alienação parental consequências jurídicas e psicológicas

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  • 5/25/2018 Aliena o Parental Consequ ncias Jur dicas e Psicol gicas

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    FACULDADE CAPIXABA DE NOVA VENCIADIREITO

    LUCYANA ARAUJO DA SILVA SANTOS

    ALIENAO PARENTAL: CONSEQUNCIAS JURDICAS E PSICOLGICAS

    NOVA VENCIA2012

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    LUCYANA ARAUJO DA SILVA SANTOS

    ALIENAO PARENTAL: CONSEQUNCIAS JURDICAS E PSICOLGICAS

    Monografia apresentado ao Programa deGraduao em Direito da Faculdade Capixaba deNova Vencia, como requisito parcial paraobteno do grau de Bacharel em Direito.Orientadora: Polyana Dussoni Passinato

    NOVA VENCIA2012

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    FICHA CATALOGRFICA

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    LUCYANA ARAUJO DA SILVA SANTOS

    ALIENAO PARENTAL: CONSEQUNCIAS JURDICAS E PSICOLGICAS

    Monografia apresentada ao Programa de Graduao em Direito da Faculdade Capixaba de NovaVencia, como requisito parcial para obteno do grau de bacharel em Direito.

    Aprovada em __ de _________ de 2012.

    COMISSO EXAMINADORA

    __________________________________________________

    Prof. Polyana Dussoni PassinatoFaculdade Capixaba de Nova VenciaOrientador

    _________________________________________________Prof.(a)Faculdade Capixaba de Nova Vencia

    __________________________________________________Prof.(a)Faculdade Capixaba de Nova Vencia

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    Dedico o presente trabalho os meusfamiliares pelo incentivo;

    E ao meu noivo Renan Prates pelo apoioincondicional.

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    Agradeo primeiramente a Deus por mepermitir realizar esse sonho, por me

    proporcionar nimo e perseverana todass vezes em que eu necessitei; Aos

    meus familiares, por depositarem tantaconfiana em meu sonho, agradeo emespecial aos meus avs Ana e Manoel,

    pela educao exemplar que meproporcionaram e pelas oraes; Ao meu

    Tio Nilson pelo apoio incondicional;

    Aos meus amigos, colegas de faculdadeque estiveram presentes comigo emmomentos indistintos, agradeo emespecial aos meus queridos amigosEgivane Louzada, Weverton Alves eVictor Bessa, com certeza levarei a

    amizade de vocs comigo; Ao meu noivoRenan Prates, pela pacincia e confiana;A minha orientadora Prof. PolyanaDussoni, pela pacincia, incentivo e

    dedicao na realizao deste trabalho; minha amiga Sirlane Oliveira, pela ajuda

    adicional;

    Comisso Examinadora,Coordenadores e Mestres que

    transmitiram o conhecimento e estiveram

    comigo nesta rdua e saborosacaminhada; meu muito obrigada a todosvocs que fizeram parte dessa vitria!

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    Agrada-te do Senhor, e Ele satisfar osdesejos do teu corao.(Salmos 37:4)

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    RESUMO

    O presente trabalho versa sobre o Instituto da Alienao Parental envolvendo o

    Direito de Famlia e as atualizaes advindas pela Lei 12.318/ 10 que compreende eprotege os direitos e a necessidade da criana em continuar o convvio com seuspais aps a dissoluo do vnculo conjugal, bem como punir aquele que agir deforma a privar a criana ou adolescente desse direito, abordando suasconsequncias devastadoras demonstradas atravs de alguns PrincpiosConstitucionais. Desse modo, torna-se importante a pesquisa, pois tem comofinalidade investigar a alienao parental, suas consequncias jurdicas , bem comopsicolgica. Diante da dissoluo do casamento, continuam as obrigaes de ambosos genitores para com seus filhos. A pesquisa foi desenvolvida de forma exploratriaque teve como objetivo examinar o assunto abordado de forma mais profunda, maisampla, ou seja, mostrou de forma clara e eficiente como ocorre a alienao parentale suas consequncias jurdicas e psquicas em relao ao alienado, bem como deforma descritiva, que teve como objetivo primordial a exposio das caractersticasde determinada populao ou fenmeno. Diante do exposto, conclui- se que aguarda compartilhada poder servir de mecanismo para soluo do problema emtela, pois com essa modalidade de guarda os pais tem que ter a conscincia de quedevero manter um bom e sadio convvio a fim e atender os interesses da criana,deixando de lado suas individualidades.

    PALAVRAS-CHAVE: Famlia. Princpios. Abusos. Poder familiar. Falsas memrias.

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    SUMRIO

    1 INTRODUO ..................................................................................................10

    1.1JUSTIFICATIVA DO TEMA .................................................................................11

    1.2 DELIMITAO DO TEMA...................................................................................12

    1.3 FORMULAO DO PROBLEMA........................................................................13

    1.4 OBJETIVOS ........................................................................................................13

    1.4.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................13

    1.4.2 OBJETIVOS ESPECFICOS .....................................................................................14

    1.5 HIPTESES........................................................................................................14

    1.6 METODOLOGIA..................................................................................................151.6.1 CLASSIFICAO DA PESQUISA .............................................................................15

    1.6.2 TCNICAS PARA COLETA DE DADOS......................................................................16

    1.6.3 FONTES PARA COLETA DE DADOS.........................................................................17

    1.7 APRESENTAO DO CONTEDO DAS PARTES ...........................................17

    2 REFERENCIAL TERICO .............................................................................18

    2.1EVOLUO DA FAMLIA.....................................................................................182.2 IGUALDADE NAS CONDIES DO PODER FAMILIAR...................................21

    2.3 SINDROME DA ALIENO PARENTAL X ALIENAO PARENTAL ...............23

    2.3.1 CONCEITO DA SNDROME DA ALIENAO PARENTAL ..............................................24

    2.3.2 CONCEITO E CARACTERSTICAS DA ALIENAO PARENTAL .................24

    2.3.3 DIFERENA ENTRE A ALIENAO PARENTAL E A SNDROME DA ALIENAO

    PARENTAL ...................................................................................................................26

    2.4 ALIENAO PARENTAL....................................................................................282.4.1 PRINCPIOS DO DIREITO DE FAMLIA ......................................................................28

    2.4.1.1 PRINCIPIO DA SOLIDARIEDADE FAMILIAR ............................................................28

    2.4.1.2 PRINCIPIO DA DIGNIDADE HUMANA .....................................................................29

    2.4.1.3 PRINCIPIO DA PROTEO INTEGRAL...................................................................30

    2.4.1.4 PRINCPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANA E DO ADOLESCENTE .....................31

    2.4.2 REQUISITOS PARA DECLARAR ALIENAO PARENTAL ...........................................33

    2.4.3 EFEITOS DA PRTICA DA ALIENAO PARENTAL ....................................................342.4.3.1 CONSEQUNCIAS JURDICAS DA PRTICA DA ALIENAO PARENTAL ......................37

    2.4.4 GUARDA COMPARTILHADA ...................................................................................39

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    2.4.5 TRATAMENTO COMPULSRIO DOS PAIS.................................................................43

    2.4.6 RESPONSABILIDADE CIVIL DECORRENTE DA ALIENAO PARENTAL ........................44

    2.4.6.1 DO ABUSO AFETIVO E ABANDONO AFETIVO..........................................................44

    2.4.7 EXPOSIES SOBRE OS VETOS DA LEI 12.318/10 .................................................47

    3 CONCLUSO E RECOMENDAES........................................................49

    3.1 CONCLUSO......................................................................................................49

    3.2 RECOMENDAES...........................................................................................50

    4 REFERNCIAS .................................................................................................51

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    1 INTRODUO

    Sabendo da grande importncia da famlia no que diz respeito ao desenvolvimento

    da criana e do adolescente, imprescindvel que os pais de forma conjunta

    exeram o seu poder familiar, tendo zelo e cuidado por seu filho, colocando a salvo

    de todas as desavenas entre os mesmos.

    Analisando as crescentes transformaes no seio familiar, era atribudo ao marido o

    ptrio poder, ou seja, ele era o chefe da casa, a mulher cabia apenas o dever de

    zelar pelo seu marido e os filhos. O cdigo Civil de 1916 assegurava esse direito ao

    homem, a mulher no podia exercer tal funo.

    Com o surgimento da Lei n. 4.121/62, conhecida popularmente por Estatuto da

    mulher casada, comearam ocorrer algumas mudanas, no qual o ptrio poder

    passou a ser de competncia dos pais, sendo exercida pelo marido com

    colaborao da esposa. Porm, ocorrendo alguma divergncia em relao ao ptrio

    poder, permanecia a deciso do pai.

    Em 1988, com o surgimento da Constituio Federal, todas as questes inerentes a

    criana e ao adolescente, passaram a ser de competncia de ambos os pais.

    Nesse mesmo diapaso, a Lei 8.069/90, Estatuto da Criana e do Adolescente, em

    seu art. 21, diz que:

    O poder familiar ser exercido, em igualdade de condies, pelo pai e pelame, na forma que dispuser a legislao civil, assegurado a qualquer deleso direito de, em caso de discordncia, recorrer autoridade judiciriacompetente para soluo da divergncia.

    No contexto da evoluo do ptrio poder para o poder familiar e por conseqncia

    da prpria evoluo da estrutura familiar, destaca- se a figura da alienao parental,

    onde um dos genitores, avs, ou qualquer pessoa que tenha a criana ou

    adolescente sob sua guarda, implantam falsas memrias na criana, de forma que

    essa repudie o genitor, ou que esse tenha o vnculo com o filho prejudicado.

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    Destarte, o problema da presente pesquisa vereda em torno das conseqncias,

    tanto psquicas como as jurdicas, bem como, os requisitos para o magistrado

    declarar a Alienao Parental.

    A pesquisa em tela trata de forma aprofundada a evoluo do conceito da alienao

    parental, seus efeitos e conseqncias, bem como tratar de forma ampla a evoluo

    da famlia.

    Trazendo tambm o dever de reparar a criana ou adolescente quando o genitor no

    cumprir com suas obrigaes afetivas, bem como, quando ocorrer o abuso afetivo,

    que decorre da prtica da alienao parental.

    1.1JUSTIFICATIVA DO TEMA

    A famlia teve crescentes transformaes ao longo do tempo, perdendo a imagem

    patriarcal, no mais vigorando a idia que a me cuidava da casa e das crianas

    enquanto o pai saia pra prover o sustento do lar, sendo o chefe da famlia, e pormais insuportvel que fosse a vida conjugal no era possvel a dissoluo da

    mesma. Com o passar do tempo a mulher foi inserida no mercado de trabalho, o que

    contribuiu para alterar sua funo familiar, a ela no cabia to somente educar,

    cuidar do lar, etc. passou a buscar sua independncia financeira tambm.

    Se antes ao pai cabia apenas o sustento, hoje ele participa de forma efetiva na

    educao dos filhos e at mesmo com os a fazeres domsticos, sendoperfeitamente possvel visualizar hoje homens que se dedicam ao lar enquanto

    quem assume o papel de provedora do lar a mulher. Sabe-se ento que hoje cabe

    a ambos os cnjuges decidir conjuntamente sobre qualquer situao pertinente a

    vida familiar, importante, pois a criana tem conscincia que a sua vida

    interessante tanto ao seu pai quanto a sua me.

    E com tantas transformaes na estrutura familiar, com inmeros divrcios chama a

    ateno figura da alienao parental, a guerra entre os cnjuges.

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    Neste diapaso importante esclarecer o que a Alienao Parental e como ocorre,

    esse tema foi proposto por Richard Gardner em 1985, onde o cnjuge detentor da

    guarda passa a manipular a criana visando despertar nela dio pelo outro, tendo

    como conseqncia ntida o afastamento desta criana de seu genitor, ocorre

    geralmente aps a ruptura da vida conjugal onde um dos cnjuges movido pelo

    inconformismo passa a manipular a criana de forma negativa, implantando falsas

    memrias sobre seu genitor.

    No entanto pode ser praticado tambm por um membro familiar que tem a guarda

    da criana, sendo responsvel pelo bem estar da mesma. Nada obsta que ocorra tal

    alienao durante o casamento, onde os pais passam a denegrir a imagem um dooutro na disputa do amor do filho.

    Nem sempre a criana consegue separar o que verdadeiro, acreditando nos fatos

    de forma insistente. Destarte, os danos causados por essa prtica perverso e traz

    conseqncias devastadoras no psiquismo do alienado, tais como,

    comprometimentos social, econmicos e principalmente afetivos. A alienao tem

    previso legal e punio para quem pratica, como dispe a Lei n 12.318-10.

    A lei da Alienao Parental surgiu como um desafio em manter um vnculo entre a

    criana e seus genitores aps o divrcio, evitando que a criana seja usada como

    objeto de vingana, essa lei entrou em vigor em 27 de agosto de 2010 prevendo

    inmeras punies para aqueles que a praticam.

    A lei recente, no entanto a pratica muito antiga, devido gravidade dessasagresses que foi necessrio a publicao de uma lei estabelecendo sanes para o

    alienador.

    1.2 DELIMITAO DO TEMA

    A pesquisa em tela desempenhada no ramo do Direito Civil Brasileiro, abrangendoo Direito de Famlia, fundamentada na Constituio Federal de 1988 e na Lei

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    12.318/10 que trata da Alienao Parental, assegurando a criana o direito de

    conviver de forma igual com seus genitores, mesmo que a vida conjugal dos

    mesmos venha a sofrer ruptura.

    1.3 FORMULAO DO PROBLEMA

    Com as crescentes transformaes nas estruturas familiares, a mesma no pode ser

    tratada da mesma forma, pois ficou totalmente invalidado o ptrio poder, sendo

    ento alcanada a igualdade entre os sexos e conseqentemente as

    responsabilidades conjugais, inclusive inerentes a vida dos filhos.

    Nesse diapaso, a Constituio Federal de 1988 e o Cdigo Civil de 2002,assegura

    ao cnjuge o direito de continuar a conviver com a criana mesmo que sua vida

    conjugal tenha chegado ao fim, sendo atravs da guarda compartilhada,ou outro

    meio.

    No podendo o genitor implantar falsas memrias na criana a fim de desmoralizar ogenitor que no detm a guarda, hoje essa prtica tem nome prprio e sano para

    quem a pratica, pois esta prevista na Lei 12.318/10.

    Sendo assim, quais as conseqncias jurdicas e os requisitos para se declarar a

    alienao parental?

    1.4 OBJETIVOS

    1.4.1 OBJETIVO GERAL

    Estudar os requisitos para se declarar a alienao parental, bem como as

    conseqncias jurdicas dessa prtica.

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    1.4.2 OBJETIVOS ESPECFICOS

    Analisar a evoluo do conceito de famlia, levando-se em considerao o

    aumento de divrcio, o que tem proporcionado um significante ndice de

    crianas que vem sofrendo a alienao parental;

    Realizar um estudo sobre a Alienao Parental, destacando-se seu conceito,

    caractersticas, efeitos, requisitos e conseqncias;

    Analisar o artigo 1.631 do Cdigo Civil de 2002, que oferece aos pais iguais

    condies do poder familiar;

    Fazer a distino entre a Sndrome da Alienao Parental - SAP da Alienao

    Parental;

    Analisar ainda, os princpios constitucionais que condenam a prtica de tais

    atos, que so tratados como alienao parental.

    1.5 HIPTESES

    O artigo 1.634 do Cdigo Civil de 2002 estabelece aos pais os direitos e deveres em

    relao ao filho, no cabendo exclusivamente a me essas obrigaes, pois a

    mulher conquistou seu espao no meio social no mais subsistindo o poder marital.

    Neste sentido, ocorridas essas transformaes no seio familiar, possvel afirmar

    que aps a dissoluo da vida conjugal as obrigaes inerentes a vida da criana

    cabe a ambos os genitores, no prevalecendo a ideia que ao pai cabe apenas o

    dever do sustento e a me educar, zelar, etc.

    No entanto, possvel perceber em algumas relaes familiares e de divrcio, que

    um dos genitores comea a implantar falsas memrias na criana ou noadolescente, com o intuito de vingana para com o seu ex- cnjuge, ou at mesmo

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    na tentativa de ter exclusivamente o carinho e ateno de seu filho. Ocorrendo um

    desequilbrio nas relaes familiares, o que deixa de proporcionar a criana um

    ambiente harmonioso.

    Sendo assim, ocorrendo algum indcio da alienao o juiz determinar se

    necessrio, a percia psicolgica ou biopsicossocial, ficando provada a prtica o juiz

    tomar algumas medidas a saber, estipular multa ao alienador, declarar a

    suspenso da autoridade parental, bem como outras descritas no art. 6 da Lei

    12.318 de 2010.

    1.6 METODOLOGIA

    1.6.1 CLASSIFICAO DA PESQUISA

    Os objetivos da pesquisa em tela so classificados como exploratria e descritiva.

    Segundo Gil (2007, p. 41), a pesquisa exploratria tem como objetivo:

    [...] proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas atorn-lo mais explicito ou a constituir hipteses.Pode ser dizer que estaspesquisas tm como objetivo principal o aprimoramento de idias ou adescoberta de instiuies.

    Sendo assim, a pesquisa exploratria tem como objetivo examinar o assunto

    abordado de forma mais profunda, mais ampla, de forma a mostrar efetivamente

    como ocorre a alienao parental e trazer suas conseqncias jurdicas e psquicas

    em relao ao alienado, o tema abordado trata- se de lei recente, na qual exige uma

    busca de conhecimento maior a respeito do mesmo.

    Gil (2007, p. 42), preceitua sobre a pesquisa descritiva, que tem como objetivo

    primordial a descrio das caractersticas de determinada populao ou fenmeno

    ou, ento, o estabelecimento de relaes entre variveis.

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    No tocante a pesquisa descritiva, esta busca melhor resolver o problema, pois ela

    ocupa- se em trazer uma soluo ao problema dado.

    Sendo assim, busca-se uma profunda anlise do aludido tema, observando os

    princpios constitucionais e o direito de famlia.

    Portanto, a pesquisa em tela tem por objetivo buscar solues para a prtica da

    alienao parental, bem como punir quem faz a pratica da mesma.

    1.6.2 TCNICAS PARA COLETA DE DADOS

    No que diz respeito s tcnicas para coleta de informaes relacionada a esta

    pesquisa foi a documentao indireta atravs da pesquisa bibliogrfica.

    A pesquisa bibliogrfica permite trazer a pesquisa contedos constitudos

    principalmente de livros e artigos cientficos.

    Gil (2007, p.44), diz que a pesquisa bibliogrfica desenvolvida com base em

    material j elaborado, constitudo principalmente de livros e artigos cientficos.

    J a pesquisa documental, conforme Gil (2007, p. 45)

    [...] Se utiliza fundamentalmente das contribuies dos diversos autoressobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais

    que no recebem ainda um tratamento analtico, ou que podem serreelaborados de acordo com os projetos de pesquisa.

    Desse modo, a pesquisa em tela se utiliza de documentaes indiretas, por meio da

    pesquisa bibliogrfica, baseada em variadas fontes j publicadas em relao ao

    tema proposto.

    Segundo Gil (2007, p. 45) a diferena entre pesquisa bibliogrfica e a documental

    est na natureza das fontes.

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    1.6.3 FONTES PARA COLETA DE DADOS

    O estudo em tela possui uma relao com as fontes primrias e secundrias,

    levando em considerao o uso de Leis, documentos originais publicados por

    autores renomados, artigos cientficos, dentre outros.

    A coleta de dados baseia- se em fontes primrias e secundrias.

    No tocante as fontes primrias e secundrias, Andrade (2001, p. 125), diz:

    Fontes primrias so constitudas por obras ou textos originais, materialainda no trabalhado, sobre determinado assunto. As fontes primrias, pelasua relevncia, do origem a outras obras, que vo formar uma literaturaampla sobre aquele determinado assunto [...]. As fontes secundriasreferem-se a determinadas fontes primrias, isto , so constitudas pelaliteratura originada de determinadas fontes primrias e constituem-se emfontes das pesquisas bibliogrficas.

    1.7 APRESENTAO DO CONTEDO DAS PARTES

    O presente trabalho est dividido em trs captulos sendo apresentados da seguinte

    forma:

    No primeiro captulo, apresenta- se os objetivos do trabalho, a delimitao do tema,

    justificativa, bem como o resultado almejado no trabalho.Relata-se tambm a

    metodologia utilizada na pesquisa, as fontes tcnicas e instrumentos para coleta de

    dados, por derradeiro, a possibilidade de tratamento para os mesmos.

    Destarte, no segundo captulo abordado o conceito terico na qual fundamenta a

    importncia da realizao do presente estudo.

    O terceiro captulo aborda a concluso do trabalho, bem como as recomendaes

    para pesquisas e prticas futuras.

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    2 REFERENCIAL TERICO

    2.1 EVOLUO DA FAMLIA

    Para se iniciar o estudo proposto, faz-se necessrio entender a evoluo da famlia,

    uma vez que em pocas anteriores o pai representava a figura de provedor do lar,

    era referido como chefe, atribua-se a ele o Ptrio poder, e a mulher cabia o dever

    de zelar pelo lar, educar os filhos e manter a ordem da casa, no havia poder de

    decidir absolutamente nada.

    Conforme dispe Salles (apud FREITAS, 2012, p. 82) "O pater familiae exercia,

    exclusivamente para si e em proveito as funes sacerdote, de juiz, de chefe e

    administrador absoluto do seu lar".

    No casamento era visvel a figura da submisso da esposa ao seu marido, no por

    amor, porque na maioria das vezes o casamento era arranjado por seus pais que

    tinha algum interesse na unio de seus filhos. No existindo possibilidade jurdica e

    at mesmo moral para a ruptura na vida conjugal.

    Com o passar dos tempos, foram mudando essas ideias, pois a mulher passou a

    buscar um espao na sociedade. Surgindo o ento chamado Estatuto da Mulher

    Casada (Lei 4.121/62), ao alterar o Cdigo Civil, que passou a assegurar o ptrio

    poder a ambos os cnjuges sendo exercido pelo marido e contava-se apenas com a

    colaborao da mulher, e havendo qualquer divergncia entre suas decises vontade prevalecida era do marido.

    Em 1977 veio a Lei n. 6.515/77, chamada Lei do divrcio, onde tal instituto era

    permitido apenas em carter emergencial e desde que completado cinco anos a

    separao de fato, poderia ser promovida a ao do divrcio, sendo comprovado tal

    prazo, bem como a causa do fim do vnculo conjugal.

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    Porm para se contemplar da lei era necessrio atender cumulativamente a trs

    requisitos, a saber, deveria as partes estar separados de fato h cinco anos, esse

    prazo deveria ser efetivado antes de 28 de junho de 1977, bem como a

    comprovao causa da separao.

    Finda tais condies, somente aps prvia separao judicial que seria permitida a

    figura do divrcio.

    De acordo o Cdigo Civil de 1916, o poder familiar era exercido em relao aos

    filhos menores legtimos ou legitimados, bem como os legalmente reconhecidos e

    adotivos tal redao correspondia ao art. 379 do Cdigo Civil de 1916.

    Conforme dispe Freitas (2012, p. 83).

    Entre o Cdigo Civil de 1916 e a vigncia da Constituio Federal de 1988,o poder familiar era exercido legitimamente pelo pai, tanto que a expressolegal era de ptrio poder" e a este eram dadas prerrogativas nicas emdetrimento da genitora. Com a igualdade entre homens e mulheresconsagrada no art. 5. da Carta Magna, houve uma necessria mudana deinterpretao e de nomenclaturas da referida lei civilista.

    Com o surgimento do Cdigo Civil de 2002, pode- se perceber a evoluo do termo

    poder familiar, no s terminologicamente dizendo, uma vez que o poder familiar

    corresponde ao conjunto de direitos e obrigaes inerentes aos pais em face de

    seus filhos enquanto menores e incapazes.

    O que se permite entender que no h que se falar em hierarquia, em relao a

    autoridade parental, sendo que , se houver alguma divergncia entre os genitores ,

    qualquer um deles poder recorrer ao judicirio a fim de sanar tais conflitos, no

    cabendo exclusividade a nenhum dos genitores.

    Vislumbra-se nitidamente tal posicionamento na Lei n. 8068/90 Estatuto da Criana

    e do Adolescente, que assegura o ptrio poder a ambos os pais, conforme dispe a

    redao do artigo 21 da referida Lei.

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    Diniz (apud FREITAS, 2012, p. 84) conceitua poder familiar como:

    Um conjunto de direitos e obrigaes, quanto pessoa e bens do filho

    menor no emancipado, exercido em igualdade de condies por ambos ospais para que possam desempenhar os encargos que a norma jurdica lhesimpe, tendo em vista o interesse e a proteo dos filhos.

    Neste mesmo sentido, a atual legislao reza que havendo o divrcio, no se

    extinguir o poder familiar, que est estabelecido no dever de zelar, educar, dentre

    outros. Sendo assim o direito de um, no exclui o do outro, pois assegurada a

    Criana o direito de conviver com seus pais mesmo que a unio tenha chegado ao

    fim.

    E aps inmeras transformaes na sociedade, o conceito de famlia passou a ser

    mais amplo, no sendo composto apenas pelos pais e irmo, passa a existir a figura

    monoparental sendo composta por tio, primo, av, etc. O que se leva em

    considerao a afetividade.

    Nesse contexto de evoluo da famlia, comea a surgir figura da alienao

    parental, que muito visualizado com a separao dos genitores, sendo possvel

    tambm durante o casamento e entre outras pessoas que se encaixam na esfera

    familiar, surgindo da o dano afetivo desencadeado por tais mudanas.

    Assim preceitua Velly (2010):

    As separaes judiciais possuem alguns tipos que podem afetar de formadistinta os filhos, que sero o centro da discusso aqui. A separao pormtuo consentimento, com ambas as partes entrando em um acordo, poucoprejudica a criana, mas a separao chamada litigiosa, onde uma pessoa,que ser a autora, imputa e mostra que houve conduta desonrosa ou algumato que importe grave violao de deveres do casamento. Posteriormente,esse tipo de separao deixar consequncias tanto para o casal quantopara seus filhos. Ento, tendo em vista esses problemas, e a partir do novocdigo civil, surgiu um direito de famlia diferenciado para tratar essasquestes com proteo ao menor.

    Sua visualizao maior aps o fim do casamento, pois um dos cnjuges se senteabandonado, ou no se conformam com a ruptura conjugal, e quer usar o nico elo

    entre eles, no sabendo que a maior vtima dessa prtica tem sido a criana, que

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    com um tempo passa a desenvolver comprometimentos sociais gravssimos, pois a

    alienao torna-se to constante que a criana no sabe separar o que ou no

    real, acredita fielmente no que seu genitor alienante diz, deixando cicatrizes que a

    criana carregar por toda sua vida.

    Assim dispe Hironaka e Monaco (2012):

    O detentor da guarda, ao destruir a relao do filho com o outro, assume ocontrole total. Tornam-se unos, inseparveis. O pai passa a ser consideradoum invasor, um intruso a ser afastado a qualquer preo. Este conjunto demanobras confere prazer ao alienador em sua trajetria de promover adestruio do antigo parceiro.

    A criana usada como instrumento de vingana por um dos cnjuges, com a

    finalidade de denegrir a imagem do outro, o sentimento da criana passa a ser

    monitorado, tornando cada vez mais afrouxados os laos de afetividade entre eles,

    passando a agir de forma involuntria, no sabendo separar o que verdadeiro e o

    que falso.

    E por tais situaes apresentadas, que surgiu a necessidade do legislador aprovarem 26 de agosto de 2010, a Lei 12.318/10, que dispe sobre a alienao parental,

    que veio punir quem praticar atos que venham a destruir de alguma forma o

    psicolgico da criana, bem como, garantir a ela o convvio harmonioso com seus

    cnjuges aps a ruptura conjugal, pois a criana no poder ficar a merc de um

    genitor descontrolado, que s pensa em vingar-se do ex- cnjuge.

    2.2 IGUALDADE NAS CONDIES DO PODER FAMILIAR

    consagrada pela Carta Maior a igualdade entre os cnjuges em relao ao poder

    familiar, no cabendo mais exclusividade ao homem para dirimir os conflitos e

    decidir sobre qualquer assunto da esfera familiar.

    Desta maneira a mulher passa a ter uma participao significativa nos assuntos

    familiares, deixando de ser uma figura omissa nesses assuntos, passando a ter

    direito de deciso tambm.

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    Assim preceitua o Art. 226, 5 da Constituio Federal de 1988 o seguinte: Os

    direitos e deveres referentes sociedade conjugal so exercidos igualmente pelo

    homem e pela mulher.

    Nesse mesmo diapaso dispe o Estatuto da Criana e do Adolescente, no Artigo

    21:

    O ptrio poder deve ser exercido em igualdade de condies, pelo pai epela me, na forma em que dispuser a legislao civil, assegurado aqualquer deles o direito de, em caso de discordncia, recorrer autoridadejudiciria competente para a soluo da divergncia.

    Nessa mesma esteira, reitera o Cdigo Civil de 2002 que atribuiu o poder familiar em

    condies igualitrias aos genitores.

    Assim dispe o Art. 1631 do Cdigo Civil de 2002:

    Durante o casamento e a unio estvel, compete o poder familiar aos pais;na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercer com exclusividade.Pargrafo nico. Divergindo os pais quanto ao exerccio do poder familiar,

    assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para soluo do desacordo.

    Com o fim da vida conjugal, no h que se estabelecer critrio que faam com que a

    criana venha perder a oportunidade de conviver de maneira igualitria com seus

    pais, at porque o divrcio no extingue o poder familiar atribudo a ambos os

    genitores.

    Destarte, o que se extingue o vnculo e a sociedade entre os cnjuges,

    permanecendo- se as obrigaes e direitos inerentes aos filhos. Sendo obrigao

    dos genitores continuarem a garantir a criana um lar sadio, pois seu

    desenvolvimento muito depender dessa relao harmoniosa entre seus pais.

    Desta maneira fica provado que no que se falar em extino do poder familiar em

    detrimento do fim da vida conjugal de seus genitores.

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    2.3 SINDROME DA ALIENO PARENTAL X ALIENAO PARENTAL

    2.3.1 CONCEITO DA SNDROME DA ALIENAO PARENTAL

    Trata- se de um distrbio visvel quando h disputa pela guarda da criana, ou at

    mesmo na tentativa de vingar-se de seu ex- cnjuge. Ocorre quando um genitor

    passa a denegrir a imagem de seu ex- cnjuge implantando falsas memrias no

    psiquismo da criana, fazendo com que a criana passe a ter repdio pelo seu

    genitor alienado.

    Destarte, o genitor guardio busca inserir no psiquismo da criana imagens

    negativas do genitor alienado, com o intuito de afast-los, visando ter a criana para

    si s e vingar-se de seu ex- cnjuge por no se conformar com a separao.

    Esse tema foi proposto por Gardner em 1985 em Nova York, Estados Unidos como

    dispe Hinoraka e Monaco (2012):

    A Sndrome de Alienao Parental (SAP) um distrbio da infncia queaparece quase exclusivamente no contexto de disputas de custdia decrianas. Sua manifestao preliminar a campanha denegritria contra umdos genitores, uma campanha feita pela prpria criana e que no tenhanenhuma justificao. Resulta da combinao das instrues de um genitor(o que faz a "lavagem cerebral, programao, doutrinao") e contribuiesda prpria criana para caluniar o genitor-alvo. Quando o abuso e/ou anegligncia parentais verdadeiros esto presentes, a animosidade dacriana pode ser justificada, e assim a explicao de Sndrome deAlienao Parental para a hostilidade da criana no aplicvel.

    Sendo assim, a criana passa a acreditar fielmente em tudo que o genitor guardio

    diz, passando a ter por ele dio, sentimento de rejeio, no conseguindo com o

    tempo distinguir o que falso ou verdadeiro, passa a ser uma situao real, tanto

    para a criana quanto para o alienador, passando a viver uma fantasia monstruosa.

    A doutrina ainda traa um paralelo entre a sndrome da alienao parental e o

    ambiente familiar hostil que muito se confundem.

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    Assim dispe Pinho (apud PAMPLONA FILHO e GAGLIANO, 2012, p. 614-615):

    A doutrina estrangeira tambm menciona a chamada HAP- Hostile

    Aggressive Parenting, que aqui passo a tratar por 'AFH- Ambiente FamiliarHostil', situao muitas vezes tida como sinnimo da sndrome da alienaoparental ou sndrome do pai adversrio, mas que com esta no seconfunde, vez que a alienao est ligada a situao envolvendo a guardados filhos ou caso anlogo por pais divorciados ou em processo dseparao litigiosa, ao passo que o AFH- Ambiente familiar Hostil- seriamais abrangente, fazendo- se presente em quaisquer situaes em queduas ou,mais pessoas ligadas criana ou ao adolescente estejamdivergindo sobre a educao, valores, religio, sobre como a mesma devaser criada, etc.

    Destarte, o ambiente familiar hostil pode ocorrer com a famlia que no tenha

    sofrido ruptura, onde qualquer membro da famlia, de forma a destruir a imagem

    do pai ou da me, traz discuties do que seria melhor para a criana, porm com

    o objetivo de denegrir a imagem de uma dessas figuras ora mencionada, o que

    permite a criana ou ao adolescente um convvio familiar com contendas e

    desarmonia.

    Ademais, o ambiente familiar hostil est ligado a decises, atitudes que afetam as

    crianas e/ou adolescentes, uma vez que, a sndrome da alienao parental estrelacionada a assuntos ligadas ao psiquismo.

    2.3.2 CONCEITO E CARACTERSTICAS DA ALIENAO PARENTAL

    Alienao parental trata- se de uma implantao de falsas memrias no psiquismo

    da criana, e geralmente essa prtica feita por seus genitores, com a finalidade de

    afastar e de tornar a imagem do outro negativa para a criana.

    Conforme dispe Velly (2010):

    A Alienao Parental uma forma de maltrato ou abuso, um transtornopsicolgico que se caracteriza por um conjunto de sintomas pelos quais umgenitor, denominado cnjuge alienador, transforma a conscincia de seusfilhos, mediante diferentes formas e estratgias de atuao, com o objetivode impedir, obstaculizar ou destruir seus vnculos com o outro genitor,

    denominado cnjuge alienado, sem que existam motivos reais quejustifiquem essa condio.

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    Essa prtica comum aps a dissoluo da vida conjugal, por uma das partes no

    se conformar com o fim do casamento ou at mesmo com o intuito de vingar-se de

    seu ex- cnjuge. No entanto visualizada tambm durante o casamento, onde um

    dos cnjuges quer para si a ateno exclusiva da criana, levando a mente da

    criana informaes que propiciam o descrdito de seu genitor, no se dando conta

    do quanto prejudicial esse tratamento para o desenvolvimento do seu filho.

    Conforme dispe Gardner (apud MONACO E HINORAKO, 2012):

    Um distrbio da infncia que aparece quase exclusivamente no contexto dedisputas de custdia de crianas. Sua manifestao preliminar acampanha denegritria contra um dos genitores, uma campanha feita pelaprpria criana e que no tenha nenhuma justificao. Resulta dacombinao das instrues de um genitor (o que faz a lavagem cerebral,programao, doutrinao) e contribuies da prpria criana para caluniaro genitor-alvo. Quando o abuso e/ou a negligncia parentais verdadeirosesto presentes, a animosidade da criana pode ser justificada, e assim aexplicao de Sndrome de Alienao Parental para a hostilidade da crianano aplicvel.

    Nem sempre a criana consegue separar o que verdadeiro, acreditando nos fatos

    de forma insistente. De tanto ouvir relatos absurdos narrados pelo pai ou pela me,

    ela no consegue mais fazer distino, pois essa a verdade que lhe foi contada.

    Conforme dispe Velly (2010):

    A tentativa de denegrir a imagem do genitor alienado um sintoma quecostuma manifestar-se aparentemente dissociado de qualquer influnciaexterna, ou seja, a criana passa a impresso de ser um pensadorindependente, algum que tem suas prprias convices e que procuraextern-las de forma a tornar pblica a impresso que guarda do genitor

    alienado. No entanto, quando confrontada com seus sentimentos e instadaa apresentar as razes que a levam a querer alienar o genitor de suasfunes, afastando-o de si, a criana apresenta racionalizaes fracas,absurdas ou frvolas, que no se sustentam, por falta de coerncia. Noentanto, quando o grau de submisso sndrome apresenta-se moderadoou grave, a criana no consegue perceber a fragilidade dos argumentosque apresenta.

    caracterizada por atos tpicos, tais como seu pai no veio te ver porque no gosta

    de voc, sua me no se interessa por nada de sua vida, ou at mesmo quando de

    alguma forma um dos cnjuges dificultam a visitao, bem como bloqueiam qualquertentativa da criana conviver com seu outro genitor.

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    Conforme dispe, Calada (apud FREITAS, 2012, p. 25):

    O genitor alienador tido como um produto do sistema ilusrio, onde todo

    seu ver se orienta para destruio da relao dos filhos com o outro genitor.Em sua deturpada viso, o controle total dos seus filhos uma questo devida ou morte. O genitor alienador no capaz de individualizar, dereconhecer em seus filhos seres humanos separados de si. Muitas vezes, um sociopata sem conscincia moral. incapaz de ver a situao de outroangulo que no o seu especialmente sob o anglo dos filhos. No distingue adiferena entre dizer a verdade e mentir.

    Destarte, trata- se de mecanismos que o genitor utiliza para que seja dificultada a

    relao da criana com o genitor no detentor da guarda. Trata-se de conduta cruel,

    que prejudica o psiquismo do alienado, trazendo mculas que a criana carregar

    por toda sua vida.

    2.3.3 DIFERENA ENTRE ALIENAO PARENTAL E SNDROME DA ALIENAO PARENTAL

    Embora haja uma ligao entre a alienao parental e a sndrome da alienao

    parental, pode- se vislumbrar a diferena entre ambas. Uma vez que a alienao

    parental est ligada a campanha do descrdito, onde a criana induzida a afastar

    de seu genitor de forma cruel, pois ele passa a ter a pior imagem da pessoa que

    tanto a ama.

    Desta forma, a criana programada a ter repdio pelo outro genitor atravs de

    falsas memrias. No entanto a Sndrome da Alienao Parental, diz respeito ao

    transtorno psicolgico, graas a seu genitor que programa e modifica a conscincia

    do alienado.

    Assim dispe Fonseca (apud PAMPLONA FILHO e GAGLIANO, 2012, p. 614):

    A sndrome da alienao parental no se confunde, portanto, com a meraalienao parental. Aquela geralmente decorrente desta, ou seja, aalienao parental o afastamento do filho de um dos genitores, provocadopelo outro, via de regra, o titular da custdia. A sndrome da alienaoparental, por seu turno, diz respeito s sequelas emocionais e

    comportamentais de quem vem a padecer a criana vtima daquelealijamento. Assim, enquanto a sndrome refere- se conduta do filho que serecusa terminantemente e obstinadamente a ter contato com um dosprogenitores, que j sofre as mazelas oriundas daquele rompimento, a

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    alienao parental relaciona- se com processo desencadeado peloprogenitor que intenta arredar o outro genitor da visa do filho.

    Na Alienao faz-se geralmente uma campanha de descrdito, promovida na

    maioria das vezes, pelo genitor que detm a guarda da criana aps o divrcio,

    podendo tambm ser visualizada essa prtica pelos avs e outras pessoas da

    famlia que detenham a guarda a criana, com um nico objetivo de motivar o

    repdio em relao ao seu outro genitor, consequentemente o seu afastamento.

    Podendo esse afastamento no ser revertido, pois com certeza o juiz determinar

    medidas a afastar a criana de seu genitor at a concluso dos fatos, na maioria das

    vezes muito demorado e a criana quem sofre, pois submetida ao afastamento

    da pessoa que tanto ama, e que de uma hora para outra passou a ser vista de

    maneira negativa.

    Deste modo, a Sndrome da Alienao Parental se baseia nas consequncias

    devastadoras no psiquismo do alienado, ou seja, so as sequelas produzidas pela

    prtica da alienao parental.

    Conforme dispe Gardner (apud CZEPAK, 2005):

    Segundo Gardner, os efeitos da SAP na criana podem variar dedepresso, isolamento e incapacidade de adaptao, a comportamentohostil e dupla personalidade. Pessoas com a sndrome tm inclinao sdrogas. Tambm podem tornar-se mentirosas e manipuladoras, como osgenitores de que foram vtimas. Isso porque desde muito cedo so treinadaspara falar apenas uma parte da verdade. Quanto tornam-se adultas econstatam que foram cmplices inconscientes de uma injustia contra o pai

    ou a me normalmente se voltam contra o alienador e tentam retomar orelacionamento com o genitor afastado. Algumas das vtimas so tomadaspor um sentimento incontrolvel de culpa cuja consequncia mais drstica o suicdio.

    importante a anlise de alguns princpios para entender melhor a prtica abusiva

    da figura da alienao parental, uma vez que a prtica da alienao traz

    consequncias imensurveis no psicolgico do alienado, ferindo alguns direitos

    assegurados criana.

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    2.4 ALIENAO PARENTAL

    2.4.1 PRINCPIOS DO DIREITO DE FAMLIA

    A partir de agora ser feita a anlise de alguns princpios constitucionais que

    desaprovam a prtica da alienao parental.

    A Constituio Federal de 1988 preceitua em seu Art. 227, que:

    dever da famlia, da sociedade e do Estado assegurar criana e aoadolescente, com absoluta prioridade, o direito vida, sade, alimentao, educao, ao lazer, profissionalizao, cultura, dignidade, ao respeito, liberdade e convivncia familiar e comunitria,alm de coloc-los a salvo de toda forma de negligncia, discriminao,explorao, violncia, crueldade e opresso.

    Considerando a citao ora mencionada, quando um dos genitores comea a agir de

    alguma forma que venha retirar o bom e sadio convvio da criana com o outro

    genitor ou at mesmo outros membros da famlia, ele comea a ferir parte deste

    artigo, que o direito a convivncia familiar, pois retirado da criana e do

    adolescente o direito e a oportunidade de ter um bom relacionamento, uma boa

    estrutura familiar.

    2.4.1.1 PRINCPIO DA SOLIDARIEDADE FAMILIAR

    Trata- se contedo tico e moral, contendo valores humanos, que est previsto no

    Art. 3, inciso I da Constituio Federal de 1988, sendo intensificados esses valores

    nas relaes familiares, o que primordial a existncia de tais no mbito familiar.

    Nessa mesma esteira, o Art. 229 da Constituio Federal de 1988 diz, que: Os pais

    tm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores tm o

    dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carncia ou enfermidade. Sendo

    observado no s o lado material, como tambm as relaes afetivas como um todo.

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    Cabe aos pais no s o dever de sustentar, mas tambm permitir uma vida

    saudvel, acarretando a formao psicolgica da criana.

    Como preceitua o dispositivo legal ora mencionado, sabe-se que obrigatrio o

    cuidado com os filhos em qualquer situao, sendo necessrio estabelecer tal

    assistncia, desde o lado financeiro at o afetivo, no podendo se privar dessas

    obrigaes com base na dissoluo do casamento.

    E essa figura de repdio, de vingana, vem tirando da criana o direito de conviver

    de forma igual e a harmnica entre seus genitores, uma vez que o divrcio no

    extingue a paternidade, consequentemente o dever de zelar, educar e amar seusfilhos.

    Tal princpio garante a forma integral do convvio da criana com seus genitores,

    uma vez que o divrcio no justifica excluso de um dos pais da vida da criana,

    apenas se extingue uma sociedade conjugal, do qual as consequncias no podem

    e no devem recair sobre a criana.

    O que fica claro que realmente no h obrigao, quando o assunto amar, no

    entanto fica ntido a obrigao dos pais garantir criana, a educao, a sade, bem

    como uma criao sem mculas por questes no resolvidas de seus eles.

    2.4.1.2 PRINCPIO DA DIGNIDADE HUMANA

    O Art. 1, III da Constituio Federal de 1988, dispe como fundamento

    constitucional a Dignidade Humana que nitidamente encontrada na famlia como

    base de sua existncia. O desfazimento da unio no pode ser levado como motivo

    para gerar tamanha perversidade, o direito de constituir famlia assegurado, no

    entanto sua dissoluo tambm esta prevista, sendo comprovada pela dignidade da

    pessoa humana, pois uma vida em comum cheia de discrdia, desavenas trar

    apenas infelicidade no mbito familiar.

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    No se pode justificar tamanha perversidade como uma vingana, por sentimento de

    abandono, pois a prtica da alienao traz consequncias devastadoras na mente

    da criana, podendo trazer marcas por toda sua vida, podendo comprometer seu

    lado social, afetivo, etc., pois deixar de conviver com uma pessoa que tanto ama ,

    por vingana de seu genitor.

    2.4.1.3 PRINCPIO DA PROTEO INTEGRAL

    A proteo integral a criana e ao adolescente est nitidamente prevista no

    ordenamento jurdico no Art. 227 da Constituio Federal de 1988, gerandoposteriormente o Estatuto da Criana e do Adolescente Lei n. 8069/90. Este

    princpio trata nada mais que normas voltadas a proteger os indivduos com menos

    de 18 anos, que merecem tratamento diferenciado pelos legisladores por serem

    considerados vulnerveis, estando, portanto, em fase de desenvolvimento.

    Quando feita a prtica da alienao, voc retira da criana o direito que ela tem

    que o da convivncia familiar, no lhe permitindo a estabilidade emocional e umambiente digno, o que traria para a criana sensao de segurana e bem estar, que

    ponto essencial para quem est em desenvolvimento. Sendo essencial essa

    convivncia harmnica entre seus genitores mesmo que seus laos conjugais

    tenham sofrido ruptura.

    Assim dispe sobre o assunto Ramos (2010):

    O princpio da proteo integral da criana exige a cooperao das reas dosaber no resguardar da criana vtima a fim de que haja o seu tratamentodigno, no respeito a sua integridade fsico-psquica, na sua proteo social efamiliar, no oferecimento de tratamento psicolgico, na cooperao para ainterrupo da violncia, etc. A condenao criminal do autor do abusosexual conseqncia de um sistema de proteo articulado e bem feito,no qual a sociedade demonstra a desaprovao com a conduta praticada.

    Destarte a famlia tem como um dos objetivos, assegurar a criana o bem estar, bem

    como uma educao de qualidade e a convivncia com seus genitores de forma

    igual quando houver ruptura da vida conjugal de seus pais.

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    2.4.1.4 PRINCPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANA E DO ADOLESCENTE

    Atravs da Assembleia Geral, na Organizao das Naes Unidas, foi aprovado por

    unanimidade em novembro de 1959, a Declarao Universal dos Direitos da

    Criana, assegurando a esta, proteo e cuidados especiais, em considerao a sua

    imaturidade fsica, bem como mental. O texto Constitucional de 1988 vem em

    perfeita harmonia com essa declarao, sendo ratificado pelo Estatuto da Criana e

    do adolescente, que traz a criana como sujeito de direitos.

    Conforme dispe Gama (2008, p. 80):

    O princpio do melhor interesse da criana e do adolescente representaimportante mudana de eixo nas relaes paterno-materno-filiais, em que ofilho deixa de ser considerado objeto para ser alado a sujeito de direito, ouseja, a pessoa humana merecedora de tutela do ordenamento jurdico, mascom absoluta prioridade comparativamente aos demais integrantes dafamlia de que ele participa. Cuida-se, assim, de reparar um grave equivocona histria da civilizao humana em que o menor era relegado a planoinferior, ao no titularizar ou exercer qualquer funo na famlia e nasociedade, ao menos para o direito.

    O melhor interesse da criana e do adolescente trata- se de um princpio que atuacomo uma diretriz determinante em suas relaes com seus pais, juntamente com a

    sociedade e o Estado, onde a criana ou adolescente assume a figura do sujeito do

    direito.

    Neste mesmo sentido, a questo merece uma cautelosa observao, o princpio ora

    mencionado trata- se tambm de interpretao, bem como aplicao da norma

    jurdica no que diz respeito a assuntos relacionados criana e ao adolescente.

    O princpio em tela tem carter de proteo integral, e ser manifesto em relaes

    jurdicas quando envolver menor, como determinao da guarda, visitao, etc.,

    trata-se de um reflexo em relao ao carter de proteo total, no que diz respeito

    aos direitos assegurados criana ou adolescente, est relacionado tambm aos

    direitos humanos em geral, este princpio poder manifestar-se a qualquer momento

    da vida da criana e do adolescente quando estiver relacionada a situaes jurdicas

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    Desta forma possvel a visualizao de uma jurisprudncia do Tribunal de Justia

    do Esprito Santo, que mostra alguns dos princpios violados com a prtica da

    alienao parental:

    AGRAVO DE INSTRUMENTO. AO CAUTELAR INOMINADA.SUSPENSO DA GUARDA COMPARTILHADA. PRINCPIO DO MAIORINTERESSE DA CRIANA. PRINCPIO DA DIGNIDADE DA PESSOAHUMANA. DIREITO A CONVIVNCIA FAMILIAR. PODER FAMILIARATRIBUDO AOS PAIS. GUARDA COMPARTILHADA COMO REGRA.INDCIOS DE ALIENAO PARENTAL. RECURSO IMPROVIDO.

    1) Segundo o princpio do maior interesse da criana e do adolescente,proclamado no caput art. 227 da Constituio Federal, dever da famlia,da sociedade e do Estado assegurar criana, ao adolescente e ao jovem,com absoluta prioridade, o direito vida, sade, alimentao, educao, ao lazer, profissionalizao, cultura, dignidade, ao respeito, liberdade e convivncia familiar e comunitria, alm de coloc-los asalvo de toda forma de negligncia, discriminao, explorao, violncia,crueldade e opresso...2) Em reforo, estabelecendo a proteo integral da criana e doadolescente, preconiza o ECA que a criana e o adolescente gozam detodos os direitos fundamentais inerentes pessoa humana, sem prejuzo daproteo integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou poroutros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar odesenvolvimento fsico, mental, moral, espiritual e social, em condies deliberdade e de dignidade. (art. 3)3) Alm disso, trazendo um rol meramente exemplificativo dos direitostitularizados pelos infantes, prescreve o art. 4 do Estatuto que dever dafamlia, da comunidade, da sociedade em geral e do poder pblicoassegurar, com absoluta prioridade, a efetivao dos direitos referentes vida, sade, alimentao, educao, ao esporte, ao lazer, profissionalizao, cultura, dignidade, ao respeito, liberdade e convivncia familiar e comunitria.4) evidente que tais valores destacados pelo sistema normativo, quevisam, acima de tudo, assegurar o pleno desenvolvimento da criana,dependem fundamentalmente da famlia, pois cabe a ela gerenciar aformao moral da pessoa at a fase adulta da vida.5) Exatamente por isso, a lei outorgou a ambos os pais um conjunto deresponsabilidades relacionadas a direo, criao e educao dos filhos, oque foi denominado pelo cdigo civil de poder familiar. E, obviamente, no

    a extino da sociedade conjugal que ir alterar esse vnculo de parentesco,conforme prev a lei civilista: a separao judicial, o divrcio e a dissoluoda unio estvel no alteram as relaes entre pais e filhos seno quantoao direito, que aos primeiros cabe, de terem em sua companhia ossegundo. (art. 1.632)6) E nesse sentido, segue a jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia,que em inmeras oportunidades j manifestou que toda criana ouadolescente tem o direito de ter amplamente assegurada a convivnciafamiliar, o que se traduz na rgida observncia da prevalncia do melhorinteresse da criana, devendo os pais pensarem sempre de formaconjugada no bem estar dos filhos, para que possam os menores usufruirharmonicamente da famlia que possuem, tanto a materna, quanto apaterna, ainda que seus ascendentes estejam separados.

    7) Portanto, foi nessa busca de proteo integral aos interesses dos filhosque os artigos 1.583 e 1.584 foram substancialmente alterados pela Lei11.698/2008, passando ento a determinar como regra a guardacompartilhada, uma vez que, conforme salientou a Min. Nancy Adrighi no

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    REsp 1.251.000/MG, esta [guarda compartilhada] reflete, com muito maisacuidade, a realidade da organizao social atual, em que cada vez maisficam apenas na lembrana as rgidas divises de papis sociais definidaspelo gnero dos pais.8) Sendo assim, salvo quando presentes elementos robustos dando conta

    do perigo da manuteno da guarda compartilhada, mostra-se precipitado eirresponsvel privar liminarmente pai e filho do convvio, ainda mais quandopresentes indcios de ato de alienao parental.9) A sndrome de alienao parental refere-se a um transtorno dapersonalidade que tem acometido crianas e adolescentes cujos paistenham se envolvido em forte litgio decorrente da necessidade deinterveno judicial para estabelecer o sistema de atribuio de sua guarda,com os correlatos direitos e deveres da decorrentes.10) Acompanhando a evoluo da matria, foi ento editada a Lei12.318/10, que definiu a sndrome de alienao parental como ainterferncia na formao psicolgica da criana ou do adolescentepromovida ou induzida por um dos genitores, pelos avs ou pelos quetenham a criana ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilncia

    para que repudie genitor ou que cause prejuzo ao estabelecimento ou manuteno de vnculos com este (art. 2).11) Destarte, diante da presena de indcios de ato de alienao parental,caber o magistrado de primeira instncia, na instruo do feito, determinar,ouvido o Ministrio Pblico, as medidas provisrias necessrias parapreservao da integridade psicolgica da criana, a teor da previso do art.4 da Lei 12.318/10, valendo-se inclusive, caso vislumbre necessrio, depercia psicolgica ou biopsicossocial (art. 5). Recurso improvido.ACORDA a Egrgia Segunda Cmara Cvel, em conformidade da ata enotas taquigrficas da sesso, que integram este julgado, unanimidade,negar provimento ao recurso. Relator: JOS PAULO CALMONNOGUEIRA DA GAMA. Data do Julgamento: 05/06/2012.Vitria, 05 dejunho de 2012.

    2.4.2 REQUISITOS PARA DECLARAR ALIENAO PARENTAL

    A alienao parental poder ser declarada de ofcio ou mediante requerimento de

    um dos genitores, tratar de ao autnoma ou incidental, sendo sua tramitao

    prioritria.

    Caber ao magistrado durante a tramitao do processo determinar diligncias para

    que se apure o nvel da alienao.

    Poder ser requisitada a pericia multidisciplinar que consiste em uma designao de

    aes que podero ser realizadas, como pericias sociais, mdicas, psicolgicas

    dentre outras.

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    Neste mesmo sentido, dispe Freitas (2012, p. 67) :

    A percia multidisciplinar ser um dos instrumentos no conjunto probatrio

    da ao. A produo da pericia como prova processual possui um carterobjetivo e outro subjetivo. O primeiro se d pelo fato de que o instrumentalapresentar nos autos da ao um instrumento hbil e verificvel, que tempor finalidade demonstrar a existncia de um fato. O segundo a influnciapsquica que a pericia produz, pois retratar- documentar- uma realidadeftica traz s partes envolvidas na ao a possibilidade de apreciao daprova produzida, para que sela corroborada ou contestada.

    Ou seja, a percia multidisciplinar trata- se de designaes genricas, onde essas

    percias podero ser realizadas de forma conjunta ou separada, o juiz nomear o

    perito multidisciplinar, fixando de forma imediata o prazo para entrega do laudo, para

    ento diagnosticar a possvel alienao, ou seja, demonstrar a certeza e a

    veracidade das afirmaes apresentadas.

    Como dispe Freitas (2012, p. 51):

    A percia multidisciplinar, como nominada pela Lei da Alienao Parental,consiste na designao genrica das percias que podero ser realizadasem conjunto ou separadamente na ao judicial. composta por percias

    sociais, psicolgica, mdicas, entre outras que se fizerem necessrias parao subsdio e certeza da deciso judicial.

    Nesta mesma esteira, entende- se que tais procedimentos devero ser realizados

    por profissionais habilitados na matria que iro periciar, uma vez que o laudo

    servir para a fundamentao das medidas que o magistrado entenda como

    necessrias. Porm poder o juiz dispensar a prova apresentada pelo perito, quando

    as partes na inicial e na contestao, apresentarem questes de fatos, bem como

    pareceres tcnicos, ou outros documentos esclarecedores, e que o mesmoconsidere suficiente para sua convico.

    2.4.3 EFEITOS DA PRTICA DA ALIENAO PARENTAL

    Uma vez instalada as prticas da alienao parental, vem sobre a criana os efeitos

    da sndrome da alienao parental. As consequncias so devastadoras nopsiquismo do alienado, podendo tanto ser emocionais como psquicas, trata-se de

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    marcas que a vtima carregar por toda sua vida, vindo a ter comprometimentos

    sociais, interferncia em seus rendimentos escolares, uma vez que passam a ser

    apticos.

    A criana carrega consigo, um sentimento constante de dio pelo seu genitor,

    estando propcia a apresentarem algum distrbio psicolgico, depresso, vindo

    posteriormente a consumir algum tipo de droga, com o objetivo de esquecer a dor,

    podendo em seguida levar a um suicdio. Sendo tambm colocado em jogo seu

    comprometimento social, onde o alienado passa a ter dificuldade em se relacionar

    com outras pessoas, bloqueando uma relao duradoura, ela tende a se isolar da

    sociedade.

    Destarte, a criana alienada pode vir a se comportar como se menos idade tivesse,

    h um processo de regresso, com o objetivo de voltar a uma poca em que essas

    prticas no ocorriam. Chegando a vida adulta, vem o sentimento de culpa por

    pensar que tudo ocorreu por sua exclusiva culpa, sabendo que agiu de forma injusta

    com seu genitor alienado, mas no percebe que foi induzido a isso.

    O psiclogo Mendona (apud MAGALHES, 2010) especialista em Psicologia

    Clnica e professor supervisor clnico no curso de Especializao em Terapia

    Familiar, diz que a criana costuma enfrentar dois cenrios distintos:

    Penso aqui em dois cenrios. Um deles a falta de informaes a respeitodo genitor ausente, que pode gerar na criana fantasias de ter sidoabandonada ou rejeitada. No outro cenrio, caracterstico da alienaoparental, as informaes recebidas pela criana a respeito do genitor

    alienado so sempre de desqualificao e crticas negativas, com vistas adenegrir a sua imagem perante a criana. Eu considero ambos os cenriosuma forma de abuso psicolgico contra a criana, cujas consequnciaspodem incluir at mesmo srios distrbios emocionais, transtornos deidentidade e drogadio. Na Terapia de Famlia, trabalhamos com umimportante conceito que pode se encaixar neste caso, que o da lealdadeinvisvel. Mesmo que a criana inicialmente no concorde nem perceba ogenitor ausente sob a tica do genitor alienador, ela passa a ter deacreditar nas mesmas coisas devido ao seu vnculo e dependnciaemocional com o genitor que est mais prximo. Ou seja, apesar de gostare sentir saudade do genitor alienado, a criana no pode deixartransparecer tal sentimento, sob pena de decepcionar ou desagradar ogenitor com quem ela convive. simplesmente uma situao

    enlouquecedora para a criana.

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    O abuso mais invocado nos casos de separao o emocional, todavia possvel

    visualizar o falso abuso sexual, com o objetivo de manter uma efetiva distncia entre

    a criana e seu ex- cnjuge.

    O abuso sexual trata- se de prtica intolervel e totalmente desumana, uma vez que

    a criana submetida a satisfazer a lascvia de um adulto no podendo se quer

    defender- se. Trazendo para a vida da criana marcas que o tempo no apagar,

    desse modo, implantar um abuso sexual falso, trar criana todo esse sentimento

    de repudio que uma pessoa que j foi violentada sente, o mais doloroso que

    muitas vezes a criana acredita que lhe ocorreu aquele abuso e cresce com todo

    esse sentimento de revolta pelo outro genitor.

    Destarte, trata- se de ao monstruosa separar a criana de um de seus pais

    usando acusaes falsas, apenas por no conseguir digerir totalmente a dissoluo

    do vnculo conjugal que existia, no se importando o quanto a criana ir sofrer com

    esse afastamento.

    Cuenca (apud FREITAS, 2012, p. 37), assim entende:

    Ao estudar o perfil do genitor alienador, conclui que este geralmentedemonstra uma grande impulsividade e baixa autoestima, medo deabandono repetitivo, esperando sempre que os filhos estejam dispostos asatisfazer as suas necessidades, variando as expresses m exaltao ecruel ataque esta a fase mais grave.

    Ento o alienador toma mo de todas e quaisquer acusaes que venha a denegrir

    a imagem de ex- cnjuge com a inteno apenas de vingar- se, no sabendo que a

    maior e nica vitima a criana que perde o direito de conviver de forma igualitria

    com as pessoas que mais ama.

    As consequncias podem ser atingidas tambm as pessoas que vivem prximas a

    criana, pois a criana privada de convive com essas pessoas quem nenhum

    problema tem com a mesma.

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    2.4.3.1 CONSEQUNCIAS JURDICAS DA PRTICA DA ALIENAO PARENTAL

    Fonseca (2009, p. 58) entende que: as providncias judiciais a serem adotadas

    dependero do grau em que se encontra o estgio da alienao parental.

    Desta forma, as medidas a serem tomadas pelo magistrado dependero do grau que

    se encontra a alienao parental.

    O Art. 6 da Lei 12.318/10, que dispe sobre a Alienao Parental, diz que:

    Caracterizados atos tpicos de alienao parental ou qualquer conduta quedificulte a convivncia de criana ou adolescente com genitor, em aoautnoma ou incidental, o juiz poder, cumulativamente ou no, semprejuzo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da amplautilizao de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seusefeitos, segundo a gravidade do caso:

    I - declarar a ocorrncia de alienao parental e advertir o alienador;II - ampliar o regime de convivncia familiar em favor do genitor alienado;III - estipular multa ao alienador;IV - determinar acompanhamento psicolgico e/ou biopsicossocial;V - determinar a alterao da guarda para guarda compartilhada ou suainverso;

    VI - determinar a fixao cautelar do domiclio da criana ou adolescente;VII - declarar a suspenso da autoridade parental.

    Trata o Inciso I, de um passo inicial em relao a todas as outras medidas que vise

    extinguir a alienao parental, uma vez que nesse momento que ir identificar a

    alienao, bem como tomar medidas para trazer o fim dessa prtica monstruosa.

    A Lei 12.318/10 que dispe sobre a alienao parental traz a preferncia pelo

    instituto da guarda compartilhada, no entanto o inciso II vem garantir essa ampliao

    de convivncia da criana com o genitor alienado.

    Ademais, o inciso III, traz como uma das penalidades ao genitor alienante a multa de

    forma alternativas e/ ou cumulativas, no podendo ultrapassar as condies

    financeiras do alienante, com o objetivo de evitar- se o empobrecimento, ou

    enriquecimento de forma rpida do alienado, bem visualizado , quando existe

    estipulado dia de visitao e o genitor descumpre tal ordem, devendo ento ser

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    fixada uma multa com a finalidade de evitar a prtica de algumas situaes que

    venha a afastar a criana do genitor alienado.

    Nessa mesma esteira, o inciso IV traz o acompanhamento psicolgico e/ou

    biopsicossocial, que no fica restrito apenas a criana alienada, afinal o genitor

    alienador tambm necessita de tal tratamento, podendo ser decretada como medida

    judicial, onde o no cumprimento geraria uma penalidade, podendo ser a multa.

    O inciso V traz como uma medida/soluo a guarda compartilhada, uma vez que a

    guarda unilateral retira da criana o direito de conviver de igual forma com seus

    genitores, no havendo conotao de posse, porm se houver a necessidade dereverso da guarda compartilhada para a unilateral, esse mesmo inciso prev tal

    situao, levando em considerao que a guarda compartilhada deve ser a primeira

    opo.

    Pantaleo (apud FREITAS, 2012 p. 45-46) afirma que:

    "A guarda compartilhada de forma notvel favorece o desenvolvimento dascrianas com menos traumas e nus, propiciando a continuidade da relaodos filhos com seus dois genitores, retirando assim da guarda a ideia deposse".

    Ainda possvel, a fixao cautelar do domicilio da criana ou do adolescente,

    conforme dispe o inciso VI, como meio de resguardar as medidas trazidas na Lei

    da Alienao Parental, com o intuito de ser determinado um domicilio para o

    recebimento de intimaes, ou at mesmo outras questes necessrias.

    Por derradeiro, faz se necessrio destacar, a suspenso da autoridade parental que

    traz o inciso VII, tratando-se, portanto do poder familiar, embora no venha assim

    intitulado, podendo essa suspenso ser temporria, bem como extinto como dispe

    o art. 1.638 do Cdigo Civil de 2002:

    Art. 1.638. Perder por ato judicial o poder familiar o pai ou a me que:I - castigar imoderadamente o filho;

    II - deixar o filho em abandono;III - praticar atos contrrios moral e aos bons costumes;IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.

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    Nesse diapaso cabe ao magistrado determinar a realizao de percia psicolgica

    ou psicossocial, a fim de saber o nvel que se encontra a alienao, para ento

    aplicar a sano pertinente.

    Observada qualquer hiptese do art. 1.635 do Cdigo Civil de 2002, deixar de

    existir o poder familiar sobre o filho, uma vez que trata-se de rol taxativo no

    abrangendo a separao como causa de extino de poder familiar.

    Assim dispe o Art. 1.635 do Cdigo civil de 2002:

    Art. 1.635. extingue- se o poder familiar:I - pela morte dos pais ou do filho;II - pela emancipao nos termos do art.5, pargrafo nico;III - pela maioridade;IV- por deciso judicial, na forma do art 1638.

    No mencionando em nenhum de seus incisos o fim da sociedade conjugal, como

    requisito para se extinguir o poder familiar.

    2.4.4 GUARDA COMPARTILHADA

    Trata-se de uma modalidade de guarda que apresenta muitas vantagens, tanto para

    a criana quanto para seus genitores, uma vez que, possibilita a ambos os pais

    conviverem de forma igualitria com seus filhos, sendo permitido acompanhar o seu

    crescimento bem como educar e participar de forma assdua da rotina de seu filho.

    Neste caso evita- se desenvolver o sentimento de culpa no psiquismo da criana,

    pois ela trata de forma igual seus pais, sabendo que o que acabou foi apenas o

    casamento destes, no extinguindo a relao entre ela e seus genitores.

    Conforme dispe Freitas (2012, p. 87):

    Guarda a condio de direito de uma ou mais pessoas, por determinao

    legal ou judicial, em manter um menor de 18 anos sob sua dependnciasciojurdica, podendo ser unilateral ou compartilhada. Do latim guardare eno germnico wardem, seu significado reside em proteger, conservar, olhar,vigiar.

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    Sabe- se no Cdigo de 1916 era feita uma distino entre separao amigvel e a

    litigiosa, uma vez que a guarda no era concedida a quem fosse culpado pela

    dissoluo do casamento, em relao a separao litigiosa.

    Destarte, o Decreto- lei 3.200 de 1941 atribua ao pai prioridade da guarda da

    criana em caso de dissoluo, no entanto no ano de 1962 com o advento do

    Estatuto da Mulher Casada era analisado apenas quem era o culpado pelo fim do

    casamento, no mais levando em considerao idade e sexo dos filhos como

    anteriormente e havendo a reciprocidade quanto a culpa a criana ficava com a

    me.

    Foi de grande importncia tambm, a lei do divrcio, a qual garantia a guarda ao

    cnjuge que convivia com a criana no momento da separao, ou mesmo o que

    pudesse manter a criana da melhor forma possvel.

    Com o advento do Cdigo Civil de 2002, bem como do Estatuto da Criana e do

    Adolescente, garantido criana ficar com quem melhor tenha condies de

    assegurar a ela o bem estar, e demais quesitos importantes na educao eformao psicolgica da mesma, sendo que a criana nada tem a ver com a

    dissoluo entre seus cnjuges, lhe sendo assegurado o comum e sadio convvio

    com seus pais.

    Como dispe Oliveira, (2011):

    A guarda compartilhada surge com grandes vantagens, dando nfase convivncia dos filhos com os seus dois genitores e evitando, assim, que omenor fique sem contato com o genitor que no detm a guarda. Ambos osgenitores colocam em nfase melhor proteo para o menor.

    Levando em considerao que o fim do casamento no leva a extino do vnculo

    afetivo entre os filhos e seus genitores, que surge e importante figura da guarda

    compartilhada. Onde mesmo aps a ruptura do casamento a relao da criana com

    seus pais continuaro da mesma forma, pois mantm- se as obrigaes e os

    direitos, devendo ento ser estipulado tal espcie de guarda quando houverqualquer conflito, a fim de obedecer ao principio do melhor interesse da criana.

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    Pode- se dizer que a guarda compartilhada seria o melhor caminho para inibir a

    alienao parental, uma vez que as crianas iro conviver de forma igual com seus

    genitores.

    Ainda sobre a modalidade guarda compartilhada, preceitua Barreto (2003):

    Por guarda compartilhada, tambm identificada por guarda conjunta (jointcustody, no direito anglo-saxo), entende-se um sistema onde os filhos depais separados permanecem sob a autoridade equivalente de ambos osgenitores, que vm a tomar em conjunto decises importantes quanto aoseu bem estar, educao e criao. tal espcie de guarda um dos meiosde exerccio da autoridade parental, quando fragmentada a famlia,buscando-se assemelhar as relaes pai/filho e me/filho - que

    naturalmente tendem a modificar-se nesta situao - s relaes mantidasantes da dissoluo da convivncia, o tanto quanto possvel.

    Trata- se de uma opo no qual facilitaria muito o desuso de prticas a ferir o

    psicolgico da criana, uma vez que nessa modalidade de guarda a criana tem o

    convvio de forma igualitria com seus pais.

    Destarte, a inteno que mesmo com o fim do vnculo conjugal a vida da criana

    no venha a sofrer alteraes ao ponto de lhe desencadear uma possvel sndrome,comprometendo todo o seu lado psicolgico.

    Como dispe Freitas (2012 p. 90):

    Guarda compartilhada um sistema em que os filhos de pais separadospermanecem sob autoridade equivalente a ambos os genitores, que vm atomar em conjunto decises importantes quantos ao seu bem estar,educao e criao.

    Tem por objetivo esta modalidade buscar a harmonia entre os pais e seus filhos,

    aps a separao, fazendo com que a vida da criana no venha sofrer limitaes

    de conviver com um ou outro genitor, afinal de contas a nica coisa que chegou ao

    fim foi a vida conjugal de seus pais, devendo a vida da criana no sofrer tantas

    mudanas, devendo os pais estar em comum acordo de continuarem a estabelecer

    um convvio sadio com a nica coisa que eles vo continuar possuindo em comum,

    que o filho, pois este em nada contribuiu com a relao fracassada que osgenitores possuram.

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    Assim dispe Salles, (apud, FREITAS, 2012, p. 91):

    A modalidade compartilhada atribuda guarda d uma nova e indita

    conotao ao instituto ptrio poder, j que tem por finalidade romper com aideia de poder e veicula a perspectiva da responsabilidade d cuidado dacriana e do convvio familiar. A partir deste ovo conceito, retirada daguarda a conotao de posse, privilegiando- se a ideia de estar com, decompartilhar sempre voltada par o melhor interesse das crianas econsequentemente dos pais.

    Portanto diante de tantos conflitos como quem vai passar o final de semana com a

    criana, entre outros, que surgiu como uma soluo o instituto da guarda

    compartilhada, que melhor atende aos interesses da criana.

    Os artigos 1.583 e 1.584 do Cdigo Civil de 2002, assim dispem:

    Artigo 1.583. A guarda ser unilateral ou compartilhada. 1o Compreende-se por guarda unilateral a atribuda a um s dos genitoresou a algum que o substitua (art. 1.584, 5o) e, por guarda compartilhada aresponsabilizao conjunta e o exerccio de direitos e deveres do pai e dame que no vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dosfilhos comuns.[...]Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poder ser:I - requerida, por consenso, pelo pai e pela me, ou por qualquer deles, emao autnoma de separao, de divrcio, de dissoluo de unio estvelou em medida cautelar;II - decretada pelo juiz, em ateno a necessidades especficas do filho, ouem razo da distribuio de tempo necessrio ao convvio deste com o pai ecom a me. 1o Na audincia de conciliao, o juiz informar ao pai e me osignificado da guarda compartilhada, a sua importncia, a similitude dedeveres e direitos atribudos aos genitores e as sanes pelodescumprimento de suas clusulas. 2o Quando no houver acordo entre a me e o pai quanto guarda dofilho, ser aplicada, sempre que possvel, a guarda compartilhada. 3o Para

    estabelecer as atribuies do pai e da me e os perodos de convivnciasob guarda compartilhada, o juiz, de ofcio ou a requerimento do MinistrioPblico, poder basear-se em orientao tcnico-profissional ou de equipeinterdisciplinar. 4o A alterao no autorizada ou o descumprimento imotivado de clusulade guarda, unilateral ou compartilhada, poder implicar a reduo deprerrogativas atribudas ao seu detentor, inclusive quanto ao nmero dehoras de convivncia com o filho. 5o Se o juiz verificar que o filho no deve permanecer sob a guarda do paiou da me, deferir a guarda pessoa que revele compatibilidade com anatureza da medida, considerados, de preferncia, o grau de parentesco eas relaes de afinidade e afetividade.

    Nesta modalidade pode-se vislumbrar a responsabilizao de ambos os genitores

    acerca de todos os eventos referentes ao filho, sendo primordial o bom convvio

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    entre os genitores a fim de garantir que seja vivenciada essa guarda da forma mais

    pacfica possvel.

    2.4.5 TRATAMENTO COMPULSRIO DOS PAIS

    Levando em considerao que o direito no possu todas as ferramentas

    necessrias para resoluo de alguns conflitos, eis que surge o chamado auxlio

    externo, que versa sobre uma prtica alternativa, no sendo de forma judicial, porm

    tem o aval do poder judicirio, trata- se da terapia familiar, que ajudar a resolver

    os reflexos deixados pela alienao parental.

    Conforme dispe Freitas (2012, p. 112):

    O judicirio infelizmente, no possui instrumentais adequados para resolversituaes mais delicadas, e na psicologia e na terapia familiar que seencontra uma melhor condio para resolver, de forma efetiva, os reflexosda Alienao Parental.

    Sendo assim, cabe ao Estado atravs do poder judicirio fixar medidas com a

    finalidade de reduzir tais danos, conforme dispe o Art. 4 do Estatuto da Criana e

    do Adolescente, que diz que dever de todos inclusive do poder pblico garantir,

    com absoluta prioridade, a efetivao dos direitos no que se refere sade,

    alimentao, cultura, dentre outros.

    Assim preceitua Ramos (2010):

    O Estado deve atuar em dois nveis, um legal e outro psicossocial. Noprimeiro nvel, deve legislar condenando este tipo de relacionamentofamiliar e, no outro, deve cuidar da famlia - por um lado, reprimindo etratando o autor do ato incestuoso e, por outro lado, tratando a vtima do atoincestuoso e do restante de sua famlia nos nveis psicolgico e social.

    Ademais, o Art. 6 da Lei 12.318/2010 que dispe sobre da alienao parental,

    dispe que o juiz poder cumulativamente ou no, aplicar a utilizao de

    instrumentos que visem diminuir ou inibir os atos da alienao parental.

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    Destarte, essa percia dever ser realizada por profissional habilitado no objeto

    pretendido, quais sejam assuntos de relao familiar, bem como seus pertinentes

    reflexos, tais como o instituto da alienao parental.

    O tratamento compulsrio tem por finalidade primordial resguardar o melhor

    interesse da criana, bem como, abrigar o que o Estatuto da Criana e do

    Adolescente j garantia.

    Conforme dispe Freitas (2012, p. 113):

    O juiz, a pedido do advogado, e sob tais fundamentos pode determinar arealizao de TERAPIA COMPULSRIA aos pais para que tratem osdistrbios e as condutas motivadoras da conduta alienatria praticada porum ou ambos, a fim de tornarem- se, na medida do possvel, poispropiciadores de uma famlia mais saudvel equilibrada. No objetivo detal tratamento a reconciliao entre pai e me, para tornarem- se marido emulher novamente, mas sim a conscientizao destes no sentido de que,embora estejam mais em unio conjugal, no deixem de ser pais, e, por tal,arquem com compromissos inerentes a tal funo e responsabilidade mparem face do desenvolvimento psicolgico - e fsico - de seu filho, que no culpado pela falncia da relao.

    Neste mesmo sentido, percebe-se a verdadeira funo do tratamento compulsrio,pois nada mais que uma terapia familiar que tem por objetivo tratar os distrbios

    que a dissoluo do vnculo conjugal propiciou, com a primordial inteno de

    conscientizar os pais de que essa ruptura conjugal no cessa suas obrigaes com

    os filhos, ou seja, visa resguardar os direitos de uma convivncia familiar sem

    mculas, colocando a criana a salvo de qualquer situao que venha interferir em

    sua formao psicolgica.

    2.4.6 RESPONSABILIDADE CIVIL DECORRENTE DA ALIENAO PARENTAL

    2.4.6.1 DO ABUSO AFETIVO E ABANDONO AFETIVO

    Com a efetivao da Lei da Alienao parental, bem provvel que haja harmoniaentre os tribunais e doutrinas, no sentido de que seja fixado dano moral nessas

    relaes de abandono afetivo, no afirmando que existe a obrigao de amar,

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    porm, um ressarcimento pela prtica da alienao parental que incide em ato ilcito,

    tratando- se de um abuso afetivo.

    Tal entendimento pode ser visualizado no art. 3 e 6 da Lei 12. 318/2010 que dispe

    sobre a Alienao Parental (apud FREITAS, 2012, p. 107):

    Art. 3. A prtica de ato de alienao parental fere direito fundamental dacriana ou do adolescente e convivncia familiar saudvel, prejudicarealizao de afeto nas relaes com genitor e com grupo familiar, constituiabuso moral contra a criana ou adolescente e descumprimento dosdeveres inerentes autoridade parental ou decorrente de tutela ou guarda.

    Art. 6. Caracterizados atos tpicos de alienao parental ou qualquerconduta que dificulte a convivncia de criana ou adolescente com genitor,em ao autnoma incidental, o juiz poder, cumulativamente ou no, semprejuzo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da amplautilizao de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seusefeitos, segundo a gravidade do caso.

    Desta forma, resta demonstrada a obrigao da reparao, no pelo desamor e sim

    pela prtica do abuso afetivo, que decorre da prtica da alienao parental.

    Conforme dispe Freitas (2012, p. 106):

    Com o advento da Lei da Alienao Parental, a fixao de danos moraisdecorrentes do "Abuso Moral" ou "Abuso Afetivo", advindos da prticaalienatria, se tornar, certamente, consenso na doutrina e nos tribunais,permitindo, tanto ao menor como genitor alienado, o direito de tal pleito, poisno se trata de indenizar o desamor, mas de buscar a compensao pelaprtica ilcita ( seno abusiva ) de atos da alienao parental.

    Para melhor compreenso da questo do dano afetivo, preciso entender que

    imposto deveres aos pais atravs do poder familiar, sendo assim, conviver com os

    pais hoje no trata- se de apenas um direito e sim dever imposto a eles, uma vez

    que esta falta pode desencadear na mente da criana sequelas que podero

    interferir em seu desenvolvimento social.

    Destarte, a ausncia dos valores protegidos e garantidos a criana configura dano

    moral, e posteriormente o dever de indenizar, com o objetivo de amenizar as

    sequelas deixadas por esse abandono.

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    Confirmando tal posicionamento, o Supremo Tribunal de Justia (apud FREITAS,

    2012, p. 104), traz entendimento atravs da seguinte deciso:

    CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FAMLIA. ABANDONO AFETIVO.COMPENSAO POR DANO MORAL. POSSIBILIDADE.1. Inexistem restries legais aplicao das regras concernentes responsabilidade civil e o consequente dever de indenizar/compensar noDireito de Famlia.2. O cuidado como valor jurdico objetivo est incorporado no ordenamentojurdico brasileiro no com essa expresso, mas com locues e termos quemanifestam suas diversas desinncias, como se observa do art. 227 daCF/88.3. Comprovar que a imposio legal de cuidar da prole foi descumpridaimplica em se reconhecer a ocorrncia de ilicitude civil, sob a forma deomisso. Isso porque o non facere, que atinge um bem juridicamente

    tutelado, leia-se, o necessrio dever de criao, educao e companhia de cuidado importa em vulnerao da imposio legal, exsurgindo, da, apossibilidade de se pleitear compensao por danos morais por abandonopsicolgico.4. Apesar das inmeras hipteses que minimizam a possibilidade de plenocuidado de um dos genitores em relao sua prole, existe um ncleomnimo de cuidados parentais que, para alm do mero cumprimento da lei,garantam aos filhos, ao menos quanto afetividade, condies para umaadequada formao psicolgica e insero social.5. A caracterizao do abandono afetivo, a existncia de excludentes ouainda, fatores atenuantes por demandarem revolvimento de matria fticano podem ser objeto de reavaliao na estreita via do recurso especial.6. A alterao do valor fixado a ttulo de compensao por danos morais

    possvel, em recurso especial, nas hipteses em que a quantia estipuladapelo Tribunal de origem revela-se irrisria ou exagerada.7. Recurso especial parcialmente provido.( RECURSO ESPECIAL N1.159.242 - SP (2009/0193701-9) RELATORA : MINISTRA NANCYANDRIGHI, Terceira Turma, j. 24.04.2012 DJe 10.05.2012)

    Diante de tal posicionamento, pode se estabelecer hoje que h sim o dever de

    reparar o descumprimento do dever de afeto. No entanto para alguns doutrinadores

    h que se observar se houve culpa do genitor que no forneceu amor/ ateno para

    ento se falar em dever de indenizar.

    Quando se fala em abuso afetivo, trata- se de ao culpvel bem como ilcita, o que

    impe ao alienador o dever de reparar o dano causado ao alienante. No restando

    dvida de que a alienao uma prtica cruel, tem carter ilcito, o que exige o

    dever de indenizar.

    Sabendo que a criana e/ ou adolescente encontra- se em total dependncia de

    seus pais, o no cumprimento de suas obrigaes pode tornar possvel uma

    indenizao, sabendo que o afeto trata- se de elemento essencial para a formao

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    psicolgica da criana, pois trata -se de cicatrizes que a criana carregar por toda

    sua vida comprometendo toda sua vida social.

    2.4.7 EXPOSIES SOBRE OS VETOS DA LEI 12.318/10

    importante salientar aqui os vetos da lei tratada durante este trabalho, bem como

    seus respectivos motivos obtidos atravs da mensagem ao Senado n. 513, de 26

    de agosto de 2010, (apud, FREITAS, 2012, p.33 - 34).

    Portanto ouvido, o Ministrio da Justia manifestou o Presidente da Republica peloveto dos dispositivos abaixo mencionados:

    "Art. 9. As partes, por iniciativa prpria ou sugesto do juiz, do MinistrioPblico ou do Conselho Tutelar, podero utilizar-se do procedimento damediao para a soluo do litgio, antes ou no curso do processo judicial. 1. O acordo que estabelecer a mediao indicar o prazo de eventualsuspenso do processo e o correspondente regime provisrio para regularas questes controvertidas, o qual no vincular eventual deciso judicialsuperveniente.

    2. O mediador ser livremente escolhido pelas partes, mas o juzocompetente, o Ministrio Pblico e o Conselho Tutelar formaro cadastrosde mediadores habilitados a examinar questes relacionadas alienaoparental. 3. O termo que ajustar o procedimento de mediao ou o que deleresultar dever ser submetido ao exame do Ministrio Pblico e homologao judicial."

    Razes do veto"O direito da criana e do adolescente convivncia familiar indisponvel,nos termos do art. 227 da Constituio Federal, no cabendo suaapreciao por mecanismos extrajudiciais de soluo de conflitos.Ademais, o dispositivo contraria a Lei n o 8.069, de 13 de julho de 1990, que

    prev a aplicao do princpio da interveno mnima, segundo o qualeventual medida para a proteo da criana e do adolescente deve se