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1 Álcool e direção... Do prazer à tragédia! Por Anderson J Raimundo Todos os direitos reservados Email: [email protected] Cel.: (11) 86087149 Elenco de personagens Liliane : Prima de Carol é inteligente e esperta. Leila : Moça alegre a mais elétrica, irmã de Michele. Michele : Irmã de Leila. Moça séria Carol : Moça batalhadora, esforçada, prima pobre de Liliane. Alexandre : Adolescente de 18 anos faz parte da classe alta, alcoólatra. Alaíse : Namorada de Alexandre, pessoa exigente. Luis : Amigo de Carol. Terá proximidade com ela. Daniela : Melhor amiga de Alexandre. Elisângela : Amiga da Carol. Roberval : Pessoa rebelde. Finge ser amigo de Alexandre. Amanda : Irmão de Roberval. Leandro : Namorado de Carol, arrogante.

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Álcool e direção... Do prazer à tragédia!

Por

Anderson J Raimundo

Todos os direitos reservados E­mail: [email protected] Cel.: (11) 8608­7149

Elenco de personagens

Liliane: Prima de Carol é inteligente e esperta.

Leila: Moça alegre a mais elétrica, irmã de Michele.

Michele: Irmã de Leila. Moça séria

Carol: Moça batalhadora, esforçada, prima pobre de Liliane.

Alexandre: Adolescente de 18 anos faz parte da classe alta, alcoólatra.

Alaíse: Namorada de Alexandre, pessoa exigente.

Luis: Amigo de Carol. Terá proximidade com ela.

Daniela: Melhor amiga de Alexandre.

Elisângela: Amiga da Carol.

Roberval: Pessoa rebelde. Finge ser amigo de Alexandre.

Amanda: Irmão de Roberval.

Leandro: Namorado de Carol, arrogante.

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ATO I ­ CENA I Cenário: Almofadas de vários tamanhos espalhados pelo chão, alguns livros empilhados, no meio disso tudo está Carol, estudando exaustivamente, preparando­se para o vestibular.

CAROL : (desesperada levantando e sentando­se a toda hora, fazendo anotações) Alcanos. Os alcanos, também chamados parafinas, são hidrocarbonetos alifáticos saturados, de fórmula geral CnH2n+2. Estes se apresentam em cadeias lineares ou ramificadas. Os alcanos lineares são designados, na nomenclatura oficial, através de prefixos, geralmente gregos, seguidos do sufixo "ano". Nos alcanos, os átomos de carbono usam quatro orbitais híbridos, equivalentes sp³, para se ligar tetraedricamente a quatro outros átomos: carbono ou hidrogênio... (entra Liliane)

LILIANE : Olá prima! Ainda se matando de estudar?

CAROL : Oi Lili! Tenho que estudar sim e muito! Os vestibulares estão chegando, muita coisa pra revisar ainda... Estou aflita prima! Nem sei o que faço mais! Estou com os nervos à flor da pele!

LILIANE : Calma Carol! Está quase um ano se preparando, não precisa ficar se apavorando, já, já vai ficar maluca de tanto estudar. Relaxa! Vai dar tudo certo!

CAROL : Pra você é fácil falar né? Estudou sempre nos melhores colégios da cidade, teve tudo que pedia. Melhores professores. Com certeza já está mais que preparada. Enquanto a mim...

LILIANE : Ih, não se faça de coitadinha viu! Não posso fazer nada se é uma pobre garotinha desamparada que cresceu sem o papai, que largou a família por outra mulher, que agora ajuda a mamãe nas tarefas do dia­a­dia e agora vai prestar vestibular pra medicina...

CAROL : Não começa vai, todo dia é mesma coisa!

LILIANE : Então abra os olhos! Esqueceu que o curso de medicina só entra os ricos?

CAROL : Eu posso ser a exceção!

LILIANE : Pra isso terá que desembolsar uma grana altíssima. Coisa que você não tem!

CAROL : Não estou me referindo a isso e sim, conseguir passar no vestibular da forma honesta, estudando muito!

LILIANE : Há, há, há! Não me faça rir priminha! Tudo bem que você sempre foi a melhor aluna da classe. Mas também tinha mais que obrigação, já que os seus antigos colegas de classe também não passam de ralé de quinta categoria...

CAROL : (interrompendo­a) Acabou?

LILIANE : Sim!

CAROL : Então se decida. Você veio pra estudar comigo sim ou não?

LILIANE : Estudar? Está me achando com cara de palhaça é? Vim aqui pra te chamar pra gente pra ir pra balada, a Michele e a Leila toparam na hora, vamos lá, vai que tem uns rapazes bonitos e...

CAROL : Que é isso, Liliane? Não sou tão atirada que nem você. E esqueceu também que já tenho namorado?

LILIANE : Oh! Não sabia que estava namorando ainda! De tanto ficar estudando acho que nem se lembra mais do seu ultimo beijo com ele. Coitadinho um cara tão gatinho! Acho que nessas alturas ele deve estar com outra...

CAROL : Cala a boca! O Leandro jamais faria uma coisa dessas comigo! Nós nos amamos...

LILIANE : Ah o amor é lindo! Também acredita em contos de fadas? Acorda pra vida garota! Hoje em dia não existe mais isso!

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CAROL : Mas eu acredito! O Leandro é muito compreensivo, carinhoso, atencioso, está me apoiando bastante nos meus estudos...

LILIANE : Está bem! Não está mais aqui quem falou! Mas decida­se você vai ou não vai pra balada?

CAROL : Já disse que não, tenho muita coisa pra estudar!

LILIANE : Ai meu Deus, você que sabe! Depois não diga que eu não avisei! Eu vou é aproveitar a vida! Tchau, tchau priminha! (vira­se e vê o Leandro de longe) Ah, olha só que está chegando! (falando para o Leandro) Estou de olho em você em rapaz! Bye! (sai)

LEANDRO : E aí linda! Tudo certo pra mais tarde? (vai beijá­la, mas Carol não á atenção)

CAROL : Mais tarde? Que mais tarde?

LEANDRO : Não me diga que se esqueceu do nosso cineminha?

CAROL : Ai meu Deus, é verdade! Tinha esquecido, desculpe­me, mas teremos que deixar para outro dia! Tenho revisões a fazer...

LEANDRO : Outro dia! Outro dia! Toda vez é a mesma coisa! Caraca meu! Cansei disso!

CAROL : Ih, nem começa vai! Sabe muito bem que você mesmo concordou com tudo isso.

LEANDRO : É mas já passou do ponto do exagero né! Isso ai já é doideira sua!

CAROL : Meu amor se com estudo já está difícil pra caramba, sem estudo então... E por falar nisso, por que não está estudando hem?

LEANDRO : Ah, isso aí é coisa pra “nerd”. Não tenho saco pra isso não!

CAROL : Problema é seu, já que não quer estudar, então não me atrapalhe!

LEANDRO : Mas e o nosso cinema?

CAROL : Já disse, hoje não dá! Iremos ao cinema no outro dia se quiser, aí prometo que vou te dar toda atenção do mundo!

LEANDRO : Você já diz isso há tanto tempo... Nem sei mais o que é beijo seu!

CAROL : Sem drama vai! Não faz tanto tempo assim que saímos pela ultima vez né?

LEANDRO : Aposto que nem se lembra mais da última vez que saímos!

CAROL : Sei sim, isso foi.. (começa a pensar, e do nada começa a estudar novamente) Os alcanos, também chamados parafinas...

LEANDRO : (gritando) Carol! Ah chega, não agüento mais seu jeito doentio. Logo, logo, vai ficar louca de tanto estudar, fui! (sai)

CAROL : Leandro espere! Nossa que menino complicado! Ah não estou nem aí! Melhor pegar as coisas e estudar em outro lugar onde ninguém possa me incomodar! (pega os livros e sai pelo outro lado)

CENA II Entram Alexandre e Alaíse, ela muito brava e ele chateado, senta­se na cadeira central. Alaíse anda de um

lado pro outro atrás de Alexandre, aos poucos ela fica impaciente:

ALAÍSE : E aí, como é que ficamos! Estou por aqui já!

ALEXANDRE : Calma!

ALAÍSE : Calma? Como assim calma? Temos que resolver a nossa situação sabia?

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ALEXANDRE : Eu sei disso!

ALAÍSE : Ah sabe é? Então seja homem suficiente e tome uma atitude!

ALEXANDRE : Pra você é fácil falar, por que você mesma não toma atitude então?

ALAÍSE : Aff... Quem começou tudo isso foi você, meu querido! Caiba a você mesmo resolver se vira!

ALEXANDRE : Pensa que é fácil?

ALAÍSE : Pra mim é sim. Prometeu que sempre ia ter tempo pra mim. E o que estou vendo é tempo pra faculdade, trabalho, agora pra sua própria namorada, nada!

ALEXANDRE : E não estamos juntos agora?

ALAÍSE : Ah, não vem com essa não. Sabe muito bem do que estou falando. Desde que entrou pra faculdade raramente a gente se encontra, e nas poucas vezes que estamos juntos não vamos ao lugar nenhum, sempre estamos em casa.

ALEXANDRE : Claro! Quer o que? Ando na correria danada! Mal tenho tempo pra descansar...

ALAÍSE : Desculpas como sempre não é? Sempre alegando cansaço! Tá parecendo velho!

ALEXANDRE : Ah é? Ponha­se no meu lugar! Fique trabalhando que nem um cachorro e estudar a noite todos os dias pra você ver como é bom!

ALAÍSE : Eu sei que não é fácil! Mas não é só isso! Sei lá! A gente anda brigando muito ultimamente, o clima já não é mais o mesmo. Você não liga tanto pra mim, já se esqueceu do meu aniversário, do aniversário do nosso namoro. O que está acontecendo com você? Já não é mais o Alexandre de antes, não é mais carinhoso, romântico.

ALEXANDRE : (impaciente) E você está cada vez mais chata sabia? Pra você nunca está bom, faço de um jeito reclama, faço do outro reclama, o que você quer afinal?

ALAÍSE : Eu quero meu Alexandre de volta!

ALEXANDRE : Eu não mudei nada. Sou o mesmo de sempre, você que está exagerando. Tá parecendo criança!

ALAÍSE : Ah é? Então se decida o que quer da vida! Senão vai acabar perdendo a sua namorada.

ALEXANDRE : Como é que é?

ALAÍSE : Depois não diga que não avisei ok? Até mais (sai)

ALEXANDRE : Alaíse! Volte, por favor! (sai indo atrás dela)

CENA III Entram Liliane, Leila e sua irmã Michele:

LILIANE : Então amigas. Como te disse antes a Carol anda bitolada demais nos estudos.

MICHELE : Ué, que culpa ela tem de ser assim? Só quer realizar o sonho dela.

LILIANE : Mas o que me dá mais ódio, e o que ela sempre foi à queridinha de todos da família, sempre preferem a uma farrapada como ela a mim. Ah se o arrependimento matasse, estaria morta há muito tempo, não devia ter pedido a mãe dela para vir morar aqui na cidade comigo.

MICHELE : Calma Lili! Você não era assim!

LILIANE : Ah, você é sem noção né! Desde que ela chegou a minha casa, minha vida tem sido um inferno. É Carol pra cá, é Carol, pra lá! Tudo é Carol! Todas as atenções são voltadas pra ela. Meus pais tratam melhor ela do que a mim, sua própria filha!

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MICHELE : Deixa de ser besta! Ela só está recebendo atenção! Esqueceu­se do passado dela?

LILIANE : Isso não tem nada ver! Não interessa se o pai dela a abandonou quando era pequena e que teve que ajudar a mãe dela nas tarefas. Ela teve seus problemas e eu tenho os meus e isso não significa nada. A vida inteira sempre fui paparicada, agora mal a outra chegou e toma o meu lugar. Ai que ódio! Até namorado ela conseguiu!

LEILA : Você está certa mesmo! Ela não devia se meter onde não é chamado. Deixaram a nossa amiga de lado.

LILIANE : Até que enfim tenho alguém que me entenda!

MICHELE : Aff! Ninguém merece vocês duas!

LEILA : Que é isso tampinha! Sai pra lá! Nem sei o que está fazendo aqui! É fogo tomar conta de criança!

MICHELE : Ih, sem essa de criança, sou uma ano mais jovem que você.

LEILA : Hum, mirradinha assim, não parece! Aliás, você só está aqui, por que o nosso pai me encheu tanto o saco que tinha que fazer o sacrifício de levar você até a balada. Ah! E quando chegarmos finge que não me conhece. Somos estranhas, ok?

MICHELE : Nossa! Vocês duas se merecem viu! É melhor voltar, vou ajudar a Carol nos estudos, fui! (sai)

LEILA : Ih, já foi tarde, vai logo!

LILIANE : É não sou a única que está com problemas!

LEILA : Ah, deixemos isso pra lá! A Michele tem horas que me irrita. Por que não fui ser a filha única?

LILIANE : Para com esse drama! Tá mais enjoada que eu! Você também viu? E então como te disse antes, cada vez mais estou tento ódio daquela garota!

LEILA : Já que se sente rejeitada, porque não dá algo que ela merece hem!

LILIANE : Sim, estava pensando nisso, aguarde­me que logo, logo vai chegar o dia dela!

LEILA : Ah deixe isso pra depois! Vamos pra balada! Devem ter vários rapazes nos esperando!

LILIANE : Demoro! Vamos lá! (saem)

CENA IV Entram Alexandre, Roberval e Daniela com material de estudante nas mãos:

ALEXANDRE : Sei que tá foda, meu lance com a Alaíse! Tem horas que ela me sufoca pra caramba!

DANIELA : Não fique assim meu querido! Vai dar tudo certo! Você vai ver!

ROBERVAL : Deixa de ser mole cara! Toda mulher é que nem chiclete! Gruda e não sai mais!

ALEXANDRE : Mas pego mó bem com ela! Ela é show de bola!

DANIELA : Tenha calma! Ela não percebe o quanto você é esforçado!

ROBERVAL : Mas toda mulher quer atenção! Mulher é enjoada, quer um homem que cheire o cangote dela! Fique esperto meu amigo! Quanto menos esperar, vai levar galho na cabeça!

DANIELA : Cala a boca, Roberval! Não está ajudando nem um pouco!

ROBERVAL : Mas é verdade mesmo! A maioria das mulheres hoje em dia só quer homens que façam tudo por elas, não interessa o que a gente faz. Bonita como a Alaíse é, com certeza deve ter monte de urubus cercando em volta dela. Com certeza ela fica balançada com alguns por aí!

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ALEXANDRE : Mas a Alaíse é uma Santa! Jamais faria isso comigo! Tá certo que estou pisando na bola, mas eu confio nela e sei que ela pega bem comigo!

DANIELA : Ah! Desculpe Alê! Mas ela não é tudo isso não! Sou sua amiga! Ninguém é Santo nesse mundo! Toma cuidado!

ROBERVAL : Fique esperto, cara! Olha! Conselho de amigo! Ou dá conta do recado ou então termine o termine de vez com ela cara!

ALEXANDRE : Tá difícil, não sei o que faço! Preciso de mais tempo!

ROBERVAL : Mulher não gosta de esperar! Decida­se logo, meu! Tá mole pra caramba! Cadê o Alexandre, o conquistador? Que conseguia todas as minas que quisesse?

ALEXANDRE : Aquele Alexandre não existe mais! Sou homem de uma mulher só!

ROBERVAL : Cara! Você mudou mesmo! É mais frouxo que imaginava! Vou nessa, isso pode ser contagioso, eu hem! Fui! (sai)

DANIELA : Não liga pra ele Alê! Sabe que não é assim. Estou orgulhosa de você por se comportar dessa maneira.

ALEXANDRE : Que bom, que você me entende, Dani! Mas está difícil, não sei quanto tempo vou aguentar! A Alaíse é muito exigente!

DANIELA : Mas toda mulher é assim! Por que não vai lá falar com ela de novo? Sempre há um tempo pra vocês estarem juntos, ela poderá entender! Você é um cara tão legal, responsável, esforçado! Com certeza ela enxergará isso em você!

ALEXANDRE : Tem certeza disso?

DANIELA : Mas é claro!

ALEXANDRE : Está bem! Você me convenceu, vou falar com ela agora! Deseja­me sorte! (sai correndo)

DANIELA : (gritando) Boa sorte! Você merece tudo de bom!

CENA V Entram Luis, com material escolar na mão chamando pela Carol: LUIS : Carol! Carol! Onde você está? Eu já cheguei! (Carol entra pelo outro lado, também com

material escolar.)

CAROL : Oi Luis! Que bom que veio! (cumprimentam­se)

LUIS : Ah, amiga! Pensou que ia te deixar sozinha nessas horas?

CAROL : Claro que não! Sei que posso contar sempre com você! Não sabia mais o que fazer, ando com dúvida danada em matemática!

LUIS : Não se preocupe linda! Achou a pessoa certa! Sou “expert”, em cálculos! Eu vivo de contas!

CAROL : Ah é?

LUIS : Mas é claro! Conta do cabeleireiro, da manicure, conta de várias roupas que comprei e...

CAROL : Ah tá! Já entendi tudo! Não disse que ia me ajudar nos estudos?

LUIS : Mas é claro, queridinha! Que dúvidas têm com a matemática?

CAROL : É o seguinte, não estou resolvendo esse problema de equação ai (mostra o caderno p/ o Luis)

LUIS : Ih, queridinha, problema? O que não falta pra mim nessa vida são problemas!

CAROL : Sem drama tá!

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LUIS : Não é drama não! Simplesmente sou uma pessoa sem sorte só isso!

CAROL : Não fique assim, é uma fase, todos nós passamos por isso! Decepção amorosa de novo?

LUIS : Ué como sabe?

CAROL : Você só fala nisso, que é uma pessoa sem sorte no amor e blá, blá, blá...

LUIS : O que posso fazer? Apego­me muito fácil nas pessoas. Pensei que dessa vez iria me desencalhar, aí, meu Deus! Não sei o que faço mais (entristece)

CAROL : Não fique assim, Luis, quanto menos esperar vai aparecer uma pessoa legal pra você...

LUIS : Falar é fácil né? Diz isso porque já tem namorado bom se aquilo lá é namorado né?

CAROL : Não fale assim nele! O Leandro é maravilhoooosssoo! Nós nos amamos...

LUIS : Larga a mão de ser boba menina! Ele não está nem aí pra você se realmente ele te ama, estaria aqui nesse momento te ajudando e não reclamando por falta de atenção sua!

CAROL : Mentira! Ele é muito compreensivo, só não quer me atrapalhar nos estudos.

LUIS : Mas abra os olhos viu! Falo isso porque quero o melhor pra você!

CAROL : Eu sei disso! Você é amigo e tanto! Sempre está comigo nos momentos mais difíceis. Sou grata pela sua amizade (abraçam­se)

LUIS : (sem graça) Ai! Não diz essas coisas! Estou ficando sem jeito!

CAROL : Ah! Para com isso! Que, que tem? Nós não somos amigas?

LUIS : Mas sou assim mesmo! (pausa) Mas e então: Estamos aqui pra estudar ou pra fofocar? Quer desistir de ser médica?

CAROL : Claro que não! Jamais! Estou há meses me preparando pro vestibular.

LUIS : Essa é a Carol que conheço, vamos começar... (saem)

CENA VI Entram Liliane e Leila

LILIANE : Ah! Hoje a balada foi sensacional!

LEILA : É sensacional! Dancei como uma louca! (faz uns passos de dança)

LILIANE : Que é isso? Quer me envergonhar?

LEILA : Foi mal! Eu me empolguei!

LILIANE : Pena que sua irmã não veio com a gente!

LEILA : Ah! A Michele é uma besta! É uma criança sem noção! Tem que crescer um pouco mais pra andar coma gente!

LILIANE : Besta mesmo é a Carol! Fica lá em casa se matando de estudar, pra quê? (entra Leandro abraçado com uma garota)

LEANDRO : Valeu pela noite de hoje... (a garota ameaça beijá­lo, mas o Leandro desvia o rosto) Agora sai fora! (a menina sai brava) E aí meninas tudo em cima?

LILIANE : Não acredito que está traindo a Carol de novo?

LEANDRO : Ah é? E daí? O que você tem a ver com isso?

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LILIANE : Ela é minha prima ué?

LEANDRO : Ah tá? Como você se importasse com isso! Logo você que não suporta ela nem em pensamento!

LILIANE : Pra falar a verdade, até que a Carol está merecendo mesmo!

LEANDRO : A Carol é gostosinha, bonitinha. Mas é meio sem noção, sem sal. Estou à procura de garota com atitudes!

LEILA : (toda oferecida) Ah! Então não precisa procurar mais. Estou aqui se quiser!

LEANDRO : Está tirando onda com a minha cara? Eu disse atitudes e não oferecidas!

LEILA : Nossa! Não está mais aqui quem falou!

LILIANE : Nossa parem com isso vocês dois! Está me dando nojo só de ouvir isso! (para o Leandro) Mas e aí! Então por que continua namorando a minha prima?

LEANDRO : Ah gatinha! Sabe como é? Sou homem, não aguento ficar sem mulher! E também a Carolzinha é um investimento pro meu futuro he, he, he!

LEILA: Vocês homens, viu!

LEANDRO : Ah falem a verdade! Você mulheres não conseguem ficar sozinhas! Hoje mesmo vi vocês duas rolando altos beijos agora a pouco na balada!

LILIANE : É verdade! Mas sinceramente, não sei como vocês fazem viu!

LEANDRO : (agarra Liliane) Bom se quiser eu te mostro agora mesmo!

LILIANE : Seria ótimo! (soltando­se dele) Mas quem sabe num outro dia! Antes disso gostaria que você fizesse algo por mim! Aí quem sabe depois, eu possa te recompensar!

LEANDRO : Não sou de fazer favores a ninguém, muito menos a uma Patricinha. Mas gostei da parte da recompensa, vou fazer esforço dessa vez. O que quer de mim?

LILIANE : Bom! Quero que faça a Carol sofrer, sofrer muito!

LEANDRO : Hum! Mas por quê?

LILIANE : Por que não a suporto mais em minha vida! Ela tomou tudo de mim! E quero ter tudo de volta como era antes. Antes de ela vir a minha casa!

LEILA : Mas não foi você mesma que a convidou pra morar coma sua família!

LILIANE : Você cala a boca! Não se mete de onde não é chamada! (para o Leandro) E então! Vai fazer isso pra mim ou não?

LEANDRO : Olha garota! Vou fazer sim, mas não por você e sim por ela estar me deixando de lado com esse bendito vestibular! Só aguardar que logo, logo, ela vai ter o que merece. Agora se me derem licença, vou levantar o acampamento e ir atrás de outras minas, fui! (sai)

LEILA : O que anda passando nessa sua cabecinha hem garota!

LILIANE : Aguarde Leila, aguarde! Quanto menos esperar você vai saber. Vamos embora, aposto que quando chegar em casa ela ainda está bitolada no meio dos livros há, há, há. (saem)

CENA VII Entra Alexandre chorando com a foto da Alaíse na mão:

ALEXANDRE : (gritando) Alaíse! Porque fez isso comigo! (tom normal) Isso não pode ser verdade. Isso é não é justo! (olha para a foto) Não é possível que tenha feito isso! Três anos de namoro que não serviram pra nada. (Daniela entra correndo)

DANIELA : Alê! Alê! Fiquei sabendo de tudo! Sinto muito!

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ALEXANDRE : Valeu! Mas não precisa sentir! Pois eu fui o culpado de tudo isso!

DANIELA : Não tem culpa de nada! Ela que não valoriza você. Não via tudo de bom que você fazia!

ALEXANDRE : Eu mereci, não dava atenção suficiente a ela!

DANIELA : Mas se ela realmente gostasse de você não faria aquilo!

ALEXANDRE : Fui burro! Um burro! Devia ter dado ouvidos a ela quando podia! Agora já é tarde! Daria tudo pra voltar no tempo e consertar o erro que cometi!

DANIELA : Não acredito no que disse! Depois daquilo que aquela ingrata te fez!

ALEXANDRE : Ela me traiu e daí?

DANIELA : E daí? E ainda pergunta? Não me diga que vai perdoá­la?

ALEXANDRE : Ainda não sei! Não tenho certeza absoluta se ela me traiu! Eu não vi realmente pra ter certeza. Quem me contou foi o Roberval, e...

DANIELA : Roberval! Roberval! O Roberval não conta, você é muito ingênuo Alê! Acredita em tudo que os outros dizem!

ALEXANDRE : O Roberval é gente boa! Meu amigo do peito! Sempre me apoiou e agora está me ajudando a esquecê­la, embora esteja difícil!

DANIELA : Ajudando em quê? Hum momento. (aproxima­se do rosto de Alexandre) Não acredito que voltou a beber?

ALEXANDRE : Ah foi só uns copinhos!

DANIELA : Na ultima vez que aconteceu foi assim, alguns copinhos ali, outros copinhos aqui, e quanto logo depois, virou alcoólatra! Esqueceu que quase arruinou a sua vida por causa da bebida?

ALEXANDRE : Eu não esqueci. Você foi à única que ajudou, nem mesmo a Alaíse ficou ao meu lado! Mas não se preocupe não abusar dessa vez!

DANIELA : Por favor! Não volte a beber! Faça isso por mim? (pega as mãos de Alexandre) Sou sua melhor amiga! Quero ver você bem sempre!

ALEXANDRE : Tá! Tá! Tá! Não vou beber mais, ok! Prometo!

DANIELA : Promete mesmo?

ALEXANDRE : Sim Dani! Só bebi pra esquecer um pouco dela. Ah... Alaíse, porque fez isso comigo? Dani me desculpe, mas preciso ficar um pouco sozinho...

DANIELA : Tudo bem, eu entendo. (beija na testa do Alexandre) Adoro você se cuida! (sai)

ALEXANDRE : Desgraçada! Não merece o meu amor! Apesar de não ter certeza se me traiu! (rasga a foto de Alaíse, entra Roberval com a garrafa na mão)

ROBERVAL : E aí irmão! Que deprê, hem! Vai continuar desse jeito por causa da mina rapaz? Esquece ela! Tem muita muié por aí louca por você cara! Vamos dar umas voltas, pegar umas minas. (oferece a garrafa) Tome um pouco, pra ver se sua cachola crie jeito!

ALEXANDRE : Valeu, é melhor não!

ROBERVAL : Que é isso cara? Sou teu amigo se não tivesse te contando sobre o rolo da sua mina, estaria levando mais chifre fora que já levava antes meu!

ALEXANDRE : Como é que é?

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ROBERVAL : Quer dizer... Ia levar mais ainda se não soubesse entendeu!

ALEXANDRE : Ah tá!

ROBERVAL : Então vamô? Bebe aí? E vamos dar uns rolê!

ALEXANDRE : Beleza, você me convenceu, passa a garrafa aí! (toma até virar a garrafa)

ROBERVAL : Esse é o Alexandre que conheço! Vamos nos divertir há, há, há (saem)

CENA VIII Entram Carol e Luis rindo. LUIS : Viu como é bom se distrair um pouco? Ainda mais na véspera do vestibular?

CAROL : Tem razão amiga! Precisava disso! Ando muito tensa ultimamente! Isso tudo me deixa louca!

LUIS : Ih, amiga! Vai dar tudo certo, estudou muito pra chegar o grande momento amanhã!

CAROL : Fico com receio de na hora der tudo em branco na minha cabeça!

LUIS : Querida! Está mais que preparada! Vai arrebentar e provar que não precisa ser rica pra fazer cursinhos pré­vestibulares se realmente quer ser alguém, estude! É bem diferente da sua prima, que não está nem aí com a prova... (entra Liliane)

LILIANE : O que está falando de mim sua louca? Por que não cuide de sua vida, que eu cuide da minha?

LUIS : Xi caiu da cama hoje é? Não é a toa que está com essa cara!

LILIANE : Isso não é da sua conta! Prima, por que anda com essa coisa!

LUIS : Epa! Coisa não! Somente sou diferente!

CAROL : Que bicho que te mordeu hem prima?

LILIANE : Só não gosto que falem mal de mim pelas costas!

CAROL : Mas ninguém está falando mal de você!

LILIANE : Não me engana que eu gosto! Sei muito bem do que estão falando!

CAROL : Calma prima! Não é nada de mais! Alias ultimamente você anda muito alterada!

LILIANE : Pra você ver como as coisas mudam!

CAROL : Mas o que anda acontecendo com você? Eu posso te ajudar em alguma coisa?

LILIANE : Nada que me faça ajudar, não vai voltar como era antes!

CAROL : Como assim?

LILIANE : Alô! Acorda pra vida garota! Esquece! Não vou perder meu tempo com vocês duas! Vou indo! Tchau! (sai)

LUIS : Boa noite! Bruxa! Que priminha você tem!

CAROL : Deixa pra lá! Tem coisas que não precisam ser entendidas e sim sentidas... (entra Michele) Ué, o que vem fazer aqui há essa hora?

MICHELE : Preciso falar com você, Carol!

LUIS : Ai meu Deus! Estou ficando no ímpar aqui! Amiga! Vou indo se precisar de mim é só dar um grito, beijinhos... (sai)

CAROL : O que foi?

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MICHELE : Tome cuidado com a sua prima e com seu namorado! Eles vão armar algo contra você!

CAROL : A Lili e o Leandro? Só pode estar de brincadeira né?

MICHELE : É verdade! Até a minha irmã está no meio disso!

CAROL : Ah! Isso tudo não passa de uma mentira! Você dedurar a sua própria irmã pra mim?

MICHELE : Ela não é o que pensava ser! Outro dia eu ouvia conversa dos três às escondidas, não falaram o que vão fazer, mas só tome cuidado!

CAROL : Não acredito em você! O Leandro é um Santo! Sempre foi fiel a mim.

MICHELE : Como pode ser tão boba! O Leandro não é nada disso! Enquanto você fica aí se matando de estudar, ele fica com uma garota diferente a cada dia!

CAROL : Há, há, há! O Leandro me traindo? Só pode ser piada! E ele juntamente com a minha prima e a sua irmã armar algo, pra mim? É pra me fazer rir né?

MICHELE : Bom! Depois não diga que não avisei! Quem avisa amigo é!

CAROL : Desde quando resolveu mudar de lado?

MICHELE : Desde que percebi que não vale a pena andar com certas pessoas. Infelizmente a minha irmã mudou, e não vou ser como ela! Bom! Só fique esperta, ok? Tchau (sai)

CAROL : Estranho! Deve estar viajando! Ah vou dormir, amanhã é o grande dia! (sai pelo outro lado)

CENA IX Entra Alaíse falando pelo celular:

ALAÍSE : Então! Acabei de terminar o vestibular. (pausa) Sim! Foi fácil! Com certeza vou passar! (pausa) Eu me garanto! (pausa) Qualquer coisa eu mexo nos pauzinhos... (pausa) Comemorar a minha aprovação? De que forma? (pausa) Ah claro! Com certeza! Vou adorar! (pausa) Mas, vamos nos encontrar que horas? (Alaíse vê Daniela se aproximando e disfarça) Então te ajudo em matemática depois tá? Tchau! (desligar o celular) Oi amiga! Tudo bem?

DANIELA : Não vem essa de amiga! Sua falsa traidora!!

ALAISE : Opa! Espera aí! Acusando­me sem provas!

DANIELA : Ah! Não seja cínica! Sei muito bem que traiu o Alê!

ALAISE : Traí mesmo e daí? Isso não é da sua conta! Aliás, por que você se importa tanto com o Alexandre? Não diga que tem quedinha por ele?

DANIELA : Ele é meu melhor amigo! Só quero o bem dele!

ALAISE : Que coisa linda! Só quer o bem dele me engana que eu gosto garota! Aposto que já deu em cima do meu Alexandre!

DANIELA : Ah! Agora ele é seu né? Mas quando estava com outra pessoa, nem se lembrava que o Alê existia!

ALAÍSE : Não adianta disfarçar! Bem que estava desconfiada disso! Viviam sempre juntinhos, e eu trouxa nem imaginava que era um namorinho de muito tempo! Como fui burra, amizade entre homem e mulher não existe!

DANIELA : Ih, para com isso. Nós somos amigos desde criança, nunca tivemos nada além de amizade!

ALAISE : Sei não, isso não me cheira bem!

DANIELA : Pelo menos eu estou sendo verdadeira. Já que no seu caso, não tem nenhum um pouco de caráter!

ALAISE : Olha lá que você fala hein! Exijo respeito de minha parte!

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DANIELA : Ai, ai, ai, como vou te respeitar se nem respeita a si mesma!

ALAISE : Olha garota! Já está merecendo uma na cara!

DANIELA : Vai se rebaixar a essa altura do campeonato? Não vou ficar aqui perdendo tempo com você. Vou indo.. (vira­se e vê Eduardo e Roberval bêbados entrando) Mas o que significa isso, Alê?

ALEXANDRE : Nada de mais! Estamos rindo um pouco... Há, há, há...

DANIELA : Bebeu de novo?

ALEXANDRE : Foram só uns golinhos... Bebemos algumas por aí!

DANIELA : Dessa vez exagerou na dose. Tudo por causa dele! (aponta pro Roberval)

ROBERVAL : Epa! Eu não fiz nada, foi ele que se auto­voluntariou pra beber, há, há, há

DANIELA : Viu só por sua culpa o Alexandre voltou beber! Grande amigo você hein! Incentivando ao vício! Vamos Alê! Vou ajudar a te levar em casa. (pega no braço do Alexandre)

ALEXANDRE : Sai pra lá garota! Não quero ajuda! Estou bem assim!

DANIELA : Mas Alê! Mal consegue ficar em pé! Deixe te ajudar!

ALEXANDRE : (gritando) Não! Não quero! Caraca meu! Está pior que minha mãe! Sai do meu pé caramba!

DANIELA : Mas Alê! Você nunca me tratou dessa maneira! Por que está tão diferente? Foi por causa da Alaíse foi? Deixa­a pra lá, esquece isso, você merece uma pessoa melhor e...

ALEXANDRE : Uma pessoa melhor? Quem? Você por acaso? Há, há, há não me faça rir! O amor é igual o capim, eu cultivo e ela cresce, até a hora que vem uma vaca e acaba com tudo.... E você garota! É uma vaca que também acaba com tudo há, há, há... (leva tapa da Daniela)

DANIELA : Seu bruto! É isso que mereço depois de tudo que fiz por você? Tenha um pingo de vergonha na cara! (começando a chorar) Como pôde? Somos amigos desde a infância! Sempre estive ao seu lado. E é dessa maneira que me trata? Fique longe de mim seu grosso! (sai correndo)

ALEXANDRE : (sem entender nada) Falei alguma besteira?

ALAÍSE : Vocês homens, só são machistas quando estão bêbados!

ALEXANDRE : Ah! Você está aí né boneca! Temos algo pra resolver!

ALAÍSE : Não temos não! Entre nós o lance acabou!

ALEXANDRE : Acabou porcaria nenhuma! E você vai me dar um beijo agora. Vem aqui dá um chamego no Xandão aqui! (agarra Alaíse que evita)

ALAISE : Sai pra lá! Está tão bêbado que nem sabe o que está fazendo, com esse bafo então, nem se fosse o último rapaz do mundo! Viu só porque não demos certo? Você é frouxo, é um fraco!

ALEXANDRE : Como é que é?

ALAISE : É isso mesmo que ouviu. Eu quero um cara que me complete que seja homem de verdade e que não caia em qualquer tentação, você é um mole! Sai fora! (empurra Alexandre que cai e sai pelo outro lado)

ALEXANDRE : Ué, o que deu nessas mulheres hoje?

ROBERVAL : Sei lá! Deixa eu te ajudar a levantar! (levanta o Alexandre) Vamos nessa! Temos muito pra beber ainda, há, há, há...

ALEXANDRE : É verdade, vamos lá, o dia é uma criança! Ou Será que é noite! Há, há, há... (sai)

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CENA X Entra Michele e logo depois a Leila:

MICHELE : Quer parar de me seguir!

LEILA : Por favor! Faz isso por mim!

MICHELE : Já disse que não! Não vou fazer mais as suas vontades! Sempre que te ajudo eu me dou mal!

LEILA : Mas dessa vez vai dar tudo certo! Você vai ver!

MICHELE : É realmente não é a Leila de antes! A Liliane mudou a sua cabeça! Isso é que dá andar com ela!

LEILA : Ih, ela não tem nada a ver com isso! Pelo contrário! Ajudou­me muito! A Lili foi à responsável por me incluir na turma dela do colégio! Lembra que nós duas sempre fomos excluídas de tudo? Graças a ela, estou andando com gente de verdade! Você não foi porque não quis!

MICHELE : Ah! E também graças a ela, você está fumando!

LEILA : Ah! É só de vez em quando! Ajuda a relaxar bastante!

MICHELE : Mas três maços de cigarro por dia? Isso não é de vez em quando! Sinto falta da Leila de antes, meiga, atenciosa, amiga... E não é essa aí! Olha só como está vestida! Dá até vergonha de ter uma irmã assim!

LEILA : Isso é moda! Todo mundo está usando esse tipo de roupa!

MICHELE : Eu não! Não sou desse tipo que vive seguindo moda! E além do mais, não sei por que vocês querem armar algo pra Carol, ela não fez nada de mal!

LEILA : Para Lili fez sim! Por isso vai ter o que merece!

MICHELE : Leila sai dessa enquanto há tempo!

LEILA : Ih, pra quê? Estou bem assim! Você que não passa de uma careta! Toda certinha, arrumadinha, qual rapaz vai se interessar por uma coisinha assim?

MICHELE : Isso não importa! E não vou fazer o que você pediu! Não vou limpar a sua barra se vira com a sua grande amiga Liliane, quem mandou ficarem devendo grana por causa das porcarias que fica usando?

LEILA : Não tem nem idéia de como está perdendo! Isso tudo me deixa nas nuvens...

MICHELE : Esquece ok? Quero que você se dane! (sai)

LEILA : Ah vá se ferrar então, não precisa que me ajude! (sai pelo outro lado)

CENA XI Entram Carol e Luis cada um com uma carta na mão:

CAROL : Ai Meu anjo da guarda! Tomara que eu consiga ser aprovada no vestibular!

LUIS : Nossa! Ainda está duvidando? Eu já tenho certeza absoluta que vai conseguir! Por que não abra a carta logo pra ver o resultado?

CAROL : Estou tão nervosa, que tenho até medo de abrir!

LUIS : Quer que eu veja o resultado pra você? Adoro dar notícias!

CAROL : Por favor! Lê pra mim, estou aflita! (entrega a carta para o Luis)

LUIS : Muito bem! Muito bem! Vamos lá!

CAROL : Mas abra devagar... Mas não tão devagar... Sim, sim, isso mesmo... Calma! Não tão rápido! Ah! Entrega essa carta! Eu mesma vou ler! (pega a carta da mão do Luis e lê silenciosamente)

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LUIS : Fala menina, e aí? Ai está me deixando nervosa! Odeio suspense!

CAROL : Eu consegui! Passei em primeiro lugar pra medicina! (abraça o Luis)

LUIS : Ai para! Assim fico sem graça! Estou tão feliz por isso! Estou emocionada! Ai! Deixa ver o meu resultado! (abra a carta, começa a ler e fica em silêncio)

CAROL : O que foi? Por que está com essa cara de decepção? Não conseguiu?

LUIS: : Eu conseguiiiii! Passei pra artes dramáticas! Europa me aguarde! Que o Luis aqui já está a caminho uhu!

CAROL : Hum! Vai realizar seu grande sonho!

LUIS : Ah, nem me diga! Agora sim, vou poder contracenar com todas aquelas pessoas famosas do mundo todo ai! (entra Liliane batendo palmas ironicamente para os dois)

LILIANE : Parabéns prima! Parabéns! Estou feliz pela sua aprovação! Eu também consegui!

CAROL : Que bom prima! (abraça Liliane que não reage) Vamos fazer medicina juntas!

LILIANE : Mal posso esperar por isso!

CAROL : Estou empolgadíssima! Já tenho que me preparar pra muita coisa, livros, trabalhos, provas...

LUIS : Calma! Calma! Ainda é cedo pra se pensar nisso! Agora é comemorar bastante ui!

LILIANE : Hum! Sabe que isso não é má idéia? Que tal reunimos todo mundo pra comemorar a nossa aprovação?

LUIS : Olha! Finalmente a loira teve uma idéia!

LILIANE : Ô garotinha! É melhor ficar quietinha no seu canto!

LUIS : Ui! Que meda!

CAROL : Quer parar vocês dois? Não sei não, comemorar?

LILIANE : Mas é claro, priminha! Não é todo dia que somos aprovadas numa prova dificílima! E além do mais, você merece mais do que ninguém, abriu mão de tudo pra estudar, inclusive do seu namoradinho...

CAROL : Ai meu Deus! O Leandro! Esqueci dele completamente! Coitadinho! Tão compreensivo!

LILIANE : Nossa! E como!

CAROL : Vou procurá­lo agora mesmo!

LILIANE : Calma! Vamos reunir o pessoal e o seu namoradinho, com certeza ele ficará bem orgulhoso de você...

LUIS : Sei não amiga! Isso não está me cheirando bem...

LILIANE : E você cala a boca!

LUIS : Está bom! Estou calado! Não falo mais!

CAROL : É está certa! Você me convenceu, pode chamar todo o pessoal que quiser! Um lazer de vez em quando não faz mal a ninguém não é? Vamos Luis! Venha comigo! Vou ligar para o povo da minha casa agora mesmo! (puxa o Luis pelo braço)

LUIS : Calma amiga! Assim vai arrancar o meu braço! (saem)

LILIANE : Como é idiota! E além do mais tirou o meu primeiro lugar no vestibular! (sai pelo outro lado)

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CENA XII Entra Leila chorando:

LEILA : Isso não pode ser verdade! Por quê? Por quê? O que faço? Por que não ouvi a Michele? Agora não tenho escapatória! Preciso de ajuda! (entra Michele) Ai irmã! Que bom que apareceu!

MICHELE : Ih! Já vi que vai me pedir algo! Fala logo o que quer!

LEILA : Tenho um grave problema pra resolver!

MICHELE : O que te falei antes hein? Falta de aviso não foi!

LEILA : Sem sermão! É sério mesmo! Preciso de sua ajuda!

MICHELE : Então fale logo! O que você quer de mim? De novo!

LEILA : Estou devendo muito dinheiro, e o prazo pra pagar acaba hoje!

MICHELE : Sinto muito! Não tenho grana! Procurou a pessoa errada! Cadê a sua grande amiga Lili?

LEILA : Ela não era o que imaginava! Ela me deixou na mão! No momento que mais a precisei, ela me disse pra se virar que não foi ela que arranjou dívida e sim eu mesma!

MICHELE : Pela primeira vez vou concordar com ela! Você mereceu mesmo! Isso é o que dá, não sabe escolher as pessoas com quem anda!

LEILA : Já disse que não é hora pra sermão ok? Vai me ajudar ou não?

MICHELE : Ajudar em quê? Já disse que não tenho dinheiro! E mesmo se tivesse não te ajudaria, só pra limpar a sua barra com os outros que nem sei quem são!

LEILA : Bom! Você não tem idéia de como isso me fugiu do controle! Quando começo a usar, eu não consigo parar mais, isso me deixa tão bem, tão leve! Mas depois que passo o efeito, minha vida parece voltar ao inferno, aí preciso de mais, de mais e de mais, só pra voltar à sensação de se sentir no paraíso, viajar muito! Só que tudo isso tem um preço alto! No começo foi só parte da mesada, depois a mesada toda! Comecei a vender meus objetos pessoais, roupas, sapatos e pra piorar vendi coisas suas também...

MICHELE : Como é que é? Está louca! Você não vale nada! Desde quando você ia contar isso pra mim? Não é a toa que senti falta de algumas coisas minha em casa! Eu te odeio! Quero que você sofra com tudo isso!

LEILA : (começa a chorar) Desculpa! Não queria fazer isso! Mas não consigo me controlar! Preciso que me ajude, por favor!

MICHELE : Quero que se dane! Estou até imaginando quando os nossos pais souberem disso tudo!

LEILA : Não! Eu imploro! Não conte nada a eles! Vou resolver tudo isso! Você vai ver!

MICHELE : Nessa situação que está? Complicado! Vou embora! Perdi meu tempo!

LEILA : Por favor! Não me deixe só!

MICHELE : Você entrou nessa sozinha! Caiba a você sair dela! (sai)

LEILA : O que faço meu Deus? O que faço? (entra Roberval disfarçado e surge blecaute, assim que ele agarra a Leila)

CENA XIII Entra Alexandre segurando uma garrafa:

ALEXANDRE : Alaíse! Alaíse! Por que fez isso comigo? Sua vagabunda! Eu te odeio! As mulheres são todas iguais! Nenhuma vale o prato que come! Mas eu te amo Alaíse! Não consigo ficar sem você! (entra Daniela)

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DANIELA : Até que enfim consegui te achar! Olha só como está!

ALEXANDRE : Daniela é você? Vem tomar uma comigo!

DANIELA : Seus pais estão te procurando há horas!

ALEXANDRE : Que se danem eles! Que se danem todo mundo!

DANIELA : Vamos embora! Eu te ajudo!

ALEXANDRE : Sai pra lá meu! Não vou sair daqui! Vou encher a cara!

DANIELA : Tá louco! Mal consegue ficar em pé! Está se passando por ridículo!

ALEXANDRE : Ridícula é você! Todas as mulheres são ridículas!

DANIELA : Cala a boca! Enquanto você fica aí bebendo e falando bobeira, a sua amada Alaíse provavelmente está com outro rapaz!

ALEXANDRE : Como é que é? Ah, agora vou descobrir quem é esse cara! (tenta­se levantar mas escorrega) Ô diacho! Cadê às chaves do carro?

DANIELA : Não acredito que vai atrás dela? E bêbado?

ALEXANDRE : Ah garota! Sou bom de volante! Nem parece que me conhece há anos!

DANIELA : Por isso mesmo que não vou deixar você dirigir!

ALEXANDRE : É mais insuportável que imaginava! Cadê o Roberval pra me ajudar?

DANIELA : Grande amigo esse Roberval! Por culpa dele, você voltou a beber! E onde ele está nessas horas? E cadê a sua grande amada, hein? Muito estranho isso!

ALEXANDRE : Está dizendo que o Roberval e a Alaíse estão juntos?

DANIELA : Não duvido muito! Mas quem sou eu pra opinar?

ALEXANDRE : Agora que vou mesmo! (tenta se levantar, mas Daniela o segura) Faz o favor de me soltar?

DANIELA : Não! Por favor! Não vai atrás dela! Por favor! Estou até te implorando! Faz isso por mim?

ALEXANDRE : Garota! Depois de tudo que te fiz, por que ainda se importa comigo?

DANIELA : Por que eu te amo! (beija­o, mas logo depois Alexandre tira) O que foi?

ALEXANDRE : Não posso te beijar! Eu não mereço você! Depois do que te fiz!

DANIELA : Eu não importo! Desde que te conheci sempre gostei de você! Nunca tive coragem de falar o quanto eu gosto de você! Confesso que não aguentava ver você e aquela garota juntos!

ALEXANDRE : Mas Dani, você me deixou confuso agora! Você é uma gracinha... Mas é complicado, não está vendo como estou agora? É desse cara aqui que você quer?

DANIELA : Eu amo o cara do jeito que for! O que importa o cara daí de dentro de você! Deixe eu te ajudar!

ALEXANDRE : Desculpe! Mas não dá! Vou atrás da Alaíse e resolver isso de uma vez por todas! (sai)

DANIELA : Ale! Por favor, não vá! (sai atrás dele)

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2º ATO CENA XIV

Entram Leandro abraçado com a Elisângela: LEANDRO : E então gatinha! Ainda bem que topou pra sair comigo de novo! Sabe como é não tenho culpa

de ser gostoso!

ELISÂNGELA : Só aceitei porque não tinha outro cara disponível, você foi o que sobrou por aí! Mas até que valeu a pena, ainda mais depois de tudo que me fez!

LEANDRO : Que é isso gatinha! Nem parece que me conhece!

ELISÂNGELA : Engano seu garotinho! Sei muito mais sobre sua vida mais que você pensa!

LEANDRO : Há, há, há não me faça rir, é a segunda vez que a gente se vê garota! Acorda pra vida!

ELISÂNGELA : Você que não me conhece! Sei muito bem que namora a minha amiga Carol!

LEANDRO : (perplexo) Como é que é?

ELISÂNGELA : É isso mesmo que ouviu! Sou amiga dela do interior! Imagine só a Carol souber disso! O Leandro namoradinho da Carol, que mundo pequeno hein!

LEANDRO : Acha que estou preocupado com isso? Já pensou a Carol descobrir que sua amiguinha do interior com o namorado dela?

ELISÂNGELA : E daí? Estou pouco me linchando com isso!

LEANDRO : Mas que raio vocês garotas detestam a Carolzinha? Primeira a prima dela e agora aparece uma caipirona do nada? Desde quando está na cidade mina?

ELISÂNGELA : Respeito é bom e gosto! Nunca mais me chame assim! Bom! Faz alguns dias que estou aqui, a Liliane foi que chamou....

LEANDRO : Conhece a Liliane?

ELISANGELA : Está vendo como você não me conhece direito? Conheço a Lili faz muito tempo! A Carol sempre falava dela pra mim e bem por sinal! Depois que a caipirona mudou­se pra cidade comecei a ter contatos com a prima dela e descobri o quanto ela não a suporta!

LEANDRO : Por falar em detestar! A Carolzinha sabe que você está aqui?

ELISANGELA : Não e nem vai saber! Não tenho nada contra ela. Mas assim que você que soube que era o namorado dela e que não estava recebendo atenção, imaginei o quanto estava se sentindo sozinho e carente...

LEANDRO : Nossa e como!

ELISANGELA : (abraçando­o) Como pode ela desperdiçar um cara desses... Não é todo dia que encontro um cara desse porte, bonitinho... (Leandro fala algo no ouvido nela) Hum... Safadinho você hein!

LEANDRO : Que nada gatinha! Quero oferecer do bom e do melhor!

ELISANGELA : Então me beija! (no momento que os dois se aproximam para o beijo, Carol, Liliane e o Luis entram e os surpreendem)

CAROL : (gritando) Nãããããããooooo!

LEANDRO : Carol?

LUIS : Ai meu Deus! Que horror!

ELISANGELA : Amiga?

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CAROL : Amiga? Você faz uma coisa dessas comigo e ainda me chama de amiga? (para o Leandro) E você Leandro? Como pôde?

LEANDRO : Meu amor! Eu posso explicar tudinho...

CAROL : Fica quieto! É isso que mereço depois de todo esse tempo que estamos juntos?

LEANDRO : Bem é que...

CAROL : Fiquei esse tempo te defendendo, dizendo que era carinhoso, atencioso, compreensivo pra me apunhalar pelas costas?

LEANDRO : Foi mal, mina! Até que você é gostosinha, show de bola! Mas tu és sem noção, sem graça, estava tão louca nos estudos que se esqueceu de tudo em sua volta! E eu não aguento ficar sem mina ok? Devia ser mais ousada ter ser oferecido mais pra mim, aí sim, jamais eu sairia com outras minas durante todo esse tempo... (leva tapa da Carol)

CAROL : Sem–vergonha! Ainda tem coragem de falar uma coisa dessas? Estava disposta a abrir mão de tudo até da faculdade por sua causa, ainda bem que não fiz essa besteira! (vai saindo)

ELISANGELA : Amiga espere!

CAROL : E você me solta! Não vale a pena ter uma amiga como você! Fica com Leandro, ele é todo seu! (vai saindo, mas Liliane a segura) Por favor, prima! Solte­me! Você é uma das poucas pessoas que posso confiar!(Liliane começa a rir) Por que está rindo?

LILIANE : Como pode ser tão bobinha? Tão ingênua! Ainda confia em mim depois de tudo isso que fizeram com você?

CAROL : Como assim?

LILIANE : Prima, prima, prima! Tem muito que aprender! Eu que pedi pro Leandro te enganar, e fui eu que chamei a Elisângela pra vir pra cidade! Não aguentava mais! Todo mundo te dando atenção, era a queridinha de todo mundo! Enquanto eu aqui era deixada de lado! Até namorado tinha conseguido! Já teve a sua vez, pois a partir de agora o Leandro e eu ficaremos juntos! (vai abraçando o Leandro)

CAROL : Não posso acreditar no que estou vendo? Isso tudo não passa de uma brincadeira não é?

LILIANE : Acorda garota! É a mais pura verdade! Quem manda não cuidar do que é seu... Há, há, há... (Carol sai correndo)

LUIS : Bando de brutos! (sai atrás da Carol)

LILIANE : Foi melhor o que imaginava! (soltando­se do Leandro)

LEANDRO : E como!

LILIANE : Valeu pela força Eli!

ELISANGELA : Que é isso! Quando precisar é só me dar um alô! (indo em direção ao Leandro) E então querido? Onde paramos? (vai abraçá­lo, mas Leandro a impede) O que foi?

LEANDRO : Sai fora caipira! O nosso lance não rola!

ELISANGELA : Hã?

LEANDRO : Entre nós só rolou um esquema pra ferrar a Carol entende? Nunca pintou química entre a gente, até q você não é de se jogar fora, mas tenho algo melhor aqui. (abraça a Liliane)

ELISANGELA : Pensei que entre você e a Liliane fosse brincadeira! Mas é sobre aquele papo?

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LEANDRO : Que papo garota? Sobre de ter me arrependido de ter te dispensado naquele dia e que iríamos ter um lance sério? Há, há, há, é tão besta quanto a Carol, não é a toa que é do mato também!

ELISANGELA : Dizia que ia me amar muito, prometeu muito coisa boa...

LEANDRO : Ah, que coisa linda! Acredita em duendes também? Mina se liga! Eu vou lá de prometer que vou te amar! Ainda mais uma retardada sem noção como você!

ELISANGELA : Ai, o que foi que fiz! Por minha culpa deixei a minha amiga na pior!

LILIANE : Ih, nessas alturas do campeonato, duvido muito que a Carol seja a sua amiga! Olha melhor sair logo! Pois aqui o espaço está ficando pequeno pra você! Vai, vai logo! Chispa daqui, caipira! (Elisangela sai correndo) Viu só como é? Tão trouxa quanto a minha prima!

LEANDRO : Deixa isso pra lá! Esperei muito tempo por esse dia pra te agarrar e beijar muito!

LILIANE : Então aproveita quanto pode! (os dois aproximam­se para o beijo, mas são impedidos pela Michele)

MICHELE : Ah você está aí! Desgraçada! (vai pra cima de Liliane, mas é barrada pelo Leandro)

LILIANE : Que é isso garota? Está louca?

MICHELE : Por sua culpa a Leila está morta!

OS DOIS : Como é que é?

MICHELE : A Leila está morta! (começa a chorar) Você a incentivou a usar todas aquelas porcarias! Ela estava devendo grana, não sabia mais o que fazer, chegou até roubar objetos lá em casa, mas não era o suficiente pra pagar e a mataram!

LILIANE : Aff! Também quem manda abusar! Isso é o que dá! Não consegue controlar as coisas! No fundo teve o que merece!

MICHELE : Idiota! Mas nem assim você a respeita? Foi à responsável por tudo isso, sua vagabunda! (empurra Liliane que cai de costas em cima da mesa, batendo as costas e desmaia)

LEANDRO : O que você fez sua maluca?

MICHELE : Lili! Lili acorde! Não faz isso comigo! Pelo amor de Deus acorde!

LEANDRO : Em vez de ficar implorando pra ela acordar, porque não chame a ambulância?

MICHELE : Vou fazer isso agora mesmo! (sai correndo e o Leandro pega Liliane no colo blrcaute)

CENA XV Entra Alexandre ensanguentado, está desesperado dano impressão que está fugindo de alguma coisa:

ALEXANDRE : Que cagada que eu fiz! O que faço? A Alaíse tem razão, sou um covarde mesmo! (entra Roberval pelo outro lado, também está desesperado) Puts, ainda bem que apareceu cara! Estou ferrado e dos grandes! Preciso de uma força sua!

ROBERVAL : Cara meu! Também estou ferrado! E preciso de uma mão!

ALEXANDRE : Estou mais ainda, olha só o estado que estou?

ROBERVAL : Ah cara, com certeza estou na pior! Foi a pior burrada de todas que já fiz na vida! Não sei o que faço?

ALEXANDRE : Não tem noção da besteira que fiz, cometi um acidente de carro, a Daniela estava junto comigo, e..., e... Ela morreu cara! Na hora estava desesperado, não sabia o q fazer e fugi do local, tenho medo de ser preso meu!

ROBERVAL : Somos dois então!

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ALEXANDRE : Como assim?

ROBERVAL : Cara se você cometeu acidente que matou a Dani eu matei uma mina por causa de dívida!

ALEXANDRE : Desde quando resolveu fazer isso?

ROBERVAL : Não sei cara! A mina devia tanta grana, estava impaciente e do nada na fúria mesmo acertei ela em cheio, e o pior sai correndo de lá, estou na mesma situação que você! Que merda! Por que fui vender aquelas coisas pra ela?

ALEXANDRE : Desde quando resolveu fazer parte disso?

ROBERVAL : Ah isso não importa agora!

ALEXANDRE : Importa sim! Grande amigo você é, por sua culpa voltei a beber se não fosse isso a Dani estaria viva!

ROBERVAL : Isso é hora de ficar me culpando? Estamos numa enrascada dessas e fica falando disso? Problema é seu mano se vira é cada um por si agora! (sonoplastia de sirene) Ferrou agora, fui! (sai correndo)

ALEXANDRE : Seu viado! (vai atrás de Roberval)

CENA XVI Entra Carol chorando segurando um coração de pelúcia e senta­se no meio do palco refletindo, entra

Elisangela: ELISANGELA : Carol...

CAROL : O que está fazendo aqui? Como teve coragem de me procurar depois de tudo que me fez?

ELISANGELA : (ajoelhando­se) Eu vim lhe pedir desculpas...

CAROL : É muita cara de pau sua sabia? Por que fez isso?

ELISANGELA : Eu não sei! Caí na tentação do Leandro, a princípio não sabia que era seu namorado! Depois que descobri já era tarde, estava gostando dele, enganou­me dizendo que não namorava mais e acreditei, fez muitas promessas, mas só me usou!

CAROL : E você quer que eu acredite em tudo isso? Fui muito boba em acreditar em vocês! Como iria imaginar minha própria prima armando tudo isso?

ELISANGELA : Eu sinto muito!

CAROL : Ah não sente nem um pouco, fique no meu lugar pra saber, aí sim vai saber como é se sentir!

ELISANGELA : Por favor, perdoe­me...

CAROL : Como pôde? Somos amigas desde criança. Nunca fez algo assim, sempre foi uma irmã pra mim!

ELISANGELA : Fiquei muito chateada quando foi embora!

CAROL : Mas sabia que vim pra cidade por causa dos estudos! E que iria voltar um dia! Jamais deixaria nossa amizade!

ELISANGELA : Mas mesmo assim, fiquei chateada!

CAROL : E por causa disso ficou com Leandro né?

ELISANGELA : Eu me arrependo disso! Quer acabar com a nossa amizade?

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CAROL : Desculpe, no momento não posso! Estou muito mal com isso! Ser enganada por alguém tão próximo me machucou muito! Por favor, vai embora!

ELISANGELA : Por favor!

CAROL : Vai embora, que não quero ver a sua cara! Vai embora!

ELISANGELA : Está bem! Mas quando precisar de alguém é só me procurar, adeus! (sai de um lado e entra Luis desesperado pelo outro lado)

CAROL : Luis desculpe, eu quero ficar sozinha!

LUIS : Mas amiga, eu preciso dar uma notícia urgente urgentíssima! É sobre a sua prima!

CAROL : Não quero saber mais dela! Deixe­me só!

LUIS : Essa precisa saber, a Liliane sofreu acidente!

CAROL : O quê?

LUIS : É sério amiga, fiquei sabendo disso agora! Ela está no hospital parece que levou uma pancada nas costas quando caiu!

CAROL : Mas como isso aconteceu?

LUIS : Não sei direito, parece que foi uma briguinha entre ela e a Michele, dizem por aí que a Lili foi empurrada e que bateu as costas numa mesa, ai não sei direito!

CAROL : Ai meu Deus! Vamos logo ao hospital! (saem correndo, blecaute)

CENA XVII Ascende­se geral, Leila está deitada no meio do palco, está sendo velada, iluminação especial sobre ela,

entra Michele chorando e com uma rosa na mão: MICHELE : (ajoelhando­se diante do corpo de Leila) Por que Leila? Por que me deixou? Preciso tanto de

você! Não sabe o quanto é difícil estar sozinha! Estou tão arrependida de não ter ajudado você! Tudo seria diferente se estivesse ao seu lado desde sempre! Fui egoísta! Agora só tenho a lamentar! Mas fiz justiça por você minha irmã! Encontraram o rapaz que te matou, e agora o Roberval está preso! Mas não é só isso! Por minha culpa a Liliane se machucou, sei que exagerei, mas estava com tanto ódio dela que não consegui me controlar! Eu admito meu erro! E agora é a minha vez pagar pelo erro que cometi! Estou indo para o abrigo de menores! Eles me deixaram despedir de você! Vou pagar pelo que fiz a Liliane, ela merecia, mas não desta forma! Depois de cumprir a pena irei te visitar toda semana, irei te entregar uma rosa vermelha, que é a sua flor favorita! (respira fundo) Preciso ir minha irmã! O pessoal do abrigo está me esperando pra me levar! Vou sentir muito a sua falta! Adeus irmã! (beija a testa da Leila e sai, blecaute)

CENA XVIII Ascende­se geral, entra Liliane numa cadeira de rodas, vê um objeto no chão e tenta pegá­lo e cai da

cadeia, esforça­se muito pra voltar, aparece a Carol: CAROL : Lili! O que aconteceu? Deixa eu te ajudar...

LILIANE : Sai fora! Não preciso de ajuda! Eu consigo me virar sozinha!

CAROL : Não pode se esforçar tanto! Acabou de sair do hospital. Tem que se repousar!

LILIANE : Já disse que não preciso de ajuda e muito menos de você, sua ridícula!

CAROL : Calma prima!

LILIANE : Não me chame de prima! Você é uma estranha pra mim! Não te suporto!

CAROL : Mas por quê?

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LILIANE : Ah quer saber o motivo? Pois bem, vou explicar! Desde que chegou aqui em casa, roubou meus pais, meus amigos e até do meu Leandro! Tirou o meu primeiro lugar do vestibular, sempre fui a melhor em tudo! Cada dia que passava o meu ódio por ti foi só aumentando! Mas não importa mais, consegui tirar o Leandro de você! E agora ele é só meu, há, há, há!

CAROL : Não fale dele, por favor!

LILIANE : Falo sim! E quer saber a verdade? O Leandro nunca te amou! Ele te odiava, não suportava ver a sua cara, seu jeitinho de caipira, dizia que tinha vergonha de andar junto com você! E que só resolveu te namorar por causa de uma simples aposta que ele fez com os amigos dele, há, há, há!

CAROL : Para! Para! Para!

LILIANE : Não paro! Você não passou de uma mercadoria, não vale nem o prato que come! Já pensou uma pessoa mal vestida assim na faculdade? Vai ser humilhada na frente de todo mundo! Imagine uma mocinha do interior fazendo faculdade no meio de gente rica? Desista garota! Senão sua vida vai se tornar um inferno! Ah! Pra te aliviar um pouco! A sua amiguinha Elisangela também foi iludida por ele! É uma idiota que nem você! (Carol sai correndo) Vai fuja sua covarde! Não agüentou ouvir não é? Há, há, há! Nunca precisei de você! Vai pro inferno sua ingrata! (pausa) Vou ligar pro meu Leandro! (sai pelo outro lado)

CENA XIX Entra Roberval com roupa de presidiário, senta­se no meio do palco a espera de alguém, de repente

entra uma moça que vai em direção a ele: AMANDA : (falando com certo sotaque) Quanto tempo!

ROBERVAL : É! Tive que ficar preso pra você voltar!

AMANDA : Sinto muito por tudo isso!

ROBERVAL : Não é pra sentir e sim pra ver! Tanto tempo longe de casa! Deixou tudo para trás inclusive a mim! Seu irmão!

AMANDA : Mas sabe que foi por necessidade que sai do país!

ROBERVAL : Qual lugar mesmo que foi? Bolívia não é? Está tanto tempo fora que até sofre pra falar português! O que andou fazendo por lá hein?

AMANDA : Isso não interessa! O que importa o que você fez pra estar aqui?

ROBERVAL : Ué pensei que já sabia mana! Ou estava passando aqui na prisão por acaso e de repente... Pá! Lembrou do seu irmãozinho e veio me dar um “Ooooiiiiii”!

AMANDA : Não estou me referindo o motivo de estar preso e sim durante todo esse tempo que estive ausente!

ROBERVAL : Olha só! Tanta preocupação! Desde quando resolveu querer saber de minha vida! Deixa­me pensar! Dois minutos? Ah não é muito tempo não acha!

AMANDA : Deixa de ser irônico!

ROBERVAL : Cala a boca! Ficou cinco longos anos longe de mim! Nunca me mandou carta, e­mail, nem sequer me ligou! Quem esta sendo irônica aqui é você garota!

AMANDA : Não tem ideia do quanto eu sofri nesses anos que estive na Bolívia! Passei muita necessidade...

ROBERVAL : É mas agora não! Olha só como está bem vestida! O que andou aprontando por á hein? Andou vadiando pelas esquinas? Há, há, há! (leva tapa) Hum! Está nervosinha é?

AMANDA : Você me respeita!

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ROBERVAL : Reagiu assim porque é verdade! Garota, não precisava se rebaixar tanto só pra estar desse jeito?

AMANDA : O que eu fiz lá não te interessa! Isso é problema meu!

ROBERVAL : Olha só! Problema é seu? Hum! Foi egoísta isso sim! Nossos pais sofreram muito por sua causa! E outra coisa! Aposto que não veio aqui pra me visita e sim pra outra coisa! Desembucha logo o que você quer garota!

AMANDA : Eu vim lhe pedir perdão!

ROBERVAL : Há, há, há! É mais cara de pau que pensava! Perdão pra quê! Quer ficar com consciência tranqüila depois que me incentivou a usar todas aquelas coisas! Dizendo que era bom, que ia viajar nas nuvens, iria esquecer os problemas... Por causa disso estou aqui agora! Como consegue dormir?

AMANDA : Eu não consigo! Desde que fui embora não consigo dormir direito!

ROBERVAL : Você foi covarde! Fugiu só pra não ser presa! Fez muita besteira! Tive que limpar a sua barra pra não ser pega! E graças a isso virei assassino! Estava sem noção! Não sabia mais o que fazer e tirei a vida de uma pessoa, da mesma forma que você fez a mim!

AMANDA : (gritando) Não é verdade!

ROBERVAL : (gritando) É sim! É sim! Eu não tenho mais vida! Você me matou sua desgraçada! Agora eu sei o que é o inferno! Obrigado, maninha!

AMANDA : Eu posso te ajudar...

ROBERVAL : Ajudar em quê? Não consegue ajudar nem a si mesma! Desencana garota! Não preciso de ajuda! Prefiro estar aqui nesse lugar a ficar perto de uma cobra como você! Quer saber garota? Vai embora! Não quero ver a sua cara ridícula nunca mais!

AMANDA : Mas Roberval...

ROBERVAL : (agarrando­a) Não me ouviu? Então vou gritar... Vai embora, sua vagabunda! Eu não tenho mais irmã! (Amanda sai chorando, Roberval respira fundo e começa a chorar) Por quê? Por que fez isso comigo? (sai pelo outro lado, entra Alaíse pelo lado oposto fica em silêncio por alguns instantes e fica impaciente)

ALAÍSE : Que lugar imundo! Nem sei por que estou aqui! Fiz besteira! Vou embora! (vai saindo entra Alexandre)

ALEXANDRE : Alaíse você veio! (vai abraçá­la, mas ela não deixa) O que foi?

ALAÍSE : Sem essa! Não vim aqui pra te intimidade! Somente pra conversar!

ALEXANDRE : Aqui é horrível, muito frio, não tenho ninguém!

ALAÍSE : É você tá péssimo com essa cara! Andou com más companhias? Continua tão bobo assim?

ALEXANDRE : Não sabe o quanto eu fiz pra te fazer feliz!

ALAÍSE : Ah não fez não! Três anos! Três anos juntos e não conseguiu provar nada que preste! Esquecia sempre dos nossos encontros, do meu aniversário, das coisas que gosto, além de ser jogada de lado inventando desculpa do excesso de trabalho e estudo! E onde está agora?

ALEXANDRE : Eu acho que exagerei um pouco!

ALAÍSE : Um pouco? Foi muito isso sim! De todos os namorados que tive você foi o pior de todos! Nem beijar direito sabe!

ALEXANDRE : Mentira!

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ALAÍSE : É a mais pura verdade! Olha só vim aqui pra ver como está! E pelo visto está pior do que imaginei! Vou indo nessa! Boa sorte pra você vai precisar muito! Adeus!

ALEXANDRE : Alaíse! Não vai embora! Quero que me responda uma única coisa que me incomoda faz tempo!

ALAÍSE : O que é? Pergunta logo!

ALEXANDRE : Quero saber quem é o cara!

ALAÍSE : Que cara?

ALEXANDRE : O cara que você ficou!

ALAÍSE : Fiquei não! Eu ainda estou com ele?

ALEXANDRE : Quê?

ALAÍSE : É isso mesmo estou com ele até hoje! E também o que adianta saber quem é o cara? Já que não vai sair da prisão mesmo! Como pôde! Matar a sua amiguinha e fugir do acidente? É mais covarde que imaginei! Viu só por que entre nós nunca íamos dar certo? Fui!

ALEXANDRE : Quero saber que é esse cara!

ALAÍSE : Não te interessa! Adeus Alexandre! Ah! Melhor limpar esse chão em isso aqui é pior que um chiqueiro! (Sai)

ALEXANDRE : Volte Alaíse! Volte! Sua desgraçada! Sua vagabunda! Ahhhhh! (entra Roberval os dois sem encaram por uns instantes, agarram­se para brigar, blecaute)

CENA XX Entra Carol entristecida com copo d’água na mão, ela vai até o centro do palco ajoelha­se, olha para os lados,

coloca um pó dentro do copo: CAROL : Desculpe! Eu não aguento mais essa vida! (Luis entra e fica no canto observando a Carol) É

muita pressão sobre mim, vou acabar com isso agora! (começa a beber)

LUIS : Carol? O que está fazendo? Para com isso!

CAROL : Não! Vou acabar com a minha vida agora mesmo!(bebe o que sobrou do copo, vai caindo, mas Luis a segura)

LUIS : O que você tomou? (cheira o copo) Colocou veneno? Por que fez isso?

CAROL : Não tenho mais vontade de viver Luis, minha vida não tem mais sentido!

LUIS : Tudo por causa da sua prima! Vou chamar uma ambulância agora mesmo! (pega celular, mas Carol o impede) O que foi?

CAROL : Por favor, não chame ninguém! Só quero que fique aqui comigo!

LUIS : Não vá! Você é a única coisa boa que eu tenho!

CAROL : Você está tão diferente! O que aconteceu?

LUIS : Preciso lhe confessar uma coisa! Eu não sou homossexual! (Carol fica perplexa) Só fingi ser aquilo só pra ficar mais próximo de você!

CAROL : (cada vez mais fraca) Por que nunca me contou isso?

LUIS : Por que você namorava e além do mais, o Leandro não deixava nenhum rapaz se aproximar de você. E a única maneira que pensei é fingir! Meu amor por ti é tão grande que iria até o fim do mundo!

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CAROL : Ah Luis! Você é e sempre será uma pessoa maravilhosa! Sempre esteve comigo em todos os momentos, saiba que sempre vai ser especial pra mim... (Luis abraça Carol e a beija) Adeus meu querido! (morre)

LUIS : Carol acorde! Não vá pelo amor de Deus! Não faz isso comigo! Eu preciso de você! Não vá! (olha para o veneno e coloca no copo) Você não irá sozinha! Vamos ficar juntos para sempre! (toma o veneno e dá um beijo nos lábios da Carol) Eu te amo Carol! Aonde você for eu irei junto pra te fazer feliz! (sente as dores e morre abraçado com a Carol, blecaute)

CENA XXI Ascende­se geral, entra Liliane na cadeira de rodas: LILIANE : (arrumando os cabelos) O Leandro vai aparecer a qualquer momento! Preciso estar bem arrumada!

(entra Leandro) Ah meu querido! Que bom que chegou! Estou feliz sabia! Ficou sabendo da novidade? A minha querida prima bateu as botas, há, há, há! Estava ta doida coitadinha! E aquela coisinha do Luis também se foi, há, há, há! Tem certas coisas da vida que temos que aturar!

LEANDRO : Mas como aconteceu isso mina?

LILIANE : Bom! Não tenho certeza absoluta, mas encontraram os corpos abraçadinhos, parece que se mataram, já que no local tinha um copo e o veneno junto! Olha só que morte tão linda! Os dois morreram juntinhos!

LEANDRO : Pra você ver que só tem maluco nesse mundo!

LILIANE : Isso não importa mais! E sim que não tenho mais ninguém no nosso caminho! Você é só meu, só meu! (vai até o Leandro, mas ele não deixa) Ué que foi? Agora não tem mais ninguém em nosso caminho!

LEANDRO : Pra você não, mas pra mim sim!

LILIANE : Como é que é?

LEANDRO : Vê se entenda garota! Você que está atrapalhando o meu caminho!

LILIANE : Estamos falando a mesma língua?

LEANDRO : É burra mesmo hein! Estou falando que entre nós não vai rolar nada entendeu?

LILIANE : Não estou entendendo nada! Nós vamos ficar juntos lembra?

LEANDRO : Mina se liga como vamos ficar se está presa nessa cadeira!

LILIANE : Vai me deixar por eu ser paraplégica?

LEANDRO : O que você acha?

LILIANE : (vai pra cima do Leandro que a impede) Seu desgraçado!

LEANDRO : Calminha aí! Está nervosinha por quê? Acha que vou ficar com uma inútil como você? Nunca! Jamais! É mais idiota que sua prima morta!

LILIANE : Fiquei assim por sua causa, seu merda!

LEANDRO : Problema é seu, mina! Não te obriguei a nada!

LILIANE : Ah! (cai da cadeira ao tentar se levantar e vai se arrastando até o Leandro) Eu te pego!

LEANDRO : Assim arrastando­se aos meus pés? Quanta gentileza! (caminha para outro lado) Está perdendo seu tempo! Fica quietinha no seu lugar! Toma o seu assento! (empurra a cadeira de rodas em direção a Liliane) Agora se me der licença, estou esperando uma pessoa, ela deve chegar ao qualquer momento! Não se preocupe eu vou apresentá­la! (olha para o lado) Ah ela chegou! Liliane vou lhe apresentar uma pessoa muito importante! (entra Alaíse que dá um selinho na boca do Leandro) Liliane essa é...

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LILIANE : Vagabunda da Alaíse!

ALAÍSE : Vê se me respeita hem garota! Não se cansa de perder pra mim?

LEANDRO : Vocês se conhecem?

LILIANE : Eu a conheço faz tempo! Foi ela que tirou o Alexandre de mim! Fiquei tão mal que tive que fazer várias sessões de terapia...

ALAÍSE : Ah minha querida! Sinto muito por ter ficado ainda mais louca! Como está mal hem, está pior que há três anos atrás! Achava que o Leandro iria me trocar por um pedaço de gente?

LILIANE : Cala a boca!

ALAÍSE : Meu amor! Vamos embora, estou nem suportando o cheiro dela! Ai! Isso está me dando arrepios!

LEANDRO : Demorô mina!

ALAÍSE : Ah! Já que está aí! Dá uma esfregada no chão com essa sua cara imunda, pra ver se melhora um pouco isso! Bye, bye! (abraça­se ao Leandro e vão saindo abraçados)

LILIANE : (tirando revolver dentro da calça) Eu não perder dessa vez! Já que não vai ser meu, não vai ser de ninguém! (blecaute; som de dois tiros)

FIM