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    Psicologia: Teoria e Pesquisa

    Jan-Mar 2009, Vol. 25 n. 1, pp. 103-108

    Alexitimia: Uma Reviso do Conceito

    Berenice Victor Carneiro1

    Elisa Medici Pizo YoshidaPontifcia Universidade Catlica de Campinas

    RESUMO- Alexitimia um termo empregado no diagnstico clnico de pessoas com acentuada diculdade ou incapacidadepara expressar emoes e signica sem palavras para as emoes. O objetivo deste artigo apresentar uma reviso doconceito de alexitimia, enfatizando a importncia das recentes contribuies da neurobiologia. abordado o desenvolvimentodo conceito desde os anos 70, ressaltando as contribuies de Sifneos e a estreita relao desse conceito com as doenaspsicossomticas. Em seguida, apresenta-se o conceito a partir de uma perspectiva multifatorial e destaca-se a importncia dosubstrato neurolgico para a melhor compreenso da etiologia. Finalmente, sugere-se ser necessria a compreenso integradado papel dos fatores etiolgicos para o tratamento e preveno.

    Palavras-chave: emoo; sintomas afetivos; distrbios emocionais; ansiedade.

    A Review of Alexithymia Concept

    ABSTRACT-Alexithymia is a term used for clinic diagnosis of those with marked difculty in verbally expressing emotions,and it means no words for emotions. The aim of this article is to present a review of the literature on the Alexithymia concept,highlighting additions from recent ndings in neurobiology. It includes developments on the concept since the 70s, emphasizingthe contributions of Sifneos and the straight association of this concept with psychosomatic diseases. Then, it presents theconcept from a multifactor view indicating the role of neurobiology in order to increasingly understand its etiology. Finally, itstresses that integrating the etiological sources will enhance comprehension of treatment and prevention.

    Keywords: emotions; affective symptoms; emotional disturbances; anxiety.

    1 Endereo: Rua Dona Libnia, 1985, Ap 91. Campinas, SP. CEP 13015-090.E-mail: [email protected].

    Este trabalho apresenta uma reviso da literatura sobre oconceito de alexitimia, com nfase sobre as mudanas queeste vem sofrendo desde sua proposio nos anos 70, porSifneos (1972/1977), at os dias atuais, quando os desen-volvimentos das neurocincias trouxeram novos modos decompreenso sobre ele. Para tanto, inicia-se com refernciass origens do conceito, em que a alexitimia era associadas doenas psicossomticas, menciona-se as formas de tra-tamento e, em seguida, apresenta-se uma viso mais atualdo conceito, que passou a ser entendido a partir de uma

    perspectiva multifatorial.O termo alexitimia foi sugerido por Sifneos para se referir

    queles pacientes com uma vida emocional pobre em sonhose fantasias e que demonstravam no ter palavras para nomearou expressar as emoes (Sifneos, 1972/1977, 1991). Um

    pouco antes, em 1963, um conceito semelhante havia sidoproposto por Marty e MUzan, iniciadores do movimentocientco que deu origem chamada Escola Psicossom-tica de Paris (Peanha, 1998). Tratava-se do pensamentooperatrio, construto desenvolvido para designar um estilode raciocnio concreto, objetivo, voltado para a realidadeexterna, com uma vida interior pobre e com ausncia dereao afetiva frente a situaes de perda ou traumas (Marty& Mzan, 1963/1994).

    Apesar de ambos os construtos, alexitimia e pensamentooperatrio, terem sido inicialmente associados a pacientes

    psicossomticos e muitas vezes empregados de forma alter-

    nada na literatura (Silva & Caldeira, 1992), foram concebidossegundo vertentes tericas distintas. Sifneos, um psicana-lista de orientao freudiana, considerava que as doenas

    psicossomticas diferiam das neuroses, neuroses narcsicas

    e psicoses, quanto sua natureza (Messer & Warren, 1995).Enquanto estas ltimas se enquadrariam entre as doenasmentais, propriamente ditas, e seus sintomas se caracteri-zariam por uma expresso simblica de conitos psquicosinfantis, as afeces psicossomticas se aproximariam dasneuroses atuais, propostas por Freud, cujos sintomas seriamprincipalmente de ordem somtica (Laplanche & Pontalis,1967/1970, p.383).

    Quanto ao conceito de pensamento operatrio, faz partede um arcabouo terico no qual a palavra psicossom-tica agrupa dois termos, sem trao de unio entre eles, am de conotar a unidade fundamental entre o psquico eo corpo (Peanha, 1998, p.130). Trata-se, portanto, deum conceito que parte de uma concepo monista de ho-mem, de acordo com a qual, o soma e o psiquismo s sodivididos por uma questo de nfase, sendo inadequadofalar exclusivamente em sintomas fsicos ou somticos.De acordo com essa perspectiva, a unidade essencial doorganismo humano decorre da hierarquizao progressivade todas as funes que participam de sua organizao einclui as noes de: mentalizao (em um nvel superior),depresso essencial, pulso de morte, doena somtica(em um nvel mais inferior), entre outras. Todas elas,segundo Peanha, devem ser consideradas na deniode pensamento operatrio, que ca sem sentido se des-contextualizada teoricamente.

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    Houve, portanto, um descontentamento por parte da-queles que adotavam a concepo monista do organismohumano com o uso frequente na literatura do termo pensa -mento operatrio como sinnimo de alexitimia. As diferenasepistemolgicas se reetiam, de forma substancial, tanto nas

    pesquisas quanto na prtica clnica.Durante as dcadas de 80 e 90, muitas pesquisas foram

    realizadas no sentido de se buscar uma melhor compreensoda etiologia e das dimenses da alexitimia. Porm, a falta deuma teoria consistente que desse suporte ao construto tericofoi um dos determinantes para as inconsistncias e a falta deconsenso encontradas na literatura (Larsen, Brand, Bermond& Hijman, 2003; Taylor, 2000). Estudos empricos, comamostras pequenas, delineamentos inadequados de pesquisa,utilizao de instrumentos fracos metodologicamente (Lane,Sechrest, Riedel, Shapiro & Kaszniak, 2000; Larsen & cols.,2003; Morrison & Pihl 1989; Taylor, 2000; Taylor, Ryan &Bagby, 1985; Taylor & Bagby, 2004), impreciso na denioe operacionalizao do construto (Bermond, 2003; Larsen& cols., 2003), entre outros, parecem ser tambm outrasrazes para a falta de consenso. Como uma das implicaesdessas diferenas epistemolgicas para a prtica clnica,destaca-se aqui a forma de tratar os chamados pacientes

    psicossomticos.A proposta do Instituto de Psicossomtica de Paris

    (Psychosomatic Institute of ParisIPSO) a de compreendere tratar doenas somticas segundo o postulado fundamentalde que o processo de somatizao aparece quando o sujeitono capaz de tratar, mentalmente, as contradies que

    pesam sobre ele (Peanha, 1998). Por outro lado, os autoresamericanos, entre eles Sifneos, na medida em que a alexi-timia no teria necessariamente um signicado simblico

    para o sujeito, defendem a adoo de uma postura didticapor parte do terapeuta, a m de ajudar o paciente a aprendera reconhecer e discriminar suas emoes. Para estes lti-mos autores, a aplicao da tcnica padro da psicanlisea alexitmicos no vista como ecaz (Taylor, 1990). Esseenfoque, provavelmente, favoreceu a aceitao do conceitode alexitimia por autores de outras vertentes tericas da psi-cologia, entre os quais os cognitivistas, os psicodinmicose os integracionistas.

    Considerada, inicialmente, um trao de personalidadecom implicaes em transtornos psiquitricos e doenasorgnicas (Bagby, Taylor & Parker, 1994; Martnez-Snchez,Ato-Garcia & Ortiz-Soria, 2003; Taylor, 1984), caractersti-cas alexitmicas foram tambm identicadas em populaesclnicas e no clnicas, no estando necessariamente asso-

    ciadas a distrbios mentais especcos ou psicossomticos(Buchanan, Waterhouse & West Jr., 1980; Taylor & Bagby,2004). Ultimamente, a denio mais encontrada na litera-tura a de que se trata de um construto multidimensional,integrado pelos seguintes fatores: (a) diculdades em iden-ticar e descrever sentimentos subjetivos; (b) diculdadesem fazer distino entre emoes e sensaes fsicas; (c)escassez de sonho e incapacidade de simbolizar ou fazerrelao entre afeto e fantasia (Sifneos, 1991); e (d) um estilode raciocnio concreto e objetivo, voltado para a realidadeexterna (Taylor, 1984; Taylor & Bagby, 2004). No h, noentanto, consenso na literatura quanto importncia de cadafator nessa ltima denio. Alguns autores enfatizam mais

    os aspectos cognitivos da alexitimia do que os emocionais,como o caso de Taylor e cols. (1994; 2004). Essa crtica

    j havia sido expressa, por exemplo, por Haviland e Reise(1996) e, posteriormente, por Larsen e cols. (2003).

    Etiologia da Alexitimia

    Em relao etiologia, Sifneos, Apfel-Savitz e Frankel(1977), no incio de seus estudos, j apontavam para umavariedade de fatores etiolgicos da alexitimia, tais como:genticos, siolgicos, neuroanatmicos, psicossociais, as-sim como alteraes neuroqumicas e de desenvolvimento.Posteriormente, Sifneos (1991) veio a propor que as vriasetiologias fossem classicadas segundo dois tipos: as deorigem biolgica e as de causa psicossocial (ou de desen-volvimento). E, seguindo a tendncia dos pesquisadoreseuropeus (e.g., Pedinielli & Rouan, 1998), identicou comoalexitimia primriaas do primeiro tipo, e como alexitimia

    secundriaaquelas com causa psicossocial.Alexitimia primria seria a forma biolgica da doena,

    advinda de defeito estrutural neuroanatmico ou decincianeurobiolgica e pressupe a interrupo da comunicaoentre os dois hemisfrios cerebrais ou entre o sistema lmbicoe o crtex (Sifneos, 1991; Taylor, 1984). Para fundamentaressa hiptese, vrios estudos reportam alexitimia em pacien-tes com disfuno cerebral evidente. Buchanan e cols. (1980)mencionam o estudo de Hoppe e Bogen (1977), no qual 12

    pacientes epilticos, aps serem submetidos comissuroto-mia completa (seco do corpo caloso e comissura anterior),apresentaram caractersticas da alexitimia.

    A alexitimia primria tambm costuma ser consideradacomo um trao de personalidade, devido ao seu carter maisduradouro (Pedinielli & Rouan, 1998). Essa interpretao temsido usada, por exemplo, em estudos que buscam associaoentre altos nveis de alexitimia e quadros de dependnciade substncias psicoativas e de alcoolismo, nos quais aalexitimia funcionaria como um fator de risco (Corcos &Jeammet, 2000; Maciel & Yoshida, 2006). Apesar de nohaver concordncia entre os estudos quanto aos ndices de

    prevalncia de alexitimia entre dependentes de lcool (asestimativas variam entre 35,8% a 78%), h indicaes de quea alexitimia primria ocuparia posio central em quadrosde alcoolismo (Taieb & cols., 2002).

    No caso da alexitimia secundria, Sifneos (1991) se re-fere a uma reao aos efeitos de traumas ou doenas srias,

    podendo ter como origem situaes traumticas vividas em

    perodos crticos do desenvolvimento infantil ou traumasintensos na idade adulta. As experincias traumticas, tantona infncia como na idade adulta, podem ser de tal magnitudeque levem a alteraes estruturais do funcionamento psqui-co, afetando, principalmente, o componente afetivo das emo-es, com implicaes signicativas para a vida do indivduo(Sifneos, 1991; Taylor, 1984). Acredita-se que, quando assituaes traumticas ocorrem antes do desenvolvimento dalinguagem, h posteriormente prejuzo na habilidade de usaras palavras para expressar os sentimentos. Sifneos explicaque, como consequncia, as emoes seriam expressas emtermos de sensaes somticas ou reaes comportamentais,em vez de relacionadas a pensamentos.

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    Alexitimia

    Ainda em relao aos traumas vividos na infncia, Krys-tal, Giller e Cicchetti (1986) defendiam que aqueles decor-rentes de excessos ou privaes nas relaes me-crianaimpediriam o desenvolvimento adequado da capacidade deexpresso afetiva, assim como da funo simblica. Comoconsequncia, a falha na internalizao da funo parental de

    proteo, o uso excessivo da negao e represso de afetos, o

    colapso dos mecanismos de defesa do ego, entre outros, leva-riam a uma paralisao do desenvolvimento afetivo normal,podendo resultar nos transtornos psicossomticos.

    Tambm com base em sua experincia como psicanalista,Mc Dougall (1982) d nfase s vivncias emocionais prim-rias entre me-lho e sua associao com a alexitimia secun-dria. Carncias afetivas na primeira infncia, decorrentes decomprometimentos no vnculo materno, revelam-se em um

    processo primitivo e infra-verbal, como uma forma regredidade reao. Para ela, seria ento um mecanismo defensivocontra o surgimento de ansiedades psicticas ligadas, porexemplo, ao perigo de perda de identidade. De acordo comessas hipteses, pessoas alexitmicas descarregam na aoou no ambiente suas expresses emocionais, separando-asde sua subjetividade e demonstrando diculdade de contatocom sua realidade psquica.

    No que se refere associao entre alexitimia e os traumasintensos vividos de forma abrupta na idade adulta, tambmh concordncia entre os pesquisadores. Experincias trau-mticas como as decorrentes de guerra, abuso fsico, desastrenatural, sequestro, doena terminal, entre outras, levariamindivduos, sem caractersticas alexitmicas, a sofrer umaregresso na funo afetivo-cognitiva e a reagir situaode forma a impedir a conscincia da emoo (Krystal &cols., 1986; Silva & Caldeira, 1992; Taylor, 1984). Nas

    palavras de Sifneos (1991), o estresse intenso levaria a umembotamento dos sentimentos, evitando a conscincia dasemoes e expresso dos sentimentos (p.119). Para Campbell(1940/1996), essa forma de alexitimia caracteriza-se porum estado, uma reao ou forma de defesa para impedir osefeitos da doena ou trauma sobre a vida afetiva e emocionalda pessoa, evitando assim a depresso ou a dor. Dentro dessa

    perspectiva, a alexitimia secundria no aparece necessaria-mente vinculada a uma patologia, mas funciona como umaestratgia de enfrentamento desenvolvida pelo indivduo,frente a uma situao conituosa e de difcil resoluo(Maciel & Yoshida, 2006, p.44).

    Alm desses fatores intrapsquicos e de desenvolvi-mento, Haviland, Warren e Riggs (2000), Lesser (1981)e Taylor (1984) apontam ainda para a possibilidade de

    associao entre fatores socioculturais e alexitimia. Emsua reviso da literatura, Taylor cita os estudos de Leff em1973, e de Borens, Groose-Schultze, Jaensch e Kortemmeem 1977, que demonstraram que estilos de comunicaocaractersticos de uma cultura, nvel educacional ou classesocioeconmica poderiam impor caractersticas ou limites verbalizao das emoes. Por exemplo, Taylor mencionaum estudo em que pacientes psicossomticos, de nvel so-cioeconmico mais baixo, usaram menos palavras para asemoes e demonstraram ter menos fantasias. Haviland ecols., em seu estudo, encontraram correlao fraca, pormnegativa e estatisticamente signicativa, entre alexitimia envel educacional.

    Estudos brasileiros corroboram estas observaes. Porexemplo, gestantes atendidas pelo Sistema nico de Sade(SUS) apresentaram escores mdios muito superiores aos deestudantes universitrios (Yoshida, 2000, 2007; Yoshida &Silva, 2007), quando avaliadas com a Toronto AlexithymiaScale (TAS-26).

    Resultados semelhantes so mencionados na pesquisa

    com estudantes brasileiros, realizada por Fortes (1994, citadoem Oliveira, 2001,) para adaptao da verso da TAS-20. Emoutro estudo brasileiro de validao da TAS-20, Wiethaeuper,Balbinotti, Pelisoli e Barbosa (2005) tambm fazem refe-rncia s implicaes socioculturais sobre a expresso dealexitimia. Deve-se observar, todavia, como explica Oliveira,que a hiptese sobre a interferncia do nvel educacional ouclasse socioeconmica nas manifestaes da alexitimia ainda um tema controverso, e que precisa continuar a ser investi-gada por meio de instrumentos adaptados s caractersticassocioculturais da populao pesquisada.

    Contribuies da Neurobiologia

    Como indicado anteriormente, as pesquisas partiram deum referencial clnico, mas evidncias acumuladas indicamque a alexitimia pode ser observada tanto em populaesclnicas como no clnicas, no estando associada direta-mente a distrbios mentais especcos ou psicossomticos.Esses achados vm impulsionando novas pesquisas na reada neurobiologia, como forma de melhor compreender aetiologia da alexitimia.

    Recentemente, luz de exames modernos de neuroi-magem (por exemplo, a ressonncia magntica funcionale a tomograa por emisso de psitrons), foi possvel umareavaliao da hiptese biolgica inicial de alexitimia, levan-tada por Sifneos na dcada de 70. Estudos com populaesclnicas e no-clnicas tm sugerido que a alexitimia umaexpresso do funcionamento neurolgico, constituda de umconjunto de caractersticas afetivas e cognitivas que reetevariaes na organizao e funcionamento do crebro (Taylor& Bagby, 2004; Larsen & cols., 2003; Taylor, 2000).

    A informao emocional e no-verbal normalmenteprocessada no hemisfrio direito (HD), havendo evidn-cia de sua funo excitatria e de mediao das respostasautonmicas aos estmulos emocionais (Taylor, 2000). Poroutro lado, o processamento da informao verbal ocorreno hemisfrio esquerdo (HE), que exerce papel de controleinibitrio sobre a funo excitatria do HD (Bermond, 2003;

    Larsen & cols., 2003; Taylor, 2000). Na alexitimia, parecehaver uma dissociao entre os dois hemisfrios, o que afe-taria a modulao afetiva, a capacidade de comunicar afetos,a capacidade para fantasiar e elaborar as tenses internas eangstias (Oliveira, 2001).

    Com base em estudos com pacientes que sofreram algumaleso, ou apresentavam disfuno em determinadas reascorticais pr-frontais do hemisfrio direito, ou do corpo ca-loso, Bermond (2003) props uma nova categorizao paraalexitimia, distinguindo a de Tipo I e de Tipo II. Na alexitimiaTipo I, tanto os componentes afetivos, quanto os cognitivos,das experincias emocionais estariam comprometidos. Poroutro lado, na alexitimia Tipo II, apenas os componentes

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    B. V. Carneiro & E. M. P. Yoshida

    cognitivos das emoes estariam prejudicados. Nesse caso,a alexitimia estaria associada s doenas psicossomticas,como ser mais bem explicado posteriormente.

    Considera-se alexitimia Tipo I quando h leso: (1) nohemisfrio direito; (2) em estruturas pr-frontais como ocrtex cingulado anterior (CCA), regio dorsolateral erbito-frontal; ou ainda, (3) se houver hipoatividade nessas

    regies pr-frontais (Larsen & cols., 2003). Essas regiespr-frontais so ricas em receptores dopaminrgicos, tmconexo neuronal com o sistema lmbico (motivacional) e,quando lesionadas ou hipoativas, comprometem a vivnciae expresso das emoes (Bermond, 2003). Nesse tipode alexitimia, o componente afetivo (valor ou valncia)das experincias emocionais e as respostas siolgicascorrespondentes cariam comprometidos, uma vez queestruturas que exercem papel fundamental no processode avaliao da emoo estariam prejudicadas. Comoconsequncia, o processo de elaborao cognitiva das ex-

    perincias emocionais tambm caria afetado (Bermond,2003; Larsen & cols., 2003).

    De acordo com documento produzido pela OrganizaoMundial da Sade (World Health Organization-WHO), asregies rbito-frontal e do CCA tm sido associadas a situ-aes de aprendizagem instrumental (estmulos reforadorese punies) que incluem emoes (WHO, 2004). O CCA tem

    papel importante na percepo dos sentimentos, pois mantma informao na memria operacional, enquanto auxilia naorganizao dos aspectos siolgicos e motores do sistemade resposta emocional (Taylor, 2000). O CCA uma peque-na regio localizada na parte anterior do corpo caloso queliga os lobos temporais entre si e amgdala (Lane & cols.,2000; Larsen & cols., 2003). A amgdala, por sua vez, faz

    parte do sistema lmbico que tem ligao com os gngliosde base - regio abundante em neurnios dopaminrgicos,com controle sobre os movimentos e papel importante nasemoes. Quando esse circuito (estruturas pr-frontais es-

    peccas, sistema lmbico e gnglios de base) se encontradisfuncional, h prejuzo das emoes, tomada de deciso,

    planejamento e iniciativa (WHO, 2004).O estudo de Lane e cols. (2000) envolveu pacientes ale-

    xitmicos, com ausncia tanto da vivncia (experincia) emo-cional quanto de seu processamento cognitivo. Por meio deexames de neuroimagem, os resultados do estudo sugeriramque a incapacidade de regular e processar cognitivamente asemoes estava associada a um dcit na atividade do CCAdireito, durante excitao emocional. Lane e cols. atribuema essa rea a habilidade de perceber o estado mental e emo-

    cional, tanto em si quanto no outro, sendo que a existncia deleses afetaria os componentes afetivos e, por consequncia,tambm os cognitivos.

    Taylor e Bagby (2004) apontam que a hiptese de Lanee cols. (2000) foi conrmada no estudo francs de Berthoze colaboradores, em 2002, que usou o exame de ressonnciamagntica funcional para avaliar a atividade cerebral duranteobservao de cenas com contedo emocional. Em relao satividades do CCA e regio mdio-frontal, foram observadasdiferenas associadas ao valor emocional atribudo ao est-mulo (cena com contedo emocional), uma tarefa cognitivaatribuda ao hemisfrio esquerdo.

    Na alexitimia Tipo II ou cognitiva, o problema seria de-corrente de leso ou disfuno no corpo caloso, feixe nervosoque comunica os dois hemisfrios e permite integrao etransmisso de informaes entre eles. Pacientes que apresen-tam leso nesse feixe nervoso demonstram comprometimentoapenas no componente cognitivo das emoes (Larsen &cols., 2003). Esses pacientes teriam a vivncia emocional

    acompanhada das respostas autonmicas correspondentes,mas no conseguiriam interpretar ou elaborar cognitivamentea emoo vivida nem a excitao autonmica experienciada(Bermond, 2003). Essa hiptese foi conrmada em algunsestudos citados a seguir.

    Bermond (2003) menciona, por exemplo, o estudo deGazzaniga e LeDoux em 1978, em que pacientes com ocorpo caloso trans-seccionado no tiveram diculdades paraatribuir valor a estmulos emocionais processados apenas nohemisfrio direito (HD). Porm, a avaliao que faziam serestringia aos aspectos emocionais, sem a elaborao cog-nitiva dos mesmos, a qual seria uma funo do hemisfrioesquerdo. Esse estudo utilizou um delineamento de pesquisaque permitiu evidenciar o funcionamento de cada hemisfrioe do corpo caloso.

    Normalmente, quando um estmulo apresentado no cam-po visual (direito e esquerdo) das pessoas, ele processado deforma cruzada pelos hemisfrios, e o corpo caloso possibilitaa integrao das informaes processadas separadamente(Purves & cols., 1997). No estudo de Gazzaniga e LeDoux(1978), descrito por Bermond (2003), os pesquisadoresapresentaram informaes apenas no campo visual esquerdodos pacientes e estas foram ento processadas diretamenteno HD (no-verbal). Uma vez que as informaes estavamimpedidas de chegar ao HE devido leso, no eram elabo-radas cognitivamente. Resultado semelhante foi observado

    por Buchanan e cols. (1980), quando estmulos eliciadoresde emoo foram apresentados a uma paciente com corpocaloso seccionado. Nesse estudo, como no anterior, a pacientereagia demonstrando emoo, mas no conseguia explicarclaramente o que lhe causava tal reao.

    Para Bermond (2003), estudos como os citados acimaevidenciam que, por falta de comunicao inter-hemisfrica,os componentes afetivos dos estmulos emocionais so en-viados diretamente do sistema lmbico ao HE. Este ltimo,no conseguindo interpretar adequadamente, nem inibir oucontrolar as respostas siolgicas autonmicas decorrentesda emoo vivida (uma funo que depende de integraoentre os dois hemisfrios), faria inferncias incorretas arespeito das causas das respostas siolgicas autonmicas,

    interpretando-as como sintomas de doenas (Taylor & Ba-gby, 2004). Larsen e cols. (2003) acrescentam que, quandoas respostas autonmicas no so inibidas ou controladas,tornam-se desreguladas, crnicas e desencadeiam nveiselevados de adrenalina e noradrenalina no organismo. Osistema imunolgico, enfraquecido, facilitaria a ocorrnciadas doenas (psico)somticas (p. 538). Dessa perspectiva,

    portanto, a associao entre alexitimia Tipo II e doenaspsicossomticas pode ser sugerida pela hiptese de incapa-cidade de conscientemente regular ou modular as emoes,devido falta de integrao das informaes processadasem cada hemisfrio.

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    Alexitimia

    Taylor e Bagby (2004) discutem vrios estudos experi-mentais realizados recentemente, e um deles corrobora osachados sobre o funcionamento neurolgico e o processa-mento das emoes. O estudo de Hariri, Bookheimer e Ma-zziotta (2000, conforme citado em Taylor & Bagby, 2004),ao utilizar exame de neuroimagem, constatou aumento naatividade das amgdalas direita e esquerda quando os parti-

    cipantes tinham como tarefa emparelhar uma gura alvo aguras de faces que expressavam raiva ou medo. Quando atarefa era decidir entre duas palavras e nomear aquela queidenticava a expresso observada em uma face (tarefacognitivo-verbal), houve reduo de atividade na amgdalae aumento de atividade no crtex pr-frontal direito. Comosugerem Taylor e Bagby, esses resultados ilustram o modode funcionamento neuronal que permite aos indivduosutilizarem funes corticais superiores (como decidir e no-mear) para regular o processamento das emoes em regiessubcorticais do sistema lmbico, como a amgdala. Acrescen-tam, ainda, que por meio dos resultados do referido estudode Hariri e colaboradores, poder-se-ia levantar a hiptesede que indivduos mais alexitmicos, portanto com menoscapacidade para identicar e nomear suas emoes, teriammais diculdades em controlar as respostas da amgdala doque indivduos menos alexitmicos.

    Consideraes Finais

    Estudos em neurobiologia indicam que a modulao derespostas emocionais, a partir de sistemas corticais superio-res, envolve uma integrao das funes de cada hemisfrio,ou seja, da capacidade verbal do hemisfrio esquerdo coma capacidade de avaliar e regular as emoes do hemisfriodireito. Apesar de promissores, h de se notar que esses es-tudos so ainda incipientes, posto que baseados em situaes

    bastante controladas e especcas, nem sempre passveisde generalizao para situaes complexas de vida em queinmeros fatores podem comprometer a capacidade de entrarem contato com as emoes e verbaliz-las.

    As novas evidncias, propiciadas pelas pesquisas na reada neurobiologia, descortinaram uma nova perspectiva deexplorao da alexitimia e vm colaborando para o papeldesempenhado pelos fatores biolgicos na sua etiologia. Noentanto, muitas questes seguem sem respostas e demandamnovas pesquisas. necessrio, por exemplo, esclarecer o pa-

    pel desempenhado pelos demais fatores que tm se mostradorelevantes na etiologia da alexitimia e compreender como

    eles interagem entre si, potencializando-se ou abrandandoos seus efeitos.

    Alm disso, preciso elucidar como cada um dos fatorescontribui para outras comorbidades s quais a alexitimiatem sido associada, tais como, dependncia de substnciasqumicas (Carneiro, 2008; Haviland, Shaw, Cummings &MacMurray, 1988; Maciel & Yoshida, 2006; Mann, Wise,Trinidad & Kohanski, 1995), altos nveis de ansiedade(Jula, Saminen & Saarijrvi, 1999; Pregnolatto, 2005),depresso (Luminent, Bagby & Taylor, 2001), hipertensoessencial (Jula & cols., 1999; Lipp, Alcino, Bignotto &Malagris, 1998), dor plvica (Oliveira, 2001), transtorno de

    pnico (Torres & Crepaldi, 2002), estresse ps-traumtico(Morrison & Pihl, 1989), enfermidades inamatrias intes-tinais (Guimares & Yoshida, 2008), entre outras.

    Em face do valor heurstico que o conceito de alexitimiatem demonstrado, preciso, portanto, seguir pesquisando, nointuito de esclarecer mais completamente sua natureza e comisto abrir perspectivas mais efetivas para o seu tratamento

    e preveno.

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    Recebido em 23.02.07

    Primeira deciso editorial em 18.03.08

    Verso nal em 13.04.08

    Aceito em 20.11.08