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número 9-10 SETEMBRO - OUTUBRO 2019 Alegrai-vos sempre no Senhor; e novamente vos digo: alegrai-vos São Paulo Apostolo aos Filipenses 4,4

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Alegrai-vos sempre no Senhor; e novamente vos digo: alegrai-vosSão Paulo Apostolo aos Filipenses 4,4

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Publicação enviada gratuitamente aos associados

união • Nº 9-10 • setembro-outubro 2019 • ano 99ºRegist. del Trib. di Roma n. 552/97 del 10.10.1997 - nuova serie - Iscriz. R.N.S. ID750

Associato Unione Stampa Periodica Italiana

Direção e Redação: Via Gregorio VII, 133/B int. 4 - 00165 Roma tel. 06.635692 - fax 06.39375131e-mail: [email protected]

ccp. 64962004 intestato a: Confederazione Mondiale Exallieve/i delle FMAVia Gregorio VII, 133/B int. 4 - 00165 Romasito: www.exallievefma.org

Editor:Confederação MundialEx-alunas/os das F.M.A.

Redação:Director responsável

Concetta Apolito ZecchinoVice-director

Anna Maria Musso FreniGrupo redação

A. M. Musso FreniCristiana Mariani CasiraghiGabriela PatiñoGianni RadaelliLaura Pollino RavarinoLorenzo Trapassi

Colaboraram neste número:Antonio Martinelli SDBGiuseppe PuonzoRaffaela Messina

Serviço gráficaCristiana Mariani Casiraghi

Secretaria, administração e envio

Marta Bovese FerrariGiuliana Ceccarelli MossiniElena Mattiacci Fioravanti

Traduções:Ana Margarida Pires: português

Tipolitografia:Istituto Salesiano Pio XI Via Umbertide, 11 - 00181 Romae-mail: [email protected]

n o n°. 7-8 2019, foi entregue aos correios17 Julho 2019

n Este número foi imprimidono mês de setembro de 2019

Sum

ário

No princípio a Palavra Façam aquilo que vos dirá

Ser cristãos é... Papa Francisco 5Um Santo Triste é um santo malvado de A. Martinelli 6

A voz do PapaReligiões a caminho de A.M. Musso Freni 8

Santos em caminhoGiovanni e Rosetta santos da porta ao lado da Redação 10

Amizade e Solidariedade de G. Patiño 12“Ela fez tudo”

Basilica do Sagrado Coração em Roma de L. Pollino 14

Caminhamos juntos No carisma dos fundadores

Um pensamento para viverO comentário do diretor

UNIÃO a revista ao serviço da Associação de C. Mariani 4

As mãos no mundo Empenho sem fronteiras

Maison Shalom de G. Puonzo 26Nem um a menos ONLUS - Projetos 28Ler é uma aventura

Os afogados de L. Trapassi 29

Famíla torna-se naquilo que és Explorar o mundo das relações

Adoções: Estatísticas sobre a situação atual de R. Messina 30

Terceiro Milénio O presente que já é futuro

Créditos Finais As mulheres que mudaram a história de C. Mariani 31Eu não desperdiço: reutilizo 34

150 anos do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora de L: Miranda L. 3

Carta da Presidente

De Trino Vercellese (Itália) A fidelidade não tem idade de B. Soldà 17De Bari (Itália) As Filhas de Maria Auxiliadora presentes há 25 anos as Ex-Alunas 19De Parma (Itália) Uma bela carta às amigas Ex-Alunas de A. Ravasini 21De Telde, Gran Canária (Espanha) Festa Regional super especial! As Ex-Alunas 22De Catania (Itália) Viajar juntos à descoberta de... das Ex-Alunas de Catania 23De Vittorio Veneto (Itália) “O diabo está longe das pessoas alegres!” de L. Pancot 24Do Equador À procura de vocações juvenis de M. Jaramilot 25

A Associação é Vida Testemunhas de uma identidade

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Queridas/os Ex-Alunas/os,

É com grande alegria no coração e com muita es-perança que me dirijo a vós através da “união”que é um espaço de encontro e de comunhão pa-ra todos nós. O Senhor nestes três próximos anospõe diante de nós importantíssimos eventos para oInstituto das FMA e para a Associação das Ex-Alu-nas/os FMA, especialmente o 150º aniversário doInstituto FMA que nasceu em Mornese em 1872e que terá a sua celebração jubilar em 2022.

Á volta do triénio de preparação para o 150º cele-bram-se eventos muito significativos: O CapítuloGeral XXIV (2020); o Centenário da “União”(2021); a VI Assembleia Eletiva da Associaçãodas Ex-Alunas/os FMA (2021).

Mais uma vez, estes eventos demostram a profun-da ligação que existe entre as FMA e as Ex-Alu-nas/os FMA: um grupo existe porque existe o ou-tro. Entre vós e nós há uma profun-da comunhão gerada através do ca-risma de Dom Bosco e Maria D.Mazzarello que vive em nós. Juntassomos o monumento vivo a MariaAuxiliadora, por que é Ela que noslevou a todas/os à “sua Casa”.É Ela que cria entre nós esta profun-da ligação que continua para alémdo tempo e do espaço. Quandocontemplamos esta maravilhosarealidade de comunhão derrama-se espanto do nosso coração, da-mos graças e renovamos o empe-nho de o passar às novas gerações.

Todas/os nós fazemos parte desta enorme correntede mulheres e homens que na família, no traba-lho, no mundo da cultura e do social, na comuni-dade paroquial quiseram e querem deixar a pega-da salesiana no mundo.

Neste momento da história tão perturbada, mascom tantas potencialidades, o Senhor Jesus confia-nos a tarefa de renovar e reanimar juntos este ca-risma e transmiti-lo com a mesma beleza e frescu-ra que nos fascinou. Para que ele tenha continui-dade no tempo e no espaço, deve ser traduzido,voltar a exprimi-lo, voltar a dize-lo com a lingua-gem de hoje para dar ao mundo um novo soprode esperança e de verdadeira alegria.

Confiamos em Maria Auxiliadora que mais umavez repete-nos como a Maìn de Mornese: A ti en-trego as próximas gerações!

Irmã Maria Luisa Miranda L.Conselheira geral para a Família Salesiana

Carta da Presidente

Carta da Conselheira geral da Família Salesiana150 anos do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora

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Um pensamento para viver

UNIÃO a revista ao serviço da Associação

Pedi ao diretor Concetta para ter espaço nesta pági-na porque há pouco tempo encontrei no BoletimSalesiano um artigo que resumia a história da revistae a sua vida até hoje. Não pude deixar de refletir so-bre algumas considerações que agora quero parti-lhar com vocês, queridos leitores da União. Não de-sejo comparar, nada disso! Só algumas ideias sobreo empenho necessário para uma publicação, sebem que, pequena e modesta como a nossa União.

Dom Bosco fundou o Boletim em 1877 como ins-trumento de ligação e de informação “das coisasfeitas ou a fazer para obter ... a glória de Deus, obem da Sociedade Civil” (assim escrevia o nossoSanto).Quanta simplicidade comparada com os temposatuais! Como era fácil indicar o ‘bem comum’ nummundo que reconhecia a presença de Deus na his-tória dos homens, também através dos pequenosacontecimentos do dia-a-dia que eram logo defini-dos como ‘Providência’. Hoje, num mundo domi-nado pelos ‘social media’ a minha, a tua opinião

ou a de qualqueroutra pessoa, têm omesmo valor, adeusaos pontos de refe-rência partilhadospor todos.Pensei o quanto édifícil, até para nósda União, exprimiropiniões sobre aatualidade, não sópela impossibili-dade que tem umbimestral de semanter atualizadosobre os factosatuais, mas tam-bém porque é

precisa uma considerável capacidade para tratar osgrandes temas que caracterizam a ‘Sociedade Civil’(para dizer como dizia Dom Bosco).E se, em 1800, as aventuras a episódios das ‘Me-mórias do Oratório’ entusiasmavam os leitores e as‘cartas americanas’ enviadas pelos missionáriosabriam os horizontes a novos mundos, agora já nãoé assim. Como equiparar o imediato das notíciastransmitidas pela televisão e pela internet atravésdas pequenas páginas de uma revista editada porvoluntários (já não muito jovens)?Lembram-se quando a União era feita pela queridaIrmã Maria Rampini, em Turim? Lembram as ora-ções, as imagens da Auxiliadora ou dos nossos San-tos que era fácil recortar … para guardar na cartei-ra? Algumas de nós Ex-Alunas de certeza que sen-tem saudades. Mas em 1997 a revista passou a sertarefa da Associação também na escritura dos arti-gos. Começámos a procurar notícias de outras par-tes do mundo, fotografias dos encontros das Ex-Alunas, contos das experiências individuais vividasno nosso mundo salesiano. Chamámos fantásticose disponíveis colaboradores para a parte formativa,lembro os artigos da Irmã Teresita Osio, do ReitorMor Dom Chavez, de Silvana Aloisi e muitos ou-tros. A parte gráfica evoluiu com o tempo e com achegada do computador, ao início a disposição fa-zia-se colando as páginas escritas num modelo decartão… E ainda estamos aqui, hoje. Acreditandoque União seja um fio que mantém unidas as Ex-Alunas/os do mundo, aquelas que o leem em italia-no e aquelas que o encontram traduzido nas pági-nas da internet. Acreditando que União seja lidotambém pelas nossas queridas FMA, que gostamde nós, que, sobretudo as mais idosas, reconhe-cem as nossas assinaturas e dizem ‘esta foi minhaaluna!’. Acreditando que União também possa sóser uma palavra que chega a quem precisa.A Auxiliadora acompanha-nos neste empenho.

Cristiana Mariani

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No princípio a PalavraFaçam aquilo que vos dirá

Ser cristãos é «alegria no Espírito Santo» (Rm 14,17),porque «ao amor da caridade segue necessariamente a alegria».

Papa Francisco Gaudete et Exsultate

Para celebrar o 150º aniversário da fundação do Instituto das Filhas de Maria Auxi-liadora (FMA) organizámos um concurso para a criação do logotipo de celebração ea composição de um hino oficial relativo ao tema proposto:

“Maria caminha nesta casa”Onde a “casa” é o mundo, onde Maria está presente e caminha connosco, apoiando-nos na missãode educar os jovens. Indica uma “visão” e uma certeza enraizada na fé, no carisma salesiano e numaexperiência vivida. Quem quiser dar o próprio contributo artístico e musical com a participação noconcurso encontrará todas as informações no link: www.exallievefma.org

A entrega dos trabalhos deve ser feita até dia 8 de dezembro de 2019.

Decorrerá na Tailândia, de 9 a 13 de Outubro de 2019 o 2º Congresso Asiático da Associação das Ex-Alunas/os FMA

com o seguinte tema:“Mente aberta, escuta atenta:

para criar um futuro de esperança”

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UM SANTO TRISTE é um santo malvadode Antonio Martinelli *

INTRODUZINDO O TEMANo capítulo IV da Exortação Apostólica Gaudete et Ex-sultate Papa Francisco apresenta ALGUMAS CARATE-RISTICAS DA SANTIDADE NO MUNDO ATUAL. No nº122 do título “Alegria e sentido de humor” escreve:“O santo é capaz de viver com alegria o sentido de hu-mor. Sem perder o realismo, ilumina os outros com umespírito positivo e rico de esperança. Ser cristãos é «ale-gria no Espírito Santo» (Rm 14, 17), porque «ao amorda caridade segue sempre a alegria. Porque quem amagoza sempre da união com o amado (...) Para qual àcaridade segue-se a alegria». (99) recebemos a belezada sua Palavra e acolhemo-la «apesar de muito sofri-mento, com a alegria que vem do Espírito Santo» (1Ts1, 6). Se deixarmos que o Senhor nos faça sair da nossacasca e nos mude a vida, então poderemos realizaraquilo que pedia São Paulo: «Alegrai-vos sempre no Se-nhor; e novamente vos digo: alegrai-vos» (Fil 4, 4) (nú-mero 122).Alguns parágrafos mais à frente continua:“Normalmente a alegria cristã é acompanhada pelosentido de humor, evidente, por exemplo, em São To-más Moro, em São Vicente de Paoli ou em São FilipeNeri. O mau humor não é sinal de santidade: «Afastado teu coração o desgosto» (Ecles 11, 10). É tanto oque recebemos do Senhor «para delas gozarmos» (1Tm6, 17), que às vezes a tristeza está ligada à ingratidão,com o estar totalmente fechados em si próprios paratornar-se incapazes de reconhecer os dons de Deus”.Já o Papa Paulo VI, na carta Gaudete in Domino, citavaDom Bosco entre “os santos da alegria cristã” e afir-mava, copiando uma expressão do Santo dos jovensdo texto “Giovane Provveduto”:“Dois são os enganos principais, com o qual o de-mónio tenta afastar os jovens da virtude. O primeiroé fazer com que eles pensem que servir o Senhor éuma vida de desgosto e longe de todos os diverti-mentos e prazeres. Não é assim, meus queridos jo-vens. Eu quero ensinar-vos um método de vida cristã,que seja no tempo alegre e feliz, indicando-vos quais

são os verdadeiros divertimentos e os verdadeirosprazeres. Este ponto é o objetivo deste livro, servir oSenhor e estar sempre alegres”.Hoje há muita necessidade de viver e exprimir, nosvários momentos da vida e das ocupações do dia, aplenitude da alegria, que nasce de um coração em paze generoso.

NÓS FAZEMOS COM QUE A SANTIDADE SEJA ESTAR MUITO ALEGRESDe Dom Bosco relembro alguns aspetos da propostade santidade aos jovens e aos adultos.Fundou, em jovem entre os jovens, a “Sociedade daalegria”, que tinha como finalidade organizar jogos,manter conversas, ler livros que contribuíssem para aalegria de todos.Conta que a iniciativa lhe deu uma certa fama. “Em1832 – tinha 17 anos e escrevia – era estimado e obe-decido como o capitão de um pequeno exército. Pro-curavam-me em todo o lado para organizar atividades,ajudar alunos nas casas privadas, dar explicações”.Em adulto empenha-se numa obra chamada “Orató-rio”. Quem não a conhece hoje?! Compara-se comoutras atividades parecidas no Piemonte, na Lombar-dia, na Liguria. Mas, imagina e cria um estile muitopeculiar e pessoal.No Oratório de Dom Bosco toca-se, canta-se, faz-seteatro, divertem-se de mil maneiras, sem forçar e ob-rigar os jovens a viver como vivem os adultos; sobre-tudo não podemos esquecer a identidade contida nadenominação da palavra “oratório” que significa lugarde oração.Da típica experiência oratoriana de Dom Bosco, Um-berto Eco deu palavras de grande apreciação, pensan-do na capacidade de fazer síntese entre educação ecomunicação, entre comunicação e protagonismo ju-venil, entre protagonismo juvenil e crescimento cris-tão. O clima que dominava e domina o oratório era eé a alegria.À volta do Oratório nasce uma Família numerosa (não

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Faça o que ele lhe disservou elencar os numerosos grupos que nasceram aolongo dos anos, grupos de adultos religiosos e laicos)onde como ingrediente fundamental fica a felicidade,a alegria.

O VERDADEIRO CONTEÚDO ESPIRITUAL DA FELICIDADEPara não confundir a felicidade com múltiplas formasde despreocupação, tento utilizar outras palavras quedefinem os limites da felicidade, que nasce do coraçãoem harmonia com Deus. Das palavras de Papa Fran-cisco pode-se criar um vandemecum sobre a alegria.Aqui estão algumas frases do Papa Francisco em váriascircunstâncias. A alegria cristã não é sinónimo de ingenuidade oude superficialidade.A alegria não é a emoção do momento: é outra coisa!A verdadeira alegria não vem das coisas, dos haveres,não! Nasce do encontro, da relação com os outros, nas-ce do sentir-se aceites, percebidos, amados e do aceitar,do perceber e do amar; e isto não pelo interesse do mo-mento, mas porque o outro, a outra é uma pessoa. Aalegria nasce da gratuidade de um encontro.Não é o que é efémero que dá a felicidade, mas só oamor sacia a sede do infinito que está em nós.Felicidade é conseguir ver os dons que recebemostodos os dias.É a surpresa pela beleza da vida e das coisas grandese pequenas que enchem os nossos dias. Francisco deAssis era “capaz de comover-se de gratidão diante deum pedaço de pão duro, ou de louvar feliz Deus sópela brisa que acariciava o seu rosto”. Ás vezes a tris-teza está ligada à ingratidão, com o estar detal maneira fechadas em si próprio ao pon-to de tornar-se incapaz de reconhecer osdons de Deus.Viver com alegria é a capacidade de apre-ciar o essencial.Saber partilhar o que se renova todos osdias, a surpresa pela bondade das coisas,sem aumentar o peso na opacidade doconsumo rápido.Um coração que sabe ver o bem, sabe agra-decer e louvar, é um coração que sabe ale-grar-se. A alegria nasce do Espírito Santo.Sem perder o realismo torna-se capaz deiluminar os outros com um espírito positivo

e rico de esperança. Especial importância tem a au-toironia para vencer a tentação do narcisismo. Os narcisistas olham-se ao espelho; quando nos ve-mos ao espelho saber rir de si próprios, com humoris-mo. Faz-nos bem.Dizia Bento XVI citando Chesterton: “Sabem porqueé que os anjos voam? Porque eles têm ânimo leve”. Eo Papa Ratzinger adicionava: “Porque não se levam asério”. Concluía, portanto: “Nós se calhar poderíamosaté voar um pouco mais, se não dessemos tamanhaimportância”.

CONCLUINDOA Regra de vida dos Salesianos de Dom Bosco expri-me-se assim num artigo que tem como título “Otimis-mo e alegria”:“O salesiano não se deixa desencorajar pelas dificulda-des, porque tem plena confiança no Pai: “Nada te tur-be”, dizia Dom Bosco.Inspirando-se no humanismo de São Francisco de Sales,acredita nos recursos naturais e sobrenaturais do ho-mem, sem ignorar a fraqueza.Colhe os valores do mundo e recusa lamentar-se dopróprio tempo, guarda tudo aquilo que é bom, princi-palmente se é agradável para os jovens.Devido ao fato que anuncia a Boa Nova, está semprefeliz. Espalha esta felicidade e sabe educar à felicidadeda vida cristã e ao sentido da festa: “Servimos o Senhorem santa alegria”.Está escrito para todos aqueles que amam definir-sesalesianos! * SDB

MESTRE, A IDEIA DE MULTIPLICAR OS PÃESPARA TODOS É GRANDIOSA!

…Será de certeza um sucesso!

Banda desenhada de Dom Giovanni Berti tirada do site: www.gioba.it

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RELIGIÕES A CAMINHODocumento sobre a fraternidade

de Anna Maria Musso Freni *

Já não é momento de cruzadas e anátemas. Passadosvinte séculos de cristianismo as grandes religiões mo-noteístas da humanidade decidiram adotar o avisodos últimos Papas, especialmente o de Papa Francis-co. Não existe religião que justifique o assassinato deum ser humano. Não existe uma fé em nome da qualseja legítimo proclamar guerras santas, não existe ne-nhuma divindade com tanta sede de sangue que exijao sacrifício de vítimas inocentes. Este foi o grande pas-so realizado dia 4 de fevereiro do ano passado peloPapa Francisco, em nome da Igreja católica, e por Al-Azar al Sharif, em nome de todos os muçulmanos, emAbu Dhabi, ao fim de uma densa série de encontrosfeitos num clima de mútuo respeito, refletindo sobreos problemas do mundo contemporâneo. A viagemapostólica do Papa nos Emirados Árabes foi preparadapor uma série de encontros com Al-Azar: em 2016 noVaticano, em 2017 no Cairo e novamente no Vatica-no, e em 2018, novamente no vaticano. Do sincero

debate nasceu o Documento sobre a Fraternidade hu-mana, um texto sobre o qual refletir e com o qual de-vemos tirar as mais valias, como crentes e como ho-mens de boa vontade, aos quais chamam os assinan-tes do documento em si.Não será fácil para nós ocidentais mergulharmos nanova visão da fraternidade, do amor pelo próximo, dacolaboração entre Islão e Cristianismo. A nossa gera-ção cresceu com medo dos muçulmanos, considera-dos inimigos número um. A cultura histórica e literáriada qual estamos recheados, de Dante a Ariosto, aoTasso, exultam a luta pela defesa da fé. A literatura es-panhola também segue estes valores, na figura de CidCampeador. Durante séculos a história serviu as Cru-zadas como guerras santas. Foi necessária a mudançarevolucionária do Iluminismo para que descobrísse-mos, se bem que em atraso, que aquelas guerras nãoeram nada santas, que se calhar só o bom Pedro oEremita era animado pelo santo fervor cristão, partin-

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A voz do Papado descalço e desarmado para a TerraSanta. Os outros, mais do que a vonta-de de defender o Santo Sepulcro, eramlevados sobretudo pelo ardor de con-quistas económicas e políticas. Aliás, adevoção a Maria Auxiliadora espalhou-se num momento chave da luta contraos Sarracenos: a batalha de Lepanto!Por outro lado, apesar das hostilidadesprovocadas pela diferença de crençasreligiosas, a civilidade ocidental estáem dívida para com a cultura árabepelos grandes valores, no campo damatemática, da astronomia, da filoso-fia, da arte. O património arquitetóni-co do final da Idade Média da Sicília eda Espanha é influenciado pelos gostos islâmicos.Concluída a época das cruzadas, a partir do ConcilioVaticano II começa-se a falar de diálogo, de acolhi-mento. Nasce a ideia que aquilo que é diferente nãotem de ser obrigatoriamente hostil. Em pequenos pas-sos e entre muitas reticências chega-se ao documentode Abu Dhabi, que demostra como as religiões nãosão um sistema fechado, mas estão em caminho e emcrescimento, debaixo da influência do Espírito, se so-mos capazes de o ouvir. Pedindo aos homens da cul-tura de todos os cantos do mundo para que respeitemos valores da paz, da justiça, da fraternidade humanae da convivência comum, o Papa e o grande Imame,refletem sobre a realidade contemporânea, indivi-duando entre as causas de crise do mundo moderno:a consciência humana anestesiada, o afastamento dosvalores religiosos, o predomínio do individualismo e domaterialismo, que substituem os princípios supremose transcendentes com valores mundanos e materiais.Por consequência: uma deterioração da ética, um en-fraquecimento dos valores espirituais e do sentimentode responsabilidade que produzem, em última análi-se, o ateísmo, a integridade religiosa, o cego funda-mentalismo, a intolerância. Os remédios às tantascrises desta sociedade estão na defesa do papel dafamília, núcleo fundamental da sociedade e dahumanidade, no acordar do sentido religioso e danecessidade de o reanimar no coração das jovensgerações.O documento lembra que as religiões não incitam àguerra nem solicitam sentimentos de ódio, hostilidade,

extremismo, não convidam à violência e ao derramede sangue.Condena a constrição a aderir a uma certa religião, su-blinhando o direito de crença, pensamento, expressãoe ação.Convida a percorrer o caminho da justiça, baseada namisericórdia, a espalhar a cultura da tolerância, do diá-logo, do aceitar o outro, no espaço dos comuns valoresespirituais, humanos, sociais. Reforça a necessidadehistórica da relação entre o Oriente e o Ocidente, co-mo fonte de recíproco enriquecimento cultural.Alerta ao reconhecimento dos direitos das minorias:as mulheres, as crianças, os idosos, os deficientes, osdoentes, os oprimidos.Por fim. O documento convida a reconciliação entretodos os crentes, entre crentes e não crentes, a rene-gar a violência e o extremismo e propor-se como tes-temunha da grandeza da fé em Deus, como símbolodo abraço entre os povos.Como iram ler o documento os homens de boa von-tade aos quais é endereçado? Será fácil/difícil ultrapas-sar o medo do outro, do diferente? A boa vontade doPapa e do grande Imame reflete-se naquela dos cris-tãos e dos muçulmanos chamados em causa, enquan-to são enviadas ameaças de atentados? Digamos quea esperança é sempre a última a morrer e os recursosda alma humana são infinitos. Aos crentes é entreguea responsabilidade de construir a paz, à luz da própriaprespetiva de fé, na fidelidade ao desenho do amorde Deus que nos criou e que nos quer irmãos.

* Ex-Aluna Fed. Piemontese Maria Auxiliadora

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da Redação

SSantos em caminho GIOVANNI E ROSETTA santos da porta ao lado

Cada um dos mais pequenos gestos na vida destes Servos de Deus, tão amáveis na personalidade edentro da normalidade da vida familiar, paroquial e social ao ponto de serem definidos os “santos da porta ao lado”, foi guiado pelo amor a Deus e por uma íntima entrega à Sua vontade:na alegria, na dor, no sacrifício. Quem se entregou à sua intercessão obteve especiais graças.

Giovanni Gheddo e Rosetta Franzi nasce-ram entre os arrozais de Vercelli, entre chou-pos e voos de garças nas extensões de águahabitadas por carpas, tench e rãs. Giovanninasceu em Viancino, dia 22 de Abril de1900, morreu na Rússia, dia 17 de Dezem-bro de 1942. Rosetta Franzi, nasceu em Cro-va dia 3 de Dezembro de 1902, morreu departo em Tronzano dia 26 de Outubro 1934.Deixaram em todos aqueles que conhece-ram um inesquecível sinal de santidade.

Rosetta tinha estudado para ser professora,mas não pode ensinar porque o pai que erarico disse orgulhosamente que as mulheresda sua casa não precisavam de procurar tra-balho porque para ele não era difícil mante-las. AssimRosetta colaborou com as irmãs do infantário, substituíaas professoras ausentes, ensinava nas escolas à noite pa-ra analfabetos, naturalmente sem ser retribuída. Ele, Giovanni Gheddo, por sorte conseguiu estudare diplomar-se topógrafo, antes de se tornar soldadoo dia depois da retirada de Caporetto. Tornou-se fa-moso, na aldeia e arredores, como projetista e secre-tário dos canais de irrigação. Tinha um imperdoáveldefeito: não conseguia aceitar as devidas quantias eas suas partes eram sempre inferiores ao devido por-que deixava-se enternecer pelas várias situações demiséria que encontrava nos seus clientes. Não é poracaso que o chamavam “o topógrafo dos pobres”,porque para eles o trabalho era grátis. Se a este adi-cionarmos o seu deseja de “ser sempre agradável pa-ra com Deus”, de “fazer o bem” e de subir “a difícilescada da perfeição”, chegamos ao perfil de um laicoque frequentou com sucesso a “escola da santidade”,própria da Ação Católica.

Durante a causa de beatificação emergiram exem-plarmente o aderir de cada um à espiritualidade deSão João Bosco (eles viviam numa zona principal-mente salesiana na altura onde era muito forte o ecoda vida, das obras e da morte do grande Santo).Rosetta também estava inscrita na ADMA (Asso-ciação dos Devotos de Maria Auxiliadora), erafilha de Maria Roviera, que foi presidente das mu-lheres de A.C. de Crova durante alguns anos; eFrancesco Franzi, Ex-Aluno do Instituto Salesianode Turim Valdocco no ano a seguir à morte deDom Bosco, não se tornou padre só porque ainesperada morte do paid tinha-o obrigado a vol-tar para a aldeia natal. Rosetta foi aluna e viveu,durante anos, no Instituto das Irmãs de Maria Au-xiliadora em Casale Monferrato.Giovanni era parte viva e fecunda da Ação Católicade Tronzano, foi Presidente do Jovens, ficando ins-crito entre os adultos até 1943, quando a irmã Ade-laide o registrou esperando que voltasse da Rússia.

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Santos sem caminhoGiovanni e Rosetta casaram passado dez meses de na-moro. Foram de lua-de-mel a Nápoles, passando osprimeiros três dias no santuário de Oropa, onde dor-miram a primeira noite em quartos separados, ofere-cendo este sacrifício para que o Senhor abençoasse asua união com muitos filhos, possivelmente doze, epara que ao menos um destes se tornasse padre oufreira. A começar em 1929 os primeiros três filhos che-garam ao ritmo de um por ano; depois teve dois abor-tos espontâneos e em 1934 Rosetta morreu por umapneumonia e uma septicemia depois de um parto pre-maturo de dois gémeos que morreram com ela.Os anos de casamento foram só seis, todos vividoscom o Evangelho no coração e entregues à DivinaProvidência: “A coisa mais importante é fazer a von-tade de Deus” dizia Rosetta, a quem Giovanni acres-centava: “Estamos sempre nas mãos de Deus”.Giovanni, destruído pela viuvez, só agarrando-se à féconseguiu continuar a trabalhar e a tomar conta dosfilhos. Não tentou voltar a casar porque continuavaapaixonado pela Rosetta mesmo depois da morte,especialmente desde que a avó e as tias tomavamconta dos três órfãos.Foi alistado em 1942 e mandado para a Rússia, paraa primeira linha: claramente, tratava-se de um castigopelo seu bem conhecido espírito anti-fascista, vistoque tinha direito à licença pela idade, pela saúde epor ser viúvo com três filhos menores.As cartas vindas da guerra contavam como Gheddodava a sua comida para ajudar aquela população,que estava a morrer à fome. Em vez, do seu fim, tes-temunham dois companheiros: no momento da re-tirada, escolheu ficar com os feridos impossibilitadosde serem transportados para o hospital de campo nolugar de um jovem tenente ao qual disse: “Tu és jo-vem, ainda tens de fazer a tua vida! Salva-te, eu ficoaqui”. Era o dia 17 de Dezembro de 1942, data “ofi-cial” da sua morte na estepe russa.Como dizia Bonhoffer, a demonstração de que Deusnão realiza todos os nossos desejos, mas que mantémtodas as suas promessas: se os filhos do casal Gheddonão foram doze, como desejavam os dois Servos deDeus, o primeiro, Piero, tornou-se sacerdote missio-nário do PIME.O corpo de Rosetta foi encontrado integro durante aexumação trinta anos depois da morte, em 1964: na-quela terra de arrozais, húmida e absolutamente in-

compatível, como acontecia normalmente, com aconservação de um corpo o qual coração tinha pa-rado de bater por um parto prematuro e uma pneu-monia, na altura, incurável sem penicilina. Pelo con-trário, o de Giovanni ficou perdido no gelo, nas mar-gens do Don, caído pela mão inimiga num momentode caridade.

O processo informático para a sua beatificação foipromovido pelo Arquidiocese de Vercelli e começoucom a “autorização” concebida pela Congregaçãopara as Causas dos Santos dia 30 de Setembro de2005. Passadas algumas peripécias que o atrasaram,dia 18 de fevereiro de 2015 foi nomeada uma novapostuladora, a advogada Lia Lafronte, tendo em vistauma possível recuperação das causas que hoje, à luzda documentação histórica encontrada e dos novosdepoimentos recolhidos, der ser considerada o maispróximo de sempre.

Dia 20 de Dezembro de 2017 morreu o padre PieroGheddo, filho mais velho do casal, missionário-jor-nalista do Pontificio Instituto Missões Estrangeiras (PI-ME), uma das figuras mais importantes do mundomissionário europeu. Tinha 89 anos.

Fontes:Gianpiero Pettiti em www.santiebeati.it;

Lia LafrontePostuladora em www.gheddopiero.it

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Caminhamos juntosNo carisma dos fundadores

de Gabriela Patiño, FMA *

A amabilidade, que fortalece as restrições da amizade, constrói o espírito de família e cria solidariedade (Estatuto 4.3, b)

Amizade e Solidariedade

Em qualquer parte do mundo, em qualquer mo-mento, quando uma Ex-Aluna entra numa obra sa-lesiana sente-se em casa. Nos encontros de forma-ção a nível internacional ou mundial, Ex-Alunas/osde idade e origens diferentes socializam facilmente,sentindo-se logo amigas irmãs, herdeiras e partici-pantes do mesmo carisma. Muitas amizades, quenasceram entre os bancos da escola ou no Oratórioou noutras estruturas salesianas, são destinadas adurar para toda a vida, a fortalecer-se com o passardo tempo, a tornar-se pontos de referência nas di-ficuldades, nos momentos alegres ou tristes da ex-periência humana. E na grande família das Ex-Alu-nas/os, quem participa ativamente na vida associa-tiva constrói no tempo amizades novas, intensas eduradouras porque assentam no espírito de colabo-ração, sobre a exigência de fazer o bem.

De facto, a amizade, juntamente à oração, é um dosaspetos da espiritualidade de Madre Mazzarello e in-fluenciou a sua formação. Basta pensar na sua relaçãocom Petronilla, a prima/amiga com quem partilhou so-nhos e pesquisas, preocupações e alegrias. Maria per-cebeu que Petronilla era a pessoa com quem podiamais facilmente partilhar a ajuda recíproca para prati-car a virtude e escolheu-a como amiga; juntas realiza-riam um sonho que, para duas mulheres do século XIXpodia parecer uma loucura. Amizade e partilha são abase da própria obra de Dom Bosco, que ao jovemMiguel Rua, assim que chegou ao Oratório, disse: “Mi-guelinho, eu e tu vamos dividir tudo a metade”.

A amizade e a solidariedade são dois aspetos do es-pírito de família do carisma salesiano que aparecem

nas primeiras regras da Associação, como elementosfundamentais da vida das/os Ex-Alunas/os das FMA:“Assistir moralmente as colegas que assumiram status,na difícil chamada de uma nova família; visitar as anti-gas colegas quando adoecem, e prestar-lhes o apoioque precisam, tanto quanto lhes for possível”. Assimdisse Dom Rinaldi no início.

Desde então a Associação, afirma Madre Yvonne,viveu uma riquíssima história, feita de amizade, soli-dariedade, paixão, organização, mesmo se os níveisde participação dos membros são vários. As/os Ex-Alu-nas/os nunca são pessoas desconhecidas. Notamos is-so quando uma FMA encontra, em qualquer ocasião,celebração ou encontro, um/a deles/as, se calhar pelaprimeira vez. No seu olhar encontra como um cartãode visita: “eu sou Ex-Aluno/a”. Cria-se logo um climade familiaridade e de partilha. Esta partilha apoia nassituações de dificuldade que a vida apresenta e tra-duz-se numa ajuda recíproca de que falava dom Ri-naldi. Nenhum/a Ex-Aluno/a deve ficar indiferente aosoutros membros: a solidão, a doença, as dificuldadesmateriais ou espirituais chamam-vos diretamente. To-mar conta é um grande gesto de amor! É como umcarimbo de qualidade que nos permite reconhecer-mo-nos uns aos outros.

O sentir-se irmãs e irmãos, dignos de amor, cria umareciprocidade que enriquece e promove. Somos cha-mados por Deus a testemunhar a beleza e a alegria decrescer através de relações humanizantes, a ser a casaaberta do Pai do qual somos todos filhos, onde há umlugar para cada um, para além das dificuldades e dosproblemas da vida (cit. EG, 47, 183).

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Caminhamos juntos

Reza e partilha com as irmãs e os irmãos que a vida te fez encontrar

Senhor:Como é lindo precisar das pessoas,dos outros.Tornou-nos limitados.E a amizade é uma necessidade de tal limitação.Bem, a limitação requer amizade.É esta limitação humana,por graça divina,que nos faz caminhar para nos encontrarmos!É esta limitação humana,por graça divina,que nos torna menos egoístas,menos independentes, e mais humildes!Sabes Senhor,sinto-me muito sozinho,indefeso, incompleto, fraco e limitado;este precisar dos outros,conduzir-nos-á inevitavelmenteà amizade pura: a ti.Ben, és diálogo, amor,comunicação, doação!“Num mundo que é desertotemos de encontrar um amigo”.E aquilo que precisamos na vidavem de alguém que nos leva a executaro que podemos e devemos fazer.E é esta a função de um verdadeiro amigo.Obrigado Senhor, porque tudo aquilo que está em nóse na nossa comunidade.Ensina-nos a ser para todos um sinale um instrumento da tua amizade.Ámem.

(Fonte: https://es.aleteia.org/2015/06/26/oracion-de-amistad/)

Ao início da história da Associação e durante muitotempo, uma das tarefas dos membros da União localera o de ir à procura das colegas que não frequenta-vam, especialmente aquelas que estavam material-mente ou espiritualmente necessitadas, para convidá-las a voltar à casa onde tinham sido educadas, ajudá-las e ser ajudadas.A fraternidade, a alegria e o desejo do bem, vividosjuntos, tornavam-se ocasiões de encontro e troca ondeas fragilidades eram recebidas com misericórdia, favo-recem um processo de cura e doação de si própria. Aamizade vivida e partilhada abre o coração àquelesque batem à nossa porta, permite-nos ultrapassar umavisão individualista da vida, ajuda os jovens a perceberque é possível viver em comunidade e, testemunha odinamismo que transforma o cristianismo, afirma PapaFrancisco.

A amizade fraterna das Ex-Alunas/os solidifica-se eos membros fundem-se num “nós” sempre disponível,mesmo fora do grupo. A amizade reforça a unidadediante das dificuldades. Desta maneira realiza-se o so-nho de Dom Rinaldi para a Associação: “Devem aju-dar-se na vida como irmãs. Gostaria que fossem capa-zes de organizar-vos formando também uma assistên-cia social especial; gostaria que em qualquer necessi-dade da vida cada uma possa contar com a ajuda eficaze generosa nos grupos das Ex-Alunas/os; gostaria quenenhum/a Ex-Aluno/a se sentisse sozinho/a e esqueci-do/a no mundo, mas que possa sempre encontrar com-preensão e apoio no/as colegas que têm mais possibi-lidades”. E ainda: “Se quiserem, um dia, o mundo, ad-mirando a vossa união na fé e na ajuda recíproca, ex-clamará como há muito exclamaram os pagãos obser-vando a caridade recíproca dos primeiros cristãos: “Sóos cristãos sabem amar-se assim”. Só os cristãos sabemser verdadeiros amigos: pessoas que percebem as difi-culdades dos outros, que abrem os olhos para encarara humanidade, que sabem criar relações significativas,pontes de amizade e solidariedade; pessoas que sabemestender as mãos e acompanhar para levantar”.

O que é que este conteúdo acorda em ti?

Quais valores da amizade achas mais fortes em ti?

Qual seria importante reforçar?

Como viver hoje o que viveram as primeiras Ex-Alunas?

* Delegada Confederal

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“Ela fez tudo”BASILICA DO SAGRADO CORAÇÃO EM ROMA

de Laura Pollino *

Quando se diz “A Providência!”

Chegando a Roma na estação deTermini e saindo pela Rua Mar-sala, diante de nós aparece nasua beleza arquitetónica e sale-siana por excelência, a basílicado Sagrado Coração.A história desta Igreja, comotodas as histórias relativas aDom Bosco, é muito peculiar einteressante.

Papa Pio IX fez comprar umterreno na estrada, chamava-sena altura Rua da Porta S. Lou-renço (a atual rua Marsala),com a intenção de fazer edifi-car uma igreja para dedicar a São José, declaradopelo pontífice “Padroeiro da Igreja Universal”.Naquela altura estava a afirmar-se com fervor, so-bretudo na França e na Itália, um forte movi-mento de devoção ao Sagrado Coração deJesus. Graças ao impulso da predicação do Padrebarbanita Antonio Maresca, que adquire váriosfiéis, Pio IX modifica o seu projeto e aceita que onovo templo seja dedicado ao S. Coração.

A construção da igreja pára ainda durante a funda-ção, por falta de fundos e pela desorganização interna.O novo pontífice Leão XIII, sucessor de Pio IX em Fe-vereiro de 1878, ficou inconsolável pelo insucesso,mas o cardeal Alimonda sugere-lhe de encarregar a ta-refa a Dom João Bosco, fundador da ordem dos Sale-sianos, que o Papa conhece pelas caraterísticas dedesenvoltura e obediência incondicional.Portanto, dia 5 de Abril de 1880, Leão XIII en-carrega Dom Bosco de assumir a responsabili-dade do projeto, especificando que não tinhafundos para lhe dar. Dom Bosco aceita, pondosó como condição a possibilidade de ampliar as

obras para, ao lado da construção da igreja criar“um grande centro, onde juntos podem viver, eser inseridos nas escolas e no mundo das profis-sões, muitos jovens pobres, que abandonam, es-pecialmente naquele bairro” (G.B. Lemoyne,“Vida do Venerável Servo de Deus João Bosco”,vol. 2). Por esta razão foi comprado um terrenoao lado de 5.500 metros quadrados.Para Dom Bosco a construção da igreja custoumuito cansaço e sacrifícios; mesmo que todos ostrabalhos continuassem com surpreendente rapi-dez. Em várias ocasiões os fundos disponíveisacabavam, mas Dom Bosco, confiante na Provi-dência, ordena de não parar as obras, de fato na-queles momentos chegavam das maneiras maisinesperadas doações que cobriam as dívidas epermitiam que o projeto continuasse.

Em 1883 o cardial Lucido Parocchi abençoou ocoro e o presbitério da nova igreja; no ano a se-guir Papa Leão incentiva uma recolha de fundosnacional para financiar a fachada.

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“Ela fez tudo”Dia 1 de Março de 1886 o secretário de DomBosco, Carlo Viglietti, escreve na cronica: «Afome, dizia hoje Dom Bosco, faz com que o lobosaia da toca. Encontro-me, portanto, obrigado,decrépito e em más condições, a fazer uma novaviagem e se calhar ir até à Espanha». O santo de-cide, portanto, de ir até à Espanha, onde já tinhaduas fundações e onde podia contar em algunsgenerosos bem-feitores.A viagem foi feita de pequenas etapas, com pa-ragens mais ou menos úteis, durante as quaisDom Bosco recolhia esmola para as suas obras,para a igreja e para a casa do Sagrado Coraçãoem Roma. Entretanto Dom Rua decide ir ter comele e, chegado à Espanha, fica surpreendido doacolhimento reservado a Dom Bosco. Em Barce-lona é recebido pelas autoridades civis e religio-sas do país.Dom Bosco e Dom Rua chegam ao Instituto deSarrià, que os recebe de 8 de Abril a 6 de Maio.Dom Rua acompanha Dom Bosco durante todasas manifestações em sua honra e nos seus váriosmovimentos.Esta viagem torna-se muito vantajosa, ao pontoque no início de 1887 a estrutura está acabada eestão em construção os trabalhos de acabamentodos interiores. Dom Bosco está no limite das suas

forças e pede aos operários um último milagrepara inaugurar o templo no mês de Maio.Dia 20 de Abril de 1887 Dom Bosco faz a sua úl-tima viagem de Turim a Roma, encontra nova-mente Papa Leão, que o elogia pela tarefarealizada e agradece-o com emoção.Dia 14 de Maio de 1887 a Igreja do Sagrado Co-ração, em Castro Pretorio, é solenemente con-sagrada pelo cardial vigário Parocchi, diante denumerosas autoridades civis e religiosas.Dia 16 de Maio de 1887 o próprio Dom Boscocelebra a Missa no altar de Maria Auxiliadora:será a sua única celebração na igreja do SagradoCoração e, como lembra a lápide colocada nocentenário do evento, foi interrompida quinzevezes pelos soluços do idoso sacerdote, abaladopela visão do seu famoso “sonho dos 9 anos” quenaquele momento percebia com plenitude osentido e, com ele, aquele da sua longa missãoterrena.

Em 1921 Papa Bento XV declara o Templo do Sa-grado Coração Basílica Menor.Antes de entrar, um olhar atento descobre a fa-chada da basílica, caraterizada pelo contrasteentre o branco travertino e o vermelho tijolo, en-quanto pares de pilhastes coríntios marcam a

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do século XVII e proveem da igreja de Siena deSão Francisco, comprados pessoalmente porDom Bosco. O precioso tabernáculo é realizadocom mármores raros e inserções em lápis-lazúli,malaquita e sardónica. Um dos lugares mais visi-tados da basílica são os famosos “quartos de DomBosco”, isto é o quarto, que se tornou lugar deculto e de oração, onde S. João Bosco alojou de30 de Abril a 18 de Maio de 1887, para a consa-gração da própria igreja. O campanil é superadopela grande e característica estátua em bronzedourado do Redentor.

A propriedade é dos Salesianos, que tornaram-na num dos seus centros mais importantes deRoma e tornou-se, atualmente, na sede da CasaGeral.Aqui Dom Bosco fez dois pródigos milagres, quecontribuíram para lhe conferir a fama de “santo”,enquanto ainda vivia: libertou totalmente da sur-dez um seminarista, que via a sua vocação com-prometida devido a este defeito físico e curou-se,imediatamente, uma senhora que há muitos anostinha um braço paralisado.

Quando a Igreja reconheceu a santidade de DomBosco, estes ambientes tornaram-se metas de

continuas peregrinações e de paragens dedevoção em oração.

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“Ela fez tudo”parte inferior. Dentro do portão principal, estáum mosaico que representa o “Coração de Jesuse dois anjos”. Os dois portões laterais tambémapresentam pares de colunas que sustentam umarco, dentro dos quais estão mosaicos que repre-sentam S. José e S. Francisco de Sales. Na partesuperior, completamente em travertino com ar-quitrave no mesmo mármore, estão duas está-tuas: S. Agostinho e S. Francisco de Sales,enquanto que a parte central é constituída portrês amplas janelas nervuradas, encimadas de umtímpano com a cruz e de duas estátuas de anjosem oração. A basílica é ladeada de uma impo-nente torre sineira, em estilo neorrenascentista.O interior da igreja é dividido em três naves deoito colunas e dois pilastes de granizo cinzento,com transepto e cúpula; atrás do altar maiorabre-se o vasto coro, expressamente desejadopor Dom Bosco. A nave central e o transeptoestão cobertos por um teto caixão com os lacu-nares decorados com cenas evangélicas, o brasãoda Sociedade Salesiana e a imagem, de meiobusto, do “Sagrado Coração de Jesus”. O presbi-tério está ocupado pelo imponente altar maioronde está colocada a imagem do Sagrado Cora-ção. Os elementos elevados do altar (as colunasque sustentam o entablamento e o tímpano) são

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A Associação é VidaTestemunhas de uma identidade

De TRINO VERCELLESE (Itália)

A fidelidade não tem idadede Bianca Soldà *

O calor abrasador destemês de Julho não impediu odecorrer de um singular en-contro com as Ex-Alunashóspedes no Lar de Idososde Trino. A ideia, sugeridapor um familiar de uma Ex-Aluna, ativou a ConselheiraConfederal Laura Pollino econsequentemente a Uniãodas Ex-Alunas de Trino.

Assim, sábado 6 de Julhodecorreu, num local ade-quado da estrutura e com apreciosa colaboração de al-gumas auxiliares de saúde,um agradável encontrocom 6 Ex-Alunas de idade entre os 85 e os 102anos. A importância do evento foi sublinhada pelapresença da Conselheira Confederal Laura Pollinoe da Presidente de federação Irene Turcolin queentregaram às festejadas um atestado de fidelidade

à Associação e um quadro com as imagens da Au-xiliadora e de Dom Bosco. Não faltou uma ofertade flores seguida por um agradável aperitivo paratodos os participantes.As notas de “Dom Bosco volta” concluíram umatarde agradável passada com as Ex-alunas hóspedesno Lar de idosos.

* Presidente da União de Trino (It)

...Continuando a contar o encontro desta tarde, nãopodemos deixar de contar um extraordinário aconte-cimento, para além dos melhores sonhos dos organi-zadores: um simples atestado de agradecimento de fi-delidade e de serviço, não criou só nas seis idosas pre-miadas uma forte comoção, lágrimas sinceras, mastambém um ponto de partida para emoções e recor-

Marina Piazza, 98 anos.Em baixo o seu cartão de Ex-Aluna datada 1966.

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dações, contra a quotidianidadee um certo silêncio dos dias sem-pre iguais passados no Lar. Umasucessão de eventos de vida nooratório de há muitos anos, deserviço nas atividades teatrais,musicais, de jogo ao ar livre, decatecismo para ajudar as irmãs sa-lesianas no pleno espírito deDom Bosco e de Madre MariaMazzarello. Nestas recordaçõesmuitos episódios, presença de fi-guras religiosas e de amigas que jácá não estão: o caminho de umavida feita de solidariedade paracom os outros, em tempo de ale-gre juventude, mas também deenorme dificuldade devido à po-breza de todas durante a guerra. Caminho que acom-panhou o seu empenho até aos nossos dias.

Isto ajudou os participantes mais jovens, a perce-ber quanto pouco basta para reativar nos idososa vontade de diálogo que o desinteresse e a quo-tidianidade, sempre igual, oferecem num mu-tismo quase ensurdecedor. Isso é crédito daspessoas belas, limpas, como o foram na sua de-dicação total e de serviço aos outros: CERATI

GUGLIEMINA classe 1917, MARIA GARDANOclasse 1918, MARINA PIAZZI classe 1921, as gé-meas VIRGINIA e ROSALINA BAUSARDO classe1924 e FRANCESCA OLIVERO classe 1934.Que as suas vidas nos sejam exemplo de que noespírito salesiano podemos continuar a acreditare a viver como nos ensinou Dom Bosco.Um grande agradecimento à Presidente da Uniãolocal das Ex-Alunas FMA S.ra Bianca Soldà.

* Giorgio Cognasso, Ex-Aluno de Trino

A Associação é Vida

Marina com os seus netos.

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A Associação é Vida

De BARI (Itália)

As Filhas de Maria Auxiliadora presentes há 25 anosas Ex-Alunas *

“O Senhor este ano deu-nos umaprenda… Não é uma geminação,nem uma ponte para novas terrasde apostolado, mas uma nova pre-sença, aquela das filhas de MariaAuxiliadora, “salesianas de DomBosco”, como são conhecidas, ven-do-as mexer-se debaixo do olharde Maria Auxiliadora”. Quanto tempo vão ficar?É o “campo” que o irá dizer: serãoindicadas pelo bom Deus.Nós não podemos deixar de asapoiar, oferecendo e pedindo co-laboração para cada ação que sejapara o bem de muitas jovens famí-lias neste bairro”

(Dom Luigi SPALTRO)

Isto é tudo aquilo que Dom Luigi Spaltro, o párocoda igreja de São Girolamo da altura, escreveu nomanifesto em honra da Festa de São Girolamo nolongínquo Setembro de 1994.Não poderiam existir palavras mais proféticas. Aobra, iniciada a 12 de Setembro de 1994 pelas trêsirmãs, com a ajuda do bom Deus e graças à inter-

ceção de Maria Auxiliadora e dos Santos Fundado-res, Dom Bosco e Madre Maria Mazzarello, pros-seguiu no tempo.O primeiro passo foi o de comprar um estabeleci-mento onde poderiam viver as irmãs e realizar to-das as atividades lúdico-recreativas dos jovens. Na-turalmente a escolha teria de recair perto da igrejapara não perder de vista o objetivo principal “oconstante encontro dos jovens com Jesus e o cami-nho seguindo Cristo com a comunidade de São Gi-rolamo”.Obtida a sede, as irmãs que se alternaram nestes25 anos conseguiram levar adiante um trabalholouvável, para além de todas as dificuldades que oterritório apresentou (a expansão urbanística indis-criminada e com ela a ramificação dentro do bairroda criminalidade organizada com todas as conse-quências negativas que ela trás). Souberam cultivare semear no coração dos jovens a semente quetrouxe muito fruto e não só nos jovens, mas na co-munidade inteira.Hoje, como e mais do que na altura, “o Oratório”,assim chamado no bairro, tornou-se uma casa sem-pre aberta para as necessidades e os pedidos dosjovens em primeiro lugar e depois para todos os ha-bitantes do bairro.

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A Associação é Vida

FAÇAMOS MEMÓRIADia 30 de Setembro e dia 31 de OutubroS. Missa pelas Ex-Alunas,os Ex-Alunos, as FMA e os familiaresfalecidos nestes meses.

Atualmente a comunidade salesiana écomposta pela irmã Isabella Lops, dire-tora, assistida pelas irmãs Rosalba Ta-gliente e Caterina Ursi e por todos osgrupos de voluntários que trabalhamem sintonia com o território e que tra-balham em ligação com algumas dasparóquias do vigário e das associaçõesde voluntariado e não só. Todos juntostentamos realizar o sonho de Dom Bos-co e de Santa Maria Mazzarello: “Aju-dar a tomar conta dos jovens e das fa-mílias, especialmente das mais pobres,para que conquistem a santidade quevem da simplicidade” como tambémnos indicou o Papa Francisco na encíclica “Gaudeteet exsultate”.

As atividades desenvolvidas dentro e fora da casa sãomuitas: para as crianças e os jovens (ATL, cursos deguitarra, costura, culinária, artes plásticas, futebol, vó-lei, jogos individuais e comunitários), para as jovense mulheres com dificuldades de inserção (laboratórioMamã Margarida, onde se ensinam técnicas de culi-nária, de costura e realização de pequenos trabalhos),para as famílias (distribuição de comida e de roupapara cerca de 200 famílias pobres, obtidos pelo Ban-co Alimentar e pelo trabalho em rede; centro de es-cuta com a participação de um médico, de uma psi-cóloga e de uma psicoterapeuta, todos voluntários).A tudo isto adiciona-se a formação religiosa e culturalpara os jovens e para os adultos, mantida pelas irmãse por pessoal técnico externo.

Para além das paredes do oratório a comunidadedesenvolve atividades de voluntariado na prisão de

menores, na comunidade Chiccolino, leva o jantarao dormitório “Dom Vito Diana” e à casa da asso-ciação Help de Mungivacca, leva conforto espiritualaos idosos nos lares “VILLA GIOVANNA” e “VIT-TORIO EMANUELE” e colabora com a Caritas dio-cesana da zona.

Para festejar estes 25 anos de presença no bairroforam organizados os seguintes eventos:

19.05.219 – “25 anos de colaboração cristã no ter-ritório” (começou de manhã com jogos e acaboucom a Santa Missa concelebrada por todos os pa-dres do vicário que nestes anos colaboraram como oratório) testemunho da ir. Mariangela Cecalupo;08.07.2019 – “25 anos de crescimento da juven-tude” (uma tarde de jogos com grandes e pequenosque nestes 25 anos viveram no oratório);12.09.2019 – “25 anos de presença” (celebraçãoeucarística guiada por sua excelência Monsenhor F.CACUCCI (Arcebispo de Bari – Bitonto).

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A Associação é Vida

De PARMA (Itália) Uma bela carta às amigas Ex-Alunasde Armanda Ravasini *

Encontro anual das Ex-Alunas de PARMA, um belogrupo, não estávamos à espera de tanta gente…mas, desejam sempre muito participar neste dia. Apresidente, S.ra Armanda Ravasini, depois daMissa, disse com paixão a todas as presentes algu-mas suas reflexões que são: “Queridas amigas,hoje é dia 5 de Maio, lembram-se da poesia deManzoni que começa com o famoso “Ei fu”? Inti-tula-se o 5 de Maio e lembra a morte de Napoleãoque foi dia 5 de Maio de à 198 anos. Faz-me lem-brar que, quando eu era pequena, ficava zangadapor não conseguir obter aquilo que queria, então aminha irmã dizia à minha mãe: “Mãe a Armandaestá zangada e faz cara feia a todos”. E a mãe, coma paciência de todas as mães respondia: “passouNapoleão, há de passar também à Armanda” paradizer que se acabou um homem tão famoso nãohaveria de acabar a birra de uma criança.

Qual é a lição da frase da mãe?Que tudo passa, tudo. Podemos fazer o que qui-sermos para parar o tempo, mas tudo passa. Omundo corre, a vida corre, nós também corremos,tudo passa, não podemos fazer nada para o evitar.Este constante passar do tempo é o assunto com oqual acabamos por nos confrontar todas as vezesque nos encontramos. Todos os anos temos maisrecordações, todos os anos nos lembramos de al-guma coisa que não tinha acontecido no ano ante-rior. Isto significa que os ponteiros dos nossosrelógios andaram e encheram o nosso tempo, dealguns factos grandes ou pequenos que merecemser recordados e partilhados com as amigas do co-ração, portanto convosco que há tantos anos parti-lham comigo a aventura desta Associação.Tudo passa, mas não é bem assim; há uma coisaque nunca irá passar, e é a Palavra de Deus: “OCÉU E A TERRA PASSARAM, MAS AS MINHAS PA-LAVRAS NÃO PASSARAM”.Hoje voltamos a olhar para Jesus, como aquela mu-lher que, no meio da multidão, tocou o manto deJesus para ser curada do sangue que saía dela. Jesusparou a hemorragia porque aquela mulher acredi-

tou com convicção que Ele a iria curar. Isto nóstambém podemos dizer porque desde jovens le-vantamos os nossos olhos para Jesus e esperámosque Ele nos dissesse o que queria de nós.Obrigado Senhor, porque nos destes a alegria parate responder sim mesmo quando a chamada era di-fícil. Confiámos sempre em ti Senhor e a tua Palavranunca se afastou da nossa vida. Nós vivemo-la nasnossas casas, nos nossos maridos, nos nossos netos,nas nossas amizades e nesta linda Associação quefoi, e ainda é, uma parte importante da nossa vida.Faço-vos uma pequena confissão: muitas vezespensei que o nosso encontro pudesse ser o meu úl-timo, cada ano é mais um no Bilhete de Identidade,e os meus são muitos anos, mas tudo passa.Portanto, queridas, no próximo ano vamo-nos en-contrar com o entusiasmo de sempre... De facto, éaqui entre as nossas irmãs que aprendemos a fazera vontade de Deus e não a nossa. O importante éque, se tudo passa, não passe o nosso amor porDeus que nos dá a força para viver de amor, decontinuar a sorrir para vida como nem as jovens dehoje sabem fazer.Passou Napoleão, mas a nossa amizade não pas-sará, como não passou diante do sofrimento daperda de uma pessoa querida e de amigas que par-tilharam a vida connosco.Obrigado a todas, queridas amigas e queridasirmãs, porque vocês nunca passam para longe domeu coração. Armanda”. * Ex-Aluna

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A Associação é Vida

De TELDE, GRAN CANÁRIA (Espanha)Festa Regional super especial!

As Ex-Alunas *

22 união • n. 9-10 - 2019

Dia 23 de Fevereiro de 2019 celebrámosa Festa da Federação das Canárias.Participaram as quatro delegações deGran Canária e a de Tenerife; no totalpresenciaram mais de 210 Ex-Alunas.Este encontro regional é celebrado dedois em dois anos, uma vez na ilha deTenerife e na vez a seguir na ilha de GranCanária.Desta vez o encontro foi organizadopelas Ex-Alunas da delegação Maria Au-xiliadora de Telde.A seguir a um caloroso acolhimento du-rante a manhã, celebrámos a Eucaristia, guiadapelo padre Dom Alfredo Mongas. Almoçámosjuntas e depois não podia faltar a ‘Festa Salesiana’onde todas as casas colaboraram com o teatro, amúsica, a poesia e muito mais.Terminámos com as Ex-Alunas de Telde que nofinal da festa exibiram-se com músicas dosanos ’60, envolvendo todos com a músicae a vivacidade.Esta festa será um dia para recordar commuita alegria… mas nós, incansáveis, já es-tamos a pensar no próximo encontro!Um especial obrigado à Delegada deTelde, Irmã Ana Maria Diaz.As fotos mostram bem a ‘alegria salesiana’ao reencontrar-se.

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A Associação é Vida

De CATANIA (Itália)

Viajar juntos à descoberta de...das Ex-Alunas de Catania *

união • n. 9-10 - 2019 23

Cultura, beleza e fraternidade podem-se unir numaviagem à descoberta de Ragusa Ibla, Punta Secca,Scicli.Quem, pelo menos uma vez, vendo Luca Zingaretti,não desejou percorrer as mesmas estradas e praçasde Vigata?Pois bem, foi exatamente o que nós Ex-Alunas e Ex-Alunos fizemos no tour do comissário Montalbano.Para nós “viajar juntos” é sempre uma experiênciaúnica e importante para aprender, emocionar-se, co-nhecer o património artístico e de fé que as cidadesoferecem.Trata-se de uma ocasião para aproveitar sempre, por-que enriquece-nos de coisas novas, puxados pela cu-riosidade e pela admiração naqueles que concretiza-ram obras de grande efeito cenográfico e sugestivas,como aquelas que, num dia de intensa caminhada,tivemos a sorte de apreciar, encantados diante das

marcas de uma história antiga, graças ao trabalho dosartistas da época. As cidades, património da humanidade, por nós in-dicadas, têm a capacidade de transmitir elegância eequilíbrio, que se calhar nem todos os lugares têm.Para além disso, também aprendemos que a Festa deNossa Senhora das Milícias de Scidi é “a única pro-cissão no mundo onde se comemora a descida daNossa Senhora a cavalo, armada de espada”, paradefender os Normandos contra os Saracens. Não devemos esquecer também a ágape fraterna queune numa atmosfera de alegre partilha e vai paraalém do simples comer todos na mesma mesa. Defacto, a união fraterna favorece o conhecer-se melhore lembra “o desejo dos primeiros cristãos de estarjuntos” para passar algumas horas de serenidade ede alegria.

* Ex-Alunas União Auxilium de Catania

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união • n. 9-10 - 201924

A Associação é Vida

De VITTORIO VENETO (Itália)

“O diabo está longe das pessoas alegres!”de Luisa Pancot *

Neste dia, entre as muitas coisas que lemos, co-mentámos, exprimimos, uma delas leu um seutexto de quando era menina. O seu nome é SilviaDe Nardi, a carta emociono-nos a todas, naque-las linhas sentia-se o amor e a pertença desdesempre ao nosso ideal Cristão.Uma coisa marcou-me do texto, a certeza que oInfantário De Mori nasceu à 90 anos, já como es-cola e ela, menina de 3 anos, era uma das primei-ras inscritas na sua inauguração. O Infantário DeMori com o método “Montessori” é um dos nos-sos diamantes raros, desde então com profissio-

nalismo debaixo da guia das nossasIrmãs e professoras, continua com ascrianças o percurso educativo.Peço-vos gentilmente a publicaçãono periódico “União” do meu artigocom a carta da Silvia, uma maneirapara viver com todas as nossas belasexperiências.Um obrigado e um abraço ao nossomaravilhoso “Mundo Salesiano” VivaDom Bosco!!!

* A presidente e o conselho da União

Somos ex-Alunas da “União Salesiana” de Vitto-rio Veneto (Itália).A nossa União, no território Veneto, desenvolveatividades culturais, passeios e eventos. O nossolema: Quem nos ama que nos siga!Aqui cito uma famosa frase de Dom Bosco: “Odiabo está longe das pessoas alegres”. Nós somosalegria, oração, empenho, partilha. O final dopercurso Salesiano de 2018/2019 com o grupodas nossas Ex-Alunas, festejámo-lo no Castelo Bis-pal de Vittorio Veneto. Dedico uma palavra ao Castelo, meta de pere-grinação e casa do Bispo Corrado Pizziolo.Convido quem nunca o viu a organizar um pas-seio. Aqui história, religião e Arte fundem-se. O acolhimento e a paz espiritual do ponto devista humano são fantásticos. As colinas verdesque o circundam oferecem a paisagem de umpostal. Voltamos a nós.Este dia começou com a Missa e o almoço, foiuma prenda especial para as numerosas Ex-Alu-nas que parteciparam. A 5 delas, com mais denoventa anos, entregámos um “Atestados de As-sociação” pelo Exemplo Salesiano demostradosao longo dos seus percursos de vida. Cada umadelas deu o próprio tempo para ajudar jovens eidosos criando estruturas para o acolhimento.

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A Associação é Vida

Do EQUADOR À procura de vocações juvenis

Um dos desafios para as Ex-Alunas/os das Fi-lhas de Maria Auxiliadora é o de encorajar asvocações juvenis a nível local, nacional e glo-bal. As Ex-Alunas/os das FMA, na Federaçãodo Equador, empenharam-se a dar espaçosde encontro para os jovens, objetivo parti-lhado com a Família Salesiana no nosso País.Em Agosto de 2018, como Família Salesiana,preferimos escolher o Movimento Juvenil Sa-lesiano, que resumidamente significa ligar-se aos jovens que são os protagonistas.Como Ex-Alunas/os, temos a missão de es-palhar o carisma salesiano no mundo e naIgreja. Temos a possibilidade de comunicardentro das famílias, do trabalho, nas paró-quias, nas universidades e em todos os am-bientes onde estamos.Com esta preocupação e atenção ao que nos pe-dem os nossos jovens, fizemos em Guayaquil, noEquador, dia 6 de Julho de 2019, o Primeiro En-contro “Fogueira salesiana” para os jovens Ex-Alu-nas/os das FMA e dos SDB. Esta iniciativa, que nas-ceu com os nossos jovens, com o apoio das nossasInspetoras seja das FMA seja dos SDB, tornou-seuma possibilidade. Criaram um espaço para a for-mação, o encontro e os jogos;onde alegria, canto, partilha fra-ternal foram programadas comouma força para reativar o carismae sentir-se responsáveis para ocomunicar.A chamada foi atendida por 38jovens de idade entre os 17 e os25 anos que se encontraram comentusiasmo à volta de uma foguei-ra. O fogo, como símbolo da Luzde Jesus Cristo e com a presençade Maria Auxiliadora, incentivoureflexões dos jovens sobre a exor-tação apostólica “Cristo vive”.Temos a certeza que estão a des-cobrir e a assumir os seus papéiscomo Dom Bosco e Madre Maz-zarello como laicos no mundo,dando um sentido à sua vida à

volta de Jesus, de Maria e aos seus colegas. A se-mente está plantada; de alguma maneira, estamosa abrir a estrada aos jovens para que possam assu-mir a co-responsabilidade na Missão como Ex-Alu-nas/os e como parte ativa da Família Salesiana nasociedade e na igreja, com a certeza que o Semea-dor recolherá bons frutos.

* Presidente da Federação Ex-Alunas/os do Equador

ENCONTRO DE FEDERAÇÃOParteciparam as Uniões

das Ex-Alunas/os de Acireale, Aci Santo António, Catania, Canalicchio, Calatabiano, Pedara, Trecastagni,

Viagrande, Mascali, Nunziata, São Gregório.

de Martha Jaramilot *

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As mãos no mundoEmpenho sem fronteiras

Maison Shalom de Giuseppe Puonzo *

Calhámos lá por acaso.Ou, como o caso não existe, por providência.Era o início do verão de 2007, estávamos emBurundi nos meses de Junho e Julho para par-ticipar na ordenação de um nosso amigo sale-siano. Eramos dois, e depois da ordenaçãoíamos fazer um mês de formação aos anima-dores locais sobre o sistema preventivo deDom Bosco: em Agosto vinham ter connoscoo grupo de voluntários da Itália, para a expe-riência de Verão do Jovens em Ngozi, na casasalesiana no norte do Burundi.

No entanto, o Henry logo após a ordenaçãolembrou-se que tinha dez dias de exercíciosespirituais, aos quais não podíamos participarnem eu nem a Eugenia, e assim deu-nos o nú-mero de um taxista de confiança, de um contactona sede ONU e de uma tal de Maggie, da Mai-son Shalom, uma carta a explicar quem eramos,para onde íamos e se podíamos dormir ali algunsdias e entretanto ajudar no centro.

Foi aqui que conheci a Maggie.

Uma mulher lindíssima, vestida com roupas decores brilhantes, coloridas como a sua vida.

Numa manhã que parecia normal de Outubro de1993, Marguerite Barankitse foi tes-temunha de um massacre de húturealizada pelos tutsi na sede bispalde Ruyigi, onde ela trabalhava comoprofessora. Mais de setenta pessoasmortas, enquanto que ela, de étniatutsi, amarrada a uma cadeira, eraobrigada a ver impotente a cega vio-lência da sua própria gente.

Era o início do genocídio entreRuanda e Burundi.Milagrosamente, em vez de trans-formar aquela dor indizível emódio, Maggie entrega-se à fé, recu-pera as 25 crianças sobreviventes

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As mãos no mundo

«O dia em que a minha família foi exterminada, eu consegui fugir», conta.«Na estrada encontrei pessoas hútu em perigo e levei-as comigo para a casa do bispo, onde trabalhava.Os tutsi souberam disso e vieram ter connosco, agrediram-me selvagemente e assassinaram diante demim os 72 hutu. Fiquei destruída pelo horror. À minha volta estava um lago de sangue. Naquele momentopensei no suicídio. Fui para a pequena capela do Bispo e, como louca, gritei: «Senhor, tu não és amor!».Naquele mesmo instante ouvi vozes de crianças na sacristia. Pensava que estavam mortos com os outros,mas afinal, estavam ali, fugiram ao massacre, aterrorizados, a pedir a minha ajuda. Para mim foi comouma resposta de Deus. Decidi que tinha de continuar a viver para eles».

«Não fiz tudo sozinha» objeta Maggie que, pela sua fé inabalável foi definida a “Madre Teresa africana”.«Muitos países do mundo ajudaram a realizar tudo isto. A humanidade é como um puzzle. Se metemostodas as peças juntas criamos uma família extraordinária».

Da porta da Maison Shalom passaram 52.000 crianças e jovens, de todas as etnias.

daquela manhã e acolhe-as em sua casa. No anoa seguir nasce a Maison Shalom, uma casa ondeMarguerite Barankitse acolheu as jovens vítimasdo genocídio, tomando conta delas, oferecendo-lhes assistência, educação e instrução.Hoje a Maison Shalom tem um hospital, casas es-palhadas para o acolhimento, insere quotidiana-mente jovens no tecido social do Burundi, umcinema (existem dois em todo o país), uma pis-cina (a única do Burundi), terrenos agrícolas cul-tivados. Passaram por aquelas portas 52000crianças e jovens, de todas as etnias.

Maggie nunca casou, nem teve filhos: argumentaque teve milhares e milhares de filhos realmente.A grande caraterística da santidade foi a de con-verter e transformar o ódio, em acolhimento semlimites, a raiva em amor, um muro numa porta.

Tive o dom e o privilégio de passar com ela algunsdias extraordinários, de conhece-la no dia-a-dia,de poder fazer longas conversas de serão e à noite,e de poder encontrar, através destes momentos,dois olhos maravilhosos, pintados pelo amor deDeus para com os seus filhos. * SSCC

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PODEM ENVIAR A VOSSA AJUDA PARA OS PROJETOS E PARA O APOIO À DISTÂNCIA ATRAVÉS: Conta nos correios n° 69867380 em nome de Non uno di meno ONLUSIBAN IT11T076010320000069867380 Bic-Swift BPPIITRRXXX

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Projecto de desenvolvimento das ex-alunas/os das filhas de Maria Auxiliadora

www.nonunodimeno.org

Nem um a menos onlus

133 - ETIÓPIA, GubryeUMA VARANDA PARA GUBRYEPara quem? Crianças, jovens e mulheres da comunidade.Onde? Na missão de Gubrye da Diocese de Emdbir – Etiópia. O quê? Em Gubrye não existe uma paróquia, um oratório e nãoexistem estruturas para os jovens. O Bispo da Diocese de Emdbirpediu à comunidade das três irmãs presentes de iniciar uma novamissão para a formação dos jovens, das crianças e a promoção damulher. A intenção do projeto é construir uma varanda que permita

às crianças realizar atividades didáticas e recreativas, às jovens mulheres de formar-seseguindo cursos de padaria, bordado, pequeno artesanato.Custo do projeto: Euro 3.500,00

148 - TANZANIA, Tobora - MahengeUMA MÃO ESTENDIDA PARA TOBORAPara quem? 20 crianças órfãs.Onde? Em Tobora situada na parte ocidental da Tanzania.O quê? Orfãos acolhidos na Missão, precisam de tudo:atividades educativas, assistência socio-sanitária e alimentar.Custo do projeto para 20 ciranças: Euro 3.500,00

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de Lorenzo Trapassi *

Ler é uma aventuraOs afogados de Amelia Colanton

“Gli inabissati” (n.t.: tradução literal “Os afoga-dos”, livro não traduzido para a língua portuguesa)é um extraordinário romance de estreia, assinadopor Amelia Colanton, publicado em 2017. Extraor-dinário primeiro pelos conteúdos, que variam entrea análise da sociedade contemporânea à recupera-ção da mitologia grega, numa combinação originale bem pensada. Extraordinário também pela estru-tura da história, baseada numa série de planos nar-rativos paralelos, que resultam estar ligados comuma habilidade muito rara para uma Autora à es-treia da sua carreira literária.

Os três planos narrativos correspondem às histó-rias de Rosa, uma senhora condenada a uma pe-rene imobilidade na sua loja de sapatos de umapequena aldeia da Sicília, e dos seus três filhos “afo-gados” em mares diferentes, mas sempre perdidosaos olhos da mãe. Trata-se da Valeria, professora precária, do Luca, oproblemático homem que será o primeiro a sair de

casa e Antonia, que trabalha em Roma na emitenteRadioTeleOlimpia.

É de facto sob a luz dos refletores e das câmaras daRadioTeleOlimpia que se desvenda a metáfora da nossacontemporaneidade, que a Autora sabe descrever tãolucidamente e, ao mesmo tempo, sonhador, utilizandouma linguagem culta e cheia de alusões. E enquantoque dos estúdios de televisão vai em onda uma realida-de abafada, feita de meios corpos bem maquilhados ede aparições, fora das muralhas da RadioTeleOlimpia opaís real está à deriva à beira de uma crise de valoresque ameaçam as próprias bases da nossa sociedade.

“Os afogados” é, portanto, um romance que nos dáuma dupla leitura: a primeira, mais imediata e agradá-vel, é a narração das histórias das personagens. O se-gundo nível de leitura impõe um esforço de compreen-são mais difícil, mas necessário para quem não quer vi-ver sem saber a realidade italiana de hoje, para quemnão se quer afogar.

O AutorAmelia Colanton nome de arte deAntonella Amico (1978), siciliana deIblei, que vive e trabalha em Roma.Apaixonada de artes visuais e litera-tura contemporânea, é pesquisadorade História antiga e especializada emHistória grega na Universidade de

Roma Tor Vergata.Publicou ensaios e artigos sobre Historiografia contempo-rânea no mundo antigo. Entre os seus trabalhos científicos,a monografia Gaetano De Sanctis. Ama a arte dos pintoresde Iblei, seus conterrâneos, e escreveu notas críticas edita-das em catálogos de exposições romanas.Publicou em 2017 com a Editora Ensemble o romance Osafogados e obteve uma menção honrosa no Prémio interna-cional “Salvador Quasímodo”.

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AdoçõesESTATÍSTICAS sobre a situação atual

Famíla torna-se naquilo que ésExplorar o mundo das relações

de Raffaela Messina *

Neste texto vamos ver sinteticamente os númerosrelativos à adoção através de um resumo de dadosdiscutidos no congresso EurAdopt 2018 que de-correu o ano passado em Milão (Itália).

Segundo os dados apresentados as adoções inter-nacionais desceram em todo o mundo. Na Itáliadesceram do 55% de 2010 até 2016. Tristementeos motivos não são devido à diminuição das crian-ças abandonadas, que ainda são muitas, mas de-vido à diminuição de famílias disponíveis ao aco-lhimento.As causas deste difícil momento que está a viver oinstituto das adoções são muitas e por vários moti-vos. Entre as que foram individuadas no congresso

nota-se em especial: 1) a falta de apoio económicoe psicossocial às famílias; 2) a crescente complexi-dade dos problemas psicofísicos, por traumas oudoenças, de uma grande parte das crianças adotá-veis, as chamadas crianças com necessidades es-peciais; 3) por fim, os longos tempos de espera eos elevados custos da prática de adoção e a fracacolaboração com os países de origem das crianças.

A estas três causas adiciona-se uma quarta relativaà preocupação da possibilidade de atividades ile-gais e pelos recentes escândalos sobre alegadasadoções ilegais que decorriam também em Itália.Portanto são estas as dificuldades que emergiramdos trabalhos no congresso sobre o estado dasadoções.

No entanto, mesmo com dados negativos os tra-balhadores do setor chegaram à conclusão que aadoção pode ainda representar uma resposta quetutela o supremo interesse do menor desde que

sejam ativadas algumas ações que aapoiem.

Antes de mais nada é necessáriauma maior preparação das famíliasque desejam adotar diante decrianças com histórias cada vezmais complexas. Também é impor-tante que os casais sejam seguidos

por profissionais mesmo depois daadoção. Por fim, último, mas não

menos importante, os operadores do setorconsideram desejável um apoio económico às fa-mílias adotivas de parte do governo.

* Psicóloga, Ex-Aluna salesiana

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Terceiro MilénioO presente que já é futuro

AS MULHERES QUE MUDARAM A HISTÓRIAMulheres, do presente e do passado, de quem falamos, mas de quem sabemos pouco

de Cristiana Mariani

AS FEMINISTAS DA IDADE MÉDIAÉ habitual identificar a Idade Média como tempo onde as mulheres, consideradas sem alma, tinham poucaimportância na sociedade. Pelo contrário, a escritora e jornalista Giovanna Jacob (artigo completo emwww.aleteia.org) publicou uma análise provocatória e muito documentada que demostra como foi realmentea ‘obscura’ Idade Média cristã que permitiu à mulher exprimir todos os seus talentos. Vamos tentar seguir asua opinião resumindo-a nestas páginas.

Desde a época de Voltaire, os históricosdescrevem a Idade Média como umaépoca negra, retrograda, subdesenvolvi-da, supersticiosa e sobretudo misógina.Na reconstrução literária da Idade Médianarram-se histórias macabras de mulhe-res “sem alma” obrigadas a entregar-se nanoite de núpcias, em vez de ao marido,ao senhor feudal (o famoso “ius primaenoctis”).Pelo contrário, segundo Régine Pernoudsão mentiras. Abaixo está o resumo dateoria da histórica francesa, que já fale-ceu, nos livros Idade Média um precon-ceito secular (editado em Itália pela Bom-piani em 1983) e A mulher na época das catedrais(editado em Itália pela Rizzoli em 1982).

Relativo à ideia que as mulheres na Idade Médiafossem consideradas criaturas sem alma, a Pernoudafirma: “Estranho que os primeiros mártires, queeram venerados como santos, fossem mulheres enão homens: Santa Agnes, Santa Cecília, SantaÁgata e muitas outras. Mas é realmente triste quea Santa Blandina ou a Santa Genevieve não tives-sem uma alma imortal! Surpreendente que umadas mais antigas pinturas das catacumbas (no ce-

mitério de Priscila) representasse efetivamente aVirgem com o Menino, bem descrita pela estrelado profeta Isaías”.Após ter eliminado estas mentiras, a Pernoud falasobre as grandes rainhas francesa da Idade MédiaBaixa: “Não é surpreendente que nos tempos feu-dais a rainha fosse coroada como o rei sempre pe-las mãos do arcebispo de Reims? Noutras palavras,atribuía-se à coroação da rainha o mesmo valorque àquela do rei. Leonor da Aquitânia e Biancade Castela de facto dominaram o próprio séculoexercendo um poder incontestado quando o rei

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Terceiro Milénio

estava ausente, doente ou morto, tiveram os seussecretários pessoais, o seu campo de atividades pes-soais”. Não devemos esquecer que foi uma rainha,Isabel I de Castela, a patrocinar a ação que marcousimbolicamente o início da época moderna: a des-coberta da América de Cristóvão Colombo.

Para além destas grandes rainhas, Per-noud elenca um número impressio-nante de fidalgas e Senhoras feudaisque viveram entre os Séculos V e XVdepois de Cristo. Delas lembramosaqui só a famosa Matilde de Canos-sa, que em 1115 ousou revoltar-seao imperador alemão Frederico I(Barba Ruiva), inimigo jurado do po-vo italiano, doando os seus feudostoscanos e emilianos ao Papa.As mulheres também tinham posi-

ções de poder dentro da Igreja: algumas abades-sas comportavam-se como autênticos senhoresfeudais cujo poder era respeitado como aquelede todos os outros senhores, algumas mulheresusavam a cruz como os bispos; habitualmenteadministravam vastos territórios que incluíam al-deias, paróquias, etc.

Contrariamente ao que referem alguns históri-cos nem todos os conventos femininos eramsubmetidos aos masculinos, mas também acon-teceu o contrário. Roberto de Abrissel, em Fon-tevrault, ao início do século XII “quis efetiva-mente que os monges da sua ordem estives-sem sob a direção da abadessa do conventofeminino adjacente. Se algumas abadessas ti-nham mais poder do que os abades, em vezas mulheres casadas de qualquer categoria so-cial eram independentes dos maridos mesmorelativamente ao direito de propriedade: “Nosatos escritos é bastante frequente encontrarcasos de mulheres casadas que agiam sozi-nhas, abrindo uma loja ou um negócio por

exemplo, sem ter de apresentar uma autorizaçãodo marido”. Até no interior, entre os chamados“servos”, existiam mulheres que compravam ouvendiam pequenas propriedades: num ato do sé-culo XI fala-se de “duas servas, de nome Auberedee Romelde, que no final do século XI (entre 1089

Isabel I de Castela

Matilde de Canossa

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Terceiro Milénioe 1095) compraram a própria emancipação emtroca de uma casa que possuíam em Beauvais, napraça do mercado”.

As mulheres da Idade Média não precisam de fazerbatalhas feministas para entrar no mundo do tra-balho: “as inscrições nos registos (hoje chamadastaxas de registro), onde quer que estejam guarda-das, como no caso de Paris no final do século XIII,mostra-nos uma multidão de mulheres que exer-ciam as mais variadas profissões: professora de es-cola, médica, farmacêutica, especializada de giz,especialista de tingimento, copista, miniaturista,encadernadora e por aí diante”. Notem: tambémhaviam miniaturistas, que são artistas (por exemploum livro de miniaturas tem a seguinte inscrição:“Omnis pictura et floratura istius libri depicta ac flo-rata est per me Margaretam Scheiffartz” – “Cadaimagem e decoração deste livro foi pintada e de-segnada por mim, Margarida Scheiffartz”).

E agora agarrem-se bem: na Idade Média não sóexistiam formas de democracia direta a nível lo-cal, mas votavam seja homens seja mulheres. Da

união das habituais recolhas de informação, dosestatutos das cidades, mas também da enormequantidade de atos dos notários e dos documen-tos jurídicos “apresentasse-nos um quadro quepara nós tem mais do que uma característica sur-preendente, por exemplo: vemos as mulheres avotar como os homens nas assembleias das cida-des ou das aldeias de interior”. Não surpreendeque na Idade Média existissem algumas formasde democracia direta. Atribui-se a Carlos Mag-no, imperador católico, o lema: “Vox populi,vox Dei”. Numa das numerosas cartas que en-viou aos Papas e aos reis na dramática época docativeiro de Avignon, Santa Catarina de Sienaescreveu: “O poder não é absoluto, é empresta-do por Deus. Ou pelo povo.”. Esta mulher do po-vo era ouvida pelos mais poderosos da sua altura.Um século depois, durante a guerra dos cemanos, uma simples rapariga de humildes origensconseguiu convencer os reis da França a pô-la aocomando de um exército de homens. Chamava-se Joana de Arco.

Fontes: PEPEONLINE, 13 Ago 2018https://it.aleteia.org

*Ex-Aluna Fed. Lombarda Imaculada

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Água seja sempre louvada!A água é um bem inestimável, todos sabem disso. É um recurso ‘não renovável’.Portanto, é importantíssimo não desperdiçar este elemento que acompanha a nossa vida vezesincontáveis do nosso dia. Vamos tentar comparar-nos a simples sugestões publicadas nas páginas deinternet que falam de ecologia...

Começamos pelo facto que a água é um bempouco acessível e que sobretudo a água doce lim-pa e potável não é um recurso infinito; de facto sebem que os recursos hídricos ocupam 71% da su-perfície terrestre, a água doce é só 2,5% desta, osrestantes 68,5 são salgadas. Destes 2,5%, mais doque 2/3 são glaciares, enquanto que 29,9% estãonas faldas aquíferas subterrâneas, o 0,3% nos rios enos lagos e por fim o 0,4% está na atmosfera.Portanto, um elemento que nos deve levar a pou-par água é a falta do recurso. A este adicionamoso aumento da temperatura que derrete as princi-pais reservas hídricas do nosso planeta: os glaciarese a neve. Para além disso as mudanças climáticasfazem com que longos períodos de seca se alter-nem a breves períodos de chuvas intensas e violen-tas assim a água que cai em grande quantidade erapidamente num terreno árido não chega a ser ab-sorvida e vai para as faldas escorrendo para os riose depois para o mar onde se torna inutilizável.Um problema que não devemos menosprezar éa poluição hídrica produzida pelo homem, à qual

as águas naturais não conseguem enfrentar mesmotendo uma espontânea tendência para a autode-puração. Hoje utilizamos mais água daquela que consegui-mos adquirir sem criar estragos nos ecossistemas ese continuamos assim no futuro será cada vez maisdifícil e caro garantir a todos este bem indispensá-vel, criando-nos problemas, ao planeta e para todosos ecossistemas dentro dele.Por último, todas as vezes que abrimos uma tor-neira e gastamos água preciosa, temos de noslembrar do princípio do “Desenvolvimento susten-tável” o qual impõe de entregar aos nossos filhosum planeta são e de satisfazer as necessidades dasatuais gerações, sem comprometer a capacidadedas futuras gerações de satisfazer as próprias.

A água desperdiçada em casa por ignorância.É muito útil conhecer alguns consumos absurdosaos quais tristemente estamos habituados. Sãoaqueles que fazemos sem pensar. Aqui estão algunsdos mais importantes:

Eu não desperdiço Reutilizo

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30 litros. É o desperdício de água se deixarmos atorneira aberta enquanto lavamos os dentes. Numano uma família de três pessoas pode poupar até7.500 litros de água potável.150 litros de água são um belo banho relaxante,mas gasta três vezes mais do consumo médio deum duche. Tomando um duche poupamos 100 li-tros de água todas as vezes. Já só utilizando um du-che em vez da banheira consegue-se poupar porvolta de 1.200 litros de água por ano por pessoa.20 litros. Outra poupança importante e simples:basta fechar a torneira enquanto se faz a barba.20 litros. Todos os dias, vinte litros a menos se ins-talarmos um autoclismo com fluxo diferencial. O20% dos consumos domésticos de água acabam sa-nita abaixo. É útil atualizar os autoclismos com mo-dernos sistemas de descarga que deitam quantida-des diferentes de água consoante a exigência. Destamaneira podemos poupar até 50%, que equivale acerca de 26.000 litros anuais.De 40 a 60 litros. É o que podemos poupar por cadalavagem de máquina da roupa ou da loiça cheias.Para poupar água e energia elétrica é oportuno uti-lizar os eletrodomésticos cheios escolhendo o cicloeconómico, diminuindo assim a frequência das la-vagens. Assim podemos poupar mais de 8.000 litrosde água por ano. Em média a máquina de lavarroupa consuma menos de metade da água (80l.)com a lavagem a 30ºC em vez da lavagem a 90ºC;hoje muitos detergentes são mais eficazes abaixodos 60ºC.

100 litros. Água poupada se o carro for lavado comum balde em vez de lavar com a mangueira.4 litros. A poupança diária se lavarmos as verdurasdeixando-as repousar na água em vez de usar aágua corrente. Mas de 1.000 litros por ano. Se lavarmos a loiça ámão sem usar a água corrente. Convém encher olavatório com a quantidade certa de água necessá-ria e lavar com ela. Para além disso, lavar a loiça lo-go a seguir às refeições, tirar a sujidade maior, usara água da cosedura para lavar a loiça permite-nospoupar não só água, mas também energia e deter-gente. O excessivo uso dos produtos químicos paraa limpeza da loiça e da casa para além de causarpoluição nos cursos de água, aumenta o consumode água utilizada para a limpeza das superfícies en-saboadas.100 litros de água por dia são o desperdício deuma torneira ou de uma sanita que pingam. Nãodevemos ignorá-los. Uma correta manutenção ou,se necessário, uma pequena reparação contribuempara poupar muita água potável que seria desper-diçada sem ser utilizada. Uma perda de 90 gotasao minuto correspondem a cerca de 4.000litros/ano. Para verificar podes ler o contador ànoite antes de ir dormir, não abras as torneirastoda a noite e volta a ler o contador na manhã se-guinte.Por último lembramos de reutilizar no jardim aágua usada para lavar as verduras e de regar asplantas à noite: depois do pôr do sol a água eva-pora mais lentamente.

Terceiro Milénio

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DCOER1657

Periódico da Confederação MundialEx-alunas/os das FMA

Poste Italiane S.p.A. Spedizione in Abb. Postale D.L. 353/2003(conv. in L. 27/02/2004 nº 46) art. 1, comma 1, Aut. C/RM/48/2006

periódicoomologato

Pega num sorriso,oferece-o a quem nunca o teve.

Pega num raio de sol,fá-lo voar lá onde reina a noite.

Descobre uma nascente,deixa mergulhar quem vive na lama.

Pega numa lágrima,coloca-a na cara de quem não chorou.

Pega na coragem,mete-a na alma de quem não sabe lutar.

Descobre a vida, conta-a a quem não a sabe perceber.

Pega na esperançae vive na sua luz.Pena na bondade

e dá-a a quem não sabe doar.Descobre o amor

e deixa-o conhecer o mundo.

Mahatma Gandhi