algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · os sonhos são como uma bússola,...

47
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS - UAECIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial de espécies florestais da Caatinga Jéssica Mayara Hipólito de Araújo MACAÍBA FEVEREIRO DE 2017

Upload: lekhanh

Post on 01-Dec-2018

216 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

1

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS - UAECIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS

Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial de espécies florestais

da Caatinga

Jéssica Mayara Hipólito de Araújo

MACAÍBA

FEVEREIRO DE 2017

Page 2: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

2

JÉSSICA MAYARA HIPÓLITO DE ARAÚJO

Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial de espécies florestais

da Caatinga

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências Florestais da UFRN,

como pré- requisito para obtenção do grau de

mestre em Ciências Florestais.

Orientador: Prof. Dr. Cristiane Elizabeth Costa de Macedo

Coorientador: Prof. Dr. Sidney Carlos Praxedes

MACAÍBA

FEVEREIRO DE 2017

Page 3: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

3

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial da Escola Agrícola Jundiaí - EAJ

Araújo, Jéssica Mayara Hipólito. Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicialde

espécies florestais da Caatinga / Jéssica Mayara Hipólito de

Araújo. - Macaíba, 2017. 47f.: il.

Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Florestais.

Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais. Orientador:Profa. Dra. Cristiane Elizabeth Costa de Macedo.

Coorientador: Prof. Dr. Sidney Carlos Praxedes.

1. Biofertilizante - Dissertação. 2. Caesalpinia ferrea -

Dissertação. 3. Poincianella pyramidalis - Dissertação. I. Macedo, Cristiane Elizabeth Costa de. II. Praxedes, Sidney

Carlos. III. Título.

RN/UF/BSPRH CDU 632.951

Page 4: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

4

Page 5: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

5

DEDICO

Ao meu tio “galego” (in memoriam) por ter sido uma pessoa tão importante

principalmente no início da minha vida acadêmica e com suas palavras de incentivos ter me dado

à força que eu precisei até os dias atuais. As palavras que me falou em apenas um dia, me

marcaram por anos e eu só queria agradecer por ter sido o porta-voz do que Deus queria me falar

naquele dia. Seu gesto foi crucial para que eu tenha me tornado a pessoa que sou hoje.

Saudades!

V

Page 6: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

6

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar me ponho de joelhos para agradecer a Deus pela sabedoria, paciência e

principalmente, por nunca me deixar faltar fé e força que eu precisava para seguir em frente e

proporcionando sempre alcançar meus objetivos e realizar meus sonhos.

À minha amada e estimada família Hipólito que são os responsáveis pela pessoa que sou

hoje, contribuindo desde os meus princípios até toda a minha formação, sempre me apoiando e

incentivando, em especial a Veraci (mãe), Vera (tia), Morgana e Rauan (irmãos), Darci (vó),

gostaria que por um descuido Deus lhes fizessem eternos.

Ao meu namorado Ricardo que teve uma enorme contribuição em várias etapas desse

trabalho e se tornou uma pessoa que faz dos meus dias melhores. Obrigada por sempre me ouvir

e dar os melhores conselhos, obrigada por ser tão paciente na fase em que não podia te dar tanta

atenção. Por sempre me apoiar e se fazer presente em todos os momentos.

Aos professores, ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais que contribuíram

com minha formação e a CAPES pelo apoio financeiro.

Ao meu professor orientador Prof. Dr. Sc. Sidney Carlos Praxedes por todas as

contribuições que me foram dadas nesse projeto. Aos membros da banca examinadora, Prof. Dr.

Sc. Eduardo Luiz Voigt e Dr. Thiago Barros Galvão pelas contribuições e pela disponibilidade

em estar presente nesse momento.

A todos os alunos que compõem o Laboratório de Biotecnologia Vegetal que me

receberam muito bem e tanto me ajudaram na realização das análises: Ana Paula, Saniely,

Willianne, Victor e em especial a Danilo por toda ajuda que me ofereceu indo além do

laboratório, tendo uma participação maior na realização dessa pesquisa, muito obrigada a vocês.

A Guilherme de Pádua que foi um companheiro de laboratório, de sala de aula e ainda

amigo ao longo do tempo. Aos colegas de curso Juliana, Mileny e João Antônio.

E a todos que por ventura possa ter esquecido e que de forma direta ou indiretamente

foram importantes nessa caminhada.

Muito obrigada!

VI

Page 7: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

7

Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que

seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles que

nos impulsionam, nos fortalecem e nos permitem crescer.

Augusto Cury

VII

Page 8: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

8

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS............................................................................................................. IX

LISTA DE ABREVIATURA ................................................................................................. X

RESUMO........................................................................................................................... 11

ABSTRACT....................................................................................................................... 12

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 13

2 REFERENCIAL TEORICO............................................................................................. 15

2.1 Bioma................................................................................................................................. 15

2.2 Algas Marinhas................................................................................................................... 15

2.3 Bioestimulantes.................................................................................................................. 16

2.4 Espécies.............................................................................................................................. 17

2.4.1 Catingueira (Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz).......................................... 17

2.4.2 Jucá (Caesalpinia ferrea Mart. ex (Tul.) Var.)............................................................... 18

3 OBJETIVOS........................................................................................................................ 19

3.1 Objetivo Geral.................................................................................................................... 19

3.2 Objetivos específicos ......................................................................................................... 19

4 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................................ 20

4.1Material vegetal, condições experimentais e obtenção dos tratamentos............................. 20

4.2 Variáveis analisadas........................................................................................................... 23

4.2.1 Crescimento das plantas ................................................................................................. 23

4.2.2 Pigmentos fotossintéticos e amido ................................................................................. 24

4.2.3 Taxa de crescimento ...................................................................................................... 25

4.3 Delineamento experimental e estatísticas ......................................................................... 25

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 26

5.1 Análises realizadas aos 60 dias após a semeadura............................................................. 26

5.2 Análises realizadas aos 120 dias após a semeadura........................................................... 29

5.2.1 Análises bioquímicas aos 120 dias após a semeadura..................................................... 34

6. CONCLUSÕES.................................................................................................................. 39

REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 40

VIII

Page 9: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Etapas do processo de produção do pó de algas, obtido das algas marinhas

coletadas na praia de Rio do Fogo pela Associação das Maricultoras de Algas de

Rio do Fogo- RN (Amar). Algas lavadas e limpas de impurezas em formas de

fibras (a), espaço com estruturas feitas com telado e madeira para secagem

suspensa (b), máquina usada para triturar e peneirar as algas (c) e o pó fino

utilizado no preparo dos substratos para testes de crescimento das plantas (d).

21

Figura 2: Etapas do processo de composição e formação dos tratamentos, pesagem do pó

de algas com auxilio de balança analítica (a), identificação dos sacos plásticos (b)

e o início da germinação das sementes de catingueira e jucá (c).

23

Figura 3: Altura (cm), diâmetro do coleto (mm), número de folhas e taxa de crescimento

absoluto (TCA; cm dia-1

) em plantas de jucá (círculo branco e linha tracejada) e

catingueira (círculo fechado e linha contínua) em função de diferentes doses do

pó de algas, aos 60 dias após a semeadura.

27

Figura 4: Massa seca das folhas (a), massa seca da raiz (b), massa seca do caule (c) e massa

seca total (d) da planta Jucá (g) aos 120 dias após a semeadura submetida a

diferentes dosagens de pó de algas marinhas.

30

Figura 5: Altura da parte aérea (a), altura total (b), número de folhas (c) e diâmetro do

coleto (d) da planta Jucá, aos 120 dias após a semeadura.

33

Figura 6: Concentrações de clorofila a (a), clorofila b (b), carotenóides (c) e teores de

amido (d) de jucá (círculo branco e linha tracejada) e catingueira (círculo fechado

e linha contínua), obtidos por métodos espectrofotométricos aos 120 dias após a

semeadura.

35

IX

Page 10: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

10

LISTA DE ABREVIATURAS

DAS - dias após a semeadura

DAD – dias após o debaste

PA - pó de algas marinhas

TCA - taxa de crescimento absoluto

NUPEÁRIDO - Núcleo de Pesquisa para o Desenvolvimento do Trópico Semiárido

CSTR - Centro de Saúde e Tecnologia Rural

UFCG - Universidade Federal de Campina Grande

Amar - Associação das Maricultoras de Algas de Rio do Fogo-RN

AM- Amido

DAE – Dias após a embebição

CTC – Capacidade de trocas Catiônicas

X

Page 11: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

11

RESUMO

Vários estudos têm demonstrado os efeitos benéficos da aplicação de extratos de algas nas

plantas, tais como a melhoria na germinação e no estabelecimento das plantas. Apesar de alguns

exemplos de aproveitamento comercial, a quase totalidade dessa biomassa não é aproveitada pela

população. Tendo em conta seu alto valor nutritivo, existe um grande potencial para seu maior

aproveitamento comercial. Diante disso, com o intuito de contribuir para o desenvolvimento de

tecnologias de aproveitamento de algas na produção de mudas para reflorestamento e exploração

sustentável, analisaram-se os efeitos de algas coletadas no litoral do RN no crescimento inicial de

espécies nativas da Caatinga. Foram testadas diferentes concentrações (0, 15, 20, 25, 30, 35 e 40

g kg-1

) de pó de algas (PA) marinhas com um substrato preparado contendo argila, esterco bovino

e areia. Houve inicialmente efeito negativo do PA no crescimento em ambas as espécies,

provavelmente por uma influência negativa na velocidade de germinação. No entanto, o estímulo

na taxa de crescimento absoluto em doses mais altas para catingueira e intermediárias para jucá

aos 60 dias após semeadura (DAS) indicam efeito benéfico do PA. Aos 120 DAS verificamos um

estímulo no aumento de biomassa das raízes e diâmetro do coleto em jucá com relação ao

aumento das doses de PA. Nesta espécie verificou-se também estímulo no aumento da

concentração de clorofilas a, b e carotenoides. O aumento na concentração de pigmentos em

relação às doses de PA também se verificou em catingueira. Desta forma, não recomendamos a

utilização do PA para produção de mudas a partir da germinação das sementes, no entanto, os

resultados apresentados neste trabalho a longo prazo indicam influência positiva do o pó de algas

marinhas no crescimento inicial das duas espécies endêmicas da Caatinga quando aplicado em

composição do substrato.

Palavras-chave: Biofertilizante; Caesalpinia ferrea; Poincianella pyramidalis.

Page 12: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

12

ABSTRACT

Several studies have demonstrated the beneficial effects of applying algae extracts to plants, such

as improved germination and plant establishment. Despite some examples of commercial use,

almost all of the algae biomass is not used by the population. Considering its high nutritional

value, there is great potential for the commercial use of algae as substrate. Therefore, in order to

contribute to the development of technologies for use of algae in the production of seedlings for

reforestation and sustainable exploitation, we analyzed the effects of algae collected on the coast

of the RN on the growth of Caatinga endemic species. Different concentrations (0, 15, 20, 25, 30,

35 and 40 g kg-1

) of seaweed powder (SP) were tested with a prepared substrate containing clay,

bovine manure and sand. Initialy there was a negative effect of the SP on the growth of both

species, probably because a negative effect on the germination speed. However, the stimulation

in the absolute growth rate in higher doses for catingueira and intermediates for jucá at 60 days

after sowing (DAS) indicates a benefical effect of the SP. At 120 DAS we verified a stimulus in

the increase of biomass of the roots and stem diameter in jucá in relation to the increase of SP

doses. In this species there was also an increase in the concentration of chlorophylls a, b and

carotenoids. The increase in the concentration of pigments in relation to the SP doses also

occurred in catingueira. Therefore, we do not recommend the germination of seeds in a substrate

containing SP for seedlings production, however, the results presented in this work in long term

indicates that the seaweed powder positively influences the initial growth of seedlings of the two

endemic Caatinga species when applied in the substrate composition.

Key words: Biofertilizer; Caesalpinia ferrea.; Poincianella pyramidalis

Page 13: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

13

1 INTRODUÇÃO

Algas marinhas são seres que podem ser classificados nos Reinos Monera, Protista e

Plantae. São unicelulares em sua maioria, podendo ser autótrofos ou heterótrofos. Alguns

possuem carotenóides e clorofilas facilitando assim a fotossíntese, se desenvolvem em lugares

exclusivamente aquáticos ou úmidos, com disponibilidade de luz, em água salgada ou doce, onde

são capazes de absorver do meio os nutrientes necessários para seu desenvolvimento (VIDOTTI e

ROLLEMBERG, 2004).

O Brasil é considerado um país rico em diversidade de macroalgas marinhas, que se

distribuem em toda costa, sendo que no Nordeste a maior diversidade e abundância ocorrem em

áreas de substrato rochoso e águas mais transparentes (MEDEIROS et al., 2010). Em algumas

épocas do ano, o acúmulo de algas nas areias é intenso, deixando as praias pouco atrativas para o

turismo. No entanto, apesar de alguns exemplos de aproveitamento comercial, a quase totalidade

dessa biomassa não é aproveitada pela população. Tendo em conta seu alto valor nutritivo, existe

grande potencial para seu maior aproveitamento comercial.

No Nordeste brasileiro, encontra-se o bioma Caatinga que é uma das florestas secas mais

ricas do mundo em diversidade de espécies (HOLZMAN, 2008), no entanto, é o ecossistema

brasileiro menos estudado e proporcionalmente, o menos protegido (LEAL et al., 2007). A

Caatinga está localizada exclusivamente no Brasil, na região de clima semiárido, possuindo uma

população numerosa que muitas vezes depende exclusivamente dos seus recursos florestais para a

sobrevivência, diversas espécies têm importância para a economia desse bioma com utilização

em produção de madeira, energia, alimentação animal e humana, medicina popular e, devido à

elevada concentração de lignina em algumas, possuem potencial para a produção de

biocombustíveis (MAIA, 2004). A quase totalidade do bioma, de alguma forma, já foi explorada

para plantio de lavouras, retirada de estacas e criação de animais. Por ser um bioma com baixa

precipitação pluviométrica, algumas áreas apresentam riscos de desertificação e se torna urgente

o desenvolvimento de programas de reflorestamento.

Uma das famílias com maior grau de importância, em relação a número de espécies,

existentes na Caatinga é a Leguminosae que possui cerca de 290 espécies distribuídas entre três

subfamílias: Faboideae, Caesalpinioideae e Mimosoideae (LEITE et al., 2009). Entre essas se

encontra a catingueira (Poincianella pyramidalis Tul) de porte arbóreo, endêmica e bastante

Page 14: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

14

distribuída na Caatinga, se desenvolve naturalmente em ambientes úmidos como também com

escassez de água (ZANINE et al., 2005). De acordo com Dantas et al. (2009) quanto aos

elementos químicos, essa espécie apresenta um melhor desenvolvimento na presença de Ca, Mg e

P, sendo o pH ideal entre 6,0 e 7,0.

Conhecida também como jucá ou pau ferro, a Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul. Var. é

uma espécie lenhosa com altura variando de 10 a 15 m e um tronco com 40 a 60 cm de diâmetro,

podendo apresentar bifurcação em alguns indivíduos, casca com coloração acinzentada. Segundo

Lenhard et al. (2010) essa espécie é muito utilizada na arborização urbana e suas cascas,

sementes e frutos usados principalmente de forma medicinal.

O incremento e estabelecimento homogêneo de plântulas além de reduzir cuidados e

gastos na produção de mudas também promovem povoamentos pouco variáveis quando

instalados em campo, local onde a planta será submetida a diversas condições do meio

(PACHECO et al., 2006). Existe uma carência de informações disponíveis sobre o crescimento

inicial de espécies lenhosas do bioma, que possuam potencial para reflorestamento. Estas

respostas são de fundamental importância para o sucesso de projetos de recuperação de áreas

degradadas, favorecendo assim, a produtividade e equilibro não só da área recuperada como

também das áreas adjacentes.

Vários estudos têm demonstrado efeitos benéficos da aplicação de extratos de algas nas

plantas, como melhorias na germinação e no estabelecimento, no desempenho, na produtividade

vegetal e na resistência a estresses bióticos e abióticos. São também consideradas grandes fontes

de matéria orgânicas quando empregados no solo, interferem na fisiologia, respiração,

fotossíntese e absorção de íons pelas plantas (KHAN et al., 2009; RAYORATH et al., 2008;

CRAIGIE, 2011; JAYRAMAN et al., 2011; KUMAR e SAHOO, 2011).

Page 15: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

15

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Bioma

A palavra Caatinga originada do Tupi-Guarani significa floresta branca, devido ao aspecto

caracterizado nas épocas de estiagem, onde a vegetação expressa a característica caducifólia

(ALBUQUERQUE e BANDEIRA, 1995). Na Caatinga a temperatura geralmente é em torno de

24 e 26 ºC, pluviosidade entre 500 a 700 mm anuais, ventos fortes e secos, colaborando para a

paisagem árida principalmente nos meses mais secos do ano, devido a essas características é

considerada com o clima de deserto (SAMPAIO et al., 2010).

De acordo com Rizini (1997) a Caatinga é uma vegetação complexa que apresenta

espécies lenhosas, herbáceas e caducifólias distribuídas nos portes arbóreos, arbustivos,

cactáceas, bromeliáceas e erva, com frequente presença de espinhos ou acúleos. Essa diversidade

de plantas regionais possui grande potencial madeireiro, medicinal, forrageiro e para produção de

frutos.

A substituição das espécies nativas por cultivos e pastagens está configurando ou

alterando os ecossistemas do bioma Caatinga para um nível elevado de degradação, além das

práticas de queimadas, aliadas ao desmatamento, que são utilizadas para o preparo de área da

agropecuária e destroem a cobertura de vegetação alterando a qualidade da água, do solo, do

clima e a manutenção da fauna e flora locais (AZEVÊDO et al., 2012, AVILA, 2010).

2.2 Algas Marinhas

O Brasil possui uma zona costeira bastante extensa, essas áreas são responsáveis pela

geração de empregos, fontes de energia e alimentos, elas apresentam uma diversidade de habitats,

(MEIRELES, 2006). Entre esses ecossistemas encontra-se o banco de algas marinhas que se

destacam pela riqueza genética, além de funcionar como importante habitat para a fauna, seu uso

para a pesca e pelo sua potencialidade biotecnológica, mineral e energética. Esse potencial não

vem sendo devidamente utilizado, uma vez que, seu equilíbrio encontra-se ameaçado pelas

atividades antrópicas e pelo uso indevido desse patrimônio socioambiental (OLIVEIRA e

MIRANDA, 1998).

Existem três filos principais para a classificação das macroalgas, filo Phaeophyta

Page 16: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

16

(pardas), filo Clorophyta (verdes) e filo Rodophyta (vermelhas) (VAN DER HOECK et al., 1995;

RAVEN et al., 2007), essa última predominantemente marinha e mais frequente em águas

tropicais e quentes, porém é possível de serem encontradas também em águas frias. De acordo

com Raven et al. (2007) a ausência da coloração verde é devido a um pigmento acessório peculiar

a esse filo e localizado no cloroplasto chamado ficoeritrina. Estudos com aplicação da biomassa

dessas algas em plantas indicam que elas agem na divisão celular e síntese de proteínas, mantem

a integridade da membrana e estimulam as estruturas de defesa das culturas contra pragas e

doenças (SAPEC AGRO, 2009).

Os estudos voltados para espécies arbóreas são bastante escassos, a maioria das pesquisas

realizadas com extratos a base de algas marinhas no crescimento das plantas são com espécies de

interesse agronômico, sendo os principais resultados obtidos com espécies frutíferas como, por

exemplo, o mamão (GUIMARES et al., 2012; HAFLE et al., 2009; TEIXEIRA et al., 2009),

maracujá (OLIVEIRA et al., 2011), maçã (SPINELLI et al., 2009) e café (FERNANDES e

SILVA, 2011) em hortaliças como couve-folha (SILVA et al., 2012) e em menores proporções

nas espécies arbóreas como moringa (VILA NOVA et al., 2014).

2.3 Bioestimulantes

Os bioestimulantes são a mistura de duas ou mais substâncias naturais ou sintéticas usadas

em baixas concentrações, isoladas ou não que podem ser aplicadas em sementes, plantas e solos

provocando ou proporcionando alterações nos sistemas morfológicos, fisiológicos em processos

vitais e estruturais por ação semelhantes a hormônios vegetais que visam aumentar a

produtividade e a qualidade do vegetal (CASTRO e VIEIRA, 2001; AVILA et al., 2008). Seu uso

é decorrente da ciclagem dos resíduos orgânicos, onde o principal objetivo é o reaproveitamento

de forma alternativa para a composição de substratos para serem utilizados na produção de mudas

e precisam ser economicamente viáveis (FERNANDES e TESTEZLAF, 2002). Em sua

composição é necessário à presença macro e micronutrientes, para que possam ser absorvidos e

assimilados pelas plantas, e ainda apresentarem pH entre 7,0 e 8,0 (SANTOS, 1992).

No processo de formação dos biofertilizantes ocorre a decomposição da matéria orgânica

pelos microrganismos (TIMM et al., 2004; SANTOS, 1992). O uso dos biofertilizantes

proporciona melhores características físicas, químicas e biológicas no solo ou substrato utilizados

Page 17: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

17

para a produção de mudas, além de auxiliar no controle de pragas e doenças (DIAS et. al., 2002;

ALFONSO e LEIVA, 2002; DAROLT, 2002).

A absorção dos bioestimulantes pelas plantas também sofre influencia do método de

aplicação, podendo ser utilizados na forma de pulverização foliar, irrigação, tratamentos de

sementes ou no substrato e ainda ser combinado em duas ou mais formas de uso (MACKINNON

et al., 2010; THIRUMARAN et al., 2009), onde o maior aproveitamento acontece quando

aplicados em sementes ou na fase inicial de desenvolvimento da cultura, pois assim, promovem

maior desenvolvimento radicular garantindo melhor resistência a estresses bióticos e biológicos

(DOURADO NETO et al., 2014), também originam indivíduos mais vigorosos, com maiores

massa seca, comprimento da parte aérea e emergência (SANTOS e VIEIRA, 2005). Essas

respostas também sofrem influencia em relação a quantidade das dosagens, a frequência, o

método, a época de aplicação, a espécie da planta, localização geográfica e estação de ano

(MASNY; BASAK; ZURAWICZ, 2004; CRAIGIE, 2011).

2.4 Espécies

2.4.1 Catingueira (Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz)

A Poincianella pyramidalis (Tul.) é uma espécie endêmica da Caatinga conhecida

popularmente como catingueira, catinga de porco e pau de porco, recebeu esses nomes por

possuir odores característicos em suas folhas após o amadurecimento. As folhas quando jovens

podem ser utilizadas para alimentação do gado, uma vez que, apresentam sabor palatável e

quando maduras precisam ser fenadas (QUEIROZ, 2009; MAIA, 2012; LORENZI, 2009;

BRAGA, 1976). P. pyramidalis ocorre nos Estados da Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Bahia

(GIULIETTI et al., 2004, PRADO, 2003). Apresenta porte médio com quatro a seis metros de

altura, caule com casca lisa, acinzentada, presença de lenticelas e pequenas circunferências

geralmente de 30 a 40 cm (LORENZI, 2009; QUEIROZ, 2009; MAIA, 2012). As folhas da

catingueira apresentam coloração amarela e na parte inferior, estômatos bem distribuídos

(ARAÚJO et al., 2008).

Essa espécie apresenta rusticidade que lhe confere um alto valor econômico tendo entre

seus principais usos o reflorestamento, forrageiro e medicinal (HARDESTY et al., 1988). De

Page 18: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

18

acordo com Nishizawa et al. (2005), a madeira da catingueira pode ser utilizada para lenha,

carvão e estacas.

Existem na literatura vários estudos desenvolvidos com a catingueira sobre quebra de

dormência (ALVES et al., 2007), mecanismos fisiológicos (ARAUJO et al., 2008), biologia

reprodutiva, polinização e sistema reprodutivo (LEITE & MACHADO, 2009) relações hídricas

(DOMBROSKI et al., 2011), resistência estomática (SILVA et al., 2004) influência da

precipitação de densidade e na dominância populacional (ANDRADE et al., 2009), quando

utilizadas em áreas degradadas, apresenta uma sobrevivência de até 91% (FIGUEIREDO et al.,

2012).

2.4.2 Jucá (Caesalpinia ferrea Mart. ex (Tul.) Var.)

O jucá (Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul. Var.) é uma espécie de porte arbóreo de copa

arredondada, altura entre 10 a 15 m e caule de 40 a 60 cm de diâmetro, apresenta características

que lhe conferem seu uso como lenha e madeira para a construção civil, forragem, recuperação de

áreas degradadas, além das propriedades medicinais: antifúngica, antibacteriana e cicatrizante

(LORENZI e MATOS, 2008; XIMENES, 2004; OLIVEIRA et al., 2010), indicada também para

arborização urbana em praças, parques e vias públicas (MACHADO et al., 2006).

Estudos realizados por Cavalheiro et al. (2009) mostram que o extrato de sementes do

jucá possui propriedades farmacológicas/industriais como a presença de substâncias hemolíticas,

anticoagulantes e larvicida contra Aeades aegypti. Além disso, é uma espécie que apresenta

intolerância a salinidade (FREITAS et al., 2010) e uma sobrevivência na instalação de projetos de

recuperação de áreas degradadas com baixa precipitação de até 51,2 % de acordo com Lima

(2015).

Page 19: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

19

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Avaliar o crescimento inicial de mudas de espécies da caatinga em substratos preparados

com diferentes proporções do pó de alga marinha.

3.2 Objetivos específicos

Auxiliar no desenvolvimento de tecnologias para o aproveitamento da biomassa de

macroalgas encontradas normalmente nas praias do estado do Rio Grande do Norte e o

desenvolvimento de técnicas de produção de mudas de árvores nativas.

Analisar o efeito do pó de algas marinhas coletadas no litoral do Rio Grande do Norte no

crescimento inicial de mudas de jucá e catingueira.

Page 20: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

20

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Material vegetal, condições experimentais e obtenção dos tratamentos

As espécies endêmicas da Caatinga estudadas nesse trabalho foram à catingueira e o jucá.

As sementes foram coletadas de diferentes matrizes no Núcleo de Pesquisa para o

Desenvolvimento do Trópico Semiárido (NUPEÁRIDO), uma Fazenda Experimental pertencente

ao Centro de Saúde e Tecnologia Rural (CSTR) da Universidade Federal de Campina Grande

(UFCG) localizada em Patos-PB, na mesorregião do Sertão paraibano, nos meses de julho e

agosto de 2015. As sementes foram armazenadas em câmara fria no laboratório de análise e

pesquisa em sementes da mesma instituição. O esterco bovino, argila e areia que foram utilizados

na proporção de 1:1:1 no preparo do substrato, foram fornecidos pela Escola Agrícola de Jundiaí,

local onde se deu o desenvolvimento do trabalho.

O pó de algas marinhas utilizado para os testes de crescimento das plantas foi obtido na

Associação das Maricultoras de Algas de Rio do Fogo-RN (Amar), onde o material é coletado na

praia de Rio do Fogo, lavado várias vezes em água corrente, até que seja retirada qualquer

impureza ou partículas provenientes do ambiente marinho (a) e seco ao sol (b). Esse processo de

secagem é feito em bancadas suspensas do chão e demora em torno de 72 horas, ou enquanto

houver umidade, até que a biomassa esteja totalmente seca para ser triturada e peneirada em uma

máquina de processamento semelhante a uma forrageira (c), obtendo-se como resultado desse

processo um pó fino (d) (Figura 1). Este pó é aplicado em diferentes dosagens aos tratamentos

para verificar a influência dessas algas no desenvolvimento das espécies estudadas.

Page 21: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

21

Figura 1: Etapas do processo de produção do pó de algas, obtido das algas marinhas coletadas na

praia de Rio do Fogo pela Associação das Maricultoras de Algas de Rio do Fogo- RN (Amar).

Algas lavadas e limpas de impurezas em formas de fibras (a), espaço com estruturas feitas com

telado e madeira para secagem suspensa (b), máquina usada para triturar e peneirar as algas (c) e

o pó fino utilizado no preparo dos substratos para testes de crescimento das plantas (d).

(b)

(d)

(a)

(c)

Page 22: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

22

O PA foi submetido à análise de fertilidade que foram realizadas no laboratório de

análises de solo, água e planta da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte

S/A – EMPARN (Tabela 1).

Tabela 1 – Análise química de Macronutrientes e Proteína bruta do pó de algas marinhas

utilizado na composição dos tratamentos para teste de crescimentos de plantas.

Substrato N P K Ca Mg Na Proteína bruta

PA

g kg -1 %

11,77 0,62 12,42 6,95 2,73 6,73 7,35

Para a obtenção dos tratamentos, pesou-se a quantidade de pó de algas (PA) e substrato a

serem adicionados em uma balança analítica. Foi realizada semeadura direta, com duas sementes

em cada saco de polietileno de 10 cm de diâmetro e 85 cm de profundidade, devidamente

identificados e contendo a mistura composta pelo solo, esterco, areia e o pó de algas marinhas

(Figura 2). Todos os tratamentos foram irrigados diariamente ao final da tarde. Os tratamentos

foram definidos em 0, 15, 20, 25, 30, 35 e 40 g kg-1

do pó de algas por kg da mistura de solo.

Cada tratamento apresentava 25 repetições e foram formulados com base em um experimento

prévio onde a quantidade máxima utilizada no estudo foi 20 g kg-1

do pó de algas. Diante dos

resultados obtidos no estudo prévio foi possível observar que a quantidade utilizada foi muito

pequena para analisar a influência das algas nas espécies estudadas.

Page 23: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

23

Figura 2: Etapas do processo de composição e formação dos tratamentos, pesagem do pó de

algas com auxilio de balança analítica (a), identificação dos sacos plásticos (b) e o início da

germinação das sementes de catingueira e jucá (c).

4.2 Variáveis analisadas

4.2.1 Crescimento das plantas

O desbaste ocorreu 30 dias após a semeadura (DAS) selecionando a plântula visualmente

mais vigorosa e deixando apenas uma por recipiente. A partir do desbaste, deu-se início a

medição semanal da altura (cm) iniciando do coleto até a gema apical, diâmetro do coleto (mm) e

número de folhas, encerrando-se aos 60 DAS, realizadas através do uso de régua graduada (cm) e

paquímetro digital (mm). Em seguida, foi realizado o transplantio para sacos maiores, afim de

não prejudicar o crescimento radicular, de forma que os tratamentos continuaram com as mesmas

proporções de substrato.

(a)

(b)

(c)

Page 24: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

24

Aos 120 DAS, iniciou-se avalições de altura da parte aérea, número de folhas, diâmetro

do coleto, altura total, área foliar e a biomassa seca das folhas, raízes e caule. Como as análises

são destrutivas, foram sorteados cinco indivíduos por tratamento. Para essas análises, foram

utilizadas régua graduada (cm) para as medições de altura (medindo sempre do coleto até a gema

apical, no caso de altura da parte aérea, e do final da maior raiz até a gema apical, no caso de

altura total), paquímetro digital (mm) para medir diâmetro do coleto. Para a biomassa seca das

plantas, foi utilizada estufa a 70 ºC por 72 horas ou até que as partes atingissem massa constante

e, em seguida, o material foi submetido à pesagem, para a determinação da massa seca.

4.2.2 Pigmentos fotossintéticos e amido

Foram selecionadas, por sorteio, cinco plântulas por tratamento, retirando de cada

individuo folhas em posições intermediárias para a determinação da concentração de pigmentos

fotossintéticos. Após a pesagem dos folíolos, 200 mg de massa fresca foram maceradas em 15

mL de acetona a 80% (v/v), em almofariz. Em seguida as amostras foram centrifugadas (10.000

xg) e no sobrenadante foram realizadas leituras em espectrofotômetro nas absorbâncias 663, 645

e 450 nm. Todo o procedimento de preparo das amostras realizado em sala com luz difusa,

seguindo recomendações de Šesták (1971). Para a determinação da concentração de clorofilas

(clf) a e b, em mg L-1

, foi utilizadas as seguintes fórmulas, baseadas nos coeficientes de absorção

específicos descritos por Arnon (1949) e corrigidos por Starnes e Hadley (1965): clf a =

12,72A663 – 2,58A645; clf b = 22,87A645 – 4,67A663; clf (a + b) = 8,05A663 + 20,29A645. A

concentração de carotenóides totais (car), em mg L-1

, foi determinada pela equação estabelecida

por Jaspars (1965): car = 4,07A450 – 0,0435clf a – 0,367clf b.

A mesma metodologia utilizada para selecionar os indivíduos para a determinação dos

pigmentos fotossintéticos foi também empregada para a quantificação do amido de ambas as

espécies. As plântulas foram selecionadas ao acaso e as folhas foram retiradas de posições

intermediárias para compor 200 mg de massa fresca. Todo o processo de quantificação realizado

a 4 ºC.

As amostras para a quantificação do amido foram maceradas com 1,5 mL de ácido

perclórico 30% (v/v), centrifugadas (10.000 xg), os sobrenadantes foram coletados. Em seguida

foi acrescido 1,0 mL do ácido perclórico 30% (v/v) ao precipitado para nova centrifugação e

Page 25: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

25

coleta dos sobrenadantes. Este segundo procedimento se repetiu por duas vezes. O volume final

de cada amostra foi de 3,5 mL, que foram então quantificadas pelo método da antrona (MORRIS,

1948; YEMM e WILLIS, 1954). A leitura em espectrofotômetro foi feita 620 nm, os valores

obtidos foram multiplicados por 0,9 para converter o equivalente de glicose em amido e os

resultados foram expressos em mg de amido parte-1 (McCREADY et al., 1950).

4.2.3 Taxa de crescimento

De posse dos dados iniciais e finais de altura das plantas, foi calculada a taxa de

crescimento absoluto (TCA) aos 60 de acordo com fórmula proposta por Benincasa (2003) para

que seja analisada a velocidade média de crescimento ao longo do período de observação.

TCA = (altura final – altura inicial) /tempo (cm dia-1

)

4.3 Delineamento experimental e estatísticas

O experimento foi desenvolvido em delineamento inteiramente casualizado com sete

tratamentos e vinte e três repetições. Os dados foram submetidos à análise de variância e foram

realizadas análises de regressão polinomial quadrática para explicar o efeito dos tratamentos.

Todas as análises foram realizadas com o software R (Development Core Team, 2016) versão

3.2.2.

Page 26: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

26

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Análises realizadas aos 60 dias após a semeadura

Na catingueira, aos 60 DAS, verificamos efeito negativo do PA na altura das plantas,

diâmetro do coleto e número de folhas, até a maior dose testada (Figura 3). Este efeito inesperado

provavelmente foi provocado pelo retardo na germinação em função das doses de PA. No

entanto, avaliando-se a TCA, observamos um efeito crescente em função das doses do PA, ou

seja, quanto maior a quantidade de algas fornecida ao substrato, mais rápida a taxa de

crescimento das plantas. Como esta variável não é afetada pela germinação das sementes,

podemos constatar o efeito benéfico das algas no crescimento inicial da catingueira a um nível de

5% de significância, porém novas análises devem ser feitas, de preferência com sementes

germinadas na ausência de PA para confirmar se este efeito positivo se mantém. Em trabalhos

realizados por Thirumaran et al., (2009) analisando plântulas de Cyamopsis tetrogonoloba e

Carvalho (2013) avaliando desenvolvimento e produtividade de soja, observa-se que houve

diminuição na altura da parte aérea em tratamentos onde as sementes foram submetidas a altas

concentrações de solução das algas pardas Rosenvingea intricata e A. nodosum respectivamente.

Este efeito deve ter ocorrido também em nosso trabalho.

Com relação ao jucá, observa-se um pequeno estímulo inicial do PA na altura, diâmetro

do coleto e número de folhas, no entanto, nas maiores doses de PA ocorre inibição nessas

variáveis (Figura 3). A TCA teve comportamento semelhante, porém mais marcante, onde

podemos observar o maior estímulo na taxa de crescimento das plantas nas doses intermediárias

testadas. Pode ser que nesta espécie tenha ocorrido também um efeito inibitório do PA na

germinação das sementes, já que com relação ao controle o estímulo da TCA foi maior que nas

outras variáveis analisadas.

Page 27: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

27

Figura 3: Altura (cm), diâmetro do coleto (mm), número de folhas e taxa de crescimento absoluto

(TCA; cm dia-1

) em plantas de jucá (círculo branco e linha tracejada) e catingueira (círculo fechado e

linha contínua) em função de diferentes doses do pó de algas, aos 60 dias após a semeadura.

Vila Nova et al., (2014) analisou a utilização de diferentes substratos formulados com

presença e/ou ausências de algas como alternativa para adubação em cultivo de Moringa oleifera

Lam. Quando avaliou o parâmetro altura, deparou-se com valores superiores para a combinação

Page 28: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

28

de terra preta com algas e esterco, que não se diferenciaram estatisticamente da testemunha, que

continha apenas terra preta. Isso mostra que, em concordância com os resultados da TCA neste

trabalho, pode se fazer uso de algas marinhas em produções dessa espécie florestal.

Carvalho (2013) avaliando os efeitos do extrato de Ascophyllum nodosum sobre o

desenvolvimento e produção de cultivos aos 72 DAS em milho, encontrou os maiores valores,

porém estatisticamente iguais entre a testemunha e os demais tratamentos. O autor também

observou que os tratamentos que apresentaram menores médias foram aqueles compostos pelas

maiores concentrações do extrato da alga. Sabe-se que a aplicação de extratos de algas marinhas

causa efeitos benéficos no estabelecimento de plantas, por possuir elevados teores de elementos

essenciais como P e N (CRAIGIE, 2011, YOKOYAMA e GUIMARÃES, 1975) além de

hormônios como auxinas (MOONEY e VAN STADEN, 1986) e aumentar a expressão gênica

responsável pela produção de auxinas e citocininas, porém altos teores de aplicação podem

funcionar de forma inibidora.

Concomitante aos valores encontrados em nosso trabalho tanto para a catingueira como

para o jucá, foram os encontrados também por Silva et al., (2012) e Oliveira et al., (2011)

avaliando o desenvolvimento inicial de mudas de couve-flor em função das concentrações de

uma espécie de alga marinha e o uso de extrato de algas na produção de mudas de maracujazeiro-

amarelo, onde as maiores concentrações estudadas causaram redução no desenvolvimento das

plantas em relação à testemunha. De acordo com esses autores, esse fato pode ser explicado de

forma que uma pequena concentração de compostos a base de algas marinhas pode ser suficiente

para a quantidade de citocininas necessária para o incremento de divisão celular que ocorre

durante o processo de crescimento da planta. No entanto, como neste trabalho foi utilizado o pó

de algas e não o extrato, é mais provável que o estímulo na TCA tenha sido provocado pelos

nutrientes minerais, que estão em alta concentração no PA testado (Tabela 1).

Em relação ao diâmetro do coleto, os resultados encontrados nesse trabalho não se

assemelham aos poucos trabalhos encontrados na literatura em que muitos autores não fazem uso

dessa variável como forma de analisar a qualidade da muda produzida (SILVA et al., 2012).

Estes autores, avaliando o desenvolvimento inicial de mudas de couve-folha em função da

dosagem de extrato de alga, não obtiveram resultados significativos estatisticamente. Isto pode

ser mais um indicativo do efeito negativo do PA na germinação de ambas as espécies e

consequentemente no diâmetro do coleto aos 60 DAS.

Page 29: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

29

Oliveira et al., (2011), em mudas de maracujazeiro-amarelo, verificaram um aumento da

produção de folhas de acordo com o aumento das doses de A. nodosum (Acadian®) até atingir o

máximo (3,7). A partir desse ponto, houve uma queda, esse aumento no número de folhas

mediante o aumento da dosagem de algas pode ocorrer pelas citocininas presentes nas algas, que

têm efeito positivo nesta variável.

Segundo Guimaraes et al., (2012) em seu trabalho de análise do efeito de uso do extrato

de algas no desenvolvimento de mudas de mamão, o máximo de aumento no número de folhas

(5,22) ocorre até um determinado ponto de concentração de algas e a partir desse inicia-se um

decréscimo. Por sua vez, Silva et al. (2012) percebeu um aumento linear crescente até a dosagem

de 6,00 ml L-1

com 6,39 folhas/plantas, o que representa um aumento de 1,89% em cada mL

utilizado, sem que haja decréscimo entre os estudados para analisar o desenvolvimento inicial de

mudas de couve-folha em função do extrato de A. nodosum. Infelizmente em nosso trabalho o

efeito negativo do PA na germinação deve ter afetado o crescimento inicial e consequentemente a

produção de folhas, dificultando a comparação com outros trabalhos.

5.2 Análises realizadas aos 120 dias após a semeadura

Aos 120 DAS, não foi possível fazer as análises de crescimento para a catingueira pelo

fato dessa espécie ter sido atacada por formigas, destruindo assim toda a estrutura das plantas.

Em relação à biomassa seca do jucá (Figura 4) nota-se pouco efeito, principalmente em folhas. O

efeito mais marcante, apesar de pequeno e não significativo estatisticamente, foi o estímulo na

massa seca das raízes e consequentemente na massa seca total nas maiores doses de PA testadas.

Em trabalhos futuros será importante confirmar este efeito e verificar se pode estar ocorrendo

estímulo ao crescimento das raízes ou se as plantas estão sofrendo algum estresse na presença do

PA, uma vez que muitos estresses bióticos e abióticos podem estimular o crescimento de raízes

(TAIZ e ZEIGER, 2002).

Page 30: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

30

Figura 4: Massa seca das folhas (a), massa seca da raiz (b), massa seca do caule (c) e massa seca

total (d) da planta Jucá (g) aos 120 dias após a semeadura submetida a diferentes dosagens de pó

de algas marinhas.

Carvalho (2013), avaliando germinação e o vigor de sementes de feijão sob efeito de

extrato de A. nodosum e Sivasankari et al. (2006) avaliando sementes de Vigna sinensis tratadas

com o extrato da alga marrom Sargassum wightii, também não encontraram resultados

significativos para a massa seca de plântulas, como observado neste trabalho. No entanto, outras

pesquisas demonstram haver efeito positivo das algas na massa seca das plantas. Carvalho (2013)

testou o tratamento de sementes e um método de irrigação de trigo com o extrato de A. nodosum e

Page 31: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

31

observou que apenas no método de irrigação, o extrato provocou aumento significativo na massa

seca da parte (22,22%) e na altura da parte aérea (11,76%) indicando que além do extrato, o

método de uso também pode ter reações diferentes para uma mesma espécie.

Resultados semelhantes em que a massa seca das partes aéreas sofrem efeitos de

compostos a base de algas marinhas foi encontrada por Kumar e Sahoo, (2011) com trigo, milho

(MATYSIAK; KACZMAREK; KRAWCZYK, 2011) e com Arabidopsis thaliana por

(RAYORATH et al., 2008).

Em relação à massa seca total Guimaraes et al., (2012) avaliando o efeito de extrato de

algas (Raiza®) em mudas de mamão, constatou que até a ultima e maior dose testada (2,0 mL)

houve um aumento linear dessa biomassa (76,8 em relação a testemunha) e ainda segundo o autor

isso deve-se ao fato de que o extrato de A. nodosum estimula processos como a absorção e a

fotossíntese. Oposto a isso foram os resultados encontrados por Silva et al., (2012) onde obteve

resposta decrescente à medida em que aumentava as doses do extrato a base de algas marinhas

nas mudas de couve folha.

De acordo com Losi (2010) em avaliações de diferentes doses de extrato de A. nodosum

(EAN) no enraizamento de microestacas de eucalipto, verificou um aumento na biomassa seca da

raiz proporcional ao aumento das dosagens, o autor justifica o aumento relacionando à

composição química e física do substrato composto por esse tratamento, ao qual possui uma

maior CTC e maior retenção de água. Acredita-se também que houve aumento na produção de

citocininas que, segundo Salisbury e Ross (2012) é um hormônio sintetizado em maiores

concentrações pelas raízes e, posteriormente transportado pelo xilema proporcionando através

maior desenvolvimento da parte aérea da planta. Estes resultados podem explicar o pequeno

estímulo observado no crescimento das raízes de jucá nas maiores doses de PA. Trabalho

realizado por Rayorath et al., (2008) analisando o extrato de A. nodosum no desenvolvimento

inicial de A. thaliana demonstrou que pequenas concentrações (0,1 g L-1

) afetaram o incremento

radicular e apenas em concentrações um pouco mais elevadas (1 g L -1

) foram capazes de agregar

valores para a altura e número de folhas.

De acordo com a Figura 5, nota-se que houve pouca ou nenhuma diferença entre os

tratamentos para a altura da parte área, altura total e número de folhas. No entanto, para variável

diâmetro do coleto, o tratamento sete (40 g) proporcionou o maior resultado. Segundo Reis et al.,

(2008) o diâmetro do coleto é uma variável utilizada para avaliar a qualidade de mudas viáveis,

Page 32: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

32

uma vez que, quanto maior o diâmetro maior será o sucesso na fase de estabelecimento em

campo sem que ocorra riscos de tombamentos ou deformações, além de indicar maior acúmulo de

reservas.

Quando comparado a variável número de folhas, é possível observar que entre as

avaliações dos 60 aos 120 DAS, houve aumento na produção de folhas em relação ao aumento

das dosagens. Aos 60 DAS o jucá apresentou um decréscimo na produção do número de folhas

com o aumento das dosagens do PA e os maiores valores foram mostrados na testemunha com

média de 7 folhas/planta enquanto o maior tratamento com 40 g, apresentou uma média de 4

folhas/planta, uma diferença de pouco mais de 57%. No entanto, aos 120 DAS essa diferença

entre a testemunha e o tratamento com a maior concentração do PA não foi significativa e a

produção foliar foi em media de 15 folhas/planta, indicando que o PA influenciou aumentando a

produção de folhas em um período de tempo de 60 dias.

Page 33: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

33

Figura 5: Altura da parte aérea (a), altura total (b), número de folhas (c) e diâmetro do coleto (d)

da planta Jucá, aos 120 dias após a semeadura.

Se comparado com os dados de 60 dias onde as maiores doses de PA não promoveram

estímulo em relação à altura, diâmetro do coleto e número de folhas e as resposta foram

decrescente em consequências das maiores doses, é possível sugerir que aos 120 DAS houve

crescimento da espécie, particularmente na dose de 15 g kg -1

. Resultados semelhantes foram

encontrados Hafle et al., (2009) que avaliaram o crescimento de mudas de mamoeiro sob

Page 34: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

34

diferentes doses de fertilizante natural bokashi e pó de algas marinhas (Lithothamnium sp.) com

análises aos 30, 60 e 100 dias após a semeadura. Eles concluíram que a apenas aos 100 DAS a

variável comprimento da parte aérea apresentou efeito positivo com comportamento quadrático

para todas doses testadas. De acordo com Melo e Furtini Neto (2003) isso indica que o pó de alga

desempenha um papel de correção da acidez interagindo com o substrato e assim favorece o

crescimento das mudas em tempo determinado.

De acordo com Schons et al., (2007) é possível indicar o início do processo de acúmulo de

amido pelas raízes usando como variável de comparação o número de folhas que na mandioca de

variedade RS 13 ocorre quando na haste principal contém 21 folhas visivelmente, sem que seja

preciso levar em consideração a época de colheita ou qualquer outra variável.

Os resultados encontrados nesse trabalho corroboram com os relatados por Khan et al.,

(2009) e Craigie (2011), nos quais pequenas quantidades de extrato de alga afetam o metabolismo

celular vegetal, influenciando positivamente o crescimento e desenvolvimento das espécies

vegetais.

5.2.1 Análises bioquímicas aos 120 dias após a semeadura

Quando se trata do processo da fotossíntese, os pigmentos fotossintéticos são de

fundamental importância, uma vez que, a luz, indispensável no processo, é absorvida pelos

pigmentos onde a partir disso são desencadeados todos os processos químicos conhecidos da

fotossíntese. Diante disso, na Figura 6 observa-se que as concentrações de clorofilas a e b

apresentaram diferenças significativas após a aplicação do PA ao nível de 5% de probabilidade,

com a maiores médias nas concentrações de 15 e 35 g kg-1

na duas espécies estudadas.

Em relação aos teores de carotenoides nota-se que as espécies apresentam aumento

constante até a última dose testada. A catingueira não apresentou valores significativos.

De acordo com a Figura 6 é possível observar que ao final dos 120 DAS, as mudas de

jucá não apresentaram alterações significativas em relação aos teores de amido ao longo das

doses de PA testadas, porém o acúmulo máximo ocorreu no tratamento onde se aplicou a maior

concentração de PA (40 g kg-1

). Em relação à catingueira os teores de amido apresentaram uma

redução gradativa em resposta ao aumento da concentração do PA, a um nível de 5% de

probabilidade (Figura 6).

Page 35: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

35

Figura 6: Concentrações de clorofila a (a), clorofila b (b), carotenóides (c) e teores de amido (d)

de jucá (círculo branco e linha tracejada) e catingueira (círculo fechado e linha contínua), obtidos

por métodos espectrofotométricos aos 120 dias após a semeadura.

Geralmente as clorofilas têm suas concentrações elevadas com o uso de produtos a base

de algas marinhas (SCHOEFS, 2002; BLUNDEN et al., 1997). A época do ano também é um

fator que interfere na concentração de pigmentos, pois altera a disponibilidade de água no solo,

Page 36: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

36

apesar de que a maioria das espécies da Caatinga mantém o potencial hídrico mesmo em elevadas

situações de estresse hídrico (TROVÃO, 2007). Essa baixa disponibilidade de água na planta

provavelmente causa danos aos pigmentos por consequência de uma elevada taxa de radiação

provocar a degradação das clorofilas e ainda pode acarretar redução da síntese dos pigmentos

(MORAIS et al., 2007; MARENÇO e LOPES, 2007).

Assim como as resposta oferecidas pelo jucá e pela catingueira foram diferentes nesse

trabalho, os estudos realizados por Szabó e Hrotkó (2009) sobre a análise de bioestimulante

comercial (Kelpak®) em duas espécies de plantas distintas (Cráteos e Prunus) obtiveram

diferença significativa no teor de clorofila apenas para a Prunus, mostrando que a resposta ao

tratamento também pode variar entre as espécies estudas. Essa espécie mostrou maiores

sensibilidades em relação ao bioestimulantes utilizado com maior número de brotos, peso de

folhas, peso de corte e teor de clorofila foliar, além de constatarem que o uso do bioestimulante

proporcionou que a especie (broto) atingisse o tamanho indicado para corte (3 mm) cerca de duas

semanas antes da testemunha. Este efeito pode ajudar a decidir os cortes mais cedo, o que resulta

em um maior crescimento após o enraizamento.

Costa (2014) avaliou os aspectos ecofisiológicos da catingueira em uma área de Caatinga

e quantificou as concentrações de pigmentos fotossintéticos, comparando as estações do ano,

concluiu que na estação chuvosa tanto a Clorofila a, b e os carotenóides apresentaram maiores

valores que na estação seca, isso mostra que os baixos teores de CO2 típicos da estação seca

(essencial para que a fotossíntese ocorra) provocaram baixos valores dessas variáveis.

De acordo com Ahmed et al., (2013) em seu estudo analisando o efeito da aplicação

combinada ou isolada de rosela (0,2%) extrato de açafrão (0,1%) e extrato de algas marinhas

(0,2%) em laranjeiras, concluiu que o tratamento composto por extratos de algas marinhas

proporcionou melhorias em todas as variáveis analisadas, entre elas, os teores de pigmentos totais

nas folhas. Desta forma, o aumento na concentração de pigmentos observada nas duas espécies

estudadas pode ser um efeito direto, pela melhoria da qualidade químicas e/ou pode ser um efeito

físico, particularmente possibilitando maior retenção de água no substrato.

Os resultados obtidos nos teores de clorofilas com as concetrações de amido para a

catingueira indicam que provavelmente o aumento de pigmentos seguida da redução no teor de

amido ocorre devido a um aumento na atividade dos drenos. Pode também apontar para um uso

de energia voltado para células responsáveis pela função estrutural, ou ainda, que houve atividade

Page 37: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

37

da enzima amilase, responsável pela hidrólise do amido em açúcar que são, posteriormente,

transportados via floema da parte aérea (fonte) para as raízes (dreno).

Pode também ser atribuido ao fato de que o processo de acumúlo do amido ocorre com

maior intensidade no período de luz e ao final dele inicia-se a etapa de exportação (SOUZA,

2011). As folhas utilizadas para as análises de amido para ambas as espécies foram coletadas ao

final da tarde, quando provalmente estava inciando-se o processo de degradação. Silva et al.,

(2010) verificou a concentração de carboidratos solúveis em folhas de Phaseolus lunatus L. em

relação ao sombreamento e concluiu que além da posição, o horário de coleta da folha são fatores

que podem interferir no teor de carboidratos presente na seiva e ainda observou que a sacarose foi

o carboidrato com maior concentração, considerando como o açúcar mais presente na maioria das

plantas de ambiente tropical.

De acordo com Kramer (1995) quando a planta é submetida a algum tipo de estresse, o

conteúdo de amido sofre processo de deterioração nos tecidos que estão sendo acumulados e

consequetemente esse acúmulo é reduzido, uma vez que o estresse exerce controle nas reações de

carboidratos em várias espécies. Souza et al. (2011) determinando respostas fotossintética e

acumulação de carboidratos, íons salinos e prolina em feijoeiro caupi submetido a quatro níveis

de concentrações de salinidade, observou que altas concentrações de NaCl (200 mmol L-1

)

causaram estresse salino na planta e isso resultou em baixa fotossíntese por baixa assimilação de

CO2 e consequentemente redução das concentrações dos produtos finais da fotossíntese, como o

teor de amido, que segundo os autores, possivelmente ocorreu por hidrólise. Desta forma,

conforme comentado anteriormente no tópico das análises de crescimento aos 120 DAS, pode ter

havido estresse nas plantas submetidas às maiores doses de PA. Outros resultados, no entanto,

principalmente de pigmentos e diâmetro do coleto apontam para plantas menos estressadas nas

maiores doses testadas. Trabalhos futuros ajudarão a esclarecer este efeito.

Amaral et al., (2007) testaram um novo método enzimático de extração e dosagem de

amido em materiais vegetais, comparando com o método químico mais utilizado no Brasil desde

a década de 70, o de McCready (1950) que é realizado atraves da solubilização do amido por

ácido perclórico ou ácido sufúrico e quantificado por antrona ou fenol, segundo os autores esse

método se faz ineficiente para espécies que não apresentam o amido como principal fonte de

reserva, uma vez que, o ácido perclórico consegue solubilizar junto com o amido outros

polissacarídios e assim influenciar na quantidade de amido quantificado. Os resultados obtidos

Page 38: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

38

mostraram que o método de enzima proporciona uma análise ou estimativa mais sensível ao

amido para diferentes espécies e tecidos de plantas, descartando outros carboidratos que possam

se fazer presente na espécie.

Apesar dos resultados apresentados neste trabalho indicarem que não é viável se iniciar a

produção de mudas a partir da germinação de sementes em substrato contendo PA, os dados de

TCA sugerem que as algas podem ser utilizadas como uma alternativa viável na produção de

mudas de catingueira e jucá, visto que até o período máximo desse estudo (120 DAS) verificamos

também um leve estímulo no aumento de biomassa das raízes, diâmetro do caule, concentração

de clorofilas a e b, carotenóides e maiores teores de amido em jucá. Houve também o aumento na

concentração de pigmentos em relação às doses de PA em P. pyramidalis, além da TCA que

apresentou maiores incrementos com a maior dose do PA testado. Há necessidade de estudos

suplementares para confirmar esta suposição, particularmente com sementes germinadas na

ausência do PA, bem como de mais análises fisiológicas e bioquímicas para confirmar nossa

suposição de efeito benéfico do PA na nutrição e crescimento das plantas.

Page 39: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

39

6 CONCLUSÕES

Houve provavelmente influência negativa do pó de algas na germinação das sementes das

espécies estudadas neste trabalho. Apesar deste efeito, no entanto, as análises mais prolongadas

de crescimento e pigmentos indicam que o pó de algas marinhas influência de forma positiva o

crescimento inicial de mudas das duas espécies endêmicas da Caatinga quando aplicadas em

composição do substrato.

Page 40: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

40

REFERÊNCIAS

ARNON, D. I. Copper enzymes in isolated chloroplasts, polyphenoxidase in Beta vulgaris. Plant

Physiology, Lancaster, v. 24, n. 1, p. 1-15, 1949.

AHMED, F. F. et al. Response of Valencia orange trees to foliar application of Roselle,

Turmeric and Seaweed Extracts. Journal of Applied Sciences Research, Mandsaur, v. 9, n. 1,

p. 960-964, 2013. Disponível em: < http://www.aensiweb.com/old/jasr/jasr/2013/960-964.pdf>.

Acesso em: 10 jun. 2016.

ALBUQUERQUE, S. G.; BANDEIRA, G. R. L. Effect of thinning and slashing on forage

phytomass from a Caatinga of Petrolina, Brazil. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.

30, n. 6, p. 885-891, 1995.

ALFONSO, E. T.; LEYVA, M. A. P. Biofertilizantes: alternativa sostenible para la producción

de tomate en Cuba. Havana: Instituto Nacional de Ciências Agrícolas (INCA), La Habana,

2002,8 p.

ALVES, E. U. et al. Superação da dormência em sementes de Caesalpinia pyramidalis Tul.

Revista Árvore, Viçosa, v. 31, n. 3, p. 405-415, 2007.

AMARAL, L. I. V. et al. Novo método enzimático rápido e sensível de extração e dosagem de

amido em materiais vegetais. Hoehnea, São Paulo, v. 34, p. 425-431, 2007.

ANDRADE, W. M. et al. Influência da precipitação na abundância de populações de plantas da

Caatinga. Revista de Geografia, Recife, v. 26, n. 2, p. 161-184, 2009.

ARAUJO, E. L. et al. Ecofisiologia de plantas da Caatinga e implicações na dinâmica das

populações e do ecossistema. In: MOURA, A. N.; ARAUJO, E. L.; ALBUQUERQUE, U. P.

(Orgs.). Biodiversidade, potencial econômico e processos ecofisiológicos em ecossistemas

nordestinos. Recife: Comunigraf, 2008. p. 329-361.

AVILA, A. L. Mecanismos de regeneração natural e estrutura populacional de três espécies

arbóreas em remanescente de Floresta Ombrófila Mista, Rio Grande do Sul. 2010. 150f.

Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) – Universidade Federal de Santa Maria, Centro de

Ciências Rurais, Santa Maria, 2010.

ÁVILA, M. R. et al. Bioregulator application, agronomic efficiency, and quality of soybean

seeds. Scientia Agricola, Piracicaba, v. 65, n. 6, p. 604-612, 2008.

DE AZEVÊDO, S. M. A.; DE AZEVÊDO, M. A. A. Crescimento de plantas de jurema preta

(Mimosa tenuiflora (Wild) Poiret.) em solos de áreas degradadas da Caatinga. Engenharia

Ambiental, Espírito Santo do Pinhal, v. 9, n. 3, p. 150-160, 2012.

BENINCASA, M. M. P. Análise de crescimento de plantas: noções básicas. 2. ed. Jaboticabal:

FUNEP, 2003. v. 1, 42 p.

Page 41: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

41

BLUNDEN, G.; JENKINS, T.; LIU, Y. Enhanced leaf chlorophyll levels in plants treated with

seaweed extract. Journal of Applied Phycology, Dordrecht, v. 8, n. 6, p. 535–543, 1997.

BRAGA, R. Plantas do Nordeste, especialmente no Ceará. 3 ed. Fortaleza: Sociedade

Botânica do Brasil, 1976, 540 p.

CARVALHO, M. E. A. Efeitos do extrato de Ascophyllum nodosum sobre o

desenvolvimento e produção de cultivos. 2013. 69 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) -

Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – ESALQ/USP, Piracicaba, 2013.

CASTRO, P. R. C.; VIEIRA, E. L. Aplicações de reguladores vegetais na agricultura

tropical. Guaíba: Agropecuária, 2001, 132 p. CAVALHEIRO, M. G. et al. Atividades biológicas e enzimáticas do extrato aquoso de sementes

de Caesalpinia ferrea Mart., Leguminosae. Revista Brasileira de Farmacognosia, Curitiba, v.

19, n. 2B, p. 586-591, 2009.

COSTA, N. F. Aspectos ecofisiológicos da catingueira e do pinhão- bravo em uma área de

Caatinga de Sergipe. 2014. 81 f. Dissertação (Mestrado em Ecologia) - Universidade Federal de

Sergipe, Aracaju, 2014.

CRAIGIE, J. S. Seaweed extracts stimuli in plant science and agriculture. Journal of Applied

Phycology, Dordrecht, v. 23, n. 6, p. 371-393, 2011.

DANTAS, B. F. et al. Taxas de crescimento de mudas de catingueira submetidas a diferentes

substratos e sombreamentos. Revista Árvore, Viçosa, v. 33, n. 3, p. 413-423, 2009.

DAROLT, M. R. Guia do produtor orgânico: como produzir em harmonia com a natureza.

Londrina: IAPAR, 2002, 42 p.

DIAS, P. F.; SOUTO, S. M.; SCHIMIDT, L. Uso de biofertilizante liquido na produção de

alfafa. Documentos, Jaguariúna, EMBRAPA, n. 151, 2002.

DOMBROSKI, J. L. D. et al. Water relations of caatinga trees in the dry season. South African

Journal of Botany, Westpoort, v. 77, n. 2, p. 430-434, 2011.

DOURADO NETO, D. et al. Ação de bioestimulante no desempenho agronômico de milho e

feijão. Bioscience Journal, Uberlândia, v. 30, n. 1, p. 371-379, 2014.

FERNANDES, A. L. T.; TESTEZLAF, R. Fertirrigação na cultura do melão em ambiente

protegido, utilizando-se fertilizantes organominerais e químicos. Revista Brasileira de

Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 6, n. 1, p. 45-50, 2002.

FERNANDES, A. L.; SILVA, R. O. Avaliação do extrato de algas (Ascophyllum nodosum) no

desenvolvimento vegetativo e produtivo do cafeeiro irrigado por gotejamento e cultivado em

condições de Cerrado. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer, Goiânia, v. 7, n.

13, p. 147-157, 2011.

Page 42: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

42

FIGUEIREDO, J. M. et al. Revegetation of degraded Caatinga sites. Journal of Tropical Forest

Science, Kepong, v. 24, n. 3, p. 332-343, 2012.

FREITAS, R. M. O. et al. Efeito da irrigação com água salina na emergência e crescimento

inicial de plântulas de jucá. Revista Caatinga, Mossoró, v. 23, n. 3, p. 54-58, 2010.

GIULIETTI, A. M. et al. Diagnóstico da vegetação nativa do bioma Caatinga. In: SILVA, J. M.

C.; TABARELLI, M.; FONSECA, M. T.; LINS, L. V. (Orgs.). Biodiversidade da Caatinga:

áreas e ações prioritárias para a conservação. Brasília, 2004. p. 48-90.

GUIMARÃES, I. P. et al. Avaliação do efeito do uso do extrato de alga (Raiza®) no

desenvolvimento de mudas de mamão. Enciclopédia biosfera, Goiânia, v. 8, n. 15, p. 314, 2012.

HAFLE, O. M. et al. Produção de mudas de mamoeiro utilizando Bokashi e Lithothamnium.

Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 31, n. 1, p. 245-251, 2009.

HARDESTY. L. H.; BOX, T.W.; MALECI-IEK, J. C. Season of cutting affects biomass

production by coppicing browse species of the Brazilian Caatinga. Journal of Range

Management, v. 41, n. 6, p. 437-480, 1988. Disponível em:

<http://www.jstor.org/stable/3899520>. Acesso em: 5 dez. 2016.

HOLZMAN, B. A. Tropical Forest Biomes. Westport: Greenwood Press, 2008, 242 p.

JAYRAMAN, J.; NORRIE, J.; PUNJA, Z. K. Commercial extract from the brown seaweed

Ascophyllum nodosum reduces fungal diseases in greenhouse cucumber. Journal of Applied

Phycology, Dordrecht, v. 23, n. 3, p. 353-361, 2011.

JASPARS, E. M. J. Pigmentation of tobacco crown gall tissues cultured in vitro in dependence

of the composition of the medium. Physiologia Plantarum, Chichester, v. 18, n. 4, p. 933-940,

1965. Disponível em: <http://www.dx.doi.org/10.1111/j.1399-3054.1965.tb06990.x>. Acesso

em: 8 ago. 2016.

KRAMER, P. J.; BOYER, J. S. Water relations of plants and soils. San Diego: Academic

Press, 1995. 495 p.

KHAN, W. et al. Seaweed extracts as biostimulants of plant growth and development. Journal

of Plant Growth Regulation, Secaucus, v. 28, n. 4, p. 386-399, 2009.

KUMAR, G.; SAHOO, D. Effect of seaweed liquid extract on growth and yield of Triticuma

estivum var. Pusa Gold. Journal of Applied Phycology, Dordrecht, v. 23, n. 2, p. 251-255,

2011.

LEAL, I. R.; PERINI, M. A.; CASTRO, C.C. Estudo fenológico de espécies de Euphorbiaceae

em uma área de Caatinga. In: CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL, 1., 2007, Caxambu.

Anais... Caxambu, 2007. p. 1-2.

Page 43: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

43

LEITE, A. V.; MACHADO, I. C. Biologia reprodutiva de Caesalpinia pyramidalis. Revista

Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 32, n. 1, p. 79-88, 2009.

LENHARD, N. R. et al. Crescimento inicial de mudas de pau ferro (Caesalpinia ferrea Mar T.

ex Tul. Var. Leiostachya B Enth) sob diferentes regimes hídricos. Ciência e Agrotecnologia,

Lavras, v. 34, n. 4, p. 870-877, 2010.

LIMA, M. M. et al. Sobrevivência inicial de seis espécies usadas na recuperação de uma área

degradada na Caatinga. Revista Ouricuri, Paulo Afonso, v. 5, n. 2, p. 132-137, 2015.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas

nativas do Brasil. Nova Odessa: Instituto Plantarum, v. 3, 2009. 383 p.

MATOS, F. J. A.; LORENZI, H.; Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova

Odessa: Instituto Plantarum, 2008. 511 p.

LOSI, L. C. Uso de Ascophyllum nodosum para o enraizamento de microestacas de

eucalipto, 2010. 76 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Estadual Paulista,

Faculdade de Ciências Agronômicas de Botucatu, Botucatu, 2010.

MACHADO, R. R. B., et al. Árvores nativas para a arborização de Teresina, Piauí. Revista da

Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, Paraná, v. 1, n. 1, p. 10-18, 2006. Disponível

em: <http://www.revsbau.esalq.usp.br/artigos_cientificos/artigo02.pdf>. Acesso em: 8 ago.

2016.

MACKINNON, S. A. et al. Improved methods of analysis for betaines in Ascophyllum nodosum

and its commercial seaweed extracts. Journal of Applied Phycology, Dordrecht, v. 22, n. 4, p.

489–494, 2010.

MAIA, G. N. Caatinga: árvores e arbustos e suas utilidades. 2. ed. Fortaleza: Printcolor, 2012.

413 p.

MAIA, G. N. Caatinga: árvores e arbustos e suas utilidades. São Paulo: Leitura e Arte, 2004,

413 p.

MARENÇO, R. A.; LOPES, N. F. Fisiologia vegetal: fotossíntese, respiração, relações hídricas

e nutrição mineral. 3. ed. Viçosa: UFV, 2009.486 p.

MASNY, A; BASAK, A; ZURAWICZ, E. Effects of foliar applications of Kelpak SL and

Göemar BM 86® preparations on yield and fruit quality in two strawberry cultivars. Journal of

Fruit and Ornamental Plant Research, Skierniewice, v. 12, p. 23–27, 2004.

MATYSIAK, K; KACZMAREK, S; KRAWCZYK, R. Influence of seaweed extracts and

mixture of humic and fulvic acids on germination and growth of Zea mays L. Acta Scientiarum

Polonorum Agricultura, v. 10, n. 1, p. 33-45, 2011. Disponível em:

<http://www.agricultura.acta.utp.edu.pl/uploads/pliki/000010201100010000010003300045.pdf>

. Acesso em: 8 ago. 2016.

Page 44: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

44

MCCREADY, R. M. J. et al. Determination of starch and amylose in vegetables. Analytical

Chemistry, v. 22, n. 9, p. 1156-1158, 1950. Disponível em:

<http://pubs.acs.org/doi/pdfplus/10.1021/ac60045a016>. Acesso em: 16 jan. 2017.

MEDEIROS, R. C. et al. Levantamento preliminar de macroalgas ocorrentes no litoral oriental

do Rio Grande do Norte. In: Reunião anual da SBPC, 62., 2010, Natal. Anais… Natal, 2010.

MEIRELES, A. J. A. Banco dos cajuais: aspectos geoambientais: fundamentos para o uso

sustentável dos recursos naturais. Fortaleza: Fundação Brasil Cidadão, 2006. 145 p.

MELO, P. C.; FURTINI NETO, A. E. Avaliação do Lithothamnium como corretivo da acidez do

solo e fonte de nutrientes para o feijoeiro. Revista Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 27, n.

3, p. 508-519, 2003.

MOONEY, P. A.; VAN STADEN, J. Algae and cytokinins. Journal of Plant Physiology,

Lancaster, v. 123, p. 1-21, 1986.

MORAIS, R. R. et al. Chloroplastid pigment content and chlorophyll a fluorescence in

Amazonian tropical three species. Revista Árvore, Viçosa, v. 31, n. 5, p. 959-966, 2007.

MORRIS, D. L. Quantitative deternationn of carbohydrates with Dreywood´s anthrone reagent.

Scence, Washington, v. 107, p. 111-114, 1948.

NISHIZAWA, T.; TSUCHIYA, A.; PINTO, M. M. V. Characteristics and utilization of tree

species in the semi-arid woodland of north-east Brazil. In: NISHIZAWA, T.; UITTO, J. I.

(Orgs.). The fragile tropics of Latin America: sustainable management of changing

environments. Tokyo: University Press, p. 280-300, 2005.

OLIVEIRA, A. F. et al. Avaliação da atividade cicatrizante do jucá (Caesalpinia ferrea Mart. ex

Tul. var. ferrea) em lesões cutâneas de caprinos. Revista Brasileira de Plantas Medicinais,

Botucatu, v. 12, n. 3, p. 302-310, 2010.

OLIVEIRA, E. C.; MIRANDA, G. E. C. Aspectos sociais e econômicos da exploração de

algas marinhas no Brasil. In: Congresso Latinoamericano de Ficologia, Reunião Ibero-

Americana, 4., 1998, São Paulo. Anais... São Paulo: 1998. v. 2, p. 359-369.

OLIVEIRA, L. A. A. et al. Uso do extrato de algas (Ascophyllum nodosum) na produção de

mudas de maracujazeiro-amarelo. Revista Verde, Mossoró, v. 6, n. 2, p. 1-4, 2011.

PACHECO, M. V. et al. Efeito de temperaturas e substratos na germinação de sementes de

Myracrodruon urundeuva Fr. All. (anacardiaceae). Revista Árvore, Viçosa, v. 30, n. 3, p. 359-

367, 2006.

PRADO, D. E. As Caatingas da América do Sul. In: LEAL, I. R.; TABARELLI, M.; SILVA,

J. M. C. (Orgs.) Ecologia e conservação da Caatinga. Recife: Universidade Federal de

Pernambuco, 2003. p. 3-73.

Page 45: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

45

QUEIROZ, L. P. Leguminosas da Caatinga. Feira de Santana: Universidade Estadual de Feira

de Santana, 2009. 913 p.

RAVEN, P. H.; EVERT, R. F; ELCHHORN, S. E. Biologia vegetal. 6. ed. Rio de Janeiro:

Guanabara, 2007. 906 p.

RAYORATH, P. et al. Rapid bioassays to evaluate the plant growth promoting activity of

Ascophyllum nodosum (L.) Le Jol. using a model plant, Arabidopsis thaliana (L.) Heynh.

Journal of Applied Phycology, Dordrecht, v. 20, n. 4, p. 423-429, 2008.

REIS, E. R. et al. Período de permanência de mudas de Eucalyptus grandis em viveiro baseado

em parâmetros morfológicos. Revista Árvore, Viçosa, v. 32, n. 5, p. 809-814, 2008.

RIZZINI, C. T. Tratado de fitogeografia do Brasil: aspectos ecológicos, sociológicos e

florísticos. Rio de Janeiro: Âmbito cultural edições. 1997. 747 p.

SALISBURY, F. B; ROSS, C. W. Fisiologia das plantas. São Paulo: Cengage Learning, p. 391-

393, 2012.

SAMPAIO, E. V. D. S. B. et al. Tipos funcionais fenológicos em espécies lenhosas da

Caatinga. Recife: Nordeste do Brasil, 2010. 116 p.

SANTOS, A. C. V. Biofertilizante líquido, o defensivo da natureza. Niterói: EMATER, 1992.

(Agropecuária Fluminense, 8). 16 p.

SANTOS, C. M. G.; VIEIRA, E. L. Efeito de bioestimulante na germinação de sementes, vigor

de plântulas e crescimento inicial do algodoeiro. Magistra, Cruz das almas, v. 17, n. 3, p. 124-

130, 2005.

SCHOEFS, B. Chlorophyll and carotenoid analysis in food products: properties of the pigments

and methods of analysis. Trends in Food Science & Technology, Cambridge, v. 13, n. 11, p.

361-371, 2002.

Disponível em: < https://doi.org/10.1016/S0924-2244(02)00182-6>. Acesso em: 16 jan. 2017.

SCHONS, A. et al. Emissão de folhas e início de acumulação de amido em raízes de uma

variedade de mandioca em função da época de plantio. Ciência Rural, Santa Maria, v. 37, n. 6,

p. 1586-1592, 2007.

SILVA, C. P. et al. Desenvolvimento inicial de mudas de couve-folha em função do uso de

extrato de alga (Ascophyllum nodosum). Revista Verde, Mossoró, v. 6, n. 1, p. 7–11, 2012.

SILVA, E. C. et al. Aspectos ecofisiológicos de dez espécies em uma área de Caatinga no

município de Cabaceiras, Paraíba, Brasil. Ilheringia: Série Botânica, v. 59, n. 2, p. 201-205,

2004.

Page 46: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

46

SILVA, J. M.; JALES FILHO, T. C.; FERREIRA, A. M. Concentração de carboidratos solúveis

em folhas de Phaseolus lunatus L. em relação ao sombreamento. Estudos, [S.I], v. 37, n. 3-4, p.

403-417, 2010

ŠESTÁK, Z. Determination of chlorophylls a and b. In: ŠESTÁK, Z.; ČATSKÝ J.; JARVIS P. G.

(Orgs.). Plant photosynthetic production: Manual of methods. The Hague: Junk N. V.,

Publishers, Methods of growth analysis, p. 672-701, 1971.

SIVASANKARI, S. et al. Effect of seaweed extracts on the growth and biochemical constituents

of Vigna sinensis. Bioresource Technology, New York, v. 97, n. 14, p. 1745-1751, 2006.

Disponível em: < https://doi.org/10.1016/j.biortech.2005.06.016 >. Acesso em: jan. 2017.

SOUZA, R. P. et al. Fotossíntese e acúmulo de solutos em feijoeiro caupi submetido à

salinidade. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 46, n. 6, p. 586-592, 2011.

SPINELLI, F., et al. Perspectives on the use of a seaweed extract to moderate the negative

effects of alternate bearing in apple trees. The Journal of Horticultural Science and

Biotechnology, Abingdon, v. 84, n. 6, p. 131-137, 2009. Disponível em: <

http://dx.doi.org/10.1080/14620316.2009.11512610>. Acesso em: 22 nov. 2016

STARNES, W. J.; HADLEY, H. H. Chlorophyll content of various strains of soybeans, Glycine

max (L.) Merril. Crop Science, Madison, v. 5, p. 9-11. 1965.

SZABÓ, V.; HROTKÓ, K. Preliminary Results of Biostimulator Treatments on Crataegus and

Prunus Stockplants. Bulletin UASVM Horticulture, Manastur, v. 66, n. 1, p. 223-228, 2009.

TAIZ, L. ZEIGER, E. Plant physiology. Lancaster. 3. ed. Sunderland: Sinauer Associates, p.

423-460, 2002.

TEIXEIRA, G. A. et al. Produção de mudas de mamoeiro formosa em substratos com doses de

Lithothamnium. Revista da FZVA, Uruguaiana, v. 16, n. 2, p. 220-229, 2009.

THIRUMARAN, G. et al. Effect of seaweed liquid fertilizer on growth and pigment

concentration of Abelmoschus esculentus medikus. American-Eurasian Journal of Agronomy,

Deira, v. 2, n. 2, p. 57-66, 2009. Disponível em:

<https://www.researchgate.net/profile/Rajasekaran_Arumugam/publication/237046172>. Acesso

em: 15 jun. 2016.

TIMM, P. J.; GOMES, J. C. C.; MORSELLI, T. B. Insumos para agroecologia: pesquisa em

vermicompostagem e produção de biofertilizantes líquidos. Revista Ciência & Ambiente, Santa

Maria, v. 29, p. 131-140, 2004.

TROVÃO, D. M. B. M. et al. Variações sazonais de aspectos fisiológicos espécies da Caatinga.

Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 11, n. 3, p. 307-

311, 2007.

Page 47: Algas marinhas como bioestimulantes no crescimento inicial ... · Os sonhos são como uma bússola, indicando os caminhos que seguiremos e as metas que queremos alcançar. São eles

47

VAN DEM HOECK, C.; MAN, D. G. E.; JANHS, H. M. L Algae: an introduction to phicology.

Cambridge: Cambridge University Press., 1995. 623 p.

VIDOTTI, E. C; ROLLEMBERG, M. C. Algas: da economia nos ambientes aquáticos à

biorremediação e à química analítica. Química Nova, São Paulo, v. 27, n. 1, p. 139-145, 2004.

VILA NOVA, L. L. et al. Utilização de “algas arribadas” como alternativa para adubação

orgânica em cultivo de moringa (Moringa oleifera Lam.). Revista Ouricuri, Paulo Afonso, v. 4,

n. 3, p. 68-81, 2014.

XIMENES, N. C. A. Purificação e caracterização da lecitina da vagem da Caesalpinia ferrea

(CfePL): aplicação biológica. 2004. 53 f. Dissertação (Mestrado em Bioquímica) - Universidade

Federal do Pernambuco, Recife, 2004.

YEMM, E. W.; WILLIS, A. J. The estimation of carbohydrates in plant extratcts by anthrone.

Biochemical Journal, Rockville, v. 57, n. 3, p. 508-514, 1954.

YOKOYAMA, M. Y.; GUIMARÃES, O. Determinação dos teores de Na, K, P e proteínas em

algumas algas marinhas. Acta Biologica Paranaense, Paraná, v. 4, n. 4, p. 19-24. 1975.

ZANINE, A. M. et al. Composição bromatologica de leguminosas do semiárido brasileiro.

Livestock Research for Development,Cali, v. 17, n. 8, p. 1-5, 2005. Disponível em:

<http://www.lrrd.org/lrrd17/8/zani17087.htm>. Acesso em: 22 ago. 2016.