alentejo - seara vocabular 08 - mjsilva 1985

30
ALENTEJO – uma SEARA VOCABULAR – 08 Riquezas dos Falares Regionais Manuel João da Silva (Santiago do Cacém – Sines - 1985) 08 MJSilva José Rabaça Gaspar – 2012 11

Upload: jose-rabaca-gaspar

Post on 06-Aug-2015

185 views

Category:

Documents


10 download

DESCRIPTION

Alentejo - Seara Vocabular 08, baseado na obra RIQUEZA DOS FALARES REGIONAIS, de Manuel João da Silva, ed. CM de Santiago do Cacém, 1985, com sete deliciosos contos e um singular vocabulário a enriquecer esta imensa SEARA...

TRANSCRIPT

Page 1: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

ALENTEJO – uma SEARA VOCABULAR – 08

Riquezas dos Falares Regionais

Manuel João da Silva (Santiago do Cacém – Sines - 1985)

08 MJSilva

José Rabaça Gaspar – 2012 11

Page 2: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012

2

GLOSSÁRIO ALENTEJANO

In Riquezas dos Falares Regionais, de Manuel João da silva (Santiago do Cacém – Sines - 1985)

TERMO / expressão or. CITAÇÃO/INFORMAÇÃO

/Significado

OBRA Pag

ABALAM DESENGAITERADOS

Abalam a correr MJdaSilva C3

ABALAR DE ESCALHO

TAPADO

Abalar à pressa sem dizer nada a ninguém MJdaSilva C7

ABALAR DE RABO RIPADO Abalar à pressa e envergonhado, de qualquer lugar por ter sido expulso ou por ter medo.

MJdaSilva C7

ABALOU DE RABO RIPADO Abalou à pressa e envergonhado por ter levado uma

descompostura ou uma tarefa

MJdaSilva C3

ABAXAR O FACHO A pessoa calar-se ou começar a falar menos, durante uma discussão.

MJdaSilva C7

ABÊSPRA Vespa. Pessoa que se zanga rápida e violentamente MJdaSilva C7

ABROGOAR Acabar uma tarefa nos trabalhos agrícolas. Guardar

alfaias e produtos colhidos

MJdaSilva C4

ACABEDOU-ME Pertenceu-me MJdaSilva C4

ACAREAR Juntar bens materiais, produzir, angariar MJdaSilva C6

ACÊRAR Andar a observar disfarçadamente uma pessoa ou coisa MJdaSilva C7

Page 3: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais

3

ACERTAR NA MUJA Pôr uma bala, uma malha, etc., no ponto central dum

alvo

MJdaSilva C5

ACILHAR Assentar, permanecer MJdaSilva C3

ADARNANDO Pessoa que caminha com dificuldade debaixo duma grande carga (Será corruptela de adernar)

MJdaSilva C7

AFIAMBRAR Diz-se quando várias pessoas fazem qualquer actividade

em competição e cada um faz o melhor que sabe

MJdaSilva

AGORA É QUE VOCEIA ME PARTIU

Deixou atrapalhado MJdaSilva C5

AGUENTAR O PUXO Aguentar o trabalho ao desafio com outra pessoa MJdaSilva C6

AH! AGORA CÁ Nada disso! MJdaSilva C1

AI QUE ME DERRETO TODA...

Dito com que se pretende ridicularizar uma pessoa presumida, que fala de maneira afectada com intenção

de se tomar muito simpática ou fazer-se passar por

pessoa culta

MJdaSilva C7

AINIM Ferimento, estrago causado por qualquer objecto MJdaSilva C2

AJUNTAR Trabalho geralmente feito por mulheres, que consistia

em juntar as paveias em braçados que eram colocados

sobre os atilhos, para fazer os molhos, que os homens, como mais possantes, apertavam e enrolavam as pontas

para não se desatarem

MJdaSilva C7

ALARGAR OS COSES DAS CALÇAS

Como o trabalho é muito violento, as pessoas emagrecem e as calças ficam largas

MJdaSilva C6

ALBARDAS ISSO (TU)? Tu consentes ou admites ofensas? MJdaSilva C7

ALBORCADA Tacho ou prato com grande quantidade de comida MJdaSilva C6

ALCRAPOCHAR-SE Zangar-se, tomar atitudes agressivas MJdaSilva C3

ALCURSAR Conseguir MJdaSilva C6

ALDEAGAR Conversa que uma pessoa faz para se defender ou MJdaSilva C7

Page 4: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012

4 justificar, mas sem convencer ninguém

ALFAQUE Cova na estrada, geralmente causada pela água da

chuva

MJdaSilva C2

ALGOSO Egoísta, pessoa que quer tudo para si MJdaSilva C2

ALICATES Os dedos MJdaSilva C7

ALOA Falatório numa localidade, escândalo motivado por uma

má acção praticada

MJdaSilva C7

ALOMBAR Pôr às costas MJdaSilva C4

AMEZIAR Denunciar uma pessoa à autoridade por qualquer infracção que tenha cometido

MJdaSilva C2

ANDAR A ASSOMBRAR Andar a exercer influência sobre uma pessoa ou coisa MJdaSilva C6

ANDAR A CARREGAR

PEDRAS

Diz-se do rapaz que vai visitar a namorada MJdaSilva C3

ANDAR COM AS VENTAS

NO AR

Andar - dum lado para o outro de cabeça n ar,

conquistando as raparigas

MJdaSilva C3

ANDAR GRUNDANDO Animal que anda entretido a procurar alimento, em

liberdade

MJdaSilva C2

ANDAR NA AMANSIA Dizia-se das crianças quando começavam a trabalhar à

jorna, em comparação com os bezerros ou outros

animais domésticos quando começavam a ajudar o homem nos trabalhos campestres

MJdaSilva C6

ANDAR ÔS TIRAPUXOS Puxar e empurrar violentamente alguém. Lutar MJdaSilva C7

ANDEM AQUI DE TIRA

VIRÃ

Quando uma pessoa provoca outra continuamente,

aproveitando todas as ocasiões para a ofender

MJdaSilva C7

ANDI PEGADA A PATROA Andei a lutar corpo a corpo MJdaSilva C7

APANHAR O PAU Chegar tarde ao trabalho MJdaSilva C6

APANHAR UMA

CHARAMBUTADA

Apanhar uma repreensão de forma violenta e rápida MJdaSilva C2

Page 5: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais

5

APANHAR UMA

CHARUTADA

Apanhar uma repreensão no trabalho dado pelo patrão

ou pelo encarregado

MJdaSilva C6

APANHAR UMA PESSOA ONDE SÓ 4 OLHOS VEJAM

Diz-se quando se ameaça de agressão uma pessoa quando se encontra só

MJdaSilva C6

APORREAR Provocar com palavras ofensivas ou sarcásticas MJdaSilva C7

APRACER ASSIM Aparecer grávida MJdaSilva C3

APRACER EM CASA O

GAJO DA BOTA FINA OU APRACER O GASPAR

Acabar-se a alimentação ou haver dificuldades em casa

do pequeno agricultor

MJdaSilva C5

APRACEREM A UMA ILHA

DE CORNOS

Geralmente quando uma pessoa se zangava com outra

mandava-a «ap'racer a esta ilha». Era uma frase ofensiva

MJdaSilva C7

APRACEREM COM OS

SALÊROS EM BAIXO

Aparecerem com os cornos partidos (cabeça partida)

Salêros - Espécie de caixas feitas em chifre de boi onde os trabalhadores usavam o sal

MJdaSilva C3

APRELAITADA Que apresenta modos e vestuário de pessoa fina (Cremos

ser corruptela de «aperaltada»)

MJdaSilva C7

APUS DELA Ir em sua perseguição MJdaSilva C7

ARARA Pessoa fraca MJdaSilva C4

ARMANHA Grande volume MJdaSilva C4

ARRAMADA Casa onde os bois dormem e se alimentam durante a

noite

MJdaSilva C6

ARREPARTIR A CEIA Pôr a comida na mesa MJdaSilva C4

ARROMBAR Deslocar os ossos ou os músculos por causa de um grande esforço

MJdaSilva C4

ARROTI-LE Respondeu à letra, a alguém mostrando não ter medo.

Ameaçar

MJdaSilva C7

ASTICIOSOS Artistas. Mas neste caso tinha a sentido contrário MJdaSilva C7

Page 6: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012

6 ASTÓIRO DE FAMILA Muita gente junta a ouvir uma discussão, a ver uma

zaragata, um espectáculo (Cremos que este termo é corruptela de auditório)

MJdaSilva C7

ATABANITO Espiga de trigo pequena e enfezada, quase sem grão MJdaSilva C4

ATAR Na ceifa manual, o trigo é atado em molhos com atilhos

feitos com os caules do trigo ceifado

MJdaSilva C7

ÁTÉ TENHO RESCUNHO Até tenho nojo, aborrecimento MJdaSilva C7

ATÉI É PENA ANDAR À SEMANA

Comentário e crítica que se faz a uma pessoa com pretensões a ser «gente fina» mas que tem que trabalhar

nos serviços rudes do campo

MJdaSilva C7

ATIÇAR Incitar uma pessoa a fazer mal a outrem MJdaSilva C7

ATINGÉINO Discussão acalorada, escândalo MJdaSilva C7

ATRÁS DAS ESTEVAS No campo, no monte MJdaSilva C5

BACAISO Tiro de espingarda MJdaSilva C2

BALDEADO Individuo «aéreo», sem orientação de vida MJdaSilva C3

BALSA Espécie de alcofa de palma, com tampa e uma faixa para

trazer ao ombro

MJdaSilva C7

BARROSOS, LAIMAS Pés MJdaSilva C4

BASTA QUE SIM Expressão que significa que a pessoa desconhecia o que

ouviu dizer ou para mostrar atenção à pessoa que fala

MJdaSilva C7

BATATAS BALHADAS Batatas sem qualquer outro alimento a acompanhar MJdaSilva C4

BATER AS COLHERES Morrer MJdaSilva C7

BATUCALHO Ataque epiléptico MJdaSilva C2

BELO TRABALHO PARA

FAZER MACACO

Fazer dor nas costas por se andar curvado muito tempo MJdaSilva C6

BENZE-TE Não apanhas nada, não tens sorte nenhuma MJdaSilva C6

BILHARDÊRA Mulher pouco asseada MJdaSilva C2

BILHARÊTA Malandrice, má acção MJdaSilva C3

Page 7: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais

7

BISCAINHA Mulher má, que gosta de ver as pessoas em desordem MJdaSilva C7

BOI CAPADO NÃO SE

DESCAPA

Não se pode desfazer aquilo que foi feito MJdaSilva C3

BORNICOS Pequenos galhos secos que caem dos sobreiros, com ao cortiça por fora e a madeira apodrecida por dentro

MJdaSilva C7

BORRALHADA Tiro de espingarda caçadeira MJdaSilva C2

BORRASÊRO Chuva miudinha MJdaSilva C2

BORREFA Pessoa modesta, exageradamente vaidosa, que se julga importante

MJdaSilva C7

BRIGAR Esforçar-se, teimar até conseguir o que pretende MJdaSilva C5

BUFÊRO Cu MJdaSilva C6

CACAISOS Copos de vinho na taberna MJdaSilva C6

CAGÁ SENTENÇAS Só a mandar os outros trabalhar, ou dar opiniões descabidas

MJdaSilva C7

CAGANIFÃINÇA Pequena quantidade ou coisa sem importância MJdaSilva C7

CAGOU CAROCHO Nada, nunca, de modo nenhum. Ex: A respeito de pagar

o que deve, cagou carocho

MJdaSilva C3

CAGUFE Medo MJdaSilva C3

CAIR DA BURRA ABAXO Compreender de momento, uma situação que desconhecia

MJdaSilva C3

CALATRÓIA Refeição cozinhada à pressa, geralmente feita no campo MJdaSilva C7

CALHOU A COTA COM A PERDIGOTA

Diz-se quando se juntam duas coisas más ou com os mesmos defeitos

MJdaSilva C3

CANORÇA Termo para exprimir uma mulher desajeitada no falar e

no vestir

MJdaSilva C6

CARA DE ESCÁRNE De modo escarninho MJdaSilva C7

CARAS ALTAS QUE ANDA A FORTUNA A RÉS 00

Expressão que as pessoas usam para se avisarem umas às outras quando alguém deita gases malcheirosos

MJdaSilva C4

Page 8: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012

8 CHÃO

CARCACHADA Gargalhada MJdaSilva C5

CARGUIO Carga grande MJdaSilva C4

CARPINTINA Barulho que uma pessoa faz quando está zangada, ou se lamenta por muito tempo em voz alta

MJdaSilva C2

CARRIÇOS Sobreiros pequenos que nascem debaixo dos outros

maiores e têm que ser desbastados

MJdaSilva C6

CARROLÊRA Caminho feito pelas rodas das carroças, através dos campos

MJdaSilva C2

CARROLÊRO Copo de vinho (na taberna) MJdaSilva C2

CASA NÃO PRECISA DE

MOIRÕES (A)

Isto dizem os pais das raparigas para afastar os rapazes

que se vão encostar às paredes da casa para as namorar

MJdaSilva C3

CASCOS Pinhas secas para queimar MJdaSilva C4

CASÊRO Porco de engorda, do pequeno agricultor MJdaSilva C2

CASMARROS Pequenos sobreiros que se arrancam quando é preciso

desbastar o montado

MJdaSilva C7

CAVAR MILHO Sachar milho MJdaSilva C6

CELIMA Cinema MJdaSilva C7

CHALDABALDA Diz-se quando se queima qualquer coisa em que o fogo faz grandes labaredas mas de pouca duração

MJdaSilva C6

CHEGAR A ALBARDA P'RA

DIANTE A ALGUÉM

Agredir, bater em alguém MJdaSilva C4

CHEGAR O VINAGRE AS

VENTAS

Arreliar-se, começar a zangar-se MJdaSilva C4

CHEIA DE NOVE HORAS À

MEIA NÔTE

Diz-se com ar de crítica quando uma pessoa se apresenta

com luxo exagerado

MJdaSilva C7

CHÊRANDO MANTUROS Um rapaz andar de casa em casa à procura de raparigas MJdaSilva C3

CHUPÃO Pequena chaminé só para fazer lume e aspirar o fumo MJdaSilva C4

Page 9: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais

9

CILHA DE TERRA Terreno bastante comprido e estreito MJdaSilva C4

COCA ou COQUEIRA Cozinheira que no campo faz a comida para os

trabalhadores rurais

MJdaSilva C6

COCARIA Lugar onde os trabalhadores dum grupo, fazem o comer e dormem, isto nos trabalhos do campo, conjuntamente

com os utensílios de cozinha e roupa

MJdaSilva C6

COM A BUTANA APEGADA AO CHÃO

Sentada com o rabo no chão sem se levantar, nem incomodar

MJdaSilva C7

COMEÇOU A COZER

ABOBRA

Mudar de atitude por medo das consequências,

arrepender de ter tomado uma decisão

MJdaSilva C7

COMO QUEM PISOU UM SACO DE ALACRARAS

(LACRAUS)

neste «dito» pretende-se comparar as pessoas más com os lacraus quando são provocados

MJdaSilva C7

COMO QUEM PRANTOU PITROL NO LUME

Quer dizer que uma pessoa se zangou rápida e violentamente

MJdaSilva C7

CONDO O RELÃO TUFA

QUE FARÁ. O PÓ

Aqui cita-se o rolão (farinha grosseira) e o pó (farinha

fina) para significar que se uma pessoa é vaidosa sendo pobre, o que faria se fosse rica. Tufa cresce, incha

MJdaSilva C7

CONTARÊLOS Alcovitices, mentiras MJdaSilva C7

CORNO (O) O saleiro. Os trabalhadores rurais usavam geralmente o

sal dentro dum chifre de boi cortado e ralhado nas duas extremidades

MJdaSilva C7

CU P'LOS TORRÕES (O) Pessoa baixa MJdaSilva C3

CUDE NAS SUAS OVELHAS

QUE OS MÊS CARNÊROS ANDAM À SOLTA

Esta expressão é dita pelas mães que têm filhos às que

têm filhas

MJdaSilva C3

DAR ÀS HORAS Fazer cumprir o horário de trabalho num grupo de

trabalhadores

MJdaSilva C7

Page 10: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012

10 DAR UM MALHÃO Cair, dar uma queda (Serra E. – deu um carvalhós…) MJdaSilva C4

DAR UMA REMALHA Dar uma tareia MJdaSilva C4

DAR UMA TUNA Dar uma tareia MJdaSilva C7

DAR VIVAS À QUESTINA Lamentar-se uma pessoa ou protestar violentamente por qualquer coisa que lhe desagradou

MJdaSilva C2

DE RAMOTÃO De mau modo. Com brutalidade MJdaSilva C7

DEIXAR FURAR A MANTA Diz-se quando o pastor deixa o gado fazer estragos nas

searas ou outras plantas

MJdaSilva C6

DEIXARAM O CAPOTE EMPENHADO

Expressão que significa que num rancho de pessoas a ceifar, os atadores não conseguem ao mesmo tempo,

atar em molhos, todo o trigo que os companheiros ceifam

MJdaSilva C7

DELADOIRO Desordem, desarrumação de objectos, casa desarrumada MJdaSilva C2

DELANÊRO Luta, zaragata MJdaSilva C7

DERREMUNHO Remoinho de vento. Diz-se de uma pessoa que dá muitas

voltas, rapidamente, na dança, principalmente

MJdaSilva C7

DESABAGACHADAS Com o fato desabotoado MJdaSilva C7

DESCOSER-SE A MANTA Descobrir-se um segredo MJdaSilva C2

DESEMBOGAR Dar a primeira lavagem à roupa ou à loiça para lhe tirar a maior quantidade de sujidade

MJdaSilva C4

DESEMBOGAR A LOIÇA Dar-lhe a primeira lavagem para uma vez com mais

tempo lavar convenientemente

MJdaSilva C7

DESPADIR Partir a correr MJdaSilva C5

DESSEM QUE FAZER Admitissem no trabalho, empregassem MJdaSilva C7

DESTAQUES Palavras descabidas ou inconvenientes MJdaSilva C7

DÊTAR OS BOFES PELA

BOCA

Estar muito cansada MJdaSilva C7

DÊTO-LE OS CABOS Agarrei-a com as mãos MJdaSilva C7

DEVE SER MAIS OUTRA É uma expressão que se diz quando se ouve uma pessoa MJdaSilva C3

Page 11: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais

11

PELE ameaçar outra e se pretende ridicularizar a pessoa que

ameaça, fazendo crer que vai matar a outra e tirar-lhe a pele, para juntar a outras que já tem

DIABO CAGOU PEDRAS

(O)

Diz-se dum lugar onde há muitas pedras ou outras coisas

prejudiciais

MJdaSilva C6

É CAJADIÇO Tendência para Ex.: é cajadiço a adoecer MJdaSilva C4

É COMO A BICHA, TEM QUE PICAR TRÊS VEZES O

DIA

Segundo a crença popular nalgumas regiões, a bicha (víbora) tem que picar seja no que for, três vezes por

dia. Comparava-se então com este animal, à pessoa má

ou «neurótica» que tem de ofender os outros mesmo sem motivo justificado

MJdaSilva C7

É COMO LAVAR A CABEÇA

A UM BURRO E MANDÁ-LO P'RÓ ESPOJÊRO

Usa-se esta expressão quando se aconselha uma pessoa

para o bem e ela procede ao contrário

MJdaSilva C2

É POETA É esperto, desembaraçado, artista MJdaSilva C5

EMBÊRADA Bocado de terra húmida onde se cultivam produtos de

hortejo

MJdaSilva C4

EMPESTADA Ofendida, zangada MJdaSilva C4

EMPINADELAS Discussões acaloradas MJdaSilva C4

EMPINAR AS AIVECAS Morrer MJdaSilva C4

ENCABECIONAR Manter uma ideia fixa, apaixonar-se MJdaSilva C3

ENCHER A MALVADA Encher a barriga MJdaSilva C6

ENCHER A MULA Encher a barriga MJdaSilva C2

ENFUSTO COM ELA Invisto com ela, empurrei-a violentamente MJdaSilva C7

ENGRENÇO Criança de tenra idade ou ainda por nascer MJdaSilva C3

ENREGAR A PESCAR Começar a cabecear com sono MJdaSilva C4

ENSAMPADO Muito admirado MJdaSilva C4

Page 12: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012

12 ERA FÊTA DE CHÊXOS

BRANCOS

Calhaus de quartzo MJdaSilva C4

ERA UMA BOA FÔCE Era uma boa ceifeira MJdaSilva C7

ESBORNICOU-SE Partiu-se, estragou-se MJdaSilva C5

ESCOPAITA Pessoa que quer as coisas muito perfeitas e geralmente

põe defeitos em tudo quanto os outros fazem

MJdaSilva C2

ESMANGRITAR-SE Desfazer-se, encangalhar-se MJdaSilva C7

ESPALAIADA Mulher que usa de modos e amabilidades exageradas. Afectada na maneira de falar

MJdaSilva C7

ESPERNEGO-TE Mato-te, dou cabo de ti MJdaSilva C7

ESPOJÊRO DUM BURRO Pequena courela MJdaSilva C4

ESTABERNEQUIAVA Som produzido pela mulher que lava a louça, arruma os

móveis, mexe em objectos..

MJdaSilva C4

ESTAFOREIA Lida agitada, trabalho feito à pressa MJdaSilva C6

ESTAR DELAINHO Diz-se do tempo quando está muito chuvoso, ou duma

pessoa que está bem disposta e fala muito

MJdaSilva C2

ESTAR NA MÓ DE BAIXO Estar numa posição inferior em relação a outra pessoa MJdaSilva C5

ESTARRABAGIDA Termo onomatopaico. Significa o som produzido por um carro que trava repentinamente, um animal que

escorrega com as ferraduras

MJdaSilva C4

ESTENDER A APÊRAJA Cair. Ficar estendido no chão MJdaSilva C7

ESTICÃO Grande caminhada MJdaSilva C2

ESTRAFANÁIRA Estouvada, «aérea», pouco cuidadosa MJdaSilva C4

ESTRELAIO - Coisa mal apresentada por desmazelo, desarrumação MJdaSilva C4

FALAR A POLÍTICA Falar na linguagem das pessoas cultas MJdaSilva C5

FALE BEM QUE JÁ TEM

DENTES

Era uma forma suave de repreender uma pessoa pelas

palavras indecentes ou ofensivas que proferia

MJdaSilva C7

FANGUÊROS (120) 120 escudos MJdaSilva C7

Page 13: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais

13

FARRAJO DE PÃO Naco de pão MJdaSilva C7

FARRAMACHOS DE ANO

SECO

Diz-se quando uma pessoa se mostra muito zangada e

faz muito barulho, mas por fim tudo fica em nada. Grande aparato que não corresponde à realidade. Coisa

aparatosa que se desfaz em nada.

MJdaSilva C6

FAZ O TRABALHO POR CIMA DA BURRA

Faz o trabalho imperfeito por desmazelo, falta de cuidado ou má intenção

MJdaSilva C7

FAZER A ATADA ASSIM À

CACHAMÔRRA

Fazer propositadamente como vingança um serviço

imperfeito

MJdaSilva C7

FAZER BORRÊGOS Em grande parte dos casos, os lavradores eram avarentos para as suas mulheres, ao ponto de algumas

terem sérias dificuldades para comprarem quaisquer

objectos para uso doméstico ou mesmo roupa para si e para os filhos. Então vendiam produtos da propriedade

(feijão, trigo, milho, etc.) às escondidas dos maridos, a pessoas da sua confiança. Estes produtos eram vendidos

mais baratos que o preço corrente para os compradores

guardarem segredo. Era fazer um «borrego»

MJdaSilva C7

FAZER CARDENHOS Roubar géneros de pouco valor, pequeno roubo MJdaSilva C7

FAZER FIO DE PORCA

MAGRA

Andar apressadamente em qualquer direcção sem

atender nem reparar no que fica ao lado

MJdaSilva C5

FAZER GOVERNO Casar MJdaSilva C3

FAZER QUERENA Fazer um gesto de quem quer praticar qualquer acção MJdaSilva C4

FAZER UMAS RUAS Fazer uns aceiros MJdaSilva C7

FAZEREM UM CALCO Fazerem uma ideia. Avaliar MJdaSilva C7

FERROLHO Espingarda velha MJdaSilva C2

FÊTA À FACA Feita à pressa e de forma imperfeita MJdaSilva C7

FÊTA NUMA MIRRA Múmia. Cadáver que se disseca sem entrar em MJdaSilva C7

Page 14: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012

14 putrefacção, ficando só a pele e os ossos

FICAR NO CARRINHO Ser ultrapassado, no trabalho da ceifa, pelos

companheiros mais desembaraçados

MJdaSilva C6

FROXÉIS Roupa interior de senhora MJdaSilva C7

FURAR A GAMELA Comer toda a comida que se apresentou para a refeição MJdaSilva C6

FUSCATONA Mulher apresentável MJdaSilva C7

GAIFONAS Carinhos fingidos, modos muito graciosos com o fim de

conquistar alguém

MJdaSilva C7

GAITINHAS Centeio. Chama-se assim porque os garotos fazem gaitas com os caules deste cereal

MJdaSilva C6

GALGUÊRA Tarimba, cama improvisada MJdaSilva C3

GALHAPANÇO Gaiato, rapazote MJdaSilva C4

GANHANHA Pessoa desajeitada e preguiçosa MJdaSilva C6

GANHAR O CORNO DA MERDA

Dizia-se quando um trabalhador prejudicava os companheiros a favor do patrão para ganhar as «boas

graças» dele ou pequenos favores como recompensa

MJdaSilva C7

GARREAR COM OS CÃJE DOS LAVARDORES

Como uma desgraça nunca vem só, os cães odiavam e perseguiam os mendigos, certamente pelos andrajos que

traziam, o alforge e os sacos com farrapos para

improvisarem uma cama onde pernoitavam. Se chegasse uma pessoa bem vestida a casa do lavrador, os cães

geralmente não ladravam

MJdaSilva C7

GARROADA Aguaceiro, bátega MJdaSilva C2

GARROCHADA Aperto de mão MJdaSilva C2

GASGUÊRO Chapéu velho MJdaSilva C6

GIMBRAR (A) A trabalhar MJdaSilva C7

GOUCHA Pequena extensão de terreno coberta de mato MJdaSilva C6

GOZEAR O grunhir aflitivo dos porcos quando os estão matando. MJdaSilva C7

Page 15: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais

15

Neste caso significa sofrer

GRAMIÇO Pescoço MJdaSilva C7

HAVER CHAPUZ COM

COUVE

Haver zaragatas, conflitos violentos MJdaSilva C7

HORTA - Seara de milho MJdaSilva C6

HORTALIÇO Meeiro que cultiva uma seara de milho a meias com o

dono da terra, em que este semeia o milho e o outro

parceiro faz todos os trabalhos da cultura e da colheita

MJdaSilva C6

IA DEZENDO UMA

BRABURA

Ia dizendo uma palavra indecente MJdaSilva C7

IGREJA Taberna, venda MJdaSilva C2

IR A ESCOLA Ir ao mato buscar um feixe de lenha às costas MJdaSilva C4

IR A FALCA Ir à esmola MJdaSilva C6

IR A MATO Ir evacuar MJdaSilva C1

IR ABAXAR-SE Ir evacuar MJdaSilva C4

IR DE ESGALHARÊTA Ir apressadamente aos trambolhões MJdaSilva C7

IR LEVAR AS ALCOFINHAS Ir contar a outras pessoas, tudo o que sabe a respeito de

terceiros, com o fim de os prejudicar

MJdaSilva C7

IR PARA A CAGAMANCHA Ir para a cadeia MJdaSilva C2

IR RABOLINDO Sair apressadamente dum lugar, donde se foi expulso MJdaSilva C3

ISSO QUE ZUNA! Incitar alguém a trabalhar depressa MJdaSilva C7

ISTO ATÉ ME DÁ

FERNICOQUES

Expressão que se usa quando qualquer coisa faz enervar

uma pessoa e esta não pode desabafar

MJdaSilva C4

JÁ TAR PASSAGÊRO Já estar esquecido ou ter perturbações mentais devido à idade

MJdaSilva C5

JA VISTE O CU DA JUILA? Esta frase emprega-se em atenção à pessoa que

concordou com as nossas ideias

MJdaSilva C7

JAGÁS Burro MJdaSilva C2

Page 16: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012

16 JANEIRINHA Cevada que se semeia em Janeiro MJdaSilva C6

JARDO Terreno onde foi queimado o mato existente MJdaSilva C4

JOGO DE LOBOS Diz-se quando a casa se encontra desarrumada,

balbúrdia de objectos

MJdaSilva C2

JOGO DE MARJAS - O número de margens que cada ceifeiro ceifava duma

vez. As mulheres ceifavam 2 margens e os homens 3.

MJdaSilva C6

LÁ ESTÃO ELES NO

SURRADOIRO

Diz-se dos namorados quando estão a falar muito juntos

um ao outro

MJdaSilva C3

LÁ NOS SITOS ONDE A

ZORRA CANTA

Nos campos, nos montes MJdaSilva C5

LABORDA Desarranjo e porcaria MJdaSilva C6

LAMBANA Comida mal confeccionada e de sabor desagradável por falta de substâncias nutritivas (temperos)

MJdaSilva C7

LANCE COM A FÔCE Cada vez que se mete a foice à seara e se corta uma

mão cheia de caules de trigo

MJdaSilva C7

LANÊTA Coelho MJdaSilva C2

LASÊRO Aberta entre duas chuvadas MJdaSilva C2

LAVOR Melancial MJdaSilva C4

LEVANTAR-SE COM A

ESTRELA COM QUE O BOI

MÓSCA

É com o Sol que aparecem as moscas que apoquentam

os bois

MJdaSilva C5

LEVAR COM A TÁVUA NO

CU

Dizia-se quando um patrão despedia um trabalhador e

cortava relações com ele, de forma a nunca mais ser

admitido em qualquer trabalho nessa casa

MJdaSilva C7

LEVAR UM CAMAÇO Levar uma tareia MJdaSilva C7

LEVAS UM ENXUGO Levas uma tareia MJdaSilva C3

LEVAS UM ENXUGO Levas uma tareia MJdaSilva C6

LEVAS UMA REMALHA Levas uma tareia MJdaSilva C4

Page 17: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais

17

LINHO (NINHO) Cama MJdaSilva C4

LOMBERÃO Preguiçoso MJdaSilva C6

LOMBÊRONA Preguiçosa MJdaSilva C4

LUGARÊRO QUE NA PAGA LUGUEL, FORA COM ELE

Esta expressão era usada pelas pessoas, querendo dizer que as coisas inúteis (neste caso os «gases») deviam ser

expulsos como o inquilino que não paga renda

MJdaSilva C7

LUMES FUGIDOS Incêndios no campo MJdaSilva C7

MACHOCHINHO Pequena porção de qualquer coisa, coisa de pouco valor MJdaSilva C6

MANDAR NA FAMILA Orientar e vigiar um grupo de trabalhadores. Serviço de manajeiro ou capataz

MJdaSilva C7

MANGÔRRA Preguiça, falta de vontade para trabalhar MJdaSilva C6

MÃO DE TERRA Faixa de terreno com cerca de 10 metros de largura,

entre dois regos. «Enregava-se» assim a terra quando o trabalho da sementeira e adubação era manual

MJdaSilva C6

MÃO LAVA A OUTRA E AS

DUAS LAVAM O ROSTO (UMA)

Quer isto dizer que devemos retribuir às pessoas que nos

fazem favores

MJdaSilva C5

MARJA Cordão de cereal entre dois regos. Margem MJdaSilva C6

MASCAVLA Defeito, ferida, aleijão MJdaSilva C2

MEDIR UNS COPOS Encher copos de vinho ao balcão MJdaSilva C6

MÊS DA FÊRA DA ABELA Mês de Outubro MJdaSilva C6

MÊS DA FÊRA DE GARVÃO Maio MJdaSilva C6

MÊS DE ÊRAS Julho. Quando se faz o trabalho de debulha nas eiras MJdaSilva C6

MÊS DE S. JOÃO Junho MJdaSilva C6

MÊS DO BANHO DO 29 OU

DE S. ROMAO

Mês de Agosto MJdaSilva C6

MÊS DO NATAL Dezembro MJdaSilva C6

MÊS DOS SANTOS Novembro MJdaSilva C6

Page 18: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012

18 MILHARADA TA NA

BARRIGA DUMA TRAVOADA (UMA)

Esta expressão teve origem no facto de chover no Verão

quase só quando há trovoadas o que vai beneficiar as searas de milho que se cultivam nesta época

MJdaSilva C6

MILHO SAI ARRABOLÃO

(O)

Isto passa-se nas eiras onde vários meeiros punham o

milho a secar. Alguns menos honestos faziam rebolar as

maçarocas das «pélas» dos outros para as suas

MJdaSilva C6

MOÊRA Mangual, utensílio para malhar cereais MJdaSilva C6

MULHER POMBINHA Mulher que só vive para se enfeitar MJdaSilva C3

MUNTO CEGO ÉI QUE(n)iM

N A VÊi POR UMA REDE DE OVELHAS

Frase que se diz para manifestar o desagrado pela

ingratidão ou incompreensão duma pessoa

MJdaSilva C7

NÃ QUERIA DAR CRÉTO Ofereceu resistência. Não se queria deixar dominar MJdaSilva C7

NÃ QUERO AQUI

PATEFARIAS

Nã quero aqui palavras ofensivas ou atitudes

provocadoras

MJdaSilva C7

NÃ QUERO CÁ BACROS COM GUIZO

Não quero situações duvidosas ou que as pessoas possam censurar

MJdaSilva C7

NÃ TEM OS CINCO

ALQUEIRES BEM MEDIDOS

Não regula bem da cabeça MJdaSilva C7

NÃO CONHECER UMA LETRA DO TAMANHO DUM

BURRO

Ser analfabeto MJdaSilva C5

NÃO É CAPAZ DE DEITAR UMA ZORRA FORA DUM

VALE

Pessoa sem préstimo nem actividade MJdaSilva C2

NÃO HÁ MÉ NEM MEIO MÉ Não há nada a fazer MJdaSilva C3

NÃO QUERO CHOCOS Não quero namoros demorados MJdaSilva C3

NÃO SE DAR JUNTO

DENTRO DUMA ALCOFA

Expressão usada quando doem os músculos todos,

motivado pelo esforço do trabalho

MJdaSilva C4

Page 19: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais

19

VELHA

NEGÓIÇQ DA POÊRA Era a expressão usada pelos mendigos para designar a

esmola que apanhavam - geralmente uma tigelinha de farinha de milho. Farinhas = pó, poeira

MJdaSilva C7

NEM UMA BALA ME

PASSAVA

Expressão usada para significar que a pessoa está muito

zangada

MJdaSilva C7

O QUE NÃ VAI A ÊRA V AI À FÊRA

Que dizer que o cereal que não se aproveitou na ceifa, se não ia para a eira, era comido pelo gado que se vendia

na feira. Deste modo pouco se perdia

MJdaSilva C7

ONDA MARINHÊRA Diz-se quando num momento a pessoa per de a cabeça e pratica uma acção violenta

MJdaSilva C7

PANDÊRÃO Homem corpulento mas sem actividede. Indolente MJdaSilva C7

PANINHO DE ARMAR Rapaz pobre e pouco trabalhador mas que gosta de

andar bem vestido. (Esta expressão vem dos panos vistosos com que se armavam as barracas nas feiras,

festas, etc.)

MJdaSilva C3

PAPELOTE Espectáculo. Ridículo que provoca riso MJdaSilva C7

PARA NÃO ME ENCHER DE CABELOS NEM QUERO A

BURRA

Diz-se quando se prescinde de qualquer favor ou conveniência, sabendo de antemão que isso nos trará

aborrecimentos

MJdaSilva C2

PARDO LAMBARDO Ao anoitecer, lusco-fusco MJdaSilva C4

PASSAR DA BONECA Endoidecer MJdaSilva C3

PASSAR O MILHO À PÁ Trabalho nas eiras em que se lança o cereal ao ar para

que o vento leve as impurezas

MJdaSilva C6

PATACA Espécie de caixa de cabedal com tampa, própria para guardar tabaco, que se usava no bolso

MJdaSilva C7

PATINHAS DO MÊ GATO Deitei a correr MJdaSilva C7

Page 20: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012

20 (AH!)-

PEGA TUDO Começámos a luta MJdaSilva C7

PEL D'IRÓ Termo depreciativo geralmente usado pelo marido, em

relação à companheira

MJdaSilva C7

PÊLA Camada de maçarocas de milho que se estende na eira

para secar

MJdaSilva C6

PELADIÇO Extensão de terreno limpo no meio do matagal MJdaSilva C2

PELGAZONA Termo depreciativo que significa mulher que não merece consideração. Mulher forte e desajeitada

MJdaSilva C7

PERDIZES Papas de milho MJdaSilva C2

PÉS DA MULHER (OS) Assim se chama aos animais (geralmente burros) em que

as donas de casa do campo ou as ciganas, se deslocam nas suas viagens

MJdaSilva C2

PESPENÊGA Velhaca, mulher mal intencionada MJdaSilva C7

P'LAS CANDEIAS Na época da Senhora das Candeias que se festeja em 2

de Fevereiro

MJdaSilva C6

PÔR A ARREATA EM CIMA Expressão usada quando uma pessoa pretende educar outra, ou tenta chamá-la ao bom caminho e depois de

ver que não consegue o que pretende, a abandona deixando-a fazer tolices à vontade

MJdaSilva C3

POR AQUELES

CHARALDOS AFORA

Por matos e charnecas, nos descampados MJdaSilva C5

PÔR O CACIFRE A TRABALHAR

Pôr a frigideira ao lume para fazer um petisco MJdaSilva C2

PÔR O PENÊRO NOS

OLHOS DE ALGUÉM

Enganar alguém por grande espaço de tempo sem que

este se aperceba que está a ser enganado

MJdaSilva C2

PÔR PITAFE Pôr defeito MJdaSilva C3

PÔR-SE EM SÊ PÉ E EM SÊ Resolver-se a abalar ou a fazer qualquer coisa depois de MJdaSilva C4

Page 21: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais

21

TRAPO hesitações e dificuldades

PÔS-LHE AS PERAS A

OITO

Repreender asperamente e mandar embora uma pessoa

que nos quer prejudicar

MJdaSilva C3

PRESUNTOS Pés MJdaSilva C3

QUARTA (medida) Infusa, vasilha de barro para a água MJdaSilva C6

QUE Só COM UM CORNO Diz-se quando a terra está muito dura em que se torna

muito difícil o trabalho agrícola

MJdaSilva C4

QUEM ACOSTUMA BURROS A ASSOVALHOS,

TEM DOBRADOS OS

TRABALHOS

Isto quer dizer que quando se trata demasiadamente bem as pessoas ou animais, estes tornam-se mais

exigentes e de difícil convivência, ou seja mais

impertinentes

MJdaSilva C2

QUEM MUNTO SE ABAXA

O CU L'APARECE

Quando alguém se mostra muito tolerante, geralmente é

prejudicado e ofendido pelas pessoas más

MJdaSilva C7

QUEM NÃ TEM PANELA NÃ

PRESTA

Quem não tem «panela» (aqui significa vaidade e brio)

não presta por ser uma pessoa desmazelada

MJdaSilva C7

QUÊMOU-SE LOGO Deu-se sinal de ter sido atingida MJdaSilva C7

RABACÊRO Namoradeiro, perseguidor de mulheres MJdaSilva C3

RAIVENTA Pessoa feia e sem qualquer simpatia MJdaSilva C7

REPUXOU Deu, fez sair com força MJdaSilva C7

RESMORDER Criticar, repreender, resmungar MJdaSilva C7

RETALHÊRA Lebre MJdaSilva C2

REZÃO Palavra, expressão

RUA É DOS CÃES (A) A rua é livre. Ninguém pode mandar alguém embora

quando está na rua

MJdaSilva C3

SABUGO Maçaroca de milho, pequena, que não se criou

devidamente por falta de condições para se desenvolver

MJdaSilva C6

SAINONA Pessoa imbecil e pouco activa MJdaSilva C2

SAIR FORA 00 CORTE DE Sair fora do local onde trabalha para fazer qualquer MJdaSilva C6

Page 22: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012

22 TRABALHO necessidade

SALTA P'RA TERRÊRO Expressão que se usa quando se desafia alguém para

medir forças

MJdaSilva C6

SALVAR A JORNA Trabalhar no campo por conta própria e ganhar tanto como se trabalhasse à jorna

MJdaSilva C6

SAMEAR BUANO (GUANO) Adubar as terras espalhando adubo com a mão MJdaSilva C6

SAPELGA,.. SAPELGA... A

SALAMANQUEAR

Diz-se quando um coxo ou uma pessoa trôpega vai

andando depressa

MJdaSilva C6

SARMOCINA Repreensão ou discussão monótona e continua MJdaSilva C4

SEM CAJÃO Sem haver prejuízo, sem nada de mal MJdaSilva C4

SER O ESFREGÃO Ser uma pessoa que sofre debaixo do domínio de outra MJdaSilva C7

SEREMONIANOO

Cerimomiando

Cantarolando em voz baixa MJdaSilva C4

SERENA Gás mal cheiroso que sai sem ruído pelo ânus MJdaSilva C4

SINGELÊIRO Homem que tem como meio de vida uma carroça puxada

por uma parelha ou junta de bois

MJdaSilva C2

SÓ O MESTÉIRO QUE TEM Só o valor que tem MJdaSilva C3

SOL COELHÊRO NÃ ENGANA CABRÊRO

Diz-se quando em épocas de chuva o sol aparece descoberto e muito brilhante de manhã

MJdaSilva C2

SORTE DE CÃO CAPADO,

ATÉ AS CADELAS LE MORDEM

Expressão usada quando as coisas correm mal a uma

pessoa

MJdaSilva C7

SOVADA AVEIA Aveia MJdaSilva C6

SOVADA BRANCA Cevada MJdaSilva C6

SURRADOIRO Namoro «muito chegado» MJdaSilva C3

TÁ QUÊTA BIA! Nem pensar nisso! MJdaSilva C2

TAMÊRA Espécie de cabana improvisada com ramos para os caçadores se esconderem quando esperam caça

MJdaSilva C2

Page 23: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais

23

TAPAR O VELHO Ir a favor, defender MJdaSilva C7

TAS AÍ FÊTA CADELA Estás a ofender ou tratar mal alguém MJdaSilva C7

TASGANA Foice de ceifar MJdaSilva C6

TEMPO REMOLGOU (O) Diz-se quando depois de um período de bom tempo, aparecem sinais de chuva

MJdaSilva C7

TENHO A BARRIGA

APEGADA AS COSTAS

Frase usada pela pessoa que está cheia de fome e sente

a desagradável sensação de vazio no estômago

MJdaSilva C7

TENHO VISTO MUNTOS OLHOS PRETOS, AGORA

ASSIM CARA E TUDO NA É

FÁCEL

Comentário que se faz quando se observa qualquer acção menos correcta que choca as pessoas

MJdaSilva C6

TER A BURRA NAS

COUVES

Isto diz-se a qualquer pessoa quando as coisas não

correm bem

MJdaSilva C3

TER LETRAS Ter estudos, saber ler MJdaSilva C5

TER O RABO ENTALADO Ter cometido qualquer acção que não lhe interessava que fosse divulgada

MJdaSilva C7

TERRA CRÊRA Terra com xisto e saibro, argila MJdaSilva C4

TESTUGÓES Apertões, pressão feita com os punhos MJdaSilva C7

TIÇQS Bocados de lenha meio queimada (Tição) MJdaSilva C4

TODA ARREGOUGADA Espevitada, com ares de pessoa importante MJdaSilva C7

TODO DE CODILHO Todo duma só vez sem descansar MJdaSilva C7

TODO ENTRANQUILHADO Todo trôpego, caminhar com dificuldade e passo incerto, motivado pelas dores e velhice

MJdaSilva C7

TODO PARTIDO Moído de trabalho MJdaSilva C4

TOMOS NAS CANDEIAS Estamos a 2 de Fevereiro (dia da Senhora das Candeias) MJdaSilva C6

TOU A SERVIR DE ESPARRAGIL

Estou a servir de objecto de vexames, de escárnio, de «gozo»

MJdaSilva C7

TOUQUEMÔCHO Pessoa taciturna e atrasada MJdaSilva C2

Page 24: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012

24 TUDO NUM FRAGUME Muita gente a trabalhar apressadamente, cada um no seu

trabalho

MJdaSilva C7

ULA-ULA Diz-se quando o trabalho é feito à pressa e sem cuidado na sua perfeição.

MJdaSilva C6

UMA ZORRA TEM SETE

MANHAS E ELA TEM MANHAS DE SETE

ZORRAS

Ditado que se emprega quando se pretende denunciar as

más qualidades de uma mulher

MJdaSilva C7

VAI ABAXAR-TE Vai fazer as necessidades, evacuar MJdaSilva C4

VERGONHA NELE É COMO MANTÊGA EM FOCINHO

DE CÃO

Não tem vergonha nenhuma MJdaSilva C3

VIR COM A LUA BRABA Vir de mau humor ou com a «neura». Pessoa que se apresenta conflituosa em certos dias

MJdaSilva C7

VIR P'LO BURRO, VOLTAR

P'LA ALBARDA

Ir a um lugar em vão, sem realizar o que pretendia MJdaSilva C5

VOLTA AS TRUQUESES Morde com as mandíbulas, defende-se MJdaSilva C7

VOLTAR ALGUÉM DO AVESSO

Dominar alguém pela força física sem que o outro possa replicar

MJdaSilva C3

VOLTAR UM ANIMAL Enxotá-lo de qualquer cultura onde esteja a fazer dano MJdaSilva C3

ZAMBURINO Bordão, cacete MJdaSilva C3

ZÉ ANTÓINO AGARROU-SE A RODA DO CARRO

O carro ficou atascado ou caiu numa cova donde é difícil tirá-lo

MJdaSilva C2

Page 25: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais

25

Page 26: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012

26 Alentejo_searavocavular_SIGLAS usadas nos diversos documentos desta IMENSA SEARA VOCABULAR.

Siglas usadas nas tabelas:

AFAlves

Os Comeres dos Ganhões – Memórias de outros Sabores

Aníbal Falcato Alves

Campo das Letras Editores, S. A. Porto,

Maio de 1994

BCamacho

Memórias e Narrativas Alentejanas Brito Camacho - Guimarães Editores,

1988

CFicalho

O ELEMENTO ÁRABE NA LINGUAGEM DOS PASTORES ALENTEJANOS,

publicado in em A TRADIÇÃO de Serpa,

a partir do ANNO I - N° 6, Junho de 1899, p. 81, ver 97, 113 e 129

e in NOTAS HISTÓRICAS ACERCA DE SERPA e O ELEMENTO ÁRABE NA

LINGUAGEM DOS PASTORES

ALENTEJANOS, que nessa obra vai da página 141 a 173, Lisboa 1979

Conde de Ficalho Francisco Manuel

de Melo Breyner

Serpa, 27 de Julho de 1837 –

Lisboa, 19 de Abril de 1903), foi

um botânico

português e o 4º conde de Ficalho.

Tradiçao de Serpa, 1899

Notas Históricas

acerca de Serpa, 1979

Delgado

A Linguagem Popular do Baixo Alentejo e

o Dialecto Barranquenho,

Manuel Joaquim

Delgado

2ª ed. Ed. Assembleia

Distrital de Beja, 1983

FMRamos

Alcunhas Alentejanas

Francisco Martins

Ramos

Monsaraz, 1990

JPulga

Alentejanando – Estórias e Sabores Joaquim Pulga Editor, Casa do Sul 2006

Lobato

Amareleja Rumo à sua História Padre JoãoRodrigues

Lobato

Gráfica Eborense, 1961

Page 27: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais

27

Loendrero

Memórias de Manuel Loendrêro Humor à Alentejana

Luís Santa Maria Chiado Editora, 2011 07

Machado

Monografia de Vila Verde de Ficalho Francisco Valente Machado

Ed. Da Biblioteca – Museu de Vila Verde

de Ficalho, 1980

MFlorencio

Dialecto Alentejano Manuela Florêncio Ed. Colibri, 2001

MJSilva

RIQUEZA DOS FALARES REGIONAIS

Manuel João da

Silva

Ed. Câmara Municipal

de Santiago do Cacém e Sines – 1985

MRitaSerpa

Cancioneiro de Serpa Maria Rita Ortigão

Pinto cortez,

Edição da Câmara

Municipal de Serpa, 1994

PJardim

Crónicas do Avô Chico Nostalgia da minha Infância no Alentejo

Pedro Jardim Chiado editora, 2011

Roque

Alentejo CEM por Cento Professor Joaquim

Roque

Ed. CM Ferreira do

Alentejo - 2ª ed. 1990

VFBarros+

Dicionário de Falares do Alentejo - Ed.

Vítor Fernando Barros

Lourivaldo Martins Guerreiro

Campo das Letras – 2005

xCuba Alunos da EBI Fialho de Almeida- Cuba

xHMatos dotempodaoutrasenhora Hernâni Matos blog.net

xjTC, n° 0 Fev.94

Jornal Terras do Cante, Nº 0, FEV. 94 J. M. Monarca Pinheiro…

http://www.terrasdentro.pt/Edicoes/

Page 28: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012

28 xOlivenca José Luís Valiña Reguera

xxBarrancos1

A Linguagem Popular do Baixo Alentejo e o Dialecto Barranquenho – (Estudo

etnofilológico) –

Manuel Joaquim Delgado

2ª edição - Ed. da Assembleia Distrital de

Beja – 1983

xxBarrancos2

Filologia Barranquenha SEARA VOCABULAR – colecção feita na

máxima parte pela Excelentíssima Senhora D. Cesária de Figueiredo e

aumentada um pouco, e aqui e além

anotada por J. L. de V.

José Leite de Vasconcelos

Fac-simile de 1955 - Imprensa Nacional –

Casa da Moeda, 1981 – Outubro

Page 29: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

Alentejo – searavocabular 08 – MJSilva – riqueza falares regionais

29

trabalho realizado por @ JORAGA

Vale de Milhaços, Corroios, Seixal 2012

JORAGA

JORAGA

Page 30: Alentejo - Seara Vocabular 08 - MJSilva 1985

recolha e proposta de estudo – Joraga.net 2012

30

08 – MJSilva

Corroios - www.joraga.net - 2012