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Alcoolismo e seu metabolismo Ivson Cassiano Caio Filipe

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Alcoolismo e seu metabolismo

Ivson CassianoCaio Filipe

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Introdução – Consumo alcoólico O principal agente do álcool é o etanol (álcool etílico). Apesar de o álcool possuir grande aceitação social e seu consumo ser estimulado pela sociedade, ele é uma droga psicotrópica que atua no sistema nervoso central, podendo causar dependência e mudança no comportamento. Quando consumido em excesso, o álcool é visto como um problema de saúde, já que esse excesso pode estar ligado a acidentes de trânsito, violência e alcoolismo (quadro de dependência). Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, 2,7% da população mundial é dependente de álcool. No Brasil, sabe-se que a prevalência de alcoolismo na população está entre 3% e 10%. No Rio de Janeiro, 4,1% da população têm dependência ao álcool, enquanto no Estado de São Paulo, 7,7% da população têm história de alcoolismo crônico, sendo que a prevalência nos homens é de 12,6% e nas mulheres de 3,3%(2).

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A dependência do indivíduo tem haver com o facto de o etanol ocupar o lugar dos mensageiros químicos, de forma a que os neurotransmissores fiquem a sobrevoar na zona de sinapse.

Este processo leva o desejo da pessoa desejar sempre álcool (dependência)

A dependência acontece quando o cérebro fica tão acostumado à presença do álcool que não consegue mais funcionar normalmente sem ele. O corpo deseja álcool para manter o equilíbrio químico.

Quando a pessoa não ingere álcool, a química do seu cérebro fica completamente desestabilizada e começam a se desenvolver os sintomas de abstinência, como ansiedade, tremores e até convulsões.

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Etanol O etanol pertence ao subgrupo das funções oxigenadas denominadas álcoois que, por definição, são compostos orgânicos que possuem uma ou mais oxidrilas (OH) ligadas diretamente a átomo de carbono não pertencente a um núcleo benzênico. Apresenta a fórmula química C2H6O, sendo sua preparação quase exclusivamente industrial, através de dois processos:

1. Fermentação. 2. Destilação.

- Molécula pequena

- Solúvel em água C2H6OC2H6O

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Absorção e DestinoRapidamente absorvido por difusão

No estômago 20%Intestino delgado 80%

80-90% oxidado no fígado (MEOS, ADH e ALDH)

Restante distribuído para os outros tecidos

De 2 a 10% é expelido pela respiração (bafômetro) ou excretado na urina

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Oxidação do etanol

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Metabolismo pela ADH (álcool-desidrogenase)  e ALDH

( Acetaldeído desidrogenase)Metabolismo pela ADH (álcool-desidrogenase)  e ALDH

( Acetaldeído desidrogenase)

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MEOS (Sistema microssomal de oxidação do etanol)

Envolve proteínas do complexo do citocromo P-450 (CYP2E1)

Há consumo de NADPH e O2 e produção de H2O

Produz RADICAIS LIVRES

De 10 a 20% do etanol ingerido

Sua atuação aumenta com o aumento da ingesta

Induzível pelo alcoolismo crônico

Catalase• Peroxissomas

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● A maior parte do acetato formado no fígado pelo metabolismo do etanol vai para o sangue

● O acetato é captado e oxidado em outros tecidos, principalmente coração e músculo esquelético(ACS mitocondrial) - Formação de acetil-CoA na matriz mitocondrial - Ciclo de Krebs

Convertido em acetil- CoA (acetil-CoA sintase)

 

Ácidos graxos corpos cetônicos colesterol

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Consequências

● O etanol também interfere com várias outras enzimas do citocromo P 450 , podendo interferir com a detoxicação de uma série de medicamentos barbitúricos(fenobarbital)

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ETANOL FÁRMACOS

ÁlcoolDesidrogenase

ACETALDEÍDO METABÓLITOS

MEOS no metabolismo do etanol

Inibição da biotransformação de fármacos

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Doença hepática alcoólica

• A hepatite alcoólica comumente só se desenvolve em pacientes que consomem pelo menos 80 g de álcool etílico ao dia, durante pelo menos cinco anos (geralmente dez anos ou mais).

Consequência do consumo crônico e excessivo de álcool, responsável pela esteatose hepática, hepatite alcoólica e cirrose hepática.

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Aumento da relação NADH/NAD+

• Ocorre aumento porque não há regulação efetiva da oxidação do etanol

• Altera quase todas vias metabólicas do fígado• Diminui via glicolítica e ciclo de Krebs

Hipoglicemia A abundância de NADH favorece a redução de piruvato em lactato e oxalacetato em malato, ambos são intermediários na síntese de glicose pela gliconeogênese. Assim, o aumento no NADH mediado pelo etanol faz com que os intermediários da gliconeogênese sejam desviados para rotas alternativas de reação, resultando em síntese diminuída de glicose. A hipoglicemia pode produzir muitos dos comportamentos associados à intoxicação alcoólica – agitação, julgamento dinimuído e agressividade.

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• Inibe a beta-oxidação• Aumenta síntese de T.A.G. – esteatose

• F - Esteatose• N – Fígado normal

• H+ diretamente deslocado para síntese α- glicerofosfato e ác.graxo – precursores TG – acúmulo de TG (esteatose- fígado gorduroso)

• Aumenta concentração de lactato - acidose lática diminui excreção de ác. Úrico - GOTA

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O alcoolismo acompanha-se muitas vezes de mal-nutrição, pois apesar do álcool conter cerca de 7 Kcal/g, as bebidas alcoólicas contêm quantidade negligenciável de vitaminas, oligoelementos e proteínas. A carência de tiamina é relativamente frequente. A tiamina é essencial para a atividade da piruvato – desidrogenase. O etanol ingerido é convertido em metabolitos intermediários do ciclo de Krebs que podem ser utilizados para produzir ATP. Quando o indivíduo para de beber a concentração daqueles cetoácidos baixa, sendo necessária a ativação da glicólise para assegurar a produção de ATP. A carência de tiamina limita a atividade da via das fosfopentoses, origina aumento da formação de lactato, e lesões cerebrais (Síndrome de Wernicke-Korsakoff).

PROBLEMAS NUTRICIONAIS

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Geração excessiva de acetaldeído

• Altamente tóxico, mutagênico e carcinogênico

• Produção de anticorpo, inativação enzimática e decréscimo reparo ao DNA

• Promove depleção da glutationa (GSH), toxicidade mediada por radical livre e lipoperoxidação

• acúmulo de colágeno – fibrose e cirrose hepáticas

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FATORES QUE INLUENCIAM A ABSORÇÃO

• Natureza, volume, teor da bebida alcoólica

• Presença de medicamentos Aspirina: aumenta absorção (reduz a ação da ADH gástrica)

• Tempo de ingestão

Bebida Teor Alcóolico

Cerveja 5%

Vinho 10%

GIM 50%

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• Fatores fisiopatológicos sexo Peso corporal Deficiência proteica grave: absorção extremamente rápida

• Fatores genéticos e ambientais

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Álcool e o Câncer

O álcool aumenta o risco de câncer de esôfago, pois prolonga o tempo de contato com carcinógenos, em virtude de promover alterações da motilidade esofágica, além de levar a alterações epiteliais do esôfago que podem predispor ao desenvolvimento de lesões precoces.

quantidade de álcool ingerido tipo de bebida consumida

Estudos demonstraram que o etanol pode induzir ao câncer ao permitir proliferações mais extensas e desenvolvimento maligno de lesões esofágicas induzidas por produtos químicos e carcinógenos

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O etilismo crônico pode levar à má nutrição, favorecendo a transformação de pró-carcinógenos em Carcinógenos, além de interferir nos mecanismos de defesa da mucosa, por deficiência de substâncias protetoras da mucosa, como a riboflavina, vitamina A e ferro.Além disso, a presença de um alelo mutante da enzima aldeído-desidrogenase-2 (ALDH2*2) o risco de câncer torna-se ainda maior.A má higiene bucal, que é fato comum em etilistas crônicos, aumenta a microbiota de aeróbios, responsáveis pela conversão de álcool a acetaldeído, fato que aumenta a concentração salivar de acetaldeído e dessa forma eleva o risco de câncer.

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Atualmente a noticia de que o ex-presidente estar com câncer de laringe abriu uma discursão sobre as causas do mesmo.

A combinação entre cigarro e álcool é a mais nociva para a saúde das vias respiratórias e do sistema digestivo. Embora o risco seja diretamente proporcional ao tempo e à quantidade de tabaco consumido ao longo da vida, o fumo é nocivo desde a primeira tragada. E mesmo quem fuma pouco não está isento do risco.

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Sindrome de Mallory-Weiss

• refere-se ao sangramento das lágrimas (uma lágrima ou laceração de Mallory-Weiss) na mucosa na junção do estômago e esôfago, normalmente causada por fazer muito esforço para tossir ou vomitar.

• A síndrome de Mallory-Weiss apresenta freqüentemente como um episódio de vômito de sangue (hematemese) depois de tentativas violentas para vomitar

ou vômitos, mas também pode ser notado como sangue velho na melena, sendo que uma história de vômito forçado pode estar ausente.

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Estudo realizado na Alemanha em 5.958 necrópsias entre 1997 e 2001 revelou que sangramento como causa de morte devido às fissuras presentes na síndrome de Mallory-Weiss ocorreu em nove casos (0,15%), oito dos quais associados ao abuso alcoólico crônico.

Síndrome de Mallory-Weiss

Convém mencionar que a ingestão aguda de álcool provavelmente não tem relação com o sangramento originário da ruptura de varizes de esôfago em pacientes com hipertensão portal.

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Estômago

A camada de muco e bicarbonato que protege a mucosa gástrica de traumas mecânicos por alimentos e agentes irritantes, é fortemente agredida pelo álcool, levando à inibição na secreção de bicarbonato. O epitélio gástrico se renova completamente a cada três dias, mas sob a ação do etanol esse processo torna-se muito comprometido. Com efeito, a descamação que ali ocorre sob ação do álcool está acima da capacidade regenerativa do estômago, predispondo ainda mais às lesões do epitélio.

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• O etanol pode ser considerado um agente causador ou potencializador na formação de úlceras pépticas (em estudo)

• O álcool foi apontado como fator de risco para hemorragia gastrointestinal nos indivíduos com consumo excessivo, qual seja, de quatro ou mais doses por dia

• A relação entre o dano produzido pelo álcool e o estresse tem sido estudada. A instilação de álcool a 40% no estômago de ratos submetidos a estresse por condicionamento físico foi fator condicionador importante do aparecimento de lesões hemorrágicas gástricas.

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Foi demonstrado que o abuso crônico de álcool pode induzir fibrose dos vilos duodenais, associada à transformação das células justaparenquimatosas do vilo em células subepiteliais ativadas miofibroblasto-símile. Estas células são capazes de produzir componentes diferentes da matriz extracelular, aumentando especialmente o depósito de colágeno do tipo III. Esse achado pode explicar o afinamento da membrana basal do vilo duodenal encontrado em etilistas crônicos por morfometria.

Duodeno

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Intestino delgado

• O consumo crônico e abusivo do álcool,que se manifesta comumente por diarreia e emagrecimento, leva ao desenvolvimento de má absorção no intestino delgado.• Diminuição de absorção de D-xilose, vitamina B12 e

presença de esteatorréia.• A diarreia é decorrente de alterações estruturais e

funcionais do intestino delgado.• O consumo de etanol por dois meses ocasionou

deformações em mitocôndrias, dilatação do retículo endoplasmático e alteração do aparelho de Golgi.

• Em resumo, os mecanismos responsáveis pelo efeito do álcool no intestino delgado não são totalmente conhecidos, provavelmente ocorrendo o envolvimento de vários fatores.

É reversível.

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Ação do Álcool no Cérebro

• O etanol afeta diferentes neurotransmissores no

cérebro, entre eles, o ácido gamma-aminobutirico(GABA).  • O neurotransmissor GABA atravessa a

abertura e se liga ao receptor GABAaérgico o qual está acoplado a um canal de cloro e associado a um receptor benzodiazepínico. Quando a molécula GABA se acopla a seu receptor, ela resulta em um aumento na frequência de abertura dos canais de cloro, permitindo então um fluxo maior deste íon no meio intracelular, tornando-o mais negativo, e então promovendo hiperpolarização neuronal.

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• O álcool atua sobre canais existentes nas membranas dos neurônios, através dos quais estas células trocam íons com o meio circundante. Por meio deles, íons positivos ou negativos entram e saem dos neurônios, aumentando ou diminuindo sua atividade elétrica.

Quando o etanol se liga ao receptor GABAérgico (canal de cor azul-violeta mostrado na imagem do centro), ele promove uma facilitação da inibição GABAérgica. O resultado é um efeito muito mais inibitório no cérebro, levando ao relaxamento e sedação do organismo.

Afeta o movimento, memória, julgamento, respiração, etc.

O procedimento, por sua vez, afeta todas as funções cerebrais.

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O Álcool estimula diretamente a liberação de outros neurotransmissores como a serotonina e endorfinas que parecem contribuir para os sintomas de bem-estar presentes na intoxicação alcoólica. Mudanças em outros neurotransmmissores foram menos observadas.

Dificuldades em andar, visão borrada, fala arrastada, tempo de resposta retardado e danos à memória.

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Álcool e hepatite B Verificou-se que houve maior incidência de marcadores do vírus da hepatite B (exceto anti-HBs) em alcoólatras do que em indivíduos sadios. O fígado com alterações estruturais e funcionais apresenta maior predisposição ao dano hepático. Não influencia na evolução da DHA. Deve-se indicar o dobro da dose utilizada comumente.

Álcool e hepatite C O consumo de etanol favorece a aquisição e replicação do vírus da hepatite C. O etanol agrava a lesão pela hepatite C por causar danos aditivos, cuja patologia não é necessariamente semelhante em todos os casos, pois depende das características do consumo de etanol (dose, duração da ingestão, continuidade, entre outras) e das condições, da fase da hepatopatia pelo vírus C. Influencia na evolução da DHA.

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Cirrose

processo difuso de fibrose e formação de nódulos, acompanhando-se freqüentemente de necrose hepatocelular. surge devido ao processo crônico e progressivo de inflamações (hepatites), fibrose e por fim ocorre a formação de múltiplos nódulos, que caracterizam a cirrose.

destruição de suas células alteração da sua estrutura processo inflamatório crônico.

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Apesar da crença popular de que a cirrose hepática é uma doença de alcoólatras, todas as doenças que levam a inflamação crônica do fígado (hepatopatia crônica) podem desenvolver essa patologia

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Sintomas

No início não há praticamente nenhum sintoma, o que a torna de difícil diagnóstico precoce, pois a parte ainda saudável do fígado consegue compensar as funções da parte lesada durante muito tempo. Numa fase mais avançada da doença, podem surgir desnutrição, hematomas, aranhas vasculares, sangramentos de mucosas (especialmente gengivas), icterícia ("amarelão"), ascite ("barriga-d'água"), hemorragias digestivas (por diversas causas, entre elas devido a rompimento de varizes no esofago, levando o doente a expelir sangue pela boca e nas fezes) e encefalopatia hepática.

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Tratamento• Transplante de fígado

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SÍNDROME ALCOÓLICA FETAL

• Desenvolvimento anormal da face, com olhos afastados, fissuras palpebrais curtas e molares pequenos;• redução da circunferência craniana;• retardo do crescimento;• retardo mental e anormalidades

comportamentais que frequentemente assumem a forma de hiperatividade e dificuldade de integração social;

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Bibliografia • Farmacocinética do etanol• Ambiente Brasil. Etanol - O que é?.• http://alcoolismo.com.br/• Doença hepática alcoólica. Moysés Mincis e

Ricardo Mincis.