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23/1/2014 Alienação parental: a problemática da concessão de medida liminar e o pedido de tutela antecipada deferido na sentença | Informativos Resumidos do… http://informativosresumidos.com/2013/05/17/alienacao-parental-a-problematica-da-concessao-de-medida-liminar-e-o-pedido-de-tutela-antecipada-deferid… 1/14 Informativos Resumidos do STF e STJ É simples e rápido estudar jurisprudência. Alienação parental: a problemática da concessão de medida liminar e o pedido de tutela antecipada deferido na sentença Alienação parental: a problemática da concessão de medida liminar e o pedido de tutela antecipada deferido na sentença Marivone Vieira Pereira de Araújo[1] Resumo: O presente artigo analisa a tendência dos tribunais em relação à concessão de medida cautelar in limine litis bem, como ao deferimento de tutela antecipada quando da prolação da decisão judicial, no âmbito das querelas que envolvem disputa pelo Poder Familiar sobre a prole. A década de 80 motivou, como em nenhuma outra década até então, um anseio pela liberdade. Em um instante, o ritmo do mundo mudou: para nada se há tempo sobrando, nem tempo a perder. Tudo se tornou imediato. Ter se tornou possível, o materialismo uma filosofia de vida, enquanto o ser foi transformado em mera consequência. Nenhuma objeção se faria aos anseios dos cidadãos delineados pelos tempos pós-modernos se uma consequência grave não tivesse sido gerada por esse novo mundo: os diálogos se esvaíram. A separação judicial se tornou uma constante e, com ela, surgiu uma legião de crianças obrigadas a viver sem que seus pais cheguem a um mútuo consentimento sobre sua proteção. Para a ministra do Superior Tribunal de Justiça, Fátima Nancy Andrighi, “os filhos da separação e do divórcio foram, e ainda continuam sendo, no mais das vezes, órfãos de pai ou mãe vivos, onde até mesmo o termo estabelecido para os dias de convívio demonstra o distanciamento sistemático daquele que não detinha, ou detém, a guarda” (REsp 1.251.000) (1). Pior. Temerosos da influência do outro sobre a criança, mãe ou pai, que optaram pelo fim da relação matrimonial, criam no filho (a) sentimentos de rejeição ao outro genitor, almejando não apenas o rompimento da relação com o parceiro, mas do parceiro com a criança. Muitas vezes, à pretensa estrita proteção dos interesses da prole, pais travam batalhas homéricas, envolvendo até avós e parentes mais próximos, que também contribuem para a imposição de uma construção de afinidade e afetividade mais tendente a um genitor que a outro. Todos olvidando o

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  • 23/1/2014 Alienao parental: a problemtica da concesso de medida liminar e o pedido de tutela antecipada deferido na sentena | Informativos Resumidos do

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    Informativos Resumidos do STF e STJ

    simples e rpido estudar jurisprudncia.

    Alienao parental: a problemtica da concesso demedida liminar e o pedido de tutela antecipadadeferido na sentena

    Alienao parental: a problemtica da concesso de medida liminar e o pedido de tutelaantecipada deferido na sentena

    Marivone Vieira Pereira de Arajo[1]

    Resumo: O presente artigo analisa a tendncia dos tribunais em relao concesso de medidacautelar in limine litis bem, como ao deferimento de tutela antecipada quando da prolao da decisojudicial, no mbito das querelas que envolvem disputa pelo Poder Familiar sobre a prole.

    A dcada de 80 motivou, como em nenhuma outra dcada at ento, um anseio pela liberdade. Emum instante, o ritmo do mundo mudou: para nada se h tempo sobrando, nem tempo a perder.Tudo se tornou imediato. Ter se tornou possvel, o materialismo uma filosofia de vida, enquanto o serfoi transformado em mera consequncia.

    Nenhuma objeo se faria aos anseios dos cidados delineados pelos tempos ps-modernos se umaconsequncia grave no tivesse sido gerada por esse novo mundo: os dilogos se esvaram. Aseparao judicial se tornou uma constante e, com ela, surgiu uma legio de crianas obrigadas aviver sem que seus pais cheguem a um mtuo consentimento sobre sua proteo.

    Para a ministra do Superior Tribunal de Justia, Ftima Nancy Andrighi, os filhos da separao edo divrcio foram, e ainda continuam sendo, no mais das vezes, rfos de pai ou me vivos, ondeat mesmo o termo estabelecido para os dias de convvio demonstra o distanciamento sistemticodaquele que no detinha, ou detm, a guarda (REsp 1.251.000) (1).

    Pior. Temerosos da influncia do outro sobre a criana, me ou pai, que optaram pelo fim da relaomatrimonial, criam no filho (a) sentimentos de rejeio ao outro genitor, almejando no apenas orompimento da relao com o parceiro, mas do parceiro com a criana.

    Muitas vezes, pretensa estrita proteo dos interesses da prole, pais travam batalhas homricas,envolvendo at avs e parentes mais prximos, que tambm contribuem para a imposio de umaconstruo de afinidade e afetividade mais tendente a um genitor que a outro. Todos olvidando o

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    melhor interesse do menor e, muitas vezes, numa vendeta, usam o filho como instrumento depunio desferida contra o ex-parceiro.

    Resoluo de Conflitos

    Incapazes de encontrar soluo para seus conflitos e acordarem as melhores condies para oexerccio da guarda dos infantes, pais constantemente recorrem ao Judicirio e entregam a este oencargo de solucionar a questo controvertida. A bem da verdade, o Poder Judicirio deveria serapenas consultado em ltimo caso, quando dilogos e mediaes no surtirem o devido efeito, masno o que se encontra no dia-a-dia forense. Diante do cenrio social conflitante, oportunamente foiacrescida ao ordenamento jurdico brasileiro a Lei 12.318/10, que dispe sobre a alienao parental ealtera o art. 236 da Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990 (ECA).

    nessa lei que encontramos a definio de alienao parental para toda a sistemtica da concessode guarda, unilateral ou compartilhada, ou alterao de guarda nas separaes de fato ou divrcios.De acordo com o art. 2 do diploma legal, alienao parental um ato de interferncia na formaopsicolgica da criana ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avsou pelos que tenham a criana ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilncia para querepudie genitor ou que cause prejuzo ao estabelecimento ou manuteno de vnculos com este.

    O termo Sndrome da Alienao Parental (SAP) foi proposto pelo psiclogo americano RichardGardner, em 1985. Exemplos de tal comportamento so a realizao de campanha dedesqualificao da conduta do genitor no exerccio da paternidade ou maternidade; a criao deempecilhos para o exerccio da autoridade parental e a criao de dificuldades para o contato decriana ou adolescente com genitor. Mais exemplos podem ser encontrados no pargrafo nico doartigo supracitado.

    A louvvel inovao legal no s trouxe mais segurana jurdica aos pais que se sentem vtimas deuma alegada conduta nociva praticada pelo outro genitor, como tambm parmetros definidos paraa atuao dos magistrados, imbudos do dever de proferir deciso sobre questes to delicadas,especialmente quando obrigados, sem um aparato legal mais consistente, a decidir pela alterao daguarda das crianas ou pela imposio de sanes outras aos genitores faltosos quanto ao exercciodos deveres do poder familiar dos filhos comuns. Acertadamente, o amparo legal prev puniespara os praticantes das situaes enquadradas no art. 2 da lei.

    Oportuno destaque merece, ento, pelo cerne delicado das questes que envolvem crianas e direitofamiliar, a possibilidade de concesso, inaudita altera pars, de medida liminar (in limine litis, i.e., noincio da lide), de carter acautelatrio e derivada do Poder Geral de Cautela do Judicirio (art. 461,3, e art. 928 do CPC), nas aes onde h alegada perpetrao de alienao parental por um ou porambos os genitores.

    Ou, ainda, a possibilidade, na resoluo de querelas envolvendo Poder Familiar, de concesso detutela antecipada, prevista no art. 273 do CPC, cuja natureza antecipatria do provimentojurisdicional requer o preenchimento de requisitos mais robustos, quais sejam a prova inequvoca e averossimilhana das alegaes, bem como a reversibilidade da medida.

    Seriam possveis medidas cautelares como alterao de guarda, concesso de guarda provisria aterceiros (av, irmos maiores, etc), proibio de visitas ou ampliao de regime de convivncia comas crianas, sem a ouvida da parte contrria, quer haja ou no conjunto probatrio robusto, em umprocesso cujo objetivo primordial evitar a j tumultuada vida do menor?

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    Ser que nos casos em que se discute o interesse dos menores devem sempre ser observadas adilao probatria e a oportunizao de amplo contraditrio? Ou permitido ao juiz, com base atmesmo em meros indcios de prticas de alienao parental, est a concesso de medida de cogniosumria, alterando o status quo de inopino, ainda que sob o risco de ser influenciado por uma visounilateral, irascvel, de um dos ex-cnjuges?

    Nesse mbito judicial, h espao para decises rpidas, sumrias, do operador jurdico, em que pesea irrefletida banalizao e vulgarizao do requerimento de tutelas antecipadas ou medidasacautelatrias nos demais ramos do Direito

    Indcios

    Quando a questo controvertida na ao judicial manejada a proteo integral criana e aoadolescente, falar em concesso de medida liminar, qual seja aquela que concedida sem a ouvida da partecontrria, em sede de ao autnoma ou em pedido liminar que alega a ocorrncia de alienao parental,significa buscar as medidas provisrias protetivas destinadas salvaguarda da integridadepsicolgica, ou at mesmo fsica, do infante.

    Mas, o art. 4 da 12.318/10 assevera que, havendo o mero indcio do ato de alienao parental, nos o processo ala condio de prioritrio em sua tramitao, como o magistrado, em carter deurgncia, pode adotar, ouvido o Ministrio Pblico, as medidas provisrias necessrias parapreservao da integridade psicolgica da criana ou do adolescente, inclusive para assegurar suaconvivncia com genitor ou viabilizar a efetiva reaproximao entre ambos, se for o caso.

    Legitimada estaria, assim, a medida liminar proferida sem sopesar as razes das partes, incluindo-seentre estas a prpria criana envolvida, cujo bem-estar e interesses tambm devem ser levados emconsiderao.

    No entanto, o que se observa na jurisprudncia a tendncia do magistrado, bem como dorepresentante do Ministrio Pblico, em seus pareceres, valerem-se dos ditames do art. 5 do referidodiploma legal e determinarem, no mnimo, uma percia psicolgica ou biopsicossoal para avaliar

    todos os envolvidos, incluindo-se neste rol a criana. A percia, a bem da verdade, vem assumindo asvezes de requisito da concesso de qualquer medida liminar a ser deferida quando h envolvimentode criana e adolescente, com ou sem indcios de alienao parental.

    In casu, a pressa ps-moderna, ao que parece, no atingiu a seara familiar na Justia brasileira.Quando em debate o futuro de crianas e adolescentes, manter o status quo, ainda que com prejuzopara os pais, consolidou-se opo do Judicirio.

    Trs partes no conflito

    Recorrentes so as decises judiciais em que magistrados e representantes do Ministrio Pblico,estas confirmadas pelo Superior Tribunal de Justia (2), que reforam a importncia de um acordoentre as partes quanto aos rumos do compartilhamento da guarda dos filhos. Em no sendopossvel, prevalece o interesse dos menores envolvidos.

    Para os operadores do Direito, no h o que se falar em medidas protetivas direcionadas aosmenores sem a observncia do Princpio do Melhor Interesse da Criana e do Adolescente,preceituado pelo art. 227 da CF, cuja redao assinala: dever da famlia, da sociedade e doEstado assegurar criana, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito vida, sade, alimentao, educao, ao lazer, profissionalizao, cultura, dignidade, ao respeito,

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    liberdade e convivncia familiar e comunitria, alm de coloc-los a salvo de toda forma denegligncia, discriminao, explorao, violncia, crueldade e opresso. (Redao dada PelaEmenda Constitucional n 65, de 2010).

    Quando a mediao e a conciliao entre as partes no alcanada, sendo imperioso o arbitramentojudicial, os operadores do direito acreditam, ainda assim, que a deciso deve ser tomada, ao menos,com base em avaliao psicolgica ou psiquitrica oficial das partes e a ouvida destas sobre seusinteresses. Tudo para que se d primazia ao interesse dos menores, minimizando os traumasinerentes a conflitos dessa envergadura.

    Priorizando a convivncia familiar harmnica, observamos, nestes termos, decises do Tribunal deJustia de Minas Gerais:

    ALIENAO PARENTAL MINISTRIO PBLICO REQUERIMENTO LIMINAR DE

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    ALIENAO PARENTAL MINISTRIO PBLICO REQUERIMENTO LIMINAR DEREGULAMENTAO DE VISITA EM PROL DO PAI DETERMINAO DE ESTUDOPSICOSSOCIAL PRVIO PELO JUIZ PRINCPIO DA RAZOABILIDADE ATENDIDO MANUTENO DA DECISO. A Lei n. 12.318/2010, de 26/08/2101, que dispe sobre aalienao parental e altera o art. 236 da Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, define tal institutono art. 2. e em seu pargrafo nico exemplifica casos de alienao parental e inclui, entre eles,no inciso IV, o ato de dificultar o exerccio do direito regulamentado de convivncia familiar e, noinciso VI, o ato de apresentar falsa denncia contra genitor ou contra seus familiares, para obstarou dificultar a convivncia deles com a criana ou adolescente. O pedido liminar deregulamentao de visita com alegao de alienao parental deve ser em regrasubmetido a prvio estudo psicossocial, ou at mesmo oitiva da parte contrria, o quese demonstra razovel e comedido, no podendo prevalecer argumentos unilaterais dointeressado. (Agravo de Instrumento Cv 1.0024.10.279536-6/001, Rel. Des.(a) VanessaVerdolim Hudson Andrade, 1 CMARA CVEL, julgamento em 18/10/2011, publicao dasmula em 03/02/2012)

    EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO BUSCA E APREENSO DE MENOR CRIANA DE ONZE ANOS QUE SE ENCONTRA H MAIS DE UM ANO EMCOMPANHIA DO GENITOR MANIFESTAO DO DESEJO DE COM ELEPERMANECER AUSNCIA DE INDCIOS DE CONDUTAS DESABONADORAS DO PAI INEXISTNCIA DE PLAUSIBILIDADE DO DIREITO E PERIGO DA DEMORA -RECURSO NO PROVIDO. 1. Contando o menor com onze anos de idade, e estando ele hmais de um ano sob os cuidados exclusivos do genitor, contra o qual no se imputa qualquerconduta desabonadora, recomendvel a manuteno desta situao, at que os fatossejam melhor esclarecidos em estudo psicossocial. 2. A reverso abrupta da guarda de umacriana em sede liminar, quando no evidenciado quadro de risco para o menor, no recomendvel, sob pena de se impor ao infante situao de insegurana e conflito. 3. Recurso noprovido. (Agravo de Instrumento Cv 1.0518.12.025493-4/001, Rel. Des.(a) urea Brasil, 5CMARA CVEL, julgamento em 09/05/2013, publicao da smula em 16/05/2013)

    EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO REGULAMENTAO DE VISITAS DEFERIMENTO LIMINAR AUSNCIA DE INDCIOS DE CONDUTASDESABONADORAS DO AGRAVADO PARA IMPEDIR O SEU CONTATO COM A FILHA DIREITO ASSEGURADO MELHOR INTERESSE DA CRIANA RECURSO NOPROVIDO. 1. Deve ser assegurado, ao genitor, o direito de visitas filha, por no se vislumbrarqualquer conduta desabonadora por parte do pai a obstar esta relao, que, ademais, envolvetambm o direito da prpria criana. 2. O termo de representao policial e o pedido de medidaprotetiva apresentados pela varoa so documentos produzidos com lastro em alegaesunilaterais, o que lhes retira a fora probatria para se impedir, liminarmente, o contatodo genitor com a filha. 3. Recurso no provido. (Agravo de Instrumento Cv 1.0414.12.003463-5/001, Rel. Des.(a) Versiani Penna, 5 CMARA CVEL, julgamento em25/04/2013, publicao da smula em 03/05/2013)

    Entendimento acompanhado pela jurisprudncia pacfica do Tribunal de Justia do Estado do RioGrande do Sul, conhecido por sua tendncia vanguardista:

    AGRAVO DE INSTRUMENTO. AO DE REGULAMENTAO DE VISITAS.

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    AGRAVO DE INSTRUMENTO. AO DE REGULAMENTAO DE VISITAS.ANTECIPAO DE TUTELA. INDEFERIMENTO. Como antecipao do direito afirmadopela parte, a tutela em questo reclama convico probatria, ou seja, que os elementosaportados aos autos se mostrem idneos em convencer o juiz a respeito daverossimilhana das assertivas da parte. Invivel, por ora, deferir a pretenso antecipaodos efeitos da sentena. Os interesses da menor devem ser resguardados, mostrando-seprudente aguardar melhor esclarecimento dos fatos narrados. Agravo de instrumentodesprovido, de plano. (Agravo de Instrumento N 70049490477, Stima Cmara Cvel, Tribunalde Justia do RS, Relator: Jorge Lus DallAgnol, Julgado em 13/07/2012)

    AGRAVO DE INSTRUMENTO. AO DE DISSOLUO DE UNIO ESTVEL,CUMULADA COM REGULAMENTAO DE VISITAS E ALIMENTOS. PEDIDO DEVISITAO PATERNA COM PERNOITE. MENOR DE TENRA IDADE. ANTECIPAODE TUTELA. Em que pese o convvio do pai com a filha se mostre salutar e indicado para ocompleto desenvolvimento da criana, por ora, as visitas devem ser mantidas na formacomo fixadas no juzo de origem, estabelecidas sem pernoite, considerando a tenra idade damenina. NEGADO SEGUIMENTO AO RECURSO. (Agravo de Instrumento N 70048412464,Stima Cmara Cvel, Tribunal de Justia do RS, Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro,Julgado em 16/04/2012)

    No Tribunal de Justia de Santa Catarina encontramos um caso de cassao de liminar conferida emsede de primeiro grau que, segundo entendimento da Colenda Turma, deixou de observar ointeresse do menor. Vejamos:

    BUSCA E APREENSO DE MENOR. INDCIOS DE ALIENAO PARENTAL POR PARTEDA ME. FATO QUE ENSEJOU O AJUIZAMENTO DE AO DE MODIFICAO DEGUARDA PELO GENITOR. ESTUDOS SOCIAIS REALIZADOS NAQUELES AUTOS QUEATESTAM AS BOAS CONDIES DE AMBOS OS GENITORES PARA CUIDAR DA FILHA.POR OUTRO LADO, CRIANA ATUALMENTE INSERIDA NO AMBIENTE FAMILIARPATERNO, REGULARMENTE MATRICULADA EM INSTITUIO DE ENSINO E COM ODEVIDO ACOMPANHAMENTO PSICOLGICO. SITUAO DE FATO QUE DEVE SERPRESERVADA, EM FACE DA PRIMAZIA DOS INTERESSES DA INFANTE EENQUANTO PERDURAR A INDEFINIO ACERCA DE SUA GUARDA. LIMINARCASSADA. RECURSO PROVIDO. Em processo em que se discute a guarda de filho menor,exceto se constatada situao de risco, deve permanecer a criana sob a responsabilidade dogenitor que j detm a guarda de fato, porquanto a adaptao do infante j se concretizounaquele lar, causando-lhe transtornos a modificao de ambiente e de rotina familiar

    ()

    a guarda provisria da infante est prxima de ser definida com maior certeza e segurana,porquanto o juiz singular, de modo a atender o melhor interesse da criana, manifestou-se,naqueles autos, no sentido de que somente aps a realizao dos estudos sociais materno epaterno, iria analisar o pedido liminar formulado. Logo, a concesso da medida cautelarrequerida na origem viria apenas tumultuar a vida da infante, especialmente pelo fatode estar desamparada de elementos robustos que a justifiquem, os quais, a seu turno,encontram-se presentes nos autos da ao de modificao de guarda, relevo prprio para definirquem oferece as melhores condies de atender s suas necessidades. (AI n. 2010.007833-4, deIara, Rel. Des. Stanley da Silva Braga, j. em 3-8-2011). (TJSC, Agravo de Instrumento n.2011.068182-8, de Cricima, rel. Des. Maria do Rocio Luz Santa Ritta , j. 07-02-2012)

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    Unssono, ento, apesar da tendncia de se pretender empregar no Judicirio a racionalizao e aceleridade a todo custo, de que o princpio constitucional da razoabilidade impera nas decisesjudiciais sobre a necessidade de celeridade na prolao de sentenas que envolvem Direito deFamlia, ainda que alegadas aes de alienao parental pelos genitores.

    O princpio da razoabilidade, ou princpio da proporcionalidade ou princpio da adequao dosmeios aos fins, segundo o magistrio do constitucionalista Dirley da Cunha Jr., um axioma quelimita a atuao e discricionariedade dos poderes pblicos vedando que seus rgos ajam comexcesso ou valendo-se de atos inteis, desarrazoados e desproporcionais (CUNHA Jr, p. 233).

    Assim, recomendvel, nos casos em que no se apresenta risco evidente e incontroverso, a realizaode estudo psicossocial para fins de se constatar o grau de conflito entre os pais e a adaptao domenor a quaisquer dos lares dos genitores, aps ampla dilao probatria, preservando-se atsituao ento consolidada.

    Salutar trazer baila as ponderaes do representante do parquet em sede de primeiro grau da aocuja sentena foi agravada (Agravo de Instrumento n 70050657170) ao Tribunal de Justia do RioGrande do Sul, e teve como relatora a Dr Sandra Brisolara Medeiros, ementa que segue, destacou oseguinte:

    AGRAVO EM FACE DO DESPROVIMENTO MONOCRTICO A AGRAVO DE

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    AGRAVO EM FACE DO DESPROVIMENTO MONOCRTICO A AGRAVO DEINSTRUMENTO. ALTERAO DE REGIME DE VISITAS. DESCABIMENTO.NECESSIDADE DE DILAO PROBATRIA. PRECEDENTES. DECISO DA RELATORACONFIRMADA PELO COLEGIADO. A reviso de regime de visitas a menor requer dilaoprobatria e oportunizao de amplo contraditrio. No se verifica plausvel a concesso deprovimento liminar para impor a vontade da genitora, titular do direito de visitas, em sede desumria cognio, a fim de propiciar que esse direito se realize na residncia de seus pais (avsmaternos) e mediante alguns pernoites. Prudente o aguardo de laudo psiquitrico que deve viraos autos para corroborar a alegao de alterao da situao de fato, considerando doenapsiquitrica da qual acometida a agravante, cujo tratamento foi necessariamente suspenso nagravidez e retomado aps o parto, do que decorreram importantes alteraes comportamentais poca. Enquanto isso, faz-se mister a conciliao entre as famlias dos genitores do menor, a fimde evitar tentativas irascveis de mtua alienao parental. AGRAVO DESPROVIDO. (AgravoN 70050657170, Stima Cmara Cvel, Tribunal de Justia do RS, Relator: Sandra BrisolaraMedeiros, Julgado em 17/10/2012)

    ()

    constato que os interesses e o bem-estar do pequeno E. h muito tempo deixaram de ser o cernedeste processo, o qual agora centrado na disputa de orgulhos, na troca de acusaes e noremoer de mgoas passadas.

    ()

    O recente episdio apenas evidencia que o falta s partes: dilogo. Enquanto os litigantes notomarem conscincia que ocorrncias desse tipo podem ser resolvidas facilmente com apenas umtelefonema, no faltaro aos autos notcia de eventos semelhantes. No querendo ser pessimista,mas sim realista, no possvel se descartar, inclusive, que sejam encontrados elementosindicadores de alienao parental provocada simultaneamente por ambos os genitores e suasfamlias, fato que poderia desencadear eventual destituio do poder familiar e conseqentecolocao em famlia substituta.

    ()

    Questes psicolgicas, educacionais e sobretudo afetivas s tero fim quando genitores e suasfamlias tiverem a conscincia do que devero superar o rancor para promover o bem-estar dopequeno. Sinceramente, no visvel empenho em nenhum dos lados, que ambos pecaram pelafalta de comunicao e pela intransigncia de fazer pequenas concesses. Para que isso no maisse repita, no ser preciso qualquer pronunciamento judicial, porm apenas a compreenso queo infante no uma propriedade do lado materno ou do lado paterno, e sim uma pessoa quedeve ser tratada com dignidade. Enquanto isso no ocorrer, a ao se procrastinarinfinitamente, agindo os atores processuais magistrados, membros do Parquet, advogados eserventurios como babs das partes e no como operadores jurdicos.

    O Tribunal de Justia de Sergipe revela jurisprudncia no mesmo sentido: exige-se conjuntoprobatrio para que se conceda medida liminar em seara do Direito de Famlia que envolva interessede menores e alegada alienao parental. Observe-se, no entanto, julgado em que foi concedidamedida liminar em favor da me, mas apenas conseguinte apurao de crime em ao penal:

    PROCESSUAL CIVIL AGRAVO DE INSTRUMENTO AO REVISIONAL DE

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    PROCESSUAL CIVIL AGRAVO DE INSTRUMENTO AO REVISIONAL DEALIMENTOS C/C GUARDA COMPARTILHADA REGULAMENTAO DE VISITAS REGISTRO DE SUPOSTAS AMEAAS REALIZADAS PELO AGRAVADO RECEBIMENTO DE DENNCIA PARA APURAO DOS CRIMES DE INJRIA EAMEAA PELO JUZO DA 11 VARA CRIMINAL ESTIPULAO DE MEDIDASPROTETIVAS SUSPENSO DAS VISITAS RELATRIO DA ASSISTENTE SOCIAL MEDIDA NECESSARIA PERICULUM IN MORA E FUMUS BONI IURIS AFASTAMENTO PRUDENTE REFORMA DA DECISO FUSTIGADA PRINCPIO DAPRIMAZIA DOS INTERESSES DO MENOR EM PROTEO. Existem nos autos documentosque comprovam a necessidade da suspenso das visitas do agravado em relao a sua filha,diante das supostas ameaas por ele realizadas e apuradas em ao penal prpria, mostra-serecomendvel tal restrio de direito, em conformidade com as medidas protetivasdeterminadas pela Vara Criminal especializada. Agravo de Instrumento conhecido eprovido. Deciso Unnime. (AGRAVO DE INSTRUMENTO N 1486/2011, 6 Vara Privativa deAssistncia Judiciria de Aracaju, Tribunal de Justia do Estado de Sergipe, DESA. SUZANAMARIA CARVALHO OLIVEIRA , RELATOR, Julgado em 28/05/2012)

    Segue-se o entendimento no Tribunal de Justia do Estado de So Paulo quanto s decises decognio sumria relativas alienao parental:

    MODIFICAO DE GUARDA DE MENOR ALIENAO PARENTAL Designao deaudincia de conciliao antes da anlise do pedido de tutela antecipada. Inocorrncia deprejuzo. dever e responsabilidade do juiz tentar a conciliao das partes, visando o superiorinteresse do menor. Gravidade das consequncias advindas do reconhecimento da sndrome dealienao parental que reclama cautela e prova tcnica robusta acerca de sua ocorrncia.Situao que exige diagnstico seguro quanto aos sinais de deteriorao da figura maternaunicamente em razo da conduta do genitor, e condies plenas desta em assumir o exerccio daguarda. Estudo social realizado preliminarmente que no restou conclusivo. Necessidade de aomenos instalar-se o contraditrio. Agravo a que se nega provimento. Agravo de Instrumento n0045080-36.2013.8.26.0000. Relator Percival Nogueira. Barueri/SP. 6 Cmara de DireitoPrivado. Data do julgamento: 04/04/2013. Data de registro: 04/04/2013

    MENOR. SUSPENSO LIMINAR DO DIREITO DE VISITAS DO PAI.INADMISSIBILIDADE. CAUSA DE PEDIR DA SUSPENSO QUE DIZ RESPEITO AFATOS GRAVES, MAS NO RELACIONADOS CONDUTA DO GENITOR EM FACE DASFILHAS. EXCESSO DA DETERMINAO PARA CESSAO DAS VISITAS. RISCO DEDANO CONCRETO QUE ADVM, DE FATO, DA PRPRIA PRIVAO DO CONTATOENTRE O GENITOR E AS MENORES. DETERMINAO PARA RETOMADA DASVISITAS EMBORA EM REGIME MAIS RESTRITO E SOB A SUPERVISO DO CEVATOU EQUIVALENTE DA COMARCA DE RESIDNCIA DAS CRIANAS. DECISOALTERADA. RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO PARCIALMENTE PROVIDO.Agravo de Instrumento n O N 0195836-91.2012.8.26.0000. Relator: Vito Guglielmi.Botucatu/SP. rgo julgador: 6 Cmara de Direito Privado. Data do julgamento: 07/03/2013.Data de registro: 12/03/2013.

    Ora, hialino est que, em que pese a constante presso sobre os magistrados para que se dceleridade aos julgamentos, seja do Conselho Nacional de Justia, seja das prprias partes e de seusprocuradores, juzes e Ministrio Pblico no sucumbem s mesmas, sem rodeios e nem celeuma,

  • 23/1/2014 Alienao parental: a problemtica da concesso de medida liminar e o pedido de tutela antecipada deferido na sentena | Informativos Resumidos do

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    em sede de querela judicial entre familiares quanto guarda de menores. Assim, jurisprudnciapacfica atesta que indcios de alienao parental no so suficientes para a concesso de medidaliminar, cautelar, ou tutela antecipada in limine litis nesses casos.

    Agora, h alternativa para o genitor que, temeroso, uma vez confirmadas suas alegaesposteriormente, queira satisfazer seu direito imediatamente aps a prolao da deciso judicial?Cabe aqui salientar que toda sentena recorrvel e um dos efeitos do recurso sobre a sentena osobrestamento de sua eficcia quando deferido o efeito suspensivo (art. 520 do CPC).

    Tutela antecipada na sentena

    Pois bem. Descartada a possibilidade de adoo, pelo magistrado, de medida liminar sem a devidadilao probatria, vislumbra-se alternativa ao genitor temeroso das intenes do outro: requerer oprovimento da tutela antecipada na prpria sentena, com o fito de assegurar a manuteno dostatus quo pela efetivao, de imediato, do cumprimento do decisum.

    Uma vez que a lei no definiu expressamente o momento adequado para a antecipao dos efeitosda tutela, a questo se tornou extremamente controversa na doutrina. Esta se divide entre aquelesque apoiam a medida e os que a consideram comprometida pela prolao da sentena, uma vez queesta tornaria vazia de interesse processual o deferimento da tutela.

    Humberto Theodor Jnior lembra que o prprio instituto da tutela antecipada, especialmente aps aalterao perpetrada pela Lei n. 10.444/ 2002, que modificou parcialmente o 3 do art. 273 doCPC, e acrescentou a este dois pargrafos ( 6 e 7), envolto em controvrsias, j que h quemcensure o legislador por ter ampliado os poderes do juiz at o ponto de permitir-lhe a antecipao datutela de mrito, pelo medo de que tais faculdades venham gerar abusos e arbitrariedades (2008, p.687).

    H magistrados, ainda, que deixam de decidir sobre o pedido de antecipao de tutela porconsider-lo prejudicado no momento do julgamento do mrito. De qualquer sorte, como haveria deser concedida uma medida de cognio sumria em sede de cognio exauriente? Seria o momentooportuno?

    Os renomados processualistas Araken de Assis, Jos Joaquim Calmon de Passos e Srgio SahioneFadel so contrrios concesso do regulamento provisrio nesses termos. No entanto, o magistriodos estudiosos do Direito Processual Civil Carreira Alvim, Jos Roberto Bedaque, Luiz GuilhermeMarinoni (3) e Humberto Theodoro Jr. defende que, presentes os pressupostos, a qualquer momento,inclusive na sentena, pode ser postulada e deferida a tutela, com fora de execuo provisria.

    O entendimento vai ao encontro do rol de hipteses em que a apelao recebida apenas no efeitodevolutivo, conforme o art. 520 do CPC. Em seu inciso VII, encontra-se a proposio em que asentena ser recebida s no efeito devolutivo, quando confirmar a antecipao dos efeitos datutela.

    Ensina Humberto Theodoro Jr. que:

    Mesmo aps a sentena e na pendncia de recurso, ser cabvel a antecipao de tutela, caso em

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    Mesmo aps a sentena e na pendncia de recurso, ser cabvel a antecipao de tutela, caso emque a medida ser endereada ao Tribunal, cabendo ao relator deferi-la, se presentes os seuspressupostos.

    Da mesma forma, se o juiz de primeiro grau a indeferir, a parte poder manejar o agravo deinstrumento e, de plano, ter condies de obter liminar junto ao relator, se puder demonstrar aurgncia da medida e a configurao de todos os seus pressupostos legais.

    Questo interessante aquela em que o juiz de 1 grau, ou o Tribunal, se convence danecessidade da tutela antecipada no momento de proferir a deciso final de mrito. A meu ver,nada impede que seja aberto na sentena um captulo especial para a medida do art. 273 doCPC. Se o juiz pode faz-lo de incio e em qualquer fase do processo anterior ao encerramento dainstruo processual, nada impede a tomada de tal deliberao depois que toda a verdade real seesclareceu em pesquisa probatria exauriente (THEODORO JNIOR, p. 682).

    O que se pretende, com a deliberao, tornar exequvel a providncia, sem a necessidade de seaguardar o trnsito em julgado do decisum ou ver a medida ter sua eficcia sustada quando dodeferimento do efeito suspensivo de eventual recurso interposto.

    Mesmo que a apelao interponvel tenha efeito suspensivo, este no atingir a antecipao detutela. bom lembrar que princpio da unirecorribilidade das decises judiciais no impe sejamseus captulos subordinados a um s efeito recursal. O recuso ser nico mas a eficcia suspensivapode, perfeitamente, ficar limitada a um ou outro captulo da sentena.

    No caso do julgamento simultneo, uma s deciso de ao principal e ao cautelar, a lio deNelson Nery Jnior e Rosamaria Nery no sentido de que a apelao que impugnar a sentenarelativamente a ambas as aes deve ser recebida: a) no efeito apenas devolutivo, quanto parte queimpugnar a cautelar; b) nos efeitos legais quando parte que impugnar a ao principal, quepodem ser duplos (suspensivo e devolutivo). (THEODORO JNIOR, p. 682).

    Insta esclarecer que o princpio da unirrecorribilidade, tambm conhecido como princpio daunicidade ou da singularidade, informador dos recursos, define a impossibilidade de cabimento dedois recursos contra a mesma deciso. Ressalvadas excees (), a interposio de mais de umrecurso contra uma deciso implica inadmissibilidade do recurso interposto por ltimo. Trata-se deprincpio implcito no sistema recursal brasileiro () (DIDIER, 2009, p. 46/47).

    Assim, guardando consonncia o pedido de antecipao dos efeitos da tutela com a decisoproferida, inexistente obste concesso da medida de cognio sumria. Observe-se ajurisprudncia dos Tribunais nesse sentido:

    Processual civil. Recurso especial. Antecipao de tutela. Deferimento na sentena.

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    Processual civil. Recurso especial. Antecipao de tutela. Deferimento na sentena.Possibilidade. Apelao. Efeitos. A antecipao da tutela pode ser deferida quando daprolao da sentena. Precedentes. Ainda que a antecipao da tutela seja deferida naprpria sentena, a apelao contra esta interposta dever ser recebida apenas no efeitodevolutivo quanto parte em que foi concedida a tutela. Recurso especial parcialmenteconhecido e, nessa parte, provido. (648886 SP 2004/0043956-3, Relator: Ministra NANCYANDRIGHI, Data de Julgamento: 24/08/2004, S2 SEGUNDA SEO, Data de Publicao: DJ06.09.2004 p. 162)

    PROCESSUAL CIVIL AGRAVO INTERNO -TUTELA ANTECIPADA NA SENTENA. I Neste caso no se trata de tutela antecipada liminar, mas de tutela antecipada na sentena. II Tutela antecipada na sentena pode ser concedida inclusive em embargos de declarao,cabendo contra ela apelao e no agravo de instrumento. III Agravo interno improvido.(AGTAG 89554 2002.02.01.004497-1, Relator: Desembargador Federal CARREIRA ALVIM, Datade Julgamento: 09/09/2002, PRIMEIRA TURMA TRF2, Data de Publicao: DJU Data:22/01/2003 Pgina::78)

    Ainda,

    AGRAVO DE INSTRUMENTO. FORNECIMENTO DE FRALDAS. DEFERIMENTO DEANTECIPAO DE TUTELA. SENTENA DE IMPROCEDNCIA. REVOGAO.DEVOLUO DOS VALORES. POSSIBILIDADE. 1. No pode prevalecer a antecipao detutela sobre a sentena. Para o deferimento da tutela antecipada exige-se a presena daverossimilhana das alegaes, requisito que no se faz presente quando a sentena, que atoproferido aps cognio exauriente, de improcedncia do pedido. 2. Revogada a antecipao detutela, o demandado tem direito de reaver os valores despendidos com o cumprimento. Analogiacom o inciso I do art. 475-O do CPC. Processamento nos mesmos autos. AGRAVO DEINSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO. (Agravo de Instrumento N 70054319397,Vigsima Segunda Cmara Cvel, Tribunal de Justia do RS, Relator: Marilene BonzaniniBernardi, Julgado em 25/04/2013)

    O Superior Tribunal de Justia, pela sua Quarta Turma, em duas oportunidades, assentou que: a) atutela antecipada pode ser concedida na sentena, o , se omitida a questo anteriormente proposta,nos embargos de declarao (REsp. n. 279.251/SP); b) de acordo com precedente da Turma, e boadoutrina, a tutela antecipada pode ser concedida na sentena (Resp. 299.433) (4).

    SUGESTO DE LEITURA

    RODRIGUES, Luiz Fernando Afonso. Tutela de urgncia no direito de famlia. So Paulo: QuartierLatin, 2008.

    TARTUCE, Fernanda. Processo civil aplicado ao direito de famlia. So Paulo: Grupo Gen, 2012.

    BIBLIOGRAFIA

    (1) Alienao parental: Judicirio no deve ser a primeira opo, mas a questo j chegou aostribunais . , Acesso em16 de maio de 2013.

    (2) Princpio do melhor interesse da criana impera nas decises do STJ

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    (2) Princpio do melhor interesse da criana impera nas decises do STJ , Acessoem 16 de maio de 2013.

    (3) ALVIM, Luciana Carreira. Tutela antecipada na sentena. Disponvel na Internet: . Acessoem 16 de maio de 2013.

    (4) ALVIM, Luciana Carreira. Tutela antecipada na sentena. Disponvel na Internet: . Acessoem 16 de maio de 2013.

    ALVIM, Luciana Carreira. Tutela antecipada na sentena. Disponvel na Internet: . Acessoem 16 de maio de 2013.

    CUNHA JR., Dirley. Curso de direito constitucional. 6 ed. Salvador: JusPodium, 2012.

    DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Jos Carneiro. Curso de direito processual civil teoria daprova, direito probatrio, teoria do precedente, deciso judicial, coisa julgada e antecipao dosefeitos da tutela. Vol. 2, 4 ed. Salvador: Jus Podium, 2009.

    ________________. Curso de direito processual civil meios de impugnao s decises judiciais eprocesso nos tribunais. Vol. 3, 7 ed. Salvador: Jus Podium, 2009.

    GONALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro direito de famlia. Vol. VI, 6 ed. So Paulo:Saraiva, 2009.

    MORAES, Alexandre. Direito constitucional. 22 ed. So Paulo: Atlas, 2007.

    PARGA, Pedro Augusto. A concesso da tutela antecipada na sentena vista pela doutrina. . Acesso em 17 de maio de 2013.

    SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA. Princpio do melhor interesse da criana impera nas decisesdo STJ. , Acessoem 17 de maio de 2013.

    ____________________. Alienao parental: Judicirio no deve ser a primeira opo, mas a questoj chegou aos tribunais < http://stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=103980 (http://stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=103980) >, Acesso em 16 de maio de 2013.

    THEODORO JNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil processo de execuo e

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    http://informativosresumidos.com/2013/05/17/alienacao-parental-a-problematica-da-concessao-de-medida-liminar-e-o-pedido-de-tutela-antecipada-deferi 14/14

    THEODORO JNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil processo de execuo ecumprimento da sentena; processo cautelar e tutela de urgncia. Vol. II, 43 ed. Rio de Janeiro:Forense, 2008.

    TORRES, Paulo Jos Pereira Carneiro. Diferena entre tutela antecipada e medida liminar.. Acesso em 16 de maio de 2013.

    [1] Advogada

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