alice amorim belem - federal university of rio de...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA POLITÉCNICA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA
ALICE AMORIM BELEM
NOVOS RUMOS PARA O CENTRO DO RIO DE JANEIRO: os significados da prosperidade do petróleo
RIO DE JANEIRO
2013
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ALICE AMORIM BELEM NOVOS RUMOS PARA O CENTRO DO RIO DE JANEIRO: os significados da prosperidade do petróleo Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana da Universidade Federal do Rio de Janeiro como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Engenharia Urbana. Orientador: Jorge Alves Natal
Rio de Janeiro 2013
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FICHA CATALOGRÁFICA
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ALICE AMORIM BELEM NOVOS RUMOS PARA O CENTRO DO RIO DE JANEIRO: os significados da prosperidade do petróleo Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana da Universidade Federal do Rio de Janeiro como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Engenharia Urbana.
Aprovada em
______________________________________ Prof. Jorge Luis Alves Natal, D.Sc.
Orientador
______________________________________ Prof. Rosane Martins Alves, D.Sc.
Coordenadora
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AGRADECIMENTOS Agradeço à UFRJ pela possibilidade de mergulhar no campo da engenharia e aproximá-la com a temática das cidades. Agradeço à Rosane Alves por toda a orientação e paciência e pelo esforço em fazer o curso acontecer. Agradeço ainda pela bolsa parcial, que permitiu minha participação no curso. Agradeço ao professor Jorge Natal, que gentilmente aceitou o convite para orientação. Agradeço à UFF por ter despertado outro olhar sobre as cidades durante a graduação, o que foi fundamental na minha formação com profissional, como Arquiteta e Urbanista. Agradeço à Cristina Nacif por ter feito parte disso, pelo incentivo sempre, por todas as parcerias, e por me orientar “na vida”. Agradeço ao IBAM pela oportunidade de explorar na prática o processo de planejamento urbano no Brasil, apesar de todas as dificuldades do caminho. Agradeço ao Henrique Barandier por todo o aprendizado. Agradeço aos meus pais e ao meu irmão por todo apoio, incentivo, paciência, e estímulo aos estudos (sempre), e ainda por terem me apresentado um pouco do nosso Brasil logo na infância. Agradeço ao Léo por ter me propiciado o conhecimento das cidades mundo afora. Agradeço à Tita, Diana, e Tainá por todas as conversas, pelo desejo comum de lutar por cidades melhores e mais justas, e pela esperança de poder realizá-lo. Agradeço à Violeta, Lidia, Roberta e Mariana, pela amizade. Agradeço à Maika pela longa amizade. Agradeço à Betina pela conquista do mover.
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RESUMO A cidade é um organismo vivo e suas dinâmicas estão em constante mudança. O Centro do
Rio de Janeiro vem experimentando transformações históricas, físicas, econômicas, sociais e
culturais ao longo dos anos que resultam na sua atual configuração. Nessa perspectiva
diversos elementos alimentam o debate sobre o papel e vocação do Centro da cidade: os
tempos de Capital da República e a crise do final do século XX; os investimentos em outras
áreas da cidade, o desenvolvimento de subcentros, a polarização da Barra da Tijuca; o
esvaziamento financeiro; os anos de decadência econômica e abandono; a degradação do
patrimônio e o interesse pela sua preservação; as intervenções urbanísticas, abertura de
vias, desmonte de morros, construção e demolição de prédios; as mudanças de usos, a saída
e a volta da moradia na área central; o uso e apropriação do espaço público; o alinhamento
político entre as três esferas de governo; os tempos de revalorização imobiliária e locacional.
Hoje o Centro começa a demonstrar sinais de que possui demanda econômica robusta o
bastante para expandir seus limites, não se restringindo ao núcleo configurado pela Área
Central de Negócios (ACN), sendo a revitalização de sua zona periférica, compreendida pela
Região Portuária e Cidade Nova, a demonstração desta robustez. Antigos vazios urbanos
estão dando lugar a novos empreendimentos e assim o Centro se reinventa sobre si mesmo.
A prosperidade do petróleo no Brasil possui um significado especial para o Centro do Rio de
Janeiro e vincula-se ao processo de revitalização desta área. Nesse ritmo o Centro se
reafirma não só como lugar de negócios como também um ambiente rico em opções de
lazer e cultura, aproveitando a disponibilidade da infraestrutura existente e intensificando o
uso desse espaço que foi esquecido por alguns anos.
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ABSTRACT The city is a living organism and its dynamics are constantly changing. The Center of Rio de
Janeiro is experiencing historic, physical, economic, social and cultural transformations over
the years that result in its current configuration. Under this perspective several elements
feed the debate on the role and vocation of the city center: the times of Capital of the
Republic and the crisis of the late twentieth century; investments in other areas of the city,
the development of sub-centers, the polarization of Barra da Tijuca; the financial drain; the
years of economic decline and abandonment; the historical heritage degradation and the
interest for its preservation; urban interventions, opening roads, hills blasting, construction
and demolition of buildings; changes of land uses, the output and back housing in
downtown; the public space use and appropriation; political alignment between the three
spheres of government; times of real estate and location revaluation. Nowdays Center
begins to show signs of having economic demand robust enough to expand its limits, not
restricted to the core set by the Central Business District (CBD), being the revitalization of its
peripheral zone, encompassed by Região Portuária and Cidade Nova the demonstration of
this robustness. Old urban voids are giving way to new developments and so on Center
reinvents itself. The prosperity of oil in Brazil has a special meaning to the center of Rio de
Janeiro and is linked to the revitalization process of this area. At this rate the Center is
reaffirmed not only as a place for business as well as a rich environment for leisure and
culture, taking advantage of the availability of existing infrastructure and intensifying the use
of this space that has been forgotten for years.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 01. Localização
Figura 02. Ortofoto com a delimitação do bairro Centro
Figura 03. Vista aérea do Centro com Baía de Guanabara ao fundo
Figura 04. Verticalização do Centro do Rio de Janeiro
Figura 05. Forma espacial do processo de centralização
Figura 06. Configuração da área central
Figura 07. Palácio Pedro Ernesto – Câmara Municipal e Palácio Tiradentes – Assembleia Legislativa
Figura 08. Rua de pedestres no SAARA e vista aérea do Mercado Popular e Camelódromo da Uruguaiana
Figura 09. Mapa Figura e Fundo da Avenida Presidente Vargas
Figura 10. Ocupação do prédio nº 510 da Avenida Gomes Freire
Figura 11. Prédio da Bolsa de Valores na Praça XV
Figura 12. Avenida das Américas, na Barra da Tijuca
Figura 13. Avenida Nossa Senhora de Copacabana, em Copacabana
Figura 14. Avenida Visconde de Pirajá, em Ipanema
Figura 15. Avenida Cesário de Melo, em Campo Grande
Figura 16. Rua Conde de Bonfim, na Tijuca
Figura 17. Rua Ministro Edgard Romero, em Madureira
Figura 18. Edifícios Avenida Central e RB1
Figura 19. Avenida Chile – concentração de “empresas âncora”
Figura 20. Edifício Francisco Serrador
Figura 21. Windsor Guanabara, Formule 1, Ibis e Novotel, e Hotel Atlantico Business
Figura 22. Faculdade Nacional de Direito – UFRJ e Universidade Cândido Mendes
Figura 23. Incêndio no Edifício Andorinhas e seu retrofit (Edifício Torre Almirante)
Figura 24. Retrofit do prédio do IBMEC (antiga sede da Esso)
Figura 25. Retrofit dos Edifícios Castelo e Nilomex e Amarelinho (Edifício Mozart)
Figura 26. Casario na Rua Sete de Setembro e contraste de gerações e estilos na Cinelândia
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Figura 27. Centro Cultural Banco do Brasil e Teatro Municipal
Figura 28. Catedral Metropolitana e feira na Rua do Lavradio
Figura 29. Áreas verdes no Centro
Figura 30. Diversão noturna na Lapa
Figura 31. Cores da Lapa e Viva Lapa
Figura 32. Cenpes I e II
Figura 33. Início das obras de construção do Edise
Figura 34. Atividades desenvolvidas pela Petrobras
Figura 35. Brasil e estado do Rio de Janeiro – Principais operações da Petrobras
Figura 36. Sede da Petrobras Distribuidora
Figura 37. Edifício Edise
Figura 38. Torre Almirante e Ventura Coporate Towers – edifícios com andares alugados para a Petrobras
Figura 39. Central Empresarial Senado – terreno e projeto
Figura 40. Universidade Petrobras (obra concluída) e projeto do novo prédio da BR Distribuidora, ambos na Cidade Nova
Figura 41. Pré-sal
Figura 42. Projeto e obra do Comperj
Figura 43. Novos lançamentos em Itaboraí
Figura 44. Arco Metropolitano do Rio de Janeiro
Figura 45. Superporto do Açu
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LISTA DE MAPAS
Mapa 01. O Centro do Rio de Janeiro e a Região Metropolitana
Mapa 02. Configuração da Área Central
Mapa 03. Vias do Centro por valor V0 – IPTU (2004)
Mapa 04. Estratégias Territoriais
Mapa 05. Densidade populacional
Mapa 06. Transporte no Centro
Mapa 07. Área de Planejamento 1.1
Mapa 08. Bairros que perderam e ganharam população (1991-2000)
Mapa 09. Delimitação da AC-2
Mapa 10. Delimitação da AEIU da II RA – Centro
Mapa 11. Rio de Janeiro - Área média de unidades residenciais por bairro
Mapa 12. Densidade construída não residencial bruta por bairro
Mapa 13. Bairros que concentram 80% do total das transações da tipologia sala não residencial no período de 1997 a 2007
Mapa 14. Bairros que concentram 50% das transações da tipologia loja não residencial no período 1997 -2007
Mapa 15. Lançamentos imobiliários recentes
Mapa 16. Legislação de proteção e preservação do patrimônio
Mapa 17. Equipamentos turísticos e culturais no Centro
Mapa 18. Praças, parques e áreas verdes
Mapa 19. Empresas do setor de Petróleo e Gás no Centro
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LISTA DE TABELAS
Tabela 01. Núcleo central e zona periférica do centro
Tabela 02. População residente
Tabela 03. Incremento populacional relativo
Tabela 04. População residente – incremento populacional absoluto (1991-2000)
Tabela 05. População residente – incremento populacional relativo
Tabela 06. Estoque do Centro
Tabela 07. Distribuição das tipologias não residenciais – IPTU (2008)
Tabela 08. Unidades de salas não residenciais por bairro em 2008
(bairros que totalizam 80% do total)
Tabela 09. Transações de salas não residenciais por bairro no período de 1997 a 2007
(bairros que totalizam 80% do total)
Tabela 10. Transações de salas não residenciais por logradouro no período de 1997 a 2007 (logradouros que totalizam 50% do total)
Tabela 11. Unidades de lojas não residenciais por bairro em 2008 (bairros que totalizam 50% do total)
Tabela 12. Transações de lojas não residenciais por bairro no período de 1997 a 2007
(bairros que totalizam 50% do total)
Tabela 13. Transações de lojas não residenciais por logradouro no período de 1997 a 2007 (relação dos 10 logradouros que tiveram mais transações)
Tabela 14. Número de estabelecimentos por porte e setor na Região Administrativa Centro e no Município do Rio de Janeiro
Tabela 15. Polos e quarteirões culturais
Tabela 16. Unidades de apartamentos residenciais por bairro em 2008
(bairros que totalizam 50% do total)
Tabela 17. Gasodutos no Estado do Rio de Janeiro
Tabela 18. Edifícios ocupados pela Petrobras no Rio de Janeiro
Tabela 19. Empresas de petróleo e gás por seção no município do Rio de Janeiro
Tabela 20. Empresas de petróleo e gás por seção e localização no município do Rio de Janeiro
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01. Idade dos imóveis por RA
Gráfico 02. Idade das salas e lojas por RA
Gráfico 03. Distribuição das empresas de petróleo e gás por seção no município do Rio de Janeiro
Gráfico 04. Empresas de petróleo e gás por seção - Distribuição de acordo com a localização (Centro e demais bairros)
Gráfico 05. Número de empresas de petróleo e gás por seção e localização no município do Rio de Janeiro
Gráfico 06. Distribuição das empresas de petróleo e gás por seção no Centro do Rio de Janeiro
Gráfico 07. Perfil das empresas instaladas no RB1
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Abimaq Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos
AC Área central (Decreto nº 322)
ACN Área Central de Negócios
ADEMI Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário
AEIU Área de Especial Interesse Urbanístico
ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
AP Área de Planejamento
APAC Área de Proteção do Ambiente Cultural
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CB Centro de bairro (Decreto nº 322)
Cenpes Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello
COMPERJ Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro
E&P Exploração e Produção
EDICIN Edifício Cidade Nova (Petrobras)
EDIHB Edifício Horta Barbosa (Petrobras)
EDISE Edifício Sede (Petrobras)
EDITA Edifício Torre Almirante (Petrobras)
Fetranspor Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro
Firjan Federação das Indústrias do Rio de Janeiro
IBAM Instituto Brasileiro de Administração Municipal
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBP Instituto Brasileiro de Petróleo
IPTU Imposto Predial Territorial Urbano
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ITBI Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis
MBA Master of Business Administration
ONIP Organização Nacional da Indústria do Petróleo
OPEP Organização dos Países Produtores de Petróleo
PIB Produto Interno Bruto
Prominp Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás
RA Região Administrativa
REDUC Refinaria de Duque de Caxias
SAARA Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
Sinaval Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshores
SMS Segurança, meio-ambiente e saúde
UFF Universidade Federal Fluminense
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
ha Hectare
m² Metro quadrado
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SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 16 INTRODUÇÃO 17 Capítulo 1 | O CENTRO DO RIO DE JANEIRO 19 1.1 Caracterização inicial 19 1.2 Centralização e Área Central 22 1.3 Desvendando o Centro 28 Capítulo 2 | A CRISE 39 2.1 Crise no Centro do Rio de Janeiro 39 2.2 Os outros centros 57 2.2.1 Descentralização e os núcleos secundários 57 2.2.2 Os outros “centros” do Rio de Janeiro 59 Capítulo 3 | A VIRADA 71 3.1 Lugar de trocas, transações e trabalho 71 3.2 Lugar de aprendizado 76 3.3 Lugar de transformações 77 3.4 Lugar de preservação, conservação e história 82 3.5 Lugar de uso público 86 3.6 Lugar de moradia 90 Capítulo 4 | A PROSPERIDADE DO PETRÓLEO 95 4.1 A economia fluminense e a Petrobras 95 4.2 Óleo e gás no Centro 107 4.3 Novas perspectivas 120 CONCLUSÃO 129 REFERÊNCIAS 135 APÊNDICE 140 Apêndice A – Levantamento das empresas do setor de Petróleo e Gás instaladas no Centro do Rio de Janeiro
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APRESENTAÇÃO
Este trabalho surgiu pelo interesse no estudo do processo de centralização e
descentralização no município do Rio de Janeiro, cujo primeiro resultado foi o Trabalho Final
de Graduação apresentado no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal
Fluminense, no segundo semestre de 2008, sob orientação da professora Cristina Nacif.
Em 2009, o ingresso no curso de pós-graduação em Engenharia Urbana da Universidade
Federal do Rio de Janeiro despertou novamente o interesse pelo tema.
A Engenharia Urbana atua de forma sistêmica nas cidades, conciliando desenvolvimento
econômico e urbano, visando minimizar os problemas urbanos e garantir melhores
condições de habitabilidade nas cidades. Dessa forma torna-se relevante entender os
processos sociais e espaciais que ocorrem no território para determinar as formas de
intervenção, mitigação ou adaptação, com objetivo de construir espaços fluidos, conectados,
dinâmicos, sustentáveis e agradáveis aos usuários, e assim, cidades mais “saudáveis”.
Se a investigação durante a graduação reafirmou o Centro como local das principais trocas,
atividades econômicas, fluxos de pessoas e capitais na cidade, agora o foco da pesquisa são
os efeitos da indústria do petróleo e gás na dinâmica dessa área da cidade. Para isso foi
fundamental a orientação do professor Jorge Natal, que trouxe para a pesquisa o viés
econômico do tema, já abordado em seus trabalhos.
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INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo analisar o papel da indústria do petróleo e gás na dinâmica
econômica do Rio de Janeiro, com foco na sua área central e em especial no bairro Centro.
A ideia é contribuir para o conhecimento do significado e importância do Centro para o
município (e para o estado), através do levantamento de uma série de informações que o
caracterizam, e investigar de que forma a indústria do petróleo e gás contribui no processo
de renovação da área e na sua reafirmação como coração dos negócios e serviços da cidade.
O Centro do Rio de Janeiro foi a capital da república até 1960. Dessa forma lá se instalaram
sedes de órgãos do governo, grandes instituições e importantes equipamentos urbanos.
Com a mudança da capital para Brasília, a saída da Bolsa de Valores para São Paulo, a
expansão da cidade para outras áreas, e a redução dos investimentos, o Centro do Rio de
Janeiro passou por um longo período marcado pela decadência e pelo esvaziamento
econômico, populacional e financeiro.
No entanto, mais recentemente observa-se uma inflexão no processo de desenvolvimento
expresso através de novas dinâmicas como o aquecimento do mercado imobiliário; o
incentivo ao turismo; a criação de polos culturais; a proliferação de instituições de ensino
técnico, superior e de pós-graduação; a chegada (ou permanência) de empresas de diversos
setores; e os investimentos estrangeiros na cidade, sobretudo com a expectativa dos
megaeventos nos próximos anos.
O Rio de Janeiro será sede da Copa do Mundo, em 2014, e dos Jogos Olímpicos, em 2016, o
que tem provocado diversas mudanças na configuração da cidade com desapropriações para
execução de obras viárias, instalação de grandes equipamentos esportivos, investimento em
políticas sociais e de segurança, dentre outras.
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Nesse contexto é possível observar os vultosos investimentos que a indústria do petróleo
tem trazido para o estado através dos royalties, gerando alterações na dinâmica fluminense
com obras de viárias, de infraestrutura, e novos empreendimentos residenciais e comerciais.
Ressaltam-se as transformações na dinâmica econômica do estado devido à forte atração de
empresas de consultoria, prestadoras de serviços, de venda de tecnologia e equipamento.
Da mesma forma observa-se a chegada de mão-de-obra qualificada ou em busca de
qualificação na região.
A metodologia utilizada para desenvolvimento deste trabalho incluiu muitas pesquisas.
Através de periódicos, como os jornais O Globo e Jornal do Brasil, foi possível estudar os
acontecimentos recentes; empresas e organizações (Geofísica Brasil, Ademi, Petrobras)
possibilitaram o entendimento sobre a dinâmica imobiliária do Centro e a dinâmica do setor
de petróleo e gás no Rio de Janeiro e no Brasil; e ainda através de órgãos públicos das
instâncias federal, estadual e municipal (Casa Civil, ANP, Governo Estadual, Prefeitura da
Cidade do Rio de Janeiro), deu-se o acesso à regulamentação do setor e à legislação
urbanística da cidade.
A revisão bibliográfica aprofundou o conceito de centralidade através de CORREA (1995); os
trabalhos acadêmicos forneceram outras abordagens sobre o Centro e o conceito de
centralidade; os textos BUENO e CASARIN (2011) e MOTA, PONTES, TAVARES, CARVALHO e
TOTTI (2007) permitiram aprofundar os conhecimentos sobre a área de óleo e gás e as
dinâmicas do setor; e os livros de NATAL (2007 e 2009) deram um panorama sobre a
economia fluminense recente.
O trabalho foi dividido em quatro capítulos. O primeiro capítulo oferece um panorama sobre
o Centro do Rio de Janeiro, identificando as características mais marcantes do seu território.
O segundo capítulo aborda o processo de esvaziamento e decadência do Centro, enquanto o
terceiro trata do período seguinte, da revitalização. O quarto e último capítulo apresenta um
panorama da atividade de petróleo e gás no Brasil, no estado, no município, e no Centro, e
reúne ainda uma série de evidências sobre a relação da reconfiguração do território com as
novas dinâmicas em curso.
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CAPÍTULO 1 | O CENTRO DO RIO DE JANEIRO
1.1 Caracterização inicial
O Centro do Rio de Janeiro, objeto de estudo deste trabalho, corresponde ao bairro definido
pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e que coincide com os limites da II Região
Administrativa (RA)1
do município. Com um território de 5,72 km² (572 hectares) o Centro
integra a Área de Planejamento 1.1 juntamente com os bairros que compõem a I RA
Portuária (Saúde, Gamboa, Santo Cristo e Caju), III RA Rio Comprido (Catumbi, Rio Comprido,
Cidade Nova e Estácio), VII RA São Cristóvão (São Cristóvão, Mangueira, Benfica e Vasco da
Gama), XXI Ilha de Paquetá (Paquetá) e XXIII Santa Teresa (Santa Teresa).
Figura 01. Localização
1De acordo com o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável do Município do Rio de Janeiro (Lei Complementar n° 111 de 01/02/2011), para o planejamento e controle do desenvolvimento urbano o município é dividido em unidades territoriais: Áreas de Planejamento, Regiões de Planejamento, Regiões Administrativas, bairros e bacias hidrográficas e aéreas.
Estado do Rio de Janeiro, Região Metropolitana e Município do Rio de Janeiro
Centro, com destaque para os bairros vizinhos da AP 1.1
Município do Rio de Janeiro, com destaque para a Área de Planejamento 1.1 e o bairro Centro
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Figura 02. Ortofoto com a delimitação do bairro Centro
Fonte: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. CD-ROM Mapa Cadastral Central. Base de dados para apoio à
gestão. Rio de Janeiro, 2003.
De acordo com o Plano Diretor do Município bairro é a porção do território demarcada
oficialmente por limites culturalmente reconhecidos pela mesma denominação, no entanto,
quando tratamos de uma área central com as características do Rio de Janeiro tal recorte
adquire contornos especiais por se tratar também do Centro da Região Metropolitana da
segunda metrópole nacional.
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Figura 03. Vista aérea do Centro com Baía de Guanabara ao fundo
Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=583610
Na cidade capitalista ocorrem diversos processos sociais que criam funções e formas
espaciais, ou seja, criam atividades e suas materializações, cuja distribuição espacial
constitui a própria organização espacial urbana. (CORREA, 1995, p. 36)
Os processos espaciais são os responsáveis por fazer com que os processos sociais originem
as formas espaciais. Eles são um conjunto de forças atuantes que, através dos agentes
modeladores, permitem localizações e relocalizações das atividades e pessoas – são os
responsáveis pela organização espacial desigual e mutável da cidade capitalista. É através
dos processos espaciais que o movimento de transformação da estrutura social (o processo)
se efetiva no espaço, refazendo a espacialidade da sociedade.
Numa concepção “clássica” ou tradicional, segundo CORREA (1995), para o processo espacial
de centralização a forma espacial correspondente é a área central. Da mesma forma, para o
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processo espacial de descentralização temos os núcleos secundários como correspondentes
formas espaciais. Dessa forma será traçado um paralelo entre estes dois modelos de
CORREA e a situação encontrada no Rio de Janeiro.
1.2 Centralização e Área Central
A Área Central é o foco principal da cidade e de sua hinterlândia, já que é o local onde se
concentram as principais atividades comerciais, de serviços, da gestão pública e privada, e os
terminais de transporte inter-regionais e intra-urbanos. Sua paisagem se destaca pela
verticalização.
Figura 04. Verticalização do Centro do Rio de Janeiro
Fontes: http://www.pbase.com/ceck/image/68563543 e http://www.skyscrapercity.com
Observa-se que a dinâmica do Centro do Rio é imposta, entre outros aspectos igualmente
importantes, pelo fato de que a maioria das pessoas que aí circula vem de outros bairros da
cidade, municípios vizinhos ou de outros estados, conferindo uma multiplicidade de atores e
agentes. Assim, como dito anteriormente, o Centro é também o foco principal da Região
Metropolitana.
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Mapa 01. O Centro do Rio de Janeiro e a Região Metropolitana
Fonte: BELEM, 2008.
As cidades possuem ligações com o mundo devido aos fluxos de capitais, mercadorias,
pessoas e ideias, e para isso tornam-se o foco de transportes inter-regionais.
Na segunda metade do século XIX a Revolução Industrial propiciou uma ampliação das
ligações da cidade com o restante do mundo. As ferrovias, mantidas através de capital
privado, tornaram-se o principal meio de transporte da época.
Para diminuir os custos de baldeação dentro das grandes cidades os terminais ferroviários
ficavam o mais próximo possível um do outro, e quando possível, próximo também do
terminal marítimo.
As atividades que dependem da relação com outras cidades vão se localizar próximas a estes
terminais. São atividades como o comércio atacadista, depósitos, escritórios e indústrias cuja
localização junto aos terminais de transporte era essencial, pois significava redução dos
custos. Estas atividades criaram mercado de trabalho, e a área tornou-se, além de foco de
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transportes inter-regionais, foco de transportes intra-urbanos. Dessa forma foi criada uma
área de melhor acessibilidade dentro da grande cidade.
Dessa forma a boa acessibilidade atraiu lojas de departamentos e de outros gêneros do
comércio varejista, e ainda atividades instaladas em escritórios, e assim o mercado de
trabalho crescia cada vez mais.
Os trens e bondes são meios de transporte caracterizados pela rigidez espacial já que se
deslocam sobre trilhos. Com isso o acesso ao mercado consumidor e às fontes de matérias-
primas não é uniforme – a Área Central é privilegiada por abrigar os principais terminais de
transporte. A acessibilidade atrai muitas empresas, e assim gera economias de aglomeração.
O processo de centralização e a forma área central são, portanto, produtos do capitalismo.
Verifica-se uma certa sincronia entre o emergir do capitalismo em sua fase plenamente
industrial e o aparecimento da Área Central. Processo, forma e também as funções estão
assim conectados. (CORREA, 1995, p. 39)
O seu aparecimento [da Área Central] se deve assim às demandas espaciais do capitalismo
em sua fase concorrencial, onde a localização central constituía-se em fator crucial na
competição capitalista. A Área Central é assim, e em grande parte, um produto da ação
dos proprietários dos meios de produção, ainda que o Estado fosse chamado a intervir.
(CORREA, 1995, p. 40)
As vantagens locacionais do Centro vão encarecer o preço da terra, e gerar uma seleção de
atividades. Localizam-se na Área Central aquelas [atividades] que são capazes de
transformar custos locacionais elevados e ampla acessibilidade em lucros maximizados: são
as atividades voltadas para um amplo mercado, nacional, regional ou abrangendo toda a
cidade. (CORREA, 1995, p. 40)
Ao mesmo tempo as atividades que não requeriam nem suportavam uma localização central
vão buscar outras áreas da cidade – é o caso, por exemplo, do “comércio de bairro”, como
padarias, mercados, costureiras, etc., que dificilmente são encontrados no Centro.
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De modo geral as áreas centrais têm passado por transformações desde a década de 1920,
e, sobretudo após a Segunda Guerra Mundial. Com o crescimento espacialmente
descentralizado algumas atividades que se localizavam no centro foram deslocadas para fora
da área central.
Dessa forma existe uma tendência de redefinição funcional do núcleo central, que se torna o
foco principal das atividades de gestão e de escritórios de serviços especializados, enquanto
o comércio varejista e certos serviços encontram-se dispersos pela cidade. (CORREA, 1995, p.
44).
CORREA afirma que o processo de centralização configurou a Área Central de modo
segmentado, com dois setores: o núcleo central (core, Central Business District) e a zona
periférica do centro (frame, zone in transition, zona de obsolescência), esta que seria uma
área em torno do núcleo central.
Figura 05. Forma espacial do processo de centralização
Fonte: BELEM, 2008.
Neste modelo o transporte intra-urbano atende o núcleo central e zona periférica, enquanto
o transporte inter-regional possui terminais na periferia do Centro e faz a ligação com o
restante da cidade.
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Figura 06. Configuração da área central
Fonte: BELEM, 2008.
CORREA (1995) apresenta ainda as características do núcleo central e da zona periférica do
centro na segunda metade do século XX, que estão apresentadas no quadro a seguir.
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Tabela 01. Núcleo central e zona periférica do centro
Núcleo central Zona periférica do centro
Uso intensivo do solo e elevados preços da terra.
Área da cidade com maior concentração de
atividades econômicas, principalmente do setor
terciário.
Uso semi-intensivo do solo. Concentra atividades
que estão vinculadas as do núcleo central e a
toda cidade, e que se beneficiam da
acessibilidade da Área Central.
Ampla escala vertical. Paisagem urbana
facilmente distinguível.
Limitada escala horizontal. Sua extensão é
limitada, podendo ser percorrido a pé.
Ampla escala horizontal. As atividades aí
localizadas ocupam prédios baixos e muito
espaço já que nesta área o preço da terra é
menos elevado que no núcleo central.
Limitado crescimento horizontal. Sua expansão
se dá através da verticalização – prédios mais
antigos são demolidos e substituídos por outros
mais elevados.
Limitado crescimento horizontal. As novas
atividades criadas não precisam mais desta
localização e as outras atividades buscam áreas
com terrenos mais amplos e mais baratos.
Concentração diurna durante o expediente de
trabalho. É deserta à noite.
Foco de transportes intra-urbanos. Ponto de
convergência do tráfego urbano e de baldeação.
Foco de transportes inter-regionais. Na área
localizam-se os terminais ferroviários e
rodoviários e, consequentemente, depósitos,
garagens e hotéis.
Área de decisões. É onde se localizam as sedes e
escritórios das empresas mais importantes da
cidade. Concentra também muitas instituições
do Estado, e por isso é o ponto focal da gestão
do território.
Área residencial de baixo status social. O amplo
setor residencial presente nesta área é
caracterizado por residências populares e de
baixa classe média, como os cortiços. Ao mesmo
tempo representa o principal foco da política de
renovação urbana na qual as edificações
deterioradas são substituídas por novos edifícios
– o que resulta na saída dos pobres e entrada da
classe média.
28
1.3 Desvendando o Centro
O Centro do Rio possui como núcleo central um trecho reduzido com múltiplas funções e
máxima complexidade, delimitado pelas praças Quinze de Novembro e Tiradentes, no
sentido Leste-Oeste, e Praça Mauá e Cinelândia, no sentido norte-sul. Conhecida como Área
Central de Negócios (ACN) esta área é, sem dúvidas, marcada pela verticalidade e possui
limitada área de expansão, já que se encontra rodeada por elementos físicos que funcionam
como bloqueios – morros e parques urbanos –, além das áreas de proteção – como as APACs
e o Corredor Cultural.
Envolvendo esse núcleo encontra-se a zona periférica, que possui maior fluidez de
fronteiras. A zona periférica do Centro pode ser entendida como a área “restante”, ou seja, a
área do bairro Centro que não está contida na ACN. Ao mesmo tempo, outros bairros
vizinhos também se configuram como uma periferia do núcleo central e apresentam áreas
passíveis de crescimento e renovação – são exemplos os bairros da Saúde, Cidade Nova e
Estácio.
29
Mapa 02. Configuração da Área Central
Fonte: BELEM, 2008.
A Área Central de Negócios pode ser identificada (e confirmada) também pela análise do
Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU). O mapa a seguir, retirado da Tese de Doutorado
de Nina Rabha, apresenta o IPTU pelo valor da unidade V0 no ano de 2004. O degradê de
cores, do mais claro para o mais escuro, acompanha o valor crescente do imposto. É possível
observar que a Avenida Rio Branco é a área mais valorizada do bairro, e se configura coma a
grande centralidade dentro do próprio Centro. Nota-se que as áreas onde incide legislação
de preservação do patrimônio cultural, especialmente a área das APACs Cruz Vermelha,
Sagas e Arcos da Lapa, são as regiões que possuem os valores mais baixos.
30
Mapa 03. Vias do Centro por valor V0 – IPTU (2004)
Valor dos terrenos atribuído pela SMF em 2004 por unidade V0
R$ 0,00 a R$ 5.000,00
R$ 60.000,01 a R$ 80.000,00
R$ 5.000,01 a R$ 15.000,00 R$ 80.000,01 a R$ 110.000,00
R$ 15.000,01 a R$ 30.000,00 R$ 110.000,01 a R$ 140.000,00
R$ 30.000,01 a R$ 45.000,00 R$ 140.000,01 a R$ 175.000,00
R$ 45.000,01 a R$ 60.000,00 R$ 175.000,01 a R$ 205.895,89
Fonte: RABHA, Nina Maria de Carvalho Elias. Centro do Rio: perdas e ganhos na história carioca. Rio de Janeiro:
PPGG/UFRJ, 2006, p. 340.
Dessa forma é possível esboçar um modelo de espacialidade para o Centro do Rio de Janeiro,
no qual temos uma área principal com maior concentração das atividades econômicas, uma
área com intenso comércio varejista, uma área caracterizada pelo uso residencial, três áreas
que concentram importantes equipamentos culturais, uma área menos dinâmica, e ainda a
localização periférica dos terminais de transporte.
31
Mapa 04. Estratégias Territoriais
O Centro é caracterizado como espaço predominantemente comercial, de negócios e
prestação de serviços por reunir as principais atividades econômicas da cidade e da Região
Metropolitana. É ainda o principal mercado de trabalho de elevada parcela da população
que trabalha no setor terciário.
Como herança deixada dos tempos de Capital da República o Centro se afirma também
como local de gestão e de tomada de decisões devido à quantidade e importância dos
órgãos públicos presentes em seu território2
2 Para maiores informações sobre instituções públicas instaladas no Centro ver RABHA, Nina Maria de Carvalho Elias. Centro do Rio: perdas e ganhos na história carioca. Rio de Janeiro: PPGG/UFRJ, 2006.
. Estão instaladas instituições públicas das três
esferas de governo: municipal, estadual e federal que atraem e mobilizam recursos
32
humanos, atividades de prestação de serviço, circulação de mercadorias, dentre outros
fluxos.
Figura 07. Palácio Pedro Ernesto – Câmara Municipal e Palácio Tiradentes – Assembleia Legislativa
Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=456275&page=2
Em relação às atividades desenvolvidas, o acúmulo de temporalidades abordado por
PACHECO (2002) produz dualidades no Centro do Rio: serviços que demandam capacidade
técnica mais apurada convivem com áreas mais tradicionais onde se desenvolvem atividades
menos qualificadas.
O Centro possui uma grande área de comércio de diversos segmentos configurada na região
da SAARA e Uruguaiana, e que é referência na cidade. O SAARA, assim como o Polo de
Desenvolvimento da Rua Larga (Avenida Marechal Floriano), é uma associação privada que
tem por objetivo estimular a economia da área.
33
Figura 08. Rua de pedestres no SAARA e vista aérea do Mercado Popular e Camelódromo da
Uruguaiana
Fonte: http://ipaco.multiply.com/photos/album/21#1.JPG
O bairro possui 41.142 moradores, o que corresponde a menos de 1% da população do
município de acordo com o Censo do IBGE de 20103
3 O Censo de 2010 estimou a população do município em 6.320.446 habitantes.
. No entanto o incremento populacional
nos últimos 10 anos foi de quase 5% (4,88%). O uso residencial está concentrado em
algumas áreas – o Bairro de Fátima é a área que possui maior densidade (mais de 500
habitantes por hectare); na sequência temos a área da Lapa e adjacências e trechos da Rua
do Riachuelo e Avenida Mem de Sá (201 a 500 habitantes por hectare); a área da Cruz
Vermelha e do entorno do Campo de Santana (101 a 200 habitantes por hectare); e o
restante do bairro, com uma baixa densidade – até 50 habitantes por hectare. O mapa a
seguir apresenta a densidade populacional agregada por setores censitários segundo dados
do IBGE de 2000.
34
Mapa 05. Densidade populacional
* Nota: nenhum setor censitário apresentou densidade populacional entre 51 e 100 habitantes por hectare.
É expressiva a quantidade de áreas públicas no Centro como as praças – algumas de grande
metragem, que se configuram como parques, como o Campo de Santana e o Passeio Público.
Estas áreas passam quase que despercebidas durante os dias da semana pelos seus
trabalhadores, consumidores e transeuntes que transitam num fluxo ligeiro e intenso por
esses locais. Contudo, nos finais de semana famílias oriundas de diversos pontos da cidade
encontram nesses espaços áreas propícias ao lazer e contemplação.
O Centro possui uma característica peculiar de convívio do novo com o antigo. Segundo
SEARA (2004) houve diversos surtos civilizatórios na cidade, porém, talvez mais por falta de
dinheiro do que por motivos preservacionistas, sempre que tentaram reinventar a cidade,
35
nunca conseguiram apagar tudo o que existia antes. Dessa forma existem diversas
construções históricas convivendo ao lado de prédios modernos e envidraçados.
A preocupação com a preservação do patrimônio é relativamente recente, e teve início com
o projeto Corredor Cultural.
A partir do Corredor Cultural dos anos 1980, que salvou da demolição cruel todo o
Centro do Rio, a cidade ficou mais consciente de que não se sobrevive botando
abaixo a cada 20 anos tudo que se construiu nos últimos 20, e as cinco fases
arquitetônicas da centenária Av. Rio Branco são bem exemplares disso.
(SEARA, 2004)
Com a retomada da consciência sobre o patrimônio hoje existe um considerável número de
equipamentos culturais instalados em prédios históricos bem preservados ou restaurados
como museus, centros culturais, cinemas, teatros e bibliotecas. No entanto, apesar do
grande valor histórico, artístico e arquitetônico de muitas construções, não é raro encontrar
edificações deterioradas, abandonadas, mal conservadas ou até em risco de desabamento.
Ao longo da Avenida Presidente Vargas e áreas adjacentes encontramos um espaço menos
dinâmico. A presença da linha de trem atua neste território como fragmentador do tecido
urbano assim como os vazios deixados pela instalação do metrô. Ao mesmo tempo as
dinâmicas residencial, comercial e de serviços ainda não “alcançaram” esta porção do
Centro. É um conjunto de terrenos vazios ou subutilizados à espera de um novo uso.
36
Figura 09. Mapa Figura e Fundo da Avenida Presidente Vargas
Fonte: BORDE (2006).
No entanto o Centro oferece muitas vantagens como infraestrutura de serviços básicos –
abastecimento de água, rede de esgoto e coleta de lixo – e boa acessibilidade, garantida pela
diversidade de transporte. A área é também servida por equipamentos urbanos como
escolas, universidades, bancos, hospitais e igrejas e possui um setor comercial bem
desenvolvido (de médio e grande porte) e grandes mercados populares, como o SAARA.
A grande infraestrutura de transporte existente, que conta com ônibus, metrô, trem, barca e
bonde, dá o tom da importância do Centro e é fundamental para a cidade e para a Região
Metropolitana. Destaca-se também a grande quantidade de estacionamentos, a maioria
superlotada, que dá um panorama do elevado uso do automóvel no local.
A região concentra diversos terminais de transporte que são ao mesmo tempo destino e
ponto de baldeação de passageiros de diversas partes da cidade e dos municípios vizinhos,
em especial os da Região Metropolitana. Além disso, o Centro possui o segundo maior
aeroporto da cidade, o Santos Dumont, com voos domésticos.
37
De acordo com a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio
de Janeiro (Fetranspor) existem 184 mil linhas de ônibus circulando pela cidade, que
representam 80% da divisão modal, ou 60% se considerarmos os carros particulares. Os
automóveis chegam a 1 milhão e 700 mil veículos.
Mapa 06. Transporte no Centro
Fonte: BELEM, 2008.
A configuração da Área de Planejamento 1.1 está apresentada de forma sintética no mapa a
seguir, publicado em trabalho de consultoria desenvolvido para a Prefeitura da Cidade do
Rio de Janeiro. Observam-se os eixos viários mais importantes do bairro (Avenida Presidente
Vargas, Avenida Rio Branco e o viaduto da Perimetral); a Área Central de Negócios, no eixo
da Avenida Rio Branco, e a área de maior concentração residencial, na extremidade oposta
(entorno da Cruz Vermelha); o Campo de Santana e o Passeio Público como as duas grandes
áreas verdes do bairro que marcam fortemente o território; e os grandes equipamentos de
38
transporte – o Aeroporto Santos Dumont e a estação de trens Dom Pedro II (Central do
Brasil).
Mapa 07. Área de Planejamento 1.1
Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de
Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008.
39
CAPÍTULO 2 | A CRISE
2.1 Crise no Centro do Rio de Janeiro
O estado do Rio de Janeiro foi marcado, nas décadas de 1980 e 1990, pelo declínio
econômico.
(…) os anos 1980 e a primeira metade dos 1990 foram marcados pelo entendimento
generalizado de que o estado do Rio de Janeiro possuía enormes problemas econômicos
(baixo dinamismo) e pela reiteração de verbalizações regionalistas (de demandas e
reclamações relativas ao governo federal) (…).
(NATAL, 2007, p. 28)
Nesse contexto o Centro do Rio de Janeiro também sentiu os efeitos da crise na economia
fluminense. Nos últimos anos ao Centro foi associada uma imagem de lugar decadente,
degradado, perigoso e violento. A falta de atenção do poder público, o direcionamento dos
investimentos para outras regiões da cidade, a saída de grandes empresas e a má
conservação de construções são alguns dos fatores que contribuíram para a criação deste
estigma. A indicação do esvaziamento é em geral associada à degradação física e social da
área, tendo se intensificado historicamente nas últimas décadas. (SILVA et al, 2002, p.3)
A partir do final dos anos 1970 observa-se o processo de esvaziamento do Centro com a
saída de algumas empresas do bairro. Este processo se deu tanto com as grandes empresas,
que migraram para outras áreas da cidade (Botafogo, por exemplo), como com as pequenas
e micro empresas que são expulsas pelos projetos de intervenção do poder público
(desapropriações para a construção do metrô, e a urbanização do entorno dos Arcos da
Lapa, dentre outros).
Dessa forma, até meados dos anos 1990, o Centro vinha perdendo empreendimentos
econômicos e financeiros. Para SILVA o esvaziamento pode ser entendido como crise ou
processo de transformação (SILVA et al, 2002).
40
É no período de 1970 a 1990 que o Centro – assim como outros bairros que formam a área
central da cidade, como Saúde, Gamboa, Santo Cristo, Estácio, Cidade Nova, Benfica e São
Cristóvão – começa a perder população, ao contrário da dinâmica que se apresentava em
outras áreas da cidade.
A análise da evolução da população residente no Centro ao longo de 20 anos demonstra que
de fato houve um decréscimo no número de habitantes, conforme mostra o quadro a seguir.
Tabela 02. População residente
1980 1991 2000
Centro - II RA 61.088 49.095 39.135
Área de Planejamento 1 338.531 303.695 268.280
Rio de Janeiro 5.090.790 5.480.768 5.857.904
Fonte primária: IBAM, com fonte secundária: Anuário Estatístico da Cidade do Rio de Janeiro 95/97 (CD-ROM);
Armazém de Dados.
Quando o Centro é comparado com a Área de Planejamento I da qual faz parte, e ainda com
o município, é possível perceber que o primeiro acompanha a dinâmica da AP1, que é
contrária à dinâmica do município. O Centro perdeu 19,63% da sua população no período de
1980 a 1991 e a AP1, 10,29%, enquanto o município cresceu 7,66%. No período seguinte, de
1991 a 2000, a população do Centro e da AP1 diminui ainda mais, ao mesmo tempo em que
o município continua apresentando crescimento, apesar da taxa ser inferior em relação à do
período anterior.
Tabela 03. Incremento populacional relativo
1980-1991 1991-2000
Centro - II RA -19,63% -20,29%
Área de Planejamento 1 -10,29% -11,66%
Rio de Janeiro 7,66% 6,88%
Fonte primária: IBAM, com fonte secundária: Anuário Estatístico da Cidade do Rio de Janeiro 95/97 (CD-ROM);
Armazém de Dados
41
No entanto, ao observar os dados de população em todos os bairros da cidade nos anos de
1991 e 2000 constata-se que não é só o Centro que perde população. A tabela 03 apresenta
os quinze bairros da cidade que mais perderam população em números absolutos. O Centro
ocupa a segunda posição, mas encontra-se entre Tijuca e Copacabana, dois bairros
tipicamente residenciais.
Tabela 04. População residente – incremento populacional absoluto (1991-2000)
N° Bairro 1991 2000 Incremento
absoluto
1 Tijuca 174.346 163.636 -10.710
2 Centro 49.095 39.135 -9.960
3 Copacabana 155.832 147.021 -8.811
4 Vila da Penha 26.157 17.673 -8.484
5 Rio Comprido 41.073 34.833 -6.240
6 Andaraí 43.758 38.540 -5.218
7 Méier 56.099 51.344 -4.755
8 São Cristóvão 42.958 38.334 -4.624
9 Jacarezinho 41.079 36.459 -4.620
10 Mangueira 17.530 13.594 -3.936
11 Del Castilho 18.099 14.246 -3.853
12 Grajaú 42.119 38.296 -3.823
13 Botafogo 81.858 78.259 -3.599
14 Santa Teresa 44.554 41.145 -3.409
15 Leblon 49.930 46.670 -3.260
Fonte: Armazém de Dados
A análise do incremento populacional em termos percentuais é um pouco diferente, e o
Centro cai para a sexta posição. É possível notar que bairros nobres da zona sul da cidade
como São Conrado e Urca também aparecem entre os quinze primeiros, mostrando que o
esvaziamento populacional não é um fenômeno exclusivo do Centro.
42
Tabela 05. População residente – incremento populacional relativo
N° Bairro 1991 2000 Incremento
relativo
1 Vila da Penha 26.157 17.673 -32,43%
2 Cidade Nova 7.814 5.282 -32,40%
3 Mangueira 17.530 13.594 -22,45%
4 Santo Cristo 12.340 9.618 -22,06%
5 Del Castilho 18.099 14.246 -21,29%
6 Centro 49.095 39.135 -20,29%
7 Alto da Boa Vista 10.084 8.254 -18,15%
8 São Conrado 13.591 11.155 -17,92%
9 Saúde 2.602 2.186 -15,99%
10 Água Santa 8.579 7.243 -15,57%
11 Rio Comprido 41.073 34.833 -15,19%
12 Vaz Lobo 14.344 12.177 -15,11%
13 Barros Filho 17.931 15.223 -15,10%
14 Urca 7.824 6.750 -13,73%
15 Pitangueiras 13.379 11.605 -13,26%
Fonte: Armazém de Dados
O mapa a seguir apresenta os bairros que perderam (em azul) e ganharam (em laranja)
população no mesmo período, de 1991 a 2000. É possível observar que os bairros que
tiveram decréscimo populacional estão concentrados nas Áreas de Planejamento 1 e 2 – que
são as áreas mais consolidadas da cidade. Enquanto isso, as áreas de expansão – AP 4 e AP 5
– apresentaram algum crescimento. A AP3 possui uma mescla de bairros que ganharam e
perderam população, mas este último grupo se apresenta em maior quantidade.
43
Mapa 08. Bairros que perderam e ganharam população (1991-2000)
Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de
Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008.
A aprovação do Decreto no 322 de 1976 que regulamenta o zoneamento do município é
frequentemente responsabilizada pela saída de moradores do Centro. No entanto, a redação
do Decreto não deixa clara a proibição do uso residencial.
De acordo com o Artigo 22 do Decreto citado o uso residencial é tolerado em CB e AC-1 em
unidades residenciais de edificação unifamiliar, multifamiliar e mista. Tolerado não quer
dizer proibido. A AC-2, definida pelo zoneamento do município e delimitada na figura a
seguir, não é citada neste artigo, então fica entendido que o uso residencial não é permitido
apenas nesta área. No restante do bairro, ele seria possível.
44
Mapa 09. Delimitação da AC-2
Fonte: Lei no 2.236/1994, disponível em http://www2.rio.rj.gov.br/smu
Foi apenas em 1994, na perspectiva de revitalização do Centro, que o uso residencial passou
a ser “adequado” em toda a Área de Especial Interesse Urbanístico (AEIU) da II RA, através
da Lei no 2.236. A AEIU da II RA abrange praticamente todo o bairro Centro, como pode ser
visto no mapa a seguir.
45
Mapa 10. Delimitação da AEIU da II RA – Centro
Fonte: Lei no 2.236/1994, disponível em http://www2.rio.rj.gov.br/smu
Ao processo de esvaziamento “quantitativo” (populacional) podem ser acrescentadas as
características consideradas de degradação. O estigma da área central como lugar
decadente e degradado de fato não contribuía com a atração de possíveis novos moradores.
A crise econômica que o país enfrentou na década de 1980 certamente foi um dos fatores
que provocou a situação de decadência, que talvez tenha adquirido feições mais explícitas
no Centro do que no restante da cidade.
Esta decadência é associada aos vários efeitos, para a cidade, da crise econômica
dos anos 80, da falência da própria cidade (em 1988) e do caráter das intervenções
que haviam sido realizadas em passado recente. (...) são nestes anos que se
observa o aumento da pobreza e do desemprego e problemas de fiscalização do
poder público, entre outros.
(SILVA et al, 2002, p. 4.)
De acordo com Relatório Final da Pesquisa sobre Demanda Habitacional para o Centro
Histórico do Rio de Janeiro (SILVA et al, 2002), estes fatores vão desencadear os fenômenos
46
de expansão do comércio ambulante, o aumento da população de rua, o abandono de
edificações, o aumento da violência, e a deterioração do espaço público.
A decadência física (destruição ou abandono de edificações e espaços públicos) teve como
consequência a acentuação da identidade do Centro como lugar de classes de menor poder
aquisitivo.
(...) a visibilidade do centro enquanto área de localização de camadas pobres (e
miseráveis) da população: nas favelas de sua periferia imediata, na densificação
dos cortiços que “sobraram”, no crescimento da população moradora (ou usuária)
de suas calçadas e praças, e mesmo na permanência de camadas médias baixas em
áreas de moradia tradicional (Bairro de Fátima, Cruz Vermelha, (...), imediações da
Praça Tiradentes e Praça da República, etc).
(SILVA et al, 2002, p. 4.)
Ao mesmo tempo, o desenvolvimento dos meios de transporte possibilitou a expansão da
cidade para áreas mais distantes. Dessa forma, muitos moradores do Centro migraram para
bairros como Tijuca, na zona norte, ou Botafogo, na zona sul, atraídos pelas características
do sítio e ambiência mais tranquila, reforçando o estigma que vinha sendo historicamente
produzido sobre o Centro.
Sobre as novas áreas de moradia NACIF (2007) cita Rolnik (2006):
(...) se examinarmos o próprio movimento que esvaziou os centros da presença de
classes mais abastadas, é possível percebermos que, toda vez que o diminuto
mercado de classe média em nosso país abre uma nova frente de expansão, esvazia
a anterior.
(NACIF, 2007, p. 86)
NACIF (2007) afirma ainda que
(...) tal forma de proceder significa que a produção de uma nova centralidade
enobrecida decreta a morte de sua antecessora e consequentemente a expulsão
47
das atividades e territórios populares que ocupam estes lugares pressionando a
precarização da cidade.
(NACIF, 2007, p. 86)
O processo de descentralização no Rio de Janeiro, que será detalhado mais adiante, criou
novas centralidades, configurando uma cidade policêntrica.
Novas vias de ligação expressa como a Linha Vermelha (1994), e mais recentemente, a Linha
Amarela (1997), direcionam a expansão da cidade para novas áreas. A Linha Amarela foi
responsável em grande parte pelo desenvolvimento da Zona Norte do Rio. Em entrevista ao
Jornal O Globo, o Secretário Municipal de Urbanismo, Augusto Ivan, afirma que
A região que mais cresceu proporcionalmente na cidade foi a Zona Norte: mais de
200% de 2004 para 2006 em número de licenças. A Linha Amarela teve um papel
fundamental nessa expansão.
(O Globo, Caderno Especial, p. 4, 14/12/2008)
A Zona Norte e a Zona Oeste se apresentam como grandes vetores de expansão da cidade, e
têm apresentado altas taxas crescimento nos últimos anos. Aqui daremos mais ênfase à
Barra da Tijuca devido à sua dinâmica particular e por se configurar como o único bairro da
cidade que realmente “disputa” economicamente com o Centro.
(...) a Grande Barra é cada vez mais uma cidade dentro da cidade. Hoje responde
por 80% dos lançamentos imobiliários do Rio e arrecada 20% do IPTU de todo o
município.
(Revista Veja, 15/11/06.
Disponível em http://veja.abril.com.br/vejarj/151106/capa.html)
Projetada por Lucio Costa na década de 1970, a Barra surgiu com a finalidade de ser um
novo Centro para a cidade. O seu desenvolvimento se deu de forma intensa a partir da
década de 1980/1990 acompanhado por diversas mudanças na legislação que acabaram
provocando profundas alterações no plano de Lucio Costa.
48
Trinta e um anos depois da entrega dos apartamentos do primeiro condomínio,
Nova Ipanema, a Barra da Tijuca conquistou a maioridade e transformou-se em
lugar de trabalho, moradia e diversão.
(Revista Veja, 15/11/06.
Disponível em http://veja.abril.com.br/vejarj/151106/capa.html)
A Barra é uma centralidade da cidade cuja consolidação é mais recente, e por isso existe
uma grande quantidade de terrenos disponíveis e muita oferta de imóveis novos, tanto
residenciais como não residenciais. Com uma intensa produção imobiliária o bairro
apresenta um tipo de estoque diferenciado no mercado: unidades novas de diversas
tipologias – casas, apartamentos e até mansões, em condomínios exclusivos que oferecem
uma variedade de serviços como padaria, locadora de vídeo, academia, escola, farmácia e
salão de beleza. Alguns condomínios “vendem” também a grande área verde de lazer, além
das belezas naturais – extensão de praia, canais e lagoas, como no anúncio abaixo.
Aqui você tem um modo de vida completamente diferente do que existe no resto
da cidade. Os compradores buscam segurança, lazer, serviços opcionais e
paisagismo. (...) Aqui você ainda pode comprar mais por menos (...).
(Revista Veja, 15/11/06.
Disponível em http://veja.abril.com.br/vejarj/151106/capa.html)
O mapa a seguir apresenta a área média das unidades residenciais de todos os bairros do
município. O Centro está na menor categoria, que é a dos imóveis de até 50 m2, enquanto
que a Barra encontra-se na maior categoria, que é de unidades com mais de 100 m2.
49
Mapa 11. Rio de Janeiro - Área média de unidades residenciais por bairro
Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de
Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008.
A segurança é, sem dúvidas, um dos aspectos mais desejados por aqueles que optam por
esta localização, e que vale também no caso das unidades não residenciais. Além disso, os
imóveis são, em geral, maiores do que os da Zona Sul e o preço do metro quadrado é mais
em conta.
O metro quadrado na região ainda é mais barato que nos bairros da Zona Sul. E
também é considerado um investimento seguro para as próximas décadas, já que o
bairro está em crescimento. Enquanto em Ipanema e Leblon o valor do metro
quadrado para empreendimentos comerciais em pontos nobres oscila entre R$ 10
mil e R$ 14 mil devido à escassez de ofertas, na Avenida das Américas o preço está
em torno de R$ 4 mil.
(http://ademi.webtexto.com.br/article.php3?id_article=1040 acessado em
11/01/09)
Os modernos centros empresariais oferecem salas com os padrões de SMS (segurança,
meio-ambiente e saúde), além de infraestrutura tecnológica de ponta, instalações
50
modernas, e estacionamento. Além disso, a mão-de-obra qualificada moradora dos luxuosos
condomínios residenciais tem a possibilidade de trabalhar próxima de sua residência.
(...) Até seis anos atrás, a Barra era um grande centro de lazer e compras. Agora,
virou um grande polo gerador de empregos (...).
(Revista Veja, 15/11/06.
Disponível em http://veja.abril.com.br/vejarj/151106/capa.html)
O Centro possui um grande estoque de unidades residenciais e não residenciais, porém seu
crescimento foi relativamente pequeno nas últimas décadas. Muitos atribuem este fato,
além dos fatores descritos anteriormente, à escassez de terrenos para novas construções.
De fato o Centro não apresenta muitas unidades territoriais disponíveis. O eixo de negócios
que existe ao longo da Avenida Rio Branco está esgotado – é a área mais densa do Centro.
Contudo podemos observar que ainda existem alguns terrenos vazios, com pequena testada
e grande profundidade (nas áreas de ocupação mais antiga) que geralmente acabam sendo
subutilizados como estacionamentos. Ao longo da Avenida Presidente Vargas também
existem terrenos não ocupados e de maior porte, no entanto a grande maioria pertence ao
Estado.
Tabela 06. Estoque do Centro
Utilização Unidades % em relação ao
total do bairro
Área construída
(m2)
% em relação ao
total do bairro
Residencial 19.575 25,95% 934.795,15 9,08%
Não Residencial 54.442 72,16% 9.236.652,12 89,76%
Territorial 1.431 1,90% 118.780,00 1,15%
Total 75.448 100,00% 10.290.227,27 100,00%
Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de
Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008.
A análise do estoque identifica que menos de 2% das unidades do bairro são terrenos, e que
estes correspondem a pouco mais de 1% de área em relação ao total construído no bairro
(que engloba os usos residencial e não residencial, além do territorial). Este cálculo
51
considera apenas a área do terreno, e não o potencial construtivo de cada um deles, mas já
demonstra que são poucas as áreas livres.
Além disso, não é raro encontrar imóveis fechados no Centro do Rio. Com uma ocupação
antiga, formada por imigrantes, muitos dos imóveis cujos proprietários já faleceram têm
suas famílias em outros países, o que dificulta ainda mais os lentos processos de inventário.
E muitas vezes, quando a situação legal do imóvel é resolvida, constata-se que as dívidas de
IPTU ou da Cedae são tão altas que às vezes superam o valor do próprio imóvel e assim
inviabilizam a venda destas construções. Por conta disso não são raras as ocupações de
antigos casarios no Centro.
Figura 10. Ocupação do prédio nº 510 da Avenida Gomes Freire
Fonte: http://oglobo.globo.com
Outra questão associada ao esvaziamento do Centro se refere à limitada absorção de
escritórios com padrão internacional no Rio de Janeiro. As empresas multinacionais que
elegem o Rio para instalar uma filial têm um alto nível de exigência na escolha de suas
instalações. Muitas vezes o que conta não é apenas a localização em si, mas a infraestrutura
que o prédio oferece. Hoje as questões de SMS (segurança, meio-ambiente e saúde), aliadas
à racionalização do uso de energia implicam diretamente nos conceitos de Ambiência
Organizacional, ou seja, o ambiente de trabalho diário. Itens como escadas de incêndio,
52
iluminação na mesa de cada funcionário, manutenção do sistema de ar condicionado, e uma
série enorme de parâmetros são fundamentais.
No Centro grande parte do estoque é antiga, e por isso algumas multinacionais acabam
optando por localizações na Zona Sul e, principalmente, na Barra da Tijuca, que oferecem
imóveis mais novos que atendem às tais exigências.
São apresentados a seguir alguns gráficos que se referem à faixa de idades dos imóveis de
quatro Regiões Administrativas que representam grandes centralidades na cidade.
Primeiramente podemos analisar o estoque total das Regiões Administrativas Centro,
Botafogo, Tijuca e Barra da Tijuca. As três primeiras RAs apresentam semelhantes faixas de
idades dos imóveis, que se concentram na faixa de 21 a 44 anos. Enquanto isso, a Barra da
Tijuca apresenta mais de 80% do estoque na faixa de 0 a 20 anos.
Gráfico 01. Idade dos imóveis por RA
Fonte: Armazém de Dados
* Os bairros correspondentes a cada Região Administrativa são: II Centro - Centro; IV RA Botafogo - Flamengo,
Glória, Laranjeiras, Catete, Cosme Velho, Botafogo, Humaitá e Urca; VIII RA Tijuca - Praça da Bandeira, Tijuca e
Alto da Boa Vista; XXIV RA Barra da Tijuca - Joá, Itanhangá, Barra da Tijuca, Camorim, Vargem Pequena, Vargem
Grande, Recreio dos Bandeirantes, Grumari.
53
Em relação apenas às unidades não residenciais (tipologias sala e loja) pode-se perceber que
o gráfico é semelhante – o Centro apresenta o estoque mais antigo, Botafogo e Tijuca
apresentam imóveis em idade mediana, enquanto na Barra concentra-se o estoque mais
recente.
Gráfico 02. Idade das salas e lojas por RA
Fonte: Armazém de Dados
* Foram consideradas as tipologias Sala, Sobreloja e Loja.
* Os bairros correspondentes a cada Região Administrativa são: II Centro - Centro; IV RA Botafogo - Flamengo,
Glória, Laranjeiras, Catete, Cosme Velho, Botafogo, Humaitá e Urca; VIII RA Tijuca - Praça da Bandeira, Tijuca e
Alto da Boa Vista; XXIV RA Barra da Tijuca - Joá, Itanhangá, Barra da Tijuca, Camorim, Vargem Pequena, Vargem
Grande, Recreio dos Bandeirantes, Grumari.
A globalização possibilita a dispersão territorial de atividades econômicas, facilitada ainda
pelo avanço das telecomunicações. O controle e gerência das atividades e negócios podem
estar num determinado bairro, cidade ou país, onde há trabalhadores especializados,
enquanto a linha de produção está em outro, no qual a mão-de-obra e a terra têm custos
menores, por exemplo. Nesse contexto, o Centro da cidade passa a perder um pouco de sua
importância. Muitas atividades podem ser desempenhadas na residência dos próprios
trabalhadores autônomos – uma tendência com a flexibilização das relações trabalhistas –
ou não, através de um computador com internet, e eliminam, assim, gasto de tempo e
54
dinheiro com transporte, além das despesas e impostos de uma sede de empresa instalada
no Centro.
Enquanto algumas empresas deixaram o Centro buscando outras centralidades ou
localizações mais vantajosas por conta de qualidades atrativas do sítio (como os prédios da
Praia de Botafogo com vista para a Baía de Guanabara, por exemplo), outras buscaram
bairros com terrenos mais baratos e instalações mais amplas (Zona Oeste) ou ainda prédios
mais sofisticados e seguros na Barra da Tijuca.
Como exemplo podemos citar empresas como a Esso, Shell, Amil, Unimed, Michelin e a
Confederação Brasileira de Futebol, que trocaram o Centro pela Barra da Tijuca.
Rubem Vasconcellos (ADEMI) comenta o esvaziamento econômico do Centro:
(...) o progressivo esvaziamento do Centro se dá também pela inexistência de
empreendimentos que sirvam de referência econômica. (...) a tendência do Centro
do Rio hoje é que a degradação se acentue ainda mais. Hoje, existem poucas áreas
em que empresas têm interesse em investir.
Sobre o êxodo de empresas para a Barra da Tijuca, Vasconcellos acrescenta:
A iniciativa da Unimed segue uma tendência verificada nos últimos anos: o êxodo
de grandes empresas do Centro para a Barra da Tijuca. (...) dezenas de empresas e
instituições abandonaram a área central do Rio desde 2000 para fixar sedes no
outro lado do Elevado do Joá. Estes foram os casos, por exemplo, de Esso, Amil,
Michelin e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). De acordo com
especialistas, diversos fatores explicam este fenômeno. Em infraestrutura, o Centro
não consegue mais concorrer com o bairro rival, cujo acesso foi facilitado com a
inauguração da Linha Amarela há cinco anos. As vagas de estacionamento, que
sobram em shoppings da Barra, são escassas nas imediações das avenidas
Presidente Vargas e Rio Branco e das ruas Uruguaiana e Senador Dantas. Outro
fator é a segurança: os acessos dos shoppings e centros empresariais da Barra,
monitorados por câmeras, contribuem para que os clientes se sintam mais seguros.
No Centro, os clientes de grandes empresas estão mais expostos a assaltos e
55
podem testemunhar incidentes, como os constantes conflitos entre ambulantes e
os agentes da Guarda Municipal (...).
(http://ademi.webtexto.com.br/article.php3?id_article=1040 acessado em
11/01/09)
Durante muitos anos o Rio de Janeiro teve importância fundamental para o país devido à
presença da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Importantes acontecimentos da história do
Brasil aconteceram lá.
A Bolsa de Valores do Rio de Janeiro foi a primeira bolsa a ser fundada no Brasil.
(...) Praticamente todos os grandes momentos econômicos do país transitaram pela
Bolsa do Rio, desde o Encilhamento – primeira grande febre especulativa, gerada a
partir da decisão do governo republicano recém-instalado em promover o
crescimento econômico a partir da emissão de moeda – até os leilões de
privatização das grandes empresas estatais que marcaram a guinada da economia
brasileira em direção à retirada de grandes setores do controle do Estado, isto a
partir da adoção do Programa Nacional de Desestatização, em 1991.”
(Texto retirado do site da Bolsa de Valores do Rio: http://www.bvrj.com.br)
No entanto mudanças no mercado financeiro acarretaram a transferência da Bolsa do Rio
para São Paulo em 2000, provocando a saída de muitas empresas de consultoria, corretoras
de investimento, dentre outras do setor financeiro.
Com a evolução do mercado acionário, acordos de integração, a partir de 2000,
transferiram a negociação de ações no País para a Bolsa de Valores de São Paulo.
Em 2002, a Bolsa de Mercadorias & Futuros adquiriu os títulos patrimoniais da
BVRJ, passando a deter os direitos de administração e operacionalização do
sistema de negociação de Títulos Públicos, o Sisbex.
(Texto retirado do site da Bolsa de Valores do Rio: http://www.bvrj.com.br)
Rubem Vasconcellos, conselheiro da ADEMI, acredita que a saída da Bolsa representou um
marco do processo de decadência do Centro.
56
(...) Rubem Vasconcellos (...) identifica a transferência em 2002 das operações da
Bolsa de Valores do Rio para São Paulo como um marco deste processo de
decadência, iniciado bem antes. Entre 1994 e 2000, o número de bancos que
tinham o Rio de Janeiro como sede caiu de 56 para 36, sendo que a maioria ficava
na região central. Parte deles se transferiu para São Paulo e o restante foi
absorvido em fusões de empresas.
(http://ademi.webtexto.com.br/article.php3?id_article=1040)
Figura 11. Prédio da Bolsa de Valores na Praça XV
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c3/PracaXV-CCBY.jpg
Além do que já foi exposto, é preciso considerar o processo de adequação da cidade às
funções modernas de um centro financeiro, administrativo e comercial como responsável
pelo esvaziamento populacional do Centro, já que proporcionou à cidade uma estrutura
urbana impulsionada por interesses privados em detrimento dos setores populares que
ocupavam a área central.
57
2.2 Os outros centros
O processo de formação da metrópole envolve o surgimento de centros “dispersos” ou
“setorizados”, configurando um contexto multipolar: são os centros financeiros, centros de
consumo e centros de entretenimento. Algumas destas novas áreas passam então a
competir com o centro “original”. O peso das diversas centralidades se difere através da
dinâmica econômica, das empresas que abriga, das políticas do poder público em relação ao
desenvolvimento metropolitano e dos grupos sociais envolvidos.
2.2.1 Descentralização e os núcleos secundários
O desenvolvimento dos meios de transporte, que se tornaram mais flexíveis; o interesse dos
proprietários fundiários, dos promotores imobiliários e dos industriais do setor de
transportes; e ainda o avanço dos meios de comunicação, que possibilitou grande
flexibilidade locacional, inclusive das atividades de gestão, são os principais fatores que
viabilizaram o processo de descentralização.
A descentralização está relacionada ao crescimento demográfico e espacial das cidades,
provocando um aumento da distância entre a Área Central e as novas zonas residenciais. Ao
mesmo tempo, a Área Central começa a apresentar fatores de repulsão, por exemplo:
Aumento constante do preço da terra, impostos e aluguéis
Congestionamento e alto custo dos sistemas de transporte e comunicação
Pouco espaço disponível para expansão.
O processo de descentralização, segundo CORREA (1995), tem duas causas principais:
empresas que visam acabar com as “deseconomias” geradas pela excessiva centralização da
Área Central, e a menor rigidez locacional – como consequência do aparecimento de fatores
de atração em outras áreas da cidade.
58
O capitalismo monopolista é caracterizado pela centralização do capital e descentralização
espacial. As atividades comerciais, na disputa pelo mercado consumidor, instalam filiais nos
bairros, descentralizando seus pontos de venda, e mantém a sede da empresa na área
central. A descentralização torna-se um meio de se manter uma taxa de lucro que a exclusiva
localização central não é mais capaz de fornecer. (CORREA, 1995, p. 47).
Esta descentralização só ocorre quando são criados fatores de atração em áreas não
centrais, como por exemplo:
Terrenos não ocupados, baratos e com impostos mais baixos
Infraestrutura implantada
Boa acessibilidade
Qualidades atrativas do sítio
Já as novas atividades nascem descentralizadas, e com isso evitam as desvantagens das
áreas centrais ao mesmo tempo em que se beneficiam das vantagens locacionais das áreas
distantes do centro.
A nova configuração do espaço urbano, resultado do processo de descentralização de
atividades, implica transformações de caráter funcional e de organização espacial. O espaço
urbano torna-se mais complexo, com vários núcleos secundários. Esses núcleos comerciais
vão gerar economias de transporte e tempo, e consequentemente induzir a um maior
consumo – o que é de grande interesse do capital produtivo e comercial.
No entanto, a descentralização do capital comercial pode levar ao desaparecimento das
pequenas firmas de bairro, sem economias de escala, que não são capazes de concorrer com
as maiores, que se estruturam em rede.
59
2.2.2 Os outros “centros” do Rio de Janeiro
Uma das formas de identificar e caracterizar as centralidades de um município é através da
análise do estoque imobiliário. Assim as centralidades do Rio de Janeiro foram mapeadas e
caracterizadas através da análise dos dados do estoque (informações relativas ao Imposto
Predial e Territorial Urbano – IPTU) e das transações imobiliárias (informações relativas ao
Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis – ITBI).
O cadastro do IPTU e do ITBI da Prefeitura divide os imóveis do Rio de Janeiro em três
utilizações: residencial, não residencial e territorial. Para cada utilização existem diversas
tipologias. Aqui as análises serão feitas com base nas informações das tipologias “sala” e
“loja” não residenciais. Estas tipologias foram escolhidas devido ao peso que representam
no estoque imobiliário total (ver Tabela 06). Além disso, o uso “não residencial” tende a ser
bastante concentrado, indicando as centralidades da cidade.
De acordo com o estoque do IPTU de 2008 a tipologia loja representa 32% do total de
unidades não residenciais da cidade, enquanto a tipologia sala detêm quase 40%.
Tabela 07. Distribuição das tipologias não residenciais – IPTU (2008)
Tipologias Não Residenciais Nº Unidades % de Unidades Total de Unidades 210.125 100,00 Tipologia Loja 67.377 32,07 Tipologia Sala 83.949 39,95 Outras Tipologias 58.799 27,98
Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de
Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008.
O mapa apresentado a seguir representa a densidade construída não residencial bruta por
bairro, segundo dados do cadastro do IPTU de 2008. O Centro possui grande destaque,
sendo o único bairro da cidade que se encontra na faixa de mais de 10.000 m² construídos
por hectare. Importante destacar que a superioridade do Centro em relação ao restante da
cidade é ainda maior já que nenhum outro bairro se encontra na categoria seguinte (entre
5.000 e 10.000 m²/ha). Em seguida a categoria de 2.000 a 5.000 m²/ha destaca algumas
60
centralidades da cidade, enquanto que a maior parte do município se enquadra na faixa de
até 2.000 m²/ha. Interessante notar que a Barra da Tijuca, apesar de intensa produção
imobiliária, apresenta baixa densidade não residencial, fato este que se deve às generosas
dimensões de seu território.
Mapa 12. Densidade construída não residencial bruta por bairro
Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de
Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008.
A tipologia “sala não residencial” merece destaque devido a grande concentração de
unidades no bairro Centro (43% do total da cidade). A Barra da Tijuca aparece como segundo
bairro em relação ao estoque, contudo a diferença do número de unidades em relação ao
Centro é bastante significativa. Os dois bairros juntos reúnem mais de 50% do total de
unidades da cidade, e 14 bairros totalizam 80%.
61
Tabela 08. Unidades de salas não residenciais por bairro em 2008
(bairros que totalizam 80% do total)
Bairro Total de Unidades % do Total de
Unidades % Acumulado
Centro 36.691 43,71 43,71
Barra da Tijuca 7.470 8,90 52,60
Copacabana 5.800 6,91 59,51
Tijuca 3.455 4,12 63,63
Ipanema 2.274 2,71 66,34
Meier 2.008 2,39 68,73
Botafogo 1.728 2,06 70,79
Campo Grande 1.506 1,79 72,58
Madureira 1.350 1,61 74,19
Recreio dos Bandeirantes 1.178 1,40 75,59
Taquara 1.078 1,28 76,88
Leblon 1.063 1,27 78,14
Flamengo 989 1,18 79,32
Bonsucesso 943 1,12 80,45
Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de
Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008.
Com os dados das transações imobiliárias de salas não residenciais realizadas no período de
1997 a 2007 é possível confirmar o peso do Centro, que concentra 45% das transações da
cidade – valor equivalente à sua participação no estoque. A Barra vem logo em seguida, com
14% das transações – valor mais expressivo do que sua participação no estoque, o que pode
indicar a grande centralidade do bairro. É importante observar que apenas nove bairros da
cidade concentram 80% das transações da tipologia analisada.
Cabe lembrar que o crescimento da Barra da Tijuca se deu nos últimos dez anos, então seu
estoque está muito relacionado a novas unidades lançadas no mercado enquanto o Centro
62
apresenta um estoque mais antigo e sua rotatividade está relacionada a imóveis usados,
basicamente.
Figura 12. Avenida das Américas, na Barra da Tijuca
Fonte: Google Maps, 2012.
Tabela 09. Transações de salas não residenciais por bairro no período de 1997 a 2007
(bairros que totalizam 80% do total)
Bairro Total de Transações
97/07*
% do Total de
Transações 97/07 % Acumulado
Centro 13.619 45,76 45,76
Barra Da Tijuca 4.206 14,13 59,90
Copacabana 2.189 7,36 67,25
Tijuca 1.117 3,75 71,00
Ipanema 642 2,16 73,16
Méier 567 1,91 75,07
Flamengo 552 1,85 76,92
Recreio dos Bandeirantes 511 1,72 78,64
Botafogo 494 1,66 80,30
Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de
Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008.
* Só foram consideradas as transações que envolvem 100% do imóvel.
63
O mapa a seguir ilustra as informações da tabela anterior.
Mapa 13. Bairros que concentram 80% do total das transações da tipologia sala não residencial
no período de 1997 a 2007
Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de
Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008.
Figura 13. Avenida Nossa Senhora de Copacabana, em Copacabana
Fonte: Google Maps, 2012.
64
A concentração do mercado de salas não residenciais é também expressiva por ruas. Foram
somente 19 logradouros que concentraram 50% das transações realizadas no período. A
Avenida das Américas, na Barra da Tijuca, foi o local da cidade onde houve o maior número
de transações. Destaque também deve ser dado ao Centro, já que 12 das 19 ruas destacadas
estão localizadas no bairro e totalizam 27% das transações do município.
Tabela 10. Transações de salas não residenciais por logradouro no período de 1997 a 2007
(logradouros que totalizam 50% do total)
Logradouro Total de Transações
97/07*
% do Total de
Transações 97/07 % Acumulado
Av. das Américas 3.297 11,08 11,08
Av. Rio Branco 2.253 7,57 18,65
Av. Presidente Vargas 1.465 4,92 23,57
Av. Nossa Sra. de
Copacabana
1.108 3,72 27,30
Av. Nilo Peçanha 745 2,50 29,80
R. Conde de Bonfim 654 2,20 32,00
Av. Almirante Barroso 651 2,19 34,18
R. Visconde de Pirajá 602 2,02 36,21
R. Senador Dantas 553 1,86 38,06
R. da Assembléia 481 1,62 39,68
Av. Ayrton Senna 438 1,47 41,15
Av. Treze de Maio 387 1,30 42,45
R. da Quitanda 378 1,27 43,72
R. do Ouvidor 339 1,14 44,86
Estr. do Galeão 329 1,11 45,97
R. Sete de Setembro 325 1,09 47,06
Av. Ataulfo de Paiva 305 1,02 48,08
R. Visconde de Inhaúma 301 1,01 49,10
R. México 293 0,98 50,08
Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de
Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008.
* Só foram consideradas as transações que envolvem 100% do imóvel.
65
Figura 14. Avenida Visconde de Pirajá, em Ipanema
Fonte: Google Maps, 2012.
A distribuição do estoque de “lojas não residenciais” se dá de maneira mais uniforme na
cidade do que as salas. São 19 bairros que concentram 50% do estoque do município. O
Centro aparece em primeiro lugar, com 7% das unidades, e é seguido por outras
centralidades tradicionais, como Copacabana (5,3%), Campo Grande (4,4%), Tijuca (4,0%) e
Madureira (3,5%). A Barra da Tijuca ainda possui menor quantidade de unidades da tipologia
loja do que os bairros tradicionais (3,0% do estoque).
66
Tabela 11. Unidades de lojas não residenciais por bairro em 2008
(bairros que totalizam 50% do total)
Bairro Total de Unidades % do Total de
Unidades % Acumulado
Centro 4.837 7,18 7,18
Copacabana 3.591 5,33 12,51
Campo Grande 2.998 4,45 16,96
Tijuca 2.716 4,03 20,99
Madureira 2.365 3,51 24,50
Barra Da Tijuca 2.030 3,01 27,51
Ipanema 1.729 2,57 30,08
Botafogo 1.572 2,33 32,41
Bangu 1.451 2,15 34,57
Penha Circular 1.352 2,01 36,57
Meier 1.301 1,93 38,50
Taquara 1.168 1,73 40,24
Penha 1.158 1,72 41,95
Realengo 1.080 1,60 43,56
São Cristóvão 967 1,44 44,99
Bonsucesso 943 1,40 46,39
Olaria 933 1,38 47,78
Vila Isabel 907 1,35 49,12
Leblon 889 1,32 50,44
Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de
Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008.
Na análise das transações de lojas não residenciais entre 1997 e 2007, a Barra da Tijuca
confirma seu peso com inúmeros lançamentos imobiliários e concentra 12% do total de
observações da cidade enquanto o Centro fica em segundo lugar, com 8,74%. Totalizam 50%
das transações 10 bairros da cidade.
67
Figura 15. Avenida Cesário de Melo, em Campo Grande
Fonte: Google Maps, 2012.
Tabela 12. Transações de lojas não residenciais por bairro no período de 1997 a 2007
(bairros que totalizam 50% do total)
Bairro Total de Transações
97/07*
% do Total de
Transações 97/07 % Acumulado
Barra da Tijuca 1.446 12,17 12,17
Centro 1.038 8,74 20,91
Copacabana 834 7,02 27,94
Tijuca 716 6,03 33,96
Ipanema 446 3,76 37,72
Madureira 442 3,72 41,44
Botafogo 361 3,04 44,48
Campo Grande 318 2,68 47,16
Benfica 222 1,87 49,03
Leblon 215 1,81 50,84
Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de
Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008.
* Só foram consideradas as transações que envolvem 100% do imóvel.
O mapa a seguir ilustra as informações da tabela acima.
68
Mapa 14. Bairros que concentram 50% das transações da tipologia loja não residencial
no período 1997 -2007
Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de
Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008.
O Centro, apesar de concentrar significativo percentual das transações de lojas da cidade,
não teve nenhuma de suas ruas entre as dez primeiras que concentram 25% do estoque
total. A Barra da Tijuca reafirma sua centralidade e a Avenida das Américas, principal rua do
bairro, aparece em primeiro lugar com 9% do total de transações.
69
Figura 16. Rua Conde de Bonfim, na Tijuca
Fonte: Google Maps, 2012.
Tabela 13. Transações de lojas não residenciais por logradouro no período de 1997 a 2007
(relação dos 10 logradouros que tiveram mais transações)
Logradouro Total de Transações
97/07*
% do Total de
Transações 97/07 % Acumulado
Av. das Américas 1115 9,39 9,39
R. Visconde de Pirajá 362 3,05 12,44
R. Conde de Bonfim 268 2,26 14,69
Av. Nossa Sra. de
Copacabana 225 1,89 16,59
R. Capitão Felix 173 1,46 18,04
Estr. do Portela 172 1,45 19,49
R. Barata Ribeiro 142 1,20 20,69
Av. Dom Helder Câmara 141 1,19 21,87
R. Siqueira Campos 141 1,19 23,06
R. Barão de Mesquita 123 1,04 24,10
Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de
Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008.
* Só foram consideradas as transações que envolvem 100% do imóvel.
70
Figura 17. Rua Ministro Edgard Romero, em Madureira
Fonte: Google Maps, 2012.
Os dados apresentados reafirmam o peso do Centro na cidade, assim como permitem
identificar a Barra da Tijuca como o único bairro que se aproxima (e algumas vezes até
supera) do Centro em relação a número de unidades e de transações das tipologias sala e
loja. Estes dois bairros são as centralidades mais importantes da cidade, sendo que o Centro
se configura também como centralidade da Região Metropolitana.
71
CAPÍTULO 3 | A VIRADA
A revitalização urbana das áreas centrais é uma forma de retomada econômica encontrada
por muitas metrópoles atingidas pelo crescente processo de descentralização. A
revitalização torna-se um meio de atrair capital e pessoas através da ressignificação dos
espaços públicos, tornando as cidades convidativas do ponto de vista turístico e comercial.
Após um período de esvaziamento populacional, econômico e financeiro o Centro do Rio de
Janeiro passa por um momento de virada, marcado pela revitalização. O processo de resgate
da importância do Centro carioca se dá de forma mais intensa a partir do ano 2000,
aproximadamente, e está associado à tentativa de recuperação do Centro como a
centralidade dos negócios da cidade e ainda ao estímulo ao uso residencial e às atividades
culturais aproveitando a infraestrutura disponível.
3.1 Lugar de trocas, transações e trabalho
Os dados relativos às transações imobiliárias não residenciais apresentados no capítulo 2.2
Os outros centros demonstram a robustez econômica (quantidade de salas e lojas) que o
Centro possui, assim como a dinâmica imobiliária (transações) com uma alta rotatividade e
demanda do estoque de salas e lojas.
São inúmeros prédios de mais de 20 andares (podendo chegar aos 40) ocupados por
empresas dos mais variados segmentos e farto comércio e serviços nas lojas ou galerias de
rua. Dois edifícios emblemáticos na Avenida Rio Branco são apresentados na Figura 18 a
seguir: o Edifício Avenida Central, no largo da Carioca, é um dos maiores centros comerciais
de informática do Brasil, e o Edifício RB1, próximo à Praça Mauá, apresenta alto padrão
construtivo e tecnológico e concentra sedes de importantes empresas.
O Complexo RB1 é um moderno e sofisticado Centro Empresarial (...).
Estrategicamente localizado no mais nobre endereço do Centro da Cidade, a
Avenida Rio Branco, próximo às principais vias de acesso as Zona Norte e Sul da
72
Cidade e aos Aeroportos, o complexo RB1 é um verdadeiro referencial predial na
Cidade e no País. (...) O RB1 possui o conceito de edifício inteligente, que consiste
no conjunto de tecnologias que proporcionam segurança, controle de
equipamentos, eficiência, comodidade, redução de custos e flexibilidade na
alteração arquitetônica. (...) Composto por pavimento térreo, lojas, 08 pavimentos
de garagem, 01 pavimento de convenções e 18 pavimentos de escritórios. Com
funcionamento 24 horas, inclusive sábados, domingos e feriados, é dotado, de
segurança, recepção, controle de acesso informatizado, brigada de incêndio,
serviço de estacionamento, dentre outros sistemas, além de moderno sistema de
automação predial permitindo controle dos processos de energia, iluminação,
reservatórios e refrigeração, entre outros.
(Fonte: http://www.rb1.com.br)
Figura 18. Edifícios Avenida Central e RB1
Fonte: http://www.skyscrapercity.com
A região do Centro concentra quase 403 empresas de grande porte do total de 1.699
existentes no município do Rio de Janeiro. Em relação às microempresas o Centro concentra
19% do total do município e ainda 16% considerando todos os portes e setores do cadastro
do SEBRAE.
73
Tabela 14. Número de estabelecimentos por porte e setor na Região Administrativa Centro e no
Município do Rio de Janeiro
Fonte: SEBRAE/RJ. Informações socioeconômicas.
A Petrobras, assim como outras grandes empresas, tem sede no Centro do Rio de Janeiro: a
Agência Nacional de Petróleo (ANP), BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal,
Companhia Vale do Rio Doce, Eletrobras, dentre outras.
Figura 19. Avenida Chile – concentração de “empresas âncora”
Fonte: Google Maps, 2012.
Há cerca de um ano a sede do Grupo EBX, do empresário Eike Batista, foi transferida para o
Edifício Francisco Serrador, na Cinelândia. O prédio, da década de 1940, passou por recentes
transformações através de obras de retrofit cujo investimento é da ordem dos R$ 50
74
milhões. O empreendimento foi viabilizado com a construção da garagem subterrânea
Mahatma Gandhi, na praça de mesmo nome, já que a edificação não possui estacionamento.
Figura 20. Edifício Francisco Serrador
Fonte: Google Maps, 2012.
O Grupo EBX atua no Brasil e no exterior e possui companhias em seis diferentes áreas:
petróleo (OGX), energia (MPX), logística (LLX), mineração (MMX), indústria naval offshore
(OSX) e mineração de carvão (CCX). Além disso, o Grupo tem diversificado os investimentos,
direcionando-os também para os setores imobiliário (REX), de entretenimento e esportes
(IMX), dentre outros. A importância do Grupo se dá pelos vultosos investimentos – a
perspectiva é que nos próximos dez anos sejam investidos US$ 50 bilhões na operação e
construção de diversos empreendimentos4
.
A oferta de acomodações em hotéis no Centro tem crescido nos últimos anos, inclusive com
a presença de grandes redes como Ibis, Novotel, Formule 1 e Windsor5
4 http://www.ebx.com.br
. Este crescimento
está associado às novas (e crescentes) demandas de negócios gerados no próprio Centro.
Além do turismo de negócios, o turismo de lazer vem ganhando força devido à oferta de
5 Para maiores informações sobre instituções hotéis instalados no Centro ver RABHA, Nina Maria de Carvalho Elias. Centro do Rio: perdas e ganhos na história carioca. Rio de Janeiro: PPGG/UFRJ, 2006.
75
atrativos no Centro e adjacências, inclusive em relação à infraestrutura disponível. Teatros,
cinemas, livrarias, museus, centros culturais, feiras ao ar livre, bares e restaurantes podem
ser facilmente encontrados. Nas redondezas é possível encontrar quadras de esporte,
ciclovia, jardins, monumentos e uma grande área livre de lazer nos domingos e feriados no
Aterro do Flamengo, e a partir dele acessar a zona sul, com toda sua oferta de lazer, serviços
e compras.
Figura 21. Windsor Guanabara, Formule 1, Ibis e Novotel, e Hotel Atlantico Business
Fonte: Google Maps, 2012.
Na perspectiva de aproveitar a infraestrutura ociosa nos finais de semana, assim como todos
os atrativos que o Centro possui, além da expectativa dos mega eventos em 2014 e 2016, é
possível que a oferta de hotéis venha a aumentar.
76
3.2 Lugar de aprendizado
Vislumbrando o mercado de profissionais em atividade no Centro com desejo de melhorar
sua qualificação profissional e crescimento no mercado de trabalho diversas instituições de
ensino se instalaram no Centro do Rio6
. São cursos técnicos e profissionalizantes, de ensino
superior e pós-graduação – especialização e MBA, principalmente, e também mestrado e
doutorado.
A proximidade com os postos de trabalho e a oferta de aulas à noite e aos sábados tem atraído
muitos alunos. Os cursos mais procurados são aqueles ligados ao setor de serviços, como
administração, marketing, direito, entre outros. Vale destacar que a demanda por profissionais
qualificados e a grande quantidade de postos de trabalho na área de óleo e gás fez com que os
cursos ligados ao setor apresentassem rápido crescimento nos últimos anos.
Figura 22. Faculdade Nacional de Direito – UFRJ e Universidade Cândido Mendes
Fonte: Google Maps, 2012.
6 Para maiores informações sobre universidades instaladas no Centro ver RABHA, Nina Maria de Carvalho Elias. Centro do Rio: perdas e ganhos na história carioca. Rio de Janeiro: PPGG/UFRJ, 2006.
77
3.3 Lugar de transformações
Após o anúncio, em 2008, da seleção do Rio de Janeiro como uma das cidades a sediar a
Copa do Mundo de 2014 e, em 2009, a conquista dos Jogos Olímpicos de 2016, a cidade
iniciou um período de grande boom imobiliário. A expectativa das melhorias a serem
realizadas na cidade com os investimentos nos dois grandes eventos fez com que o preço
dos imóveis atingisse as alturas, tanto para venda como para aluguel.
A dinâmica imobiliária do Centro, que já vinha passando por um período de transformações
nos últimos anos, ganhou maior intensidade. É visível a renovação da área, com demolição
de antigas construções dando lugar a modernos edifícios, reforma e retrofit de prédios
existentes, e construção de novas unidades nos últimos terrenos do bairro. Essas mudanças
atingem tanto o setor de comércio e serviços (não residencial) como o residencial.
O Mapa 15 apresenta a espacialização dos lançamentos imobiliários recentes7
classificados
por utilização – residencial ou não residencial – e por tipo de intervenção – construção nova,
retrofit ou reforma, no qual é possível analisar a dinâmica imobiliária configurada no
território. Observa-se a expressividade de lançamentos não residenciais e a concentração de
empreendimentos ao longo da Avenida Rio Branco e próximos ao Passeio Público. Além
disso, dois empreendimentos merecem destaque devido ao seu porte: W Torre, em fase de
construção, e Ventura Corporate Towers, recém-inaugurado, são prédios comerciais novos
de andares de escritório de alto padrão que serão ocupados em grande parte pela Petrobras.
7 Para maiores informações ver BELEM, 2008.
78
Mapa 15. Lançamentos imobiliários recentes
Fonte: BELEM, 2008.
O estoque antigo, a pouca disponibilidade de áreas livres e a legislação de preservação do
patrimônio culminaram numa nova maneira de intervir nas edificações mais antigas do
Centro: o chamado “retrofit”.
O processo de retrofit consiste em “modernizar as edificações antigas dotando-as de novos
materiais e tecnologias” 8
. Todo o “miolo” da edificação pode passar por transformações e
há casos em que apenas a fachada ou a estrutura permanecem intactas. As intervenções
internas podem incluir a redistribuição dos espaços, instalações modernas e infraestrutura
adequada, como redes de dados, escadas de incêndio, saídas de emergência, reforço
estrutural, sistema de ar condicionado, etc.
8 http://vejabrasil.abril.com.br/rio-de-janeiro/editorial/m101/operacao-plastica
79
Além de criar uma possibilidade de adaptação dos antigos prédios e casarões do Centro da
cidade, que muitas vezes ficavam fora do mercado, os retrofits atendem a uma nova
tendência: a mudança na configuração dos edifícios de numerosas e minúsculas salas por
andares inteiros com layout de planta livre – a chamada “laje única”.
Um bom retrofit pode criar uma atratividade jamais imaginada aos imóveis antigos como se
encontravam no auge de sua deterioração. Outra vantagem deste tipo de intervenção é a
economia no tempo e no custo da obra, que pode chegar a 50% se comparada à construção
de uma edificação nova.
Num caso bastante emblemático, a Torre Almirante (ocupada em grande parte pela
Petrobras) possui como núcleo o Edifício Andorinhas, cujo incêndio na década de 1980 fez
várias mortes que não ocorreriam hoje. O retrofit deste edifício foi concebido também com
os padrões de um certificado internacional chamado “Triplo A”, que trata de questões como
racionalização de energia, redução do consumo, dentre outras. O Edifício Andorinhas fica na
Avenida Almirante Barroso, na esquina com Avenida Graça Aranha, e oferece um conjunto
de escritórios de alto padrão para locação, com heliponto na cobertura e ainda dois prédios
vizinhos que funcionam como edifício-garagem. São 36 andares com 1.200 m² cada.
80
Figura 23. Incêndio no Edifício Andorinhas e seu retrofit (Edifício Torre Almirante)
Fontes: http://www.hpwtreinamentos.com/brigadas.htm e http://www.buildings.com.br/edificio/843-torre-
almirante
O antigo prédio da Esso também passou por retrofit, além de restauração e recuperação
estrutural dos seus 11 andares e 11 mil m² para abrigar o IBMEC (Instituto Brasileiro de
Mercado de Capitais).
81
Figura 24. Retrofit do prédio do IBMEC (antiga sede da Esso)
Fonte: http://www.lafem.com.br/img/fotos/img_ibmec.jpg
A figura 25 a seguir apresenta a aparência geral dos edifícios Castelo e Nilomex, na Avenida
Nilo Peçanha, após o retrofit. As quarenta salas de 30 m² por pavimento foram substituídas
por pavimentos de 1.750 m² de escritório. As fachadas e galerias dos dois edifícios são
tombadas. Já o Edifício Mozart, conhecido como “Amarelinho”, fica na Cinelândia e foi um
dos primeiros a passar por este tipo de intervenção.
82
Figura 25. Retrofit dos Edifícios Castelo e Nilomex e Amarelinho (Edifício Mozart)
Fonte: http://www.skyscrapercity.com
Além dos retrofits, o Centro vem assistindo, nos últimos anos, a ocupação de algumas áreas
ociosas ou requalificadas por novos empreendimentos.
A retomada do desenvolvimento econômico do Rio vem se refletindo na
construção de novos edifícios empresariais e sedes de empresas, especialmente no
Centro e na Cidade Nova.
(JANOT, 2011)
3.4 Lugar de preservação, conservação e história
A preocupação com a preservação do patrimônio histórico e arquitetônico do Centro vem
sendo acentuada desde a aprovação da Lei no 506 de 1984, que cria a Zona Especial do
Corredor Cultural e tenta conscientizar os técnicos municipais e a população da sua
importância.
83
No entanto é somente no final dos anos 1990 que se consolida o processo de revalorização
do centro histórico do Rio de Janeiro.
(...) utilizando-se de ações físico-urbanísticas e de “ordenação urbana” buscou-se
potencializar os equipamentos existentes visando uma “reversão” econômica, e estimular
a valorização urbanística voltada para o turismo, o lazer e a “volta” das camadas médias e
altas na utilização dos equipamentos do Centro.
(SILVA, M. L. P.; VASCONCELLOS, Lélia Mendes de; BRILHANTE, Ronaldo de Moraes;
SANTOS, Felipe Mello, 2002, p. 6)
Figura 26. Casario na Rua Sete de Setembro e contraste de gerações e estilos na Cinelândia
Fonte: http://static.panoramio.com/photos/original/11304610.jpg e http://www.skyscrapercity.com
Hoje o Centro apresenta grande parte de seu território inserido em Áreas de Proteção do
Ambiente Cultural (APACs), além do próprio Corredor Cultural, que funciona de maneira
semelhante. Além disso, existe um considerável número de imóveis tutelados, preservados
ou tombados.
84
Mapa 16. Legislação de proteção e preservação do patrimônio
Fonte: BELEM, 2008.
Na perspectiva da preservação foram criados programas públicos e privados com objetivo de
revitalizar e reabilitar os centros históricos. O programa Novas Alternativas, financiado pela
Caixa Econômica Federal, é um exemplo do estímulo ao aproveitamento do casario existente
para o uso residencial.
O patrimônio histórico/arquitetônico/cultural possui importância fundamental no processo
de revitalização do Centro do Rio de Janeiro já que é capaz de provocar a retomada das
atividades econômicas, estimula o uso residencial, torna a área atrativa do ponto de vista
turístico e cultural e se reafirma como um dos ícones da cidade.
Com uma grande quantidade de equipamentos culturais e prédios históricos o Centro atrai
moradores, visitantes e turistas durante o ano inteiro. São diversos centros culturais,
85
museus, bibliotecas, igrejas, teatros e cinemas distribuídos por diversos pontos do bairro9
.
Muitos destes equipamentos oferecem programações gratuitas ou ingressos a preços
acessíveis.
Figura 27. Centro Cultural Banco do Brasil e Teatro Municipal
Fonte: Google Maps, 2012.
O mapa turístico do Centro do Rio de Janeiro, disponível no site Armazém de Dados10
,
identifica os principais equipamentos culturais da área. É possível perceber a concentração
destes equipamentos em dois eixos distintos: Candelária-Praça XV e Castelo-Lapa.
9 Para maiores informações sobre equipamentos culturais instalados no Centro ver RABHA, Nina Maria de Carvalho Elias. Centro do Rio: perdas e ganhos na história carioca. Rio de Janeiro: PPGG/UFRJ, 2006.
10 http://www.armazemdedados.rio.rj.gov.br/
86
Mapa 17. Equipamentos turísticos e culturais no Centro
Fonte: Armazém de Dados
3.5 Lugar de uso público
Recentes iniciativas públicas possibilitaram uma diferente forma de apropriação dos espaços
públicos no Centro. Com a reurbanização da Rua do Lavradio, por exemplo, uma feira de
antiguidades toma conta da rua aos finais de semana trazendo agitação, diversidade social, e
aquecimento da economia local.
87
Figura 28. Catedral Metropolitana e feira na Rua do Lavradio
Fonte: http://flickr.com/photos/stephaner/2226659952/sizes/l/in/photostream/ e
http://static.panoramio.com/photos/original/10500709.jpg
Já um grupo de empresários do segmento de cultura e gastronomia criou uma associação
privada chamada Polo Praça XV que promove o evento gratuito Mercado Cultural na rua do
Mercado e adjacências no segundo sábado de cada mês e tem como objetivo promover o
centro histórico do Rio de Janeiro.
O Polo Praça XV se insere no processo de revitalização do Centro Histórico do Rio de
Janeiro e configura-se como um importante instrumento de desenvolvimento econômico
e social das empresas, instituições e negócios aqui localizados. Seu principal objetivo é
aumentar a competitividade das empresas da região da Praça XV e adjacências a partir da
melhoria da produtividade, da atratividade local e da sustentabilidade, através da
organização associativa dos empreendimentos da região.
(http://mercadocultural2008.blogspot.com/)
Na última gestão do prefeito César Maia (2005-2008) quatro decretos foram criados visando
valorizar e sacramentar áreas públicas do Centro que possuem grande apropriação pelos
usuários – seja pelo uso cultural, gastronômico ou de lazer.
88
Tabela 15. Polos e quarteirões culturais
Norma Descrição
Decreto nº 26.200 de 27/01/06 Cria o Polo Cultural e Gastronômico do Novo Rio Antigo
Decreto nº 26.201 de 27/01/06 Cria o Polo Histórico, Cultural e Gastronômico da Praça XV
Decreto nº 28.681 de 2007
Dispõe acerca do "Quarteirão Cultural da Rua do Lavradio" na forma que menciona e dá outras providências
Decreto nº 29.542 de 04/07/2008
Declara como "Quarteirão Cultural e Gastronômico do Arco do Teles" a área que menciona e dá outras providências
O Centro possui muitas praças, parques e áreas verdes de lazer distribuídos por todo seu
território (ver mapa 18). Estas áreas passam quase que despercebidas pelos que transitam e
trabalham no Centro nos deslocamentos diários. No entanto, nos finais de semana estes
locais são intensamente utilizados para atividades de recreação, lazer e contemplação. A
maioria dos frequentadores destes espaços vem de outras regiões da cidade.
Figura 29. Áreas verdes no Centro
Campo de Santana, à esquerda, e Praça Cardeal Câmara (Lapa), Passeio Público, Praça Mahatma
Gandhi, Praça Paris e Parque do Flamengo, à direita
Fonte: Google Maps, 2012.
89
Mapa 18. Praças, parques e áreas verdes
Fonte: BELEM, 2008.
A Lapa perdeu o estigma de lugar degradado que marcou sua história até a década de 1990
e hoje é uma das principais referências de área de lazer, tanto da população como dos
turistas. A reurbanização da Rua do Lavradio, a construção do Circo Voador e a criação da
Área de Proteção do Ambiente Cultural (APAC) dos Arcos da Lapa e, mais recentemente, o
fechamento de algumas vias para priorizar a circulação de pedestres nos finais de semana à
noite, certamente contribuem com esta transformação.
90
Hoje diversos estabelecimentos de diversão noturna como bares, restaurantes, casas de
shows e centros culturais funcionam “a pleno vapor” e existem estimativas de que cerca de
50.000 pessoas frequentem a Lapa nas noites de sexta-feira11
.
Figura 30. Diversão noturna na Lapa
Fontes: http://www.pontape.com.br/blog/index.php/lapa-carioca/ e
http://www.flickr.com/photos/selusava/5258380670/
3.6 Lugar de moradia
O Centro reúne diversos serviços urbanos: existem redes de infraestrutura implantadas
(água, esgoto, drenagem, iluminação e coleta de resíduos sólidos), boa acessibilidade
(ônibus, barca, trem e metrô), grande quantidade de equipamentos públicos (escolas,
hospitais, etc.), concentração de comércio, e ainda muitas opções de lazer.
A grande quantidade de áreas de lazer no bairro reafirma seu potencial de ocupação
residencial, que parece estar “subutilizado”. Além disso, ao aproveitar a infraestrutura
disponível no Centro seriam evitados os novos vetores de expansão da cidade para locais
desprovidos de serviços urbanos básicos.
11 Ver VAZ, Lilian Fessler; JACQUES, Paola Berenstein. Territórios Culturais na Cidade do Rio de Janeiro. In: Corpos e Cenários urbanos: territórios urbanos e políticas culturais. Salvador: EDUFBA; PPG-AU/FAUFBA, 2006, p. 80.
91
Nesse panorama programas recentes buscam revitalizar o Centro através do resgate da
função habitacional.
Os programas públicos, especialmente federais e municipais, são implementados também
muito recentemente, e de início foram direcionados especificamente para a recuperação
de cortiços. O Programa Novas Alternativas, da prefeitura do Rio, com financiamento da
Caixa Econômica Federal, expressa essas novas preocupações, centradas sobretudo na
ideia de que a reabilitação e “reconstrução” (em alguns casos) será forte fator de estímulo
aos demais agentes (privados) para uma ação de revitalização.
(SILVA, M. L. P.; VASCONCELLOS, Lélia Mendes de; BRILHANTE, Ronaldo de Moraes;
SANTOS, Felipe Mello. 2002, p. 7.)
Esta tendência de trazer a moradia de volta ao Centro ocorre também em outras grandes
cidades e é benéfica à própria dinâmica do bairro, aos usuários e moradores.
“(...) o estímulo à moradia nos centros de cidade, implica no estímulo à uma ocupação
cuja dinâmica potencializa o espaço urbano e o seu movimento, trazendo a mistura e a
diversidade tão importantes para a boa qualidade de uma cidade.”
(SILVA, M. L. P.; VASCONCELLOS, Lélia Mendes de; BRILHANTE, Ronaldo de Moraes;
SANTOS, Felipe Mello. 2002.)
Devido às qualidades que possui o Centro demonstra potencial para atender às demandas
não apenas das classes mais populares, como também da classe média. Nos últimos anos os
agentes imobiliários começaram vislumbrar as possibilidades da área e foram lançados dois
empreendimentos residenciais na Lapa, o Cores da Lapa e o Viva Lapa.
“(…) talvez a revitalização do Centro do Rio de Janeiro possa atrair população de faixas de
renda média, como atestado no lançamento do empreendimento Cores da Lapa cuja
venda das unidades esgotou-se em poucas horas, conforme veiculado pela imprensa, além
dos inúmeros bares e restaurantes com música ao vivo.”
(NACIF, 2007, p. 86 e 87.)
O empreendimento Cores da Lapa é um condomínio de edifícios de apartamentos
construído num terreno de 12 mil m² de uma antiga fábrica na rua do Riachuelo e possui seis
92
torres que totalizam 688 unidades residenciais. Já o Viva Lapa é um retrofit de um antigo
hotel na Avenida Gomes Freire que transformou o prédio em um residencial com serviços.
Figura 31. Cores da Lapa e Viva Lapa
Fonte: Google Maps, 2012.
Esses dois lançamentos recentes reacenderam a discussão do Centro como local também de
moradia. A aprovação da Lei no 2.236 em 1994, que considera o uso residencial adequado
em toda a AEIU Centro, e ainda de vários decretos que tentam estimular este uso através da
Cores da Lapa
Viva Lapa
93
flexibilização da legislação, até então não tinham surtido efeitos significativos – o Centro
mantém até hoje sua característica de área predominantemente comercial.
É importante destacar apenas que, apesar do esvaziamento nas décadas passadas, o Centro
não perdeu totalmente a função residencial. A análise do número de apartamentos na
cidade que constam no cadastro do IPTU de 2008 ilustra o que foi dito.
Tabela 16. Unidades de apartamentos residenciais por bairro em 2008
(bairros que totalizam 50% do total)
Bairro Total de Unidades % do Total de
Unidades % Acumulado
Copacabana 72.182 9,61 9,61
Tijuca 52.614 7,01 16,62
Barra da Tijuca 42.396 5,64 22,26
Botafogo 33.048 4,40 26,66
Flamengo 24.266 3,23 29,89
Vila Isabel 21.573 2,87 32,76
Leblon 20.564 2,74 35,50
Ipanema 20.307 2,70 38,21
Laranjeiras 18.118 2,41 40,62
Centro 17.718 2,36 42,98
Recreio dos Bandeirantes 17.316 2,31 45,28
Méier 15.280 2,03 47,32
Freguesia (Jacarepaguá) 12.095 1,61 48,93
Grajaú 10.973 1,46 50,39
Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de
Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008.
Os apartamentos residenciais estão concentrados em 14 bairros da cidade, o que representa
50% do estoque. No ranking da cidade, o Centro ocupa a décima posição em número de
unidades, sendo que o estoque do Centro é próximo ao de Laranjeiras e Recreio dos
Bandeirantes, o que surpreende já que estes são bairros conhecidos pelo uso residencial. Ou
94
seja, apesar do esvaziamento populacional, o Centro manteve considerável número de
residências. As “subáreas” da Lapa, Cruz Vermelha e Bairro de Fátima são as que concentram
o maior número de moradias.
95
CAPÍTULO 4 | A PROSPERIDADE DO PETRÓLEO
4.1 A economia fluminense e a Petrobras
O setor de óleo e gás12
pode ser considerado como um dos grandes responsáveis pela
retomada da economia fluminense, após a crise dos anos 1980 e 1990, e pela revitalização
do Centro do Rio de Janeiro a partir do início do século XXI. A presença da Petrobras está
fortemente vinculada a este processo.
(...) em sua trajetória a empresa vem sendo a grande incentivadora da criação da
indústria de base e também da indústria pesada nacional – os maiores segmentos
geradores de mão-de-obra, na construção de refinarias, em plantas petroquímicas,
na indústria naval – com a construção de navios e plataformas – e na fabricação de
dutos. Pode-se afirmar, sem risco de erro, que em todo o desenvolvimento
industrial do país, bem como em seu aprimoramento, a Petrobras teve papel de
relevo.
Um outro aspecto a ser destacado é a contribuição que a empresa presta a
orçamentos de Estados e Municípios, além da própria União, com o pagamento de
impostos, taxas contribuições sociais e royalties pela produção e comercialização
de seus produtos. A Petrobras é, de longe, o maior contribuinte fiscal do Brasil.
(DUTRA, 2003)
A Petrobras foi fundada por Getúlio Vargas em 1953, fruto de uma campanha popular
iniciada em 1946 – cujo slogan “o petróleo é nosso” até hoje é utilizado em campanhas
políticas –, e visava à independência econômica do país. A empresa iniciou as atividades em
1954, quando sua produção correspondia a 1,7% do consumo nacional. Hoje a produção de
petróleo e derivados da Petrobras representa 54% do consumo de energia do país.
12 Refere-se ao segmento de petróleo e seus derivados e gás natural. O artigo 6° da Lei 9.478 de 1997 estabelece as seguintes definições: “I - Petróleo: todo e qualquer hidrocarboneto líquido em seu estado natural, a exemplo do óleo cru e condensado; II - Gás Natural ou Gás: todo hidrocarboneto que permaneça em estado gasoso nas condições atmosféricas normais, extraído diretamente a partir de reservatórios petrolíferos ou gaseíferos, incluindo gases úmidos, secos, residuais e gases raros; III - Derivados de Petróleo: produtos decorrentes da transformação do petróleo (…)”
96
Em 1961 foi construída em Duque de Caxias, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, a
primeira refinaria da empresa, a REDUC – Refinaria de Duque de Caxias, que garantiria, no
mesmo ano, a autossuficiência na produção dos principais derivados.
Ela tem aproximadamente 13 km² e é responsável por cerca de 1,2 bilhões de reais
por ano em impostos pagos ao governo. Produz óleos básicos para lubrificantes,
diesel, gasolina, GLP, nafta, querosene de aviação, parafinas, óleo combustível,
aguarrás entre outros.
(http://www.petrobras.com.br/pt/quem-somos/nossa-historia/)
Criado em 1968, o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de
Mello – Cenpes – foi instalado no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Ilha
do Fundão, em 1973 com o objetivo de realizar pesquisas tecnológicas que permitissem o
avanço da exploração e produção de petróleo e seus derivados. O Cenpes, que hoje é
considerado o maior centro de pesquisas da América Latina, passou por obras de expansão
das instalações em 2010 que incluíram conceitos de ecoeficiência e sustentabilidade.
Figura 32. Cenpes I e II
Fontes: http://mesquita.blog.br/%E2%80%98ilha-do-petroleo%E2%80%99-no-rio-pode-ser-o-maior-centro-
de-pesquisa-do-mundo e http://fatosedados.blogspetrobras.com.br/2011/10/page/2/
Com a ampliação, o complexo na Ilha do Fundão ocupará mais 300 mil m². Serão
diversos laboratórios destinados a atender as demandas tecnológicas das áreas de
negócio da Petrobras, com destaque para os laboratórios de biotecnologia, meio
ambiente, gás e energia. A ampliação também contará com laboratórios para
atender exclusivamente as demandas do pré-sal.
97
A ampliação do Cenpes é parte de uma estratégia da Petrobras para ampliação da
capacidade experimental do parque tecnológico brasileiro.
(PORTAL BRASIL, 2010)
Em 1969 foi iniciada a obra de construção do Edifício Sede da Petrobras – Edifício Edise,
situado no n° 65 da Avenida Chile. A construção, finalizada em 1971, envolveu cerca de
1.500 operários e fazia parte das intervenções do “milagre econômico” realizadas pelo
governo militar.
Figura 33. Início das obras de construção do Edise
Fonte: Acervo Arnaldo Schunk. Disponível em: http://memoria.petrobras.com.br/acervo/inicia-obras-do-
edificio-sede-da-petrobras-edise#.UGh8w02x9sA
Com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) a taxas superiores a 10% ao ano,
estimulando o consumo de derivados de petróleo, em 1971 foi criada a subsidiária Petrobras
Distribuidora que, a partir de 1975 passou a ocupar posição de liderança no segmento de
distribuição de derivados.
Ainda no começo dos anos 1970 o preço internacional do barril de petróleo sofreu
significativo aumento pela Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP),
provocando o “Choque do Petróleo”. Para conter a crise o governo brasileiro adotou
98
algumas medidas, como a redução do consumo de derivados, aumento da oferta interna de
petróleo, incentivo ao uso do álcool como combustível de automóveis e a criação do
Programa Nacional do Álcool.
Nesse período foi incentivado o aumento da exploração no mar e a produção. Com o
aumento da produção de petróleo, o Brasil precisou importar menos, já que os preços
estavam muito elevados, e conseguiu aumentar suas reservas, aumentando a exportação.
Se, por um lado, o setor de construção pesada começava a ser afetado pela
contenção dos investimentos públicos, por causa dos sucessivos aumentos nos
preços do petróleo importado desde 1973, por outro, a dependência do
combustível externo levava o governo brasileiro a investir maciçamente na
prospecção e exploração interna, autorizando inclusive contratos de risco com
empresas estrangeiras. Entre 1975 e 1976, a Odebrecht inicia as sondagens nos
campos de Vaza-Barris, em Sergipe, Garoupa e Pargo, na bacia de Campos (RJ),
onde se anunciara a descoberta de petróleo em 1974.
(Fonte: http://www.odebrechtonline.com.br/materias/00201-00300/248/)
Em 1974 foi descoberta a Bacia de Campos, que abrangia desde a costa norte do estado do
Rio até o sul do Espírito Santo, com 100 mil km². A exploração comercial teve início em 1977
com uma produção de 10 mil barris por dia, o que correspondia a 80% da produção do
petróleo nacional.
Além disso, desde a década de 1980 a Petrobras vem investindo na cultura brasileira através
do patrocínio de diversos projetos culturais. O projeto “Seis e meia” mudou a rotina do
carioca: diariamente havia apresentações de Música Popular Brasileira no Teatro João
Caetano, no Centro do Rio.
Em 1984 ocorreu a descoberta do Campo de Albacora, na Bacia de Campos, que marcou o
início da exploração em grandes profundidades. Com a necessidade de aumentar as reservas
do país a Petrobras começa a desenvolver pesquisas para desenvolver tecnologias para
exploração em águas profundas. Atualmente a Petrobras é líder mundial nessa área.
99
Em 1985 o Brasil já produzia metade do petróleo que consumia – em 1979 o percentual era
de apenas 14%. Além disso, a descoberta de novos campos indicava novos horizontes
exploratórios e a autossuficiência pelo volume das reservas.
Em 1989 a Petrobras ocupou o Edifício Horta Barbosa (EDIHB), situado à rua General
Cabarro, n° 500, no Maracanã, pela BR Distribuidora.
A Emenda Constitucional n° 9, de 1995, quebra o monopólio estatal do petróleo e a
Petrobras se torna uma das maiores empresas do mundo. Em 1997 é promulgada a Lei n°
9.478 que dispõe sobre a política energética nacional e as atividades relativas ao monopólio
do petróleo, e ainda institui o Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional
do Petróleo (ANP) 13
.
Hoje a Petrobras é a maior empresa do Brasil e a oitava do mundo em valor de mercado.
Trata-se de uma empresa estatal de economia mista (sociedade anônima de capital aberto),
cujo acionista majoritário é o governo brasileiro. Com a descoberta de petróleo e gás na
região do pré-sal a perspectiva é que, em 2030, o Brasil se torne o 4° maior produtor de
petróleo do mundo.
Atualmente a Petrobras está presente em 28 países e a produção de petróleo no Brasil e no
exterior é de mais de 2 milhões de barris diários. Seu Plano de Negócios prevê investimentos
de 224 bilhões de dólares para o período 2010-2014.14
A Petrobras atua de forma integrada em diversas áreas: são atividades de exploração e
produção, refino, comercialização, transporte e petroquímica, distribuição de derivados, gás
natural, biocombustíveis e energia elétrica. A empresa sempre foi marcada pelo alto padrão
13 Para maiores informações: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9478.htm 14 http://www.petrobras.com.br/pt/quem-somos/perfil/
100
tecnológico e já recebeu prêmios internacionais pelo desenvolvimento de pesquisas e
tecnologias.
Figura 34. Atividades desenvolvidas pela Petrobras
Fonte: http://www.petrobras.com.br/pt/quem%2Dsomos/perfil/atividades/, acessado em 25/10/2011.
As maiores bacias de reserva de petróleo do Brasil na camada do pós-sal estão no estado do
Rio de Janeiro, na Bacia de Campos. O estado é responsável por 74% da produção nacional
de petróleo e 38% do gás natural, sendo que a Petrobras responde por 89% da produção de
petróleo no país e 96% da produção de gás natural.15
Os investimentos nesse setor são muito importantes também pelas indústrias,
empresas prestadoras de serviços e centros de pesquisa e desenvolvimento que
15 Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Boletim da Produção de Petróleo e Gás Natural – Setembro 2011. Superintendência de Desenvolvimento e Produção – SDP. Novembro de 2011.
101
acompanham a indústria do petróleo. Todas essas atividades também tem
procurado o Rio de Janeiro como local de suas operações. (BUENO, 2011, p.44).
Figura 35. Brasil e estado do Rio de Janeiro – Principais operações da Petrobras
Fonte: Montagem a partir de: http://www.petrobras.com.br/pt/quem%2Dsomos/principais%2Doperacoes/,
acessado em 25/10/2011.
A figura 35 apresenta a localização das principais operações desenvolvidas pela Petrobras no
estado do Rio de Janeiro. São elas:
1. Bacia de Campos, que se estende de Arraial do Cabo (RJ) até Vitória (ES);
2. Refinaria Duque de Caxias (Reduc);
3. Terminal aquaviário de Angra dos Reis, que atende, além da REDUC, a refinaria de
Gabriel Passos (MG);
4. Terminal de Volta Redonda, responsável pelo fornecimento de combustível para as
companhias distribuidoras;
5. Terminal de Japeri, que abastece o Terminal de Volta Redonda;
6. Terminal Campos Elíseos, em Duque de Caxias, que recebe e armazena petróleo de
Angra dos Reis, Macaé e da Ilha d’água, abastece a refinaria Gabriel Passos e
monitora as operações do Oleoduto São Paulo – Rio de Janeiro;
102
7. Terminal aquaviário da Ilha Redonda, na Ilha do Governador, que é interligado por
gasoduto à Reduc e realiza operações de cabotagem, importação e exportação de
GLP, butadieno e propeno;
8. Terminal aquaviário da Ilha d’Água, realiza operações de cabotagem, importação e
exportação de derivados de petróleo;
9. Terminal de Cabiúnas, em Macaé, recebe e armazena petróleo da Bacia de Campos
pelo Oleoduto Cabiúnas – Barra do Furado e envia para o Terminal de Campos Elíseos
pelo Oleoduto Cabiúnas – Duque de Caxias;
10. Termelétrica Barbosa Lima Sobrinho, em Seropédica, com capacidade instalada de
384 MW;
11. Termelétrica Governador Leonel Brizola, em Duque de Caxias, com capacidade
instalada de 1.036 MW;
12. Termelétrica Mário Lago, em Macaé, com capacidade instalada de 922 MW.
Em relação aos Gasodutos, encontram-se instalados pelo menos 17 trechos que ligam o Rio
de Janeiro aos estados de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo e somam mais de 2,6 mil
Km de extensão.16
Os municípios do estado do Rio conectados são: Rio de Janeiro, Duque de
Caxias, Japeri, Volta Redonda e Macaé.
16 Fontes: http://www.petrobras.com.br/pt/quem-somos/principais-operacoes/ e http://www.gasnet.com.br/novo_gasoduto/operacao.asp
103
Tabela 17. Gasodutos no Estado do Rio de Janeiro
Nome Extensão Origem Destino
Enchovão 5 km Praia (Macaé/RJ) Cabiúnas (Macaé/RJ)
Gasbel 357 km Reduc (Duque de Caxias/RJ) Refinaria Gabriel Passos
(Betim/MG)
Gasbel II 267 km Terminal Volta Redonda (RJ) São Brás do Suaçui (MG)
Gascab I 67 km Barra do Furado (Macaé/RJ) Cabiúnas (Macaé/RJ)
Gascab II 67 km Barra do Furado (Macaé/RJ) Cabiúnas (Macaé/RJ)
Gascab III 67 km Barra do Furado (Macaé/RJ) Cabiúnas (Macaé/RJ)
Gascar 453 km Campinas (SP) Japeri (RJ)
Gascav 302 km Cabiúnas (Macaé/RJ) Vitória (ES)
Gasduc I 184 km Cabiúnas (Macaé/RJ) Reduc (Duque de Caxias/RJ)
Gasduc II 182 km Cabiúnas (Macaé/RJ) Reduc (Duque de Caxias/RJ)
Gasduc III 183 km Cabiúnas (Macaé/RJ) Anel Campos Elíseos (Duque de
Caxias/RJ)
Gasjap 45 km Japeri (RJ) Reduc (Duque de Caxias/RJ)
Gaspal 325 km Estação Volta Redonda (RJ) Refinaria de Capuava (SP)
Gasvol I 95 km Reduc (Duque de Caxias/RJ) Estação Volta Redonda (RJ)
GNL - BGB 16 km Pier de GNL Rio de Janeiro Anel REDUC (Duque de
Caxias/RJ)
Ramal Campos
Elíseos
2,4 km Anel REDUC (Duque de
Caxias/RJ)
Anel Campos Elíseos (Duque de
Caxias/RJ)
Ramal Trevol 5,5 km Estação Volta Redonda (RJ) Terminal Volta Redonda (RJ)
Apesar da onda de privatizações, a Petrobras, junto com outras empresas federais presentes
no estado, são importantes para a economia fluminense.
(…) constatou-se que houve inequívoca redução do número de estatais federais e
estaduais no ERJ de um lado, de outro se constatou que as empresas remanescentes (no
estado), notadamente as federais, não são nem poucas nem inexpressivas. No que trata
deste último aspecto, a simples presença de empresas do porte da Eletrobras, Furnas,
Petrobras, Infraero, BNDES e Finep, principalmente, permitiu indicar o quanto estatais
104
devem importar para a economia fluminense. Anote-se adicionalmente que essas
empresas, com exceção do BNDES, que pertence ao Setor Financeiro, todas as demais se
inscrevem nos setores infraestruturais, como os de energia elétrica (Eletrobras, Furnas),
petróleo (Petrobras) e transportes (Infraero) e que neles, por suposto, as massas
requeridas de capital são sempre vultosas e geram expressivos contingentes de empregos,
diretos e indiretos.
(NATAL, 2007, p. 76)
Em relação às empresas estatais que imprimem peso econômico ao estado, NATAL (2007)
ratifica:
no caso do Setor de ‘Petróleo, Derivados e Gás Natural’ verifica-se que elas são muitas,
posto que a referida Petrobras existe/atua em diversas áreas através de suas também
diversas empresas (‘Petrobras Distribuidora SA’ e ‘Petrobras Comercializadora de Energia
Ltda’), bem como em países os mais variados (‘Brasil Oil Services Company Nigeria
Limited’ e ‘Petrobras Colômbia’) (…).
(NATAL, 2007, p. 85)
A partir de todos esses dados nota-se a expressividade das atividades no estado.
Atualmente, a Petrobras tem 55,3 mil funcionários contratados pela holding, sem
contar os prestadores de serviços e terceirizados. Desse total, 35 mil estão lotados
na região Sudeste, sendo que 80% ficam no Rio de Janeiro.
(http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=19579454#post19579454).
A Petrobras concentra grande parte de seus serviços em subsidiárias, outras empresas do
grupo que atuam de forma conjunta, como a Transpetro, Petrobras Distribuidora,
Petroquisa, Petrobras Biocombustível e Gaspetro17
.
17 Para maiores informações sobre a atuação das subsidiárias, consultar: http://www.petrobras.com.br/pt/quem-somos/perfil/principais-subsidiarias/
105
Figura 36. Sede da Petrobras Distribuidora
Fonte: http://maps.google.com.br, acessado em 30/09/2012.
Em relação apenas ao município do Rio de Janeiro, as atividades da Petrobras também
atingem números expressivos. O Centro é o bairro que concentra a maioria das atividades da
empresa na cidade, contando inclusive com uma universidade. Existem ainda instalações nos
bairros Maracanã e Caju.
O forte incremento das atividades da companhia, principalmente a partir de 2000,
fez saltarem os investimentos - somente neste ano (2007) serão R$52 bilhões - e,
consequentemente, o número de empregados. Em 2001, eram 32 mil no país, e
hoje chegam a 50 mil. Metade desse pequeno exército está espalhada em dez
prédios, entre próprios e alugados, no Centro e em áreas próximas. No Estado do
Rio, a Petrobras tem 26.800 funcionários, sendo 25 mil na capital.
(http://www.fazenda.gov.br/resenhaeletronica/MostraMateria.asp?page=&cod=4
07404)
O levantamento das edificações que a Petrobras ocupa, parcial ou integralmente, no
município do Rio está organizado na Tabela 18. São 15 prédios com mais de 31 mil
colaboradores, sendo que 75% estão alocados no Centro. Sem contar com o Edifício
Ventura, recém-construído na Avenida Chile, em frente ao Edise – o prédio, de alto padrão,
teve alguns andares alugados pela estatal.
106
Tabela 18. Edifícios ocupados pela Petrobras no Rio de Janeiro
Edifício Ano de
ocupação Endereço Área Ocupação
Postos de
trabalho
Edifício Sede
(Edise) 1972
Av. República do Chile, 65
- Centro 152.000 m² Integral 8.900
Complexo do Caju 1972 Rua Carlos Seidl, 188 -
Caju 42.000 m² Integral 210
Horta Barbosa
(Edihb) 1989
Rua General Canabarro,
500 - Maracanã 118.600 m² Integral 6.300
Ouro Negro 2000 Rua Moraes e Silva, 40 -
Marcanã 26.400 m² 8 pavimentos 1.010
RB1 2001 Av. Rio Branco, 1 - Centro 6.500 m² 6 pavimentos 520
Centro Empresarial
Cidade Nova
(TELEPORTO)
2003 Av. Presidente Vargas,
3131 - Centro 10.550 m² 6 pavimentos 900
Rio Metropolitan 2003 Av. República do Chile,
500 - Centro 13.200 m² 13 pavimentos 1.300
City Tower 2003 Rua da Assembléia, 100 -
Centro 13.600 m² 21 pavimentos 1.350
Torre Almirante
(Edita) 2005
Av. Almirante Barroso, 81 -
Centro 62.000 m² Integral 4.100
Sedan (Banco do
Brasil) 2006
Rua Senador Dantas, 105 -
Centro 6.700 m² 8 pavimentos 550
Edifício Sulacap 2007 Rua da Alfândega, 41 -
Centro 7.000 m² Integral 540
Cidade Nova
(Edicin) –
Universidade
Petrobras
2008
Rua Júlio do Carmo, 232 e
Rua Ulisses Guimarães,
565 – Centro
52.420 m² Integral 4.200
Castelo 2008 Av. Nilo Peçanha, 151 –
Centro 22.280 m² Integral 1.200
Visconde de
Itaboraí
Av. Presidente Vargas, 328
- Centro
Ventura Corporate
Towers 2011
Avenida República do
Chile, 330 - Centro
Fonte: http://www.sindipetro.org.br/w3/index.php?option=com_content&task=view&id=162&Itemid=74
107
4.2 Óleo e gás no Centro
Motivadas pelo aquecimento da economia fluminense, pela presença da Petrobras, a maior
compradora de produtos e serviços no Brasil, e da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis), a agência reguladora, diversas sedes de empresas e instituições
ligadas ao setor estão instaladas no Centro do Rio, inclusive multinacionais. São prestadoras
de serviço, detentoras de tecnologias, fornecedoras de matéria-prima e equipamentos
atraídas pela possibilidade e oportunidade de negócios.
Em relação à geração de empregos na indústria do petróleo, MOTA (2011) afirma que “foi
possível observar uma ampliação do mercado de trabalho neste setor diante da flexibilização
do monopólio em fins da década de 90.” (p. 306). Dessa forma observou-se maior presença
de empresas multinacionais: “Após a abertura econômica, o setor tornou-se responsável por
significativa entrada de indústrias estrangeiras no Brasil.” (MOTA, 2011, p. 306).
A análise da publicação Cenários Petróleo & Gás - Anuário 2011, que inclui o Guia de
Negócios Petróleo & Gás e reúne um banco de dados de cerca de 90% das empresas do
setor no país, permitiu traçar o perfil da atuação do setor no município do Rio de Janeiro.
O Guia divide o setor de petróleo em oito seções que por sua vez subdividem-se em
segmentos e abrangem diversas áreas envolvidas na cadeia produtiva de petróleo, gás e
seus derivados. As seções apresentadas18
a) Exploração & Produção: empresas com concessão de exploração e produção no país,
seja como operador ou sócio, e empresas com atividade de E&P em outros países
mas que tenham escritórios no país;
são:
b) Industrial: refinarias, empresas petroquímicas e outras unidades industriais;
18 Fonte: Cenários Petróleo & Gás – Anuário 2011. Rio de Janeiro: Brasil Energia, 2011.
108
c) Distribuição: empresas distribuidoras de derivados líquidos, gás natural, GLP (gás
liquefeito de petróleo ou gás de cozinha), GNC (gás natural comprimido) e GNL (gás
natural liquefeito);
d) Transporte: empresas transportadoras de derivados líquidos e gás;
e) Produtos: fornecedores de produtos, equipamentos, bens e materiais;
f) Serviços: prestadores de serviços;
g) Organizações: empresariais, governamentais, câmaras de comércio e sindicatos
patronais e de trabalhadores;
h) Recursos Humanos: universidades, centros tecnológicos, organizações e empresas
que oferecem cursos de formação e treinamento de mão de obra.
Tabela 19. Empresas de petróleo e gás por seção no município do Rio de Janeiro
Seção Total de empresas
% do setor em relação ao total
Exploração & Produção 36 7,84% Industrial 12 2,61% Distribuição 11 2,40% Transporte 5 1,09% Produtos 109 23,75% Serviços 228 49,67% Organizações 34 7,41% Recursos Humanos 24 5,23% TOTAL 459 100,00%
Fonte: Cenários Petróleo & Gás – Anuário 2011. Rio de Janeiro: Brasil Energia, 2011.
As seções encontram-se distribuídas no município do Rio de Janeiro conforme demonstra
tabela 19 e gráfico 03. Metade das empresas instaladas na cidade no setor de óleo e gás está
ligada ao setor de Serviços, seguido pelo setor de Produtos, com 49% e 23%
respectivamente. Apresentam-se em menor proporção os setores de Transporte (1,09% das
seções, o que equivale a 5 empresas), Distribuição (2,40%) e Industrial (2,61%).
109
Gráfico 03. Distribuição das empresas de petróleo e gás por seção no município do Rio de Janeiro
8%3%
2%1%
24%
50%
7%5%
Exploração & Produção
Industrial
Distribuição
Transporte
Produtos
Serviços
Organizações
Recursos Humanos
Fonte: Cenários Petróleo & Gás – Anuário 2011. Rio de Janeiro: Brasil Energia, 2011
Já a análise por localização demonstra que algumas atividades estão distribuídas em
proporção semelhante no Centro e nos demais bairros da cidade. No entanto cabe destacar
a grande concentração de empresas ligadas à Distribuição fora do Centro, possivelmente por
se tratar de atividade que requer maior espaço físico. Ao mesmo tempo as Organizações
encontram-se majoritariamente no Centro, já que é lá o centro administrativo, financeiro e
empresarial da cidade.
110
Gráfico 04. Empresas de petróleo e gás por seção - Distribuição de acordo com a localização
(Centro e demais bairros)
0,00%10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%60,00%70,00%80,00%90,00%
100,00%
% Outros bairros
% Centro
Fonte: Cenários Petróleo & Gás – Anuário 2011. Rio de Janeiro: Brasil Energia, 2011
A oferta de terrenos, área disponível (m²) e o baixo valor da terra foram fatores
determinantes para que uma empresa inglesa escolhesse a Zona Norte da cidade como local
de suas futuras (e amplas) instalações. No entanto a proximidade do Centro não deixa de ser
estratégica.
Laboratório BG – A britânica BG, multinacional de óleo e gás, decidiu transferir para o Rio
80% de suas pesquisas de tecnologia. Procura um terreno na Zona Norte para montar
aquele que deverá ser o maior laboratório do grupo no mundo.
(http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/, acessado em 09/11/2011)
Porém a análise geral demonstra que 48% das empresas de petróleo e gás do município
estão instaladas no (bairro) Centro do Rio de Janeiro – proporção muito elevada
considerando que o município possui 160 bairros. Em relação às seções encontradas no
Centro, destacam-se empresas com atividades relacionadas a Serviços, Produtos,
Organização e Exploração & Produção.
111
Gráfico 05. Número de empresas de petróleo e gás por seção e localização no município do Rio de
Janeiro
0
20
40
60
80
100
120
140
Centro
Outros bairros
Fonte: Cenários Petróleo & Gás – Anuário 2011. Rio de Janeiro: Brasil Energia, 2011
A tabela 20 a seguir sintetiza o que foi dito.
Tabela 20. Empresas de petróleo e gás por seção e localização no município do Rio de Janeiro
Seção Empresas no Centro
% Empresas no Centro
Empresas em outros
bairros
% Empresas em outros
bairros Total
Exploração & Produção 16 44,44% 20 55,56% 36
Industrial 5 41,67% 7 58,33% 12 Distribuição 1 9,09% 10 90,91% 11 Transporte 3 60,00% 2 40,00% 5 Produtos 33 30,28% 76 69,72% 109 Serviços 125 54,82% 103 45,18% 228 Organizações 28 82,35% 6 17,65% 34 Recursos Humanos 10 41,67% 14 58,33% 24 TOTAL 221 48,15% 238 51,85% 459
Fonte: Cenários Petróleo & Gás – Anuário 2011. Rio de Janeiro: Brasil Energia, 2011.
O gráfico 06 demonstra distribuição percentual das empresas de petróleo e gás de acordo
com as seções apenas no bairro Centro. Observa-se o grande peso do setor de Serviços
(56,56%), seguido pelo de Produtos (14,93%), Organizações (12,67%) e Exploração &
112
Produção (7,24%). As demais seções aparecem em menor número, nesta ordem: Recursos
Humanos, Industrial, Transporte e Distribuição.
Gráfico 06. Distribuição das empresas de petróleo e gás por seção no Centro do Rio de Janeiro
7% 2%0%
1%
15%
57%
13%
5%
Exploração & Produção
Industrial
Distribuição
Transporte
Produtos
Serviços
Organizações
Recursos Humanos
Fonte: Cenários Petróleo & Gás – Anuário 2011. Rio de Janeiro: Brasil Energia, 2011
O mapeamento das empresas de Petróleo e Gás apresentado a seguir expressa a grande
quantidade de estabelecimentos instalados no Centro. Em relação à distribuição espacial
nota-se que o padrão de concentração é focado nos eixos das Avenidas Rio Branco e
República do Chile. Cabe observar que os pontos representados no mapa podem
corresponder a mais de uma empresa já que é comum encontrar diferentes firmas do setor
num mesmo edifício comercial. Da mesma forma os pontos não distinguem salas comerciais
de andares ou prédios inteiros – ou seja, não há distinção dos pontos pelo número de
empresas ou pelo seu porte. A ideia aqui é identificar a “ordem de grandeza” e sua
localização no território.19
19 A listagem das empresas representadas no mapa e as informações sobre endereço, setor e segmento encontram-se no Apêndice A.
113
Mapa 19. Empresas do setor de Petróleo e Gás no Centro
Fonte: Cenários Petróleo & Gás – Anuário 2011. Rio de Janeiro: Brasil Energia, 2011.
O Edifício RB1 disponibiliza em seu site20
o perfil das empresas que estão instaladas nas suas
dependências. Através do Gráfico 07 podemos observar que o setor de petróleo ocupa o
quarto lugar, sendo “ultrapassado” apenas pelos bancos e por empresas dos setores de
tecnologia e informática e telecomunicações, que não deixam de ser atividades relacionadas
com as funções desenvolvidas pelo setor de óleo e gás.
20 http://www.rb1.com.br
114
Gráfico 07. Perfil das empresas instaladas no RB1
18,03%
16,39%
13,11%11,48%
9,84%
9,84%
8,20%
1,64%
1,64%
1,64% 1,64%
1,64%1,64%
1,64%
Banco
Tecnologia e Informática
Telecomunicações
Petróleo
Restaurante
Serviços
Jurídica
Salão de Beleza
Mármores e Granitos
Escritórios Inteligentes
Academia
Administração e Comércio
Head Hunt
Centro de Convenções
Fonte: http://www.rb1.com.br/html/perfil.html
O Edise, Edifício Sede e grande símbolo da Petrobras, situado na Avenida República do Chile,
possui 24 andares e 120 mil m² de área. Trata-se de um prédio construído na década de
1970, objeto de concurso público, moderno até hoje, que passa por reformas constantes.
Neste prédio estão a presidência, toda a diretoria e muitos funcionários, totalizando cerca
de 8 mil trabalhadores.
115
Figura 37. Edifício Edise
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Edise.jpg
A expansão dos negócios faz com que a empresa busque novas instalações para abrigar as
atividades em crescimento. A descoberta de novas áreas de exploração no estado demanda
ampliação das atividades na capital e, por consequência, da infraestrutura física e de
recursos humanos.
Em termos de espaço ocupado na cidade, a meta da Petrobras é passar dos atuais
190 mil metros quadrados - área somada dos dez prédios - para 260 mil metros
quadrados em 2010, o que representa um aumento de área de cerca de 30%. Isso
significa que, em 2010, os atuais 25 mil empregados serão cerca de 33 mil.
- A companhia cresceu muito nos últimos cinco anos. A expansão de edifícios
ocupados acaba melhorando a área no entorno da empresa (…).
(http://www.fazenda.gov.br/resenhaeletronica/MostraMateria.asp?page=&cod=4
07404)
O crescimento da Petrobras nos últimos anos é tão significativo e ligeiro que tem superado a
própria capacidade de planejamento da expansão da empresa.
116
A empresa cresceu demais nos últimos cinco anos. Em 2004, quando apresentamos
para a diretoria o edifício Torre Almirante como uma solução para a falta de espaço
nós poderíamos abrigar todos os funcionários em quatro prédios. Mas quando ele
ficou pronto em 2006, o número de pessoas já era muito maior do que ele poderia
acomodar (…).
(http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=19579454#post19579454)
Figura 38. Torre Almirante e Ventura Corporate Towers – edifícios com andares alugados para a
Petrobras
Fontes: http://www.flexeventos.com.br/secoes/cases/25,rio-de-janeiro-retrofitado.aspx e
http://www.aflaloegasperini.com.br/projeto/ventura-corporate-towers
As características, o porte, as exigências e necessidades da empresa tornam mais complicada
a busca por um imóvel. E a Petrobras não procura empreendimentos fora do Centro, já que
seu objetivo é concentrar os trabalhadores e “aumentar a sinergia”.
117
No Rio, a solução é de mais longo prazo. A companhia procura um imóvel
"concentrador" em um terreno que tenha entre 100 mil e 120 mil metros
quadrados para abrigar parte dessa força-de-trabalho. O objetivo é colocar em um
único local pelo menos uma parte do pessoal que hoje ocupa andares alugados nos
prédios do Banco do Brasil, no RB1 e no Citi Tower, só para citar alguns no centro
da cidade. Uma parte do pessoal já começou a ocupar o prédio na Cidade Nova
onde vai funcionar a Universidade Petrobras.
(http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=19579454#post19579454)
O Centro Empresarial Senado, em fase de construção pela WTorre Engenharia, no quarteirão
formado pelas ruas do Senado, Dídimo, Henrique Valadares e rua dos Inválidos foi a solução
encontrada. A Petrobras firmou contrato de locação futuro de dois blocos por 15 anos, a
partir de 2013.
A Companhia buscou várias alternativas de edifícios no centro do Rio de Janeiro,
com o objetivo de reunir os empregados que estão dispersos em outros prédios. O
projeto do Centro Empresarial Senado foi considerado o mais adequado às
necessidades operacionais da Petrobras, o que resultará em grande economia de
custos.
(http://fatosedados.blogspetrobras.com.br/2011/05/21/contratos-resposta-ao-
estadao/)
No entanto, o Centro Empresarial Senado não será capaz de eliminar a dispersão das demais instalações da empresa. De acordo com Ricardo Ianda, gerente executivo de serviços compartilhados da Petrobras, “mesmo com o edifício concentrador a companhia vai continuar alugando espaço em sete prédios no Rio.” 21
21 Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=19579454#post19579454
118
Figura 39. Central Empresarial Senado – terreno e projeto
Fontes: http://static.panoramio.com/photos/original/3388176.jpg e http://www.buildings.com.br/edificio/4
765-centro-empresarial-senado-torre-a1
A dificuldade em conseguir imóveis fez com que a Petrobras decidisse pela construção de
um “edifício exclusivo e sob medida” para atender as “demandas atuais e futuras de
infraestrutura, espaço, conforto e normas de SMES” da nova sede da BR Distribuidora. A
subsidiária, com 2.600 colaboradores e compartilhando a atual sede no Maracanã com a
Petrobras, não vê possibilidade de expansão no local. Consolidando suas atividades e
prevendo a expansão futura, a previsão é que a BR deixe o Edifício Edihb em agosto de
2013.22
Nos últimos meses, a Gerência de Serviços Compartilhados (GSC) foi encarregada
de fazer uma extensa pesquisa de opções para a nova sede da Petrobras
Distribuidora, considerando as necessidades atuais e futuras da companhia,
critérios de localização (área central, de fácil acesso), custo/benefício etc. Essa
metodologia foi totalmente alinhada com a da Petrobras, que prestou consultoria
na escolha.
(http://acordocoletivo.org/2011/04/18/petrobras-distribuidora-aprova-projeto-
para-nova-sede-no-rio-de-janeiro-em-2013/)
22 Fonte: http://acordocoletivo.org/2011/04/18/petrobras-distribuidora-aprova-projeto-para-nova-sede-no-rio-de-janeiro-em-2013
119
O novo empreendimento será erguido no terreno entre as ruas Júlio do Carmo e Correia
Vasques, próximo à estação de metrô da Praça Onze, na Cidade Nova. O projeto, aprovado
recentemente, conta com 24 mil m² de área construída (escritórios) distribuídos em dez
andares, garagem subterrânea para mais de 400 veículos, auditório, dentre outras
instalações, e traz ainda conceitos de sustentabilidade e eficiência energética.
Figura 40. Universidade Petrobras (obra concluída) e projeto do novo prédio da BR Distribuidora,
ambos na Cidade Nova
Fontes: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=76088923#post76088923 e
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=76088923#post76088923
A Petrobras contribui de forma significativa na mudança na dinâmica do Centro do Rio de
Janeiro. Alguns dos empreendimentos recentes, como o Ventura Corporate Towers e o
Centro Empresarial Senado, talvez não tivessem investidor interessado não fosse a Petrobras
com seu porte e características próprias. Da mesma forma as transformações na Cidade
Nova também são alavancadas pela sua dinâmica e necessidade de expansão.
A Cidade Nova tem experimentado um grande processo de revitalização, com a
inauguração recente ou próxima de outros edifícios administrativos, como o Edicin
(Petrobras), as novas sedes da Cedae e do Operador Nacional do Sistema Elétrico
(ONS), do Centro Operacional da Prefeitura e do Centro Integrado de Controle da
Secretaria Estadual de Segurança, além de uma estação de metrô.
(http://acordocoletivo.org/2011/04/18/petrobras-distribuidora-aprova-projeto-
para-nova-sede-no-rio-de-janeiro-em-2013/)
120
O potencial de atração do estado do Rio e do próprio Centro pode ser exemplificado nos
trechos a seguir, extraídos da seção de notícias do portal Geofísica Brasil.
Impulsionada pelo crescimento da atividade exploratória de recursos naturais no país, a
NEOS Geosolutions Inc. anunciou hoje (26/09) em Houston (Texas - EUA) que abriu um
escritório no Rio de Janeiro para oferecer ao mercado tecnologias e serviços de geociência
avançada. (…) o potencial de hidrocarbonetos do Brasil, tanto em terra como no mar, é
estimulante. "Acreditamos que poderemos ser úteis, tanto para empresas estatais quanto
para as companhias de exploração e produção de recursos naturais, em estimar o
potencial das bacias sedimentares terrestres brasileiras. (…) a missão da NEOS é colaborar
com equipes de exploracionistas das indústrias de óleo e gás onshore e de mineração para
acelerar a tomada de decisão sobre onde explorar, arrendar e perfurar. (…) O escritório da
empresa fica no Centro do Rio de Janeiro.
(http://www.geofisicabrasil.com/noticias/37-empresas/2411-neos-abre-escritorio-no-
brasil.html, acessado em outubro de 2011)
4.3 Novas perspectivas
Recentes descobertas e vultosos investimentos no estado trazem novas perspectivas para a
economia fluminense e para o Centro do Rio, impulsionando ainda mais seu crescimento.
A descoberta do Pré-sal, uma nova área de exploração de petróleo nas Bacias de Santos,
Campos e Espírito Santo, cria uma possibilidade de grande aumento da produção nacional e
promete aquecer ainda mais a economia fluminense, atraindo mão-de-obra e novas
empresas, ampliando o fluxo de mercadorias e serviços ligados ao setor, abrindo o leque de
cursos de qualificação e aumentando o nível de escolaridade de moradores da capital e
áreas adjacentes.
De acordo com o Plano de Negócios e Gestão 2013-2017 da Petrobras o índice de sucesso
exploratório no Pré-sal é de 82%. A produção na área já foi iniciada, com um rendimento de
300 mil barris de petróleo por dia em 2013. A expectativa é que até 2017 a produção diária
do Pré-sal atinja 1 milhão de barris de petróleo por dia. A área de Exploração e Produção da
121
companhia deve receber investimentos de US$ 147 bilhões nos próximos 4 anos,
principalmente para desenvolver o Pré-sal.
Figura 41. Pré-sal
Fonte: PETROBRAS. Plano de Negócios 2009-2013 – Exploração e Produção, 2009.
A perspectiva é que com o Pré-sal a produção nacional alcance um novo patamar e a
participação do setor de óleo e gás no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro dobre em oito
anos, passando de 12% para 20%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP). O
Instituto prevê ainda US$ 266 bilhões em investimentos na indústria de óleo e gás entre
2012 e 2016. 23
23 Fonte: O GLOBO. PIB do petróleo no país deve dobrar até 2020. 16 de setembro de 2012. Disponível em: http://oglobo.globo.com/economia/pib-do-petroleo-no-pais-deve-dobrar-ate-2020-6097255
122
A Organização Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP) estima até 2020 a criação de 2,5
milhões de empregos no setor e US$ 400 bilhões em demandas por equipamentos e
serviços.24
Toda essa prosperidade traz também a expansão das encomendas em diversos setores da
cadeia de suprimentos. Segundo o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, a cadeia de
fornecedores para a área de exploração, refino e petroquímica deve crescer de forma
vigorosa, transformando o panorama industrial brasileiro.
Nesse contexto pode ser citada a Nuclep, empresa estatal criada para atender o setor de
energia nuclear que, com a crescente demanda da área de óleo e gás, se adaptou e passou a
fabricar grandes estruturas metálicas para indústria do petróleo.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq),
em 2012 a produção industrial do setor cresceu 10%, as importações ultrapassaram 30%, e
as empresas vão contar com cerca de 15% dos US$ 45 bilhões de investimentos da Petrobras
destinados à cadeia produtiva.25
Nesse panorama encontra-se em fase de construção o COMPERJ – Complexo Petroquímico
do Estado do Rio de Janeiro, cujo investimento previsto é da ordem de US$ 8 bilhões. O
COMPERJ foi criado pela Petrobras com o objetivo de “aumentar a produção nacional de
produtos petroquímicos, com o processamento de cerca de 150 mil barris/dia de óleo
pesado nacional”.
24 Fonte: O GLOBO. PIB do petróleo no país deve dobrar até 2020. 16 de setembro de 2012. Disponível em: http://oglobo.globo.com/economia/pib-do-petroleo-no-pais-deve-dobrar-ate-2020-6097255
25 Fonte: O GLOBO. PIB do petróleo no país deve dobrar até 2020. 16 de setembro de 2012. Disponível em: http://oglobo.globo.com/economia/pib-do-petroleo-no-pais-deve-dobrar-ate-2020-6097255
123
Figura 42. Projeto e obra do Comperj
Fontes: http://www.flickr.com/photos/pacgov/6882935751; http://portosmercados.com.br/site/conheca-o-
projeto-do-comperj-o-complexo-petroquimico-do-rio-de-janeiro;
http://www.flickr.com/photos/pacgov/6882866195
Localizado no município de Itaboraí, as obras do Comperj tiveram início em 2008 e já
mudaram completamente a dinâmica da cidade. A implantação do novo polo petroquímico
atraiu grande contingente de mão-de-obra para construção do complexo. Não apenas a obra
como a grande expectativa de crescimento do município alavancou uma cadeia de
transformações no território – obras de infraestrutura, ampliação da malha viária e
construção civil. Neste último setor, empreendimentos de todo tipo estão em plena
efervescência: prédios comerciais, complexos multiuso, hotéis, condomínios residenciais –
horizontais e verticais – estão sendo erguidos para atender a demanda que surgirá com o
funcionamento do Comperj. Importante destacar que esses lançamentos diferem da
124
produção imobiliária até então desenvolvida no município e que estão concentrados,
sobretudo na Avenida 22 de Maio, no Centro de Itaboraí.
Figura 43. Novos lançamentos em Itaboraí
Rossi Mais Jardim Imperial
Fonte: http://www.rossiresidencial.com.br/emp
reendimentos/rj/itaborai/sao-jose/rossi-mais-
jardim-imperial.aspx?id=SE-4129
Hotel Ibis Itaboraí
Fonte:
http://www.imoveislancamentosrj.com.br/lancamentos-
rj/ibis-hotel/
Complexo Multiuso Global Center Itaboraí
(lojas, salas comerciais, suítes hoteleiras e flats
com serviços e área de lazer)
Fonte: http://www.gepglobal.com.br/global-center-
itaborai.aspx
Itaboraí Plaza Shopping
Fonte: http://m.g1.globo.com/rio-de-
janeiro/noticia/2012/08/cidade-do-comperj-itaborai-
tera-empreendimento-multiuso-em-2013
125
O Arco Metropolitano, importante obra viária prevista pelo governo estadual desde a
década de 1970, finalmente saiu do papel e irá ligar por rodovia o município de Itaboraí até
Itaguaí, passando por Guapimirim, Magé, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Japeri e Seropédica.
Esta obra será fundamental no escoamento da produção do Comperj, que poderá facilmente
chegar até o Porto de Itaguaí, além de conectar outros importantes empreendimentos que
se encontram na área de influência da rodovia, como a Refinaria de Duque de Caxias, o
Complexo Industrial de Santa Cruz e Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA). O Arco
Metropolitano está inserido no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo
Federal e sua construção foi dividida em quatro trechos, como demonstra a figura a seguir.
Figura 44. Arco Metropolitano do Rio de Janeiro
Fonte: http://oglobo.globo.com/fotos/2011/07/21/21_info_rio_arco-metropolitano.jpg
O desenvolvimento da indústria de óleo e gás traz consequências para outros setores, como
a indústria naval. Em 2012 o avanço do segmento offshore gerou cerca de 180 encomendas
126
na construção naval, de acordo com informações do Sindicato Nacional da Indústria da
Construção e Reparação Naval e Offshores (Sinaval).
A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) prevê uma movimentação no setor
naval fluminense de quase R$ 15,4 bilhões até dezembro de 2014, o que deve gerar um
aumento de novos empregos em mais de 60%.
Já é possível notar o movimento recente em direção à reativação ou construção de portos e
estaleiros visando escoar a produção nacional para outras partes do país e do mundo.
Destacam-se o estaleiro Mauá Jurong, além de outros menores em Niterói, como o
MacLaren; o estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis; o Porto de Sepetiba, no Rio de Janeiro; e
o Porto do Açu, em São João da Barra.
De acordo com Gisela MacLaren, dona do estaleiro em Niterói fundado em 1938 por seu
avô, a MacLaren Oil vai implementar um programa de modernização e ampliação de suas
instalações industriais nos próximos dois anos, estimada em R$ 30 milhões26
.
O Superporto do Açu, empreendimento bilionário do Grupo EBX no município de São João
da Barra, no norte fluminense, promete impulsionar a economia nacional com uma
estrutura portuária e industrial não existente no Brasil e com capacidade para receber os
maiores navios do mundo. Representa ainda uma possibilidade de apoiar as atividades de
exploração e produção de óleo e gás desenvolvidas pela Petrobras em Macaé e Campos, e
ainda escoar a produção de minérios de Minas Gerais.
26 Fonte: O GLOBO. PIB do petróleo no país deve dobrar até 2020. 16 de setembro de 2012. Disponível em: http://oglobo.globo.com/economia/pib-do-petroleo-no-pais-deve-dobrar-ate-2020-6097255
127
Figura 45. Superporto do Açu
Fonte: http://www.llx.com.br/pt/superporto-do-acu/Paginas/o-empreendimento.aspx
Toda a abundância cria a oportunidade de crescimento e desenvolvimento do país através
da indústria de óleo e gás, como ocorreu na Noruega. O Estado do Rio é um dos maiores
beneficiados já que é responsável por 75,5% da produção nacional de petróleo e gás,
segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP).
No meio de tanta prosperidade há também muitos desafios. É preciso qualificar
profissionais, bens e serviços para atender à demanda crescente do setor, assim como
investir em avanço tecnológico.
O Ministério de Minas e Energia e a Petrobras desenvolvem o Programa de Mobilização da
Indústria Nacional de Petróleo e Gás (Prominp) visando fomentar a indústria nacional
através da capacitação de mão de obra e monitoramento da evolução do conteúdo local
(estabelecendo metas de aquisição de bens e serviços nacionais). O Programa já qualificou,
128
desde 2006, 90 mil profissionais e propiciou a evolução da participação da indústria nacional
nos investimentos do setor – de 57%, em 2003, para 76% em 2011.
Diversas firmas estrangeiras estão estabelecendo centros de pesquisa na Ilha do Fundão,
como a Schulumberger, Baker Hugues, EMC (informática), FMC, entre outras. É também na
Ilha do Fundão onde se encontra o Cenpes, maior polo sobre pesquisa de petróleo do
hemisfério do sul (ver capítulo 4.1 A economia fluminense e a Petrobras), e o Lab Oceânico,
que estuda a simulação de ondas. A existência deste grande centro de pesquisa no Rio de
Janeiro é importante pois ele compõe a enxuta rede mundial – existem apenas três
semelhantes no mundo.
Por fim, após acidente na Bacia de Campos com a empresa Chevron em 2012, a ANP passou
a exigir que as empresas estrangeiras que atuam na exploração e produção de petróleo
tenham uma base no Brasil que possa atuar em situações de emergência. Essa medida
poderá aquecer mais o mercado no estado do Rio de Janeiro, que concentra grande parte
das bacias do país.
As empresas estrangeiras que atuam no Brasil na exploração e produção de petróleo e gás
natural terão que ter um escritório no país com poder decisório, para evitar problemas
como ocorreram com a americana Chevron, disse a diretora-geral da ANP, Magda
Chambriard. "Não pode demorar três dias para tomar uma decisão sobre o plano de
emergência porque o poder decisório não está aqui", disse Magda, referindo-se ao
acidente da Chevron, ocorrido em novembro do ano passado na bacia de Campos. A
empresa demorou a agir para colocar em ação o seu plano de emergência porque o
executivo responsável pela empresa no Brasil, George Buck, não tinha poder para ordenar
a operação.
(http://www.geofisicabrasil.com/noticias/204-clipping/3781-petroleira-estrangeira-
devera-tomar-decisoes-no-brasil.html, acessado em junho de 2012)
129
CONCLUSÃO
A importância do Centro do Rio de Janeiro ultrapassa os limites administrativos do
município, de forma que o bairro se configura como uma centralidade de escala
metropolitana.
O Centro concentra diversas atividades que atraem intenso fluxo de pessoas diariamente. A
presença dos terminais de transporte permite sua ligação com os demais bairros da cidade
assim como com os municípios vizinhos.
O Centro abriga uma rica multiplicidade de dinâmicas que vão além das barreiras físicas de
seu território heterogêneo. Áreas com intensa atividade econômica convivem com trechos
estagnados. Atividades residenciais por vezes se misturam com as comerciais. Equipamentos
culturais se distribuem por todo o território e terminais de transporte se fixam pela periferia.
Atividades de alto nível técnico convivem com outras de baixa qualificação.
Eixos marcados pela verticalização são encontrados na Área Central de Negócios, ao mesmo
tempo em que casarios do início do século passado marcam a paisagem no entorno do
Campo de Santana, por exemplo. O tempo de capital da república deixou de herança
construções de relevância arquitetônica, histórica e cultural, além da própria função
administrativa que possuem.
No final do século XX o Centro passou por um período de crise, com o desaquecimento da
economia, esvaziamento populacional e financeiro. A transferência da Bolsa de Valores para
São Paulo marcou esse período de decadência. A moradia foi proibida por 18 anos. O
esvaziamento gerou abandono que gerou degradação que gerou desinteresse e culminou
com a estigmatização.
Os investimentos do poder público deixaram de priorizar o Centro. O discurso dos
administradores do município foi por muitas vezes contraditório, já que havia uma promessa
130
de revitalização do Centro enquanto a maior parte dos investimentos era direcionada para
outras áreas. A Barra da Tijuca surgiu, criada para ser o novo centro da cidade.
A cidade se expandiu para novas áreas com o desenvolvimento dos meios de transporte e
expansão da malha viária. Assim novas centralidades emergiram, fazendo com que o
esvaziamento populacional não fosse um fenômeno exclusivo do Centro – o que pode ser
comprovado através da análise do estoque e dos dados demográficos do município.
O tipo de “produto” imobiliário (residencial e comercial) caracterizadao pela idade do
estoque existente no Centro já não atendia às novas demandas de mercado. Ao mesmo
tempo, a flexibilização dos padrões de trabalho com advento da tecnologia passou a exigir
melhor infraestrutura de redes e menor preocupação quanto à localização dos escritórios.
Se nas três últimas décadas do século passado o Centro viveu um período de decadência, é a
partir do início do século XXI que tem início um processo de ressignificação, revalorização e
afirmação da importância dessa área.
Esse fenômeno pode ser observado através da concentração de empresas no Centro,
incluindo sedes de importantes companhias nacionais e estrangeiras; o crescimento de
hotéis na região, tanto para o turismo de negócios como de lazer; a expansão das atividades
de ensino, sobretudo de nível superior e pós-graduação, incrementando o fluxo de pessoas
nas ruas à noite e aos sábados; o aquecimento da dinâmica imobiliária, com reformas e
retrofits em curso e ainda novos lançamentos, trazendo para o Centro um produto
imobiliário que atenda às demandas do mercado.
Agregam a este cenário as áreas de preservação histórica, que garantem a permanência de
um rico conjunto de construções e sua ambiência imediata, inclusive com normas de
ocupação específicas, valorizando o passado histórico e incrementando a vocação turística e
cultural da área. Praças e áreas de lazer encontram-se inseridas nesse ambiente, oferecendo
um respiro à agitação e caos típicos de um centro urbano.
131
A infraestrutura disponível, oferta de transporte e proximidade dos postos de trabalho vem
resgatando a vocação do Centro como um lugar apto à moradia. Alguns novos
empreendimentos lançados na região da Lapa e os programas de revitalização de casarios
históricos como alternativa para moradia sinalizam esse processo. A análise do estoque de
apartamentos na cidade demonstra inclusive que essa função do Centro possui significativa
robustez já que a décima maior concentração de unidades do município está no bairro.
Nesse ritmo o Centro se reafirma não só como lugar de negócios como também um
ambiente rico em opções de lazer e cultura, que aproveitam a disponibilidade de
infraestrutura existente e dão mais intensidade ao uso desse espaço.
A retomada da dinâmica econômica do Centro está vinculada ao desenvolvimento das
atividades do setor de óleo e gás. O setor pode ser considerado como dinamizador do
processo de revitalização do Centro e como um dos setores âncora para manutenção da sua
vitalidade, relevância e robustez.
O surgimento da Petrobras e a instalação de sua sede no Centro vêm na contramão do
processo de esvaziamento do Centro. A descoberta de áreas de exploração no estado
impulsionaram o desenvolvimento da empresa e o incremento do PIB. Hoje o estado do Rio
de Janeiro é o maior produtor do país.
O desenvolvimento da exploração e produção de petróleo na Bacia de Campos acarretou o
surgimento de uma série de atividades que vão dar apoio a esse setor da economia. Dessa
forma se instalaram na cidade do Rio de Janeiro empresas com concessão de exploração e
produção no país ou fora, refinarias, empresas petroquímicas e unidades industriais,
empresas distribuidoras e transportadoras, fornecedores de matéria prima, produtos,
equipamentos e tecnologia, prestadores de serviços. Cabe destacar que a abertura
econômica possibilitou a vinda de multinacionais.
132
No Centro encontram-se quase metade das 459 empresas do setor de óleo e gás presentes
no município. Destacam-se os setores de prestação de serviços, fornecimento de produtos,
organizações e exploração e produção.
Em relação à espacialidade observa-se a concentração de empresas do setor de óleo e gás
ao longo da Avenida Rio Branco e áreas adjacentes e no eixo da Avenida República do Chile.
Este trecho do território está inserido na Área Central de Negócios (ACN), que possui a maior
concentração de atividades de grande relevância desenvolvidas na cidade.
No entanto a superação da crise do final do século XX dá lugar a uma nova demanda
econômica, forte o suficiente para expandir seus limites, não se restringindo ao núcleo
configurado pela Área Central de Negócios. O Centro e a sua zona periférica apresentam
hoje uma emergência de projetos urbanísticos de revitalização – Região Portuária e Cidade
Nova. Antigos vazios urbanos da Avenida Presidente Vargas dão lugar a novos
empreendimentos. O Centro se reconstrói sobre si mesmo.
A consolidação da relevância do Centro como local das principais trocas e fluxos torna este
um local estratégico para os negócios. A Petrobras, que se encontra em plena expansão
devido à descoberta de novas áreas de produção, escolheu o Centro para expandir suas
instalações. Da mesma forma outras empresas de diferentes ramos de atividades encontram
no Centro a localização ideal.
O Rio de Janeiro vem atravessando um momento próspero alavancado pela conjuntura
econômica, com investimentos nos setores de petróleo e gás, siderurgia, logística, em
diversos tipos de indústria e centros de pesquisa; política, devido ao alinhamento entre as
três esferas de poder (federal, estadual e municipal); e ainda pelo calendário de grandes
eventos, com destaque para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
Dentre as transformações previstas para a cidade podem ser citadas: a construção de
equipamentos esportivos – consequente revitalização das áreas no entorno; melhoria da
mobilidade – construção de novas vias, criação de linhas expressas, implantação de sistema
133
de BRTs, extensão do metrô, aumento dos km de ciclovia; aumento do número de quartos
de hotéis; atração de investimentos estrangeiros.
Nesse cenário surgem também grandes investimentos no estado que prometem impulsionar
ainda mais o momento próspero da economia fluminense e especificamente do setor de
óleo e gás. São eles a exploração e produção na camada do pré-sal, na Bacia de Campos; a
instalação do Complexo Petroquímico, em Itaboraí; a construção do Arco Metropolitano,
ligando Itaboraí a Itaguaí; e a instalação do Complexo Portuário e Industrial do Açu, em São
João da Barra. Esses empreendimentos trazem consequências para o município do Rio de
Janeiro, em especial a área central por todos os fatores citados anteriormente.
Para acompanhar todo o desenvolvimento que está em curso no Rio de Janeiro no setor de
óleo e gás é preciso vencer dois desafios: capacitação de mão de obra e qualificação dos
serviços, e avanço no desenvolvimento tecnológico.
Além disso, vivemos um momento em que o governo estadual reivindica ao governo federal
pela manutenção da parcela dos royalties que são destinadas aos estados produtores de
petróleo. Pela segunda vez assistimos à mobilização da população mobilizada, através de
grande incentivo do governador Sérgio Cabral, para conseguir que a presidente Dilma
Roussef vete o projeto de lei que poderia reduzir a arrecadação do estado do Rio de Janeiro.
É preciso lembrar da finitude do petróleo como um recurso natural, e o futuro do Rio de
Janeiro sem ele. A diversificação da economia poderá ser um fator de sucesso para a
manutenção da “prosperidade econômica” do estado.
A discussão sobre a divisão dos royalties traz também uma polêmica quanto à destinação
deste recurso. Os royalties foram criados para mitigar os efeitos negativos resultantes da
exploração de petróleo e deveriam ser investidos em infraestrutura. Na prática nem sempre
isso acontece.
134
O Centro do Rio de Janeiro, apesar de possuir uma boa infraestrutura, ainda precisa de
muitas melhorias para atender ao padrão de empresas que tem se instalado no seu
território. Nessa perspectiva existe um “risco” de privatização dos espaços públicos com o
surgimento dos “Distritos de Negócios” (Business District - BID), uma tendência mundial que
se realiza na perspectiva de fazer aquilo que o poder público deveria fazer, mas não faz.
Estudos mais aprofundados sobre o ramo e setor das empresas que atuam na cidade do Rio
de Janeiro e no Centro poderão ser realizados mais adiante visando reunir informações
detalhadas acerca do perfil das atividades desenvolvidas.
135
REFERÊNCIAS
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2008.
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Petróleo e Gás Natural – Setembro 2011. Superintendência de Desenvolvimento e Produção
– SDP. Novembro de 2011.
BELEM, Alice Amorim. Estratégias territoriais e políticas públicas no Centro do Rio de
Janeiro de 1993 a 2008. Monografia (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Escola de
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BORDE, Andréa de Lacerda Pessoa. Vazios urbanos: perspectivas contemporâneas. Tese
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Urbanismo. Rio de Janeiro, 2006.
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atividades relativas ao monopólio do petróleo, institui o Conselho Nacional de Política
Energética e a Agência Nacional do Petróleo e dá outras providências. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9478.htm
BUENO, Julio Cesar Carmo e CASARIN, Luiz Octavio Bicudo. Os recursos do petróleo e as
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Sites
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http://economia.estadao.com.br
http://en.wikipedia.org
http://fatosedados.blogspetrobras.com.br
http://m.g1.globo.com
http://maps.google.com.br
http://memoria.petrobras.com.br
http://mercadocultural2008.blogspot.com
http://mesquita.blog.br
http://oglobo.globo.com
http://static.panoramio.com
http://upload.wikimedia.org
http://vejabrasil.abril.com.br
http://www.ademi.org.br
http://www.aflaloegasperini.com.br
http://www.armazemdedados.rio.rj.gov.br
http://www.buildings.com.br
http://www.bvrj.com.br
http://www.ebx.com.br
139
http://www.fazenda.gov.br
http://www.flexeventos.com.br
http://www.flickr.com
http://portosmercados.com.br
http://www.gasnet.com.br
http://www.geofisicabrasil.com
http://www.gepglobal.com.br
http://www.hpwtreinamentos.com
http://www.imoveislancamentosrj.com.br
http://www.lafem.com.br
http://www.odebrechtonline.com.br
http://www.petrobras.com.br
http://www.planalto.gov.br
http://www.pontape.com.br
http://www.rb1.com.br
http://www.rio.rj.gov.br
http://www.rossiresidencial.com.br
http://www.sindipetro.org.br
http://www.skyscrapercity.com
140
APÊNDICE
Apêndice A – Levantamento das empresas do setor de Petróleo e Gás instaladas no Centro do Rio de Janeiro
NOME DA EMPRESA ENDEREÇO SEÇÃO SEGMENTO
2H Offshore Projetos Ltda Praca Floriano, 19 - 22 andar Servicos Projetos de Engenharia
ABS Group Services do Brasil Ltda
Av. Venezuela, 3 - 19 andar Servicos Consultoria
AC Arquitetura e Consultoria Ltda
Av. Presidente Wilson, 165 - gr814
Servicos Arquitetura
AC Engenharia e Sistemas S/C Ltda
Rua da Assembleia, 77 - sl 601 Servicos Automacao/ Instrumentacao
Accenture do Brasil Ltda Av. Republica do Chile, 500 Servicos Consultoria
Afamar Capital Humano Ltda Rua Evaristo da Veiga, 55 - 9 andar
Recursos Humanos
Formacao e Treinamento
Agencia Nacional do Petroleo, Gas Natural e Biocombustiveis - ANP
Av. Rio Branco, 65 - 22 andar Organizacoes Agencia Reguladoras
Agencia Reguladora de Energia e Saneamento Basico do Estado do Rio de Janeiro - Agenersa
Av. Treze de Maio, 23 - 23 andar
Organizacoes Agencia Reguladoras
Agnis Recursos Humanos Av. Almirante Barroso, 91 - 10 andar
Recursos Humanos
Recrutamento e Selecao
Agrar Consultoria e Estudos Tecnicos S/C Ltda
Rua Mexico, 31 D sl 703 Servicos Meio Ambiente
Almeida Rotenberg e Boscoli Advocacia
Av. Rio Branco, 1 - sl 601 Servicos Assessoria Juridica
Ambiental Engenharia e Consultoria Ltda
Av. Marechal Floriano, 22 - 9 andar
Servicos Meio Ambiente
American Bureau of Shipping - ABS
Av. Venezuela, 3 (16 e 17) andar sl 1513 a 1515 e sl 307
Servicos Consultoria
Aon Re Benfield Corretora de Resseguros Ltda
Rua Teofilo Otoni, 15 - 10 andar Servicos Seguros
Apolo Tubulars S/A Rua do Passeio, 70 - 9 andar Produtos Tubos APSIS Consultoria Empresarial Ltda
Rua da Assembleia, 35 - 12 andar
Servicos Consultoria
Associacao Brasileira da Industria de Tubos e Acessorios - Abitam
Av. Marechal Camara, 160 - gr 632
Organizacoes Associacoes Empresariais
Associacao Brasileira das Empresas de Gas Canalizado - Abegas
Rua 7 de Setembro, 99 - 16 andar
Organizacoes Associacoes Empresariais
141
NOME DA EMPRESA ENDEREÇO SEÇÃO SEGMENTO Associacao Brasileira das Empresas de Servicos de Petroleo - Abespetro
Av. Almirante Barroso, 52 - 21 andar
Organizacoes Associacoes Empresariais
Associacao Brasileira de Empresas de Apoio Maritimo - Abeam
Rua Visconde de Inhauma, 134 - 10 andar
Organizacoes Associacoes Empresariais
Associacao Brasileira de Geradoras Termeletricas - Abraget
Av. Rio Branco, 122 - 5 andar Organizacoes Associacoes Empresariais
Associacao Brasileirade Consultores de Engenharia - ABCE
Av. Rio Branco, 124 - 13 andar Organizacoes Associacoes Profissionais
Associacao Eicuk Rio Av. Rio Branco, 89 - 26 andar Organizacoes Associacoes Empresariais
Asteda - Assessoria Tecnica e Despachos Aduaneiros Ltda
Rua Acre, 92 - sl 702 Servicos Logistica
Aurea Seguros S/A Rua da Assembleia, 100 - 6 andar
Servicos Seguros
Autograf Projetos e Construcao Rua Senador Dantas, 75 - sl 1701
Servicos Construcao Civil
Banco Brascan S/A Av. Almirante Barroso, 52 - 30 andar
Servicos Bancos
Banco BVA S/A Av. Almirante Barroso, 52 - 19 andar
Servicos Bancos
Banco Nacional de Desenvolvimento Economico e Social - BNDES
Av. Republica do Chile, 100 Organizacoes Governo
BGP Brasil Servicos e Equipamentos Geofisicos Ltda
Av. Rio Branco, 156 - sl 1429 Servicos Sismica
Brasil Salvage S/A Rua Mexico, 111 - 12 andar Servicos Inspecao/ Supervisao
Brasoil Manati Exploração Petrolifera Ltda
Rua da Assembleia, 10 - gr 4013 Exploracao e Producao
Cias de Petroleo
Brazalta Brasil Norte Comercializacao de Petroleo Ltda
Av. Presidente Wilson, 231 - sl 509
Exploracao e Producao
Cias de Petroleo
Brazilship Afretamentos Maritimos Ltda
Rua da Assembleia, 10 - sl 2309 Servicos Afretamento e Embarcacoes
Bureau Veritas do Brasil Sociedade Classificadora e Certificadora Ltda
Praca Pio X, 17 - 9 andar Servicos Classificadoras e Certificadoras
Bussines Quality Ltda Rua São Jose, 40 (2,3,4,9 e 12) andar
Servicos Servicos Diversos
C Foster Servicos e Equipamentos de Petroleo Ltda
Av. General Caldwell, 179 Servicos Telecomunicacoes
142
NOME DA EMPRESA ENDEREÇO SEÇÃO SEGMENTO Camara de Comercio Americana para o Brasil - Amcham RJ
Praca Pio X, 15 - 5 andar Organizacoes Camaras de Comercio
Camara de Comercio e Industria Brasil-Alemanha - Camara Brasil-Alemanha
Av. Graca Aranha,1 - 6 andar Organizacoes Camaras de Comercio
Camara de Comercio e Industria Brasil-China - CCIBC
Rua Senador Dantas, 71, 12 andar
Organizacoes Camaras de Comercio
Camara de Comercio, Industria e Turismo Brasil-Russia - Camara Brasil-Russia
Av. Marechal Camara, 160, cj 1628/1629
Organizacoes Camaras de Comercio
Camara Portuguesa de Comercio e Industria
Av. Graca Aranha,1, sl 601 Organizacoes Camaras de Comercio
Cameron do Brasil Ltda Rua da Assembleia, 98 - 20 e 21 andar
Produtos Arvore de Natal
Carcara Petroleo S/A Av. Erasmo Braga, 227 gr 1001 Exploracao e Producao
Cias de Petroleo
Ccap Servicos de Traducao Ltda Rua da Assembleia, 10 sl 1906 Servicos Traducao Ceva Freight Management do Brasil Ltda
Rua São Bento, 8, 13 andar Servicos Logistica
CGG do Brasil Participacoes Ltda
Av. Presidente Wilson, 231, sl 1703 e 1704
Servicos Sismica
Chemtech Servicos de Engenharia e Software Ltda
Rua da Quintanda, 50, 21 andar Servicos Projetos de Engenharia
Chevron Brasil Lubrificantes Ltda
Av. Republica do Chile, 230, 25 andar
Industrial Lubrificantes/Graxas
Chevron Brasileira de Petroleo Ltda
Av. Republica do Chile, 230- 29 andar
Exploracao e Producao
Cias de Petroleo
Cimatel Brasil Ltda Av. Beira Mar, 216, gr 1004 Produtos Controle e Medicao
Climbtec Servicos Tecnicos em Altura Ltda
Av. Rio Branco, 277, gr 509 Servicos Alpinismo Industrial
Comab Especialidades Quimicas Ltda
Rua São Jose, 40, 6 andar Produtos Quimicos
Compressor Controls Corporation
Rua Rodrigo Silva, 9 sl 1103 Produtos Compressores
Conpet Consultoria e Engenharia de Petroleo Ltda
Av. Almirante Barroso, 22, sl 1301
Produtos Turbinas
Coppe/UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro
Rua da Candelaria, 9, sl 906 Recursos Humanos
MBA
Cory Transportes Internacional Ltda
Av. Rio Branco, 4, 11 andar Servicos Logistica
CR 4 Engenharia e Consultoria Ltda
Praca Olavo Bilac, 28 sl 1008 Servicos Consultoria em Gas Natural e GNV
Det Norske Veritas Rua 7 de Setembro, 111, 12 andar
Servicos Classificadoras e
143
NOME DA EMPRESA ENDEREÇO SEÇÃO SEGMENTO Certificadoras
Dominio Assessores Ltda Av. Presidente Vargas, 409, 21 andar
Servicos Consultoria
Doria, Jacobina, Rosado e Gondinho Advogados Associados
Rua da Assembleia, 98, 13 andar
Servicos Assessoria Juridica
DPH Ambiental Projetos Ltda Av. Presidente Vargas, 463, 20 andar
Servicos Consultoria
Ecologus Engenharia Consultiva Ltda
Rua do Carmo, 65, 3 andar Servicos Meio Ambiente
EMC Computer Systems Brasil Ltda
Av. Rio Branco, 1, sl 1605 Servicos Informatica
Empresa Brasileira de Recursos Humanos Ltda - Agencia Brasil
Av. Treze de Maio, 33, sl 2206 Recursos Humanos
Formacao e Treinamento
Engenheiro Novo Tecnologia Ltda
Rua Acre, 83, 9 andar Produtos Tratamento de Agua e Efluentes
Eni Oil do Brasil S/A Av. Rio Branco, 1 sls 603/608 Exploracao e Producao
Cias de Petroleo
Escritorio de Advocacia Andre Teixeira e Associados
Av. Rio Branco, 89, sl 901 Servicos Assessoria Juridica
Excommerce Assessoria Internacional
Rua Anfilofio de Carvalho, 29, cob 1
Servicos Logistica
Expeditors International do Brasil
Av. Rio Branco, 26, 3 andar Servicos Logistica
Expetro Consultoria em Petroleo, Gas, e Biocombustiveis Ltda
Av. Erasmo Braga, 227, 10 andar.
Servicos Consultoria
Expro Petroleo e Gas Ltda Rua da Quitanda, 3, sl 806 Servicos Consultoria na Area de E&P
Exterran Servicos de Oleo e Gas Ltda
Rua Mexico, 3 , 12 andar Produtos Compressores
Federacao das Industrias do Estado do Rio de Janeiro - Senai Oleo e Gas
Av. Graca Aranha, 1 Servicos Assistencia Tecnica
Federacao Única dos Petroleiros - FUP
Av. Rio Branco,133, 21 andar Organizacoes Sindicatos dos Trabalhadores
Flexlife do Brasil Servicos Petroliferos Ltda
Rua da Assembleia, 10, gr 3716/3717
Servicos Consultoria em Dutos
Formula Wood Cursos e Projetos - Nucleo de Petroleo Treinamentos Especializados
Rua Buenos Aires, 90, 3 andar Recursos Humanos
MBA
Forship Engenharia S/A Rua Uruguaiana, 94, (8, 10,11 e 15) andar
Servicos Condicionamento/Comissionamento
144
NOME DA EMPRESA ENDEREÇO SEÇÃO SEGMENTO
Frank Mohn do Brasil Ltda Av. Presidente Vargas, 463, 19 andar
Produtos Bombas
Fugro Geosoltions (Brasil) Servicos de Levantamentos Ltda
Praca Floriano, 19, 15 andar Servicos Geologia, Geofisica e Geoquimica
Fundacao Brasileira de Tecnologia da Soldagem - FBTS
Rua 1 de Marco, 23, (7 e 17) andar
Organizacoes Associacoes Profissionais
Gaia Silva Gaede e Associados Advocacia e Consultoria Juridica
Av. Rio Branco, 116, 9 e 10 andar
Servicos Assessoria Juridica
Galaxia Maritima Ltda Av. Rio Branco, 45, sl2507 e 2508
Servicos Apoio Martimo
GE SeaCo Brasil Ltda Rua da Assembleia, 11, 5 andar Servicos Locacao de Equipamentos
General Visas Documentacao para Estrangeiros e Relocation Ltda
Rua da Assembleia, 19, 5 andar Servicos Localização de Estrangeiros
Genesis 2000 Exploracao e Producao de Hidrocarbonetos Ltda
Rua da Assembleia, 10 sala 1715
Exploracao e Producao
Cias de Petroleo
Geogas Servicos de Oleo e Gas Ltda
Rua Mexico, 3, 11 andar Servicos Gas
Georesearch do Brasil Ltda Rua da Quitanda, 3 gr 710 Servicos Geoprocessa-mento
Geosoft Latinoamerica Praca Floriano, 51 Produtos Informatica Geoterra Servicos Ltda Rua Mexico, 3, 11 andar Servicos Gas
Guimar Engenharia S/A Av. Marechal Camara, 160, 5 andar
Servicos Consultoria
Gulf Brasil Novopar 2010 Holding Petroleo Ltda
Av. Erasmo Braga, 227, 11 andar
Industrial Lubrificantes/Graxas
Halliburton Servicos Ltda Rua da Assembleia, 66, (2 e 9) andar
Servicos Perfuração
Hidrosfera Oceanografia e Consultoria Ambiental Ltda
Rua Buenos Aires, 2, sl 1602 Servicos Meio Ambiente
Hytorc do Brasil Importacao e Exportacao Ltda
Rua da Candelária, 97 Produtos Ferramentas
IEC Instalacoes e Engenharia de Corrosao Ltda
Av. Presidente Vargas, 633, gr 2001/03 e 2010/19
Servicos Projetos de Engenharia
IES Brasil Consultoria Ltda Av. Nilo Pecanha, 50, 1617 andar
Servicos Consultoria na Area de E&P
IHS Informacoes e Insight LTDA - CERA Cambridge Energy Research Associates
Av. Rio Branco, 99, 19 andar Servicos Consultoria em Energia
Instituto Brasileiro de Petroleo, Gas e Biocombustiveis - IBP
Av. Almirante Barroso, 52, 26 andar
Organizacoes Associacoes Empresariais
Instituto Latinoamericano de la Calidad
Av. Marechal Camara, 160, sl 1330
Servicos Classificadoras e
145
NOME DA EMPRESA ENDEREÇO SEÇÃO SEGMENTO Certificadoras
Instituto Nacional Desenvolvimento de Educacao Continuada - Indec
Rua 7 de Setembro, 92, sl 204 e 205
Recursos Humanos
MBA
Intec do Brasil Ltda Praca Floriano, 19, 4 andar Servicos Projetos de Engenharia
Interfreight transportes Internacionais Ltda
Rua São Bento, 9, 9 andar Servicos Logistica
Interoceanica Chatering e Logistic Ltda
Av. Rio Branco, 39, gr 501 Servicos Logistica
JRC do brasil Empreendimentos Eletronicos
Av. Almirante Barroso, 63, gr309
Produtos Eletronicos
Keppel Fels Brasil S/A Rua da Assembleia, 10, gr 2001 Servicos Estaleiros
Koch Petroleo do Brasil Ltda Rua da Quitanda, 50, 5 andar Exploracao e Producao
Cias de Petroleo
KRAV-Centro Autorizado de Servicos de Informatica Ltda
Rua do Ouvidor, 87, sobreloja Servicos Informatica
Lersh Traducoes S/C Ltda Av. Rio Branco, 156, sl 3401 Servicos Traducao Locer Assessoria e Consultoria em Recolocacao de Recursos Humanos Ltda
Av. Rio Branco, 89, 10 andar Recursos Humanos
Recrutamento e Selecao
Logike Associados S/C Ltda Rua Dom Gerardo, 63, sl 1703 Servicos Logistica Macleod Dixon Consultores em Direito Estrangeiro Ltda
Av. Presidente Wilson, 231, 23 andar
Servicos Assessoria Juridica
Man Diesel e Turbo Brasil Ltda Av. Rio Branco, 311, sl 801 Produtos Motores Manturbo do Brasil Ltda Av. Rio Branco, 311 gr 801 Produtos Compressores Marsh Corretora de Seguros Ltda
Av. Rio Branco, 125, 19 andar Servicos Seguros
Marte Engenharia Ltda Av. Rio Branco, 251, (11, 14 e 15) andar
Servicos Consultoria
Marte Engenharia Ltda Av. Rio Branco, 251, (11, 14 e 15) andar
Servicos Manutenção
Maxicargo International Ltda Rua da Quintanda, 187, 10 andar
Servicos Logistica
MCS Servicos Maritimos Computacionais Ltda
Rua 7 de Setembro, 54, 4 andar Servicos Consultoria
Metano do Brasil S/A Rua Beneditinos, 16 sl 902 Produtos Compressores Miral Administracao e Corretagem de Seguros Ltda
Av. Graca Aranha, 57, 11 andar Servicos Seguros
Motitec Engenharia e Consultoria Ltda
Av. Almirante Barroso, 63, cj 1417
Servicos Consultoria em Energia
Mount Eengenharia, Consultoria, Comercio e Participacoes Ltda
Rua da Assembleia, 10, sl 3605 Servicos Projetos de Engenharia
MS Logistica Aduaneira e Rua Teofilo Otoni, 52, 5 andar Servicos Logistica
146
NOME DA EMPRESA ENDEREÇO SEÇÃO SEGMENTO Transportes Integrados Ltda MSC Engenharia Comercio Representacoes Ltda
Av. Nilo Pecanha, 26, sl 904 e 908
Servicos Naval
Newfield Brasil Ltda Rua do Carmo, 43, 9 andar Exploracao e Producao
Cias de Petroleo
Nicomex Logistica Internacional Ltda
Rua Mayrink Veiga, 6, 4 andar Servicos Logistica
Noble Denton e Associates Servicos Maritimos Ltda
Av. Nilo Pecanha, 50, gr 2701 Servicos Consultoria Naval
Noronha Engenharia S/A Av. Graca Aranha, 226, 9 andar Servicos Projetos de Engenharia
Nuovo Pignone SPA - GE Oil e Gas
Av. Republica do Chile, 500 - 19 andar
Produtos Compressores
Ocean Wheels Chart e Integrated Logistics Ltda
Rua da Assembleia, 41, 4 andar Servicos Logistica
OL Naval Ltda Av Augusto Severo, 8, 5 andar Produtos Guinchos e Guindastes
Organizacao nacional da Industria do Petroleo - ONIP
Av. Graca Aranha, 1, 5 andar Organizacoes Associacoes Empresariais
Paper Rio Comercio e Servicos Ltda
Rua dos Andradas, 132 slj Produtos Informatica
Paradigm Geophysical do Brasil Ltda
Av. Rio Branco, 138, sl 1702 Servicos Consultoria em Tecnologia da Informacao
Paschoalin Consultoria Tecnica e Representacao Comercial Ltda
Rua São Bento, 8, 2 andar Servicos Consultoria
Petrobras Gas S/A - Gaspetro Av. Republica do Chile, 500, 28 andar
Transporte Dutoviario
Petrobras Quimica S/A - Petroquisa
Av. Republica do Chile, 65, sl 903
Industrial Petroquimica
Petrobras Transporte S/A - Transpetro
Av. Presidente Vargas, 328 Transporte Dutoviario
Petrocean Comercio Internacional Ltda
Rua Santa Luzia, 651, 27 andar Produtos Umbilicais
Petrolane Servicos em Petroleo Rua Senador Dantas, 75 sl 2409/2410
Produtos Choke
Petroleo Brasileiro S/A - Petrobras
Av. Republica do Chile, 65 Exploracao e Producao
Cias de Petroleo
Petroleum Consultores Associados Ltda
Av. Rio Branco, 156, sl 528 Servicos Consultoria na Area de E&P
Petroserv S/A Av. Almirante Barroso, 52, 7 andar
Servicos Perfuracao
Phoenix Assessoria e Consultoria Maritima Ltda
Av. Venezuela, 3, gr 1504 Servicos Meio Ambiente
Pinheiro Neto Advogados Av. Nilo Pecanha, 11, 8 andar Servicos Assessoria Juridica
147
NOME DA EMPRESA ENDEREÇO SEÇÃO SEGMENTO
PricewaterhouseCoopers Auditores Independentes
Rua da Candelária, 65, 11 andar Servicos Consultoria em Gestao Empresarial
Proenco Brasil Ltda Rua do Ouvidor, 60, sl 1301 Recursos Humanos
MBA
Projemar S/A Estudos e Projetos de Engenharia
Av. Almirante Barroso, 63, 29 andar
Servicos Projetos de Engenharia
Prysmian Energia Cabos e Sistemas do Brasil S/A
Rua da Assembleia, 10, gr 4114/2012
Produtos Cabos e Condutores
Quattor Participacoes S/A Av. Graca Aranha, 182 , 9 andar Industrial Petroquimica Queiroz Galvao Exploracao e Producao S/A
Av. Almirante Barroso, 52, 13 andar
Exploracao e Producao
Cias de Petroleo
Queiroz Galvao Oleo e Gas S/A Av. Presidente Antonio Carlos, 51, 7 andar
Servicos Perfuracao
Radiomar Industria e Comercio Rua Conde Lages, 44 gr 1201 Produtos Naval Rig Servicos e Equipamentos de Petroleo Ltda
Rua da Quitanda, 68, 8 andar Produtos Tubos
RPS Consultores do Brasil Ltda Av. Presidente Wilson, 231, 5 andar
Servicos Geologia, Geofisica e Geoquimica
Saga Sistemas e Computadores S/A
Av. Rio Branco, 18, 8 andar Produtos Informatica
Saipem do Brasil Servicos de Petroleo Ltda
Av. Rio Branco, 1, sl 1401 B Servicos Projetos de Engenharia
Santos CMI Engenharia e Construcoes
Rua São Jose, 90, sl 2201 A Servicos Projetos de Engenharia
Schlumberger Servicos de Petroleo Ltda
Av. Presidente Wilson, 231, 20 andar
Servicos Estudos de Reservatorio
Seadbrokers Brasil Ltda Rua da Assembleia, 10 37 andar Servicos Afretamento e Embarcacoes
Seal Inspection & Training Ltda Av. Rio Branco, 45, sl 2404 Servicos Inspecao/ Supervisao
Secretaria de Estado de Desenvolvimento Economico, Energia, Industria e Servicos - Proderj - Sedeis RJ
Av. Rio Branco, 110, 21 andar Organizacoes Governo
Securitas Uniao Corretora de Seguros Ltda
Rua do Carmo, 8, 11 andar. Servicos Seguros
Serviços de Conteiners Contil Ltda
Rua Visconde de Inhauma, 58 sl 809
Produtos Conteiners
Sevan Marine do Brasil Ltda Av. Presidente Wilson, 231, sl1502
Servicos Afretamento e Embarcacoes
SHV Gas Brasil Ltda Av. Presidente Wilson, 231 , 19 andar
Distribuição GLP
Silver Marlin Exploracao e Producao de Petroleo e Gas
Av. Rio Branco, 147, 2 andar Exploracao e Producao
Cias de Petroleo
148
NOME DA EMPRESA ENDEREÇO SEÇÃO SEGMENTO Ltda
Sindicato dos Trabalhadores na Industria do Petroleo do Estado do Rio de Janeiro - Sindipetro RJ
Av. Passos, 34 Organizacoes Sindicatos dos Trabalhadores
Sindicato Nacional da Industria da construcao e Reparacao Naval e Offshore - Sinaval
Av. Chuchill, 94 Organizacoes Sindicatos Patronais
Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustiveis e Lubrificantes - Sindicom
Av. Almirante Barroso, 52, sl 2002
Organizacoes Sindicatos Patronais
Siqueira Castro Advogados Praca Pio X, 15, 3 andar Servicos Assessoria Juridica
Sistab Tec Comercio e Servicos de Equipamento de Energia Ltda
Rua Carlos de Carvalho, 34, lj A Produtos Eletronicos
Sistemas Senior RJ Ltda Rua da Alfandega, 91, 6 andar Servicos Informatica
SLM Recursos Humanos Ltda Av. Treze de Maio, 33, gr 709 Servicos Locacao de Mao de Obra
Smartpetro Desenvolvimento Profissional em Petroleo Gas e Energia Ltda
Av. Erasmo Braga, 227, 11 andar
Recursos Humanos
Formacao e Treinamento
Sociedade Brasileira de Engenharia Naval - Sobena
Av. Presidente Vargas, 542 gr 713
Organizacoes Associacoes Profissionais
Sociedade Brasileira de Geofisica
Av. Rio Branco, 156, sl 2509 Organizacoes Associacoes Profissionais
SoEnergy Sistemas Internacionais de Energia S/A
Rua do Carmo, 43, 12 andar Produtos Motores
Solana Navegacoes e Servicos Maritimos Ltda
Av. Venezuela, 27, gr 202/14 Servicos Afretamento e Embarcacoes
Somafoto Ltda Av. Rio Branco, 123, sl 1905 Servicos Servicos Diversos
Sonangol Pesquisa e Prdocao do Brasil Ltda
Rua da Assembleia, 98, 18 andar
Exploracao e Producao
Cias de Petroleo
Sonangol Starfish Oil e Gas S/A Av. Rio Branco, 1 gr 1505 a 1507
Exploracao e Producao
Cias de Petroleo
Sotep SociedadeTecnica de Perfuracao S/A
Rua da Candelaria, 79, sl 11 Servicos Workover
Southeaste Comercio de Equipamentos e Suprimentos Maritimos Ltda
Rua Primeiro de Marco, 37, sl 201
Servicos Logistica
Stroeer, Royster e Ohno Advogados
Rua do Ouvidor, 121, 6 andar Servicos Assessoria Juridica
Suez Energy Brasil Ltda Av. Almirante Barroso, 52, sl 1301
Servicos Gas
149
NOME DA EMPRESA ENDEREÇO SEÇÃO SEGMENTO Superquip Serviços e Equipamentos Tecnicos Ltda
Rua Mexico, 3 , 18 andar Produtos Valvulas
Tarmar Energia e Participacoes Av. Almirante Barroso, 63, sl 702
Servicos Perfuracao
Tauil e Chequer Advogados Affiliated with Thompson e Knight LLP
Rua do Carmo, 43 Servicos Assessoria Juridica
Telespazio brasil S/A Av. Rio Branco, 1, sl 1807 Servicos Telecomunicacoes
Tinoco Anticorrosao Ltda Rua São Jose, 46, sl 807 Produtos Tratamento de Superficie
Tranship Transportes Maritimos Ltda
Praca XV de Novembro, 34, 5 andar
Servicos Apoio Martimo
Trench Rossi Watanabe Advogados
Av. Rio Branco, 1, 19 andar Servicos Assessoria Juridica
Tridente Industria e Comercio de Equipamentos Ltda
Rua da Assembleia, 10, sl 3302 Produtos Equipamentos para Gnc e Gas
UBX Interprise Ltda Av. Almirante Barroso, 63, sl 702
Exploracao e Producao
Cias de Petroleo
Ullhoa Canto, Rezende e Guerra Advogados
Av. Presidente Antonio Carlos, 51, 12 andar
Servicos Assessoria Juridica
Unipar - Uniao de Industrias Petroquimicas
Rua Araujo Porto Alegre, 36, 4 andar
Industrial Petroquimica
Universidade Estacio de Sá - Instituto Politecnico
Av. Presidente Vargas, 642 Recursos Humanos
Curso Tecnico
Utec Survey Inc Av. Almirante Barroso, 63, sl 405
Servicos Apoio Martimo
Valerus Energia Ltda Rua Mexico, 3, 11 andar Servicos Gas Van Erven S/A Comercio de Valvulas e Conexoes
Rua Teofilo Otoni, 131 Produtos Automacao/Instrumentacao
Vanuza Sampaio Advogados Associados
Rua da Ajuda, 35, 13 andar Servicos Assessoria Juridica
Veirano Advogados Av. Presidente Wilson, 231, 23 andar
Servicos Assessoria Juridica
Vereda Estudos e Execucao de Projetos Ltda
Av. Presidente Vargas, 590, gr 2105
Servicos Meio Ambiente
Vieira, rezende, Barbosa e Guerreiro Advogados S/C
Av. Presidente Wilson, 231, 18 andar
Servicos Assessoria Juridica
Wellstream do Brasil Industria e Servicos Ltda
Av. Rio Branco, 138, 11 andar Produtos Linhas Flexiveis
Western Geco Servicos de Sismica Ltda
Av. Presidente Wilson, 231, 12 andar
Servicos Sismica
Wilson Sons Comercio Industria e Agencia de Navegacao Ltda
Av. Rio Branco, 25, 4 andar Servicos Logistica
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NOME DA EMPRESA ENDEREÇO SEÇÃO SEGMENTO
Wood Interbrok Seguros Av. Marechal Camara, 160, 13 andar
Servicos Seguros
Workaday South East Logistica e Transportes Ltda
Av. Presidente Vargas, 962 sl 1403
Servicos Logistica