acionando o sistema; mas sim faz parte de todo o

processo. O termo “usuário” torna-se inadequado para nomear esse sujeito

(AMARO, 1998, 115, aspas do autor).

A interação foi um dos conceitos que fundamentou a construção da Biblioteca

Escolar Interativa da escola Roberto Mange2. Essa nova concepção é definida

por Amaro (1998):

A biblioteca interativa é um serviço de informação que busca estabelecer relações de

interação entre o sujeito e a informação e a cultura para que o mesmo seja não só

um receptor, mas também um produtor. Nessa concepção, a biblioteca deixa de ser

apenas um espaço de difusão ou disseminação da informação e da cultura, para ser

também um espaço de expressão. (AMARO, 1998, p.58)

Para a construção da Biblioteca Escolar Interativa, na escola Roberto Mange,

foi necessário operar várias mudanças, desde a localização da biblioteca,

passando por questões estruturais até a utilização do espaço.

As transformações ocorridas na biblioteca do Roberto Mange buscaram

estabelecer a relação de interação do sujeito com a informação e a cultura. Para

que haja interação, o sujeito deve conhecer todas as linguagens pertencentes à

biblioteca. Como nos mostra Amaro (1999): 2 Nome que usaremos para designar a Escola Municipal de Ensino Fundamental “Professor Roberto Mange”, localizada na região periférica da cidade de São Paulo onde foi implantada a Biblioteca Escolar Interativa.

Page 20: ALINE ANTONIA DA SILVA

[...] a linguagem constitui-se no elemento fundamental da tríade do serviço de informação, qual seja: o sistema de informação (a linguagem do espaço e dos instrumentos documentários); o documento (a linguagem do produtor da informação e cultura); os agentes (a linguagem da comunidade). As referências de Biblioteca Interativa consideram a necessidade de uma relação autônoma do sujeito com essas linguagens, para que ele possa apropriar-se da biblioteca e esta, ao mesmo tempo, incorpore sua expressão, num processo contínuo de construção. A Biblioteca Interativa deve constituir-se, pois, em um espaço onde o sujeito, de mero espectador, transforme-se em protagonista da relação com a informação e cultura. (AMARO, 1999, p.96, grifos do autor)

Essas linguagens fazem parte da estrutura da biblioteca e nem sempre são

levadas em consideração quando se está organizando o espaço, o acervo e

outros itens. Há muita dificuldade para o estabelecimento de critérios que

possam fazer com que a biblioteca seja mais “legível” para todos que a utilizam e

não um amontoado de códigos estranhos.

Na biblioteca essas linguagens mediarão as informações iniciando um

processo, como nos apresenta Santos (2004):

[...] os processos de mediação dos fenômenos culturais atuam na construção de sentidos, aqui compreendidos não como uma simples transmissão de conteúdos pré-existentes, mas como resultado de uma relação que se manifesta no confronto e na troca de subjetividade. O sentido não é um objetivo, uma causa ou uma idéia, mas uma construção, um conjunto de práticas que se desenvolvem em domínios diferenciados, que visam às relações interpessoais como projeto de formação do sujeito. (SANTOS, 2004, p.18)

Santos (2004) completa dizendo:

Desta forma, as mediações se caracterizam por instâncias de passagem, ou seja, não existem relações diretas entre o sujeito que conhece e o objeto a ser conhecido. Entre ambos medeiam o conjunto de conhecimentos, as teorias, as linguagens, as práticas, os recursos e o lugar onde nos colocamos. A mediação é esta passagem que sustenta os resultados do conhecimento e, portanto, as práticas daí resultantes. [...] (SANTOS, 2004, p.20-21)

Na biblioteca escolar, a construção de um sistema de informação capaz de

dialogar com seus usuários e torná-los autônomos é uma tarefa árdua e, por

vezes, cheia de obstáculos.

Page 21: ALINE ANTONIA DA SILVA

2.1 Parcerias na escola: professores e bibliotecários

Por vezes, vemos que há um distanciamento entre as funções

desempenhadas por bibliotecários e professores. Cada qual está fechado em

suas atividades sem conseguir uma articulação conjunta, prejudicando ainda

mais as relações entre a biblioteca e a comunidade escolar.

Essa distância, muitas vezes, poder ser causada pela postura do professor.

Silva (1999, p.19, aspas do autor) afirma que “não são poucos os casos de

professores que jamais entraram nas bibliotecas das escolas em que lecionam

ou que já têm pronto o argumento para explicar a distância que mantém da

biblioteca escolar. Os mais comuns são “elas não tem recursos”, “está

desatualizada”, “está sempre fechada”.

Amaro (1998) discorre sobre a questão das relações na biblioteca:

[...] descontentamentos, queixas e reclamações sobre seu mau funcionamento, geram discussões em que os atores envolvidos no processo educativo – pais, professores e alunos – acusam-se mutuamente; cada qual tem sua cota de razão, mas não conseguem alcançar um entendimento que permita chegar à raiz dos problemas. (CECCON, OLIVEIRA, OLIVEIRA, 1996 apud AMARO, 1998, p.31)

O distanciamento entre bibliotecários e comunidade escolar pode ser

agravado por essas acusações. No entanto, o maior problema a ser vencido

encontra-se entre professor e bibliotecário.

Segundo Fragoso (2002a):

A principal barreira a ser vencida nesse convívio parece ser a que tacitamente se ergue entre o educador e o bibliotecário. Este, por nem sempre estar bem entrosado com o ambiente educacional, costuma fechar-se em seus “domínios”, tornando-se apenas mero entregador de livros. O professor, por utilizar exclusiva ou principalmente a aula discursiva, uma obsolescência pedagógica, prescinde do bibliotecário e não o procura. E assim se têm perdido ótimas oportunidades de um trabalho entrosado que propiciaria a aprendizagem baseada na indagação e na busca de conhecimentos mais amplos. (FRAGOSO, 2002a, aspas do autor)

O bibliotecário acaba adotando uma atitude de passividade frente aos

acontecimentos, queixando-se quanto a não utilização da biblioteca. Entretanto,

é necessário pensar numa mudança como sugere Silva (1999):

[...] convém ao bibliotecário abandonar a lamúria e conferir à atuação da biblioteca escolar uma característica mais agressiva. Basta de reclamar que o aluno e o professor não vão à biblioteca!Basta de lamentar que a biblioteca escolar está esquecida na escola! Mais vale desenvolver mecanismos, que atraiam o professor e o aluno para tarefa, eminentemente coletiva, de pensar e fazer uma biblioteca escolar

Page 22: ALINE ANTONIA DA SILVA

atuante, eficiente e capaz de enriquecer o trabalho docente e a aprendizagem do aluno. (SILVA, 1999, p.64)

A busca por um culpado não irá fazer com que a realidade mude e tão pouco

ajudará a solucionar os problemas. Macedo (2005) mostra um dos possíveis

caminhos para mudanças concretas:

O importante é ter consciência de que todos os atores da comunidade escolar – administradores, corpo docente e discente, pais e bibliotecários – precisam trabalhar no projeto bibliotecário e educativo da escola, harmoniosamente, em parceria. Somente assim os objetivos e a missão da escola serão plenamente alcançados. (MACEDO, 2005, p.182)

Todos devem trabalhar para trazer ao cotidiano da escola uma gama de

possibilidades dentro do processo de aprendizagem, traçando planos de ação

conjunta. Cabe dar maior ênfase nas ações de professores e bibliotecários, como

aponta Macedo (2005):

Ao professor e também ao bibliotecário caberá aproveitar todos os momentos para conduzir o aprendiz a praticar leituras nos diversos aspectos, cuidando do despertar das capacidades básicas e dos sentidos reais e figurados, do apurar a sensibilidade e a imaginação, para “ler a vida” ao seu derredor, para entender o social e o cultural; enfim, não só ficar sentado na carteira escolar ouvindo o professor. [...] (MACEDO, 2005, p.174, aspas do autor)

Podem-se observar mudanças significativas na comunidade escolar quando

professor e bibliotecário unem-se, pensando na construção do conhecimento e

na transformação dos métodos de ensino.

A construção do conhecimento acontece pela ação desses dois mediadores,

que conduzem os indivíduos a conhecer determinada informação e a construírem

suas próprias idéias e opiniões.

Esses mediadores devem trabalhar de modo que possibilite sincronizar as

ações bibliotecárias e as atividades pedagógicas, fazendo com que haja uma

ligação mais profunda entre escola e biblioteca.

Segundo Amaro (2005):

Mesmo havendo equipes extremamente motivadas, estáveis e comprometidas com a qualidade de ensino – condições poucas vezes encontradas juntas na área da educação –, é difícil imaginar que só o pessoal da área de ensino dará conta do espaço da biblioteca. Deve existir uma relação de cooperação entre os dois segmentos. A formação de educadores-profissionais da informação, ou profissionais da informação-educadores, para a gestão e mediação interativas da biblioteca escolar deve ser considerada seriamente. (AMARO, 2005, p.312)

Page 23: ALINE ANTONIA DA SILVA

Vemos que as ações de bibliotecários e professores devem complementar-se,

já que não é possível obter resultados satisfatórios com ações isoladas. Esses

dois mediadores são responsáveis diretos pelo incentivo dado à comunidade

escolar, devendo haver uma complementaridade entre as duas áreas.

Observamos que o incentivo vindo da sala de aula pode influenciar a prática

da leitura e da pesquisa, fazendo com que a biblioteca seja vista de maneira

atrativa pela comunidade escolar.

Para que os alunos possam encontrar na biblioteca esse local, cabe ao

bibliotecário encontrar novas formas de conduzir e transformar esse espaço.

Corrêa (2002) discorre sobre essa atitude:

O bibliotecário deve participar da vida escolar de seus usuários, participando do desenvolvimento do programa educativo que o professor colocará em prática na sala da aula, onde a biblioteca constituirá uma extensão das atividades de classe, onde o aluno buscará resposta aos questionamentos levantados em sala. Através desta parceria os anseios de incentivo à pesquisa serão atingidos pelo professor, que instiga a formulação de questões em suas aulas, e pelo bibliotecário que auxiliará na busca de informações que resultem na solução do problema. (CORRÊA, 2002)

O bibliotecário deve procurar estar atento às atividades programadas para os

alunos, buscando caminhos para a biblioteca estimular os hábitos da leitura.

Incentivando o desenvolvimento da capacidade crítica e reflexiva do indivíduo

(CALDIN, 2005).

Os deveres do bibliotecário incluem: o planejamento em cooperação com os

professores e o trabalho direto com a comunidade escolar. Esse profissional não

pode mais ficar banido a situação de “guardião das prateleiras da biblioteca”, pois

isso não condiz mais função sendo hoje um instrumento útil para dar vitalidade

ao programa educativo (DAVIES, 1974, p.42, aspas do autor).

Como nos diz Dudziak (2001, p.129) “a verdadeira mediação educacional

ocorre quando o bibliotecário convence o aprendiz de sua própria competência,

incutindo-lhe autoconfiança para continuar o aprendizado, transformando-o num

aprendiz autônomo e independente”.

Além de mediador, o bibliotecário ainda deverá fazer brotar em cada um dos

seus usuários a satisfação de aumentar seus conhecimentos e o hábito da

leitura, não por obrigação. Trazendo ao cotidiano de muitas pessoas a

Page 24: ALINE ANTONIA DA SILVA

possibilidade de apropriar-se da cultura do seu povo e de outras partes do mundo

fazendo-o, muitas vezes, sentir-se parte desse todo.

Page 25: ALINE ANTONIA DA SILVA

3 Biblioteca escolar: uma experiência

Tivemos a oportunidade de acompanhar a construção de uma nova biblioteca

da Escola Nossa Senhora das Graças no período em que atuamos como

estagiários3 na instituição e achamos válido relatar as mudanças pelas quais

passaram tanto a biblioteca quanto a escola.

A Escola Nossa Senhora das Graças (ENSG), fundada em 1960, está situada

no bairro do Itaim-Bibi, região nobre da cidade de São Paulo rodeada por

edifícios residenciais de classe média e média-alta e centros empresariais.

Em 1972, com a nova Lei de Diretrizes e Bases, foi criado o curso de 1º. grau,

encerrando-se pouco a pouco as turmas de Educação Infantil. Em 1975, um

movimento espontâneo de pais e alunos resultou, no ano seguinte, na criação do

2º. grau.

A Biblioteca acompanha a escola desde seus primeiros passos e sempre teve

um papel importante dentro dos projetos desenvolvidos pela escola. O serviço

realizado pela Biblioteca enriquece o trabalho de ensino-aprendizagem

desenvolvido em sala de aula: citamos o exemplo dos alunos de 1ª. a 4ª. séries

que têm como atividade programada ir semanalmente a biblioteca para leitura

livre, elaboração de pequenas pesquisas e para ouvir histórias.

A Biblioteca realiza também o trabalho de auxílio à pesquisa, selecionando o

material bibliográfico adequado aos temas que são propostos em sala de aula e,

além disso, organiza eventos como feira de livros e visitas a outras bibliotecas e

gibitecas.

Há alguns anos, a Biblioteca ficava em um anexo em frente à quadra de

esportes da escola, o que gerou diversas discussões e a posterior mudança para

onde está atualmente. Neste local, ficou ao mesmo tempo isolada de todo o

barulho, mas perto do lugar de maior movimentação dos alunos, que é o pátio

interno.

3 Em que foram elaborados dois relatórios sobre as mudanças na biblioteca para as disciplinas Planejamento Bibliotecário I e Estágio Supervisionado em Unidades de Informação pela graduanda Aline Antonia da Silva; ambos no ano de 2004.

Page 26: ALINE ANTONIA DA SILVA

Segundo Amaro (1999, p.97), “um dos indicadores da participação da

biblioteca como elemento constitutivo do processo educativo e da relação

biblioteca-escola é o lugar que ela ocupa na distribuição e organização espacial

da escola”.

Assim como no Roberto Mange, em que a biblioteca passou do subsolo para

o pavimento superior, a biblioteca da ENSG passou de um ambiente externo (ao

lado da quadra de esportes) para um lugar no centro da escola.

No entanto, a mudança maior ocorreu alguns anos depois, em 2004, onde

além da biblioteca toda a ENSG passaria por uma grande reforma.

Page 27: ALINE ANTONIA DA SILVA

3.1 A reforma da escola e a reorganização da biblioteca

A reforma da ENSG teve como principal motivação a crescente procura por

vagas para novos alunos, porém a estrutura da escola não comportaria o

aumento no número de alunos. Pensando numa maneira de sanar esse

problema decidiu-se pela ampliação das instalações.

A escola antes tinha apenas dois pavimentos – térreo e 1º. Andar –, com a

ampliação passou a ter cinco andares. Foram momentos de apreensão e

extrema criatividade, pois nasceu a idéia de incluir toda comunidade escolar

nesse processo de mudança.

Foi nesse momento que nasceu o projeto “Atrás dos tapumes”, que mais

tarde deu origem a um livro ilustrado com fotos da reforma e depoimentos de

alunos, pais, funcionários e ex-alunos. Esse projeto consistiu em instigar a

imaginação dos alunos sobre quais seriam os resultados da reforma em toda a

escola e como seriam as atividades nos novos espaços.

Nessa reforma a biblioteca passou por uma mudança ainda maior, já que

ganhou o espaço antes ocupado pela sala de informática, no pavimento superior.

Houve a necessidade de colocar-se uma escada para ligar os dois andares,

porém sem perder muito espaço e com a resistência para suportar a intensa

circulação de pessoas.

Os desafios para a biblioteca estavam apenas começando. Havia agora a

necessidade de adaptação ao novo espaço e a busca por vencer as barreiras

que surgiam no cotidiano, sem prejudicar os serviços oferecidos e atividades

programadas pelos professores.

3.1.1 Espaço físico e o mobiliário

O novo espaço exigia diversas mudanças tanto no posicionamento do acervo

quanto no mobiliário. No entanto, devia-se observar como seria possível fazer

essas alterações sem causar um impacto negativo.

Page 28: ALINE ANTONIA DA SILVA

O ambiente da biblioteca deve acolher o sujeito sem o isolar da realidade

existente fora dali, possibilitando o diálogo entre biblioteca e escola (AMARO,

1999, p.97).

O projeto da nova biblioteca da ENSG permitiu que ela estivesse visível para

os alunos, porém longe do barulho. Isso foi conseguido ao se fazer com que, no

pavimento superior, a parede que seria no corredor de acesso às salas de aulas,

fosse metade de vidro com isolamento acústico. Desta forma, todos que

passavam pelo corredor podiam ver a biblioteca e de dentro da biblioteca podia-

se ver o que acontecia fora.

Outro ponto interessante foi a construção de uma clarabóia exatamente em

cima da escada que ligava os dois pavimentos, aumentando a iluminação

natural. O pavimento superior ainda contava com três amplas janelas que

permitiam a entrada de mais luminosidade e ventilação, deixando o ambiente

mais claro e agradável nos dias de sol.

No pavimento superior ficou instalada a sala de contos, usada para contar

histórias para as séries do ensino fundamental que, uma vez por semana, tinham

essa atividade. Essa sala foi projetada – com uma porta de isolamento acústico –

para que a biblioteca pudesse abrigar atividades simultâneas, como a hora do

conto e a pesquisa individual.

O pavimento inferior teve poucas mudanças estruturais: o piso, que era de

madeira, foi trocado por paviflex, a porta foi aumentada e passou a ter uma

escada de ferro.

O material usado para a construção da escada acabou transformando-se em

um problema, pois quando as pessoas desciam, fazia muito barulho. Foi

necessário conscientizar a comunidade escolar disso, para que o contratempo

fosse contornado.

Os novos mobiliários foram cuidadosamente escolhidos e projetados para

atender as necessidades, tanto das séries do ensino fundamental quanto das do

ensino médio.

Page 29: ALINE ANTONIA DA SILVA

Com isso houve uma divisão do espaço do pavimento superior: de um lado

ficaram as obras de referência4, livros de artes, mesas para estudo em grupo –

mesas de cor clara e cadeiras vermelhas – e um posto de trabalho. No outro lado

ficou toda a coleção de livros infantis, mesas para crianças5 – mesas amarelas e

cadeiras coloridas – prateleiras coloridas e mais um posto de trabalho.

Essa divisão do espaço fez-se necessária para que os alunos de 1ª. a 4ª.

séries tivessem um local compatível com seu tamanho e suas necessidades. O

uso de mesas e cadeiras maiores era desconfortável e eles não se sentiam bem

em dividir o espaço com os alunos do ensino médio.

O antigo mobiliário ficou no pavimento inferior, juntamente com o restante do

acervo – livros didáticos, livros de literatura, fitas de vídeo etc. – e outro posto de

trabalho.

Essa disposição não fazia parte do projeto da nova biblioteca, porém ocorreu

que depois da reforma pronta o engenheiro informou que não seria possível

colocar todo o peso do acervo no pavimento superior já que a estrutura não

agüentaria.

Teve-se então que trabalhar com essa realidade e readequar os planos que

haviam sido feitos antes da reforma. Foi necessário mudar a idéia principal que

era deixar o pavimento inferior apenas para estudos em grupo e o superior para

pesquisas individuais.

O espaço da biblioteca infantil e da sala de contos foram os únicos onde foi

possível executar o projeto inicial e usar o mobiliário personalizado desenvolvido

para esses ambientes. As prateleiras seriam de madeira e teriam cores e alturas

diferenciadas para as faixas etárias dos alunos.

4 Documentos através dos quais se podem obter rapidamente uma informação concisa: dicionários, enciclopédias, manuais, guias, bibliografias etc. 5 Mobiliário projetado para crianças de até 10 anos.

Page 30: ALINE ANTONIA DA SILVA

Tanto as mesas da área infantil quanto da área de estudo em grupo tinham o

formato Windows6 que possibilitavam o fácil encaixe uma nas outras e permitiam

o trabalho de grupos maiores.

A adaptação ao novo mobiliário e ao espaço não levou muito tempo, mas por

conta de se ter uma vitrine aberta a todos os alunos (parede de vidro), gerou

grande curiosidade e excitação nos alunos das séries iniciais do ensino

fundamental. Os outros alunos habituaram-se rápido com as novas instalações e

ficaram satisfeitos com as mudanças.

3.1.2 Acervo e sua disposição

Após a reforma, o acervo sofreu uma mudança radical quanto a sua

disposição anterior, já que ele teve de ser divido entre os dois pavimentos na

tentativa de utilizar todo o novo espaço que foi agregado.

No pavimento inferior o acervo ficou dividido em: livros de literatura

estrangeira e brasileira, livros didáticos, livros de Educação, Filosofia, Psicologia,

revistas e fitas de vídeo.

Todas as prateleiras apresentam uma etiqueta identificando quais são os

livros disponíveis e a classificação; as revistas e as fitas de vídeo são alocadas

em caixas identificadas que permitem aos usuários visualizar a localização dos

materiais.

Os livros não circulantes – enciclopédias, livros de artes, dicionários e atlas –

ficaram no pavimento superior, em prateleira afixadas nas paredes ao lado das

mesas de estudo em grupo, e receberam o mesmo sistema de identificação com

etiquetas.

A parte infantil passou por uma mudança na sinalização das caixas onde

ficavam os livros, sendo que agora teriam o critério das cores das prateleiras, que

dividiriam o acervo juntamente com a classificação. As cores diferenciadas

6 Termo utilizado pelo designer para determinar as mesas encaixáveis que lembravam o formato do logotipo do Windows.

Page 31: ALINE ANTONIA DA SILVA

tinham como princípio dividir os livros de acordo com a faixa etária a qual eles

destinavam-se.

As fitas de vídeo foram a parte mais polêmica de nosso acervo, já que por

alguns motivos elas não podiam ser emprestadas para que os alunos as

levassem para a casa. Caso fosse necessário emprestar o aluno deveria tentar

assistir a fita de vídeo nas dependências da escola e em horário distinto do das

aulas.

No entanto, o empréstimo a professores era liberado mesmo que fosse para

levar para a casa e sem período certo para devolução. Essa era uma política

adotada anterior à nossa chegada e nada foi mudado até a nossa saída.

Contava-se ainda com um pequeno acervo de CDs, Dvds e CD-ROMs7, que

durante o trabalho que desenvolvemos não tinham sido incorporados ao acervo

para empréstimos.

3.1.3 Classificação e sinalização

No Roberto Mange, o desenvolvimento da linguagem de representação dos

recursos informacionais deveria seguir o princípio da interação com o sujeito.

Dessa forma, três condições foram seguidas como nos mostra Amaro (1998):

a) a linguagem deveria ser de fácil assimilação, para não se constituir em um

obstáculo no processo de comunicação do sujeito com a biblioteca;

b) deveria possibilitar o atendimento da concepção de Biblioteca Interativa no que

se refere à multiplicidade de ações e relações e mobilidade para transformações;

c) a linguagem deveria permitir o reconhecimento das linguagens utilizadas em

outras instituições de informação e cultura do país e de outras partes do mundo

(AMARO, 1999, p.98, grifos do autor)

Foi então utilizada uma adaptação da 20ª. edição da CDD, sendo que ela

atende apenas o último item: é um dos sistemas mais utilizados no Brasil e em

7 Siglas comumente usadas para designar respectivamente: Compact Disc, Digital Vídeo Disc e Read-Only Memory.

Page 32: ALINE ANTONIA DA SILVA

outros países. A adaptação foi necessária para que houvesse uma adequação

com aos outros requisitos (AMARO, 1998, p.96).

Os tradicionais sistemas de classificação, Classificação Decimal de Dewey

(CDD) e Classificação Decimal Universal (CDU)8 recebem muitas críticas e

podem tornar-se um problema na biblioteca. Amaro (1999) fala sobre a estrutura

da CDD:

[...] são sistemas pouco flexíveis; a estrutura é hierarquizada e divide todas as áreas

do conhecimento em 10 classes, numa ordem numérica de 000 a 999 e suas

subdivisões. Por ser uma linguagem formal construída, que utiliza uma codificação

numérica, o seu uso pode criar uma barreira entre o sistema de informação e o

usuário. Em bibliotecas escolares essa barreira pode ser intransponível. No entanto,

desde a sua criação, não surgiram instrumentos capazes de substituí-lo,

principalmente na organização física dos documentos pelo seu conteúdo. (AMARO,

1998, p.95)

No caso da ENSG, adotou-se na biblioteca a CDU adaptada, que teve

algumas simplificações feitas pela primeira bibliotecária da escola9 e para

notação de autor foi usada a Tabela PHA. A adaptação da CDU fez-se

necessária para o tipo e tamanho da biblioteca onde não foi preciso usar todos

os sinais do sistema original.

A CDU adaptada foi usada para classificar todos os livros da biblioteca,

exceto os infantis, que receberam outra codificação. Outros materiais como as

fitas de vídeo, CDs e Dvds também foram identificados com códigos

diferenciados.

Para os livros infantis foi criada a seguinte representação:

• J → livros infantis

• JC → livros de contos infantis

• JP → livros de poesias infantis

• JQ → quadrinhos

8 Esses dois sistemas de classificação são utilizados e conhecidos em serviços de informação de várias partes do mundo; por isso chamamos de tradicionais. 9 Por volta da década de 70.

Page 33: ALINE ANTONIA DA SILVA

Com essa representação a etiqueta dos livros infantis apresentava duas

informações: na primeira linha, a classe – J, JC, JP ou JQ – e, na segunda linha

a notação de autor.

Os livros infantis foram organizados em caixas10, sendo que as da classe J

recebiam como identificação uma etiqueta com a letra de sobrenome do autor e

as das outras classes tinham uma etiqueta que as dividia por gênero – poesias,

contos e quadrinhos.

Houve ainda, após a reforma, a divisão do acervo por faixa etária feita através

das prateleiras coloridas, para tentar evitar que os alunos das séries iniciais do

ensino fundamental emprestassem livros que não fossem adequadas à sua

idade.

Essa atitude foi necessária após a reclamação dos pais de um aluno da 2ª.

série do ensino fundamental, que levou para casa um livro que tratava de sexo e

adolescência. Os pais disseram que a bibliotecária havia sido negligente em

deixar que o aluno levasse esse livro e pediram à professora que observasse

melhor os materiais que os alunos emprestavam.

Para que fossem evitados transtornos com os pais, tomou-se essa atitude,

mesmo o corpo docente e a bibliotecária estando conscientes de que não era a

decisão mais acertada para a questão.

Foram inevitáveis os problemas decorrentes dessa nova divisão, no início os

alunos não entendiam as mudanças e acabavam pegando livros de faixas etárias

diferentes. Em decorrência disso começou-se um trabalho para que os alunos

identificassem as diferentes cores e qual era a cor da sua idade.

Esse trabalho consistiu em produzir e espalhar pela biblioteca cartazes

coloridos com figuras indicando qual era cor correspondente a cada série. Em

outro momento, foi desenvolvida uma gincana onde as equipes eram divididas

por série de acordo com as cores usadas nas prateleiras. Os resultados dessas

atividades foram satisfatórios e fez com que os alunos assimilassem essa

novidade.

10 Caixas de arquivo morto cortadas ao meio em diagonal que eram encapadas com plásticos coloridos.

Page 34: ALINE ANTONIA DA SILVA

A codificação dos materiais de audiovisual ficou da seguinte forma: FVD →

fitas de vídeo; CD → CDs de música; CDR → CD-ROM e DVD → Dvds. Todos

recebiam etiquetas com sua sigla correspondente e números em seqüência

crescente a partir do 001.

Até o término da elaboração dos relatórios11, os materiais de audiovisual não

estavam todos identificados com etiquetas e nem inseridos no acervo circulante

da biblioteca.

Para que toda a comunidade escolar conhecesse as novas instalações da

biblioteca e a disposição do acervo, foram programadas visitas ao novo espaço

com o acompanhamento da equipe da biblioteca.

Para a sinalização do acervo foram usadas etiquetas com imãs nas

prateleiras de metal, que mostravam quais materiais estavam ali e a sua

classificação. Na parte infantil foram feitos cartazes indicando a série e a cor

correspondente a cada uma.

Não ocorreram grandes problemas quanto à utilização do acervo após todas

as mudanças, a comunidade escolar incorporou as novidades rapidamente e

adaptou-se bem aos novos códigos e as alterações na organização.

Todo o processo de mudança, tanto da biblioteca quanto de toda a escola, foi

aceito pela comunidade escolar sem grandes dificuldades e não foram

necessários muitos esforços para que todos se apropriassem dos novos

espaços, de modo especial o da biblioteca.

11 Relatórios elaborados para as disciplinas: Planejamento Bibliotecário I e Estágio Supervisionado em Serviços de Informação em 2004; pela graduanda Aline Antonia da Silva.

Page 35: ALINE ANTONIA DA SILVA

3.2 O Projeto Estudo do Meio

Vimos que as ações conjuntas de bibliotecários e professores podem

favorecer a aprendizagem, trazendo novas inserções educativas para o cotidiano

da comunidade escolar.

Foi possível observar esse processo no Projeto Estudo do Meio desenvolvido

na Escola Nossa Senhora das Graças (ENSG), onde todas as áreas da escola

são envolvidas, inclusive a biblioteca.

A história do Projeto Estudo do Meio começa da seguinte forma:

Há alguns anos, preocupados em tornar a aprendizagem dos alunos cada vez mais significativa e acreditando ser um instrumento de trabalho muito rico, a Escola começou a apresentar o Projeto de Estudo do Meio.

Essas atividades extra classe, não livresca, possibilitam um contato do aluno com o ambiente, ou local visitado, de tal forma que ele possa constatar, questionar ou levantar hipóteses de trabalho a respeito das questões teóricas estudadas em classe.

Os estudos do meio são sempre atividades iniciadas em sala de aula, a partir de problemas levantados pelas diferentes disciplinas e encerradas em classe, quando os dados coletados são analisados, discutidos, organizados e avaliados, possibilitando o desenvolvimento de conceitos e a construção de conhecimentos num trabalho integrado por várias disciplinas.

Nessa oportunidade, continua-se o trabalho de aperfeiçoar as relações interpessoais, estimulando a convivência em grupo e os valores de respeito, da solidariedade, de cooperação não apenas no trabalho em grupo a ser desencadeado, mas também na organização dos quartos e na própria experiência de viajar com colegas e professores. Colocar-se no lugar do outro, ampliar o conhecimento de si e do outro – eis importantes desafios dessa atividade12.

O Projeto consiste em uma viagem que os alunos fazem junto com alguns

professores, a duração é de cinco dias e o local varia todos os anos. Os alunos

têm atividades monitoradas durante todos os dias, onde entrevistam moradores

da cidade, fazem pesquisa sobre a história do lugar (lendas, folclore regional etc.)

e são instigados a observar os pormenores culturais que existentes.

Esse projeto é elaborado para as séries finais do ensino fundamental – 7ª. e

8ª. –, buscando colocar em prática idéias contidas na Proposta Pedagógica de

5ª. a 8ª. série:

No período definido entre 11 e 14 anos, os alunos passam por profundas transformações físicas e psicológicas que reorientam o seu processo de formação de

12 Trecho do relatório elaborado para a disciplina Estágio Supervisionado em Unidades de Informação em 2004, pela graduanda Aline Antonia da Silva; relatório em anexo.

Page 36: ALINE ANTONIA DA SILVA

identidade pessoal. Algumas certezas provisórias da infância, como pais protetores, corpo e sentimentos de crianças adquirem outro significado: o adolescente começa a percebe uma subjetividade própria.

Na busca de novos referenciais, os jovens procuram tornar mais significativo sua identidade, seus parâmetros e crenças pessoais. E nesse momento inicia-se também um amadurecimento das capacidades cognitivas, caracterizado por um aumento de autonomia de pensamento e maior vigor no raciocínio.

Assim, o trabalho pedagógico-educacional de 5ª. e 8ª. série do Ensino Fundamental tem como principal finalidade fornecer aos alunos condições favoráveis ao conhecimento de si mesmo, à construção de projetos pessoais e ao desenvolvimento cognitivo13.

Procurando desenvolver nos alunos habilidades para lidar com situações

novas e ter ações independentes, propõe-se:

• Colaborar no desenvolvimento do auto-conhecimento, através da reflexão sobre as transformações físicas e psicológicas que ocorrem na adolescência e do conhecimento da história de jovens e de outros tempos e espaços;

• Contribuir para que se perceba e reflita sobre diferentes possibilidades de atuação nos diversos espaços e situações nos quais estão inseridos;

• Desenvolver a noção de que ele é o agente de sua educação e responsável pelo seu processo aprendizagem;

• Planejar atividades de trabalho em grupo com a intenção de propiciar o diálogo, o respeito às diferenças, valorizar a diversidade como necessária a construção de todo e qualquer conhecimento, oferecendo momentos coletivos de planejamento e organização de projetos de trabalho;

• Promover atividades pedagógicas, disciplinares e multidisciplinares, que possibilitem o desenvolvimento das capacidades cognitivas;

• Colocar o aluno diante de situações em que o comprometimento, a responsabilidade e a autonomia são essências para o encaminhamento e soluções dos problemas enfrentados14.

Pensando na melhor maneira de colocar os alunos frente à diversidade,

buscando pôr em práticas a proposta pedagógica surge a idéia de montar o

Projeto. O principal objetivo é proporcionar aos alunos uma experiência que,

provavelmente, não seria vivida em seu cotidiano por conta do seu padrão de

vida.

As atividades realizadas visam contemplar todas as matérias trabalhadas em

sala de aula:

• Artes – arquitetura e trabalhos artesanais locais;

13 Idem. 14 Idem.

Page 37: ALINE ANTONIA DA SILVA

• História – os costumes e tradições;

• Português – literatura e lingüística;

• Matemática – dados estatísticos;

• Ciências – fauna e flora;

• Geografia – localização, clima, relevo etc.

A biblioteca foi inserida no Projeto para que orientasse os alunos nos mais

variados aspectos. Vejamos:

Durante todo o projeto a biblioteca exerce o papel decisivo na coleta e tratamento das informações coletadas no decorrer das visitas, entrevistas e observações. Esse processo começa antes mesmo da viagem, em sala de aula são passadas pelos funcionários da biblioteca as instruções necessárias para que nada seja perdido sob o olhar do aluno, fazendo com que cada detalhe possa virar um registro legível quando for trabalhado na volta.

Outro fator importante que tem como objetivo ajudar diretamente na pesquisa são os levantamentos bibliográficos com intuito de disponibilizar o maior número de livros sobre os temas abordados, fornecendo total suporte às pesquisas15.

Desde a implementação do Projeto, a biblioteca buscou incorporar ao seu

acervo materiais que servissem de subsídio às pesquisas feitas após a viagem.

Alguns exemplares foram adquiridos nas localidades visitadas, em sua

maioria, com conteúdo ligado as tradições locais, fatos históricos e curiosidade

da região. Grande parte desses livros é de autoria dos próprios moradores da

cidade em parceria com o governo local.

Durante o período de pesquisas, o espaço da biblioteca sofria algumas

modificações, porém buscando não causar problemas para o restante da

comunidade escolar. Na tentativa de não prejudicar a utilização da biblioteca foi

criado um cronograma, com a finalidade de reservar horários livres para as

outras séries.

Com a reforma, foi possível dividir o espaço da seguinte maneira: o pavimento

inferior seria para pesquisas individuais que não estavam ligadas ao Projeto. Já o

pavimento superior ficaria reservado para o desenvolvimento dos trabalhos

15 Idem.

Page 38: ALINE ANTONIA DA SILVA

relacionados ao Projeto e nos expositores ficariam os materiais disponíveis para

pesquisa.

Nesse período a biblioteca desenvolve algumas atividades:

• Levantamento bibliográfico dos materiais existentes no acervo relacionados aos assuntos pesquisados no trabalho;

• Orientação de pesquisas realizadas na biblioteca e também em sites da Internet;

• Cópia das páginas dos livros, pois os mesmos não podem ser retirados da biblioteca durante os trabalhos para atividades fora da biblioteca;

• Orientação na realização das referências bibliográficas no final da pesquisa16.

As orientações oferecidas pela biblioteca, procuram fazer com que o aluno

desenvolva autonomia em suas pesquisas. Os livros à disposição para consultas

ao conteúdo, permitem a eles escolherem as informações conforme o que ache

necessário e segundo suas idéias.

Os alunos passam a elaborar os trabalhos usando o suporte dos materiais

disponíveis no acervo da biblioteca, transformando todas as informações

coletadas em diversas produções como: painéis, revistas, jornais, relatórios e

seminários.

Durante esse Projeto, observamos como a relação entre professor e

bibliotecário pode render bons resultados, trazendo melhorias no que tange o

desenvolvimento à aprendizagem dos alunos.

Integrar a biblioteca e toda a escola era uma necessidade constantemente

presente, porém só foi possível trilhar novos caminhos quando as divergências

foram sendo discutidas e as barreiras entre bibliotecário e comunidade escolar

foram sendo derrubadas.

Mostrar que a biblioteca é um lugar onde toda a comunidade escolar poderia

encontrar não somente fomento para pesquisas, mas também cultura e lazer foi

um processo demorado.

16 Idem.

Page 39: ALINE ANTONIA DA SILVA

Ainda não se conseguiu fazer com que toda a comunidade perceba a

biblioteca como um espaço de expressão e idéias, mas sabe-se que a semente

já foi lançada e resta agora esperar os frutos dessa empreitada.

Page 40: ALINE ANTONIA DA SILVA

4 Considerações Finais

A biblioteca escolar pode ser um dos determinantes para a melhoria na

aprendizagem e na relação de toda a comunidade escolar com a informação e

cultura.

Para que isso seja possível as barreiras que existem entre escola e biblioteca

têm de ser derrubadas fazendo com que a integração entre as duas instituições

seja efetiva.

Cabe a escola buscar maneiras de inserir a biblioteca nas atividades

desenvolvidas e tornar essa prática um hábito tanto para o corpo docente quanto

para alunos. Quando a comunidade apropria-se da biblioteca passa a utilizá-la

sem limitações, dúvidas e problemas.

Os professores podem ajudar nessa aproximação exercendo a função de

desmistificar as idéias criadas e tentar inserções criativas entre sala de aula e

biblioteca. Levando os alunos a verem o lado lúdico e sem obrigatoriedades que

a biblioteca escolar também possibilita.

O trabalho conjunto de professor e bibliotecário podem caracterizar uma

ligação importante para o desenvolvimento de projetos educativos que levem os

alunos a conhecer a biblioteca.

Aos bibliotecários fica o desafio de buscar espaço dentro da escola

mostrando que as possibilidades na utilização da biblioteca são inúmeras e

podem trazer mudanças significativas ao currículo escolar.

A experiência que tivemos na biblioteca da Escola Nossa Senhora das

Graças (ENSG) ajudou a ver e compreender os diversos caminhos e obstáculos

que fazem parte da construção cotidiana de um serviço de informação.

Nessa experiência aprendemos diariamente novas maneiras de entender a

diversidade com a qual trabalhamos e qual era a melhor forma de trazer a

informação e a cultura para mais perto de todos que por ali passavam.

Durante o período em que estivemos envolvidos nos projetos desenvolvidos

pela ENSG, de modo especial na reforma pela qual a biblioteca passou,

Page 41: ALINE ANTONIA DA SILVA

vivenciamos momentos que mostraram que vale acreditar na biblioteca como

algo dinâmico dentro da escola.

Foram momentos que fizeram com que pudéssemos sentir a biblioteca

“pulsar” e viver todos os acontecimentos ao seu redor não como um anexo, mas

como parte integrante no processo de aprendizagem.

E são esses momentos que nos fazem acreditar que a luta para que a

biblioteca escolar faça parte da escola não é uma utopia distante e sim uma

realidade possível.

Page 42: ALINE ANTONIA DA SILVA

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OBATA, Regina Keiko. Biblioteca Interativa: construção de novas relações entre

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Bernadete et al. A biblioteca escolar: temas para uma prática pedagógica. 2. ed.

Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

ANDRADE, Maria Eugênia Albino de. A biblioteca faz a diferença. In: CAMPELLO,

Bernadete et al. A biblioteca escolar: temas para uma prática pedagógica. 2. ed.

Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

ANTUNES, Walda de Andrade. Biblioteca escolar no sistema de ensino brasileiro: um desafio em tempos de leitura e uso da informação. 1998. 171f.

Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da educação. São Paulo: Moderna,

1989.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A educação como cultura. São Paulo: Brasiliense,

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CAMPELLO, Bernadete et al. A biblioteca escolar: temas para uma prática pedagógica. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

CASTRO, Yeda Virginia. A biblioteca escolar no contexto educacional brasileiro. In:

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CARVALHO, Lídia Izecson de. Bibliotecas escolares: ainda um desafio. São

Paulo: FDE, 1991.

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CERDEIRA, Theodolindo. A biblioteca escolar no planejamento educacional. In:

CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO, 8,

1975, Brasília. Anais... Brasília: [s.n.], 1975. (separata)

DAVIS, Robert H. Sistemas de aprendizagem: uma abordagem ao desenvolvimento da instrução. São Paulo: McGraw-Hill, 1979.

FRAGOSO, Graça Maria. Biblioteca na escola: uma relação a ser construída.

Revista da Associação Catarinense de Bibliotecários, v.10, n. 2, p. 169-173,

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Disponível em: <http://www.acbsc.org.br/revista/ojs/viewarticle.php?id=129&layout=html>.

Acessado em: 07 mar. 2006.

FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de Janeiro:

Paz e Terra, 1982.

GARDNER, Jwel. Servicios bibliotecario em la escuela elemental. 2. ed. México:

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LITTON, Gaston. Bibliotecas escolares. Buenos Aires: Bowker Editores, 1974.

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Page 47: ALINE ANTONIA DA SILVA

ANEXO

Relatório para a disciplina:

Estágio Supervisionado em Unidades de Informação

Page 48: ALINE ANTONIA DA SILVA

A Biblioteca

A biblioteca da Escola Nossa Senhora da Graças acompanha a escola desde

seus primeiros passos e sempre teve papel importantíssimo dentro da educação

e instrução dos alunos e professores.

O acervo da biblioteca tem como principal objetivo servir de base para todos

os tipos de pesquisas desenvolvidas na biblioteca. Também busca atender aos

pedidos feitos por professores de materiais específicos para alguns trabalhos.

Dentre as características que a biblioteca apresenta pode-se dividir em:

Características Funcionais e Características Estruturais; em que cada uma

abrange todos os principais aspectos da biblioteca.

Nos parágrafos que seguem será feita a distinção de cada item imprescindível

dentro do funcionamento da biblioteca.

Page 49: ALINE ANTONIA DA SILVA

A Escola e a Biblioteca

O serviço realizado pela Biblioteca enriquece o trabalho de ensino-

aprendizagem desenvolvido em sala de aula. Os alunos de 1ª. a 4ª. série, como

atividade programada, vão semanalmente à Biblioteca para leitura livre,

elaboração de pequenas pesquisas e para ouvir histórias.

A Biblioteca realiza ainda trabalho de auxilio e orientação à pesquisa,

selecionando o material bibliográfico adequado aos temas que são propostos em

sala de aula. Pode organizar eventos culturais como Feira de livros, Sebinho

(feira de livros usados), visitas a gráficas e editoras, a outras bibliotecas e

gibitecas, assim como outras atividades que possam complementar às de sala de

aula.

Page 50: ALINE ANTONIA DA SILVA

Missão da Biblioteca

Atender aos usuários: alunos, professores, funcionários e integrantes da

comunidade, através da prestação de serviços de informação, cultura e lazer de

qualidade; dentro de um ambiente acolhedor e fundamentado numa filosofia que

propicie o desenvolvimento das habilidades pedagógicas e culturais.

Page 51: ALINE ANTONIA DA SILVA

Características Estruturais

A biblioteca conta com uma área útil (acervo e mesas para consulta e estudo)

bem estruturada e ocupada de maneira a não desperdiçar qualquer espaço que

seja. Todos os mobiliários foram comprados buscando conforto e praticidade.

Devido a um início de infestação de cupins tivemos que trocar todas as

prateleiras que anteriormente eram de madeira por prateleiras de alumínio, que

na realidade se adaptaram bem melhor à disposição dos materiais da biblioteca.

Temos o privilégio de nos estarmos alocados estrategicamente num local em

que temos grande luminosidade, porém que não afeta o acervo e com janelas

amplas que permitem uma ótima circulação de ar dentro da biblioteca.

A biblioteca há alguns anos atrás ficava em um anexo em frente a quadra de

esportes da escola o que gerou diversas discussões e a posterior mudança para

onde estamos atualmente. Nesse atual local ficamos ao mesmo tempo isolados

de todo o barulho, mas perto do lugar de maior movimentação dos alunos, que é

o pátio interno. A segurança de toda a escola é reforçada por se tratar de um

local onde se encontrar jovens de classe média e alta, tentando evitar problema

como seqüestros.

A disposição da biblioteca, quanto a parte de acervo, e a comunicação visual

existente tanto fora quanto dentro demonstrando todas as regras (não entrar na

biblioteca de mochila, por exemplo) e a localização dos materiais. Em

determinados períodos do ano quando os professores irão trabalhar com

determinado assunto, fazemos um levantamento bibliográfico e deixamos esses

livros e revistas em expositores comprados exatamente com essa finalidade.

Contamos ainda com uma prateleira utilizada para colocar as revistas mais novas

que permite a visualização das capas, muito parecido com a disposição das

revistas em bancas de jornal.

Todos os equipamentos que utilizamos na biblioteca sempre são atualizados

e nunca apresentaram nenhum problema, mas quando isso ocorre são

imediatamente substituídos para não prejudicar o bom funcionamento dos

Page 52: ALINE ANTONIA DA SILVA

serviços da biblioteca. Temos uma equipe de informática na escola que

proporciona todo o suporte que precisamos quando o assunto é o sistema usado

e para a manutenção de portas, lâmpadas etc. também existem funcionários em

total disposição para atender aos nossos pedidos.

Nossa biblioteca ainda conta com acesso a uma área verde localizada dentro

da escola, sem dizer das plantas que temos na área de estudo cuidadas

pessoalmente pela bibliotecária.

Page 53: ALINE ANTONIA DA SILVA

Proposta pedagógica – 5ª. a 8ª. série

No período definido entre 11 e 14 anos, os alunos passam por profundas

transformações físicas e psicológicas que reorientam o seu processo de

formação de identidade pessoal. Algumas certezas provisórias da infância, como

pais protetores, corpo e sentimentos de crianças, adquirem outro significado: o

adolescente começa a perceber uma subjetividade própria.

Na busca de novos referenciais, os jovens procuram tornar mais significativo

sua identidade, seus parâmetros e crenças pessoais. E nesse momento se inicia

também um amadurecimento das capacidades cognitivas, caracterizado por um

aumento de autonomia de pensamento e maior rigor no raciocínio.

Assim, o trabalho pedagógico-educacional de 5ª. a 8ª. série do Ensino

Fundamental tem como principal finalidade fornecer ao alunos condições

favoráveis ao conhecimento de si mesmo, à construção de projetos pessoais e

ao desenvolvimento cognitivo.

Para isso propõe-se a:

• Colaborar no desenvolvimento do auto-conhecimento, através da reflexão

sobre as transformações físicas e psicológicas que ocorrem na adolescência

e do conhecimento da história de jovens e de outros tempos e espaços;

• Contribuir para que se perceba e reflita sobre diferentes possibilidades de

atuação nos diversos espaços e situações nos quais estão inseridos;

• Desenvolver a noção de que ele é o agente de sua educação e responsável

pelo seu processo de aprendizagem;

• Planejar atividades de trabalho em grupo com a intenção de propiciar o

diálogo, o respeito às diferenças, valorizar a diversidade como necessária a

construção de todo e qualquer conhecimento, oferecendo momentos coletivos

de planejamento e organização de projetos de trabalho;

Page 54: ALINE ANTONIA DA SILVA

• Promover atividades pedagógicas, disciplinares e multidisciplinares, que

possibilitem o desenvolvimento das capacidades cognitivas;

• Colocar o aluno diante de situações em que o comprometimento, a

responsabilidade e a autonomia são essenciais para o encaminhamento e

soluções dos problemas enfrentados.

Page 55: ALINE ANTONIA DA SILVA

Estudo do Meio

Há alguns anos, preocupados em tornar a aprendizagem dos alunos cada vez

mais significativa e acreditando ser um instrumento de trabalho muito rico, a

Escola começou a apresentar projetos de estudo do meio.

Essas atividades extra classe, não livrescas, possibilitam um contato do aluno

com o ambiente, ou local visitado, de tal forma que ele possa constatar,

questionar ou levantar novas hipóteses de trabalho a respeito das questões

teóricas estudadas em classe.

Os estudos do meio são sempre atividades iniciadas em sala de aula, a partir

de problemas levantados pelas diferentes disciplinas e encerradas em classe,

quando os dados coletados são analisados, discutidos, organizados e avaliados,

possibilitando o desenvolvimento de conceitos e a construção de conhecimentos

num trabalho integrado por várias disciplinas.

Nessa oportunidade, continua-se o trabalho de aperfeiçoar as relações

interpessoais, estimulando a convivência em grupo e os valores de respeito, de

solidariedade, de cooperação não apenas no trabalho em grupo a ser

desencadeado, mas também na organização dos quartos e na própria

experiência de viajar com colegas e professores. Colocar-se no lugar do outro,

ampliar o conhecimento de si e do outro – eis importantes desafios dessa

atividade.

Os resultados de tal aprendizagem, muitas vezes, são organizados em

trabalhos do tipo: painéis, seminários, revistas, jornais, relatórios produzidos

pelos alunos, como uma síntese de todo o processo vivido no estudo do meio,

desde a proposta até a apresentação final.

O estudo do meio é, para nós, um instrumento de trabalho, é uma estratégia

que permite ao aluno observar e registrar, olhar, ouvir, sentir o meio que nos

cerca. E, mais que isso, é uma forma de refletir sobre o que nossa percepção

nos informou e como contribuir para proporcionar um pouco mais de bem-estar a

cada um de nós.

Page 56: ALINE ANTONIA DA SILVA

Serviços da Biblioteca

Durante todo o projeto a Biblioteca exerce um papel decisivo na coleta e

tratamento das informações coletadas no decorrer das visitas, entrevistas e

observações. Esse processo começa antes mesmo da viagem, em sala de aula

são passadas pelos funcionários da Biblioteca as instruções necessárias para

que nada seja perdido sob o olhar do aluno, fazendo com que cada detalhe

possa virar um registro legível quando for trabalhado na volta.

Outro fator importante que tem como objetivo ajudar diretamente na pesquisa

são os levantamentos bibliográficos com o intuito de disponibilizar o maior

número de livros sobre os temas abordados, fornecendo total apoio para as

pesquisas.

Os principais serviços de apoio são:

• Levantamento bibliográfico dos materiais existentes no acervo relacionados

aos assuntos pesquisados;

• Orientação nas pesquisas realizadas na biblioteca e também em sites da

internet;

• Providenciar cópias das páginas dos livros, pois os mesmos não podem ser

retirados da biblioteca durante os trabalhos, para atividades fora da biblioteca;

• Orientação na realização das referências bibliográficas no final da pesquisa.

Page 57: ALINE ANTONIA DA SILVA

Considerações Finais

Simples relato

Todo trabalho realizado durante dois meses de pesquisa dos alunos, foi

importante para trazer mais certeza sobre a minha escolha profissional, em que

tive a oportunidade de criar um vínculo de confiança mútua com eles e poder ver

em cada detalhe a importância da orientação que eu prestava e da satisfação no

término de cada descoberta, de cada dúvida finalmente esclarecida depois de

muito trabalho.

Enfim, muito além de um balcão, mas um conhecimento profundo das

necessidades e frustrações de cada aluno ou usuário, como preferir.

Aprendizado na prática

Afirmo com toda a certeza que mesmo tendo feito esse trabalho no lugar em

que trabalho e onde fiz o trabalho da primeira parte da disciplina, aprendi muitas

coisas novas: os principais fatores diferenciais foram os públicos com os quais

trabalhei e o teor do trabalho realizado.