alcool e drogas na juventude - muva€¦ · vimos que falar sobre “álcool e drogas” na...
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Álcool e drogas entre adolescentes e
jovens
Um estudo idealizado e realizado pel@s jovens
Madjaha Wo Mangwana – ChipangaraZito Dza Vanpswa - Chamanculo
Nós, jovenspesquisador@s dos bairros
Zito Dza VanpswaMadjaha Wo Mangwana
Quem somos?
Como nos situamos como jovens pesquisador@s em formação
nos e dos bairros?
Ocupamos um local privilegiado para o acesso a informação,por sermos jovens e parte das comunidades, mas exercemos
constantemente a postura de pesquisador@s de distanciamentoe familiarização.
Realizamos os estudos nosbairros
Chamanculo (Maputo) e Chipangara (Beira)
E também somos parte
dos bairros.
Por quê estudar o consumo de álcool e drogas poradolescentes e jovens? O que nos levou a pensar
sobre esta realidade?
.
Escolhemos este tema porque observamos o
comportamento de adolescentes e jovens nos nossos
bairros e o consumo explícito destas substâncias. Nosso
interesse foi compreender a juventude, a partir de
suas motivações de consumo e os significados e valores
dados a estes.
.
Vimos que falar sobre “álcool e drogas” na comunidade é
debater sobre percepções morais e sobre distintas
práticas e discursos. É, também, reflectir sobre normas
sociais, sobre género, sobre “status” na comunidade e,
principalmente, sobre a desocupação da juventude e
sobre os desejos de pertença.
Vamos aos dados!
400 inquéritos com jovens de 13 a 25 anos de Maputo e Beira.
50 entrevistas abertas semiestruturadas com encarregados de
educação e pessoas de influência.
10 entrevistas em profundidade baseadas nas metodologias de
história de vida e photovice com jovens que possuem trajectórias vinculadas ao consumo de álcool e drogas
Metodologia
Consumo de álcool e drogas
72%d@s entrevistad@s declaram-se
consumidore@ de álcool.
23%d@s entrevistados declaram-se
consumidor@s de drogas ilegais.
Destes consumidor@s, 88% afirmam consumir “suruma”
(Cannabis Sativa).
Prevalece o consumo de cerveja ede bebidas secas.
Álcool Drogas
Palavras que surgiram na mentequando falamos em álcool:
Fim da Vida
Destruição
Prejudicial
Dependência
Altera a mente
Fotografia de campo: Fenias Neves
Termos que remetem a aspectos depreciativos.
Palavras que surgiram na mentequando falamos em drogas:
Morte
Destruição
Perigo
Tóxico
“Um mal”
Vicia
Fotografia de campo: Gerneto Judas
Termos queremetem a aspectos
depreciativos.
Discurso X Prática
Percebemos um forte discurso moral que destoava da prática de consumo d@s jovens pesquisad@s.
Percebemos que @s entrevistad@s tendem a julgar moralmentequem consome, mas quando perguntamos se consomem, a maioriaresponde positivamente.
Hábitos de consumo do álcool da juventude
Motivações
Influência de amigos (48%) e a curiosidade(44%) são os motivos
mais marcantes para o consumo.
Quem ofereceu?
57% afirmam que foramamigos, mas vemos a
presença da familía com 16%.
Sentimento
Consumo de álcool foiassociado a agitação, a “paulada”, calão
utilizado que remete a adrenalina.
Erros e danos
Os “erros” mencionados quandoembriagados, tratam, em grande
parte de actos de violência contra a mulher, geralmente dentro do
núcleo familiar.
De onde vem o dinheiro?
Já lutou?
24% afirmam ter lutadosob o efeito do álcool .
35% usam o dinheiros dos pais e outros 35% fazem
biscates.
Quanto gasta?
35% afirma que o gasto semanal
é de até 100MT e 25% gasta até300MT
Quando consome?
A maioria consome o álcool no máximo 2 dias por semana no
período da tarde e noite(95%).
Hábitos de consumo de álcool da juventude
A maioria afirma nãoprocurar ajuda (76%) , mas quando o faz, é através da
igreja ou de familiares, geralmente tios e tias e
não seus pais.
O consumo de álcool se espalha emespaços, com maior presença nas
barracas, na rua e em casa.
A maioria não identifica o desempenho escolar como vinculado ao consumo e são poucos que se assumem como viciad@s. Os problemas com a escola são associados a outras dificuldades,
principalmente financeiras.
A maioria d@s consumidor@s nãoreconhece impactos, mas quando
reconhecem, referem-se aos danos naeducação e na vida emocional, baseada
nas relações amorosas e familiares.
Sobre a idade permitida para o consumo de álcool, @s entrevistad@s
têm conhecimento, mas as consequências para quem vende paramenores não são claras, em que 60%
afirma não saber.
Procurou ajuda?
Locais de consumo
Desempenho Escolar
Leis
Impactos
Álc
oo
l
Hábitos de consumo de drogas pela juventude
Motivações
A curiosidade (47%) e a Influência de amigos (38%) são os motivos mais marcantes, mas
11% afirma consumir por frustração com a vida.
Quem ofereceu?
70% iniciou a consumircom amig@s.
Sentimento
De onde vem o dinheiro?
Já lutou?
86% afirmam não ter lutadosob efeito das drogas, porafirmarem consumir para
relaxar.
44% afirmam fazer biscatespara comprar a droga, enquanto 25% usam o dinheiro dos pais ou de
outros.
Quanto gasta?
57% gasta menos de 100 MT por semana com o
uso, 28% gasta de 100 a 300 MT.
46% afirmam ficar muitocalmos e utilizam a droga
como forma de relaxamento.
Hábitos de consumo de drogas pela juventude
Há o entendimento de que a droga é ilegal, mas as consequências do
consumo e da venda também não são claras, em que 59% afirma não
ter conhecimento
Locais de consumo Leis
O consumo de drogas concentra-se em casa e na rua, geralmente como
um acto de consumo cotidiano.
A maioria consome surumatodos os dias (41%), comoparte do cotidiano e 59% utiliza durante a manhã e
tarde.
Quando consome?
Percepções X Realidade Álcool e drogas
Percepção sobre o perfil que mais consome álcool ?
A percepção que predomina é de que osmaiores consumidores de álcool são
homens (86%) de 16 a 18 anos de idade.
Na Beira, a percepção concentra-se no perfil
de homens de 13 a 15 anos.
Em relação às drogas também se referem aoconsumo como uma prática masculina.
Homens
Mulheres
86%
14%
Quem mais consome?Perfil d@s entrevistad@s
55% homens
45% mulheres
D@s entrevistad@s consumidores de álcool:
Há um certo equilíbrio de género entre @s consumidores entrevistad@s . Porém, identificamos que as normas sociais
sobre o consumo pesam para as mulheres.
Quem mais consome as drogas?
Perfil entrevistad@s
70% homens
30% mulheres
D@s entrevistad@s consumidores de drogas:
Predomina o consumo masculino.
Percepção sobre o tipo de bebida mais
consumida
Tipo de bebida maisconsumida pel@s
entrevistad@sXBebida Seca (Vodka,whisky, Gin)
Bebida tradicionaldestilada (Tipototonto/catchaço)
Bebida tradicionalfermentada (Tipooputso)
Cerveja
85% Bebida Seca
13%Cerveja
28% Bebida Seca
68% Cerveja
1%
1%
3%2%
A percepção é de que jovens consomem mais bebida seca.
Porém, nas entrevistas, afirmavambeber mais cerveja.
Percepção sobre o tipo de bebida mais
consumida
Tipo de bebida maisconsumida pel@s
entrevistad@sXBebida Seca (Vodka,whisky, Gin)
Bebida tradicionaldestilada (Tipototonto/catchaço)
Bebida tradicionalfermentada (Tipooputso)
Cerveja
85% Bebida Seca
13%Cerveja
28% Bebida Seca
68% Cerveja
1%
1%
3%2%
A percepção é de que jovens consomem mais bebida seca.
Porém, nas entrevistas, afirmavambeber mais cerveja.
Por quê?
STATUS SOCIAL
.
Identificamos que o consumo de bebidas pela juventude
envolve o reconhecimento de status social. A bebida seca é
vista como mais barata e de menos valor social e a cerveja é
“mais cara”, “de marca” e dá mais status. Por isso, muitos
manifestam que bebem mais cerveja, mas percebem a
maioria como consumidores de bebida seca.
Idade em que começou a consumir o álcool
0
10
20
30
40
50
60
6 7 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
A maioria iniciou o consumo de álcoolaos 16 anos, este dado repete-se em relação às drogas .
Violência de género e consumo de álcool
Percepção sobre quem “pode” ou “não pode” beber
47%
Acho errado homens emulheres beberem.
Acho que homem podebeber, mas mulher não
Acho que mulher podebeber, mas homem não
Acho que todos podembeber
24%
40%
35%
1%
A maioria acredita quehomem pode beber, mas
mulher não. Na Beira, este posicionamento
manifesta-se com maisforça.
Percepção sobre quem “pode” ou “não pode” beber
47%
Acho errado homens emulheres beberem.
Acho que homem podebeber, mas mulher não
Acho que mulher podebeber, mas homem não
Acho que todos podembeber
24%
40%
35%
1%
A maioria acredita quehomem pode beber, mas
mulher não. Na Beira, este posicionamento
manifesta-se com maisforça.
Este tipo de mentalidade está relacionada com a violência de género.Os relatos colectados na pesquisa apontam para situações de violência contra a
mulher ao consumirem nos espaços públicos durante a noite.
Percepção sobre a relação do consumo de álcool com a
violência doméstica
O consumo de álcool influencia na violência doméstica?
Muito
Não
Não sei
Pouco
74%
15%
10%
1%
Os relatos apontam para a tendência da comunidade em
“fechar os olhos” para estarealidade .
Baseada nas experiências da comunidade, a maioria relataque o álcool influencia muito
na violência doméstica.
Histórias de Vida Trajectórias de jovens envolvid@s com o excesso de álcool e drogas
Relatos de jovens
Fotografia de campo: Gerneto Judas
O método de entrevista de história de vida foi utilizado para
acessarmos trajectórias de vida com jovens que possuem ou
possuíram relações de consumo abusivo de álcool e drogas.
A escuta desta variedade de histórias chamou a nossa atenção
para alguns episódios que se repetiam.
Trajectóriassemelhantes
“Na rua é onde se sentem mais em casa”.
Traumas de infância
Consumocomo fuga da
realidade
Relaçõesfamiliares
complicadas
Trajectóriassemelhantes
Busca poraceitação
social
Rompimentofamiliar
Histórico de violência
Trajectóriassemelhantes
Actuaçãocomo reflexodas famílias
Falta de diálogo
Falta de referências
de equilíbrio emocional
Fotografia de campo: Gerneto Judas
A voz da comunidadeChamada para acção
As sugestões da comunidade concentram-se em 4 áreas:
Sensibilização
Fiscalização
Instituições
Acções Sociais Comunitárias
A maior preocupação da comunidade é por perceberem que a
juventude está desocupada.
Diálogo +
Oportunidades=
Novos horizontes para juventude
Para mais informação:
www.muvamoz.co.mz
OBRIGAD@!