Álbum brusque 152 anos

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Álbum de Figuras em comemoração aos 152 Anos de Brusque/SC Editado pelo jornal Município Dia a Dia

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Histórias, figurinhas e uma paixão: Brusque

A História é um manancial de acontecimentos que corre através do tempo, que, como as águas cristalinas de um ribeirão, encanta aqueles que nele mergulham. As muitas histórias sobre Brusque fluem de todos os cantos, como um olho d’água que brota e segue por sobre a terra promovendo fartura e beleza.

No Álbum Brusque 150 anos, lançado no ano de 2010, tivemos a oportunidade de apresentar diversos temas que permearam a trajetória da cidade, mas o espaço restrito das cinquenta e duas páginas limitou-nos o desejo de seguir adiante narrando outras histórias.

Porém, a paixão e o amor por esta cidade, assim como o vínculo com nossos antepassados, nos permitiu organizar um segundo volume do Álbum de Figurinhas, possibilitando que apresentássemos este novo material.

Brusque foi erguida em meio à mata pelos braços dos imigrantes, que a cada golpe de enxada deferido contra o solo, a cada golpe do machado contra o tronco das árvores sustentava a esperança de uma vida melhor. Vindos do outro lado do Atlântico, aqui construíram um lar. lançaram sementes e deixaram descendentes.

Neste segundo volume o leitor encontrará relatos e figurinhas sobre os imigrantes que aqui desembarcaram, das dificuldades encontradas quando o assunto era abrir novas estradas. Conhecerá os meios de transportes usados no cotidiano brusquense, como também poderá acompanhar de perto o nascimento dos municípios que integravam o território da antiga colônia. Será convidado a visitar os trabalhadores da madeira, das cervejarias que produziam tão desejado líquido. Histórias de personagens que fizeram a diferença, dos cinemas, das tragédias, dos casamentos e muito mais...

Um convite a mais uma viagem ao passado. Viagem saborosa ao tempo de nossos avós, de nossos pais... Um passado que é presente, que está nos lugares onde vivemos, nos objetos e em nós mesmos que carregamos costumes, histórias, sobrenomes que de muitas formas nos ligam a esse passado. Existem muitas formas de se contar uma história. Nós, escolhemos apresentá-la através de mais um Álbum de Figurinhas.

Professor Robson Gallassini (in memoriam)

Boa Coleção!

“A emigração da nossa região para o Brasil está se tornando cada vez mais abrangente e diariamente lemos publicações em

nossos jornais locais, constatando como várias comunidades sofrem com a perda de muitos de seus cidadãos”, pode ser lido no

Jornal de Karlsruhe de 2 de Junho de 1860.”

(Lothar Wieser, Alemanha)

„Die Auswanderung nach Brasilien aus unserer Gegend greift immer mehr um sich, und täglich liest man in unserm

Lokalblatte darauf bezügliche Bekanntmachungen, so daß einzelne Ortschaften gewiß eine merkliche Einbuße an Bewohnern

erleiden werden“, kann man in der Karlsruher Zeitung vom 2. Juni 1860 lesen.

(Lothar Wieser, Alemanha)

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Do velho ao novo Mundo: em busca da terra prometida.A formação de um povo: imigrantes em busca de um novo larColônia Itajahy: uma colônia agrícola povoada por imigrantes europeus1875: o início da epopeia italianaColônia Príncipe Dom Pedro: uma colônia de americanos e ingleses no Itajaí-MirimA presença afrodescendente em Brusque: dos tempos coloniais aos dias atuaisBarão Maximiliano von Schneeburg: primeiro diretor da Colônia ItajahyOs diretores: os homens à frente da Colônia ItajahyAbrindo caminhos: das estradas coloniais às rodoviasTerritório desmembrado: imigrantes italianos e a colonização de Nova TrentoTerritório desmembrado: povoamento e emancipação de Vidal Ramos Território desmembrado: da colonização à emancipação de GuabirubaTerritório desmembrado: colonização italiana e emancipação de BotuveráTerritório desmembrado: colonização e emancipação de Presidente NereuQuando as distâncias eram maiores: histórias dos meios de transporte em BrusqueUma história da exploração madeireira: das serrarias do vale ao porto de ItajaíBrusque e as cervejarias: uma história de embebedar a almaBrusque, cidade das bicicletas: uma história sobre duas rodasAs Sociedades de Caça e Tiro: idealismo e tradição germânica na miraHospício de Azambuja: tratando de loucosConvento Sagrado Coração de Jesus: presente em Brusque há mais de cem anosBrusque e o Seminário Menor Metropolitano Nossa Senhora de LourdesO padre dos gravatás: o nosso Fritz é Reitz!Viver e morrer na Colônia Itajahy-Brusque: a última moradaUma história dos Casamentos: união familiar na Colônia Itajahy-BrusqueVila Goucky: última residência de Cônsul Carlos RenauxOrquestras, bandas e grupos musicais: os pioneiros na arte da música em BrusqueEntre uma corrida e outra: das Carreiras ao Jóquei Club BrusquenseCotidiano e diversão: as diferentes práticas de lazer em BrusqueRoupas de domingo: a construção da identidade socialAbrem-se as cortinas: uma história do teatro em BrusqueA chegada do mundo moderno: cinemas em Brusque, uma história centenáriaDos poços à água engarrafada: as mudanças no mundo da águaTransportando brusquenses: os primórdios do transporte público em Brusque Rádio Araguaia: a primeira rádio de BrusqueMuseu Arquidiocesano Dom Joaquim: espaço da memória brusquenseA Casa de Brusque e o legado de Ayres Gevaerd: uma história de amor pelo passadoViajando no tempo: conhecendo as relíquias do Museu e Arquivo Histórico do Vale do Itajaí-MirimCasa de Aldo Krieger: preservando a memória brusquenseAnauê! Brusque, cidade integralistaO Estado Novo e a campanha de nacionalização em Brusque: é preciso abrasileirar-seDo outro lado do Atlântico: brusquenses na Segunda Guerra Mundial Brusque e o rio Itajaí-Mirim: uma relação antigaCatástrofes naturais: granizo, vento e deslizamentosMuito além do algodão: o setor metal-mecânico, um segmento da pesadaBrusque, uma trajetória de sucesso: de olho nas origens Quadro SinóticoUma homenagem: Historiador Robson Gallassini

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Índice

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Do Velho ao Novo Mundo:em Busca da terra prometida

artigos-propaganda como este, informando sobre saídas de Hamburgo com destino à América do Sul, eram publicados nos jornais e revistas na Alemanha com o interesse de atrair emigrantes para o Brasil.

todos a bordo! destino: Brasil. Embarque de imigrantes alemães no porto de Hamburgo, em gravura de 1874, publicada no jornal ilustrado de Leipzig.

aguardando a hora do embarque. “(...) As condições de viagem no século 19, em especial antes do surgimento do navio a vapor e do trem, eram longas e difíceis. A emigração ao Brasil durava muitos meses e mesmo com a chegada do navio a vapor, levava mais de um mês até o sul do Brasil. Emigrar, em regra representava uma despedida para sempre (...)” (Lothar Wieser, Alemanha)

Estados de Baden e Würtenberg.

mapa da colônia itajahy-Brusque

Na segunda metade do século 19, o governo do Brasil procurava povoar os territórios da Região Sul do país. Enquanto isso, em muitos países da Europa a falta de terras, a fome e a miséria faziam suas vítimas. Milhares de europeus vieram para o Brasil em busca de encontrar terra, trabalho e melhores condições de vida. O processo imigratório serviu como uma “válvula de escape” para resolver a situação da pobreza pela qual passavam muitos países europeus. No sul do Brasil, foram fundadas colônias para a instalação desses imigrantes, uma delas foi a Colônia Itajahy, atual Brusque.

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A formação de um povoimigraNtes em Busca de um Novo lar

a colônia itajahy nasceu da iniciativa do governo imperial do Brasil que buscava povoar as terras do sul do país. Povoada por imigrantes alemães, que depois de longa viagem desembarcavam no Porto de Itajaí de onde eram encaminhados até as terras da colônia, distante cinco dias rio acima. De 1860 a 1874, a maioria dos imigrantes era de origem alemã, embora os registros apontem a presença de brasileiros, franceses, portugueses, poloneses, austríacos entre outros. Somente a partir de 1875, com a chegada de colonos italianos é que a população aumentou. Os imigrantes, depois de instalados em seus lotes, foram gradativamente se adaptando à nova terra. Forjava-se aí, a identidade brusquense.

Família de imigrantes reunida em seu lote, em Guabiruba. Estima-se que a imagem tenha sido feita em algum momento entre 1890 e 1900. A imagem apresenta a família de Franz Morsch (sentado ao centro, de chapéu) que chegou a Brusque com 6 anos, em 1860. ASAB

profissões na colônia - Grande parte dos imigrantes que desembarcaram em Brusque eram lavradores, mas encontramos também artesões especializados em determinadas artes e ofícios. As listas de imigrantes nos mostram, entre outras, as seguintes profissões: lavrador, alfaiate, cuteleiro (fabricante de instrumentos de corte), carpinteiro, sapateiro, ferreiro, serralheiro (produz fechaduras e outros objetos de ferro), boticário (farmacêutico), padeiro, pedreiro, cervejeiro, oleiro (fabricante de louças de barro, tijolos e telhas), relojoeiro, ourives, etc.

Família de Karl Krieger, integrantes da leva de imigrantes que desembarcaram em 1861. ASAB

registro da família de guilherme risch. Consta que desempenhava a função de lapidador de pedras preciosas. ASAB

descendentes de imigrantes italianos. Fugidos das penúrias vividas nas regiões norte da Itália, milhares de imigrantes encontraram nas terras da Colônia Itajahy-Príncipe Dom Pedro um novo lar, apesar das dificuldades apresentadas pelo clima e geografia do lugar. Projeto Identidade

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Colônia Itajahy:uma colôNia agrícola povoada por imigraNtes europeus

Quando a colônia itajahy foi instalada em 1860, no Brasil discutia-se sobre a substituição do trabalho escravo e a necessidade de povoamento das terras do sul do país. As autoridades imperiais adotaram uma política imigratória com o objetivo de povoar a área com colonos europeus. Outro objetivo era criar e desenvolver o modelo agrícola da pequena propriedade policultora, mantida pelo trabalho familiar sem o uso de escravos. A cada família de imigrantes foi vendido um lote de terras financiado pelo governo, cujo tamanho oscilava entre 10 e 30 hectares. O trabalho na lavoura, na retirada de madeira, na abertura das estradas fazia parte do cotidiano dos colonos.

a pequena propriedade policultora com mão de obra Familiar foi o modelo adotado na Colônia Itajahy. Segundo o Relatório de 1o de janeiro de 1862, os colonos se dedicavam ao plantio de arroz, milho, feijão, batatas, inhame, mangaritos, taiá, tabaco, mandioca, café, algodão, cana, legumes e algumas árvores frutíferas, como laranjeiras, bananeiras, etc. Arte de Cesar P. Viana

durante a adminis-tração do dr. luís Betim paes leme foi fundada a Associação Agrícola Colonial, que tinha como objetivo in-centivar e desenvolver as atividades agrícolas. Sua primeira exposição ocorreu a 4 de outubro de 1872. ASAB

diploma da 1a Exposição colonial das Colônias Itajahy e Príncipe Dom Pedro. ASAB.

registro da cidade de Brusque em meados de 1905. A fumaça presente na imagem pode estar ligada à prática da queimada, utilizada para limpar o terreno para o plantio. Foto tirada das proximidades da atual Sociedade Bandeirante. APACL

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1875o iNício da epopeia italiaNa

em meio à vastidão verde, colonos tiroleses abrem espaço para o sonho da terra prometida. Neste registro de 1875, percebe-se a choupana improvisada levantada para dar abrigo aos trabalhadores. APFC

colonos italianos comemoram a inauguração da capela de são João Batista no ano de 1912, em

Ribeirão do Ouro, Botuverá. Uma das características dos imigrantes italianos era a forte religiosidade, sendo os padres

e as igrejas indispensáveis para sua vida. AMPN

serraria de constante morelli, em vidal ramos. Em área de relevo acentuado e de poucas terras propícias à agricultura, a extração de madeira proporcionou o sustento de muitas famílias. (Livro Memórias de Porto Franco)

os velhos cantores! Coro masculino formado por imigrantes italianos em 1876.

a maioria dos imigrantes italianos veio das regiões da Lombardia, Trentino Alto-Ádige e Vêneto, no norte da Itália. Arte de Cesar P. Viana

a partir de 1875 chegam os imigrantes italianos, vindos, principalmente, das regiões da Lombardia, Vêneto e Trentino Alto-Ádige. Vinham através das companhias de imigração que tinham como objetivo enviar trabalhadores ao Brasil. Para muitos, o Porto de Itajaí foi o fim de uma jornada e o início de outra até a sede da Colônia Itajahy-Príncipe D. Pedro onde eram alojados no Barracão de Imigrantes até receberem seus lotes. Foram mais de 10 mil imigrantes italianos instalados nas terras montanhosas da colônia, que mais tarde deram origem aos municípios de Nova Trento, Guabiruba, Botuverá, Vidal Ramos, Presidente Nereu e Brusque.

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Colônia Príncipe Dom Pedrouma colôNia de americaNos e iNgleses No itaJaí-mirim

localizando a colônia americana. Esta é uma cópia do mapa da Colônia Príncipe Dom Pedro, produzido pelo agrimensor (medidor de terras) Germano Thieme. É possível identificar o traçado do rio Itajaí-Mirim e do ribeirão Águas Claras, como também das linhas que demarcavam os lotes coloniais. AMADJ/Adaptação de Cesar P. Viana

a primeira cadeia da colônia, à direita, localizada na Rua das Carreiras, próxima ao Caça e Tiro, foi requisitada e construída depois dos tumultos provocados pela chegada dos imigrantes americanos, em 1867. Dr. Barzillar Cotlle, diretor da Colônia Príncipe Dom Pedro, expulsou muitos desses colonos em razão da má conduta e brigas. Diante das desordens provocadas, pede a criação de uma cadeia para ambas as colônias – Colônia Itajahy e Colônia Príncipe Dom Pedro. AU

a vida dos imigrantes norte-americanos nestas terras não foi fácil nem tranquila. Sofriam com as terras ruins, com o não cumprimento das promessas do governo, além das doenças que afetavam os colonos. Enquanto isso as levas de imigrantes alemães não paravam de chegar e muitos foram instalados nas terras da nova colônia. Esse fato justifica a presença dos 98 colonos alemães naquelas terras. Mesmo quando os americanos partiram, os alemães permaneceram, pois a forte presença alemã na região inspirava esperança. AU

abandonando a colônia. Grande parte dos colonos americanos abandonou a região logo no início. Um dos motivos foi a falta do cumprimento das promessas feitas pelo governo. Em 6 de dezembro de 1869 a Colônia Príncipe Dom Pedro é anexada à Colônia Itajahy, passando a denominar-se Colônia Itajahy-Príncipe Dom Pedro. Arte de Cesar P. Viana

a colônia príncipe dom pedro foi criada em 16 de janeiro de 1866, e instalada à margem direita do rio Itajaí-Mirim, fazendo divisa com a Colônia Itajahy. Recebeu imigrantes americanos, ingleses e de outras etnias. Esses novos colonos permaneceram pouco tempo na região, pois as promessas feitas não foram cumpridas, o que gerou insatisfação e revoltas. As terras dessa colônia foram utilizadas para instalação de colonos poloneses em 1869 e italianos a partir de 1875, que anos mais tarde deram origem aos municípios de Nova Trento, Vidal Ramos, Botuverá e Presidente Nereu.

imigraNtes eNcamiNHa-dos à colôNia príNcipe d. pedro 1867 – 1868 – 1869

Ingleses 370Americanos 259Irlandeses 246Alemães 98Franceses 82Escoceses 9Italianos 14Suíços 9Suecos 8Holandeses 7Austríacos 4Outras nacionalidades 35Total 1141

LAUTH, Aloisius Carlos. A Colônia Príncipe Dom Pedro: um caso de política Imigratória no Brasil Império.

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A presença afrodescendente em Brusquedos tempos coloNiais aos dias atuais

retrato de Orgino Domingos Francisco e Petronília Caetano Francisco. APFF

arte representando o casal de negros garcia e maria, encontrados no interior das terras que fariam parte da Colônia Itajahy-Príncipe D. Pedro, na localidade entre Vidal Ramos e Botuverá. Foram encontrados em 12 de fevereiro de 1787, por uma expedição que partira de Desterro com a missão de estabelecer um caminho entre a capital e São Paulo. Arte de Paulo Feitosa

o maior benzedor da ponta russa, pedro Fortunato, nasceu a 15 de janeiro de 1904. Casou-se com a descendente de italianos Ana Maria Bertoline, com quem teve dois filhos que vivem no bairro Ponta Russa. Trabalhou como agricultor, operário da Fiação Renaux e como funcionário do Serviço Nacional de Combate à Malária.

Foto de Francelino Fortunato quando esteve internado no Hospício de Azambuja, em meados de 1915. lino manco, como ficou conhecido, foi “Guri de Recados” do Barão, porém existem fortes indícios de que ali estava na condição de escravo. Casou-se com a uruguaia Maria Ramona dos Santos, passando a residir na região do Moura e mais tarde muda-se para a Nova Itália. Os sete filhos de Francelino: José, Caetana, Adão, Alípio, Osório, Pedro e Joana. AMADJ

a partir da década de 1950, chegam a Brusque diversos jogadores de futebol para atuar no Paysandú e no Carlos Renaux. Entre muitos deles podemos citar os mais famosos: Tesoura, Dirceu, Sarará, Agenor, Patrocínio, Vilaci entre outros. À esquerda temos Pilolo (José G. Schaefer), ao centro Bolognini e à direita, o jogador Tesoura.

a presença afrodescendente em Brusque remonta aos tempos coloniais. Os registros indicam a existência de escravos na colônia, como também a presença de negros alforriados. Personagens que estavam esquecidos pela historiografia, mas que vem sendo revelados. Ganharam nome e tiveram suas histórias contadas. Personagens como Lino Manco, patriarca da família Fortunato; Orgino Domingos Francisco e sua esposa Lucia Floriano, conhecidos como os “Ginoca”; o escravo Miguel, o “Pardo Carmelindo”, “Nego Florentim”, “Maneca Pacífico”, entre outros. Nos últimos anos, o número de afrodescendente aumentou com a chegada dos migrantes vindos da região nordeste que aqui se estabeleceram, enriquecendo a pluralidade cultural de Brusque.

Créditos: Deucher; Celso Dorvalino. Famílias Afrodescendentes no Vale do Itajaí-Mirim.

orgino domingos Francisco, conhecido por GINOCA, morou em Brusque por mais de 45 anos. Casado com Petronília Caetano Francisco, com quem construiu uma família de sete filhos, foi um dos personagens afrodescendente em Brusque. APFF

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Barão Maximiliano von Schneeburg:primeiro diretor da colôNia itaJaHy

organização e disciplina, duas palavras que descrevem a administração do Barão. Essas eram características que trazia da carreira militar, da qual mais de 40 anos de serviços prestados ao Brasil. Segundo o imigrante Paul Schwarzer, que chegou à Colônia Itajahy em meados de 1864, o Barão era “um homem bem idoso, usava bigode e cavanhaque brancos”. ASAB

arte representando a residência e casa de administração do Barão von schneeburg. A Casa da Diretoria, que era para ser temporária, serviu de moradia e para os serviços da administração até 1864, período em que ameaçava desabar. Fora levantada nos primeiros dias da colonização, feita de tábuas, mal assoalhado, coberta por folhas, sem vidraças, sem forro e de tamanho reduzido. Arte de Cesar P. Viana

caligrafia elegante. Temos aqui a assinatura do Barão von Schneeburg, retirada de um dos muitos documentos que enviou ao governo da Província. ASAB.

o primeiro diretor da colônia itajahy foi o Barão maximiliano von schneeburg. Em 1825 iniciou seus serviços no Brasil como Capitão do Impe-rial Corpo de Engenheiros. Exerceu a função de profes-sor e vice-diretor do Colégio Calógeras, em Petrópolis, onde foi membro da Sociedade de Agricultura e Indús-tria. Quando assumiu a direção da colônia estava com 60 anos e, em abril de 1867, depois de quase sete anos no cargo, deixou esta terra para tratar-se na capital do Império. De volta à Áustria, faleceu em 16 de setembro de 1869.

Barão von Schneeburg segundo descrição do imi-grante Paul Schwarzer. Aldo Maes dos Anjos

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Os diretores:os HomeNs à FreNte da colôNia itaJaHy

a colônia itajahy contou com diversos diretores, eram militares, engenheiros entre outros que tiveram a responsabilidade de administrar o empreendimento da Província de Santa Catarina.

os admiNistradores da colôNia itaJaHy

Barão von Schneeburg (militar) 1860 a 1867 Frederico von Klitzing (militar) 1868 a 1869Capitão Firmino José Correia (militar) 1869 a 1870Major João Detzi (militar) 1870 a 1871Dr. Luiz Betim Paes Leme (engenheiro) 1872 a 1875Dr. Olímpio de Souza Pitanga 1876 a 1877Dr. João de Carvalho Borges Júnior (engenheiro) 1877 a 1880Dr. Benjamim Franklin de Albuquerque Lima 1880 a 1881Dr. Jacinto Adolpho de Aguilar Pantoja 1881 a 1883

este é o dr. luís Betim paes leme, Assumiu a direção em março de 1872, aos 24 anos, recém-formado em Engenharia Civil, no RJ. Durante sua administração, a estrada ligando a colônia e a Vila de Itajaí ficou pronta, em 1875. Participou da fundação da Associação Agrícola Colonial, além de ter concluído a construção da Casa da Diretoria e da Escola do Sexo Feminino. No final do ano de 1875, retira-se da colônia para tratamento de saúde e não volta mais. ASAB

maximiliano von Borrowski iniciou seus serviços exercendo a função de guarda-livros de Schneeburg; depois assumiu a função de primeiro professor da escola masculina criada em 1864. Exerceu a presidência do Schützenverein Brusque nos anos de 1872/3 e 1875. ASAB

o pernambucano olímpio de souza pitanga residia em Santa Catarina há 15 anos, e em 1876 foi indicado para o cargo de diretor. Chegou em momento complicado, enfrentado diversas revoltas populares por causa da falta de lotes demarcados. ASAB

Entre 1870/71 a Colônia Itajahy foi administrada pelo major João detzi. Depois de ter participado da Guerra do Paraguai, foi nomeado diretor da colônia. Pouco mais de ano depois foi afastado por suspeita de corrupção. ASAB

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Abrindo caminhos:das estradas coloNiais às rodovias

Quando a colônia foi fundada, não havia estradas e poucos eram os caminhos transitáveis. Portando machados, facões, pás e enxadas os colonos abriram as primeiras vias de comunicação. Já nos primeiros dias o Barão apresenta sua intenção de construir uma estrada ligando a Colônia à Vila de Itajaí, finalizada somente em 1875. As principais ruas de Brusque seguem os traçados iniciados naquele período, ampliados conforme as necessidades e o crescimento populacional ao longo do tempo. Outros caminhos surgiram e outros com certeza serão abertos frente ao crescimento do município.

colonos trabalhando na abertura de estrada nos tempos coloniais. O agrimensor, responsável pela medição das terras e abertura das estradas, inspeciona o serviço dos colonos. AHJFS

andando nos trilhos. Esta linha férrea foi construída em 1900 para o transporte de operários e matérias-primas até a Fábrica de Tecidos Carlos Renaux, no bairro Pomerânia. A linha férrea contava com a extensão de 3 km, tendo como maquinista, Franck. APACL

antes chamada de estrada Brusque-itajaí, a atual rodovia Antônio Heil seguia por um trajeto diferente, empoeirado e cheio de buracos. Um trecho da “estrada velha” pode ser visto à direita, nas imediações do bairro Limoeiro (a construção em destaque era a Fiação Renaux). Depois de muitos anos de luta, a rodovia foi asfaltada e inaugurada em 25 de outubro de 1974, com o nome de Rodovia Antônio Heil. É a estrada mais importante da cidade por fazer a ligação com a BR 101, um dos motivos pelo qual se luta pela sua duplicação. AFA

Na década de 1990 teve início a construção da av. Beira Rio. Esta obra foi elaborada com dois propósitos: facilitar o escoamento das águas do rio e de servir como via de acesso à população. ASAB

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Território desmembrado:imigraNtes italiaNos e a coloNização de Nova treNto

Nova trento fazia parte da colônia itajahy-príncipe d. pedro. Imigrantes italianos, a maioria trentinos, foram instalados nessas terras a partir de 1875. Em meio a vales estreitos e distantes da sede, enfrentaram dificuldades como falta de estradas, isolamento geográfico, falta de recursos públicos, epidemias, porém resistiram e prosperaram. A extração da madeira, o trabalho na roça, nos engenhos e atafonas foram atividades desenvolvidas pelos colonos. Este território foi desmembrado de Brusque em 1884, passando a compor o município de Tijucas. Em 8 de agosto de 1892, Nova Trento tornou-se um município independente.

vista do centro de Nova trento no início do século 20. À esquerda, pode-se ver a antiga igreja matriz e, à direita, o hospital. A primeira igreja construída no local data de 1876, quando da instalação dos primeiros imigrantes. APBMPS

vista do santuário de Nossa senhora do Bom socorro em 1970. No ano de 1899, foi cravada uma cruz tendo em vista a comemoração da entrada do século 20. Em 2 de julho de 1902 foi realizada a primeira missa no local pelo pe. Alfredo Russel, idealizador do Santuário. AMCI

vista da congregação das irmãzinhas da imaculada conceição, bairro Vígolo, em meados de 1940. APFC

a primeira santa brasileira. Amábile Visintainer, chegou a Nova Trento em 1875, aos 9 anos de idade. Em 1890, junto de sua amiga Virgínia, assumiu a responsabilidade de cuidar do “hospitalzinho” instalado para atender aos doentes. Nascia a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Em 19 de maio de 2002 foi canonizada, passando a ser a primeira Santa do Brasil, Santa Paulina. APFC

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Território desmembradopovoameNto e emaNcipação de vidal ramos

vidal ramos já pertenceu a Brusque, mas no dia 3 de dezembro de 1956 foi oficialmente desmembrado, passando a formar um novo município. A colonização daquelas terras não esteve ligada diretamente ao movimento imigratório da Colônia Itajahy/Brusque. Sua colonização começou por volta de 1910/1920,por imigrantes e descendentes de imigrantes alemães, italianos e poloneses, entre outros, e foi marcada por conflitos de terra gerados por invasores e posseiros. Emboscadas, tiroteios e mortes foram registrados. Os colonos eram em grande parte do Vale do Rio Capivari, no sul do Estado, como também de Angelina, São José e Pinheiral.

ampliação da estrada entre Brusque e Vidal Ramos em meados de 1940. APVR

vista panorâmica da área central do município de vidal ramos em meados da década de 1950.A instalação do município ocorreu no dia 17 de fevereiro de 1957. Anos mais tarde, em 1961, desmembrou-se de seu território o município de Presidente Nereu. APEZ

Famílias numerosas. Quanto mais filhos, mais braços para a lavoura. Temos aqui o registro de uma família de imigrantes instalada em Vidal Ramos.Famílias como Doerner, Petry, Merten, Bloehmer, Prim, Stoltenberg, Böing, Back, Souza, Almeida, Barni, Angioletti, Stolfi, Ogliari, Perazza, entre outras, se estabeleceram na região. APVR

casa comercial da família stoltenberg, em Vidal Ramos, concluída em 1929. Durante décadas foi a principal casa comercial da região. APSA

tração nas 8 patas! Era assim que se retirava madeira do mato.Em 1958, o município contava com 21 serrarias. Esses são trabalhadores da Serraria de Francisco Goedert. Durante décadas, a economia de Vidal Ramos foi baseada na agricultura familiar e na extração de madeira, embora venha apresentando novas opções nos últimos anos. APVR

Créditos: ADAMI, Luiz Saulo. Paisagens da Memória.

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Território desmembrado:da coloNização à emaNcipação de guaBiruBa

guabiruba fazia parte de Brusque, sendo emancipada em 1962. Foi colonizada pelas primeiras levas de imigrantes alemães recebendo mais tarde imigrantes poloneses e italianos. Com a instalação das indústrias têxteis em Brusque surgia o colono-operário, que além de trabalhar na indústria mantinha lavoura em suas terras. Em dezembro de 1961, Carlos Boos, vereador pelo PSD, inicia a luta pela emancipação de Guabiruba, depois de concorrer para prefeito de Brusque. Proposta polêmica que gerou discussão, pois nem todos concordavam com a ideia. Mas na noite do dia 28 de abril de 1962, com votação de 6 a 5, a Câmara de Vereadores de Brusque aprovou a emancipação de Guabiruba.

carlos Boos em desenho do artista Domingos Fossari. AICB

Carlos Boos (*13/12/1905 +07/03/1977) Exerceu diversas profissões: agricultor, professor, empresário e político. Foi eleito quatro vezes vereador de Brusque entre 1946 e 1962. Ocupou a Presidência da Câmara de Vereadores de Brusque (1960) e foi o autor do projeto de criação dos municípios de Guabiruba e Botuverá em 1962. Boos foi o primeiro prefeito eleito de Guabiruba (1963-1969).

vista panorâmica do centro de guabiruba em meados de 1970. APG

pegando na enxada. O trabalho na lavoura está presente no município desde a colonização. Mesmo com o surgimento da indústria no século 20, os colonos mantinham roça e criações em casa, a fim de aumentar a renda familiar. AICB

registro da família de João Kormann, de guabiruba, que recebeu seus primeiros imigrantes alemães vindos, em grande parte, de Baden-Wuertenberg, da comunidade de Karlsdorf-Neuthard. O idioma alemão está presente na comunidade, onde se fala o badisch, língua falada na região de Baden quando da imigração. ASAB

povo guabirubense participando da solenidade de emancipação do município. À frente, segue Carlos Boos e demais autoridades. A instalação do município ocorreu no dia 10 de junho de 1962, com a posse do prefeito provisório Henrique Dirschnabel. Em outubro foi realizada a primeira eleição para prefeito, vencendo Carlos Boos. Hoje, 50 anos depois da emancipação, Guabiruba ocupa o 500 lugar na economia de Santa Catarina. AICB

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Território desmembrado:coloNização italiaNa e emaNcipação de Botuverá

As terras que compõe o município de Botuverá faziam parte da Colônia Itajahy-Príncipe Dom Pedro, e chamava-se Distrito de Porto Franco. Os primeiros imigrantes instalados na região foram poloneses, muitos dos quais abandonaram a região seguindo para o Paraná. Com a chegada dos imigrantes italianos, a partir de 1875, aquelas terras começaram a ser colonizadas, principalmente por imigrantes oriundos de Bergamo, Cremona e Mantova. O território permaneceu ligado a Brusque até 1962 quando passou a ser administrativa e politicamente independente.

a economia de Botuverá esteve baseada na agricultura, extração de madeira e mineração da cal. Na década de 1930, ocorreu um pequeno ciclo do ouro que atraiu diversas famílias, porém com resultados pouco promissores. A partir daí muitos colonos passaram a trabalhar na produção do fumo, incentivados por empresas como Cia. de Cigarros Souza Cruz, por exemplo. Ao longo das décadas de 1960/70 a produção do calcáreo ganhou força e com a proibição da derrubada da Mata Atlântica a economia voltou-se para o setor têxtil, no início dos anos 1990, com o crescimento da plantação e extração de eucaliptos, visando abastecer as indústrias locais. Livro Memórias de Porto Franco.

a presença da colonização polonesa pode ser identificada nas famílias que permaneceram na região como os Wietcovski, Hozimowski e Grzybovski por exemplo. Os restos mortais dos poloneses que estavam no cemitério do Lageado Baixo foram transferidos para o Cemitério São José, Centro de Botuverá.

vista da área central de Botuverá por volta de 1920, no que se presume ser o registro fotográfico mais antigo do local. A primeira construção, à direita, era a residência e casa comercial de Francisco Maestri. No alto do morro vê-se a igreja, sem a torre e ao lado o prédio da escola, de madeira. Livro Memórias de Porto Franco.

registro da família colombi em Botuverá. . Sentados: Rosa Caresia Colombi e Stefano Colombi. Em pé, da esquerda para a direita: Angelina Colombi, José Colombi, Rosa Tereza Colombi e as crianças Maria Colombi Pezzini e Dionízio Luiz Colombi. Livro Memórias de Porto Franco.

as estufas de fumo estão presentes na paisagem do município, lembrança dos tempos em que a fumicultura era o forte da economia local. AU

Fornos para produção de cal construídos por volta de 1953, na localidade de ourinhos. Os primeiros fornos de cal surgiram pelos idos de 1935 e pertenciam à família Colzani.

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Território desmembradocoloNização e emaNcipação de presideNte Nereu

a colônia itajahy-príncipe d. pedro abrangia um amplo território e a atual cidade de Presidente Nereu fazia parte dele. A região começou a ser colonizada por volta da segunda metade da década de 1920. Os primeiros moradores a se estabelecer na região foram imigrantes de origem alemã e italiana, muitos originários de Brusque. Ao longo dos anos recebeu diversos nomes, entre eles Vila Dalva, Boa Esperança, Distrito Nilo Peçanha e depois, quando foi desmembrado de Brusque para formar o município de Vidal Ramos passou a denominar-se Distrito de Itaquá. Em dezembro de 1961, recebeu este nome em homenagem a Nereu Ramos, único Presidente da República nascido em Santa Catarina.

marco registra a elevação de Nilo peçanha à categoria de Distrito, a 17 de agosto de 1935. Este marco está em frente da igreja, na localidade de Itaquá, situada às margens da SC 429, a 6 km da sede do município. Foto de Aloisius C. Lauth

vista panorâmica da área central do município de presidente Nereu por volta de 1970, antigo distrito do município de Brusque. AMPN

mapa de Brusque antes do desmembramento de Botuverá, Guabiruba, Vidal Ramos e Presidente Nereu. No canto esquerdo vê-se o Distrito de Nilo Peçanha. ASAB

Igreja Matriz São José, inaugurada em 1950, Centro de Presidente Nereu. AMPN

monumento erguido em homenagem aos expedicionários de Presidente Nereu que combateram na Segunda Guerra Mundial. Cabo Vitório Kreuch; soldados Dionízio João Comandoli, João Marchiori e Alcebíades Germano Bastos. Foto do autor

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Quando as distâncias eram maioresHistórias dos meios de traNsportes em BrusQue

Fazer uma viagem até itajaí, no período colonial, não era tarefa fácil. Por terra o percurso exigia cerca de dois dias de viagem por um caminho tortuoso. O tráfego com alguma carga era difícil. Pelo rio, a bordo de canoas e lanchas, o trajeto era mais demorado, porém facilitava o transporte de cargas. Com o tempo apareceram as primeiras lanchas motorizadas, reduzindo o tempo de viagem para 6 horas. Em meados da década de 1920, quando os primeiros carros e caminhões apareceram o rio deixou de ser a principal via de acesso. Com o tempo, cavalos, carroças, carros de mola, bicicletas, carros e os primeiros ônibus começaram a trafegar pelas ruas da cidade.

concentração de carroças no centro da cidade. Elas faziam parte do cotidiano, eram utilizadas para viagens até cidades vizinhas, como Blumenau e Florianópolis, para serviços comerciais, postais e de passageiros. Aos domingos, inúmeras carroças se aglomeravam na área central, pois era de carroça que os brusquenses vinham à missa ou culto. Este meio de transporte foi utilizado para realização de casamentos e também enterros. ASAB

atenção, saída para a capital! Em 1922 foi inaugurada a primeira linha de transporte regular ligando Brusque ao Estreito (Florianópolis). A viagem era feita de automóvel que saía uma vez por semana, sob os cuidados de Frederico Guilherme Niebuhr. ASAB

cavaleiros brusquenses cruzam as ruas da cidade em meados de 1910. Possuir cavalo e os apetrechos de montaria era uma necessidade, principalmente para aqueles que moravam nas áreas afastadas do Centro como Águas Claras, Limeira, Guabiruba, Botuverá etc. ASAB

Até meados da década de 1970, funcionou em Brusque o serviço de táxi de carro de mola. Aqui, temos o sr. Arnaldo Cardoso da Silva, popular “Dico Cardoso”, posando para foto ao lado do seu táxi no centro da cidade. Livro Gauchismo no Vale Europeu

Família brusquense em um dia de passeio. Os primeiros carros começaram a aparecer em maior número nas décadas de 1920/30, porém ainda restrito a poucas famílias. Atualmente, o número de automóveis é de 45.153 unidades e o total da frota brusquense chega a 80.034 veículos motorizados (Site do Detran/2011). APFA

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Uma história da exploração madeireira: das serrarias do vale ao porto de itaJaí

a exploração de madeira foi uma das principais atividades econômicas do Vale do Itajaí-Mirim ao longo do século 19. Os primeiros moradores de Brusque, Pedro Werner, Franz Sallenthien, Matias Wagner, Paull Kelner exploravam madeira. Mas foi com a chegada dos imigrantes italianos, que essa atividade ganhou força a partir de 1875. A madeira era transportada pelo rio até a cidade de Itajaí, onde era vendida. Dali, era levada para centros comerciais como Rio de Janeiro, São Paulo e algumas vezes ao exterior.

os Balseiros - Depois de serrada, a madeira era empilhada nas margens do rio onde era amarrada em pilhas de 12 a 14 dúzias de tábuas, formando uma enorme balsa. Aguardava-se uma cheia para então soltar a balsa rio abaixo, até chegarem à sede da colônia. Esse era o trajeto mais difícil em razão dos saltos e corredeiras naturais do rio e acompanhado por vários balseiros. De Brusque até Itajaí a viagem era mais fácil e levava-se cerca de 4 a 5 dias, dependendo do volume das águas. Os balseiros dormiam em barracas improvisadas sobre as balsas e retornavam a pé, fazendo uma parada em Brusque para depois continuarem até Botuverá. Ayres Gevaerd

Força no braço e muito pão com linguiça. O corte da madeira exigia muito esforço e muitas horas de trabalho. Temos aqui o engenho de serra de Nono Constante, em Vidal Ramos, fotografado em 1925. Para sobreviver, muitos passaram a explorar a madeira, como cedro, imbuia, peroba, óleo entre outras. Livro Memórias de Porto Franco

serraria de augusto maluche, localizada no atual bairro Maluche, em foto de meados de 1900. O

trabalho na serraria envolvia grande número de pessoas, como é possível identificar na imagem. Sabe-se que o carroceiro é Francisco Paduani, que morreu depois de

picado por uma jararaca. ASAB

madeira, um negócio lucrativo. Serraria de Félix Busso Asseburg, em Itajaí. No porto, amontoavam-se pilhas de tábuas e toras que chegavam em balsas pelo rio. Homens como Coronel Antônio Pereiro Liberato, João Bauer, Nicolau Malburg Júnior e Guilherme Asseburg lucraram muito com este comércio. AFGML

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Brusque e as cervejarias:uma História de emBeBedar a alma

com o imigrante alemão veio o gosto pela cerveja No ano de 1862, já existiam duas cervejarias na Colônia Itajahy e em 1863, esse número já tinha crescido para quatro. As cervejarias que marcaram a história brusquense foram: Cervejaria de Wilhelm Thies, Cervejaria Kormann, Cervejaria Lauritzen, Cervejaria Klappoth e a Henrique Appel e Irmãos. Hoje, a produção artesanal de cervejas vem crescendo em Brusque, agradando consumidores e mantendo viva a tradição.

Centenas de garrafas de cerveja amontoadas depois de uma festa no Caça e Tiro. ASAB

vai uma cervejinha aí? Temos aqui a moradia e fábrica de Cerveja de Nicolau Lauritzen, localizadas na estrada que segue para o bairro Guarani. À esquerda, a residência e, à direita, a fábrica. ASAB

produto brusquense. Rótulo da cerveja brusquense “Marca Brasil” produzida pela cervejaria de Nicolau Lauritzen. ASAB - Foto de Elton Souza.

cervejaria de FriedricH Wilhelm thies, que aqui aparece montado no cavalo. Sua cervejaria estava localizada na Sede da Colônia, próximo da esquina da atual rua Rui Barbosa com a Hercílio Luz. Do morro localizado atrás brotava uma nascente que abastecia a cervejaria e as casas próximas. ASAB

a cerveja Brusquense, produzida pela cervejaria Henrique Appel e Irmãos, outra das marcas fabricadas em Brusque. APTG

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Brusque, cidade das bicicletasuma História soBre duas rodas

as primeiras bicicletas chegaram a Brusque, nos primeiro anos do século 20 e em 1915 somavam cerca de 10 unidades. Naquela época, comprar uma bicicleta custava caro, e poucos conseguiam pagar. Além do mais, estavam sujeitas aos impostos anuais, em 1922 o tributo era de 3 mil réis. Depois, de 1930 a 1961, exigia-se o emplacamento. Outro fator que dificultava a aquisição de uma bicicleta era o fato de serem importadas da Europa, sobretudo da Alemanha. Mas foi nas décadas de 1950/60 que ela se tornou popular. No início da década de 70, o número de bicicletas somava cerca de doze mil em Brusque. Nos dias atuais, a criação das ciclo faixas abre espaço para um maior uso desse meio de locomoção.

com o crescimento industrial, na década de 1950, as “magrelas” tomaram conta das ruas. Meio de locomoção utilizado por grande parte da população, logo surgiram problemas como a falta de locais para estacionamento e roubos, o que exigiu a criação de normas para organizar esse trânsito, como se pode ver na cartilha “Deveres e Obrigações dos Ciclistas”, publicada pela Delegacia de Polícia de Brusque. Conservar sempre à direita; Não andar um ao lado do outro, em fila dupla, mas sim atrás do outro, em fila indiana; Não trafegar mais de uma pessoa numa só bicicleta; Não trafegar à noite, sem aparelho de iluminação, etc.

esta é a placa da “oficina do graupner”, instalada em 1922, na av. João Pessoa, onde se consertavam e alugavam bicicletas para passeios. Foi a primeira oficina de bicicletas da cidade. APFSCBC

oficina de bicicleta dos irmãos Fischer, criada no ano de 1961, e instalada na rua Barão do Rio Branco, 326. Em 1966 a oficina foi transformada na Irmãos Fischer Indústria e Comércio, que cresceu e diversificou sua produção. Anos mais tarde, em 1995, passou a produzir as bicicletas Fischer. APIFIC

Quando o assunto é esporte sobre duas rodas, Brusque possui grandes nomes, como Murilo Fischer, por exemplo, que conquistou o 20o lugar na Olimpíada de Pequim, em 2008. Além dele, ciclistas como Soelito Gohr, Márcio May e Rodrigo Welter, na modalidade do bicicross, são nomes brusquenses de destaque no mundo do esporte. JMDD

vista do centro de Brusque em um dia qualquer, em meados de 1960, com diversos ciclistas transitando pelas ruas. ASAB

Créditos: Engel, Ricardo José. Pedalando pelo tempo: história da bicicleta em Brusque. S&T Editores, 2010.

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As Sociedades de Caça e Tiroidealismo e tradição germâNica Na mira

Nas terras da Colônia Itajahy-Brusque surgiram diversas sociedades de caça e tiro, brotadas da tradição germânica. A primeira delas foi a Schützen-Verein Brusque, em 14 de julho de 1866. O gosto pelas competições de tiro ao alvo e a manutenção das tradições deram origem a outras agremiações, como a sociedade de atiradores limeirense, fundada em agosto de 1926; a sociedade de caça e tiro ypiranga, em 1930; e a sociedade atiradores de guabiruba, em 1931. Atualmente, o Clube de Caça e Tiro Araújo Brusque é o único que mantém a prática de tiro ao alvo.

sociedade de caça e tiro ypiranga, fundada em 8 de março de 1930 com ao objetivo de realizar o tiro esportivo em todas as suas modalidades não profissionais, além de recreações familiares. A principal festa dessa sociedade era realizada no domingo do Espírito Santo com provas de tiro entre os associados, sendo premiados os melhores atiradores com os títulos de Rei e Cavalheiros.

sociedade atiradores de guabiruba. criada em 18 de janeiro de 1931, com finalidade de promover competições de tiro ao alvo e também para servir como um espaço para realização de eventos sociais. Em outubro de 1947 passou a denominar-se Sociedade Recreativa Guabirubense, quando deixou de realizar as competições de tiro. Essa sociedade continua exercendo suas funções na atualidade. APEZ

estande de tiro da sociedade de caça e tiro ypiranga localizado na rua Azambuja em meados de 1930. ASAB

Medalha conferida pela sociedade limeirense ao campeão de tiro do ano de 1936. Fundada em 26 de agosto de 1926, utilizava como sede o “Salão Joanin Cervi”, no bairro Limeira. Encerrou suas atividades em 1940. ASAB

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Hospício de Azambuja:trataNdo de loucos

Sob a coordenação de pe. Gabriel Lux foi construído o prédio do hospício, terminado em 1910. Possuía cômodos para 22 pacientes. Desde 1901 já se dava abrigo aos doentes mentais em Azambuja, mas ficavam junto dos doentes comuns. A partir de 1910, 10 pacientes estão internados no Hospício. Nos anos seguintes o número seguiu a média de 40 indivíduos, porém, em 1940, chegou a internar 193 pacientes. Diante de sua importância, ainda no ano de 1934 elaborou-se projeto de um novo prédio, mas não fora construído. Em 18 de janeiro de 1942, o hospício foi transferido para a Colônia Santana, em São José.

padre gabriel lux. Em 1903, vindo da Alemanha, desembarca no Brasil, fixando residência em Florianópolis. Em outubro de 1904 é nomeado vigário da Paróquia de São Luís Gonzaga, em Brusque. Em setembro de 1905 foi nomeado fabriqueiro-administrador do Santuário e Hospital de Azambuja. Permanece à frente da administração até 1919, quando em 22 de setembro deixou o lugar. Morreu em 4 de dezembro de 1943.

autorretrato de Heinrich von graf (Alemanha 1859/ Brasil 1934), que produziu cerca de 70 obras de arte entre retratos, paisagens, miniaturas, cenas de fantasia e humor e cenas religiosas. Em Brusque, existem seis obras do autor realizadas entre os anos de 1917 e 1918, período em que esteve internado no setor psiquiátrico do Hospício de Azambuja. APDEB

Fazendo pose. Internos do Hospício em algum momento entre 1910/1919. No canto direito, está o pe. Gabriel Lux, administrador do hospício. MADJ

Hospício de azambuja, concluído em 1910. Em frente ao prédio está o pe. Gabriel Lux, homem que idealizou

várias das obras em Azambuja. MADJ

ponte vidal ramos retratada por Heinrich von graf, em 1917, quando esteve internado no Hospício de Azambuja. APMLR

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Convento Sagrado Coração de Jesus:preseNte em BrusQue Há mais de cem aNos

A história da congregação sagrado coração de Jesus no Brasil, começou no ano de 1903 quando os padres Foxius e Gabriel Lux chegaram a Santa Catarina. Na capital, atuaram com a comunidade reformando a igreja e na direção da escola paroquial. Não demorou e o pe. João Stolte foi enviado para Brusque para atuar como auxiliar do vigário da Paróquia de São Luís Gonzaga e em outubro de 1904, pe. Lux foi nomeado vigário da paróquia. Fato de destaque dentro do mundo religioso da congregação ocorreu no ano de 1906, quando o pe. Leão João Dehon, fundador e diretor geral da congregação, visitou Brusque.

padre germano Brand (*14/07/1888 +4/01/1953) era Vigário da paróquia de Brusque que abrangia Guabiruba, Botuverá e Vidal Ramos, além de diretor do convento. Foi o fundador da Tipografia Sagrado Coração de Jesus (23/03/1929) que a partir de 1938 mudou para Tipografia Leon Dehon. Criou a revista Der Wegweiser (O Rumo da Vida) e a Escola de Agricultura e Comércio. ASAB

No ano de 1932, o noviciado (que tinha duração de um ano) foi transferido de Taubaté (SP) para Brusque. Ninguém, a não ser com autorização do mestre, podia entrar em contato com os noviços. Em 1933 o seminário foi aberto aos fratres filósofos. Brusque foi palco do primeiro curso superior de santa catarina, que era de Filosofia. Às 8h30 do dia 20 de fevereiro de 1933, no Convento SCJ, teve lugar a aula inaugural.

prédio do convento sagrado coração de Jesus, inaugurado em 1940. Com número de alunos sempre crescente, foi centro disseminador da cultura cristã na região. APTG

vista do convento sagrado coração de Jesus a partir do morro do Samae, em meados de 1940. APTG

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Brusque e o SemináriomeNor metropolitaNo Nossa seNHora de lourdes

a santa casa de misericórdia abrigava Hospital, Hospício, Asilo, Orfanato e Escola Paroquial. Em meio a difícil situação na qual se encontrava em 1927, a madre superiora escreve uma carta pedindo que pe. Lux reassuma a administração. Antes de receber a resposta, veio telegrama da capital mandando preparar quartos para hospedar os primeiros seminaristas. Dom Joaquim, arcebispo de Florianópolis, transferira o Seminário Menor para Azambuja. Na madrugada de 20 de abril de 1927 desembarcam os primeiros 16 seminaristas, vindos de caminhão da capital.

a malária... É a malária! O estado sanitário em Azambuja chegou a preocupar o Papa, que orientou que se transferisse o Seminário para local mais saudável. “Os anos piores foram os situados entre 1941 e 1945. Em 1943 pode-se dizer que todos os alunos estão acometidos de malária” (Besen, p. 114). Dom Joaquim, preocupado com a ideia de transferência do seminário, forjou uma série de documentos assinados por médicos e irmãs de Azambuja comprovando que ali não havia casos de malária. O objetivo era tranquilizar o visitador dos seminários e evitar a transferência da instituição. A solução veio em 1947 com a atuação do Serviço Nacional de Malária e do pe. Raulino Reitz, que juntos, puseram fim à malária na região.

Jaime de Barros câmara, esteve à frente do Seminário entre 1927 a 1935. AMADJ

primeira turma de alunos do seminário menor de azambuja No centro o primeiro reitor pe. Jaime de Barros Câmara (1927/1935). Os seminaristas passam a ocupar o 20 e 30 andares do edifício, ficando o hospital e a residência das irmãs, no primeiro andar. MADJ

tá na hora do banho. Localizada nas proximidades do Seminário, a piscina era um dos locais de diversão dos seminaristas. AMADJ

configuração da praça de azambuja idealizada em 1968. AMADJ

prédio do seminário menor metropolitano nossa senhora de lourdes, inaugurado em 7 de setembro de 1964. ASAB

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O padre dos Gravatás:o Nosso Fritz É reitz!

Pe. Raulino Retiz, professor de Ciências no Seminário de Azambuja, ficou conhecido como “padre dos gravatás”! Estudava as bromélias, que nós chamamos de gravatás. Pesquisou também os imbés e as palmeiras. Era Doutor em Ciências pela UNICAMP e diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Foi Superintendente da FATMA, editou a Flora Ilustrada Catarinense (113 volumes) e a Revista Botânica Sellowia (35 volumes). E quando ninguém falava em conservação ambiental, ele já fundava seu primeiro parque, o Parque Botânico do Morro Baú, em 1965.

saBe o Que ele Fez? Estudou a Mata Atlântica por 45 anos, percorrendo 984.445 km de jipe, charrete, barco, avião e a pé. Falava inglês, alemão, grego, italiano, francês e latim. Fez 953 excursões mato a dentro, dias e noites! Classificou 408 espécies novas de plantas. Idealizou e fundou 9 parques e reservas biológicas. Coletou 28.769 plantas para herbários botânicos e ainda deu tempo para escrever 148 obras, com 5.032 páginas! Ufa! E as missas?

reitz foi o criador do museu azambuja, atuando como diretor de 1960 até 1978, ampliando a coleção de peças do antigo Museu Joca Brandão (1933). O museu guarda a maior coleção brasileira de santeiros de colônia. Dom Joaquim doou-o para abrigar o museu lá no Centenário de Brusque, 1960.

museu de azambuja, em 1982. APACL

Entrada do parque Botânico do morro Bau, fundado pelo pe. Raulino Reitz, em 1965. APACL

Este é a vriesea brusquensis reitz, planta comum em nossa região e catalogada pelo pe. Reitz. É cultivada como planta ornamental e apresenta baixo índice de procriação da larva do anopheles. A arte é de Domingos Fossari. Aloisius Carlos Lauth (Raulino Reitz. Bromeliáceas, est. 83 - ).

Herbário Barbosa rodrigues – Reitz fundou o herbário ainda como estudante de Teologia, em 1942 e instalou a sede em Itajaí. É considerado uma das 10 melhores entidades botânica do mundo! Nosso Fritz Muller é Raulino Reitz! (Foto Herbário, p. 558 do livro Alto Biguaçu)

pe. raulino reitz (1919-1990). APACL

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Créditos: Aloisius Carlos Lauth

Uma das bromélias favoritas de Reitz, a Aechmeafasciataflavi-vittata Reitz.

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Viver e morrer na Colônia Itajahy-Brusquea última morada

aos primeiros imigrantes, a ideia de ser enterrado em uma terra distante, longe dos familiares representava uma preocupação. Com o passar do tempo, a consolidação da colônia, a construção dos templos e dos cemitérios, a ideia de ser enterrado na nova terra pareceu-lhes justa. Na colônia foram fundados dois cemitérios, o católico e o evangélico, ambos na sede, além dos cemitérios que foram surgindo conforme a ocupação do interior. O cemitério católico foi instalado atrás da igreja matriz, removido na década de 1950/60. Os protestantes construíram o seu atrás do templo, onde permanece nos dias atuais.

mundo dos mortos. O cemitério católico ficava atrás da igreja e foi transferido para o Cemitério Municipal Parque da Saudade, inaugurado em 1970. ASAB

vista da igreja católica de Brusque em meados de 1910. Nos fundos do templo foi construído o cemitério. Durante anos, os sinos anunciaram os falecimentos. APACL

túmulos históricos! No cemitério evangélico encontram-se túmulos que datam do final do século 19. Muitos apresentam as lápides gravadas no idioma alemão, valor cultural mantido ao longo das gerações e alterados na campanha de nacionalização na década de 1940. Foto de Edu Gevaerd

o caixão do cônsul carlos renaux é conduzido pela caleça até o cemitério no dia 29 de janeiro de 1945, seguido por grande número de brusquenses. ASAB

alvina luiza graupner, esposa de Arnoldo Graupner. Ao lado, a pequena Reinalda Graupner. Quando ainda não existiam floriculturas na cidade, frau Graupner providenciava as coroas de flores feitas de pequenas margaridas para enfeitar os velórios ao longo das décadas de 1930/40. APMG

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Uma história dos Casamentos:uNião Familiar Na colôNia itaJaHy-BrusQue

o casamento é muito mais do que a união de pessoas. Une famílias! Os primeiros casamentos em Brusque ocorreram em junho de 1861, quando da primeira visita de pe. Gattone a Brusque. Naquele momento foram realizados nove casamentos, registrados no “Livro dos proclamas e dos casamentos da Freguesia de São Pedro Apóstolo”, em Gaspar, pois ainda não tinha sido instalada a capelania em Brusque. O primeiro casamento foi realizado no dia 10 de junho entre José Bohn e Francisca Mahl, ambos badenses.

longa vida a dois! Trabalho, desavenças, esperanças, sonhos e alegrias fazem parte do casamento. Casal Fritz e Dorotéa Sofia Pöpper comemorando as Bodas de Ouro. ASAB

os carros de mola tiveram presença marcante na vida social brusquense por ocasião dos casamentos aos sábados. Ninguém casava, salvo por circunstâncias especiais, em outro dia da semana. (...) Das linhas coloniais e das imediações da cidade, os noivos, para realizarem seu casamento, civil ou religioso, vinham à cidade. Formava-se na casa do noivo o cortejo... O primeiro carro era ocupado pela noiva e seu padrinho, sentados no assento de honra; no segundo assento, um casal de amigos, familiares e convidados especiais; no último carro o noivo com sua madrinha. Os carros eram enfeitados com palmas, flores e fitas multicores, os assentos enfeitados com toalhas bordadas à mão... O gaiteiro vinha tocando músicas de seu repertório. Soltavam-se foguetes... (Carros de Mola, Carroças e Casamentos – Ayres Gevaerd. Revista Vicente só no 12. Texto Adaptado)

casamento é pra durar! Casava-se cedo e a união era mantida, geralmente, até o último dia de vida. Temos aqui as Bodas de Ouro de Auguste Thurow e Johann Jensen, comemoradas em 1934, Holstein, Guabiruba. ASAB

show ao vivo com a Jazz Band américa. Os casamentos eram animados pelos grupos musicais locais que garantiam a alegria e boas danças. Registro do casamento de Osvaldo Niebuhr e Olga Müller. ASAB

todo mundo sorrindo, hora da foto! Familiares reunidos para foto “oficial”. Registro do casamento de Olenka e Ivo Mosimann, ocorrido em dezembro de 1933, em Brusque. ASAB

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Vila Gouckyúltima residêNcia de côNsul carlos reNaux

As construções de outrora são hoje patrimônio histórico cultural da cidade, aqui e ali povoam os espaços. São casas levantadas pelas famílias de agricultores, operários da indústria e demais brusquenses. Outras mais robustas, mais elegantes, são representações de uma época, de uma elite econômica, como a Vila Goucky. Frente ao avanço da modernidade, poucas resistiram. Com as mudanças atuais nas linhas arquitetônicas, as construções de outros tempos vão ficando espremidas e tímidas, ocupam um espaço cada vez mais requisitado por novos empreendimentos.

a vila goucky foi projetada pelo arquiteto alemão Eugen Rombach, que veio a Brusque a pedido do Cônsul Carlos Renaux. Tudo começou em abril de 1931, na Alemanha, quando Renaux comunicou ao arquiteto que estava de partida para o Brasil e gostaria de construir um bangalô nos moldes daquele que tinha em Baden-Baden, obra de Eugen. Já em Brusque, o Cônsul convida Eugen para trabalhar nos projetos da fábrica e demais obras. No dia 1o de agosto de 1931, a família Rombach desembarcava em Brusque, para não mais voltar.

eugen rombach *25/05/1886 (Alemanha) + 26/11/47, (Brusque). APUR

esta é a vila goucky, local onde Cônsul Carlos Renaux viveu depois que retornou da Alemanha, em 1932. O palacete foi projetado pelo arquiteto alemão Eugen Rombach, e está localizada no alto do morro da avenida 1o de Maio. ASAB

cônsul carlos renaux (*11/03/1862) segundo o artista Lobe, de Blumenau. Ao retornar da Alemanha, em 1932, então casado com sua terceira esposa, Maria Augusta Linaerts Renaux, mandou construir a Vila Goucki, onde passou seus últimos anos. Renaux faleceu no dia 28 de janeiro de 1945. APMLR

em uma panorâmica da década de 1960, no alto, à direita, a Vila Goucky. No pé do morro as residências que serviam para alojar os técnicos têxteis da fábrica, construídas em meados da década de 1930. No canto esquerdo, o complexo industrial e residências da família Renaux. ASAB

residência de cônsul carlos renaux em Baden-Baden, Alemanha, projetada pelo arquiteto Eugen Rombach. ASAB

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InstitutoCarlos BoosCarlos Boos

Orquestras, bandas e grupos musicais: os pioNeiros Na arte da música em BrusQue

A arte da música está presente nos diferentes grupos culturais do mundo e em Brusque, desde os primeiros momentos de sua fundação. Nos cânticos religiosos realizados durante as missas e cultos, e mesmo aqueles que, de forma improvisada surgem quando se juntam alguns amigos, assim, de forma espontânea. Com o tempo, os amantes da boa música se organizaram e buscaram por aprimoramento, e com isso inúmeros grupos musicais surgiram, dos mais diferentes estilos, que ainda hoje continuam a surgir aqui e ali.

Acervo da Casa de Aldo Krieger

conjunto avahy, fundado em 20 de maio de 1937. ASAB

o primeiro conjunto musical de sopro de Brusque foi criado no ano de 1874, sob a direção de Augusto Maluche. A bandinha passou a tocar nas festas de Páscoa realizadas no Clube de Atiradores e demais festividades locais ASAB.

pequena orquestra de câmara fundada em 1910. Sob a direção de Primo Diegoli, a orquestra se destinava a tocar em bailes e festas familiares e por cerca de 10 anos atuou na sociedade local. ASAB

Banda concórdia e Banda guabiruba reunidas no Natal de 1916. ASAB

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Entre uma corrida e outra:das carreiras ao Jóquei club Brusquense

as corridas de cavalos em Brusque vêm desde o século 19 e, devido a esta prática, a Langstrasse passou a ser chamada de “Karrearbahn”, popularmente conhecida por “Rua das Carreiras”. Os registros indicam que, por volta de 1934, na atual rua João Bauer, também se realizaram corridas de cavalos. Na década de 1930, surgiu a raia de corridas de Dorval Luz, de muito prestígio e onde se realizavam apostas consideráveis. Mas foi na década de 1950, quando o Oswaldo Niebuhr construiu uma nova raia, que as disputas ganharam maior profissionalismo. No embalo, homens apaixonados pelo esporte fundaram, em 10 de abril de 1955, o Jóquei Clube Brusquense.

Os cavalos recebiam nomes como Relâmpago, Andorinha, Gavião, Corisco, Fuzil, Pombinho, entre outros. Na década de 1930, Dorval Luz instalou uma raia de corridas próximo da rua que levava para Blumenau. Nos anos 1950, Oswaldo Niebuhr constrói uma raia em suas terras, no bairro Nova Brasília. Cavalos, jóqueis, apostadores e apaixonados pelo esporte se reuniam ali nos finais de semana para assistir as disputas. Homens como Oswaldo Niebuhr, João Archer e Francisco Dall’Igna foram os maiores incentivadores dessas competições nesse período. No início da década de 1960, as disputas chegaram ao fim.

Osvaldo Moritz, pai de Félix Moritz trazendo na corda a égua sabiá e o potro rubi, famosos cavalos de corrida. APOR/AU

vista panorâmica da raia de corridas de oswaldo Niebühr em dia de disputa. Cavalos trazidos de Timbó, Gaspar e Florianópolis eram postos à prova, chegando o valor das apostas, muitas vezes, ao valor de 1 milhão de cruzeiros. APOR/AU

Homens e cavalos disputando uma parelha na raia de dorval luz, na década de 1930. Em uma das corridas disputadas, o jornal “O Rebate” noticiou a presença de cerca de 1.300 espectadores. APOR/AU

Foto de Érico Zendron mostrando uma disputa na raia de Dorval

Luz na década de 1940. AEZ

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Instituto preserva memória de Carlos Boos

Discurso de Carlos Boos autor do projeto de emancipação

Primeira Prefeitura de Guabiruba

Sessão solene de possee instalação do municípiocom diversas autoridades

Carlos Boos é uma das personalidades imortais de Guabiruba!

A preservação da memória do criador do município de Guabiruba, professor Carlos Boos (1905-1977), está sob os cuidados da entidade que leva seu nome. O Instituto Carlos Boos foi criado por seus filhos e outros membros da família Boos em 13 de dezembro de 2005, data em que se comemoram os 100 anos de nascimento deste guabirubense ilustre, como forma de manter viva sua memória e seu propósito de vida, que era o de auxiliar as pessoas e sua comunidade.Filho de Paulo Boos e Ana Kohler Boos, Carlos formou-se professor no Colégio Santo Antônio, de Blumenau, e 1925 foi nomeado professor público estadual, e três anos mais tarde casou-se com Anna Kohler, com quem teve 11 filhos. Em 1946, foi eleito vereador pela Câmara Municipal de Brusque, representando a localidade de Guabiruba, sendo reeleito em 1950, 1954 e 1958, e foi seu presidente em 1960, ano do centenário de Brusque, 17 anos antes de sua morte.Defensor ferrenho das emancipações político-administrativa das comunidades de Botuverá e Guabiruba, na época parte do território de Brusque, esteve presente

em suas instalações como municípios, em junho de 1962. Nas primeiras eleições municipais de Guabiruba, foi eleito prefeito (1963-1969), com expressiva votação. Foi fundador e diretor da Cooperativa, catequista e empreendedor com grande visão empresarial.

A trajetória de Carlos Boos e sua contribuição às histórias de Brusque, Botuverá e Guabiruba estão preservadas em vários meios, desde a denominação de ruas e de entidades, como o Instituto Carlos Boos, criado em 2005 para comemorar seu centenário de nasci-

mento, até a participação na produção de livros: Carlos Boos nunca soube dizer não! (2005); Para sempre na memória (2007), que conta a história da construção da Capela São Cristóvão e da criação da Festa dos Motoristas, no bairro Aymoré; e Brusque era maior: Viajantes do tempo (2006).O Instituto Carlos Boos, assim como seu patrono, atua em Guabiruba contri-buindo para o desenvolvimento da comunidade, desenvolvendo campa-nhas em prol de entidades como Apae e Hospital de Guabiruba, unidades escolas e entidades religiosas.

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Cotidiano e Diversão:as diFereNtes práticas de lazer em BrusQue

O lazer proporciona descontração, prazer e relacionamento entre as pessoas. Em Brusque, ao longo das décadas, a população encontrou diferentes tipos de lazer, atividades como passeios de barco pelo rio, piqueniques realizados com a família, pescarias, esportes e diversas outras atividades. Os registros fotográficos existentes nos possibilitam conhecer diferentes tipos de atividades realizadas pela sociedade brusquense ao longo do tempo.

Balneário de Brusque. Refrescar-se nas águas do rio Itajaí-Mirim era uma atividade corriqueira, principalmente nos dias ensolarados de verão. Aqui, temos a família de Eugen Rombach aproveitando uma das prainhas do rio em 1932. APUR.

Famílias renaux e Bauer em um piquenique nos arredores de Brusque na década de 1930. A prática do piquenique, em desuso atualmente, reunia muitas famílias aos domingos e era uma das formas encontradas pela população para desfrutar de uma tarde de lazer, assim, como também, frequentar cachoeiras no interior da cidade e as prainhas formadas pelo Itajaí-Mirim. ASAB

pescando no rio itajaí-mirim. A prática da pescaria fazia parte do cotidiano local. Munidos de varas de pesca, levando consigo como isca minhocas catadas no terreiro de casa, muitos aproveitavam os finais de semana para encher a fisga. Carás, traíras, jundiás entre outros, faziam a alegria dos pescadores brusquenses. APRD.

o futebol como lazer. Assistir a uma partida de futebol do Sport Club Brusquense ou do Paysandú era um dos lazeres em Brusque. Aqui, temos uma partida sendo realizada no campo do Augusto Bauer, em 1931. Ao fundo, à direita, a ponte Vidal Ramos. ASAB.

praia do gravatá em meados da década de 1960. Nos dias quentes de verão, as praias de Cabeçudas, Gravatá, Perequê, Bombas, entre outras, eram uma alternativa para aqueles que tinham condições de visitá-las. Muitos fretavam uma condução para passar o dia em uma das praias, voltando ao final da tarde. Enfrentavam estradas esburacadas, poeira e calor, muitas vezes o carro tinha que passar na areia por falta de estradas. APAR.

Bráulio Matiolli e seu neto exibindo um belo cascudo capturado nas águas do Itajaí-Mirim. AU/Livro Ecos e Sombras

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Roupas de Domingo:a coNstrução da ideNtidade social

Domingo, dia especial quando os brusquenses largavam a enxada, o trabalho nas fábricas, os afazeres domésticos e aproveitavam o sagrado descanso semanal. Era dia da missa, do culto, do almoço com a família reunida. Para esse momento especial colocava-se a tradicional “roupa de domingo”, diferente da roupa do trabalho semanal, puída e surrada. Durante muito tempo esse hábito fez parte do cotidiano brusquense, pois a aquisição de roupas novas não ocorria com frequência. Muitos consertavam as roupas em casa, com linha e agulha. Outros, mais abastados, frequentavam os alfaiates locais comprando roupa sob medida.

Em um dia de folga moças posam para uma foto com seus belos modelos. APFG

Aos domingos à tarde, na av. Cônsul Carlos Renaux acontecia o footing. Enquanto aguardavam a sessão de cinema, as moças desfilavam pela avenida enquanto os jovens, em grupos, analisavam o movimento entre uma conversa e outra. Chegada a hora do cinema, acabava-se o footing. Essa prática cultural foi comum ao longo dos anos 60 em Brusque, como também em outros locais do Brasil.

Domingo também era dia de colocar aquele vestido guardado especialmente para a ocasião e desfilar pelas ruas da cidade. Dia de namorar, de fazer a avenida (footing). APFG

Nesta imagem da década de 1930 (?), jovens brusquenses vestem paletós, ostentando os populares chapéus, moda na época. Vestir-se bem auxiliava na construção da identidade pessoal e manutenção do status perante a sociedade. ASAB

ver e ser visto! Dia de jogo do Brusquense ou do Paysandú era uma ocasião para vestir a melhor roupa. Trocava-se a roupa do dia a dia, puída ou considerada imprópria para os locais de lazer e vestia-se a melhor roupa. APTG

Família aproveita o domingo para descansar. A antiga balsa que fazia a travessia do rio Itajaí-Mirim, onde hoje está a ponte pênsil que liga a avenida Dom Joaquim ao bairro Rio Branco, em meados de 1950/60. APLK

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Abrem-se as cortinas:uma História do teatro em BrusQue

a presença do teatro vem dos tempos da colônia. No ano de 1877, na Sociedade de Caça e Tiro, um novo salão de danças foi construído, ao qual foi anexado um palco para apresentações teatrais. Também no salão do Hotel Schaefer apresentaram-se peças de grupos locais como também de pequenas companhias teatrais que visitavam a cidade. O espírito artístico herdado dos primeiros colonizadores manteve-se vivo em grupos como o Theater-Verein Harmonie e Grupo Dramático “Horácio Nunes”. Já em 1958 nascia o TAB – Teatro Amador de Brusque – que até 1982 manteve a arte teatral atuante. Depois dele outros grupos surgiram e continuam a encantar o público brusquense.

esta é a brusquense sabrina orthmann, que conquistou espaço no mundo da moda em 1998 quando venceu o concurso The Look of The Year. Trabalhou como modelo em diversos países e desfilou para diversas marcas famosas, entre elas Chanel e Dior. Em 2007 profissionalizou-se como atriz e desde então vem atuando em diversas peças teatrais pelo Brasil. APSO

theater-verein “Harmonie” esteve ativo entre 1911 e 1915, composto exclusivamente por amadores, sendo que as peças eram apresentadas em língua alemã. Organizou uma peça chamada “Wilhelm Tell”, em benefício da Cruz Vermelha Alemã. O grupo teatral era dirigido por Otto Gruber, auxiliado pelo pintor Wilhelm French que cuidava dos cenários e por Reinhard Graupner, responsável pela parte musical.

grupo dramático “Horácio Nunes” - Criado em 1916, desenvolveu atividades teatrais e promoveu recreações familiares. Os atores eram amadores. Em 1924, deixou de atuar na sociedade brusquense para em 1932 voltar a ativa com novos integrantes. A partir de 1938 suas atividades perderam intensidade até deixar de existir.

grupo de meninas dirigido por otto gruber, que está em pé, à direita, e que realizava atividades artísticas em Brusque, entre 1910 e 1915. (Álbum do Centenário de Brusque).

“os ossos do Barão”, peça encenada pelos atores do TAB, Teatro Amador de Brusque. Esta peça, montada em 1968 e dirigida por José Laercio Gonzaga, teve estreia no Clube de Caça e Tiro Araújo Brusque. Figurino, mobília e adereços eram providenciados pelos atores, e às vezes obtidos junto das empresas locais. APFA

A equipe do taB realizou muitas peças, inclusive ao ar livre, como esta apresentada na empresa Renaux, no bairro Limoeiro, em 1960. ASAB

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Araújo BrusqueClube de Caça e Tiro

Fundado em 14 de julho de 1866, recreativas originárias da velha dade humana e a prosperidade comemorou o próprio cente-por um grupo de moradores Alemanha. Ainda no ano de social. A partir de abril de 1941, nário e recuperou bastante liderados por Carlos Marschner, fundação, a diretoria provi- recebeu a denominação de aquelas características da a Sociedade de Atiradores da denciou a aquisição de terreno e Clube de Caça e Tiro Araújo identidade étnica teuto-Colônia Itajahy expressa a construção de ranchos para Brusque, forma de homenagear brasileira. A partir da década de inclinação do colonizador de stand e guarda de material de o Presidente da Província de 70, os efeitos progressivos da

Santa Catarina que criou a globalização com valores e Colônia Itajahy - Brusque e em- práticas universais, foram, prestou seu nome ao Município. exigindo que a entidade se Por razões ideológicas e precon- adaptasse aos padrões contem-ceituosas, teve suas atividades porâneos. Ao alcançar 140 anos completamente suspensas de história, mantendo seu entre 1942 e 1948, por conta da complexo social no velho prepotência do governo brasi- endereço da Rua Hercílio Luz, o leiro, face a posição da Alema- Clube Caça e Tiro conta com um nha na 2ª Guerra. Resgatar as contingente de 1.000 asso-tradições exigiu persistência de ciados, funcionando regu-abnegados, no papel de estimu- larmente, oferecendo a socie-lar e ressuscitar os interesses. dade seu amplo salão de even-Nas gestões lideradas por tos, sauna, piscina térmica, Germano Jacobs e Evaldo canchas de boccia, bolão, Ristow, entre 1959/67, o Clube academia de ginástica, salas de

origem alemã pela pratica do tiro. Na segunda-feira de páscoa tiro ao alvo, como atividade do ano seguinte, realizou se a social esportiva. A entidade logo primeira Schützenfest” , com se revelou a vertente dos vasta programação e a primeira principais acontecimentos da disputa para o “rei do alvo”. então Colônia Imperial, bem Nascia assim a festa dos como o ambiente das confrater- atiradores, como a mais querida nizações, ideal para conser- manifestação popular brus-vação dos hábitos, costumes e quense de todos os tempos. No tradições germânicas. A força da cumprimento de seus objetivos cultura aliada a represen- estatutários e papéis sociais, o tatividade dos lideres pioneiros, Schützenverain tornou-se o deram vida e vigor à Sociedade, centro de lazer e distração dos permitindo a estabilidade brusquenses, contribuindo para necessária para se transformar a formação de gerações sadias e no centro de lazer e distração socialmente entrosadas. Atuou recuperou suas afeições ineren- jogos de mesa, bar e toda uma comunitária, seja pela prática como suporte, apoiando e tes, como nos velhos tempos. programação de seu calendário do tiro, da dança, do canto, da apadrinhando o nascimento de Participou ostensivamente das social. música, do teatro, do consumo entidades similares, vocacio- solenidades alusiva aos 100 anos de cervejas e outras atividades nadas a proporcionar a felici- do Município de Brusque,

Ampliada, sede do clube recebeu nova construção ao lado da antiga, e permanece até a atualidade

O clube possui estrutura para eventos, além de uma série de atividades esportivas programadas em seu

calendário social.

Foto da sede do clube da década de 40, onde podia se ver o playground infantil

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A chegada do mundo moderno:ciNemas em BrusQue, uma História ceNteNária

a arte cinematográfica chegou a Brusque pelas mãos de Julianelli, antes mesmo de existir a rede de fornecimento de energia elétrica. Segundo memórias de Ayres Gevaerd, “Julianelli trazia seu cinematógrafo movido à bateria elétrica e sua caminhoneta, realizando sessões ao ar livre e nos salões das sociedades locais”. Em 1913 era instalado o “Cinema Moderno”, de propriedade de Willy Sträcker, sendo esse o primeiro cinema de Brusque. Outros surgiriam depois dele, como o Cine Esperança, Cine Guarany, Cine Colyseu, Cine Real, que depois de reformado recebeu o nome de Cine Teatro Real, dando origem ao atual Cine Gracher, além do Clube de Cinema de Brusque e o Cine Ambulante de Carlos Gevaerd.

Foi no ano de 1935 que Henrique Brattig alugou o então Cine Guarany e a partir de 1937 passou a chamá-lo de Cine Colyseu, que funcionou nas instalações do Hotel Gracher durante dez anos. Em 15 de setembro 1945, Brattig transferiu o cine para o novo prédio.

Bilheteria do cine teatro real em sua inauguração em 1957. CFAB

este é o brusquense Fernando sapelli, apaixonado por cinema, formou-se em Cinema & Teatro na Universidade da Califórnia. De Brusque para o mundo! APFS

por volta de 1924/25, João Schaefer comprou o maquinário do Cinema Moderno e o instalou no salão do Hotel Schaefer, batizando-o de Cine Esperança. Anos mais tarde, Carlos Gracher arrendou o hotel e manteve as apresentações cinematográficas. Em 1932, o cinema recebe novas instalações e passa a denominar-se “Cine Guarany”. ASAB

vista do prédio do Hotel gracher entre 1935 e 1945, onde funcionou o Cine Colyseu. APEZ

interior do cine real, com capacidade para 500 espectadores. Em 1956, as instalações do cinema foram demolidas para dar lugar, no ano de 1957, ao Cine Teatro Real, com 1.250 lugares, sendo a mais moderna sala de espetáculos do Estado na época. Projeto Identidade

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Dos poços à água engarrafada:as mudaNças No muNdo da água

construção do primeiro reservatório de água de Brusque com capacidade para 500 mil litros. Atualmente a capacidade de tratamento de água do SAMAE é de 270 litros por segundo. APSAMAE.

quem quisesse água fresca, tinha de puxar o balde. Este poço com balde à manivela já existe há mais de 100 anos, segundo a proprietária Eugênia Münch. O poço está localizado na casa de n0 443, na rua Felipe Schmidt. Foto do autor

Ato de inauguração da Estação de Tratamento de Água, em de janeiro de 1966. De pé, discursando, está o Ministro Raymundo de Brito. ASAB

abrindo a válvula do reservatório. Com as mãos sobre a válvula está o governador Heriberto Hülse, à direita. O segundo da direita para a esquerda, com as mãos entrelaçadas é o dr. Carlos Moritz, médico e prefeito em exercício em 1960, ano da inauguração. Por sua iniciativa, Brusque foi a primeira cidade do Estado a acrescentar fluorito de cálcio na água, com o objetivo de prevenir as cáries. MADJ

No período colonial, os moradores pegavam água dos ribeirões e bicas d’água existentes nas proximidades de seus lotes. Depois foram feitos os poços, que serviram durante muito tempo. Já em meados da década de 1950 a qualidade da água dos poços espalhados pela cidade preocupava os médicos e autoridades, pois em muitos locais a água não era adequada para o consumo. No dia 5 de agosto de 1960 inaugurava-se a rede de abastecimento de água, porém inacabada e abrangia somente as áreas centrais do município. Para muitos o poço continuou servindo de fonte de água até que a rede de distribuição fosse uma realidade. Ao longo da década de 1990 um novo hábito tomou conta da população: o consumo de água engarrafada.

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Transportando brusquenses:os primórdios do traNsporte púBlico em BrusQue

as ruas da cidade não tinham calçamento quando os irmãos Bohn iniciaram a atividade de transporte público. Adquiriram os primeiros veículos para transporte dos brusquenses e iniciaram seus trabalhos. Transportavam os operários da Fábrica Renaux como também faziam o serviço de “linha” ligando os bairros ao centro da cidade. Já o Expresso Brusquense realizava viagens entre Brusque e as cidades vizinhas, num tempo em que as estradas eram de barro e a poeira companheira das viagens.

ewaldo Bohn nasceu em Buenos Aires, pois os pais tinham se mudado para Argentina no início do século 20, mas voltaram e se estabeleceram em Gaspar. Órfão de mãe, veio morar em Brusque ainda na juventude, onde foi criado pela família de Leão Belli. APMGS

a expresso Brusquense, de Vechi e Cia Ltda., fundada em 10 de maio de 1945, realizava viagens regulares para Blumenau, Itajaí, Florianópolis e Tigipió. A empresa pertencia aos sócios: Germano Vechi, Otavio Quintino Pereira, Alvim Batistotti e Mario Bianchini. CFAB.

Balthazar Bohn e seu “circular” ano 1929 utilizado para realização de transporte de trabalhadores em Brusque durante as décadas de 1940 e 50. APMB

chevrolet gigante estacionado em frente da residência de Balthazar Bohn, na Rua das Carreiras. A casa ao fundo ainda está de pé, um marco histórico da arquitetura brusquense. APMB

ônibus que pertenceu a ewaldo Bohn estacionado em frente ao galpão onde funcionava sua oficina e garagem, no início da rua 10 de Maio. APMGS ASAB

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A história de nossa cidade e da Igreja Evangélica de Confissão Luterana de Brusque muitas vezes se confunde, pois já na primeira leva de colonos que chegaram em 4 de agosto tinham algumas famílias luteranas.Em 17 de abril de 1863 é considerada a data oficial da fundação da comunidade Evangélica de Confissão Luterana Brusque Centro, no entanto a primeira casa de orações montada pelos colonos foi na região de Batêas, mais tarde em 1872, foi inaugurada a capela do Centro. A construção da atual Igreja do Centro, teve início em maio de 1894 e foi inaugurada em 6 de janeiro de 1895. Em 20 de abril de 1872 foi fundada a primeira escola luterana, hoje, Colégio

IGREJA EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA NO BRASILCOMUNIDADE EVANGELICA DE CONFISSÃO LUTERANA DE BRUSQUE

UNIÃO PAROQUIAL - CELBRUS – UP. PARÓQUIA EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA BOM PASTOR DE BRUSQUE COMUNIDADE - CENTRO

PASTORES: CLAUDIO S. SCHEFER E EDELCIO TONIO TETZNER Presidente: NORBERTO FUCHS.

PARÓQUIA EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA MARTIM LUTERO DE BRUSQUE

PASTOR: ROLAND BRÜGGEMANN - Presidente: CLAUDIO HAACKE

PARÓQUIA EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA UNIDOS EM CRISTO DE BRUSQUE

PASTOR: HILTON JAIR GORRIS - Presidente: ADILSON DEUCHER

Cônsul Carlos Renaux.Com o passar dos tempos a comu-nidade foi crescendo e se expandiu para os bairros sendo Dom Joaquim o primeiro bairro a erguer sua capela.Com o crescimento surgiu a neces-sidade de nova estrutura administrativa, formou-se a paróquia com as suas comunidades. Recentemente, tivemos uma nova mudança e surgiram três novas paróquias: Paróquia Evangélica de Confissão Luterana Bom Pastor de Brusque – comunidade Centro e o ponto de pregação na rua Nova Trento; Paróquia Evangélica de Confissão Luterana Martim Lutero, formada pelas comunidades de Batêas, Santa Terezinha, Lorena, Holstein e ponto de

pregação no Sterntal. A Paróquia Evangélica de Confissão Luterana Unidos em Cristo formada pelas comunidades do Paquetá, Dom Joaquim, Santa Luzia, Claraíba e São João Batista.Além das paróquias e comunidades fazem parte da estrutura da Comu-nidade Luterana de Brusque, o Colégio Cônsul Carlos Renaux e a Maternidade e Hospital Evangélico.Estas paróquias comunidades e pontos de pregação, e entidades, formam uma união paroquial denominada Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Brusque – Celbrus – UP.

Igreja Evangélica de Confissão Luterana

no Brasil

ATUAL DIRETORIA DA CELBRUS

Vice Presidente- CRISTIAN FUCHSTesoureiro - HARRY CLOVIS MULLERVice Tesoureiro- EUVALDO VENSKE

PASTORA: CHRISTIANE PLAUTZPresidente - ROBERTO WILKESecretaria - CRISTINE B. BORNHAUSENVice secretario - CLAUDIO HAACKE

IECLB

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Rádio Araguaiaa primeira rádio de BrusQue

Em Brusque, a imprensa escrita apareceu logo nas primeiras décadas do século 20, já a imprensa falada surgiu em 1946, pela iniciativa de Raul Schaefer. Nascia a rádio araguaia, quefoi ao ar pela primeira vez no dia 7 de setembro de 1946, operando em caráter provisório e amador. Logo nos primeiros meses a emissora conquistou ouvintes e ganhou novos investidores. Em 1948, adquiriu novos equipamentos e foi a primeira transmissora catarinense a alcançar as mais distantes regiões do Estado e até fora dele, recebendo depois o prefixo ZYT-20. Durante anos foi a única rádio do município e em fevereiro de 1988 entrou no ar a Araguaia FM. Com o crescimento populacional e econômico, novas rádios surgiram, e seguem mantendo o povo brusquense informado.

Jornalista Wilson santos cobrindo evento social na Granja Fala-Fala, na década de 1960. Durante décadas, figura de destaque no jornalismo brusquense, onde atuou como radialista, jornalista entre outras funções no mundo da comunicação. ASAB

o radialista mais famoso da araguaia. Convidado por Wilson Santos, Saulo Tavares iniciou suas atividades na rádio em 1962, como técnico de som, e em 1965 iniciou como locutor, função que ocupa até hoje. APST

O advogado e político brusquense raul schaefer, fundador da rádio araguaia em 1946 e do jornal O Município, em 26 de julho de 1954.

O jornalista e radialista Wilson santos veio a Brusque mediante convite de José Germano Schaefer para trabalhar na Rádio Araguaia, recém-inaugurada. “Olha, em Brusque, o dr. Raul Schaefer, fundou uma emissora de rádio, mas não tem profissional para tocar a emissora...”. Seu Wilson veio dar uma olhada na situação e acabou gostando da cidade e aqui instalou residência. Atuou durante décadas na rádio e na imprensa escrita.

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Museu Arquidiocesano Dom Joaquimespaço da memória BrusQueNse

João Marques Brandão. AMADJ

Foto de Karine Zen – MADJ

a história do museu começou no ano de 1933, quando a família de João Marques Brandão, de Itajaí, ofereceu ao Seminário Menor de Azambuja um acervo histórico em troca de custear os estudos do filho Alcino Brandão. Nascia o “Museu Joca Brandão”. Ampliado a partir de 1943, passa a ser conhecido como Museu Episcopal. Em fevereiro de 1960, o prédio passa a abrigar somente artefatos históricos, sendo inaugurado o Museu Arquidiocesano Dom Joaquim, em 3 de agosto de 1960, tendo como primeiro diretor pe. Raulino Reitz. Hoje , o museu abriga o maior acervo de arte sacra catarinense.

Essas peças ficavam na sala onde atualmente está a biblioteca do museu e serviram para as aulas e pesquisas dos estudantes do seminário e fazem parte do acervo doado pela família Brandão em 1933.

máscara de gás utilizada durante a Primeira Guerra Mundial. MADJ

espada Baioneta com a bainha. AMADJ

capacete utilizado pelos soldados alemães durante a Primeira Guerra Mundial. MADJ

o prédio onde funciona o museu foi projetado pelo pe. Gabriel Lux. Abrigou em seus primeiros tempos o hospital e, a partir de 1927, o Seminário, que funcionava no primeiro andar e no sótão, ficando o hospital no piso térreo. Atualmente, o prédio abriga somente o acervo do museu. ASAB

arcebispo dom Joaquim domingues de oliveira, foi o grande defensor e idealizador da instalação do Seminário Menor no Vale de Azambuja, em 1927. MADJ

o mistério dos quadros! No museu existem dois quadros (cópias) retratando a aparição de Nossa Senhora à Joanita, em Caravaggio. Um deles está exposto na gruta, o outro no interior do museu. Qual das obras foi trazida (ou recebida pelos colonos)? A dúvida ainda paira no ar. Foto de Karine Zen. MADJ

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A Casa de Brusque e o legado de Ayres Gevaerd:uma História de amor pelo passado

a história de um povo deve ser preservada para que possa ser conhecida, respeitada e compreendida. Para que isso aconteça é importante a preservação de seu patrimônio histórico material e imaterial. Documentos escritos, construções, artefatos, crenças, fotografias e cânticos são alguns exemplos do patrimônio a ser protegido. Com esse intento, Ayres Gevaerd lançou a semente de uma instituição na década de 1950. Dessa ideia nasceu a Sociedade Amigos de Brusque. Ayres reuniu forças a fim de alcançar o objetivo e encontrou terreno fértil entre os integrantes do Rotary Club e muitos outros personagens da sociedade brusquense. No dia 4 de agosto de 1953 era fundada esta sociedade que está presente no cotidiano da cidade.

Em 1994 o Rotary Clube homenageou Ayres Gevaerd com um busto de bronze. Em frente da casa em estilo enxaimel. Foto de Márcio Costódio

casa em estilo enxaimel que compõe o espaço do museu e arquivo Histórico do vale do itajaí-mirim. Esta construção é o cartão postal da instituição. Foto de Márcio Costódio

ayres gevaerd (*09/03/1912 + 08/12/92) ao longo de sua vida exerceu a atividade de relojoeiro, como que brincando com o tempo. Entre várias atividades desenvolvidas destaca-se a criação e organização do Museu e Arquivo Histórico do Vale do Itajaí, carinhosamente chamado de Casa de Brusque. Entre outras coisas, também organizou e criou a Revista Notícias de “Vicente Só” Brusque - ontem e hoje, que circulou até o ano de 2001. ASAB

Iniciativa de Ayres Gevaerd, a revista Notícias de vicente só, lançada no primeiro trimestre de 1977, circulou durante 24 anos – até 2001 – totalizando 56 exemplares publicados, voltada para a publicação de assuntos relacionados à história e cultura locais.

Na presença do doutor Oswaldo R. Cabral, integrantes da SAB acertam detalhes para produção do livro “Subsídios para a História de uma Colônia nos tempos do Império”. Em pé, da esquerda para a direita: Wilson Santos, Cyro Gevaerd, Ingo Renaux, Waldemar Schlösser, Hugo Stark, Neco Heil, Luiz Strecker e Euclides Visconti. Sentados: Antônio Dias, Walter Piazza, Ayres Gevaerd, Oswaldo R. Cabral. D. Afonso Niehues e Armando Poli. ASAB Ayres Gevaerd. Ilustração de

Aldo Maes dos Anjos

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Viajando no tempo: conhecendo as relíquias domuseu e arQuivo Histórico do vale do itaJaí-mirim

Ao entrar na casa de Brusque o visitante começa uma viagem através do tempo. A instituição guarda objetos que estão ligados ao passado do povo brusquense, como documentos, fotografias, instrumentos e artefatos diversos, cada qual com a sua história particular. Ao se analisar as peças com mais cuidado descobre-se fatos interessantes que nos levam além das paredes do museu. Os objetos aí preservados, a maior parte, foram obtidos ao longo das décadas de 1960/70, oriundos de diferentes lugares e famílias. Cada um deles abre espaço para diversas interpretações, convidando o visitante a uma deliciosa aprendizagem.

este sabre foi utilizado na Guerra contra o Paraguai por um dos brusquenses para lá enviado como voluntário em 1865. ASAB.

Lista dos primeiros imigrantes desembarcados em Brusque. ASAB

tear manual jacquard que pertenceu à indústria schlösser. Esta máquina faz referência à economia e tradição têxtil iniciadas na cidade em 1890 e foi responsável pelo emprego a milhares de trabalhadores ao longo de mais de cem anos. ASAB

“Quem ia não via, quem via não queria ir!” Era com esta frase intrigante que Otto Kuchenbecker apresentava a CALEÇA – carro funerário – que durante décadas transportou brusquenses para sua última morada. De propriedade de Rodolfo Pruner, com seus dois cavalos pretos realizava o transporte do caixão até o cemitério. Em meados da década de 1960 deixou de funcionar para dar lugar aos carros motorizados. ASAB

diploma da academia de ciências sociais e Jurídicas de são paulo que pertenceu ao dr. Francisco Carlos de Araújo Brusque, recebido no dia 17 de novembro de 1845. Está entre as centenas de documentos históricos do museu que possui um formidável arquivo documental, composto por listas de imigrantes, cartas dos administradores da colônia, jornais, mapas, fotografias etc. ASAB

artefatos pré-históricos. O museu possui diversos artefatos de pedra produzidos pelos povos indígenas da região. Feitos de sílex, rocha resistente e cortante, eram utilizados para a caça. ASAB

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Casa de Aldo Krieger:preservaNdo a memória BrusQueNse

gramofone, peça de origem alemã, do início século 20. IAK

aldinho tocando bandoneón na época em que se apresentava no cinema mudo, em foto de 1913. APIAK

esta é a casa de aldo Krieger, espaço que abriga a memória do Maestro Aldo Krieger (*05/07/1903 + 12/10/1972). A fachada da casa esconde um mundo onde a música está em todos os cantos. Ali, cada objeto conta uma história e conduz o visitante ao universo histórico-cultural do maestro, que em Brusque ficou conhecido por Aldinho.

sótão musical. Neste ambiente o público se depara com inúmeros objetos que pertenceram ao Maestro, entre partituras, livros, mobiliário, incluindo o Gramofone, sob a mesa. Foto Thiago Bellini. APIAK

instrumentos do maestro. A Casa de Aldo Krieger possui diversos dos instrumentos que pertenceram ao músico, como este Bandolim, fabricado em 1950, em Blumenau. IAK

o primeiro instrumento. Aos sete anos de idade Aldo começa a estudar música com o professor Graupner, iniciando-se no bandoneon.Foto Thiago Bellini. APIAK

KRIEGER, Carmelo. Aldo Krieger: histórias contadas por Carmelo Krieger. Florianópolis: Vitelli Design, 2004.

Na rua Paes Leme, no 63 em Brusque, existe um lugar de memória. Este é o endereço da Casa de Aldo Krieger, espaço criado no ano do centenário de seu nascimento, em 2003 com o objetivo de preservar a memória do Maestro e sua música. Aldinho, como ficou conhecido em Brusque, foi um dos maiores expoentes musicais da cidade. Desde a infância, quando tocava bandoneon no cinema mudo, atuou em grupos como a Banda Musical Concórdia (1910), Jazz Band Chopp com Rosca (1928), Jazz Banda América (1929), entre outras atividades. Em 1961, passou a ser o Regente da Associação Coral de Florianópolis, além de contar com inúmeras composições e atuações no mundo musical ao longo do século 20. A Casa de Aldo Krieger guarda fragmentos dessa bela história de amor à música.

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ANAUÊ

ANAUÊ∑

Anauê! BrusQue, cidade iNtegralista

a ação integralista Brasileira (a.i.B.) surgiu em 1932, e logo conseguiu milhares de seguidores. Foi um movimento inspirado nos ideais fascistas e tinha como líder Plínio Salgado. Os adeptos usavam camisas verdes adornadas com a letra grega maiúscula sigma, calças pretas e adotaram a saudação “Anauê”, que na língua tupi significa “Eu sou seu irmão”. O lema era “Deus, Pátria e Família”. A “honra integralista impunha que todos obedecessem sem discutir ou comentar ordens superiores”. Brusque, com número de integrantes considerável, recebeu o titulo de “Cidade Integralista”, e o jornal O Progresso serviu de espaço para divulgação da ideologia integralista.

esta é a letra grega maiúscula sigma, com a qual os primeiros cristãos da Grécia indicavam a palavra Deus. Com ela, os integralistas pretendiam passar a ideia de somatório, lembrando que o movimento integrava todas as forças Sociais do País. Capa da revista Anauê, órgão oficial da AIB, in: FILHO, Armando. O Integralismo. Editora do Brasil, p. 30. SP, 1990.

em Brusque, o jornal “o progresso”, fundado em 1o de maio de 1929, foi um dos principais veículos de informação dos ideais integralistas. O jornal circulou até 8 de outubro de 1937. ASAB

o núcleo da ação integralista Brasileira em Brusque fundado em 12 de agosto de 1934 a partir de uma assembleia realizada no Cine Teatro Guarany com a presença de grande público. Integrantes do movimento integralista brusquense em um desfile realizado no centro da cidade por volta de 1934/35. ASAB

BERTOLINI; Honório. Brusque: cidade integralista. Uma história através dos jornais e memórias. UDESC. Flotianópolis, junho de 2000.

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É preciso abrasileirar-se:o estado Novo e a campaNHa de NacioNalização em BrusQue

com a instalação do governo ditatorial do Estado Novo (1937-1945), o presidente Getúlio Vargas colocou em prática a campanha de nacionalização, visando a unificação cultural do país. Essa política atingiu as comunidades teuto-brasileiras e ítalo-brasileiras do sul do Brasil, entre elas a comunidade brusquense. A proibição do uso das línguas alemã e italiana foi a medida mais sentida, pois produziu-se um “apagão cultural”, forçando as famílias a não ensinarem o idioma aos filhos, por medo de futuras perseguições. Clubes e escolas tiveram que adotar nomes brasileiros para poderem funcionar, como, por exemplo, o Schützenverein, que passou a chamar-se Clube de Caça e Tiro Araújo Brusque.

visita do interventor federal Nereu ramos (o primeiro da direita) a Brusque, em 19 de agosto de 1939. Foi um dos responsáveis pela campanha de nacionalização em Santa Catarina. A seu lado, prefeito municipal Artur Germano Risch, nomeado pelo governo estadual em 31 de janeiro de 1937, exerceu a função até 1940. AU

Em 1938, diante das novas exigências, Arno Ristow assume a direção da escola evangélica alemã, aos 23 anos. Caso a escola não se enquadrasse nas exigências da lei até 30 de junho, seria fechada. O diretor contratou professores brasileiros, alguns de fora da cidade e organizou toda a documentação exigida e enviou às autoridades. No dia 10 de julho abriu as portas com novo nome: Escola Evangélica Alberto Torres. ASAB

Créditos: Ristow; Arno. Educação: História ilustrada de um ideal. Florianópolis: IOESC, 1999.

Boletim de notas da escola evangélica alemã de Brusque que pertenceu a Esther Diegoli, concedido em 1933. As aulas eram em alemão, assim como a documentação escolar. Devido o processo de nacionalização, a escola teve de alterar o nome e demitir professores. APRD

interventor federal Nereu Ramos cumprimentando Carlos Renaux. ASAB

Deutsch Alemão

Rechnen Aritmética

D. Geschichte História Alemã

Religion Religião

Naturkunde Ciências Naturais

Physik Física

Chemie Química

Erdkunde Geografia

Raumkunde Ciência do Espaço

Álgebra Álgebra

Português Português

Geografia Geografia

História Pátria História Pátria

Educação Moral e Cívica Educação Moral e Cívica

Musik Música

Turnen Ginástica

Schreiben Escrita

Zeichnen Desenho

Hand-Arbeit Trabalhos Manuais

Werk Ofício

APRD

MADJ

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Do outro lado do Atlântico:BrusQueNses Na seguNda guerra muNdial

No dia 1O de setembro de 1939, a Alemanha invade a Polônia dando início à 2a Guerra Mundial. O Brasil, depois de negociações com o governo norte-americano adere às Forças Aliadas. No Vale do Itajaí-Mirim o clima é de apreensão. Os descendentes de imigrantes foram convocados a compor as forças militares que seriam enviadas ao front. De Brusque, partiram 47 soldados que integraram a Força Expedicionária Brasileira. Ao final do conflito, todos voltaram com vida.

soldados brusquenses registrando foto em meio aos conflitos no continente Europeu. AU

Este mapa apresenta o roteiro dos soldados brasileiros em território italiano. em meio a 20.573 integrantes do exército brasileiro estavam 47 brusquenses, enfrentando no campo de batalha as tropas do Eixo. ASAB

Notícias da guerra! O soldado brusquense José Gonzaga escrevendo carta para a família em momento de folga. Gonzaga atuou na cozinha militar, sendo responsável pelo fornecimento das refeições aos soldados que estavam no front de batalha. AU

Brusquenses no Front. 47 brusquenses participaram da 2a Guerra Mundial. Um grupo de praças que integraram a Força Expedicionária Brasileira, porém nem todos puderam comparecer no dia da foto oficial. APSA

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Brusque e o Rio Itajaí-Mirim:uma relação aNtiga

a ligação de Brusque com o rio tem raízes profundas. A Colônia Itajahy foi fundada às margens do Itajaí-Mirim. Os primeiros imigrantes chegaram aqui subindo o rio, que durante décadas serviu como via de acesso para o transporte de pessoas e mercadorias. Porém, ao longo desses 151 anos de história, a cidade sofreu com as enchentes, que provocaram incontáveis prejuízos. Nas últimas décadas, duas grandes ações foram feitas para minimizar os danos das cheias. A Retificação, realizada depois da enchente de 1961 e que mudou drasticamente o curso do rio nos anos 60/70 e a construção do Canal Extravasor na década de 1990, medida adotada depois da enchente de 1984. No ano de 2011, nova inundação. Em resposta, o Governo do Estado apresentou em 2012 o Projeto de Prevenção de Desastres na Bacia do Itajaí, que inclui sistema de alerta e alarme, construção de barragens entre outras.

depois da enchente de 1961, as autoridades buscaram por uma solução para o problema das enchentes. No início de 1962 começaram os trabalhos de retificação do rio Itajaí-Mirim. Com auxílio de pesadas máquinas o leito do rio ganhou novo curso. Das 82 curvas existentes, ficaram 28, aumentando assim o volume de vasão das águas. ASAB

um mundo d’água! No ano de 1916, o Itajaí-Mirim inundou a cidade. Aqui, em uma foto tirada no atual bairro Santa Rita, vê-se um trecho da rua Itajaí (atual 7 de Setembro) e a ponte Coronel Pereira Oliveira, inaugurada em 1906. ASAB

todos a bordo. Na cheia de 1961, brusquenses usaram embarcações no lugar de carros para transitar pela rua Rodrigues Alves. APFA

mapa de Brusque mostrando o curso do rio antes da retificação. Em azul, o leito do rio pós-retificação realizada na década de 1960. Com menos curvas, as águas correm mais rápido, diminuindo as chances de cheia. Adaptação de Cezar P. Viana

a enchente de 1984 deixou sua marca nas paredes das casas como também na memória brusquense. O nível alcançado pelas águas é evidenciado pela mancha de lama nas paredes. No mês de agosto, as chuvas que caíram de domingo até quarta-feira deram origem a uma das piores enchentes que a cidade conheceu. A imprensa noticiou cerca de 20.000 pessoas desabrigadas. APFA

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Gevaerd Joalheiros Ltda - Tradição que chegou a 4ª geração de empreendedores

Gevaerd Joalheiros Ltda - Tradição que chegou a 4ª geração de empreendedores

Evilásio Gevaerd foi o fundador da

Relojoaria Gevaerd(In Memoriam)

Ayres Gevaerd foi sócio e administrou o empreendimento por

aproximadamente 50 anos(In Memoriam)

Harry Gevaerd foi sócio e um grande

artesão de jóias(In Memoriam)

Fotos: Arquivo/Família Gevaerd

Ervin Seyferth, foi sócio e relojoeiro

(In Memoriam)

Rogério Gevaerd foi sócio, administrador

e artesão de jóias(In Memoriam)

Ayres Gevaerd Filho foi sócio e administrou a

empresa com seu pai por vários anos(In Memoriam)

Rubens Seyferth foi sócio e relojoeiro

Atuais administradores da Gevaerd Joalheiros, o casal Adelfo e Iara com

os filhos Francine e Harry Neto no interior da moderna loja

Adelfo Gevaerd é sócio, óptico e atual

administrador do centenário empreendimento

A história da Gevaerd Joalheiros Ltda completa um século e chega à quarta geração em uma das mais tradicionais empresas familiares de Brusque. Foi a primeira relojoaria instalada na cidade.

O início de tudo foi em 11 de março de 1910, quando Evilásio Gevaerd fundou a Relojoaria G e va e r d . O l o c a l escolhido para instalar o empreendimento foi a avenida João Pessoa (atual avenida Cônsul Carlos Renaux), no Centro de Brusque. Jóias, relógios, instru-m e n t o s m u s i c a i s , cristais e porcelanas, entre outros itens, formavam o acervo à disposição da clien-tela.

Em 1º de abril de 1941, o pioneiro da empresa transferiu seu empreendimento aos filhos Ayres (que mais tarde viria a se tornar conhecido histo-riador de Brusque) e Harry Gevaerd. Estava iniciada a participação da segunda geração na empresa. Nesta passagem de comando, o empreendimento também recebeu nova deno-minação, passando a se chamar Ayres Gevaerd.

No dia 21 de janeiro de 1955, com a inclusão do novo sócio Ervin Seyferth, a empresa recebeu o nome de Ayres Gevaerd Cia Ltda. Em 19 de março de 1959, Harry

faleceu e foi substituído na socie-dade por seu filho Rogério Gevaerd, que representava tam-bém os irmãos menores.

As ações dos três sócios foram transferidas para seus filhos em 18 de abril de 1979, iniciando a administração da terceira gera-ção. Em 21 de agosto de 1986, a sociedade foi desmembrada,

ficando a joalheria para os filhos de Harry, com a p a r t i c i p a ç ã o d e Rubens Seyferth (filho de Ervin Seyferth). Nesta data, a empresa também passou a se c h a m a r G e v a e r d Joalheiros Ltda, sendo administrada por Adelfo e Rogério Gevaerd.

Uma nova fase se inaugura. Em 29 de m a r ç o d e 1 9 9 3 , a joalheria foi transferida

para o moderno prédio localizado na rua Adriano Schaefer, esquina com a rua Rodrigues Alves, no Centro. A atual administração é feita pelo casal Adelfo e Iara Gevaerd, cujos filhos Harry Neto e Francine auxiliam nas atividades administrativas na joalheria.

Com o ingresso da quarta geração da família Gevaerd houve a ampliação do empreendimento a partir do ano 2000, com a insta-lação de lojas nos bairros Santa Rita e Águas Claras e uma loja em Guabiruba.

Com filiais nos bairros: Santa Rita, Águas Claras e na cidade de Guabiruba.

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Catástrofes naturaisgraNizo, veNto e deslizameNtos

A cidade sofreu por diversas vezes com a fúria da natureza. Foram enchentes, períodos de seca, deslizamentos, chuvas torrenciais acompanhadas de fortes vendavais, destruindo telhados, derrubando redes de energia e telefonia. Se já não bastasse tanta fúria vinda dos céus, as chuvas de granizo volta e meia atingiram a cidade, provocando medo e prejuízos. Gravados na memória brusquense estão a chuva de granizo de 1950, as enchentes de 1961, 1984, e os deslizamentos ocorridos em novembro de 2008. Cenários de destruição que volta e meia se fazem presentes em nossa cidade, como este de 2011.

a Força da natureza. Em novembro de 2008, foi possível

perceber o seu poder. O crescimento populacional, a ocupação desordenada do solo, falta de infraestrutura e muita

chuva formaram uma combinação desastrosa, como esta. JMDD

as chuvas de granizo não são novidade em Brusque. Muitas tempestades transformaram o cenário da cidade formando um tapete branco, causando destruição às fábricas e residências. Uma das maiores chuvas de granizo ocorreu em outubro de 1950, e provocou grandes estragos na cidade. ASAB

avenida João pessoa* em dezembro de 1931 depois de uma tempestade. As tempestades, acompanhadas de raios e trovões, vendavais, granizo e enchentes fazem parte do cotidiano da cidade e desde os primeiros tempos da colonização têm causado danos à comunidade. ASAB

*Avenida João Pessoa é a atual a Av. Cônsul Carlos Renaux.

Na imagem podemos perceber a intensidade da chuva de pedras. ASAB

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Muito além do algodão: o setor metal-mecâNico, um segmeNto da pesada

a indústria brusquense nasceu com as empresas têxteis, ainda no século 19. Diversas outras empresas surgiram, como cervejarias, curtumes, produção de móveis, etc. O setor metal-mecânico surgiu em 1945 e ganhou força nas décadas de 1950/60, quando começaram a representar maior fatia da economia local. A cidade viu nascer empresas como a Fundição Hércules, Irmãos Fischer, Siemsen, Metalúrgica Brusque e muitas outras, como a Zen S.A. que iniciou suas operações em Brusque em 1973. O ramo metalúrgico local atua em segmentos como área automotiva, fundição, construção civil, máquinas de processamento gerais e serralheria, empregando milhares de brusquenses e gerando renda.

Fischer, 45 anos de história. Criada em 1966 a partir da iniciativa de Ingo Fischer e seus irmãos, a empresa inovou no mercado nacional ao lançar, em 2010, a casa modular de aço. Com um parque industrial de 3.600.00 m2, atua nos segmentos de eletrodomésticos, construção civil e bicicletas. APIFIC

interior da indústria zen s. a. em meados de 1974, logo depois de se instalar em Brusque. Em 2012, com 52 anos de existência, é referência mundial em qualidade na produção de autopeças, exportando para centenas de países. APZSA

um segmento da pesada! No dia 19 de julho de 1945, Brusque viu nascer, na rua do Centenário, a Fundição Hércules. Foi um empreendimento que a cidade necessitava, pois todo tipo de serviço referente à fundição tinha que ser encomendado nas cidades vizinhas. APSINTIMEB

trabalhando o metal derretido. A Fundição Hércules produzia máquinas, teares, roçadeiras e máquinas para serrarias, além de ferragens para a construção de engenhos de cana, chapas de fogões entre outros. APSINTIMEB.

movimento da economia brusquense por setores JMDD

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Brusque, uma trajetória de sucesso:de olHo Nas origeNs

os primeiros imigrantes chegaram a esta terra há mais de 150 anos e aquele território outrora riscado no mapa, tomado pela mata e cortado pelo Itajaí-Mirim, tornou-se uma cidade. Batizada de Brusque, sua trajetória seguiu por caminhos nem sempre fáceis, porém recheados de iniciativas de sucesso. Os descendentes daqueles que plantaram esta cidade se voltam hoje para a Europa em busca de parcerias culturais e econômicas. No decorrer do tempo os povos constroem sua história, desenvolvem-se. Aqui, esta história está viva em seu povo que segue uma trajetória de sucesso.

Placa comemorativa instalada na praça imigrantes de Karlsdorf, na rua Hercílio Luz, em 1988. JMDD

uma placa na alemanha. Em reconhecimento aos laços culturais, na cidade de Karlsdorf-Neuthard foi instalada, no ano de 2011, uma placa com os dizeres: Guabiruba a 10.175 km. Ao lado da placa estão Egon Klefenz e Valdir Riffel. JMDD

Homenagem à História brusquense. Em agosto de 1988, as autoridades locais inauguraram a Praça Imigrantes de Karlsdorf, com a presença do prefeito de Karlsdorf-Neuthard, Egon Klefenz, o primeiro no canto direito. A seu lado está Herbert José Schlindwein, homem que realizou os primeiros contatos entre as cidades. JMDD

aqui quem fala é py5vK! câmbio! Na sede do Clube de Rádio Amadores de Brusque, Herbert J.Schlindwein (sentado), inspirado em correspondências de um tio-avô com antepassados na Europa, resolveu procurá-los usando o rádio amador. Com sucesso, estabeleceu contato regular por cerca de 35 anos com Manfred Völker, Alemanha. Os contatos continuam nos dias atuais. AU

Na praça gilberto colzani, inaugurada em 19 de dezembro de 1996 está a placa comemorativa aos 125 anos da colonização italiana no Brasil, instalada no dia 22 de setembro de 2000 por iniciativa do Circolo Italiano Di Brusque, que atua desde 1993 junto da comunidade brusquense.APCIB

marco polonês. Instalação do marco comemorativo sob a orientação da pesquisadora Maria do Carmo R. Krieger Goulart (à direita). Brusque foi a primeira cidade brasileira a receber imigrantes poloneses, fato que ocorreu em 1869. APACL

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Quadro siNótico

coloNização e deseNvolvimeNto de BrusQue

04 de agosto de 1860 instalada a Colônia Itajahy, com a chegada de 55 imigrantes alemães sob a liderança do barão austríaco Maximiliano von Schneeburg.14 de julho de 1866 fundado o Clube de Caça e Tiro de Brusque chamado, na época, de Schützen-Verein.16 de abril de 1867 criada a Capelania, sendo o padre Alberto Gattone transferido para a colônia.10 de março de 1867 instalada a Colônia Príncipe Dom Pedro, pelo dr. Barzillar Cottle e 98 imigrantes, com sede na confluência do ribeirão Águas Claras com o rio Itajaí-Mirim.agosto de 1869 chega à Colônia Príncipe Dom Pedro a primeira leva de imigrantes poloneses, que deram início a migração polonesa para o Brasil.6 de dezembro de 1869 a Colônia Príncipe Dom Pedro e a Colônia Itajahy são unificadas, passando a denominar-se Colônia Itajahy-Príncipe Dom Pedro.31 de julho de 1873 criada a freguesia (paróquia) de São Luís Gonzaga, com o território das Colônias Itajahy e Príncipe Dom Pedro.1875 tem início a imigração italiana em número superior a 10 mil, dentre os quais Amábile Lúcia Visintainer, hoje Santa Paulina (1865-1942).1876 tem início o povoamento da Valata Azambuja pelos imigrantes italianos, onde, anos depois, surgiria o Santuário de Azambuja.23 de março de 1881 criado o município de São Luiz Gonzaga, sendo a instalação do novo município realizada em 8 de julho de 1883, com a posse dos primeiros vereadores.17 de janeiro de 1890 o governador Lauro Müller altera a denominação do município para Brusque, homenageando o presidente da província de Santa Catarina, dr. Francisco Carlos de Araújo Brusque.11 de março de 1892 Carlos Cristiano Renaux, junto dos sócios Augusto Klappoth e Paul Hoepcke, inaugura a Fábrica de Tecidos Carlos Renaux dando início à economia têxtil em Brusque.10 de janeiro de 1912 fundado o Brusquer Zeitung, primeiro jornal de Brusque, editado em alemão.14 de setembro de 1913 criação do Sport Club Brusquense, primeiro clube de futebol da cidade. Em março de 1944 passou a se chamar Clube Atlético Carlos Renaux, recebendo o titulo de “Vovô do Futebol Catarinense”.13 de novembro de 1913 Inaugurada a Usina de Energia Elétrica na Guabiruba Sul, então distrito de Brusque.30 de dezembro de 1918 criação do Clube Esportivo Paysandú.13 de outubro de 1930 durante a Revolução de 1930, a cidade de Brusque foi invadida pelas tropas da Aliança Liberal e o prefeito Augusto Bauer deposto.03 de dezembro de 1956 criado o município de Vidal Ramos, desmembrado do território de Brusque. Tempos depois, em 12 de dezembro de 1961 foi criado o município de Presidente Nereu.04 de agosto de 1960 realizada a comemoração do centenário de fundação da cidade.07 a 12 de agosto de 1960 por iniciativa de Arthur Schlösser são realizados os Primeiros Jogos Abertos de Santa Catarina em Brusque.07 de maio de 1962 foram desmembrados de Brusque os municípios de Botuverá e Guabiruba, instalados em 9 e 10 de junho, respectivamente.10 a 19 de outubro de 1986 realização da Primeira Festa Nacional do Marreco – Fenarreco.04 de agosto de 2010 a cidade de Brusque completa seus 150 anos com acentuado crescimento populacional e econômico.

registro da rua rui Barbosa em meados de 1900, quando as construções em enxaimel eram parte da paisagem urbana. APACL

vista da atual av. cônsul carlos renaux por volta de 1910. Foto tirada das proximidades da atual Galeria Jaçanã. Ao fundo, à direita, pode-se ver o templo católico. ASAB

av. cônsul carlos renaux nos dias atuais.

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Uma homenagem:Historiador roBsoN gallassiNi

Ao mestre, com cArinho!

Essa é a segunda edição do Álbum de Figuras, agora em forma de encarte, uma realização do Jornal Município

e que foi escrita pelo professor e historiador, Robson Gallassini, que faleceu no dia 7 de maio deste ano.

Através de mais essa obra, o professor apaixonado pela história de Brusque, deixa uma herança incalculável

para todos os brusquenses.

O Jornal Município Dia a Dia dedica essa obra, tão bem escrita, a esse professor que tanto nos ensinou.

Muito obrigado, Robson!

“históriAs, figurinhAs e umA pAixão: Brusque”

Esse é o título do editorial escrito pelo professor e historiador Robson Galassini, que estampa a página 2 desta segunda

edição do Álbum de Figuras.

A segunda obra do mestre consegue ser ainda mais fascinante do que a primeira. O leitor pode viajar no tempo com

figuras inéditas e histórias incríveis. Mas o que estava por trás desse álbum, a dedicação com que ele o fazia, era ainda

mais emocionante do que toda a obra pronta.

Robson Gallassini era um viajante, um investigador, um curioso, um devorador de livros, que nunca mediu esforços para

checar toda e qualquer informação sobre nossa querida Brusque. Podemos dizer, que Brusque passou por suas mãos. Seja

em legendas de figurinhas, rigorosamente escolhidas, seja em livros, em desenhos, ou nas salas de aula.

“Existem muitas formas de se contar uma história”, dizia Robson. Parabéns professor, pela bela história que escrevestes sobre

tua própria vida. Uma história com legendas repletas de alegria, honestidade, profissionalismo, amor, amizade e ética.

(Letícia Maria Schlindwein, editora do Jornal Município Dia a Dia)

Robson Gallassini *

02/08/1980 + 07/05/2012

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agradecimeNtosA elaboração deste Álbum de figurinhas foi possível graças à colaboração de inúmeras pessoas com as quais entramos em contato e que nos atenderam carinhosamente, fornecendo material de grande valor histórico e cultural. Registrar esta colaboração se faz necessária. Assim, deixamos aqui os agradecimentos ao professor Aloisius C. Lauth que nos auxiliou. À professora dra. Maria Luiza Re-naux, por sua cuidadosa revisão e incentivos. Ao professor e fotógrafo amador Honório Bertolini, responsável pela reprodução de inúmeras fotografias aqui publicadas. Aos amigos Edu Gevaerd e Carlos Michel, que nos apuros do dia a dia, nos auxiliaram na procura por material, muitas vezes em locais distantes. Também quero registrar a colaboração carinhosa das famílias que abriram espaço em suas residências para nos receber na busca por tão valioso material, como também às ins-tituições museológicas de Brusque e demais colaboradores. Fica aqui registrada a nossa gratidão.

reFerêNcias • ADAMI; Luiz Saulo. Paisagens da memória: a criação do município de Vidal Ramos. S&T

Editores, 2004.• ADAMI; Luiz Saulo. ROSA; Tina. Brusque: Cidade Schneeburg. Itajaí: S/T Editores, 2005.• ADAMI; Saulo. Rosa; Tina. Carlos Boos: nunca soube dizer não! Itajaí: S&T Editores, 2005.• ADAMI; Saulo. Rosa; Tina. Brusque era maior: viajantes do tempo. Itajaí: S&T Editores, 2006.• ADAMI; Saulo. Rosa; Tina. Guabiruba de todos os tempos. Itajaí: S&T Editores, 2010.• Álbum do 1º Centenário de Brusque. Sociedade Amigos de Brusque, 1960.• BAUER; Quido Jacob. Quando os sinos falavam ao vale. Editora Odorizzi. Blumenau, 2009.• BERTOLINI; Honório. Brusque: cidade integralista. Uma história através dos jornais e

memórias. UDESC. Flotianópolis, junho de 2000. • BESEN, José Artulino; Azambuja 100 anos. 1977.• CERULLI, Arnaldo. Manuscrito, 1942. ASAB.• CABRAL; Oswaldo Rodrigues. Brusque: subsídios para a história de uma colônia nos

tempos do Império. Edição da SAB, 1958.• ENGEL, Ricardo José. Pedalando pelo tempo: história da bicicleta em Brusque. S&T

Editores, 2010.• FILHO, Armando. O Integralismo. Editora do Brasil,SP, 1990.• GOULART; Maria do Carmo Ramos Krieger. Brusque: essas ruas que eu amo (I). Blume-

nau, 1982.• HERING; Maria Luiza Renaux. Colonização e Indústria no Vale do Itajaí: o modelo catari-

nense de Desenvolvimento. Blumenau: Editora da FURB, 1987.• KOCH; Eloy Dorvalino. Catolicismo em Brusque: recordação do centenário. Sociedade

Amigos de Brusque. Brusque: 1956.• KOCH; Dorvalino. Convento SCJ: contribuição à história da província e de Brusque SC.

APPAL Brusque. Brusque: 1993• KRIEGER, Carmelo. Aldo Krieger: histórias contadas por Carmelo Krieger. Florianópolis:

Vitelli Design, 2004.• LAUTH; Aloisius Carlos. A Colônia Príncipe Dom Pedro: um caso de política imigratória no

Brasil Império. Brusque, 1987.• MOSIMANN; João Carlos. As famílias de Brusque, Guabiruba e Botuverá: nos meandros

do Itajaí-Mirim. Florianópolis. Edição do autor, 2010.• NIEBUHR, Marlus; Memórias de Porto Franco... Botuverá: a sua história. Nova Letra, 2005.• NIEBUHR; Marlus. Ecos e Sombras: memória operária em Brusque-SC na década de 50.

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Ltda. 2002.• PIAZZA; Walter F. Santa Catarina: sua história. Editora Lunardelli/Editora da UFSC, 1983.• RENAUX; Maria Luiza. O outro lado da História: o Papel da Mulher no Vale do Itajaí

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da e editada por Raulino Reitz.• REITZ; Raulino. Alto Biguaçu. Narrativa cultural Tetrarracial. Florianópolis. Ed. Lunar-

delli/Ed. Da UFSC, 1988.• SEYFERTH; Giralda. A colonização alemã no Vale do Itajaí-Mirim: um estudo de desen-

volvimento econômico. Porto Alegre/Brusque: ASAB, 1974.• SEYFERTH; Giralda. Nacionalismo e identidade étnica: a ideologia germanista e o grupo

étnico teuto-brasileiro numa comunidade do Vale do Itajaí. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura, 1981.

• SILVA; Ednéia Pereira. Gauchismo no “Vale Europeu”: CTG laço do bom vaqueiro, 30 anos de história. Nova Letra; Blumenau, 2010.

• WEINGäRTNER; Nelso. 150 anos de presença Luterana no Vale do Itajaí. Editora e Gráfica Odorizzi. 2000.

sites• Prefeitura de Nova Trento (www.novatrento.sc.gov.br)• Prefeitura de Presidente Nereu (www.presidentenereu.sc.gov.br)• Associação Italiana Coral São José de Botuverá

puBlicações e revistasRevista Notícias de Vicente Só: Brusque ontem e hoje, editado pela Sociedade Amigos de Brusque. (todos os exemplares)

periódicosNovidades (Itajaí), Gazeta Brusquense, O Rebate, Correio Brusquense, O Progresso, Município Dia a Dia

FotograFiaHonório Bertoline, Edu Gevaerd Neto, Elton Souza, Márcio Costódio

ilustraçãoAldo Maes dos Anjos ([email protected]), Cesar Pereira Viana ([email protected]), Paulo Feitosa

pesQuisa e ediçãoRobson GallassiniNascido em Brusque, graduou-se no Curso de História da Unifebe, tendo concluído o curso de Pós-Gradu-ação em 2005. Atua como professor de História do Colégio Cultura e do Colégio Madre Francisca Lampel (Gaspar). Produziu o Álbum Brusque 150 anos, lançado em 2010. Colaborou na pesquisa e produção do livro comemorativo ao Sesquicentenário de Brusque, organizado pela Prefeitura Municipal no ano de 2010. Foi responsável, junto com o cartunista Aldo Maes dos Anjos, pela elaboração e produção da revista em quadrinhos Brusque Ontem, lançada no ano de 2011.

colaBoraçõesAloisius Carlos Lauth, Maria Luiza Renaux, Honório Bertolini, Edu Gevaerd Neto, Carlos E. Michel, Érico Zendron, Ricardo Engel, Marlus Niebuhr, Augusto Höerner Schlindwein, Carmelo Krieger, Ricardo Boos, Saulo Adami,Eduardo de Souza, Anelise Cardoso, Antônio Cervi, Fabíola Graupner, Maria Bohn, Marise Graupner Schwarz, Úrsula Rombach, Marcelo Goulart, Marco Antonio Scharf, Leia Gevaerd, Ursula Rombach, Valdir Riffel, Egon Keflens.

revisãoAloisius Carlos Lauth, Maria Luiza Renaux, Letícia Schlindwein, Risolete Schlindwein, Paulo Vendelino Kons

proJeto gráFico, diagramação e tratameNto de imageNsPaulo Morelli (www.p1design.com.br) e Marcos Aurélio Medeiros (www.diagramm.com.br)

siglas utilizadasAHJFS – Arquivo Histórico José Ferreira da Silva – BlumenauAIAK – Arquivo do Instituto Aldo KriegerAICB – Arquivo do Instituto Carlos BoosAMADJ – Arquivo do Museu Arquidiocesano Dom JoaquimAMCI – Acervo do Museu da Cultura Italiana (Nova Trento)AMPN – Acervo Museu de Presidente NereuAPACL – Acervo Particular de Aloisius Carlos LauthAPAR – Acervo Particular de Asta RischAPBMPS – Acervo da Banda Musical Padre Sabatine (Prefeitura de Nova Trento) APDEB - Acervo Particular de Doris E. BartorelliAPEZ – Acervo Particular Érico ZendronAPFA – Acervo Particular Foto ÁureaAPFC – Acervo Particular Foto CarlinhosAPFF – Acervo Particular Família FranciscoAPFG – Acervo Particular Fabíola GraupnerAPFS – Acervo Particular de Fernando SapelliAPFSCBC – Acervo Particular da FS CicleBike CenterAPG – Arquivo da Prefeitura de GuabirubaAPG – Arquivo da Prefeitura de Guabiruba.APIFIC – Arquivo Particular da Irmãos Fischer Indústria e ComércioAPLK – Acervo Particular de Lili KnoppAPMB – Acervo Particular de Maria BohnAPMGS – Acervo Particular de Maria Graupner SchwarzAPMLR – Acervo Particular de Maria Luiza RenauxAPOR/AU – Acervo Particular Olívia Rocha/Arquivo da UnifebeAPRD – Acervo Particular de Rose Diegoli APSAMAE - Arquivo Particular do SAMAEAPSINTIMEB - Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrica de BrusqueAPSO - Arquivo Particular de Sabrina OrthmannAPST – Acervo Particular de Saulo TavaresAPTG – Acervo Particular de Telo GrafAPUR – Acervo Particular de Úrsula RombachAPVR – Arquivo Prefeitura de Vidal Ramos APZSA – Acervo Particular Zen S/AASAB – Arquivo da Sociedade Amigos de BrusqueAU – Arquivo da UnifebeCFAB - Grupo “Curto Fotos Antigas de Brusque” no FacebookFGML – Fundação Genésio Miranda Lins- ItajaíJMDD – Jornal Município Dia a Dia

realizaçãoJornal Município Dia a DiaRua Felipe Schmidt, 31 - sl. 01 - Centro - Brusque - SCFone: (47) 3351-1980 - www.municipiodiaadia.com.brDiRetoR: Cláudio José SchlindweineDitoRa-Chefe: Letícia Schlindwein

crÉditos