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AIDS O Sistema de Informação sobre Mortalidade e o padrão de mortalidade por Aids em Santa Catarina: limites e possibilidades de análise Heloisa Peixoto* * Mestre em Saúde Pública e responsável pelo Serviço de Tratamento de Dados da Secretaria da Saúde do Estado de Santa Catarina Resumo: Este trabalho descreve o padrão de mortalidade por aids em Santa Catarina no período de 1986 a 2001 com a finalidade de oferecer subsídios para a intervenção em saúde coletiva. As variáveis analisadas são basicamente aquelas incluídas na declaração de óbito, documento fonte do Sistema de Informações sobre Mortalidade, o que permitiu avaliar o potencial de análise deste banco de dados. Os resultados mostraram que o risco de morrer por aids apresentou tendência crescente até 1996, levemente interrompida em 1997 e 1998, quando verifica-se a retomada do crescimento nos coeficientes. No período de 1996 a 2001, observou-se uma redução de apenas 0,4% nos coeficientes de mortalidade por aids, bem mais expressiva no sexo masculino, que apresentou redução de 7,6% enquanto no sexo feminino observou-se acentuada tendência de ascensão do coeficiente (22,4%). A análise do indicador Anos Potenciais de Vida Perdidos - APVP mostrou queda no número de APVPs por aids, no período de 1996 a 2001, tendo a idade média ao morrer passado de 33,3 para 37,6, representando um ganho médio de 4,3 anos no período. A distribuição espacial dos óbitos identificou as macrorregiões da Grande Florianópolis e do Vale do Itajaí como as mais atingidas. O estudo das causas associadas permitiu verificar que algumas doenças associadas ficam sub-dimensionadas quando se considera apenas os grupamentos da CID-10 para causas básicas de óbitos por aids, a exemplo da tuberculose, que foi discriminada como categoria específica de causa básica por aids em 35 óbitos, mas mencionada em 63 deles. A distribuição dos óbitos por aids segundo as variáveis estado civil, ocupação, escolaridade e raça/cor identificou problemas no preenchimento das declarações de óbito, apontando falhas que precisam ser corrigidas para o melhor aproveitamento desta base de dados. Unitermos: aids, mortalidade

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AIDS

O Sistema de Informação sobre Mortalidade e o padrã o de mortalidade por Aids em Santa Catarina: limites e possibilidades de anál ise

Heloisa Peixoto*

* Mestre em Saúde Pública e responsável pelo Serviço de Tratamento de Dados da Secretaria da Saúde do Estado de Santa Catarina

Resumo: Este trabalho descreve o padrão de mortalidade por aids em Santa Catarina no período de 1986 a 2001 com a finalidade de oferecer subsídios para a intervenção em saúde coletiva. As variáveis analisadas são basicamente aquelas incluídas na declaração de óbito, documento fonte do Sistema de Informações sobre Mortalidade, o que permitiu avaliar o potencial de análise deste banco de dados. Os resultados mostraram que o risco de morrer por aids apresentou tendência crescente até 1996, levemente interrompida em 1997 e 1998, quando verifica-se a retomada do crescimento nos coeficientes. No período de 1996 a 2001, observou-se uma redução de apenas 0,4% nos coeficientes de mortalidade por aids, bem mais expressiva no sexo masculino, que apresentou redução de 7,6% enquanto no sexo feminino observou-se acentuada tendência de ascensão do coeficiente (22,4%). A análise do indicador Anos Potenciais de Vida Perdidos - APVP mostrou queda no número de APVPs por aids, no período de 1996 a 2001, tendo a idade média ao morrer passado de 33,3 para 37,6, representando um ganho médio de 4,3 anos no período. A distribuição espacial dos óbitos identificou as macrorregiões da Grande Florianópolis e do Vale do Itajaí como as mais atingidas. O estudo das causas associadas permitiu verificar que algumas doenças associadas ficam sub-dimensionadas quando se considera apenas os grupamentos da CID-10 para causas básicas de óbitos por aids, a exemplo da tuberculose, que foi discriminada como categoria específica de causa básica por aids em 35 óbitos, mas mencionada em 63 deles. A distribuição dos óbitos por aids segundo as variáveis estado civil, ocupação, escolaridade e raça/cor identificou problemas no preenchimento das declarações de óbito, apontando falhas que precisam ser corrigidas para o melhor aproveitamento desta base de dados.

Unitermos: aids, mortalidade

Introdução

As transformações do perfil de morbimortalidade da população, com o aparecimento de

novas doenças e a alteração do comportamento epidemiológico de outras, fez com que, após

um longo período em que as técnicas da chamada epidemiologia analítica foram

supervalorizadas, a importância da epidemiologia descritiva, como ferramenta de conhecimento

epidemiológico para o enfrentamento de problemas, fosse resgatada.

Nesse sentido, BARATA1, lembra que “as investigações, nas quais a caracterização da

distribuição dos casos, segundo as categorias de tempo, espaço e pessoas foram

determinantes para o esclarecimento de doenças emergentes e re-emergentes”.

A descrição do padrão de mortalidade de uma doença, a partir da utilização de

categorias básicas como a sua distribuição espaço-temporal e segundo atributos que possam

contribuir para a identificação de grupos de maior risco, permite obter uma melhor

compreensão do problema e orientar a construção de respostas para o seu enfrentamento.

A literatura científica sobre o comportamento da aids, tem incluído trabalhos 2, 3, 4 que

utilizam os dados de mortalidade para identificar aspectos importantes da epidemia.

Atualmente, a aids é a 12ª causa de morte em Santa Catarina e 1ª na faixa etária de 20 a

49 anos, sendo necessário conhecer melhor as características epidemiológicas da doença no

Estado.

Este trabalho trata-se de estudo exploratório descritivo, de abordagem quantitativa, que

pretende descrever o padrão de mortalidade por aids em Santa Catarina, utilizando para isso

as bases de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM, de 1986 a 2001.

Objetivos Geral: Descrever o padrão de mortalidade por aids em Santa Catarina, a partir da

análise do banco de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM, a fim de

fornecer subsídios para o conhecimento da realidade e para a definição de medidas

preventivas.

Objetivos Específicos:

• Analisar a evolução do coeficiente de mortalidade por aids em Santa Catarina no

período de 1986 a 2001, com ênfase nos seis últimos anos;

• Identificar diferenças no risco de morrer por aids, segundo sexo e idade no período de

1996 a 2001;

• Mensurar o número de Anos Potenciais de Vida Perdidos – APVP por morte prematura

devido a aids e a evolução de indicadores relacionados no período de 1996 a 2001;

• Descrever a distribuição espacial dos óbitos por aids e comparar os riscos, segundo

sexo, observados nas macrorregiões de saúde em 2001;

• Verificar a variação percentual do coeficiente de mortalidade por aids de municípios

selecionados, considerando os anos de 1996 e 2001;

• Verificar a importância relativa dos sub-grupos de causas da aids, considerando as

causas básicas processadas em 2001;

• Mensurar a participação das causas associadas a aids, considerando todos os

diagnósticos registrados em atestados de óbito cuja causa básica foi aids, ocorridos em

2001.

• Descrever a distribuição percentual dos óbitos por aids ocorridos em 2001, segundo

local de ocorrência, estado civil , escolaridade, raça/cor, e ocupação;

Material e Métodos

Foram utilizados no trabalho informações sobre óbitos de residentes em Santa Catarina,

ocorridos no período de 1986 a 2001, cuja causa básica informada foi AIDS, processados pelo

Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM.

A tabulação dos dados e o cálculo dos indicadores foi realizada utilizando-se

basicamente os recursos do Tabwin e do Excel.

O número de Anos Potenciais de Vida Perdidos por AIDS foi obtido por uma adaptação

do método proposto por ROMEDER e McWHINNIE5 (1977), cuja expressão matemática é

dada como:

limite superior

Apvp = ΣΣΣΣ aidi onde:

i = limite inferior

ai = número de anos que faltam para completar 70 anos, quando a morte ocorre entre as idades de i e i + 1 anos;

di = número de óbitos ocorridos entre as idades de i e i + 1 anos, empregando-se o ajuste de 0,5 quando se arbitra que todas as mortes ocorreram no meio do ano.

A média de Apvp por óbito, para cada grupo de causas, foi calculada como resultado da

divisão do total de Apvp pelo número de óbitos considerados. Esse procedimento permite

conhecer a idade média em que ocorreram os óbitos, também incluída nas tabelas de

apresentação dos dados, pela diminuição desse valor do limite superior adotado.

Os dados populacionais, necessários para o cálculo dos coeficientes de mortalidade e

APVPs por 1000 habitantes, tomaram como base as estimativas populacionais do IBGE,

disponíveis na home-page da Secretaria de Estado da Saúde.

A análise da mortalidade por causas foi feita com base nos óbitos ocorridos em 2001 e

considerou a causa básica selecionada e as causas associadas informadas no atestado.

Para a análise das causas associadas, foi necessário criar um arquivo .dbf com os óbitos

por aids, contendo os dados referentes aos códigos da Classificação Internacional de Doenças-

CID-10 6, dos campos destinados ao preenchimento das causas do óbito (Parte I: linhas

a,b,c,d) e Parte II). Os registros informados em cada linha do atestado foram combinados num

único arquivo do Excel de forma a permitir a tabulação das freqüências de cada diagnóstico

informado.

A apresentação dos resultados sobre as causas associadas também obedeceu aos

critérios de agregação da CID-10, com sub-totais por capítulos.

Resultados e Discussão

Distribuição Temporal:

Desde o seu início, na década de 80, a epidemia pelo HIV, vem sofrendo mudanças

importantes. Segundo GIOVANI 7, é possível dividir a epidemia em quatro momentos distintos:

1º) a infeçäo se concentra em homossexuais ou bissexuais masculinos; 2º) incremento

significativo da categoria usuário de droga injetável, juvenilizaçäo (20 a 29 anos de idade) e

heterossexualizaçäo da epidemia; 3º) avanço acentuado de transmissäo heterossexual e da

transmissäo vertical, aumentando o número de crianças nascidas portadoras do vírus HIV e 4º)

avanço da Aids nas pessoas idosas, acima dos 50 anos de vida.

Alguns aspectos que caracterizam esses momentos da epidemia podem ser

evidenciados na análise do comportamento da mortalidade por aids.

A tabela 1 mostra a evolução do número de óbitos e coeficientes de mortalidade por aids

para cada sexo, de 1986, quando ocorre o primeiro óbito por aids no Estado (um homem, de 43

anos, residente no município de Brusque), até o último ano com o processamento finalizado

pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade.

Tab.1 - Óbitos, Coeficientes de Mortalidade por AIDS (por 100.000 habitantes) e Variação % 1996-2001, segundo sexo, Santa Catarina, 1986-2001.

Ano

Do Óbito

Masculino Feminino Total

Nº Coef. Nº Coef. Nº Coef. 1986 1 0,05 - - 1 0,02 1987 5 0,24 2 0,10 7 0,17 1988 11 0,51 3 0,14 14 0,33 1989 31 1,41 6 0,28 37 0,85 1990 70 3,14 7 0,32 77 1,73 1991 99 4,35 30 1,32 129 2,84 1992 116 5,03 34 1,48 150 3,26 1993 175 7,44 66 2,82 241 5,13 1994 268 11,22 66 2,77 334 7,01 1995 276 11,39 97 4,02 373 7,71 1996 316 12,96 101 4,15 417 8,55 1997 309 12,46 96 3,87 405 8,17 1998 298 11,85 103 4,10 401 7,97 1999 321 12,59 123 4,83 444 8,71 2000 329 12,33 124 4,61 453 8,46 2001 325 11,97 139 5,08 464 8,52

Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade

Até o ano de 1996, observa-se tendência crescente do número de óbitos e coeficientes,

com ligeira interrupção nos anos de 1997-98, quando pode ser verificada pequena redução dos

coeficientes.

A partir de 1999, ano em que foi registrado o maior coeficiente no período analisado,

volta a tendência de incremento no número de óbitos ( figura 1).

Trabalho realizado por OLIVEIRA 8, que comparou as tendência dos coeficientes de

mortalidade por aids após a introdução dos inibidores de proteases no arsenal terapêutico da

doença no Brasil e em Santa Catarina, já havia evidenciado que, diferente do que vem

ocorrendo no país e no mundo, os coeficientes de mortalidade por aids em Santa Catarina, não

declinaram a partir de 1996, apresentando, inclusive uma tendência de ascensão nos últimos

anos. Entre as possíveis causas que poderiam explicar o achado, o autor destaca: falhas no

diagnóstico precoce; problemas de adesão ao tratamento; esquemas de tratamento

antiretroviral e de profilaxia inadequados; dificuldades de acesso ao acompanhamento médico

e características próprias das doenças oportunísticas no estado.

A tabela 2 permite entender melhor o comportamento do coeficiente de mortalidade por

aids nos últimos seis anos analisados. A variação percentual no período 1996-2001, mostra

que enquanto o risco de morrer por aids entre os homens apresentou uma redução de 7,6%,

no sexo feminino o risco aumentou em 22,4% (figura 2), confirmando a crescente participaçäo

das mulheres no total de casos registrados no país.

A feminização da epidemia tem sido foco de preocupação de trabalhos 9,10,11, que,

investigando o comportamento preventivo sexual de mulheres frente à aids, identificam a

relaçäo heterossexual como a forma de transmissäo que mais tem contribuído para esta

tendência e demonstram que o conhecimento acerca das medidas de prevenção das

DST/AIDS, não parece suficiente para assegurar comportamentos sexuais livres de risco,

principalmente entre as mulheres casadas e de parceria fixa.

Tab.2 - Variação % do Coeficiente de Mortalidade por AIDS, segundo sexo e faixa etária, Santa Catarina, 1996-2001.

Faixa etária

Masculino Feminino Total

1996 2001 Variação % 1996 2001 Variação % 1996 2001 Variação %

< 1 14,96 8,34 -44,28 2,22 8,70 291,99 8,71 8,52 -2,25 1 a 14 0,56 0,14 -75,80 0,73 0,14 -80,69 0,65 0,14 -78,52

15 a 19 1,65 1,08 -34,11 0,42 0,00 -100,00 1,04 0,55 -47,02 20 a 29 21,19 13,84 -34,70 7,04 6,42 -8,75 14,14 10,14 -28,29 30 a 39 35,76 29,30 -18,08 11,68 12,39 6,02 23,69 20,80 -12,21 40 a 49 14,79 22,19 50,02 4,72 8,19 73,48 9,78 15,16 55,03 50 a 59 12,21 14,65 20,07 1,19 8,51 615,43 6,63 11,53 74,03 60 e + 3,03 8,11 167,81 1,03 0,83 -18,81 1,95 4,12 111,68

Total 12,96 11,97 -7,64 4,15 5,08 22,4 8,55 8,52 -0,35

Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade

O número de óbitos em menores de 1 ano no período analisado, se manteve estável (8

óbitos em 1996 e 8 em 2001, apesar do aumento da mortalidade feminina, o que sugere que a

implantaçäo de medidas destinadas à reduçäo da transmissäo materno-infantil e as novas

tecnologias no acompanhamento clínico-laboratorial das crianças, podem ter contribuído

diretamente para isso.

Na figura 3 fica evidenciado que o risco de morrer por aids nas idades inferiores a 40

anos diminuiu no período, enquanto nas idades mais avançadas o risco aumentou,

caracterizando a tendência descrita para o 4º momento da epidemia.

Anos Potenciais de Vida Perdidos

O indicador Anos Potenciais de Vida Perdidos – APVP, tem sido utilizado para mensurar

a magnitude de diferentes causas de morte, considerando não só o número de óbitos mas

também a idade em que estes ocorreram, dando um peso maior para os óbitos que ocorrem

em idades mais jovens.

A idéia básica é a de que, da mesma forma que podemos estimar o número de anos que

uma pessoa espera viver (esperança de vida ano nascer), considerando as probabilidades de

morte observadas em determinado período, também é possível obter informação sobre o

número de Anos Potenciais de Vida Perdidos por morte prematura, desde que seja definido um

limite superior de idade abaixo do qual consideramos que a morte tenha ocorrido

prematuramente. Assim, no cômputo de APVPs por uma causa, cada óbito contribuiu com a

diferença entre a idade no momento da morte e o limite superior considerado.

Com o objetivo de estudar melhor o comportamento da mortalidade por aids no período

de 1996 a 2001, foram calculados o total de APVPs por esta causa, estabelecendo-se como

limite superior a idade de 70 anos.

A tabela 3 apresenta os resultados encontrados e inclui outros indicadores derivados do

APVP, que podem ser visualizados nas figuras 4 e 5.

Nota-se que apesar da variação percentual do coeficiente de mortalidade por aids,

apresentada na tabela anterior, ter sido bastante pequena (0,4% no período de 1996 a 2001), a

variação do número de APVP por 100.000 habitantes, foi de 11,6%, o que indica a migração

dos óbitos para idades mais avançadas. Isso se confirma quando analisamos a idade média ao

morrer observada ao longo do período, passando de 33,3 anos em 1996 para 37, 6 anos no

último ano analisado, o que representa um ganho médio de 4,3 anos no período.

Esta constatação parece sugerir que apesar da pequena redução nos coeficientes de

mortalidade, o tratamento disponível vem aumentando a sobrevida dos pacientes, retardando o

momento da morte.

Tab.3 - Óbitos < 70 anos e Anos Potenciais de Vida Perdidos por morte prematura por AIDS, Santa Catarina, 1996-2001

Anos Óbitos

< 70 anos

APVP

Total por óbito por 1.000 habitantes

Idade Média ao Morrer

1996 413 15.162,0 36,7 3,2 33,3 1997 401 14.270,5 35,6 3,0 34,4 1998 398 13.765,0 34,6 2,8 35,4 1999 439 15.453,5 35,2 3,1 34,8 2000 450 14.929,0 33,2 2,9 36,8 2001 461 14.948,5 32,4 2,8 37,6

Variação absoluta no período 48 -213,5 -4,3 -0,4 4,3

Variação % no período 11,6 -1,4 -11,7 -11,6 12,9

Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade; IBGE

Distribuição Espacial

Macrorregiôes

Da mesma forma como tem sido observado em outros países, a maioria dos óbitos são

de residentes em grandes áreas urbanas, situação que, progressivamente, vem se modificando

com o aparecimento de ocorrências em aglomerados urbanos de médio e pequeno porte.

Considerando os óbitos ocorridos em 2001 (tabela 4 e figura 6), a macrorregião de

Florianópolis apresenta o maior coeficiente de mortalidade por AIDS de Santa Catarina, 15,3

óbitos por 100.00 habitantes (1,8 vezes maior que a média do Estado).

Tab. 4 - Óbitos de residentes e Coeficientes de Mortalidade por AIDS (por 100.000 habitantes), segundo sexo, Santa Catarina, 2001

Macrorregião de Residência

Masculino Feminino Total Razão de mortalidade

Homem/Mulher Nº Coef. Nº Coef. Nº Coef. Florianópolis 95 23,0 33 7,8 128 15,3 2,9 Vale do Itajaí 101 16,9 57 9,4 158 13,1 1,8 Sul 54 13,2 18 4,4 72 8,8 3,0 Nordeste 54 12,9 19 4,6 73 8,8 2,8 Lages 4 2,8 8 5,5 12 4,1 0,5 Extremo Oeste 9 2,6 3 0,9 12 1,8 2,9 Meio Oeste 7 2,5 1 0,4 8 1,4 6,3 Planalto Norte 1 0,9 0 0 1 0,5 ∞ Santa Catarina 325 12,0 139 5,1 464 8,5 2,4

Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade; IBGE

Fig. 6. Coeficientes de Mortalidade por aids, segundo macrorregiões, Santa Catarina, 2001

A macrorregião do Vale do Itajaí aparece em 2º lugar, com um risco médio de 13,1 por

100.000, observando-se aí uma das menores razões de mortalidade homem/mulher.

Em seguida, aparecem empatadas as macrorregiões do sul catarinense e do nordeste

(8,8 por 100.000).

As regiões do oeste e o planalto norte apresentam os menores coeficientes de

mortalidade por aids, com um número reduzido de óbitos pela doença, que parece estar ainda

concentrado no sexo masculino.

Municípios selecionados

A análise por macrorregião, no entanto, esconde aspectos importantes da distribuição

espacial por municípios. Para analisar esta questão, foram incluídos na tabela 5 os coeficientes

de mortalidade por aids nos anos de 1996 e 2001 e a variação percentual observada no

período de municípios com mais de 40.000 habitantes, que tenham registrado pelo menos 10

óbitos por aids no ano de 2001, ano que serviu de base para a ordenação dos municípios.

Tab.5 - Óbitos e Coeficientes de Mortalidade por AIDS (por 100.000 habitantes), segundo município de residência, Santa Catarina, 2001

Município

Óbitos Coeficientes Variação % no

período 1996 2001 1996 2001 1 Itajaí 57 72 42,24 47,74 13,02 2 Navegantes 5 10 15,45 24,26 57,02 3 Laguna 10 11 22,79 22,92 0,57 4 Florianópolis 85 73 31,33 20,72 -33,87 5 Palhoça 16 19 19,71 17,78 -9,79 6 Criciúma 25 26 15,71 15,01 -4,46 7 Balneário Camboriú 16 11 27,50 14,22 -48,29

8 São José 30 24 19,86 13,50 -32,02 9 Joinville 30 51 7,54 11,43 51,59 10 Blumenau 20 29 8,64 10,84 25,46

Santa Catarina 417 464 8,55 8,52 -0,35

Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade; IBGE

Itajaí é o município com o maior risco de morte por aids do estado (47,7 por 100.000

habitantes), um risco 5,6 vezes maior que a média do estado. O município apresentou

incremento de 13% do coeficiente no período.

Em segundo lugar aparece o município vizinho, Navegantes, que duplicou o número de

óbitos de 1996 para 2001 e no qual foi observado o maior incremento da mortalidade no

período, entre os municípios analisados. É interessante notar que Balneário Camboriú, também

vizinho de Itajaí, aparece em 7º lugar na ordenação, tendo conseguido reduzir quase pela

metade o coeficiente no período.

Laguna, localizado na macrorregião sul, surge com o 3º maior coeficiente, mas apresenta

estabilidade do coeficiente de mortalidade no período. O município de Criciúma, da mesma

macrorregião ficou na 6ª posição, tendo reduzido o risco em 2001 em 4,5%.

Da Grande Florianópolis, aparecem em destaque a capital (4º lugar), Palhoça (5º) e São

José (8º). Pode-se observar que Florianópolis e São José reduziram em aproximadamente um

terço o risco de morte por aids, enquanto o município de Palhoça reduziu menos de 10%, o que

pode estar indicando diferenças nas estratégias de prevenção e tratamento, mais bem

sucedidas nos municípios que alcançaram maiores reduções. Fatores como a desigualdade no

acesso aos cuidados de saúde e menor aderência ao tratamento podem estar também

relacionados com essas diferenças.

A 9ª e 10ª posição foram ocupadas pelos municípios de Joinville e Blumenau,

respectivamente. Considerando tratar-se de municípios de grande adensamento e fluxo

populacional (Joinville é o município de maior população do estado e Blumenau o 3º), a

constatação de que os dois apresentaram tendências de incremento no coeficiente é

preocupante.

Finalmente é preciso salientar que em 1996, 63 municípios registraram pelo menos um

óbito de residente por aids. Em 2001 esse número subiu para 76, representando 26% dos

municípios catarinenses.

Distribuição segundo Causas do Óbito:

A qualidade do preenchimento das causas de óbito na declaração de óbito é uma das

limitações do Sistema de Informações sobre mortalidade. Em 2001, 12% dos óbitos

processados no Estado foram incluídos no capítulo das mal definidas.

No entanto, acreditamos que o número de óbitos por aids com atestados sem a menção

da causa não deva ser significante, até porque aproximadamente 75% dos óbitos por causas

mal definidas estão concentrados em maiores de 60 anos, idade em que o número de óbitos

por aids deve ser pequeno.

Além dos problemas de preenchimento, existem ainda possíveis erros de codificação

e/ou digitação das causas, que podem interferir nos resultados.

Atualmente, a causa básica do óbito é selecionada automaticamente pelo Seletor de

Causa Básica – SCB, um módulo do Sistema de Informações sobre Mortalidade que, após

digitação de todos os diagnósticos já codificados, utiliza as regras internacionais para

selecionar a causa básica do óbito. Na base de dados do SIM ficam guardados, em campos

separados, a causa básica e todos os códigos de causas informadas no atestado.

É a causa básica do óbito, entendida como a doença, lesão ou violência que iniciou a

seqüência de eventos patológicos que levam à morte, que tradicionalmente é utilizada na

descrição da mortalidade por causas, porque possibilita a visão de medidas preventivas.

No entanto, esse tipo de análise é considerada unidimensional, pois desconsidera as

outras causas informadas no atestado, escondendo, por vezes, aspectos interessantes do

padrão da mortalidade por causas.

Apesar de difícil, não só por dificuldades operacionais mas também porque envolve

questões relativas ás próprias regras de codificação e seleção da causa básica, a análise da

mortalidade causas múltiplas envolvendo a aids vem sendo discutida em trabalhos como o de

ALMEIDA12 .

No caso da mortalidade por aids, especificamente, a depressäo da imunidade celular

causada pelo HIV explica o desenvolvimento de infecçöes oportunistas ou neoplasias näo-

habituais, compromentendo todos os órgäos, incluindo-se o sistema nervoso central e outras

patologias. As regras utilizadas para a seleção da causa básica incluem associações

complexas que precisam ser explicitadas antes de qualquer discussão dos resultados.

Assim, se um atestado de óbito menciona a aids e uma tuberculose, a causa básica

recebe o código B20.0 (doença pelo HIV resultando em tuberculose). Porém, se no atestado

tiver registrado ainda uma pneumonia por pneumocystis carinii, ou outra infecção, o código fica

em B20.7 (HIV resultando em múltiplas infecções). Avançando ainda mais, podemos imaginar

um óbito por aids em que o médico preencheu, na linha a, tuberculose, na linha b, uma

neoplasia maligna e na linha c, a aids. Nesse caso, o código da causa básica seria B21.9 (HIV

resultando em neoplasia), ficando escondida a informação sobre a tuberculose.

Esses exemplos mostram que, mesmo com as associações previstas, seria difícil

mensurar a magnitude da tuberculose ou de outra causa como causa associada a aids,

utilizando somente a tabulação por causas básicas.

Considerando estas questões, decidimos apresentar duas tabelas de mortalidade por

aids segundo causas: a tabela 6 mostra a distribuição percentual dos óbitos por aids, segundo

a causa básica selecionada; a tabela 7 mostra a freqüência de cada diagnóstico mencionado

nos atestados de óbito em que a causa básica selecionada foi a aids.

Do total dos óbitos cuja causa básica foi aids, 14,2% não registraram doenças

associadas, sendo codificadas em B24 (aids sem outras especificações).

Tab.6 - Distribuição percentual dos óbitos por AIDS , segundo causa básica, Santa Catarina, 2001

CID-10 Causa Básica Nº % B20 Doença pelo HIV resultando em doenças infecciosas e parasitárias 326 70,3

B20.7 . infecções múltiplas 92 19,8 B20.8 . outras doenças infecciosas e parasitárias 81 17,5 B20.1 . outras infecções bacterianas 45 9,7 B20.0 . tuberculose 35 7,5 B20.6 . pneumonia por Pneumocystis carinii 34 7,3 B20.5 . outras micoses 26 5,6 B20.3 . outras infecções virais 11 2,4 B20.4 . candidíase 1 0,2 B20.9 . doenças infecciosas e parasitárias não especificada 1 0,2 B21 Doença pelo HIV resultando em neoplasias malignas 15 3,2

B21.8 . outras neoplasias malignas 6 1,3 B21.0 . sarcoma de Kaposi 4 0,9 B21.2 . outros tipos de linfoma não-Hodgkin 3 0,6 B21.7 . múltiplas neoplasias malignas 1 0,2 B21.9 . neoplasia malígna não especificada 1 0,2

B22-B23 Doença pelo HIV resultando em outras doenças especificadas 57 12,3 B22.7 . doenças múltiplas classificadas em outra parte 33 7,1 B22.2 . síndrome caquética 9 1,9 B22.1 . pneumonite intersticial linfática 4 0,9 B23.2 . anomalias hematológicas e imunológ. não classif. em outra parte 4 0,9 B23.8 . em outras afecções especificadas 4 0,9 B22.0 . encefalopatia 3 0,6 B24 B24 Doença pelo HIV não especificada 66 14,2

Tab.7 - Distribuição percentual dos óbitos por AIDS , segundo causas associadas,

Santa Catarina, 2001

Diagnósticos por capitulos da CID-10 Nº % Código Cid-10 Infecciosas e Parasitárias - Sub-total 356 76,7

A41 Septicemias 102 22,0 A16-A19 Tuberculose 63 13,6

B59 Pneumocistose 52 11,2 B58 Toxoplasmose 49 10,6 B45 Criptococose 31 6,7

A01-A09 Diarréia e gastroenterite 14 3,0 B17 Hepatite aguda C 10 2,2 B37 Candidíase 9 1,9

B18-B19 Hepatite viral crônica e não especificada 7 1,5 B16 Hepatite aguda B 4 0,9 B25 Doença por citomegalovírus 4 0,9 A39 Meningococcemia aguda 4 0,9

A319 Infecção micobacteriana não especificada 2 0,4 A52-A53 Sífilis 2 0,4

B49 Micose não especificada 2 0,4 A80-A89 Infecções virais do SNC 2 0,4

B99 Outras doenças infecciosas e as não especificadas 2 0,4 A499 Infecção Bacteriana de local não especificado 1 0,2 A27 Leptospirose 1 0,2

Continuação Diagnósticos por capitulos da CID-10 Nº % Tab.7 Neoplasias - Sub-total 23 5,0 C85 Linfoma não Hodgkin não especificado 7 1,5 C46 Sarcoma de Kaposi 5 1,1 C34 Neoplasia malígna dos brônquios e pulmões 2 0,4 C80 Neoplasia malígna sem especificação de localização 2 0,4 C38 Neoplasia malígna do mediastino 1 0,2 C53 Neoplasia malígna do colo do útero 1 0,2 C60 Neoplasia malígna do pênis 1 0,2 C67 Neoplasia malígna da bexiga 1 0,2 C71 Neoplasia malígna do cérebro 1 0,2 C76 Neoplasia malígna do abdome 1 0,2 C78 Neoplasia malígna secundária do fígado 1 0,2

Doenças do sangue e órgão hematopoéticos - Sub-total 34 7,3 D64 Anemia não especificada 14 3,0 D61 Anemia aplástica 11 2,4 D69 Púrpura e outras afecções hemorrágicas 4 0,9 D70 Agranulocitose 2 0,4 D53 Anemia megaloblástica sem outra especificação 1 0,2 D65 Coagulação intravascular disseminada 1 0,2 D75 Doença não especificada do sangue e órgãos hematopoéticos 1 0,2

Doenças Endócrinas, Nutricionais e Metabólicas - Sub- total 31 6,7 E43-E46 Desnutrição 12 2,6 E86-E88 Distúrbios metabólicos 12 2,6 E11-E14 Diabetes Mellitus 6 1,3

E16 Hipoglicemia não especificada 1 0,2 Transtornos mentais e comportamentais - Sub-total 6 1,3

F10-F17-F19 Transtornos mentais devido ao uso de substância psicoativa 6 1,3 Doenças do Sistema Nervoso – Sub-total 47 10,1

G93 Outros transtornos do encéfalo 19 4,1 G03 Meningite devida a outras causas e as não especificadas 9 1,9 G04 Encefalite, mielite e encefalomielite não especificada 9 1,9 G00 Meningite bacteriana 4 0,9 G06 Abcesso e granuloma intracraniano 2 0,4 G31 Doença degenerativa do sistema nervoso, não especificada 1 0,2 G61 Síndrome de Guillain-Barré 1 0,2 G95 Doença não especificada da medula espinal 1 0,2 G96 Transtorno não especificado do sistema nervoso central 1 0,2

Doenças dos olhos e anexos – Sub-total 1 0,2 H54 Cegueira e visão subnormal 1 0,2

Doenças do aparelho circulatório - Sub-total 27 5,8 I61 Hemorragia intracerebral 6 1,3

I42-I49 Cardiomiopatia e outras arritimias cardíacas 6 1,2 I50 Insuficiência cardíaca 5 1,1 I10 Hipertensão arterial 3 0,6 I51 Doença não especificada do coração 2 0,4 I26 Embolia pulmonar 1 0,2 I27 Hipertensão arterial pulmonar 1 0,2 I33 Endocardite infecciosa aguda ou subaguda 1 0,2 I62 Hemorragia subdural 1 0,2 I69 Sequela de doença cerebrovascular 1 0,2

Continuação Diagnósticos por capítulos da CID-10 Nº % Tab.7 Doenças do aparelho respiratório - Sub-total 244 52,6 J96 Insuficiência respiratória 133 28,7 J18 Pneumonia por microorganismo não especificado 65 14,0 J98 Outros transtornos respiratórios 13 2,8 J15 Pneumonia bacteriana 10 2,2 J84 Pneumonia intersticial 6 1,3 J44 Outras doenças pulmonares obstrutivas crônicas 4 0,9 J80 Síndrome do desconforto respiratório do adulto 3 0,6 J47 Bronquectasia 2 0,4 J69 Pneumonite devida a alimento ou vômito 2 0,4 J40 Bronquite não especificada 1 0,2 J43 Enfisema 1 0,2 J81 Edema pulmonar 1 0,2 J82 Eosinofilia pulmonar 1 0,2 J86 Piotórax 1 0,2 J90 Derrame pleural 1 0,2

Doenças do aparelho digestivo - Sub-total 52 11,2 K72 Insuficiência hepática 14 3,0 K92 Hematêmese e hemorragia gastrointestinal 9 1,9 K74 Fibrose e cirrose hepática 6 1,3 K76 Outras doenças do fígado 5 1,1 K52 Gastroenterite e colite não infecciosa 4 0,9 K75 Hepatite sem outras especificações 4 0,9 K65 Peritonite 3 0,6 K56 Íleo paralítico 2 0,4 K70 Cirrose hepática alcoólica 2 0,4 K25 Úlcera gástrica 1 0,2 K63 Perfuração do intestino não traumática 1 0,2 K73 Hepatite crônica não classificada em outra parte 1 0,2

Doenças da pele e tecido subcutâneo -Sub-total 2 0,4 L08 Infecção da pele e tecido subcutâneo não especificada 1 0,2 L89 Úlcera de decúbito 1 0,2

Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjun tivo – Sub-total 3 0,6

M86 Osteomielite 2 0,4 M02 Doença de Reiter 1 0,2

Doenças do aparelho geniturinário - Sub-total 31 6,7 N17-N19 Insuficiência renal 21 4,5

N39 Infecção do trato urinário de localização não especificada 3 0,6 N12 Nefrite túbulo-intersticial 2 0,4 N28 Doença renal sem especificação 2 0,4 N15 Abcesso renal e perinefrético 1 0,2

N31-32 Disfunção neuromuscular da bexiga 1 0,2 N32 Fístula êntero-visical 1 0,2

Complicações da gravidez, parto e puerpério - Sub-to tal 1 0,2 O86 Infecção puerperal 1 0,2

Afecções originadas no período perinatal - Sub-tota l 1 0,2 P21 Asfixia ao nascer 1 0,2

Continuação Diagnósticos por capitulos da CID-10 Nº % Tab.7 Mal definidas - Sub-total 130 28,0 R68 Falência de múltiplos órgãos 61 13,1 R09 Parada respiratória 30 6,5 R64 Caquexia 20 4,3 R57 Choque 6 1,3 R40 Coma 4 0,9 R10 Abdome agudo 2 0,4 R56 Convulsões 2 0,4 R04 Hemorragia pulmonar sem outras especificações 1 0,2 R18 Ascite 1 0,2 R58 Hemorragia 1 0,2 R59 Linfadenopatia 1 0,2 R63 Anorexia 1 0,2

Total de diagnósticos informados** 989

* percentuais calculados sobre o total de óbitos co m causa básica "aids"= 464

** o total não inclui os diagnósticos de causa básica

Se eliminarmos do cômputo os códigos atribuídos à causa básica, foram informados nas

declarações de óbito por aids de 2001, mais de 150 outros diagnósticos, que apareceram 989

vezes nos atestados na parte I (linha a, linha b, linha c, linha d ) e na parte II do atestado, isto

é, em média, cada declaração de óbito por aids, foi preenchida com 3,1 diagnósticos.

Considerando os sub-grupos de agregação de causas básicas, a maior participação

coube às infecções oportunísticas, que representam 70,3% do total. Dentro deste grupamento,

assume lugar de destaque as infecções múltiplas, outras infecções bacterianas, tuberculose e

a pneumonia por pneumocystis carinii.

É interessante notar que a ordenação das causas dentro de cada grupo, na tabela que

considera somente as causas básicas e na que apresenta as freqüência totais de causas

associadas a aids, são semelhantes, mas a tabela 7 permite mensurar melhor a participação

dos diferentes diagnósticos como causas associadas a aids.

A participação do grupo das infecciosas e parasitárias, aferida pela tabela 7 é bem maior:

76,7% dos óbitos por aids mencionaram alguma doença deste grupo.

As septicemias são as mais freqüentemente registradas, tendo sido informadas em 22%

dos óbitos por aids.

A tuberculose, foi mencionada em 63 atestados, mas selecionada como categoria

discriminada de causa básica, apenas 35 vezes. Segundo MURAI13, que estudou a tendência

da tuberculose em Itajaí no período pré e pós surgimento da AIDS, o uso de drogas de abuso e

co-infecçäo pelo HIV , modificou o perfil epidemiológico da tuberculose, modificando-o em

relação à idade, e ocorrendo um aumento da proporçäo de formas extrapulmonares, de näo

reatores à tuberculina, de óbitos e de abandono de tratamento.

O mesmo é observado para a pneumonia por Pneumocystis carinii, que quase dobra a

sua participação percentual sobre o total de óbitos por aids quando se considera o total de

vezes em que foi mencionada nos atestados, passando (7,3% para 12,9%).

A toxoplasmose (49 menções) e a criptococose (31 menções) também estão entre as

mais registrados nas declarações. Segundo estudo realizado por LONGHI e al14, o

aparecimento da criptococose é freqüente em pacientes em estágio avançado da doença,

particularmente naqueles com contagem CD4 menor que 100/mm3, sendo a meningite, muitas

vezes assintomática, a forma mais comum de apresentação. O autor lembra ainda que o

tratamento precoce da criptococose localizada previne a disseminação da doença.

As hepatites virais, se computadas juntas, teriam totalizado 21 menções, ficando em 6º

lugar entre as infecciosas na tabela 7, mas preferimos manter as categorias separadas a fim de

verificar a participação da hepatite C, que sozinha foi mencionada 10 vezes.

A participação das neoplasias malignas também aumenta quando consideramos o total

de vezes que são mencionadas (23) e comparamos com os dados da tabela 6 (15). O linfoma

não Hodgkin e o sarcoma de Kaposi foram os tipos de neoplasia mais informados

A tabela 7 também parece mais apropriada para aferir a quantidade de vezes em que a

morte por aids está relacionada a complicações por doenças do aparelho respiratório: 52% dos

atestados mencionaram doenças incluídas neste capítulo. As insuficiências respiratórias e as

pneumonias por microrganismo não especificado lideram o grupo.

Trabalho realizado por LAVADO 15, que discutiu questões acerca das possíveis causas

de alterações respiratórias freqüentemente encontradas em indivíduos portadores de

HIV/AIDS, concluiu que estas complicações poderiam resultar da própria infecção pelo HIV ou,

ainda, das complicações respiratórias associadas à AIDS, não podendo-se afirmar que o AZT,

antiretroviral largamente utilizado no combate à aids, seja responsável pela importante

diminuição da musculatura respiratória dos doentes.

As doenças do aparelho digestivo e as doenças do sistema nervoso central também

aparecem em lugar de destaque entre as causas associadas, tendo aparecido em 11,2% e

10,1% dos atestados, respectivamente.

Das causas associadas incluídas nos outros capítulos (todos com participação inferior a

10%), merecem destaque as anemias (26 vezes), a desnutrição (12) e a insuficiência renal

(21).

A tabela 7 mostra ainda que ocorreu um óbito materno por aids (infecção puerperal).

Nesse caso, o SCB seleciona a aids como causa básica, mas este óbito deve ser considerado

no cálculo do coeficiente de mortalidade materna, apesar de não estar incluído no capítulo das

complicações da gravidez, parto e puerpério.

É importante destacar, ainda, a participação das causas mal definidas nos atestados de

óbito por aids: 28% dos atestados registraram diagnósticos desse tipo, sendo o mais freqüente

a falência de múltiplos órgãos.

Para estudar melhor as doenças associadas a indivíduos com aids, seria interessante

verificar a evolução de iniciativas como a descrita por DHALIA16, sobre a implantação de um

modelo de acompanhamento periódico dessas doenças e seus fatores condicionantes, através

de estudos transversais a serem realizados em hospitais de referência para o tratamento da

doença.

Distribuição segundo outras variáveis

Além da evolução dos riscos de morte por sexo e idade, da distribuição espacial e da

análise dos óbitos por causas, a base de dados do SIM possibilita a análise da distribuição dos

óbitos segundo outras variáveis, o que pode contribuir para entender melhor o padrão da

mortalidade por aids.

As tabelas a seguir, apresentam a distribuição dos óbitos por aids ocorridos em 2001,

segundo algumas destas variáveis.

• Local de ocorrência

De certa forma, a informação sobre se o local de ocorrência do óbito fornece pistas sobre

o acesso aos serviços de saúde, ainda que este acesso tenha acontecido somente na fase

terminal da doença.

É preciso identificar as condiçöes de funcionamento dos serviços de assistência aos

portadores de HIV/AIDS e sua determinaçäo sobre a qualidade das açöes de saúde, dando

prioridade aos estabelecimentos que concentram maior demanda.

Estudos desse tipo permitiriam conhecer melhor as dificuldades para obtençäo da

retaguarda de especialidades, exames especializados e internaçöes; a capacitação e a

articulaçäo das equipes multiprofissionais e as irregularidades no fornecimento dos

medicamentos para profilaxia e tratamento das doenças oportunistas.

A tabela 8 mostra que 93,5% dos óbitos por aids ocorreram em hospitais, evidenciando

que, pelo menos na fase terminal da doença, os pacientes tem acesso aos serviços de saúde.

Mais da metade dos óbitos ocorridos em 2001 se concentraram em cinco

estabelecimentos de saúde conforme mostra a tabela 9.

Tab. 8 - Distribuição % dos óbitos por AIDS, por local de ocorrência, Santa Catarina, 2001

Local Ocorrência Nº % Hospital 430 93,5 Domicílio 29 6,3 Outros 1 0,2 Sub-total 460 100,0 Ignorado 4 0,9 Total 464 100,0

Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade

Tab. 9 - Distribuição % dos óbitos por AIDS, por local de ocorrência, Santa Catarina, 2001

Local de ocorrência Total % % ac Hospital Marieta Konder Bornhausen (Itajaí) 80 17,2 17,2 Hospital Nereu Ramos (Florianópolis) 74 15,9 33,2 Hospital Regional Hans Deiter Schimidt ( Joinville) 48 10,3 43,5 Hospital São José (Criciúma) 27 5,8 49,4 Hospital Regional Homero de Miranda Gomes (São José) 25 5,4 54,7 Demais estabelecimentos de saúde 176 37,9 92,7 Fora de estabelecimento de saúde 34 7,3 100,0 Total 464 100,0

Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade

• Estado Civil

Quase 60% dos óbitos por aids em maiores de 14 anos eram solteiros. Essa proporção é

maior no sexo masculino do que no feminino (tabela 10).

Tab. 10 - Distribuição % dos óbitos por AIDS em maiores de 14 anos, segundo estado civil e sexo, Santa Catarina, 2001

Estado Civil

Masculino Feminino Total

Nº % Nº % Nº % Solteiro 187 61,1 73 56,6 260 59,8 Casado/União Consensual 89 29,1 30 23,3 119 27,4 Viúvo 10 3,3 18 14,0 28 6,4 Separado 20 6,5 8 6,2 28 6,4 Sub-total 306 100,0 129 100,0 435 100,0 Ignorado 14 4,4 5 3,7 19 4,2 Total 320 100,0 134 100,0 454 100,0

Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade

Também chama a atenção a grande proporção de viúvas entre as mulheres,

representando 14% do total de óbitos por aids neste sexo, sugerindo que, muito possivelmente

estas já tenham perdido seus parceiros, pela mesma doença.

Alguns trabalhos tem relatado que o diagnóstico da aids nas mulheres tem ocorrido de

forma freqüente somente após o adoecimento ou morte do companheiro (ou filho), o que

poderia também explicar os maiores riscos de mortalidade observado entre as mulheres.

• Escolaridade e Raça

A influência de fatores sócio-econômicos na epidemia pelo HIV/AIDS tem sido discutida

na literatura cientifica. Farias 3, por exemplo, conclui que a despeito da terapia anti-retroviral

gratuita, a queda na mortalidade por Aids apresentou diferenças em relaçäo às condiçöes

sócio-econômicas das áreas, sendo a reduçäo menor na populaçäo vivendo em áreas de

exclusäo social.

O preenchimento destas das variáveis escolaridade e raça/cor na declaração de óbito,

que poderiam fornecer uma aproximação da condição social das vítimas, é bastante falho, de

maneira que os “ignorados” chegam a representar mais de um quarto do total de óbitos por

aids. Essa limitação, aliada a problemas relativos à dificuldades de obtenção de

denominadores específicos nas bases de dados do IBGE impede o cálculo de coeficientes de

mortalidade por aids discriminados para as categorias de análise das variáveis.

Assim, as distribuições percentuais dos óbitos segundo escolaridade e raça,

apresentadas nas tabelas 11 e 12, podem estar evidenciando apenas a composição na

população. Desta forma, a maior participação de mortes de pessoas sem instrução observada

para o sexo feminino, pode estar refletindo apenas que o nível educacional das mulheres é

mais baixo do que o dos homens. O mesmo pode ser dito sobre a pequena participação

percentual de pessoas com mais de 12 anos de estudo (5,5%)

Tab. 11 - Distribuição % dos óbitos por AIDS em maiores de 14 anos, segundo escolaridade e sexo, Santa Catarina, 2001

Escolaridade Masculino Feminino Total Nº % Nº % Nº %

Nenhuma 13 5,7 12 12,0 25 7,6 1-3 anos 64 28,2 29 29,0 93 28,4 4-7 anos 94 41,4 39 39,0 133 40,7 8-11 anos 44 19,4 14 14,0 58 17,7 12e+ 12 5,3 6 6,0 18 5,5 Sub-total 227 100,0 100 100,0 327 100,0 Ignorado 93 29,1 34 25,4 127 27,98 Total 320 100,0 134 100,0 454 100,0

Tab. 12 - Distribuição % dos óbitos por AIDS, segundo raça/cor e sexo, Santa Catarina, 2001

Raça/Cor Masculino Feminino Total Nº % Nº % Nº %

Branca 212 86,5 83 85,6 295 86,3 Preta 25 10,2 13 13,4 38 11,1 Parda 8 3,3 1 1,0 9 2,6 Sub-total 245 100,0 97 100,0 342 100,0 Ignorado 80 24,6 42 30,2 122 26,3 Total 325 100,0 139 100,0 464 100,0

Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade

• Ocupação

A tabela 13 mostra que também é grande a proporção de ignorados para a variável

ocupação: aproximadamente um quarto das declarações de óbito por aids omitiram esta

informação, chegando a quase um terço no sexo masculino.

Tab. 13 - Distribuição % dos óbitos por AIDS, segundo ocupação e sexo, Santa Catarina, 2001

Ocupação Masculino Feminino Total Nº % Nº % Nº %

Dona-de-casa - - 76 63,3 76 22,0 Outros trabalhadores braçais 36 16,0 0 0,0 36 10,4 Desempregado 30 13,3 2 1,7 32 9,3 Pedreiro/estucador 24 10,7 - - 24 7,0 Aposentado/pensionista 15 6,7 8 6,7 23 6,7 Condutor veículos 22 9,8 - - 22 6,4 Guarda segurança 11 4,9 - - 11 3,2 Cabeleireiro/beleza 5 2,2 3 2,5 8 2,3 Comerciante 5 2,2 2 1,7 7 2,0 Garçom/Cozinheiro 6 2,7 5 4,2 11 3,1 Outras ocupações 71 31,5 24 19,9 95 27,0 Sub-total (definidas) 225 100,0 120 100,0 345 100,0

Ignorado 95 29,7 14 10,4 109 24,0 Total 320 100,0 134 100,0 454 100,0

Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade

Considerando o total de óbitos que informaram a ocupação do falecido, observamos que

a maioria das mulheres que morreram de aids, não tinham ocupação remunerada. Neste sexo,

as categorias “dona de casa” e “desempregada” somam 65% dos óbitos.

Entre os homens, as atividades braçais, de remuneração mais baixa, aparecem com

maior freqüência (27,4%). Esta informação, aliada a de que 13,3% dos homens estavam

desempregados, fornece pistas sobre as condições econômicas dos doentes.

Investigar a representaçäo e as práticas preventivas das categorias profissionais que

aparecem mais freqüentemente informadas nas declarações de óbito, pode contribuir para

desvelar a forma como construiram esse conhecimento e mapear suas práticas preventivas.

Aproximadamente 10% dos óbitos por aids nos quais a categoria ocupacional foi

informada, foram de “motoristas”, sugerindo a necessidade de dirigir campanhas e atividades

informativas e educativas para este grupo populacional.

Considerações Finais

O entendimento da dinâmica espaço-temporal da epidemia, com informações sobre

onde, quando e com que intensidade estão ocorrendo os óbitos por aids, deverá subsidiar, de

forma relevante, as açöes preventivas, orientando na distribuição correta e eficiente dos

recursos disponíveis.

A crescente vulnerabilidade da população feminina frente à aids, confirmada com os

resultados apresentados, aponta a necessidade de pensar as ações preventivas dentro de uma

perspectiva de gênero,

A análise da mortalidade por aids considerando apenas as categorias de causas básicas

previstas na CID-10, mostrou-se insuficiente para demonstrar a importância relativa das causas

associadas à doença, escamoteando aspectos importantes que precisam ser melhor

investigados. Nesse sentido, as informações obtidas a partir do uso da metodologia de análise

de causas múltiplas, são valiosas e demonstram a utilidade da inclusão desse método de

análise nos estudos de mortalidade por aids, de maneira a obter-se uma melhor aproximação

das complicações patológicas associadas à doença que levam à morte.

A constatação de que o preenchimento de campos da declaração de óbito como

escolaridade, raça/cor e ocupação ainda é muito falho, aponta para a necessidade de investir

no aprimoramento do Sistema de Informações sobre Mortalidade, a fim de que este possa, de

maneira mais fidedigna, servir de instrumento para a compreensão do padrão da mortalidade

da população.

O estudo mostrou que as técnicas de análise da epidemiologia descritiva podem

contribuir para o conhecimento da situação epidemiológica da aids, desvelando aspectos

importantes do comportamento da doença e orientando melhor as políticas, programas e ações

a serem implementados.

Apesar de suas limitações referentes à cobertura e a qualidade do preenchimento da

declaração de óbito, o Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM é ainda uma das

principais fontes de informação para estudos descritivos sobre o processo saúde doença, tendo

a vantagem de possibilitar análises de baixo custo. As metodologias sem grandes

refinamentos, como as propostas neste trabalho, podem ser facilmente implementadas, em

qualquer área, no monitoramento das situações que precisam ser enfrentadas.

Atualmente, todas as declarações de óbito que tenham doenças de notificação

compulsória informadas, são encaminhadas à Diretoria de Vigilância Epidemiológica para que

seja verificada a inclusão do caso nas notificações do Sistema de Informações de Agravos

Notificados – SINAN. No entanto, a base de dados do SINAN, nos últimos seis anos, tem um

número de óbitos por aids inferior ao processado no SIM. Isso aponta para a necessidade de

aperfeiçoar as rotinas de fluxos das informações do SIM e do SINAN, de forma a garantir maior

fidedignidade dos dois bancos de dados.

Há muito ainda a se atingir, no que se refere ao acesso a assistência a saúde, aos

medicamentos, aos exames laboratoriais, ao treinamento e capacitação, e a informação

qualificada aos portadores de AIDS.

Espera-se que o perfil e as características da evolução da mortalidade por aids aqui

apresentados constituam-se em referências para o planejamento das atividades de prevenção

e assistência aos doentes e capacitação dos profissionais de saúde.

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