ailton vitor pereira 10 b nutrição

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 1 DOSES DE ADUBO DE LIBERAÇÃO LENTA PARA PRODUÇÃO DE PORTAENXERTOS DE SERINGUEIRA EM RECIPIENTES SUSPENSOS. Antonio Nilson Zamunér Filho 1 ,  Nelson Venturin 2 , Ailton Vitor Pereira 3 , Elainy Botelho Carvalho Pereira 4  1  Engenheiro Ag rônomo, MSc. em Ciênc ias Florestais - UFLA, Douto rando em Engen haria de Transportes    EESC-USP, [email protected]. 2  Professor Doutor do Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Lavras   UFLA, [email protected] . 3  Doutor em Agronomia/F itotecnia, pesquisa dor da Embrapa Tran sferência de Tecn ologia    Escritório de Negócios de Goiânia, GO,  [email protected] . 4  Doutora em Agronomia/Fitotecnia, pesquisadora da Emater Goiás, Goiânia-GO, [email protected] . INTRODUÇÃO As mudas de seringueira (  Hevea spp.) são produzidas tradicionalmente ao nível do solo e adubadas com fontes prontamente disponíveis que favorecem a rápida absorção e a lixiviação dos nutrientes, as quais são menos adequadas para produção de mudas em recipientes suspensos, com substratos leves, porosos e sujeitos à irrigação diária. Uma alternativa promissora consiste na aplicação de adubos de liberação lenta (ALL), que são grânulos de fertilizantes cobertos por uma camada de resina orgânica que regula a liberação dos nutrientes. Esses adubos visam atender às necessidades nutricionais das plantas e minimizar as aplicações de fontes solúveis, os custos com mão-de-obra, o desperdício de nutrientes e a possível poluição ambiental provocada pela lixiviação dos mesmos (Perin et al., 1999). Assim, o presente trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar os efeitos de doses de uma formulação comercial de adubo de liberação lenta sobre o desenvolvimento de  portaenxertos de seringueira produ zidos em recipiente s suspenso s. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no município de Goiânia    GO, na Embrapa Transferência de Tecnologia - Escritório de Negócios de Goiânia-GO. O delineamento experimental foi em blocos casualizados com oito repetições de vinte plantas por parcela, sendo os tratamentos constituídos pelas doses de 0, 3, 6 e 9 g de ALL incorporadas por litro de substrato antes do enchimento dos recipientes. O ALL utilizado foi o Osmocote® com liberação prevista para 8 a 9 meses e a seguinte composição: N (15%), P 2 O 5  (9%), K 2 O (12%), Mg (1%), S (2,3%), B (0,02%), Cu (0,05%), Fe (1%), Mn (0,06%), Mo (0,02%) e Zn (0,05%). Após a maturação do quarto lançamento foliar, os recipientes de cada tratamento foram completados com aproximadamente 300 cm 3  da respectiva mistura de substrato e ALL. O substrato utilizado foi o Rendimax Floreira®, à base de casca de  Pínus, turfa e vermiculita, apresentando as seguintes características: umidade (47,8%), densidade úmida (750,3 kg/m 3 ), densidade seca (392,2 kg/m 3 ), capacidade de retenção de água (144,9 % m/m),  pH (5,1), condutividade elétrica (1,2 mS/m), porosidade total (80,2 % v/v), teor de nutrientes:  N (9 g/kg), P (0,9 g/kg), K (2,6 g/kg), Ca (7,4 g/kg), Mg (11,1 g/kg), S (1,7 g/kg), Fe (8,2 g/kg), B (15,2 mg/kg), Cu (19,4 mg/kg), Mn (127,0 mg/kg), Zn (30,2 mg/kg), carbono orgânico (295,7 g/kg) e relação C/N: 32,9.

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5/11/2018 Ailton Vitor Pereira 10 B Nutrição - slidepdf.com

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DOSES DE ADUBO DE LIBERAÇÃO LENTA PARA PRODUÇÃO DEPORTAENXERTOS DE SERINGUEIRA EM RECIPIENTES SUSPENSOS.

Antonio Nilson Zamunér Filho1, Nelson Venturin2, Ailton Vitor Pereira3,

Elainy Botelho Carvalho Pereira4 

1 Engenheiro Agrônomo, MSc. em Ciências Florestais - UFLA, Doutorando em Engenhariade Transportes – EESC-USP, [email protected]. 2 Professor Doutor do Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal deLavras – UFLA, [email protected]. 3 Doutor em Agronomia/Fitotecnia, pesquisador da Embrapa Transferência de Tecnologia  –  Escritório de Negócios de Goiânia, GO, [email protected]. 4 Doutora em Agronomia/Fitotecnia, pesquisadora da Emater Goiás, Goiânia-GO,[email protected]

INTRODUÇÃO

As mudas de seringueira ( Hevea spp.) são produzidas tradicionalmente ao nível dosolo e adubadas com fontes prontamente disponíveis que favorecem a rápida absorção e alixiviação dos nutrientes, as quais são menos adequadas para produção de mudas emrecipientes suspensos, com substratos leves, porosos e sujeitos à irrigação diária. Umaalternativa promissora consiste na aplicação de adubos de liberação lenta (ALL), que sãogrânulos de fertilizantes cobertos por uma camada de resina orgânica que regula a liberaçãodos nutrientes. Esses adubos visam atender às necessidades nutricionais das plantas eminimizar as aplicações de fontes solúveis, os custos com mão-de-obra, o desperdício denutrientes e a possível poluição ambiental provocada pela lixiviação dos mesmos (Perin et al.,1999). Assim, o presente trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar os efeitos de dosesde uma formulação comercial de adubo de liberação lenta sobre o desenvolvimento deportaenxertos de seringueira produzidos em recipientes suspensos.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no município de Goiânia  –  GO, na EmbrapaTransferência de Tecnologia - Escritório de Negócios de Goiânia-GO. O delineamentoexperimental foi em blocos casualizados com oito repetições de vinte plantas por parcela,

sendo os tratamentos constituídos pelas doses de 0, 3, 6 e 9 g de ALL incorporadas por litrode substrato antes do enchimento dos recipientes.O ALL utilizado foi o Osmocote® com liberação prevista para 8 a 9 meses e a

seguinte composição: N (15%), P2O5 (9%), K2O (12%), Mg (1%), S (2,3%), B (0,02%), Cu(0,05%), Fe (1%), Mn (0,06%), Mo (0,02%) e Zn (0,05%). Após a maturação do quartolançamento foliar, os recipientes de cada tratamento foram completados comaproximadamente 300 cm3 da respectiva mistura de substrato e ALL.

O substrato utilizado foi o Rendimax Floreira®, à base de casca de Pínus, turfa evermiculita, apresentando as seguintes características: umidade (47,8%), densidade úmida(750,3 kg/m3), densidade seca (392,2 kg/m3), capacidade de retenção de água (144,9 % m/m),pH (5,1), condutividade elétrica (1,2 mS/m), porosidade total (80,2 % v/v), teor de nutrientes:

N (9 g/kg), P (0,9 g/kg), K (2,6 g/kg), Ca (7,4 g/kg), Mg (11,1 g/kg), S (1,7 g/kg), Fe (8,2g/kg), B (15,2 mg/kg), Cu (19,4 mg/kg), Mn (127,0 mg/kg), Zn (30,2 mg/kg), carbonoorgânico (295,7 g/kg) e relação C/N: 32,9.

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Como recipientes, foram utilizados sacos plásticos de 15 x 30 cm, perfurados no fundoe colocados no interior de garrafas plásticas lisas de refrigerantes com capacidade para 2litros, cortadas sem fundo e fixadas a 1 m de altura com o bico para baixo na estrutura suportefeita de postes de eucalipto e arame liso, mantendo o espaçamento de 1,2 m entre linhas

duplas, segundo Pereira et al. (2007a) e Pereira et al. (2007b).A semeadura foi realizada utilizando-se três sementes recém-coletadas do clone GT 1por recipiente, procedendo a sua cobertura com cerca de 200 mL de vermiculita fina e aodesbaste aos 60 dias, deixando a muda mais vigorosa de cada recipiente. A irrigação foi feitapor aspersão inicialmente e, posteriormente, por gotejamento de modo a minimizar alixiviação dos nutrientes do substrato. O controle de plantas daninhas foi manual e reduzidodentro dos sacos plásticos devido ao uso do substrato. O mandarová (  Erinnyis ello L.) foicontrolado por meio da catação manual dos ovos e das lagartas, e a vaquinha ( Diabrotica speciosa) através de pulverizações com inseticida à base de deltametrina. Durante o períodoexperimental não houve ocorrência de doenças nas mudas.

Aos oito meses após a semeadura, procedeu-se a avaliação do desenvolvimento dos

portaenxertos em altura e diâmetro do caule (DC) a cinco 5 cm do coleto e da porcentagem deplantas aptas à enxertia verde (DC ≥ 1 cm), sendo os dados submetidos à análise de variânciae de regressão polinomial nos casos de efeitos significativos dos tratamentos. Também foiavaliado o aspecto visual do sistema radicular de três plantas representativas de cada parcela.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises de variância (Tabela 1) revelaram efeitos altamente significativos dasdoses de adubo de liberação lenta (ALL) no desenvolvimento em altura e diâmetro do caulede portaenxertos de seringueira.Tabela 1. Resumo das análises de variância para altura da planta e diâmetro do caule a 5 cmdo coleto de porta-enxertos de seringueira aos oito meses de idade, submetidos a doses deadubo de liberação lenta.Causa deVariação

Grau deLiberdade

Quadrado Médio do ResíduoAltura da planta (cm) Diâmetro do caule (cm)

Dose 3 1516,70** 58,71**Bloco 7 4,85ns 0,20ns

Resíduo 21 4,91 0,16Total 31CV 3,15 4,09ns são valores não significativos, *e** são valores significativos pelo teste F nos níveis de 5%

e 1% de probabilidade.As variáveis avaliadas tiveram resposta quadrática à aplicação das doses de ALL,constatando-se valores máximos de altura da planta e diâmetro do caule com as doses de 6,3 ge 6,2 g, respectivamente (Figuras 1 e 2).

A ausência de ALL limitou o desenvolvimento dos porta-enxertos, os quais nãoatingiram o diâmetro mínimo do caule (1 cm) aos oito meses de idade, fixado pela InstruçãoNormativa nº 29 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Brasil, 2009). Asdoses de 3, 6 e 9 g de ALL por litro de substrato diferiram entre si quanto aodesenvolvimento, mas possibilitaram elevadas porcentagens (próximas a 100%) deportaenxertos aptos à enxertia verde e com diâmetro do caule acima do padrão mínimo(Tabela 2). Porém, a dose de 3 g/L foi insuficiente para a nutrição adequada das plantas que

apresentaram sintomas visuais de deficiência de nitrogênio, fósforo e potássio, enquanto adose de 9 g/litro mostrou-se ligeiramente excessiva.

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Y = 50,73 + 9,83x - 0,78x2 (R² = 0,97)

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0 3 6 9

   A   l  t  u  r  a   (  c  m   )

Dose de ALL (g/L)

 Figura 1. Altura de portaenxertos de seringueira aos oito meses de idade, submetidos a dosesde adubo de liberação lenta (ALL).

Y = 6 + 1,92x - 0,15x2 (R² = 0,94)

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0 3 6 9

   D   i   â  m  e  t  r  o   (  m  m   )

Dose de ALL (g/L)

 Figura 2. Diâmetro do caule a 5 cm do coleto de portaenxertos de seringueira aos oito mesesde idade, submetidos a doses de adubo de liberação lenta (ALL). 

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Tabela 2 Porcentagem de portaenxertos de seringueira com diâmetro do caule (DC) ≥ 1 cm a

5 cm do coleto, aos oito meses de idade, submetidos a doses de adubo de liberação lenta.

Doses de adubo de liberação lenta (g/L) Porta-enxertos com DC ≥ 1 cm (%) 

0 03 98,756 99,389 98,13

Todas as plantas amostradas nas parcelas adubadas com as doses de 3, 6 e 9 g de ALLpor litro de substrato apresentaram sistema radicular normal, sem enovelamento das raízespivotante e secundárias, com abundância de raízes terciárias e quaternárias, as quaispropiciaram boa agregação e integridade do torrão, com boas perspectivas de sucesso noplantio.

CONCLUSÃO

A adubação dos portaenxertos de seringueira pode ser feita com a formulação deliberação lenta empregada na dose de 6 g/L de substrato.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 29, de5 de agosto de 2009. Aprova as normas para a produção de sementes e de mudas deseringueira ( Hevea spp.). Diário Oficial da União, Brasília, 6 ago. 2009. Seção 1, p. 5.

PEREIRA, A. V.; ZAMUNÉR FILHO, A. N.; SILVA, R. S.; ANTONINI, J. C. dos A.;VOCURCA, H.; PEREIRA, E. B. C. Produção de mudas de seringueira em viveiro suspenso.In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HEVEICULTURA, 2007a, Guarapari. Palestra...Guarapari: Incaper, 2007a CD-ROM.

PEREIRA, A. V.; ZAMUNÉR FILHO, A. N.; SILVA, R. S.; ANTONINI, J. C. dos A.;VOCURCA, H.; PEREIRA, E. B. C. Produção de mudas de seringueira em viveiro suspenso.In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HEVEICULTURA, 2007b, Guarapari. Resumos...Guarapari: Incaper, 2007b CD-ROM.

PERIN, J. R.; CARVALHO, S. A.; MATTOS JUNIOR, D.; CANTARELLA, H. Efeitos desubstratos e doses de fertilizantes de liberação lenta no teor de clorofila e desenvolvimentovegetativo do limoeiro “Cravo” em tubetes. Revista Laranja, Cordeirópolis, v. 20, n. 2, p.457-462, 1999.