alcolismo no mundo da juventude

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ALCOLISMO NO MUNDO DA JUVENTUDE Estamos diante de uma temática interessante e atual. Interessante pelo fato de a cada dia vermos a juventude mergulhada no mundo do alcoolismo, porém poucos na sociedade a se perguntar: "Qual o motivo norteador para a juventude cada vez mais cedo mergulhar no tenebroso mundo do álcool?" Real, pois como dizia Tomás de Aquino, grande filósofo medieval "O evidente não se explica", isto é, a realidade está à tona, pois vemos a todo o momento a juventude espelhada por ai no consumismo desordenado do álcool. 2. 1. A problemática do alcoolismo na juventude. Segundo Elkin Arango (1991), a faixa etária que abrande esta categoria social "a juventude" é formada por elementos chamados "problemáticos", no sentido do viverem a fase da adolescência, faixa etária constituída por uma crise do eu, e em que o indivíduo está predisposto a novas experiências e a desafiar a sociedade. Na visão de Eric Berne (1977), é nesta perspectiva que aparece a problemática do alcoolismo, em que o consumo de álcool pelos jovens, que em quantidade, quer na espécie, quer ainda no local, depende, entre outros fatores, da origem e do ambiente socialque ele pertence. Este fenômeno remonta às décadas de 60 e 70 e que trouxeram a moda de beber aos jovens. Uma moda que pegou e colocou de tal forma, que o alcoolismo juvenil se transformou num dos principais, isto para não falar no principal problema da juventude e das instituições educacionais aqui no Brasil. Um ponto importantíssimo dado, porém levantado pelo Professor Doutor em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) Luis Ponde, os jovens hoje em dia dizem que bebem somente em ocasiões especiais, só com amigos no final de semana, só uns copos de vez em quando, porém se escondem de uma realidade amarga de um círculo vicioso por trás destas vulgares expressões, pois quando mais se bebe mais se vicia; quanto mais se vicia, menos se automotiza; quanto menos se automotiza, mais demora para se separar da família e se tornar um adulto. Como se diz vulgarmente: "é um rapaz que nunca mais larga as saias da mãe e de faz homem." [1] 2.2. Motivos pelo quais os jovens consomem mais álcool.

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ALCOLISMO NO MUNDO DA JUVENTUDE

Estamos diante de uma temática interessante e atual. Interessante pelo fato de a cada dia vermos a

juventude mergulhada no mundo do alcoolismo, porém poucos na sociedade a se perguntar: "Qual o

motivo norteador para a juventude cada vez mais cedo mergulhar no tenebroso mundo do álcool?" Real,

pois como dizia Tomás de Aquino, grande filósofo medieval "O evidente não se explica", isto é, a

realidade está à tona, pois vemos a todo o momento a juventude espelhada por ai no consumismo

desordenado do álcool.

2. 1. A problemática do alcoolismo na juventude.

Segundo Elkin Arango (1991), a faixa etária que abrande esta categoria social "a juventude" é formada

por elementos chamados "problemáticos", no sentido do viverem a fase da adolescência, faixa etária

constituída por uma crise do eu, e em que o indivíduo está predisposto a novas experiências e a desafiar a

sociedade.

Na visão de Eric Berne (1977), é nesta perspectiva que aparece a problemática do alcoolismo, em que o

consumo de álcool pelos jovens, que em quantidade, quer na espécie, quer ainda no local, depende, entre

outros fatores, da origem e do ambiente socialque ele pertence.

Este fenômeno remonta às décadas de 60 e 70 e que trouxeram a moda de beber aos jovens. Uma moda

que pegou e colocou de tal forma, que o alcoolismo juvenil se transformou num dos principais, isto para

não falar no principal problema da juventude e das instituições educacionais aqui no Brasil.

Um ponto importantíssimo dado, porém levantado pelo Professor Doutor em Psicologia da Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo (PUC) Luis Ponde, os jovens hoje em dia dizem que bebem somente

em ocasiões especiais, só com amigos no final de semana, só uns copos de vez em quando, porém se

escondem de uma realidade amarga de um círculo vicioso por trás destas vulgares expressões, pois

quando mais se bebe mais se vicia; quanto mais se vicia, menos se automotiza; quanto menos se

automotiza, mais demora para se separar da família e se tornar um adulto. Como se diz vulgarmente: "é

um rapaz que nunca mais larga as saias da mãe e de faz homem." [1]

2.2. Motivos pelo quais os jovens consomem mais álcool.

Se entrássemos num barzinho qualquer e perguntássemos a algum jovem o motivo pelo qual ele bebe,

notaremos que sua resposta estará configurada a um sentimento de auto-afirmação da sua virilidade, como

uma forma de se iniciar e se afirma em seu grupo. Outro sentimento que notaremos configurados em suas

respostas é a inerência da complexidade pessoal de cada indivíduo.

Na procura de alavancar respostas pelo qual justifica o consumo desordenado de bebida pela juventude,

podemos começar pelo beber como uma atitude ritual de integração. Enquanto rito, o consumo de álcool

não oferece problemas. O problema acontece quando deixa de haver a justificação ritual deste consumo.

Quando isto acontece, do milenar consumo socializado do álcool, o indivíduo cai no alcoolismo. Para

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exemplificar isto é só levar em conta um elemento realístico que acontece ou já aconteceu com a maioria

dos jovens: O indivíduo gosta de alguém e faz de tudo para conquistá-lo (la). No decorrer deste processo

ele consegue conquistar a tal pessoa para estabelecer um relacionamento estável. A grande maioria dos

jovens celebra esta conquista "bebendo". Aqui nós encontramos o ato de beber como um "ritual" de

comemoração. Mas vamos imaginar o mesmo indivíduo que está namorando com a tal pessoa e com os

tempos este relacionamento acaba tombando ao ponto de se desmanchar. Depois de inúmeras tentativas

de volta, porém todas em falência, o que resta a este indivíduo? Beber para afogar as mágoas. Ora, neste

momento qualquer pessoa se perguntaria: "Qual o problema de beber para afogar as mágoas?" É... o

problema está que o indivíduo vai beber até que estas mágoas sejam realmente afogas, coisa que vai levar

tempo, muito tempo... levando o mesmo indivíduo ao condicionamento do beber sempre que ele precisar

afogar mágoas.

Uma segunda razão é a procura da independência, uma independência que, hoje em dia, é cada vez mais

tardia. O principal problema do jovem moderno é a entrada no mundo do trabalho. Ora, entrar no mundo

do trabalho já condiciona o jovem a mais dois compromissos: casamento e habitação.

Além destes motivos elencados logo acima, vemos um outro problema assombrando a juventude

moderna, o que os faz cair em profunda depressão: "hoje em dia já não basta ter um curso para garantir o

emprego."

Vamos encontrar ainda dentro deste rol de motivos que levam os jovens a uso abusivo do álcool o

sentimento de ganhar o seu espaço próprio e o seu tempo próprio. Segundo Maria Aparecida Ferreira de

Aguiar:

A sociedade contemporânea, que é urbana e capitalista, não tem lugar para o não utilitário. Tudo nela

deve obedecer aos supremos princípios do utilitarismo e funcionalidade. E a esse "tudo" também não

escapa espaço e tempo. Porém, o jovem tem uma necessidade vital de um espaço e de seu tempo. De um

espaço e de um tempo possa o "não utilitário". Não existindo eles, procura-os, seja no prédio abandonado,

seja no canto mais escondido do jardim. "Se a sociedade lho retira ou proíbe, o jovem não tem outro

remédio que não seja o de procurar na música, na moto, na droga ou no álcool." (AGUIAR, 1985: 147)

Uma última razão é a do jovem beber em busca do "pai". Aqui no Brasil, a educação dos filhos é uma

tarefa dada cada vez mais à mãe, que por vezes assume o caráter de super-proteção. Falta a esta educação

a qualidade paternal de disciplina, do se lançar no vôo para aprender a voar mesmo que, para tal, tenha de

partir uma asa.

Em suma, o jovem bebe numa atitude de busca de soluções ao problema de sua não independência, numa

tentativa frustrante de construir o seu espaço e o seu tempo não utilitários. Também numa tentativa de

introduzir-se ritualmente na família, no grupo e na sociedade; bebe para vencer a timidez, a sua falta de

confiança, o medo de ser diferente e, porque é enorme o peso cultural do álcool no Ocidente, beber

significa um compromisso importantíssimo, e às vezes mesmo fundamental, ato pessoa de organização do

seu tempo livre podemos assim definir.

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2.3. Sintomas do Alcoolismo.

O fato da existência da dependência psíquica do álcool e consequentemente do seu consumo regular

surgem a partir dos estímulos aqui descritos e, segundo a associação dos alcoólatras anônimos, quando o

hábito de beber em grupo não é atacado pelo tempo, a bebida acaba se tornando, em curto prazo, um dos

interesses principais da vida do jovem e as sua preocupação diárias começam a ser canalizadas para a

busca da bebida. O jovem passar a beber regularmente duas ou três vezes por semana e em favor da

bebida são abandonados: o estudo, o emprego...[2] A dependência psíquica se dá quando uma certa

inclinação para o consumo de bebidas alcoólicas para a ser uma paixão na vida do indivíduo ou quando a

bebida alcoólica se torna um instrumento no suscitar a euforia ou outros estados agradáveis. O grupo

habitual deixa de ser indispensável, servindo ao jovem qualquer outro grupo que se dedique ao consumo

de bebidas alcoólicas.

O aumento da tolerância ao álcool surge em correlação com o fato de se formar o vício à medida que

aumenta a dose capaz de embebedar, o que é compreensível visto que dos 12-13 anos para os 14-15, por

exemplo, o adolescente aumenta dez a quinze quilos de peso, aumentando também a tolerância às bebidas

2 a 4 vezes, mesmo sem haver ainda uma situação de alcoolismo.

O desaparecimento de reflexos de defesa do vômito como um importante reflexo ao adulto, enquanto

primeiro sinal de que o organismo começou a receber elevadas doses de álcool. Mas alguns adolescentes

nunca chegam a ter este reflexo, provocando-lhes o excesso de álcool apenas um sono profundo. Outros

partindo de idéias erradas sobre a coragem, escondem que o álcool lhes provoca vômitos.

Segundo a Associação dos Alcoólatras Anônimos é necessário ficar atento, reconhecido os primeiros

sintomas o indivíduo deverá atuar com veemência a fim de evitar que o vício se instale. Caso contrário

entra-se na segunda fase, ou seja, a síndrome de abstinência. O jovem sente uma enorme fraqueza, sobe-

lhe a tensão, mas não pode deixar de beber. O organismo passou a habituar-se ao álcool, provocando o

desejo ardente de beber. O vício está implantado, sendo neste caso, mas fácil abandona-lo sem um

tratamento médico rigoroso. [3]

CONCLUSÃO

O trabalho serviu para mostrar que o alcoolismo é um problema atual. Muito mais no tocante à juventude.

Notei através desta pesquisa que este fenômeno, enquanto número de afetados poderia ser mais extenso

no passado, mas abarcando apenas principalmente a faixa etária adulta. Hoje em dia, já não será bem

assim, pois o indivíduo começa a beber mais cedo, talvez como conseqüência da "falência" dos valores

morais e familiares pela qual o indivíduo moderno passa atualmente.

A cada dia que se passa o jovem é atacado pela tentação de beber, e também cada vez mais de ceder e se

deixa arrastar pelas opiniões dos que o rodeiam, condicionando-se assim o seu comportamento.

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Um aspecto que eu acho interessante de referir aqui é o de que, embora o alcoolismo aconteça com mais

freqüência no jovem, ele não será tão elevada gravidade como seria em épocas passadas. O jovem, nos

dias de hoje, bebe preferencialmente para se afirmar na sociedade e também para se desinibir, afastando-

se assim da pressão que ela exerce sobre ele. Em muitos casos, este comportamento, surge como um ato

de revolta em relação a tudo o que o rodeia. Isto leva-nos de novo para o campo dos valores, onde agora

existe uma sobreposição e inversão de muitos deles, fazendo com que a linha que separa o bem e o mal,

se tornem menos nítida e, deste modo, se leve o que o jovem oscile entre estes dois conceitos, e o faça

"passear" pelo lado do mal, mais vezes do que aquelas que seriam recomendáveis.

Sendo assim vejo de forma pessoal, inebriada por esta pesquisa, que é no interior de cada um de nós que

cabe a obrigação de um equilíbrio mental que posteriormente irá influenciar o nosso comportamento,

conjuntamente com o meio que nos rodeia.